Vinte Um

Arquivo : Benite

Capacidade de chute de Benite faz falta ao ataque da seleção
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Giancarlo Giampietro

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Por Rafael Uehara*

Em 15 minutos com Vitor Benite em quadra, a seleção brasileira bateu a Argentina por sete pontos. Nos 35 minutos em que ele esteve no banco, o déficit foi de 11 pontos, o que resultou na derrota de 111 a 107, que muito provavelmente impedirá que a seleção avance à próxima fase, uma vez que a seleção espanhola atropelou a lituana no jogo seguinte.

Benite é hoje um dos melhores chutadores do planeta. Acertou apenas quatro tiros de três pontos em quatro jogos, mas, assim como tem acontecido no caso de Guilherme Giovannoni, sua mera presença em quadra alarga a defesa e permite a seus companheiros mais espaço para trabalhar. De acordo o site RealGM, com Benite em quadra a seleção tem marcado em média 115,6 pontos a cada 100 posses de bola.

É uma pena, porém, que o ex-flamenguista seja abaixo da média em quase todos os outros quesitos, ao menos contra esse nível de competição. Com a bola nas mãos, ainda consegue criar alguma coisa quando a recebe já com a defesa fora de posicionamento. Dificilmente chega à cesta e não cava muitas faltas, mas é também um atirador certeiro de meia distância após o drible.

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Porém, contra uma defesa armada, Benite não vem se mostrando uma opção para criar. Fica mais difícil ainda quando está pressionado pelo relógio, o que é mais viável para Marquinhos e Alex, principalmente devido à suas habilidades de jogar de costas pra cesta contra alas mais fracos.

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Benite é também abaixo da média no setor defensivo, onde não tem porte físico para se manter à frente de oponentes no um contra um, gerar roubos de bola, ou fazer muita diferença em rotações. Sua estatura se torna um problema na hora de pensar nos rebotes defensivos. Com ele em quadra, a seleção tem permitido em média 108,4 pontos a cada 100 posses de bola do adversário. Ainda assim, o saldo é positivo, devido ao efeito que causa no ataque.

Na hora de montar uma rotação, qualquer treinador vai ter de avaliar os pontos positivos e negativos de cada um de seus 12 jogadores e decidir de que maneira eles podem se encaixar.  Se for se apegar às suas limitações, é de se entender porque Magnano não deu a Benite papel maior nessa rotação. Técnicos, em geral, quase sempre dão preferência aos defensores que têm dificuldade no tiro do que aos atiradores que dificuldade na marcação.

Porém, considerando que o que essa seleção tem sentido mais falta neste #Rio2016 é um tiro de longa distância consistente (aproveitamento de apenas 30,9% em 81 tentativas), que estresse os adversários e facilite as coisas para os jogadores mais criativos com a bola, é de se argumentar que Magnano não tem feito a análise custo-benefício correta, especialmente considerando que esse grupo proporciona opções para assimilar o chute de Benite em uma escalação de forma que o impacto de seus defeitos sejam minimizados.

*Rafael Uehara edita o “Basketball Scouting”. Seu trabalho também pode ser encontrado nos sites “Upside & Motor” e “RealGM”, como contribuidor regular. Vale segui-lo no Twitter @rafael_uehara.

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Guia olímpico 21: a seleção brasileira, as questões e os 12 jogadores
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Giancarlo Giampietro

A partir da definição dos 12 jogadores da seleção brasileira nesta quarta-feira, iniciamos aqui uma série sobre as equipes do torenio masculino das Olimpíadas do #Rio2016.

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– O grupo
Qualquer corte deve ser muito complicado para cada treinador, ainda mais para um cara como Rubén Magnano, que dá claro valor aos atletas que o acompanharam nos últimos anos pela seleção brasileira. Na hora de definir um grupo olímpico, em casa ainda, era para ser uma tremenda dor-de-cabeça.

Mas, devido a circunstâncias diversas, o sacrifício não foi tão grande. Inicialmente, o técnico pretendia convocar 16 jogadores. Cristiano Felício, porém, recusou, enquanto Tiago Splitter estava se recuperando de uma cirurgia nas costas. Depois, foi a vez de Vitor Faverani abortar a missão, devido a uma lesão no joelho, praticamente definindo o garrafão. Aí restou apenas um atleta para ser excluído. Ficou entre os armadores Rafael Luz e Larry Taylor. Sobrou para Taylor, com o anúncio nesta quarta-feira.

O americano de Bauru (ou seria brasileiro de Chicago) não fez a temporada que Mogi esperava. Teve alguns lampejos, mas lhe faltou a consistência de alguns anos atrás. Física e atleticamente ele não é mais o mesmo. Ainda marca bem, pressiona a bola, e talvez isso fosse o suficiente para um 12º homem. Mas é provável que Rafael dê conta disso da mesma maneira, sendo ainda mais alto e mais forte. Além disso, o ex-flamenguista tem um jogo mais cadenciado, faz a bola rodar mais, oferecendo algo de diferente para o time. Por fim, ainda é jovem e segue como um prospecto para a equipe para o futuro.

E aí que temos esses 12 caras aqui relacionados para o #Rio2016: Huertas, Raulzinho, Rafael, Benite, Leandrinho, Alex, Marquinhos, Giovannoni, Varejão, Hettsheimeir, Augusto e Nenê.

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– Rodagem
É um grupo de vasta experiência. Todos os atletas ou estão no exterior, ou já tiveram experiência significativa lá fora, seja na Europa ou nos Estados Unidos, incluindo os cinco que jogaram o último NBB (Rafael, Alex, Marquinhos, Givoannoni e Hettsheimeir, sendo que o armador já está de contrato assinado com o Baskonia, de volta ao basquete espanhol).

Não pensem que isso é uma coincidência. Uma das coisas evidentes que o convívio com o Magnano desde 2009 nos passa é que ele infelizmente não bota muitas fichas em atletas que disputam o campeonato nacional, ao passo que valoriza demais quem já passou um bom tempo nas principais ligas.

– Para acreditar
Não há nenhuma novidade aqui. Todos os 12 jogadores foram listados competiram por Magnano em pelo menos duas competições anteriores. Se, por um lado, o argentino talvez não estivesse tão disposto a dar chances ou a fazer apostas em gente mais nova, por outro temos como consequência o entrosamento de uma base, a despeito da eventual ausência de um ou outro atleta.

No final, a média de idade é de 30,3 anos, certamente uma das mais altas do torneio olímpico, se não a mais alta. Isso deveria valer para afastar o suposto fator “pressão”. É aquilo: quem joga em casa tem motivações adicionais, tem a torcida a seu favor, mas também precisa manipular essa turma a seu favor. Mesmo os jogadores mais jovens do time – Raulzinho, Rafael e Augusto – têm extensa quilometragem de basquete europeu e já vestiram muitas vezes a camisa da seleção para, em tese, não se impressionarem tanto assim.

Nos últimos dois grandes torneios, Olimpíada e Copa, a seleção jogou de igual para igual com grandes equipes, venceu times como França e Sérvia, e mostrou que dá para brigar.

– Questões
A que mais me preocupa, há um tempo já: se na hora de definir sua rotação, Magnano iria/vai priorizar nomes e currículos, em vez do que está acontecendo em quadra agora, em julho, agosto de 2016. Ao separar alguns veteranos do NBB para o Sul-Americano e fazer uma convocação enxuta, o argentino meio que deu uma resposta parcial. Que ficou ainda mais facilitada devido aos desfalques de Felício e Faverani. Ainda assim, entre os 12 que sobraram, pode haver um encontro de forças, entre jogadores em ascensão e estrelas em declínio. Como o argentino vai encarar esse choque natural é algo vital para as chances do grupo, pensando em produção dentro de quadra e química fora.

De 2012 (Londres) ou mesmo de 2014 (Copa do Mundo) para cá, o tempo que se passou aparentemente valeu mais do que quatro ou dois anos. Hã… Como assim? Calma, explico. Não se trata exatamente de uma aplicação da Teoria da Relatividade. Mas também não é apenas um mero exercício de se virar as folhinhas do calendário. Nesse período, muita coisa aconteceu em torno do núcleo central de Magnano. Foram anos intensos, por assim dizer, em termos de mudança. Peguem, por exemplo, nossos pivôs.

Houve um tempo em que Varejão e Nenê eram dois dos pivôs mais ágeis que a gente poderia encontrar por aí. Os dois grandalhões não têm a impulsão de um Dwight Howard ou um Anthony Davis, mas foram atletas bastante especiais quando no auge, devido à mobilidade e à agilidade fora do comum. Hoje, em 2016, já não é mais o caso, devido ao desgaste de longas, milionárias e vitoriosas carreiras de NBA, além do acúmulo de diversos problemas físicos.

Esse desgaste gera dilemas. A combinação da dupla de pivôs não me parece tão simples assim; quando foram lançados no início da década passada, a gente poderia imaginar Nenê e Varejão formando uma parceria que duraria anos e anos. Mais de 16 anos depois dos Goodwill Games na Austrália, cá estamos. Por diversas razões, essa combinação não foi realizada muitas vezes assim pela seleção. Não sei se é o caso de repeti-la agora, tanto por razões ofensivas como por defensivas.

No ataque, nenhum deles desenvolveu um chute de três pontos confiável, embora possam matar bolas de média distância tranquilamente. Isso interfere no espaçamento, podendo obstruir infiltrações dos armadores e dos alas. Há coisa de cinco, seis anos atrás, o dinamismo dos pivôs poderia compensar a falta de chute, desde que o sistema brasileiro não fosse modorrento e incentivasse a movimentação de todas as peças. Esse deslocamento está agora mais arrastado. O que, de novo, não é uma crítica: é apenas uma consequência natural do esporte.

Depois tem a defesa: se Nenê e Varejão foram premiados com tanta grana assim nos Estados Unidos, a capacidade de cada um deles de conter jogadas em pick-and-roll foi dos principais motivos para tanto. Os dois brasileiros eram casos raros de pivôs que poderiam aceitar a troca de marcação num corta-luz e lidar muito bem, obrigado, com esse teórico impasse. A movimentação lateral dos dois era quase implacável. O pick-and-roll vem sendo cada vez mais e mais utilizado mundo afora, especialmente quando as seleções não conseguem treinar tanto assim. Os dois serão inevitavelmente atacados a partir do perímetro, assim como acontecerá com Gasol na Espanha, Gobert na França, Cousins nos EUA etc. Como será o desempenho neste caso? Para Augusto Lima, para quem o acompanhou bem nos últimos anos de Liga ACB, isso não seria um problema.

De resto, para esse capítulo sozinho não tomar proporções bíblicas, vamos em pílulas: 1) a aposta ainda será na marcação alta, com abafa, e saída em velocidade em transição? 2) em meia quadra, a bola vai girar no ataque, certo? Tal como aconteceu no Pan. Ou vamos ver investidas óbvias e/ou forçadas como as da Copa América? 3) Magnano pensa em eventualmente usar Marquinhos como um stretch four, para ganhar em agilidade, mesmo que os demais alas da seleção não sejam tão altos assim, podendo o rebote ficar vulnerável?

>> OS ELEITOS

Marcelinho Huertas
Armador, 33 anos
Clube: Lakers
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2006, 2010, 2014; Copa Améria 2005, 07, 09, 11, 13; Sul-Americano 2004; Pan 2007.

