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Mercado da Divisão Noroeste: o enigma OKC e um monte de moleque
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Giancarlo Giampietro

Quem já leu os textos sobre a Divisão Central, a Divisão Pacífico e/ou a Divisão Sudeste, pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos, indo direto para os comentários clube a clube. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

Kris Dunn (d) e Jamal Murray: mais caras novas e jovens no Noroeste

Kris Dunn (d) e Jamal Murray: mais caras novas e jovens no Noroeste

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

– Denver Nuggets
Quem chegou: Jamal Murray e Malik Beasley.
Quem ficou: Darrell Arthur.
Quem saiu: DJ Augustin (Magic).

Juancho vai ficar em Denver? Já vale muito, independentemente

Juancho vai ficar em Denver? Já vale muito, independentemente

É como se o Denver Nuggets fosse o Boston Celtics do Oeste, mas como se o ano fosse 2014, sem um técnico chamado Brad Stevens. Com todo o respeito a Mike Malone. Em termos de at jovens jogadores promissores e moedas de troca, porém, o clube do Colorado está abarrotado. Uma hora, vão usar estes ativos em alguma negociação de impacto. Por ora, só precisam de um pouco de paciência. O flerte com Dwyane Wade só valeu para a franquia ao menos se anunciar ao mercado.

O gerente geral Tim Connely explorou novamente os mares abertos para adicionar mais revelações estrangeiras, seguindo a trilha que vem dando tão certo nos últimos dois anos, com Joffrey Lauvergne, Jusuf Nurkic e, principalmente, Nikola Jokic. Mesmo que Juancho Hernángomez (mais preparado) e Petr Cornelie sigam na Europa, são desde já atletas de valor na liga.

Enquanto isso, o canadense Jamal Murray vai reforçar a rotação de armadores de Malone, como ótimo reserva para a dupla Emanuel Mudiay-Gary Harris, podendo os três revezar tranquilamente. Malik Beasley também pode entrar na rotação, dependendo de sua recuperação de cirurgia e do seu aproveitamento nos arremessos de fora.

A diferença para Boston é que Denver está no Oeste, em uma conferência em que a vida para se reconstruir é um pouco mais ingrata. Imagino que o cenário da temporada passada, com o Rockets se classificando aos playoffs com 42 vitórias, foi só uma exceção. E não sei bem como Gallinari e a garotada poderão bater essa meta para entrar na briga.

– Minnesota Timberwolves
Quem chegou: Kris Dunn, Cole Aldrich, Jordan Hill e Brandon Rush.
Quem saiu: Greg Smith (dispensado).

Cole Aldrich: reforço e torcedor para Minnesota

Cole Aldrich: reforço e torcedor para Minnesota

Thibs vai dirigir um elenco de base muito jovem, à qual foi adicionado mais um talento (aparente) de ponta: Kris Dunn. O armador é mais velho que Towns e Wiggins, aos 22. Mas tem um potencial fantástico para se explorar. Como ele vai jogar ao lado de Ricky Rubio, é a grande questão.

Há muito barulho em torno de uma possível troca do espanhol, mas acho que seria um erro. Rubio é um arma quase perfeito para fazer a molecada jogar com sua visão 6D (sim, ele enxerga muito mais dimensões do que a física pode conceber em quadra). Só não é perfeito porque ainda não se tornou um chutador nem mesmo razoável. Mas não é que Dunn seja um Kyrie Irving também. Longe disso.

O que o novato tem de mais especial são suas infiltrações agressividas e explosivas, que botam muita pressão na defesa. De todo modo, a prioridade do ataque do Wolves serão as mais diversas habilidades de Towns. Durante a Summer League de Vegas, Dunn não se mostrou muito preocupado em acionar seus companheiros. Se Rubio ficar, o calouro deve ser usado como um sexto homem pontuador, então.

Em termos de veteranos, com dois pivôs, Thibs dá a entender algumas coisas: a) Kevin Garnett realmente não deu nenhum indício ao clube de que vá jogar; b) o que vier de Nikola Pekovic e seus frágeis pezões seria lucro; c) Gorgui Dieng deve ser mantido no time titular ao lado de Towns; d) Nemanja Bjelica não é muito bem visto pela nova diretoria – o que é uma pena.

A história de Aldrich é muito bacana. O pivô é realmente torcedor fanático do Wolves e retorna à casa com US$ 21 milhões garantidos. Uma baita grana para o cidadão normal americano, mas uma barganha e tanto neste mercado inflacionado. Será um pivô útil para jogar com Towns eventualmente e para consolidar a defesa da segunda unidade.  (Quem diria que essa frase faria sentido três anos atrás?! A lição aqui: nunca é tarde, especialmente para pivôs. Mais: se Sam Presti selecionou um atleta, e, por alguma razão, OKC o dispensou, o restante da liga deve ficar antenado. É o mesmo raciocínio em torno do Spurs, com Ian Mahinmi, George Hill e Cory Joseph podem provar. Então fiquemos de olho em Mitch McGary.)

– Oklahoma City Thunder

E aí, mano?

E aí, mano?

Quem chegou: Victor Oladipo, Domantas Sabonis, Ersan Ilyasova e Alejandro Abrines.
Quem saiu: Kevin Durant (Warriors), Serge Ibaka (Magic) e Randy Foye (Nets).

É, que dureza. Não há nem muito o que escrever sobre OKC sem desafiar a depressão. Também pode ser um exercício desnecessário, enquanto o clube não tomar uma decisão sobre o que fazer com Russell Westbrook. O cara será agente livre ao final do ano. Eles vão correr o risco de perdê-lo por nada, assim com aconteceu com Durant. O Boston Celtics está esperando. Na verdade, pode colocar ao menos um terço da liga nessa. Mesmo com apenas um ano de contrato, ele ainda renderia boas peças para uma reconstrução mais profunda, iniciada já com a saída de Ibaka.

Com Wess, o Thunder ainda vai brigar para chegar aos playoffs. Aconteceu em 2014, quando Durant estava fora de ação e o próprio armador perdeu algumas partidas. O elenco de hoje é melhor que o da época – Steven Adams se tornou uma força no garrafão, Ersan Ilyasova vai poder chutar como Ibaka e Domantas Sabonis chega pronto para brigar no garrafão. Seria interessante, ainda, ver Oladipo ao seu lado, como dois maníacos atléticos agredindo os adversários.

Em tempo: David Pick informa que o clube está contratando o espanhol Alejandro Abrines, um excelente arremessador de 22 anos que já tem sete temporadas como profissional na Europa e já foi aprovado em jogos de Euroliga. ‘Álex’ é a última peça que vem do legado James Harden. Foi com uma uma escolha de segunda rodada adquirida na megatroca do barbudo que Presti o selecionou. O jovem ala seria um baita companheiro de ataque para A Dupla Que Não Foi Campeã – bem melhor que Dion Waiters, creiam. Ainda assim, vale a aposta da franquia em seu basquete. A dinâmica da NBA deve fazer bem a um atleta que ficou por muito tempo de mãos atadas sob a direção de Xavier Pascual em Barcelona.

– Portland Trail Blazers

Um dos contratos mais questionáveis deste mercado

Um dos contratos mais questionáveis deste mercado

Quem chegou: Evan Turner, Festus Ezeli, Shabazz Napier e Jake Layman.
Quem ficou: Allen Crabbe e Meyers Leonard.
Quem saiu: Gerald Henderson (Sixers) e Brian Roberts (Hornets).

Depois de surpreender e causar boa impressão, o Blazers estava numa situação curiosa, com espaço de sobra em sua folha salarial para oferecer mundos e fundos para quem quisesse, tentando adicionar talento em torno da dupla Damian Lillard e CJ McCollum. Seu alvo primordial foi Chandler Parsons, que acabou preferindo fechar com o Memphis Grizzlies. Dependendo do estado de seus joelhos, talvez não tenha sido algo tão ruim assim.

Num mercado que não era dos mais animadores, porém, a dúvida era o que fazer com tanta grana. Esperar uma oportunidade melhor para investir? Quando foi informado que Parsons não estaria a abordo, Neil Olshey preferiu direcionar esforços rapidamente para a contratação de Evan Turner, que vai receber salário de US$ 17 milhões anuais. Hã… sério? Mesmo o melhor basquete de sua carreira, sob o comando de Brad Stevens, foi algo que justifique tanta grana e a promessa de que será titular no Oregon.

Turner é um desses casos exemplares em que os números realmente não dizem tudo. Acumula rebotes e assistências, mas seu volume de jogo não se traduz em eficiência. O ala é polivalente, faz de tudo um pouco – menos arremessar de três pontos, o que só atrapalha, aliás (30,5% na carreira, 24,1% na temporada passada). Não que seja um jogador ruim. Só não é alguém para ser titular numa equipe que tenha muitas pretensões. Em Boston, ele se encaixou por jogar ao lado de caras como Marcus Smart e Avery Bradley, que ainda não conseguem produzir por conta própria. Então a bola ficava com ele, especialmente nos momentos em que Isaiah Thomas ia para o banco. Em Portland, você não vai tirá-la das mãos de Lillard e McCollum. Não é que a dupla estivesse precisando de ajuda para criar jogadas. Na defesa, ao menos suas contribuições ao lado da dupla serão mais positivas.

As implicações financeiras desse acordo ficaram ainda mais delicadas quando o Brooklyn Nets topou pagar US$ 74 milhões pelo ala reserva Allen Crabbe, um dos poucos chutadores que o Blazers tem para assessorar seus fantásticos armadores. Olshey se viu pressionado a cobrir a oferta, com o receio de perder um jovem jogador sem ganhar nada em troca. Logo mais, chegará a hora de renovar com McCollum e,  possivelmente, Mason Plumlee. Saiu tudo muito mais caro do que poderiam imaginar.

Por outro lado, Festus Ezeli, por US$ 16 milhões e dois anos, é uma boa aposta. O nigeriano chega para dar cobertura a Plumlee e Ed Davis, sendo o melhor dos três para proteger o aro. A rotação interior fica mais forte e atlética, por um preço que hoje é uma pechincha. Se o pivô voltar a sentir o joelho, o clube não sentirá tanto, devido ao curto período de duração de seu contrato.

Shabazz Napier? A essa altura, acho que nem LeBron mais acredita nele como opção viável de NBA.

– Utah Jazz

É, Joe Johnson, o tempo passou

É, Joe Johnson, o tempo passou

Quem chegou: George Hill, Joe Johnson e Boris Diaw.
Quem saiu: Trey Burke (Wizards) e Trevor Booker (Nets).

Vejam só quem decidiu dar um passo à frente. O Utah primeiro se atrapalhou com lesões de seus pivôs titulares e, depois, sentiu a pressão na luta pelos playoffs nas semanas derradeiras de temporada. No final, entre 2014 e 2015, sem muito investimento, seu número de vitórias subiu apenas de 38 para 40. A evolução natural de sua jovem base não foi o bastante, nem mesmo num ano em que muitos dos concorrentes não jogaram o que a NBA esperava. Então chegou a hora de o clube de Salt Lake City se mexer para valer, contratando três jogadores bastante experientes, que devem, salvo algo muito grave, enfim, fazer a diferença e levar esse time à casa de 50 vitórias – ou algo muito perto disso – e aos mata-matas.

Sobre George Hill, que custou a 12ª escolha do Draft, escrevi aqui. Ele reforça a defesa da equipe e, no ataque, se não é a figura brilhante que agradava Larry Bird ao máximo, representa uma evolução em relação a Shelvin Mack e Raulzinho, como condutor secundário, ao lado de Gordon Hayward, Rodney Hood e, quiçá, Alec Burks. Enquanto Dante Exum se recupera e vai crescendo, está ótimo.

O segundo alvo foi Joe Johnson, que vai entrar no revezamento com Hood e Hayward, deixando o time sempre com uma boa opção de arremesso nas alas, podendo também fazer as vezes de ala-pivô aberto, dependendo de quem estiverem enfrentando. Com o jovem Trey Lyles progredindo rapidamente, talvez nem seja necessário.

Já Boris Diaw foi quase que um presente de San Antonio. Assim como aconteceu com Tiago Splitter e Atlanta no ano passado, RC Buford e Gregg Popovich tinham de encontrar um clube para assimilar o contrato de Boris Diaw, de olho em Pau Gasol. Ajuda muito ter diversos ex-companheiros de trabalho espalhados pela liga, como Dennis Lindsey, gerente geral do Utah. Se Diaw vai se comportar em Salt Lake e se manter em forma minimamente razoável, não dá para apostar – se decepcionar, o time está muito bem preparado, não há problema. Ele ao menos curte Rudy Gobert.

Muitos questionam a capacidade da franquia para atrair agentes livres. É uma preocupação real, mas Johnson topou. Sem alarde, porém, usando o espaço em sua folha salarial e sem pagar quase nada.

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Jukebox NBA 2015-16: tudo ótimo para o torcedor do Timberwolves
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Giancarlo Giampietro

jukebox-wolves-supergrass

Em frente: a temporada da NBA caminha para o fim, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Alright”, por Supergrass.

Com o placar apontando vantagem na casa de dois dígitos para o Golden State Warriors, pelo segundo tempo, você então decide que é a hora certa para dormir, dando a fatura como liquidada. Para acordar, abrir o aplicativo da NBA no celular como sua primeira atividade do dia – sim, é uma doença – e arregalar o olho remelento com o placar: o Minnesota Timberwolves venceu pela prorrogação, por 124 a 117. Em Oakland.

O Wolves?!

E por que não?

Coisa de duas semanas atrás, ainda que em casa, essa garotada já havia dado uma canseira nos atuais campeões. Agora, contra o mesmo oponente ainda mais desgastado – física e, principalmente, emocionalmente –, eles concluíram o golpe. Nos últimos 18 minutos da partida, desde o minuto final do terceiro período, eles venceram por 52 a 33, forçando a prorrogação no meio do processo até definir a contagem final. Sobrava energia: durante esse intervalo, foram 10 turnovers forçados e 23 lances livres cobrados, contra apenas dois dos oponentes, derrubando, por uma noite que seja, a tese de favorecimento da arbitragem, caseira ou pró-superestrelas.

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Quando o torcedor do Wolves – sim, eles existem, conheço pelo menos dois deles – vê uma partida dessas, então, só espera que seja o sinal do que vem pela frente. É aí que entra a empolgante “Alright”, do subestimado Supergrass, como trilha: “Nós somos jovens, corremos livres… Nós nos sentimos muito bem, tudo ótimo”. Quando você tem um pivô como Karl-Anthony Towns e um ala como Andrew Wiggins para desenvolver, mais um punhado de atletas interessantes, você vai se sentir que nem os caras do clipe acima. Sorridentes, empolgados, confiantes, desafiadores. É um futuro muito promissor, e não importa que a equipe tenha perdido mais de 50 jogos novamente.

