Vinte Um

Arquivo : Teodosic

Dez previsões nada ousadas para o Rio 2016
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Giancarlo Giampietro

Boogie Cousins, Team USA

Quando jornalista se mete a dar palpite, está arrumando confusão. Pode ser sobre um confronto Japão x Filipinas pelos Jogos Asiáticos Universitários. Você falou, escreveu, quis cravar? Imediatamente fica sob o risco de queimar a língua. Ou o dedão da mão direita.

A gente tem essa mania de se meter a sabichão, né? De querer se antecipar a quaisquer grupo de deuses que estejam vagando por aí e provar por A + B que sua lógica está infalível no momento. Dois, três dias depois? É bastante provável que vá dar tudo errado. Ainda mais num torneio olímpico cheio de equilíbrio.

Isso tudo não significa que esse tipo de exercício seja pura bobagem. Não estou aqui para pagar de mais sabichão ainda, esnobe, acima das vontades mudanas esportivas. É esporte só. Que, em diversos casos e eventos, obviamente ganha proporções gigantescas pela quantidade de dinheiro que move e por suas implicações político-culturais. Ainda assim, no final das contas, é só esporte. Que envolve paixão (por vezes em intensidade descabida), mas não deveria ser levado tão a sério. Então qual o problema de ficar palpitando? Tem um monte de gente por aí que anda emburrada pacas, querendo reclamar a toda hora. Mas há quem se divirta demais em comparar resultados e discutir depois, numa boa.

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Então o que este blogueiro vai fazer?

Dar alguns palpites, mas sem cravar resultados, para além do ouro olímpico para os Estados Unidos, que isso é coisa para bolão. Não tem nada muito ousado aqui, claro. Alguns dos itens abaixo têm o mesmo valor que dizer que a “Dinamarcá terá um bom goleiro” ou que “os quenianos vão dominar o pódio da maratona”. Coisa de bidu, mesmo. Podem bater:

O Rio 2016 será o Torneio de Boogie Cousins. Kevin Durant é mais jogador. Carmelo Anthony é outro cestinha perfeito para o mundo Fiba. Kyrie Irving vai ter mais oportunidades de arremesso. Mas podem se preparar para uma exibição, digamos, hulkiana do intempestivo DeMarcus. O pivô está enxuto como nunca, ganhando agilidade sem perder sua força física descomunal, prontinho para esmagar seus adversários, tal como o dito “Gigante Esmeralda” nos quadrinhos. Para quem tem desperdiçado alguns bons anos produtivos nos confins de Sacramento, jogar com o Team USA no Rio de Janeiro serve quase como uma experiência terapêutica. Quiçá, o contato com a elite da modalidade pela segunda competição internacional seguida também não motive Boogie a aceitar aquele procedimento básico que se chama amadurecimento. Com a cabeça no lugar, tem tudo para fazer paçoca da concorrência.

hulk-smash-esmaga

– O Grupo B vai ser um tiroteio. Sinceramente, qualquer pessoa pode se gabar aqui e dizer que tem certeza que a Espanha será a primeira colocada dessa chave, seguida por Lituânia, Brasil e Argentina. Tudo bem, pode ir em frente com essa. Mas a real é que ninguém, com o juízo em dia, sabe realmente qual será o desenrolar destas partidas. No meu entender, pelo menos, até a Nigéria tem chances, mesmo que correndo por fora. Isso sem nem levar em conta o que aconteceu nos amistosos. Vai ser uma disputa duríssima, com a seleção brasileira metida no meio. Haaaaaaaja coração. (Agora, pode muito bem que a Espanha não tome conhecimento de ninguém, vença todos e que a Nigéria apanhe – e, no final, restariam três vagas para quatro seleções. Ainda assim seria dramático.)

– Vamos ter um top 10 só com DeMar DeRozan. O ala do Raptors é outra figura de segundo escalão que pode aproveitar a experiência olímpica para expandir sua marca globalmente, como diria o agente de LeBron. Embora já eleito duas vezes para o All-Star Game, não dá para dizer que o jogador desfrute de tanto prestígio assim em todas as cidades da liga que não estejam em território canadense. Então lá vai essa maravilha atlética aproveitar os inúmeros contra-ataques em garbage time que a seleção norte-americana vai ter, para saltar em 720º, se desvencilhar de oito braços compridos chineses no ar e dar suas cravadas. Paul George, Kevin Durant, Jimmy Butler, Harrison Barnes e, principalmente, DeAndre Jordan podem ser todos ignorantes no ataque ao aro. Mas nenhum deles tem a plasticidade de DeRozan em seus movimentos. Ele será o Capitão Vine da Olimpíada, ganhando até de Usain Bolt.



– Nenê não será vaiado. O bom senso, afinal, ainda pode prevalecer. Quatro anos atrás, o pivô foi vaiado de modo deprimente pelo público presente na Arena HSBC, quando a NBA trouxe um amistoso de pré-temporada pela primeira vez ao Brasil. Maybyner Hilário agora retorna ao Rio de Janeiro com um papel importantíssimo pela seleção brasileira, liderando um garrafão 40% renovado após as baixas de Splitter e Varejão. Se for para buzinar no ouvido de alguém, é só procurar as figuras de Gerasime Bozikis e Carlos Nunes pelo ginásio. Eles certamente estarão presentes, em lugares privilegiados.

Guia olímpico 21
>> A seleção brasileira jogador por jogador e suas questões
>> Estados Unidos estão desfalcados. E quem se importa?
>> Espanha ainda depende de Pau Gasol. O que não é ruim
>> Argentina tem novidades, mas ainda crê nos veteranos
>> França chega forte e lenta, com uma nova referência

>> Lituânia tem entrosamento; Sérvia sente falta de Bjelica
>> Croácia e Austrália só alargam o número de candidatos
>> Nigéria e Venezuela correm por fora. China? Só 2020

– A Venezuela vai encrespar com França e/ou Sérvia. Eles têm talento para bater de frente com essas seleções europeias? Não. A França foi campeã europeia em 2013, bronze pela Copa do Mundo em 2015 e bronze novamente pelo EuroBasket do ano passado. A Sérvia chegou ao segundo lugar no Mundial. Mas este time aguerrido de Néstor “Che” García parece destinado a aprontar, a fazer mais do que se esperava deles. A classificação olímpica já foi uma façanha, deixando a badalada e numerosa geração canadense pelo caminho (o Canadá está para o mundo Fiba hoje assim como a Bélgica, para o futebol). Mas por que eles se contentariam com isso? Seus armadores são manhosos e o time passou a defender muito bem com Che. Pode ser que consigam cozinhar a partida contra equipes muito mais expressivas.

Venezuela, Nestor Garcia, Copa América, Fiba Américas

– É melhor não se meter em um jogo parelho com a Argentina. Por falar em jogo apertado, eu não gostaria de ter defender contra uma equipe que vá colocar em quadra Manu Ginóbili e Luis Scola ao mesmo tempo numa última posse de bola. É muito talento e respeito em quadra. Cojones e muito mais, claro. Aqui tem a máxima que a mídia americana costuma usar para a NBA, com a qual concordo: é muito provável que o time com os dois, três melhores jogadores em quadra saia vencedor de uma partida. Em 2016, talvez a dupla argentina já não consiga mais ser superior por 40 minutos. Mas, num ataque final, valendo o jogo, com tudo o que eles já experimentaram de sucesso em suas carreiras? Eu gelaria.

Nando De Colo vai fazer muita gente se perguntar por que diabos ele não quis nem negociar direito com as equipes da NBA. É, o francês está jogando muito. O cara tem os números de Euroliga para exibir por aí e também um jogo vistoso demais, que deve ser ainda mais bacana ao vivo. Ele joga em seu próprio ritmo. O mais legal: geralmente consegue chegar aonde quer para finalizar. É nisso que dá sua combinação de drible, altura e fome de bola.

Huertas, Rodríguez e Tedosic vão dar passes para confundir até mesmo seus companheiros. É a turma do sexto sentido. Mais três jogadores que não são os mais explosivos em quadra, mas têm tanta habilidade, coordenação e visão de quadra, que fazem o jogo ficar muito mais rápido e imprevisível. As defesas muitas vezes podem achar que os têm controlados, e aí de repente sai aquele passe (quase) sem olhar para o pivô livre debaixo da tabela. É bom que Augusto Lima, Felipe Reyes, Milan Macvan & Cia. estejam espertos. Posso dizer: é meu tipo de lance favorito.

Olha para um lado, e a bola vai passar pelas costas de Baynes

Olha para um lado, e a bola vai passar pelas costas de Baynes

Matthew Dellavedova vai irritar alguém – ou muita gente, mesmo. Ele sempre arruma uma em quadra, não? Se acontece nos playoffs esvaziados da Conferência Leste, com o Cavs passando por cima de tudo mundo, por que não iria ocorrer em uma Olimpíada, com os ânimos muito mais esquentados? Pior: Delly tem uma baita cobertura. É só olhar o tamanho dos pivôs australianos para compreender uma eventual super-agressividade do armador. Com Andrew Bogut retornando, fazendo uso nada econômico das cotoveladas, é chance quase zero que os Boomers não se metam em pelo menos uma confusão em jogos pelo Grupo A.

– Alguém vai dizer que lance livre ganha jogo. Mas talvez não digam que um rebote, um toco, uma assistência e um arremesso contestado de média distância o façam.

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CSKA resiste a pressão sobre establishment e volta a conquistar a Euroliga
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Giancarlo Giampietro

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Foi uma temporada em que os gigantes sofreram, com forte pressão sobre o establishment do continente, mas, no final, a Euroliga 2015-16 ficou com o CSKA Moscou, justamente o clube de maior orçamento do campeonato. Agora, qualquer torcedor do Olympiakos pode muito bem tirar um sarro aqui: e quem disse que o CSKA faz parte da elite? Afinal, estamos falando do clube que não ganhava o título desde 2008, acumulando desde então alguns dos maiores colapsos da história do basquete. E, glup, quase aconteceu de novo.

No Final Four de Berlim, a equipe moscovita passou pelo estreante Lokomotiv Kuban pelas semifinais e bateu o Fenerbahçe pela decisão, de modo dramático: 101 a 96 após prorrogação. Que os dois finalistas tenham ido ao tempo extra parecia algo totalmente improvável ao final do primeiro tempo, quando os russos venciam por 20 pontos de diferença (50 a 30), ou mesmo ao final do terceiro período, quando a vantagem era de 16 (69 a 53). Os turcos venceram a última parcial para inacreditáveis 30 a 14, e aí, meus amigos, parecia a reedição de um novo pesadelo.


No ano passado, o CSKA tinha vantagem de nove pontos sobre o Olympiakos no início do quarto período e arrefeceu. O mesmo havia acontecido contra o mesmo oponente grego em 2012 e 2013, sendo o maior vexame aquele de quatro anos atrás, quando levou a virada depois de abrir 19 pontos no placar. Outro tropeço marcante aconteceu contra o Maccabi em 2014, quando tinha 15 pontos de folga. Que coisa, hein? Então imagine o desespero de Andrey Vatutin, o jovem presidente do clube, aquele que assina um polpudo cheque a cada ano, assistindo a tudo isso novamente à beira da quadra.

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“O fato é que mostramos nossa personalidade. Por exemplo, o que aconteceu em 2012, em Istambul, foi uma catástrofe. Mas agora conseguimos conquistar o título depois de uma reação de nosso adversário. Nós também reagimos. Mas é claro que eu me assustei u m pouco. Mas quer saber? Acho que prefiro assim. É muito melhor do que se tivéssemos vencido com os 20 pontos do primeiro tempo”, afirmou o dirigente, que chegou a ser especulado como candidato a gerente geral do Brooklyn Nets, devido aos óbvios laços com Mikhail Prokhorov, antigo proprietário do CSKA e acionista majoritário da franquia nova-iorquina. Eu, hein? Era melhor evitar uma emoção dessas.