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Magnano não escondeu sua preocupação com a situação que Huertas enfrentava em Los Angeles, perdido em meio ao caos da gestão Byron Scott. O armador não conseguia entrar em quadra, enquanto Lou Williams e Nick Young alienavam os atletas mais jovens e promissores do elenco. De março em diante, porém, para alívio do argentino, ele participou das últimas 21 partidas do time californiano, o que dá dois terços de uma temporada de Liga ACB, por exemplo. No final das contas, em termos de preparo físico, talvez o chá de cadeira que levou no início tenha vindo para o bem. Sua média ficou em 16,4 minutos.

Em sua primeira temporada de NBA, em meio aos grandes atletas da modalidade, o brasileiro ficou basicamente dentro do esperado. Visão de quadra não foi um problema para ele, se envolvendo em alguns highlights próprios com belas assistências – por mais que as redes sociais tenham valorizado muito mais os lances desfavoráveis. Huertas sabe ditar o ritmo de jogo e funciona muito mais no pick and roll ou em transição. Mas teve dificuldades para pontuar, indo poucas vezes ao lance livre e acertando apenas 26,2% dos tiros exteriores numa linha de três pontos mais distante. Por outro lado, quando se aproximou da cesta, usando seu clássico arremesso em flutuação, o brasileiro ao menos teve um aproveitamento de acordo com a média da liga. Na defesa, foi agressivo, mas vulnerável.

Veja suas estatísticas no mundo Fiba e na NBA.

Raulzinho
Armador, 24 anos
Clube: Utah Jazz
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2010, 2014; Copa América 2013; Sul-Americano 2014.

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Também um estreante na NBA, mas em estágio completamente diferente na carreira. A princípio, Raul chegaria a Salt Lake City para brigar por espaço na rotação. A lesão do australiano Dante Exum, porém, mudou tudo. Para surpresa geral, o calouro começou a temporada como titular. E não foi necessariamente devido ao seu senso de organização de jogo, mas, sim, por sua presença defensiva, que conquistou o técnico Quin Snyder, desbancando a decepção chamada Trey Burke.

Como armador, porém, o jogador não teve a oportunidade de se soltar muito. As ações do ataque do Jazz ficavam concentradas nos alas Gordon Hayward e Rodney Hood, com o brasileiro jogando afastado da bola. Ao menos cumpriu seu papel quando chamado, ao converter 39,5% de seus chutes de três e 44,4% de média para longa distância. No meio do campeonato, ainda assim, viu o clube contratar o competente, mas inexpressivo Shelvin Mack para assumir seu posto.

Na seleção, é de se esperar que sua criatividade com a bola será mais exigida. Depois de fazer boa Copa do Mundo em 2014, não competiu no ano passado pela equipe, naquela que poderia ser uma campanha de afirmação.

Veja suas estatísticas no mundo Fiba e na NBA

Rafael Luz
Armador, 24 anos
Clube: Baskonia/ESP (saindo do Flamengo)
Torneios: Copa América 2011, 13 e 15; Sul-Americano 2012 e 14; e Pan 2015.

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Se você for se apegar apenas aos VTs de melhores momentos, aos lances de Vine etc., dificilmente vai apreciar o que Rafael traz para a quadra, como um armador de jogo controlado no ataque e forte pegada defensiva, usando sua envergadura para causar impacto nas linhas defensivas e para pressionar o oponente. São características que justificam a escolha por ele, em detrimento de Larry. Como peça complementar, oferece algo a mais para Magnano, considerando que não deva ser um dos primeiros a sair do banco de reservas durante os Jogos.

Sua participação com a seleção na temporada passada deve ter sido decisiva também para sua manutenção no elenco olímpico. Confira um scout detalhado sobre o que o armador fez na conquista do ouro pan-americano. Foi muito bem como o condutor de um ataque poderoso.

Depois, a passagem pelo Flamengo foi de altos e baixos – como os duríssimos playoffs contra Mogi e Bauru mostraram –, talvez por jogar num time cujos preceitos táticos não lhe favoreciam tanto assim. Ainda assim, participou da conquista do NBB antes de receber boa oferta para defender um clube de ponta como o Baskonia, pela Euroliga e pela Liga ACB.

Veja suas estatísticas no mundo Fiba e pelo NBB

Vitor Benite
Armador, 26 anos
Clube: Murcia/ESP
Torneios: Copa América 2011, 13, 15; Pan 2015; Sul-Americano 2012, 14.

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A transição do NBB para a Liga ACB foi um tanto custosa a Benite, principalmente a serviço de um clube pequeno que se meteu a brigar por uma vaga nos playoffs espanhóis, o que seria uma façanha e tanto para o Murcia. Seu tempo de quadra basicamente flutuou de acordo com sua pontaria nos tiros exteriores. Quando teve bom aproveitamento, seus minutos dispararam. No geral, acertou 35% de seus disparos, o que não foi o suficiente para lhe dar mais que 17 minutos, na avaliação do ótimo técnico grego Fotios Katsikaris, que registrou as dificuldades de adaptação do atleta, tanto do ponto de vista defensivo como na tomada de decisões no ataque.

Ainda assim, os serviços prestados em 2015 lhe garantem um posto na seleção, quando foi o cestinha no Pan e na Copa América, sendo uma ameaça na linha perimetral. O importante é que ele entre com confiança e agressividade, sem pedir passagem, mas também ciente da melhor oportunidade para atacar.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela Liga ACB

Leandrinho
Ala, 33 anos
Clube: Phoenix Suns (saindo do Warriors)
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10 e 14; Copa América 2003, 05, 07, 09; Pan 2003.

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O ligeirinho teve seus minutos limitados num timaço como o do Golden State Warriros. Ainda assim, quando foi chamado por Steve Kerr, correspondeu, quanto mais no momento mais crítico: a decisão da NBA. Jogou tão bem, com tanta confiança que o treinador foi justamente questionado por não lhe dar mais tempo de quadra no derradeiro Jogo 7 em Oakland.

Está aqui um cara que desafiou o Passar do Tempo. Aos 33, depois de uma cirurgia no joelho, Leandrinho segue como um dos caras mais velozes da NBA de uma ponta da quadra à outra. Também rende muito bem em cortes em linha reta para a cesta quando não precisa se esgueirar entre defensores, abusando da tabela com finalizações em arcos improváveis.

De todo modo, a cancha que ganhou em 13 anos de liga também não fez dele um melhor preparador, armador ou criador. Leandrinho ainda pode ser um pontuador de mão cheia, mas apenas em determinadas situações, sem que lhe deva ser entregue a bola em momentos de desespero, para que ele crie uma situação no mano mano, sem nenhuma jogada trabalhada – uma armadilha que ele assumiu, ou que lhe foi sugerida em diversas passagens pela seleção.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela NBA

Alex
Ala, 36 anos
Clube: Bauru
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10, 14; Copa América 2003, 05, 07, 09, 11, 13; Pan 2003, 07; Sul-Americano 2003.

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Alex é o jogador mais velho da seleção, com três meses a mais que Giovannoni. Se for para se concentrar em vigor físico e capacidade atlética, porém, ninguém vai acreditar nisso. O condicionamento do veterano ainda é veterano. Pensem que, com 1,92m, ele ainda teve média de 5,0 rebotes na última temporada do NBB, que é basicamente aquela de sua carreira.

Também estamos falando ainda do melhor marcador individual do país ainda, dando conta de segurar toda sorte de oponente, incluindo alas-pivôs bem mais altos. Tudo isso é uma prova de sua seriedade, ou da notória “brabeza” pela qual é conhecido desde os tempos em que era uma revelação por Ribeirão Preto.

Em alguns aspectos, o Alex de hoje é bem melhor que o de dez anos atrás. Sua visão de jogo se aprimorou de acordo com o que se espera da idade, a ponto de ele se tornar efetivamente um segundo armador em quadra. Sem Ricardo Fischer, assumiu as rédeas do ataque do Bauru neste ano, e o time alcançou as decisões da liga nacional e da Liga das Américas novamente.

A ausência de Fischer – e do sistema espaçado e criativo de Guerrinha – só interferiu em seu arremesso de três pontos. Alex não sobrou mais tão inconteste no perímetro, e seu percentual caiu de 40,8% para 31,2%, que é basicamente o normal para ele. Esse chute pode fazer falta.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pelo NBB

Marquinhos
Ala, 32 anos
Clube: Flamengo
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2010, 14; Copa América 2007, 11 e 15; Pan 2007.

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MVP de um NBB em ano em que a concorrência foi forte, livre de lesões, habituado a ser campeão pelo Flamengo, liderando a equipe em quadra… Por mais que Magnano não dê tanta abertura assim a atletas do campeonato brasileiro, acho que não há muita dúvida que, em termos de protagonismo e momento técnico, o ala se apresenta na melhor forma.

O veterano é hoje a melhor opção de criação brasileira, com opção tanto para finalizar como servir aos companheiros, sem egoísmo. É um ala alto e habilidoso, cujos fundamentos se impõem até mesmo em nível internacional. Se quisesse, Marquinhos poderia estar frequentando as grandes ligas europeias há anos. Mas fez suas escolhas, optando pelo conforto do lar, e talvez seja subestimado por isso.

Em momentos de aperto, vai aceitar assumir maior parcela de responsabilidade? É a hora para tal, em comparação aos últimos dois torneios, pelos quais invariavelmente deu um passo atrás, deixando as decisões para seus companheiros mais prestigiados. De todo modo, essa não é uma pregação para que o time seja de Marquinhos. A seleção só vai a algum lugar realmente se jogar bem coletivamente, assim como aconteceu em alguns momentos da Copa do Mundo, especialmente a partir da defesa. Na hora do aperto, porém, que o flamenguista pode ser mais bem explorado.

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Guilherme Giovannoni
Ala-pivô, 36 anos
Clube: Brasília
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10, 14; Copa América 2003, 05, 07, 09, 11, 13, 15; Pan 2003, 11.

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É uma pergunta que se escuta muito por aí: Guilherme ainda é jogador de seleção brasileira? Aos 36 anos, a resposta segue a mesma: sim.

Havia outros concorrentes para a posição, como Rafael Mineiro e Olivinha. Cada um deles poderia ser bastante valioso por características singulares: Mineiro é um excelente defensor em sua posição, com agilidade nos pés e verticalidade, enquanto Olivinha é o guerreiro que a torcida rubro-negro venera, daqueles que não desiste da bola nunca, botando em prática também sua inteligência para ajudar nesse tipo de empreitada.

Mas Giovannoni concede ao grupo uma habilidade que, como vimos até aqui, está em falta: arremesso. Algo, digamos, importante num jogo de basquete, certo? Chutadores nunca são demais. E o experiente ala-pivô converte 40,3% em sua carreira no NBB, chegando aos 42,9% na última temporada, assessorado pela dupla Fúlvio-Deryk.

Agora, não é que ele se reduza a isso. Acho curioso como o empenho de Olivinha pelos rebotes é justamente elogiado, mesmo com suas limitações atléticas, enquanto Giovannoni ainda segue dando duro nas duas tabelas e seja visto só como um gatilho. No basquete nacional, ao lado de Alex e Marquinhos, ele vem sendo um dos jogadores mais consistentemente produtivos.