Kartl-Anthony Towns, um ponto alto em grande estreia pela NBA

Kartl-Anthony Towns, um ponto alto em grande estreia pela NBA

Só precisa combinar com o proprietário Glen Taylor: que a franquia, como negócio, fora de quadra, não se torne um obstáculo insuperável. Ora, não custa lembrar que estamos tratando de um clube que completa agora 12 anos de jejum, distante dos playoffs desde 2004. Dos 17 jogadores que defenderam o time naquela temporada, a melhor de sua história, apenas Kevin Garnett está em atividade ainda, enquanto boa parte daquele elenco se aposentou há tempos. Fred Hoiberg e Latrell Sprewell que o digam.

Naquele ano, ainda sob o comando do saudoso Flip Saunders, o Minnesota alcançou a final do Oeste, superando pelo caminho o poderoso Sacramento Kings, até perder para o Lakers de Shaq, Kobe, Malone e Payton. Garnett estava no auge atlético, aos 27 anos, com médias de 24,2 pontos, 13,9 rebotes, 5,0 assistências, 1,5 roubo e 2,2 tocos, em 39,4 minutos. Ele era um animal incontrolável, basicamente.

Aquela boa sensação durou pouco. Na temporada seguinte, com Sam Cassell abalado por lesões e Sprewell cuspindo fogo por uma renovação contratual, a química do time se desintegrou. Saunders, depois de 10 anos no cargo, foi demitido com uma campanha de 25 vitórias e 26 derrotas. Seu amigo pessoal, o gerente geral Kevin McHale assumiu a barca e até foi bem, com 19 vitórias e 12 derrotas. Não bastou, todavia, e a equipe nem mesmo se classificou para os mata-matas. Acho que Kevin Love já ouviu essa história antes…

Um dos poucos acertos das diversas diretorias empossadas desde então, Love – que veio numa troca por OJ Mayo! – tinha tudo para ser o pilar do clube em uma nova fase. Mas nem mesmo quando dirigido por uma mente brilhante como a de Rick Adelman, com a companhia de Rubio, Kirilenko, Pekovic (ainda em forma) e Martin, conseguiu chegar aos playoffs. Obviamente que esses caras enfrentaram uma Conferência Oeste absurda e consistentemente fortíssima. Mas os seguidos engasgos de sua gestão foram mais determinantes.

Derrick Williams não impressionou muita gente em Minnesota

Derrick Williams não impressionou muita gente em Minnesota

Selecionar Wesley Johnson em quarto no Draft de 2010, com DeMarcus Cousins, Greg Monroe, Paul George e Gordon Hayward disponíveis, foi um erro, e tanto. Mas não tão grotesco assim, quando recuperamos o desempenho do mesmo David Kahn pelo Draft do ano anterior, quando tinha as quinta e sexta escolhas e foi com a dobradinha Rubio e Jonny Flynn, sem que ninguém entendesse. Foi um desastre em diversos níveis: eram dois armadores que não sabiam arremessar e dificilmente poderiam jogar juntos; Flynn, aquele que se apresentaria de imediato, enquanto o prodígio espanhol guiria em Barcelona, não combinava em nada com o sistema de triângulos de Kurt Rambis; mas, pior, se era para planejar uma futura dupla armação, um certo Stephen Curry estava ao seu dispor, além de Jrue Holiday, Ty Lawson, Jeff Teague  eBrandon Jennings. (E, se fosse para pensar em jogador para outras posições, poderia optar ainda por DeMar DeRozan ou Jordan Hill.)

Você acha que Kahn parou por aí? Não, em 2011, já desmoralizado, encarou o Draft como oportunidade de fazer caixa, para poder demitir Rambis e pagar seu último ano de contrato. Depois de selecionar Derrick Williams na segunda posição – mesmo que ele jogasse na mesma posição de Love e Michael Beasley… –, o gerente geral orquestrou uma sequência frenética e inacreditável de trocas envolvendo a 20ª escolha, faturando  a grana que precisava. Nomes como Donatas Motiejunas, Nikola Mirotic, Bojan Bogdanovic e Chandler Parsons aparecem como consequências desses negócios. O repórter Brian Windhorst, do ESPN.com, registrou tudo aqui. Santamãe, é de doer. Para desanuviar o dia, então, lembremos a piada recorrente de Bill Simmons, com o capitão Kirk pirando:

Demorou, mas o festival de trapalhadas custou a David Kahn seu emprego. Seu substituto seria um velho conhecido, Flip Saunders. O ex-treinador agora voltava como presidente do clube, chefiando o departamento de basquete. Nem mesmo seu carisma e currículo foi capaz de convencer Love a abraçar a causa, porém. Chegara a hora, então, de mais um processo de reformulação. Mas o que era para ser deprimente acabou virando esperança, rapidamente. Contando com uma ajudinha de LeBron James (que não quis saber de trabalhar com o garotão Wiggins em Cleveland), muita sorte (primeira posição num Draft com Towns) e um ótimo trabalho mo recrutamento de calouros, Saunders compôs este núcleo empolgante de hoje. Só é lamentável que o câncer não o tenha permitido ver a continuação do projeto. #RIP

Quando um time entra na última semana da temporada com apenas 26 vitórias e a quinta pior campanha no geral, é difícil de classificar isso como um sucesso. Mas, se pudermos ignorar que a equipe tenha a quarta pior defesa e o 14º melhor ataque do campeonato, se abstrairmos os números mais básicos, existem pontos positivos para se comemorar, que servem como base para o otimismo de uma torcida que já sofreu demais desde o ocaso da era Garnett. É só pegar a vitória em Oakland como exemplo, com 35.

A primeira grande notícia foi a estreia de Towns, que fez um campeonato magnífico para alguém de alguém que só vai fazer 21 anos no próximo aniversário da República brasileira. O dominicano (para o mundo Fiba) é um pivô perfeito para o basquete vigente. Na verdade, ele seria perfeito para qualquer época, de tantos recursos que tem. Seus fundamentos, flexibilidade e categoria em geral (a ponto de vencer um concurso de habilidades em Toronto) já o colocam nos grupos mais exclusivos da NBA.

Curry e Rubio até poderiam ter jogado juntos

Curry e Rubio até poderiam ter jogado juntos

Com 49 double-doubles, está empatado em terceiro, no ranking geral, com John Wall. Andre Drummond vem em primeiro, com 65, e Russell Westbrook em segundo, com 52. Aparece logo acima de Boogie Cousins, DeAndre Jordan e Pau Gasol. Ele já é o 15º atleta mais eficiente da liga. O oitavo em média de rebotes. O décimo em tocos. E o 27º entre os cestinhas, dividindo a bola com Wiggins. E pensar que, em abril do ano passado, boa parte dos scouts considerava que Jahlil Okafor estaria mais preparado para causar impacto como novato. Hoje não há sequer uma discussão possível entre um e outro.

Os números gerais de Wiggins, em projeção por minutos, não indicam muita evolução por parte do canadense. Agora, se for para dividir sua temporada mensalmente, os números ficam muito mais interessantes – assim como os dados avançados. Em janeiro, tinha médias de 19,4 pontos, só 3,8 rebotes e 1,6 assistência, com 43,8% de quadra e horripilante 17,1% em 2,2 chutes de três, batendo também 7,0 lances livres em 35,0 minutos. Em março, foram 19,7 pontos, 3,7 rebotes, 2,5 assistências, e com índices muito superiores na finalização: 50% de quadra, 42,9% de três, com 5,7 lances livres por 35,5 minutos. O volume de jogo não cresceu tanto de um mês par ao outro, mas o ganho qualitativo é indiscutível. De todo modo, para constar, em seus últimos cinco jogos, bateu a casa de 30 pontos três vezes, incluindo os 32 que anotou em uma partida memorável contra o Warriors. Ah, e por mais que esteja caminhando para sua terceira temporada como profissional, vale prestar a atenção em sua certidão de nascimento: é apenas oito meses mais velho que Towns. Ainda tem muito o que progredir.

Zach LaVine, também de 1995, 20 anos, foi outro que arrebentou em março: 17,8 pontos, 2,7 assistências, 2,0 turnovers, 49,8% de arremesso, 47,4% de três pontos, em 37,2 minutos. Parece que a comissão técnica, enfim, desistiu abortou o plano de torná-lo um armador, pelo menos por enquanto. Não creio que tenha fundamentos, muito menos cacoete para isso. Lembra muito o caso de um jovem Jamal Crawford, e é nesse tipo de jogador que ele pode se desenvolver, como um pontuador incendiário vindo do banco, ou um chutador perigoso escoltando Towns e Wiggins, mas muito mais atlético, com potencial para se tornar um defensor bem mais eficaz.

Jogo de LaVine pode ter muito mais que enterradas

Jogo de LaVine pode ter muito mais que enterradas

Para deixar o jogo um pouco menos complicado para esses garotos, Ricky Rubio fez sua melhor campanha desde que chegou aos Estados Unidos, mesmo que seu arremesso ainda esteja bem abaixo da média. O chute pode não cair ainda, mas sua visão de quadra excepcional e seu senso de organização de quadra fazem toda a diferença. Observe o espanhol e veja o quanto ele canta as jogadas e o posicionamento para os companheiros. É um verdadeiro assistente e exerce uma influência enorme nesse sentido,  dos dois lados da quadra. O time ataca muito mais quando ele joga e cai na defesa com ele no banco, em suma.

Tem mais: Gorgui Dieng viu Towns dominar a zona pintada (e um pouco mais que isso), perdeu em produtividade, mas segue como um jogador de multifacetado, também de impacto relevante para a equipe.  Shabbazz Muhammad é uma excelente arma para tirar do banco, um cestinha explosivo, que foi muito importante no primeiro ano de Wiggins, aliviando a pressão física sobre Wiggins. Tyus Jones, penando de início com a capacidade explosiva da concorrência, vai se soltando aos poucos e pode agir sem pressa, enquanto Rubio distribui as cartas. Em Nemanja Bjelica vale a aposta. Vai chegar mais um novato de ponta este ano. É uma forte base para ser cultivada.

Em março, apenas com o mentor Kevin Garnett afastado, o time já foi razoavelmente competitivo, vencendo seis, perdendo nove. Desses nove reveses, sete vieram contra adversários posicionados na zona de playoff, enquanto um oitavo aconteceu com cesta de Mirza Teletovic no estouro do cronômetro, pelo Suns.  A tardia promoção de LaVine  contribuiu para isso, ajudando a espaçar um ataque sufocado. Se você tirar Tayshaun Prince da rotação e inserir mais um arremessador (alô, Buddy Hield), as coisas ficam mais interessantes, prontas para mais um passo em sua evolução. Só precisa de calma. a equipe tem hoje 26 vitórias, dez a mais que na temporada passada, mas é muito pouco ainda.

Em uma grande reportagem que esmiúça o trabalho do clube com Andrew Wiggins, Rob Mahoney conta uma anedota que diz muito sobre o estado do Timberwolves hoje. Um diretor estava preparado para levar os atletas para um jantar em Salt Lake City, mas teve de rever seus planos ao descobrir que o restaurante escolhido só permitia a entrada de glutões com mais de 21 anos. Quatro jogadores seriam barrados, então, sendo três deles titulares. Com essa garotada, vai levar um pouco de tempo ainda para eles sonharem em desafiar um rival do porte do Golden State Warriors por mais que uma ou duas noites.

Ainda não são todos os estabelecimentos que podem receber Towns e Wiggins

Ainda não são todos os estabelecimentos que podem receber Towns e Wiggins

A pedida? Ainda maaaaais sorte no Draft. A esta base promissora, Minnesota ainda vai poder adicionar, no mínimo, a oitava escolha do Draft deste ano. Isso, claro, se algo muito improvável acontecer: que três times atrás na tabela saltam à sua frente na loteria. Por outro lado, o clube tem 8,8% de chances de abocanhar a primeira posição. Independentemente do resultado, poderá adicionar mais um jovem talento, ou tentar uma troca por um sólido veterano. Então fica o apelo: por favor, Taylor, não detone isso.

A gestão: aí que mora o perigo. A morte de Flip Saunders não só foi um baque emocional para a franquia como também deixou todo seu departamento de basquete com um status de interino. Do gerente geral Milt Newton ao técnico Sam Mitchell, que foram avaliados pelo proprietário Glen Taylor durante o ano. Há poucos rumores sobre o futuro da dupla, até porque o clima de indefinição vem de cima.

Aos 74 anos, o bilionário Taylor está preparadíssimo para vender o clube e aumentar sua fortuna de US$ 2,3 milhões. Como já registrado na faixa sobre o Grizzlies, um dos acionistas minoritários de Memphis abriu negociações para fazer a compra. O negócio, no momento, está emperrado. O atual mandatário precisa agir, e rapidamente. Junho, com o Draft, e julho, com o mercado de agentes livres, já está chegando.  Se vai manter seu controle, pode decidir sobre Newton e Mitchell. Do contrário, se for para vender, o racional seria deixar que o novo grupo assumisse a bronca.

Tendo assistido Saunders na montagem do atual elenco, é de se imaginar que o atual gerente geral ganhe um voto de confiança, mesmo que não tenha uma extensão contratual de longa validade. No momento, pelo que tiramos da reportagem de Mahoney para a Spors Illustrated, há uma boa estrutura montada para desenvolver o elenco. Todos os jogadores são obrigados a se apresentar para uma sessão de treinos individuais, de fundamentos, de 30 minutos, antes que as movimentações táticas comecem. Os mais jovens ficam muito mais tempo nesse tipo de exercício e chegam a passar aproximadamente seis horas nas instalações do clube.

Mitchell ficará incumbido pelo desenvolvimento de Wiggins?

Mitchell ficará incumbido pelo desenvolvimento de Wiggins?

Seu departamento de preparação física parece bem sofisticado e criativo, preocupado em fazer exercícios específicos para cada atleta, dependendo dos movimentos que eles costumam fazer em quadra – algo que varia claramente de um armador para o pivô. Faz muito mais sentido do que simplesmente montar uma academia e deixá-los por conta, com os pesos e elásticos de sempre.Já a questão sobre Mitchell é mais delicada. No momento, ele não pode ser julgado por resultados, mas, sim, pelo processo que tenha conduzido durante a temporada. O fato é que, a despeito da badalação, não é um trabalho tão simples: nas competições juvenis e mesmo durante seu único ano em Kansas, Wiggins se habituou a se impor física e atleticamente. Num alto nível de jogo, precisa de mais. Mitchell, obviamente, não é o único responsável por esse trabalho, e sua comissão técnica vem fazendo um bom trabalho nessas tarefas individualizadas.

Para o canadense, há uma infinidade de detalhes que o superatleta precisa captar ainda se pretende, mesmo, se inserir na elite da NBA. Movimentação fora de bola, leitura das diferentes coberturas armadas para se conter alguém tão explosivo e concentração em tarefas defensivas foram alguns dos pontos levantados pela diretoria. Além da motivação.  “Simples assim: seus melhores jogos acontecem contra os melhores jogadores”, diz Newton. “É tudo o que precisamos ver: quando ele junta todas as peças, vai se tornar um desses jogadores top. Mas, nesta liga, os 14º e 15º jogadores podem te humilhar se você não se preparar para enfrentá-los.”