De todo jeito, a reação mais engraçada foi a do técnico Dimitris Itoudis, perto de quem Gregg Popovich parece um monge. O grego, que desbancou seu mestre Zeljko Obradovic pela final, não gostou quando foi questionado se “velhos fantasmas” rondavam seu time durante a virada do Fener. “Isso é só um jogo de basquete, maldição”, disparou. “É apenas um jogo de basquete entre dois grandes clubes e grandes jogadores. Sim, aconteceu um monte de coisas no quarto período. Eles reagiram e assumiram a liderança. Mas estávamos calmos. Mostramos isso aos jogadores. Dissemos para fazer e confiar no que havíamos feito durante toda a temporada, e tivemos sucesso. Muitos de vocês (jornalistas) disseram que éramos os favoritos porque jogamos um basquete atraente, que agradava à maioria das pessoas. Então era para se lembrarem disso. Ficamos sob controle, empatamos o jogo e fomos para a prorrogação.”

Que o CSKA tenha sobrevivido, então, fez-se justiça com alguns dos maiores jogadores de sua geração, como o genial Milos Teodosic e o faz-tudo Victor Khryapa, caras que têm currículos invejáveis, muito talento, mas vinham sendo julgados como perdedores devido aos seguidos fiascos pelo Final Four europeu. Teodosic nunca havia ganhado uma Euroliga, diga-se. Já Khryapa havia chegado à fase decisiva em nove ocasiões e saído vencedor apenas uma vez, em 2008.

O armador sérvio anotou 19 pontos e deu 7 assistências em 34 minutos, matando três bolas de longa distância em seis tentativas, com mais oito lances livres. Foi o jogador mais produtivo da partida. Mais que os números, porém, ele ditou o ritmo de jogo e dessa vez não confundiu a necessidade de liderar sua equipe com heroísmo, como aconteceu em outros momentos da carreira, com alguns arremessos tresloucados.

Veja um de seus passes brilhantes na jogada número 3 abaixo:

Já Khryapa foi detonado pela mídia europeia por alguns lapsos em 2012 e 2014, para um jogador tão versátil e inteligente. Aos 33 anos, mas com o corpo bastante castigado, já não é mais um protagonista do time. Porque não dá mais: participou de apenas dez partidas em toda a campanha. Mas conseguiu encontrar seu melhor jogo na hora mais decisiva, forçando a prorrogação com uma cesta maluca em rebote ofensivo a 1s3 do fim (a jogada número acima). Antes, já havia matado uma bola de três importante. No minuto final do tempo extra, ainda apareceu com um toco providencial, mostrando toda a versatilidade que lhe alçou ao topo na Europa. Tivesse chegado à NBA de hoje com todas as suas habilidades, seria um jogador muito mais relevante do que aquele que acabou desprezado por Blazers e Bulls.

A estrela da campanha, de todo modo, foi o armador Nando de Colo, que cresceu muito nas últimas duas temporadas, desde que se desligou do Toronto Raptors. O francês foi eleito tanto o MVP da temporada como do Final 4. Foram 52 pontos e 11 assistências  em 61 minutos pela fase decisiva, com médias de 19,4 pontos, 5,0 assistências, 3,6 rebotes e 46% nos arremessos de longa distância e 55,6% de dois pontos.

Quase revolução
Ver o CSKA Moscou entre os quatro semifinalistas da Euroliga é o mais distante que temos de uma surpresa. Neste século, os caras só não disputaram duas edições do Final Four (2002 e 2011). Com 22 vitórias e 5 derrotas entre primeira fase, Top 16 e quartas de final, não havia como mudar esse curso.

Mas onde estavam Real Madrid, que defendia o título e havia participado de quatro das últimas cinco edições? O clube espanhol pagou pela exaustão, depois de um ano fantástico. Não teve Maccabi Tel Aviv também, clube que jogou sete vezes desde 2001 e dessa vez nem passou da primeira fase, num tremendo vexame sob o técnico Guy Goodes, demitido. E nada de Barcelona (sete participações, eliminado pelas quartas de final pelo Lokomotiv, por 3 a 2, com graves problemas defensivos e um elenco envelhecido), Panathinaikos (seis, varrido pelo Baskonia pelas quartas, num ano em que investiu mais) e Olympiakos (cinco desde 2009 e que não passou da segunda fase, o Top 16, com Vassilis Spanoulis sofrendo pelo físico).

Enfim, as principais forças dançaram mais cedo.  Assumiram suas vagas o Fenerbahçe, vice-campeão, o Lokomotiv, terceiro colocado, e o Baskonia, que ficou em quarto.

O Fener já havia jogado o F4 do ano passado, tem uma torcida imensa, mas só é reconhecido atualmente como uma superpotência do basquete, tendo investido muita grana nos últimos anos para tentar ser o primeiro clube turco a ganhar a Euroliga, a ponto de convencer um octocampeão Obradovic a abraçar sua causa. O Baskonia tem quatro semifinais neste século, mas todas elas aconteceram entre 2005 e 2008. Desde então, não havia passado das quartas de final. Pior: nas últimas duas temporadas, não passou nem da segunda fase, o Top 16. Já o Lokomotiv é um clube nômade da Rússia que só chegou a Krasnodar em 2009 para assumir a atual formatação. Em anos anteriores, o máximo que poderia apresentar era um vice-campeonato da Copa da Rússia ou da Copa Korac.

Tanto Fener como Loko podem ser considerados novos ricos do basquete. Em tempos de crise (braba, mesmo), era questão de tempo que seus orçamentos fizessem a diferença e que pudessem se intrometer entre os Barças e Panathinaikos da vida. Se você der aquela espiada em seus elencos, vai entender bem.

O clube russo tem três jogadores ex-NBA (Anthony Randolph, Chris Singleton e Victor Claver), além do armador americano mais badalado do continente (Malcom Delaney), de um grande chutador (Matt Janning) e de um australiano olímpico (Ryan Broekhoff), mais três russos que eventualmente possam fazer parte de sua seleção (Evgeny Voronov e Sergey Bykov, dois bons marcadores veteranos, e o ala-pivô Andrey Zubkov, ex-CSKA). Foram orientados por Georgios Bartzokas, campeão europeu pelo Olympiakos em 2013.

Já o clube turco joga com um orçamento que só é superado pelo do CSKA. Importou, então, quatro jogadores da NBA (Jan Vesely, Epke Udoh, Pero Antic e Luigi Datome) e outros quatro de seleções nacionais (os prodígios sérvios Bogdan Bogdanovic, Nikola Kalinic, o americano naturalizado turco Bobby Dixon e o gatilho grego Kostas Sloukas). Algumas promessas nacionais completam a lista, com destaque para o pivô Omer Yurtseven, de apenas 17 anos, cortejado pelas grandes universidades dos EUA e que fechou com North Carolina. É um esquadrão.

Nesta classe de novos ricos, também ouvimos o Khimki Moscou fazer barulho, assim como o Darussafaka Dogus, da Turquia, que agora vai receber Bartzokas. Na primeira fase, O Khimki bateu o Real Madrid duas vezes, contando com uma linha de armadores espetacular (Tyrese Rice, Alexey Shved, Zoran Dragic e Petteri Koponen). Já o Darussafaka, com diversos americanos experientes de Europa, ajudou a eliminar o Maccabi na primeira fase. Ambos caíram no Top 16.

As surpresas não ficaram por conta só de quem tem dinheiro, todavia. Com sete vitórias e sete derrotas, o jovem time do Estrela Vermelha foi longe neste campeonato, deixando Bayern, Anadolu Efes e o  próprio Darussafaka pelo caminho. Com um punhado de revelações sérvias e contratações certeiras de americanos, alcançaram as quartas de final, sem conseguir fazer frente ao CSKA, então. Já o Brose Baskets, da Alemanha, bastante organizado, se meteu em um empate tríplice com Real Madrid e Khimki pela segunda fase, todos com sete vitórias e sete derrotas. O Olympiacos ficou para trás, com seis vitórias e oito derrotas, num grupo duríssimo.

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Genialidade de Teodosic encanta no EuroBasket. Comportado, mas indomável
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Giancarlo Giampietro

Que impulsão, hein!? Teodosic não precisa sair do chão para dominar

Que impulsão, hein!? Teodosic não precisa sair do chão para dominar

Para quem pôde ver, na hora do almoço, ou um pouco mais tarde que isso, dependendo do seu relógio biológico, foi uma clínica de armação. Passes quicados em movimento com apenas uma mão para deixar o ala-pivô na cara da cesta. Passes para dentro e para fora. Inversões para encontrar o chutador livre do outro lado. Ou passes que encontravam o alvo mesmo que a bola tivesse de fugir do contato de outros três ou quatro pares de mão gigantescas pelo caminho. Enfim, todo o tipo de assistência, com uma visão de jogo, serenidade e habilidade impressionantes. Milos Teodosic esteve inspiradíssimo na (mais dura do que o placar sugere) vitória da Sérvia sobre a República Tcheca, por 89 a 75. Com todo o favoritismo, a equipe balcânica agora vai enfrentar a Lituânia pela semifinal do EuroBasket, valendo uma vaga olímpica direta para o Rio 2016.

Agora, vejamos se alguma de suas assistências entrou no clipe das cinco jogadas da quarta-feira:

Nada, né? Só ponte aérea e cravadas. Nada contra, aliás. As arrancadas de Andrea Bargnani, Alessandro Gentile e a de Tomas Satoransky foram realmente muito bonitas. O lance do armador tcheco em especial agitou que só a galera. O curioso é que, em que pese sua explosão e a socada com raiva, sua infiltração teve muito menos contestação que a dos italianos. A defesa sérvia teve um raro lapso nessa jogada, lhe estendendo o tapete vermelho. Ainda assim, viralizou, com uma ajudinha de outros dois fatores fora o seu vigor físico: 1) este EuroBasket já vale como um marco para o jogador do Barcelona, sendo o torneio que o confirma como uma estrela em ascensão no basquete internacional; 2) o atleta já foi Draftado pelo Washington Wizards, então estava na mira do público americano. O ótimo torneio que vem fazendo deixou a situação mais combustível.

De qualquer forma, essa obsessão pelas enterradas num campeonato europeu de seleções não deixa de ser irônica, ainda quando comparada à finesse e à inteligência de quatro ou cinco passes de Teodosic. Afinal, ainda há muitas vozes no continente que ainda pregam a ladainha de que só lá se pratica e conserva o basquete puro, clássico, resistindo à abjeta corrupção moral promovida pelo capitalismo do Tio Sam — ou David, se preferirem. Mas, claro.

E quanto ao apego às estatísticas? Ainda mais degradante, não? É o que dizem. Pois a Fiba Europa, em sua seção de “performances fantásticas”, também ignora o duplo-duplo altruísta do armador sérvio. Nesta quarta, preferiu destacar os 26 pontos e 15 rebotes de Jonas Valanciunas na vitória lituana sobre a Itália. Antes de prosseguir e clicar no clipe abaixo, só não deixem de reparar na ironia salpicada nos dois parágrafos acima, por favor. Os tempos irados de hoje fazem, infelizmente, obrigatória essa ressalva. Vamos lá:

Não entendam mal: foi uma atuação de fato dominante do pivô do Toronto Raptors, que também é um jovem astro cuja promoção faz bem ao mercado. Mas precisa ver o contexto também. Valanciunas jogou contra ninguém, e que Andrea Bargnani nos desculpe, a despeito de seu raro ato de valentia, jogando no sacrifício.

Agora, com todo o respeito às belas jogadas selecionadas pela Fiba, àquela aberração grega, ao barbudo espanhol e à rapaziada toda: mas, ao menos no gosto de um reles blogueiro brasileiro, os lampejos mais bonitos do EuroBasket são os de Teodosic. Assim como a sua atuação contra os tchecos foi mais aprazível e impressionante. Número por número, ele também chegou ao duplo-duplo de 12 pontos e 14 assistências, vencendo o  jogo para a Sérvia mesmo que seu arremesso não tenha funcionado (3/11 de quadra, 0/6 na linha de três pontos, mantendo um baixo aproveitamento em todo o torneio, é verdade). Para compensar, não parou de descolar faltas (6/7 nos lances livres) e cometeu apenas três turnovers.