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Rafael Hettsheimeir
Pivô, 30 anos
Clube: Bauru
Torneios: Copa do Mundo 2014; Copa América 2005, 11, 13; Pan 2015; Sul-Americano 2014.

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A efetividade de Hettsheimeir hoje em jogos de alto nível está diretamente ligada à sua eficácia nos disparos de longa distância. O pivô até pode pontuar mais próximo da cesta com seu gancho de direita, mas, na atual configuração da seleção, este espaço estará ocupado.

Desde que passou a se dedicar ao fundamento com mais ênfase na Espanha, os resultados têm sido inconsistentes a serviço da seleção. Só lembrar o que aconteceu em 2014, quando o grandalhão arrebentou em jogos amistosos, mas foi anulado durante a Copa do Mundo. Rafael precisa de um certo espaço para matar. Durante a campanha do Pan, com ótima movimentação de bola, seu rendimento foi de 46,2% em mais de 5 tentativas por partida. Excelente. Magna o obviamente conta com esse chute em seu plano tático.

O problema está do outro lado, quando o pivô, forte que só, pode ser desafiado por alas-pivôs muito mais ágeis e flexíveis – enquanto pelo Bauru e pela seleção pan-americana, lhe restaram alguns “cincões” (ou qualquer coisa perto disso no atual cenário da modalidade), nas imediações do garrafão, tarefa para a qual está mais bem equipado.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba aqui e aqui e pelo NBB

Anderson Varejão
Pivô, 33 anos
Clube: Golden State Warriors
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2002, 06, 10, 14; Copa América 2003, 05, 09; Pan 2003.

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Varejão é, para mim, a grande incógnita desse grupo, devido ao tempo bastante limitado de quadra que teve durante a temporada. Se teve seus momentos positivos na série contra OKC, seu desempenho no geral, pontuado pela última partida, não foi dos melhores. Pelo Jogo 7 das finais contra o Cavs, o capixaba parecia disposto tão somente a tentar cavar faltas, sem que a arbitragem caísse na sua, causando impacto lamentavelmente negativo para seu time.

Será que, depois de tantas dificuldades físicas e de saúde que enfrentou nos últimos cinco anos, restaram somente as artimanhas para o cabeleira? Seu corpo quebrou? Ou o que vimos por Cleveland e Golden State é apenas fruto dos minutos reduzidos, causando certa ferrugem? É o que estamos prestes a descobrir nas próximas semanas. Se estiver em forma, ninguém duvida do que Anderson pode entregar a uma equipe: domínio dos rebotes, flexibilidade defensiva, arremesso de média distância, boa movimentação ofensiva e passes espertos e precisos.

Se o Cavas não hesitou em dispensá-lo durante o campeonato, ao menos o Warriors agora concordou em contratá-lo por mais um ano, n numa prova de confiança do técnico Steve Kerr. Ficamos no aguardo ansiosamente por uma resposta positiva, então.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela NBA

Augusto Lima
Pivô, 24 anos
Clube: Real Madrid
Torneios: Copa América 2011, 15; Pan 2015; Sul-Americano 2012, 14.

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Augusto estourou pela seleção no ano passado, com um perfil muito semelhante ao de Anderson Varejão em diversos quesitos, como agilidade, empenho e feeling para os rebotes. É um finalizador mais atlético perto do aro, mas não passa tão bem a bola. Fazendo as contas, temos um ótimo contribuinte para anos e anos – e já preparado para receber seus minutos olímpicos. Em termos de marcação contra o pick-and-roll, é provavelmente a melhor opção de Magnano.

Em termos de ritmo de jogo, porém, sua temporada também sofreu um certo acidente. De tão bem que atuou pelo Murcia nas últimas campanhas, foi contratado neste ano pelo Real Madrid, time que certamente poderia usar todas as suas ferramentas defensivas. Em meio a Felipes Reyes, Gustavos Ayóns e Andrés Nocionis, não foi tão utilizado.

Pior: no mercado, a superpotência espanhola ainda contratou mais dois homens de garrafão (Anthony Randolph e Othello Hunter), de modo que o destino do brasileiro parece ser um empréstimo. Isso não quer dizer necessariamente que ele tenha desagradado. Talvez só não tenha recebido uma devida chance. Com milhões de euros para investir, o Real faz disso. Acontece com a equipe de futebol direto. A vantagem de Augusto é a sua juventude para a retomada de um condicionamento ideal para encarar uma Olimpíada.

Confira um scout detalhado do pivô depois de sua participação decisiva na conquista do ouro pan-americano.

Veja suas estatísticas pelo mundo Fiba e pela NBA

Nenê
Pivô, 33 anos
Clube: Houston Rockets (saindo do Wizards)
Torneios: Olimpíadas 2012; Copa do Mundo 2014; Copa América 2003, 07; Pan 2003.

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Por diversos anos, os semiganchos de Tiago Splitter foram uma espécie de bola de segurança da seleção. Já suas tramas no pick-and-roll com Huertas eram um verdadeiro carro-chefe. Além de sua liderança e serenidade, seus recursos técnicos são uma referência em quadra. Pois, num ato cruel, quis o destino que o catarinense não jogasse o torneio olímpico em casa.

Entra em cena Nenê. O pivô injustamente vaiado pela torcida antes de amistoso contra Chicago no Rio de Janeiro e perseguido por figuras como Oscar. A reposta pode vir agora – não que ele precise provar nada para ninguém. Sua carreira na NBA não foi a de um All-Star, mas foi de imenso sucesso, recompensado por dezenas de milhões de dólares. Somente as fossem as desafortunadas lesões e sua abordagem por vezes altruísta ao extremo o desviam de uma aclamação crítica.

Seu físico acaba se tornando hoje um dos fatores vitais para as pretensões da seleção. O grandalhão tem todos múltiplos recursos acima da média (munheca, força, arranque, bloqueio, passe e mãos e pés ágeis) para desafiar a maioria de seus adversários de garrafão, passando por Luis Scola e Jonas Valanciunas.

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Brasil ‘iguala’ Cuba em novo revés. Mais: Marquinhos, Ayón e Gutiérrez
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Giancarlo Giampietro

Ayón, um craque quase, digamos, Scolístico para o México

Ayón, um craque quase, digamos, Scolístico para o México

O Brasil sofreu sua segunda derrota em três jogos pela Copa América, nesta quarta-feira. Perdeu para o México, num ginásio pegando fogo. Vou quebrar um pouco o padrão aqui até para não ser muito repetitivo. O placar meio que já diz tudo: 66 a 58. Pela segunda vez, então, a equipe de Rubén Magnano não conseguiu passar da casa dos 60 pontos.

Isso até quer dizer que podem estar enfrentando defesas fortes, combativas num torneio em que, para o resto do continente, estão valendo duas vagas olímpicas. Natural que ofereçam resistência. Mas… Aí a gente dá uma conferida na tabela completa da competição e faz umas contas. Sabe qual a outra equipe que teve duas partidas com ataque tão anêmico no torneio até aqui?

Cuba.

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Sim, Cuba, que até apresentou alguns talentos interessantes nesta semana (depois de um loooongo inverno), mas é o único time amador em quadra. Literalmente.

Foi uma pesquisa simples de se fazer. Não pediu muito tempo para checar dados de arremesso da zona morta, da cabeça do garrafão, cesta assistidas, média de turnovers por troca de passe etc. Então não é querer me vangloriar, nem nada. Mas acho que, fora o visual, fora o que temos visto nos últimos dias, não vai ter dado mais preocupante que esse. Que, num filtro ofensivo, estejam os brasileiros ao lado dos cubanos. Não rola.

Mineiro, aqui e ali, mostra lampejos de seu talento. É um jogador muito interessante, com diversas qualidades raras para alguém de sua estatura e que podem ser mais exploradas. Mortari sabe

Mineiro, aqui e ali, mostra lampejos de seu talento. É um jogador muito interessante, com diversas qualidades raras para alguém de sua estatura e que podem ser mais exploradas. Mortari sabe

A preocupação maior aqui é que as questões sobre o sistema ofensivo brasileiro vêm de longe (*). Contra a Sérvia, ao ser eliminada nas quartas de final da Copa do Mundo, a seleção, não por acaso, também ficou abaixo dos 60 pontos, terminando em 56. Entender por que isso acontece vai muito além de frases como “a bola não roda”, “o chute não caiu”, “já estão classificados”, “não estão com força máxima”, embora todas elas possam fazer parte da explicação. Como a promessa era de não se estender muito aqui, vamos divagar a respeito desse tópico ao final do torneio. Contra os mexicanos, o Brasil fez mais um jogo amarrado, controlado. Partindo para o trabalho de meia quadra pouquíssimo sucesso: 35% nos arremessos de quadra, mais turnovers (14) do que assistências (12), falha nos tiros de fora 4-13 (o volume reduzido, pelo menos).

(*PS: atualizando, de acordo com a observação pertinente “Hugo X” — só não entendo o anonimato obrigatório dos comentários, mas tudo bem. Vamos lá: vêm de longe os problemas, pensando na Copa América de 2013, a Copa do Mundo do ano passado. O Pan? Vai ser enquadrado na categoria de exceção, se a seleção se classificar para a próxima fase e mantiver o nível de jogo que temos visto aqui. E pode ser que eu simplesmente esteja errado quanto ao nível técnico da competição, que talvez este Brasil fosse muito superior àqueles rivais? Pode muito bem ser isso. Mas também começo a pensar se esse time não está simplesmente cansado. É um elenco mais jovem do que o principal, mas também não é um plantel sub-22. Alguns desses caras vararam a temporada, por assim dizer. Eles se reuniram no dia 14 de junho. Ao final do torneio, serão três meses de seleção. Um período muito mais longo que o normal de anos anteriores. Não há nunca uma só resposta para entender uma equipe de esporte, futebol, vôlei ou bocha. Como disse: vamos voltar a esses tópicos ao final do torneio. É preciso também conversar com os jogadores e treinadores para ver qual a opinião deles, uma vez que a cobertura brasileira na Cidade do México no momento é quase nula.)

Em termos pontuais, sem trocadilho, o que é necessário registrar é que Marquinhos dessa vez teve um volume de jogo bem menor. Partimos de um extremo em que ele estava usando quase 30% das posses de bola da equipe, segundo as contas sempre valiosas do MondoBasket, para outro: o ala flamenguista, que era o segundo cestinha da competição, arriscou apenas três arremessos em 26 minutos, marcou dois pontos e deu uma assistência. Resta saber se isso também foi algo programado, ou se o jogador estava muito preocupado em não parecer um fominha. A abordagem foi totalmente diferente, talvez por reflexo direto do que se passou nas duas primeiras rodadas. O jogo vinha sendo canalizado nele, mas não por uma tentativa de ato heroico da sua parte. Era simplesmente a consequência de um sistema que não funciona e que, por isso, apela ao seu atleta mais talentoso. Um jogador que tem visão de quadra, gosta de envolver seus companheiros e, num ataque mais fluido, pode render horrores.

