Vinte Um

Arquivo : Espanha

Moncho Monsalve ainda está internado, mas evolui positivamente
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Moncho Monsalve

Moncho Monsalve nos tempos de comandante da seleção em 2008 ou 2009

“Señores, por Dios!”

Os repórteres tinham de esperar na quadra ao lado, no complexo da Arena Olímpica de Atenas, enquanto a seleção brasileira treinva, e aquele senhor espanhol com alguma dificuldade de locomoção e uma cabeça muito acelerada para o basquete berrava com os jogadores. Quer dizer: a prática podia estar sendo fechado pra os forasteiros, mas dava para saber o que se passava por ali de qualquer modo.

Embora fosse um desconhecido em geral para os brasileiros, fosse muito mais velho, de outro país e não maneirasse nos gritos quando achasse necessário, Moncho Monsalve desenvolveu uma sólida relação com seus novos comandados no biênio em que dirigiu a equipe.  Era meticuloso, questionava os atletas por centímetros que talvez estivessem errados em seus posicionamentos – todo detalhe é importante e pode fazer a diferença, rá –, forçava a repetição de jogadas e fundamentos. Ao final dos treinamentos, nas entrevistas a rapaziada mostrava que levava, digamos, na esportiva. Sabiam que era para o bem.

E não que o espanhol fosse um carrasco ou coisa assim. Sabe dar risada e fazer rir (no bom sentido). Tem ótimo relacionamento, trânsito com muita gente no mundo Fiba. Sempre me lembro do dia em que consegui uma carona com o técnico e o assistente Neto num ônibus da seleção croata, na volta da arena para o hotel das delegações, e ele batendo o maior papo com Marko Tomas e Marko Banic, que jogavam na Espanha, contando e ouvindo histórias, e não parava. Em tempo: era a cobertura do Pré-Olímpico Mundial de 2008, no qual as aspirações da equipe brasileira se encerraram nos tiros de três pontos de um alemão – justo ele, o armador Pascoal Roeller, um merom coadjuvante de Nowitzki.

Na sexta-feira passada, Moncho, aos 67, sofreu um ataque cardíaco em quadra, quando dirigia o time júnior do Murcia. Foi levado as pressas para um hospital para um primeiro atendimento, até ser deslocado para outra unidade. Ele ainda está na UTI, mas segundo a mídia espanhola evolui positivamente e está consciente.

Melhoras, e rápido!

*  *  *

Com Moncho, o Brasil venceu a Copa América de 2009, em Porto Rico, derrotando a seleção local em uma final dramática, por um ponto. Hoje pode não parecer muita coisa, mas esse era um tremendo dum fantasma para a seleção. Depois de, na primeira fase, já ter batido a Argentina de Luis Scola – sem o resto da cavalaria, mas ainda assim,  outro tipo de triunfo que contou muito naquela época.

*  *  *

Moncho foi uma estrela da seleção espanhola na década de 60, foi jogador do Real Madrid, mas teve sua carreira abreviada em 1972 devido a uma grave lesão no joelho. De imediato, passou a trabalhar como treinador e foi uma figura influente no desenvolvimento da escola de técnicos, realmente excelente, da Espanha.


Boston Celtics é o mais novo clube a tentar dar um jeito em Darko
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

LeBron James, Darko Milicic, Carmelo Anthony, Chris Bosh, Dwyane Wade.

Os cinco primeiros selecionados, nesta ordem, no Draft de 2003 da NBA.

Histórico, não?

Darko Milicic, Pistons

Darko no dia do Draft de 2003

Não só pelas quatro três estrelas + Bosh que daí saíram como pela presença inusitada do então adolescente e multitalentoso pivô sérvio. No fim, ele não pôde sobreviver na liga para sustentar aquele status – hoje completamente descabido – de que poderia ter mais valor, sim, que Carmelo, Bosh e Wade (e Chris Kaman, Kirk Hinrich, Mickael Pietrus, Nick Collison, David West, Boris Diaw, Carlos Delfino, Kendrick Perkins, Leandrinho e Josh Howard, outros atletas de sólida carreira escolhidos naquele mesmo ano, diga-se).

Mas na época é o que jurava Joe Dumars, o gerente geral do Pistons que bancou Darko, para desespero dos torcedores mais hardcore da Motown. Estes só queriam saber de ver Melo integrado a um fortíssimo elenco que naquela mesma temporada se tornaria campeão da NBA.

Imagina só? Esse é um dos maiores “o que aconteceria se…” da história da liga norte-americana. O Pistons teria sido uma dinastia? Ou a presença de um cestinha e estrela como Anthony apagaria o brilho discreto de veteranos como Billups, Rip Hamilton e Ben Wallace? Eles seriam o mesmo time com a mesma química? Larry Brown iria tratar como o ala de Syracuse? Vai saber.

O que sabemos é que o técnico não tinha nenhuma paciência para lidar com um pivô que mal falava inglês, havia se tornado um milionário da noite pro dia e se deslumbrou com a vida luxuosa da NBA, mesmo que numa cidade industrial como Detroit – para ele, melhor do que qualquer coisa que tinha nos bálcãs, oras.

Darko virou uma piada na cidade – situação para qual o histérico e camaleônico Brown contribuiu muito, aliás – e, em 2006, foi trocado com o Orlando Magic. Por meia temporada, 30 jogos, ele teve seu melhor momento na liga, acreditem. Na reta final daquele campeonato, ao lado de Dwight Howard, mostrou alguns lampejos. Mas essa seria a história de sua carreira: lampejos, trocas, apostas, lampejos, trocas. Passou por Grizzlies, Knicks, Wolves. Agora é Danny Ainge e o Boston que apostam em tentar tirar algo valioso do sérvio, hoje com 27 anos.

O clube vai pagar pouco menos de US$ 900 mil por isso. Para os padrões da NBA, mixaria. Então não há risco nenhum na operação. Mas os torcedores do Wolves certamente aconselhariam os fanáticos de Boston a não se entusiasmarem muito, apesar de seu tamanho e de sua capacidade nos tocos que poderiam ser um bom complemento para a fortíssima defesa do Celtics. Afinal, ele foi dispensado em Minnesota ainda com US$ 10 milhões por receber. De tão apático que foi na última temporada.

