Vinte Um

Arquivo : Espanha

Lavada contra a China, classificação garantida e armadilha a ser evitada
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Giancarlo Giampietro

Varejão marca Jianlian

Yi Jianlian foi dominado pelos pivôs brasileiros: apenas cinco pontinhos, três deles em lances livres

Para um time que ainda jogava por sua classificação, impressionou negativamente a pouca intensidade dos chineses neste sábado. Ressaca, ou não, a seleção brasileira não tinha nada com isso: se impôs desde o início e fez seu trabalho muito bem, obrigado, para vencer por 98 a 59.

Para garantir a classificação para as quartas, a equipe começou sua partida buscando o jogo interior, ufa, e viu aquele Tiago Splitter eficiente, ao qual se habituou nas últimas temporadas, executar bons movimentos, abrindo caminho para  uma boa diferença logo de cara. Com pivôs menores e mais leves, a China teve de encolher sua marcação e permitiu uma série de chutes de três pontos para os brasileiros, e dessa vez, livrinhas, as bolas caíram.

Não houve egoísmo também, tendo o time acumulado 27 assistências. Foram pouquíssimos os desperdícios de bola (6). A defesa não afrouxou em nada, continuou desestabilizando os chineses e forçou este desempenho pífio: nos primeiros 20 minutos, seu oponente somou seis erros e apenas uma assistência, por exemplo. Na segunda etapa, foi um treino.

(Agora um parêntese obrigatório, e que se tome cuidado com as armadilhas: foram 25 tiros de longe e 12 cestas, a maioria equilibrada, sem pressão alguma. Mas não achem os brasileiros que vão enfrentar uma defesa esburacada como essa em duelos com Espanha, França e Argentina. Fica o exemplo do comportamento dos Estados Unidos hoje contra a Lituânia, acreditando que a tempestade de três pontos que causaram contra a Nigéria se replicaria naturalmente.)

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Só Leandrinho, Giovannoni e Alex ficaram em quadra por mais de 20 minutos, e raspando. Deu, então, até para Caio Torres e Raulzinho jogarem. Pelo andar da carruagem olímpica brasileira, a convocação do pivô do Flamengo parece cada vez mais deslocada: se era para ter um jogador para ser usado tão pouco no torneio, não era melhor investir em alguém mais jovem, mesmo?

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Excluindo os jogos dos Estados Unidos, essa foi a maior vitória do torneio olímpico masculino, com 39 pontos de vantagem. A maior diferença até então havia sido da Argentina sobre a Lituânia: surpreendentes 23 pontos (102 x 79). Os argentinos também haviam vencido a Tunísia pelos mesmos 23 pontos (92 a 69).

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Agora o assunto que vai dominar as próximas 48 horas: ganhar, ou não, da Espanha, para evitar um eventual confronto com os Estados Unidos nas semifinais. Imagino que haverá muitos a torcer para uma vaga como terceiro colocado. Desta forma, evitaríamos também o clássico diante da Argentina nas oitavas. Bem… Para mim, não tem essa de entregar jogo. A bola está com Magnano.

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Duas notas sobre a China:

– Wang Zhizhi foi o primeiro atleta do país a jogar na NBA, contratado em 2001 pelo Dallas Mavericks, um ano antes de Yao Ming ser selecionado pelo Houston Rockets na primeira colocação do Draft que também levou Nenê para a liga norte-americana.

– Quem se lembra do técnico Robert Donewald Jr.? Ele foi contratado pelo ex-agente de Nenê e Leandrinho, Michael Coyne Jr., para trabalhar no Brasil na temporada 2005-2006 com o ala Marquinhos. Ele foi o treinador do time de São Carlos, do qual Nenê também participou na formação. Depois, ele ainda treinou Guarujá, antes de partir para a Ásia. Neste meio-tempo, Donewald trabalhou com Marquinhos e o pivô Morro, do Pinheiros, na preparação dos dois atletas para o Draft da NBA de 2006. O ala foi selecionado na posição 43 pelo Hornets.

