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Garimpando talentos: conheça o Maccabi jogador por jogador
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Giancarlo Giampietro

Maccabi Tel Aviv 2014-2015

Maccabi Tel Aviv 2014-2015, sem o Baby Shaq grego na foto : (

O Maccabi Tel Aviv tem torcida, grana e um ginásio sensacionais. Um nível de estrutura que nenhum clube brasileiro dedicado ao basquete ainda está perto de atingir. É uma verdadeira potência europeia, mas que vem sofrendo um pouco nas últimas temporadas para sustentar seu status para além da tradição. Leia-se: com resultados.

Mas eles não são os atuais campeões, cara pálida?

Sim, só vão jogar a Copa Intercontinental contra o Flamengo por isso, mesmo. Ta-ta-ta-tum-pá! (Virada imaginária de baterista.)

Agora tenha em mente o seguinte: entre 1999 e 2006, eles ganharam a Euroliga três vezes e só ficaram fora do Final Four em 2003 – o ano em que Anderson Varejão foi campeão pelo Barcelona, aliás. Nos sete campeonatos seguintes, o baque: só terminaram entre os quatro melhores apenas duas vezes, passando em branco, até encerrarem o jejum em 2014.

Pargo foi companheiro de Varejão por alguns meses no Cleveland. Em Maccabi, pode voltar a ser rei

Pargo foi companheiro de Varejão por alguns meses no Cleveland. Em Maccabi, pode voltar a ser rei

Por mais que tenham a tradição e uma base fervorosa, é extremamente complicada a concorrência financeira com outros centros, no que se refere a contratações de grandes estrelas. No elenco que veio ao Rio de Janeiro, não há sequer um atleta que tenha disputado a última Copa do Mundo. Em termos de NBA, apenas o armador Jeremy Pargo jogou por lá, comparando com nove e quatro, respectivamente, do Real Madrid.

Russos e turcos tendem a rapelar o mercado, assim como a dupla Real-Barça, ano após ano. Para se manter com chances no mais alto nível do basquete além das fronteiras da liga americana, então, o time faz ótimo trabalho de prospecção com nomes geralmente  alternativos, que tendem a se destacar lá para depois saírem em busca de um cheque mais vantajoso.  Um processo que voltou a acontecer depois do título europeu, um  fator que inflacionou contação de seus atletas.

Lá se foram as duas figuras instrumentais de seu ataque, a dupla de armadores americanos Tyrese Rice (Kimkhi Moscou) e Ricky Hickman (Fenerbahçe). Depois de fazer péssima primeira fase, Rice cresceu durante o campeonato e se tornou o MVP do Final Four da Euroliga, com atuações espetaculares na semi e na final. É um armador baixinho, mas explosivo, que infernizou a vida dos Sergios do Real. Rodríguez e Llull simplesmente não conseguiram lidar com ele. Já Hickman, depois de uma longa jornada, foi a força criativa mais estável do clube durante todo o campeonato, também criando muito a partir do drible.

Outro que saiu foi o pivô Shawn James, que ficou fora praticamente de toda a temporada por conta de uma cirurgia nas costas, mas era o principal defensor da equipe quando em forma – excepcional na cobertura vindo do lado contrário. Ele migrou para o Olimpia Milano. Já o versátil ala australiano Joe Ingles, depois de anos de namoro com a NBA, foi para o altar com o Los Angeles Clippers.

A lista segue. Podem somar também mais duas baixas, digamos, casuais. O veterano ala-pivô David Blu, outro atleta decisivo para o título europeu, tendo anotado 29 pontos nos dois jogos do Final Four, com 53,8% nas bolas de três, se aposentou. Além de gatilho, Blu era um dos líderes da equipe, de tantos troféus que conquistou por lá. Já o pivô Sofoklis Schortsanitis, única referência de garrafão da equipe, está afastado das quadras devido a um glaucoma – um alívio para os flamenguistas, especialmente seus pivôs, que já não precisam estocar analgésicos em casa, mas uma pena para o público em geral, que perde a chance de ver na arena um dos jogadores mais singulares do basquete mundial.

Rice, de bandana, já se foi, assim como Ingles (d). Tyus (e) ficou

Rice, de bandana, já se foi, assim como Ingles (d). Tyus (e) ficou

Então quem sobrou? E quem chegou?

Seguem então alguns breves comentários sobre os atletas do Maccabi:

Jeremy Pargo ocupa a vaga aberta por Rice, jogador com o qual compartilha uma característica: muito explosivo, com corte para os dois lados, difícil de ser contido atacando a cesta. Quando quebra a primeira linha defensiva, tende a criar um salseiro rumo ao garrafão – e o ataque do Maccabi depende muito disso, para que seus arremessadores sejam liberados. Destaque da universidade de Gonzaga, volta ao clube pelo qual viveu sua melhor fase, em 2010-11, ano em que foi vice-campeão da Euroliga. Depois daquela campanha, conseguiu exposição e tentou mais uma vez a NBA. Ganhou um contrato garantido do Memphis Grizzlies, mas foi pouco aproveitado como reserva de Mike Conley. Acabou trocado para o Cleveland, que o dispensou em janeiro de 2013. Passou brevemente pelo Philadelphia 76ers sem ganhar destaque. Sua velocidade e capacidade atlética acabam fazendo a diferença mais na Europa, mesmo. Recebeu, então, uma  oferta de quatro milhões de euros do CSKA. Concorrendo com Milos Teodosic e Aaron Jackson, porém, não teve o sucesso esperado e foi liberado para retornar a Israel na tentativa de reencontrar a satisfação em quadra. Vai ser um páreo bem duro para Laprovíttola e Gegê.

Ohayon, canhoto e maroto

Ohayon, canhoto e maroto

Yogev Ohayon é um dos poucos jogadores israelenses do elenco do Maccabi que efetivamente entra em quadra (sem contar os americanos naturalizados, tá?). E o armador é um personagem muito importante para o time, dando estabilidade, cadência ao time, envolvendo todos no ataque, quando necessário conter um pouco a loucura dos armador americano arrojado da vez.   Só não pensem nele como um jogador molenga. Inteligente e oportunista, quando você menos espera, lá está o armador partindo para a bandeja.

Guy Pnini é o outro israelense que vai jogar de modo regular contra o Flamengo. Pode ser que seja anunciado como ala-pivô, “jogador da posição 4” no jogo desta sexta, mas não tem nada disso (média de 1,6 rebote na carreira de Euroliga, gente). Pnini joga aberto o tempo todo: é excelente arremessador de três pontos, não importando a distância, e precisa ser contestado. É obrigatória a contestação, na verdade, especialmente quando ele está de frente para a tabela.  Dificilmente vai entrar no garrafão se for obrigado a fazer a finta, preferindo um tiro em flutuação. Tem pouca presença física, mas é bastante intenso e um dos líderes do time.

Sylven Landesberg: um ala americano que jogou com Jerome Meyinsse na universidade de Virginia. Bastante atlético, forte, de batida firme para a cesta (mas em linhas retas, sem muita criatividade ou ‘eurostep’). Foi aproveitado apenas de modo pontual por Blatt nas últimas duas temporadas, mas que, nas poucas vezes que recebia uma chance real, mostrava que tinha jogo. A prova disso é que tem produzido bastante nesta pré-temporada, aproveitando a saída de Ingles. Sua mão pegando fogo:

Devin Smith: é um jogador discreto que, ironicamente, fez uma das cestas mais espetaculares da Euroliga passada (veja abaixo). No geral, o valor de Smith está muito mais em sua consistência. Nem sempre quando se fala em “jogador regular”, isso quer dizer que seja fraco. Bom arremessador da zona morta, jogando bastante aberto, sendo mais um chutador espaçando a quadra para Pargo. Do outro lado, também um ótimo reboteiro defensivo – é ele que se aproxima mais dos pivôs, para compensar a fragilidade de Pnini. Parte para sua quinta temporada de Maccabi.

Alex Tyus: o que o Big Sofo tem de pesado, Tyus tem de atlético. Um pivô baixo, mas de muita impulsão, que adora completar uma ponte aérea por trás da última linha defensiva. Castiga o aro também em rebotes ofensivos. No ano passado, sua combinação no pick-and-roll com Rice foi mortal. Quando não saía a assistência, ele atacava a tabela em busca de uma eventual rebarba após a conclusão do armador. A defesa flamenguista como um todo vai ter de ficar muito atenta ao bloqueio de rebote em cima do americano formado pela universidade da Flórida. E esse bloqueio precisa acontecer bem antes de sua aproximação da cesta, devido a sua capacidade atlética. Na defesa, Tyus também ajudou muito David Blatt desde o afastamento de Shawn James.

Aleks Maric: nunca foi o pivô de maior mobilidade no mercado – nem mesmo no auge Partizan em 2009-10 –, e sua movimentação ainda mais comprometida na temporada passada pelo Lokomotiv Kuban, devido a uma lesão no joelho. É muito grande, porém, e cria problemas na tábua ofensiva. Já que o Flamengo contratou Derrick Caracter, sua presença será mais necessária quando o australiano estiver em quadra. Do outro lado, deve ser explorado em jogadas de dupla – seria ideal que o Fla forçasse uma troca de defensores, para que Laprovíttola partisse para o ataque contra o grandalhão. É o tipo de jogador que faltava no elenco do Maccabi do ano passado, de maior estatura, mas só foi contratado devido ao glaucoma que tirou Schortsanitis de ação neste início de campanha. O vínculo até dezembro, com possibilidade de renovação.