Vitor Benite, por outro lado, conseguiu produzir, dessa vez conseguindo atacar a cesta, escapando dos bloqueios no perímetro, para marcar 23 pontos, tendo feito mais nos lances livres (10) do que em bolas de três (9). Outro dado chamativo, que quase tira o Everaldo do sério (imagine o Magnano, então…), diz respeito aos rebotes ofensivos. A proteção brasileira inexistiu, permitindo 17 coletas na tábua de ataque para os anfitriões. Comparando: foram 23 defensivos para os caras, enquanto a seleção nacional teve apenas 28 no total.

De resto, não há como não falar sobre o talento de Gustavo Ayón. Para quem acompanha o blog desde a encarnação passada, sabe que é um dos queridinhos desse espaço, ao lado de Andrés Nocioni e Andrei Kirilenko. De todo modo, pelo fato de não ter conseguido encontrar estabilidade na NBA, talvez ainda seja um cara desconhecido pelo público geral. Para os corajosos que se aventuraram na calada da noite para ver esta pelada, o cartão de visitas foi entregue. Pensando no mundo Fiba, o pivô mexicano talvez seja aquele que mais se aproxime de Luis Scola em termos de relevância para a sua seleção. Não estou comparando habilidades, que fique claro, até por serem dois caras que se complementariam muito bem. Foram 27 pontos e 13 rebotes para o cabrón, com impressionantes 12-19 nos arremessos de quadra (63%). Reparem em como ele se desloca dentro do perímetro, criando situações de cesta mesmo quando não está com a bola dominada. Isso é também um talento, e talvez mais difícil ainda de se ensinar, por estar diretamente ligado à visão de jogo. Craque, guiando o time às conquistas da Copa América e do CentroBasket.

Por fim, um destaque também para Jorge Gutiérrez, um jogador para o qual o selo NBA faz justiça. Fosse ele armador do Capitanes, do Peñarol ou do Trotamundos, e talvez não lhe dessem muito valor internacionalmente. Até por ser mexicano, um país que não tem tanta tradição assim na exportação de talentos de ponta. Gutiérrez é um belíssimo armador, grande em muitos sentidos. Alto, bem fundamentado e com explosão que pega as defesas desprevenidas. Há tipos que correm, correm e correm e não chegam a lugar nenhum. Para o apadrinhado de Jason Kidd, funciona de outro modo: com seu ritmo maneiro, deixa para explodir rumo ao garrafão só quando percebe a brecha à sua frente. Terminou com 14 pontos, 7 rebotes e 4 assistências em 28 minutos.


Brasil faz péssima apresentação e perde para o Uruguai pela estreia
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Giancarlo Giampietro

magnano-brasil-uruguai

É, a seleção brasileira tem sempre a chance de reagir. Restam mais três partidas pela primeira fase da Copa América. Mais três oportunidades para o time apagar a péssima impressão deixada por sua estreia desta segunda-feira contra o Uruguai. Três chances também para tentar resgatar a fagulha que vimos durante o Pan. Numa derrota por 71 a 57, com uma péssima apresentação, muito pouco, ou quase nada deu certo. Foi uma derrota de certa forma acachapante.

Nos amistosos e na Copa Tuto Marchand, você dá um desconto. Pode-se bater o pé e dizer que, quando uma seleção vai para a quadra, não existe essa de teste e de observação. Mas, nas últimas temporadas de Fiba Américas, vimos que os jogos preparatórios não serviram de bom parâmetro para o que aconteceria no torneio para valer. E aí chegamos a um ponto: para os uruguaios, o torneio na Cidade do México vale muito. Para o Brasil já classificado, nem tanto. Mas, agora, com jogos oficiais, não há desculpa para apatia ou para uma apresentação como a que acabamos de ver.

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Não que tudo o que aconteça numa quadra de basquete possa se explicar por esforço, obviamente. Isso não justifica os sete lances livres a mais que os uruguaios bateram (e converteram) e até mesmo o fato raro de que tenham conseguido equilibrar a disputa de rebotes com os brasileiros (perdendo por 39 a 37). Mas ajuda a entender o fato de o Brasil ter cometido 20 desperdícios de posse de bola e acertado apenas 35% dos arremessos de quadra.

uruguai-brasil-copa-americaQuando você se depara com números calamitosos como esses, tem de ponderar o quanto o mérito está do outro lado, ou o problema está no seu próprio colo. O nível de competição é bem superior ao do Pan, individualmente, mas, no caso dessa estreia, por mais estruturado que esteja, não podemos dizer que o Uruguai sem Esteban Batista, Jayson Granger e Leandro Garcia Morales seja uma potência continental. As derrapadas vêm da combinação dos dois fatores, queda no rendimento e oposição mais dura. Fato é que o Brasil jogou de modo emperrado novamente, mantendo o padrão das últimas partidas. No ataque, os atletas até se movimentam de lá para cá em jogadas ensaiadas, mas a bola estaciona.

O retorno de Rafael Luz, que está se recuperando de uma lesão que sofreu em treinamento na Argentina, era uma esperança por maior lucidez no ataque, mas talvez seja injusto pedir muito do novo armador do Flamengo, que vai ter de recuperar o ritmo de jogo em plena competição. Contra os uruguaios, Rafael cometeu cinco turnovers e deu quatro assistências. Marquinhos, o cestinha com 21 pontos, também perdeu a posse de bola em cinco ocasiões. O ala centralizou muito o ataque brasileiro, e aí também fica a questão se isso tem mais a ver com a evidente confiança de Magnano em suas habilidades — isto é, se isso está designado –, ou se é mero produto de um time que saiu dos trilhos e acaba dependendo de iniciativas individuais lutando não só contra uma defesa adversária, mas também contra o cronômetro.

Coletivamente, a seleção se mostra incapaz de buscar cestas fáceis em transição ou próximo ao aro. Por ironia, até mesmo quando os pivôs escaparam e se colocaram em boa para finalização, acabaram falhando em conclusões individuais. O que também podemos notar é um desequilíbrio no modo como dois pivôs tão contrastantes como Augusto e João Paulo foram utilizados em determinados momentos. JP foi acionado diversas vezes em pick-and-rolls, enquanto para Lima a bola foi pingada em post-ups, de costas para a cesta — quando os dois são notoriamente mais produtivos justamente em situações inversas. Trocaram as bolas na hora de jogar com eles, o que é difícil de entender depois de tantas semanas de treino.

>> Canadá: Olynyk, Rick Fox e assistente do Raptors falam sobre a invasão

Magnano também não conseguiu encontrar uma rotação que ganhe coesão ofensiva e defensiva com Marquinhos e Giovannoni, por exemplo. Os dois mais experientes, por exemplo, estavam fechando este primeiro jogo ao lado de João Paulo na linha de frente e de Rafael, voltando de lesão, e Benite no perímetro. Ok, estava difícil fazer cestas. Beeeem difícil, que era uma tristeza. Mas esse quarteto não inspira confiança nenhuma na retaguarda, por outro lado. Não seria o caso de usar Augusto com os dois alas-pivôs abertos? Coisas desse tipo vêm acontecendo em meio às diversas trocas à procura do time ideal.

Como acontece isso? Como o time pode ter rendido tão bem no Pan e agora esteja capengando? O fator motivacional não deveria, mas influencia, embora, queiramos crer, de novo, que não diz tudo. A próxima dedução apontaria para o desequilíbrio troca por Hettsheimeir e Larry por Giovannoni e Marquinhos. São atletas  de perfil muito diferentes, tanto do ponto de vista técnico como do físico, aliás. sem contar que os dois alas-pivôs estavam vindo de férias e sendo encaixados num time que estava pronto. Não quer dizer que os dois que saíram sejam superiores aos dois que chegaram. Acontece que, entre uma habilidade perdida e outra somada, a rotação entrou em desequilíbrio, fato. Sem Larry, a tendência era de que o Brasil diminuiria os minutos com dois armadores em conjunto — daí que o corte de Danilo Siqueira machuca um pouco mais, de uma outra forma que vai além da simples oportunidade desperdiçada de se dar rodagem a um jovem talento.

Para compensar, Magnano estende os minutos de Benite, que ficou em quadra por 33 minutos. Isso implica em naus desgaste para o agora jogador do Murcia, que já está cercado de enorme responsabilidade no ataque, como a segunda opção de desafogo, logo depois de Marquinhos. Benite não cria muitas situações por conta própria e precisa da ajuda dos corta-luzes e de movimentação de bola mais inteligente e precisa para receber em movimento e agredir. Não vem acontecendo, exigindo um tromba-tromba incessante para ele. Pois, depois de sua ótima exibição em Toronto, as defesas simplesmente vão fazer de tudo para tirá-lo de uma zona de conforto. Benite está sendo contestado sem parar (3-15 nos arremessos, 0-6 nos três pontos). Mas não só ele. O perímetro em geral está supercongestionado, como prioridade de qualquer adversário brasileiro. E o time de Magnano não está conseguindo buscar outras alternativas, deixando no ar já uma série de questões que podem ser respondidas durante a semana. A ver.


Canadá vence Brasil com autoridade. Notas sobre o amistoso
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Giancarlo Giampietro

Andrew Nicholson, um dos nove jogadores de NBA nesta seleção candense

Andrew Nicholson, um dos nove jogadores de NBA nesta seleção candense

A lógica de ontem ainda se aplica: é apenas um amistoso. Dessa vez Rafael Luz nem foi relacionado. O Brasil novamente jogou sem energia. Mas são partidas que, ainda assim, nos apontam dicas, caminhos. E, com o perdão do tom apocalíptico, os indícios que a vitória tranquila do Canadá, por 80 a 64, nesta segunda-feira nos deu são do chumbo grosso que vem por aí em futuros duelos com os americanos do extremo norte do continente.

Fica até difícil de avaliar. A seleção brasileira mais uma vez não conseguiu igualar a intensidade ou a movimentação de semanas atrás. Por outro lado, essa impressão de morosidade talvez seja mero consequência da capacidade atlética impressionante que o time de Jay Triano tem em quadra e como ela se traduziu especialmente para a defesa, complicando as linhas de passe e contestando os tiros exteriores brasileiros. Em diversos momentos, sinceramente, a impressão era de que os rapazes de Magnano pareciam um conjunto master.

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Além disso, a questão aqui também pode ser outra: a qualidade dos adversários aumentou consideravelmente em relação a Toronto, e é natural que as coisas fiquem bem mais difíceis para os campeões pan-americanos. De toda maneira, é fato de que eles ainda não estão jogando com aquela mesma alegria. Que seja algo programado e natural, por serem apenas jogos preparatórios. Quando a Copa América se iniciar, além de vagas olímpicas para a concorrência, o que estará valendo é um título. Vale a pena brigar por ele.

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Voltando a essa coisa de chumbo grosso canadense. Antes de mais nada, estou ciente de que, além de a partida não ser oficial, o Brasil poderia contar com um outro reforço em sua escalação, pensando nos Jogos Olímpicos. De qualquer forma, não é que os veteranos sobre os quais estamos falando terão vida muito longa na equipe. A base hoje em atividade deve compor o núcleo do próximo ciclo olímpico. E o mesmo vale para o Canadá, que tem apenas Carl English como um atleta que tem linha curta em sua trajetória pela equipe nacional.

