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Arquivo : Utah Jazz

12 trocas de última hora: quem saiu ganhando na NBA?
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Giancarlo Giampietro

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

“Meu Deus”.

Depois de 11 12 trocas fechadas, com 36 39 jogadores envolvidos (mais de dois elencos completos, ou três de elencos mínimos de 13!) numa única quinta-feira, essa foi a simples e exausta reação do jornalista Adrian Wojanarowski, do Yahoo! Sports, talvez com a orelha quente e os dedos da mão calejado de tanto que usou o telefone.

Wojnarowksi, vocês sabem, é o jornalista mais quente quando chega a hora de anunciar negociações por toda a NBA. Mas hoje o trabalho foi tanto que nem ele aguentou. As coisas foram muito além do imaginado. Foi uma loucura.

(Atualização nesta sexta de manhã: para vermos o quanto a jornada foi maluca, mesmo: houve ainda uma 12ª troca entre Oklahoma City Thunder e New Orleans Pelicans, com o envio do armador ligeirinho Ish Smith para N’awlins, apenas para abrir espaço no elenco para o que segue abaixo. como disse o jornalista Marc Stein, do ESPN.com, mais uma fera nesse tipo de ocasião: “Talvez tenham sido 12 trocas.Perdi minha habilidade de fazer matemática em algum lugar durante esta tarde”.)

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Em termos de nomes, o destaque fica por conta do retorno de Kevin Garnett a Minnesota, 20 anos depois de ter sido draftado pela franquia. Uma história muito legal, mas cujas repercussões para a liga são reduzidas, é verdade. Thaddeus Young foi para Brooklyn, ocupar sua vaga no quinteto titular do Nets.

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

Pensando nos times de playoff… Ou melhor: pensando nos times que tentam chegar aos playoffs, Oklahoma City Thunder e Miami Heat foram os times que saíram triunfantes dessa jornada de extrema tensão – três trocas foram fechadas literalmente na última hora permitida.

Foi numa dessas negociações que OKC adquiriu o pivô Enes Kanter e o ala Steve Novak, do Utah Jazz, e o armador DJ Augustin e o ala Kyle Singer, do Detroit Pistons. De uma só vez, o gerente geral Sam Presti reformulou todo o seu banco de reservas e deixou seu time muito mais forte para as batalhas que se aproximam. Kanter oferece o tipo de jogo interior que a equipe jamais teve durante essa gestão, enquanto Augustin e Singler são belos arremessadores e jogadores competitivos que devem se encaixar perfeitamente na cultura, na química do time. Não obstante, Durant e Wess ainda viram o Phoenix Suns (meio que) se despedaçar, dando a entender que não se mete mais na briga pelo oitavo lugar do Oeste. Resta a Anthony Davis e os Monocelhas o papel de oposição ao Thunder.

Para reforçar sua segunda unidade, Presti precisou se desfazer apenas de Reggie Jackson (um enorme talento, mas já sem paciência alguma com o clube, prestes a entrar no mercado de agentes livres), que foi para Detroit para tentar salvar a temporada de SVG, Kendrick Perkins (RIP, provavelmente agora rumo ao Clippers), Grant Jerrett (um prospecto interessante, mas que não teria espaço tão cedo), os direitos sobre  o alemão Tibor Pleiss (um belo jogador) e uma ou outra escolha de Draft que ainda não foi revelada. O Utah apenas limpou o salário de Novak e ganhou alguma compensação futura por Kanter. Melho que nada.

O Miami Heat coneguiu algo aparentemente impensável: levou Goran Dragic (e o irmão Zoran). Está certo que o time da Flórida já aparecia na seleta lista de clubes desejados do armador esloveno, mas o difícil era imaginar que tipo de pacote Pat Riley poderia construir para convencer o Suns a abrir mão de um descontente Dragic, mas que ainda tinha valor de mercado e era seu principal jogador. Acabou fechando a conta ao mandar duas escolhas futuras de Draft (os anos ainda não estão definidos, mas devem ser daqui a um boooom tempo). De última hora, o New Orleans Pelicans também entrou no negócio e obteve o armador Norris Cole e o ala-pivô Shawne Williams. Para o Arizona, também foram o pivô Justin Hamilton e os veteranos John Salmons e Danny Granger. Afe.

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Se antes Jeff Hornacek tinha armadores em excesso, viu, depois de Dragic, mais dois serem despachados, vindo Brandon Knight em contrapartida. Foi um dia violento para o caderno de jogadas do treinador. Ao menos Knight tem bom arremesso de três e se encaixa bem como segundo armador ao lado de Bledsoe – desde que, claro, não crie caso, como fez Dragic. Mais: o atleta revelado pela universidade de Kentucky vai se tornar agente livre restrito ao final da temporada. Qual será sua pedida? Haverá algum desconto em comparação com o esloveno? A conferir.

Numa troca tripla, o jovem Tyler Ennis foi enviado para Milwaukee Bucks, que também recebeu o pivô Miles Plumlee e Michael Carter-Williams, do Philadelphia 76ers. O Sixers ganha uma escolha de Draft do Lakers, via Suns, que é protegida para o top 5 do próximo recrutamento de calouros – só com muito azar Suns e Lakers perdem essa, de modo que, discretamente, o Sixers mostra que realmente não confiava em MCW como seu armador do futuro. Os números nem sempre contam toda a história… Ainda mais num sistema que infla as estatísticas. Ah, além disso o time ganhou uma escolha de Draft futura, via OKC, para recolher JaVale McGee, de Denver. Um perigo colocar um lunático desses ao lado de Joel Embiid, camaronês que ainda não fez sua estreia e, segundo dizem, já desperta uma certa preocupação por seu comportamento fora de quadra.

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Depois, o Suns negociou o pequenino Isaiah Thomas com o Boston Celtics, que cedeu Marcus Thornton e uma escolha de draft de primeira rodada para 2016, pertencente ao Cleveland Cavaliers. E o Celtics, do hiperativo Danny Ainge, devolveu Tayshaun Prince ao Detroit Pistons, ganhando a dupla estrangeira Jonas Jerebko e Luigi Datome (acho que SVG foi mal nessa, mas… vale pela nostalgia). No geral, Ainge se envolveu em seis trocas neste campeonato: Rondo para Dallas, Green para Memphis, Wright para Phoenix, Nelson para Denver e as duas desta quinta. Celtics, Suns e, claro, Sixers são os clubes com mais escolhas de Draft para os próximos anos. Resta saber se vão transformar esses trunfos em jogadores de verdade.

Teve mais, com a sempre regular presença do Houston Rockets de Daryl Morey, que agora conta com Pablo Prigioni e com o ala novato KJ McDaniels. Para tê-los, mandou Alexey Shved para o New York Knicks, com mais duas escolhas de segunda rodada, e além de ter repassado o armador Isiah Canaan e uma escolha de 2ª rodada para o Sixers.

Lembrando que tudo começou quando o Portland Trail Blazers acertou com o Denver Nuggets a transação do ala Arron Afflalo, dando Thomas Robinson, Will Barton, Victor Claver e uma escolha de primeira rodada e outra de segunda, e quando Washington Wizards e Sacramento Kings trocaram Andre Miller e Ramon Sessions. Miller vai reencontrar George Karl.

Meu Deus.

Quem ganhou e quem perdeu com tudo isso?

Sam Presti: o cartola-prodígio andava apanhando muito mais que o normal nos últimos meses, num processo de deterioração que começou com a saída de James Harden. Para piorar, graves lesões de Durant e Westbrook acabaram pondo a equipe numa situação delicada em uma Conferência Oeste extremamente dura. A pressão estava evidente, e ele mesmo admitiu isso. A resposta, em teoria, foi demais – os nomes não causam alvoroço, mas foram grandes achados. Depois de flertar, e muito, com Brook Lopez, encontrou em Kanter um ótimo plano B: o turco não vai ser muito exigido em OKC.Precisa apenas pontuar e pegar rebotes com eficiência saindo do banco e pode melhorar na defesa ao se integrar a um sistema mais bem entrosado. O que pagar para o turco ao final da temporada, quando ele vira agente livre restrito? Bem, não é a prioridade no momento. Singler merece minutos na rotação de perímetro, revezando com Roberson e dando um descanso a KD. Augustin já mostrou que sabe ser produtivo vindo do banco e ainda oferece um ritmo de jogo diferente, podendo cadenciar as coisas. Bônus: o armador é bem próximo a Durant, ajudando a compensar a perda de Perk no vestiário.

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Goran Dragic: pelo simples fato de ter exigido uma troca em cima da hora e ainda conseguido uma transferência para um dos três clubes que imaginava defender (Lakers e Knicks eram os outros). Pelo preço que pagou, está implícito também que Riley vai concordar em assinar um contrato de US$ 100 milhões por cinco anos com o esloveno, que, além do mais, troca o sol do Arizona pelo da Flórida, e ainda leva o irmão na bagagem. Se em Phoenix precisava dividir a bola com Eric Bledsoe e Isaiah Thomas, agora vai tomá-la das mãos de Mario Chalmers.

Dwyane Wade: a temporada do Miami Heat parecia destinada ao purgatório até que… Primeiro apareceu o fenômeno Hassan Whiteside. Depois, essa megatroca. Que coisa, hein? Ter Dragic por perto significa menos responsabilidades criativas para o astro da franquia, tanto em transição como nas combinações de pick-and-roll/pop com Chris Bosh e Whiteside. Menos responsabilidades = mais descanso para o ala-armador, que já foi afastado por três períodos diferentes nesta campanha devido a problemas musculares. E é sabido que, assim como nas temporadas anteriores, o Miami só vai aspirar a alguma coisa se Wade estiver em forma nos mata-matas. Com LeBron ou com Dragic. Mais: precisamos ter um Cavs x Heat nos playoffs, não? Precisamos.

Reggie Jackson: mais um que forçou uma negociação e teve seu desejo atendido. Agora vai ter uns 30 jogos pelo Pistons para mostrar ao mercado que pode, sim, ser um armador titular, e de ponta. Stan van Gundy estava fazendo maravilhas por Brandon Jennings e agora tenta dar o seu toque especial a este jogador explosivo, com grande faro para pontuar, mas que foi um tanto inconsistente em Oklahoma City.

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Terry Stotts: agora vai poder olhar para o seu banco de reservas e ver alguém quem confiar para hora que o jogo apertar e Nicolas Batum ainda estiver com a cabeça na lua. É de se questionar se o treinador fez de tudo, mesmo, para assimilar um prospecto interessante como Will Barton. O fato, porém, é que o Blazers não podia esperar uma revisão nas rotações de seu treinador e, assim como Memphis, Dallas, Houston etc., sente que existe uma boa chance este ano e foi de all in para cima de Afflalo, pagando caro num futuro agente livre.

Os experimentos de Jason Kidd: o Milwaukee Bucks perdeu seu cestinha e principal criador em Brandon Knight, mas ganha em Michael Carter-Williams um armador alto, de envergadura. Com ele em quadra, Kidd vai poder simplesmente instaurar um sistema de “troca geral” na defesa, trocando todas as posições, além de fechar para valer seu garrafão e as linhas de passe. Miles Plumlee, atlético e forte, também ajuda pra isso. Vai ser ainda mais chato enfrentar o Bucks.

Jerami Grant: quem? Bem, o filho do Harvey Grant, sobrinho do Horace, e ex-companheiro de Fab Melo em Syracuse. Selecionado na segunda rodada do Draft pelo Sixers, demorou para estrear ao se recuperar de uma lesão no tornozelo. Enquanto esteve fora, KJ McDaniels fez barulho pela equipe, com suas jogadas acrobáticas dos dois lados da quadra. Aos poucos, porém, Grant foi ganhando espaço, com flashes de muito potencial devido a sua envergadura e tamanho. Agora, terá mais minutos para convencer Sam Hinkie de que pode ser uma peça para o dia em que Philly quiser ser novamente competitivo. Talvez demore, todavia…

Pablo Prigioni: o argentino deixa a pior equipe da liga para se juntar a uma que sonha com o título. Nada mal para o veterano que está nas últimas em quadra. Nova York por Nova York, sempre dá para retornar nas férias, né?

Doc Rivers? Ele estava rezando para que ao menos um jogador de seu agrado fosse dispensado, e está a alguns minutos/horas de ver Kendrick Perkins virar um agente livre. O Utah Jazz não vai manter o pivô em seu elenco, abrindo caminho para uma rescisão. O vínculo entre Doc e Perk é óbvio, e o elenco do Clippers é dos raros casos para o qual o campeão pelo Celtics em 2008 ainda seria uma boa notícia em termos de basquete – e não só de liderança. O Cleveland Cavaliers, no entanto, pode atrapalhar seus planos.