O Celtics fez bons trabalhos com gente como Greg Stiemsma e Semih Erden nos últimos anos, então talvez Doc Rivers seja o homem para fazer do sérvio ao menos um pivô decente. O que só conclui uma história triste: pense apenas que houve um dia em que Darko era visto como um prospecto de superpivô. Um cara para 20 pontos, 10 rebotes e muitos tocos e assistências e tiros de fora. Um talento completo, plural.

Era só uma questão de tempo.

*  *  *

Segundo a imprensa espanhola, Darko recusou uma proposta de US$ 6 milhões por três anos de contrato com o Real Madrid para tentar uma vez mais suas chances na NBA.

*  *  *

Houve também uma vez que em que vi Darko ser utilizado como o foco do ataque de uma equipe em alto nível, com confiança, e na qual ele brilhou, entregou. Acreditem. Foi pela seleção sérvia no biênio 2006-2007. Primeiro, no Mundial do Japão, ele somou 16,2 pontos e 9,3 rebotes, em seis partidas, com destaque para os 24 pontos e 12 rebotes contra os campeões olímpicos da Argentina e os 18 pontos e 15 rebotes contra os eventuais campeões da Espanha. Podem checar aqui, juro. Depois, no Eurobasket 2007 ele teve 14,7 pontos e 9,3 rebotes, números excelentes para um torneio Fiba. Depois disso? Nunca mais jogou por seu país.

Veja o grandalhão em forma:

*  *  *

A contratação de Darko é mais um indicativo de que não devemos assistir Fabrício Melo por muitos minutos em Boston na próxima temporada. O jovem brasileiro agora vê três veteranos disputando o posto de reserva imediato de Kevin Garnett – Jason Collins e Chris Wilcox são os outros. O pivô vai precisar de um grande training camp para impressionar Rivers e conseguir seus minutos.


Jogos patrióticos: a praga da naturalização no basquete
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Se eles fazem, nós fazemos também. Se você tem, eu quero também.

E por aí a gente segue, com Larry Taylor armando a seleção brasileira e comandando uma virada – de final frustrado – contra a Rússia. E vamos com Serge Ibaka enterrando todas e bloqueando adversários que não estão habituados a enfrentar um pivô tão atlético assim.

Esses são os dois casos mais óbvios para se discutir. Mas o problema vai muito além: hoje até o Azerbaijão –  o Azerbaijão!!! – recruta quatro jogadores americanos para defender sua seleção nas eliminatórias para o Eurobasket. Virou uma praga.

A cidade de Laramie, no Wyoming, não chega a ser um pólo turístico atraente, não deve ser referência para muita coisa, mas uma coisa dá para cravar: está a mundos de distância, cultural e geograficamente, de Baku, a capital azerbaijana. A identificação entre o Wyoming e o Azerbaijão deve ser a mesma entre um são-paulino e um corintiano. Nenhuma. Então como explicar que um de seus rebentos, o ala Jaycee Carroll, um cestinha de mão cheia pelo Real Madrid, tenha o passaporte do longínquo país situado na Eurásia? Ele nunca jogou por um clube de lá – sua carreira europeia passa por Itália e, agora, Espanha.

É a mesmíssima situação de Bo McCalebb, que ajudou a eliminar algumas potências tradicionais do esporte no último campeonato europeu, jogando pela Macedônia que ele visitou pela primeira vez justamente apenas para tirar o seu passaporte.

Não há como justificar uma coisa dessas.

Serge Ibaka, do Congo

Serge Ibaka, do Congo ou da Espanha?

E aí entra a parte em que aceita-se as ressalvas: mas o Larry joga em Bauru há anos e só precisa aprender “impávido colosso” para completar nosso hino; o Ibaka foi jovem para a Espanha… Sim, não chega a ser algo tão cínico, deslavado, sem vergonha como os casos dos pontuadores McCalebb e Carroll. Há um vínculo, pequeno que seja, em seus casos. “Nunca vou esquecer de que lugar eu vim, mas estou orgulhoso de vestir o uniforme da Espanha e representar este país”, afirma Ibaka. Mas dá para ir mais a fundo nessa.

Serge Jonas Ibaka Ngobila chegou ao país ibérico em 2006, com 16 anos, estritamente para jogar basquete. Ele já havia disputado competições de clubes avalizadas pela Fiba em seu Congo natal, pelo Interclub de Brazzaville, sua cidade natal. Defendeu primeiro o time de base do CB L’Hospitalet e depois fez sua estreia na LEB Oro, fortíssima segunda divisão. De 2008 a 2009, passou a jogar pelo Ricoh Manresa. De lá partiu para Oklahoma City. Façam as contas: foram três anos. Certamente serviram para burilar uma joia rara, que avançou tecnicamente. Mas é o suficiente para ele se tornar espanhol? E mais: quando foi convocado por Sergio Scariolo, ele ainda não tinha a papelada, embora a federação do país tivesse garantias de que o processo seria acelerado e concluído para que ele prontamente jogasse no Eurobasket do ano passado.

É a mesmíssima situação de Larry, que foi convocado em 2011 e não pôde disputar o Pré-Olímpico porque a burocracia não permitiu. De todo modo, o breve contato com Magnano convenceu o argentino de que valeria, sim, brigar para ter o americano em Londres, e a CBB promoveu intenso esforço para contar com o estrangeiro. Esse é o ponto importante no causo: nunca partiu dele o pedido de cidadania e de uma convocação.

Os dois assumiram novas nacionalidades estritamente por razões profissionais, esportivas. Pela forma que os processos foram tocados, não dá para negar: foram dois jogadores contratados por suas seleções, não importando o quão identificados estivessem com a nova terra. Ainda que mais amenos que os reforços do Azerbaijão, são casos diferentes e mais graves, por exemplo, que o de Luol Deng.