 


Notas olímpicas: a fase de Carmelo e os problemas de Prigioni e Navarro
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Giancarlo Giampietro

Juan Carlos Navarro, de fora

De agasalho e cabelo novo, Navarro não ajuda muito a Espanha

Só para desafogar um pouco:

– Isso já vem lá de trás no Pré-Olímpico de Las Vegas-2007, mas nestas Olimpíadas está impossível: como o jogo de Carmelo Anthony se traduz para o basquete Fiba de maneira perfeita. Com a linha de três um pouco mais próxima, contra jogadores menos atléticos do que os que vê regularmente na NBA e os diversos astros ao seu redor, o ala da seleção norte-americana vira uma arma mortal toda vez que recebe a bola, não importando o ponto em que está da quadra. No mano-a-mano, ele pode girar rapidamente e fazer o arremesso. Pode driblar de frente para a cesta, frear e subir, devidamente equilibrado, para chutar sobre os braços estendidos do marcador. Se quiser, também pode levar seu oponente para o garrafão e exibir seu jogo de pés consistente e a base muito forte para chegar até a tabela e completar a bandeja. Então, fica aberto aqui o bolão: quando será que Melo vai errar uma cesta daqui para a frente no torneio?

– A aura de invencibilidade e a vaga previamente garantida na final para a Espanha foram para o buraco de vez com a derrota para a Rússia. Na verdade, sua imagem já estava tudo severamente arranhada pela campanha que vinham fazendo nesta primeira fase, bem mais fraca quando comparada ao que executaram no último Eurobasket com o time completo. Faz muita falta para a seleção um Juan Carlos Navarro inteiro. Com as Bombas caindo, fica mais complicado para o adversário se acertar: como parar seus chutes em flutuação, como subir a defesa até o perímetro e ter de conter ao mesmo tempo o jogo interior com os Gasol e Ibaka? Sem Rubio, sem Navarro, o time espanhol perde muita criatividade em seu ataque, além de dois jogadores que colocam pressão na defesa. Calderón é um ótimo jogador, mas seu jogo é muito menos vertical. Contra a Rússia, Navarro jogou por 23 minutos, mas foi pouco efetivo, com apenas nove pontos, uma assistência e 27% nos arremessos.

– Você imaginaria que o jovem Facundo Campazzo poderia se tornar o principal jogador da Argentina numa Olimpíada? Nem eu. O armador teve de batalhar até o fim para garantir seu lugar no grupo de Julio Lamas, concorrendo com Nicolás Laprovittola e, agora, se vê numa situação  de pressão, dependendo da condição física do veterano Pablo Prigioni. O armador, recém-contratado pelo Knicks, vem sofrendo com cólicas renais nos últimos dias, não deve nem estar treinando direito, e como esses percalços vão influenciar seu basquete para os mata-matas?

 


Jogo de pôquer entre os favoritos ao pódio em Londres chega ao fim
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Giancarlo Giampietro

Durante as últimas duas semanas, com uma série de amistosos no basquete, a frase mais repetida em diversos idiomas foi esta daqui: “Mes ne rodyti viską*”.

É uma combinação de palavras lituanas que quer dizer  algo simples como “Nous n’allons pas montrer tout” em francês, que quer dizer “We will not show everything” em inglês, que quer dizer, por fim, “Não vamos mostrar tudo” em português.

LeBron e sua poker face

LeBron e sua poker face

Grandes favoritos, EUA e Espanha se enfrentaram nesta segunda-feira. Brasil e Austrália, que se encaram na estreia, jogaram domingo. A Argentina, que ainda sonha alto com sua geração dourada, não se esquivou dos norte-americanos, espanhóis e de dois clássicos contra os brasileiros.

Tudo muito indiscreto, não?

Agora, independentemente dos resultados desses embates, a frase antes e depois das partidas girava em torno desse mote: teriam escondido o jogo até agora.

Como disse José Calderón antes da derrota para os EUA: “Você não vai mostrar muitas coisas”. Seu compatriota Pau Gasol postou no Twitter: “Não conseguimos hoje, mas espero que tenhamos aprendido algumas coisas para um eventual próximo jogo”.

Do outro lado, o vitorioso, LeBron James falou o seguinte: “Não mostramos todas as nossas cartas ainda. Temos muitas opções, mesmo, e tantas coisa que podemos fazer com nosso time. A melhor coisa sobre a vitória foi que melhoramos, mas ainda temos espaço para evoluir e mais cartas para mostrar.”