Andrew Wiggins, Zach LaVine e Anthony Bennett: desde que saibam escutar os xingamentos de Kevin Garnett e entender o recado. KG vai tocar o terror no vestiário do Wolves e, ao mesmo tempo, servir como um líder, mentor que Kevin Love jamais foi. Ricky Rubio vinha assumindo essa, mas tem de entender a companhia especial que chega também de modo inesperado.


Quais presentes os times da NBA mais querem? Lado Oeste
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Giancarlo Giampietro

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Pode espinafrar, tudo bem. O gancho não é nadica original: o que cada equipe da NBA quer de Natal? Mas, poxa, gente, vamos olhar por outro lado: ao menos ele oferece a chance para uma zapeada rápida por cada um dos 30 clubes, além do fato de dar um descanso para essa cuca aqui, que é mais que lerda. Alguns pedidos são praticamente impossíveis, outros mais viáveis. Vamos lá, então:

 DALLAS MAVERICKS

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

Rondo, agora de azul e branco. Que se acostumem todos

– Rápido entrosamento para Rajon Rondo.

– Que Monta Ellis possa emular 57,6% de um Ray Allen seria pedir muito? Ajudaria no encaixe com Rondo certamente.

– Um pivô reserva para Tyson Chandler. E, se for Jermaine ou Emeka, que eles aguentem o tranco. Greg Smith para defesa não rola.

– Mark Cuban jamais poderá vender a franquia.

DENVER NUGGETS
– Uma supertroca que ajude a equilibrar este elenco disfuncional cheio de jogadores nota 5, um derrubando o outro.

– Chega de lesões nos tornozelos de Ty Lawson.

– Trégua entre Brian Shaw e Kenneth Faried, uma rusga que dura já mais de um ano.

– Se o time não vai para os playoffs, mais minutos para os calouros Harris e Nurkic.

 GOLDEN STATE WARRIORS

O Golden State com Bogut é outra história

O Golden State com Bogut é outra história

 

– Andrew Bogut em boas condições para os playoffs. A defesa do Golden State depende de sua presença física e capacidade de liderança.

– O prêmio de técnico do ano para o sensacional Steve Kerr.

– Um novo endereço para David Lee (vai ser difícil segurar Draymond Green com tantos salários altos).

– A criação da linha de quatro pontos só para Stephen Curry.

HOUSTON ROCKETS
– Que a galera siga aloprando James Harden, para deixar o Sr. Barba incomodado. Seu comprometimento na marcação melhorou bastante, depois de uma temporada cheia de piadas na internet.

– Que o período afastado de Dwight Howard tenha sido mais por excesso de precaução.

– 40% nos arremessos de três pontos para Trevor Ariza.

– Alguma notícia positiva sobre Terrence Jones, afastado por conta de uma misteriosa neuralgia. Ele ainda não tem previsão de retorno.

Assim, Turkoglu já foi

Assim, Turkoglu já foi

LOS ANGELES CLIPPERS
– Melhora significativa para o banco de reservas. Tá explicado por que Jamal Crawford vai ser candidato a sexto homem do ano sempre…

– Doc Rivers mais concentrado no time em quadra, deixando as negociações para outros.

– Mais chances para os mais jovens (Reggie Bullock e CJ Wilcox).

– Menos chutes de média distância, mais cravadas para Blake Griffin, que tem fugido bastante do garrafão.

LOS ANGELES LAKERS
– Aproveitar Kobe Bryant o máximo que der. Mesmo que não seja mais aquele Kobe.

– Sorte no Draft e uma escolha top 5. Do contrário, o pick vai para Phoenix.

– Que Byron Scott perceba o potencial de Ed Davis (tchau, Boozer!).

– Um reality show, ou, no mínimo, um talk show para Nick Young. Ele e os angelinos merecem.

Todos querem Marc Gasol

Todos querem Marc Gasol

MEMPHIS GRIZZLIES
– Fica, Marc Gasol!

– Um ano sem alguma demissão ou mudança traumática na gestão do clube.

–  Vince Carter consistente nos arremessos.

– Um busto para Tony Allen.

MINNESOTA TIMBERWOLVES
– Andrew Wiggins cumprindo a promessa.

– Ricky Rubio retornando confiante.

– Uma solução para o mistério chamado Anthony Bennett.

– Uma boa troca para Nikola Pekovic.

NEW ORLEANS PELICANS
– Que o Monocelha quebre o recorde de Wilt Chamberlain em índice de eficiência (PER).

– Jrue Holiday mais agressivo em quadra.

– Se Eric Gordon não consegue mais ajudar, que ao menos não atrapalhe.

– Que o corte de cabelo de Luke Babbitt vire mania nacional.

OKLAHOMA CITY THUNDER

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

Kevin Durant quer jogar. Deixem ele jogar

 

– Nenhum repórter jamais vai importunar Kevin Durant com uma pergunta sobre sua entrada no mercado de agentes livres em 2016.

– Russell Westbrook não precisa ser o MVP da temporada (afinal, isso significaria muito provavelmente menos Durant em quadra).

– Jeremy Lamb ou Perry Jones III. Pelo menos de um deles tem de sair alguma coisa.

– Um ataque menos previsível para Scott Brooks na hora dos mata-matas.

PHOENIX SUNS

Não dá para separar

Não dá para separar



– Goran Dragic sorrindo.

– Os gêmeos Morris unidos para sempre.

– Alex Len longe da enfermaria, aprendendo em quadra.

– Uma troca que capitalize tantos trunfos coletados por Ryan McDonough nos últimos anos.

PORTLAND TRAIL BLAZERS
– Nenhuma ingrata surpresa na hora de renovar com LaMarcus Aldridge ao final do campeonato.

– Que seja mantida a base (não é só LaMarcus a entrar no mercado de agentes livres).

– Ainda tem tempo para Thomas Robinson progredir tecnicamente?

– Um novo endereço para Victor Claver, o atleta mais deprimido da liga.

Boogie, Boogie, Boogie

Boogie, Boogie, Boogie

SACRAMENTO KINGS
– Caixas e caixas de chá de camomila para Vivek Ranadive.

– Um treinador que dure mais de duas temporadas.

– Qualquer sinal de progresso por parte de Nik Stauskas.

– Boogie All-Star, Boogie nos quintetos dos melhores do ano, Boogie para tudo.

SAN ANTONIO SPURS
– Uma despedida digna para Tim Duncan e Manu Ginóbili.

– Tony Parker saudável (afinal, ele nem jogou a Copa do Mundo…).

– Kawhi Leonard de contrato renovado, também sem sustos.

– Mais e mais entrevistas com o Coach Pop durante os jogos. O tempo todo!

UTAH JAZZ
– Trey Burke precisa melhorar. Do contrário, que se abram as portas para Dante Exum na segunda metade da temporada.

– Uma solução satisfatória para o impasse que deve ser a renovação com Enes Kanter.

– Que Rudy Gobert mantenha sua impressionante curva de aprendizado.

– Que Ante Tomic mude de ideia e tope jogar na NBA.

Aqui, os pedidos da Conferência Leste.

PS: Para quem não viu, uma abordagem bem mais detalhada sobre os clubes está aqui: 30 times, 30 fichas sobre a temporada


Utah Jazz: mais uma chance para uma mente brilhante
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Giancarlo Giampietro

 30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

Saga de Snyder o leva a Utah. Fim de peregrinação

Saga de Snyder o leva a Utah. Fim de peregrinação

Quando o Portland Trail Blazers foi enfrentar o Utah Jazz lá nos confins das Montanhas Rochosas na abertura da pré-temporada, enquanto o jogo rolava, o técnico Terrt Stotts teve uma sensação estranha, à medida que ele e seus assistentes analisavam mais e mais o adversário. Seria o Utah mesmo? Ele diria aos repórteres locais, depois, que era a primeira vez que via o time sem nenhum vestígio dos tempos de Jerry Sloan.

Não é fácil virar as costas para algo que deu certo por tanto tempo. Sob o comando de Sloan por incríveis 23 anos, numa das gestões mais duradouras que a liga já viu, a equipe chegou a duas finais da NBA e a mais quatro finais de conferência e só ficou fora dos playoffs em três temporadas, de 2004 a 2006, sendo que apenas em 2005 eles tiveram um recorde abaixo de 50% de aproveitamento.

Sabe aquela coisa de desenvolvimento sustentável? O Utah Jazz representou isso no basquete, antes de Gregg Popovich e Tim Duncan levarem o San Antonio Spurs a outro patamar. Mas chega uma hora que isso acaba, gente. A família Miller e o cartola Kevin O’Conner bem que tentaram prorrogar esse período com a promoção de Tyrone Corbin. Não deu muito certo.

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Corbin, é verdade, pegou um time em reformulação depois da saída de Deron Williams e Carlos Boozer – e, depois, de Paul Millsap e Al Jefferson. A diretoria tem um dedo nisso, claro. Mas em nenhum momento ele conseguiu passar uma identidade ao seu jovem time em quadra. A defesa era uma calamidade. Chegara a hora de seguir em outra direção. E Quin Snyder foi o escolhido para conduzir esse processo.

Quando você faz uma breve pesquisa sobre Snyder, a pergunta que fica é a seguinte: por que levou tanto tempo para ele chegar aqui?

Porque vejam só o que o Trevor Booker tem a dizer: “O Coach Q é um gênio do basquete”. E quanto ao Steve Novak? “Ofensivamente, acho que é área em que ele tem uma grande mente para o jogo. Você vê nas sessões de filme e nas rodas, que ele tem um monte de ideias no ataque, e acho que a gente ainda está na ponta do iceberg”, diz. E o Enes Kanter fala também de sua facilidade no relacionamento: “Ele é como se fosse um irmão mais velho. Não tenta se impor como o técnico e que saiba tudo. Ele pergunta para os jogadores o que deveríamos fazer em algumas ocasiões. Ele se comunica com os jogadores, e isso significa muito para mim. Quando você está sob estresse, isso te afeta em quadra. Mas quando falamos com o técnico Quin, ele te dá confiança e ele se comunica tão bem que você apenas vai jogar, quer jogar jogar por ele. Faz muita diferença. Vai ser um ano interessante”.

É o suficiente?

Espere só para ver o depoimento dos rapazes de Atlanta, como os quais ele trabalhou na temporada passada como assistente de Mike Budenholzer. Antes, porém, vamos tentar contar a história, a saga do novo treinador do Utah Jazz  e entender por que demorou tanto – ou não.

Quin Snyder levou Mercer Island a um título estadual em Washington em 1985

Quin Snyder levou Mercer Island a um título estadual em Washington em 1985

Quincy Snyder era uma estrela no estado de Washington nos tempos de colegial. Qualquer pessoa minimamente interessada por basquete o reconhecia pelo nome. O primeiro, no caso. Ele, por exemplo, seria o primeiro jogador da região a ser eleito como McDonald’s All American, inserido na elite do basquete colegial. Optou por jogar com o Coach K em Duke, de 1985 a 89. Nesses quatro anos, jogou o Final Four em três ocasiões, sendo titular a partir da temporada de sophomore, a segunda. Virou também o capitão do time. O curioso é que talvez ele tivesse ainda mais sucesso fora das quadras, como estudante. Quando se formou em 89, tinha diplomas de filosofia e ciência política. E não parou por aí: dez anos mais tarde, completou um doutorado na escola de direito de Duke e também um MBA na escola de negócios.

Nesse meio tempo, enquanto não se cansava de estudar, encerrou sua breve carreira como jogador e entrou no mundo dos técnicos, bastante jovem. Em 1992-93, chegou a fazer bico como assistente do Los Angeles Clippers de Larry Brown. O time chegou aos playoffs e fez dura série com o Houston Rockets, caindo na primeira rodada. Quando enfim largou a sala de aula, foi efetivado como assistente de Krzyzewski em 1995. Em 1997, já era o técnico principal associado. Em 1999, era a hora de montar o seu próprio programa. Aceitou, então, uma oferta da Universidade de Missouri, não importando a responsabilidade de substituir Norm Stewart, um treinador que havia ocupado o cargo por 32 anos. Trinta e dois! Coincidentemente, a mesma idade de Snyder.

Não teve pressão que atrapalhasse sua ascensão impetuosa. Seu time se classificou por quatro anos seguidos aos mata-matas da NCAAA, se posicionando entre os oito melhores (o chamado “Elite Eight”) em 2002, a melhor marca da história. Obviamente, foi incensado pelos locais, ainda mais pelo fato de a equipe conseguir fazer frente a Kansas, seu arquirrival muito mais laureado. Tão rápido ele subiu, contudo, tão vertiginosa foi a queda. Investigações da sempre hipócrita entidade que regular o esporte universitário americano detectaram uma série de irregularidades no trabalho conduzido com os Tigers. A situação se transformou num escândalo em Missouri, embora, quando reveladas, as infrações se tornassem pálidas se comparadas com o que já se viu por lá. Coisas como atender o telefone em uma situação inapropriada e pagar uma refeição além da conta para prospectos. Chocante, né?