O senso comum dos bastidores da liga hoje é de que o técnico está ultrapassado, despreparado para conduzir jogadores tão talentosos, mas carentes como esses. Sua insistência com Tayshaun Prince, o tempo gasto com LaVine na reserva de Rubio e seus padrões de substituição são altamente questionáveis, assim como sua aversão ao arremesso de três pontos. Por outro lado, o treinador é uma figura popular dentro do vestiário. Mas seu cartaz é ainda maior que isso: o ex-ala é visto praticamente como prata da casa e adorado por Taylor. Como atleta, defendeu o clube por dez temporadas, sendo, inclusive, membro do primeiro elenco em 1989. Vão comprar essa briga?

Olho nele: Nemanja Bjelica

Bjelica tem o pacote técnico ideal para o stretch four que a NBA tanto cobiça

Bjelica tem o pacote técnico ideal para o stretch four que a NBA tanto cobiça

Além de um calouro bem cotado, o Minnesota pode ganhar mais um grande reforço para a próxima temporada: o talentosíssimo ala-pivô sérvio, já mais adaptado à NBA. É aquela história: a transição de craque de Euroliga para operário nos EUA nem sempre é fácil,mesmo aos 27 anos. Basta buscar na memória as dificuldades encontradas por Splitter em San Antonio.

“Ele provavelmente nunca penou tanto assim antes. Provavelmente sempre foi um dos melhores jogadores, ou um dos melhores em suas equipes. Agora ele olha para a quadra, e há muitas noites em que ele perde em força, rapidez e tamanho. Então tem uma curva de aprendizado”, disse o técnico Mitchell. Acho que as pessoas erram quando falam que ele tem 27 anos e veio da Euroliga, e que seria fácil. Não funciona assim.”

Depois de receber bons minutos nas primeiras semanas, Bjelica foi gradativamente sumindo da rotação, seja pela decisão do técnico de por Gorgui Dieng mais ao lado de Towns, pelos seus próprios erros e também por uma lesão no joelho.

Nestes últimos momentos de campeoanto, enfim foi resgatado pelo teimoso Mitchell. Estava na hora de reinseri-lo. O sérvio foi um grande investimento de Saunders. E válido. Bjelica tem a visão de quadra e a habilidade nos arremessos de três para ser uma peça complementar perfeita num time que já concentra muito o ataque em Towns e Wiggins. O palpite é que ele voltará pata seu segundo ano muito mais confortável, pronto para colaborar em uma campanha de retomada.

ndudi-ebi-card-wolvesUm card do passado: Ndudi Ebi. Se você  for conferir com cuidado o elenco da temporada 2003-04, aquele vice-campeão do Oeste, vai notar que apenas um atleta nasceu nos anos 80: o ala Ebi, de 1984, praticamente uma vareta. Assim como Garnett, Ebi entrou na NBA direto do high school.  Ao contrário do craque, deixou a liga apenas dois anos depois, jogando exatamente 19 partidas. Nem 20!

O que aconteceu foi o seguinte: preocupado em formar um time experiente em torno de KG, o clube queria deixar Ebi na D-League. Àquela época, porém, era proibido que jogadores em seu terceiro ano de contrato fossem aproveitados desta maneira. Uma regra bem besta, aliás. Daí que, sem ter a mínima confiança na produção imediata do rapaz, Kevin McHale tomou uma atitude drástica: mandou o jovem nigeriano para a rua. Tudo para poder contratar o inigualável Ronald Dupree. Se não se lembra dele, tudo bem. O máximo que o atlético e aguerrido ala fez em sua carreira foi a média de 6,7 pontos pelo Bulls, em 2004, como novato.

O episódio todo fica ainda mais esdrúxulo quando levamos em conta o contexto da escolha de Ebi. A franquia estava sob pesada punição da NBA, que lhe havia retirado até cinco escolhas de Draft devido a uma negociação ilegal com Joe Smith, em 2000. Antes de se tornar um dos andarilhos da liga com mais milhagem, ainda muito cobiçado, o ala-pivô assinou um contrato bem barato com o Wolves, supostamente animado para fazer dupla com Garnett. A liga fuçou, no entanto, é descobriu um acordo, em off, entre o jogador e o clube, de que, dois anos depois, renovariam por muito mais grana – o tipo de acordo que, diga-se, se repete por aí, mas difícil de ser provado. Revelado o escândalo, veio a dura punição, que depois seria abrandada: em vez de cinco escolhas, o clube perdeu três. Ainda assim, o estrago foi grande, envelhecendo a base, contribuindo muito para a saída de seu grande astro, desanimado, anos depois. Que Ebi tenha sido esse desperdício todo só deixou a situação deprimente demais.

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Mo Williams e o clube improvável dos 50
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Giancarlo Giampietro

Mo Williams acertou tudo contra o Pacers. Aberração?

Mo Williams acertou tudo contra o Pacers. Aberração?

Wilt Chamberlain era uma aberração tamanha que, com a camisa do Philadelphia Warriors, marcou 100 pontos numa só partida, contra o New York Knicks, no dia 2 de março de 1962. Ninguém jamais chegou perto dessa quantia centenária – a não ser que dê para considerar o déficit de 19 pontos do recorde pessoal de Kobe Bryant, atingido contra o Toronto Raptors em 22 de janeiro de 2006, como algo mínimo.

Aspirar a 100 pontos num jogo de NBA hoje, sabemos, é algo quimérico. Se for para atingir a metade disso, porém, muda o cenário, não? OK: ninguém vai falar que é fácil terminar um jogo com cinquentinha. Mas em diversas ocasiões a marca já foi batida, a ponto de ter se tornado uma “meta clássica”. Uma soma que define um clube famoso, do qual participam grandes cestinhas como Wilt, Jordan, Baylor, Kobe, Iverson, Wilkins, Malone, Carmelo, entre outros.

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Mas, de acordo com a lei do randômico, do sonhar-é-possível, numa liga que filtra os melhores atletas do mundo, recursos não faltam para um ou outro penetra entrar nesse grupo. Como acabou de fazer o armador Mo Williams, ao anotar 52 pontos na tão esperada vitória do Minnesota Timberwolves sobre o Indiana Pacers, terça-feira.  Quem poderia esperar por um evento desses? Ricky Rubio certamente, não. Muito menos LeBron, que teve em Williams seu principal parceiro de ataque em sua primeira passagem por Cleveland.

Quebrando um galho no revezamento com o jovem Zach Lavine desde a lesão de Rubio, Williams tinha média de 11 pontos por partida na temporada. Hoje tem 12,4. Aos 32, ele se tornou o quarto mais velho da história a se tornar um outro tipo de cinquentão.

O mais legal: a maior fonte de pontos para o armador na partida contra o Pacers foi justamente aquela bola que é julgada como a mais ineficiente da NBA nestes tempos, o tiro de média distância. Para deixar claro, no jargão da liga, o arremesso de média é todo aquele que não sai dentro do garrafão ou além da linha de três pontos. Nesta zona intermediária expandida, ele converteu 11 de 19 arremessos. Foi o máximo que um jogador conseguiu converter durante todo o campeonato, e bem acima de sua própria média de apenas dois cestas dali por partida.

O jogador natural de Jackson, no Mississipi, viveu seu auge entre 2005 e 2009, ano no qual, escoltando LeBron, foi eleito para o All-Star Game. Nas três campanhas, teve média superior a 17 pontos por partida (naquela temporada, chegou a marcar 44 e 43 pontos em vitórias, respectivamente, sobre Phoenix e Sacramento). Desde então, porém, sua cotação só caiu, lhe restando um papel que realmente é o mais indicado para suas características: um armador fogoso vindo do banco de reserva. Função que executou tão bem pelo Blazers no campeonato passado. Em Minnesota, numa jovem equipe, parece deslocado. Ao menos sua jornada inesquecível valeu para encerrar uma sequência de 15 reveses do time de Andrew Wiggins.

No geral, Maurice converteu 19 de 33 arremessos de quadra. Quando viu que era dia, brincou com os orgulhosos defensores de Indiana de que não adiantaria marcá-lo, já que ele estava com a sensação de que a cesta tinha a largura do Oceano Pacífico. Com essa confiança toda, não só ele estabeleceu seu recorde pessoal e o recorde de pontos da temporada 2014-2015, como também garantiu ingresso no clubinho alternativo dos 50 pontos, se juntando a mais algumas figuras que jamais apareceriam como favoritos numa casa de apostas.

Vejamos:

Terrence Ross, 51 pontos, 2014: o ala do Raptors foi a referência automática para completar as notas sobre Mo Williams, já que havia sido o caso improvável mais recente, depois de ter marcado 51 pontos contra o Los Angeles Clippers na temporada passada, igualando o recorde da franquia, antes pertencente a Vince Carter. Ele era o jogador com a menor média de pontos até se tornar um cinquentão, com 9,3 pontos  – sendo que sua principal marca havia sido de 26 pontos. Muitos consideram a explosão de Ross como a mais bizarra, por isso. Abaixo, vejo casos mais estranhos, especialmente pelo fato de Ross ser tão jovem (hoje tem 23, mas eram 22 anos quando realizou a melhor partida de sua vida). Ainda não sabemos aonde vai parar a carreira do talentoso ala, desses raros caras que poderia vencer tanto um torneio de 3 pontos como de enterradas. Ah, uma coisa: seu time perdeu mesmo assim, por 126 a 118. Ao final da partida, ele ouviu de Jamal Crawford: “Bem-vindo ao clube dos 50 pontos”. O ala-armador chegou a fazer 52 contra o Miami Heat em 2007 – mas não entra nessa lista, já que é um cestinha prestigiado em toda a liga.

Andre Miller, 52 pontos, 2010: o armador é um baita jogador, não há dúvida. Mas nunca foi reconhecido como um perigoso pontuador de mão cheia, né? Sua fama é muito maior como a de organizador de jogadas (chegou a liderar a NBA em assistências em 2001-02, com 10,9), o que, aos 38, ainda lhe rende um bom emprego como reserva de John Wall em Washington. Pois com a camisa do Portland Trail Blazers, clube no qual não agradou tanto assim, aliás, aos 33 anos, ele destroçou a defesa do Dallas Mavericks, aproveitando seu tamanho, força e inteligência no jogo de pés de costas para a cesta, para liderar uma vitória bastante apertada: 114 a 112, com prorrogação. Foram 25 pontos entre o quarto final e o tempo extra, para ele ficar a dois pontos do recorde da franquia estabelecido por Damon Stoudamire. Sua média era de 12,6 pontos até então. No duelo com os texanos, Miller deu apenas duas assistências.

Brandon Jennings, 55 pontos, 2009: o armador já havia causado sensação nos Estados Unidos ao abrir mão do basquete universitário para jogar uma temporada na Itália, antes de entrar na NBA. Quando chegou ao Milwaukee Bucks, empolgado e tentando mostrar serviço (já era muito questionado pelos scouts naquela época…), causou estragos imediatos, marcando um mínimo de 24 pontos em sete de seus primeiros 11 jogos. O melhor deles foi contra o Golden State Warriors em 14 de novembro de 2009, na mesma temporada de Miller. Foram 21 cestas de quadra em 34 tentativas, incluindo 7-8 nas bolas de longa distância. Ele também deu cinco assistências. Em sua carreira, porém, ele nunca passou da média de 40% nos arremessos de quadra numa temporada e converte 35,1% nos tiros de três. Agora é Stan Van Gundy quem tenta canalizar o potencial do irregular armador em sua arrancada em busca dos playoffs com o Detroit Pistons.

Tony Delk, 53 pontos, 2001: num Phoenix Suns dirigido por Scott Skiles, com Jason Kidd e Penny Hardaway no elenco, foi Tony Delk, de 27 anos e campeão universitário por Kentucky nos anos 90, quem arrebentou com a boca no balão contra o emergente Sacramento Kings no dia 2 de janeiro, começando o ano novo com tudo. Dos 27 arremessos que tentou, errou apenas sete  (74% de aproveitamento) – e nenhum deles foi de longa distância. Matou também 13 de 15 lances livres, para compensar. Ainda assim, o Suns foi derrotado na capital californiana, na prorrogação, com ótima atuação da dupla sérvia Stojakovic e Divac, que somaram 77 pontos. Um ano depois, ainda com a fama de cestinha vindo do banco, Delk seria trocado para um impaciente Boston Celtics, que mandou um jovem ala chamado Joe Johnson para o Arizona… O veterano deixaria a histórica franquia em 2003, tendo ao menos ajudado o time de Paul Pierce e Antoine Walker a alcançar dois playoffs – em 2002, perderam a final do Leste para o Nets. Aos 32, ele viu sua carreira se encerrar, pelo Detroit Pistons, anotando 182 pontos, no total, na campanha 2005-06.

Clifford Robinson, 50, 2000: Robinson comandou o Phoenix Suns num triunfo sobre o Denver Nuggets, por 113 a 100, convertendo 17 de 26 arremessos em 43 minutos. Isto é, sozinho, anotou metade dos pontos do time adversário, que contava com Antonio McDyess em seu auge atlético, mais Raef LaFrentz, Popey Jones e Keon Clark na sua rotação de grandalhões. Robinson fez uma grande campanha em 1999-2000, passando da casa de 20 pontos em 28 ocasiões. Não foi uma jornada isolada: numa carreira que durou 17 anos, ele teve médias de 14,2 pontos por jogo e foi eleito para o All-Star e ganhou o prêmio de 6º homem da liga em 1993, com a camisa do Blazers, clube pelo qual foi vice-campeão da NBA em duas ocasiões. Nessa época, teve média superior a 20 pontos por quatro temporadas. E o que está fazendo aqui, então? É que, pelo Suns, o ala-pivô já estava bem longe de seu auge e se tornou o segundo jogador mais velho na história a marcar 50 pontos num jogo, aos 33 anos e 31 dias, atrás apenas de Andre Miller. Quando se aposentou em 2007, tinha 1.380 partidas de temporada regular em seu currículo, a nona maior rodagem da liga.

Tracy Murray, 50, 1998: com um nome comum desses, é bem capaz de Murray ter passado despercebido para o fã casual de NBA na década de 90. Até se esbaldar contra a fraquíssima defesa do Golden State Warriors em fevereiro de 1998, o arremessador talvez fosse mais famoso por ter sido incluído numa troca entre Blazers e Rockets que o mandou, em fevereiro de 1995, para Houston ao lado de Clyde Drexler, para ser campeão pela franquia texana. Reservão na turma de Tomjanovich, se tornou na temporada seguinte um membro fundador do Toronto Raptors. Num time fraco, conseguiu a maior média de sua carreira, com 16,2 pontos por partida. Com moral, assinou com o Washington Bullets em 1997, como agente livre. Aproveitando-se da ausência de Chris Webber e Juwan Howard, chamou a responsabilidade no ataque do técnico Bernie Bickerstaff e, em 43 minutos, converteu 18 de 29 arremessos contra um Warriors – que, vejam só, tinha Tony Delk no time titular. Murray jogou sua última partida de NBA em 2003, de volta ao Blazers, aos 32 anos, se despedindo com aproveitamento de 38,8% nas bolas de três e 9,0 pontos.