Estamos falando de um jogador que não é nem um pouco veloz, mas que chega aonde quer, por meio da arte do jogo de pés. Pelas quartas de final, ele encurtava e esticava a passada por vezes na mesma infiltração, deixando os defensores descadeirados. Também nunca ninguém vai confundir o sérvio com um exímio saltador. Ainda assim, há momentos em que ele passa a impressão de que para no ar, decidindo entre o arremesso, o passe ou a malandragem típica para buscar o contato involuntário de seu marcador. Tudo se resume a recursos cerebrais para ele, para por de um jeito diferente. Por três quartos, quando o jogo esteve duríssimo, era o único que conseguia desarmar a forte defesa adversária, muito bem postada, combativa e com boa envergadura para proporcionar obstruir as linhas de passe. Foi uma coisa de gênio, traduzindo. Nos melhores momentos editados pela Fiba, é possível ver alguns desses passes de que falo:

Teodosic já torturou e tirou o sono de muitos de seus técnicos. Não é das figuras mais bem queridas nos vestiários por onde passa. Também não tem o costume de se esforçar na defesa e, quando está de mau humor em quadra, se desinteressa pelo ataque e começa a fugir da bola, estacionado em algum canto da quadra — e, se a bola chega a ele nessas situações, apela à displicência, arremessando de muito longe ou passando a bola para a arquibancada. Por mais que isso enriqueça o personagem do ponto de vista do perfil jornalístico, para a equipe não pega bem. Ainda mais para a alguém que tinha a fama de amarelar em grandes jogos, sem deixar que os insucessos em quadra abalassem sua marra. Junte aí a notória boemia, e você tem, na verdade, um gênio intratável.

Ou tinha, até entrar em contato com Aleksandar Djordjevic, antes brilhante armador iugoslavo, hoje uma grata surpresa como técnico sérvio. Surpreende porque, quando começou na profissão, na Itália, dirigindo grandes clubes como Olimpia Milano e Benetton Treviso, não impressionou ninguém. Agora, dirigindo a seleção, faz um trabalho fora de série. Ele obviamente tem uma geração muito talentosa para explorar. Mas mão-de-obra nunca foi um problema para o país. O duro era administrar os egos e fazê-los jogar com um mínimo de interesse e coesão. Djordjevic conseguiu o máximo nesse sentido. Juntou as peças direitinho, apostando também em muitos jovens e, com o pulso firme e a áurea de ídolo nacional, montou um esquadrão.

Teodosic em versão stopper

Teodosic em versão stopper

Bogdan-Bogdan é um tremendo de um carudo e matador. Nikola Kalinic corre tão determinado que parece que vai cravar o pé em quadra. Nemanja Bjelica é uma maravilha de fundamentos e versatilidade. O bisnagão Raduljica varre quem estiver à sua frente no garrafão.  Zoran Erceg, que encontrou um rumo na vida, oferece ainda mais chute. Stefan Markovic faz tudo direitinho, mesmo que seu arremesso seja feio de doer. Nemanja Nedovic é muito mais explosivo que a média europeia (mas não a da NBA). Ognjen Kuzmic tem 2,13m e amarra, sozinho, um par de tênis sem precisar da ajuda de ninguém, com agilidade até. É um grande elenco. Mas tudo passa por seu armador. É ele quem amplifica as qualidades desses caras e que faz da Sérvia a melhor seleção europeia da atualidade: numa comparação com a Lituânia, por exemplo, é mais alta, mais forte e mais rápida. Mais talentosa também.

Pode ser mera coincidência e que Teodosic tenha, se aproximando dos 30 anos, amadurecido para valer. Porém, é inegável que, desde a Copa do Mundo do ano passado, quando iniciou esse contato mais próximo com Djordjevic, seu jogo mudou. Ou melhor, se intensificou. Em quadra, o armador não perdeu o brilho, não deixou de arriscar, segue indomável. Mas com uma figura mais serena e aguerrida em quadra.

As viajadas ficaram raras, precisando mesmo de uma arbitragem calamitosa para tirá-lo do sério. Na defesa, tem contestado arremessos de fora e partindo para a dobra em algum adversário que queira mais atenção. Até mesmo quando seus companheiros fazem uma cesta, ele está comemorando! Afinal, foi nomeado capitão do time. (Favor imaginar aqui um emoticon cara de espanto, olhos arregalados. Você sabe qual.)

Nesses moldes, Teodosic virou um jogador que faz regularmente a diferença, perturbando agora apenas os adversários  e encantando quem vê de fora. Esses passes aqui não teve como ignorar:




Euroligado: as coisas ficam mais nebulosas
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Giancarlo Giampietro

Andrei Kirilenko está de volta ao CSKA. Enferrujado que só

Andrei Kirilenko está de volta ao CSKA. Enferrujado que só

Dentre tantas possibilidades de “Mal do Século” do jornalismo, no Brasil, na Suécia ou na Cochinchina, a capacidade de reagir de modo exagerado a uma notícia lá na parte de cima do ranking. Então não é porque o CSKA Moscou sofreu a segunda derrota nas últimas três rodadas, que tudo o que o time construiu até este momento precisa ser demolido pela crítica. Mas que as coisas na Euroliga ficaram mais nebulosas e, por isso, mais interessantes? Ah, se ficaram.

De líder e favorito disparado um mês atrás, com 15 vitórias seguidas, o clube russo agora se vê na terceira posição do Grupo F, o Grupo da Morte que, com o perdão da confusão, já não parece mais tão mortal assim – mas, de repente, pode ser, sim. Hoje, nos despedindo de fevereiro rumo a março, temos nas duas chaves do Top 16 um clima de suspense no ar.

(Clima de suspense no ar: taí um clichê que não pode ser descartado, né? A sonoridade da frase supera o desgaste do uso corrente.)

Responsável pela quebra da invencibilidade do CSKA há três semanas, o Olympiakos agora lidera o grupo, com sete vitórias e uma derrota, no início do returno, restando seis partidas pela frente. Protagonista da segunda derrota moscovita, o Fenerbahçe agora pulou para segundo, com as mesmas seis vitórias e duas derrotas de sua vítima, mas levando a melhor no saldo de pontos do duelo. Lembrem-se que os dois primeiros ganham mando de quadra nas quartas de final – e, numa série melhor-de-cinco, isso conta muito. Mas este não é o único drama a ser explorado: na quarta posição, tendo perdido o confronto direto nesta sexta, Anadolu já se vê incomodamente pressionado pelo Laboral Kutxa, algo que parecia impensável há pouco tempo atrás.

Do outro lado, no Grupo F, a história para ser acompanhada é a tentativa de reação do Barcelona de Huertas. Depois de sofrer três derrotas no primeiro turno, estando no quarto lugar, o clube catalão tem a missão de superar o Panathinaikos e o Maccabi Tel Aviv dentro da zona de classificação. Ao menos o dramático triunfo diante do Alba Berlin rende um pouco de conforto em relação a sua vaga nos mata-matas.

O jogo da rodada: CSKA Moscou 75 x 81 Fenerbahçe

Pode comemorar, Fener. Foi uma baita vitória

Pode comemorar, Fener. Foi uma baita vitória

Foi a partida que passamos ao vivo pelo Sports+ nesta sexta, ao lado do Mauricio Bonato. Daquelas que, ao final da transmissão, você se sente um sortudo de ter participado. Apelamos aqui a mais um clichê, então: aquele que evoca o boxe para fazer metáforas em outros esportes. Pois foi como uma luta franca de pesos pesados, mesmo, cada um trocando golpes até que, no minuto final, um ato de descontrole de Milos Teodosic pois tudo a perder para os anfitriões. Foi para estragar a festa de Andrei Kirilenko.

Sim, o Kirilenko! Quem se lembra dele? Relegado ao ostracismo da NBA após sofrer com dores crônicas nas costas e também bater de frente com Lionel Hollins, o astro russo foi mandado para Philadelphia. O que hoje, a liga americana, é o mais próximo que temos da Sibéria. AK47, claro, nem mesmo se apresentou ao clube. Até que, passada a data final para trocas, sem que ninguém demonstrasse interesse significativo em tirá-lo do Sixers, ele assinou sua rescisão contratual enfim e fechou prontamente com o CSKA, clube pelo qual foi o MVP em 2012. Resta saber se o craque vai conseguir entrar em forma para ajudar a equipe na reta final europeia. Outra questão fica por conta da tão sagrada química: o ala-pivô Andrei Vorontsevich, por exemplo, está jogando muito bem e seria uma tremenda injustiça se lhe tirassem muitos minutos. Vamos acompanhar.

Contra o Fener, o veterano jogou por apenas cinco minutinhos, claramente enferrujado. Marcou dois pontos e deu uma bela assistência para cravada de Sasha Kaun, que lhe prestou todas as homenagens e reverências em quadra. Tem moral, claro. De destaque, mesmo, fica seu corte de cabelo bem comportado. Era até difícil de identificá-lo em quadra.

Não foi a melhor partida para se estrear. O clube turco chegou a Moscou disposto a jogar duro, conseguindo a proeza de limitar o ataque adversário a míseros dez pontos no primeiro quarto. Na segunda parcial, porém, tudo mudou, com o CSKA marcando 27 pontos para tirar o atraso. No intervalo, os visitantes venciam por dois pontos (39 a 37).

Apesar de ver o rival deslanchar, Zeljko Obradovic deve ter ficado satisfeito pelo que seus rapazes fizeram em quadra. No duelo com seu pupilo, ex-braço direito e compadre Dimitris Itoudis, o sérvio optou por um jogo truncado, de meia quadra, anulando as possibilidades de jogo em transição para a equipe russa, algo que faz tão bem. Também soube preparar um esquema para limitar os tiros de três pontos, com muito sucesso (levou apenas cinco em 20, 25%). Outro setor que funcionou: a disputa pelos rebotes, com 16 ofensivos e 43 no geral.

Em termos de destaques individuais, também vale mencionar  Jan Vesely, que, com sua sua capacidade atlética invejável, também marcou presença no garrafão, com 14 pontos, 5 rebotes e inacreditáveis 80% nos lances livres (4/5, sendo que sua média na temporada de 39%). Voltando de lesão, Bogdan Bogdanovic se desdobrou na defesa e ainda contribuiu com 13 pontos. Nemanja Bjelica somou um duplo-duplo de 11 pontos e 13 rebotes em apenas 25 minutos e teve muito sangue frio no final para selar o triunfo.

Foi necessário, já que no segundo tempo as equipes se alternaram constantemente no placar. Perdi a conta de quantas vezes trocaram uma liderança de um só pontinho no quarto período. Até que, no minuto final, Teodosic reclamou uma barbaridade de uma falta marcada em disputa de rebote ofensivo e foi expulso de quadra – um raro momento de destempero para o genioso armador nesta temporada, a melhor de sua carreira. Foi um estrago daqueles: seu compatriota Bjelica teve quatro lances livres para cobrar, matando três. Na posse de bola seguinte, Bogdanovic acertou mais um lance livre, e a vantagem do Fenerbahçe chegou a 78 a 72. Aí já era.

Na trilha de Huertas

Satoransky, agora titular

Satoransky, agora titular

Já havia acontecido na decisão da Copa do Rei contra o Real, com o Barça saindo derrotado, mas a notícia aqui é que o armador brasileiro perdeu seu posto de titular para Tomas Satoransky. O jovem tcheco abraçou a chance que ganhou de Xavier Pascual e ajudou o clube espanhol a vencer o Alba Berlin, apenas na prorrogação, com 11 pontos e 8 assistências em 28 minutos. Huertas jogou por apenas 16 minutos e terminou com 5 pontos e 2 assistências. Juan Carlos Navarro retornou, com 14 pontos em 19 minutos, com 6/6 nos lances livres.