Larry Taylor, de Bauru

Larry Taylor, de Chicago e Bauru

O ala do Chicago Bulls, líder da seleção britânica, que nasceu em Wau, no Sudão (agora território do Sudão do Sul). Mas calmalá: enquanto o pai, um parlamentar, ficava para trás, sua família deixou a cidade foragida durante guerra civil e chegou ao Egito, em Alexandria. A mãe e oito filhos, Luol com três anos. Eles foram reencontrar o Deng sênior apenas cinco anos depois, em Londres, com o devido asilo político arranjado.

O garoto aprendeu tudo muito rápido, a começar pela nova língua. Começou a jogar basquete para valer e, aos 14, já tinha um convite para atuar por um colegial dos Estados Unidos, onde estudou e jogou até chegar ao time de Duke e, posteriormente, ao Bulls.

As constantes migrações deixam sua história um pouco mais cinzenta. Talvez o ala deva mais aos EUA por sua carreira de atleta. Mas qual passagem foi mais importante para que ele e seus irmãos prosperassem? Pelo que podemos ler neste artigo aqui do Guardian, dá para chutar que foi na Inglaterra em que sua família encontrou paz e estabilidade. Foi um claro recomeço.

Nas Olimpíadas, vimos que a Grã-Bretanha tinha bons pivôs, mas dependia quase que exclusivamente do talento do ala para sobreviver em meio a rivais de muito mais tradição. Não que isso importe muito em termos de regulamento, preto-no-branco. Mas, eticamente, não custa perguntar: como se virariam sem Larry e Ibaka o Brasil, com a turma da NBA toda reunida, e a Espanha, vice-campeã olímpica em 2008 sem nenhum reforço extracomunitário? Pode ser que caíssem um pouco de rendimento, mas seria algo tão drástico? Eles realmente precisavam apelar para esta via?

A resposta, como sempre, cai para o cinismo. “É assim que as coisas funcionam”.

Então tá, né? Esperem só até ver, então, a seleção olímpica do Turcomenistão em 2032.

*  *  *

Dia desses, o chapa Jonathan Givony – diretor do serviço de scouting Draft Express, cara mais do que viajado no basquete – saiu em uma cruzada contra alguns de seus seguidores no Twitter que não toleravam suas observações irônicas sobre os procedimentos adotados pela FEB.

Começou assim:  “E isso sem o benefício de ‘recrutar’ qualquer mercenário do Congo e de Montenegro”, em referência ao ouro dos Estados Unidos em Londres. Aí pegou fogo. Foi torpedeado.

Luol Deng, Grã-Bretanha

Luol Deng, um contexto mais cinzento

Muitos defenderam que Ibaka e o ala Nikola Mirotic, montenegrino também importado e que já defendeu o país até mesmo em categorias de base, podem ser espanhóis, sim, senhor, por terem chegado como adolescentes. O problema é que eles vão exatamente para serem jogadores de basquete e ficarem a serviço de um novo país.

 “Linas Kleiza e muitos outros jogaram no basquete colegial e universitário nos EUA. Deveríamos também recurtá-los para jogar na nossa seleção? E por que motivo?”, perguntou. “Desculpem, mas Mirotic deveria estar jogando por Montenegro contra Sérvia e Israel. Ele só não está porque não fazia sentido financeiramente.”

Com o passaporte espanhol, naturalizado, Mirotic tem muito mais facilidade para descolar bons contratos na liga espanhola, e o Real Madrid também agradece. “É a definição de um mercenário. E haverá muitos mais como ele nos próximos anos. E está errado.”

*  *  *

Em entrevista ao Daniel Neves, aqui do UOL Esporte, a diretoria do departamento feminino da CBB, Hortência, afirma sobre a possibilidade de importar uma armadora: “Se aparecer uma jogadora que se encaixa ao nosso estilo, não vejo porque não naturalizar. Mas não vamos naturalizar qualquer uma. Estamos acompanhando tudo o que está acontecendo e vamos avaliar a capacidade das jogadoras, que não precisam necessariamente jogar na LBF. Aí decidiremos se vamos trazer uma estrangeira ou não.”


Falatório olímpico: a Espanha, a ira francesa, os amados argentinos e um Ingles
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

“Este torneio não é nenhuma despedida”, Luis Scola, ainda vivinho da silva.
>> A próxima geração argentina não chega perto da que se acostumou a derrotar a Seleção Brasileira na última década, mas isso não quer dizer eles vão embora, de uma vez, desde já. O cabeludo, que já se virou muito bem “sozinho”, insiste que ainda joga. Valeu, Scola, amigão.

Manu de saída?

Manu Ginóbili de saída?

“Morro por Manu. Manu morre por mim. Sei que disse durante a temporada da NBA que seria nossa última vez, mas, se ganharmos uma medalha, estou certo de que vamos tentar mais uma vez. Isso é como as drogas. É incrível”, Andrés Nocioni, viciado em vitórias.
>> O Chapu acabou não ganhando a medalha. Mas, se o seu raciocínio valer também para correr atrás do prejuízo, esse guerreiro pode cruzar o caminho brasileiro em novas ocasiões. A ver.

“Ferida bem funda… Não vou dormir… Gosto amargo… Trabalhei por dez anos para este jogo…”, Manu Ginóbili, deprimido.
>> Palavras usadas pelo craque do Spurs para comentar a derrota na disputa do bronze para a Rússia. Aos 35 anos, esse, sim, pode ter se despedido da seleção argentina. Detalhe: os jogos da Argentina bombaram em San Antonio.

“Seria um pouco arrogante se eu dissesse que somos um modelo para a USA Basketball. Mas acho que fizemos um baita trabalho durante uma década e estou muito orgulhoso do que conquistamos. E muitas equipes começaram a manter um grupo de jogadores, uma base, para atuarem juntos”, Ginóbili.
>> Desafio de Magnano CBB agora é manter sua base, com uma troca ou outra…

“Gosto de ver a Argentina jogar. Na verdade, usamos algumas de suas jogadas ofensivas no Celtics”, Doc Rivers, observando tudo atentamente em Londres.
>> Pensando em Rajon Rondo como um Pablo Prigioni 10.0, só pode dar certo.