Dana Barros, 50 pontos, 1995: num decadente Philadelphia 76ers, o baixinho de 1,80 m (oficialmente, claro), viveu, de longe, seu melhor campeonato em 1994-95, sendo eleito de modo surpreendente até mesmo para um All-Star Game, com médias de 20,6 pontos e 7,5 assistências. Era seu segundo ano na Filadélfia, depois de ter passado quatro anos como reserva de Gary Payton e Nate McMillan no Seattle SuperSonics. Sua grande atuação aconteceu contra o Houston Rockets, justamente o campeão, torturando Kenny Smith e Sam Cassell –  e de nada adiantou, já que seu time foi surrado por 136 a 107. Outro que se valorizou bastante com a marca clássica em seu currículo, integrante da comunidade de ascendência cabo-verdiana de forte presença em Massachusetts, assinou, então, um belo contrato com o Boston Celtics, clube no qual ficou até 2000, sem, no entanto, repetir o sucesso. Depois de duas temporada pelo Pistons, voltou ao Celtics em 2003 para se aposentar da liga americana aos 36, com um único jogo.

– Willie Burton, 53 pontos, 1994:  o ala foi mais um a se aproveitar do elenco fraquíssimo do Sixers naquela temporada, ganhando um volume ofensivo impensável. Quando foi selecionado pelo Miami Heat na nona colocação do Draft de 1990, vindo da Universidade de Minnesota, prometia mais, mas acabou jogando por apenas oito temporadas na NBA, com média de 10,3 pontos e 42,4% de aproveitamento nos arremessos, em 21,1 minutos. Como segundo cestinha da equipe de Philly, terminou o campeonato 1994-95 com 15,3 pontos por jogo, sendo o auge os 53 que anotou justamente numa vitória contra sua ex-equipe, com 12 de 19 nos arremessos (5 de 8 em três pontos) e absurdos 24 de 28 nos lances livres, em 43 minutos, dando um banho em Glen Rice. O curioso é que, enquanto Barros conseguiu um megacontrato do Boston, Burton não recebeu nem mesmo uma proposta do 76ers. O máximo que o time lhe propôs foi um contrato sem garantias. O ala decidiu, então, jogar na Itália. Retornou em 1996 aos EUA, via Atlanta Hawks, mas com pouco prestígio. No dia 8 de março de 1999, foi dispensado pelo Charlotte Hornets, sendo obrigado a deixar o país novamente para estender sua carreira. Passou por Grécia, Rússia, em ligas menores americanas e se aposentou em 2004 no Líbano.


Quais presentes os times da NBA mais querem? Lado Oeste
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Giancarlo Giampietro

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Pode espinafrar, tudo bem. O gancho não é nadica original: o que cada equipe da NBA quer de Natal? Mas, poxa, gente, vamos olhar por outro lado: ao menos ele oferece a chance para uma zapeada rápida por cada um dos 30 clubes, além do fato de dar um descanso para essa cuca aqui, que é mais que lerda. Alguns pedidos são praticamente impossíveis, outros mais viáveis. Vamos lá, então:

 DALLAS MAVERICKS

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

– Rápido entrosamento para Rajon Rondo.

– Que Monta Ellis possa emular 57,6% de um Ray Allen seria pedir muito? Ajudaria no encaixe com Rondo certamente.

– Um pivô reserva para Tyson Chandler. E, se for Jermaine ou Emeka, que eles aguentem o tranco. Greg Smith para defesa não rola.

– Mark Cuban jamais poderá vender a franquia.

DENVER NUGGETS
– Uma supertroca que ajude a equilibrar este elenco disfuncional cheio de jogadores nota 5, um derrubando o outro.

– Chega de lesões nos tornozelos de Ty Lawson.

– Trégua entre Brian Shaw e Kenneth Faried, uma rusga que dura já mais de um ano.

– Se o time não vai para os playoffs, mais minutos para os calouros Harris e Nurkic.

 GOLDEN STATE WARRIORS

O Golden State com Bogut é outra história

O Golden State com Bogut é outra história

 

– Andrew Bogut em boas condições para os playoffs. A defesa do Golden State depende de sua presença física e capacidade de liderança.

– O prêmio de técnico do ano para o sensacional Steve Kerr.

– Um novo endereço para David Lee (vai ser difícil segurar Draymond Green com tantos salários altos).

– A criação da linha de quatro pontos só para Stephen Curry.

HOUSTON ROCKETS
– Que a galera siga aloprando James Harden, para deixar o Sr. Barba incomodado. Seu comprometimento na marcação melhorou bastante, depois de uma temporada cheia de piadas na internet.

– Que o período afastado de Dwight Howard tenha sido mais por excesso de precaução.

– 40% nos arremessos de três pontos para Trevor Ariza.

– Alguma notícia positiva sobre Terrence Jones, afastado por conta de uma misteriosa neuralgia. Ele ainda não tem previsão de retorno.

Assim, Turkoglu já foi

Assim, Turkoglu já foi

LOS ANGELES CLIPPERS
– Melhora significativa para o banco de reservas. Tá explicado por que Jamal Crawford vai ser candidato a sexto homem do ano sempre…

– Doc Rivers mais concentrado no time em quadra, deixando as negociações para outros.

– Mais chances para os mais jovens (Reggie Bullock e CJ Wilcox).

– Menos chutes de média distância, mais cravadas para Blake Griffin, que tem fugido bastante do garrafão.

LOS ANGELES LAKERS
– Aproveitar Kobe Bryant o máximo que der. Mesmo que não seja mais aquele Kobe.

– Sorte no Draft e uma escolha top 5. Do contrário, o pick vai para Phoenix.

– Que Byron Scott perceba o potencial de Ed Davis (tchau, Boozer!).

– Um reality show, ou, no mínimo, um talk show para Nick Young. Ele e os angelinos merecem.

Todos querem Marc Gasol

Todos querem Marc Gasol

MEMPHIS GRIZZLIES
– Fica, Marc Gasol!

– Um ano sem alguma demissão ou mudança traumática na gestão do clube.

–  Vince Carter consistente nos arremessos.

– Um busto para Tony Allen.

MINNESOTA TIMBERWOLVES
– Andrew Wiggins cumprindo a promessa.

– Ricky Rubio retornando confiante.

– Uma solução para o mistério chamado Anthony Bennett.

– Uma boa troca para Nikola Pekovic.

NEW ORLEANS PELICANS
– Que o Monocelha quebre o recorde de Wilt Chamberlain em índice de eficiência (PER).

– Jrue Holiday mais agressivo em quadra.

– Se Eric Gordon não consegue mais ajudar, que ao menos não atrapalhe.

– Que o corte de cabelo de Luke Babbitt vire mania nacional.

OKLAHOMA CITY THUNDER

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

 

– Nenhum repórter jamais vai importunar Kevin Durant com uma pergunta sobre sua entrada no mercado de agentes livres em 2016.

– Russell Westbrook não precisa ser o MVP da temporada (afinal, isso significaria muito provavelmente menos Durant em quadra).

– Jeremy Lamb ou Perry Jones III. Pelo menos de um deles tem de sair alguma coisa.

– Um ataque menos previsível para Scott Brooks na hora dos mata-matas.

PHOENIX SUNS

Não dá para separar

Não dá para separar



– Goran Dragic sorrindo.

– Os gêmeos Morris unidos para sempre.

– Alex Len longe da enfermaria, aprendendo em quadra.

– Uma troca que capitalize tantos trunfos coletados por Ryan McDonough nos últimos anos.

PORTLAND TRAIL BLAZERS
– Nenhuma ingrata surpresa na hora de renovar com LaMarcus Aldridge ao final do campeonato.

– Que seja mantida a base (não é só LaMarcus a entrar no mercado de agentes livres).

– Ainda tem tempo para Thomas Robinson progredir tecnicamente?

– Um novo endereço para Victor Claver, o atleta mais deprimido da liga.

Boogie, Boogie, Boogie

Boogie, Boogie, Boogie

SACRAMENTO KINGS
– Caixas e caixas de chá de camomila para Vivek Ranadive.

– Um treinador que dure mais de duas temporadas.

– Qualquer sinal de progresso por parte de Nik Stauskas.

– Boogie All-Star, Boogie nos quintetos dos melhores do ano, Boogie para tudo.

SAN ANTONIO SPURS
– Uma despedida digna para Tim Duncan e Manu Ginóbili.

– Tony Parker saudável (afinal, ele nem jogou a Copa do Mundo…).

– Kawhi Leonard de contrato renovado, também sem sustos.

– Mais e mais entrevistas com o Coach Pop durante os jogos. O tempo todo!

UTAH JAZZ
– Trey Burke precisa melhorar. Do contrário, que se abram as portas para Dante Exum na segunda metade da temporada.

– Uma solução satisfatória para o impasse que deve ser a renovação com Enes Kanter.

– Que Rudy Gobert mantenha sua impressionante curva de aprendizado.

– Que Ante Tomic mude de ideia e tope jogar na NBA.

Aqui, os pedidos da Conferência Leste.

PS: Para quem não viu, uma abordagem bem mais detalhada sobre os clubes está aqui: 30 times, 30 fichas sobre a temporada


A constante reformulação do Minnesota Timberwolves
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015 (Tá acabando!!!)

A bola é sua, Wiggins

A bola é sua, Wiggins

Quando foi nomeado pela primeira vez técnico do Minnesota Timberwolves, Flip Saunders tinha no elenco alguns jogadores de bom apelo de mercado, mas nenhum deles era a prioridade do clube: a ele cabia desenvolver um adolescente de 19 anos, extremamente badalado, e montar uma equipe ao seu redor. Parece familiar com algo?

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Pois é. Tal como em 1995-96, o Wolves estava em um processo de reconstrução de elenco, com a intenção de se livrar de Isaiah Rider e Christian Laettner e abrir caminho para a ascensão de um vareta chamado Kevin Garnett. Saunders tinha 40 anos então. Hoje, com 59, combina o cargo de presidente da franquia com o de técnico, substituindo Rick Adelman para guiar o time em sua era pós-Kevin. O Love, no caso.

As coisas se confundem mesmo: é como se a franquia estivesse em constante reformulação, em busca de alguma identidade, de alguma luz, para deixar os porões da Conferência Oeste. Com o brilho atlético do canadense Andrew Wiggins e outras apostas de futuro, a esperança é de que agora – ou, tudo bem, daqui a uns dois, três anos – vão engrenar.

Já faz tempo, gente. KG e os aposentados

Já faz tempo, gente. KG e os aposentados

Playoffs? Eles não disputam uma partida de mata-mata desde 2004, na final da Conferência Oeste contra o frustrado Lakers de Shaq, Kobe, Jackson, Malone e Payton. Garnett estava no auge, acompanhado de Sam Cassell, Latrell Sprewell, entre outros. Todos apoosentados. Aliás, do último confronto daquela série, vencida por4 a 2 pelos angelinos, apenas dois jogadores ainda estão em tividade: Kobe e KG. Glup.

Desde então, Saunders foi demitido em 2005, e dúzias de atletas promissores (ou não) passaram por lá Marko Jaric, Al Jefferson, Rashad McCants, Ricky Davis, Randy Foye, Mike Miller… E Kevin Love. Sem conseguir mudar a sorte da franquia. Os anos com o megaprodutivo ala-pivô foram talvez os mais frustrantes. A base com Ricky Rubio, Nikola Pekovic, Kevin Martin, Andrei Kirilenko sugeria um belo time. Mas as lesões castigaram o elenco, a ponto de Love não aguentar mais e pedir uma troca.

LeBron não quis saber de Bennett em Cleveland. Que Saunders o aproveite agora

LeBron não quis saber de Bennett em Cleveland. Que Saunders o aproveite agora

Entra em cena LeBron James, o novo gerente geral do Cleveland Cavaliers, com um pacote enfim irresistível. Saunders, o cartola, topou, depois de pedir Klay Thompson, David Lee e Harrison Barnes para o Golden State Warriors, sem sucesso. Tivesse realizado sua primeira troca ideal, julgaria ter um time competitivo, para brigar novamente por uma vaguinha nos playoffs. A rota que acabou seguindo, porém, requer mais fôlego e cabeça.

Quando viu Dave Joerger dá um giro de 180º, Saunders respirou fundo, então, e decidiu ele mesmo descer do escritório da presidência para dirigir o time nove anos depois. Depois de uma sequência de dez temporadas inteiras seguidas com mais vitórias do que derrotas, ao menos o técnico se acostumou a perder em sua sofrível passagem pelo Washington Wizards.

Como presidente e, aliás, um dos acionistas do clube, ele não tinha obrigação alguma de ir para a quadra. É de se imaginar, então, que esteja empolgado para trabalhar com Wiggins e os mais jovens promissores, que podem compor um forte núcleo se bem cuidados. Está novamente em suas mãos o futuro do time.

O time: Kevin Martin, Thaddeus Young, Nikola Pekovic, Chasey Budinger e Corey Brewer serão todos mantidos? Para falar sobre a temporada do Wolves, tudo depende dessa resposta. Martin, Young e Pekovic ainda são muito produtivos e poderiam reforçar equipes que sonhem para  hoje com os mata-matas. Em Minnesota, o mais lógico era abrir caminho para Wiggins, Zach Lavine, Anthony Bennett e Gorgui Dieng, que, aos 26 anos, pode ser inexperiente em NBA, mas já não é mais nenhum moleque.

Rubio, mais uma lesão

Rubio, mais uma lesão

Enquanto as negociações não esquentam – já há muita gente interessada em Brewer, por exemplo –, porém, a garotada depende de desfalques para jogar. E eles já vão se acumulando com menos de um mês de temporada. a franquia precisa ou de um estafe médico novo, ou de uma benzedeira. Talvez os dois.

A lesão mais lamentada é a de Rubio, claro. De contrato renovado, confiante em liderar a equipe após a saída de Love – parece que a relação dos dois havia dado uma boa azedada –, o espanhol voltou a ser atropelado pelo azar, com uma lesão grave no tornozelo. Não tem previsão de volta. O armador seria fundamental para deixar os mais jovens em situação mais confortável – e divertida – em quadra.

A pedida: progresso acelerado para Wiggins, Bennett e Lavine e um bom posicionamento no Draft, sem alarde.

Olho nele: Zach Lavine. Wiggins é quem chama as manchetes, mas, para muitos olheiros, Lavine também tem potencial para virar um All-Star. Com as lesões de Rubio e Martin, o ala-armador revelado pela UCLA tem ganhado minutos mais cedo que o esperado. Ainda muito cru, mas extremamente atlético (muita impulsão e velocidade), é capaz de executar alguns lances de efeito. Mais relevante, porém, seria seu desenvolvimento na criação de jogadas, seja para própria finalização ou para os companheiros. Vai levar um tempo.

Abre o jogo: “As duas ofertas eram Andrew Bynum, cujos joelhos me davam medo, e o Big Al, além de algumas escolhas de Draft e outros complementos, coisas do tipo. Gostava de Bynum, mas também gostava do Al, porque ele era um pontuador melhor. E eu realmente tinha muito medo dos joelhos do Bnyum e as complicações que vêm disso. Então, sei o que as pessoas falam sobre mim e Danny (Ainge), mas, se você olhar para o que o Celtics ofereceu, foi a melhor oferta disponível. Eu, na verdade, fiquei surpreso, porque não havia muitos times com quem negociar”, Kevin McHale, ex-gerente geral e técnico do Wolves, nativo de Minnesota e chapinha de Danny Ainge, atual chefão do Celtics e seu ex-companheiro de equipe. Por Garnett, em 2007, ele recebeu Jefferson, Gerald Green, Ryan Gomes, Sebastian Telfair, Theo Ratliff e duas futuras escolhas de Draft (que resultariam em Jonny Flynn e Wayne Ellington). Pacote melhor ou pior do que o que Saunders obteve por Love? Vai depender de Wiggins e Bennett.

