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Mercado da Divisão Pacífico: o Lakers ficou pequeno
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Giancarlo Giampietro

Para quem já leu o texto sobre a Divisão Central, pode pular os parágrafos abaixo, que estão repetidos. Só vale colar aqui novamente para o marujo de primeira viagem, como contexto ao que se vê de loucura por aí no mercado de agentes livres da NBA

Mozgov é imenso, mas não do tamanho do Lakers

Mozgov é imenso, mas não do tamanho do Lakers

As equipes da NBA já se comprometeram em pagar algo em torno de US$ 3 bilhões em novos contratos com os jogadores, desde o dia 1º de julho, quando o mercado de agentes livres foi aberto. Na real, juntos, os 30 clubes da liga já devem ter passado dessa marca. Cá entre nós: quando os caras chegam a uma cifra dessas, nem carece mais de ser tão preciso aqui. Para se ter uma ideia, na terça-feira passada, quarto dia de contratações, o gasto estava na média de US$ 9 mil por segundo.

É muita grana.

O orçamento da liga cresceu consideravelmente devido ao novo contrato de TV. O teto salarial subiu junto. Se, em 2014, o teto era de US$ 63 milhões, agora pode bater a marca de US$ 94 milhões. Um aumento de 50%. Então é natural que os contratos acertados a partir de 1o de julho sejam fomentados desta maneira.

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Vem daí o acordo acachapante fechado entre Mike Conley Jr. e Memphis Grizzlies, de US$ 152 milhões por cinco anos de duração, o maior já assinado na história. Na média anual, é também o mais caro da liga. O que não quer dizer que o clube o considere mais valioso que Durant e LeBron. É só que Robert Pera concordou em pagar ao armador o máximo que a franquia podia (no seu caso, com nove anos de carreira, 30% do teto salarial), de acordo com as novas regras do jogo.

Então é isto: não adianta ficar comparando o salário assinado em 2012 com os de agora. Se Stephen Curry, com US$ 12 milhões, ganha menos da metade de Conley, é por cruel e bem particular conjuntura. Quando o MVP definiu seu vínculo, estava ameaçado por lesões aparentemente crônicas e num contexto financeiro com limites muito mais apertados. Numa liga com toda a sua economia regulamentada, acontece.

O injusto não é Kent Bazemore e Evan Turner ganharem US$ 17 milhões anuais. O novo cenário oferece isso aos jogadores. O que bagunça a cabeça é o fato de que LeBron e afins não ganham muito mais do que essa dupla, justamente por estarem presos ao salário máximo. Esses caras estão amarrados de um modo que nunca vão ganhar aquilo que verdadeiramente merecem segundo as regras vigentes, embora haja boas sugestões para se driblar isso.

Feito esse registro, não significa que não exista mais o conceito de maus contratos. Claro que não. Alguns contratos absurdos já foram apalavrados. O Lakers está aí para comprovar isso. Durante a tarde de sexta-feira, recebi esta mensagem de um vice-presidente de um dos clubes do Oeste, envolvido ativamente em negociações: “Mozgov…  Turner…  Solomon… Sem palavras”. A nova economia da liga bagunça quem está por dentro também. As escorregadas têm a ver com grana, sim, mas pondo em conta o talento dos atletas, a forma como eles se encaixam no time, além da duração do contrato.

Então o que aconteceu de melhor até aqui?

Para constar: o blog ficou um pouco parado nas últimas semanas por motivo de frila, mas a conta do Twitter esteve bastante ativa (há muita coisa que entra lá que não vai se repetir aqui). De qualquer forma, também é preciso entender que, neste período de Draft e mercado aberto, a não ser que você possa processar informações como um robô de última geração como Kevin Pelton, do ESPN.com,  o recomendável não é sair escrevendo qualquer bobagem a cada anúncio do Wojnarowski no Vertical. Uma transação de um clube específico pode ser apenas o primeiro passo num movimento maior, mais planejado. A contratação de Rajon Rondo pelo Chicago Bulls no final de semana muda de figura quando o clube surpreende ao fechar com Dwyane Wade, por exemplo. No caso, fica ainda pior.

Agora, com mais de dez dias de mercado, muita coisa aconteceu, tendo sobrado poucos agentes livres que realmente podem fazer a diferença na temporada, deixando o momento mais propício para comentários:

– Golden State Warriors

Deu o que falar já

Deu o que falar já

Quem chegou: Zaza Pachulia, Patrick McCaw, Damian Jones, David West. Ah, e Kevin Durant.
Quem ficou: Ian Clark e James Michael-McAdoo.
Quem saiu: Andrew Bogut (Mavs), Harrison Barnes (Mavs), Leandrinho (Suns), Brandon Rush (Wolves), Festus Ezeli (Blazers) e Mareese Speights (Clippers).

Como vemos, o elenco do Warriors já não é mais o mesmo. E essas mudanças foram o suficiente para mudarmos tudo o que pensávamos sobre a NBA até o temporada passada. Ainda há muito o que escrever sobre a estarrecedora transferência de Kevin Durant para o clube, mas por ora ficamos com os dois textos já publicados por aqui, incluindo também o impacto que ele já causou e ainda pode causar na vida de muita gente da liga.

A partir do momento que ouviu o “sim” de Durant, o desafio do gerente geral Bob Myers era montar um elenco, pois a grana ficaria curta. Zaza Pachulia recebeu a exceção salarial de US$ 2,9 milhões. O pivô Damian Jones está preso à escala salarial dos calouros. Para o restante, só salários mínimos poderiam ser oferecidos. E aí reservas como Leandrinho, Rush e Speights foram embora.

Agora… vocês acham que isso é um drama? Os caras ainda têm Curry, Klay, Draymond, Iguodala e Livingston na rotação. Ria nervosamente, mas ria. Pachulia já representa uma boa ajuda, assim como David West. Jones certamente tem a presença física e atlética para dar cobertura a tantos craques e veteranos. A dúvida é saber se ele tem condições emocionais e psicológicas para contribuir em sua primeira temporada como profissional. Recuperando-se de lesão, o pivô ainda não jogou pela equipe de verão. Por outro lado, o ala McCaw vem causando ótima impressão em Las Vegas, como um cara versátil, inteligente e atlético que marca bem, arremessa e ainda é capaz de por a bola no chão para criar para os companheiros. Vale ficar de olho, mas pode ter sido um achado na segunda rodada.

Ainda restam duas vagas para serem preenchidas no elenco. É de se imaginar que a diretoria busque mais um pivô com perfil semelhante ao de Ezeli para completar a rotação interior e talvez mais um armador, dependendo de quem sobrar no mercado. Ou isso, ou os rumores em torno de Ray Allen poderiam se concretizar. O experiente chutador quer retomar sua carreira, tendo como alvo, além do Warriors, o Cavs, o Clippers e o Spurs.

– Los Angeles Clippers

Sonharam com Durant, terminaram com Mo Buckets

Sonharam com Durant, terminaram com Mo Buckets

Quem chegou: Marreese Speights, Brice Johnson, Diamond Stone e David Michineau (*).
Quem ficou: Jamal Crawford, Austin Rivers, Wesley Johnson e Luc-Richard Mbah a Moute.
Quem saiu: Jeff Green (Magic) e Cole Aldrich (Wolves).

Se fosse para apostar em qual seria o estado anímico de jogadores e Doc Rivers neste momento, acho que daria para arriscar “depressivo”. Porque se não bastasse o fim de campanha lamentável da equipe, com Paul e Griffin afastados, o clube ainda vê o Warriors se reforçar desta maneira, com um Kevin Durant que eles mesmo sonharam em contratar. Aí faz como?

 Com seu armador e seu principal homem de garrafão encaminhados para o mercado de agentes livres no ano que vem, será que não era a hora, então, de buscar novos rumos? O discurso de Rivers e seus esforços mostram que não. Que a franquia pretende manter seu núcleo e tentar mais uma vez. Vai que KD arrume confusão em Oakland? Vai que três dos quatro All-Stars do Warriors se lesionam. Vai que… Hã… Haja otimismo.

Sem Green e Matt Barnes, Doc agora precisa procurar, novamente, pelo quinto verão seguido, algum ala que possa ao menos tentar incomodar Durant na defesa. Wesley Johnson, por mais atlético que seja, não é a resposta aqui. Nem mesmo Mbah a Moute, que só seria alguém indicado para a missão uns cinco anos atrás, antes das lesões.

Além disso, o banco segue bastante duvidoso. Speights é uma boa opção para revezar com DeAndre Jordan, pensando no ataque, já que ajudaria a espaçar a quadra para o pick-and-roll de Paul e Griffin. Mas a defesa vai sentir horrores – muita gente pode ter aloprado Cole Aldrich durante sua carreira, mas o pivô havia se encaixado perfeitamente no time, nesse sentido. A segunda unidade vai depender muito de evolução interna de Austin Rivers e dos calouros Brice Johnson (extremamente atlético e mais preparado do que a média) e Diamond Stone (muito talentoso, mas como projeto de longo prazo). Já Michineau é um prospecto que não deve fazer a transição agora. Se é que algum dia isso vai acontecer. É limitado fisicamente, não pontua muito e foi uma surpresa no Draft.

– Los Angeles Lakers

Quando renovar com Jordan Clarkson é um dos poucos consolos

Quando renovar com Jordan Clarkson é um dos poucos consolos

Quem chegou: Brandon Ingram, Luol Deng, Timofey Mozgov, José Calderón e Ivica Zubac.
Quem ficou: Jordan Clarkson, Marcelinho Huertas e Tarik Black.
Quem saiu: Kobe Bryant (vida) e Roy Hibbert (Hornets).

Tá, vamos resolver logo de cara a frase polêmica do título: sim, o Los Angeles Lakers, a caminho da temporada 2016-17 da NBA, ficou pequeno. O torcedor mais orgulhoso que nos desculpe. Nada vai apagar a história construída por Mikan, West, Baylor, Wilt, Kareem, Magic, Worthy, Shaq, Kobe, Gasol e, claro, Artest, entre outros. A franquia ainda é uma marca global, que vale bilhões. Mas esse pacote todo não vale absolutamente nada nesta nova economia. Não quando o time vem das duas piores campanhas da história e tem uma gestão que não inspira nenhuma confiança.

Kevin Durant não precisa jogar e morar em Los Angeles para ser um dos atletas mais ricos e populares do mundo. Por isso, não se deu nem ao trabalho de marcar uma reunião com o clube neste feriado de 4 de julho, algo que aconteceu com o Boston Celtics. Ele não tinha interesse de ouvir nada que viesse de Kupchak e Buss. Nem com a possibilidade que o clube tinha de assinar dois jogadores de contratos máximos – que era o que o Celtics e o Thunder pretendiam, com Al Horford sendo o segundo alvo.

Durant não foi o único a fechar a porta na cara, a desligar o telefone abruptamente. Até mesmo o ex-cigano Hassan Whiteside os excluiu da lista de candidatos, assim como o próprio Horford. Um ala como Kent Bazemore preferiu renovar com o Atlanta por menos dinheiro. E vai saber quem mais os deixou do outro lado da linha numa espera interminável. (Para não falar do rolo com LaMarcus Aldridge no ano passado, quando Kupchak conseguiu marcar uma segunda reunião apenas para apagar um incêndio, já que, num primeiro encontro, os representantes do clube falaram muito mais sobre negócios, dinheiro do que de basquete.)