(Para constar, com o corte do Big Sofo, o Baby Shaq, o flamenguista ficará sem ver um dos jogadores mais singulares do basquete internacional. É como se ele fosse uma versão grega, bem mais baixa, mas mais larga do Sidão, ex-Mogi. Um terror no pick and roll, por razões óbvias, e também nas mais simples jogadas de costas para a cesta. Falta ao pivô condicionamento físico, claro, de modo que ele só pode ser aproveitado em curtos intervalos durante uma partida, nos quais vira referência obrigatória do ataque do time. Bola nele, pancada na sequiencia, perigando carregar os adversários de falta.)

Haynes, agora no Maccabi, não foi muito bem na última Euroliga

Haynes, agora no Maccabi, não foi muito bem na última Euroliga

Sinceramente, dos americanos recém-contratados pelo Maccabi, só vi um deles jogar, e muito pouco: o armador MarQuez Haynes, ex-Olimpia Milano e Montepaschi Siena. Ele cobre a vaga aberta por Hickman, embora tenha o jogo bem mais acelerado e agressivo, mais similar ao que Pargo e Rice fazem. Hickman batia para a cesta muitas vezes também, mas usando mais a malandragem e movimentos de hesitação do que a quinta marcha. Na Euroliga passada, jogou a primeira fase pelo Milano, mas com tempo de quadra muito restrito, atrás dos compatriotas Keith Langord e Curtis Jerrells (caras mais bem valorizados e com maior experiência em alto nível no basquete europeu). Foi dispensado e assinou com o Siena, pelo qual se soltou. Na Lega Basket, anotou mais de 14 pontos por partida. Só me chama a atenção o fraco aproveitamento de três pontos quando jogou pela Euroliga ou pela Eurocup, ficando abaixo dos 30% nos últimos dois anos.

Os outros dois reforços significativos são Brian Randle e Nate Linhart. Randle é um ala-pivô que está em Israel há um bom tempo, desde 2008, e só agora chega ao time de Tel Aviv. Foi eleito em duas ocasiões o melhor defensor da concorrida liga israelense, incluindo a edição passada, pelo Maccabi Haifa. Segundo consta, é um atleta de primeiro nível, mas está se recuperando de uma lesão muscular.

Linhart foi revelado pela universidade de Akron, terra de LeBron, e está na Europa há três anos. Foram dois na Alemanha e o último na Itália, pelo Venezia. De acordo com a descrição do Maccabi, chega ao elenco para fazer um pouco de tudo no perímetro: “Linhart é um ala muito inteligente, que também pode jogar como guard. Ele é um jogador cheio de energia, que pode ler a defesa e criar oportunidades para si e seus companheiros de equipe. Linhart é um verdadeiro jogador de equipe, que ajuda aqueles que melhora aqueles que estão ao seu lado e para quem o sucesso da equipe é a prioridade número um. Um bom e estável arremessador e estável de três, com média de 40% os últimos dois anos”. Agora é ver como ele vai se comportar num time com muito mais cobrança, enfrentando competição bem mais qualificada.


Maccabi joga sempre pressionado. Ainda mais sem Blatt
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Giancarlo Giampietro

Goodes deixa a sombra de Blatt num Maccabi reconfigurado

Goodes deixa a sombra de Blatt num Maccabi reconfigurado

Conforme dito já em toda a Internet, o Maccabi Tetl Aviv que enfrenta o Flamengo no Rio de Janeiro é bem diferente, em termos de nomes, daquele que foi campeão da Euroliga em Milão, em maio. Na troca de temporada, o clube israelense perdeu muitos de seus principais jogadores. Mas a grande mudança, mesmo, diz respeito ao seu comando técnico. Guy Goodes tem a missão ingrata de substituir um David Blatt que foi a grande força por trás de sua histórica e suada conquista e agora vai conversar bastante com LeBron James e Kevin Love em Cleveland.

Podem dizer que técnico não joga, mas Blatt é daqueles que faz a diferença, sim. Extremamente versátil, consegue tirar o máximo do grupo que tem ao seu dispor, adaptando seu jogo ao que seus atletas podem oferecer. “Há duas escolas de pensamento para técnicos, e nenhuma está mais certa que a outra. Há técnicos que têm o seu sistema e vão usá-lo, independentemente da montagem de seu time. E há técnicos que se adaptam, que pegam seu elenco, e jogam de acordo com suas habilidades. Sou mais dessa escola adaptável, com alguns princípios que são consistentes durante a minha carreira”, afirmou a Zach Lowe, do Grantland.

Para quem acopanhou o Maccabi na temporada passada, isso ficou bem claro. Blatt não só aplicava sua tática de acordo com o que tinha em mãos, como também o time era maleável bastante para alterar completamente seu estilo de um jogo para o outro, ou mesmo dentro de um jogo, dependendo do adversário, da fase dos atletas e se Schortsanitis estava em ação.

Baby Shaq grego era a única referência ofensiva, com jogo de costas para a cesta, do elenco do Maccabi 2013-14. Não joga contra o Flamengo

Baby Shaq grego era a única referência ofensiva, com jogo de costas para a cesta, do elenco do Maccabi 2013-14. Não joga contra o Flamengo

No time que derrotou o Real na decisão europeia, dos que foram para quadra, só mesmo o Baby Shaq grego tinha mais de 2,03 m de altura (oficiais 2,06 m, vamos dizer assim), e foi por menos de 10 minutos num jogo de prorrogação. Vimos um Maccabi correndo contra quem podia correr, um time de jogo mais lento quando não conseguia aguentar o pique, protegendo bem sua cesta mesmo sem estatura, alternando defesa pressionada com zonas simples ou mistas para desestabilizar o adversário, mas sempre povoando o garrafão.

De novo: era um time muito interessante, mas limitado, que tinha de se virar como dava – em termos de talento, no papel, seu elenco estava bem abaixo de seus concorrentes do Final Four. Foi um time que perdeu, por exemplo, seis de 14 jogos na fase Top 16, na qual ficou sob séria ameaça de eliminação, até garantir sua vaga nas quartas de final com uma vitória sobre o Bayern de Munique na penúltima rodada. Antes desse triunfo sobre o Bayern, acreditem: o próprio Blatt teve de encarar entrevistas coletivas em que  sua demissão era cogitada. Pasme.

Uma vez classificado para as quartas, porém, o time decolou, vencendo cinco dos próximos seis jogos. O turning point foi uma vitória dramática, na prorrogação, sobre o Olimpia Milano, em Milão, na abertura dos mata-matas. O time virou um jogo impossível, uma reação daquelas digna de Maccabi Tel Aviv, que o presidente Shimon Mizrahi, uma figuraça, vai contar para os bisnetos.

Em termos de talento, seu elenco estava bem abaixo se comparado com o da maioria das equipes classificadas para as quartas de final do torneio europeu. No Final Four, então, era claramente um azarão. Ainda assim, os caras derrotaram o CSKA Moscou num jogo parelho pela semifinal e, depois, derrubaram a máquina de se jogar basquete do Real Madrid na decisão. Mas é isso, né? O tipo de coisa que pode acontecer em jogos decisivos, ainda mais se em confrontos solitários. Um time competitivo engrenar, começar a acreditar e, pumba, realizar sua missão-na-terra. São justos, legítimos campeões, mas o próprio Blatt foi o primeiro a dizer que, num sistema de playoff, dificilmente ele e seus rapazes teriam chegado lá. Talvez estivesse subestimando suas próprias habilidades como estrategista e líder.

David Blatt saiu nos braços do povo

David Blatt saiu nos braços do povo

Blatt construiu um currículo e uma reputação que o empurravam para outra direção. Enfim, as portas da NBA foram abertas para ele, recebendo uma proposta generosa do gerente geral do Cleveland Cavaliers, David Griffin, que teve o apoio inesperado do intempestivo proprietário Dan Gilbert, que preferia um John Calipari. Poucos em Israel puderam acreditar. Não que ele não merecesse. É que não estavam preparados para que ele ‘já’ saísse após seu tão sonhado primeiro título de Euroliga. Havia apenas especulações de propostas para assistente, algo que não necessariamente seria atraente para alguém com seu status, e aí chegou o Cavs, pré-Retorno de LeBron, interessado. Pronto.

Cabe a Guy Goodes, então, assumir essa bronca. Pelo menos o treinador de 43 anos sabe muito bem da responsabilidade. São 15 anos de clube. Já integrou a comissão técnica do Maccabi por seis temporadas – entre 2006 e 2008 e também as última quatro como braço direito de Blatt. Não obstante, também jogou pelo time de 1990 a 1998. Agora assume o cargo principal, sem muita experiência, porém, nessa função. Entre uma passagem e outra como assistente, dirigiu o Hapoel Jerusalem, e só.

Como faz, então, agora que está no comando? “No papel há muitas diferenças entre os dois treinadores, mas também há várias semelhanças. Goodes aplicou no time muito da filosofia de Blatt como também a sua. Ainda assim, Blatt é conhecido por ser um treinador de espírito defensivo que se empenha em limitar os oponentes a 70 pontos por jogo. Goodes é o oposto. Ele ama o basquete veloz, com passes rápidos. Durante a pré-temporada, o Maccabi por duas vezes anotou 106 pontos e 109 em outra”, afirmou o jornalista israelense David Pick, um carrapato do Maccabi, ao Mondo Basquete.