Lembra dele? Samardo Samuels (Olimpia Milano)
É, a gente poderia falar que Samuels foi aquele brutamontes que acompanhou Anderson Varejão nos anos de pindaíba do Cleveland Cavaliers pós-e-pré-LeBron. Mas, no fim, depois de uma fatídica Copa América de 2013 para o basquete brasileiro, a referência obrigatória ao atleta se tornou a Jamaica, que terminou de humilhar a seleção de Rubén Magnano na Venezuela com uma vitória/derrota histórica. Dureza. Pois bem. O pivô está hoje em sua segunda temporada Olimpia Milano. Na quinta, teve talvez aquela que seja a partida de sua vida, ao acumular 36 pontos (27 no primeiro tempo!), 9 rebotes e um índice de eficiência de 47 pontos, completamente anormal para os padrões da liga, em vitória sobre o Nizhny Novgorod por 85 a 76. Ele converteu 14 de seus 16 arremessos de dois pontos, um recorde na fase de top 16. Como diria o Bonato, saca só:

Em números
119 – É o saldo de pontos do Real Madrid após oito rodadas do Top 16. O mesmo Real que já suscitou textos e textos na imprensa espanhola sobre uma suposta crise interna no departamento de basquete do clube, sobre a possível demissão de Pablo Laso e tudo mais. O time realmente fez alguns jogos preocupantes na temporada, mas, no geral, vai se acertando desde o retorno de Rudy Fernández de uma cirurgia na mão direita. Para relativizar o saldo, o CSKA é aquele que mais se aproxima dessa marca nessa fase, com 64.

10 – Mais uma rodada de Euroliga, mais uma atuação formidável de Vassilis Spanoulis, que liderou o Olympiakos a uma vitória por 77 a 72 sobre o lanterninha Unicaja Málaga. O armador grego teve aproveitamento de 100% nos lances livres, acertando todas as duas 10 tentativas. Também distribuiu 10 assistências em um duplo-duplo com 18 pontos.

9 – Juntos, os ‘armadores’ Darius Adams e Mike James somaram 9 turnovers pelo Laboral Kutxa, justamente no confronto com Thoma Heurtel, o antigo titular da posição no clube basco, hoje no Anadolu. Ainda assim, com uma excelente partida do pivô Colton Iverson, a equipe espanhola conseguiu uma importantíssima e surpreendente vitória, por 87 a 84. O grandalhão, cujos direitos na NBA pertencem ao Boston Celtics, marcou 17 pontos e pegou 11 rebotes em 24 minutos. Do seu lado, Heurtel saiu de quadra com 17 pontos e 5 assistências em 26 minutos. Juntos, os esfomeados Adams e James ficaram com 8 pontos e 6 assistências. Que coisa.

7 – Talvez o Fenerbahçe nem se importe com isso de mando de quadra nas quartas de final. Em Moscou, o time de Obradovic chegou a sua sétima vitória consecutiva fora de casa.

As jogadas da semana


Euroligado: oscilações acontecem, mas CSKA é uma constante
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Giancarlo Giampietro

Andrey Vorontsevich fecha a porta na cara de Tarence Kinsey

Andrey Vorontsevich fecha a porta na cara de Tarence Kinsey

O Top 16 da Euroliga vai se apresentando de maneira bem traiçoeira, com altos e baixos para todos os envolvidos. Menos para o CSKA Moscou, quer dizer. O clube russo se mantém como uma constante em vitórias e invencibilidade, mesmo quando oscila um pouco: na quinta semana da segunda fase, alcançou sua 15ª consecutiva ao derrotar o conterrâneo Nizhny Novgorod por 103 a 95, na prorrogação.

A cinco minutos do fim, parecia que estava tudo tranquilo para o gigante moscovita no confronto, vencendo por 11 pontos. Permitiu, contudo, uma recuperação para o emergente clube russo, precisando jogar um tempo extra para triunfar e ser o , com Milos Teodosic (25 pontos) cumprindo novamente com seu papel de finalizador em momentos de pressão. O CSKA agora é o único invicto nesta segunda etapa da competição continental.

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Isso porque o Olympiakos foi oprimido pelo Anadolu Efes de seu ex-mentor, Dusan Ivkovic, que deu uma aula de defesa, ao passo que o Real Madrid reencontrou o Maccabi Tel Aviv pela primeira vez desde a histórica final da temporada passada e saiu mais uma vez derrotado naquele que foi o…

O jogo da rodada: Maccabi Tel Aviv 90 x 86 Real Madrid
Boa parte das bases finalistas em 2014 estão mantidas, mas não dá para dizer que elas sejam as mesmas equipes. Ambas caíram,  principalmente o Real Madrid, que foi o melhor time europeu no último campeonato – isto é, até a decisão. Os espanhóis perderam muito em velocidade e capacidade atlética com a saída de Nikola Mirotic e Tremmell Darden. Ficaram mais vulneráveis na defesa e menos explosivos no ataque.

Mais toco: agora de Brian Randle contra Sérgio Rodríguez

Mais toco: agora de Brian Randle contra Sérgio Rodríguez

Ainda assim, têm um forte conjunto, com chances de ser campeão e capaz de abrir uma vantagem de nove pontos em Tel Aviv no primeiro tempo: 54 a 46. Na segunda etapa, porém, tomaram a virada, sendo derrotados por 12 pontos. O sistema defensivo do Real não conseguiu conter nem as infiltrações de Jeremy Pargo e MarQuez Haynes (tal como haviam sofrido com Tyrece Rice e Ricky Hickman no clássico anterior, perdendo o título), nem o jogo interior do peso-pesado Sofoklis Schortsanitis. Pargo deu nove assistências e só descansou 1min40s. O Baby Shaq grego também jogou mais que o normal: 28 minutos, o dobro de sua média na temproada, e somou 17 pontos e 8 rebotes.

No ataque, o trio Llull-Rodríguez-Fernández combinou para apenas 20 pontos e 8/24 nos arremessos, prevalecendo aqui a retaguarda do Maccabi, orientada por Guy Goodes a fazer a troca a cada corta-luz. O time israelense podia intensificar essas mudanças de marcação especialmente nos minutos em que Schortsanitis estava no banco, apostando na agilidade do restante de seus pivôs (Alex Tyus, Brian Randle e Joe Alexander, reforço para o Top 16 que não desperta boas lembranças no torcedor do Milwaukee Bucks). Felipe Reyes foi o único merengue a brilhar em Tel Aviv, com 20 pontos, 11 rebotes e 3 assistências, atingindo índice de eficiência de 35, que lhe valeria o prêmio de MVP da jornada, não tivesse sua equipe perdido.

Llull ao menos converteu uma cesta de três a menos de 20 segundos do fim para deixar o Real a dois pontos do Maccabi. De imediato, os visitantes fizeram falta em Alexander, parando o cronômetro e botando o americano em uma situação supostamente desconfortável no lance livre. Um dos fiascos do Draft de 2008, recuperado de diversas cirurgias vindo da D-League da NBA, o americano não se abalou com a pressão e matou seus dois chutes para selar a vitória.

Na trilha de Huertas
O brasileiro não precisou fazer muito em vitória de recuperação para o Barcelona sobre o Zalgiris Kaunas, por 89 a 72, em casa. Foram dois pontos, seis assistências e cinco rebotes para o armador, que errou todos os seus seis arremessos de quadra, em 21 minutos. Num jogo tranquilo, Xavier Pascual nem deu bola, podendo preservar seus principais atletas. No finalzinho, o técnico ainda tirou do banco o ala Emir Sulejmanovic, de 19 anos, de quem se espera muito na base do gigante catalão. Pascual, todavia, podia ter dado mais que 10 segundos para esse jogador que defendeu as seleções menores da Finlândia, mas vai jogar pela Bósnia-Herzegovina daqui para a frente. Uma das assistências de Huertas, de qualquer forma, poderia ter valido por, no mínimo, duas:

Veja a classificação geral do Top 16
Confira os resultados e estatísticas

Olho nele: Davis Bertans (Laboral Kutxa)
Alô, #SpursBrasil. Draftado por RC Buford em 2011, na 42ª posição, o ala está devidamente recuperado de uma cirurgia no joelho e vem recebendo extenso tempo de quadra nesta Euroliga, como titular do clube basco aos 22 anos. Com 2,08 m e um excelente arremesso, Bertans faz os olheiros profissionais salivarem há um tempão. Na vitória por 102 a 83 sobre o decepcionante Olimpia Milano, a revelação letã marcou 19 pontos em 16 minutos, castigando a defesa italiana com seu chute de fora (4-5 nos disparos para três pontos e 6-7 no geral). O problema é que o jovem jogador tende a estacionar no perímetro e forçar muito a barra nas bolas de longa distância, quando está claro que tem fluidez para fazer mais que isso. Pode ser muito mais que um clone magro de Matt Bonner.

Em números
7.000 – Dimitris Diamantidis ultrapassou a casa de 7 mil minutos de tempo de quadra na Euroliga, aproveitando-se das lesões recentes de Juan Carlos Navarro para assumir mais um recorde em sua carreira no basquete continental – ele já é o líder no ranking de assistências e roubos de bola. Ao todo, o legendário armador do Panathinaikos disputou 239 partidas do campeonato, empatando com seu ex-companheiro de clube e seleção Kostas Tsartsaris. Navarro jogou 266 vezes e segue em atividade, enquanto mais uma lenda grega, Theo Papaloukas, aposentado, tem 252. Para Diamantidis, o principal foi comemorar com mais uma vitória, e fácil, sobre o Galatasaray por 86 a 77, em casa. Ele fez uma de suas melhores partidas da temporada, com 14 pontos, 6 assistências e 5 rebotes, em 27 minutos.

1.288 – Na derrota para o Maccabi, Felipe Reyes, ícone do Real, se tornou o maior reboteiro da história da Euroliga, ultrapassando o talentoso e polêmico turco Mirsad Turkcan, primeiro de seu país a jogar pela NBA (em tímida passagem por New York Knicks e Milwaukee Bucks de 1999 a 2000, é verdade) e figura que liderou a competição nesse fundamento em três temporadas.

34 – Foi o índice de eficiência de Ante Tomic no triunfo do Barça, valendo mais um prêmio de MVP. O pivô croata somou 16 pontos, 9 rebotes, 5 assistências e 2 tocos, em 24 minutos de perfeição ofensiva (6-7 nos arremessos, 6-6 nos lances livres, nenhum turnover).

2 – O Anadolu Efes conseguiu algo impensável: limitar Vassilis Spanoulis a míseros dois pontos na vitória sobre o Olympiakos por 84 a 70. É até difícil de qualificar este feito. O armador jogou por 27 minutos e simplesmente não encontrou o rumo da cesta, errando todos os seis arremessos que tentou e terminando com três turnovers e apenas uma assistência. Tudo isso resultou num calamitoso índice de -5 na eficiência. Sua menor pontuação na temporada havia sido 9, contra o Laboral Kutxa e o Olimpia Milano. Mérito em quadra para os americanos Matt Janning e Dontaye Draper, que dividiram a responsabilidade de perseguir o astro e fizeram um trabalho excepcional de carrapato. Os grandalhões Stephane Lasme, Nenad Krstic e Dario Saric também ajudaram nessa, compondo sempre um paredão duplo para cima de Spanoulis, quando este chamava o corta-luz, ficando invariavelmente encurralado. Do ponto de vista de posicionamento tático e dedicação em quadra, foi uma aula de defesa do Anadolu no segundo tempo, com a orientação do professor Ivkovic, que foi, também, duas vezes campeão pelo clube grego (1997 e 2012). No ataque, apenas um anfitrião não pontuou: o caçula Furkan Korkmaz, ala-armador de apenas 17 anos.

As 10 jogadas da semana


Euroligado: um quarto inesquecível para Huertas
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Giancarlo Giampietro

Diamantidis, considerado um dos melhores defensores do basquete europeu na história, não conseguiu parar Huertas

Diamantidis, considerado um dos melhores defensores do basquete europeu na história, não conseguiu parar Huertas

Dentre todos os brasileiros que estão em atividade no exterior, o pivô Augusto Lima é aquele que vive a melhor temporada, no geral. Já contamos essa história. Mas aquele que vive a melhor fase é Marcelinho Huertas, conforme notado há algumas semanas também. Nesse excelente momento individual por que passa o armador,  os dez minutos mais vultuosos aconteceram nesta sexta-feira, no terceiro período da vitória providencial do Barcelona sobre o Panathinaikos, por 80 a 76. Foram, talvez, sem exagero, os dez melhores minutos de sua carreira – algo que só ele pode confirmar, claro.