“Queria dar uma boa razão para ele se jogar no chão”, Nicolas Batum, num ato de fúria.
>> Pirado na derrota da França para a Espanha pelas quartas de final, o ala do Blazers deu um soco nas partes baixas de Juan Carlos Navarro nos segundos finais e, com a cabeça ainda pelando, ainda bancou a agressão nas entrevistas seguintes. Na verdade, ele usa o termo “flop” no fim, que seria o nosso “cavar falta”, fazer teatro para iludir a arbitragem. E pensar que Batum sempre foi criticado por ser um rapaz muito quietinho em quadra.

“Pergunte a Rudy Fernández o que ele fez com o Tony Parker no Eurobasket”, Vincent Collet, técnico da França.
>> Olho por olho, dente por dente (admitam, há quanto tempo vocês não ouviam essa?). O desprezo – e baita frustração, claro – dos franceses após a derrota atingiu até mesmo o treinador, que em nenhum momento censurou o soco de Batum em Navarro ou o tranco de Ronny Turiaf em Fernández, segundos antes. Rivalidade é pouco.

“Mais uma lição de vida. Pessoas honestas nem sempre vencem”, Kevin Seraphin, o prodígio da seleção francesa.
>> Mais tarde, no Twitter, foi a vez de o ala-pivô do Wizards dar sua estocada. Imagino que o garotão e Nenê terão uma coisa ou outra para fofocar quando se reencontrarem nas vizinhanças da Casa Branca.

­“O que é um pouco assustador e injusto sobre os torneios europeus é que você tem todas essas táticas de jogar por um saldo de pontos ou jogos. Na NBA, como existem as séries, não há nada disso. Mas aqui as coisas estão acontecendo em tempo real, num ambiente de competição, e não gostamos de ver isso. Diria que a maioria não faz, mas existem aqueles que jogam com o regulamento. Nunca faria isso sob nenhuma circunstância. Mas alguns fazem”, David Blatt, técnico da Rússia.
>> As pitadas do experiente e vitorioso treinador, formado no basquete universitário do seu país, mas que construiu sua carreira na Europa, já calejado de resultados suspeitos.

“Vou para a cama porque me deixa triste ler alguns dos comentários. Para aqueles que acreditam em nós, OBRIGADO!”, Rudy Fernández, via Twitter.
>> Não vou disfarçar, tá? No QG 21, a combinação “Rudy” + “Fernández” caiu muito de cotação, podendo agora significar muitas vezes “chorão” ou “chato pra caraca”. Durante as Olimpíadas, no mesmo jogo, o ala Fernández variava entre vítima e valentão com uma velocidade e cara-de-pau impressionantes, com seu topete de astro pop, caras e bocas.Vejam sua atuação dramática na final contra os norte-americanos:

“Muchas gracias! Mais uma medalha de prata!”, José Calderón, armador espanhol.
>> A Espanha lutou tanto por essa medalha de prata, que vale a euforia. Calderón, na verdade, não faz parte do time dos vilões, assim como Pau Gasol. Segundo consta, por diversas fontes, é um tremendo boa praça. Os desdobramentos olímpicos não podem encobrir toda a trajetória da geração igualmente dourada do país, como defendeu o “Fantasy-maníaco” Julio Gomes Filho no domingo. Mas, para muita gente, blogueiro incluso, o que se passou entre a primeira fase e os mata-matas de Londres-2012 compõe mais que uma notinha de rodapé.

“Nunca vou esquecer de que lugar eu vim, mas estou orgulhoso de vestir o uniforme da Espanha e representar este país”, Serge Ibaka, aquele que usa a camiseta de “Air Congo” em torneio de enterradas da NBA.
>> Vamos discutir mais a respeito durante a semana. Aguardem.

Brett Brown e Joe Ingles

Brett Brown faz campanha por Ingles

“Mesmo que eu tenha crescido nos Estados Unidos, sempre estive ao lado de nigerianos. Cresci numa comunidade nigeriana. Quando estou em casa, meus pais não falam comigo em inglês. Nós comemos comida nigeriana”, Ike Diogu, cestinha do time africano.
>> De novo, mais adiante. Mas não creio que Ibaka fale em espanhol com seus familiares congoleses.

“Agora sou parte da fábrica da sociedade do basquete. Essa boa gente me deu a maior honraria para técnicos na Rússia, e nenhum estrangeiro jamais ganhou uma ordem dessas. Isso diz tudo”, David Blatt, novamente.
>> Blatt construiu um time muito interessante na Rússia, explorando ao máximo as características e talentos de seus atletas. Como publicou o jornalista Adrian Wojnarowski, do Yahoo norte-americano, pode ser que chegue o dia em que ele ganhe sua chance na NBA.

“Acho que a NBA vai prestar atenção em Joe, especialmente depois destas Olimpíadas. Joe tem um corpo parecido com o de Tayshaum Prince. É longo, canhoto, multifacetado como um ala, evoluiu na defesa e agora tem orgulho em marcar as pessoas. Vocês viram seu espírito competitivo aqui. Ele só vai subir”, Brett Brown, técnico da Austrália e assistente do Spurs, sobre o ala Joe Ingles.
>> Ingles não chega a ser um Nemanja Bjelica, mas… Já tinha uma predisposição para gostar do ala, observando-o aqui e ali pela Liga ACB: seu estilo é muito vistoso, versátil, do tipo de cara que cai nas graças por cá. O nome ajuda também, obviamente. Mas parece claro que o futuro do australiano é jogar na NBA. Não estranharia, aliás, se fosse fazer companhia a Mills no próprio Spurs, por razões óbvias

PS: como os brasileiros não falaram após a derrota para a Argentina, não vamos peneirar nada a respeito deles. Não faria sentido ter um começo, um meio, mas sem fim nesta seção. A cobertura do Bruno Freitas em Londres e do UOL Esporte dá conta do recado.