O que restou ao clube, então? Despejar dinheiro nos cofres de Timofey Mozgov e Luol Deng. O pivô recebeu 64 milhões por quatro anos. O ala, 72 milhões pelas mesmas quatro temporadas. Um baita estrago. O valor é exorbitante, sim, mesmo neste atual mercado.

Daqui a três anos, contrato de Luol Deng pode ser um fardo

Daqui a três anos, contrato de Luol Deng pode ser um fardo

No caso específico de Mozgov, não dá para entender a pressa em fechar o negócio. Uma vez que a franquia estava fora da pauta dos principais agentes livres, de que lhe interessa entrar na briga pelo segundo escalão, caindo em leilão, quando o preço fica mais inflacionado ainda? O acerto precoce com  russo – o primeiro de todo o ciclo de contratações da liga! –, com tantos pivôs disponíveis no mercado, é  de deixar qualquer observador mais imparcial perplexo. O grandalhão vai receber o dobro do que o Portland concordou em pagar para Festus Ezeli, em termos de salário anual. No pacote total, é quatro vezes mais. Sim, 400%. Sendo que Ezeli, por pior que tenha jogado nas finais, é muito mais jovem. E tem isso também: ele ao menos foi para a quadra, ao contrário do Mozgov.

Acreditem: o negócio fica ainda pior devido aos quatro anos de contratos para o pivô – e também para Deng. Hoje, friamente, o que o Lakers tem de positivo para apresentar ao seu torcedor? O fato de ter uma boa quantia de jovens atletas talentosos no elenco. Quase adolescentes. Em tese, daqui a três ou quatro anos, eles estarão prontos ou perto de ficarem prontos para voos maiores, se a comissão técnica liderada por Luke Walton conseguir desenvolvê-los adequadamente. Se for para o time voltar a ser relevante, essa me parece a única via, aliás. Supondo que aconteça, você realmente quer esses dois contratos enormes acompanhando Ingram, Russell, Randle e Clarkson? Deng, bastante desgastado por campanhas duríssimas com Thibs em Chicago, e Mozgov aos 34 anos, com capacidade atlética reduzida e problemas no joelho? Isso é inteligente?  Foram contratações visionárias? Se a produção despencar, como é natural esperar, os dois veteranos simplesmente vão obstruir o processo de reconstrução da equipe.

Além do mais, cabe também questionar se, mesmo num vácuo, ignorando valores e duração dos contratos, Deng e Mozgov são boas opções para o time agora. O sudanês-britânico e o russo, sejamos justos, servem desde já como figuras exemplares no vestiário, para ajudar a controlar e impulsionar a molecada. Em quadra, porém, há questões sérias.

Deng vem de boa temporada pelo Miami, mas jogando como ala-pivô aberto, fazendo a função de “stretch 4” a partir do momento em que Bosh foi afastado. Duas das peças promissoras do Lakers atendem por Julius Randle e Larry Nance Jr. Como Walton vai distribuir minutos? Agora, o maior problema é se o veterano foi contratado para navegar pelo perímetro — afinal, o primeiro alvo do clube foi Bazemore. Se for isso, mesmo, aí fica tudo mais duro de entender. Talvez não tenham estudado o veterano com tanta atenção assim. Em 2010, Deng era um dos alas mais competentes da liga, atacando e defendendo. O tempo passou e hoje ele já tem mais dificuldade para lidar com gente mais jovem e rápida. Quanto a Mozgov, a despeito de todas as ressalvas acima, considero bom jogador. O lance é que ele sofreu uma cirurgia no joelho em 2015, sendo que seu vigor físico, velocidade e explosão são seus principais recursos como jogador de NBA.

Em suma: pode ser um desastre. É uma diretoria sem rumo, pressionada, lembrando que Jim Buss está agindo sob um ultimato, tendo prometido colocar o clube nos trilhos até 2017.

De resto, no Draft, o clube teve uma jornada feliz. Por sorte, conseguiram manter a segunda escolha, para acolher um prospecto muito promissor como Ingram. Franzino que só, deve demorar um tempinho para que ele se firme como cestinha e defensor na liga. Mas é uma grande pedida. Na segunda rodada, o clube também pode ter conseguido um pivô de muito futuro com o croata Zubac, que é simplesmente fanático pelo clube. Também não dá para esperar que ele se imponha no garrafão para já, mas eventualmente o rapaz de 19 anos e 2,16m talvez já possa contribuir na segunda metade da temporada, dependendo o quanto ganhar de massa muscular.

Outra boa negociação foi a de Calderón. Por mais que o veterano seja redundante para um clube que já tem Huertas, ao menos o clube recebeu duas escolhas de segunda rodada de Draft para absorver seu contrato. É o tipo de ativo que pode ajudar em trocas futuras ou para que a franquia já consiga despachar Nick Young antes de o campeonato começar.

– Phoenix Suns
Quem chegou: Dragan Bender, Marquese Chriss, Tyler Ullis, Leandrinho e Jared Dudley.
Quem saiu: Mirza Teletovic (Bucks) e Jon Leuer (Pistons).

Bender: talento de ponta para crescer ao lado de Booker

Bender: talento de ponta para crescer ao lado de Booker

Robert Sarver tirou o pé. Depois de algumas campanhas frustrantes, que mantiveram o clube na loteria do Draft, o proprietário permitiu que o gerente geral Ryan McDonough agisse pensando no futuro, em vez de um oitavo lugar no Oeste. Aí entram em cena os calouros Bender e Chriss, que, ao lado do emergente Devin Booker, que está destruindo Las Vegas neste exato momento, representam uma esperança para uma franquia que não soube muito bem o que fazer nos últimos anos, perdida entre reconstrução e ambição.

Se os dois, escolhidos no top 10 do Draft, supostamente jogam na mesma posição, isso não é questão para agora – estão entre os mais jovens da liga, e vai levar tempo para que possam pensar em protagonismo na liga. Minha aposta é Bender, um jogador com muitos fundamentos, versatilidade e visão de quadra que pode ser brilhante. Chriss é um atleta de primeiro nível, mas com bagagem tática defasada – deve ficar um bom tempo na filial de D-League da franquia.

Para completar os novatos, McDonough foi atrás de dois veteranos que são bastante populares em Phoenix. Leandrinho e Dudley estão de volta para compor rotação, serem embaixadores fora do ginásio – numa cidade que tem se distanciado de sua equipe cada vez mais – e ainda contribuir para a adaptação dos mais jovens, aliviando um pouco a barra de um até então isolado Tyson Chandler. E ainda custaram pouco (US$ 30 milhões em três anos para Dudley, US$ 8 milhões para o brasileiro em dois anos, o segundo sendo opcional). Alex Len, Archie Goodwin e TJ Warren estão devidamente amparados, então. O quanto podem render ninguém sabe ainda. Falta consistência. Outra adição a esse núcleo jovem é o baixinho Ullis, um armador de verdade, que inicia bem sua trajetória pelas ligas de verão.

– Sacramento Kings

Papagiannis: mais uma decisão questionável de Divac

Papagiannis: mais uma decisão questionável de Divac

Quem chegou: Arron Afflalo, Matt Barnes, Garrett Temple, Anthony Tolliver, Georgios Papagiannis, Malachi Richardson, Skal Labissiere e Isaiah Cousins.
Quem saiu: Rajon Rondo (Bulls), Seth Curry (Mavs), Marco Belinelli (Hornets), Duje Dukan e Caron Butler.

 Segue a ciranda de Vivek Ranadive em Sacramento: ano novo, cara nova para o clube, agora apostando principalmente em veteranos de forte caráter e em pirulões, a comando do técnico Dave Joerger. Vlade Divac ao menos continua no comando do departamento de basquete, o que não é necessariamente uma boa notícia.

Em uma rara sequência de duas boas tacadas, o sérvio conseguiu orquestrar trocas com o Phoenix Suns e o Charlotte Hornets que transformaram Marco Belinelli e a oitava escolha do Draft em três seleções de primeira rodada, além de ter dado ao clube os direitos sobre Bogdan Bogdanovic. Legal. O problema é o  que ele fez a partir daí.

Ninguém entendeu muito bem quando o gerente geral elegeu o jovem Papagiannis em 13º, muito menos Boogie Cousins. A cotação do grego de 2,16m de altura estava subindo, é verdade, mas jamais foi visto pelos olheiros europeus como um candidato ao grupo dos 15 primeiros do Draft,  especialmente no atual contexto de uma liga que vem priorizando cada vez mais jogadores mais ágeis e flexíveis no garrafão. Por fim, no ano anterior, Divac já havia selecionado um pivô, Willie Cauley-Stein, que teve de brigar por espaço em uma rotação com Cousins e Kosta Koufos.

Com o jogador  tem apenas 19 anos, o gerente geral pode dizer que sua contratação não serve ao time para já, mas como um projeto de longo prazo. Essa tese, porém, não combina tanto com a urgência que a diretoria anuncia, tentando por fim a um jejum de dez anos sem playoff. Fato é que, se Koufos for trocado – os rumores dizem que ele e Rudy Gay estão sendo oferecidos NBA afora –, Papagiannis não estaria pronto para assumir seus minutos. O mesmo vale para o haitiano Labissiere, que, de jogador cotado ao primeiro lugar do recrutamento de novatos há um ano, quase caiu para a segunda rodada. O Sacramento tem estrutura hoje para desenvolver os dois pivôs ao mesmo tempo? A ver.

Entre os agentes livres, a expectativa é que o pacote com Afflalo, Barnes, Tolliver e Temple dê alguma estabilidade ao vestiário e ajudem na defesa e no espaçamento ofensivo, compondo um time mais sóbrio e coeso ao redor de Cousins. Eu não ficaria tão otimista assim.

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Após 12 anos, Varejão diz tchau para o Cavs. Qual o impacto da troca?
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Giancarlo Giampietro

Anderson Varejão, Cavs

A data final para trocas da temporada 2015-16 da NBA não teve o frenesi do ano passado. Ainda assim, durante a semana, entre terça e esta quinta-feira, mais da metade dos clubes esteve envolvidas em 12 negociações no total, com brasileiro envolvido. Para conferir todas as transações efetuadas, clique aqui. Abaixo, um apanhado do que aconteceu de mais importante. Hoje, vamos nos concentrar no adeus de Anderson Varejão ao Cleveland Cavaliers, certo? Nesta sexta, expandimos o assunto.

Entre os candidatos ao título, o Cavs foi o mais ativo, e de longe, como se esperava. Sobrou para o pivô capixaba, que foi envolvido em um negócio triplo com Orlando Magic (que mandou Channing Frye para Cleveland e recebeu uma escolha de Draft de segunda rodada e o ala-armador Jared Cunningham) e Portland Trail Blazers, sendo enviado para a o Noroeste dos Estados Unidos, para supostamente dar um alô a Damian Lillard. Mas não foi o caso. Ele foi dispensado imediatamente.