Anotem essa: no confronto transmitido pelo Sports+, com Rafael Spinelli e Ricardo Bulgarelli, o paulistano matou seis bolas de longa distância depois do intervalo, sendo cinco delas de modo consecutivo. A sequência só foi interrompida por um pedido de tempo de Dusko Ivanovic, técnico do time grego e seu comandante por duas temporadas no Baskonia (hoje Laboral Kutxa). O sérvio pode ter tentado “marcar” o ex-pupilo, uma vez que sua defesa não conseguia pará-lo de modo algum, mas não deu certo.

Os dois primeiros arremessos caíram para dar ao Barça a liderança no início do terceiro quarto (45 a 40), depois de fal-e-cesta em cima de Esteban Batista. O americano DeMarcus Nelson converteu uma bandeja em infiltração para descontar. O ataque do Barça teve, então, bela movimentação de bola – destaque aqui para o pivô Ante Tomic, excelente passador a partir de marcações duplas – para encontrar o brasileiro novamente no perímetro. Livre, deu cesta. Na posse de bola seguinte, para desespero de Ivanovic, lá estava Huertas novamente sozinho para encaçapar a quarta, abrindo vantagem de nove pontos. Aí veio o pedido de tempo. O ala Vlantimir Giankovitz acertou um gancho. No ataque seguinte… Nova bomba de três para Huertas,  a quinta em menos de três minutos. Ao final da parcial, no último ataque catalão, ele contou com um pouco de sorte num chute de muito longe, a partir do drible, para fazer a sexta cesta de longe. Saíram, deste modo, 18 de seus 22 pontos.

(O Panathinaikos ainda apertou o jogo e vendeu cara a derrota, ficando a um ponto do empate no finalzinho, mas o time da casa sobreviveu, para somar sua primeira vitória na fase de Top 16.)

Na temporada, Huertas estava com um aproveitamento de 45,1% nos arremessos de fora. Já era o melhor rendimento de sua carreira na Euroliga, superando os 44,2% de 2010-11, pelo Baskonia, justamente sob a orientação de Ivanovic – e bem mais produtivo que os 33,8% do campeonato passado ou que os 35,6% da carreira, por exemplo. Depois da formidável jornada, no entanto, elevou este número para 51,3%. Nos últimos cinco jogos, são 66,6% (12/18).

Quando o armador está com uma pontaria dessas, seu jogo simplesmente vira um pesadelo para a concorrência, já que eles não podem se descuidar de suas infiltrações. Não apenas por sua capacidade para matar aqueles chutes lindos em flutuação, como também pela destreza nos passes, para deixar Tomic e os pivôs do Barça em ótima posição para finalização, ou para encontrar arremessadores como Navarro e Oleson abertos na zona morta. Rubén Magnano deve estar empolgado.

PS: neste domingo, numa partida que a Liga ACB já define como “apoteótica”, o Barça derrotou o Unicaja Málaga por 114 a 110, com mais 19 pontos e 8 assistências de Huertas, em 27 minutos. O jogo foi definido na prorrogação apenas, na Catalunha.)

O jogo da rodada: Anadolu Efes 74 x 70 Unicaja Málaga
Foi daquelas vitórias que deixa o time vencedor em êxtase, ao passo que os perdedores entram em luta contra a depressão. Vindo de uma sequência de cinco reveses pela competição – embora lidere a Liga ACB de forma surpreendente –, a equipe malagueña, com sua proposta de jogo acelerado, venceu o primeiro tempo em Istambul por 15 pontos de vantagem (49 a 34). Mas marcou apenas 21 pontos depois do intervalo, com um desempenho ofensivo tenebroso.

A diferença foi construída com base em bom desempenho dos pivôs Will Thomas e Vladimir Golubovic na linha de frente, assessorados pelo armador Jayson Granger, todos reservas na rotação volumosa de Joan Plaza. No terceiro período, contudo, não houve quem conseguisse superar uma defesa muito bem armada por Dusan Ivkovic, que forçou uma série de chutes desequilibrados de seus oponentes, levando apenas oito pontos em dez minutos. Com múltiplas conversões de três do outro lado, a jovem equipe turca empatou o placar em 57 a 57.

Por mais substituições que fizesse, Plaza não conseguiu encontrar uma resposta, e o Anadolu chegou a abrir 67 a 59 no placar, numa parcial impressionante de 33 a 10 desde o final do primeiro tempo. Foi só com o veterano islandês Jon Stefansson, após um pedido de tempo, que o treinador espanhol ganhou algum suporte em quadra, voltando a equilibrar as coisas para os dois minutos finais, ficando três pontos atrás (69 a 66). O armador naturalizado croata Dontaye Draper, no entanto, foi decisivo nas últimas posses de bola com uma bandeja e um chute de fora para definir o primeiro triunfo do time de Dusan Ivkovic (aquele que não gosta de americanos meia-boca, diga-se) no Top 16.

Dario Saric não teve dos jogos mais empolgados no ataque (5 pontos e 2 assistências em 29 minutos, com 2/4 nos arremessos), mas o jovem ala Cedi Osman voltou a produzir bem, com 12 pontos em 16min54s, matando 5/10.

O que os cartolas pensam
Na segunda parte de sua enquete com os gerentes gerais dos times que disputam o Top 16, a Euroliga se concentrou nos jogadores – algo sempre mais interessante (neste link e neste também). Vamos a alguns dados:

euroleague-survey-mvp-2015-teodosic

– Marcelinho Huertas foi apontado como o quarto melhor armador do campeonato, com 8,3% dos votos, atrás de Milos Teodosic (CSKA, 41,6%), Sérgio Rodríguez (Real Madrid, 25%) e Vassilis Spanoulis (Olympiakos, 16,6%). Páreo duro, mesmo. Na hora de responder sobre quem seria o melhor passador, Huertas voltou a aparecer em quarto, ao lado do francês Thomas Heurtel, do Anadolu, com o mesmo percentual, atrás de Rodríguez (29,1%), Teodosic (25%) e Dimitris Diamantidis (Panathinaikos, 20,3%).

– Teodosic recebeu 33,3% dos votos na hora de palpitar sobre o eventual MVP dessta temporada, superando Boban Marjanovic (20,8%) e Tomic (12,5%). Andrew Goudelock, do Fenerbahçe, Nando De Colo e Sonny Weems, ambos do CSKA, Rudy Fernández, do Real, James Anderson, do Zalgiris, e Spanoulis também foram citados.

– Goudelock foi apontado com o melhor americano da competição, com 33,3%, acima de Weems, Anderson e Keith Langford, do já eliminado UNICS Kazan.

– Os alas-pivôs Stephane Lasme, do Anadolu, e Kyle Hines, do CSKA, foram apontados com os melhores defensores, com 16,6%. Hines ganhou a votação de jogador mais durão, mais chato de se lidar, com 16,1%.

– Agora, se eles tivessem o direito de assinar com qualquer jogador da Euroliga, sem nenhuma restrição, o alvo seria Spanoulis, com 33,3%, seguido por Tomic (12,5%), Bogdan-Bogdan, Weems e De Colo (8,3%).

Lembra dele? Felipe Reyes (Real Madrid)

Reyes, em seu gancho tradicional: fundamento, QI e determinação

Reyes, em seu gancho tradicional: fundamento, QI e determinação

O eterno coadjuvante. Reyes, 34, sempre foi mencionado na segunda linha de todos os textos sobre a era dourada espanhola, depois de Pau Gasol, Navarro, Calderón e até de Garbajosa. Pois o país já praticamente trocou de gerações, e o veterano  ala-pivô do Real se aprofundou na sua condição de coadjuvante. Em termos de esforço, consistência e fundamentos, porém, estamos falando de um craque, realizando uma Euroliga sensacional (sua 11ª!). Em vitória por 93 a 78 sobre o Galatasaray, na quinta, ele marcou 22 pontos e pegou 11 rebotes em apenas 22 minutos, acertando 9 de 13 arremessos, atingindo índice de eficiência de 29, para dividir o prêmio de MVP da jornada com o americano Brian Randle, do Maccabi Tel Aviv. Estraçalhou, num ritmo ainda mais forte do o que vem imprimindo na temporada (médias de 11,3 pontos e 6,1 rebotes em 17 minutos).

Em números

Goudelock fez o que quis no segundo tempo contra o Nizhny: tiros de três, bolas em flutuação, bandejas lindas. O mini Mamba faz estragos na Euroliga e já é considerado pelos cartolas o melhor americano e o melhor shooting guard da competição, além do segundo melhor arremessador, atrás de Jaycee Carroll, do Real

Goudelock fez o que quis no segundo tempo contra o Nizhny: tiros de três, bolas em flutuação, bandejas lindas. O mini Mamba faz estragos na Euroliga e já é considerado pelos cartolas o melhor americano e o melhor shooting guard da competição, além do segundo melhor arremessador, atrás de Jaycee Carroll, do Real

23 – O total de pontos anotados por Goudelock em apenas 24 minutos, na vitória do Fenerbahçe sobre o Nizhny Novgorod, por 78 a 60, guiando uma arrancada do clube turco no segundo tempo. O que vale ressaltar aqui: a flexibilidade que Zeljko Obradovic tem em seu elenco. Sua defesa melhorou muito após o intervalo, quando ele abriu mão de jogar com seus pivôs mais pesados (Savas, Erden e Zoric), emparelhando Jan Vesely, Emir Preldzic e Nemanja Bjelica. Que trio, não? Versáteis, ágeis, espichados, podendo trocar na marcação sem problemas, tapando o garrafão.

12 – O CSKA chegou a 12 triunfos consecutivos, sustentando sua invencibilidade, ao bater o Laboral Kutxa por 99 a 90 – partida que transmiti pelo Sports+. O clube russo claramente jogou para o gasto, ciente de sua superioridade em relação ao time espanhol, aquele que mais trocou peças durante a competição. Juntos, Teodosic e De Colo contribuíram com 35 pontos e 13 assistências, com 10/21 dos arremessos.

1 – Apeas um time do Grupo E conseguiu duas vitórias nas duas primeiras rodadas do Top16: o Real. De resto, temos seis times empatados com 1-1 e o Estrela Vermelha na lantetrna, com 0-2. No Grupo F, Olympiakos, CSKA e Anadolu estão com 2-0, com o time grego liderando a chave com base no saldo de pontos (+32).

Tuitando


Euroligado: juventude nada transviada na 5ª semana
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Giancarlo Giampietro

Cedi Osman celebra com Dogus Balbay: grande promessa do basquete turco

Cedi Osman celebra com Dogus Balbay: grande promessa do basquete turco

Quando o legendário Dusan Ivkovic decidiu voltar de prolongadas férias para assumir o comando do Anadolu Efes, ele fez questão de dizer que chegava para fazer a garotada do clube jogar. Não foi questão de falácia, não. Num time com investimento pesado para a temporada, os atletas mais jovens ganharam mais espaço com o técnico sérvio, e os frutos já começam a ser colhidos pelo clube turco. Nesta sexta, Cedi Osman, 19, Furkan Korkmaz, 17, e o prestigiado Dario Saric, 20, receberam minutos importantíssimos no quarto final e viram – ou fizeram – sua equipe vencer o poderoso Real Madrid naquele que foi o…

O jogo da rodada: Anadolu Efes 75 x 73 Real Madrid
O ginásio em Istambul já estava bombando antes de a bola subir. A empolgação do público para receber, com vaias e impropérios, o Real, que vinha de 12 vitórias seguidas, contando supercopa e liga espanholas. O tipo de sequência que já fazia o torcedor merengue cogitar a possibilidade de repetir o inesquecível início da temporada 2012-2013., no qual atingiu a incrível marca de 31 jogos sem derrota. Mas eles pararam bem antes disso.

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O Anadolu jogou com muita energia, sem se incomodar em correr a quadra toda contra o veloz time do Real, buscando os desarmes no perímetro para sair em transição. Uma proposta que propiciou uma partida frenética e agradável. A correria, claro, favorecia a molecada, com Osman, que já disputou a Copa do Mundo adulta, sendo o destaque do jogo. O garoto produziu demais no contra-ataque, com aproveitamento perfeito na linha de três, mas também atacando a tábua ofensiva com ferocidade. Ele terminou com 16 pontos, seu recorde pessoal na Euroliga. Foram também sete rebotes para ele – o mais importante deles nos segundos finais do jogo. Dario Saric também foi muito relevante em quadra na segunda etapa, com 13 pontos, 5 rebotes e 2 assistências, fazendo um pouco de tudo.