Você não perguntou, mas… o Minnesota contratou um técnico especialista em arremessos para tentar ajudar Ricky Rubio (e outros, mas especialmente Rubio): Mike Penberthy. O torcedor do Lakers vai se lembrar dele. Acho. Era um pretenso clone de Steve Kerr que Phil Jackson usou em sua rotação em 2000-2001, temporada do segundo título da equipe sob sua gestão. Em 56 times como profissional, ele acertou 39,6% de seus chutes de longa distância. Segundo consta, Penberthy vinha trabalhando como frila nos últimos anos e teria passado técnicas a Paul George, Andre Iguodala, Reggie Jackson e Jrue Holiday, entre outros.

kevin-garnett-minnesota-card-rookieUm card do passado: Kevin Garnett. Em 1995, o Minnesota apostava alto em um adolescente de 19 anos, em época que isso ainda não era nada normal. Ainda mais com o garoto saindo direto do colegial. KG saiu de ginásios modestos em Chicago para a grande liga, abrindo caminho para a onda que invadiu os anos 2000, até ser encerrada em 2006 por David Stern. Kobe, T-Mac, Jermaine O’Neal e tantos outros viriam em sequência. Muitos tiveram sucesso, outros se perderam pelo caminho. Garnett foi ganhando minutos aos poucos em seu primeiro ano, começando 43 jogos como titular depois que o clube se desfez de Christian Laettner e com Saunders assumindo o time no meio da jornada, com 20 jogos disputados. O ala-pivô Tom Gugliotta e o problemático Isaiah Rider eram seus principais companheiros, enquanto Terry Porter e Sam Mitchell eram as referências veteranas.


NBA, onde nepotismo também acontece
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Giancarlo Giampietro

Os irmãos Smith, JR e Chris, agitando em Manhattan

Os irmãos Smith, JR e Chris, agitando em Manhattan

Ray Felton está afastando, com uma lesão muscular na coxa. Pablo Prigioni também, depois de sofrer uma fratura no dedão do pé direito. Iman Shumpert não virou o armador que o time esperava – no máximo, ele consegue controlar a bola apenas como uma segunda válvula de escape. Beno Udrih arrasou ontem contra o Bucks e, ao mesmo tempo, foi arrasado por Brandon Knight.

Tudo isso deixa o técnico Mike Woodson numa situação ainda mais delicada. O New York Knicks já é o time mais decepcionante da temporada. E agora só restou um armador para constar história? Justamente numa posição tão crucial?

E, agora, diabos, a quem ele poderia recorrer?

Ao Chris Smith?!

Acho que não.

Sabe o armador Chris Smith, né? Irmão mais jovem do JR, que ganhou um contrato garantido e salário de cerca de US$ 500 mil para ser o 15º homem do Knicks na temporada, ainda que, segundo relato do superrepórter Adrian Wojnarowski, exista integrantes da própria comissão técnica do time que acreditam que o caçulinha não tenha “sequer talento para ser um jogador da Liga de Desenvolvimento da NBA”.

Chris Smith, nem na liga de verão

Chris Smith, nem na liga de verão

Pois, então. Foi esse o atleta convocado às pressas por Woodson para, ao menos, ajudá-lo a formar dois times nos treinamentos. Ao que tudo indica, Chris não está pronto para encarar um Madison Square Garden lotado e irritado. Na mesma reportagem de Wojnarowski, um gerente geral rival o definiu como “talvez o pior jogador da história das ligas de verão”.

Quando a franquia garantiu o contrato do armador, o burburinho foi tamanho que a direção da liga se viu obrigada a abrir uma investigação interna – obviamente a negociação estava vinculada à renovação com JR, ainda que não haja documentos comprovando isso… Mas até que ponto era algo irregular?

No fim, as repostas que tiveram foram de que não seria um absurdo assim considerar Chris Smith como um cara digno de NBA. “Chris tem talento suficiente”, disse um dirigente, sem se identificar, ao  New York Post. “Ele pode se tornar um jogador da NBA um dia. Algumas equipes preferem manter aqueles que são considerados projetos em vez de jogadores que podem ajudar imediatamente, e Chris é um desses projetos.”

Agora… Obviamente é um projeto. Mas que se frise: de 26 anos. Nascido em outubro de 1987, é mais velho que Stephen Curry, Jrue Holiday, Derrick Rose e Ty Lawson, para citar apenas quatro integrantes de uma das posições mais concorridas da liga hoje em dia. Mais velho também que Brandon Jennings, o atrevido reforço do Detroit Pistons que foi a público no Twitter para questionar o que o (nem tão) jovem Smith fazia por ali, citando dois experientes armadores que hoje fazem carreira na Europa, esperando por uma proposta da liga. “Espere, espere, espere. O irmão do JR Smith está na NBA, mas o Pooh Jeter e o Bobby Brown, não? Pode me chamar de hater, mas isso não dá!”, disparou.

(No fim, o crítico deletou seu post, mas não foi rápido o suficiente para evitar que jornalistas e outros seguidores espalhassem sua mensagem. JR tomou as dores da família. “É meu irmãozinho, então eu vou interferir por ele, de um jeito ou de outro. Não apenas contra Brandon, mas contra qualquer um que diga alguma coisa para ele”, declarou.)

Desnecessário dizer que nem Woodson, nem James Dolan e talvez nem mesmo o ala do Knicks esperam que Chris Smith vire um craque ou alguém do nível de Jennings. Desde o início da temporada, ele foi enviado para a liga de desenvolvimento, defendendo a filial do clube de Manhattan, o Eerie BayHawks. E, mesmo num campeonato com números bastante inflados, o jogador não chega a impressionar, com médias de 11,3 pontos, 4,5 rebotes, 2,7 assistências, 2,0 desperdícios de posse de bola, 24,7 minutos, em seis partidas.

Quando o técnico da equipe, Gene Corss, foi questionado pelo New York Times sobre a perspectiva de Smith se encontrar na NBA, sua resposta não foi das mais entusiasmadas.”Acho que ele tem potencial para trabalhar, continuar a crescer e se tornar um bom jogador. E, qualquer que seja a situação em que ele estiver, acho que pode ter sucesso. Mas você nunca sabe qual a situação que vai rondar um atleta”, disse.

Chega a ser um pouco embaraçoso, não?

Como se um Smith já não fosse o bastante de problema...

Como se um Smith já não fosse o bastante de problema…

Mas tem mais. Mike Woodson nem tem como refutar que o laço de sangue com seu talentoso – mas incontrolável – ala pesa nesse contexto. “Tenho um grande respeito por essa família. É o irmão dele. Eu respeito isso”, disse.

Hein?

E como fica Chris Smith nisso tudo?.

“Isso me ajuda? Obviamente. Ele é meu irmão mais velho. As pessoas querem que fiquemos juntos o tempo todo. E ele me ajudou muito”, afirma.

“É claro que eu tenho muito o que provar”, afirmou o armador ao Times. “Mas eu ainda não consegui jogar direito desde que deixei Louisville. Digo, eu sinto que sou um dos jogadores mais subestimados agora. Mas sempre fui subestimado. Ninguém espera nada de mim. Vão sempre me olhar como o irmão mais novo do JR, porque ele é um atleta fenomenal, sexto homem do ano e tudo isso. Mas eu sempre tive minha própria plataforma, meus objetivos próprios.”

Difícil, porém, é que esses objetivos coincidam com os do Knicks, afundados na Conferência Leste.

*  *  *

O caso de Chris e JR Smith com o Knicks pode ser aquele mais vexatório ou espalhafatoso, mas está longe de ser o único vínculo nepotista na liga norte-americana. O mais grave deles, aliás, deve ser aquele descoberto durante o lo(u)caute que escancarou diversos problemas do sindicato dos jogadores. Entre eles, foi descoberto que o diretor executivo, Billy Hunter, empregava dois filhos e uma nora no órgão. Uma apuração da Bloomberg, aliás, revelou que a família Hunter recebeu mais de US$ 4 milhões em salários durante a década.

De qualquer forma, de modo bem menos escandaloso, o emprego de familiares é usual entre as franquias, especialmente entre treinadores e dirigentes.

Não que a prática seja preliminar ou fundamentalmente errada. É compreensível que, num mundo bastante competitivo, em que por vezes a capacidade de guardar segredos é a mais importante, se corra a alguém da maior confiança. O problema é correr o risco (grande) de misturar as coisas. Quando a confiança é colocada muito da competência. Não se trata de uma regra. Mas, que pode acontecer, ô se pode.

Que o diga Michael Jordan e quem quer que trabalhe para o…

Charlotte Bobcats
No que se refere a nepotismo, Jordan também pode ser considerado o melhor na NBA. Ok, podemos atenuar o termo e dizer que, em matéria de cuidar dos chapinhas do passado e compadres, não tem para ninguém. Buzz Peterson, seu rival dos tempos de colegial e ex-companheiro na Universidade da Carolina do Norte, foi um de seus cartolas. Fred Whitfield, presidente do clube, é seu amigo há 30 anos. Ex-parceiros de Chicago Bulls como Rod Higgins (vice-presidente e manda-chuva do departamento de basquete), Sam Vincent e Charles Oakley também foram aproveitados. Conto em mais detalhes nesta reportagem aqui. Depois que o texto foi publicado, MJ ainda promoveu seu irmão Larry a diretor, no cargo anteriormente ocupado por Peterson.

Cory Higgins, o filho do Rod

Cory Higgins, o filho do Rod

Higgins, aliás, aprendeu direitinho e chegou a contratar seu filho, Cory, como terceiro armador do clube – na época, não havia um scout sequer que entendesse a aposta no jovem graduado pela Universidade do Colorado. O atleta ficou uma temporada e meia na equipe. Aí chegou o dia em que teve de ser dispensado, em dezembro de 2012, olho no olho. “Quando você toma uma decisão como essa, de contratar seu filho, sempre sabe que um dia como esse poderia acontecer. O jogador também sabe disso. O aspecto pessoal é o aspecto pessoal. Mas, quando você dá o próximo passo e se dá conta de que isso é um negócio, você sempre sabe que isso poderia acontecer”, disse o pai, com toda a franqueza do mundo. “Ele não deixa de ser meu milho.”

Então tá.

O Higgins filho tinha média de 3,7 pontos em 10,3 minutos pelo Bobcats, tendo disputado 44 jogos, com aproveitamento de 32,4% nos arremessos de quadra em sua carreira, com 20% nos três.

Em meio a esse contexto, como Jordan ou Higgins poderiam punir Paul Silas, ex-treinador da equipe, quando este optou por não dirigir a draga de elenco que tinha na temporada 2011-2012, pós-lo(uc)aute, quando conseguiram terminar com a pior campanha da história da liga, em termos de aproveitamento de vitórias. Na ocasião, o veterano Paul tinha as melhores intenções. Seu filho Stephen era seu principal assistente, e o papai coruja acreditava que chegaria o dia em que sua cria seria um técnico principal na liga. Então por que não começar logo, pegando experiência? O Bobcats não iria para nenhum lugar mesmo…

(Como podemos testemunhar até hoje. E, antes mesmo da família Silas, os Bickerstaffes haviam tomado conta do banco de reservas. O experiente Bernie foi o primeiro treinador da franquia e teve seu filho John-Blair em seu estafe e por três anos – aos 25, ele foi, inclusive, o assistente mais jovem da história da liga. J.B. hoje trabalha com Kevin McHale no Houston Rockets.)

Minnesota Timberwolves e Boston Celtics
Quando Rick Adelman cedeu e aceitou a bucha que é treinar um Minnesota Timberwolves, ao menos garantiu mais alguns trocados para sua família ao incluir seu filho David em sua comissão técnica. Antes da NBA? O herdeiro havia trabalhado, até então, apenas no nível de high school, em Portland. Não era o currículo mais impressionante disponível no mercado, certeza.

Em Boston, Danny Ainge encontrou um lugar na sua equipe de gestão para o filho Austin. Formado na BYU, na qual foi companheiro do ala Jonathan Tavernari, o Ainge filho migrou direto para o banco de reservas, com terno e gravata. Foi assistente na Southern Utah University e treinador do Maine Red Claws (filial do Celtics na D-League) antes de ser contratado pela franquia mais vencedora da história da NBA.

Em sua defesa: sua saída do Red Claws foi bastante sentida. “Eu sinto muito em ver Austin partir para seu novo cargo com o Celtics”, disse o presidente e gerente geral do clube, Jon Jennings, via release. “Todos nós gostamos de trabalhar com ele. Ninguém trabalhou  mais duro e estava mais comprometido com a evolução de nossos jogadores.”

Além de ajudar o pai na condução e formação do elenco, Austin também quebra um galho do brasileiro Vitor Faverani, ajudando na tradução do espanhol para o inglês, sempre que necessário.

Austin Ainge (e) e o geniozinho Brad Stevens

Austin Ainge (e) e o geniozinho Brad Stevens

Sacramento Kings
Na capital californiana, o processo foi inverso. Michael Malone assumiu o comando de um time pela primeira vez e recorreu ao pai Brendan, extremamente experiente, que seria seu principal assistente. Sua missão seria ajudar a guiar o filho em sua temporada de calouro. Em cerca de três meses, porém, o Malone sênior abriu mão do cargo, dizendo que basicamente não tinha mais paciência para esse tipo de atividade.

“Foi um choque completo para mim. Estava na minha sala, e ele entrou e disse: ‘Estou saindo’. Eu respondi: ‘Aonde você vai?’. E ele simplesmente falou que estava saindo para valer. Foi uma surpresa. Acho que era algo com o qual ele estava lutando por um tempo. Foi difícil lidar com isso e algo muito emocional porque não é apenas a relação de um técnico com um assistente. Há uma dinâmica de pai e filho, mas, para ser justo, eu não estaria aqui se não fosse por ele. Ele me deu um empurrão para chegar aqui”, afirmou o Malone júnior, que vinha fazendo ótimo trabalho no estafe de Mark Jackson no Warriors e com Monty Williams no Hornets, hoje Pelicans, diga-se.

Dallas Mavericks
Don Nelson fechou com Mark Cuban para reestruturar uma franquia que foi uma piada durante grande parte da década de 90. Levou junto na bagagem o filho Donnie, que trabalhou como gerente geral, nos bastidores, como o braço direito de Cuban nas negociações com atletas. O Don filho, porém, já tinha mais o que oferecer. Trabalhou como assistente da seleção lituana em diversas competições coordenou a seleção chinesa por dois anos e em ambos os cargos teve sucesso. Também criou os chamados Global Games, em Dallas, um torneio amistoso que reúne algumas das melhores seleções juvenis do mundo. Ele só ficou em uma situação constrangedora no Texas quando a relação do Don pai e do magnata se estremeceu a ponto de envolver os tribunais. No final, Cuban teve de pagar mais de US$ 6 milhões em um acordo.