Sob a tutela do Coach K. Raro pupilo que prosperou, ainda que tenha passado por dificuldades

Sob a tutela do Coach K. Raro pupilo que prosperou, ainda que tenha passado por dificuldades

O furacão de (falta de) relações públicas, porém, derrubou Snyder em 2006. A turbulência afetou os resultados em quadra, e o time mais perdeu do que venceu em suas últimas duas temporadas. O treinador, com 128 vitórias e 96 derrotas, acabou demitido de forma humilhante: o diretor do departamento atlético, Mike Alden, nem mesmo se prontificou a dar a notícia pessoalmente. Passou o recado por meio de um dos comentaristas de TV da universidade. “Essa experiência o assustou emocionalmente. Ele foi culpado por muitas coisas sobre as quais ele não tinha controle algum, e isso o levou a questionar muitas cosias. Houve tempos em que ele considerou se afastar do jogo”, disse Bob Rathbun, jornalista que acompanhou seu trabalho por lá.

O San Antonio Spurs, porém, não permitiu que isso acontecesse. Ignorando a imagem ‘manchada’, ofereceu a Snyder o cargo de técnico do Austin Toros, sua filial na D-League. Um emprego que, convenhamos, não é dos mais charmosos. Mas propiciou que ele fizesse bons contatos e se afastasse dos holofotes e trabalhasse com o que mais gosta: o desenvolvimento de jovens talentos. E fez: durante os três anos que ficou na capital texana, foi o que mais levou jogadores à NBA e, ao mesmo tempo, mais venceu, tendo sido vice-campeão na primeira temporada.

Em 2010, foi a vez de ele migrar e retornar à liga principal, como assistente de Doug Collins no Philadelphia 76ers. No ano seguinte, foi escolhido por Mike Brown, ex-assistente de Gregg Popovich, para compor sua comissão no Lakers. Lá, conheceu Ettore Messina, com quem foi para a Rússia em 2012, chegando ao CSKA Moscou. Em sua peregrinação, voltou para os Estados Unidos em 2013, com primeira escala em Atlanta. Lá, voltou a causar impacto.

Snyder e o jovem Dennis Schroeder em liga de verão por Atlanta

Snyder e o jovem Dennis Schroeder em liga de verão por Atlanta

“Ele foi o primeiro técnico que realmente trabalhou comigo em meu jogo de pés, meu arremesso, que dedicou tempo comigo”, afirma o ala DeMarre Carroll, que, não por coincidência, evoluiu consideravelmente desde que chegou ao Hawks. “Isso é crédito para ele e mostra o quanto ele se importa com a gente como pessoas e com nossas carreiras. Senti que estava partindo para uma nova direção, me senti como um novato até”.

“Ele realmente tem uma mente interessante para o basquete. Foi muito legal trabalhar com ele”, diz Kyle Korver. “Ele me ensinou muitas coisas. Depois que você passa um certo tempo na liga, se tende a reagir meio que automaticamente. O Quin trouxe um novo modo de pensar o basquete para mim. Acho que melhorei no ano passado, e muito se deve a ele. Muito, mesmo. Ele te faz pensar nas possibilidades em quadra e pensar de modo geral. É uma mente realmente ótima para o basquete.”

“Aprendi muito com o Q durante o campeonato, ele é muito inteligente”, diz Paul Millsap. “Quando nos sentamos e conversamos, ele te faz pensar. Muito das coisas que ele falava eu só iria entender no final do dia, depois de praticar muito. Ele é esperto desse jeito.”

Agora fixo em Utah, tem muito o que fazer com jovem núcleo

Agora fixo em Utah, tem muito o que fazer com jovem núcleo

Foi esse profissional que o Utah Jazz buscou para ver se o seu plano de renovação decolava de vez. Snyder vai ter muito o que conversar e ensinar a Trey Burke, Alec Burks, Gordon Hayward, Enes Kanter, Derrick Favors, Rudy Gobert, Rodney Hood e, principalmente, Dante Exum, o mais promissor de todos.

Para quem já passou por tanta coisa, não assusta muito, não? “Enfrentei alguns desafios na minha vida, e eles me ajudaram. Passei por um pouco de adversidade, e ela me tornou um treinador melhor, e uma pessoa melhor”, disse. Agora em seu sexto emprego em seis anos, ele espera enfim se assentar num trabalho de longo prazo.

Manteve alguns integrantes do estafe técnico anterior, trouxe outros de sua confiança e montou uma comissão bastante jovem, com média de idade de 41 anos. Apesar da pouca idade, o treinador principal indica um ponto em comum: “Eles são professores. Numa situação como a nossa, a capacidade de ensinar foi tão valorizada como a experiência. Quando você está treinando um time que vai passar por alguns percalços de crescimento, ter uma comissão que possa sustentar a paixão e o entusiasmo pelo jogo é realmente importante. Para que os jogadores jovens não desanimarem, seguirem competindo e melhorando. Esse é o principal”, disse.

Agora, nesse processo, pode muito bem acontecer o reverso. Dá para todo mundo aprender alguma coisa. “Há jogadores que são muito mais inteligentes que os treinadores. Você pode aprender com eles só de assisti-los. Estava vendo o Kobe um dia, e ele me ensinava sem saber. Estava apenas vendo e ouvindo”, afirmou Snyder, que não pára de estudar, mesmo.

Hayward, em franca evolução

Hayward, em franca evolução

O time: bem, já adiantamos um pouco as coisas aqui. É uma equipe bastante jovem, que não vai conseguir brigar para chegar aos playoffs. A missão é realmente desenvolver os garotos, e os primeiros sinais dados por Gordon Hayward e Derrick Favors já são muito positivos. E o desenvolvimento realmente precisa ser acelerado: com altos salários para esses dois e Alec Burks, o Utah aceitou que essa é a base deles para o futuro. Na NBA, você nunca sabe quando vai pintar uma troca, mas, por ora, essa é o núcleo, mesmo.

Em quadra, Snyder pede um estilo de jogo muito mais veloz do que o das últimas campanhas com Corbin, acompanhando a tendência da liga. Podem esperar muitos arremessos de longa distância, tal como era pedido em Atlanta. Trevor Booker, por exemplo, já arriscou 21 chutes de longa distância nas primeiras 18 partidas. Em toda a sua carreira, em quatro temporadas, ele havia tentado apenas dez. De qualquer forma, o treinador quer por mais ênfase, mesmo, na orientação defensiva. O que era uma carência, e tanto.

A pedida: curva de crescimento acentuada e, inevitavelmente, mais uma boa escolha de Draft.

Enes Kanter também quer um contrato

Enes Kanter também quer um contrato

Olho nele: Enes Kanter. Gente, o pivô turco ainda não passou uma noção exata sobre que tipo de jogador pode ser na liga. Mas fiquem certos de que ele também vai querer sua parte em dinheiro. Ainda muito jovem, com 22 anos, Kanter confia que vá receber uma boa proposta ao final da temporada, quando vira agente livre restrito. Resta saber se vai ser do Utah, que já tem muita grana investida em três atletas. É um promissor reboteiro e pontuador, e vai expandindo seu raio de ação sem perder eficiência. Muito lento em sua movimentação lateral, a questão que fica é sobre o quanto ele vai progredir como defensor individual ou coletivamente.

Abre o jogo: “O técnico realmente partiu para cima de nós no intervalo. Sinceramente, estávamos todos chocados ao ver o quão agitado ele ficou”, Trey Burke, sobre um momento de ira de Snyder durante duelo com o Oklahoma City Thunder. A equipe chegou a ficar 17 pontos atrás de um adversário totalmente arrebentado. Acabaram vencendo pelos mesmos 17: 98 a 81. Quer dizer: mente brilhante, e tal, mas que também sabe gritar.

Você não perguntou, mas… Quincy Snyder é um caso raro de treinador que tenha trabalhado com o Coach K em Duke e prosperado na sequência de sua carreira. É algo de fato intrigante, principalmente pelo sucesso que os caras do outro lado – os Tar Heels. A irmandade da Universidade de North Carolina se mostra muito mais influente. Da árvore genealógica de Dean Smith, saíram nomes como Larry Brown, George Karl, Doug Moe, Mitch Kupchak, entre outros. Michael Jordan não conta.

piculin-ortiz-utah-jazz-cardUm card do passado: José “Piculín” Ortiz. Quando Jerry Sloan assumiu o Utah Jazz no decorrer da temporada 1988-89, estava lá o par John Stockton e Karl Malone, a montanha humana Mark Eaton e os alas Darrell Griffith e Thurl Bailey como principais figuras. Havia também esse pivô porto-riquenho formado pela Universidade de Oregon State, que se tornaria uma lenda do basquete na ilha caribenha, mas foi pouquíssimo aproveitado em apenas dois anos de NBA. Piculín disputou 51 partidas naquela campanha, sendo titular em 15, com médias de 2,8 pontos, 1,1 rebote em apenas 6,4 minutos. Já tinha 25 anos. Em 1989-90, ele faria apenas 13 partidas, com ainda menos minutos. Foi dispensado em fevereiro de 1990, seguindo carreira na Espanha. Passou por Real Madrid, Barcelona, jogou na Grécia e retornou a Porto Rico em 1997. Ele se aposentou apenas em 2006, aos 43.


New Orleans Pelicans e o show do Monocelha
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

"Quem é que sobe?", estrelando Anthony Davis

“Quem é que sobe?”, estrelando Anthony Davis

É rodada cheia? Várias opções para ver no League Pass? Na dúvida, gente, a opção mais segura nesses dias é colocar num jogo do New Orleans Pelicans. Para testemunhar a contínua e assustadora evolução de Anthony Davis e sua Monocelha. Mesmo que as TVs americanas não estejam muito interessadas: apenas dois jogos do Pelicans serão transmitidos por ESPN e TNT nesta temporada.

Claro que os especialistas já estão todos de olho nele. Mas, em termos de popularidade, ainda não é o caso, como se perecebe. Então vocês, meus amigos e minhas amigas, podem sair na frente. Sempre melhor começar o movimento do que ser acusado de modinha daqui a alguns meses, né? : )

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Pois o que está acontecendo agora já parece histórico. A ponto de deixar nossos amigos do Basketball Reference, a bíblia online da NBA, de queixo caído. Vamos a alguns dados destacados pelos caras nos últimos dias:

Cuidado, Hayward. Que o Monocelha vai te pregar

Cuidado, Hayward. Que o Monocelha vai te pregar

– Com 39 tocos em 10 jogos até esta quarta-feira, dia 19,  Anthony Davis, sozinho, superava nesse fundamento o Memphis Grizzlies (de Marc Gasol), o Minnesota Timberwolves, o Boston Celtics, o Cleveland Cavaliers e, por fim, o Miami Heat. Sem brincadeira. O time inteiro. Depois da rodada de quarta, o Grizzlies conseguiu empatar com ele, enquanto Celtics e Cavs o superaram.

– Anthony Davis lidera no momento a lista de tocos e roubos de bola. Nunca um jogador conseguiu isso na história da liga, pelo menos desde que ambos foram computados a partir de 1973.

– Nos últimos 30 anos, o recorde para jogos de ao menos 24 pontos, 11 rebotes e 3 tocos, com um ou nenhum turnover, foi de Shaquille O’Neal, com sete em uma temporada. Anthony Davis já tem cinco, e restam 72 partidas.

E por aí vai, galera. Isso falando apenas de seus números para estatísticas defensivas. Somem aí os 25,4 pontos, os 10,8 rebotes e as 2 assistências, e temos um jogador realmente assustador e imperdível. Com apenas 21 anos de idade, colocando sua equipe na briga pelos playoffs no Oeste selvagem.

 Agora sabe da pior? Talvez nem mesmo seus companheiros ainda se deem conta, plenamente, do que está acontecendo. Jrue Holiday, Eric Gordon e Tyereke Evans ainda não exploram o Monocelha como deviam no ataque. Mesmo com uma carga menor de minutos, saibam que Tim Duncan toca na bola duas vezes mais que o jovem pivô do Pelicans, segundo dados das câmeras do sistema SportsVU. “Parece que os condutores de bola do New Orleans olham para Davis apenas quando ele é a única válvula de escape para eles, quando estão saltam sem um plano apropriado e acabam atirando-a apressadamente em sua direção”, observa o analista Tom Haberstroh, do ESPN.com. Acabei de assistir ao VT de Kings x Pelicans, e esse foi realmente o caso.

Afe

Afe

Davis não está nem aí, por enquanto. Não pensa em recordes, em criticar companheiros, nem nada. Ele quer apenas fazer o dele. “Apenas tento ficar dentro do sistema, no ritmo do jogo. Apenas tenho de ter confiança em mim mesmo. E paciência também é uma parte muito importante. Não vou perseguir arremessos ou nada disso. Apenas deixo o jogo vir até a mim, e é bem mais fácil jogar desta forma”, afirma. Muito fácil, né?