Antes de falar do Blazers, porém, vale falar sobre a saída do Cavs. Com 12 anos no clube de Ohio, o pivô era um dos jogadores há mais tempo vestindo uma só camisa. Somente Kobe, Dirk, o trio dourado de San Antonio, Wade e Haslem passaram mais temporadas que ele nessa condição. Por maior que tenha sido o número de lesões e questões médicas de Anderson nas últimas campanhas, o respeito que ele conquistou em Cleveland é dessas coisas únicas nestes dias. Deem uma espiada neste fórum (dica do Flávio Izhaki). Agora, esses torcedores não poderão mais fazer aquela zoeira na famigerada noite das perucas, com todo mundo cabeludo no ginásio – a não ser que a franquia decida fazer a promoção na noite em que o veterano revisitar a cidade.

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Mas como assim ser dispensado? Para um clube que se vê inesperadamente na briga por uma vaga nos playoffs do Oeste, Varejão poderia dar sua contribuição, nem que fosse como uma figura experiente de vestiário. Como um tutor que fosse – ainda que Chris Kaman já esteja por lá para isso. Pois, pensando em quadra, a verdade é que o jogo do brasileiro é uma incógnita hoje. Ele estava sendo pouco utilizado pelo Cavs. Não sabemos se era devido ao excesso de pivôs qualificados da equipe, ou se por ele não ser mais o mesmo, depois de uma lesão no tendão de Aquiles e de tanto desgaste. Ou por um pouco de um e do outro.

Em Portland, Varejão enfrentaria uma concorrência menos prestigiada, mas não são simples assim de se desmontar. Por um motivo: Terry Stotts elaborou uma rotação de grandalhões que se ajeitou bem, tendo Mason Plumlee e o promissor Noah Vonleh no quinteto titular e a dupla Ed Davis (sempre produtivo). Se arranjasse um espaço e produzisse, Anderson teria tudo para conquistar os fãs do Blazers, devido a sua entrega e seu carisma.

Para receber Varejão – e seu salário, de US$ 9,3 milhões na próxima temporada –,  o gerente geral Neil Olshey exigiu uma escolha de primeira rodada do Cavs, de 2018. Pouco? Pelo contrário, na NBA de hoje, a oportunidade de se contratar um jogador jovem e de salário baixo é muito atraente para a construção de um elenco. As escolhas, mesmo no escuro, valem muito na cabeça dos dirigentes. Para Olshey, o preço nem é tão salgado, na verdade, pois o clube tinha uma folha de pagamento tão barata que estava até mesmo abaixo do piso estabelecido pela liga. Se tivessem chegado ao final da campanha “devendo”, teriam de completar a diferença para o piso, dividindo esse montante entre todos do elenco. Isto é: o bilionário Paul Allen teria de assinar um cheque de qualquer maneira, independentemente da chegada e saída do brasileiro.

Varejão ficará disponível por um período de “waiver”, de três dias 48 horas. Dificilmente alguém vai abraçá-lo desta maneira, para não ter de arcar com o restante de seu contrato. Então é muito provável que ele vire um agente livre. A essa altura da carreira, talvez seja o melhor, mesmo. Poderá olhar para o mercado e procurar a melhor situação. Ou a situação que melhor se encaixe com seus objetivos.

Em tese, para um atleta de seu gabarito e rodagem na liga, o mais comum seria assinar com uma equipe com ambição de chegar bem aos playoffs e que também tenha uma vaga no elenco. Lembrando sempre: cada franquia só pode ter 15 jogadores sob contrato. Após a rodada de trocas, clubes como Clippers, Hawks (com a lacuna aberta pelo afastamento de Tiago Splitter, por ironia), Heat e Rockets se enquadram nessa condição. Assim como o Cavs, mas esqueçam um retorno imediato: a regra da NBA afirma que ele só poderia assinar um novato contrato com o clube daqui a seis meses um ano, segundo o acordo trabalhista da liga e a interpretação do especialista Larry Coon. Agora, se for para fechar com um time de ponta, será que ele teria tempo de quadra? Será que não se meteria na mesma situação que estava vivendo em Cleveland? O ideal seria aliar dois fatores: seguir em um time vencedor e ganhar ritmo para as Olimpíadas. Mas e se uma alternativa excluir a outra?

Rubén Magnano, sabemos, prefere que Varejão vá para quadra, que jogue, não importando onde, para ganhar ritmo. Por isso, já havia admitido ao UOL Esporte ter sugerido ao pivô – e a Huertas – que procurasse um novo clube. De alguma forma, teve seu pedido atendido. Mas o desfecho ainda não está 100% de acordo com os seus interesses. O argentino obviamente está com o radar ligado agora, ainda mais depois de ter perdido Splitter (uma baixa imensa para a seleção, em muitos sentidos, assunto o qual tentarei abordar no final de semana, mais em tom de reverência ao catarinense, com calma).

A NBA é assim: interfere, direta ou indiretamente, no cotidiano de seleções, e muito mais. São negócios, afinal, e Varejão foi lembrado a respeito, depois de ter sido adquirido pelo próprio Cavs em uma troca em 2004. Faz tempo. Desde então, marcou época, escoltando LeBron James ao período mais vitorioso do clube, se tornando imensamente popular na cidade. Agora a vida segue, e o capixaba tem decisões importantíssimas para tomar.

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Ele vai chegar para isto

Ele vai chegar para isto

Em tempo: Frye não é o mesmo jogador dos tempos de Phoenix Suns. Em Orlando, sem um armador que realmente chamasse a atenção no pick-and-roll, não conseguiu se encontrar. Não teve consistência. No conjunto da obra, também tem uma carreira inferior à do brasileiro, ao meu ver. Mas, hoje, é uma peça mais proveitosa para o Cavs, devido principalmente à habilidade para acertar os arremessos de longa distância. Sua presença em um quinteto com Love, LeBron, JR e Irving resultaria e estragos gravíssimos às defesas adversárias. E não é que contribua só com o chute: é bom defensor no post up, tem experiência e, segundo todos os relatos que ouvi, exerce excelente influência no vestiário, algo que só pode fazer bem ao time, como David Blatt pode sublinhar.

O Cavs sai ganhando tática e tecnicamente aqui, mesmo tendo pagado por uma peça complementar um preço caro, mas hoje irrelevante para um clube que só pensa, obsessivamente, no sucesso a curto prazo, enquanto LeBron ainda tem perna. Uma observação, no entanto, precisa ser feita em relação ao Warriors. Sempre o Warriors. Numa eventual revanche com Golden State, não sei muito bem como Frye poderia ser útil, uma vez que não poderia marcar de modo nenhum um jogador como Draymond Green, muito menos Andre Iguodala ou Harrison Barnes. Enfim. Por outro lado, a pergunta mais justa talvez seja: quem consegue marcá-los também? Se o adversário for o San Antonio, aí a coisa muda de figura. Antes, porém, precisam chegar lá, claro – mas é inegável que toda e qualquer decisão que a franquia toma nesta temporada tem como objetivo o título, ciente de que, nas finais, o desafio será muito maior. E, com Mozgov caminhando para o mercado de agentes livres, o veterano também serve como uma apólice de seguro.

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Atualizando nesta sexta de manhã: faltou mencionar que, com a troca, Cleveland poupa U$ 9,8 milhões entre salário e multas nesta temporada. É uma boa grana, mesmo para outro bilionário como Dan Gilbert. Vários clubes reduziram seus gastos nesta quinta, aliás.

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Por fim, declaração do gerente geral do Cavs, David Griffin, sobre Varejão, dizendo que foi difícil telefonar para o brasileiro: “Anderson é especial como jogador, companheiro e pessoa. Poucos jogadores conquistaram este respeito, apoio e admiração de toda uma organização, de sua torcida e da comunidade como Andy fez aqui. Tudo isso tornou esta negociação muito difícil de se fazer. Ao mesmo tempo, temos uma obrigação prfounda de fazer aquilo que podemos para alcançar nosso objetivo final, e acreditamos que este negócio melhora nossa equipe e nossa posição para o futuro também. Agradecemos a Andy por seu trabalho duro, dedicação e contribuições ao Cavaliers e nossa comunidade e desejamos a ele e sua mulher, Marcelle, o melhor, realmente o melhor”.

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Desnecessário dizer o quanto LeBron admirava Anderson? O brasileiro chegou a Cleveland apenas um ano depois de o ala ser selecionado como o grande Messias da franquia. Após a vitória sobre o Bulls nesta quinta-feira, o craque admitiu que ainda não havia conversado com o capixaba, porém. “Eu aposto que várias pessoas estão entrando em contato com ele agora. Vou deixar assim, não gosto de procurar imediatamente. Prefiro deixar cozinhar um pouco. Nossa amizade não precisa de uma mensagem de texto”, disse. “Você perde um irmão. Esta é a pior parte do negócio.”

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Um comentário sarcástico inevitável: se o Cavs despachou, num só dia, Varejão e Cunningham (que, segundo os setoristas do Cavs, foi adotado por LeBron nesta temporada), está claro que David Griffin tem autonomia total para conduzir o departamento de basquete e que o camisa 23 não apita nada. Agora não precisa mais de nenhuma prova nesse sentido.

Né?


Quem dá menos? Luta pelo topo do Draft promete fortes emoções
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Giancarlo Giampietro

O ultraversátil Ben Simmons. Quem quer?

O ultraversátil Ben Simmons. Quem quer?

É o mundo bizarro da NBA.

Enquanto San Antonio, Cleveland e Oklahoma City fazem contas, quebrando a cabeça para ver o que fazer contra o tal de Golden State, na outra extremidade da tabela só estamos falando de sonhos e fantasias com o australiano Ben Simmons (e mais dois alas muito promissores, Brandon Ingram, de Duke, e Dragan Bender, da Croácia e do Maccabi).

Numa corrida que, no início, parecia de um cavalo só, com Philadelphia isolado e pimpão, a reta final promete fortes emoções até o dia 17 de maio, que é quando a liga vai realizar sua loteria de Draft, valendo prêmios imperdíveis! E quem vai ficar fora dessa?

Daí a estranheza pelos fatos decorrentes de uma noite basqueteira de segunda-feira (a outra, dia 8, no caso).

Daqui do sofá de casa, começou com a observação do jovem Ingram, o mais novo projeto do Coach K, em duelo bacana com Louisville, de Rick Pitino. Foi desses raros jogos da temporada universitária em que o nível técnico era alto, com pelo menos cinco atletas com aspirações plausíveis a grandes carreiras profissionais, nos Estados Unidos ou na Europa. Não demorou muito para entender por que o ala de Duke fez sua cotação crescer rapidamente sua cotação entre os scouts, melhorando a cada semana.  Ingram já tem hoje um talento natural impressionante. O chute elevado, a desenvoltura para driblar e a predisposição passar e encontrar companheiros livres em quadra… É difícil de resistir e de não babar na almofada, ainda mais quando nos damos conta de que se trata de um garoto que chegou aos 18 apenas em setembro, sendo um ano mais jovem que Simmons. Só mesmo seu corpo varetão desperta alguma preocupação, mas é só lembrar com qual forma Kevin Durant ingressou na NBA:

Vareta que só também. Tayshaun Prince é outro que nunca bombou

Vareta que só também. Tayshaun Prince é outro que nunca bombou

(A comparação entre um e outro, diga-se, pode ser feita do ponto de vista só do estilo de jogo por enquanto. Durant era muito mais produtivo em Texas em seu ano de calouro. Quer saber mais sobre Ingram? O DraftExpress, claro, tem vídeos e atualizações contantes. Ainda em inglês, você também pode conferir um scout detalhado elaborado pelo Rafael Uehara, colaborador sazonal aqui do blog.)