Na última posse de bola, Milko Bjelica foi barrado em sua tentativa de bandeja. Osman invadiu o garrafão para tentar o tapinha, mantendo a bola viva. Na sequência, o ala Matt Janning deu mais um toque na bola para vencer o cronômetro – e a partida. Um herói inesperado: o ala americano, que nem havia entrado em quadra no segundo tempo, não faz uma boa bem temporada, pecando no seu principal fundamento (o tiro de três pontos). Ele acabou se consagrando num rebote ofensivo ainda mais improvável para fechar um jogo que tive o prazer de transmitir pelo Sports+.

Para constar, o Real, cujos defensores assistiam a toda essa farra em seu garrafão passivamente, jogava sem Rudy Fernández, que operou a mão direita e não tem previsão de retorno, mas o Anadolu também foi para a quadra sem Nenad Krstic, seu principal pivô, afastado devido a uma fratura no braço esquerdo.

Huertas cola no ala Vlantimir Giankovits

Huertas cola no ala Vlantimir Giankovits

Os brasileiros
Marcelinho Huertas tem, no Barcelona, a missão de fazer a bola rodar, de dar estabilidade e ritmo de jogo. É o seu papel na equipe, que ele faz muito bem. Por isso é preciso cuidado na hora de ver sua linha estatística na vitória sobre o Panathinaikos: 8 pontos, 5 assistências e 3 rebotes em 27 minutos. Ah, mas só isso de assistências? Bem, mas lembrem-se que a computação da Euroliga é bem mais rígida que a da NBA. Além disso, uma boa armação não precisa ser medida obrigatoriamente pela quantidade de passes direto para a cesta. Depende de cada time. O Barça tem um ritmo bem cadenciado, com a bola girando bem entre todos em quadra.

JP Batista acabou passando batido no duelo com o fortíssimo e invicto CSKA Moscou, que venceu o Limoges, fora de casa, por 86 a 76. Mas não se enganem com o placar: foi uma vitória suada para o clube russo, com uma virada avassaladora no quarto final, vencido por 27 a 5. Sim, foram 22 pontos de vantagem para os visitantes. O pivô pernambucano jogou por 13 minutos e ficou zerado em pontos e rebotes. Enfrentar um garrafão com Sasha Kaun e Kyle Hines é uma dureza.

Um causo
O Laboral Kutxa tomou um sacode surpreendente do Estrela Vermelha, em casa, perdendo por 86 a 66, ainda no vestiário, o técnico italiano Marco Crespi foi comunicado sobre sua demissão. Foi a chamada demissão sumária, mesmo, para um cara que trabalhava fora de seu país pela primeira vez, tendo sido contratado para este campeonato. Os jogadores só foram saber em contato com a imprensa na zona mista, na saída do vestiário. O clube basco tem duas vitórias e três derrotas na Euroliga. Na liga espanhola, dois triunfos e quatro reveses. Começo ruim de campanha, ok. Mas era pouco mais de um mês de trabalhado… Acontece lá também. O destaque da partida foi o ala Luka Mitrovic, de apenas 20 anos, mais um jovem sérvio que ainda vai dar o que falar. Ele teve 17 pontos, 5 rebotes e 2 assistências, fazendo um pouco. Crespi já foi diretor do departamento de scout internacional de Suns e Celtics.

Arrivederci, Marco

Arrivederci, Marco

Lembra dele? MarShon Brooks (Olimpia Milano). Ele mesmo, o ala que já se comparou a Kobe Bryant ao sair da universidade e iniciar sua carreira como profissional pelo Nets e passou por Boston Celtics, Golden State Warriors e Los Angeles Lakers. Sem mercado na NBA, Brooks teve de seguir sua carreira profissional na Europa, com uma boa oferta do Olimpia Milano, clube italiano que tenta voltar ao patamar dos grandes no Velho Continente. Na vitória sobre o Turow Zgolarec por 90 a 71, essencial para um time que vinha penando na temporada, o ala americano anotou 10 pontos e pegou 4 rebotes. Nada espetacular, mas pelo menos é alguma coisa num momento delicado para o jogador, que corre risco de ser dispensado. A imprensa italiana já especula que o Milano vem vasculhando o mercado para um possível substituto. A diretoria está frustrada com o lateral.

Em números
27 – Olho no Olympiakos: os bicampeões da Euroliga em 2012 e 2013 vai muito bem, obrigado, na primeira fase. Nesta quinta, o time bateu o Galatasaray, em casa, por 93 a 66, com 27 pontos de vantagem. Um resultado impressionante. O pivô Othelo Hunter, que já teve breve passagem pelo Atlanta Hawks, anotou 17 pontos e pegou 10 rebotes. O craque Vassilis Spanoulis somou 16 pontos e 7 assistências. Oito atletas do clube grego marcaram mais de 7 pontos.

16 + 12 – Milos Teodosic conseguiu nesta sexta seu terceiro double-double em apenas cinco jogos pelo CSKA, com 16 pontos e 12 assistências em 32 minutos. De novo: o sérvio vai jogando talvez o melhor basquete de sua carreira, empolgadíssimo depois da ótima participação na Copa do Mundo. Rubén Magnano que o diga.

10 – Assim como Robert Day, Andrew Goudelock matou uma dezena de bolas de longa distância em 12 tentativas, na vitória do Fenerbahçe sobre o Bayern de Munique, fora. Foi o recorde da competição. Apelidado de “Mini Mamba” nos Estados Unidos, depois de ter acompanhado Kobe Bryant em sua temporada de novato pelo Lakers, ele anotou 34 pontos e atingiu um ranking de eficiência de 40 pontos, ganhando o prêmio de MVP da jornada mais uma vez.

6 – O americano Brian Randle fez das suas novamente, dando sete tocos na crucial vitória do Maccabi Tel Aviv sobre o Unicaja Málaga, na Espanha. Os dois clubes estão agora empatados no Grupo C, com 3-2. Os espanhóis levam a melhor apenas no saldo de pontos (10 contra 6). Com a grave lesão de Guy Pnini, mais um a lidar com uma ruptura de tendão de Aquiles, cresce a importantância de Randle, um atleta bastante dinâmico, o para o atual campeão. Ele ainda contribuiu com 12 pontos, 7 rebotes e 2 assistências. De 2,03 m de altura, ele tem agora 2,4 bloqueios em média por partida.

3 – Com a derrota do Real em Istambul, restam três times invictos na temporada: Barcelona, na frente do Grupo B, CSKA liderando o C e o Olympiakos encabeçando o Grupo D.

Tuitando

O ala australiano foi dispensado pelo Clippers, mas descolou uma vaguinha no Utah Jazz para ajudar no progresso de Dante Exum – e também pelo fato de o time de Salt Lake City contar com um técnico que o conhece da Europa, Quin Snyder, que trabalhou com Ettore Messina no CSKA. De longe, segue sua ex-equipe ainda de perto. Devin Smith jogou demais contra o Unicaja, com 24 pontos e 10 rebotes.

Imaginem a bagunça no quarto 313, com tanta gente grande dentro, ainda mais depois de uma grande vitória do Estrela Vermelha sobre o Laboral Kutxa. O ala Nikola Kalinic, vice-campeão mundial, veio bem do banco de reservas, influenciando a partida com sua energia e capacidade atlética. Ele ainda tem muito o que evoluir em leitura de jogo e arremesso, mas segue um prospecto interessante, como pudemos testemunhar na Copa.

As 10 melhores jogadas da semana, galera. Aproveitem.


Euroligado: os invictos e o lanterna
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Giancarlo Giampietro

Depois de quatro rodadas, sobraram quatro invictos na Euroliga 2014-2015, cada um encabeçando um dos grupos da primeira fase: Real Madrid (A), CSKA Moscou (B), Barceona (C) e Olympiakos (D). Esses aí estão na crista da onda. Agora, depois de terem tomado uma série de caldos na abertura da temporada, o pessoal que vem de baixo também conseguiu respirar um pouco aliviado. Com o complemento da jornada e as vitórias surpreendentes do Turow Zgorzelec sobre o Bayern e do Cedevita Zagreb sobre o Maccabi em plena Tel Aviv e as do Valencia sobre o Laboral Kutxa e do Alba Berlim sobre o Limoges, 31 dos 32 times da competição já têm ao menos um triunfo.  O único que está fora da festa? O Dínamo Sassari. O estreante da Itália tomou um vareio do Real na quarta-feira, no primeiro jogo da semana.

O jogo da semana: Fenerbahçe 78 x 80 Barcelona
A partida que transmiti no Sports+ na quinta-feira, mas juro que não é o corporativismo falando mais alto aqui. Foi um duelo muito equilibrado, tenso, decidido apenas nos últimos instantes, envolvendo diversas figuras proeminentes. Ou os famosos craques, mesmo. Ao todo, estavam em quadra dez jogadores que disputaram a última Copa do Mundo, outros cinco de seleções nacionais, e, entre eles, seis atletas já tiveram experiência de NBA, além de oito que foram draftados por equipes da liga americana e ainda não cruzaram o Atlântico

Ante Tomic briga pelo rebote: a dureza do Grupo C da Euroliga

Ante Tomic briga pelo rebote: a dureza do Grupo C da Euroliga

O primeiro tempo terminou empatado em 41 a 41. O Barça abriu quatro pontos ao final do terceiro período, e o Fener descontou dois na última parcial. Pesou, no fim, o maior senso coletivo do time catalão. Simples assim. O clube turco mais uma vez estocou jogadores badalados no mercado europeu – e mundial – e novamente vem falhando em desenvolver uma química adequada. Antes do intervalo, o time até movimentou a bola. Mas, na hora do aperto, os (nem tão?) comandados de Zeljko Obradovic se perderam em arroubos egoístas, cada um deles tentando ser o herói da vez, forçando jogadas individuais, sem nem mesmo tentar um passe. Sem exagero. Contem nessa, no mínimo, Andrew Goudelock, Ricky Hickman e, na posse de bola final, Emir Preldzic (justo ele, um cara que tem no passe e na visão de jogo um diferencial).

Sim, ainda assim a partida foi definida com vantagem mínima para o gigante espanhol. O que dá noção sobre o potencial do Fener. Se Obradovic vai conseguir endireitar a trilha dessa vez, evitando um novo fiasco, é a grande dúvida. Do lado barcelonista, fica um destaque para o ala-armador Brad Oleson, um baixinho que não mete medo em ninguém à primeira vista, mas que é um cestinha mortal. Foi com duas bolas de três do americano, natural do Alasca, que os visitantes abriram uma vantagem de oito pontos, a oito minutos do fim, crucial para encaminhar o quarto triunfo.

Os brasileiros
Marcelinho Huertas teve mais uma boa partida em Istambul, num dos ginásios que vai se tornando dos seus favoritos no continente europeu. Na temporada passada, o armador já havia detonado o Fenerbahçe num confronto pela fase de Top 16, com 23 pontos, 7 assistências e 4 roubos de bola num triunfo por 76 a 73, superdecisivo no quarto período. Nesta quinta, sua atuação não chegou a ser um estouro, mas foi produtiva: nove pontos, seis assistências e quatro rebotes, convertendo quatro de dez arremessos de quadra. Uma dessas bolas aconteceu no estouro do cronômetro do primeiro tempo, com uma bola de longa distância usando o quadradinho:

Além desse highlight, Huertas também estrelou outra pintura, com essa assistência abusada para o croata Ante Tomic:

JP Batista: o Limoges teve uma rodada infeliz, perdendo para o Alba Berlim na capital alemã. Não que fossem amplos favoritos, nem nada disso. O problema é que o triunfo por 89 a 66 foi incontestável, com uma larga vantagem aberta já no primeiro tempo, que reabilita o adversário e tem repercussão na tabela. As duas equipes agora estão empatadas no Grupo B, com 1-3. É a mesma campanha do Cedevita Zagreb. O campeão francês, porém, cai para a lanterna, com pior saldo de pontos. O pivô anotou nove pontos e pegou dois rebotes em 17min52s, sendo que cinco pontos saíram na linha de lances livres. Forte toda vida, o pernambucano é difícil de ser parado quando bem acionado no garrafão.