Mais: além de jovens, o que o Canadá tem é quantidade, já prenunciada pela invasão que protagoniza neste momento em todos os níveis do basquete dos Estados Unidos. Colegiais, universitários e profissionais: eles estão chegando aos montes, e aí nem mesmo o mais rabugento poderá rosnar contra a grife NBA que a equipe carrega. Os cinco titulares em San Juan, por sinal, vêm de lá: Cory Joseph, Nik Stauskas, Andrew Wiggins, Andrew Nicholson e Anthony Bennett. Outros dois vieram do banco: Robert Sacre e Melvin Ejim (*este com o asterisco de contrato de training camp). Kelly Olynyk, que contundiu o joelho contra a Argentina, nem se fardou. Dois ou três desses caras podem não parecer nada demais. Mas a safra do país é vasta. Eles têm volume para compensar qualquer dúvida, e a produção da base dá a entender que não se trata de acaso.

A vitória contra o Brasil sublinha a invasão. Dwight Powell — que se mostra produtivo praticamente toda santa vez que recebe minutos, aliás — dominou o primeiro quarto. No terceiro, Anthony Bennett exibiu seu arsenal ofensivo bastante versificado, que ajuda a explicar sua seleção como número um de Draft. Depois, no quarto, com a vitória já selada, e Magnano experimentando uma zona contra a rapaziada, foi a vez de o chutador Brady Heslip queimar o barbante. Powell, um pivô muito atlético e físico, terminou com 18 pontos e 8 rebotes em 17min52s, batendo um total de 13 lances livres. Bennett anotou 16 pontos em menos de 15 minutos, sendo 11 deles na volta do intervalo, matando praticamente tudo: as duas tentativas de três, chutes em flutuação e ganchos no garrafão. Heslip guardou 15 pontos.

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Tenho uma entrevista com Kelly Olynyk para desovar aqui, nesta semana, quando poderemos refletir mais sobre o assunto. Pensando na Copa América de logo mais no México, talvez a grande esperança de Argentina, República Dominicana, Porto Rico e até mesmo dos anfitriões seja que a equipe canadense sinta a pressão. Eles são jovens, bem jovens, e realmente inexperientes nesse tipo de situação. Como a geração Nenê, mesmo, pode nos dizer, o jogo de seleções é outra realidade (até mesmo com outras regras, dãr), principalmente no caso daqueles que se importam, que entram em quadra com o coração batendo de um jeito diferente.

Se esses caras mantiverem a compostura, vai ser muito difícil de derrubá-los, até pela versatilidade de seu elenco. Num jogo mais pesado, Sacre e Powell não vão afinar. Bennett está cheio de confiança e será um problema para qualquer defesa. Nicholson abre para chutar. Artilharia de três não falta, por sinal, com Heslip, Stauskas, o armador reserva Phil Scrubb e até mesmo Joseph (31,4% em sua carreira na NBA, mas 36,4% na temporada passada, e numa distância maior). Joseph também exerce visível influência sobre os companheiros. É o líder emocional da equipe. E ainda nem falamos do garoto Wiggins, que ainda está aprendendo o jogo e vai sofrer um pouco em termos de macetes da arbitragem Fiba, mas é uma maravilha atlética, capaz de lances surpreendentes e de incomodar muito na defesa individual e nas linhas de passe.

Atleticamente, eles foram dominantes contra os brasileiros, e não há o que discutir. Nos rebotes, tiveram vantagem de 43 a  24. Um espanco, já diria o Mauricio Bonato. Assim como fez Porto Rico na véspera, não permitiram que a transição brasileira funcionasse. Sabe quantos pontos de contragolpe tomaram? Nenhum. Para fechar, limitaram o oponente a apenas 39% nos arremessos e 4-17 nos chutes de longa distância. A seleção de arremessos brasileira não foi equivocada. Não teve forçada de barra. Eles simplesmente não encontraram uma zona de conforto em quadra.

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Nos petardos de fora, faz falta o fator tático que é Hettsheimeir, sem dúvida. Mas não é só isso. Nesses amistosos, a seleção vai se dando conta de que não pode depender tanto do volume exterior para pontuar. Está muito claro que Triano e Pitino estudaram bem o time de Magnano depois do Pan e armaram suas defesas de modo que o arremesso exterior fosse varrido do mapa. Vitor Benite (0-5) é o principal alvo, logicamente, sendo sufocado em sua movimentação fora da bola.O ex-flamenguista tem recursos para criar a partir do drible, mas sua eficiência tende a diminuir nessas situações. Ainda assim, o armador foi o único a conseguir criar jogadas por conta própria contra a fortíssima retaguarda canadense ao por a bola em quadra. (13 pontos em 28 minutos, com 6-15 nos arremessos, mais 3 assistências e nenhum turnover). Marquinhos, Meindl e os armadores precisam agredir um pouco mais e, a partir do drible, fazer a bola rodar em busca de bons arremessos.

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Em termos atléticos, Augusto foi o único que pareceu não se incomodar com o que via do outro lado (17 pontos, 6 rebotes, 2 tocos e 8 lances livres batidos em 24 minutos). Dá realmente gosto de ver sua desenvoltura em quadra e o quanto cresceu nos últimos anos. O próximo passo é refinar o chute de média distância e desenvolver um movimento mais seguro quando perto da cesta, de costas.


Ritmo, energia, química, e a tempestade perfeita para a seleção
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Giancarlo Giampietro

seleção brasileira campeã do Pan de Toronto

Sendo julho, período de férias da garotada, a queda de produção do blog tem um timing ligerimante suspeito. Mas ainda não existem pimpolhos circulando pela base do conglomerado 21, e o mês foi de muito trabalho, mesmo, com algo como 33 dias trabalhados de 35 possíveis, em ritmo intenso. Só para deixar claro o porquê do sumiço e de como foi bem-vinda a colaboração de Rafael Uehara, para ao menos publicar algo durante o mês.

Posto isso, não quer dizer que não tenha dado para assistir a um jogo ou outro de basquete nesse meio-tempo, para evitar aplacar a tremedeira nas mãos e evitar que chegasse a uma crise de convulsão.

As ligas de verão? Infelizmente só consegui ver a de Orlando, perdendo a apresentação dos brasileiros em Las Vegas. Mas isso o Rafael conseguiu remediar, com seus scouts atenciosos em relação a Bruno Caboclo e Lucas Bebê. Nesta terça-feira, vou publicar também as notas de um experiente olheiro da NBA, que estava presente no ginásio, às quais tive acesso.

Antes disso, todavia, melhor falar sobre o que pude assistir para valer, e com grande satisfação, que foi a seleção brasileira campeã pan-americana – e que acaba de vencer Uruguai e Argentina em amistosos em Brasília.

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Bom, entre o torneio valendo ouro e o amistoso, já são sete vitórias seguidas. O basquete apresentado no Nilson Nelson foi o mesmo de Toronto? Claro que não. Nem poderia ser, e isso tem mais a ver com o calendário um tanto espaçado e traiçoeiro do que com o nível dos adversários. A seleção teve de ser preparada para um pico de performance, tanto do ponto de vista técnica como do físico de 21 a 25 de julho. Agora, encaminha nova preparação para um torneio que vai começar mais de um mês depois, de maior duração (espera-se…), lembrando que estamos falando de meses nos quais, supostamente, esses caras deveriam estar parados.

Aliás 1: como chamar essa temporada de seleção tão longa? Pré-e-pós-temporada-tudo-ao-mesmo-tempo? Flamengo, Bauru, Murcia… É bom que os clubes estejam atentos desde já em relação ao estado dos atletas em sua apresentação. Por mais jovem que seja o grupo, tem de tomar cuidado.

Aliás 2: se o plano de Magnano é contar com a tropa de choque veterana da NBA nos Jogos do Rio 2016, tanto melhor que não a usasse agora, especialmente depois de uma campanha pela qual só Leandrinho passou incólume.

Aliás 3: a vaga olímpica ter sido garantida ao país-sede vale como um alívio ainda maior considerando os dois fatores acima. Mais a respeito será tratado durante a semana, mas dá para dizer aqui que, esportivamente, comemora-se. Pensando nas constantes vezes que a CBB flerta com o desastre e até mesmo faz da vergonha um eufemismo, não há nada o que festejar, pensando no futuro.

>> Ouro em Toronto só confirma a impressionante ascensão de Augusto Lima
>> Teria Rafael Luz feito o suficiente para se garantir na armação da seleção?

Agora, voltando à quadra. Deu para se notar um certo zum-zum-zum sobre como este Pan não poderia valer tanto assim, já que todos os principais adversários estavam formados por times em versão beta. Inegável isso, mas a seleção brasileira também não era, até a hora que entrou em quadra, favorita a nada.

Benite chegou ao Pan embalado por excelente playoff do NBB

Benite chegou ao Pan embalado por excelente playoff do NBB

O time de Ruben Magnano simplesmente dominou rivais de nível técnico – ou bagagem internacional, no mínimo – equivalente. E dominou devido ao excelente padrão de jogo apresentado. Padrão de jogo que turbina o talento disponível, como em qualquer time campeão. Você não vai vencer só pela técnica ou pela tática. Vai vencer quando as duas andam em conjunto, quando um treinador faz uma boa lista e tira o melhor daquilo que tem em mãos. Não há outro “se”, ao meu ver, para ser ponderado aqui. Acho que podíamos combinar uma coisa: falar que é a seleção jogando. Sem B, C ou D. É o time convocado, que se apresentou, treinou e ganhou.

Foi o que aconteceu em Toronto, e algo bem diferente do que vimos em Guadalajara 2011 ou na Copa América 2013, por razões diferentes. Para o México, Magnano admitiu que reuniu o time já no avião, indo à base de catadão, mesmo. Dois anos depois, na Venezuela, o treinador jurava que contaria com seus principais nomes (mesmo num torneio em que Luis Scola e Greivis Vásquez eram verdadeiras aberrações) e se atrapalhou todo na hora de fazer as emendas necessárias. Ficou com um arremedo de equipe, sem coesão alguma entre as peças, perdendo para Uruguai e Jamaica. O maior vexame sobre o qual se tem nota, na quadra.

Desta vez, com planejamento adequado, tudo mudou. O título pan-americano obviamente começou a partir da convocação, muito mais razoável. Magnano formou uma equipe balanceada. Tão importante também foi o respeito pelo que aconteceu durante a temporada – algo que, por uma razão difícil de compreender, nem sempre acontece. Os nomes podem não ter sido tão revolucionários assim, em termos de material novo, mas foram pinçados todos atletas que jogaram muita bola no Brasil ou na Europa. Benite e Olivinha terminaram o ano voando pelo Fla. Augusto foi um dos cinco melhores pivôs da Liga ACB, sob qualquer avaliação. Rafael Luz se despediu do Obradoiro aclamado pela torcida. João Paulo foi campeão francês. Ricardo Fischer e Rafael Hettsheimeir ganharam quase tudo por Bauru. Marcus já atormenta os atacantes do NBB há tempos. Etc. Etc. Etc. Isso serve para confirmar o talento brasileiro por vezes subestimado. Não precisa de um selo de NBA ou Euroliga para se corroborar a qualidade de um atleta e, principalmente, de uma equipe.

A partir daí, foi entender a melhor forma como encaixar essas peças. Não era tão difícil assim. O grupo tinha bons armadores com propensão ao passe. Rafael e Ricardo podem ser jovens, porém já têm boa cancha, se não em competições pela seleção, mas em jogos de grande relevância por seus clubes. Havia bons arremessadores, com Benite, Meindl, Hetthsheimeir. Pivôs flexíveis como Augusto e Olivinha, e de habilidades distintas que combinavam muito bem, como os bons corta-luzes e cortes para a cesta de Augusto, o jogo de costas para a cesta de JP e mais chute.