Em ótima fase para tudo, LeBron usou realmente o termo mais apropriado. Teoricamente, o que vimos nas últimas semanas um foi baita jogo de pôquer entre mentes mirabolantes de treinadores e gigantes atléticos na quadra.

O quanto cada um revelou e blefou? Impossível dizer. A partir de sábado, as respostas, enfim, começam a aparecer, e mal podemos esperar.

*Confiando no tradutor do Google, ok? Se tinha dúvida, em chinês fica desta maneira: “将不会示一切”; em russo, sai assim: “Мы не будем показывать все”., 


Prévia olímpica: “Voltamos a falar de basquete”
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Giancarlo Giampietro

Era sábado passado, uma galera reunida no clube Ipê de São Paulo para comemorar as primaveras do Fernando Gavini, repórter da ESPN Brasil: à parte das rodinhas de futebol e daqueles que esmiuçavam as tramas envolvendo a tal da Carminha e a dupla atuação de Débora Falabella, tinha muita gente instigada com a seleção brasileira masculina de basquete.

Juro!

Claro que o blogueiro aqui, nessas ocasiões, parece andar feito aquele nerd com o papel colado nas costas, no qual estaria escrito “o tonto do basquete”. Talvez o basquete só fosse inevitável, mesmo, no lero em que o tonto estivesse presente. Bem mais provável.

Huertas de moicano

O pessoal quer falar sobre basquete

Mas chega de digressão: é fato que o assunto está aí fora para um monte de gente, né? Vemos os jornais dando bastante espaço, as mesas redondas essencialmente boleiras dos canais fechados abrindo concessões e o interesse aumentando.

Por anos e anos, a pauta era a lamentação pela ausência do time, algo que vinha desde Atlanta-1996. Hoje, podemos discutir que tipo de adversário se encaixa com o estilo da seleção, se Magnano deve escalar este ou aquele, se temos chance de medalha etc. No sábado, até mesmo uma derrota em amistoso para a França suscitava algumas dúvidas e debates. Estava no grupo daqueles que não importava o resultado, mas tinha muita gente que dizendo que não podia perder.

No fim, o consenso que realmente importava, naquela ocasião, foi destacado pelo chapa Thiago Mantovani, editor também da ESPN Brasil: “Pelo menos voltamos a falar de basquete!”, definiu o nosso cincão dos tempos de Cásper Líbero, que, nestes tempos de revolução do Coach K, poderia ficar para trás na quadra.

Então estamos assim: o Brasil de volta no masculino, com chances, e todo mundo falando a respeito. Já é um enorme avanço.

E o tem chance mesmo. A seleção chega para brigar, sim. Se não houver nenhuma lesão desagradável daqui para a frente. Caso a defesa se mostre com a vontade e empenho apresentados desde Mar del Plata. Com um Marcelinho Huertas muito exigido, para não dizer sobrecarregado. Se souberem a hora certa para atirar de três pontos, ouvindo bem os assovios de Rubén Magnano de fora da quadra.

Eles são não são obrigados a chegar ao pódio. Num degrau abaixo de Estados Unidos e Espanha, está tudo muito nivelado entre um punhado de seleções, incluindo aqui a brasileira, a russa, a argentina, a francesa e a lituana. Fazendo as contas, já estamos falando em sete times aqui para três vagas. Não dá para exigir nada em termos de pódio, então. Agora, uma eliminação na primeira fase seria uma tremenda decepção – um cenário muito difícil pelo que vimos do time até aqui, mas, sinceramente, não dá para ignorar. Uma derrota na estreia para a Austrália colocaria muita pressão na equipe.

Quando chegar a hora – tipo daqui a dois dias –, falaremos mais a respeito.

E o bacana é isto: chegaram as Olimpíadas, e podemos discutir, suar, passar mal e falar de basquete.

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Mais tradicional, Espanha espera oferecer grande resistência aos EUA

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Prévia olímpica: Espanha se apresenta como a grande resistência à revolução dos EUA
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Giancarlo Giampietro

No título postado acima, a palavra-chave é “grande”.