Goodes estuda o Flamengo no tempo que dá. Crédito: David Pick

Goodes estuda o Flamengo no tempo que dá. Crédito: David Pick

É importante dizer que, mesmo que o elenco israelense tenha sido sacudido, o perfil dos atletas foi mantido. Vale destacar o retorno de Jeremy Pargo para a vaga de Rice e a aposta em MarQuez Haynes para o lugar de Hickman. Curioso como o clube realmente foi atrás de jogadores de características muito semelhantes, mesmo. Com os dois em quadra, já se pode esperar muita velocidade. Em situações de meia quadra, preparem-se para o uso e abuso do jogo de pick-and-rolls e pick-and-pops e até mesmo muitas jogadas no mano a mano, explorando a habilidade dos recém-contratados e a presença de muitos arremessadores ao redor deles, com o pivô Alex Tyus representando uma das poucas ameaças no corte para a cesta, fora da bola (fora, isto é, das mãos dos armadores americanos). Brian Randle, bastante atlético, mas voltando de uma lesão muscular, também precisa ser vigiado nessas – se for para o jogo, mesmo.

O time segue muito baixo, com apenas três jogadores acima de 2,05 m – quando, na real, era para ser apenas um. Explico: Alex Maric, de 2,11 m e muita presença física no garrafão, só foi contratado para quebrar o galho enquanto Sofoklis Schortsanitis se recupera de sua operação devido a um glaucoma. O terceiro é o pivô americano Jake Cohen, de 2,08m, que foi contratado no ano passado ao sair da universidade de Davidson. Ainda é um projeto, tendo sido emprestado para o Maccabi Rishon Lezion. Nesta temporada, deve ficar no clube principal, com o qual tem contrato por mais três temporadas, mas sem muito tempo de jogo.

Maric é um sujeito alto, forte, mas que já viveu dias melhores: único poste a desafiar o Fla nesta final

Maric é um sujeito alto, forte, mas que já viveu dias melhores: único poste a desafiar o Fla nesta final

É de se imaginar confrontos de ritmo acelerado em que um atleta lento como o australiano Maric não deve ter espaço – a não ser que o Flamengo não consiga defendê-lo. Como destacou David Pick, o Maccabi tem corrido bastante em seus jogos de pré-temporada, com média incomum de 93,5 pontos em seis partidas disputas na pré-temporada até aqui. Se essa proposta for mantida, for dominante, é algo que favorece o Flamengo, que também gosta de sair em transição, com atletas como Marquinhos, Benite, Laprovíttola, Meyinsse, Gegê, Felício etc. Estão preparados para isso.

Agora, é preciso ver se o novo treinador é um cara de uma cartada só ou se aprendeu com Blatt a se moldar também de acordo com o que jogo oferece, com as facilidades sugeridas e dificuldades impostas pelo adversário. Na pré-temporada, vem com cinco vitórias e apenas uma derrota justamente pela final da Copa da liga israelense, já valendo como partida oficial. Perderam para o Hapoel Jersualem, por 81 a 78.

Sofrer mais um revés em uma decisão seria péssimo para Goodes em seu início de trabalho numa instituição em que a pressão por resultados é gigantesca e pode afetar até uma lenda viva como Blatt. O ex-assistente e o clube ainda não estão preparados para mais mudanças em sua estrutura. Mas o Flamengo não está aí para dar uma forcinha.


Copa Intercontinental e suas incógnitas: chance para o Flamengo
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Giancarlo Giampietro

Copa Intercontinental 2014, Fiba, Flamengo, Maccabi

É difícil dizer qual é o Maccabi Tel Aviv que enfrenta o Flamengo neste final de semana pela Copa Intercontinental, no Rio de Janeiro. Porque já era muito complicado definir qual era a equipe que havia conquistado a Euroliga da temporada passada, com sua formação camaleônica, irregular, que acabou surpreendendo ao ser campeão continental. Você soma aí o fato de que eles trocaram de técnico, perdendo o genial David Blatt, e mudaram mais da metade de seu elenco, e os jogos desta sexta-feira e domingo ganham um aura de incógnita.

É um clima bem diferente da decisão do torneio de 2013, no qual o Olympiakos aparecia como amplo favorito. Isso tinha muito a ver com a consistência do clube grego, que havia conquistado dois títulos europeus seguidos e também contava com Vassilis Spanoulis, um cara que obviamente estava um degrau acima dos demais atletas em quadra.

Em termos de acúmulo de resultados positivos, dessa vez é o Flamengo que chega embalado, vindo de dois NBBs e sua primeira Liga das Américas – me desculpem, mas não dá para incluir aqui os recordes recentes do estadual, a despeito da tradição do torneio. O difícil é traduzir o jogo de cá com o de lá: o quanto um Fla dominante no Brasil e, por um ano, nas Américas é poderoso para enfrentar um campeão europeu meio acidentado. Um campeão justo, é verdade, porque levou a melhor em quadra – mas que definitivamente não foi o melhor time europeu de 2013-2014

Você jamais pode subestimá-lo – e certamente o Flamengo não vai correr esse risco. Eles têm camisa, história, com seis títulos continentais, uma base de torcedores das mais entusiasmadas do mundo todo. Então é claro que o time de José Neto vai respeitar seu adversário, e bastante. Só, acredito, não precisa se colocar em situação de inferioridade. Estivessem o Real Madrid ou o Barcelona do outro lado, aí a coisa mudaria de figura – estes, sim, os times com melhor campanha na Euroliga, até o Final Four.

Para comparar, durante a temporada regular (primeira fase e Top 16 somadas aqui), a agremiação israelense teve 16 vitórias e 8 derrotas, contra 21 e 3 do Real e 19 e 5 do Barça – sendo que o time de Huertas bateu de frente com Fenerbahçe e  CSKA pela etapa inicial e, depois, ainda precisou lidar com Fener, Olympiakos, Panathinaikos, Olimpia Milano por um grupo duríssimo. Além do mais, o próprio Blatt admitiu que, num confronto de playoff, sua equipe dificilmente teria derrubado o Real, ou até mesmo o CSKA. Em um jogos únicos, porém, foi uma tarefa plausível, graças em muito ao seu domínio do tabuleiro.

Para considerar também: os dois adversários chegam ao confronto em fase inicial de preparação. É apenas a pré-temporada. Os rubro-negros, nesse sentido, levam a vantagem de terem uma base muito mais bem entrosada. Um craque como Walter Herrmann, já mais velho, mas ainda de uma categoria acima da média, foi adicionado, e deve ser peça fundamental da equipe. Derrick Caracter é outra história, aqui discutida. De resto, a rotação está intacta. Já o seu adversário realmente passou por uma reformulação drástica em seu plantel, algo que sempre pode acontecer, mas não estava nos planos.

O Maccabi é bem mais vulnerável do que o título de campeão europeu pode sugerir. Não quer dizer que seja fraco, ok? Longe disso. Mas a expectativa é de um confronto muito interessante, desde que os flamenguistas estejam fazendo a lição de casa direitinho.


Flamengo acerta contratação pontual. Vale a pena?
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Giancarlo Giampietro

Caracter chegou nesta quarta. Fla espera que com bagagem de soluções

Caracter chegou nesta quarta. Fla espera que com bagagem de soluções

Em 1997, o Cruzeiro se preparava para um dos maiores desafios de sua história: jogar a Copa Intercontinental/Mundial de clubes contra o Borussia Dortmund, depois de fazer bela campanha na Copa Libertadores. O time tinha uma forte base, que não era necessariamente brilhante, mas possuía figuras talentosas como o meia Palhinha, o centroavante Marcelo Ramos e o goleiro Dida.

Antes de mais nada, peço um pouco de paciência, antes do ataque: “Até aqui você vai ficar falando de futebol?! Santa monocultura!”

É que a gente pode ligar esse jogo de 17 anos atrás com outra Copa Intercontinental, a de basquete, que será disputada entre Flamengo e Maccabi Tel Aviv a partir desta sexta-feira, com o primeiro jogo no Rio. A segunda e decisiva partida será no domingo, na capital fluminense. E qual seria o link entre coisas tão absurdamente distintas?

Bebeto foi um dos que chegaram ao Cruzeiro de última hora em 1997. Um causo alarmante

Bebeto foi um dos que chegaram ao Cruzeiro de última hora em 1997. Um causo alarmante

Antes de encarar o Dortmund, o clube mineiro fez quatro contratações exclusivamente para aquela decisão, algo que aprendemos a chamar de contratações “pontuais”: o lateral Alberto, o zagueiro Gonçalves e os atacantes Bebeto e Donizete Pantera. O Fla apelou nesta semana ao mesmo expediente: acertou com o pivô Derrick Caracter para reforçar seu garrafão para desafiar o Maccabi – e também para os amistosos nos Estados Unidos contra a galera da NBA.

Antes de falar de Caracter e do Fla, é preciso lembrar o que se passou com a Raposa depois de sua cartada, com o perdão do amigo cruzeirense, que não precisava de revisitar essa história num momento em que seu time está voando no Brasileirão. Naquela ocasião, o tiro saiu pela culatra, numa derrota por 2 a 0 em que os alemães foram bem superiores. Diante daquela situação inusitada, sobrou, claro, para os caras que chegaram de última hora.

“A culpa não era deles. Se você é chamado para o Mundial, não vai? É claro que vai. Mas a vaidade no futebol é muito grande. Os jogadores vinham falar comigo, chateados. Tive que conversar muito. Não vou dizer nomes, mas começamos a discutir premiação para o título, algo que sempre é feito antes da partida, e um dos contratados falou que deveríamos deixar para depois. O cara pegou o dinheiro (da contratação) na mão e não queria discutir premiação? Era um dinheiro importante para caramba para as famílias. Mais tarde, depois daquela final, conversei com o presidente, com quem fiz amizade, e ele disse que voltaria atrás se pudesse”, afirmou o meio-campista Cleisson ao GloboEsporte.com.

