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Jukebox NBA 2015-16: “San Francisco”, para o campeão Warriors
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Giancarlo Giampietro

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Vamos lá: a temporada da NBA se aproxima rapidamente, e o blog inicia sua série prévia sobre o que esperar das 30 franquias da liga. É provável que o pacote invada o calendário oficial de jogos, mas tudo bem, né? Afinal, já aconteceu no ano passado. Para este campeonato, me esbaldo com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que sempre acho divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “San Francisco”, por Scott McKenzie.

Por quê? Hã… a ligação mais óbvia é a geográfica. Uma ponte de sete quilômetros de extensão liga Oakland a San Francisco. A proximidade à metrópole californiana, de certa forma, ofusca a atual sede, e o próprio nome da franquia entrega isso: estamos falando dos guerreiros do Golen State, e, não, de Oakland. Além disso, os proprietários do clube não escondem a intenção de levar o time de vez para lá, encaminhando a construção de mais uma dessas arenas ultramodernas, sonhando inclusive com a mudança já para 2017, ainda que uma estimativa mais conservadora valha para 2018.

Sim, tal como na primeira linha da letra do clássico de McKenzie, “eles estão indo para San Francisco”, e parece que não há seus torcedores possam fazer, mesmo que eles estejam entre os mais fanáticos da liga e que estejam enfim curtindo uma fase vencedora depois de duas décadas levando pancadas. O dinheiro é que está chamando aqui, e não pessoas gentis com flores no cabelo.  Mas há uma razão mais legal ainda para escolher esta música – e que, magina, não nada a ver com o fato de ser considerada uma das mais bonitas da história na opinião de um certo basqueteiro.

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O hit de 1967 vem numa época em que a região da baía estava fervendo e fritando miolos por assim dizer, com o boom de uma geração hipponga com aquela ânsia de se libertar de qualquer amarra, preconceito ou figura de autoridade que pudessem lhe enfezar. Ali, em São Francisco, temos uma das poucas metrópoles em que esse legado realmente perdurou, em que pese a ascensão high-tech do Vale do Silício.  Há 50 anos, a galera estava pensando em migrar para o Oeste, para a Baía em busca desse clima. “Por toda a nação (há) uma vibração estranha. As pessoas em movimento. Há toda uma geração com uma nova explicação”, canta o trovador todo paz-e-amor.

É que, se formos pensar no que se passa com a NBA hoje, existe também uma nova geração que ganhou no Warriors seu maior símbolo: vencer com o arremesso de três pontos sendo uma arma relevante, o jogo rápido e vistoso, mas sustentando uma das melhores defesas. Como Phil Jackson está de prova, esse movimento causa estranheza em muitos círculos da liga ainda. Mas a revolução festiva que o time apronta não se limita ao conceito tático. E, para fazer jus à vocação hipster, sua diretoria é pautada por mentes abertas, em diálogo constante e progressista, ouvindo um ícone da velha guarda como Jerry West ou um membro do estafe de Steve Kerr que nem 30 anos tem.

CLEVELAND, OH - JUNE 16: The Golden State Warriors celebrates with the Larry O'Brien NBA Championship Trophy after winning Game Six of the 2015 NBA Finals against the Cleveland Cavaliers at Quicken Loans Arena on June 16, 2015 in Cleveland, Ohio. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this photograph, user is consenting to the terms and conditions of Getty Images License Agreement. (Photo by Ezra Shaw/Getty Images)

Campeões

A pedida? O bicampeonato. É bem curioso até. O Golden State tem uma base jovem ainda. Em relação ao elenco que ganhou o primeiro título da franquia em 40 anos, pouco, ou quase nada foi alterado. Até mesmo a mudança mais significativa pode ser considerada uma melhoria para Steve Kerr, que nem precisava de reforços, uma vez que, com um plantel com tantos atletas versáteis, ele já tinha como alterar uma partida olhando apenas para o banco de reservas, sabendo bem como utilizá-las.

Não que Jason Thompson seja um jogador superior a David Lee. Mas, para o papel que pode caber ao ex-pivô do Sacramento Kings, com minutos esporádicos e pouco volume no ataque, o que ele tem a oferecer é mais valioso, como a boa defesa em situação de pick and roll e no fechamento de espaços no lado contrário. Também tem físico e impulsão para ajudar no rebote e provavelmente pode surgir como um concorrente para Mareese Speights, que é um arremessador de média distância mais qualificado. Além disso, para complementar o banco, estão dando uma chance a Ben Gordon, que seria mais um chutador emergencial, no caso de alguma lesão para Leandrinho ou os dois All-Stars titulares. Desde que o britânico, claro, entenda que seus dias de referência ofensiva já acabaram.

Jason Thompson, um cara de sorte. Saiu de Sacramento para isso

Jason Thompson, um cara de sorte. Saiu de Sacramento para isso

De resto, é a mesmíssima base vencedora, com todos os papéis na rotação pré-definidos. E isso, meus caros, vale muito. Ou por acaso vamos ignorar que, dentre tantos fatores que nos ajudam a entender o o duradouro sucesso do San Antonio Spurs, termos como “continuidade”, “química”, “cultura” apareciam constantemente no topo da lista? Depois de “Tim Duncan”, claro. Pois é. O raciocínio deve se aplicar da mesma forma aqui.

Agora, segundo a impressão dos jogadores do Warriors, não vem acontecendo. Eles não sentem que, entre insiders e jornalistas da liga, estejam recebendo o devido respeito.Veem todos falarem sobre Rockets, Clippers e, claro, o próprio Spurs, o que não deixa de ser irônico, já que o clube texano passou por uma de suas intertemporadas mais agitadas e com uma grande troca de jogadores, ao menos para o padrão da gestão Popovich e Buford.

E quer saber do que mais? No final das contas, isso só joga contra a concorrência de Chef Curry & Cia. Depois de um título, uma das grandes ameaças é justamente o relaxamento ou a temerosa “Doença do Mais” – aquele mal que Pat Riley, o Dr. PHD em Estruturas Vitoriosas, já registrou em seus estudos, em que a gana por maior reconhecimento, mais minutos, mais arremessos e badalação pode fazer ruir um time campeão. Com a percepção de que há desconfiança ou descrédito em torno de seu título, a turma de Steve Kerr tem mais motivos para fortalecer sua união. Há apenas o contrato de Harrison Barnes para se resolver.

Nesse ponto, a declaração de Doc Rivers de que o Golden State possa ter tido “sorte” no último campeonato pode ser o maior tiro pela culatra de sua gestão, superando Spencer Hawes e dependendo do que for acontecer com aquele tal de Lance Stephenson. Por que Rivers falaria uma bobagem dessas? O técnico e manda-chuva do Clippers pode até achar que seu rival de divisão foi sortudo de ter escapado de um confronto com sua equipe ou com o Spurs nos playffs. Mas, vem cá: por que exatamente o Clippers não estava na final de conferência para desafiá-los? Ah, por ter sofrido um dos maiores colapsos de que se tem notícia na história recente dos playoffs? Algo que teve a ver com o esgotamento de sua equipe, devido ao excesso de minutos da temporada regular já que seu banco de reservas era uma piada ambulante? Sei.

Stephen Curry certamente vai ser mais marcado neste ano. E vai adiantar de algo?

Stephen Curry certamente vai ser mais marcado neste ano. E vai adiantar de algo?

E, para seguir no campo da “sorte”, talvez seja tenha sido isso mesmo que aconteceu com os campeões, que, não por coincidência, foram aqueles que menos minutos perderam devido a lesões durante toda a competição. Ou, quiçá, o acaso tenha passado longe aqui, já que o Warriors tem uma comissão técnica, um estafe médico e uma diretoria irrequietos e em perfeita sintonia, sempre dispostos a adotar medidas pouco usuais no dia a dia da liga se elas puderem significar menor probabilidade de desgaste para seus atletas. Claro que lances de azar acontecem, como cotovelada violenta na disputa por um rebote ou uma torção de tornozelo. Agora, favor notar que, após ser visto como um atleta com as articulações de vidro, Curry perdeu um total de apenas dez partidas nas últimas três campanhas.

Em termos de problemas médicos, a grande questão em torno do clube fica por conta da saúde de Steve Kerr. Que coisa, hein? O treinador está afastado do time por tempo indeterminado para se reabilitar de duas cirurgias nas costas. Ele simplesmente rompeu um disco durante o Jogo 5 das finais. Ao retornar ao trabalho para o training camp, admitiu que suas férias foram basicamente infernais por conta disso. Técnico ganha jogo? Estamos prestes a conferir, ainda mais com a saída de Alvin Gentry para New Orleans. Quem fica responsável pela condução da equipe, por ora, tem pouca experiência no assunto. Luke Walton, senhoras e senhores! Está certo que o ex-ala do Lakers esteve envolvido com o basquete desde a época de fraldinha. Que era um jogador muito inteligente. Que ainda terá Ron Adams ao seu lado como grande ajuda. Que seu time não deve ter dificuldade para levar o sistema adiante. Mas não deixa de ser uma situação curiosa para se observar, dependendo de quanto tempo Kerr ficará longe. No Oeste competitivo, qualquer deslize pode significar a perda de mando de quadra lá na frente. E, para o timaço do Warriors, essa é preocupação legítima, ainda que no ramo hipotético.

A gestão: avançada. Bom, já citamos um ou outro ponto acima. A palavra final é do proprietário Joe Lacob, o martelo nunca vai ser batido sem que antes ocorra uma boa discussão, debatendo pontos contra, a favor, até se chegar a um consenso, ou algo perto disso. E, ao contrário do que 98% da internet acredita, isso faz bem e ajuda na condução dos negócios. O bacana aqui é ver a diversidade das vozes. Temos o ex-atleta que inspira até hoje o logo da NBA. Outro grande arremessador que ganhou cinco títulos em quadra. Um ex-agente. Um bilionário que era acionista minoritário do Boston Celtics. O filho do dono, mas que parece um pouco mais competente do que a média já vista na liga. Outro fez carreira no clube, começando como analista de vídeo até se tornar assistente do gerente geral. Diferentes origens, diferentes pontos de vista, expansão de conhecimento e bons resultados.

Quanto a Kerr, o certo era nem escrever muito a respeito. Pois não há o que se contestar em seu primeiro ano como técnico. Foi simplesmente um trabalho impecável. Ele venceu e, melhor sem perder o bom humor, sendo mais um caso de treinador que afasta a ideia de que é preciso ser rabugento para domar um time de craques milionários. Ainda assim, parece haver muitos que julgam que ele “só cumpriu com sua obrigação por ter um timaço em mãos”. É, pois é. Não me recordo de ver, em outubro de 2014, muita gente alçando o Golden State a candidato ao título, quanto menos prevendo que eles fariam uma das melhores campanhas da história. Também é difícil de entender como pode-se julgar normal que seu time tenha aliado o topo do ranking de eficiência defensiva com a segunda colocação da lista ofensiva (perdendo por 0,1 ponto para o Clippers e vindo do 12º lugar no campeonato anterior). Isso, claro, com o ritmo mais acelerado da paróquia. Uma aberração.

Leandrinho, o segundo título brasileiro

Leandrinho, o segundo título brasileiro

O brasileiro: Leandrinho. O reencontro com Kerr e com um time tão disposto a correr fez bem ao ala-armador, que fez sua melhor temporada desde o primeiro ano em Toronto (2010-11), estando três anos mais velho e se recuperando de uma cirurgia de ligamento cruzado no joelho. Kerr soube como tirar o melhor do ligeirinho. Controlou seus minutos e não pediu mais do que habitual explosão em direção ao garrafão, a arrancada no contra-ataque e o arremesso do lado contrário e ainda contou com sua energia positiva para animar o vestiário.  A recompensa foi um aumento de US$ 1 milhão no salário, valendo mais do que havia ganhado nas últimas temporadas. Seu papel não deve ser alterado nesta temporada.

Olho nele: Klay Thompson. O salto que Thompson deu em sua quarta temporada foi formidável, arcando com maiores responsabilidades ofensivas e respondendo com os melhores índices ofensivos, defensivos, de eficiência, de assistências e nos chutes de três pontos de sua carreira. Entrou no time das estrelas e não deve sair tão cedo. Vale observar se o ala, de 24 anos, será capaz de elevar novamente sua produção a um outro patamar, talvez se tornando uma ameaça ainda maior no drible, mesmo que seu percentual de turnovers já seja baixo o bastante.

card-ricky-barry-warriors-76Um card do passado: Rick Barry. O Warriors seu primeiro título em Oakland em 1975, liderado por um autêntico sniper em Barry, um dos maiores pontuadores que a NBA já viu, ao mesmo tempo que também era uma força criadora e, segundo consta, um dos jogadores mais detestáveis da história. Você abre o “Book of Basketball” de Bill Simmons e busca por citações da fera. Vai encontrar declarações resgatadas como essa de Billy Paultz: “Ao redor da liga, a opinião era de que ele era o jogador mais arrogante da história. Não conseguia acreditar. Metade dos jogadores não gostavam dele. A outra metade o odiava”.

Ainda assim, o cara era talentoso o bastante para compensar as coisas em quadra e carregar sua equipe. Em 1976, retornaram à final da Conferência Oeste e perderam o Jogo 7 para o Houston Rockets, uma equipe inferior, segundo Simmons. Barry se envolveu numa briga com Ricky Sobers, um ala bem mais forte. Nenhum dos seus companheiros intervieram a seu favor. No segundo tempo, o pai de Jon, Brent e Drew simplesmente deixou de arremessar, assim como Kobe Bryant fez um dia pelo Lakers em duelo com o Phoenix Suns, para perplexidade de Phil Jackson. Ambos foram derrotados. No Golden State deste ano, com a adoração que Stephen Curry desperta, é bem difícil que isso vá acontecer.