De nada adiantaria, porém, se não houvesse química entre esses atletas, e até nesse aspecto a lista é, vá lá, extremamente feliz. É só ver o Marcus vibrando (em vez de urrando de dor), estirado na quadra do Nilson Nelson, depois de cavar uma falta de ataque da Argentina. O ala, agora do Basquete Cearense, é uma das tantas personalidades agrupadas de astral e energia elevados.

Isso não é conversa fiada e facilita o entendimento em quadra. Algo que foi basicamente impecável durante o Pan. A agressividade na marcação exigida por Magnano ganhou também a cobertura de uma defesa interior muito sólida. A boa defesa leva ao contra-ataque, e a execução em transição está no DNA. Quando não houve oportunidade para a definição rápida, o time cumpriu, creio, o melhor ataque em meia quadra sob gestão do argentino, com espaçamento e ritmo.

Por falar em ritmo, retomamos a produção normal do blog nesta semana, acompanhando como a seleção, com essa tempestade perfeita que vimos em Toronto, vai se virar contra oponentes mais qualificados.


A final prometia mais, mas o Fla, tricampeão, não tem nada com isso
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Giancarlo Giampietro

Flamengo, tricampeão, ainda hegemônico no NBB

Flamengo, tricampeão, ainda hegemônico no NBB

Se for pensar apenas no que vimos nas finai do NBB, o Flamengo é o melhor time do Brasil, e disparado. Neste sábado, o clube rubro-negro voltou a dominar o Bauru em quadra, vencendo por 77 a 67 e fechando a série em 2 a 0 para conquistar o tricampeonato. Na terça-feira, havia triunfado por 91 a 69.

Claro que uma avaliação mais justa, porém, deve levar em conta o que aconteceu durante toda a temporada. Os bauruenses garantiram uma vaga na decisão nacional em busca do quarto título no ano, vindo de títulos pelo Campeonato Paulista, pela Liga Sul-Americana e pela Liga das Américas – esta a maior conquista, em março. Uma pena que esses dois grandes times, com elencos estrelados, não tenham se enfrentado no auge.

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Este Flamengo foi muito mais forte que aquele que perdeu, em pleno Maracanãzinho, a semifinal do torneio continental para o Pioneros de Quintana Roo, enquanto o Bauru não lembrou em nada a equipe que bateu os mexicanos para se classificar para a Copa Intercontinental, ganhando o direito de jogar contra o Real Madrid. Entre um Flamengo voando em quadra e um Bauru trôpego, fica difícil de diferenciar onde termina o domínio de um e a derrocada do outro. Estão interligados, obviamente. Fato é que o time carioca não tem nada com isso e jogou demais. “Este ano nem foi o menor nosso, não estávamos regulares no campeonato. Pegamos o melhor time do Brasil no ano, que estava ganhando tudo, mas vencemos com duas partidas incontestáveis”, afirmou o ala-armador Vitor Benite, ao SporTV.

O Fla fez uma excepcional defesa do início ao fim, protegendo seu garrafão como se fosse uma mina de ouro. Não teve infiltração, não teve bandejas nem para os armadores, nem para os pivôs: tudo contestado. Esse foi apenas um ponto. O povoamento na zona pintada estava ligado a um forte combate no perímetro também, sem permitir que os gatilhos bauruenses tivessem liberdade, conforto para pontuar. Serviço completo. Do outro lado da quadra, os rubro-negros foram muito mais conscientes com a bola, que girava de um lado para o outro, procurando bons arremessos, fazendo uso de seu arsenal também para lá de respeitável. O aproveitamento, no final, foi inferior ao do primeiro jogo, mas serviu para confirmar o título.

Ao passo que o campeão paulista se perdeu nos mesmos erros da primeira partida, com um ataque muito individualista, sem velocidade e movimentação. Na base do bumba-meu-boi, no desespero, o time de Guerrinha ainda conseguiu tirar 13 pontos de sua desvantagem, mas era tarde demais. “Eles começaram a meter muita bola, tentando dar um susto na gente, mas nossos três quartos muito superiores fizeram a vitória”, disse Benite, que vive ótima fase, dentro de quadra e diante dos microfones, com lucidez. Ele marcou 15 pontos em 25 minutos dessa vez, com um jogo muito agressivo e consciente. Ao lado de Nícolas Laprovíttola, fez estragos. O argentino foi quem levou o prêmio de MVP das finais, colaborando com 19 pontos, 7 rebotes e 4 assistências em 34 minutos, dominando Ricardo Fischer.

Uma foto que diz muito: a dificuldade para Bauru atacar

Uma foto que diz muito: a dificuldade para Bauru atacar

Robert Day, aquele do Bolsa Atleta, comandou ataque nessa parcial, chegando a 23 pontos, com 18 nos tiros de fora. Mas não dá para esquecer que o ala americano, aquele contemplado por uma Bolsa Atleta, teve uma atuação praticamente calamitosa do outro lado da quadra. Basquete se faz lá e cá – e o igualmente veterano Larry Taylor teve um papel mais importante no esboço de reação, com sua energia (11 pontos, 7 rebotes, 6 assistências).

Nem mesmo este quarto final foi suficiente para deixar os índices ofensivos de Bauru mais palatáveis. Terminaram com 31% nos arremessos de três (9/29) e meros 36,8% de dois (14/38), com Murilo vivendo uma jornada muito infeliz (apenas 2 pontos em 23 minutos, acertando apenas uma bola debaixo da cesta em seis tentativas). Faltou perna, mas também faltou cabeça, resultando em números que não condizem com o que o time produziu durante toda a temporada – que é, de todo modo, histórica sob qualquer perspectiva, a despeito da frustração no final.

Já o Flamengo começou sua campanha batendo o Maccabi Tel Aviv pela Copa Intercontinental e a fechou com mais esta taça nacional. Entre um evento e outro, muita coisa aconteceu. “Oscilamos muito”, disse Marcelinho Machado, agora tetracampeão, que chegou a ser afastado do elenco ao reclamar do banco de reservas. José Neto e sua comissão conseguiram contornar esse momento de turbulência, com seu capitão, diga-se. Também conseguiram driblar o calendário um tanto maluco – o Flamengo já teve de disputar sua principal partida logo de cara, duelando com o campeão europeu. Depois, se mandou para os Estados Unidos para fazer amistosos em Phoenix, Orlando e Memphis. A preparação física e a montagem do time acabam abaladas, não tem como. “Mas crescemos no momento certo. Contra Bauru, uma grande equipe, fizemos dois jogos brilhantes”, diz Marcelinho.

A final prometia mais. Muito mais, é verdade. Mas isso não tira o brilho da conquista da equipe rubro-negra, ainda hegemônica quando o assunto é NBB.

Flamengo, tetracampeão, tricampeão, NBB, Marília

Marcelinho ergue a taça mais uma vez

Qualquer alegria para Herrmann é pouco: campeoníssimo e história muito sofrida

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Laprovíttola com o compatriota Magnano, felizmente presente no ginásio

Laprovíttola com o compatriota Magnano, felizmente presente no ginásio

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O que prometia mais também era a exposição da decisão para o basquete brasileiro. Desde o início da competição, a pareceria entre a LNB e a Globo prometia a transmissão da série em rede nacional, com sinal aberto. Não foi bem assim. O confronto deste sábado, em Marília, foi transmitido pelo “Canal 5” apenas para o Rio de Janeiro e algumas praças do interior paulista (TV Tem, TV Tribuna, TV Diário e TV Vanguarda ). Para as demais regiões do país, “TV Globinho” neles – coube ao SporTV dar a cobertura esportiva.

A troca de última hora deixou muita gente frustrada. “Decepcionante: aqui em Belo Horizonte e outros estados, estarem passando a ‘abelhinha”‘ao invés da final do NBB! Massificação do esporte? Sacanagem”, lamentou o técnico Demétrius, que fez ótimo trabalho com o Minas Tênis, quinto colocado na fase de classificação. “Além de não passar na Globo a final do NBB… No SporTV, não está em HD, confere?”, indagou Gustavo de Conti, treinador vice-campeão do NBB 6 pelo Paulistano.

O ginásio Neusa Galetti estava belíssimo neste sábado, a despeito do horário ingrato. Prova de potencial do NBB

O ginásio Neuza Galetti estava belíssimo neste sábado, a despeito do horário ingrato. Prova de potencial do NBB

O aspecto logístico da final realmente esteve longe do ideal. Sim, transmissão em TV aberta para o Rio de Janeiro e cidades do interior paulista, um pólo de basquete, é melhor do que nada. Mas os pontos em que a liga precisou ceder também são relevantes. Tivemos dois jogos em horários difíceis de assimilar. A primeira partida foi marcada para 21h30 de uma terça-feira, na longínqua Arena da Barra, de difícil acesso, ainda mais para voltar para casa 23h30. O duelo derradeiro teve início às 10h da matina. Horários ingratos e datas muito espaçadas – Marília está a 105 km de Bauru, forçando a galera a cair na estrada bem cedo. Que o ginásio neste sábado estivesse cheio, belíssimo, só serve de testamento para o potencial da modalidade, que pode ser mais bem explorado.

Uma final melhor-de-três é bem melhor que a de jogo único. Mas perde para a melhor-de-cinco, não? E por que, então, este sistema não foi adotado, já que o formato já seria alterado? Por conta do acerto com a TV. A Globo poderia passar os últimos dois embates – o Jogo 2 e um eventual Jogo 3. Ficaria mais simples. Acontece que não teve terceira partida, e nem mesmo a finalíssima ganhou o alcance nacional merecido.

De qualquer forma, no âmbito esportivo, o Flamengo tratou de amenizar a polêmica. Considerando o que vimos em quadra por 70 dos 80 minutos de jogo, uma série de até cinco partidas muito provavelmente terminaria com varrida de 3 a 0.

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Bom, segue o jejum paulista no NBB, né? O último campeão brasileiro vindo de São Paulo foi o Ribeirão Preto, em 2003. Continua também a bipolarização Flameng0-Brasília, os únicos campeões nacionais nesta fase. A diferença é que agora os rubro-negros se tornaram os maiores vencedores, com quatro taças. Marcelinho foi o único presente em todas essas conquistas.


Para Bauru, ao menos a final continua. No 1º jogo só deu Flamengo
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Giancarlo Giampietro

Foram 15 pontos e 7 assistências para Laprovíttola, em 26 minutos

Foram 15 pontos e 7 assistências para Laprovíttola, em 26 minutos

Quando você junta em quadra uma equipe que está se arrastando e outra que está voando, chegando ao auge, pode dar isto, mesmo: 22 pontos de vantagem, não importando que esteja valendo taça. Na abertura da decisão NBB 7 nesta terça-feira, um Flamengo para lá de determinado atropelou o trôpego Bauru por 91 a 69, no Rio de Janeiro.

Após uma surra dessas, se há algo que pode servir de consolo para o time de Guerrinha, dono da melhor campanha da fase de classificação, é o fato de a final do campeonato nacional ter adotado o formato de melhor-de-três neste ano. Os bauruenses têm, então, a chance de se rever seu erros e se recuperar. Só não dá para dizer que seja em casa, já que terão de jogar em Marília, no próximo sábado, para tentar evitar um tricampeonato para o Fla.