“Não participar do Mundial foi a maior tristeza que eu tive na minha carreira. Foi uma decisão que achei injusta. Na época, fui conversar com o presidente Zezé Perrella a respeito dessa situação, não só comigo, mas também com outros jogadores. O Zezé (Perrella) apenas disse que a decisão era do treinador e não poderia fazer nada”, relembra Gottardo, ao SuperEsportes.com.br, acrescentando que inclusive pediu ao presidente para ser negociado.

“Era uma situação complicada, sabíamos da qualidade deles. Havia uma cobrança dos jogadores que ficaram fora e da imprensa em cima do presidente, mas isso faz parte”, completa o lateral Vitor, ao FoxSports.com.br.

Deu para entender, né? Com a turbulência que as mudanças geraram – o capitão da Libertadores, Wilson Gottardo, por exemplo, foi cortado da delegação que viajou ao Japão –, o Cruzeiro já meio que havia perdido a final antes mesmo de disputá-la.

Então tá: ponto.

O flamenguista mais doente já pode estar salivando, achando que o blog está jogando praga para cima do elenco rubro-negro. Não é bem assim. Só foi o primeiro caso que bateu na telha ao lembrar de contratações pontuais como a de Caracter. Se alguém tiver algo mais emblemático e positivo que esse, favor compartilhar. Além do mais, podemos alegar que uma coisa é contratar quatro jogadores num pacote e outra, trazer um só atleta para reforçar uma posição considerada carente. Mas não há como fugir desse questionamento.

Caracater, cestinha talentoso, com algumas questões comportamentais no meio do caminho. Jogou 41 partidas, com média de 5 minutos

Caracater, cestinha talentoso, com algumas questões comportamentais no meio do caminho. Jogou 41 partidas, com média de 5 minutos

Não dá para saber como o elenco de José Neto vai reagir a uma situação dessas – e nem como o pivô vai se comportar. Ênfase em “comportar”, porque cabe outra ressalva: uma boa alma vai dizer que você não deve julgar ninguém pelos erros do passado, que se deve dar uma segunda chance, mas há uma razão triste para explicar como alguém que já foi considerado um dos maiores talentos de sua geração nos Estados Unidos estava disponível no mercado, para um acerto pouco usual destes. Como os americanos gostam de dizer, o jogador tem “bagagem”.

Na universidade, deu um trabalhão danado para os técnicos de Louisville, sendo obrigado a pedir transferência para Texas El-Paso. Ainda assim, foi selecionado pelo Lakers na segunda rodada do Draft de 2010, na 58ª/antepenúltima posição. Já como profissional, foi preso por ter agredido uma garçonete – um raro caso de problema com a polícia, diga-se; antes, sua ficha de advertências estavam limitadas a problemas de notas e de disciplina “esportiva”. Desde então, foi dispensado pelo time californiano, perambulou por aí, entre Europa e D-League, tendo jogado a última temporada pelo Idaho Stampede (veja suas estatísticas).

Três anos depois de sua prisão em Nova Orleans, Caracter desembarcou no Rio apenas nesta quarta-feira, praticamente junto dos caras do Maccabi, mal tendo tempo de treinar com seus novos companheiros.  Caracter supostamente chega para deixar o Flamengo mais competitivo. Está dentro das regras, sim, mas o quão válido, legítimo é o processo? Qual caminho você prefere: jogar todas as cartas possíveis e tentar de tudo numa grande vitrine dessas, jogando por um título que seria mais que formidável para o clube e o basquete brasileiro, ou ir para a quadra com o que você tem (de verdade), que, aliás, já é um grande time de basquete?

A segunda alternativa, parece, seria a ideal. Mas dá para entender também quem abrace sem pestanejar – pensando de modo pragmático e na importância que têm a Copa Intercontinental e os jogos nos Estados Unidos. Agora só resta saber o quanto Caracter pode contribuir de fato para uma equipe que mal conhece. Aliás, não está nem muito claro o quanto o técnico José Neto e os demais atletas sabem sobre o pivô também. Justamente quando o entrosamento seria um dos grandes trunfos para os rubro-negros em relação ao seu concorrente.

O UOL Esporte acabou de publicar um texto que nos conta os bastidores da contratação. O Flamengo sondou mais de dez nomes no mercado internacional, numa procura meio desesperada até, com dificuldade para fechar: os atletas consultados queriam contrato por uma temporada, obviamente. No fim, o agente Marcelo Maffia, que trabalha com Tiago Splitter, Rafael Hettsheimeir, Rafael Luz, entre outros muitos talentos brasileiros, ajudou a intermediar o negócio.

“Foi uma correria louca para viabilizar a vinda dele. Faz 24 anos que trabalho com basquete e nunca vivi uma situação destas. As conversas começaram no meio da semana passada. Aí tivemos de arrumar o visto rapidamente, o que conseguimos no consulado lá em Miami, tanto que ele chegou apenas na quarta-feira. Ele praticamente não treinará com a equipe. É um grande incógnita o que ele poderá fazer”, afirmou o empresário. “Só o conheço pelas estatísticas e por vídeos. Não sei se é a melhor ou pior opção para o Flamengo. Era a que tinha no momento. Claro que é um grande risco, mas talvez possa fazer o que se espere dele.”

E o que o técnico Neto espera do americano? “Trouxemos para ter uma opção a mais no nosso jogo interior. Ele chega para somar e trazer muita força ao nosso garrafão. O time do Maccabi é forte, usa bem os pivôs e precisamos conter isso. Precisávamos de mais força na marcação e no rebote. A ideia é que ele cumpra bem esse papel. Além disso, contamos com ele para pontuar no ataque também”, afirmou.

(Só uma observação, de quem acompanhou a temporada da Euroliga inteira no ano passado: o time israelense tem jogo interior, sim, mas ele decorre muito mais das infiltrações de seus armadores do que em bolinhas pingadas no garrafão. Ainda mais com Sofoklis Schortsanitis fora de combate, devido a um glaucoma. Vários destaques da campanha europeia saíram, eles trocaram de técnico, mas, a julgar pelo perfil de seus substitutos, essa proposta não se alterou tanto assim. Mais sobre isso nesta sexta-feira…)

(A segunda observação: Caracter sempre foi conhecido como um pivô muito forte e habilidoso, mas especialmente para questões ofensivas, com jogo de pés criativo, que funciona de costas para a cesta. É pesado, mas surpreendentemente ágil. Ambas as munhecas são bastante eficazes para a conclusão próxima ao aro. Sua capacidade como defensor, porém, não era das mais elogiadas. Pode ter melhorado com o passar dos anos, a conferir. É, de toda maneira, alguém muito vigoroso, mesmo, que vai ocupar espaço e trombar.)

Caracter, então, precisa dar uma força para Jerome Meyinsse, Olivinha e Walter Herrmann no combate com os pivôs do Maccabi.

Mas e o Felício?

Aparentemente, se Caracter corresponder às expectativas, o garotão vai dançar nessa.

Felício, 22 anos, promissor e quinto homem na rotação flamenguista em grandes jogos?

Felício, 22 anos, promissor e quinto homem na rotação flamenguista em grandes jogos?

Felício ainda é jovem, tem muito o que aprimorar em termos de técnica, mas fisicamente você não vai achar tantos jogadores mais imponentes. Além do mais, é jovem, mas já não é mais um adolescente – chega uma hora em que vai ter de produzir e competir com os marmanjos, o tempo começa a correr. Com a saída de um veterano como Shilton, figura importantíssima na conquista do último NBB, esperava-se mais Cristiano em ação, depois de o pivô ter jogado apenas 13 minutos em média na temporada passada. Nos playoffs, quando a coisa aperta, o tempo de quadra ainda foi reduzido para 8 minutos por partida. Na Liga das Américas, 99 minutos em oito partidas. Aparentemente, ainda não será desta vez.

Isso também nos leva a alguns pontos preocupantes. Estamos falando  de uma das maiores promessas brasileiras, um pivô de enorme potencial, reconhecido por Rubén Magnano, pelos olheiros da NBA (ainda que não tenha sido escolhido no último Draft, causou ótima impressão durante o Eurocamp de Treviso) e tudo o mais.  Nas palavras de Neto, o americano chega para contribuir especialmente com rebote e defesa. O pivô brasileiro ainda não estaria preparado para isso? Não seria saudável dar um voto de confiança? Qualquer minuto disputado contra o Maccabi e a turma da NBA seria muito mais importante para o desenvolvimento do atleta do que usá-lo, a essa altura da carreira, na LDB para ele somar 22 pontos e 20 rebotes numa partida.

Por outro lado, entra na mesma questão: o Flamengo não vai disputar um troféu qualquer. O time quer ser campeão mundial, então talvez não seja o momento de falar em lapidação de um atleta.  Como time de ponta nacional, ainda se reestruturando como clube, o Fla hoje difere muito de um Pinheiros, por exemplo: suas metas estão basicamente voltadas para o adulto. Ainda não há um fluxo de continuidade em seu departamento de basquete. Sem ironias: talvez não faça muito sentido, mesmo, pensar no aprimoramento de um talento como o de Felício. Eles jogam para agora, e não custa lembrar: o pivô não é nem mesmo uma cria da base rubro-negra, não foi alguém trabalhado por anos e anos na Gávea. Saiu do Minas para os Estados Unidos e voltou contratado.

Da mesma forma que o clube acertou com Caracter agora.

Que fique claro: essa é uma crítica pontual a uma contratação pontual, que se explica, mas, ao meu ver, é exagerada. Sobre o time rubro-negro em si, não há muito o que contestar depois de entupir sua sala de troféus  nos últimos anos. A essa altura, todavia, pode ser que 85% dos basqueteiros flamenguistas que tenham aberto acidentalmente esse artigo já tenham parado na metade, talvez pês da vida. Eles querem mais é que o Caracter e o Flamengo contrariem tudo isso e façam valer a aposta.