Davis não vai contar vantagem, seus companheiros podem até ignorá-lo aqui e ali, mas a concorrência está impressionada. O rapaz combina agilidade, impulsão, elasticidade, reflexos, velocidade todos muito acima da média. Com envergadura interminável. O pacote físico é realmente único, e suas habilidades vão se desenvolvendo para tornar tudo isso mais assustador.

“Não sei se há algum jogador na história de nosso jogo que tenha melhorado tanto como ele desde que saiu do colegial”, afirma Flip Saunders, técnico e presidente do Minnesota Timberwolves. Saunders trabalhou de 1996 a 2005 com outro fenômeno, que foi dominante de maneira precoce: Kevin Garnett. E encontra similaridades entre eles. “Para mim, eles lembram um o outro, mesmo, nesse crescimento”, diz.  Para Kobe Bryant, que não é lá muito afeito a elogiar os outros, Davis é um “Pau Gasol atlético, que pode ser um dos maiores alas-pivôs da história”.

Temos essa mania de sempre buscar uma comparação. Faz parte de nossa natureza, buscar parâmetros aos quais nos habituamos para avaliar o que é novo. No caso dessa emergente estrela, é bem provável que, salvo um acidente, ele mesmo vire assuma esse posto, digamos, paradigmático para gerações futuras.

LeBron James, mesmo, imaginava Anthony Davis como alguém semelhante a Marcus Camby, mas depois notou que o garoto do Pelicans pontua muito mais, agride a cesta de forma diferente. Disse, no fim, antes de reencontrá-lo neste mês, que não dá para comparar ninguém com o jovem aspirante ao seu trono de melhor da liga.

De novo, com tanto zum-zum-zum, o que o Monocelha pensaria a respeito?

“Apenas entro em quadra e jogo. O que as pessoas esperam de mim? Bom, isso fica para eles. Não presto atenção no que se pode dizer sobre mim, porque isso meio que pode mexer com sua cabeça, e você começa a ficar complacente. Isso fica para os torcedores lerem e ouvirem. Meu objetivo é ajudar essa equipe a vencer. Só quero vencer os jogos, ir aos playoffs, ganhar um título, sabe? Isso é o que o LeBron já fez, e ainda preciso fazer. Significa muito ele dizer isso de mim. É um testemunho do trabalho que tenho feito para melhorar e que está começando a aparecer. Mas, ao mesmo tempo, não posso me dar por satisfeito”, afirma.

Tudo bem, essa parte de satisfação fica por nossa conta, mesmo.

O time: com o elenco inteiro, sem lesões, o Pelicans já teve um dos melhores ataques do campeonato passado, e esse padrão vem se repetindo. As bombas de três pontos de um ala-pivô como Ryan Anderson representam uma dor-de-cabeça incrível para os treinadores adversários, que já precisam lidar com a explosão física e o arsenal em expansão do Monocelha. Obviamente Holiday, Evans e Gordon ainda podem melhorar em seu entrosamento e soltar mais a bola e mais rapidamente, mas, quando esses cinco estão em quadras, o técnico Monty Williams tem a formação ofensiva mais produtiva da liga, com um mínimo de 50 minutos jogados.

A defesa está melhorando, saltando neste mês dez posições no ranking de eficiência. É a retaguarda, mesmo, que pede mais ajustes por parte do treinador. Para isso, a contratação de Omer Asik parece fundamental. O pivô ainda é dos atletas mais subestimados da liga, em termos de reconhecimento geral, mas custou caro ao Pelicans – que sabe o seu valor. O turco fecha bem os espaços no garrafão, com movimentação lateral impecável, inteligência e força. Também protege o aro com sua verticalidade e ajuda muito nos rebotes. Ao lado de  Davis, pode formar um verdadeiro paredão, conforme mostraram na noite de abertura do campeonato.  Ter Jrue também ajuda: o ex-jogador do Sixers é alto e muito forte para a posição, podendo incomodar seus oponentes.

A pedida: mais um time a sonhar com uma vaga nos plaoffs do Oeste. Até porque, se caírem na loteria, podem ceder uma escolha valiosa de Draft ao Houston Rockets.

Tyreke, o forte é a bandeja, que não vem caindo muito este ano. Já os tiros de fora...

Tyreke, o forte é a bandeja, que não vem caindo muito este ano. Já os tiros de fora…

Olho nele: Tyreke Evans. O ala-armador havia abraçado a causa na temporada passada: encarnaria um sexto homem à la Ginóbili. Não funcionou muito bem. Sua melhor fase aconteceu justamente na reta final do campeonato, quando voltou ao grupo dos titulares em meio a muitas lesões no elenco. Com o time agora completo, foi mantido no quinteto inicial e… perdeu em eficiência, com dificuldade para converter suas bandejas. Ainda não se encontrou perfeitamente ao lado de Holiday.

Evans precisa da bola em mãos. É um cara que cria por conta própria, bate para a cesta cheio de movimentos de hesitação e passada larga, além de ter a força necessária para absorver o contato e finalizar. Fez isso nos minutos finais do primeiro duelo com o Sacramento Kings nesta temporada. Quando entra nesse modo, quebra as defesas, mas também pode diminuir o ritmo de sua própria equipe, pela tendência fominha. Mas, poxa, ele dá muitas assistências, não? Sim, mas geralmente só o último passe, mesmo. E, como o Spurs nos ensina a cada rodada, a fluidez ofensiva depende de muito mais passes e menos dribles. Se conseguir dosar as coisas – seguir atacando o aro e, ao mesmo tempo, envolver seus companheiros, vai virar uma arma ainda mais preocupante.

De qualquer forma, para compensar esse desacerto, o ala-armador adicionou uma bola crucial para seu repertório: o chute de longa distância. Com apenas 27,7% em sua carreira, vem convertendo inacreditáveis 46,7% no início de temporada. Se esse for um dado sustentável, talvez suas aventuras frustradas em direção ao aro nem importem muito.

Abre o jogo: “Quero ser um All-Star. Cheguei perto disso algumas vezes. Mas nos últimos três anos as lesões me deixaram para trás”, Eric Gordon, que começa a temporada saudável, algo raro. O ala-armador ainda nem chegou aos 26 ano, mas já vê seu jogo em queda vertiginosa, devido aos joelhos deteriorados. E pensar que em 2012 o Phoenix tentou tirá-lo de Nova Orleans, como agente livre restrito. Em termos de dólar ganho e produção entregue, Gordon tem hoje o contrato mais desproporcional da NBA, com um salário de US$ 14 milhões nesta campanha e US$ 15 milhões para a próxima.

Gordon, uma das peças da troca que mandou Chris Paul a Los Angeles

Gordon, uma das peças da troca que mandou Chris Paul a Los Angeles

Você não perguntou, mas… o ala-pivô Ryan Aderson é tema de uma reportagem tocante e imperdível da revista Sports Illustrated, assinada por Chris Ballard. O tema é o suicídio de sua namorada, Gia Allemand, aos 29 anos. A modelo e estrela de um reality show havia discutido com o jogador no dia em que se matou. Gia passava por um severo transtorno disfórico pré-menstrual. Em seu depoimento a Ballard, Anderson fala muito sobre suas frustrações com o incidente – foi ele o primeiro a encontrar a modelo em seu apartamento, tendo ainda tempo de acionar uma equipe médica –, o turbilhão emocional pelo qual passou, mas também ajuda a trazer à luz essa questão de saúde pública. Enquanto ainda encara esse drama, o jogador vai retomando a forma pelo Pelicans, depois de ter perdido boa parte de sua primeira temporada com a franquia. No Twitter, ele falou sobre a repercussão do texto: “O fato de que esse artigo vem tendo uma conexão tão profunda com tantas pessoas me dá arrepio. Esse artigo ajuda a por em discussão um tópico que está muito escondido, na escuridão. As pessoas precisam saber que não estão sozinhas em suas dificuldades”, disse.

Pete Maravich, trading card, New Orleans, JazzUm card do passado: Pete Paravich. Jazz?! A franquia não é a mesma, mas a cidade, sim. Antes de escalar a montanha rumo a Salt Lake City, o Jazz estava em Nova Orleans. O que faz muito mais sentido. O clube começou a funcionar em em 1974 e decidiu fazer do legendário “Pistol Pete”, o maior cestinha da NCAA, seu principal jogador. Para tirá-lo de Atlanta, mandaram dois jogadores e mais quatro escolhas de Draft. Num time em expansão, Maravich vencia pouco, mas fazia seus malabarismos com a bola e conquistava a liga como um dos talentos mais carismáticos da história. John Havlicek, o mito do Boston Celtics, disse que ninguém driblou uma bola melhor que o astro.

Em 1976-77, ele marcou 31,1 pontos por jogo, com direito a 68 pontos num duelo com o New York Knicks. Só Wilt Chamberlain, Kobe Bryant, Elgin Baylor, Michael Jordan e David Robinson conseguiram superar essa marca. Maravich, no entanto, não teve uma carreira vencedora ou duradoura como a desses concorrentes. Após diversas lesões nos joelhos, se aposentou em 1980, já em Utah, no ostracismo. Ele não tinha condições de treinar. E seu técnico Tom Nissalke tinha uma regra: só punha para jogar aqueles que treinavam, e bem. Acabou dispensado e recolhido pelo Boston Celtics, com um Larry Bird novato. Teve algum sucesso vindo do banco de reservas e disputou os playoffs pela primeira vez desde 1973. A equipe acabou perdendo para um esquadrão do Philadelphia 76ers que tinha Julius Erving, Maurice Cheeks, Darryl Dawkins, Caldwell Jones, Doug Collins e Lionel Hollins.  Maravich morreu em 1988, aos 40 anos, depois de um ataque cardíaco, como um cristão devoto, no ginásio de uma igreja californiana.


Espanta-Gasol, Gobert mostra seu potencial pela França
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Giancarlo Giampietro

“Tamanho é uma das coisas que você não ensina.”

Que o diga o Pau Gasol, ele mesmo um gigante, depois deste encontro pouco amistoso com Rudy Gobert:

Ginga daqui, ginga dali. Gasol e seus movimentos belíssimos. Sobe para o ganchinho, e tome raquetada.

C’est un monstre!

Esse, sim, um toco que merece aplausos e te faz levantar da cadeira. Não só por ser em cima de quem foi, mas pela reação extremamente rápida desse imenso pivô francês, que fez uma partida inesquecível para ancorar a inapelável defesa francesa na vitória sobre a Espanha, pelas quartas de final da Copa do Mundo. A vitória que fez Madri chorar, mais uma vez. A equipe da casa acertou apenas 32,3% de seus arremessos, com a porta fechada na cara. Baita falta de modos!

Gobert contribuiu com apenas 5 pontos no ataque e um toco. Justamente o bloqueio acima, que você não vai cansar de ver. Mas apanhou, sozinho, 13 rebotes – um a mais que dois irmãos Gasol juntos. Esse já é um dado um tanto estarrecedor, mas aqui estamos diante de mais um caso em que a linha estatística definitivamente não conta toda a história. É de se perder a conta do tanto de arremessos que ele alterou ou inibiu durante um segundo tempo de batalha no garrafão.

Rejeitado! Gobert protege a cesta

Rejeitado! Gobert protege a cesta

O craque espanhol pode ter feito 17 pontos, e tal, acertando 7 de 12 arremessos. Um cara talentoso desses vai encontrar um jeito de pontuar e de te ferir em quadra, não tem jeito. Mas o jovem pivô francês ao menos segurou seu adversário abaixo de suas médias no torneio. Algo que nem mesmo um trio de veteranos e excelentes defensores como Splitter, Nenê e Varejão chegou perto de fazer.

E pensar que o rapaz talvez nem fosse jogar o Mundial, caso o técnico francês Vincent Collet pudesse contar com Joakim Noah, Alex Ajinça e, glup!, Ian Mahinmi. O grandalhão reserva do Indiana Pacers – atlético ao seu modo, é verdade – foi o último desfalque na linha de frente, abrindo caminho para Gobert. Acabou sendo uma benção.

No ataque, por enquanto, só enterrada

No ataque, por enquanto, só enterrada

A exibição mostra todo o potencial do jogadort – e também deixa claro para o Utah Jazz e o comandante da seleção francesa que a realização desse potencial está muito mais perto do que poderiam imaginar. Para quem acompanhou o espigão na Liga de Verão de Las Vegas e nos amistosos dos Bleus, a sensação foi essa, mesmo. O rapaz de 22 anos já estava anunciando um jogo desses. Azar da Espanha que tenha acontecido na sua casa, numa hora dessas.