Mas voltemos ao a Duke x Louisville. No final, superando um cansaço evidente, o ala encontrou forças para dominar os rebotes defensivos e, em vez de acionar um ou outro armador mambembe do atual elenco dos Blue Devils, dessa vez saía ele com a bola, sem se incomodar com a pressão dos Cardinals, preparado para sofrer a falta e ir para o lance livre definir a parada. Detalhe: na temporada regular, seu aproveitamento ainda está abaixo de 70% na linha (67,9%, depois de ter convertido seis de suas oito tentativas na véspera, sem errar um chute nos minutos derradeiros). Terminou com 18 pontos, 10 rebotes, 4 assistências e 1 toco (mas alterou ou intimidou outros tantos), matando cinco de seus nove arremessos, cometendo três turnovers. Não são números de fazer o queixo despencar, mas não traduzem o modo como ele foi dominante, sem forçar nada em suas ações.

Enquanto o espigão dava mais uma vitória a Krzyzewski, a rodada da NBA começava em clima de motim. Não dava para entender nada. O Sixers chegou a abrir uma vantagem de 19 pontos para cima do Clippers. O Lakers contava com mais um repente milagroso de Kobe para incomodar o Pacers em Indiana, assumindo a liderança a 2min30s do fim. O Nets recebia o ascendente Denver Nuggets e fazia jogo duro. Da mesma forma como o Suns conseguia fazer frente ao Thunder, mostrando que a defesa de OKC ainda deixa muito a desejar em termos de consistência para um time que tenha sérias pretensões ao título.

De todo modo, junte as peças aí e se assuste: era como se, por uma noite que fosse, os lanterinhas da liga não tivessem mais nem aí para o que Ingram fazia por Duke, ou se Simmons estava beirando mais um triple-double absurdo por LSU. (Em tempo: para qualquer torcida em #NBATankMode, podem tranquilamente colocar Dragan Bender nesse bolo. Por mais que ele não esteja sendo tão aproveitado numa temporada de crise para o Maccabi, vale a pena se apegar ao prodígio croata, que também te deixa bobo em quadra. Foi assim que fiquei, pelo menos, quando pude vê-lo no ano passado em Nova York.)

Até que tudo voltou ao normal. O Clippers batalhou uma reação em Philly, forçou a prorrogação e tomou conta da situação. Paul George não quis saber de cortesias com seu ídolo de infância na Califórnia. Durant fez a diferença em Phoenix. E só o Nets saiu vencedor de quadra, com direito a uma cesta maluca de Joe Johnson no estouro do cronômetro, empolgando o chefão russo Prokhorov:

(O torcedor do Brooklyn – se é que ele existe, aliás – deve gelar com um vídeo desses: será que vem mais uma proposta de salário máximo para o veterano aí? Risos.)

Se o desafeto de Putin foi ao delírio, Danny Ainge não gostou nada, já que a escolha de Draft deste ano do Nets pertence a Boston, como vocês sabem. Nessa disputa pelos calouros mais badalados, cada vitória sua e derrota do adversário, pode fazer uma diferença danada. Para o mal, lembrem-se, já que é o mundo bizarro. Em muitos sentidos, isso é uma desgraça para a liga, com diversas equipes, nos últimos anos, fazendo de tudo para perder, ou sem se esforçar tanto para vencer. Enquanto o atual sistema do Draft for mantido, porém, é a regra do jogo, sem nenhuma infração que possa ser punida.

Tendo isso em mente, vamos examinar quais são as chances de cada um para os últimos meses da temporada e o que está em jogo para eles? Os números números foram coletados em 16 de fevereiro de 2016, tanto do Baskeball Power Index (ESPN.com). Folia é isto:

Philadelphia 76ers, o 30º colocado no geral
Previsão de campanha: 15-67
Chances para entrar no top 3: 72,1%
Net rating na temporada: -10,1 pontos por 100 posses de bola
Net rating desde 26/12: -5,3 pontos
Campanha desde 26/12: 7 V, 15 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 49,2%
Restante da tabela: 15 em casa, 14 fora

Ish Smith, o baixinho, a lenda

Ish Smith, o baixinho, a lenda

Ainda estamos falando, segundo as estimativas matemáticas, dos grandes favoritos ao topo do Draft. Mas isso só se deve ao caótico Sacramento Kings, que, no momento, contribui ao #TankJob de Sam Hinkie com mais 9,0% de chances de colocar uma escolha no Top 3. Esse já é o primeiro reflexo da desastrosa troca que Vlade Divac fez com Hinkie durante as férias, dando ao Sixers o direito de inverter posições no Draft deste ano, entre outros mimos – tudo para se livrar dos salários de Nik Stauskas, Carl Landry e Jason Thompson. O Sacramento, que não sabe o que fazer com Boogie Cousins, George Karl, Rudy Gay e a vida em geral, vai ter de jogar muito para alcançar e ultrapassar Utah e Portland e tentar escapar da loteria. Não parece provável.

Por conta própria, com a pior campanha da liga, o Sixers já teria 63,1% de probabilidades de ficar com uma das três primeiras escolhas. Acontece que, desde o dia 26 de dezembro, o time subiu de patamar, graças ao improvável presente natalino de Jerry Colangelo em forma de Ishmael Smith. De equipe que flertava com o status de pior da história, passaram apenas à condição de time ruinzinho, como podemos notar pela evolução de seu saldo de ponto desde a contratação. Antes de Ish, Philly perdia por -12,9 pontos a cada 100 posses de bola. Desde então, essa diferença foi reduzida, para -5,3 pontos por 100 posses de bola.  Em outras palavras, ficaram mais competitivos e venceram 33% de seus jogos, contra os atrozes 6,2% de antes. Se mantiverem esse ritmo, poderão subir alguns degraus na classificação geral da liga, diminuindo suas probabilidades.

Por um lado, era de se esperar que Philadelphia mostrasse algum tipo de evolução durante o campeonato, pela juventude de seu elenco – a não ser que Jahlil Okafor terminasse encarcerado, claro. Então o mérito não é todo de Colangelo. Mas é inegável que a troca por Smith tem a sua impressão digital, pelo simples fato de o Sixers, pela primeira vez desde 2013, ter entrado num negócio em que pagou escolhas de Draft, em vez de cobrá-las. Sem contar o fato de que o próprio Hinkie deixou Smith ir embora em julho, sem nem mandar um abraço e sem ouvir o apelo interno de Nerlens Noel. Então talvez a projeção acima seja pessimista, ainda levando em conta, com muito peso, os resultados do plantel dos dois primeiros meses de temporada, que já não é mais o mesmo. A julgar pelas declarações de Colangelo, novos reforços podem chegar esta semana.

De todo modo, pensando no recrutamento de calouros, nada é muito certo. A matemática nem sempre joga a favor, algo que a franquia aprendeu de forma dolorida nos últimos anos. O clube nunca passou do terceiro lugar da lista, perdendo, em tese, Andrew Wiggins e D’Angelo Russell, para ficar com Joel Embiid e Jahlil Okafor. Está muito cedo para julgar quem é melhor que quem: o fato aqui é que, por mais desqualificados que tenham sido os elencos dos últimos anos, Hinkie não foi agraciado com a primeira escolha. Agora que estão vencendo mais jogos, o carma será zerado?

Los Angeles Lakers, o 29º
Previsão de campanha: 18-64
Chances para entrar no top 3: 55,3%
Net rating na temporada: -10,8 pontos
Net rating desde 26/12: -8,2 pontos
Campanha desde 26/12: 6 V, 19 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 51,2%
Restante da tabela: 17 em casa, 10 fora

O Lakers vai priorizando Kobe e deixando D'Angelo no banco. Quem sai perdendo?

O Lakers vai priorizando Kobe e deixando D’Angelo no banco. Quem sai perdendo?

Mais do que o desenvolvimento de Russell, Randle, Clarkson e Nance Jr., mais do que a aposentadoria de Kobe Bryant, neste final de temporada, o principal tópico de interesse para o torcedor e a diretoria do Lakers deveria ser a manutenção de sua escolha de Draft, a qualquer custo.

Sobre o progresso dos calouros: o simples fato de estarem entrando em quadra com regularidade tende a fazer deles melhores jogadores, não importando o que Byron Scott faça contra ou a favor. A diretoria talvez tente trocar Brandon Bass, Roy Hibbert, Lou Williams e Swaggy P nas próximas horas, mas não será tão fácil assim. Sobre Kobe? Acho que a liga inteira já deu conta, né? Agora é curtir as últimas semanas, com diversos jogos em casa, e fazer mais uma bela festa na despedida do Staples Center em 13 de abril, contra o Utah. Ainda mais com o craque, de alguma forma, elevando sua produção em fevereiro, mês no qual o time venceu dois de cinco jogos. A ironia é que, se Kobe sustentar um ritmo minimamente aceitável em quadra e se os garotos progredirem até abril, as coisas podem se complicar no front mais importante.

Vocês sabem: caso o Lakers escorregue no sorteio do Draft e saia do top 3, terá de mandá-la para Philly. Seria um desastre para um clube desesperado por mais talento em seu elenco e que não vem tendo sucesso na hora de recrutar agentes livres de primeiro escalão. Desculpe, Nick Young, há verdades que não podemos esconder. Tantos jogos em Los Angeles pode ser uma ameaça a esta ‘causa’, mas o time ainda tem de enfrentar muitos oponentes qualificados, o que talvez ajude a equilibrar a balança.

Brooklyn Nets
Boston Celtics, 28º (a)
Previsão de campanha: 22-60
Chances para entrar no top 3: 44,7%
Net rating na temporada: -7,4 pontos
Net rating desde 26/12: -8,7 pontos
Campanha desde 26/12: 6 V, 19 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 47%
Restante da tabela: 10 em casa, 18 fora

Boston Nets, Brooklyn Celtics. Uma torcida, uma só voz

Boston Nets, Brooklyn Celtics. Uma torcida, uma só voz

É, pois é. A troca por Kevin Garnett e Paul Pierce, na época, parecia uma boa ideia para o Brooklyn Nets, já que, na cabeça do russo Mikhail Prokhorov, era para seu time brigar o quanto antes para os playoffs. Se a impaciência era a palavra de ordem, fazia sentido adicionar os dois veteranos a uma base já rodada. O que Billy King poderia ter feito, porém, era lutar por uma proteção ao par de escolhas de Draft que encaminhou para Boston. Danny Ainge o roubou descaradamente.