E que, de repente, a gente fique apenas falando de futebol, mesmo.


Em movimento intrigante, Brasília contrata ala ex-NBA
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Giancarlo Giampietro

Hobson, em rara aparição pelo Milwaukee Bucks. Agora no cerrado

Hobson, em rara aparição pelo Milwaukee Bucks. Agora no cerrado

É difícil redigir manchetes, sabia? Ou títulos. Elas são a mesma coisa, basicamente, mas “manchete” carrega muito mais peso do que “título”, como o pai dos burros – o  atencioso pai de todos nós– conta. “Manchete é o título principal numa edição de jornal” e pode vir “em caracteres grandes, como título de uma notícia sensacional”, na descrição do Michaelis.

Esse aqui de cima vale como título, no qual para muita gente deve se destacar o “ex-NBA”. Que é um tanto sacana, admito, uma vez que o ala americano Darington Hobson, contratado no final de semana pelo Brasília, disputou apenas cinco jogos pela grande liga. Cinco jogos? Ex-NBA? Sensacionalismo na certa. Pois é. Mas convido o amigo e corajoso leitor a embarcar comigo se concentrar mais na primeira parte da frase, no tal do “movimento integrante”. Mais genérico, mas que nos ajuda a contar melhor essa história.

São dois pontos a nos intrigar, na verdade.

Primeiro que Hobson é um jogador muito talentoso, que vai completar 27 anos daqui a uma semana, e que tem tudo para causar um grande impacto em quadras brasileiras por um time de ponta;

Herrmann, uma contratação excepcional para o mercado brasileiro

Herrmann, uma contratação excepcional para o mercado brasileiro

Segundo que, mesmo que tenha ficado muito tempo em quadra  pela NBA, isso ninguém vai lhe tirar de seu currículo, e ainda é muito difícil encontrar alguém com essa grife jogando por essas bandas. De qualquer forma, não é necessariamente o carimbo que importa mais nessa transação. O que pesa mais é o simples fato de os clubes do mercado brasileiro parecerem um pouco mais antenados do que o habitual. Em vez de ficar apenas com a rebarba da rebarba, temos visto algumas contratações um pouco mais relevantes em cenário internacional, que exigiram a atenção de veículos especializados lá fora.

A repatriação de Rafael Hettsheimeir pelo Bauru pode não ser a melhor notícia para os fãs do pivô brasileiro, que talvez esperassem um pouco mais dele, mas é excelente para Bauru e a liga nacional. Mais relevante ainda é a chegada de um craque como Walter Herrmann ao Flamengo – outro ex-NBA, mas que definitivamente tem muito mais em seu histórico profissional a apresentar do que a passagem de três anos pelos Estados Unidos. Campeão olímpico, MVP na Espanha, um baita jogador, ainda que em fase final de carreira. O mesmo Fla que parece ter acertado também no fim de semana a contratação de Derrick Caracter, pivô ex-Lakers (sobre a qual falaremos mais nesta semana, esperando a oficialização, já com a ressalva de que Caracter só disputaria a Copa Intercontinental contra o Maccabi e os amistosos nos Estados Unidos).

Enfim, são quatro contratações que têm muito mais representatividade no mercado da bola (ao cesto). Entre elas, falemos agora um pouco mais sobre a de Hobson, que chega para reforçar consideravelmente a rotação perimetral do Brasília. É preciso ver com qual mentalidade o americano chega ao cerrado. Se chega com perspectiva de dominar (esfomear, leia-se), se está animado, ou o quê. Nunca se sabe. Se for o mesmo Darington de sempre, deve contribuir com algumas características muito interessantes.

Vindo do modesto nível do Junior Colleges, Hobson entrou no radar da NBA durante sua temporada de junior, pela Universidade de New Mexico, em 2009-10. Os Lobos, como são conhecidos, se tornaram O Time da conferência Mountain West nos últimos anos, deixando San Diego State (de Kawhi Leonard) e BYU (Jimmer, Baby, Luiz Lemes e Tavernari) para trás. Têm presença constante nos mata-matas da NCAA, mas com pouco sucesso nacional.

Hobson enterra: não sei bem o quanto de "show" o americano pode entregar no NBB, mas é de se esperar um talento acima da média para o Brasília

Hobson enterra: não sei bem o quanto de “show” o americano pode entregar no NBB, mas é de se esperar um talento acima da média para o Brasília, para tornar a equipe mais coesa

Em sua campanha com a equipe, o ala se tornou o primeiro jogador da história a liderá-la em pontos (15,9), rebotes (9,3) e assistências (4,6). O que já nos conta muito sobre a versatilidade deste atleta canhoto de 2,01 m de altura e corpo lânguido. Ganhou o prêmio de destaque da MWC, um estrondo, ainda mais se considerarmos que foi sua primeira temporada em um campeonato decente, por um time de ponta.

Hobson pode pontuar de diversas maneiras – chute de fora, partindo para a cesta, ainda que de forma errática. Mas, creio, seu diferencial esteja realmente em sua visão de quadra e em seu potencial como “homem de ligação” num quinteto, fazendo de tudo um pouco para tornar um time uma unidade mais coesa. Mantendo esse perfil, é alguém que poderá assessorar, e muito, o armador Fúlvio na organização ofensiva – os chutadores Arthur e Giovannoni devem gostar. Segue aqui, em inglês, um scout de seus tempos de universitário, cortesia do DraftExpress.

Em 2010, Hobson foi escolhido na posição 37 do Draft, pelo Milwaukee Bucks, aos 22. Sua cotação chegou a ser mais alta, mas uma insistente lesão na virilha o atrapalhou bastante no processo de recrutamento. as mesmas dores que o impediram de disputar a liga de verão de Las Vegas pelo clube. Depois de fazer um exame detalhado, os médicos do Bucks descobriram que o jogador, na real, tinha um desalinhamento nos quadris. Acabou passando por duas cirurgias e ficou fora de toda a temporada, tendo seu contrato rescindido. Esse é um fator decisivo para entendermos sua condição de “ex-NBA”.

A franquia do Winsconsin ainda foi leal ao jovem em que apostou. Uma vez recuperado das operações, preparou em 2011 um novo contrato, de dois anos, por US$ 1,4 milhões, mas parcialmente garantido. O ala, porém, só ficou no time até fevereiro de 2012, sem conseguir mostrar muito – foi nesse período que aconteceram suas cinco partidas pela liga, com resultados pouco satisfatórios em uma situação obviamente pouco favorável. Para constar, seus concorrentes por tempo de quadra eram Stephen Jackson, Carlos Delfino, Shaun Livingston e Tobias Harris.

Dispensado, foi batalhar na D-League. Naquela temporada, jogou pelo Fort Wayne Mad Ants – sério concorrente do Rio Grande Valley Vipers como nome mais absurdo de franquia norte-americana. Depois, em 2012-2013, foi companheiro de Scott Machado no Santa Cruz Warriors, pelo qual teve médias de 9,2 pontos, 5,7 rebotes e 4,3 assistências – de novo a versatilidade dando as caras. No ano passado, em busca de melhor pagamento, o americano topou jogar fora do país pela primeira vez, defendendo o Hapoel Migdal Haemek, da segunda divisão israelense, com médias de 15,4 pontos, 10,5 rebotes e 3,3 assistências em 12 jogos. Antes de mais nada, não riam: “segunda divisão israelense” não parece tão ruim quanto parece. Estamos falando de um país pequeno, mas de forte estrutura e competitividade interna bas-que-te-bo-lís-ti-ca.

Agora, aparece Brasília na vida do americano, que, em seu contrato, tem cláusulas que o liberariam para a NBA ou para a Europa, caso apareça alguma proposta que considere mais valiosa. Se no início de carreira como profissional, seus problemas físicos foram sérios o suficiente para abalar suas pretensões, no NBB, agora em forma, Hobson tem o necessário para se destacar, com um estilo que está longe de ser explosivo, mas bastante fluído. É daqueles jogadores que faz o basquete parecer fácil – como no caso de Marquinhos, por exemplo. Alguém que pode ajudar o Brasília a lutar novamente pelo títulos. Títulos que, aí, sim, renderiam manchetes.

*   *   *

Curiosidade sobre o Draft de 2010 da NBA, que só reforça o quão brutal é a concorrência para ter essa sigla em seu currículo. Dos 30 atletas selecionados na segunda rodada daquele ano, apenas dois estão na liga no momento com contratos garantidos. Dois! Os felizardos são o inigualável Lance Stephenson, agora do Charlotte Hornets, e o já moribundo Landry Fields, que cumpre seu último ano de vínculo com o Toronto Raptors, quase fora do baralho, mas um cara decente, que pode dar uma força a Bruno Caboclo nos treinos.De resto, temos o pivô Jarvis Varnado no Philadelphia 76ers, sempre  à mercê dos planos mirabolantes do gerente geral Sam Hinkie.

Outros dois jogadores estariam nos Estados Unidos se quisessem e seus clubes europeus permitissem: o pivô alemão Tibor Pleiss, hoje do Barcelona, cujos direitos pertencem ao Oklahoma City Thunder, e o ala-pivô sérvio Nemanja Bjelica, do Fenerbahçe, destaque pela Copa do Mundo, vinculado ao Minnesota Timberwolves. São dois caras bem pagos na Europa, mas que logo, logo devem cruzar o Atlântico. Da mesma safra de estrangeiros selecionados? Paulão Prestes, também pelo Wolves.