Se os Estados Unidos estão, digamos, desencanando de jogar com pivôs tradicionais nas Olimpíadas, seja por opção tática ou porque não tinham outra solução, a Espanha ainda aposta em uma versão mais tradicional, com duas torres no garrafão. Os irmãos Gasol estão aí para isso.

Poupado (estrategicamente?) do amistoso desta terça contra os próprios EUA, Marc Gasol está listado oficialmente pela NBA como um jogador de 2,16 m de altura. Já seu irmão mais velho, Pau,  tem 2,13 m. São bem grandes. Sem falar no Serge Ibaka, de 2,08 m, que impressiona mais pela capacidde atlética e envergadura.

Pau e Marc Gasol dividem um toco

Do lado norte-americano, o discurso é de que eles não se importam muito com isso. “Há muitos grandões que não conseguem jogar. Há jogadores mais baixos que são melhores que eles. Já vimos Griffin encarar o Marc Gasol. E esses duelos valem dos dois lados: eles precisam marcar nossa rapidez e velocidade”, afirmou Jerry Colangelo, o chefão da equipe norte-americana, grande responsável sobre a revitalização das seleções do país.

O problema nesse raciocínio é que, além de gigantes, os dois barbudos sabem jogar, e muito. Chutam de média distância. São ótimos passadores. Jogam bem de frente e costas para a cesta. O que deixa os espanhóis bastante confortáveis a respeito.

Em enquete promovida pelo site HoopsHype com seis jogadores da atual campeã europeia, Marc Gasol e José Calderón tentaram esconder o jogo quando questionados sobre qual seria a fraqueza dos grande rivais pelo ouro, mas o restante não se aguentou. “Jogando com Pau, Marc e Serge IBaka, temos uma vantagem importante”, disse Rudy Fernández. “Algumas vezes eles não vão ter pivôs no garrafão, então com Serge e os irmãos Gasol acho que podemos machucá-los um pouco”, disse Juan Carlos Navarro. Sergio Rodríguez e Victor Claver assentiram.

Pau e Marc GasolAgora… A parte em que Colangelo fala sobre o jogo ser disputado dos dois lados não deixa de ser verdadeira também. Mesmo que o Griffin por ele citado tenha se lesionado depois, o conceito pregado pelo cartola e aplicado praticamente pelo Coach K vale da mesma forma. O próprio Rudy Fernández  concordou: “Quando eles atacarem, vamos ter dificuldades, porque eles são menores e se mexem muito bem pela quadra”.

Com Splitter, Varejão e Nenê, o Brasil seria também uma equipe capaz de criar esse tipo de problema para os norte-americanos com seu tamanho. Por outro lado, sabemos que nenhum dos três tem a categoria de um Pau Gasol.

De resto, em termos de garrafão e formações mais tradicionais, não há muito o que temer, não, como analisamos neste post aqui.

Outro ponto importante: não é que os Estados Unidos tenham apenas seus homens de garrafão mais velozes do que a média. Apostar corrida com Russell Westbrook, Andre Iguodala e Chris Paul também não é fácil.

Ficamos, então, diante daquele jogo de gato-e-rato que torna o basquete um esporte taticamente especial.

Prévias olímpicas no Vinte Um:

Coach K promove revolução tática. Mais ou menos como o Barcelona

No torneio masculino, pelo menos nós “voltamos a falar de basquete”

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Atiçados, EUA promovem blitz em último amistoso e atropelam a Espanha
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Giancarlo Giampietro

A Espanha provocou.

A torcida e os reservas vibravam com as andadas marcadas contra Kobe Bryant. Serge Ibaka, reforço contratado no ano passado, cravava e fazia pose no garrafão. Cabreiro, Kevin Durant não se conformava e amassava o aro. LeBron James também se precipitava e cometia turnovers. Coach K parava o jogo por precaução.

Oito pontos de vantagem contra os norte-americanos?

Vamos!

E foram, mesmo. A Espanha ainda venceu o primeiro quarto por 23 a 21, mas os Estados Unidos voltaram mudados para quadra e concluíram sua série de amistosos pré-olímpicos com mais uma vitória em Barcelona: 100 a 78 (vantagem bem mais largo do que fizeram contra Brasil e Argentina). Jogaram duro até o fim e só se contentaram quando chegaram ao placar centenário.