Temporada brasileira começa com urgência no desenvolvimento de talentos
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Giancarlo Giampietro

Georginho já está de volta à LDB e agora ao time adulto do Pinheiros

Georginho já está de volta à LDB e agora ao time adulto do Pinheiros

Antes de embarcar para os Estados Unidos e iniciar seus treinamentos para os Estados Unidos, aquele veloz garoto estava impressionando a todos aqui no Brasil. Leandro Mateus Barbosa ralava de igual para igual com veteranos da seleção. Ralava? Esqueça: aos 20 anos, o armador já era um dos melhores jogadores do país, com média de 28,2 pontos por partida, abaixo apenas de um Mão Santa e acima de Charles Byrd, Rogério, Vanderlei e outros da velha guarda. Isso foi em 2003, ano em que o ligeirinho se candidatou ao Draft da NBA.

Era uma época diferente. Hoje, a partir do momento em que um jogador se declara para a liga americana, entra forçosamente no radar de todos os clubes (sérios). Ainda é possível que aconteça um caso como o de Bruno Caboclo, que foi tratado até mesmo com certo desdém no momento de sua inscrição no ano passado para, depois, a menos de um mês antes do evento, gerar um pandemônio na busca por informações. Acho que nunca telefonaram tanto para o Brasil. Há 12 anos, Leandrinho precisou usar o circuito de treinos privados com os clubes para fazer seu nome nos Estados Unidos, jogando duro para valer, a ponto de tirar Dwyane Wade do sério em um teste pelo Memphis Grizzlies, para deleite de Jerry West.

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Agora isso já é quase impossível. Estar no radar da NBA significa ser escrutinado pelos olheiros. Esses caras querem assistir ao garoto máximo que puderem, seja na ‘fita’, ou, de preferência, in loco. Neste ano, a revelação mais estudada foi o armador Georginho, do Pinheiros, que, sob muitos aspectos, remete a Caboclo como prospecto: muito jovem (nascido em 1996), atributos físicos impressionantes e o tanto de projeção que se pode fazer a partir daí. Os olheiros vieram para cá para conferi-lo de perto, para que não se repetisse a loucura do ano passado, para que seus clubes não fossem pegos desprevenidos. Foram pelo menos dez franquias na área. Desta forma, passaram a conviver com outras dezenas de garotos daqui e com a LDB como um todo. Os que não cruzaram a linha do Equador tiveram a oportunidade de ver George em quatro cenários diferentes: o Nike Hoop Summit, o Draft Combine, o adidas Eurocamp e workouts particulares. Lucas Dias, Humberto Gomes e Danilo Siqueira foram os outros que se inscreveram e também passaram pela lupa, mas com menos exposição lá fora.

O Leandrinho de 20 anos: segundo cestinha brasileiro e pouco avaliado pelos scouts

O Leandrinho de 20 anos: segundo cestinha brasileiro e pouco avaliado pelos scouts

Todos eles foram avaliados, no fim, mas preferiram adiar o sonho de encarar o Draft, retirando o nome da lista. Qual o veredicto? Bem, a opinião de um ou outro scout ouvidos pelo VinteUm varia em relação ao futuro dos jogadores. Natural. De qualquer forma, houve um tópico que era consenso entre as vozes divergentes: para os olhos da NBA, os garotos deveriam sair do Brasil o quanto antes em busca de melhor desenvolvimento.

“Não me parece um caminho muito bom”, diz o vice-presidente de um clube da Conferência Oeste ao blog, ao ser questionado sobre a decisão do quarteto de retornar ao país. “Deixar o Draft não é uma decisão ruim. George muito provavelmente seria selecionado. Mas não é essa a questão. Esperava que eles levassem a carreira adiante em outro cenário.”

Esse vice-presidente acreditava que o melhor caminho era tentar uma vaga em um clube na Europa. A opinião foi compartilhada por um scout de um time da Divisão Sudoeste, no que se refere ao armador. “Acho que o ajudaria ficar no Draft e deixar o Brasil. O time da NBA que o escolhesse encontraria para ele uma boa situação na Europa, onde ele pudesse dominar o inglês. Depois, teria a D-League. E aí a NBA.”

Pessoalmente, não acho que a transição para o basquete europeu fosse tão simples assim: na idade deles, os técnicos, sempre pressionados por resultados, já esperam contar com um atleta mais preparado para render em alto nível. A busca por um clube mais paciente não seria tão simples. Com o que concorda um olheiro de um time da Divisão Noroeste, em declaração já publicada aqui. “Jogar na Europa não faz sentido para ele. Afinal, precisa de um programa de desenvolvimento e de jogar aprendendo com seus erros. Os clubes na Europa têm a mentalidade de vencer para já. Seria uma perda de tempo para ele, na minha honesta opinião”, disse. “Em primeiro lugar, a prioridade geral, para mim, era sair do Brasil. O mais rápido possível.”

Quando você lê esse tipo de declaração, o que vai pensar? Pode bater um certo desespero, não?

Lucas vem novamente dominando a LDB: é o bastante?

Lucas vem novamente dominando a LDB: é o bastante?

Mas elas precisam ser relativizadas também: os scouts da NBA estão, na grande maioria, procurando produtos prontos ou semiprontos, para chegar aos Estados Unidos (ou Canadá) agora e já oferecer algo. O nível de exigência dos dirigentes e treinadores é, em geral, elevado. A aposta do Toronto Raptors em Caboclo no ano passado foi algo raro. O clube estava consciente de que, ao contratá-lo, cru toda a vida, deveria preparar um projeto de longo prazo, sem se importar em trabalhar com o caçula por um ano inteiro em que o principal objetivo era deixá-lo mais forte e fluente em inglês. Era este o tipo de comprometimento que os agentes Eduardo Resende e Alex Saratsis, que trabalhavam com o ala até este ano, esperavam para George ou Lucas, para que eles ficassem no Draft. Não aconteceu.

Por outro lado, os scouts internacionais assistem centenas de jogos de todos os países, algo cada vez mais fácil devido a softwares como o Synergy, hoje presente no cotidiano do NBB. Provavelmente não haja público mais bem informado do que essa classe na hora de falar sobre garotos mundo afora. Em suma, eles têm um ponto de vista que não pode ser ignorado.

Além do mais, a despeito de termos reunido duas seleções neste ano, cheias de jovens, para o Pan e a Universíade, não acho que seja necessário aparecer um empregado da liga americana para afirmar que a produção de base como um todo é duvidosa, especialmente quando se leva em conta o potencial atlético do país. Nas declarações dos olheiros, o que preocupa, mesmo, é o tom alarmista das respostas.

 O que acontece?

Uma chance
Existe, claro, um problema de origem macro. A massificação parece uma utopia, sem contribuição estratégica alguma da CBB e com o investimento federal imediatista. Gasta-se muito, hoje. São bilhões. Mas os programas são massivamente direcionados ao Rio 2016, com pouco impacto a longo prazo. Além disso, mesmo a grana que sai diretamente do Ministério do Esporte para a confederação acaba sendo aproveitada da forma mais bizarra possível. Seus convênios milagrosos recentes, como os R$ 7 milhões cedidos este ano, tinham como finalidade tão somente que uma ou outra seleção pudesse treinar para uma competição específica.

A LDB dá a um jogador como Arthur Pecos a chance de assumir maior protagonismo, é verdade

A LDB dá a um jogador como Arthur Pecos a chance de assumir maior protagonismo, é verdade

Para ser justo, também não dá para esquecer que a pasta também libera a grana da LDB, uma das poucas iniciativas realmente promissoras e consistentes que temos em termos de base no país, graças à administração da liga nacional. A competição, que já iniciou sua nova edição, tem boa repercussão. Em março, em viagem para Mogi das Cruzes para assistir a jogos da quarta etapa da LDB, tive a oportunidade de rever Lisandro Miranda, um argentino que trabalha para o Dallas Mavericks há mais de dez anos. Entre os que já tive contato, é hoje o único scout sul-americano oficial da liga e está mais que habituado a visitar as quadras brasileiras. Numa conversa informal, elogiou muito o progresso que nossa principal competição para jovens vinha apresentando. Em termos de estrutura, deixava claro, para que os garotos pudessem jogar e deslanchar.

Que o campeonato representa um avanço enorme, não há dúvidas. É uma competição que ajuda a dar rodagem aos atletas que estão na iminência de sair do juvenil, ou que já estouraram a categoria. Acontece que, em termos de evolução técnica, a liga não oferece tantos desafios aos talentos de ponta do país. Eles dominam nesse nível, mas a tradução desse rendimento para um nível maior de competitividade não é tão simples assim, até pelo desnível técnico que se testemunha entre algumas equipes da primeira fase.

Está claro que, tecnicamente, é preciso mais que a LDB para fomentar uma modalidade. Para sustentar todos os clubes, porém, não há verba do governo que dê conta. É preciso que o setor privado entre em quadra. Com crise ou estagnação econômica (como preferirem…), o dinheiro, que já não era tão volumoso assim, voltou a encurtar. Qualquer real investido tende a vir, então, com uma cobrança forte por vitórias, empurrando dirigentes e técnicos para estratégias conservadoras. Neste cenário, o desenvolvimento de jovens atletas fica bem complicado. Pode treinar o quanto e com quem for, mas nada substitui a experiência em quadra em jogos para valer. A questão não é exatamente de infraestrutura. Até porque, com um jovem jogador, o quanto mais é preciso do que uma bola, duas tabelas e uma boa cabeça para aplicar treinos? Com a palavra, Tiago Splitter, que saiu do país muito cedo e se formou como jogador na Espanha: “Tinha o preparador físico, nutrição, mas nada que não vá ter no Brasil num clube de ponta. A grande diferença foi a competição. Cheguei com 15 anos lá e já comecei a jogar adulto, na terceira divisão. Fui subindo, até a primeira. Foi essa competição que me ajudou a ser um bom jogador”.

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

No NBB 7, apenas dez atletas sub-22 (nascidos a partir de 1993) tiveram um mínimo de 20 partidas com média de minutos superior a 10 por jogo. Dez! Ou dois quintetos, entre 16 equipes inscritas. Se for para filtrar por 20 partidas e 20 minutos em média, apenas quatro passariam no corte: Danilo, Leo Meindl, Deryk Ramos e Henrique Coelho, todos, não por coincidência, convocados por Magnano ou Gustavo de Conti. Eles eram os únicos jogadores de fato preparados para encarar o NBB? Não jogam mais por que não estão preparados, ou não estão preparados por que não jogam mais? A resposta para essa pergunta seria a mais fácil: sim e não. Aí não tem como errar, né? Na verdade, a combinação de um assentimento e negativa indica que ela é bem mais complicada.

Fundamentalismo
Rumo ao Draft, Georginho, Lucas e Danilo saíram do país para passar por curtos períodos de treinamento nos Estados Unidos, em academias prestigiadas como a IMG, da Flórida, e a Impact, de Las Vegas. Mesmo que não tenham ficado na lista final de recrutamento da NBA, esse tipo de experiência foi valiosa para abrir os olhos dos garotos em relação ao tipo de preparação que existe lá fora. Os três rapazes foram uníssonos ao comentar os diferentes treinamentos que receberam: nunca haviam visto nada parecido.

Um ponto em comum atentava à “intensidade”. Que saíam esgotados de quadra e, quando achavam que havia acabado, eram chamados para mais uma sessão. E mais uma. E mais uma. O regime espartano, de todo modo, serve mais para prepará-los aeróbica e emocionalmente para os testes que os desgastantes treinos que eventualmente pudessem fazer pelos clubes americanos. Pensando longe, o legado maior está no refinamento de habilidades.

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

Quando estava em Vegas, Danilo disse o seguinte ao blog: “Estou treinando bem forte, para ver se consigo esse objetivo. É um treino muito mais puxado em termos de fundamento, algo que não fazemos muito no Brasil. Já sinto que melhorei em menos de uma semana. Só tive treinamento de contato, um contra um, uma vez só. O resto foi muito de fundamento, bandejas, floaters e outras, com intensidade”.

Na volta a São Paulo, Lucas afirmou em longa entrevista: “Foi pauleira. Você aprende umas coisas diferentes, uns detalhes que nunca percebe de movimento de perna, em seu arremesso, seu corte, bloqueio, tomar posição no pivô, jogar lá dentro etc. Uns detalhezinhos que você acha que já estão certos, mas que podem ser corrigidos. Ali aprendi muito. Que preciso melhorar demais, mas que posso chegar a um nível alto, que tenho capacidade, o talento e o físico. Você não pára nunca, é o tempo inteiro com eles cutucando. Na primeira noite nem consegui levantar da cama direito, algo que nunca havia sentido. A intensidade muito alta. Se treinar com aquela intensidade, sei que posso melhorar muito. Acho que minha cabeça voltou diferente nesse sentido: posso pegar o treino que aprendi lá e fazer aqui. Não preciso que alguém me coloque no colo e leve para treinar. Só preciso fazer”.

Os comentários coincidem, não? E estamos falando de dois jovens talentos brasileiros de ponta, que trabalharam nos últimos anos em dois clubes que realmente investiram no trabalho de base, com o Minas Tênis colhendo antes do Pinheiros os frutos por projeto, com um grupo que soube mesclar revelações e veteranos para fazer sucesso no NBB. Neste ano, por diversas circunstâncias, o clube de São Paulo tenta repetir essa trajetória. Vamos falar mais a respeito na semana que vem.

A Copa América Sub-16 pôs EUA, Canadá, Argentina, Rep. Dominicana e Porto Rico à frente do Brasil

A Copa América Sub-16 pôs EUA, Canadá, Argentina, República Dominicana e Porto Rico à frente do Brasil

Mas temos aí Lucas e Danilo maravilhados pelos exercícios de fundamentos básicos que fizeram em um curto período. O que tirar dessa avaliação? É por essas e outras que causa admiração geral o fato de o Brasil ainda encontrar um jeito de produzir mão-de-obra, mesmo que as estruturas do esporte no país não sejam das mais confiáveis. Como Splitter disse durante sua visita ao Basketball without Borders, camp conduzido pela NBA e pela Fiba, em sua edição global, realizada em fevereiro deste ano em Nova York: “Nós vemos jogadores surgindo, mas não por sermos bem organizados. Eles simplesmente aparecem”.