Um salve, então, para os treinadores da franquia de Salt Lake City e da seleção francesa que o empurraram nessa direção. Um salve também o próprio pivô, que mal jogou no ano passado em sua campanha de novato, mas, pelo visto, aproveitou bem o tempo “livre” para evoluir consideravelmente. O francês foi escalado pelo técnico Tyrone Corbin em apenas 45 partidas, pouco mais do que a metade da temporada. Teve médias de 9,6 minutos, nos quais somou 2,3 pontos, 3,4 rebotes e 0,9 toco. Se você projetar esses números para 36 minutos, terá algo mais que razoável, registre-se: 8,6 pontos, 12,9 rebotes e 3,4 tocos; quer dizer, os flashes já estavam lá para serem notados.

(Aliás, cabe um parêntese endereçado aos jovem Bruno Caboclo: a ideia da gerência do Toronto Raptors e de sua comissão técnica é a de que o brasileiro vai ser muito mais trabalhado em treinos, particulares ou não, do que em partidas. Todo atleta gosta de ir para a quadra para valer, mesmo. Para o ala, porém, este começo vai ser de muita paciência,  e ele sabe, na verdade. Tem impressionado todos os seus treinadores com seu empenho. O importante aqui é notar que, seguindo o modelo de Gobert, se bem feito, esse tipo de trabalho pode render frutos, mesmo. Pode ser que a nota sirva para Lucas Bebê também, dependendo dos planos que o único clube canadense da NBA tem para ele).

Paredão Gobert: com os braços erguidos e os pés no chão, ele alcança algo como 2,91 m de altura. De chinelo, para dar um charme. Envergadura inerminável

Paredão Gobert: com os braços erguidos e os pés no chão, ele alcança algo como 2,91 m de altura. De chinelo, para dar um charme. Envergadura inerminável

Imagino a satisfação que o gerente geral Dennis Lindsey, do Jazz, deve estar tendo ao acompanhar a Copa do Mundo do pivô francês e todo o seu desenvolvimento. No nosso mundo de seres humanos baixinhos, pode-se realmente superestimar a importância de um pirulão de 2,13 m de altura para uma equipe de basquete. Diversos técnicos, dirigentes e torcedores já gastaram uns 3,5 milhões de anos-luz, contando por baixo, em trabalho ou sonhos com projetos desse tipo. Descobrir aquela girafa em uma fazenda no meio do nada e transformá-lo no próximo superpivô que vai dominar o mundo. Um atleta com o tamanho de Gobert, de envergadura interminável, que se mexa com reflexos tão ágeis, já teria vantagens consideráveis para se acertar em quadra.

Mas é difícil, né? Fabrício Melo, agora fora do Paulistano, está aí na luta, por exemplo.

O brasileiro trabalhou por alguns anos numa universidade de ponta como Syracuse, mas um time que trabalha quase que exclusivamente com a defesa por zona – e que, no ataque, não tinha muito tempo para desenvolver seu gigantão com a pressão de ter de competir em alto nível sempre. Quando o mineiro saltou para a NBA, tinha um porte físico impressionante, um senso de humor agradável, mas pouco além disso. Em termos de noções táticas e técnicas, estava bem aquém. Isso não foi o suficiente para desviar um caça-talentos respeitado como Danny Ainge de sua direção.

Um ano depois, porém, o Boston Celtics despachou o mineiro de Juiz de Fora. O Memphis Grizzlies nem quis saber, mesmo pagando o salário. O Dallas Mavericks foi atrás, para ver o que ele poderia oferecer, mas também o deixou passar rapidamente.  Há casos e casos. Existem aqueles que tinham o talento, mas se perderam por razões disciplinares, motivacionais, psicológicas e monetárias: (alô, Michael Olowakandi, Jerome James, Eddy Curry). Mas também são muitos os que simplesmente não se desenvolveram do modo que se esperava, seja por limitações próprias ou por treinamento falho. O torcedor deprimido do Seattle SuperSonics pode dizer algo nessa linha sobre Saer Sene, Robert Swift e Johan Petro. Enfim, são vários os nomes, e cada um vai ter o seu preferido.

Gobert, ao que tudo indica, deve passar longe dessa lista.

Algo para o qual, na disputa pelo bronze, Jonas Valanciunas será alertado. Enquanto isso, em Utah, é bom que Enes Kanter nem arranje muitos compromissos, que seus minutos podem estar a perigo. Gobert tem o tamanho que não se ensina e vem aprendendo os macetes que fazem a diferença entre se ter um poste no garrafão ou um verdadeiro paredão. O voto de Pau Gasol ele já tem.

*   *   *

Uma curiosidade: Rudy Gobert e Raulzinho foram companheiros na Liga de Verão de Orlando de 2013, quando o armador também foi draftado pelo Jazz. O francês recebeu alguns passes açucarados da revelação brasileira. Ainda não será neste ano que os dois se reencontrarão em Salt Lake City. Quem sabe na temporada 2015-16?

*   *   *

No ataque, Gobert ainda não faz muito mais coisa do que pegar a bola perto da cesta e cravar. Seus movimentos no mano-a-mano ainda são desengonçados, pouco efetivos. Do modo como influenciar uma partida na defesa, porém, ninguém vai cobrar que se torne nem mesmo uma referência de costas para a cesta.


Final da NBA tem revanche em 2014; veja números históricos
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Giancarlo Giampietro

Oi, lembra da gente?

Oi, lembra da gente?

Para os que sobreviveram a mais um thriller daqueles nos playoffs da NBA, com o San Antonio Spurs enfim conseguindo uma vitória em Oklahoma City, segue um post mais curto com alguns números históricos envolvendo os dois finalistas deste ano. Que são os mesmos do ano passado. É hora de revanche para o time texano contra os LeBrons, numa rara ocasião, nos tempos recentes, que a decisão é duplicada em anos consecutivos. No decorrer da semana, até quinta-feira, quando a festa começa, vamos abordar outros temas, como o desafio de Tiago Splitter de se impor em quadra contra um time que foge do padrão, a ressurreição de Rashard Lewis (por dois jogos, que seja…) e qualquer outra coisa que dê na telha. Mas, antes, alguns dados históricos para tentar dimensionar este reencontro:

– As temporadas em que a NBA teve sua final repetida em dois anos, em contagem regressiva: 1997 e 98, com Chicago Bulls x Utah Jazz; 1988 e 89, com Detroit Pistons x Los Angeles Lakers; 1984 e 85, com Boston Celtics e Lakers; 1982 e 83, com Lakers e Philadelphia 76ers; 1978 e 79, com Seattle SuperSonics x Washingotn Bullets;1972 e 73, com Lakers x New York Knicks; e aí, claro, nos anos 60, tivemos 479 confrontos entre Lakers e Celtics. Notem que, de 1990 para cá é apenas a segunda vez que isso acontece.

– No Leste, o Miami consegue sua quarta final seguida, algo que apenas três times haviam conseguido na história: o Lakers, de 1982 a 1985, com Magic, Kareem e um certo Riley (duas vitórias e duas derrotas), o Celtics de Bird de 1984 a 1987 (também com dois canecos e dois vices) e o mítico Celtics nos anos 60, que emendaram apenas dez finais, de 1957 a 1966, perdendo apenas o campeonato de 1958 para o St. Louis Hawks.

– Entre os repetecos de decisões, tirando os amigos apelões de Bill Russell, apenas o Chicago Bulls de Michael Jordan conseguiu vencer ambos os duelos, para amargura de John Stockton e Karl Malone. De resto, todo time que perdeu o primeiro ano, saiu vencedor no segundo.

– Times que chegaram por dois anos seguidos a uma decisão e não conseguiram o título: New Jersey Nets em 2002 e 2003, Jazz, os diversos Lakers de Jerry West e Elgin Baylor dos anos 60, o St. Louis Hawks de 1960 e 61, o Fort Wayne Pistons de 1955 e 56 e o glorioso Knicks de 1951 a 53! O Lakers de 1983 e 84 não conta, já que foi campeão 82 e 85.

– Esta é a décima final com adversários que se reencontram. A maior rivalidade? Dãr. Lakers x Celtics, que jogaram 12 vezes pelo título, com 9 triunfos para os verdes.

– É a sexta decisão para o San Antonio desde 1999, sempre com Duncan e Popovich envolvidos. Para o Miami, a quinta desde 2006, sempre com Wade, Haslem e Riley.

– Desde o Pistons em 1988 e 89, o Spurs foi o primeiro time a retornar a uma final depois de ter perdido o Jogo 7 no ano anterior.

– O Chicago Bulls tem o melhor aproveitamento em jogos valendo pelas finais, com 68,6%, ou 24 vitórias e 11 derrotas dividias entre as trilogias lideradas por MJ e o Mestre Zen. O Spurs é o terceiro da lista, com 65,5% (19-10), enquanto o Heat aparece em sexto, com 58,3% (14-10).

– O primeiro troféu da NBA foi chamado Walter A. Brown Trophy, em homenagem ao primeiro proprietário do Boston Celtics, tido como figura fundamental para a criação da liga que hoje conhecemos. A partir de 1984, Larry O’Brien, comissário entre 1975 e 83, assumiu a bronca. Vai levar quanto tempo para David Stern ser relembrado?


Em quem ficar de olho no F4 da Euroliga: Ante Tomic motivado
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Giancarlo Giampietro

E quem se lembra de um Tomic merengue sem energia?

E quem se lembra de um Tomic merengue sem energia?

Para quem ainda não está farto de tanta emoção, com o que se vem passando nos playoffs completamente alucinantes da NBA e com tantas surpresas no NBB, então é hora de abrir os braços para uma carga extra de drama – e basquete refinado – neste fim de semana. Mais especificamente na sexta-feira e domingo, com o Final Four da Euroliga.

A gente pode falar de Barcelona e Real Madrid, que fazem mais um clássico de matar, ou das constantes potências CSKA e Maccabi, que história não falta. Na verdade, vamos tratar desses clubes, sim, entre hoje e amanhã. Mas, antes, prefiro gastar um tempo com os protagonistas em quadra.

Sim, os melhores jogadores do mundo, inclusive os europeus, estão do outro lado do Atlântico. Parker, Nowitzki, irmãos Gasol, Pekovic, Gortat e tantos mais. Mas não quer dizer que o segundo maior torneio de clubes do mundo fique só com as sobras. Há diversos atletas que assinariam contratos na NBA sem a menor dificuldade, sendo peças relevantes, mas que, por circunstâncias diversas – entre as quais se destaca invariavelmente a adoração de fanáticas torcidas e alguns milhões de euros na conta –, seguem jogando perto de casa.

Navarro e sua breve parceria com Pau Gasol em Memphis. Frustração

Navarro e sua breve parceria com Pau Gasol em Memphis. Frustração

Peguem, por exemplo, Juan Carlos Navarro. Desnecessário falar sobre o currículo, a reputação e o talento de La Bomba. Em sua única temporada nos Estados Unidos, ele não chegou a ser maltratado como Vassilis Sponoulis foi por Jeff Van Gundy em Houston, mas sofreu demais em um ano perdido do Memphis (60 derrotas!), no hiato entre os times de Hubbie Brown e Lionel Hollins. Ainda viu seu grande amigo Pau Gasol ser trocado. Um ano depois, correu de volta para Barcelona, aonde é rei, talvez chocado com a barbárie.

Este é um caso emblemático. Mas há diversos nessa linha: Erazem Lorbek, cortejado pelo Spurs ano após ano, mas que segue no Barça; Dimitris Diamantidis, o mito alviverde do Panathinaikos; Nikola Mirotic, o segundo grande sonho de qualquer torcedor do Bulls que se preze (o primeiro, claro, sendo um Derrick Rose 100%); sem contar os diversos americanos ignorados pelos Drafts da vida, mas que construíram e lapidaram toda uma carreira no velho mundo (Keith Langford, Daniel Hackett, Joey Dorsey, Ricky Hickman, Tremmell Darden, Aaron Jackson, Bryan Dunston etc. Etc. Etc).

Não dá para cravar que todos eles seriam bem-sucedidos num ambiente muito mais exigente do ponto de vista atlético, em que suas façanhas europeias talvez sejam ignoradas, tendo eles que batalhar novamente a partir do zero por respeito e o decorrente tempo de quadra. Dependeria muito da franquia, da diretoria e, claro, do técnico – sem contar a adaptação muitas vezes complicada, como Tiago Splitter e Mirza Teletovic podem testemunhar.

Há que prefira, então, evitar o risco, ficando numa zona de conforto, já bem remunerado. Mas também há aqueles que são simplesmente subestimados, mesmo, não vendo a hora de receber uma boa proposta, mas sem necessariamente estarem dispostos a assinar pelo salário mínimo da NBA, como fez Pablo Prigioni em seu primeiro ano de Knicks, já na reta final da carreira.