Carmelo Anthony, Team USA

Carmelo queimou a redinha no 1º tempo

Depois do tempo de Krzyzewski, começou a blitz. Sai Chris Paul, entra Deron. Entra Russell Westbrook. Entra Andre Iguodala. Volta Durant. Volta Kobe. Não para: a pressão fica absurda em cima da bola.

No ataque, equilibrando a balança, Carmelo Anthony, que vinha sendo questionado, só não fez chover no ginásio catalão. Marcou 22 pontos só no primeiro tempo, contra 25 do restante dos seus companheiros, para colocar os visitantes na frente. Não perderiam a liderança nunca mais. É complicado: quando não é Durant, vem Anthony. Quando não tem Anthoy, vem James. E segura.

No terceiro quarto, com um inefetivo Tyson Chandler preso no banco e os três alas-pivôs escalados – Durant, Melo e LeBron –, a diferença chegou a 20 pontos.

Para não ficar tão feio assim, o técnico Sergio Scariolo enfim começou a mexer seus pauzinhos. Passou a defender por zona, com as pestes chamadas Victor Sada e Sergio Llull na cabeça do garrafão, devolvendo um pouco a pressão na linha de passe. Por um tempo, os americanos, agora só com reservas em quadra, se enroscaram, e a vantagem caiu um bocado.

Quando iniciou o quarto final, com a cavalaria de novo a postos e Scariolo retirando sua defesa por zona (que só retornou nos minutinhos finais, para mais testes), o jogo já estava no papo. O amistoso, pelo menos.

*  *  *

O segredo do técnico Sergio Scariolo, que dirige a Espanha? Guardou Marc Gasol a partida toda novamente. O pivô do Memphis Grizzlies está com esse problema físico há um bom tempo, pode ser sério, mas e se for jogo de cena? De modo que os EUA ainda não sabem o que é enfrentar a Espanha com Ibaka e os irmãos Gasol na rotação. Felipe Reyes, envelhecido, foi presa fácil.

*  *  *

De resto, difícil acreditar que a Espanha tenha tirado tanto o pé assim. Perder em casa desse jeito não seria a melhor despedida antes de partir para as Olimpíadas, por mais que os irmãos Gasol tenham dito ao New York Times na véspera que não iam mostrar tudo. “Kobe não gosta de perder para ninguém, mas eu gostaria de deixá-lo vencer amanhã e derrotá-lo em Londres. Isso seria o ideal”, afirmou Pau.

*  *  *

LeBron não cansa de surpreender. Impressionante: em alguns momentos marcou Pau Gasol, no mínimo cinco centímetros mais alto e bem mais comprido, no mano-a-mano, sem ajuda, no centro do garrafão, sem perder posição. Do outro lado, quando os dois se enfrentaram, não houve como o pivô do Lakers parar na frente do trator do Miami Heat.

*  *  *

Vamos combinar: a partir de agora, quando o Coach K colocar em quadra Westbrook, Durant, LeBron e Carmelo ao mesmo tempo, vamos chamar aqui de Team Freak, ok? O ritmo fica alucinante, com Deron ou Paul armando.


O corte de Augusto e os pivôs das Olimpíadas
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Giancarlo Giampietro

Tá, vocês já sabem: Augusto Lima foi o último cortado da seleção brasileira masculina para as Olimpíadas de Londres-2012. No fim, o que isso pode significar?

Caio Torres, seleção brasileira

Caio Torres, um dos 12 olímpicos

Vamos tentar entender. Mas deixando bem claro: o que vem aqui abaixo é o produto de especulações internas do QG 21, sem informações que venham diretamente de Foz do Iguaçu, muito menos de Córdoba, na Argentina, ok? E outra: o post está imenso, sim, mas com informações que julgo interessante compartilhar e discutir de modo um pouco mais prolongado do que o normal.

Adelante, então:

– Começando pelo mais simples, algo que muitas vezes pode ser ignorado em favor de teses mais mirabolantes. Magnano pode realmente achar que Caio é o melhor jogador entre os dois pivôs ou pelo menos considerar que era o que estava em melhores condições para ir aos Jogos.