Los Angeles Lakers
Bem, o falecido Jerry Buss não quis nem saber: seu legado teria de ser sustentado pelos filhos. Quando seus problemas de saúde o afastavam gradativamente da condução diária da célebre franquia, o Sr. Buss transferiu suas responsabilidades para os dois filhos. Jim ficaria com o basquete. Jeannie, com os negócios. Ric Bucher escreve mais a respeito aqui. Jim foi assistente do gerente geral Mitch Kupchak desde 1998. Na visão dos torcedores do Lakers, é uma nulidade, famoso por seu apreço por corridas de cavalo, por não tirar o santo boné da cabeça e por ter demitido mais de uma dezena de empregados do vitorioso departamento esportivo antes do lo(u)caute.

Jeanie e Jim Buss. Uma popular em LA, outra nem tanto

Jeanie e Jim Buss. Uma popular em LA, outra nem tanto

(Esse processo aconteceu também no Denver Nuggets, lembremos, com Josh Kroenke, de 33 anos, assumindo a presidência do time, deixando o pai Stan mais afastado. Josh jogou por Missouri na NCAA e já marcou Carmelo uma vez. Leia seu perfil aqui, do intrépido Wojnarowski.)

Em quadra, depois de muito tempo separados, hoje em dia para onde quer que Mike D’Antoni vá, ele carrega junto o irmão Dan, mais velho. Enquanto Mike conquistava a Itália – e, sobretudo, Kobe – e Milão, como jogador, depois de passagem não muito brilhante na NBA, Dan era treinador na boa e velha West Virginia, em high school. Na verdade, ele se ocupou disso por (!) 30 anos até ser convencido pelo caçula a assumir um cargo de assistente no Phoenix Suns. A parceria se repetiu em Manhattan e, agora, em Hollywood.

Atlanta Hawks e Utah Jazz
Dias depois de fechar a surpreendente contratação de Paul Millsap, Danny Ferry não foi tão criativo assim ao anunciar seu elenco para a liga de verão de Las Vegas em 2013. As atrações principais eram o brasileiro Lucas Bebê e o alemão Dennis Schroeder, mas não deixava de chamar a atenção o número 45 da equipe, John… Millsap. Irmão (três anos) mais velho de Paul, conseguiu a vaguinha na carona do contrato milionário do ex-jogador do Jazz, claro. A generosidade, no entanto, se limitou a uma assinatura de contrato. Em Vegas, John jogou por apenas 17 minutos, em duas partidas, marcando dois pontos no total.

Em Utah, aliás, John já havia ganhado um empurrãozinho ao defender por um bom tempo o Flash, da D-League, que hoje é chamado Delaware 87ers, afiliado ao Philadelphia 76ers.

Para saber mais sobre a saga dos irmãos Millsap – há ainda Elijah, do Los Angeles D-Fenders, e o caçulinha Abraham, é só acessar o site do Paul.

Golden State Warriors

Seth e Stephen, filhos do Dell

Seth e Stephen, filhos do Dell

Com Stephen Curry e Klay Thompson, o Golden State Warriors causa inveja a muita gente. Será que é justo que o mesmo time possa ter dois arremessadores tão acima da média? Que dois gatilhos desses possam fazer dupla? Bem, há outra franquia que ao menos pode replicar esses sobrenomes. Estamos falando – coincidência ou não! – do Santa Cruz Warriors, filial da equipe na D-League. É lá que jogam Seth Curry e Mychel Thompson, irmãos dos cestinhas.

Seth é mais jovem que Stephen. Os dois herdaram do pai, Dell, a mecânica belíssima e a eficiência nos chutes de longa distância. Mychel, mais velho que Klay, já é moldado de um jeito diferente, muito mais voluntarioso do que o refinado caçula. Os dois são filhos de mais ums ólido veterano da NBA, o pivô Mychal Thompson, bicampeão pelo Los Angeles Lakers em 1987-88.

Comparando com John Millsap, há algo que os separa, contudo. Depois de brilhar pelo Erie BayHawks na liga de desenvolvimento, Mychel foi contratado pelo Cleveland Cavaliers – aparentemente sem influência do sobrenome. Jogou cinco partidas pelo Cavs, sendo titular em três ocasiões. Já Seth se formou pela tradicional Universidade de Duke, sob o comando do Coach K, como um jogador importante na NCAA. Uma grave lesão de tornozelo antes do Draft acabou atrapalhando suas pretensões no recrutamento de calouros. Provavelmente teria espaço em uma grande liga da Europa, mas preferiu acompanhar o irmão na Califórnia.

Los Angeles Clippers
Não foi possível confirmar os rumores de que Doc Rivers, com tantos desfalques, estaria interessado na contratação do Little Chris (Paul) para fortalecer seu banco de reservas:

(Brincadeira. Fui!)


15 times, 15 comentários sobre o Oeste da NBA
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Giancarlo Giampietro

Spurs x Blazers

O Blazers cria ainda mais confusão no Oeste Selvagem da NBA

A série começou ontem, com o tenebroso Leste. Agora falamos dos primos ricos.

Antes de passar por cada franquia, em castas, é mandatória a mesma menção de ontem: sobre o quão patética vem sendo a porção oriental da liga norte-americana, com apenas três times acima da marca de 50% de aproveitamento, enquanto, do lado ocidental,  apenas quatro estão no lado negativo. Isso muda tudo na hora de avaliar o quão bem um time está jogando ou não num panorama geral. Ter de enfrentar Sixers, Magic, Bucks e… (!?) Nets e Knicks mais vezes do que Warriors, Wolves, Grizzlies e… (!?) Suns ajuda muito para inflar os números de sua campanha. É como se fosse um imenso ***ASTERISCO***.

Os dois ainda no topo, ainda que em segundo e terceiro
Pela consistência que apresentam nas últimas duas temporadas, ainda me sinto obrigado a separar as duas franquias, mesmo que estejam, na manhã desta quarta-feira, atrás do Portland Trail Blazers na tabela.

San Antonio Spurs: pode muito bem ainda haver resquícios de um trauma psicológico daqueles. É quase inevitável. Mas a fase de ressaca, ressaaaaca, mesmo, das brabas, se encerrou em algum ponto das férias. Porque o Spurs de Gregg Popovich simplesmente não vai parar de vencer, mesmo que Tim Duncan venha devagar desta vez, depois de uma temporada na qual ele desafiou qualquer noção que tenhamos sobre esse processo chamado envelhecimento. Sério: desde 1997, o time não sabe o que é terminar um campeonato com aproveitamento abaixo de 64,6% (!!!). Custa acreditar? Confiram esta lista aqui. Então, se alguém um dia falar em “padrão de excelência” para você, pense no que é o time de Duncan, Pop, Parker e Manu, como a comparação ideal. Neste ano, a turma de Tiago Splitter está no top 4 de melhores defesas (2ª, atrás do Pacers, que não conta mais) e ataques (4º, atrás de Portland, Miami e Houston). E-qui-lí-brio.

Oklahoma City Thunder: Nada mudou muito por aqui, gente. Eles ainda têm dois dos dez melhores jogadores da liga, que podem decidir as coisas no ataque quando bem entendem e um conjunto muito atlético para fechar seu garrafão e sustentar a quinta defesa mais eficiente do campeonato. Esses são dados bons o bastante para colocá-los na briga com qualquer cachorro grande. Mas a má notícia é que… Bem, até quando Scott Brooks vai depender tanto dos talentos individuais de seus dois cestinhas? No geral, o Thunder é apenas o 17º time que mais distribui assistências na liga. Dos favoritos ao título, só o Indiana Pacers está abaixo (em 21º, com uma dependência de Paul George, sim, mas também com jogadas mais tradicionais de costas para a cesta com Roy Hibbert, o que desacelera as coisas). O que isso significa? Enquanto depender das jogadas de isolamento para Durant ou Wess, Brooks está esperando que os dois se desenvolvam e elevem o ataque por conta própria. É possível, claro – ninguém pode julgar Durant como um cara acomodado, e cara já está num nível tão alto que simplesmente não tem muito o que se melhorar. A não ser, claro, que esperemos que ele acerte 75% de seus arremessos de quadra. Fora isso, contata-se  a notável evolução de Reggie Jackson como o terceiro cestinha do time – uma das consequências da lesão de Russell Westbrook. Jeremy Lamb e Perry Jones III também estão caminhando, mas ainda falta muito para que sejam confiáveis sob pressão. Ah, e o Steven Adams, com seu jogo enérgico, físico e atrevido, já está no top 5 de inimigos públicos. Vindo da Nova Zelândia, sendo um novato, é um feito e tanto.

Chumbo grosso
De como a Conferência Oeste é absurdamente competitiva.

Portland Trail Blazers: ok, ok, para os fãs do Blazers – e eu sei que vocês tão por aí, sim –, já pode parecer um ultraje. E pode ser, mesmo. Porque (vai) chega(r) uma hora em que você tem de deixar as dúvidas de lado e abraçar  a equipe da Rip City como uma realidade nesta temporada. São 18 vitórias e quatro derrotas, aproveitamento de 81,8% (o segundo melhor), +6,3 pontos de saldo (quarto), nove vitórias e duas derrotas seja em casa como na estrada (as segunda e melhores marcas, respectivamente). Por mais que possam perder um pouco desse ritmo, o quanto seria? O Blazers sofreu todas as duas quatro derrotas contra adversários da mesma conferência, mas também já somou dez vitórias nessas mesmas condições. Seu rendimento em quadra hoje é praticamente inverso ao do Pacers: tem o ataque mais eficiente e apenas a 22ª defesa. LaMarcus Aldridge nunca pontuou ou reboteou tanto assim em sua carreira. Damian Lillard elevou seu aproveitamento de três pontos, diminuiu seus turnovers e melhorou na defesa – todos passos cruciais para o armador se tornar uma força a ser temida aos 23 anos. Nicolas Batum se tornou uma ponte perfeita entre o armador e o pivô. Wesley Matthews está jogando demais da conta. E, por fim, Robin Lopez, Maurice Williams e Dorrell Wright solidificaram a rotação. Então, quer dizer: talvez seja uma questão de tempo para os caras subirem de andar. Vamos ver.

Houston Rockets: tudo aqui é matemático. O Rockets é dos times que mais bate lances livres e arremessa de três pontos na liga, eliminando aqueles chutes considerados de menor eficiência. Para isso, eles vão correr, correr e correr, com a expectativa de chegar ao ponto desejado em quadra antes que a defesa se estabeleça (uma combinação do legado dos Sete Segundos ou Menos do Phoenix Suns com a onda estatística analítica que vem tomando os escritórios das franquias, veja só). James Harden dá as cartas nesse sentido. E, dentro desse plano de jogo, estão encaixando a presença singular que é Dwight Howard, com tudo aquilo que ele te oferece de bom (rebote, cobertura defensiva, corta-luzes e enterradas) e mau (a choradeira de sempre e a necessidade de se afirmar como um superpivô ofensivamente, coisa que não é). Por mais antipatia que possa ter ganhado desde a última temporada regular, fato é que sua presença acrescenta muito em quadra, mesmo que não seja o mesmo de três anos atrás. Então Omer Asik (um dos nossos preferidos desde a última encarnação) que nos desculpe: pode fazer o bico que for, mas a vida é assim. Jeremy Lin se redescobriu como um sexto homem mais finalizador, Chandler Parsons está preparado para receber um bom aumento e o intrigante Terrence Jones deu uma acalmada nos rumores de troca.

Los Angeles Clippers: elenco é para isso, né? Para usar, para dar segurança. E ainda bem que a epidemia se limitou aos alas (JJ Redick, Matt Barnes e o competente novato Reggie Bullock), pois era o ponto mais forte da rotação de Doc Rivers. Ok, perder três de uma vez quebra qualquer treinador, e é por isso que você já está ouvindo sobre Stephen Jackson, o Capitão Jack Maluco, mas imagine se o pronto-socorro fosse para Blake Griffin ou DeAndre Jordan? Alguém aí estaria preparado para confiar 30 minutos para Ryan Hollins, BJ Mullens ou Antawn Jamison? Pois é, nem eu. Daí que se faz urgente, mas urgente demais a contratação de mais um pivô completo, ou que pelo menos saiba defender e converter lances livres. Não só como apólice de seguro, mas para poder dar um descanso aos titulares, mesmo, ou rendê-los no final de um jogo equilibrado em que Jordan não possa sofrer faltas de jeito algum. Jordan está ganhando mais confiança de Rivers, com a maior média de minutos de sua carreira, mas precisa de ajuda, para bancar ou melhorar a décima defesa mais eficiente da liga. E não dá para saber bem se Lamar Odom seria a resposta aqui.

Denver Nuggets: com todo o tato e delicadeza do mundo, o prestigiado e novato Brian Shaw está tentando mudar o Denver Nuggets. Tanta sutileza tem duas razões: 1) pegar leve com George Karl e o regime anterior, por (?) ética; 2) conduzir uma revolução em quadra também não é das coisas mais fáceis, ainda mais quando se tem de lidar com jogadores que podem ter dificuldade para acompanhar a bola e, ao mesmo tempo, saber em que ponto da quadra está. É complicado. Por outro lado, o time pode compensar a falta de disciplina ou inteligência defensiva com muita energia, rodando diversos jogadores – 12 deles já ganharam mais de 100 minutos –, aproveitando-se da altitude no mando de quadra e se mantendo no páreo. Quando as defesas não estão preocupadas em parar Ty Lawson, vem Nate Robinson do banco, os dois baixinhos com velocidade e alta periculosidade. Timofey Mozgov saiu da hibernação, e jogando bem. Falta uma previsão para o retorno de Danilo Gallinari  e que Wilson Chandler acerte os ponteiros de seu relógio.

Dallas Mavericks: longa vida a Dirk Nowitzki! E bem-vindo seja o novo Monta Ellis! O baixinho topetudo vai tentando provar ao mundo que todas as críticas que recebeu durante sua carreira em Oakland e Milwaukee não passavam de uma tremenda injustiça com um dos maiores cestinhas de todos os tempos um espevitado cestinha.  Ele vem com a terceira melhor marca nos arremessos de quadra de sua carreira e a melhor desde 2008, ano em que jogava, coincidentemente, por um novo contrato. Com 37,3%, ele também nunca havia chutado tão bem assim do perímetro. Selecionando melhor seus arremessos, mas pondo pressão contínua para cima das defesas, o “Monta Ball” vem ajudando a dar um novo fôlego ao craque alemão, que está pegando menos rebotes, mas elevou suas médias nos arremessos, também recuperado de lesões que chacoalharam seus últimos dois anos. Os dois juntos, auxiliados pela mão certeira de José Calderón, comandam o sétimo ataque mais eficiente. O problema é a defesa, a sexta pior da liga, que precisaria de um Shawn Marion um pouco mais novo, além de um Tyson Chandler – e não de um Samuel Dalembert – para fechar espaços.