*   *  *

Se não estou deixando passar alguém, o NBB 7 vai começar no dia 31 de outubro com quatro jogadores que com experiência na NBA, em partidas oficiais. Alex, Marquinhos e Herrmann fazem companhia a Hobson. Fica pendente uma quinta vaga para Rafael “Baby” Araújo, caso feche mais um contrato.

Outros atletas que já passaram por lá e cá, com uma bela ajuda da turma no Twitter: Leandrinho, o armador Jamison Brewer, ex-Pinheiros e Pacers, o pirado Rashad McCants, aposta ex-Timberwolves totalmente furada do Uberlândia, o ala-armador Jeff Trepagnier, ex-Liga Sorocabana e Nuggets, e os alas Eddie Basden, que até que se deu bem em Franca, Bernard Robinson, ex-Minas e Basquete Cearense, e Chris Jefferies, ex-Raptors e Minas.

Destes, McCants era o mais talentoso e gabaritado, sem dúvida, mas a dor-de-cabeça que ele causa fora e dentro de quadra o tornam proibitivo. Comparando com seus antecessores, Hobson seria, então, o mais promissor dos americanos importados.

*   *   *

De jogadores draftados, mas que não chegaram a disputar partidas oficiais pela NBA, que tenham dado as caras por aqui, temos Paulão e o pivô DeVon Hardin, ex-Basquete Cearense.

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O caminho inverso, saindo do NBB para a NBA, apenas dois fizeram: Leandrinho, saindo do Flamengo e do Pinheiros, em curtos pit-stops, e Caboclo, esse, sim, a grande história.


A contribuição vibrante de Marquinhos para a seleção avançar
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Giancarlo Giampietro

Marquinhos, vibrante

Já falamos aqui de um Leandrinho que anda mais contido, e, ao mesmo tempo, mais eficiente como pontuador nesta Copa do Mundo. Não é a única mudança notada em alguns dos personagens que tentam reconduzir a seleção brasileira a um pódio neste nível de competição. Na vitória contra a Argentina neste domingo, tão comemorada,  o armador Raulzinho roubou a cena, enquanto os pivôs esmigalhavam os argentinos no garrafão. Agora, se você for reparar bem, houve outro jogador que deu contribuição importantíssima na batalha mais próxima da cesta: Marquinhos. Sim, o Marcus Vinícius Vieira de Souza, mesmo, jogador que sempre teve seu talento ressaltado por estas quadras, mas que dificilmente foi confundido por um cara vibrante.

O ala da seleção brasileira apanhou oito rebotes no triunfo pelas oitavas de final, algo bastante incomum em sua carreira. Basta olhar os números proporcionados pela Fiba para perceber isso:

Marquinhos, números do Mundial, 2014, seleção

O senhor Tuto Marchand que nos perdoe, mas recomenda-se nem dar bola para as linhas estatísticas de 2007 e 2011 do torneio que carrega seu nome. A Fiba pode assumi-lo como algo oficial, mas sua conotação é muito mais de amistoso, um quadrangular preparatório para a Copa América, do que um troféu internacional que os times participantes estejam doidos para conquistar. Em suma: o nível de competitividade diminui. Não conta. Posto isso, Marquinhos então chega às quartas do Mundial com sua maior média de rebotes em jogos internacionais: 4,8.

Para alguém de 2,07 m de altura, não é exatamente uma façanha, é verdade, mas representa um avanço sensível se comparado com suas outras campanhas. Ainda mais que sua quantidade de minutos no Mundial não anda tão elevada assim (apenas 21 por jogo). Numa projeção por 30 minutos  por partida, seu rendimento subiria para 6,8.

Marquinhos, atacando também lá dentro – ainda que a preferência da casa ainda seja os tiros de fora, mesmo: são 4 por jogo em apenas 21 minutos, mas fundamentais para espaçar a quadra e dar um pouco de liberdade para os pivôs

Marquinhos, atacando também lá dentro – ainda que a preferência da casa ainda seja os tiros de fora, mesmo: são 4 por jogo em apenas 21 minutos, mas fundamentais para espaçar a quadra e dar um pouco de liberdade para os pivôs

No NBB, a média de sua carreira é de 4,3 rebotes por jogo, mas em praticamente 33 minutos de ação. Em seu melhor ano no fundamento, apanhou 5,5 por rodada vestindo a camisa do Pinheiros em 2008-09, mas em 38 minutos – no atual ritmo pela seleção, se tivesse esse tempo de quadra, sua média subiria para 8,6 rebotes, algo impressionante.

Até porque cabe uma diferença: Marquinhos tem altura e agilidade, mas fica muito menos próximo da cesta do que um Varejão ou um Nenê, por exemplo. Em atividade pelo Flamengo, diga-se, está quase sempre com a bola nas mãos, criando no perímetro, tentando uma avalanche de arremessos de três pontos (5,1 e 5,7 nos últimos dois campeonatos). Esse posicionamento se repete na seleção, com o ala bastante aberto. – de modo que os rebotes ofensivos são praticamente impossíveis de acontecer. O que não o impede de dar apoio aos pivôs na defesa.

Contra uma Argentina que puxava seus pivôs (ou falsos pivôs, digamos) para a cabeça do garrafão e a linha de três pontos, era imperativo que Marquinhos fizesse um bom trabalho de cobertura e na briga pelas rebarbas na tabela brasileira, ainda mais brigando com gente como Andrés Nocioni e Marcos Mata, que são ferozes e oportunistas ao atacar a tábua ofensiva. O ala brasileiro segurou o tranco, com 8 rebotes em 32 minutos, assim como havia feito na estreia contra uma França igualmente desafiadora, com Batum e Gelabale, assegurando 6 rebotes em 27 minutos.

Marquinhos x Marcos Mata

Marquinhos x Marcos Mata

Ter Marquinhos – e os alas em geral – mais próximos dos pivôs é uma carência constatada há tempos na seleção. Ironicamente, foi algo que um argentino, mesmo, apontou antes do clássico deste domingo. O ex-armador argentino Pepe Sánchez, hoje comentarista, via um ruído na comunicação entre a turma de fora e os pivôs. “Em todos estes anos, o time não tem mostrado entre  o jogo interior e o perímetro. Ou é perimetral, ou é interior. Talvez agora Marquinhos esteja fazendo um pouco isso”, afirmou. Bem-vindo seja o apetite.

A tendência do majoritária do torcedor brasileiro é valorizar o ataque e do “esporte-arte”, não importando a modalidade. No basquete, isso quer dizer que os holofotes geralmente estão dedicados aos cestinhas. A enterradas de levantar a torcida, bandejas acrobáticas e, claro, arrremessos de três pontos salvadores. São lances muito bonitos, claro. Natural, então, que o jogador brasileiro em geral esteja muito mais propenso a abraçar essa causa. Jogar pelo show.

Não dá para ser chato e condenar todo e qualquer lance que se enquadre nessa linha. Nem todo mundo precisa ser Ucrânia nessa vida. Atenção também, por favor, aos termos “majoritária” e “em geral”. Obviamente há diversas exceções para serem destacadas, como um Varejão, que sempre teve tino para lutar por rebotes, perseguir armadores na defesa e trazer o caos para a quadra. Alex Garcia sempre foi um exemplo. O cavalar Marcus Toledo, do Pinheiros, o Mineiro, do Paulistano, Daniel Alemão, do Mogi, e mais, e mais, e mais. Mas, bem, sabemos que a vocação de nossa base é direcionada para o aspecto ofensivo. E, ok, vence quem acerta mais bolas numa cesta, mesmo. Só não dá para achar o esporte é feito disso, como a atual guinada vivida pela seleção na Copa do Mundo nos evidencia.

É uma equipe combativa, que vai limitando seus adversários a apenas 68 pontos por jogo. Vencendo muito mais por seu comprometimento defensivo do que por iluminação ofensiva. Para sustentar uma boa retaguarda, obviamente é importante ter princípios, coordenação, comunicação, boa análise dos adversários e muitos outros fatores. Dentre eles, porém, nada supera o empenho. Não adianta o técnico cantar tudo em treinos e ao lado da quadra durante os jogos, se os atletas não estiverem dispostos a lutar pela bola. De modo intenso, como vem sendo o gratificante caso de Marquinhos.


E coube a Shilton o lance do bicampeonato do Flamengo
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Giancarlo Giampietro

Shilton comemora ao lado de Neto: parceria desde Joinville

Shilton comemora ao lado de Neto: parceria desde Joinville

Shilton terminou a final do NBB 6 zerado, sem nenhum pontinho que seja. Errou os dois arremessos que arriscou. De resto, cometeu mais faltas do que pegou rebotes (4 contra 3, respectivamente). E ainda cometeu dois desperdícios de posse de bola em apenas 14 minutos em quadra.

Afe!!! Digamos que não é a melhor linha estatística.

E, ainda assim, o pivô pode ter dado o terceiro título ao Flamengo, para você ver como funcionam as coisas.

Restavam menos de 40 segundos quando Marcelinho saltou para chutar de três pontos (claro) e talvez se consagrar. Os rubro-negros tinham dois pontos de vantagem contra o Paulistano. Era a chance de matar o jogo, garantir o caneco. Deu aro. Enquanto a bola respingava no aro, imagine a apreensão dos torcedores. O time visitante teria a chance de buscar o empate ou até mesmo uma virada, naquela que seria talvez a última posse de bola da partida.