Teodosic está com tudo

Teodosic está com tudo

Lembra dele? Milos Teodosic (CSKA Moscou)
E como esquecer um dos artífices da vitória sérvia sobre a seleção brasileira pelas quartas de final da Copa do Mundo? Pois Teodosic está numa fase iluminada desde o torneio, carregando o alto astral para a temporada europeia. Nesta sexta, em mais uma belíssima partida transmitida pelo Sports+ – com ataques muito produtivos e soltos, de ritmo acelerado –, o armador marcou 27 pontos e distribuiu 10 assistências na vitória do revigorado CSKA Moscou sobre o Unicaja Málaga por 95 a 85.  É impressionante  a facilidade de Teodosic com a bola. Ele tem seu próprio ritmo, longe de ser o mais veloz. Mas, com muita habilidade e inteligência, o cara vai abrindo espaço e tomando conta da defesa. Isso quando não freia na linha de três e castiga dali: foram 5/6 contra os espanhóis, que perderam a invencibilidade.

Para quem o acompanha, não chega a ser novidade. O que salta aos olhos, contudo, é o empenho do atleta em quadra, brigando por bolas perdidas como nunca. De soneca, nesses tempos, só a cara, mesmo. No geral, Teodosic travou um duelo de tirar o fôlego com o Jayson Granger. Em termos de eficiência, o uruguaio superou o sérvio por 2 pontos (33 a 31), vejam só. Sua linha estatística foi admirável: 20 pontos, 10 assistências e 2 roubos de bola. O armador vem evoluindo consideravelmente nas últimas duas temporadas e foi um verdadeiro maestro na condução dos pick-and-rolls.

Em números:
115 –
o Real Madrid massacrou o Dínamo Sassari em casa: 115 a 94. Essa foi a maior contagem do campeonato até aqui. Quer dizer, não só isso: vale também como a maior da Euroliga em sete anos, desde os 123 convertidos pelo Panathinaikos. Como o Real já havia marcado 112 pontos na semana passada contra o Nizhny Novgorod, acumulando 227 em duas rodadas consecutivas, algo que nunca havia acontecido na história da competição. Cinco jogadores merengues anotaram 14 pontos ou mais: Gustavo Ayón, Andrés Nocioni, Sérgio Lllull, Jaycee Carroll e o cestinha Felipe Reyes, com 17 em apenas 15 minutos.

James Anderson saiu da Filadélfia para Kaunas, e está tudo bem

James Anderson saiu da Filadélfia para Kaunas, e está tudo bem

38 – foi o índice de eficiência atingido pelo ala James Anderson pelo Zalgiris Kaunas na vitória por 77 a 71 sobre o UNICS Kazan. Uma grande atuação para o jogador ex-Spurs, Rockets e Sixers, com 27 pontos e incríveis 11 rebotes, todos defensivos, acompanhados de 4 assistências, 3 roubos de bola e 4 turnovers descontados. Em 32 americanos, ele converteu 8 de 17 arremessos e todos os seus nove lances livres, alguns deles sob pressão no finalzinho do jogo.

1 – ao fazer 89 a 78 em cima do Bayern, o Turow Zgorzelec, da Polônia, conseguiu seu primeiro triunfo em uma Euroliga. O resultado complica um pouco a vida do clube bávaro no Grupo da Morte, o C, entrando num empate tríplice de 1-3 com os próprios poloneses e o decepcionante Olimpia Milano, que perdeu feio para o Panathinaikos em Atenas: 90 a 63.

Tuitando

O Maccabi encara uma semana desastrosa com certo humor e resignação. No domingo, o time já havia sofrido contra o rival Hapoel Jersualém sua pior derrota na história pela liga israelense, por 30 pontos (93 a 63). Depois, para desespero de seus fanáticos torcedores, perderam para o modesto Cedevita Zagreb em casa.


No jogo em Tel Aviv, o técnico da equipe croata foi devidamente punido. Santa mania dos treinadores de invadirem a quadra para atacar/defender junto com seus atletas…

O jornalista espanhol faz os devidos elogios a Brad Oleson, um dos destaques do Barça. O jogador é discreto e decisivo. Sério e competitivo. Tem muito menos habilidade e cartaz que Andrew Goudelock, mas botou no bolso o compatriota do Fenerbahçe na quinta.


Por fim, o grande toco do tcheco Tomas Satoransky, reserva de Huertas no Barcelona. Nada como ter um armador de 2,01 m de altura para fazer a cobertura, não? Olho nesse jogador, já selecionado pelo Washington Wizards no Draft de 2012, na 32ª posição. Se o assunto são jogadores tchecos e o Wizards, não custa lembrar que, pelo Fener, jogou o inesquecível Jan Vesely, causando bastante impacto com sua capacidade atlética para rebotes e proteção do aro. Sim, o ala-pivô, que foi um infeliz fiasco na NBA.


Vai começar: a Euroliga 2014-2015 em números
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Giancarlo Giampietro

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O Barcelona conta com um dos brasileiros da Euroliga. Vocês sabem quem, né? Na foto

O basqueteiro sabe: quando chega outubro, o que ele mais ouve é: “Vai começar”.

Pois vai começar nesta quarta-feira a Euroliga de basquete, com um monte de jogadores que nos fizeram companhia durante a Copa do Mundo, dois brasileiros e o MarShon Brooks. Abaixo, alguns dados a respeito da segunda principal liga de clubes do mundo, que será transmitida no Brasil com exclusividade pelo canal Sports+, da SKY, time do qual farei parte novamente.  Jajá voltamos aqui com os times e jogadores para se ficar de olho, um contexto maior sobre os dois brasileiros no páreo – Marcelinho Huertas e JP Batista – e qualquer coisa que dê na telha.

Vamos lá, anotando:

76 – São 76 os jogadores dos Estados Unidos inscritos na competição, disparado o país com maior número de participantes no torneio. Em média, são mais de três por elenco. O atual campeão e vítima do Flamengo Maccabi Tel Aviv foi o que mais importou da fonte: oito! Mas nem todos são registrados como ianques, porém. No clube israelense, por exemplo, são três com cidadania local: o ala Sylven Landesberg e os pivôs Alex Tyus e Jake Cohen. Há americanos croatas, americanos bósnios, americanos belgas, e por aí vai.

Teodosic. Quem se lembra dele?

Teodosic. Quem se lembra dele?

66,6% – Da seleção sérvia que derrotou o Brasil pelas quartas de final da Copa, 8 atletas – ou 66,6% – jogam em clubes da Euroliga. O terror Milos Teodosic segue no CSKA Moscou, enquanto o pivô Nenad Krstic deixou a capital russa para jogar pelo Anadolu Efes, da Turquia. Em Istambul ainda aparecem o prodígio Bogdan Bogdanovic e o classudo Nemanja Bjelica, pelo Fenerbahçe. O pivô Vladmir Stimac saiu do Unicaja Málaga para o Bayern de Munique, mas o clube espanhol, por sua vez, completou sua cota com o armador Stefan Markovic. O Estrela Vermelha, único time do país disputando a competição, conta com os outros dois: o armador reserva Stefan Jovic e o atlético ala Nikola Kalinic. De resto? Miroslav Raduljca levou seus talentos, barba e Harleys para a China; Rasko Katic está em Zaragoza, Stefan Bircevic, em Madri (pelo Estudiantes) e Marko Simonovic, na França (pelo Pau-Orthez). O contingente sérvio, claro, não se limita a eles. Fora do Estrela, há mais nove jogadores espalhados pelo continente.

41 – É o número de atletas com experiência de pelo menos uma temporada regular completa na NBA – descartei os jogadores de contratos temporários, não-garantidos, com uma ou outra partida oficial ou amistosos de pré-temporada. Os dois que têm mais rodagem são Andrés Nocioni, nosso bom e velho e amigo, com  12.654 minutos (contando playoffs) e Krstic, com 11.252 minutos. Da safra nova, vale ficar de olho no que vão aprontar os alas MarShon Brooks (aquele mesmo ex-Nets, Celtics, Warriors, Lakers, seguidor de Nick Young, sem o carisma, mas que julga ser tão bom quanto um jovem Kobe Bryant e agora defende o Olimpia Milano), James Anderson (raro caso de talento mal desenvolvido em San Antonio, ex-Sixers, hoje no Zalgiris Kaunas) e Orlando Johnson (ex-Pacers e Kings, no Baskonia/Laboral Kutxa).

33,3% – Um terço dos clubes desta temporada não disputaram a última edição do campeonato: Dínamo Sassari (Itália), Nizhny Novgorod (Rússia), PGE Turow Zgorzelec (Polônia), Neptunas Klaipeda (Lituânia), todos estreantes, além de Limoges (da França, longe do torneio desde 1998), Valência (Espanha, desde 2011), Cedevita Zagreb (Croácia, desde 2013) e UNICS Kazan (Rússia, desde 2012).

Parla, Ginóbili!

Parla, Ginóbili!

13 – Há 13 anos que um clube da Itália, o país mais vencedor do torneio, não ganha leva o troféu para casa. O último foi o Virtus Bologna de um jovem Manu Ginóbili, em 2001, temporada na qual os times acabaram divididos em duas competições – a segunda com o nome de SuproLeague, ainda sob gestão da Fiba, que não foi adiante.

12 – No mapa da Euroliga, uma dúzia de países estão representados. A Espanha apresenta o maior contingente: cinco times (Barcelona, Baskonia/Laboral Kutxa, Málaga, Real Madrid e Valência). Rússia (CSKA Moscou, Nizhny Novgorod e UNICS Kazan) e Turquia (Anadolu Efes, Fenerbahçe e Galatasaray) têm três cada. Depois temos dois da Itália (Olimpia Milano e Dínamo Sassari), dois da Lituânia (Zalgiris Kaunas e Neptunas Klaipeda), 2 da Alemanha (Alba Berlim e Bayern de Munique), 1 da França (Limoges), 1 de Israel (Maccabi), 1 da Croácia (Cedevita Zagreb), 1 da Polônia (Turów Zgorzelec) e da Sérvia (Estrela Vermelha).

9 – A atual edição conta com nove campeões continentais, listados aqui pela ordem cronológica de seus primeiros títulos: CSKA Moscou (1961), Real Madrid (64), Olimpia Milano (66), Maccabi Tel Aviv (77), Limoges (93), Panathinaikos (96), Olympiakos (97), Zalgiris (99) e Barcelona (2003). Detalhe: o campeonato europeu de clubes só passou a ser disputado com o nome de Euroliga em 2001).

8 – Tal como acontece no futebol, o Real Madrid é o clube com mais títulos europeus, com oito. Da mesma forma que também acontecia nos gramados – até levantarem a taça na temporada passada –, os merengues aguardam há tempos, porém, a nona. Não sobem ao degrau do pódio desde 1995. Maccabi, CSKA e Panathinaikos têm seis títulos cada um.

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

Sergio Rodríguez, Señhor Barba MVP

5 – A Euroliga ainda tem um quinteto de MVPs em atividade nesta edição. Dificilmente eles poderiam jogar juntos, porém, já que estamos falando de cinco armadores: Juan Carlos Navarro (2009), Milos Teodosic (2010), Dimitris Diamantidis (2011) Vassilis Spanoulis (2013) e Sérgio Rodríguez (2014). Obs: o destaque de 2012 foi Andrei Kirilenko, ex-CSKA, durante a temporada do lo(u)caute da NBA.

3 – Uma tradição da Euroliga é a eleição dos MVPs de cada mês, assim como a NBA faz. O Barcelona tem uma curiosidade em seu plantel: com três prêmios cada um, Navarro e Ante Tomic são os dois recordistas nesse quesito. A longevidade de La Bomba impressiona: seus três troféus estão espalhados entre janeiro de 2006 e janeiro de 2011. Já o talentosíssimo pivô croata arrebentou na edição passada, faturando dois em sequência em fevereiro e março.