O chefão do Celtics agora se vê nessa situação raríssima e extremamente favorável: não só a sua equipe briga pelo título da Conferência Leste (sendo azarão, ainda), como ainda pode faturar um calouro talentosíssimo em junho. Isso, claro, se um trunfo desse valor não for envolvido em uma troca que dê a Brad Stevens uma superestrela. Topa, ou não topa trocar? Creio que só se for por um Al Horford, ou mais. Tem de ser um cara que vá fazer a diferença sem dúvida nenhuma, e Horford seria uma evolução imensurável sobre Jared Sullinger ou Amir Johnson. Ainda assim, prestes a virar agente livre, o dominicano só valeria o preço se desse a entender, sem que a liga saiba, que topa renovar com a franquia.

O outro lado da questão a se ponderar é que você está falando, hoje, de 44% de chances de se inserir entre os três primeiros e de 13,8% para a escolha número um. Quer dizer, não estamos falando de certezas, de 100%, e mesmo esses números devem cair um pouco no momento que o Phoenix fique para trás, certo?  A julgar pela derrocada do Suns, sim (veja abaixo). Maaaas… entre tantos números acima, Ainge certamente está de olho na disparidade entre jogos dentro e fora de casa na tabela do Brooklyn. Ainda que, em termos de força dos oponentes, seja o calendário mais fraco entre os cinco citados, o Nets vai jogar várias partidas como visitante. E, até o momento, seu desempenho longe de Nova York é péssimo: foram 23 jogos fora e apenas quatro vitórias, para um aproveitamento de apenas 17,3%. (Mais: ainda existe uma pequena possibilidade de que Thaddeus Young e/ou Brook Lopez sejam trocados.) Epa.

Phoenix Suns, 28º (b)
Previsão de campanha: 24-58
Chances para entrar no top 3: 39,2%
Net rating na temporada: -7,3 pontos
Net rating desde 26/12: -14,3 pontos
Campanha desde 26/12: 2 V, 21 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 50%
Restante da tabela: 13 em casa, 15 fora

Jordan McRae não é a esperança de reviravolta do Suns

Jordan McRae não é a esperança de reviravolta do Suns

Ish Smith reestreou pelo Sixers justamente contra o Phoenix Suns, o que não poderia ser mais simbólico. Desde então, a pior campanha da liga pertence ao clube do Arizona, mais um que o deixou escapar, mesmo que não precisasse pagar tanto. (Nessa, porém, o gerente geral Ryan McDonough passa numa boa: ele fez uma proposta para o atleta em julho, mas foi recusado – o armador acreditava piamente que renovaria com Philadelphia).

Então, da mesma forma que o “BPI” da ESPN ainda não dá muito peso aos esforços recentes dos 76ers, o sistema também talvez precise de mais algumas semanas para se dar conta de que o Suns só tem uma direção em sua trajetória neste campeonato: para baixo. A máquina não sabe que as aparições de Jordan McRae (o cestinha da D-League) e de outros caras da liga menor serão cada vez mais frequentes.

É difícil de imaginar de onde sairão mais dez vitórias para a atual equipe, de acordo com a projeção acima, que o deixaria com a quarta maior probabilidade, abaixo do Nets. Eric Bledsoe está fora, Brandon Knight pode se juntar a ele logo mais e nem mesmo Ronnie Price (aquele que assumiu a vaga rejeitada por Smith) tem data para voltar, deixando o interino Earl Watson sem opções naturais para a armação – o talentoso Archie Goodwin vai ser, no máximo, um Jamal Crawford, driblando bem a bola, mas sem visão de quadra. Além disso, existe a perspectiva de trocas para PJ Tucker e, oxalá, Markieff Morris.

Quando assumiu a gestão do clube em 2013, todos esperavam que McDonough guiaria um processo de reformulação imediata. Acontece que seus primeiros movimentos como gerente geral foram tão bons que o Suns se meteu na briga por uma vaga nos playoffs. Leia mais aqui. Agora, com um plantel despedaçado e desacreditado em Phoenix, chegou a hora de buscar um talento de ponta do jeito mais fácil – mas também mais doloroso. Eles vão com tudo (ou muito pouco, com o jovem Devin Booker sendo uma grata revelação): um saldo de 14,3 pontos por 100 posses de bola é muito pior que o do Sixers até dezembro. Uma calamidade.

Minnesota Timberwolves, 26º
Previsão de campanha: 27-55
Chances para entrar no top 3: 30,9%
Net rating na temporada: -3,1 pontos
Net rating desde 26/12: -4,5 pontos
Campanha desde 26/12: 6 V, 19 D
Aproveitamento médio dos rivais até o final da temporada: 54,1%
Restante da tabela: 13 em casa, 15 fora

Imaginem se Towns e Wiggins ganharem mais uma escolha nº 1?

Imaginem se Towns e Wiggins ganharem mais uma escolha nº 1?

Acho que o Minnesota só entra nessa lista por precaução. No papel, tem um elenco muito mais talentoso que o dos quatro acima, e Karl-Anthony Towns exercendo uma dominância precoce no garrafão, com 22,2 pontos, 12,4 rebotes, 2,0 tocos e aproveitamento de 58,9% nos arremessos em cinco partidas em fevereiro.. Dependendo do que o New Orleans Pelicans e Milwaukee Bucks decidirem fazer nesta semana, em relação a trocas, pode ser que “briguem” pela condição de quinta pior campanha da temporada.

Por enquanto, vamos respeitar os cálculos das máquinas da ESPN e manter o Wolves. Dos dados pinçados, só chama a atenção o fato de que Minnesota tem a tabela mais complicada daqui para a frente, em termos de qualidade da oposição. Agora, imaginem se eles dão sorte e vão para o topo? Teriam, de modo incrível, as três primeiras escolhas dos Drafts de 2014 a 2016. Sam Hinkie não suportaria isso.

Curiosidade: os confrontos diretos
Sixers: dois contra o Nets
Lakers: um contra o Nets, dois contra o Suns
Nets: um jogo contra o Wolves, um contra o Lakers e dois contra o Sixers
Suns: dois contra o Lakers
Wolves: um jogo contra o Nets


Jukebox NBA 2015-16: Phoenix Suns, Superchunk e alta velocidade
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Giancarlo Giampietro

jukebox-suns-superchunk

Vamos lá: a temporada da NBA já está quase na metade, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “The Question Is How Fast”, por Superchunk. (Nem clipe tem)

Superquem?

O Superchunk, banda indie dos anos 90 que nunca foi um hit em paradas de sucesso, mas teve seu culto de seguidores a partir de Chapel Hill, que já foi casa de Michael Jordan, James Worthy, Rasheed Wallace, Vince Carter e, claro, Tyler Hansbrough, justamente por acolher a prestigiada UNC (Universidade da Carolina do Norte). Mas é preciso dizer que os caras da banda não estavam nem aí para os estimados Tar Heels. Envolvidos com música, ativismo social e mais música, fundaram a Merge Records, que lançaria anos depois o Arcade Fire e divulgaria também bandas como Teenage Fanclub, Spoon, entre outras atrações mais alternativas.

Mas, como eles próprios diriam com naturalidade, que se dane a vocação da banda, no caso. O que vale é que o título dessa canção e sua pegada contam muito sobre o estado de desarranjo em que se encontra o Phoenix Suns a poucos dias do intervalo do All-Star. O quão rápido eles queriam voltar aos playoffs? O quão rápido o trem saiu dos trilhos? O quão rápido acabou o respeito por Jeff Hornacek? O quão rápido Earl Watson foi promovido? O quão rápido o time queria jogar, mesmo quando não tinha bons armadores em quadra para conduzir os negócios? O quão rápido Markieff Morris vai conseguir virar a chave e tentar mostrar serviço nas próximas semanas para se mandar do time? O quão rápido o gerente geral Ryan McDonough vai conseguir limpar essa bagunça toda? Essas são algumas das questões pendentes.

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O próprio McDonough admite: a equipe e seu trabalho viraram reféns do próprio sucesso inesperado da primeira campanha, em 2013-14, quando conseguiram 48 vitórias e, numa das conferências mais fortes da história, ficou fora dos playoffs. Em julho de 2014, a franquia estava se sentindo tão bem, que até mesmo tentou se intrometer na disputa por LeBron James, se aproveitando do fato de Eric Bledsoe ter o mesmo agente do superastro. Sonhar não custava nada. Mesmo com o óbvio não, sem problemas, eles tinham um futuro auspicioso pela frente. Ou talvez estivessem empolgados demais, se distanciando um pouco da realidade que os cercava.

Goran Dragic havia sido eleito para o grupo dos 15 melhores da liga. Eric Bledsoe brilhou ao seu lado, assumindo mais responsabilidades no ataque do que nos tempos de Clippers, mas sem ser exigido demais (até que o esloveno se lesionou). Markieff Morris progredia, enquanto Channing Frye bombardeava. Gerald Green jogou o melhor basquete de sua carreira. Todos felizes que só, empolgados com o ritmo de jogo alucinante de Jeff Hornacek, o segundo técnico mais votado naquela temporada, atrás de Pop.

Com Dragic, o Suns corria com velocidade e um propósito. Miragem?

Com Dragic, o Suns corria com velocidade e um propósito. Miragem?

Passou tudo como uma miragem no deserto do Arizona. Quando chegaram a fevereiro do ano passado, Dragic já havia pedido para ser trocado. Pressionado, o gerente geral se envolveu em uma sequência alucinante de negociações que pode muito bem ter custado o seu cargo, mandando embora três armadores de uma só vez, para ter o direito de pagar US$ 70 milhões a Brandon Knight, abrindo mão de escolhas de Draft preciosas, recebendo outras mais longínquas. Foram tantos telefonemas, trocas de mensagem, boatos, confirmados ou não, que demorou uns dois ou três dias para jogadores, técnicos e torcedores entenderem qual era o elenco que o Suns levaria até o final do campeonato.

De lá para cá, só desarranjo, descendo a ladeira.

Bledsoe, e uma nova cirurgia no joelho: a terceira no menisco

Bledsoe, e uma nova cirurgia no joelho: a terceira no menisco

O flerte com LaMarcus Aldridge acabou sendo o melhor momento do clube. Tudo para ver o San Antonio Spurs (mais uma vez!) estragar a festa. Até o final de novembro, a equipe se segurou com oito vitórias e nove derrotas (desde então, são 6 triunfos e 27 reveses, com 18,1%, pior até que o Lakers). Mas o vestiário já estava fraturado, prontinho para virar as costas para Hornacek, sem controle algum sob a situação. Antes disso, o técnico não havia conseguido trabalhar variações ofensivas para um time que dependida tanto da criatividade de Dragic na transição, para abrir a quadra para os chutadores e cortes dos pivôs em meia quadra. O plano ainda era correr o mais rápido possível: o Suns ainda é o quarto que mais corre no campeonato,  mesmo sem as peças necessárias, com Eric Bledsoe precisando de mais uma cirurgia no joelho e Knight se atrapalhando com a bola antes de ser afastado por lesão.