Pensando apenas nos quatro semifinalistas, vamos listar abaixo alguns craques que merecem ser observados com atenção, mas sem a menor preocupação se dariam certo ou não na NBA. Bons o suficiente para serem apreciados pelos que já fazem agora. Essa é uma lista que já deveria ter sido escrita antes, para relembrar o belíssimo campeonato que fez Andrés Nocioni, a versatilidade da dupla Emir Preldzic e Nemanja Bjelica, do Fenerbahce, o próprio Dunston, vigoroso pivô do Olympiakos, eleito o melhor defensor da temporada, o jovem italiano Alessandro Gentile, revelação do Olimpia Milano e candidato ao Draft deste ano, e muito mais.

Antes de chegar aos caras, um lembrete para contextualizar: para os que estão (bem) mais acostumados com a NBA, lembrem que o basquete Fiba é jogado em 40 minutos, e não 48. Logo, o tempo de quadra de uma partida da liga norte-americana é 20% maior, de modo que as estatísticas em geral são mais infladas por lá, fazendo alguns dos números abaixo parecerem tímidos. Além disso, a abordagem ofensiva das equipes de ponta da Europa tende a ser diferente, com mais jogadores assumindo responsabilidades, dividindo a bola, mesmo as que têm grandes cestinhas, que poderiam muito bem carregar um time nas costas.

E, ok, aqui entra o momento da propaganda: o evento será transmitido com exclusividade pelo Sports+, canal 28/128 da SKY, com este blogueiro lelé na equipe de equipe, ao lado do ultrafanático e informado Ricardo Bulgarelli e os narradores Maurício Bonato, Rafael Spinelli e Marcelo do Ó, que, cada um ao seu modo, ajudam a dar emoção ao jogo.

Vamos lá, enfim, a alguns destaques do F4, sem necessariamente ser os melhores do campeonato, mas apenas uma lista que dá na telha. Free style, mano, com pílulas publicadas nos próximos dias:

– Ante Tomic, pivô do Barcelona.
11,8 ppj, 6,3 rpj, 2,2 apj, 63,3% de 2 pts, 68,4% nos lances livres em 22 mpj.

E o que você faz quando é dispensado – e, de certa forma, humilhado – publicamente pelo Real Madrid?

O clube merengue não estava lá muito satisfeito com o espírito competitivo de Ante Tomic e resolveu exercer uma cláusula contratual para romper seu vínculo com o pivô croata um ano mais cedo.

Veja este trecho de reportagem do diário As: “Sua falta de energia tapou suas virtudes inquestionáveis, e o Real Madrid preferiu não seguir contando com um jogador que não ofereceu os níveis de energia necessários que a equipe precisava nem sequer em partidas da final que o Real Madrid perdeu ante um Barcelona muito concentrado em seu jogo interior”.

Ok, não foi o técnico Pablo Laso que escreveu o texto, ou nenhum diretor do clube. Mas a gente conhece a relação quase simbiótica entre os jornais da capital e os poderosos do Real. Dá, quase, para assumir como discurso oficial.

Então, Tomic, o que fazer?

Ué, assinar com o Barcelona, claro. E, melhor, arrebentar pelo arquirrival.

Desde que deixou a capital espanhola, migrando para o sul, o pivô adquiriu uma bem-vinda consistência. Nada como boa rodagem e experiência – e uma motivação a mais. É quando você vê o potencial ser concretizado, quando muito, ou tudo, do que se projeta para um jogador acontece começa a acontecer em quadra, até que parece algo praticamente automático – a ponto de ter sido o MVP dos meses de fevereiro e março – em sequência, mesmo, algo que nunca havia acontecido antes na história da liga.

Aos 27 anos, o croata de 2,17m sabe bem o que fazer quando acionado, confiante em produzir como a primeira opção ofensiva do Barcelona. Há momentos em que talvez ele pudesse ser ainda mais explorado, mas esse é o “preço a se pagar” (nem precisa de tanto drama, vai?) individualmente por fazer parte de um dos elencos mais caros e competitivos do continente, cheio de cestinhas de prestígio.

Já fiz essa comparação antes, e ela parece ainda mais válida depois de mais uma temporada: em diversos movimentos, Tomic vai lembrar Pau Gasol, um dos últimos grandes ídolos do clube catalão, especialmente pelo biótipo esguio e até por seu comportamento calmo em quadra – que muitas vezes pode ser interpretado, precipitadamente, como complacência. Seu tiro de média distância precisa ser marcado, embora seja muito mais eficiente num raio de dois ou três passos, usando sua envergadura, embora não tenha tantas alternativas assim (em tremos de sequência de fintas, para abrir mais espaço no garrafão). A visão de jogo e capacidade para servir seus companheiros tanto na cabeça do garrafão como próximo da tabela, de costas para o aro, também vem melhorando a cada ano, chegando a 2,2 assistências por jogo neste ano. Ajuda, nesse sentido, o fato de ter sido desenvolvido como um jogador de perímetro, antes de dar aquela espichada no fim da adolescência.

Sua química com Marcelinho Huertas está num ponto excelente. Com seus braços compridões, vira um alvo fácil para pontes aéreas, mesmo que ele não seja daqueles atletas que castiguem o aro – melhor deixar isso para o Joey Dorsey, mesmo. O legal é quando os dois trocam favores, com o pivô passando para o brasileiro em handoffs, ou com passes por cima dos marcadores para acertar o brasileiro em cortes por trás da defesa.

Hoje, na real, o melhor jeito de parar o pivô do Barcelona é tentar atacá-lo com agressividade do outro lado da quadra, para tentar carregá-lo de faltas (2,7 por jogo). Para alguém de sua estatura, o croata se mexe bem pelo garrafão, mas ainda vai ser vulnerável diante de armadores e laterais numa troca de pick and roll. O difícil é escolher a melhor hora de buscar a infiltração, uma vez que Xavier Pascual arma uma defesa bem compacta, fechando espaços.

Tomic se tornou sem dúvida o principal pivô do basquete europeu, com o terceiro maior índice de eficiência da competição. Algo que a Euroliga confirma, elegendo o atleta como o melhor da posição nos últimos dois campeonatos. É esse o craque que o Real vai ter de encarar mais uma vez.

Seu contrato vai até 2015. O próximo passo natural seria a NBA, na qual ja á foi draftado pelo Utah Jazz em 2008, num daqueles stash picks, na 44ª posição. Mas resta saber se Tomic toparia. Para quem sai de Real para Barça diretamente, não acho que tenha receio de desafios.


15 times, 15 comentários sobre o Oeste da NBA
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Giancarlo Giampietro

Spurs x Blazers

O Blazers cria ainda mais confusão no Oeste Selvagem da NBA

A série começou ontem, com o tenebroso Leste. Agora falamos dos primos ricos.

Antes de passar por cada franquia, em castas, é mandatória a mesma menção de ontem: sobre o quão patética vem sendo a porção oriental da liga norte-americana, com apenas três times acima da marca de 50% de aproveitamento, enquanto, do lado ocidental,  apenas quatro estão no lado negativo. Isso muda tudo na hora de avaliar o quão bem um time está jogando ou não num panorama geral. Ter de enfrentar Sixers, Magic, Bucks e… (!?) Nets e Knicks mais vezes do que Warriors, Wolves, Grizzlies e… (!?) Suns ajuda muito para inflar os números de sua campanha. É como se fosse um imenso ***ASTERISCO***.

Os dois ainda no topo, ainda que em segundo e terceiro
Pela consistência que apresentam nas últimas duas temporadas, ainda me sinto obrigado a separar as duas franquias, mesmo que estejam, na manhã desta quarta-feira, atrás do Portland Trail Blazers na tabela.

San Antonio Spurs: pode muito bem ainda haver resquícios de um trauma psicológico daqueles. É quase inevitável. Mas a fase de ressaca, ressaaaaca, mesmo, das brabas, se encerrou em algum ponto das férias. Porque o Spurs de Gregg Popovich simplesmente não vai parar de vencer, mesmo que Tim Duncan venha devagar desta vez, depois de uma temporada na qual ele desafiou qualquer noção que tenhamos sobre esse processo chamado envelhecimento. Sério: desde 1997, o time não sabe o que é terminar um campeonato com aproveitamento abaixo de 64,6% (!!!). Custa acreditar? Confiram esta lista aqui. Então, se alguém um dia falar em “padrão de excelência” para você, pense no que é o time de Duncan, Pop, Parker e Manu, como a comparação ideal. Neste ano, a turma de Tiago Splitter está no top 4 de melhores defesas (2ª, atrás do Pacers, que não conta mais) e ataques (4º, atrás de Portland, Miami e Houston). E-qui-lí-brio.

Oklahoma City Thunder: Nada mudou muito por aqui, gente. Eles ainda têm dois dos dez melhores jogadores da liga, que podem decidir as coisas no ataque quando bem entendem e um conjunto muito atlético para fechar seu garrafão e sustentar a quinta defesa mais eficiente do campeonato. Esses são dados bons o bastante para colocá-los na briga com qualquer cachorro grande. Mas a má notícia é que… Bem, até quando Scott Brooks vai depender tanto dos talentos individuais de seus dois cestinhas? No geral, o Thunder é apenas o 17º time que mais distribui assistências na liga. Dos favoritos ao título, só o Indiana Pacers está abaixo (em 21º, com uma dependência de Paul George, sim, mas também com jogadas mais tradicionais de costas para a cesta com Roy Hibbert, o que desacelera as coisas). O que isso significa? Enquanto depender das jogadas de isolamento para Durant ou Wess, Brooks está esperando que os dois se desenvolvam e elevem o ataque por conta própria. É possível, claro – ninguém pode julgar Durant como um cara acomodado, e cara já está num nível tão alto que simplesmente não tem muito o que se melhorar. A não ser, claro, que esperemos que ele acerte 75% de seus arremessos de quadra. Fora isso, contata-se  a notável evolução de Reggie Jackson como o terceiro cestinha do time – uma das consequências da lesão de Russell Westbrook. Jeremy Lamb e Perry Jones III também estão caminhando, mas ainda falta muito para que sejam confiáveis sob pressão. Ah, e o Steven Adams, com seu jogo enérgico, físico e atrevido, já está no top 5 de inimigos públicos. Vindo da Nova Zelândia, sendo um novato, é um feito e tanto.

Chumbo grosso
De como a Conferência Oeste é absurdamente competitiva.

Portland Trail Blazers: ok, ok, para os fãs do Blazers – e eu sei que vocês tão por aí, sim –, já pode parecer um ultraje. E pode ser, mesmo. Porque (vai) chega(r) uma hora em que você tem de deixar as dúvidas de lado e abraçar  a equipe da Rip City como uma realidade nesta temporada. São 18 vitórias e quatro derrotas, aproveitamento de 81,8% (o segundo melhor), +6,3 pontos de saldo (quarto), nove vitórias e duas derrotas seja em casa como na estrada (as segunda e melhores marcas, respectivamente). Por mais que possam perder um pouco desse ritmo, o quanto seria? O Blazers sofreu todas as duas quatro derrotas contra adversários da mesma conferência, mas também já somou dez vitórias nessas mesmas condições. Seu rendimento em quadra hoje é praticamente inverso ao do Pacers: tem o ataque mais eficiente e apenas a 22ª defesa. LaMarcus Aldridge nunca pontuou ou reboteou tanto assim em sua carreira. Damian Lillard elevou seu aproveitamento de três pontos, diminuiu seus turnovers e melhorou na defesa – todos passos cruciais para o armador se tornar uma força a ser temida aos 23 anos. Nicolas Batum se tornou uma ponte perfeita entre o armador e o pivô. Wesley Matthews está jogando demais da conta. E, por fim, Robin Lopez, Maurice Williams e Dorrell Wright solidificaram a rotação. Então, quer dizer: talvez seja uma questão de tempo para os caras subirem de andar. Vamos ver.

Houston Rockets: tudo aqui é matemático. O Rockets é dos times que mais bate lances livres e arremessa de três pontos na liga, eliminando aqueles chutes considerados de menor eficiência. Para isso, eles vão correr, correr e correr, com a expectativa de chegar ao ponto desejado em quadra antes que a defesa se estabeleça (uma combinação do legado dos Sete Segundos ou Menos do Phoenix Suns com a onda estatística analítica que vem tomando os escritórios das franquias, veja só). James Harden dá as cartas nesse sentido. E, dentro desse plano de jogo, estão encaixando a presença singular que é Dwight Howard, com tudo aquilo que ele te oferece de bom (rebote, cobertura defensiva, corta-luzes e enterradas) e mau (a choradeira de sempre e a necessidade de se afirmar como um superpivô ofensivamente, coisa que não é). Por mais antipatia que possa ter ganhado desde a última temporada regular, fato é que sua presença acrescenta muito em quadra, mesmo que não seja o mesmo de três anos atrás. Então Omer Asik (um dos nossos preferidos desde a última encarnação) que nos desculpe: pode fazer o bico que for, mas a vida é assim. Jeremy Lin se redescobriu como um sexto homem mais finalizador, Chandler Parsons está preparado para receber um bom aumento e o intrigante Terrence Jones deu uma acalmada nos rumores de troca.