Mas Shilton limpou a barra do ala-armador. Capturou seu único rebote ofensivo. O lance do jogo. A bola voltou, então, para as mãos de Machado, e aí, sim, o cara pôde selar a fatura ao balançar o barbante nos lances livres – foram deles os último quatro pontos, terminando com 16, sendo mais uma vez o cestinha em quadra, ao lado de Meyinsse.

Ao final do jogo, para o SporTV, o veterano afirmou que, para ser campeão pelo Fla, importava a “raça e a entrega”. Depois disse que a técnica até importava, mas deu a entender que isso ficaria em um segundo plano. Não sei bem se concordo, mas, aqui, pegamos a fala empolgada do camisa 4 como o gancho ideal.

Se for para falar de entrega, alma, dedicação, essas coisas, Shilton vale como símbolo. Talvez o símbolo ideal nessa linha – Olivinha tem mais recursos e não pode ser enquadrado nessa categoria.

Shilton x Pilar

Shilton x Pilar

É um cara para lá de discreto em quadra, não consegue se acertar com a linha de lance livre, não vai ameaçar ninguém no jogo de mano-a-mano com a bola, mas entra na lista daqueles personagens de que todo time precisa.

Dificilmente vai aparecer nos melhores momentos, ou ser chamado de bestial em quadra. Mas ele faz das suas monstuosidades em quadra, no famigerado e sempre subestimado serviço sujo que permite que os astros levem o brilho. Forte para burro, agressivo, limpa a quadra com corta-luzes que machucam e ocupa seu espaço. É difícil de ser removido no garrafão e, além de tudo, tem ótimo tempo de bola para os rebotes.

Shilton não cansa de brigar, e aqui não vamos nos cansar de destacar aqueles que se alimentam das rebarbas, e dão sustentabilidade ao jogo. Para os que estão mais acostumados com a NBA, é só pensar no que Shane Battier fez pelo bicampeonato do Miami Heat. Pode até soar repetitivo. Será que já é batido escrever sobre essas coisas? Espero. Só fica o registro que não é só de Marquinhos ou Marcelinhos (LeBrons e Wades) que vive uma equipe vencedora.

Curioso que, ao lado de Marcus Vinícius Vieira de Souza, houve um dia em que Shilton era enfileirado na lista de prospectos de alas, no início da década passada. Bateu na cuca a lembrança de uma de tantas colunas sensacionais do Melk, na Folha – o melhor texto sobre basquete já publicado no Brasil. Com 1,98 m de altura (ou, vá lá, os 2,00 m apontados pelo Flamengo), mobilidade e capacidade atlética, faria sentido. Pensem em Marcus Vinícius Toledo, ex-Mogi, agora do Pinheiros. Poderia realmente ter sido um caminho, mas as lesões e o basquete brasileiro em si não o permitiram seguir essa linha.

O que não o impediu de se tornar um jogador relevante, ainda que pouquíssimo badalado. José Neto, porém, o acompanhou de perto em Joinville e gostou do que viu, a ponto de levá-lo na bagagem quando pegou a estrada para o Rio de Janeiro, acompanhando o explosivo Kojo Mensah. O ganês já se mandou para a Venezuela, mas o pivô ficou.

Agora é bicampeão brasileiro.

Zerado na final, é verdade, mas com – e graças a?– um rebote ofensivo.


Flamengo vence Paulistano em jogo duro para levar o tri
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Giancarlo Giampietro

Olivinha vibra. É um dos que adora um jogo de contato

Olivinha vibra. É um dos que adora um jogo de contato

Por anos e anos a maior crítica sobre o basquete que se pratica no Brasil foi direcionada à (falta de) defesa. Quer dizer, talvez essa tenha sido a crítica 1-A, dividindo espaço com a 1-B, valendo pelo excesso de tiros de três pontos.

Na final do NBB 6 que vimos neste sábado, na boa– mas enxutíssima – transmissão da Globo, não dá para questionar que o Flamengo venceu o Paulistano em um jogo verdadeiramente intenso, para conquistar seu terceiro título na competição, o segundo consecutivo. Não há como contestar isso.

Mas, olha, para o meu gosto a decisão foi dura até demais.

Algumas notas a respeito:

– Ao todo, tivemos 58 faltas marcadas, praticamente 1,5 por minuto de jogo;

– Segundo as contas do irrequieto Luiz Gomes, que está preparando coisa nova por aí, foram 150 posses de bola na partida. Logo, mais de 38% delas foram pontuadas por faltas;

– De todos os atletas que entraram em quadra, apenas o jovem armador Arthur Pecos ficou zerado nesse quesito – mas ele jogou apenas 1min17s;

– Dois atletas foram excluídos com cinco faltas (Pilar e Renato Cabornari), e outros cinco terminaram pendurados com quatro (Meyinsse, Shilton, Manteiguinha, Holloway e Mineiro);

– No segundo período, antes do festival dos árbitros na volta do intervalo, os dois times estavam estourados com pouco mais de quatro minutos jogados.

– Marcelinho Machado, um jogador que nunca foi o cara mais incisivo na hora de bater para a cesta, sofreu seis faltas, sempre na (positiva) malandragem, com boa movimentação sem a bola, também sabendo usar a agressividade dos adversários a seu favor;

– Foram batidos ao todo 59 lances livres.

– Ao menos não precisaram acionar nenhum paramédico ou a ambulância.

Entendo as críticas aos árbitros, que marcaram realmente algumas faltas antidesportivas fantasmas (lembro de duas contra o Flamengo, no segundo tempo, em especial aquela em que Pilar tropeça no pé de Felício, e o jovem pivô é punido). No geral, é evidente e triste o impacto da decisão tomada pela liga e sua parceira televisiva em forçar que os árbitros sejam grandes protagonistas do espetáculo.

Como se os homens do apito já não tivessem uma tarefa inglória de fiscalizar um jogo com um monte de trogloditas digladiando em um espaço reduzido, com vários fundamentos e regras para serem observados, eles ainda precisam ser tutores? Fazer mímicas e afins, em portunholês (português + espanhol + inglês), para orientar o jogador sobre o que estão marcando, quando, na verdade, o objetivo é vazar o som para o que “o amigo telespectador não perca nenhum detalhe”. Foi um convite oficial para que eles tomassem (ainda mais) parte do espetáculo, e cá estamos.

Mas há dois pontos adicionais aqui para avaliar.

Primeiro que nariz torcido para arbitragem não é um patrimônio cultural do NBB – os playoffs da NBA estão cheios causos para contar, que o diga Doc Rivers; na Euroliga chovem críticas também (na final europeia, aliás, vimos este ano 55 faltas, mas com cinco minutos a mais de jogo: teve prorrogação).

O mais importante, todavia, é a concentração nos fundamentos. Uma vez dedicados ao ato de marcar, agora o esforço dos técnicos em seus atletas precisa se voltar aos fundamentos, em como executar uma defesa agressiva, obviamente fazendo contato, mas com um pouco mais de disciplina. Mais pés, com posicionamento, menos mãos, para compensar. Na NBA, por exemplo, o Indiana Pacers tem a melhor defesa da temporada, mas foi apenas o 14º no ranking de faltas por partida (20,5 por jogo, sendo que cada jogo tem 8 minutos a mais).

Peguem, por exemplo, a falta que o ala-pivô Renato fez em cima de Marcelinho Machado a 14 segundos do fim. O time estava apenas dois pontos atrás o placar. Mas Renato, mais lento, se afobou no perímetro, tentou dar um tapa na bola, nas mãos do experiente camisa 4, e jogou um dos maiores arremessadores da competição na linha de lance livre.

A intenção aqui não é crucificar esse valente e um tanto subestimado jogador, até porque ainda tinha muita partida pela frente – digo, ainda teve tempo de Manteiguinha arriscar um arremesso terrível da zona morta e de Marcelinho converter mais dois lances livres. E, obviamente, é muito mais fácil falar a respeito aqui do conforto do sofá, em que o único barulho ao redor é o do martelo do vizinho. Desagradável, mas não mais que milhares de rubro-negros pulando feito doidos na arquibancada.

(Aliás, a pressão de uma final em jogo único, outro presente da parceria televisiva, também contribui para a pancadaria, deixando todo mundo num estado mais elevado de tensão e instabilidade.)

Segundo a reportagem da Globo, a ordem que veio do banco do Paulistano era para evitar a falta, um ponto importante. Mas ela foi feita. Talvez muito por força do hábito, reflexo.

Gustavo de Conti falou em entrevistas durante a semana sobre o poderio flamenguista no jogo de transição, uma força do time desde a temporada passada. Durante a temporada regular, o vice-líder foi presa fácil diante da melhor campanha, tomando duas sacoladas: 80 x 58 e 98 x 67, tomando em média 89 pontos por partida.

Na decisão, ficou claro que sua preocupação era emperrar o adversário. Talvez fosse essa sua maior (e única?) chance. E dessa vez conseguiu. O irônico é que, para amarrar o jogo, contou também com ajuda do próprio adversário, que também desceu o braço. O clube de São Paulo cometeu 33 faltas, contra 25 dos rubro-negros. Quanto mais faltas, mais lances livres. Quanto mais lances livres, menores as chances de se partir em velocidade – a não ser que você tenha um quarterback como Kevin Love na reposição de bola.

No jogo de meia quadra, o Paulistano conseguiu equilibrar as coisas, criando bastante em situações de um contra um com sua dupla de ágeis americanos. Em meio a tantas faltas marcadas, porém, só conseguiu usar o cestinha Holloway por 24 minutos. O que aconteceria se… Mas aí os flamenguistas nem podem deixar a fase terminar, uma vez que seu pontuador mais eficiente, o atlético-toda-vida pivô Meyinsse também jogou pouco, por 25 minutos. São dois caras que teriam tudo para desequilibrar o confronto, mas foram privados.