Faltou flexibilidade a Hornacek, mas também faltou jogador, por azar ou não. Para variar, sobrou para o técnico. Agora cabe a Earl Watson assumir essa, instruído a cobrar mais dos atletas, procurar algum sentido de união no clube e, ao mesmo tempo, desenvolver os mais jovens – excluindo desde já o ala TJ Warren, fora da temporada devido a maaais uma lesão grave no elenco. Boa sorte. “A primeira ordem para nós é construir confiança e um programa, e, não, apenas uma organização. Construir uma família. Temos de amar, temos de estimular, nutrir e ensinar”, disse. O quão rápido suas mensagens serão processadas?

A pedida? Eram os playoffs… Agora, bem, virou Ben Simmons (ou Brandon Ingram). Quando listei as músicas de pré-temporada, ao Suns estava endereçada uma pérola do U2 – “Stay (Far Away, So Close!)” –, para tratar justamente da pressão em cima de um time que parecia muito perto da briga pelos playoffs, mas sem garantia alguma, morrendo na praia nos últimos anos. Agora, quase três anos depois de McDonough assumir o clube, o Suns enfim se encaminha para ter uma escolha alta no Draft. Se, em 2014, a ideia era se aproximar de Andrew Wiggins, Jabari Parker ou Joel Embiid, agora os alvos são os alas Ben Simmons, Brandon Ingram e Dragan Bender, de preferência. Se, há dois anos, a bem-sucedida-e-frustrada campanha de 48 vitórias impossibilitou uma aposta mais promissora do que TJ Warren, agora o clube caminha em direção ao topo da lista de recrutamento. De acordo com projeção do “Basketball Power Index”, do ESPN.com, o Suns teria 34,5% de chances de ficar entre os três primeiros. Uma probabilidade menor que a de Sixers, Lakers, Nets e Timberwolves.

Ben Simmons: o prospecto da vez, dinâmico, mas sem chute

Ben Simmons: o prospecto da vez, dinâmico, mas sem chute

A gestão: McDonough chegou ao Arizona com a reputação de ser dos melhores scouts, avaliadores de talentos da liga, alguém da confiança de Danny Ainge, protagonistas em diversas boas escolhas do Celtics nos últimos anos. Ao Phoenix, levou Alex Len (quinta escolha em 2013), Archie Goodwin ( Warren (14º em 2014), Tyler Ennis (18º em 2014), Bogdan Bogdanovic (27º em 2014) e Devin Booker (13º em 2015).

É uma sólida coleção de jovens jogadores, embora uma ou outra escolha pode ser questionada – como é o caso da grande maioria das escolhas, na verdade. Nerlens Noel, CJ McCollum, Kentavious Caldwell-Pope, Giannis Antetokounmpo, Dennis Schröder e Rudy Gobert, todos hoje mais produtivos, estavam disponíveis para o lugar Len. Mas é inegável que o pivô ucraniano ainda tem muito potencial para se explorar. Ennis foi selecionado com o intuito de se encurralar o Toronto Raptors e acabou sendo uma furada – embora seja muito jovem ainda para se considerar um fiasco em Milwaukee. A ideia por trás de Bogdan-Bogdan era assegurar os direitos sobre um jovem europeu que não fosse ocupar espaço no elenco e teto salarial do clube por um tempo. Olhando em retrospectiva, sob as mesmas condições, o extraordinário pivô Nikola Jokic, seu compatriota, estava disponível. Até aí, outros 39 atletas foram selecionados antes do sérvio. E Bogdan-Bogdan segue progredindo sob a orientação de Zeljko Obradovic na Turquia. Sobre Devin Booker, ainda está muito cedo, mas os primeiros sinais mostram um talento imenso para aquele que é o jogador mais jovem em atividade na liga. Ironicamente, era venerado por Hornacek, com quem obviamente poderia aprender muito.

McDonough tem Watson como salvação?

McDonough tem Watson como salvação?

Agora… nos anos 60 e 70, talvez os gerentes gerais da liga só se preocupassem, mesmo, com o que se passava em quadra. A NBA de hoje é muito mais complexa que isso. Entre tantas outras nuanças, o jovem dirigente também se sai bem ao administrar a folha salarial do time, para a aquisição de novas peças, se permitindo a chance de flertar com grandes contratações como a de LaMarcus Aldridge (que passou perto…). Mais um ponto para ele.

Ao lidar com jovens e velhos astros, porém, as complicações vão além. Tem mais, muito mais. E aí David Blatt pode falar uma coisa ou outra a respeito. Pesa muito o modo como você se relaciona com o elenco, a comissão técnica e todos os adendos dessa turma. E esse ponto não parece ser um dos mais fortes de McDonough Entre tantos atletas negociados por ele, há um consenso: eles desembarcam no aeroporto soltando cobras e lagartos sobre a organização e a diretoria. Dizem que não são sinceros. Que quase não há comunicação e ninguém sabe ao certo o que se pensa sobre eles. Mais: as diversas trocas executadas nos últimos dois campeonatos quase sempre ignoraram a química do vestiário. Muitas peças se duplicaram e criaram confusão.

Em tese, por exemplo, fazia todo o sentido contratar Isaiah Thomas como terceiro armador numa rotação que usaria dois desta posição o tempo todo. Seriam 32 minutos para cada? Razoável, não? Claro que sim. Mas “claro que não”, ao mesmo tempo. Goran Dragic estava prestes a se tornar agente livre. Eric Bledsoe queria muito mais, depois de tanto tempo como reserva de Chris Paul. O mesmo vale para Thomas, que queria mais atenção vindo de Sacramento. Isso para não falar no rolo todo dos irmãos Morris: assinar um pacote em conjunto para os gêmeos foi algo inédito e que pareceu bonitinho na época e que se tornou uma armadilha. Os dois, segundo consta, aprontaram uma barbaridade na temporada 2014-15, no dia a dia do clube – isso para não falar na possibilidade de ambos serem presos. Markieff diz que o gerente geral o traiu ao mandar Marcus para Detroit. Agora, se defender a parceria era algo tão importante assim, talvez eles pudessem ter sido mais profissionais, não? Mais tranquilos? O ala-pivô não quis saber. Virou um encosto para o time, sem dar ouvidos a Chandler. Todos esses são sentimentos difíceis de se administrar.

Em meio a tanta incerteza, insegurança, sobrou para Hornacek. O curioso é que, mesmo no processo de sucessão do treinador, mais um processo bizarro foi conduzido. Em vez de nomear Watson prontamente – que era o movimento esperado por nove a cada dez observadores da franquia –, decidiram fazer entrevistas com os demais assistentes, fazendo dos únicos técnicos remanescentes concorrentes entre si. Se buscavam união, não parecia.

Porém, em sua coletiva para explicar a troca de técnico, o gerente geral também se mostrou fragilizado. Ele sabe que, se houver uma próxima queda, muito provavelmente sua gaveta será esvaziada. O que não seria de todo justo, aliás. Jogar toda a culpa em seu escritório seria tolice.

Cedo ou tarde, Robert Sarver, o proprietário do clube odiado pela torcida, daqueles que mete a mão na massa e interfere demais, vai ter de responder publicamente por tantos tropeços.

Olho nele: Devin Booker.

No período pré-Draft, o jovem ala era visto como o melhor arremessador em potencial daquela turma toda, mas não mais do que isso. Sim, o tiro de longa distância é uma habilidade altamente requisitada no mercado da NBA hoje e já explicaria uma escolha alta. Muitos o questionavam como um talento de ponta. Com apenas meia temporada como profissional, o garoto mostra que tem muito para onde crescer. A cada jogo, parece colocar em prática uma surpresinha, especialmente na criação de jogadas, aprendendo rapidamente como guiar um pick-and-roll, batendo para a cesta, indicando que pode se tornar uma arma completa. Em janeiro, com tempo de quadra generoso (33,6 minutos), respondeu com 17,3 pontos, 3,2 rebotes e 2,6 assistências, convertendo 35,2% nos chutes de fora. Aproveitamento fraco para um especialista, certo? Só leve em conta de que ele está trabalhando sem nenhum armador ao seu lado e também ficando mais visado – com o time completo, passava dos 50%. Booker é a única nota positiva do time em um campeonato caótico.

earl-watson-card-sonics-rookieUm card do passado: Earl Watson. Um dado um tanto assustador: Watson começou sua carreira já neste século, em 2001-2002, draftado pelo Seattle SuperSonics, via UCLA, para ser reserva de um veterano Gary Payton. Aquela seria a sétima temporada de Kevin Garnett e a sexta de Kobe Bryant. Paul Pierce, Jason Terry, Vince Carter, Dirk Nowitzki, Tim Duncan também tinham boa rodagem. E aqui estamos: 15 anos depois, aos 36 (dois mais velho que Tyronn Lue), o ex-armador se torna o técnico mais jovem da liga. Muito cedo?

Desde os últimos jogos pelo Utah Jazz e o Portland Trail Blazers, entre 2013 e 2014, havia a expectativa em torno de Watson de que não demoraria muito para ele virar um treinador. Quando decidiu se aposentar aos 35, certamente ainda seria capaz de conseguir um contrato de salário mínimo para ajudar um time mais jovem ou compor um elenco de veteranos, atuando praticamente como um mediador entre os técnicos e os atletas. Basicamente, será esta a sua missão agora em Phoenix, mas com mais responsabilidades e o distanciamento inevitável e necessário que seu novo cargo pede. Fora o lado de relações institucionais, restam dúvidas sobre sua bagagem tática para guiar um time de NBA.

Para constar, Watson tem ascendência mexicana por parte de mãe, uma característica que, no Arizona, pode fazer dele alguém de apelo popular. Ele terá meia temporada, contudo, para mostrar do que é capaz.


LaMarcus é do Spurs; DeAndre, do Dallas. Por que demorou tanto?
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Giancarlo Giampietro

LaMarcus Aldridge é do San Antonio Spurs, e o Golden State Warriors já sabe que a campanha em busca do bicampeonato ficou, desde já, muito mais complicada. É o tipo de acordo que balança novamente as estruturas de poder da liga, embora não possa ser considerado bombástico, pelo fato de ser algo relativamente esperado por boa parte dos concorrentes. Segundo consta, o pivô ainda havia ido para a cama indeciso. Comunicou o Portland que estava, mesmo, de saída, mas ainda pensava no Phoenix Suns. Repetindo: o Phoenix Suns!

Pois é. De um lado, um clube que conquistou cinco títulos de 1999 para cá. Com Tim Duncan e Gregg Popovich garantidos. Com Kawhi Leonard de contrato novíssimo. Do outro, um clube que foi duas vezes vice-campeão na história e que não joga os playoffs desde 2010. Que tem alguns jogadores jovens interessantes, mas nem mesmo conta com a base mais promissora em uma conferência brutal (Utah Jazz acho que leva esse título, enquanto o Minnesota Timberwolves parece o destino ideal para daqui a alguns anos).

LaMarcus, Pop e Ime Idoka dão uma volta em Los Angeles durante namoro cheio de dúvidas para o pivô

LaMarcus, Pop e Ime Idoka dão uma volta em Los Angeles durante namoro cheio de dúvidas para o pivô

Então, pera lá: qual é exatamente a dúvida aqui?! Foi natural questionar o que se passava pela cabeça de LaMarcus nos últimos dias. Aparentemente, não havia o menor sentido titubear entre Spurs e Suns.