Nem sempre depende-se do acaso ou da sorte. Se Lucas e Danilo chegam a flertar com a NBA hoje, é porque seus clubes também lhes permitiram isso. Mas é inegável que, no processo atual de formação do basquete brasileiro, há uma lacuna muito grande entre projeções e realizações. Durante o mesmo camp nova-iorquino, em nota já dada aqui no blog, me lembro de ter sido questionado por um importante dirigente de um clube da Conferência Oeste, sobre a discrepância que se nota entre o nível de potencial atlético das revelações brasileiras e os seus fundamentos básicos. A mesma tecla. Se ela for batida muitas vezes, complica demais.

Peguem o fiasco da Copa América sub-16 deste ano. Mais um desastre: o Brasil agora terminou em quinto, ficando muito longe de brigar por uma vaga no Mundial sub-17 desta temporada. Na primeira fase, três derrotas em três jogos. Depois, pelo torneio de consolação, saíram dois triunfos para evitar a fossa geral da molecada. É complicado entender de longe o que aconteceu. Afinal, o técnico do time, Cristiano Grama, foi um personagem fundamental para a composição justamente do Minas, a jovial sensação do último NBB. É um cara antenado, bem conectado, envolvido com a base brasileira. Sem ter assistido aos jogos, fica difícil avaliar, mas os resultados estão aí para comprovar ques as coisas não saíram nada bem. Um dado que chamou a atenção, antes mesmo do torneio, era que, talvez pela primeira vez na história, a equipe brasileira tinha média de altura mais baixa que a da Argentina. Nossos vizinhos comemoravam isso, para se ter uma ideia. Conversando com agentes, creiam: no país de Nenê, Splitter, Augusto, Varejão, Bebê, Faverani, Felício, Morro, Caio, Mariano, Paulão, Murilo, Hettsheimeir, parece que anda realmente difícil de encontrar pirulões promissores nas competições de base vigentes. Ao que parece, a safra para daqui mais alguns anos não deve oferecer tantos “surgimentos”.

E aí o que fazer quando a fonte seca? O basquete feminino, infelizmente, está aí para contar essa história. É nessa hora que entra a autocrítica. E, nesse sentido, ao menos faz bem ler uma carta de Alexandre Póvoa, vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo, o tricampeão do NBB, na qual ele escreve: “Somos totalmente conscientes que estamos longe da plena satisfação acerca do que alcançamos até agora. Por exemplo, precisamos melhorar MUITO o nosso trabalho nas categorias de base, atualmente muito aquém da história do Flamengo formador de atletas (aliás, situação comum em todos os esportes olímpicos do clube e que estamos lutando dia-a-dia para ajustar)”. O rubro-negro foi vice-campeão da última LDB, mas é honesto ao assumir suas deficiências de formação. Até porque a principal figura do time, Felício, é produto da base do Minas.

Sem fazer muito alarde, em termos de mídia, uma potência nacional que tem investido muito na base é o Bauru, estruturando seu departamento e fazendo a rapa na coleta de talentos, até mesmo em países vizinhos. Diversos jogadores talentosos têm sido recrutados recentemente, como o ala-pivô Gabriel Galvanini, o pivô Michael Uchendu (brasileiro filho de nigerianos), o armador Guilherme Santos, entre outros.  Com um patrocinador forte, o clube montou um timaço que ganhou o Paulista, a Liga Sul-Americana e a Liga das Américas na temporada passada. Poderia se dar por satisfeito com esses resultados, mas, em tempos de vacas gordas, é melhor preparar o terreno para o que vem pela frente e de um modo muito mais razoável e sustentável. É um projeto para se monitorar de perto.

Curiosamente, é o mesmo Bauru que escalava Leandrinho nos idos de 2003, quando o Nacional ainda era organizado pela CBB, muito antes da grave crise com os clubes que quase levou tudo para o buraco. Não seria prudente esperar que, dos garotos garimpados pelo clube, alguém vá chegar em breve ao estágio de competir com David Jackson, Marquinhos ou Shamell pelo título de cestinha do NBB, como, lá atrás, fez o armador, um caso excepcional de quem que já fez mais de 18 pontos em média nos Estados Unidos. O que dá para cobrar, mesmo, é que ao menos tentem, ainda mais para um clube em que o dinheiro não é problema. Entre esses jovens atletas, é natural que o sonho seja a NBA. Pode ser que alguns deles até se veja com condições de, no futuro, inscrever no Draft, tentar a sorte. Se vai dar certo ou não, impossível dizer agora. Só esperemos que, em caso de retirada e retorno ao país, a resposta dos olheiros norte-americanos seja mais amena.


Campeão, Golden State é hoje o queridinho da NBA. Nem sempre foi assim
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Giancarlo Giampietro

CLEVELAND, OH - JUNE 16: The Golden State Warriors celebrates with the Larry O'Brien NBA Championship Trophy after winning Game Six of the 2015 NBA Finals against the Cleveland Cavaliers at Quicken Loans Arena on June 16, 2015 in Cleveland, Ohio. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this photograph, user is consenting to the terms and conditions of Getty Images License Agreement. (Photo by Ezra Shaw/Getty Images)

Eles estrelaram contra LeBron James as #NBAFinals de maior audiência nas transmissões da ABC. Stephen Curry foi alçado ao rol dos jogadores mais populares da liga. O estilo de jogo é vistoso, frenético, empolgante. Eles se tornaram os queridinhos da América, antes mesmo da conquista do título nesta terça-feira, com uma vitória por 105 a 97 sobre o Cleveland Cavaliers para fechar a série.

Não tem muito o que ser dito sobre este Jogo 6, em relação ao que se passou nos últimos duelos (comentários linkados logo abaixo). O Cavs fez o que podia com o que havia de disponível. David Blatt não conseguiu criar um fato novo na série – e sabe-se lá qual fato poderia ser esse, com um banco de reservas muito limitado devido aos desfalques de Kyrie, Love e Varejão e a surtada básica de JR Smith, dos profissionais milionários mais imaturos que a gente vai ver por aí. Não dava para esperar nada de Mike Miller, Shawn Marion ou Kendrick Perkins.

E não dava para pedir mais nada de seu grande craque, o ídolo local que ficou a uma assistência de mais um triple-double, com 32 pontos e 18 rebotes em 47 minutos. O camisa 23 terminou a série decisiva com 35,8 pontos, 13,3 rebotes, 8,8 assistências – é a primeira vez que um atleta lidera as finais nestes três quesitos –, em 45,8 minutos, mas com 39,8% nos arremessos de quadra. Amarga o quarto vice-campeonato em seis finais, mas não há absolutamente nada o que falar a respeito de seu desempenho desta vez. Está entre os maiores já.

A série
>> Jogo 1: 44 pontos para LeBron, e o Warriors fez boa defesa
>> Jogo 1: Iguodala, o reserva de US$ 12 m que roubou a cena
>> Jogo 2: Tenso, brigado… foi um duelo para Dellavedova
>> Jogo 3: Cavs vence e vira a série, dominando. Ou quase isso
>> Jogo 3: Blatt ainda não levou o título. Mas merece aplausos
>> Jogo 4: Cavs entrou de All In. O Warriors tinha mais fichas

>> Jogo 4: O (outro) jogo de equipe do #GSW contra limitado Cavs
>> Jogo 5: Curry merecia uma dessas, e o Warriors fica perto

A partir do quarto período da terceira partida, com uma arrancada que ameaçou aquela que seria a segunda vitória do Cleveland, os campeões do Oeste sobraram – mesmo que não tenham conseguido impor seu estilo seu ritmo. De modo que, agora, eles são também os campeões da liga como um todo, após 40 anos. Aclamados. Entre eles está Leandrinho, o segundo brasileiro campeão da liga, 12 anos depois de sua estreia. Com um papel limitado, mas jogando muito bem, importante na engrenagem de um grande time, que somou 83 vitórias e 20 derrotas em todo o campeonato.

Esse é o terceiro maior total de triunfos na história, atrás apenas do Bulls de 1996 e 97, e uma quantia que se explica pela combinação de ataque (o mais eficiente da temporada, num empate técnico com o Clippers) e também a melhor defesa, mesmo jogando no ritmo mais acelerado do campeonato. Uma combinação inédita, aliás, mas aplicada por um vencedor como Steve Kerr, em seu primeiro ano no cargo, para dominar uma Conferência Oeste inóspita.

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40 anos de sofrimento: as trapalhadas do #GSW

A grande surpresa foi, confesso, a eleição de Andre Iguodala a MVP das finais. Não que não merecesse: teve o meu voto virtual. Acreditava, porém, que Stephen Curry levaria, pelo maior cartaz (e não seria um absurdo, digamos) – já que seria muito difícil entregar o troféu para o melhor em quadra, mesmo, uma vez que ele saiu de quadra derrotado. A candidatura do ala teve como plataforma principal a defesa que fez para cima de LeBron. Incrível sua resistência diante de uma força da natureza. O astro adversário acumulou números espetaculares, mas o fato é que, quando marcado diretamente pelo antigo sexto homem do Warriors, seu rendimento foi ínfimo.

Mas não fica só nisso: Iguodala foi o atleta mais consistente para Steve Kerr durante as seis partidas e também contribuiu no ataque, com 16,3 pontos, 4,0 assistências, 40% nos arremessos de longa distância e 52,1% no aproveitamento geral de quadra. Para não falar dos 5,8 rebotes, importantíssimos para facilitar a decisão do técnico de promovê-lo ao time titular no Jogo 4, no lugar de Bogut. Com ele em quadra, o Golden State teve saldo de 62 pontos em 222 minutos de ação. Nos 76 em que descansou, sua equipe saiu com placar negativo (-19).

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Ao contrário do que se passou com o Cavs, contudo, com sua total dependência de LeBron, o Golden State realmente venceu como conjunto. É nessa hora que vale a pena recuperar o histórico de alguns dos personagens. Quem são esses caras, afinal? E aí que se dá conta de que nem sempre foi assim. Nem sempre foram as figuras mais aplaudidas do pedaço. Muitos daqueles que hoje são celebrados já ouviram muitos “nãos” na carreira, a começar pelo MVP da temporada regular:

Stephen Curry: filho de um jogador de sólida carreira na NBA, mas o sobrenome não foi o bastante para que conseguisse bolsa em uma universidade mais prestigiosa. Fechou então com a modesta instituição de Davidson, que mandou, no total, apenas seis jogadores para a grande liga. Quatro deles se aposentaram antes dos anos 80. Era considerado muito frágil, baixo, lento para que se tornasse um profissional, quanto menos seu jogador mais valioso.

Klay Thompson: mais um caso de prospecto que tinha tudo para se profissionalizar com tranquilidade. Afinal, também tinha um pai com currículo significativo, sendo inclusive campeão pelo Lakers e número um em seu Draft. Quando colegial, nas partidas mais relevantes, ficava mais tempo no banco, vendo um tal de James Harden, antes da barba, brilhar em quadra. Foi ignorado pelas principais universidades da Califórnia e teve de buscar uma vaguinha em Washington State, que, ao menos, revelou 16 jogadores de elite. Também teve um incidente com a polícia em sua época de universitário, detido com posse de maconha. Não curto muito a patrulha contra atletas fora de quadra, mas obviamente que se trata de uma notícia que poderia ter atrapalhado o lançamento de sua carreira. Hoje, um All-Star e campeão mundial.

Leandrinho e Steve Kerr: o título não saiu pelo Phoenix Suns. Mas veio após 12 anos na liga

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Leandrinho: sair do basquete brasileiro para brilhar na NBA parece, hoje, algo fácil, devido ao constante influxo de talento daqui para lá. Balela. É uma transição ainda muito difícil. Mais complicado ainda é se fixar por lá e vencer (muitos jogos) e ganhar (uma bolada e prêmios). Foi o caso do ligeirinho, estreante em 2003. O tempo passa, porém, e, já veterano, o ala-armador passou por provações talvez ainda mais desafiadoras que o Draft. Com uma cirurgia por lesão do ligamento cruzado anterior, teve de retomar sua carreira no Brasil, com ajuda do Pinheiros, até retornar aos Estados Unidos pela porta dos fundos. Nem o Golden State Warriors confiava plenamente em sua recuperação, diga-se, tendo lhe oferecido um contrato sem garantias. Daqueles em que o clube pode cortar o atleta até janeiro, sem obrigação de pagar todo o salário acordado. Pouco provável que tenha de esperar tanto por um emprego na temporada que vem.

Ao sair de quadra, Draymond Green fez questão de relembrar como muitos lhe disseram que ele não teria a menor chance na NBA

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Draymond Green: um ala-pivô de 2,01 m? E lento? Sem impulsão? Na NBA? Ah, conta outra. A revelação de Michigan State construiu um grande currículo na NCAA, tinha os números ao seu favor, mas seu perfil não agradava tanto assim a grande parte dos scouts. Foi selecionado, como um senior, aos 22 anos, apenas na 35ª colocação, atrás, pela ordem, de Jae Crowder, Bernard James, Tomas Satoransky, Jeffery Taylor, seu companheiro Festus Ezeli, Marquis Teague, Perry Jones… Enfim, entenderam, né? Até Fabrício Melo, o 22º, saiu antes. Está preparado para receber um contrato na casa de US$ 15 milhões anuais.

Andre Iguodala: ok, um jogador elogiado basicamente durante toda a sua carreira. Como ele mesmo disse ao receber o prêmio em quadra: já foi comparado a um jovem Scottie Pippen, um jovem Grant Hill, Penny Hardaway… Para tê-lo no elenco, o Golden State pagou duas escolhas de Draft. Acontece que, neste ano, ao se apresentar para o training camp, foi puxado de canto por Steve Kerr para ser informado de que viraria reserva. O técnico o enxergava como o sexto homem do time. Pode parecer bobagem, mas há muitos atletas que não tolerariam um comunicado desses e pediriam troca. (Oi, Dion Waiters). Iguodala admite que estranhou a ideia a princípio. Mas topou a causa e não abriu o bico em nenhum momento durante o campeonato. Acabou, por isso, fazendo história, ao ser o primeiro MVP das finais sem ter começado sequer uma partida da temporada regular como titular.