Os dois finalistas valorizam a retaguarda, num empenho que realmente foge do que nos acostumamos a ver em temporadas anteriores. Topam combater e ralar na defesa. Quer dizer: a mentalidade pode ser alterada. Agora é prudente dar um próximo passo.


Marquinhos contradiz Magnano em mais uma dispensa “surpreendente” para técnico seleção
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Giancarlo Giampietro

Magnano

Magnano certamente não está perdido na tradução. O que acontece, então?

Senhoras e senhores, nós temos um problema. De comunicação.

Neste caso, não estamos falando das deficiências do blog – deixemos isso pra depois, tá? –, mas, sim, do que vem acontecendo durante esta temporada da seleção brasileira.

Vocês já sabem, claro, que o ala Marquinhos foi o último a pedir dispensa da delegação de Magnano. A diferença para a trupe da NBA que ele passou quase um mês reunido com a moçada antes de pular fora da barca nesta quarta-feira. O que aconteceu? O MVP do NBB e destaque do Flamengo alega que sente fortes dores no joelho, depois de ter sofrido um trauma durante um treinamento, num lance isolado, caindo mal de um salto. Essas dores o afastaram de todos os amistosos e, por fim, o forçaram a comunicar sua desistência.

Até aí tudo bem. Esse tipo de situação acontece. Esporte, lesão, dores, estão todos sujeitos a isso. Porém… O que causa estranhamento é o conflito entre o que diz um (jogador) e o que responde outro (o técnico). De novo.

Você deve se lembrar, né? Da dissonância entre os discursos de Magnano e Splitter, quando o catarinense o comunicou de que não se apresentaria. Agora é a vez de o processo se repetir com Marquinhos. Curiosamente, são dois homens que tinham (têm?) toda a confiança do treinador.

Marquinhos, treinando separado

Marquinhos: sem treinar com bola e sem jogar pela seleção

Na quarta, já sem Marcus ao seu lado, Magnano falou ao vivo para todo mundo ouvir: “Não fiquei decepcionado com ele, mas fiquei surpreso. Clinicamente ele estava recuperado para jogar. Com esta avaliação, tinha a esperança que ele chegaria na Copa América”. Ao passo que o flamenguista conta outra história ao repórter Fábio Aleixo, do Lance!: “Foi uma situação que ficou bem esclarecida com ele. Tivemos uma conversa olho no olho. Ele sabe o que aconteceu. Não vai ter nenhum tipo de problema no futuro”.

Epa. Déjà vu.

Se não clicou no link acima, tudo bem. Recupero aqui as duas declarações que, somadas às do parágrafo anterior, deixam o diálogo bem ruidoso. Splitter alegou sentir um desgaste extremo para não jogar a Copa América. “É um ano que permite você ter um descanso. Obviamente se fosse uma Olimpíada ou um Mundial é outra coisa, você faz um esforço. Tantos anos seguidos de seleção, minha esposa está querendo me matar. Um pouquinho de tudo me fez tomar essa decisão”, disse. Daí que Magnano rebateu: “Pensava que o único problema do Tiago era somente contratual. Depois, o estafe dele me ligou falando que ele não ia se apresentar. Eu não sabia disso (de cansaço)”, afirmou o treinador.

“Surpreso”, “não sabia”… É o que diz Magnano. O que afirmam os jogadores é outra história. O que está acontecendo?

Sabemos que está cada vez mais difícil montar uma seleção – seja ela israelense, brasileira ou russa. A pressão da NBA é imensa. Mas as limitações não ficam só nisso. Como já ocorre há tempos no futebol, a tendência é que a relação de federações  e clubes de basquete se aproxime muito mais do atrito do que de um armistício. Por mais que se incense o amor à pátria, à camisa nacional etc. Os calendários começam a apertar e afestar o principal aspecto que move hoje, sim, o esporte: os negócios como um todo, entre eles a carreira profissional.

Na entrevista ao Lance!, Marquinhos fala: “Joguei toda a temporada com dor. Se eu não parasse agora, poderia acarretar em problema no futuro”. Em seu comunicado para dizer que não vinha ao Brasil, Lucas Bebê anuncia: “Este é um momento importante para a minha carreira, e que exige a minha permanência para que tudo seja resolvido o mais breve possível”. Em entrevista coletiva, Tiago Splitter admite: “Não quero tirar a importância da Copa América, é importante, mas é um ano de  contrato, estou desgastado física e mentalmente”.

Percebem o padrão? Nesse contexto de calendário mais apertado, complicadas negociações e diversos interesses, chegou a hora em que o privado vem antes do coletivo. Vitor Faverani, em conversa breve no Paulistano – a ser publicada nesta sexta ou sábado, vamos ver –, também deixou isso claro. O clube, que o paga, tem a preferência. Simples assim. E, nesse contexto, o técnico da seleção que se vire. É o que temos, um choque de interesses que não vai se encerrar neste ano.

Para alguém competitivo como Magnano, deve bater um certo desespero ou, no mínimo, aflição. Ele confia que seus convocados vão chegar, quer muito que isso aconteça. Não nos esqueçamos que mesmo Varejão (se recuperando de uma embolia pulmonar, diabos!) e Leandrinho (cirurgia muito mais grave no joelho), clínica e publicamente fora de combate, foram convocados da mesma forma. Deve ter algum ditado que resuma melhor essa situação, mas seria algo na linha de que o argentino, a essa altura, parece estar filtrando e ouvindo apenas o que lhe pareça positivo para a seleção.

Daí tantas “surpresas” a cada dispensa? Certamente não é uma questão de tradução português-espanhol. E se for algum jogo político do treinador? Fosse o caso, não seria melhor adotar o discurso de que valoriza “aqueles que se apresentaram,  o grupo, e que não há o que lamentar”? Em vez disso, não só o técnico contradiz publicamente seus atletas – alimentando a pauta jornalística para futuras convocações, diga-se – como perde a oportunidade de afagar aqueles com os quais está concentrado.

Magnano garante que Marquinhos estava liberado para jogar. O ala, que passou por uma cirurgia logo depois do NBB, não o desmente, exatamente. Se estamos falando do joelho operado, não há mais nenhuma restrição alguma. Só acrescenta um detalhe: segundo o jogador, seu problema era outro: “Realmente estava recuperado da artroscopia no menisco, mas fisicamente não estou bem. O edema ósseo é na tíbia, perto da junção com o joelho. Não chegaria em condições ideais na Copa América. Sinto dor para caminhar ainda. É algo que foge do meu controle”.

Nesse ponto o flamenguista pode ficar tranquilo, ao menos. Muita coisa parece fora do lugar aqui.


No confronto CBB x Flamengo, quem sai vencendo, de novo, é a Argentina
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Giancarlo Giampietro

Jerome Meyinsse e Nicolás Laprovittola

Laprovittola (d) deu as caras pelo Flamengo. Julio Lamas, um cavalheiro

No calendário acidentado do basquete brasileiro, agora temos um episódio de clube disparando contra a CBB. E não um clube qualquer, mas o Flamengo, atual campeão nacional e daqueles poucos que ainda consegue atrair a presença da mídia nacional para o lançamento de um projeto de basquete.

A ideia dos rubro-negros era apresentar suas novidades para a temporada 2013-2014 nesta segunda. E eles o fizeram, mas não do modo como queriam, já que faltaram alguns de seus protagonistas como Marquinhos, MVP do NBB, Vitor Benite e Cristiano Felício estão com a seleção e não foram liberados para um bate-e-volta no Rio. Não só eles, como também o técnico José Neto, assistente de Magnano, e o preparador físico Diego Falcão. Todo mundo barrado.

“Hoje está sendo um dia muito feliz pra nós, mas era para ser um dia mais feliz ainda. Era para ser um dia pra gente apresentar o elenco inteiro. Não pudemos fazer isso porque, infelizmente, a CBB não liberou os jogadores”, afirmou Alexandre Povoa, diretor de esportes olímpicos do Fla. “A gente contatou várias vezes dizendo: ‘Escolhe o dia, escolhe a hora, traz aqui o jogador umas três, quatro horas, só pra apresentar, é importante pro basquete brasileiro’, (e nada).”

Mais uma vez, Rubén Magnano dá sua demonstração de tolerância zero: não importam as circunstâncias, sua cartilha não pode ser quebrada. Uma intransigência que poderia ser contornada por seus superiores, ainda mais numa segunda-feira pós-jogo, desde que o clube arcasse com os custos. Contudo, quem numa hora dessas vai ter coragem de peitar o argentino, justamente o maior trunfo da atual gestão da confederação, talvez o principal responsável pela eleição do desastrado presidente?

Necessário dizer também que a programação da seleção está definida há um bom tempo, e talvez o Flamengo pudesse ter escolhido melhor momento para fazer sua festa, não? A Copa América vai terminar no dia 11 de setembro. O sucateado Campeonato Carioca começa no dia 20 de setembro e ainda tem tempo para o NBB dar largada. Se você caprichar na matemática, vai ver que sobrava uma brecha aí para apresentar o plantel com toda a pompa e atenção disponível.

Por outro lado, quando a Argentina – “NOSSA, O NOSSO INIMIGO! CRUZES!” – acha que está tudo bem liberar um dos seus, o armador Nicolás Laprovittola, belíssimo reforço rubro-negro, para o mesmíssimo evento, alguma coisa realmente parece errada. Não é segredo que, digamos, Magnano e Julio Lamas não são os melhores amigos. Basta ver o modo como se comportam na beira da quadra quando se enfrentam. Nesta, a classe e esperteza de um desses argentino foi bem maior.