Mas aí é que é importante compreender que a decisão de um jogador pode estar cercada pelas mesmas incertezas de qualquer profissional. A diferença é que, na hora de eu ou você trocarmos de emprego, não vai ter uma #WojBomb para anunciar e nem mesmo cinco pessoas interessadas no que você vai fazer no dia seguinte a0 de limpeza da mesa.

Ao que tudo indica, a apresentação da diretoria e técnicos do clube do Arizona foi surpreendente e tentadora, a ponto de balançar o pivô.  Como eles conseguiram se conectar com Aldridge, ao contrário do prestigioso Los Angeles Lakers, descartado imediatamente? Entender a oferta do Suns seria, então, um meio de desvendar o que se passava pela cabeça do atleta durante esse processo.

Aí entrou em cena o jornalista John Gambadoro, da rádio Arizona Sports, um cara bem informado sobre os bastidores da franquia local, para dar algumas pistas: 1) Aldridge tem aversão à posição 5, de patrulheiro de garrafão, e acreditava que, em San Antonio, pode ficar encarregado desse serviço sujo, enquanto o Suns havia acabado de contratar Tyson Chandler, presença inesperada na reunião com o clube; 2) em Phoenix, ele seria a referência indiscutível em quadra, podendo manter sua produção estatística (e a satisfação de ser o cara); 3) estaria também em um time bem competitivo — se não para conquistar o caneco, mas ao menos num patamar semelhante ao do Blazers, com chancds –, o que o livraria da imagem de “mercenário” e “caça-título”; 4) por fim, o fator extraquadra, no qual ele também seria tratado como a grande estrela, recebendo mensagens inclusive do prefeito de Phoenix nesta sexta-feira, um mimo que lhe fez falta nos últimos anos em Portland, depois da ascensão de Damian Lillard.

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Esses quatro pontos podem ser facilmente rebatidos, claro. Mas não podemos dizer se está certo ou errado ponderá-los. Teria LaMarcus exagerado em seu ciúmes quanto a Lillard? Talvez, até porque essa coisa de carisma é um tanto inerente, não? Quem tem, tem. Para atingir a popularidade, nem tudo se projeta e se constrói. Sobre sua questão em ser denominado pivô e ter a atribuição de trombar com os jogadores mais pesados: o talentoso cestinha poderia se questionar se esse conceito de cincão ainda existe, mesmo, ou se vá ser duradouro. Ok, bater de frente com Bogut e Asik deve doer uma barbaridade. Mas esses já são casos raros.

Nessa categoria mastodôntica, todavia, ainda se enquadra DeAndre Jordan, outro agente livre texano que tinha suas questões pessoais para matutar ao decidir se trocaria o Los Angeles Clippers pelo Dallas Mavericks. Sua mágoa com Chris Paul é realmente do tamanho que muita gente especulou durante a temporada. Nas palavras oficiais, claro, todos desmentiam. Até que chegou o momento de negociar um novo contrato, com o pivô virando as costas até mesmo para seu melhor amigo, Blake Griffin, de tanto desgosto que tinha pelas intensas cobranças do armador. Além disso, sonhava com um papel de maior destaque no ataque, em vez de apenas colher as rebarbas de CP3 e Griffin. Estava convicto de que poderia causar estragos no jogo de costas para a cesta e em mais situações de pick and roll.

Simbolismo puro

Simbolismo puro

Será? Doc Rivers, na tentativa de segurar o grandalhão que ele tanto ajudou a evoluir nos últimos dois anos, segundo consta, não prometeu nada nesse sentido. Teria menosprezado as habilidades do jogador, ou apenas constatado suas limitações? O Mavs se aproveitou dessa brecha e, em sua apresentação, usou a prancheta de Rick Carlisle para mostrar de que modo eles planejavam envolvê-lo no sistema ofensivo. Além disso, trouxe Dirk Nowitzki para a reunião. Fez o pivô se sentir mais querido.

No final, Aldridge tomou a decisão aparentemente mais lógica e fechou com o Spurs. Vai ter a chance de dividir a quadra com uma lenda como Tim Duncan pelo menos por um ano e carregar a tocha a partir daí, com a ajuda de uma estrutura incrível nos bastidores, a orientação de Gregg Popovich e uma força emergente como Kawhi. O que o clube texano não lhe proporciona é a visibilidade e o tratamento de estrela — não pelo fato de ser um mercado pequeno (Kevin Durant joga em OKC, e seu rosto está por todos os lados), mas simplesmente porque, em San Antonio, as coisas simplesmente funcionam de um modo diferente. As preocupações são outras. Jordan, por outro lado, foi com o coração e agora vai se testar seus limites sem a assessoria de Paul e Griffin, também de volta ao Texas, mais próximo de casa. Foi uma bobagem deixar um time que seria automaticamente candidato ao título por uma equipe que nem armador titular tem? Esportivamente, dá para dizer que sim. Só não dá para ignorar esse componente emocional.

Durante o flerte desses com outras equipes, Aldridge e Jordan expuseram suas preocupações, aflições e predileções. Você pode entender isso tudo como um capricho de jogadores mimados, e tal. Recomenda-se, todavia, dar sempre um passo para trás e tentar entender o que está acontecendo, em vez de simplificar as coisas com adjetivos chulos. Algo que anda em falta no mundo de hoje, a julgar pelas seções de comentários inflamadas em qualquer www. Independentemente da interpretação aos fatos, o que se constata depois das negociações dos pivôs, o que eles nos ensinam, uma vez mais, é sobre a complexidade do dia a dia da NBA — e de qualquer grande liga esportiva, afinal de contas. Eles jogam, nós cornetamos. Eles vivem, e nós também.

PS: um contrato de freelancer que começou neste mês deixará a atualização do blog um pouco intermitente durante a disputa dos Jogos Pan-Americanos.


Steve Nash nunca mais: aposentadoria confirmada
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Giancarlo Giampietro

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Mais um termo gasto à exaustão no jornalismo esportivo? “Genial”. Não dá para banalizar uma palavra dessas, gente. Mas, para Steve Nash, cabe perfeitamente. Ou cabia: uma vez que, neste sábado, o armador confirmou que não vai ser mais um jogador de basquete.

Ele pode não ter ganhado um título, mas conduziu alguns dos times mais ofensivos (ou de “melhor ataque”, ou de “ataque mais eficiente”) da história da NBA. Seu Michael Jordan (aquele que barrou Malote/Stockton, Ewing, Barkley e Payton/Kemp no baile) acabou sendo, principalmente, Tim Duncan/Tony Parker – ainda que tenha perdido para Kobe/Gasol/Bynum/Mestre Zen/Artest (2010) e seu compadre Dirk Nowitzki também. Que mal tem nisso? Aqui, segue a recusa de julgar atletas por “vencedores” ou “perdedores”. Existe um vasto universo entre um e outro.

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Que ele tenha confirmado sua aposentadoria neste sábado sem poder entrar em quadra na temporada talvez seja mais doloroso que isso. Principalmente para alguém que gostava tanto de jogar e se empenhou tanto nos últimos 10 anos para tentar manter a forma, lidando com insistentes problemas nevrálgicos e/ou nas costas. O canadense usou e abusou da mágica equipe médica do Suns para isso. Tudo ruiu quando foi para o Lakers. Mas provavelmente a queda aconteceria de modo inevitável, pelo desgaste acumulado. A tal da idade.

No auge, em quatro temporadas, Nash teve aproveitamento de quadra superior a 50% nos arremessos, 40% de três e 90% nos lances livres. O invejável clube dos 50/40/90. Pensem nesses números e lembrem-se que o canadense estava com a bola – ao contrário de um Steve Kerr, que abria na linha perimetral à espera de um passe de Jordan, Pippen ou Kukoc. Talvez tenha sido o melhor arremessador da história da liga. Larry Bird, Jerry West, Nowitzki e Stephen Curry podem falar algo a respeito. É o tipo de coisa que não dá para cravar, mas Nash certamente está nessa discussão.

Ele viu esse passe: reparem em como está seu corpo. Não há equilíbrio algum, a passada foi encurtada e/ou esticada, mas ele fazia mesmo assim. Isso faz parte da capacidade atlética

Ele viu esse passe: reparem em como está seu corpo. Não há equilíbrio algum, a passada foi encurtada e/ou esticada, mas ele fazia mesmo assim. Isso faz parte da capacidade atlética

A capacidade para o chute andava lado a lado com sua habilidade atlética e visão de quadra e… Pera lá! Atlético?! Um cara que provavelmente nem conseguia enterrar? É, pois é. O nível de coordenação motora que o sujeito tinha vale mais que qualquer sprint. A impressão que sempre passou era a de que que seria o melhor levantador no vôlei,o melhor quarterback, o melhor armador no handebol e, quiçá, um camisa 10. É um talento atlético, sim — belo embora, incrivelmente, não seja dos mais visados, o que explica o fato de ele só ter recebido uma proposta de um College minimamente decente nos EUA: a modesta Santa Clara. Fazia o que queria com a bola, o que lhe propiciava realizar os passes “que ninguém via”.

Outro fator que não deve ser subestimado: o quanto Nash tornou aqueles que estavam ao seu redor melhores, craques ou não. Marion, Stoudemire, Tim Thomas, Raja Bell, James Jones, Dragic, Richardson e, claro, Leandrinho – um dos seus grandes amigos. Entre tantos outros. Inestimável contribuição, que faz qualquer dirigente parecer muito mais inteligente. Bryan Colangelo que o diga.

Essas características davam ao cara plena autonomia. Don Nelson e Mike D’Antoni entenderam e aceitaram isso sem problemas. (O que, aliás, é um baita mérito). Não é que seus times não tivessem jogadas cantadas ou “sistemas”. Claro que davam diretrizes. Mas a execução em quadra era muito mais livre do que em 95% dos casos que vemos por aí. Nash pegou a chave do busão e organizou tremendos passeios.

Era um jogador completo? No ataque, sim. Na defesa, sabia fechar espaços, mas tinha muita dificuldade em jogadas de mano-a-mano. Na hora do vamos ver, precisava ser “escondido”. Contra o Spurs, em vez de enfrentar um Tony Parker, por exemplo, ficava com Bruce Bowen na zona morta. Não acho que isso arranhe seu legado – sim, podemos falar de “legado” também. Seu Phoenix Suns revolucionou a liga, e até o algoz Gregg Popovich fala a respeito. Apontar falhas não serve para desmerecer aquilo que se faz bem. Poderíamos aceitar isso numa boa, não? (Russell Westbrook pensa que sim.) Na balança, Nash deu muito mais do que tirou.

Agora, o ex-armador vai se dedicar mais às filhas, ao cinema e ao cargo de gerente geral da seleção canadense. Tem em Curry um herdeiro quase natural — o armador do Warriors tem o drible e o chute e até marca bem mais hoje. Porém, não chega a ser tão intuitivo assim na hora de botar o time para jogar.

De qualquer forma, também tem um basquete genial. Aproveitem o rapaz, que Steve Nash nunca mais.