– Andrew Bogut e Shaun Livingston: mais dois casos de atletas prestigiados desde cedo. A dificuldade que a dupla teve de enfrentar teve a ver com questões física. Gravíssimas lesões, daquelas que ameaçam uma carreira. Especialmente no caso de Livingston, quando ainda era um promissor armador pelo Los Angeles Clippers, aos 21, em 2007, e arrebentou o joelho num dos lances mais assustadores que você vai achar no YouTube. Ficou um ano parado, em recuperação. Desde que voltou, defendeu sete times diferentes (incluindo o Cleveland) até chegar nesta temporada ao Golden State. A lesão mais séria de Bogut aconteceu em 2010, quando, após uma enterrada em Milwaukee, caiu em quadra com tudo, sofrendo deslocamento no cotovelo, fratura no braço e torção do pulso.


Steph Curry merecia uma dessas, e Warriors fica perto do título
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Giancarlo Giampietro

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Stephen Curry estava precisando de uma partida dessas. Para fazer justiça ao seu campeonato magnífico. Não que estivesse jogando mal. Nas últimas duas partidas, já havia feito algumas coisas memoráveis. Mas estava faltando uma atuação seminal, assim como foi toda a sua campanha. Nas palavras de Everaldo Marques… Bingo! Aconteceu neste domingo, e o Golden State Warriors agora está a uma vitória do título, tendo vencido o Cleveland Cavaliers por 104 a 91.

LeBron James conseguiu o segundo triple-double nestas #NBAFinals, mas foi privado da comemoração, diferentemente do que havia acontecido no Jogo 2, quando saiu de Oakland com o mando de quadra ao seu favor. Aquela foi mais uma exibição primorosa do astro, o melhor jogador desta série decisiva, sem dúvida. Até mesmo coadjuvantes como Matthew Dellavedova e Andre Iguodala já tiveram seus momentos definitivos. Numa série sensacional, com suas idas e vindas, faltava, então, uma exibição magnífica do MVP da temporada. E aí vieram os 37 pontos em 42 minutos, com sete bolas de três pontos em 13 tentativas.

Melhor: boa parte de sua produção desenrolada no quarto final, respondendo a mais uma tentativa de marcha de James e seus aguerridos cavaleiros. Curry marcou 17 pontos na última parcial (um recorde nos últimos 40 anos), com 5-7 nos arremessos em geral, 3-5 de longa distância e mais 4-4 lances livres. Algumas de suas cestas desafiaram qualquer lógica pré-estabelecida – cujos vídeos deveriam ser acompanhados por algum aviso do tipo: “Não tentem repetir isso em casa. Ou melhor, na sua quadra”.

A série
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Sim, corre-se esse risco. Assim como Kevin Garnett influenciou sabe-se lá quantos pirulões a expandir seu arsenal de fundamentos, neste exato momento milhares de baixotinhos estão assistindo ao astro do Warriors, congelando a imagem frame a frame, para tentar imitar seus movimentos, acreditando ser possível. Provavelmente um pirralho chegue perto no futuro. Igualá-lo? Impossível. Estamos vendo alguém único, que realmente quebra paradigmas em quadra com sua destreza nos arremessos a partir de um controle de bola belíssimo.

Curry joga, de certa forma, no limite. É o máximo de refinamento técnico que se tem por aí hoje, mas por vezes passa a impressão de que está flertando com a displicência. Contra uma defesa feroz, combativa como a do Cavs, a eficiência não foi a mesma da temporada regular ou dos playoffs. Seus números em pontos, assistências e aproveitamento nos arremessos caiu, enquanto o de turnovers decolou, com média de cinco por partida. A segunda partida beirou o desespero, por exemplo, com 18 arremessos errados em 23 tentativas e mais desperdícios de posse de bola (seis) do que assistências (cinco).

Dellavedova foi bastante elogiado por seu trabalho, e com razão. Matéria do Plain Dealer, todavia, indica que talvez os elogios tenham sido exagerados. Pelo visto do ponto de vista do astro do Warriors, que estaria pê da vida com a atenção dada ao seu marcador. “As pessoas mexeram com o Steph, o que é positivo para nós”, afirmou Andrew Bogut, hoje relegado a assistente técnico no banco, sobre a badalação em torno de seu compatriota. “É algo que você não gostaria de fazer, mas que para nós funcionou muito bem. O Delly é um grande defensor, mas sabemos que não vai anular Curry.”

Se foi essa sensação de desrespeito, se acabou o gás do adversário ou se simplesmente o cestinha do Warriors teve duas noites pouco inspiradas, a gente dificilmente será comunicado oficialmente a respeito. Fato é que demorou um pouco para que ele se encontrasse no duelo. Quando achou o rumo… Aí danou-se tudo. Depois de acertar apenas 4 de 21 disparos de fora, converteu 18 de 33 nas últimas três. Faz parte do pacote, e o torcedor do Golden State já está mais que acostumado – e maravilhado – com isso. Nas finais, o restante do público pode se entregar.

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Claro que uma diferença dessas não acontece ao acaso. Steve Kerr mudou o modo como explorar seus talentos, deixando quele retomasse alguns hábitos dos tempos de Mark Jackson com mais investidas individuais, uma vez que Dellavedova estava fazendo um excelente papel em lhe negar a bola a partir de trilhas do lado contrário. Outro fato é o simples cansaço de seus oponentes em geral. Algo difícil de quantificar, mas que é inegável e muito relevante.

Nos últimos três jogos, a equipe californiana venceu o quarto período por um placar agregado de 94 a 57. São 37 pontos de vantagem em 36 minutos. O Cavs faz um jogo duro por três parciais e despenca na última, cai por terra. Neste domingo, enquanto o Warriors marcou 19 pontos nos últimos cinco minutos, com 5-8 de quadra, os visitantes ficaram, respectivamente, com 7 e 2-10. Uma discrepância de rendimento que impediu mais um desfecho ao estilo thriller, como tivemos nas duas primeiras partidas em Oakland.

Mas foi um jogaço, de todo modo. Se, bem no início, o basquete apresentado era tenebroso, com direito a cinco turnovers e três airballs em pouco mais de quatro minutos de ação, depois o nível subiu consideravelmente. A emoção foi junto. Foram 20 trocas de líder no placar e 10 empates até o Warriors desgarrar nos últimos quatro minutos. Quando cronômetro ainda mostrava 4min52s, a vantagem dos anfitriões era de apenas um ponto, 85 a 84, depois de uma cesta de Tristan Thompson. Um pouco antes, a 7min47s, com uma bola de muito longe de LeBron, o Cavs chegou a liderar por 80 a 79. Mas o time não teria, então, condições de esfriar Curry, nem mesmo com as faltas intencionais para cima de Andre Iguodala.

Blatt e LeBron tentaram de tudo, aliás. Da parte do treinador, o ajuste maior foi a redução significativa dos minutos de Mozgov, que terminou com apenas nove – e zerado em pontuação, depois de fazer muito provavelmente a melhor partida de sua vida na quinta-feira. Houve momentos em que o superastro era o mais alto do time em quadra, acompanhado por James Jones, Iman Shumpert, JR Smith e Matthew Dellavedova. E, por um bom tempo, deu certo.

É o que dá ter um talento como o de LBJ no elenco. Mesmo em sua formação mais baixa, o Cavs era o time mais forte e físico por causa da mera presença de seu camisa 23, um jogador realmente transcendental, que se juntou a Magic Johnson no clube daqueles que foi armador e pivô num mesmo jogo pelas finais da NBA. A diferença: Magic fez isso em 1980, outra época, com jogo muito mais concentrado no garrafão, claro. (E foi campeão).

Mas, por favor, creio que não há nada que se possa atirar na direção do craque do Ohio, independentemente do que vai acontecer na próxima terça. Se vai ter empate, ou se a conta fecha em seis a favor do Warriors. Dessa vez ele saiu de quadra com 40 pontos, 14 rebotes e 11 assistências, sendo apenas o segundo jogador na história da liga a conseguir um triple-double com 40 pontos na série decisiva. O outro foi Jerry West, em 1969, pelo Los Angeles Lakers. Ironicamente o raro ano em que um jogador do time derrotado foi eleito o MVP do confronto – e ninguém do Boston Celtics estranhou. Não seria absurdo algum repetir esse feito agora com James.

Pois, de novo, não foi só uma questão de brilho estatístico, mesmo que ele tenha tido sua partida mais eficiente nos arremessos (15-34). O que engrandece mais seu desempenho é a dinâmica desses jogos, com o craque carregando o time enquanto pode. No primeiro tempo, das 17 cestas de quadra de Cleveland, 16 tiveram seu envolvimento direto ou indireto. No final, nos ataques em que LeBron não arremessou ou não deu um passe para chute, seus companheiros acertaram apenas 6 em 25 tentativas, com 1-11 nos três pontos.

Já Curry obviamente não fez as coisas sozinho. A disparidade de talento entre um plantel e o outro (desfalcado) é enorme. O Warriors conseguiu 67 pontos com jogadores que não atendem pelo nome de Stephen. Já os atletas de sobrenome diferente de James marcaram 51. Tristan Thompson foi o único parceiro que conseguiu produzir em alto nível neste Jogo 5, com 19 pontos e 10 rebotes. JR Smith deu sinal de vida no primeiro tempo, com 14 pontos, mas voltou a se atrapalhar no segundo. Iman Shumpert foi bem nos chutes da zona morta (3-6), mas tem sérias dificuldades para colocar a bola no chão e completar uma bandeja. As limitações de Dellavedova foram expostas. Já Mike Miller provou, nos surpreendentes 14 minutos que recebeu, que não sua presença neste tipo de jogo já não é mais justificável – se mexe pela quadra com as costas travadas e não dá conta de parar ninguém, sendo até inexplicável a o número reduzido de tentativas do Warriors para atacá-lo no um contra um.

Do outro lado, Andre Iguodala pode ter vivido um pesadelo nos lances livres, errando 9 de 11, mas jogou demais novamente, com 14 pontos, 8 rebotes e 7 assistências. Em termos de consistência e esforço, o ala é o melhor jogador do Warriors nas últimas duas semanas. Depois do que o Chef Curry fez, porém, dificilmente vai perder o prêmio de MVP das finais, a não ser que os eleitores quebrem o protocolo, indicando James.

Draymond Green foi outro que entregou de tudo um pouco a Steve Kerr, com 16 pontos, 9 rebotes e 6 assistências (ainda que se atrapalhando com a bola quando enfrentou jogadores mais baixos, cometendo quatro turnovers). Harrison Barnes atacou os rebotes como nunca, terminando com 10 no total e ainda se impôs atleticamente em alguns embates com James. Se Klay Thompson esteve bem abaixo da média, com 12 pontos em 14 arremessos, seu deslize permitiu a Leandrinho mais minutos, e o ala-armador respondeu muito bem, com sua melhor exibição na série: 13 pontos em 17 minutos, agressivo e novamente eficiente (4-5 nos arremessos, 4-4 nos lances livres). É de se imaginar que o brasileiro não vá ter problema algum para assinar seu próximo contrato:

Isto é, Steve Kerr tem mais alternativas com quem trabalhar. Dessa vez, ele usou até mesmo o pivô Festus Ezeli em alguns minutos estranhos de rotação para abrir o quarto final, enquanto Blatt tinha Mozgov em quadra. O técnico do Cavs foi novamente superior, mas seu raio de ação, porém, se encerra com as limitações da equipe. Kerr, porém, sempre vai ter o mérito de ter feito sua mudança drástica antes do Jogo 4 e também por lidar da melhor forma com os jogos incríveis de LeBron. “Ele tem a bola em mãos por muito tempo. Nós temos de continuar com nosso plano e não esmorecer se ele acertar seus arremessos. Ele vai, não tem jeito”, diz Curry, sobre seu concorrente, meio que repetindo um mantra desde o Jogo 1. “Mas, no decorrer de 48 minutos, esperamos desgastá-lo e deixar as coisas muito difíceis para ele.”

É o que tem acontecido. LeBron vem produzindo, mas corre o risco de, com o distanciamento histórico, ver suas exibições relevadas. O craque sabe como as coisas funcionam, após ter conquistado dois títulos e enfrentou muitas decepções. Curry também está ciente a respeito. Por isso, não vai se gabar de um outro lance que tira do sério até mesmo os jogadores que estão na plateia. Como quando passou a descadeirar um australiano já sem se incomodar com a pegada do australiano, entendendo como responder ao desafio. Continua com os lances de efeito, mas com os olhos para a cesta, para o título. O espetáculo que aconteça de maneira inerente. “Foram alguns momentos legais, mas eles só vão significar alguma coisa se formos campeões. Provavelmente terei uma resposta melhor para essa pergunta depois de vencermos o campeonato”, afirmou o armador do Warriors, torcendo para que isso aconteça o quanto antes. “Momentos definitivos só acontecem para os jogadores que estão segurando o troféu.”


Cavs vence o Jogo 3 e vira, dominando Golden State. Ou quase
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Giancarlo Giampietro

LeBron: médias de 41 pontos, 12 rebotes e 8 assistências em três jogos. Reinando

LeBron: médias de 41 pontos, 12 rebotes e 8 assistências em três jogos. Reinando

O Cleveland Cavaliers vai batendo recordes e recordes com sua defesa para cima do Golden State Warriors. Depois de se tornar o primeiro time a segurar o adversário com menos de 90 pontos em 48 minutos nesta temporada, o Cavs agora o limitou a 37 pontos no primeiro tempo, sua pior marca durante os playoffs – e uma quantia que a equipe havia marcado em um só quarto 18 vezes em sua campanha, para termos uma ideia.

Há muito mais números para acrescentar aqui, como, por exemplo, o rendimento do Warriors nos arremessos de três pontos, tão caros ao seu sistema ofensivo. Na temporada regular, o time converteu 39,8% de seus chutes de longa distância. Nos playoffs da Conferência Oeste, a marca foi de 38%. Nas finais, estamos falando de apenas 31,3%, número baixo para qualquer medida, especialmente para os Splash Brothers.