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Para quebrar a hegemonia rubro-negra na competição, vão precisar promover uma reviravolta drástica em relação ao que vimos numa Arena da Barra que poderia estar mais cheia e vibrante. Pois não lembraram nem de longe o conjunto que já conquistou três títulos na temporada – Paulista, Liga Sul-Americana e Liga das Américas. Esteve, porém, com a mesma voltagem das partidas contra Franca e Mogi nas últimas semanas. A diferença é que agora encara um adversário ainda mais qualificado.

Guerrinha pedia energia. Mas faltou mais que isso

Guerrinha pedia energia. Mas faltou mais que isso

O sistema ofensivo Bauru já não tem o mesmo ritmo e a mesma fluência da primeira metade da temporada. Isso tem a ver com a perda em velocidade, seja pelo desfalque de Jefferson William como pelo desgaste de tantos jogos? Certamente. Mas não é só. Falta movimentar a bola, que tem empacado com facilidade. Nesses momentos de adversidade, os atletas têm procurado a definição por conta própria.

Do outro lado, um Flamengo na ponta dos cascos, muito mais ativo e organizado, numa combinação perfeita para um resultado estrondoso desses. Os atuais bicampeões tiveram forte pegada defensiva desde o início, desestabilizando a armação dos paulistas, congestionando seu garrafão, também sem permitir arremessos livres de fora.

Fischer, Alex, Larry tentavam infiltrar e davam de cara com dois defensores, invariavelmente. O resultado: turnovers e bandejas e chutes forçados em flutuação. Bem postados, os defensores dominaram os rebotes – destaque para a atuação do jovem Cristiano Felício, que já marca melhor que o americano titular, com um deslocamento de pés muito rápido para alguém de seu tamanho. Sabe fechar espaços como veterano. Bauru converteu apenas 36% dos arremessos de quadra, sendo que, nas bolas de dois pontos, foram 42,1%. Muitos erros, muitos rebotes, e o contra-ataque facilitado.

O time da casa venceu a disputa nas duas tábuas por 27 a 12 no primeiro tempo, e aí o estrago já era gigantesco, com o placar sinalizando 49 a 28. No final, a vantagem nos rebotes ficou em 43 a 31. “Viemos preparados para disputar cada bola. Acho que foi o grande diferencial da equipe hoje. Todos brigando pelos rebotes e cobrindo na defesa, algo importante para enfrentar um time que pode jogar com até cinco homens aberto. Conseguimos defender muito bem, anulamos alguns jogadores deles por boa parte do jogo”, afirmou o ala Marquinhos, ao SporTV.

Defesa em postada do Flamengo

Defesa do Flamengo: chute contestado e linha de passe fechada

O Flamengo foi o time mais veloz e mais físico em quadra, amplamente superior no jogo interno tanto no ataque como na defesa. Rafael Hettsheimeir e Murilo acertaram juntos apenas 5 de 15 arremessos de dois pontos, sem espaço para operar no garrafão. Isso teve a ver com energia (o termo usado por Guerrinha em diversos pedidos de tempo), claro, manifesta na disposição defensiva dos atuais bicampeões, mas não dá para explicar uma lavada dessas só por essa via.

Bauru sente muito a falta de Jefferson William, por ser um ala-pivô leve e bom de rebote. É o contraponto perfeito para Olivinha e Herrmann. A dupla de pivôs de hoje tem muita técnica e força, mas é bem mais lenta, comendo poeira em transição e também apresentou dificuldade para completar as rotações defensivas nesta terça. Claro que não ficam apenas na conta dos grandalhões os 91 pontos flamenguistas. Teve cesta para todo mundo: Vitor Benite marcou 16, seguido pelos 15 de Laprovíttola, Marquinhos e Olivinha.

No ataque, Jefferson ajuda a espaçar a quadra para facilitar a vida dos armadores. Mas o time teve tempo para se ajustar a esse desfalque e até ganhou a Liga das Américas com esta formação. Contra o Fla, porém, aconteceram investidas individuais em excesso e nenhuma fluidez. No terceiro período, deu para contar, por exemplo, até cinco posses de bola seguidas sem que nem mesmo três passes fossem trocados.

“Não falo que tenha falado energia, falo que faltou inteligência, e isso foi minando nossa força. Disposição teve, mas faltou cabeça”, disse Alex, ao SporTV. “Essa não foi a nossa equipe. Jogamos de modo errado, no ataque e na defesa. A gente facilitou para que eles tivessem esse aproveitamento. Tem de esquecer e focar na segunda partida.”

Depois da torção de tornozelo de Murilo, Guerrinha escalou quatro abertos ao lado de Rafael ou Thiato Mathias. O panorama mudou um pouco. Bauru já venceu o quarto período por 26 a 21. Isso poderia já representar um começo, mas seria injusto com o Flamengo, que tinha a partida absolutamente resolvida com menos de meia hora de duração. O jeito, mesmo, é correr para Marília, renovar o fôlego e encontrar outro rumo em direção à cesta. E essa é só metade do problema. Pois o Flamengo está jogando muita bola.


CBB divulga time do Pan, rodeada por questões financeiras e políticas
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Giancarlo Giampietro

Um dos treinadores da seleção no Pan está na foto

Um dos treinadores da seleção no Pan está na foto

Começou, e daquele jeito.

ACBB divulgou nesta segunda-feira a primeira lista de Rubén Magnano para a temporada 2015 da seleção brasileira. Foram 12 atletas relacionados para a disputa do Pan de Toronto, a partir do dia 21 de julho. Não consta nenhum  nome da NBA. Em relação ao time da Copa América do ano passado, são apenas três caras. Até aí tudo normal, compreensível. O inacreditável, mesmo, é que, a menos de dois meses para a competição, o argentino não sabe se vai para o Canadá, ou não, já que a Fiba ainda não se posicionou de modo definitivo a respeito de uma vaga para o Brasil no torneio olímpico do Rio 2016.

Para quem está por fora do ba-fa-fá, é isso aí: a federação internacional faz jogo duro e ameaça acabar com essa história de posto automático para o país-anfitrião nos Jogos. Algo com que até mesmo a Grã-Bretanha, sem tradição alguma, com um catado de jogadores, foi agraciada em 2012. Por quê? Pelo simples fato de a CBB enfrentar problemas para pagar uma dívida com a entidade, conforme relatam Fabio Balassiano e Fabio Aleixo. Dívida que decorre do pagamento de US$ 1 milhão por um humilhante convite para a disputa da Copa, depois de um fracasso na Copa América de 2013, no qual a seleção saiu sem nenhuma vitória e com derrotas até para Jamaica e Uruguai. Lembrando que faz tempo que a confederação nacional está no vermelho e hoje faz um apelo em Brasília por algum patrocínio estatal para complemento de renda.

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Quer dizer: nos bastidores, o Brasil já está sendo derrotado, e isso não ajuda em nada a vida de um técnico. Seja um campeão olímpico que nem Magnano ou um bicampeão do NBB, como José Neto, a quem caberia o comando da seleção pan-americana caso o argentino precise concentrar esforços na equipe da Copa América, o torneio que classifica as equipes do continente para as Olimpíadas. Ambos os técnicos trabalham juntos há anos, e, numa eventual divisão de esforços, supõe-se que não haverá problema de choque de gestão. Mas, claro, não é um cenário ideal.

Escritório de Carlos Nunes ainda aguarda o fax da Fiba

Escritório de Carlos Nunes ainda aguarda o fax da Fiba

Há dois meses, assistindo a embate entre Flamengo e Mogi, numa de suas raras aparições públicas durante a temporada 2014-15, o treinador principal da CBB  julgou que havia “muita possibilidade” de que não iria para o Pan.  O torneio de basquete dos Jogos de Toronto vai ser disputado entre os dias 21 e 25 de julho. Já a Copa América vai ser realizada no México a partir de 31 de agosto. “As datas de preparação batem e não posso me descuidar. O foco está na classificação para os Jogos Olímpicos”, afirmou.

Caçulas da NBA estão fora
Outro conflito de agenda ligado à metrópole canadense resultou na exclusão de dois nomes da lista pan-americana: Bruno Caboclo e Lucas Bebê. No caso, a restrição é da parte do Raptors, a única franquia canadense da NBA, que solicita a presença do ala e do pivô no time que vai disputar a Liga de Verão de Las Vegas de 10 a 20 de julho. Os dois estavam nos planos para esse time mais jovem, mas nem foram convocados. Ao menos este foi um avanço, para se evitar o desgaste de uma convocação que certamente resultaria num pedido de dispensa.

“Quero agradecer ao Magnano por ter sido compreensivo e continuar acreditando em mim. É uma decisão difícil, deixar de disputar um campeonato como o Pan, especialmente na cidade em que eu moro atualmente, mas é um investimento que estou fazendo na minha carreira, preciso me dedicar ao Toronto nesse verão”, disse Bebê, em comunicado. “Ele entendeu meus motivos e agradeço. Deixei claro que pode contar comigo, mas que esse era um momento de mostrar meu basquete e buscar meu lugar no Raptors para a próxima temporada. Quero que o meu futuro seja na Seleção Brasileira, ter a minha história com a camisa do Brasil, e vou fazer o meu máximo para que isso aconteça”, completou Caboclo, no mesmo despacho.

Temporada teve mais atividades extraquadra do que em jogos oficiais

Temporada teve mais atividades extraquadra do que em jogos oficiais

Aqui vale uma observação: o Raptors investiu muito para contratar os brasileiros, e a liga de verão é encarada pela diretoria como um evento importantíssimo para o estabelecimento de ambos os jogadores, que tiveram pouquíssimo tempo de jogo em uma temporada cheia de percalços na liga americana. Ambos precisam mostrar serviço, ainda mais depois do frustrante desempenho que o time teve nos últimos meses, até ser varrido pelo Washington Wizards nos playoffs. Mais: se os dois mal jogaram durante o ano, não dá para dizer que mereciam um lugar automático na seleção. Devido ao potencial, poderiam ser chamados, mas o  justo era que lutassem por uma vaga durante o período de treinos.

Os caras do Pan
Até porque a lista divulgada sob a capitania por Magnano é forte, com alguns nomes jovens, mas já de boa rodagem internacional. O destaque da convocação fica por conta do pivô Augusto Lima, um dos atletas que mais se valorizou na temporada europeia, arrebentando pelo Murcia, da Liga ACB. Raulzinho, seu companheiro de clube, e Rafa Luz, também muito elogiado pelo campeonato que fez pelo Obradoiro, são os demais estrangeiros. De resto, nove caras do NBB, divididos entre os finalistas Bauru (três) e Flamengo (dois), além de Franca, Limeira, Mogi e Pinheiros, com um cada. São eles: Ricardo Fischer, Larry Taylor, Vitor Benite, Leo Meindl, Marcus Toledo, Olivinha, Rafael Mineiro, Rafael Hettsheimeir e Gerson do Espírito Santo.