Los Angeles Clippers: elenco é para isso, né? Para usar, para dar segurança. E ainda bem que a epidemia se limitou aos alas (JJ Redick, Matt Barnes e o competente novato Reggie Bullock), pois era o ponto mais forte da rotação de Doc Rivers. Ok, perder três de uma vez quebra qualquer treinador, e é por isso que você já está ouvindo sobre Stephen Jackson, o Capitão Jack Maluco, mas imagine se o pronto-socorro fosse para Blake Griffin ou DeAndre Jordan? Alguém aí estaria preparado para confiar 30 minutos para Ryan Hollins, BJ Mullens ou Antawn Jamison? Pois é, nem eu. Daí que se faz urgente, mas urgente demais a contratação de mais um pivô completo, ou que pelo menos saiba defender e converter lances livres. Não só como apólice de seguro, mas para poder dar um descanso aos titulares, mesmo, ou rendê-los no final de um jogo equilibrado em que Jordan não possa sofrer faltas de jeito algum. Jordan está ganhando mais confiança de Rivers, com a maior média de minutos de sua carreira, mas precisa de ajuda, para bancar ou melhorar a décima defesa mais eficiente da liga. E não dá para saber bem se Lamar Odom seria a resposta aqui.

Denver Nuggets: com todo o tato e delicadeza do mundo, o prestigiado e novato Brian Shaw está tentando mudar o Denver Nuggets. Tanta sutileza tem duas razões: 1) pegar leve com George Karl e o regime anterior, por (?) ética; 2) conduzir uma revolução em quadra também não é das coisas mais fáceis, ainda mais quando se tem de lidar com jogadores que podem ter dificuldade para acompanhar a bola e, ao mesmo tempo, saber em que ponto da quadra está. É complicado. Por outro lado, o time pode compensar a falta de disciplina ou inteligência defensiva com muita energia, rodando diversos jogadores – 12 deles já ganharam mais de 100 minutos –, aproveitando-se da altitude no mando de quadra e se mantendo no páreo. Quando as defesas não estão preocupadas em parar Ty Lawson, vem Nate Robinson do banco, os dois baixinhos com velocidade e alta periculosidade. Timofey Mozgov saiu da hibernação, e jogando bem. Falta uma previsão para o retorno de Danilo Gallinari  e que Wilson Chandler acerte os ponteiros de seu relógio.

Dallas Mavericks: longa vida a Dirk Nowitzki! E bem-vindo seja o novo Monta Ellis! O baixinho topetudo vai tentando provar ao mundo que todas as críticas que recebeu durante sua carreira em Oakland e Milwaukee não passavam de uma tremenda injustiça com um dos maiores cestinhas de todos os tempos um espevitado cestinha.  Ele vem com a terceira melhor marca nos arremessos de quadra de sua carreira e a melhor desde 2008, ano em que jogava, coincidentemente, por um novo contrato. Com 37,3%, ele também nunca havia chutado tão bem assim do perímetro. Selecionando melhor seus arremessos, mas pondo pressão contínua para cima das defesas, o “Monta Ball” vem ajudando a dar um novo fôlego ao craque alemão, que está pegando menos rebotes, mas elevou suas médias nos arremessos, também recuperado de lesões que chacoalharam seus últimos dois anos. Os dois juntos, auxiliados pela mão certeira de José Calderón, comandam o sétimo ataque mais eficiente. O problema é a defesa, a sexta pior da liga, que precisaria de um Shawn Marion um pouco mais novo, além de um Tyson Chandler – e não de um Samuel Dalembert – para fechar espaços.

Golden State Warriors: o time é talentoso, mas a margem de segurança não é das maiores. Digo, o banco é bastante limitado. Então, quando sai um faz-tudo como Andre Iguodala, em quem se aposta muita coisa (o aperto da defesa, mais movimentação de bola no ataque, explosão nos contragolpes, alívio para Stephen Curry), tudo fica um pouco mais difícil. Ser o time de toda a liga que mais partidas fora de casa disputou até agora também interfere na campanha, ainda mais para um grupo que tem tanto respaldo em seu ginásio. Desde que Iguodala volte bem e relativamente rápido de sua lesão na coxa e que os tornozelos de Curry e Bogut aguentem bem, ainda não é hora para se alarmar, mesmo que estejam no momento fora da zona dos playoffs. Se os segundanistas Harrison Barnes e Draymond Green evoluírem, então, melhor ainda.

Memphis Grizzlies: de todos os aspirantes ocidentais a grandes resultados nesta temporada, aqui está o time na maior enrascada. A troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, por enquanto, só surtiu efeitos negativos, especialmente em na contenção, sem pegada nenhuma no momento – tinham a segunda melhor retaguarda na temporada passada e agora são apenas a 18ª. Marc Gasol não voltará tão cedo e, por mais que Kostas Koufos se esforce nos rebotes e seja grande igual, não tem a mesma leitura de jogo e voz sobre seus companheiros. Não obstante, no ataque, o time ainda não consegue ameaçar de longa distância (sua mira de 33% é apenas a 23ª entre 30 concorrentes), e a vida de Zach Randolph anda mais sofrida – mais utilizado no ataque, ele presta ainda menos atenção na defesa. As equações de John Hollinger certamente não contavam com a baixa de seu melhor jogador, mas é bom o ex-analista tentar agora outros cálculos para não ser achincalhado na Grindhouse.

Minnesota Timberwolves: por que o Wolves estaria em melhor situação que o Grizzlies se, mesmo com time mais ou menos completo, eles estão atrás na classificação? Bem, alguns indícios: seu saldo de +4,0 pontos é maior que o dos cinco que estão logo acima na tabela. Além disso, seu calendário nos primeiros 22 jogos foi o terceiro mais complicado da temporada. A equipe não está no topo nem ofensivamente, nem defensivamente, mas parte de uma sólida base (está curiosamente em 12º nas duas listas). Kevin Love retornou com tudo, embora com baixo rendimento nos arremessos. O que é pega é que, num time com tão poucos chutadores de média e longa distância, o ala-pivô acaba sendo o responsável por desafogar o próprio jogo, se é que faz sentido isso (sobe a plaqueta para o auditório: “RISOS!”). Mas, sério: Kevin Martin chuta bem que só, mas Corey Brewer não está matando nada, Chase Budinger ainda não estreou e Ricky Rubio é uma negação nesse quesito. O que temos, então, é um time que consegue ser pior que o Grizzlies no fundamento (32,9%), o sétimo pior do campeonato. Ainda assim, com um ataque agressivo, que cobra 27,1 lances livres por jogo (quarto melhor), eles dão um jeito de compensar essa deficiência.

A maior surpresa da liga
Não, ninguém esperava por isso.

Phoenix Suns: nem mesmo o gerente geral Ryan McDonough, Discípulo de Danny Ainge em Boston, o jovem cartola tem uma visão bastante pragmática das coisas. Não se importava em gerenciar um saco de pancadas este ano desde que ganhasse um bom novato no próximo Draft. Mas ele, tal como seu ex-chefe, parece ter acertado em cheio na contratação de seu treinador. Jeff Hornacek é aspirante a treinador do ano desde já, e talvez nem importasse que seu renovado time estivesse ocupando um inacreditável oito lugar no Oeste Selvagem. Ele já teria uma candidatura de respeito ao fazer o Phoenix Suns – de todos os times, o PHOENIX SUNS!!! – defender, além de ter resgatado um pouco de seu poderio ofensivo. Eles estão em 16º agora, mas ficaram por várias semanas no top 10, e essa queda se deve muito ao desfalque de Eric Bledsoe por alguns jogos. Bledsoe, aliás, que vai justificando o investimento, compondo uma dupla de armadores muito promissora com Goran Dragic. Os irmãos gêmeos Morris têm formado uma dupla dinâmica no banco – e entrosamento era o mínimo que a gente esperava deles, né? –, Miles Plumlee surgiu do nada e  PJ Tucker é um dos operários que merecia mais atenção. Agora, será que eles têm fôlego para competir até o fim? Será que isso seria interessante? Será que McDonough vai permitir isso?

No limbo
Nem muito para cima, nem muito para baixo. É difícil fazer qualquer prognóstico…

Los Angeles Lakers: olha, ninguém dava muita bola, mas Mike D’Antoni vinha fazendo seu melhor trabalho desde os tempos de Suns. Vejamos, sem Kobe, Nash, eles mais venceram do que perderam. Com Jordan Farmar, Steve Blake, Wesley Johnson, Xavier Henry, Jodie Meeks Nick Young e Jordan Hill. Agora… Como ele estava conseguindo isso? Bem, aplicando seus sistema. Correndo muito (com o terceiro ritmo mais intenso do campeonato). Agora, com Gasol e Kobe baleados, será que isso funciona? Dificilmente. E ele conseguirá montar um time produtivo de outra forma? Bem, Gasol abertamente já duvidou disso. E, sobre o espanhol, todavia, pairam grandes dúvidas. O que acontece? Ele não é mais o mesmo por que D’Antoni não sabe usá-lo, ou D’Antoni não o explora mais por que o pivô não consegue? Consultando os números, vemos que ele vem sendo envolvido  como nunca antes aconteceu no ataque do Lakers. Mesmo: mais até que na época dos triângulos do Mestre Zen. Com 33 anos, o espanhol tem sido ainda menos eficiente do que na campanha passada, mesmo sem Dwight Howard para congestionar o garrafão. Seu percentual de quadra é disparado o pior da carreira.  Se o time ficar perdido entre acomodar suas estrelas e tentar abastecer um bando de anônimos, a campanha pode não dar em nada.

– New Orleans Pelicans: se eles estivessem no Leste,  estariam em quinto. No brutal Oeste, porém, são antepenúltimos. Com o time inteirão, já seria difícil beliscar uma vaga nos playoffs. Ficar sem o emergente Anthony Davis – melhor em praticamente todas as estatísticas básicas – por muito tempo? Essa disputa sai ainda mais cara – e o Philadelphia 76ers segue tudo isso com muita atenção. A garotada está atacando bem (sexta melhor ofensiva da liga), com muita gente habilidosa e chutadores rodeando no perímetro – especialmente o insano e único Ryan Anderson. Defensivamente, contudo, vão de mal a pior, com a quinta pior marca, e as coisas ficam ainda menos promissoras sem a envergadura e agilidade do Monocelha.

A turma do fundão
Um está confortável aqui. O outro já não aguenta mais.

Sacramento Kings: com novo proprietário, novo gerente geral, novo técnico e uma torcida que, sim, já não atura mais tantas participações no topo do draft. O estafe recém-empossado sabe disso e vai procurando fazer troca atrás de troca para melhorar o talento disponível. Derrick Williams e Rudy Gay até se enquadram nessa teoria, comparando com quem saiu. Mas o que eles têm em comum? São dois jogadores muito mais concentrados em seu próprio arremesso do que numa proposta mais coletiva. Basicamente: sai um, entra outro, e o Kings só continua com fominhas em sua escalação. Que os dois reforços não atrapalhem, contudo, o que DeMarcus Cousins e Isaiah Thomas vêm fazendo – é meio chocante, mas os dois estão entre os dez jogadores mais eficientes nestes primeiros meses. O rendimento da dupla não traduziu em muitas vitórias, é verdade, mas sua tabela foi a segunda mais dura até agora.

Utah Jazz: a única pessoa em Salt Lake que deve estar preocupada com o que vem acontecendo é o técnico Ty Corbin, na berlinda. De resto, vai tudo de acordo com o plano. O gerente geral Dennis Lindsey quis abrir espaço para seus jogadores mais jovens. Chega uma hora em que você precisa ver o que há de concreto naquilo que chamamos de “potencial”. Daí que, dos dez que mais minutos receberam minutos nos primeiros 23 jogos, só dois passaram dos 30 anos e cinco deles não passaram dos 24 ainda. Se, no meio do caminho, eles forem perdendo, não tem muito problema – ainda mais sabendo agora que Jabari Parker é mórmon. O Utah joga, no momento, para perder, e a tabela mais difícil do campeonato contribui para isso. Há uma razão para se contratar  um Andris Biedrins.


NBA: Divisão Noroeste, para curtir e chiar
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Giancarlo Giampietro

NBA 2013-2014: razões para seguir ou lamentar os times da Divisão Noroeste

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Vamos dar uma passada agora pela última divisão da série, a Noroeste, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

DENVER NUGGETS
Para curtir:
Ty Lawson, mais uma das formiguinhas atômicas da NBA e talvez a melhor delas: aqueles jogadores que sabemos que nem de 1,80m passam, mas são listados assim da mesma forma. Este baixinho sabe fazer de tudo um pouco, mas correr é sua especialidade.