Sinceramente, nem precisa apelar a qualquer número para afirmar que o Cavs tem sido o time superior nestes primeiros três jogos, vencendo o terceiro por 96 a 91 para assumir o comando da série. O que não quer dizer que as coisas já estejam resolvidas. Nem mesmo com mais este dado: até o momento, a única parcial que teve o Warriors acima no placar foi a prorrogação do primeiro duelo. De lá para cá, ou deu Cleveland, ou deu empate.

A série
>> Jogo 1: 44 pontos para LeBron, e o Warriors fez boa defesa
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>> Jogo 2: Tenso, brigado… foi um duelo para Dellavedova

Os LeBrons se tornam os favoritos ao título pelo fato de terem assumido o controle tático da decisão –  por precisarem, agora, de uma vitória a menos que seus oponentes para levar o título. De qualquer forma, ainda que dominando estrategicamente, o time permitiu que os campeões do Oeste reagissem mais uma vez no quarto período, numa demonstração do grau de periculosidade de seu oponente.

O Warriors tirou 14 pontos de vantagem em menos de seis minutos e meio na parcial, chegando a perder por três 79 a 76 a 5mi49s do fim. Depois, ainda encostou em 81 a 80 a 2min45s, até que Matthew Dellavedova se superasse novamente numa jogada de cesta-e-falta inacreditável para dar uma boa folga no marcador. Nesta reação, ressurgiu também Stephen Curry, que anotou 17 de seus 27 pontos no quarto período, ou 9 pontos em 1min23s.

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Esse foi o melhor sinal que o técnico Steve Kerr poderia tirar do Jogo 3, ainda que, com sua experiência, tenha visto muito o que corrigir, esteja falando apenas de sua estrela, ou não. “Não gostei de nossa linguagem corporal em alguns momentos. Temos de ter energia, ter mais vida em quadra, tanto no momento em que os arremessos estão caindo, como também quando o chute não cai”, disse o treinador.

O tipo de postura que o MVP Curry não pode ter. Será que o 4º período o anima?

O tipo de postura que o MVP Curry não pode ter. Será que o 4º período o anima?

De fato a postura cabisbaixa de Steph Curry durante boa parte do jogo era algo que intrigava bastante. O armador parecia chutar pedrinhas em casa a cada ataque desperdiçado, até despertar no quarto final, escoltado por Leandrinho (4 pontos em 11 minutos, mas com muita intensidade na defesa e abrindo a quadra no ataque, com saldo +11) e David Lee (11 pontos, 4 rebotes, 2 assistências, 100% nos arremessos e saldo de +17 em 13 minutos). A próxima lição é parar de enfeitar com a bola em momentos de pressão – se ajudou o Golden State a se aproximar no jogo, também deu um jeito de complicar a tentativa de virada cometendo três turnovers nos últimos dois minutos, com direito a passe por trás das costas no perímetro, sem direção.

Não é jogando “bonitinho” que ele e seus companheiros vão superar uma defesa duríssima como a do Cleveland, que tem contestado sem parar os Splash Brothers e limitando as linhas de passe – um trabalho de Blatt que merece mais detalhes em um outro texto antes do Jogo 4. “Se conseguirmos recuperar nosso ataque, o que vai acontecer, vamos vencer esta série”, afirmou Klay Thompson, cheio de confiança. Cestinha do Warriors no Jogo 2, o ala dessa vez marcou apenas 14 pontos em 16 arremessos e 39 minutos.

A jogada para cesta e falta em cima de Dellavedova, importantíssima, quando Curry havia deixado o Warriors a apenas um ponto no placar

A jogada para cesta e falta em cima de Dellavedova, importantíssima, quando Curry havia deixado o Warriors a apenas um ponto no placar

É bom que Thompson manifeste confiança, ainda mais depois da arrancada de Curry no quarto final, parcial na qual sua equipe conseguiu marcar 36 pontos – apenas um a menos que em todo o primeiro tempo. Depois de três jogos, seria um primeiro sinal de que a defesa do Cleveland possa arrefecer, com uma rotação enxuta e desgastante carga de minutos, depois das lesões de Kevin Love e Tristan Thompson? Talvez. Mas talvez não dê mais para o Golden State, atrás no placar geral da série,  apenas esperar que uma hora a bola caia. No geral, em três partidas, eles acertaram apenas 41,4% dos chutes de quadra. Mas a chave é essa, mesmo: arrumar o ataque.

Do outro lado, estão fazendo o que dá contra LeBron James. O craque 23 tem médias de 41 pontos, 12 rebotes e 8,3 assistências em 47,3 minutos, um patamar de produção que, desconfio, você não vai encontrar jamais. Só Wilt Chamberlain, talvez. Por outro lado, o ala tem sido obrigado a tentar mais de 35 arremessos por partida, com aproveitamento baixo de 40,2%, compensados de certo modo pelos mais de 10 lances livres por confronto, com 75% de acerto. Está claro, a essa altura, que Andre Iguodala consegue incomodar muito mais o astro do que Harrison Barnes, e o mais prudente talvez seja aumentar os minutos do sexto homem.

De resto, Kerr viu seus atletas enfim reduzirem as oportunidades de rebote ofensivo do Cavs (foram apenas seis dessa vez), bloqueando Timofey Mozgov com mais minutos para Festus Ezeli do que para um exaurido Andrew Bogut. Com as costas aparentemente travadas, Draymond Green não conseguiu lidar com Tristan Thompson, porém (10 pontos e 13 rebotes). A produção ofensiva do canadense, no entanto, foi atípica. Assim como a do Oscar-de-Melhor-Ator-Coadjuvante Dellavedova, que não cansa de aprontar, saindo de quadra dessa vez com 20 pontos, muitos tapinhas no ombro. Mas que cansa no sentido literal do esporte, mesmo, sofrendo com câimbras uma hora depois do final da partida, ficando impossibilitado de conversar com os jornalistas. Segundo o clube, teve até mesmo de tomar medicação intravenosa para amenizar as dores, num hospital da cidade.

O Warriors já se viu contra a parede uma vez nestes playoffs, na semifinal contra o Memphis Grizzlies, contra quem também perderam em casa e a primeira partida fora. Agora, no entanto, eles precisam passar por uma muralha beeeem mais larga, que até agora tem impedido que os darlings da liga americana se sentissem verdadeiramente confortáveis em quadra por mais de quatro ou cinco minuto. Com a diferença de que seu atual oponente pode explorar ao máximo os talentos de um outro grande camisa 23 no ataque, seguindo uma receita bem simples e, ao mesmo tempo, difícil de derrubar. Mas o fato é que a margem de manobra do Cavs ainda tem sido bastante apertada. David Blatt está vencendo o jogo de xadrez, mas com poucas peças no tabuleiro – dependendo, se já não bastasse, de uma ressonância magnética no ombro esquerdo de Iman Shumpert. Resta saber se Steve Kerr vai conseguir reagir nessa situação e dar um xeque na próxima quinta-feira.


‘Geração Nenê’ consegue reconhecimento tardio com 2º título em 2 anos
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Giancarlo Giampietro

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Varejão e Leandrinho: mais um brasileiro sairá campeão de quadra

A partir do momento em que o Golden State Warriors terminou o serviço na Conferência Oeste, despachando o Houston Rockets para se classificar à final, ficou definido que mais um brasileiro se juntaria a Tiago Splitter na lista de campeões da NBA: ou vai dar Leandrinho, ou Anderson Varejão, com seu Cleveland Cavaliers. Demorou um pouco, é verdade, desde que Nenê chegou a Denver em 2002 para reabrir as portas da liga americana aos jogadores nacionais. Mas, com dois títulos em dois anos seguidos, essa geração de 1982 a 85, um tanto contestada pela falta de sucesso com a camisa da seleção, trata de confirmar seu valor.

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Não, nenhum deles alcançou um status transcendental como o da dupla Manu Ginóbili e Luis Scola, ainda que Splitter já tenha sido eleito o melhor pivô da Espanha (e da Europa), que Leandro já tenha ganhado um prêmio de Sexto Homem (tal como Manu), e que, juntos, tenham ganhado, só nos Estados Unidos, mais de US$ 208 milhões em salários – sem contar os US$ 92 milhões que ainda estão por cair na conta. Se as franquias decidiram desembolsar tanta grana assim por quatro atletas, é que com algo de positivo eles podem contribuir. Creio. Mesmo que coadjuvantes.

Bons times não são compostos apenas por grandes estrelas. Se bem que… Qualquer treinador adoraria escalar cinco LeBrons… Ou, imaginem, que pesadelo seria marcar cinco atletas com a habilidade de Steph Curry no arremesso. Mas, hã, isso é impossível. Esses caras são aberrações, que você não encontra facilmente por aí. Os dirigentes têm, então, de se virar para encontrar as melhores peças complementares possíveis, enfrentando concorrência pesada e também tendo de se adequar  regras de controle das folhas salariais. É aí que entram os dois finalistas deste ano, além do campeão Splitter e de Nenê.

Eles têm algumas características em comum – especialmente os pivôs, os três muito inteligentes, com visão de quadra, excelentes no corta-luz e no passe – e outras habilidades bastante específicas que os tornam jogadores cobiçados e valiosos na confecção de um elenco. Lembrando que, numa liga de padrão elevadíssimo, mesmo os ‘operários’ tendem a ser bastante qualificados e, quando atingem um nível de excelência naquilo que são contratados para entregar, acabam muito bem pagos.

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Esse quarteto ganhou uma nota, é verdade – e acumularam também muitas vitórias, aquilo que, supomos, vale mais. É interessante notar como no currículo de Leandro, Varejão, Nenê e Splitter estão relacionadas equipes que prosperaram na maior parte do tempo. Com uma boa ajuda do Basketball Reference, dá para levantar precisamente o quanto elas venceram com a ajuda dos brasileiros. Então vamos lá: com 4o campanhas acumuladas entre os quatro, apenas em nove delas seus times tiveram aproveitamento inferior a 50% quando estavam em quadra, enquanto em 27 ocasiões foram para os playoffs.

aproveitamento-brasileiros-nbaSão quatro temporadas negativas para Varejão (no intervalo sem LeBron em Cleveland de 2011 a 2014), três para Leandrinho (a primeira em Phoenix em 2003, uma em Toronto em 2011 e outra dividida entre Toronto em Indiana em 2012) e apenas duas para Nenê (a primeira pelo Denver em 2002 e a de 2013 pelo Washington – tomando o bom senso de ignorar sua campanha 2005-06, na qual disputou apenas um jogo, sofrendo grave lesão no joelho logo na primeira partida). Splitter, no bem bom de San Antonio, tem um aproveitamento de 72,3% nas partidas que disputou (veja mais ao lado). No total, eles somam 2.329 partidas, com 1.366 vitórias, com aproveitamento de 58,6%. Para relativizar, esse número valeria a quinta colocação na Conferência Leste na atual temporada, ou o oitavo lugar no duríssimo Oeste.

O Golden State Warriors de Leandrinho, esteve bem acima dessa média, com 81,7% para entrar na decisão com mando de quadra. Nas 66 partidas em que escalou Kerr, o rendimento foi um tiquinho superior (81,8%). Quando vai para quadra, joga 11 minutos por partida durante os playoffs, rendendo Stephen Curry ou Klay Thompson. Varejão está fora de ação em Cleveland, devido a uma cirurgia no tendão de Aquiles que interrompeu sua vitória em dezembro. Quando jogou, em tempos de turbulência pré-folga de LeBron e trocas, foram 16 vitórias e 10 derrotas (61,5%, contra os 64,6% do final). Mas os poucos minutos e jogos não só não condizem com a história que os dois (e seus compatriotas) construíram nos últimos 13 anos de NBA, como também não diminuem a importância de ambos em seus grupos.

“Acho que se fôssemos fazer uma eleição no nosso time sobre quem seria o atleta mais popular, ele ganharia. É um cara divertido e que está sempre dando atenção a todos. Ele proporciona muita energia para o nosso time, energia no dia a dia para o vestiário, o que é sempre muito bom e importante”, afirmou ao VinteUm Alvin Gentry, recém-contratado pelo New Orleans Pelicans, mas ainda assistente do Warriors nas Finais da NBA que começam na próxima quinta-feira. Pergunte a LeBron James sobre o impacto que Anderson Varejão pode causar no dia a dia de um clube, também com muito carisma e empenho inesgotável. “Ele foi uma parte gigante no sucesso que tivemos no passado aqui, e, quando tomei a decisão para voltar, fiquei muito feliz que ainda fizesse parte do time”, disse durante a pré-temporada no Rio.

spurs-splitter-campeao-2014Não é apenas como ombro amigo que se ganha relevância. Varejão, obviamente, fica limitado a esse papel nas próximas semanas. Quando está em quadra, porém, sabemos que se trata de um dos melhores reboteiros e defensores entre os grandalhões da liga, além de ótimo passador. Leandrinho, por outro lado, tem sido produtivo nos minutos que lhe cabem como reserva de dois All-Stars, com 7,1 pontos em 14,9 minutos, com 47,4% nos arremessos (a melhor marca desde 2009) e 38,4% de três pontos (a melhor desde 2008). Numa projeção por 36 minutos, se mantivesse o ritmo, estaria com 17,1 pontos, 3,6 assistências, 3,3 rebotes e 1,5 roubo de bola. Em termos de eficiência, atingiu aos 32 anos o quarto melhor índice de sua carreira.

Os números caíram de modo significativo nos playoffs, mas o veterano ainda conta com a confiança de seu técnico em duelos importantes, de pressão. Por isso, já deve ficar de prontidão nas próximas 48 horas,  dependendo da avaliação médica de Klay Thompson. O ala ainda está sendo examinado de acordo com o protocolo de concussão da liga e não tem escalação garantida para o Jogo 1 em Oakland. Num cenário ideal, Kerr não vai precisar acionar o ligeirinho. Mas sabe que o ala-armador está jogando com muita velocidade e um nível de intensidade, agressividade fora do comum. Características tão ou mais importantes que as estatísticas. Menos do que uma lenda viva como Ginóbili ofereceu ao Spurs com frequência, desde 2003, quando estrearam juntos nos Estados Unidos. Normal, ué. Manu é outro que está na galeria dos diferentes, daqueles em torno do qual você pode montar um belo time. Sozinhos, contudo, eles não vão a lugar nenhum. Na escolta, pode muito bem caber um dos brasileiros.