Falatório olímpico: a volta da hegemonia norte-americana
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

A campanha olímpica na boca dos protagonistas. Amanhã voltamos com declarações de argentinos, espanhóis, franceses e um canhoto bom daqueles.

“É o coração que primeiro é provado,  e estou feliz que temos um monte de grandes corações na nossa equipe”, LeBron James, bicampeão olímpico.
>> Um tanto cafona, ok, mas só mostra a reviravolta por que passou a vida deste sujeito. Em agosto de 2011, era a pessoa mais achincalhada do esporte. Agora pode falar com propriedade sobre como ser campeão, coração de guerreiros, física nuclear, sistema público de saúde norte-americano etc.

LeBron, no auge“Ele é o melhor jogador e o melhor líder. Não tem jogador mais esperto que ele no basquete hoje em dia”, Coach K, sobre LeBron.
>> Nada bobo o técnico norte-americano, reforçando seu vínculo com aquele que deve dominar a NBA não apenas nos próximos dois anos, como no terceiro, quarto, quinto… 😉

“Sou jovem! Só tenho 28”, Carmelo Anthony, sobre a possibilidade de jogar no Rio-2016.
>> LeBron está em dúvida, mas contem com o Melo, que disputaria um recorde de quatro Olimpíadas caso marque mesmo sua passagem para a Cidade Maravilhosa. O ala do Knicks certamente é um dos astros da NBA que mais se diverte nos torneios da Fiba.

“Já deu para mim. Quatro anos é muito tempo. Os caras mais novos vão assumir no Rio e talvez eu esteja lá para torcer por eles”, Kobe Bryant, ancião.
>> O Laker terminou o torneio jogando bem, depois de algumas apresentações questionáveis, que criaram histeria entre os setoristas norte-americanos no Twitter. Na NBA desde 1996 (!!!), com uma rodagem nos joelhos (costas, tornozelos, pulso, dedo, cotovelo…) de Brasília amarela modelo 1981, é hora do bom e velho Kobe dar uma descansada mesmo e fazer aquilo que ele curte, e muito: prestigiar os compatriotas nas arquibancadas, voltando de trem para casa.

“Grande jogo… A Espanha sempre nos empurra até o limite, mas os EUA são os melhores”, Dwyane Wade, em tweet imediato ao bicampeonato olímpico.
>> A lesão no joelho tirou o jogador de Londres, mas ninguém ia reparar. Com muitos desfalques, a equipe norte-americana ainda é uma força evidentemente superior.

“Chegamos perto, mas você tem de jogar praticamente uma partida perfeita contra eles para poder vencê-los em 40 minutos. Eles são talentosos, têm muitas habilidades e podem fazer cestas sem aos montes”, Pau Gasol, duas vezes prata nas Olimpíadas.
>> O pivô espanhol não tem muito a ver com Rudy Fernández e é um dos caras mais legais do basquete. Jogou barbaridades na final, mas ainda assim não foi o suficiente para desbancar os americanos, apesar do susto.

“É pesada, é uma medalha grande”, Andre Iguodala, com o peito dourado.
>> O (agora) ala do Denver Nuggets nos abre a possibilidade de resgatar a metáfora clássica do mundo dos quadrinhos, reforçada no primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi: “Grandes poderes, grandes responsabilidades”. O ouro é pesado para carregar, mas o Team USA parece bem encaminhado para lutar pela extensão de sua hegemonia

Kobe e Oscar Schmidt

Kobe jogou na Europa, admirando de perto um Oscar Schmidt no auge

“Não” e “Não estou certo se sei tudo do jogo, mas eu sei mais que eles”, Kobe Bryant.
>> Duas respostas tipicamente de um Kobe Bryant ao ser questionado se 1) ele poderia aprender alguma coisa com os companheiros mais novos e 2) se, no fim, ele já manjava tudo de basquete, mesmo. Sensacional. Velha guarda, com orgulho.

“Sou extremamente sólido em meus fundamentos. Isso vem de ter crescido fora dos Estados Unidos. Se você olhar para a maioria dos caras aqui, eles fazem as coisas a partir do drible. Eu fico muito confortável numa posição em que possa atacar de três maneiras diferentes. É muito confortável para mim fazer fintas, usar o passes de jab e trabalhar com os pés. Quando estava crescendo, no meu clube nós tínhamos treinos em que você literalmente não poderia fazer o drible durante toda a sessão”, Kobe Bryant.
>> Sem mais. Ou melhor: é sempre legal lembrar essa infância e adolescência diferentes que Kobe viveu, seguindo a carreira do pai pela Europa, onde idolatrou o armador Mike D’Antoni e babou pelas cestas de Oscar.

“É difícil explicar. Se você nunca fez isso em quadra, não saberia do que e eu estaria falando”, Carmelo Anthony.
>> Sobre os 37 pontos que marcou em mágica noite contra a Nigéria, recorde olímpico norte-americano em apenas 14 minutos de ação. Este número é realmente estarrecedor, e para sempre. Lembro de já ter feito uns 30 pontos num jogo de meia-quadra que durou aproximadamente umas 19 horas. (E isso vale para aqueles que acham que o blogueiro é o mauricinho que nunca pisou na quadra. Tenho provas! Hmpf!)

Coach K

Coach K não fez nada, claro

“Não estamos acostumados a ficar livres na NBA. Então, quando isso acontece a quem… É, tipo… Uau”, Kevin Durant.
>> Durant é um dos meus prediletos. Idade de moço, cara de moço, frases de moço. E ainda falta um apelido que faça jus ao seu talento e carisma. Força, Greg Oden.

“Nenhum. Você sacou tudo. Absolutamente nenhum. Saio todas as noites com minha família, bêbado feito um gambá. Espere só para me ver hoje de noite. Volto umas 6 da manhã e você está convidado para sair comigo. Nós apenas deixamos a bola rolar. É isso. Não sei como você descobriu isso”, Coach K.
>> Pê da vida e cheio de ironias, respondendo a uma pergunta bem deselegante – para dizer o mínimo – sobre se o seu trabalho não seria muito fácil com tanta gente boa seu dispor. Afe.