Golden State Warriors: o time é talentoso, mas a margem de segurança não é das maiores. Digo, o banco é bastante limitado. Então, quando sai um faz-tudo como Andre Iguodala, em quem se aposta muita coisa (o aperto da defesa, mais movimentação de bola no ataque, explosão nos contragolpes, alívio para Stephen Curry), tudo fica um pouco mais difícil. Ser o time de toda a liga que mais partidas fora de casa disputou até agora também interfere na campanha, ainda mais para um grupo que tem tanto respaldo em seu ginásio. Desde que Iguodala volte bem e relativamente rápido de sua lesão na coxa e que os tornozelos de Curry e Bogut aguentem bem, ainda não é hora para se alarmar, mesmo que estejam no momento fora da zona dos playoffs. Se os segundanistas Harrison Barnes e Draymond Green evoluírem, então, melhor ainda.

Memphis Grizzlies: de todos os aspirantes ocidentais a grandes resultados nesta temporada, aqui está o time na maior enrascada. A troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, por enquanto, só surtiu efeitos negativos, especialmente em na contenção, sem pegada nenhuma no momento – tinham a segunda melhor retaguarda na temporada passada e agora são apenas a 18ª. Marc Gasol não voltará tão cedo e, por mais que Kostas Koufos se esforce nos rebotes e seja grande igual, não tem a mesma leitura de jogo e voz sobre seus companheiros. Não obstante, no ataque, o time ainda não consegue ameaçar de longa distância (sua mira de 33% é apenas a 23ª entre 30 concorrentes), e a vida de Zach Randolph anda mais sofrida – mais utilizado no ataque, ele presta ainda menos atenção na defesa. As equações de John Hollinger certamente não contavam com a baixa de seu melhor jogador, mas é bom o ex-analista tentar agora outros cálculos para não ser achincalhado na Grindhouse.

Minnesota Timberwolves: por que o Wolves estaria em melhor situação que o Grizzlies se, mesmo com time mais ou menos completo, eles estão atrás na classificação? Bem, alguns indícios: seu saldo de +4,0 pontos é maior que o dos cinco que estão logo acima na tabela. Além disso, seu calendário nos primeiros 22 jogos foi o terceiro mais complicado da temporada. A equipe não está no topo nem ofensivamente, nem defensivamente, mas parte de uma sólida base (está curiosamente em 12º nas duas listas). Kevin Love retornou com tudo, embora com baixo rendimento nos arremessos. O que é pega é que, num time com tão poucos chutadores de média e longa distância, o ala-pivô acaba sendo o responsável por desafogar o próprio jogo, se é que faz sentido isso (sobe a plaqueta para o auditório: “RISOS!”). Mas, sério: Kevin Martin chuta bem que só, mas Corey Brewer não está matando nada, Chase Budinger ainda não estreou e Ricky Rubio é uma negação nesse quesito. O que temos, então, é um time que consegue ser pior que o Grizzlies no fundamento (32,9%), o sétimo pior do campeonato. Ainda assim, com um ataque agressivo, que cobra 27,1 lances livres por jogo (quarto melhor), eles dão um jeito de compensar essa deficiência.

A maior surpresa da liga
Não, ninguém esperava por isso.

Phoenix Suns: nem mesmo o gerente geral Ryan McDonough, Discípulo de Danny Ainge em Boston, o jovem cartola tem uma visão bastante pragmática das coisas. Não se importava em gerenciar um saco de pancadas este ano desde que ganhasse um bom novato no próximo Draft. Mas ele, tal como seu ex-chefe, parece ter acertado em cheio na contratação de seu treinador. Jeff Hornacek é aspirante a treinador do ano desde já, e talvez nem importasse que seu renovado time estivesse ocupando um inacreditável oito lugar no Oeste Selvagem. Ele já teria uma candidatura de respeito ao fazer o Phoenix Suns – de todos os times, o PHOENIX SUNS!!! – defender, além de ter resgatado um pouco de seu poderio ofensivo. Eles estão em 16º agora, mas ficaram por várias semanas no top 10, e essa queda se deve muito ao desfalque de Eric Bledsoe por alguns jogos. Bledsoe, aliás, que vai justificando o investimento, compondo uma dupla de armadores muito promissora com Goran Dragic. Os irmãos gêmeos Morris têm formado uma dupla dinâmica no banco – e entrosamento era o mínimo que a gente esperava deles, né? –, Miles Plumlee surgiu do nada e  PJ Tucker é um dos operários que merecia mais atenção. Agora, será que eles têm fôlego para competir até o fim? Será que isso seria interessante? Será que McDonough vai permitir isso?

No limbo
Nem muito para cima, nem muito para baixo. É difícil fazer qualquer prognóstico…

Los Angeles Lakers: olha, ninguém dava muita bola, mas Mike D’Antoni vinha fazendo seu melhor trabalho desde os tempos de Suns. Vejamos, sem Kobe, Nash, eles mais venceram do que perderam. Com Jordan Farmar, Steve Blake, Wesley Johnson, Xavier Henry, Jodie Meeks Nick Young e Jordan Hill. Agora… Como ele estava conseguindo isso? Bem, aplicando seus sistema. Correndo muito (com o terceiro ritmo mais intenso do campeonato). Agora, com Gasol e Kobe baleados, será que isso funciona? Dificilmente. E ele conseguirá montar um time produtivo de outra forma? Bem, Gasol abertamente já duvidou disso. E, sobre o espanhol, todavia, pairam grandes dúvidas. O que acontece? Ele não é mais o mesmo por que D’Antoni não sabe usá-lo, ou D’Antoni não o explora mais por que o pivô não consegue? Consultando os números, vemos que ele vem sendo envolvido  como nunca antes aconteceu no ataque do Lakers. Mesmo: mais até que na época dos triângulos do Mestre Zen. Com 33 anos, o espanhol tem sido ainda menos eficiente do que na campanha passada, mesmo sem Dwight Howard para congestionar o garrafão. Seu percentual de quadra é disparado o pior da carreira.  Se o time ficar perdido entre acomodar suas estrelas e tentar abastecer um bando de anônimos, a campanha pode não dar em nada.

– New Orleans Pelicans: se eles estivessem no Leste,  estariam em quinto. No brutal Oeste, porém, são antepenúltimos. Com o time inteirão, já seria difícil beliscar uma vaga nos playoffs. Ficar sem o emergente Anthony Davis – melhor em praticamente todas as estatísticas básicas – por muito tempo? Essa disputa sai ainda mais cara – e o Philadelphia 76ers segue tudo isso com muita atenção. A garotada está atacando bem (sexta melhor ofensiva da liga), com muita gente habilidosa e chutadores rodeando no perímetro – especialmente o insano e único Ryan Anderson. Defensivamente, contudo, vão de mal a pior, com a quinta pior marca, e as coisas ficam ainda menos promissoras sem a envergadura e agilidade do Monocelha.

A turma do fundão
Um está confortável aqui. O outro já não aguenta mais.

Sacramento Kings: com novo proprietário, novo gerente geral, novo técnico e uma torcida que, sim, já não atura mais tantas participações no topo do draft. O estafe recém-empossado sabe disso e vai procurando fazer troca atrás de troca para melhorar o talento disponível. Derrick Williams e Rudy Gay até se enquadram nessa teoria, comparando com quem saiu. Mas o que eles têm em comum? São dois jogadores muito mais concentrados em seu próprio arremesso do que numa proposta mais coletiva. Basicamente: sai um, entra outro, e o Kings só continua com fominhas em sua escalação. Que os dois reforços não atrapalhem, contudo, o que DeMarcus Cousins e Isaiah Thomas vêm fazendo – é meio chocante, mas os dois estão entre os dez jogadores mais eficientes nestes primeiros meses. O rendimento da dupla não traduziu em muitas vitórias, é verdade, mas sua tabela foi a segunda mais dura até agora.

Utah Jazz: a única pessoa em Salt Lake que deve estar preocupada com o que vem acontecendo é o técnico Ty Corbin, na berlinda. De resto, vai tudo de acordo com o plano. O gerente geral Dennis Lindsey quis abrir espaço para seus jogadores mais jovens. Chega uma hora em que você precisa ver o que há de concreto naquilo que chamamos de “potencial”. Daí que, dos dez que mais minutos receberam minutos nos primeiros 23 jogos, só dois passaram dos 30 anos e cinco deles não passaram dos 24 ainda. Se, no meio do caminho, eles forem perdendo, não tem muito problema – ainda mais sabendo agora que Jabari Parker é mórmon. O Utah joga, no momento, para perder, e a tabela mais difícil do campeonato contribui para isso. Há uma razão para se contratar  um Andris Biedrins.


Williams, Turner, Thabeet… E a sina dos nº 2 do Draft
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Giancarlo Giampietro

Derrick Williams, ou bust?

Derrick Williams… Para salvar a honra dos primeiros dos últimos como King?

“É uma sensação boa, um novo começo”, diz Derrick Williams, em sua chegada a Sacramento. “É um novo início para mim e para a equipe. Realmente sinto que posso ajudar este time.”

O discurso pode soar repetitivo – essa coisa de zerar o que aconteceu, buscar novos horizontes e yada yada yada –, mas de modo algum pode se questionar sua sinceridade. Acho.

Pois o ala passou por poucas e boas nas últimas temporadas, desde que foi escolhido como o número dois do Draft de 2011. Ele não se achou em quadra, ficou atrás de Kevin Love na rotação, não conseguiu  ganhar a confiança de Rick Adelman e, nesta semana, acabou despachado para o Kings, em troca de Luc Richard Mbah a Moute.

Olha, o camaronês é um ótimo defensor e reboteiro – e um dos melhores amigos de Kevin Love –, mas tem muitas limitações. No ataque, consegue pontuar só quando livre debaixo da tabela. Por esse pacote, ganha mais de US$ 4,4 milhões em média num contrato de mais dois anos. É muito.

Que Williams tenha sido trocado por um jogador desse nível mostra o quanto sua cotação caiu e que o ex-gerente geral da equipe David Kahn não tinha, mesmo, o melhor tino para selecionar novatos.

Outros dois de seus fiascos:

Jonny Flynn, 6º em 2009: ok, teve lesão muito cedo e foi queimado pelos triângulos de Kurt Rambis na sua primeira campanha, mas hoje ele não consegue jogar nem na China… E Stephen Curry, Brandon Jennings, Jrue Holiday, Ty Lawson e Jeff Teague saíram depois dele no Draft).

Wesley Johnson, 4º em 2010. O ala foi mandado para Phoenix no ano passado em troca de… nada. Ou pior: o time, na real, teve de pagar para se livrar do jogador, limpar seu salário e tentar contratar Nicolas Batum de modo frustrado.

Ele acertou com Ricky Rubio… E só. Basicamente isso.

Agora, Williams não só tenta se livrar dessa pecha, como luta contra uma sina ainda mais impactante: a quantidade de segundas escolhas do Draft recentes que têm se mostrado desastrosas.

Não tem aquela história de que o segundo é o primeiro dos últimos? Bem, no caso do recrutamento de calouros da NBA, a partir dos anos 2000, o segundo tem se mostrado o último, mesmo.

Se você quiser saber quais foram todos os draftados número 2 da história, segue um prato cheio, daqueles com uma montanha de arroz. Seria uma loucura falar sobre cada um deles, mas fique à vontade para fazer o serviço. Aqui, vamos nos concentrar apenas nos de 90 para cá – aqueles que vimos jogar, vai –, para estabelecer uma comparação.

Na década do Nirvana, do tetra, do Plano Real e da Guerra do Kosovo, em ordem cronológica, tivemos: Gary Payton, Kenny Anderson, Alonzo Mourning, Shawn Bradley, Jason Kidd, Antonio McDyess, Marcus Camby, Keith Van Horn, Mike Bibby e Steve Francis. Nada mal, hein? Só três deles não foram All-Stars: o pirulão Shawn Bradley, um dos principais alvos de Shaquille O’Neal e de qualquer gente que soubesse enterrar, Keith Van Horn, que começou bem, mas nunca decolou, sentindo a pressão, de ser o (?) próximo Larry Bird; e Camby, que ao menos garantiu um título de melhor defensor do ano em 2007 e foi bem pago a carreira toda.

Em compensação, de 2000 para cá, a coisa ficou feia. Nos primeiros cinco anos, tivemos Stromile Swift, Tyson Chandler, Jay Williams, Darko Milicic e Emeka Okafor. Chandler se tornou um belo pivô, mas levou tempo para que acontecesse. Emeka Okafor defende bem, mas está um degrau abaixo. Os outros três foram desastre: um caiu por ter uma combinação matadora de ego e inconsistência; o outro sofreu um grave acidente de moto e não conseguiu voltar bem; e Darko… Bem, foi o Darko, né? Free Darko!

Depois, em 2005, Marvin Williams conseguiu ser escolhido pelo Atlanta Hawks na frente de Deron Williams e Chris Paul. Palmas! LaMarcus Aldridge fez do Portland Trail Blazers um time bastante esperto em 2007, ensanduichado por Andrea Bargnani e Adam Morrison. Em 2008, Kevin Durant fez do Portland Trail Blazers um time bastante equivocado.

Agora… Depois de dois grandes e saudáveis certos desses, veio a sangria. Cuidado, o conteúdo é forte:

2008: Michael Beasley para o Miami Heat. Leia tudo sobre o caso aqui. Ao menos o ala vai começando bem sua segunda passagem pela Flórida. Conhecendo a peça, todavia, está muuuuuito cedo para comemorar.

2009: Hasheem Thabeet para o Memphis Grizzlies. O ex-proprietário do clube, Michael Heisley se intrometeu no basquete. Deu nisso: ficou encantado com o treino particular do pivô de quase 2,20m de altura e saiu dali convencido de que era a melhor pedida na frente de James Harden, Ricky Rubio e todos os armadores indicados acima ao lado de Wes Johnson.  Pois o único jogador da história da Tanzânia na liga ficou no Tennessee por apenas um ano e meio, até ser trocado com o Houston Rockets. Hoje está em Oklahoma City, com um contrato parcialmente garantido. Pode ser dispensado a qualquer momento.

Thabeet cool

Thabeet, reserva do Thunder, mas acima de James Harden na certa

2010: Evan Turner para o Philadelphia 76ers. O ala saiu logo atrás de John Wall como a promessa de alguém que estava pronto para entrar em quadra e produzir. Nunca se encaixou com Andre Iguodala ou Jrue Holiday e teve três anos de produção abaixo da média. Não teve nenhuma oferta de renovação contratual por parte do Sixers e meio que já sabe que joga neste exato momento por sua sobrevivência na liga. Vai indo relativamente bem, conseguindo seus números para seu agente vender o peixe em 2014, embora não tenha tanta eficiência, sendo um dos campeões de turnover da temporada. Naquele ano, na mesma posição, em nono saiu Gordon Hayward. Em décimo, Paul George. Glup. Em 12º, Xavier Henry. ; )

2011: Derrick Williams, o nosso amigo. É muito simples colocar tudo na conta de Kevin Love. Supostamente, Williams teria como melhor posição – se enquadrado em uma, diga-se – aquela chamada de 4, como um ala-pivô mais atlético que o normal, que supostamente poderia bater seus adversários de frente para a cesta, atacando em velocidade e explorando seu arremesso de três pontos desenvolvido ano a ano na universidade do Arizona.