Deu Warriors x Cavs. Notas sobre os desfecho das finais de conferência
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Giancarlo Giampietro

LBJ que se prepare: Warriors tem diversos defensores para tentar segurá-lo

LBJ que se prepare: Warriors tem diversos defensores para tentar segurá-lo

As finais de conferência já são história, definindo que o Golden State Warriors vai jogar sua primeira decisão da NBA após 40 anos e que LeBron James chega a sua quinta em cinco anos – um aproveitamento de 100% nesta década. Para o seu Cavs, vale como o retorno após a varrida sofrida em 2007 contra o Spurs.

Assunto é o que não falta. Seguem, então, algumas notinhas sobre os desdobramentos dos últimos dias e outras pílulas sobre o que vem por aí. Alguns desses tópicos provavelmente mereçam ser explorados com mais atenção até a próxima quinta-feira, quando começa o embate. Foi apenas a segunda vez em 29 anos em que as conferências consagraram seus campeões em um máximo de cinco jogos. Ambos terão uma semana de descanso, então, para regenerar James, preservar o joelho de Kyrie Irving e cuidar de uma eventual concussão de Klay Thompson.

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Os relatos de Oakland afirmam que não houve comemoração mais tímida como a do Warriors nesta quarta, no vestiário. Nada de champanhe, choro e exaltação. “Alguns jogadores tiraram selfies com o troféu da Conferência Oeste, e ficou nisso”, escreve o veterano jornalista Tim Kawakami, do San Jose Mercury News. “Já estão claramente concentrados nas próximas quatro vitórias.”

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Poxa, mas nenhuma tacinha?

Dá pra entender a sobriedade. melhor time o ano todo. Só o título vale como desfecho de uma das melhores campanhas da história. Com 79 vitórias e 19 derrotas até agora, são os favoritos. Em que pese o fator LBJ.

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Varejão e Leandrinho, mais de 10 anos na liga

Varejão e Leandrinho, mais de 10 anos na liga

Vamos ter um segundo brasileiro campeão, para se juntar a Tiago Splitter. E pelo segundo ano consecutivo. Se Leandrinho tem jogado muito bem como substituto eventual de Chef Curry ou Klay Thompson, com média de 11 minutos em 15 partidas, Anderson Varejão é praticamente um assistente do Cleveland, depois de ter sofrido uma ruptura de tendão de Aquiles em dezembro. Se a equipe desbancar o Warriors, porém, o pivô merece tão ou mais o anel de campeão do que qualquer um de seus companheiros. Afinal, é o cara que está no clube desde 2004, viu LeBron crescer e partir com os seus talentos para South Beach, sofreu com tantas derrotas nos últimos anos e se tornou um patrimônio da cidade. Quando seu corpo não lhe trai, não há quem entregue mais.suor em quadra.

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“Nós somos um time de arremesso e que não chutou bem hoje. Pelo menos fizemos uma ótima defesa.”

Foi uma das frases de Draymond Green nas entrevistas após a vitória final sobre o Rockets. Sem a eloquência costumeira, mas resumindo sua equipe. De novo: o Warriors não é especial só por causa do talento dos Splash Brothers. No Jogo 5, acertaram apenas 9 de 29 tentativas de longe, com Curry em desarranjo, mas acabaram com James Harden e souberam proteger a cesta depois de um primeiro quarto dominante e preocupante de Dwight Howard.

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Sobre Curry: o que houve? O MVP matou apenas 7 de 21 arremessos, sendo 3 em 11 de três pontos. Ainda perdeu 3 de 12 lance livres. Sem dúvida que foi um reflexo do tombo que levou em Houston. Ele sentia leve dor no lado direito de seu corpo. Decidiu até mesmo jogar com a proteção eternizada por Allen Iverson no braço. Mas a bola não caía com a frequência desejada. Tirou a braçadeira, e não deu em nada. Faço um paralelo com um carro de Fórmula 1, se me permitirem. A forma de arremesso do armador é tão especial, tão sofisticada que qualquer componente desalinhado pode fazer toda a diferença. Com uma semana de treinamento e respiro, tem tempo suficiente para restaurar a configuração original.

Agora é descansar o braço. Se a pequena Riley permitir

Agora é descansar o braço. Se a pequena Riley permitir

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É,  James Harden…  13 turnovers, recorde individual em um jogo de playoff. Só fez um pontinho a mais que isso. Se o Sr. Barba conseguiu evitar a varrida em Houston, acabou vivendo um pesadelo em Oakland. Fica a dúvida agora sobre qual desfecho seria menos indigno para a sua temporada.

Mas o Houston Rockets como um todo deve se despedir de cabeça erguida. Ser o segundo colocado numa conferência dessas não é pouco. Ainda mais com Howard perdendo exatamente a metade da campanha e Terrence Jones, Patrick Beverley e Donatas Motijeunas fora por muito tempo. E com Josh Smith, Corey Brewer e Pablo Prigioni chegando no meio do caminho.

Lembrem-se que o time texano caiu na primeira rodada dos playoffs do ano passado. Voltou, então, com uma defesa top 10, num progresso sensacional, mesmo sem Howard. O próximo desafio agora é procurar diversificar o ataque encontrar outros planos para além da correria e das investidas de Harden. O craque precisa da ajuda de outra força criativa no perímetro. Beverley, Brewer e Ariza são peças complementares excelentes, mas contribuem muito mais com defesa e energia. Não são caras que desafoguem a vida na hora de buscar a cesta.

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Para ficar no tema dos eliminados, o Hawks encerra a melhor campanha da franquia desde que se estabeleceu em Atlanta. Foi um ano maravilhoso, mas que terminou como um suplício. Começou com a fratura na perna de Thabo Sefolosha, causada pela polícia nova-iorquina. Depois foi a vez de DeMarre Carroll quase estourar o joelho. Al Horford foi expulso. Kyle Korver acabou de passar por uma cirurgia no tornozelo direito. Shelvin Mack sofreu uma ruptura no ombro e também vai ser operado. Afe. O futuro do time fica no ar agora, devido à entrada de Paul Millsap e Carroll no mercado, com a cotação elevadíssima. Danny Ferry, um dos dirigentes que melhor contratou nos últimos anos, segue afastado. E o clube tem novos proprietários. Seria um pecado que esse núcleo não tivesse mais uma chance.

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Steve Kerr, Cleveland Cavaliers, player, cardE este card? Ainda iniciando sua carreira na liga, depois de uma temporada com o Phoenix Suns, o chutador Steve Kerr jogou pelo Cavs de setembro de 1989 a dezembro de 1992, quando foi trocado para o Orlando Magic por uma escolha de segunda rodada do Draft de 1996, que resultaria em… Reggie Geary (quem?). Depois, acertaria com o Chicago Bulls. O resto da história vocês conhecem. Cinco títulos como atleta, comentarista brilhante, dirigente competente e agora um técnico de sucesso. Não apostem contra ele.

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Ao assumir o Golden State, um dos primeiros nomes contatados pelo treinador para compor sua comissão técnica foi… David Blatt. E pensar que o comandante do Cavs ficou muito perto de aceitar a proposta. Meio que já tinham um acordo informal, até que o Cavs (antes do Retorno) entrou na parada. Kerr nem tinha muito do que reclamar, pois havia feito a mesma coisa com Phil Jackson e o New York Knicks. Se o Mestre Zen tivesse feito a proposta dias antes, talvez tivesse assinado um contrato com o ex-pupilo. Pequenos desvios no rumo da história que nos colocam aqui, diante da final Warriors x Cavs. Agora Kerr e Blatt se enfrentam: é o primeiro par de treinadores (coff! coff!) novatos. Tecnicamente, é a segunda vez, mas isso porque houve uma primeira temporada, com dois treinadores que, dãr, estreavam em seus postos. Em 1947,  Eddie Gottlieb, do Philadelphia Warriors, levou a melhor sobre Harold Olsen, do Chicago Stags, por 4 a 1.


O arremesso dos playoffs 2015 da NBA é de Curry. Por enquanto?
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Giancarlo Giampietro

Com as fotos abaixo, nem é preciso apelar para a verborragia:

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Foto já clássica. Curry acerta da zona morta para forçar a prorrogação em Nova Orleans, após ficar atrás por 20 pontos

Uma foto já clássica

De perto, podemos ver a expressão de torcedores que já sabiam o que estava acontecendo. E Curry de olhos fechados

Nós contra eles

Nós contra eles

O ângulo para o arremesso

O ângulo complicado para o arremesso, ainda mais com um Monocelha vindo em sua direção

E ainda foi falta em cima do craque do Warriors. Vitória poderia ter saído antes da prorrogação

E ainda foi falta em cima do craque do Warriors. Vitória poderia ter saído antes da prorrogação

I-na-cre-di-tá-vel, Curry. Cruel demais

I-na-cre-di-tá-vel, Curry. Cruel demais

Rumo ao 3 a 0. Fui!

Rumo ao 3 a 0. Fui!

Para quem está boiando, o seguinte: o New Orleans Pelicans tinha 20 pontos de vantagem no início do quarto período contra o Golden State Warriors (89 a 69). Jogo 3 de uma série melhor-de-sete pelos playoffs da NBA. O time havia perdido as primeiras duas partidas. Uma vitória aqui poderia, quiçá, mudar os rumos do confronto. Mas o líder da Conferência Oeste batalhou. Teve uma reação daquelas que vai ficar na memória de sua torcida por muito tempo, obviamente por causa do arremesso acima.

Faltando pouco mais de 9 segundos para o fim, o técnico Steve Kerr pediu um tempo, três pontos atrás no placar. Sua jogada deu certo, com a reposição de Draymond Green para Stephen Curry na ala esquerda, com Quincy Pondexter em seu encalço. O primeiro arremesso deu aro, saiu curto demais. Mas ainda deu tempo para Marreese Speights pegar o rebote ofensivo e acionar o cestinha mais uma vez. Pondexter, um bom defensor, deu uma cochilada e demorou para reagir. Por um instante, se distrai com o próprio Green ao seu lado direito. Quando acorda, Curry já tinha a bola em mãos novamente para fazer o disparo. O detalhe é que Speights faz uma proteção mínima para o astro, talvez o suficiente para afastar Tyreke Evans e Anthony Davis, que se aproximavam. Caiu: 108 a 108. Venceram, depois, por 123 a 119. Foi o arremesso dos playoffs até agora. Com o seu talento e a possibilidade de uma longa campanha do Warriors, não duvido faça outro ainda mais chocante.

Agora o lance todo:

Já havia feito o mesmo exercício no ano passado, com um chute de três de Vince Carter no apertado duelo entre Mavs e Spurs pela primeira rodada. O Dallas foi quem mais deu trabalho ao San Antonio no fim. Tal como naquele lance, aqui o efeito é o mesmo: as fotos dão noção muito maior do drama e da dificuldade em torno da cesta de Curry do que o vídeo, não? O VT ao menos nos ajuda a contar: foi qualquer coisa em torno de 3s5 a espera que o gatilho teve de esperar entre a primeira tentativa falha e a bola consagradora. Sim, em menos de quatro segundos pode acontecer tudo isso.

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Algumas notas sobre o jogo e a cesta.

(Vocês não acreditaram nessa história de escrever pouco e deixar a imagem contar tudo, né?)

A primeira vai na onda do contra. Curry tentou 29 arremessos e converteu apenas 10 (29% 34%, na verdade, com a auditoria do camarada Felipe Neves, um jornalista que sabe, sim, fazer contas!). Da linha de três, foram 11 erros em 18 tentativas. Ainda assim, marcou 40 pontos porque também é um mago no drible, bate a defesa e vai lá dentro descolar lances livres (matou 13 em 14, parecendo até mesmo James Harden nessa). Vi por aí algumas mensagens questionando o queixo caído de toda a liga com os Splash Brothers de Golden State, e achei um ponto válido, mesmo: se essa linha estatística fosse de Russell Westbrook – ou… Kobe–, qual seria a reação majoritária? Mesmo no caso de uma vitória e um arremesso dramático?

Reparem, por favor, que a pergunta tem muito mais a ver com o que se fala sobre o armador de OKC e sobre a lenda viva do Lakers do que Curry, que não fez sua melhor partida, esteve abaixo da média, mas, poxa, marcou 17 pontos em 7 minutos de quarto período e mais 5 de prorrogação. Errou sete de seus últimos 11 arremessos, mas converteu O Chute que importava, não? Além disso, seguiu a linha da nova contagem de arremessos: pode ter tido um aproveitamento baixo de quadra, mas compensou com o elevado número de bolas de longa distância e lances livres. Enfim.

*   *   *

Mais arremessos de três proporcionam chances maiores de rebotes ofensivos. A matemática comprova isso. A defesa em geral está distorcida, desequilibrada, a bola respinga no aro para mais longe, para fora do semicírculo etc. Mas os jogadores do New Orleans simplesmente não conseguiram fazer um bloqueio de rebote decente. A torcida se dividia entre o apoio aos atletas e a aflição, a cada segunda segunda chance obtida pelos adversários. Foram 12 rebotes ofensivos apenas no quarto período para os queridinhos da América. Uma dúzia, e com baixa estatura!

Sim, quem merece (mais e mais) aplausos aqui é Steve Kerr, gente. Que não abriu mão do jogo em nenhum momento. Numa última tentativa, no início do quarto período, ele mandou para a quadra uma formação sem pivôs: Shaun Livingston, Leandrinho, Iguodala, Klay Thompson e Draymond Green. Livingston, Thompson e Green têm 2,01 m de altura. Iguodala, 1,98 m. Leandrinho, 1,94 m (mas com a envergadura de um cara muito mais alto). A ideia: ganhar em velocidade, mobilidade, enquanto, na defesa, podiam trocar tudo, procurando apenas manter Green com o Monocelha. A tendência é ver cada vez mais disso, conforme praticam o Milwaukee Bucks e o Philadelphia 76ers. O Miami Heat conquistou dois títulos assim também.