PS: como os brasileiros não falaram após a derrota para a Argentina, não vamos peneirar nada a respeito deles. Não faria sentido ter um começo, um meio, mas sem fim nesta seção. A cobertura do Bruno Freitas em Londres e do UOL Esporte dá conta do recado.


Na final, não tinha como evitar: ouro para os Estados Unidos
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Kevin Durant e LeBron James

Kevin Durant e LeBron James: “We’re togetha!”

A Espanha guardou tudo o que tinha para o fim. Juan Carlos Navarro, enfim, soltando bombas nas Olimpíadas – até que Kobe Bryant o vigiou no segundo tempo. Rudy Fernández estava para todos os rebotes ofensivos, trombando com os astros norte-americanos, tentando fazer cara de mau, cometendo 87 faltas. Seus atletas aprontaram um escarcéu danado com a arbitragem, reclamaram de tudo o que era marcado ou deixava de ser marcado. Queriam o ouro de qualquer jeito, naquele confronto que tanto esperavam – e evitavam. Mas na final não tinha para onde fugir.

Eles jogaram, enfim, o que sabiam, de acordo com o que se esperava a caminho do torneio, como a segunda grande força do basquete mundial e candidata a destronar os norte-americanos. Deixaram o ginásio estranhamente silencioso – quando o locutor histérico da arena permitia, claro –, tenso, irrequieto, com muito suspense: quem venceria??? Jogão.

Acontece que, do outro lado, o talento reunido era enorme, além de muito determinado e bem treinado. Uma artilharia incomparável, com três, quatro ou até cinco atletas espalhados pela quadra com potencial de acabar com a partida em um instante.

São 30 pontos de Kevin Durant, que nunca arremessou livre de três pontos tantas vezes em sua carreira, 19 de LeBron James, 17 de Kobe Bryant e, na hora de desafogar, mais 11 para Chris Paul, todos no segundo tempo. E pensar que ainda faltaram cestinhas como Dwyane Wade, Derrick Rose e Chris Bosh.

17 pontos para Kobe

17 pontos para Kobe

Com tanta gente boa, a defesa adversária não sabe muito o que fazer. Cobre de um lado, descobre o outro, e convive com um aproveitamento de 41% nos tiros de fora, com 45 pontos produzidos desta maneira. Abre sua defesa e permite as infiltrações dos mesmos atletas versáteis, com um aproveitamento de 58% no jogo interno. Chumbo grosso.

O que faltou aos Estados Unidos na final só foi uma defesa mais eficiente, mais intensa, a qual seus superatletas poderiam conduzir – ou será que até eles se cansam numa temporada extenuante dessas? Pode ser. Eles só conseguiram a separação no placar no início do quarto período depois de encaixarem seguidamente boas defesas que resultaram em desarmes. E, de todo modo, não se pode subestimar quem estava do outro lado, porém: a Espanha escalou muita gente habilidosa e experiente para cuidar da bola – foram apenas 11 desperdícios de posse.

Essa estabilidade ofensiva ajudou a alimentar o excepcional Pau Gasol. Que os torcedores do Lakers tenham assistido a esse jogo atentamente, para não se esquecerem do talento formidável de seu pivô. Firme, sem fugir do contato e, melhor, sem perder a cabeça, terminou com 24 pontos, 8 rebotes e 7 assistências. Sete assistências do pivô! Mais do que LeBron e Paul juntos.

Gasol tentou de tudo, mas não contou com a ajuda de seu irmão – esse, sim, mais desequilibrado no jogo, cometendo quatro faltas em 15 minutos de partida, privando a Espanha de sua cartada supersize. No fim, foram os Estados Unidos que venceram a batalha por rebotes, mesmo com Tyson Chandler limitado a oito minutinhos. Palmas aqui para Kevin Love (9 rebas), Durant (mais nove) e LeBron (com sete).

Jogando com esta gana e preparação, vai ser difícil que alguém os derrote. Agora são 62 vitórias e uma derrota na gestão de Coach K, e apenas uma derrota, a da semifinal para a Grécia de Theo Papaloukas e Sofoklis Schortsanitis. O técnico não segue mais com a equipe para o próximo ciclo olímpico, mas Jerry Colangelo fica por lá, com a estrutura mantida. Aí fica difícil de competir, não importando os atalhos que queiram tomar.

O Coach K se despede do Team USA

O Coach K se despede do Team USA

*  *  *

LeBron James é o primeiro jogador desde Michael Jordan a vencer o título da NBA, com os prêmios de MVP da temporada e das finais, na mesma temporada em que conquista o ouro olímpico. Um ano incrível e redentor para o fenômeno, realmente.

*  *  *

Kevin Durant terminou as Olimpíadas com 156 pontos em oito jogos, sendo o cestinha (no total) do torneio, batendo um recorde. Em média, Patty Mills foi o melhor, com 21,2 por partida, contra 19,5 do americano, que dessa vez não precisou carregar o time nas costas como aconteceu no Mundial de 2010.

*  *  *

Na disputa do bronze, não deu o terceiro pódio seguido para nossos vizinhos. Ginóbili e Scola foram até o fim também (37,4 pontos por jogo para os dois, somados), mas não deu. Medalha para Rússia, e um talento como Andrei Kirilenko merecia a dele. Assim como o técnico David Blatt. Se temos nosso técnico argentino, precisou um norte-americano para reformular a seleção russa, realizando o potencial do país.

*  *  *

A carreira de Anthony Davis, 19, começou bem, não? Um título universitário, quatro meses depois o ouro olímpico. Simbolicamente, a bola terminou em suas mãos. Que venha o futuro.


Semifinais têm histórico apimentado. E segue o torneio olímpico
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

A agenda olímpica está bem apertada no QG 21, o ritmo está um pouco mais lento do que deveria, mas… Mas… É isso, tá?