– Além disso, de informação, mesmo, dá para dizer que Magnano conhece Caio há tempos e sempre o admirou. Para justificar essa afirmação, resgatamos uma passagem que o blogueiro testemunhou lá atrás em 2004 (caceta, já são quase dez anos atrás!), na distante ilha de Chiloé, cidade de Ancud, no Chile. A anedota já foi contada em nossa encarnação passada, mas nem todo mundo aqui nessa nova casa tem ligações com o sobrenatural para saber disso, né? Então segue o que já foi publicado no VinteUm do além-vida, na ocasião da divulgação da primeira lista de Magnano: “Sabemos que Magnano adora Caio desde os tempos de base. Em 2004, em Ancud, cidadezinha a mil quilômetros de Santiago, lá embaixo no continente, o treinador já via o pivôzão fazer estragos, mesmo sendo dois anos mais novo que a concorrência num Sul-Americano. Estava lá e via o quanto ele se divertia em falar “The Big Man”, de boca cheia, subindo as escadas, em minha direção depois de ver o brasileiro atropelar os adversários no garrafão. Ao ver seu nome novamente incluído na relação principal, não tem como esquecer a cena.”

Faltou dizer que fazia um frio danado, e Magnano só estava virando as costas para o jogo para buscar um copo de café na tendinha bem tímida armada dentro daquele inesquecível ginásio, que precisava de uma calefação daquelas.

– Sabendo dos problemas físicos de Nenê, a convocação de Caio, também não deixa de ser um movimento de precaução do argentino, não? Mesmo na melhor forma física de sua vida, o pivô do Flamengo ainda é uma fortaleza.

David Andersen x Andrei Kirilenko

Andersen e Kirilenko: força bruta?

– Se ignorarmos as dores no pé de Nenê, talvez o argentino esteja se preparando para batalhas físicas de garrafão em Londres-2012. Esse é um mantra constantemente evocado aqui, ali e em todo lugar. Será, mesmo? Convém aqui, então, um resumo não tão breve sobre o que nos aguarda na primeira fase olímpica, pelo Grupo B, em termos de pivôs:

1) a Austrália tem um garrafão de respeito, com David Andersen, Aleks Maric e Matt Nielsen, todos beeeem rodados em alto nível na Europa. Desses, contudo, apenas Maric é alguém que investe muita energia de costas para a cesta, dando suas pancadas – algo que só fez em treino nas últimas duas temporadas, diga-se, já que estava enterrado no banco do Panathinaikos depois de um a Euroliga imponente pelo Partizan. Andersen também pode fazer isso, mas faz tempo que sua preferência é flutuar com frequência para o perímetro, dada sua habilidade no chute de média distância. Nielsen opera basicamente da cabeça do garrafão, fazendo bons corta-luzes, arremessando e orientando os companheiros;

2) a Rússia tem Timofey Mozgov e Sasha Kaun, um NBA e outro CSKA, dois grandalhões, mas nenhum deles é uma grande arma ofensiva. Varejão não teria problema com nenhum deles, por exemplo. O restante são alas-pivôs versáteis, que chegam na zona pintada com velocidade e, não, força;

Pau Gasol x Yi Jianlian

Há uma boa diferença entre um Pau Gasol e um Yi Jianlian

3) a China joga com Yi Jianlian e o imortal Wang Zhizhi, que são da categoria pena, né? Mais chutadores do que tudo. Tem também um sujeito de 2,21 m inscrito, Zhang Zhaoxu. Se ele fosse minimamente ameaçador, com essa altura e 24 anos, já teríamos ouvido a alguém mencioná-lo, creio;

4) a Grã-Bretanha está mais ou menos no mesmo patamar dos australianos, com gente bem experiente e pesada em Robert Archibald e Joel Freeland. Agora, são dois que Splitter cansou de enfrentar na Espanha, quase sempre com resultados mais que positivos. Já Pops Mensah-Bonsu tem um dos melhores nomes do torneio olímpico e é um ótimo atleta, mas não alguém para Caio marcar. Daniel Clark e Eric Boateng também podem apresentar um currículo razoável, mas ninguém pode temê-los.