Derrick Williams x Patrick Patterson

Não pense Williams que Patterson vai dar a chave do carro tão fácil assim

Foi desse jeito que ele deu um trabalhão danado para a Duke do Coach K nos mata-matas da NCAA daquele ano. Num time que já tinha um astro fazendo mais ou menos isso, o novato ficou perdido.

Não conseguiu se encaixar no time, perdido defensivamente. E não engrenou também mesmo quando o astro perdeu quase toda a temporada passada (64 jogos) por conta de fraturas na mão. Williams não conseguiu ser eficiente ou agressivo no ataque e penou na defesa – lento longe da cesta e despreparado para lidar com jogadores mais altos e igualmente atléticos embaixo.

E toca ser trocado por um príncipe aguerrido camaronês. Em Sacramento, ele busca o alardeado recomeço. Mas, acreditem, não é tão simples assim. Patrick Patterson, Jason Thompson e, quando voltar de lesão, Carl Landry têm algo a falar sobre a disputa do posto de parceiro de garrafão de Boogie Cousins. É de se esperar que, nessa segunda chance, o clube faça uma forcinha e tente ver o quanto antes tem em mãos. Os minutos só não serão entregues de graça, com base no status. O técnico Brendan Malone vai exigir um posicionamento defensivo no mínimo alerta do atleta. Algo que ele não conseguiu cumprir em Minnesota.

“Eu digo ara as pessoas: apenas me coloque em quadra, e farei coisas boas”, implora o mais novo King.

A Williams se junta o hiperativo Michael Kidd-Gilchrist, a segunda escolha do ano passado, que tem apenas 20 anos e uma vida toda pela frente. Não dá para julgá-lo de imediato. No entanto, se ele não der um jeito urgente em seu arremesso, ficará difícil de justificar a confiança que recebeu do Charlotte Bobcats. Ainda mais com Andre Drummond atropelando quem quer que apareça a sua frente.

Com tantos casos mal-sucedidos, só fica uma dúvida. Será que é bom passar esse tipo de informação para Victor Oladipo, ou melhor evitar?


NBA: Divisão Noroeste, para curtir e chiar
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Giancarlo Giampietro

NBA 2013-2014: razões para seguir ou lamentar os times da Divisão Noroeste

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Vamos dar uma passada agora pela última divisão da série, a Noroeste, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

DENVER NUGGETS
Para curtir:
Ty Lawson, mais uma das formiguinhas atômicas da NBA e talvez a melhor delas: aqueles jogadores que sabemos que nem de 1,80m passam, mas são listados assim da mesma forma. Este baixinho sabe fazer de tudo um pouco, mas correr é sua especialidade.

– Nate Robinson como reserva de Lawson. Acreditem: nenhum treinador acorda bem no dia sabendo que sua defesa vai ter de ligar com uma coisa dessas. Pressão por 48 minutos, sem parar.

Kenneth Faried, o Manimal.

– Os feitos extraordinários de JaVale McGee.

Timofey Mozgov volta a jogar: este cara não é uma piada, podem confiar.

Andre Miller dando um pouco de estabilidade, o mínimo que seja, a essa turma muito louca (e jovem).

Brian Shaw, e aí? Pintou a chance.

Para chiar:
– O desmanche de um time singular e intrigante.

– Danilo “Gallo!!!” Gallinari afastado por tempo indeterminado de quadra.

– As constantes pequenas e chatas lesões de Wilson Chandler.

– Uma rotação redundante e insana de pivôs duplicados, sem química alguma.

– Os feitos extraordinários (e estúpidos) de JaVale.

Randy Foye… Sério, não pode ser titular de nenhuma equipe.

– O eterno potencial de Anthony Randolph jamais colocado em prática por mais de duas semanas ininterruptas.

Evan Fournier x Jordan Hamilton x Quincy Miller: ninguém joga os minutos devidos, nenhum deles pode mostrar do que são realmente capazes.

MINNESOTA TIMBERWOLVES
Para curtir:
– Vixe, a lisa é longa… Vamos tentar nos controlar.

– O que dizer de um Kevin Love em forma? Fundamento e inteligência marcantes. Arremessador perigoso de todos os cantos, um passador extremamente perigoso debaixo da cesta e no perímetro –ou até mesmo na reposição de bola depois de uma cesta. Também o reboteiro mais talentoso da liga.

Ricky Rubio e as assistências que só ele vê. Bônus: a facilidade que tem para pressionar e roubar a bola, com braços cooooompridos e mãos muito ágeis. Vejam o vídeo abaixo, por favor. Tudo isso aconteceu e apenas um  jogo, nesta quarta de noite:

Kevin Martin usando os infinitos ângulos de deslocamento em quadra para receber o passe em boa posição para a conversão.

Nikola Pekovic arrebentando com a fuça de quem possa ousar se meter em seu caminho. Expresso montenegrino.

Corey Brewer, saçaricando por toda a quadra, compensando de alguma forma a perda de Kirilenko.

Rick Adelman, bastante discreto, muito competente, sempre se ajustando ao que tem em mãos, em vez de forçar goela abaixo um “sis-te-ma”.

José Juan Barea, a ameaça que ninguém espera. É como se ele fosse um Ty Lawson porto-riquenho, com todas as devidas proporções.

Para chiar:
– A praga das contusões. Deixem essa rapaziada em paz!

Derrick Williams, lost in translation.

– Toda a fome de Shabazz Muhammad, aquele que dominou nas “categorias de base” ao jogar com um RG falsificado.

Love ainda sem fechar todos os espaços devidos na defesa: não é porque você não é uma presença intimidadora, que não possa ser um marcador capaz.

– O talento de Alexey Shved à deriva.

OKLAHOMA CITY THUNDER
Para curtir:
– Tudo o que estiver ligado a Kevin Durant. A leveza enganadora de seus movimentos de alta periculosidade. Evoluindo a cada temporada, mesmo sendo o segundo melhor jogador do planeta. Afinal, há um LeBron pela frente para ser ultrapassado.

– No fim, até que Russell Westbrook faz falta, não?

Serge Ibaka e seu arremesso trabalhado com esmero.

– Arroz, feijão e Nick Collison.

– O calouro Steven Adams já arranjando um montão de inimigos com poucas semanas de liga, de tanto que enche a paciência ao atacar a tabela ofensiva.

Reggie Jackson, pronto para outra.

Para chiar:
– A perda de James Harden. Ainda.

Kendrick Perkins, o único assistente técnico escalado como titular de um time que sonha com o título.

– Tá, mas ainda podemos travar os dentes quando Westbrook tenta alguns chutes horrendos com cinco segundos de posse de bola, a média distância.

Derek Fisher passou muito do ponto já.

Jeremy Lamb ainda aprendendo: não é culpa dele, definitivamente, mas Durant e Westbrook precisam de ajuda para agora. Vai dar tempo?

Ibaka por vezes passando muito mais a imagem de um jogador durão do que a consistência requerida.

Hasheem Thabeet, um gigante sem ter quem marcar.

PORTLAND TRAIL BLAZERS
Para curtir:
LaMarcus Aldridge e seu arremesso de turnaround impossível de se marcar. É como se a bola saísse da altura do telão central.

Damian Lillard dizendo todas as coisas certas depois de um ano de badalação. Estrela? Só se for provando em quadra.

Nicolas Batum, o homem (perfeito) de ligação entre Lillard e Aldridge.

– As baratas e precisas contratações de Mo Williams e Dorrell Wright para o banco.

Joel Freeland usando o cérebro para sobreviver na liga.

– A torcida hipponga apaixonada de Portland.

Para chiar:
– A preguiça de Aldridge para expandir seu jogo. Não vale pedir troca quando você não faz o máximo possível para levar sua equipe a um patamar mais elevado.

– A falta de concentração de Lillard na defesa. Até ele sabe. Viu os vídeos de sua campanha de calouro e se admitiu envergonhado.

Thomas Robinson dando trabalho nos bastidores, mesmo sem ter o que apresentar em sua defesa em quadra.

– Que tipo de jogador exatamente é Victor Claver?

UTAH JAZZ
Para curtir:
Gordon Hayward, livre para criar e tomar conta do time. Imaginem o culto a este rapaz em Salt Lake City. No ataque, ele pode fazer de tudo.

Enes Kanter e Derrick Favors progredindo lado a lado, para formar uma dupla de pivôs à moda antiga.

Alec Burks também recebendo mais chances para provar seu talento em jogos de verdade.

– O poste Rudy Gobert surpreendendo o cestinha mais desavisado.

Para chiar:
Trey Burke privado de meses importantes de adaptação, e John Lucas III como titular.

– A falta de inventividade por parte de Ty Corbin, que, ao mesmo tempo que falha em colocar o velho sistema de Sloan em prática, não consegue desenvolver nada de novo para seus promissores jogadores.

– A decadência completa – e irrefutável? – de Andris Biedrins, o letão bronzeado, mas infeliz, traumatizado com seu lance livre.

– O velhaco Richard Jefferson tentando, mas sem conseguir.

– O nome Jazz não estar em New Orleans.


Deslize em operação de Westbrook pode acelerar desenvolvimento do Thunder
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Giancarlo Giampietro

Wess, sem palavras

O principal senão da lesão de Westbrook: a chance de vê-lo vestido no banco desta forma

Muitos jogos de basquete já foram decididos por um ponto.

A temporada 2013-2014 do Oklahoma City Thunder nem começou e pode ser definida, mesmo, por “um ponto”, mas de outro tipo.

Lesionado durante os playoffs passados, Russell Westbrook ainda não se sentia pronto para começar a fase de treinos do training camp e foi submetido a uma nova artroscopia para que os médicos pudessem checar como estava seu joelho. Constataram que estava solto um dos pontos feitos após a cirurgia de reparo de um menisco lateral rompido. De modo que o atleta tem de adiar seu retorno. Vai perder agora de quatro a seis semanas do campeonato.

Um mês e meio, aproximadamente, de um gravíssimo desfalque para um time que já havia perdido James Harden no ano passado e, agora, já não conta mais com seu ‘substituto’, Kevin Martin, que assinou com o Minnesota Timberwolves.

Obviamente, o gerente geral Sam Presti e – talvez na marra, por tabela – o técnico Scott Brooks contavam com a evolução de alguns de seus jogadores mais jovens para repartir os 14,0 pontos em média que Martin fez na última temporada, em 27,7 minutos. Agora a verdade é que a nova guarda vai ter de assumir muito mais. São mais 23,2 pontos para incluir na conta.

Lamb, desperto

Jeremy Lamb: cara de sonolento e uma vaga de Kevin Martin/James Harden para assumir

E quer saber? Pode até ser uma boa. Tudo vai depender do otimismo e capacidade de Brooks e sua comissão técnica.

A lesão de Westbrook nos mata-matas expôs limitações táticas do time, muito dependente das investidas no mano-a-mano de seu armador e do supercraque Kevin Durant. Tocar a fase de preparação sem um deles acaba por forçar um plano que trate de envolver os demais atletas. Não só membros regulares da rotação como Thabo Sefolosha, Serge Ibaka e Nick Collison vão ter de produzir mais do que estão habituados. A chave talvez seja o desenvolvimento de Reggie Jackson, Jeremy Lamb e, talvez, Perry Jones.

O estafe do Thunder sempre foi badalado como um dos melhores na hora de trabalhar com seus prospectos, conduzindo seu progresso mesmo durante uma temporada que consome muitos recursos na preparação jogo após jogo. Com talentos de ponta como Durant, Wess e Harden, isso aconteceu naturalmente. Chegou a hora de colocar esse programa de treinamento à prova com outros garotos que foram badalados em sua geração.

De Reggie Jackson, conseguimos ver um pouco do que ele é capaz de produzir nos jogos contra Rockets e Grizzlies. Obrigado a elevar sua média de minutos de 14,2 da temporada regular para 33,5, o armador correspondeu. Em projeções de 36 minutos, conseguiu na fase decisiva até mesmo elevar seu padrão quando comparado ao que vinha fazendo no campeonato, com mais eficiência nos arremessos, sem aumentar sua carga de desperdícios de posse de bola. Agora ele terá mais chance de se entrosar com os titulares, depois de ter dividido a quadra por apenas 19 minutos com eles antes dos playoffs.

Sobre Lamb e Jones é que pairam as maiores dúvidas. Os dois são considerados dois talentos naturais pelos scouts. Os observadores ao mesmo tempo, todavia, questionam a dedicação e a gana da dupla. O primeiro tem fama de soneca. O segundo, além do mais, sofre com problemas no joelho desde cedo.

Na liga de verão de Orlando deste ano, Lamb, 21, mostrou sinal de vida, sendo eleito para o quinteto ideal. O Thunder terminou a semana invicto, com 18,8 pontos do ala – o terceiro cestinha no geral, atrás de Victor Oladipo e… Reggie Jackson, vejam só. Ainda que ele tenha convertido apenas 39,1% de seus arremessos, esse tipo de estatística nem sempre conta toda a história numa competição dessas. Jogando com a equipe principal, o atleta será acionado de forma diferente.

A ele caberá muito provavelmente o papel de Martin no time. O veterano, aliás, em seus bons momentos, serve como um bom modelo ofensivo para o segundanista. Dois jogadores esguios, leves, de boa envergadura. Embora um jogado um tanto anódino em muitos aspectos: é um péssimo defensor e não contribui muito em rebotes ou na criação de lances para os companheiros – ao menos não por conta de seus passes. Por outro lado, sua movimentação fora da bola e os tiros de longa distância ajudavam no espaçamento da quadra (seus 42,6% de três pontos foram lideraram a equipe). Uma característica sua que diminuiu consideravelmente nos últimos dois nos últimos dois anos foi sua habilidade de descolar lances livres. Em 2010-2011, ele batia 8,4 por partida. Em 2012-2013, foram apenas 3,2, bem menos da metade.

Sobre Jones, não há tantos elementos para se investigar. Ainda que tenha disputado mais partidas pelo Thunder do que Lamb em seu ano de novato, seu tempo de quadra foi muito reduzido (7,4), o que inviabiliza até mesmo uma projeção por 36 minutos. Na D-League, suas estatísticas não foram de arromba. Por enquanto, de certo mesmo é que ele já foi um dia um candidato a número um de Draft e que essa cotação despencou devido a sua passividade nos anos de Baylor e também por conta de questões médicas. Aos 22 anos, porém, ainda é mais jovem que Fabrício Melo e não pode ser desprezado, podendo atacar a cesta a partir do drible com rara mobilidade para alguém de sua estatura.

Naturalmente, Kevin Durant se verá sobrecarregado sem a companhia de Westbrook. Mas qualquer progresso que essa trinca possa apresentar já seria valioso para preservar sua principal estrela e manter o time posicionado na briga pelos playoffs no Oeste. Esse é o primeiro ponto. Mas o mais importante para Brooks seria ganhar mais armas em que possa confiar para o que mais conta para os finalistas de 2012:  ganhar o título. De preferência com Westbrook, e nem que seja por um ponto.