Rafael, Augusto e Raul: boa temporada na Espanha e entrosamento

Rafael, Augusto e Raul: boa temporada na Espanha e entrosamento

Oito desses atletas disputaram o Sul-Americano de 2014, em Isla Margarita, na Venezuela: os três ‘espanhóis’, Benite, Meindl, Olivinha, Mineiro e Hettsheimeir – ficaram fora Gegê, Arthur, Jefferson William e Cristiano Felício. O que supõe uma continuidade de trabalho. Sob a orientação de José Neto, terminaram u com a medalha de bronze, derrotados pela Argentina na primeira fase e pelos anfitriões na semifinal. Foram partidas equilibradas e inconsistentes de um time com potencial para ser campeão. Fischer estava na lista preliminar, mas foi cortado por lesão. Gerson, uma das boas novidades do NBB, é estreante de tudo. Marcus retorna a uma lista oficial pela primeira vez desde a era Moncho, se não falha a memória. Embora, no meu entender, não tenha feito um grande NBB, Larry aparece como uma espécie de homem de confiança da seleção, tendo participado de todas as principais competições desde 2012.

É um grupo com muito talento, de qualquer forma, com jogadores versáteis e um bom equilíbrio entre velocidade, força física e capacidade atlética. “Formamos um grupo de trabalho que mescla jogadores experientes e jovens que vão atuar pela primeira vez na seleção adulta. O importante é que temos um bom tempo de preparação. Posso garantir que é uma equipe bastante sólida e alguns atletas poderão ser convocados para a Copa América”, disse Magnano, que começará a trabalhar com os atletas no dia 14 de junho, em São Paulo, tanto no Paulistano como no Sírio. Resta saber apenas se ele vai estar no Canadá, ou não. Era para ser uma reposta simples, mas, quando o assunto é a confederação nacional, isso tem se tornado cada vez mais raro.

Boi na linha
Se Magnano não compareceu ao fim de semana do Jogo das Estrelas do NBB, em Franca, em março, o presidente da CBB, Carlos Nunes, ao menos esteve por lá. Em entrevista à repórter Karla Torralba, o dirigente já havia descartado a presença do argentino no Pan. Bom, parece que ele se antecipou um tanto, né? Na ocasião, afirmara que um problema relacionado à mudança do treinador para o Rio de Janeiro seria uma barreira para tanto. Não fazia o menor sentido a declaração. Agora, como vemos, a questão era mais complicada. No mesmo texto, para constar, tivemos mais esta frase aqui: “Vamos ter todos os melhores jogadores. Ainda temos que conversar a liberação dos atletas da NBA, mas a intenção é mandar todos”. Também não foi bem isso o que aconteceu. Havia uma preocupação política: agradar ao COB, lutando por medalha no Pan, para fortalecer o currículo desportivo brasileiro às vésperas de uma Olimpíada em casa. Ainda não sabemos qual o nível das equipes que vai para o torneio. O Canadá promete ser forte – Andrew Wiggins e Kelly Olynyk já sinalizaram que vão participar. Os Estados Unidos, por outro lado, vão com um time alternativo. Mark Few, técnico de Gonzaga, deve mesclar universitários e profissionais, mas não gente da NBA. Talvez atletas da D-League ou do mercado europeu.


Impropérios, afastamento e… o fim da linha para Marcelinho?
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Giancarlo Giampietro

Campeão contra o Maccabi, ainda idolatrado... E não é o bastante?

Campeão contra o Maccabi, ainda idolatrado… E não é o bastante?

Na mesma semana em que demos destaque aqui a Márcio Dornelles, um dos três basqueteiros nacionais que vão chegar ao clube dos quarentões neste ano, sai diretamente do vestiário do Flamengo uma notícia deprimente envolvendo o mais velho deles, Marcelinho Machado.

Segundo apuração dos companheiros de casa, Fábio Aleixo e Pedro Ivo Almeida, o camisa 4 basicamente já não estava nada contente com a redução dos seus minutos na temporada. Aí que ter começado os últimos jogos no banco de reservas foi o fim. No vestiário, depois de vitória sobre o Minas Tênis na terça-feira, partiu, então, para o confronto verbal com o técnico José Neto, usando de toda a sorte de impropérios para manifestar seu descontentamento. A diretoria intercedeu, protegendo seu treinador, e afastou Marcelinho do jogo contra o Uberlândia. Para vermos como não se tratou de uma discussão corriqueira.

A gente poderia apelar aqui ao politicamente correto e dizer que Machado, que vai completar 40 anos em abril, deveria ser justamente aquele a dar o exemplo. Não só pela idade, mas também por seu currículo, de diversas competições de seleção e histórico recente riquíssimo pelo Flamengo. Pontos válidos, claro. Mas o que me chama mais a atenção, mesmo, é o fato de o ala não entender ou não querer aceitar o que se passa ao seu redor. Uma situação que serve como a metáfora perfeita de uma carreira para qual o adjetivo “polêmica” soa como eufemismo.

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A habilidade de Marcelinho com a bola é inegável, em que pese aqui o ranço de anos e anos de campanhas frustradas da seleção que serviram para elegê-lo como o principal alvo de críticas da torcida. Só mesmo a ausência de Nenê aqui e ali para desviar o foco dos chutes de três contestados do veterano.

Sim, ele exagerou muitas vezes com a bola em mãos. Ao mesmo tempo, porém, poderia surpreender a todos com passes que demonstravam uma visão de quadra fora do normal. O problema era (é!?) justamente este: nem sempre o carioca entendia ou – creio mais nisto – queria entender, enxergar todas as movimentações possíveis em quadra. Partia ele para a definição, e que o time e os companheiros se virassem com as consequências. Pois ele, confiante que só, não temia nenhum desfecho. E o Técnico X observando, talvez refém de seu talento.

(Antes que os mais enfezados cuspam marimbondos, favor entender que estou me referindo a um Marcelinho de dez anos atrás, quando a marca que ele se aproximava era a dos 30 anos. Uma época em que ele sobrava quando competia com o segundo escalão das Américas – em 2005, liderou o Brasil a um título continental com 23,4 pontos, 5,2 rebotes e 5,6 assistências em média. Era um torneio sem EUA e sem geração dourada argentina? Sim. Só não se esqueçam do que aconteceu na edição 2013, na qual, com as mesmas condições, já foi possível perder para Jamaica e Uruguai.)

Acontece que Marcelinho comprou uma boa briga agora. Neto ganhou poder e respaldo nos bastidores rubro-negros depois do bicampeonato nacional e das conquistas inéditas da Liga das Américas e da Copa Intercontinental. Se Machado estivesse fazendo chover dentro da Arena da Barra ou do ginásio do Tijuca, já seria difícil o ‘embate’. Agora, quando o cara vem de uma sequência horrorosa em quadra, na qual marcou apenas 14 pontos em três partidas, vai falar o quê? Contra Liga Sorocabana, Bauru e Minas, ele arriscou 17 arremessos e converteu o grande total de dois. Sim, dois chutes certos, de longa distância, em 17 tentativas. O restante dos pontos veio apenas na linha de lance livre.

Azedou

Azedou

Embora fosse alto, com boa envergadura e inteligente, nem mesmo no auge dá para dizer que o camisa 4 foi um marcador minimamente atento e dedicado. A essa altura da vida, sabemos que ele não causa impacto algum pelo Flamengo na hora de defender. Se a bola não cai do outro lado da quadra, é só fazer as contas…

Nas primeiras 16 partidas da temporada, o mínimo que Marcelinho havia jogado foram os 17 minutos que recebera contra Limeira, jogo no qual teve participação praticamente nula em quadra: 3 pontos, 2 assistências, 1 rebote e 1/3 nos arremessos. De resto, seu tempo de quadra havia flutuado entre 20 e os 33 minutos que teve contra Macaé, no dia 22 de dezembro.

Nos últimos dois jogos, contra Bauru e Minas, a mudança: ficou em 19 e 17 minutos, respectivamente. No confronto com a atual melhor equipe do Brasil, saiu de quadra com cinco pontos de lance livre e nenhum nos arremessos de quadra. Contra o time de Demétrius, teve a chance de arriscar uma bola de longa distância e só.

Em termos de médias, são 12,6 pontos, 2,4 rebotes e 2,1 assistências na temporada, já computando as últimas partidas sôfregas. É um bom rendimento para um coadjuvante. Mas esse papel parece não agradar, não ser o bastante para Marcelinho, que tem médias no NBB de 22,4 pontos 4,7 reboes e 3,0 assistências.

Não me recordo de momento algum de sua carreira no Brasil em que estivesse tão, digamos, discreto em quadra como nesses últimos dias. Ele, também, muito provavelmente não se lembra. Vem daí o choque. Mas só é choque se for para acreditar, mesmo, que ainda tem fôlego e recursos técnicos para se manter como um sério protagonista do time.

Rodeado de bons jogadores, Marcelinho ainda ganhou um prêmio de MVP na Liga das Américas do ano passado

Rodeado de bons jogadores, Marcelinho ainda ganhou um prêmio de MVP na Liga das Américas do ano passado

Desde a chegada de Marquinhos ao time, sabemos bem quem tem ou deveria ter a prioridade como força criativa. São raríssimos os casos de defensores do NBB que consigam frear o ala quando ele está decidido a bater para a cesta, devido a seu controle de bola e atributos físicos.

Obviamente, não são apenas os dois para dividir a bola. Olivinha trabalhou duro o bastante para se tornar uma arma perigosa dentro-e-fora. Nícolas Laprovíttola tem facilidade para buscar as infiltrações. Jerome Meyinsse domina a tábua ofensiva. Foi esse o Flamengo que encheu a sala de troféus. Para esta temporada, ainda chegou um Walter Herrmann para contar boas histórias. Ah, e Vitor Benite estava plenamente recuperado de sua cirurgia no joelho.

São muitas alternativas. Num time desses, o coitado do Felício só ganha 12 minutos por jogo (um desperdício absurdo de um potencial enorme, aliás). Que tipo de números e envolvimento Marcelinho esperava? Aos 39 anos, rodeado por tanto talento? O Fla não esperava e,mais importante, não precisava de um ano heróico do veterano, que desfruta, mesmo assim, de um ótimo salário (quando ele cai na conta, claro).

Existe a possibilidade, agora, de ele ser dispensado, dependendo do quão desconfortável a diretoria se sinta. É uma decisão delicada, e a química do vestiário, dependendo de como as coisas forem feitas, pode se esvair. Como se, com a bola quicando, o time já não tivesse problemas o bastante para resolver.

Se formos nos teletransportar para mais uma cidade praiana, mas bem lá para cima, chegando a Los Angeles, temos o ocaso de um combalido Kobe Bryant, estrela solitária num Lakers que luta contra os pesos pesados da Conferência Oeste da NBA. Enquanto aguentou, o astro conseguiu seus números, bateu seus recordes e tal, mas com uma ineficiência alarmante e, pior, perdendo uma atrás da outra.

Marcelinho tem o luxo, na Gávea, de ser escoltado por gente que pode muito bem, obrigado, assumir maior carga e responsabilidades. De estar perto da aposentadoria brigando por troféus, sendo ainda uma figura adorada por uma torcida tão apaixonada e apaixonante como a rubro-negra.

A não ser que surjam outras informações que contextualizem a ira do veterano, virar as costas para um cenário desses parece bem mais grave do que ignorar um pivô livre debaixo da cesta. Seria o arremesso mais errado que ele poderia arriscar.