Bem, o Brasil está eliminado, mas isso não quer dizer que a graça acabou. Para quem curte o basquete, não importando as cores do uniforme, tem muito mais o que se assistir em Londres-2012.

Nocioni e Scola para o rebote

A semifinal histórica de Atenas-2004

A Argentina vai fazer de tudo para catimbar e pressionar os Estados Unidos. Um time é claramente superior ao outro. Mas as vitórias históricas – de dez, oito anos atrás, vá lá –, a milonga, a experiência, o orgulho reforçado pelo triunfo sobre os arquirrivais… Todo esse pacote pode dar aos nossos vizinhos pelo menos a chance de sonhar. Chance mínima, improvável, mas quem vai dizer que é impossível?

A questão para o Team USA é apenas como encarar as provocações e golpes baixos já desferidos na primeira fase e nos amistosos: servem de mais combustível ou podem atrapalhar de alguma forma?

Na outra semifinal, temos a amada, venerada e respeitada Espanha.

Ou nem tanto.

Rússia, campeã do Eurobasket-2007

Título russo em Madri. Isso aí

Sempre que eles pisarem em quadra neste torneio – e, pela repercussão, deve durar pelo menos mais um ano –, os irmãos Gasol & cia. de craques serão cobertos sobre a suposta entrega de jogo contra o Brasil. E, na verdade, a partir deste post, a tentação é de abrir mão de qualquer pudor a respeito. Tirando os espanhóis, não há quem venha a público para defender/desmentir o papelão que fizeram. No fim, uma geração vitoriosa dessas pode ser marcada por uma tremenda de uma bobagem.

Sobre o confronto em si com os russos, há muito em jogo. Em 2007, já com David Blatt no comando, os ex-comunistas chocaram a Espanha inteira vencendo os anfitriões na final do Eurobasket, em pleno Palacio de Deportes de Madri, não se esqueçam. Foi uma vitória heróica e dramática por 70 a 69, com o decisivo norte-americano JR Holden. Os espanhóis venceriam as duas edições seguintes do torneio, mas algo me diz que eles trocariam as duas taças por aquela perdida. E, vejamos, na primeira fase, deu Rússia novamente, né? Derrota que empurrou os ibéricos a tomarem aquela decisão supostamente fatídica e lamentável.

Pimenta não falta.


Após murro e derrota, furioso Batum detona seleção da Espanha
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Batum acerta soco em Navarro

Golpe baixo de Batum em Navarro

Quando você está perdendo a partida e resolve dar um soco (veja animação) em um de seus adversários, com golpe baixo, isso não estaria exatamente de acordo com o ideal espírito olímpico, não? O ala Nicolas Batum não está nem aí, porém: “Se perde você um jogo de propósito, isso é espírito olímpico?”, respondeu já perguntando o francês, ao ser questionado se a agressão em Juan Carlos Navarro feria a cartilha do Barão de Coubertin.

Foi um ataque, então, em todos os sentidos, e com raiva, contra os espanhóis, que teriam, digamos, facilitado a vida do Brasil no complemento da primeira fase olímpica para enfrentar os franceses nas quartas de  final e, principalmente, escapar dos Estados Unidos nas semis.

A essa altura, a imprensa internacional e a própria mídia do país assumem que a Espanha entregou a partida para a seleção de Magnano. Já dissemos que pouco importava.

Para Batum, no entanto, importou, e muito.

 Na mesma entrevista ao intrépido Adrian Wojnarowski, superjornalista do Yahoo! norte-americano,  o jogador do Portland Trail Blazers foi além ao comentar seu murro em Navarro: “Queria dar uma boa razão para ele se jogar”. (Na verdade, ele usa o termo “flop”, que seria o nosso “cavar falta”, fazer teatro para iludir a arbitragem.)

Pegou pesado o francês, que, ironicamente, muitas vezes é criticado na NBA por sua suposta passividade em quadra.

 Não ficou só nisso, aliás: durante a entrevista coletiva posterior ao jogo, o técnico francês Vincent Collet se recusou a responder uma pergunta de um repórter espanhol… Justamente pelo fato de ele ser espanhol.


Nada de entregar: Espanha batalha no segundo tempo e está na semifinal
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Marc Gasol vibra contra a França

Marc Gasol entrou um pouco mais cedo no quarto final e decidiu

O quarto período avançava equilibrado, e lá estavam Marc Gasol, Rudy Fernández e Juan Carlos Navarro novamente enterrados no banco de reservas. Mas dessa vez dá para cravar: a Espanha não entregou a vaga nas semifinais para a França.

😉

Os campeões europeus fizeram mais uma partida apática no primeiro tempo, com problemas defensivos tanto como ofensivos. Vai ver que, ao justificar a derrota para o Brasil no encerramento da primeira fase, alegando que tem em seu elenco uma série de jogadores avariados fisicamente, o técnico Sergio Scariolo não estivesse blefando tanto assim. (E, de novo: se estava, a seleção não tinha nada com isso, embora não tenha se esforçado tanto assim.)

Ou estava, mesmo. No segundo tempo, sua equipe apertou o cerco, permitiu apenas 22 pontos em 20 minutos – tendo levado no quarto período apenas seis. Foi um desempenho bem  mais de acordo com o que a Espanha mostrou nos últimos anos.

Pois era difícil de entender: eles estão com o time completinho, incluindo o contratado Serge Ibaka pare formar, teoricamente, o melhor garrafão de Londres-2012. Sua base atua junto há mais de uma década. Nunca faltou intensidade para esta seleção, que, quando escalou Pau e Marc Gasol, se habituou a dominar os adversários nas últimas temporadas, esbarrando apenas nos Estados Unidos em Pequim-2008.

Neste torneio, no entanto, estavam correndo o risco nesta quarta de se despedirem com três vitórias e três derrotas, o que só faria crescer a frustração olímpica de seu país, que tanto precisa de glórias na capital inglesa para amenizar (naquelas) sua penúria financeira.