– Nate Robinson como reserva de Lawson. Acreditem: nenhum treinador acorda bem no dia sabendo que sua defesa vai ter de ligar com uma coisa dessas. Pressão por 48 minutos, sem parar.

Kenneth Faried, o Manimal.

– Os feitos extraordinários de JaVale McGee.

Timofey Mozgov volta a jogar: este cara não é uma piada, podem confiar.

Andre Miller dando um pouco de estabilidade, o mínimo que seja, a essa turma muito louca (e jovem).

Brian Shaw, e aí? Pintou a chance.

Para chiar:
– O desmanche de um time singular e intrigante.

– Danilo “Gallo!!!” Gallinari afastado por tempo indeterminado de quadra.

– As constantes pequenas e chatas lesões de Wilson Chandler.

– Uma rotação redundante e insana de pivôs duplicados, sem química alguma.

– Os feitos extraordinários (e estúpidos) de JaVale.

Randy Foye… Sério, não pode ser titular de nenhuma equipe.

– O eterno potencial de Anthony Randolph jamais colocado em prática por mais de duas semanas ininterruptas.

Evan Fournier x Jordan Hamilton x Quincy Miller: ninguém joga os minutos devidos, nenhum deles pode mostrar do que são realmente capazes.

MINNESOTA TIMBERWOLVES
Para curtir:
– Vixe, a lisa é longa… Vamos tentar nos controlar.

– O que dizer de um Kevin Love em forma? Fundamento e inteligência marcantes. Arremessador perigoso de todos os cantos, um passador extremamente perigoso debaixo da cesta e no perímetro –ou até mesmo na reposição de bola depois de uma cesta. Também o reboteiro mais talentoso da liga.

Ricky Rubio e as assistências que só ele vê. Bônus: a facilidade que tem para pressionar e roubar a bola, com braços cooooompridos e mãos muito ágeis. Vejam o vídeo abaixo, por favor. Tudo isso aconteceu e apenas um  jogo, nesta quarta de noite:

Kevin Martin usando os infinitos ângulos de deslocamento em quadra para receber o passe em boa posição para a conversão.

Nikola Pekovic arrebentando com a fuça de quem possa ousar se meter em seu caminho. Expresso montenegrino.

Corey Brewer, saçaricando por toda a quadra, compensando de alguma forma a perda de Kirilenko.

Rick Adelman, bastante discreto, muito competente, sempre se ajustando ao que tem em mãos, em vez de forçar goela abaixo um “sis-te-ma”.

José Juan Barea, a ameaça que ninguém espera. É como se ele fosse um Ty Lawson porto-riquenho, com todas as devidas proporções.

Para chiar:
– A praga das contusões. Deixem essa rapaziada em paz!

Derrick Williams, lost in translation.

– Toda a fome de Shabazz Muhammad, aquele que dominou nas “categorias de base” ao jogar com um RG falsificado.

Love ainda sem fechar todos os espaços devidos na defesa: não é porque você não é uma presença intimidadora, que não possa ser um marcador capaz.

– O talento de Alexey Shved à deriva.

OKLAHOMA CITY THUNDER
Para curtir:
– Tudo o que estiver ligado a Kevin Durant. A leveza enganadora de seus movimentos de alta periculosidade. Evoluindo a cada temporada, mesmo sendo o segundo melhor jogador do planeta. Afinal, há um LeBron pela frente para ser ultrapassado.

– No fim, até que Russell Westbrook faz falta, não?

Serge Ibaka e seu arremesso trabalhado com esmero.

– Arroz, feijão e Nick Collison.

– O calouro Steven Adams já arranjando um montão de inimigos com poucas semanas de liga, de tanto que enche a paciência ao atacar a tabela ofensiva.

Reggie Jackson, pronto para outra.

Para chiar:
– A perda de James Harden. Ainda.

Kendrick Perkins, o único assistente técnico escalado como titular de um time que sonha com o título.

– Tá, mas ainda podemos travar os dentes quando Westbrook tenta alguns chutes horrendos com cinco segundos de posse de bola, a média distância.

Derek Fisher passou muito do ponto já.

Jeremy Lamb ainda aprendendo: não é culpa dele, definitivamente, mas Durant e Westbrook precisam de ajuda para agora. Vai dar tempo?

Ibaka por vezes passando muito mais a imagem de um jogador durão do que a consistência requerida.

Hasheem Thabeet, um gigante sem ter quem marcar.

PORTLAND TRAIL BLAZERS
Para curtir:
LaMarcus Aldridge e seu arremesso de turnaround impossível de se marcar. É como se a bola saísse da altura do telão central.

Damian Lillard dizendo todas as coisas certas depois de um ano de badalação. Estrela? Só se for provando em quadra.

Nicolas Batum, o homem (perfeito) de ligação entre Lillard e Aldridge.

– As baratas e precisas contratações de Mo Williams e Dorrell Wright para o banco.

Joel Freeland usando o cérebro para sobreviver na liga.

– A torcida hipponga apaixonada de Portland.

Para chiar:
– A preguiça de Aldridge para expandir seu jogo. Não vale pedir troca quando você não faz o máximo possível para levar sua equipe a um patamar mais elevado.

– A falta de concentração de Lillard na defesa. Até ele sabe. Viu os vídeos de sua campanha de calouro e se admitiu envergonhado.

Thomas Robinson dando trabalho nos bastidores, mesmo sem ter o que apresentar em sua defesa em quadra.

– Que tipo de jogador exatamente é Victor Claver?

UTAH JAZZ
Para curtir:
Gordon Hayward, livre para criar e tomar conta do time. Imaginem o culto a este rapaz em Salt Lake City. No ataque, ele pode fazer de tudo.

Enes Kanter e Derrick Favors progredindo lado a lado, para formar uma dupla de pivôs à moda antiga.

Alec Burks também recebendo mais chances para provar seu talento em jogos de verdade.

– O poste Rudy Gobert surpreendendo o cestinha mais desavisado.

Para chiar:
Trey Burke privado de meses importantes de adaptação, e John Lucas III como titular.

– A falta de inventividade por parte de Ty Corbin, que, ao mesmo tempo que falha em colocar o velho sistema de Sloan em prática, não consegue desenvolver nada de novo para seus promissores jogadores.

– A decadência completa – e irrefutável? – de Andris Biedrins, o letão bronzeado, mas infeliz, traumatizado com seu lance livre.

– O velhaco Richard Jefferson tentando, mas sem conseguir.

– O nome Jazz não estar em New Orleans.


NBA? Raulzinho vai de Espanha por enquanto: “É perfeito para mim”
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Giancarlo Giampietro

Raulzinho, na Espanha

A uma hora dessas, Raul Togni Neto, o Raulzinho, poderia estar se preparando para saber quais os movimentos preferidos de um Ty Lawson, um rival de Divisão Noroeste. Imagine? Como seria perseguir uma formiguinha atômica daquelas num contra-ataque? Será que ele prefere o corte pela direita ou para a esquerda? E o Damian Lillard? Como se manter próximo ao jogador do Portland e contestar seu perigoso arremesso?

Mas essas questões ficam, mesmo, para o Trey Burke. Entre ter de batalhar por alguns minutinhos no Utah Jazz, correndo o risco, na verdade, de estudar, sim, os movimentos dos veteranos da D-League da NBA, o brasileiro optou por aquilo que é mais seguro, mais certo: voltar ao Gipuzkoa Basket, na Espanha, e dar sequência ao seu desenvolvimento.

Aos 21 anos, ele entra em sua já terceira temporada na Liga ACB, o campeonato nacional mais forte da Europa, assimilando o que pode nos minutos preciosos contra concorrentes de alto nível. E tem de aproveitar mesmo: por pouco, sua equipe, de San Sebastián, não foi relegada ao segundo escalão, a Adecco Oro, depois de ser rebaixada na campanha passada.

Acontece que, para o bem do filho do Raul e preocupação do basquete espanhol como um todo, dois dos clubes que deveriam ter sido promovidos à elite – o CB Atapuerca (“Ford Burgos”) e o Lucentum Alicante – não conseguiram apresentar as garantias financeiras necessárias para jogar a liga principal. Já o clube basco, a despeito da crise, mas com o apoio de seus torcedores (91% dos associados renovaram seu título), se garantiu.

Confira abaixo uma rápida entrevista com o armador, falando sobre a importância dessa experiência espanhola em sua evolução, que será acompanhada de perto pelo Utah Jazz:

21: Qual a sua situação contratual no momento e o que esperar desta temporada com o Gipuzkoa Basket?
Raulzinho: Tenho mais três anos de contrato. Volto para o mesmo clube, pensando em ficar pelo menos mais um ano. Na última temporada a gente foi mal. O clube está passando por um momento difícil financeiramente, mas continuamos na ACB, esperamos fazer uma campanha melhor. Vamos tentar fazer um bom papel.

Pois é. O time chegou a ser rebaixado na temporada passada, mas, por falta de condições também de quem deveria subir, acabou ficando na liga. O que pensa sobre essa situação? Ao menos pode jogar na elite.
Acaba sendo uma situação boa para o nosso time, mas ruim para o basquete de maneira geral, né? Ruim para o basquete espanhol,  com muitos times lidando com esses problemas financeiros. Mas foi bom para a equipe e acaba sendo bom para mim, para seguir jogando no nível da ACB. Então agora é aproveitar.

Sua equipe não entra na liga pensando em título. Jogar o playoff também é improvável. Por outro lado, você acaba tendo bastante espaço para jogar, ficar em quadra e mostrar serviço….
Para mim é um time perfeito, porque eu tenho a confiança do técnico e minutos de quadra. Acho que, com a idade que estou, seria ruim ficar num time em que não jogasse e que não tivesse essa experiência de estar em quadra. Não importa que não seja um time do nível de um Barcelona ou Real Madrid, mas, sim, que me dê mais oportunidades. É muito importante.

O que você destaca em sua experiência jogando na ACB? Você sempre foi conhecido na base como um armador agressivo, de forte ataque para a cesta. Aprendeu a balancear mais as coisas?
Acho que aprendi muita coisa. Já pela experiência de estar atuando no basquete internacional. Para o armador principalmente, é fundamental ter mais consciência na leitura de como jogar, saber mais o que deve fazer em quadra. Foi nisso o meu maior ganho. Acho que aprendi a controlar. Não perdi o meu poder de ataque, mas aprendi a controlar, escolher melhor as opções para atacar.

Como é o dia-a-dia nos treinos? Há alguém da comissão técnica que trabalhe com você individualmente?
Tem um trabalho individual que fazemos toda semana, uma ou duas vezes pelo menos com o técnico. Coisa de drible e passe e outros fundamentos que todo armador tem de ter. Na Espanha a gente joga uma vez por semana, então tem bastante tempo para treinar.

Você ficou um período em Los Angeles para se preparar para o Draft da NBA. Como foi esse trabalho?
É um treino mais individualizado. O pessoal vê o que você tem de melhorar, drible ou arremesso por exemplo, mais pensando ofensivamente. Mas foi muito bom passar lá por um mês com esse tipo de treinamento, me ajudou bastante.

Mas o que fica de legado desse tipo de atividade?
Acho que, para treinar, você precisa fazerem uma sequência, criar um dia-a-dia seu. Você não vai melhorar em uma semana. Mas lá a mentalidade de treinamento foi muito forte, a gente treinava bastante. Eles falam dos aspectos que precisamos melhorar mais. Falaram do meu arremesso, da minha defesa e do meu físico. É o que tiro de lá. Com certeza eu melhorei. Mas tenho de continuar me esforçando bastante para evoluir mais.

Agora o tema sobre o qual você já deve estar cansado de falar a respeito: Utah Jazz. Como será o contato com o clube a partir do Draft? O que você sentiu sobre a atual diretoria?
Pareceu um time que gosta de jogadores internacionais, que está aberto a isso, e já foram vários jogadores que já passaram por lá com mérito e não são americanos. Também é bom saber que vão estar me acompanhando, ver do que preciso para um dia ser o armador do time deles. É a minha primeira vez numa situação dessas, então não sei o que vai ser direito. Isso deixo para meu agente, para ver como vai ser esse contato.

PS: a entrevista foi feita no Brasil, antes da disputa da Copa América. Por isso, nada sobre a seleção. Timing é tudo, eu sei, eu sei. Pode reclamar. Em todo caso, aqui também vai uma entrevista do garoto ao site oficial de sua equipe. No finalzinho, sai algo sobre o torneio continental. Mas nada de outro mundo: “Treinamos muito, foram quase dois meses. Nós jogadores temos uma boa amizade fora da quadra e, ainda que os resultados não tenham sido bons, foi um bom verão com a seleção”.