*    *    *

Em tempo: Leandrinho marcou os primeiros quatro pontos do quarto – e todos os seus seis pontos nessa parcial. O agora veterano ala-armador vai contribuindo de modo significativo para Warriors, ainda que em poucos minutos. Tem um papel definido e vai  produzindo.

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A nota mais alternativa e curiosa da noite? O Santa Cruz Warriors está disputando a final da D-League. A série contra o Fort Wayne Mad Ants, o time que contou com breves passagens de Lucas Bebê e Bruno Caboclo, começou nesta quinta. Pois o Warriors B também venceu fora de casa, zerando uma desvantagem de 20 pontos. Coincidência?

O atlético ala-armador Elliot Williams, escolha de primeira rodada de Draft que não vingou em Portland, foi o cestinha, com 31 pontos. O pivô bósnio Ognjen Kuzmic é o único cedido pelo time de cima. Somou 18 pontos, 13 rebotes e 4 assistências. Quem também esteve em quadra foi o ala Darington Hobson, que não deixou saudades em Brasília, e Taylor Griffin, o irmão do Blake. Do outro lado, o único atleta cedido pela NBA ao Mad Ants é o pivô Shane Whittington, do Indiana Pacers.


Do MVP à maior decepção. Uma lista de prêmios da NBA 2014-15
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Giancarlo Giampietro

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O começo dos playoffs também coincide com as diversas coletivas de imprensa que a NBA vai marcar para anunciar os vencedores dos prêmios individuais da temporada. Ao divulgar a sede – Oakland, Atlanta, Houston etc. –, a liga já indicará o escolhido. Como leva um tempo para organizar cada anúncio, há anos em que a cerimônia pode até ser meio indigesta, creiam. Corre-se o risco de entregar o troféu para um jogador que acabou de ser despachado nos mata-matas, como aconteceu em 2007 com Dirk Nowitzki. Seu Dallas Mavericks havia voado na temporada regular, aparentemente se recuperando bem da derrota para o Miami Heat nas finais da temporada anterior. Mas aí eles deram de frente com o Golden State Warriors de Don Nelson, seu ex-mentor, e acabaram entrando na história como mais um cabeça-de-chave número um a ser  eliminado pelo oitavo colocado. Se formos pensar no equilíbrio da atual Conferência Oeste, corre-se um sério risco.

Mas não há o que fazer: os mata-matas começam quase que imediatamente após o final da temporada regular. Técnicos e scouts se apressam em preparar o estudo sobre seu adversário, para dirimir tudo e passar aos atletas. E a raça que atende pela alcunha de jornalistas também está apressada, tentando colocar no papel uma série de artigos que se replicam, mas parecem inevitáveis. Como o tradicional para revelar suas escolhas para a votação (aqui, no caso, imaginária) dos melhores da temporada.

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(Um parêntese, apenas: neste ano vamos ter um interessante contraponto entre as escolhas dos jornalistas e a dos jogadores. A associação dos atletas decidiu promover uma votação própria. “Os torcedores e os técnicos escolhem os all-stars. A mídia vota nos prêmios da liga. Nossos membros querem reconhecer as performances sensacionais de seus companheiros também. Os jogadores não têm votado para os prêmios desde 1980”, afirmou a advogada e diretora-executiva da entidade, Michele Roberts, em comunicado oficial divulgado na quinta-feira. Serão 10 categorias nessa seleção paralela, definidas pelos jogadores durante o intervalo do All-Star. “A nomenclatura exata para cada prêmio e o programa ainda estão sendo definidos”, diz. O estranho é que os votos foram dados antes do final da temporada. Como os atletas votaram para algo cujo nome ainda nem foi definido? Houve caras que se recusaram a participar do processo. Como John Wall, que levantou um ponto necessário: “Como jogadores, sabemos quem é quem, mas pode ser que nosso orgulho e nosso ego interfira. Pode ser que você não queira ver determinada pessoa ganhar um prêmio. Vai haver gente dizendo que é o MVP, ou o melhor jogador, então nunca vai ter uma disputa justa, na minha opinião.”)

Posto isso, vamos nessa, mas sem poder se estender muito sobre cada eleito. Cada um merecia um post próprio, mas há ainda muito o que ser digitado. Xô, tendinite..

MVP: James Harden
A disputa com Stephen Curry é muito torturante. Você tem muitos argumentos a favor dos dois, expostos aqui já, além de outros candidatos. Mas parece claro que, a essa altura, o troféu vai para Harden ou Curry. Steph é o melhor jogador no melhor time da liga. Faz coisas incríveis com a bola, seja arremessando, a ponto de comemorar uma cesta quando ela não cai, ou driblando, para descadeirar um CP3. Supera Harden em termos de índice de eficiência. Se quiser brincar com mais números, tudo bem. Em geral vai dar o líder do Warriors (e aqui que a gente precisa tomar cuidado com as estatísticas avançadas: de modo geral, os dados de Curry serão fora de série. E ele é brilhante, não temos dúvida. Mas, em termos de avaliação numérica, é muito difícil separar o que cada jogador faz do conjunto da obra de sua equipe. E o Golden State detonou a concorrência). Ainda assim, vou com Sr. Barba, pela carga pesada que carregou durante o campeonato para manter o Houston Rockets bem posicionado na Conferência Oeste – sem o seu astro, seria difícil até imaginar uma classificação aos playoffs. Foi aquele que ficou mais minutos em quadra e que mais cobrou lances livres. E melhorou consideravelmente sua defesa, marcando até mesmo gente como Z-Bo e Blake Griffin. Mais de uma bíblia já foi escrita a respeito da disputa dos dois, e geralmente os artigos todos têm terminado da seguinte maneira: “Veja bem, ambos merecem o prêmio, e a distância entre eles é mínima”. Não me parece que exista realmente uma “escolha errada” aqui. Mas deve dar Curry. Gostaria de ver Anthony Davis logo abaixo dos dois, e talvez a briga do Pelicans até o fim pelo oitavo lugar do Oeste o ajude. Os outros dois votos ficariam entre Wesbrook, LeBron e Chris Paul.

Melhor defensor: Draymond Green
Andrew Bogut é quem protege a cesta e vai ter um papel essencial nos playoffs para que seu time controle as batalhas mais importantes: aquelas da zona pintada. Qualquer torção de tornozelo ou lesão de ombro dele pode causar danos sérios ao favoritismo do Warriors, é verdade. Mas quem dá o recado, quem dita a intensidade da equipe na hora de parar o adversário. Ele é daqueles que fala horrores – mas que justifica tudo em quadra. Além disso, devido ao seu pacote de força física, inteligência, determinação e estatura mediana para a posição (2,01 m) permite a Steve Kerr confiar num sistema de trocas na defesa. É curioso isso: o fato de ser considerado baixo ao deixar a Universidade de Michigan State fez com que caísse para a segunda rodada do Draft. Hoje, é algo que joga a seu favor de modo único – com sua envergadura e senso de posicionamento, consegue marcar grandalhões. Ao mesmo tempo, é flexível o bastante para brecar as infiltrações de alas e armadores. Sua consistência durante todo o ano acaba valendo mais que os esforços impressionantes de Kawhi Leonard na reta final da temporada. Tivesse o jovem astro do Spurs disputado toda a temporada neste ritmo, acho que não haveria dúvida em apontá-lo aqui. Rudy Gobert seria outra escolha tranquila.

>> Os prêmios do 21 no meio da temporada: Oeste
>> Os prêmios do 21 no meio da temporada: Leste

Melhor 6º homem: Lou Williams
Nos momentos de crise, com DeMar DeRozan ou Kyle Lowry afastados, foi Williams quem carregou o Toronto Raptors. Sua habilidade para gerar oportunidades de pontuar por conta própria é vital num ataque que contradiz o ‘modelo Spur’: ao mesmo tempo que o clube canadense teve o terceiro sistema ofensivo mais eficiente do campeonato, ele foi apenas o antepenúltimo em cestas assistidas. Seus percentuais de arremesso são baixos, mas mudam de figura quando você vê o tipo de chute que lhe cabe em quadra, batendo adversários no mano a mano com velocidade e agilidade. Geralmente marcado no perímetro, tentando desafogar a vida de Dwane Casey. Basta conferir seu gráfico de tentativas de cesta e perceber que ele é ma ameaça constante, por toda o perímetro, interno e externo. É um perfil parecido com o de Isaiah Thomas, no fim. Agora, se o baixinho ajudou a devolver o Celtics aos playoffs, o simples fato de ele ter finalizado sua campanha em Boston já serve como um ponto contrário a sua candidatura – houve uma razão para o Phoenix Suns o liberar no mesmo dia em que havia trocado Goran Dragic, e ao que tudo indica ele dá trabalho no dia a dia. Dennis Schröder, Rodney Stuckey e o eterno Jamal Crawford também merecem consideração.

Jogador que mais evoluiu: Hassan Whiteside
Na temporada passada, ele estava no Líbano e na segunda divisão chinesa. Hoje, está posicionado entre os dez jogadores mais eficientes da liga. Em termos de custo-benefício, foi a melhor contratação da temporada. Acho que não precisa ir muito além disso – embora o próprio fato de ele nem ter jogado a temporada passada levante uma questão técnica sobre o prêmio: é possível comparar o desempenho atual com o de um passado um tanto distante? Caso o Utah Jazz tivesse se livrado de Enes Kanter mais cedo, Rudy Gobert poderia desbancá-lo aqui. Seu crescimento também foi impressionante, com o jogo desacelerando  para permitir que ele usasse seus atributos físicos de modo intimidador. Com o francês titular, sua equipe teve a defesa mais eficiente depois do All-Star Game, e foi de longe. Outros caras que vão ganhar votos justos estão no topo e participaram da festa em Nova York: Jimmy Butler e Klay Thompson, que trabalharam sério na virada de um campeonato para o outro e se tornaram cestinhas de elite.

Melhor novato: Andrew Wiggins
Nikola Mirotic arrebentou nos últimos meses da temporada, especialmente quando Rose e Gibson estavam fora de ação. Tem os números avançados mais qualificados. Teve um papel importante em uma equipe que disputou jogos relevantes o campeonato todo, com ambição de título. Mas há dois pontos contra o montenegrino naturalizado sérvio, a meu ver: 1) não podemos nos esquecer que foi apenas a partir de março que ele ganhou minutos significativos, devido aos desfalques na rotação de Thibs – em fevereiro, por exemplo, jogou apenas 14,3; 2) não me sinto confortável em tratar o talentoso ala-pivô como “novato” – não quando ele já ganhou o prêmio de MVP do campeonato espanhol e vários troféus pelo Real Madrid. Tecnicamente ele é um calouro, sim. Na realidade, já é um “jovem veterano”. Então vamos de Andrew Wiggins, que teve o ano mais consistente entre todos os estreantes. Aliás, deu para perceber um padrão aqui, né? A preocupação de não se deixar levar apenas pelo que aconteceu nas semanas finais de campanha. Pode não ter tido o ano mais eficiente, mas conseguiu produzir em um nível elevado para um garoto só completou 20 anos em fevereiro e que mal teve a assistência de Ricky Rubio, ou de qualquer outro veterano para facilitar sua transição. É difícil ter uma exuberância estatística quando seu time tem um elenco inexperiente e estropiado. De qualquer forma, mostrou uma evolução regular mês a mês e dá toda a pinta de que vai se tornar a estrela cantada por olheiros há dois, três anos. Por isso, nas minhas contas, fica acima de Nerlens Noel, Jordan Clarkson e Elfrid Payton, calouros que jogaram muito, mas apenas depois do All-Star.

Melhor técnico: Steve Kerr
Tá, aqui vamos apelar sensivelmente aos números. O Golden State se despediu da temporada regular com o segundo melhor ataque;  a melhor defesa, embora jogue com o ritmo mais acelerado da liga; o melhor saldo de pontos, disparado, e essa é uma estatística notoriamente influente no resultado dos playoffs; melhor em percentual de arremessos, sem importar qual a medição usada; o segundo melhor rendimento em jogos apertados – nas raras ocasiões em que não conseguia atropelar os adversários; o segundo em cestas assistidas… Você precisa vasculhar bastante toda a magnífica seção de estatísticas do NBA.com para encontrar um ou outro ranking em que eles apareçam mal posicionados. Então tudo bem: em aproveitamento de rebotes, ocupam apenas o 12º lugar, sendo que, naqueles mais importantes, os defensivos, estão em 19º. Está certo que Kerr já assumiu uma base sólida, um grupo que havia disputado as últimas duas edições dos playoffs e que cresceu muito na defesa sob a orientação de Mark Jackson. Mas o fato é que o clube deu um salto de 16 vitórias na classificação geral, e desconfio que isso não se deve à chegada de Shaun Livingston, Leandrinho, Justin Holiday e James Michael McAdoo. Não obstante, o final de temporada um tanto morno do Atlanta Hawks acaba facilitando a escolha entre ele e Mike Budenholzer. O que não quer dizer que o treinador dos campeões do Leste não mereça um robusto pergaminho de elogios, ao por também ter elevado seu mesmo grupo a outro patamar. Terry Stotts, sempre subestimado em Portland, Kevin McHale, que revolucionou a defesa do Rockets mesmo com Dwight Howard no estaleiro, Brad Stevens, um mago ao ter endireitado um Boston Celtics em cosntante mutação,  e Jason Kidd, com uma rotação única por sua extensão e uma retaguarda sufocante com o jovem Bucks, são outros nomes que merecem atenção.