2 – Guerra da Cisplatina! Argentina, Brasil e Uruguai têm a mesma quantia de jogadores na Euroliga 2014-15: um par cada. Por essa você não esperava, né? Marcelinho Huertas (Barça) e João Paulo Batista (Limoges) fazem as vezes dos tupiniquins, enquanto Nocioni e o enjoado Facundo Campazzo representam os argentinos pelo Real Madrid. O espírito charrúa fica por conta do imortal Esteban Batista (Panathinaikos) e do armador Jayson Granger (Málaga). Obs: o jovem ala-pivô brasileiro Daniel Bordignon pertence ao Baskonia, mas foi emprestado para o Navarra, da Liga Adecco Oro, segunda divisão espanhola.

0 – O Cedevita Zagreb é o único time de todo o campeonato que não conta com nenhum jogador dos Estados Unidos em seu plantel. Em meio aos croatas, o único estrangeiro sob a orientação de Jasmin Repesa é o bósnio Nemanja Gordic, se é que isso pode ser considerado um forasteiro.


EUA x Sérvia: 10 fatores para ficar de olho na final
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Giancarlo Giampietro

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Os Estados Unidos lutam pelo bicampeonato mundial e pelo quarto ouro seguido nos torneios internacionais da Fiba. A Sérvia quer seu primeiro grande título como um país balcânico solitário – sem ser Iugoslávia ou Sérvia & Montenegro, nem nada disso. Seguem dez perguntas que servem como um guiazinho para a decisão da Copa do Mundo de basquete. Foi bom enquanto durou:

Os Estados Unidos são os favoritos?
São, sim. Depois de arrasar Grécia e Brasil e de passar pela França, a Sérvia tem chance, mas os americanos precisam ser considerados muito favoritos. Em seus oito jogos pelo Mundial, o time venceu com média de 32,5 pontos por partida. Mesmo que sua tabela tenha sido bem mais fácil que a dos sérvios, esse saldo de cestas é de um time que vem trucidando a oposição. É algo que impressiona ainda mais considerando todos os desfalques na lista de Mike Krzyzewski. (Para quem não sabe ou já perdeu a conta: LeBron, Carmelo, Durant, Westbrook, Paul, Love, Griffin, Aldridge e George.)

O que a Sérvia precisa fazer para tentar equilibrar as ações?
Primeiro de tudo, dominar os rebotes defensivos. Anthony Davis e Kenneth Faried atacam a tábua com muita voracidade e elasticidade. São 14,9 rebotes ofensivos em média para o Team USA durante o torneio – a terceira melhor marca, atrás apenas de Angola e Nova Zelândia –, mantendo a bola viva em quadra e criando segundas chances para seus companheiros. Quer dizer: se é que eles já não vão cravá-la direto na cesta, ou ajeitá-la com um tapinha. Do seu lado, os sérvios não lutam muito pelas rebarbas. Contra, os Estados Unidos, ainda mais em arremessos longos, é recomendável que realmente abram mão desse tipo de bola e voltem o quanto antes para a defesa, como medida preventiva, uma vez que o contra-ataque é a melhor arma de seu adversário.

Se for marcar por zona, não pode descuidar do Klay "Splash Brother" Thompson

Se for marcar por zona, não pode descuidar do Klay “Splash Brother” Thompson

Espere também muitas “faltas táticas” por parte dos europeus, um dispositivo que eles usaram sem o menor pudor contra o Brasil, nas quartas de final. São as faltas em que os atletas evidentemente usam para brecar os rivais, parando o lance. O risco é pendurar seus titulares: os Estados Unidos correm muito mais que os brasileiros, em dois sentidos: são mais explosivos e também buscam mais o jogo em transição. Uma vez estabelecida a defesa, é de esperar marcação por zona ou pelo menos uma zona mista, que não pode dar liberdade para Curry e Thompson. Aqui está a dureza: Harden e Irving também incomodam no perímetro. São muitos chutadores para o time americano.

Os sérvios também devem a segurar bastante a bola no ataque, procurarem arremessos nos dez segundos finais. Milos Tedosic vai chamar o jogo de pick-and-roll sem parar e criar e finalizar a partir daí. Ajuda o fato de ter ao seu lado diversos bons arremessadores, com exceção do outro armador do time, Stefan Markovic, que tem um dos chutes mais feios que você vai ver. Markovic, porém, é muito estável com a bola. Alto, forte e habilidoso, comete poucos erros. Quando ele está driblando, Teodosic e Bogdan Bogdanovic vão se mexer bastante no perímetro para tentar receber o passe em condições de finalização. A ideia geral do time será de abrir espaços na defesa americana, tentando confundi-los, e deixar a partida lenta-quase-parando. A Turquia conseguiu complicar a vida dos Estados Unidos por três períodos fazendo esse tipo de jogo enroscado. Depois, foi atropelada no quarto final. Os turcos têm um garrafão mais físico e atlético que o da Sérvia – Asik tem uma presença marcante nos rebotes e na proteção de cesta –, mas no geral o talento dos sérvios é muito superior.

O que os EUA farão para controlar Milos Teodosic?
No segundo tempo da semifinal, Nicolas Batum mostrou para o Coach K como (tentar) marcar o armador sérvio. Pressionando  muito o drible do sérvio com sua envergadura e agilidade, combatendo os bloqueios, sem deixar que ele escapasse também nas ações fora da bola. O sérvio marcou apenas seis pontos na volta do intervalo, depois de 18 na primeira etapa.  Para os americanos, porém, faz falta um Andre Iguodala, de perfil atlético bem semelhante ao do ala francês, para repetir um abafa desses, né? Klay Thompson é o marcador que vem sendo destacado pelo treinador nesse tipo de missão, de pressionar o atacante.

Deixar Stephen Curry e Kyrie Irving com ele seria bastante perigoso. O armador sérvio sabe usar muito bem os formidáveis e brutais corta-luzes de Raduljica e Krstic para se desmarcar. A partir daí, é mortal: arremessa com tranquilidade em movimento, até mesmo da linha de três pontos. Também tem visão de jogo muito acima da média, podendo abastecer o grandalhão da vez no corte para a cesta. Tudo devagar, sem explosão física alguma, controlando a bola com muita cabeça. Brasileiros e gregos concordam, tristemente.

E o Teodosic conseguiria jogar na NBA?
Este embate também serve para matar um pouco da vontade de ver o genial sérvio na liga norte-americana. Provavelmente nunca vai acontecer: na Europa, ele é tratado como um reizinho, tendo defendido Olympiakos e CSKA Moscou nas últimas temporadas. Ganha muito bem e pode dar aquele migué na defesa, com a certeza de que, no ataque, seus rompantes decisivos lhe garantem com a torcida – e dirigentes e técnicos, embora estes últimos possam sofrer bastante com sua combatividade zero. Seu contrato é de US$ 7 milhões por três anos – 7 milhões limpos de impostos, tenha em mente. Mais carro, apartamento e todo mimo que a diretoria do CSKA julgar necessário na capital russa.

Qual americano talvez assuma a torcida pela Sérvia?
Ryan McDonough, gerente geral do Phoenix Suns, desde que o garoto Bogdan-Bogdan seja O Cara da partida. O cartola selecionou o prodígio no Draft passado da NBA, em 27º. Uma exibição primorosa do ala-armador não só deixaria McDonough com ainda mais moral no Arizona, como elevaria, e muito, a cotação do jogador. Obviamente o plano é aproveitá-lo, assim que Bogdanovic, a jovem estrela sérvia, decida a hora de deixar o Fenerbahçe. Se for necessário, contudo, os direitos sobre o jogador virariam um ótimo trunfo na manga do dirigente, para uma eventual megatroca na liga americana.

Bogdan-Bogdan manda algum francês ficar em silêncio. Trunfo do Suns

Bogdan-Bogdan manda algum francês ficar em silêncio. Trunfo do Suns

Será que ainda dá tempo de Miroslav Raduljica assinar com a NBA novamente?
Acho difícil. Para os que não sabem: o pivô não tem mais contrato com nenhum clube da liga americana, embora insistam em dizer o contrário durante todo o Mundial. Do Bucks, ele foi repassado para o Clippers, que o dispensou prontamente. Aparentemente, o sérvio tem algumas ofertas da liga americana, mas nada muito interessante: provavelmente aqueles contratos sem garantia para a temporada. É mais provável que algum clube europeu decida lhe propor mais dinheiro e uma situação mais promissora em termos de tempo de jogo. Nos Estados Unidos, o jogo mecânico e lento de Raduljica não se encaixa muito bem. Sem contar o fato de que não conseguiria parar nenhum armador da liga quando envolvido em jogadas de pick-and-roll. No mundo Fiba, ele pode recuar na defesa e se comportar como se estivesse numa defesa por zona o tempo inteiro.

Por falar em Raduljica, ele não vai machucar o Anthony Davis, né?
O gerente geral do New Orleans Pelicans, Dell Demps, do seu lado, certamente vai assistir ao jogo decisivo com muito mais apreensão. Ver seu jovem craque, a base esportiva e comercial do clube encarar o brutamontes ex-Milwaukee Bucks, em um jogo valendo tudo ou prata, não deve ser nada agradável. Quando ele descansa, ainda vem o Nenad Krstic, que tem o físico de um irmão Klitschko mais descuidado, mas com 2,10 m de altura. Na NBA, Davis e Raduljica já se encontraram assim:

Qual duelo chama mais a atenção?
Tirando Curry x Teodosic nos primeiros minutos de jogo? Bjelica x Faried!!! São dois jogadores que não poderiam ser mais diferentes. O sérvio é todo elegante com a bola. Alto, de passadas largas, muito habilidoso, é daqueles pivôs que pega o rebote em sua tabela e pode sair com a bola em pestanejar. Joga bastante afastado da cesta em geral no ataque, com bom arremesso de longa distância. Por isso, faz também um bom uso da finta, iludindo seus defensores mais precipitados, cortando para a cesta com eficácia. Foi algo que fez bastante contra o Brasil. Do outro lado, agora vai enfrentar alguém que realmente responde pelo apelido de “Manimal”. Faried passa eletricidade para todo o ginásio. Ainda que tenha refinado bastante seu jogo na última temporada, ele se impõe mesmo com sua capacidade atlética absurda e uma força de vontade difícil de se igualar. Para cosntar: Bjelica já foi selecionado no Draft da NBA pelo Minnesota Timberwolves, mas tem um contrato bastante lucrativo com o Fenerbahçe, com mais três anos de duração. As multas rescisórias não foram divulgadas.

Harden em foco: o maior peladeiro do mundo?

Harden em foco: o maior peladeiro do mundo?

E quem tem o arremesso mais bonito em quadra?
Olha, o esquerdista do basquete vai dizer que os grandes arremessadores estão na Europa e bla-bla-bla – acredite, ainda hoje há quem acredite que a NBA é só um produto de marketing, uma liga de “peladas” que conquistou o mundo graças ao capital diabólico norte-americano. Teodosic e Bogdan-Bogdan chutam que é uma beleza, mas em termos de forma e mecânica, não vai ter quem supere os “Splash Brothers” do Golden State, Curry e Thompson.

James Harden vai marcar quem?
A plateia da Fiba já assimilou  algo que é mania na NBA: aloprar a defesa do Mr. Barba. Até o mítico Wlamir Marques entrou na onda. No ar na ESPN, disse o seguinte sobre o astro do Rockets, com ternura: “Acho que hoje é o maior peladeiro do basquete internacional”. Nesse sentido, ele e Teodosic vão se amar. Talvez o ala-armador americano leve a preguiça do ídolo sérvio a outro patamar. Há momentos do jogo que ele realmente desencana de tentar marcar alguém. É batido no primeiro drible e já vira de costas para a cesta, como quem não quer nada. Contra a Sérvia, provavelmente ele comece o jogo como par de Nikola Kalinic, um ala atlético e bem mais alto que não chega a ter prioridade no ataque sérvio. Ele vive das sobras e de cortes por trás da defesa. Se o técnico Sasha Djordjevic estudar bem os americanos como fez contra gregos e brasileiros, acho que não vai ter problema em pedir mais jogadas que envolvam Kalinic. O duro é que, quando enxerga a Luz, Harden se comporta como um defensor decente até. Caso os sérvios encontrem um meio de equilibrar o jogo até o fim, será curioso monitorar como ele vai se comportar.