(Nota de rodapé? Clark jogou com Caio no Estudiantes espanhol anos atrás e seguiu no clube, enquanto o brasileiro foi dispensado e/ou decidiu se desligar. Dava pra desenvolver mais aqui, mas iríamos nos estender demais, né? Tem a ver com jogador comunitário, imaturidade, muitas apostas no clube etc.)

5) Espanha: aí, sim. Os irmãos Gasol, o atlético Ibaka e o chatíssimo Felipe Reyes, daqueles que parece lento, baixo, mas é forte e técnico pra burro e nunca desiste. Aqui é pedreira para qualquer time do mundo.

6) Se quisermos já prospectar sobre as oitavas, os EUA vão apenas com um pivô tradicional para Londres, mesmo caso da Nigéria; a Argentina tem Juan Pablo Gutiérrez, a Lituânia leva o jovem Jonas Valanciunas e o robótico Javtokas; na França, os três pivôs listados são Ronny Turiaf, Kevin Seraphin e Ali Traoré, gente. São jogadores que podem render bem em determinadas situações, mas esse trio não intimida nem a China ofensivamente.

Façam as contas. A era dos gigantes, a era do “cincão” já acabou faz tempo, galera. Mesmo um Dwight Howard não representa exatamente o mesmo tipo de problema que era lidar com um Patrick Ewing, ou Arvydas Sabonis. O jogo vai mudando.

– Essa conclusão nos inclinaria para a convocação de Augusto? Teoricamente, sim. Seu jogo realmente se encaixa melhor com o que vamos ver pela frente: um pivô ágil, determinado, que corre toda a quadra. Não se iludam com algo: força física nem sempre quer dizer mais intensidade e melhor presença defensiva. E esse não é um ataque contra Caio, de modo algum. Aqui estou mirando, na real, os mantras, dogmas repetidos a esmo e que adotamos como a verdade mais pura e absoluta, sem muitas vezes nem parar para pensar a respeito, mesmo. Agora, não dá, necessariamente, para cravar que Augusto era a melhor escolha. Ele é mais jovem, mais cru e teve de superar uma série de questões físicas e médicas durante a última temporada.

– Questionar se não era o caso de cortar Raulzinho me parece algo bem inadequado. Ainda mais vendo Magnano usar Larry como um ala sem receio algum, nos últimos amistosos sem Leandrinho e/ou Marquinhos. E, quanto ao ligeirinho, não dá mais para considerar Leandrinho alguém que “joga, quebra o galho de 1”. Mesmo, e por favor. Na NBA, ele não executa mais esse tipo de bico há umas quatro temporadas, no mínimo. E a função de armador é muito importante para se falar em “quebra-galho”.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Caio Torres e Augusto Lima em sua encarnação passada.


Brasil barbariza na bola de três. Vai ser sempre assim?
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Giancarlo Giampietro

Marcelinho Machado para três

Em geral, antes de fazer seu comentário, na tentativa de ser o mais original possível, recomenda-se ao blogueiro que não bisbilhote por aí na rede, para não ser influenciado.

Depois de assistir ao VT de Brasil x Espanha B nesta quinta de manhã, porém, infringimos essa regrinha aqui ao abrir o Basquete Brasil, do professor Paulo Murilo. E o que acontece? Claro que se influencia.

Como de praxe, o ex-técnico do Saldanha da Gama levanta um ponto importantíssimo a respeito do modo como o brasileiro tem atacado. Diante de tantos chutes de três pontos do time em jogadas de cinco contra cinco, ele comenta desconfiado: “Hmm… Sei não”.

Reforçamos essa reticência aqui. Quando encarando uma defesa plantada, a seleção tem jogado muito pouco com seus pivôs. Seja Nenê, Splitter, Varejão, Caio ou Guilherme. Eles precisam ser alimentados muito mais vezes, gente. Talento não falta ali.

Creio que a contestação é válida mesmo depois da surra que os caras deram nos espanhóis ontem. Não é todo dia que vai chover bola de três pontos na cesta deste jeito (aproveitamento de 64%). Isso é um fato. Mesmo que muitos desses tiros de longa distância tenham sido/sejam bem trabalhados, não se  pode trabalhar excessivamente para isso: há muitos momentos em que eles parecem a única finalidade do time.