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David Griffin terminou a temporada sorrindo

Melhor executivo: David Griffin
Os mais chegados a LeBron James garantem que, se fosse para deixar Miami, apenas um retorno para Cleveland seria possível. Não se sabe até hoje o quanto a franquia de Ohio estava informada a respeito disso. E não importa. Quando a possibilidade de acertar a contratação de James se apresentou, o dirigente já havia tomado todos os passos necessários para acolhê-lo, num trabalho nada fácil: saber usar as escolhas de Draft acumuladas durante meses e meses para abrir espaço no teto salarial, tomando cuidado para não sabotar completamente o futuro da franquia se algo desse errado. Está certo que o segundo movimento – a troca por Kevin Love, cedendo uma promessa como Andrew Wiggins – não teve a repercussão (esportiva) esperada, mas não dá para ignorar o fato de que LBJ praticamente exigiu que a transação fosse feita. De qualquer forma, em meio a uma alarmante crise com menos de 50% da temporada disputada, Griffin foi nobre e valente o bastante para chamar uma coletiva e dar um basta aos rumores sobre uma possível demissão de David Blatt. Depois, voltou ao mercado para buscar reforços que salvassem seu treinador e, ao mesmo tempo, satisfizesse os anseios do astro. Agindo sempre sob uma pressão imensurável, tendo um dos proprietários de clube mais impacientes e ativos na sala ao lado. Bravo. O combo Bob Myers-Jerry West-Travis Schlenk-Kirk Lacob também merece aplausos por um entrosamento único na gestão do Warriors, assim como John Paxson e Gar Forman, que estão desgastadíssimos com Tom Thibodeau, mas deram ao técnico um elenco capaz de relevar as constantes lesões de Derrick Rose.

Por fim, alguns itens alternativos:

Melhor jogador sub-23: Anthony Davis, com 22 anos completos em março.  Steph Curry tem 27. Durant e Wess, 26. Harden, 25. Tim Duncan? 38. LeBron? 30. Assimilem isso.

Melhor segundanista: Rudy Gobert. Desculpe, Giannis. : (

Melhor estrangeiro: Pau Gasol, redivivo em Chicago e líder em double-doubles na temporada. Fica acima de seu irmão, que teve dois meses fantásticos na abertura do campeonato, mas depois caiu um tico.

Melhor brasileiro: Leandrinho? A despeito de seu entra-e-sai na rotação do Warriors. Mas convenhamos que não foi uma temporada das mais produtivas para os selecionáveis, com diversas lesões atrapalhando a trinca Splitter-Nenê-Varejão, da mesma forma que Vitor Faverani acabou dispensado por Boston sem poder mostrar serviço. Em Toronto, os caçulas mal jogaram.

Melhor importação da D-League: Whiteside, surrupiado pelo Miami Heat da toca do Memphis Grizzlies, o Iowa Energy. Aliás, Pat Riley foi o executivo que melhor usou a liga de desenvolvimento este ano. Basta ver como Tyler Johnson chegou ‘pronto’ quando foi promovido. Menção honrosa aqui para Robert Covington, um ala de muito potencial por sua habilidade atlética na defesa e o chute de fora no ataque. Veja aqui todos os jogadores que conseguiram elevar consideravelmente sua renda mensal ao serem chamados pela liga maior.

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

De Tyler Johnson para Whiteside. Dois D-Leaguers

Melhor resultado de troca: se for pensar no curtíssimo prazo, a chegada de Timofey Mozgov ao Cleveland, por propósitos defensivos e também para animar LeBron, que, segundo consta, quase chorou de alegria ao ver o quão gigante o russo é de perto. Vale mencionar também a contratação de Isaiah Thomas pelo Boston. Sim, teve mais impacto que nomes como Rondo, Jeff Green e Goran Dragic. Ou mesmo Quincy Pondexter, que ajudou o Pelicans a estabilizar sua defesa e ainda recuperou seu arremesso de três pontos. Pensando longe, tudo vai depender de renovações de contrato. Dragic vai ficar em Miami, presumimos. Será que Rondo vai se encontrar em Dallas durante os playoffs? Como o Phoenix vai aproveitar tantas escolhas futuras de Draft? Será que Philly vai descolar o pick do Lakers já neste ano? Enfim, tudo em aberto.

Time mais azarado: Oklahoma City e Indiana Pacers têm uma alta conta hospitalar para competir aqui.

Maior decepção: New York Knicks. Phil Jackson prometeu os playoffs em setembro e terminou o ano falando que enfim tinha um plano para reerguer a franquia. O Los Angeles Lakers não fica muito atrás.

O jogador mais desmiolado: Nick Young, com seus devaneios de grandeza. Você quer acreditar que tudo não passa de uma grande piada, mas, quando percebe o conjunto da obra, começa a duvidar disso. Byron Scott não quer reencontrá-lo de modo algum na próxima temporada.

O dirigente mais intempestivo: Vivek Ranadive, dono do Kings, que demitiu Michael Malone depois o melhor início de campanha da equipe em muito tempo, efetivo Tyrone Corbin (um desastre), depois pressionou Chris Mullin a assumir o cargo durante a temporada para depois frustrar seu “consultor” ao contratar George Karl. Se não fosse o bastante, ainda trouxe Vlade Divac de volta para ser o novo chefão das operações de basquete. Com tudo isso, conseguiu sabotar DeMarcus Cousins de uma forma inacreditável, justamente no primeiro ano que o pivô se comportou do início ao fim. Aliás, Boogie também precisa ser incluído na lista de jogadores que mais evoluíram – e talvez seja hoje o jogador mais subestimado, por isso. Loucura geral.

A notícia que pode ter maior impacto a longo prazo: a NBA, depois de sua última reunião com os proprietários das franquias, indicando que o teto salarial pode passar dos US$ 100 milhões em 2017-18.


Augusto derruba o Real, Splitter decola e mais: um giro com os brasileiros
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Giancarlo Giampietro

Os playoffs estão chegando, em todos os lugares — no Fantasy, aliás, o bicho já está pegando. Então vale gastar alguns minutos nesta segunda-feira para checar como andam os brasileiros espalhados por aí, levantando como têm sido seus últimos dias, de preparação para a hora que importa, mesmo:

– Começamos pela Espanha. Não só para quebrar a rotina, mas também pelo fato de a maior vitória ‘brasileira’ ter acontecido por lá. Augusto Lima, em sua temporada sensacional, liderou o modesto Murcia em um triunfo histórico sobre o Real Madrid, pela Liga ACB. Há 20 anos que seu clube não derrotava a potência merengue em casa. O pivô teve dificuldade para finalizar no garrafão (3/11 nos arremessos), mas não deixou a confiança esmorecer. Como de costume, batalhou pelas próprias sobras e terminou com um double-double de 13 pontos e 11 rebotes. Foram 5 na tábua ofensiva, buscando contato (6/7 nos lances livres).

Augusto rege a torcida: vitória muito comemorada

Augusto rege a torcida: vitória muito comemorada

Ao menos neste ano vem sendo acompanhado por Magnano, que o elogiou recentemente, depois de ter sido ignorado na convocação passada. Até porque Augusto tem ao seu lado Raulzinho, que foi titular no domingo. Em 24 minutos, somou 7 pontos, 2 assistências e 2 rebotes. Durante a campanha, o jovem armador vem dividindo a condução da equipe com o veteraníssimo Carlos Cabezas, sendo observado pelo Utah Jazz.

Em termos de classificação, o resultado devolve a esperança ao Murcia de chegar aos playoffs. Mas não vai ser fácil. O time está na décima posição, com 11 vitórias e 13 derrotas, empatado com o Gran Canaria. O oitavo Zaragoza é o Zaragoza, com 14 e 11, respectivamente, também empatado com o Baskonia e o Valencia. Restam 9 rodadas na temporada.

De acordo qualquer forma, tem de comemorar, mesmo. Não só quebraram um tabu — chamado de “maldição” por lá –, como derrubaram o Real da liderança. O Málaga volta a se isolar na ponta. Mais: para se ter uma noção do quão difícil é derrotar o gigante espanhol, saibam que, de 2012 até esse domingo, os caras haviam ganhado 82 de 92 partidas pela temporada regular.  Aproveitamento de 89,1%. Só.

Augusto e Raul na rodinha animada

Augusto e Raul na rodinha animada

Ainda na Espanha, outro que está numa crescente é o armador Rafael Luz, titular na vitória do Obradoiro sobre o Fuenlabrada por 88 a 82, no sábado. O brasileiro marcou 9 pontos e deu 9 assistências em 29 minutos arredondados. Nos últimos quatro jogos, ele tem médias de 10,7 pontos, 5,2 assistências e 3,2 roubos de bola, números elevados para a a liga, ainda mais em 25 minutos.

– Ok, agora a NBA. A julgar pela desenvoltura com a qual se movimentou em quadra neste domingo, parece não haver incômodo algum na panturrilha de Tiago Splitter. O pivô fez uma grande partida contra o Atlanta Hawks, em surra dada pelo Spurs (114 a 95). O catarinense jogou por 27  minutos e terminou com 23 pontos e 8 rebotes, convertendo impressionantes10/14 chutes.

Não é segredo que o Spurs rende seu melhor basquete, há duas temporadas, com Splitter entre os titulares — ainda que um Boris Diaw com bom ritmo seja muito valioso contra times mais ágeis. Tim Duncan, mesmo, já disse ao VinteUm que prefere a formação de duas torres. Os números vão comprovando a tese novamente: desde que o ilustre cidadão de Blumenau recuperou o posto, o quinteto inicial do time texano vem esmagando a oposição.

Taí a dupla

Taí a dupla

Antes, porém, que vocês queiram descer o cacete no Coach Pop, favor considerar os seguintes fatores: 1) Splitter teve sua pré-temporada prejudicada pelas lesões; 2) Pop não ia desgastá-lo, ciente de sua importância; 3) Diaw ainda é um que está atrás da curva, e a equipe vai precisar dele mais para a frente; 4) Aron Baynes meio que jogou bem, mas não conte para ninguém; 5) mais importante de todos: demorou para o quinteto inteiro ficar em forma, na mesma época.

O Spurs, assim como Splitter torcia, está chegando. Se o jogo no Madison Square Garden foi uma desgraça, praguejado com veemência por Popovich, a verdade é que ultimamente os campeões têm dado muito mais sinais de grandeza. Mike Budenholzer viu de perto, num primeiro quarto arrasador: eles voltaram. O que é salutar. Quando o Spurs está em seu melhor nível, difícil encontrar jogo mais bonito e atordoante. A bola cruza a quadra com máxima velocidade, de mão em mão, para frente e para trás, até a defesa rival se despedaçar. E o legal foi ver Splitter totalmente envolvido nessa. Dos raros pivôs com quem a bola não morre. No defesa, as rotações são uma belezura. Green e Kawhi agridem no perímetro, os pivôs cobrem, e a intensidade é plena.

Está tudo enrolado na tabela, mas, mantendo esse ritmo, San Antonio vai ter mando de quadra na primeira rodada, independentemente de ficar com a quarta posição. Tivessem batido os Bockers, já registraram melhor aproveitamento hoje que Blazers e Clippers.

Bruno Caboclo volta a entrar em quadra. Por dois minutos

Bruno Caboclo volta a entrar em quadra. Por dois minutos

– O Toronto Raptors não está jogando tão bem assim, mas tem sua classificação para os mata-matas assegurada, vai. Ao time canadense, o que resta é tentar recuperar o basquete dos dois primeiros meses da temporada. Essa conjuntura não favorece os dois brasileiros do elenco – se o mando de quadra também estivesse garantido, as perspectivas de tempo de quadra aumentariam. De qualquer forma, neste domingo, depois de um looongo inverno e de problemas fora de quadra, pela primeira vez desde 4 de fevereiro, o técnico Dwane Casey colocou o ala em quadra. Foram apenas dois minutinhos contra o Knicks, uma baba.  Isso só foi possível pelo fato de Kyle Lowry estar afastado por lesão, abrindo uma vaga para Caboclo trocar o terno pelo uniforme.

Lucas Bebê não estava presente para ver. O carioca está cedido ao Fort Wayne Mad Ants, da D-League. Ao contrário do que aconteceu com o caçulinha brasileiro por lá, Lucas chegou para jogar – foram três partidas até agora, com médias de 11,0 pontos, 13,0 rebotes e 2,6 rebotes, em imporantes 25,7 minutos – para comparar, Bruno teve apenas 8,9 minutos em sete compromissos. Quer dizer: o pivô produziu bem. Mas não dá para se levar perdidamente pelos números da Liga de Desenvolvimento da NBA. Os jogos são acelerados, a bagunça costuma imperar. Tem de pegar os VTs no YouTube para avaliar com cuidado o que o pivô anda fazendo. O Mad Ants não é a franquia mais aberta da D-League aos jogadores de cima, mas segue como a melhor oportunidade para a dupla ser aproveitada.

Leandrinho, ao ataque. Briga por minutos relevantes

Leandrinho, ao ataque. Briga por minutos relevantes

– Leandrinho foi outro que ganhou espaço devido a uma lesão de um dos titulares. Klay Thompson está fora de ação pelo Warriors, e o ligeirinho tem sido mais acionado por Steve Kerr, dividindo os minutos do jovem astro com Andre Iguodala e Justin Holiday. O ala-armador recebeu 80 minutos em três jogos (26,6) e marcou 44 pontos (14,6). É um momento importante para mostrar serviço: uma hora Kerr vai ter de definir sua rotação para os playoffs, e ainda não está clara a ordem de chamada no banco. Andre Iguodala, Shaun Livingston e Marreese Speights vão para a quadra. É de se imaginar que David Lee também. Restaria uma vaga, pela qual duelam as habilidades ofensivas do brasileiro e as defensivas de Holiday, irmão do Jrue.

– Depois de um mês de fevereiro tenebroso, o Washington Wizards tenta se recuperar, mas vem de duas derrotas (Clippers e Kings, no domingo). Nenê volta a viver sua rotina de entra-e-sai do plantel de relacionados de Randy Wittman, devido aos constantes problemas físicos. O técnico precisa do pivô na briga por mando de quadra, mas a produção do paulista sofreu uma boa queda neste mês, tendo acertado apenas 42,9% de seus arremessos de quadra (na temporada, a média é de 51,5%; na carreira, 54,5%). É uma situação para se monitorar, ainda mais se a seleção brasileira tiver de jogar por uma vaga olímpica neste ano.