Supostamente, Navarro e Marc Gasol não estão disputado o torneio na melhor forma – daí os minutos poupados no início do quarto final? Rudy Fernández também passou por uma cirurgia nas costas no último mês de março. Seriam, então, três titulares baleados. Mas a grande força da equipe era justamente o volume de seu plantel, podendo selecionar 12 atletas que jogam nas duas principais ligas nacionais do mundo, a NBA e a ACB, oras.

Sergio Llull tratou de provar essa força no segundo tempo, perseguindo e anulando Tony Parker, sem aceitar o corta-luz de Boris Diaw. O armador zerou no quarto período, limitado a apenas quatro chutes, todos errados.

Nos minutos finais, a envergadura dos irmãos Gasol também fez a diferença. A França buscou as infiltrações, mas suas investidas eram contestadas pelos dois gigantes. Do outro lado, Marc foi quem apareceu para o desafogo. Uma bandeja sua a 40 segundos do fim abriu uma vantagem de cinco pontos. Num jogo tão equilibrado como esse, com duas defesas muito intensas, os cinco pontos eram uma enormidade, de modo que o destempero de Ronny Turiaf e Nicolas Batum só veio para confirmar o triundo daqueles que enfim jogaram como campeões.

Agoram, com muito custo, a Espanha conseguiu o que queria: está na semifinal, sem ter os Estados Unidos pela frente. Revanche marcada contra a Rússia.


Teve entrega? Não importa: seleção faz sua parte, derrota Espanha e ruma ao mata-mata
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase sobre poderosa Espanha

Vamos colocar assim: dá para considerar no mínimo curiosa a decisão de Sergio Scariolo de manter Marc Gasol sentado por seis bons minutos no quarto final. Ainda mais considerando o carnaval que ele e seu irmão mais velho, que ficou fora por cinco minutos, estavam fazendo na defesa brasileira, e Felipe Reyes não produzia nada. Sergio Scariolo chegou a parar o jogo com 8min05s para o fim, quando sua vantagem havia caído de 11 pontos para quatro. Teve a chance de chamar a cavalaria, mas manteve seu quinteto. Ele só voltaria a pedir tempo aos 4min17s, quando o Brasil assumiu a liderança após bola de três de Leandrinho.

A Espanha entregou o jogo, então?

Sei lá. Não dá para cravar.

E quer saber? De que importa?

Marc Gasol

Marc Gasol marcou 20 pontos, deu 4 assistências e acertou 7 de 10 arremessos e foi punido por Scariolo no 4º período?

Assim como atropelou a apática China na quarta rodada, a seleção tratou de fazer sua parte nesta segunda-feira.

Mesmo que não tenha feito sua melhor partida na defesa, a equipe de Magnano compensou com seu melhor rendimento no ataque, bateu – sem Nenê, diga-se – um adversário que era tido como a segunda principal força das Olimpíadas e só pode ir cheio de confiança para os mata-matas.

Em 40 minutos, a seleção cometeu apenas nove desperdícios de bola, num controle excepcional do ritmo da partida. Buscou os tiros de três pontos muito mais em jogadas pensadas do que forçadas – homens posicionados na zona morta para o disparo em contra-ataque equilibrado, com o passe vindo de dentro para fora, corta-luzes fora da bola para livrar os alas etc. Acertou, no total, 51,4% de seus arremessos de quadra, disparado seu melhor aproveitamento no torneio. (Ingoremos qualquer número que venha do coletivo contra a China, tá?)

Se os espanhóis se empenharam, ou não, para vencer o jogo, eles que respondam a sus compinches.

*  *  *

Aqui no QG 21, a opinião de uma só cabeça (quase) pensante é a de que, na real, faltou intensidade em boa parte do jogo para ambos os lados. Seria exagero dizer que, em alguns momentos de jogo, parecia muito mais um amistoso do que uma partida valendo algo nas Olmpíadas? Veja os números ofensivos combinados: apenas 25 erros cometidos e convertidos 51% dos arremessos de quadra (64 de 124). Não condiz com o histórico das equipes.

Huertas x Calderón

Huertas pôde descansar mais um pouco

Depois, em bate-papo rápido com o Murilo Garavello, gerente da casa aqui – e, nos bons tempos, um tratorzinho na hora de partir para a cesta, creiam –, ele levantou um ponto a ser levado em conta: com a classificação decidida, nenhum dos treinadores iria se submeter a um alto risco neste jogo. Faz sentido. Por que exatamente você vai gastar todas as suas energias, flertar com o limite para ter o direito de enfrentar França ou Argentina nas quartas?

Daí que, do lado brasileiro, essa pergunta é bem relevante, considerando que Nenê ficou fora do jogo nesta segunda. O pivô do Washington Wizards estava realmente incapacitado de jogar hoje ou foi meramente poupado, para preservar seu pé, para a batalhas maior que teremos na quarta-feira? Se for o segundo caso – como afirma Magnano –, sinal de que a seleção não encarou a Espanha como uma questão de vida ou morto. Mas também nem precisava.

(Se ele realmente voltou a sofrer mais do que a conta com as dores crônicas no pé, aí complicou um bocado. Está certo que nenhum time tem um jogo interior como o da Espanha neste torneio, mas não custa mencionar que Caio saiu excluído de jogo com cinco faltas em dez minutos.)

*  *  *

Primeiro contra a Rússia. Agora contra a Espanha. Os dois adversários mais fortes da chave. E dois jogos em que Marcelinho Huertas descansou por oito minutos no quarto período simplesmente pelo fato de que sua presença não era necessária em quadra. E dessa vez quem segurou o rojão foi o caçula Raulzinho, que jogou por 16 minutos e foi bem, com seis pontos, quatro assistências e muita energia contra alguns de seus conhecidos de Liga ACB. No quarto período, tendo Larry ao seu lado por três minutos, comandou bem uma sucessão de contra-ataques brasileiros, acelerando a partida para Leandrinho deslanchar – ele marcou 12 pontos em seis minutos.