O número de 25 chutes pode não parecer muito para alguns. Mas, se for o seu caso, considere o seguinte: com a forte defesa e diversos contra-ataques, boa parte de nossos arremessos totais foram meras e ótimas bandejas livres. Resulta que, em termos de posse de bola com o relógio andando normalmente, digamos, o volume de bolas de longa distância cresce consideravelmente.

Em Londres, quando enfrentarem uma defesa mais bem armada e ativa no perímetro do que os espanhóis ‘bês’ apresentaram, como vai ser? Vão fintar e buscar a infiltração? Vão dar mais um passe para tentar um arremesso ainda mais equilibrado? Antes desse possível chute, vão ao menos procurar estabelecer um jogo interno qualquer? Essas perguntas podem ser importantes muito em breve.

* * *

Tirando Guilherme, não parece, realmente, que nossos pivôs estão um pouco enferrujados? Splitter deu uma parada ao final da temporada. Nenê vem sofrendo com seus problemas no pé. E Varejão ficou muito tempo inativo por causa da fratura sofrida no pulso. Bem, para eles deslancharem, nada melhor do que abastecê-los nesses jogos preparatórios.

* * *

Depois de uma sacolada dessas, não dá apenas para levantar dúvidas. Tem de elogiar também, e o ponto mais positivo até aqui é a intensidade da equipe. Defendendo sem parar, perseguindo a bola, quebrando o ritmo dos adversários que haviam conseguido muito mais contra a Argentina na semana passada. A diferença na abordagem brasileira, comparada com a dos vizinhos, em termos de pressão na bola, fica gritante. Para manter esse ritmo, Magnano vai rodando seu time de modo constante. É um plano de jogo bem agressivo e interessante, que já virou padrão. E essa abordagem dá uma boa segurança para a equipe se ajeitar no ataque – sem contar as inúmeras bandejas acima citadas.

* * *

Se já não faz parte do seu hábito, durante toda a temporada, é meio que obrigatório conferir as análises do professor Paulo Murilo.


Brasil x Argentina e questão de estratégia
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Giancarlo Giampietro

Huertas x Prigoni, velhos conhecidos

Huertas x Prigoni, velhos conhecidos

Ótimo que a seleção brasileira já tenha a chance de enfrentar a Argentina nesta sexta-feira. A final do Super 4 em Buenos Aires apresenta dois times candidatos a pódio nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Em confrontos desse tipo, há todo o tipo de estrateégia envolvidos, e não só apenas em termos de pranchetas riscadas.

Dá confiança vencer um adversário direto – e se for contra um arquirrival histórico, tanto melhor. Não só interna, para o grupo, como repercute também internacionalmente. Vai tomar nota, por exemplo, o Sergio Scariolo, técnico da Espanha, ainda mais tendo gente  da FEB presentes na capital portenha para ver tudo de pertinho. Pode funcionar como uma espécie de recado: ei, galera, estamos aí, com tudo e sério.

Agora, até que ponto vale brigar por uma vitória dessas? O quanto das suas cartas você mostra e o quanto guarda na manga?

Claro que não há muitos segredos, em termos técnicos, entre brasileiros e argentinos. Quantas vezes Alex marcou Ginóbili em sua vida? Quantas vezes Scola teve de trombar com Splitter ou Varejão? E o Leo Gutiérrez já soltou quantas bombas de três na nossa cabeça? E o Prigioni já ficou comendo poeira atrás do Huertas também.

No aspecto tático, porém, ambos os lados esperam, torcem para que haja alguma novidade, a despeito da adesão de ambos ao sistema único, que o professor Paulo Murilo dscute sempre tão bem.  E quantos desses truques podem ser mostrados agora, de forma tão precoce assim, tendo em vista o grande jogo de verdade, daqui a algumas semanas, em Londres? Duvido que Magnano ou Llamas o façam. Ainda mais no caso do brasileiro – 😉 –, que enfim conta com sua equipe completa.

Outro detalhe é que os argentinos começaram sua preparação cerca de duas semanas depois. Para um time que já é (bem) menos atlético que o brasileiro, isso pode fazer bastante diferença.