A foto que Nash escolheu para ilustrar sua carta de despedida

A foto que Nash escolheu para ilustrar sua carta de despedida

*   *   *

Não é falsa modéstia, mas não esta postagem não faz jus ao jogador que foi Nash. Sua visão de quadra e instinto, a importância do Suns dos anos 00, a derrocada no Lakers eram todos temas que devem ser explorados com mais profundidade. Acontece que não houve tempo para preparar algo melhor – no futuro, dá para falar mais sobre esses tópicos e outros mais. Para esmiuçar a carreira do canadense, a imprensa norte-americana já nos deu grandes textos desde o momento em que ficou claro que ele não jogaria mais. Ao Marc Stein, repórter dos mais próximos ao astro, ele fala como anda sua vida hoje, como aceitou o fato de que não dá mais para jogar e sobre não se importar com qual seria o seu legado. Amin Elhassan conta como era trabalhar no time de um gênio, com detalhes saborosos. Ryan Wolstat, do Toronto Sun, escreve sobrseu impacto no Canadá e coleta números e tweets da NBA sobre ele. Bruce Arthur, do Toronto Star, nos demonstra como a carreira do armador foi uma aberração.

Talvez o melhor, mesmo, seja o próprio Nash contar o que fazia. Em vídeos como este:




12 trocas de última hora: quem saiu ganhando na NBA?
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Giancarlo Giampietro

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

Jovem Enes Kanter chega a OKC para reforçar o banco e oferecer pontos no garrafão

“Meu Deus”.

Depois de 11 12 trocas fechadas, com 36 39 jogadores envolvidos (mais de dois elencos completos, ou três de elencos mínimos de 13!) numa única quinta-feira, essa foi a simples e exausta reação do jornalista Adrian Wojanarowski, do Yahoo! Sports, talvez com a orelha quente e os dedos da mão calejado de tanto que usou o telefone.

Wojnarowksi, vocês sabem, é o jornalista mais quente quando chega a hora de anunciar negociações por toda a NBA. Mas hoje o trabalho foi tanto que nem ele aguentou. As coisas foram muito além do imaginado. Foi uma loucura.

(Atualização nesta sexta de manhã: para vermos o quanto a jornada foi maluca, mesmo: houve ainda uma 12ª troca entre Oklahoma City Thunder e New Orleans Pelicans, com o envio do armador ligeirinho Ish Smith para N’awlins, apenas para abrir espaço no elenco para o que segue abaixo. como disse o jornalista Marc Stein, do ESPN.com, mais uma fera nesse tipo de ocasião: “Talvez tenham sido 12 trocas.Perdi minha habilidade de fazer matemática em algum lugar durante esta tarde”.)

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Em termos de nomes, o destaque fica por conta do retorno de Kevin Garnett a Minnesota, 20 anos depois de ter sido draftado pela franquia. Uma história muito legal, mas cujas repercussões para a liga são reduzidas, é verdade. Thaddeus Young foi para Brooklyn, ocupar sua vaga no quinteto titular do Nets.

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

Quando KG foi draftado pelo Wolves, Wiggins tinha 4 meses de idade

Pensando nos times de playoff… Ou melhor: pensando nos times que tentam chegar aos playoffs, Oklahoma City Thunder e Miami Heat foram os times que saíram triunfantes dessa jornada de extrema tensão – três trocas foram fechadas literalmente na última hora permitida.

Foi numa dessas negociações que OKC adquiriu o pivô Enes Kanter e o ala Steve Novak, do Utah Jazz, e o armador DJ Augustin e o ala Kyle Singer, do Detroit Pistons. De uma só vez, o gerente geral Sam Presti reformulou todo o seu banco de reservas e deixou seu time muito mais forte para as batalhas que se aproximam. Kanter oferece o tipo de jogo interior que a equipe jamais teve durante essa gestão, enquanto Augustin e Singler são belos arremessadores e jogadores competitivos que devem se encaixar perfeitamente na cultura, na química do time. Não obstante, Durant e Wess ainda viram o Phoenix Suns (meio que) se despedaçar, dando a entender que não se mete mais na briga pelo oitavo lugar do Oeste. Resta a Anthony Davis e os Monocelhas o papel de oposição ao Thunder.

Para reforçar sua segunda unidade, Presti precisou se desfazer apenas de Reggie Jackson (um enorme talento, mas já sem paciência alguma com o clube, prestes a entrar no mercado de agentes livres), que foi para Detroit para tentar salvar a temporada de SVG, Kendrick Perkins (RIP, provavelmente agora rumo ao Clippers), Grant Jerrett (um prospecto interessante, mas que não teria espaço tão cedo), os direitos sobre  o alemão Tibor Pleiss (um belo jogador) e uma ou outra escolha de Draft que ainda não foi revelada. O Utah apenas limpou o salário de Novak e ganhou alguma compensação futura por Kanter. Melho que nada.

O Miami Heat coneguiu algo aparentemente impensável: levou Goran Dragic (e o irmão Zoran). Está certo que o time da Flórida já aparecia na seleta lista de clubes desejados do armador esloveno, mas o difícil era imaginar que tipo de pacote Pat Riley poderia construir para convencer o Suns a abrir mão de um descontente Dragic, mas que ainda tinha valor de mercado e era seu principal jogador. Acabou fechando a conta ao mandar duas escolhas futuras de Draft (os anos ainda não estão definidos, mas devem ser daqui a um boooom tempo). De última hora, o New Orleans Pelicans também entrou no negócio e obteve o armador Norris Cole e o ala-pivô Shawne Williams. Para o Arizona, também foram o pivô Justin Hamilton e os veteranos John Salmons e Danny Granger. Afe.

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Éramos três: sobrou apenas Bledsoe, agora com Knight na jogada

Se antes Jeff Hornacek tinha armadores em excesso, viu, depois de Dragic, mais dois serem despachados, vindo Brandon Knight em contrapartida. Foi um dia violento para o caderno de jogadas do treinador. Ao menos Knight tem bom arremesso de três e se encaixa bem como segundo armador ao lado de Bledsoe – desde que, claro, não crie caso, como fez Dragic. Mais: o atleta revelado pela universidade de Kentucky vai se tornar agente livre restrito ao final da temporada. Qual será sua pedida? Haverá algum desconto em comparação com o esloveno? A conferir.

Numa troca tripla, o jovem Tyler Ennis foi enviado para Milwaukee Bucks, que também recebeu o pivô Miles Plumlee e Michael Carter-Williams, do Philadelphia 76ers. O Sixers ganha uma escolha de Draft do Lakers, via Suns, que é protegida para o top 5 do próximo recrutamento de calouros – só com muito azar Suns e Lakers perdem essa, de modo que, discretamente, o Sixers mostra que realmente não confiava em MCW como seu armador do futuro. Os números nem sempre contam toda a história… Ainda mais num sistema que infla as estatísticas. Ah, além disso o time ganhou uma escolha de Draft futura, via OKC, para recolher JaVale McGee, de Denver. Um perigo colocar um lunático desses ao lado de Joel Embiid, camaronês que ainda não fez sua estreia e, segundo dizem, já desperta uma certa preocupação por seu comportamento fora de quadra.

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Carter-Williams e McDaniels pareciam promissores em Philly. Estão fora: reformulação até quando?

Depois, o Suns negociou o pequenino Isaiah Thomas com o Boston Celtics, que cedeu Marcus Thornton e uma escolha de draft de primeira rodada para 2016, pertencente ao Cleveland Cavaliers. E o Celtics, do hiperativo Danny Ainge, devolveu Tayshaun Prince ao Detroit Pistons, ganhando a dupla estrangeira Jonas Jerebko e Luigi Datome (acho que SVG foi mal nessa, mas… vale pela nostalgia). No geral, Ainge se envolveu em seis trocas neste campeonato: Rondo para Dallas, Green para Memphis, Wright para Phoenix, Nelson para Denver e as duas desta quinta. Celtics, Suns e, claro, Sixers são os clubes com mais escolhas de Draft para os próximos anos. Resta saber se vão transformar esses trunfos em jogadores de verdade.

Teve mais, com a sempre regular presença do Houston Rockets de Daryl Morey, que agora conta com Pablo Prigioni e com o ala novato KJ McDaniels. Para tê-los, mandou Alexey Shved para o New York Knicks, com mais duas escolhas de segunda rodada, e além de ter repassado o armador Isiah Canaan e uma escolha de 2ª rodada para o Sixers.

Lembrando que tudo começou quando o Portland Trail Blazers acertou com o Denver Nuggets a transação do ala Arron Afflalo, dando Thomas Robinson, Will Barton, Victor Claver e uma escolha de primeira rodada e outra de segunda, e quando Washington Wizards e Sacramento Kings trocaram Andre Miller e Ramon Sessions. Miller vai reencontrar George Karl.

Meu Deus.

Quem ganhou e quem perdeu com tudo isso?

Sam Presti: o cartola-prodígio andava apanhando muito mais que o normal nos últimos meses, num processo de deterioração que começou com a saída de James Harden. Para piorar, graves lesões de Durant e Westbrook acabaram pondo a equipe numa situação delicada em uma Conferência Oeste extremamente dura. A pressão estava evidente, e ele mesmo admitiu isso. A resposta, em teoria, foi demais – os nomes não causam alvoroço, mas foram grandes achados. Depois de flertar, e muito, com Brook Lopez, encontrou em Kanter um ótimo plano B: o turco não vai ser muito exigido em OKC.Precisa apenas pontuar e pegar rebotes com eficiência saindo do banco e pode melhorar na defesa ao se integrar a um sistema mais bem entrosado. O que pagar para o turco ao final da temporada, quando ele vira agente livre restrito? Bem, não é a prioridade no momento. Singler merece minutos na rotação de perímetro, revezando com Roberson e dando um descanso a KD. Augustin já mostrou que sabe ser produtivo vindo do banco e ainda oferece um ritmo de jogo diferente, podendo cadenciar as coisas. Bônus: o armador é bem próximo a Durant, ajudando a compensar a perda de Perk no vestiário.

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Quem aí quer partilhar a bola com Chalmers e Birdman, Dragic?

Goran Dragic: pelo simples fato de ter exigido uma troca em cima da hora e ainda conseguido uma transferência para um dos três clubes que imaginava defender (Lakers e Knicks eram os outros). Pelo preço que pagou, está implícito também que Riley vai concordar em assinar um contrato de US$ 100 milhões por cinco anos com o esloveno, que, além do mais, troca o sol do Arizona pelo da Flórida, e ainda leva o irmão na bagagem. Se em Phoenix precisava dividir a bola com Eric Bledsoe e Isaiah Thomas, agora vai tomá-la das mãos de Mario Chalmers.

Dwyane Wade: a temporada do Miami Heat parecia destinada ao purgatório até que… Primeiro apareceu o fenômeno Hassan Whiteside. Depois, essa megatroca. Que coisa, hein? Ter Dragic por perto significa menos responsabilidades criativas para o astro da franquia, tanto em transição como nas combinações de pick-and-roll/pop com Chris Bosh e Whiteside. Menos responsabilidades = mais descanso para o ala-armador, que já foi afastado por três períodos diferentes nesta campanha devido a problemas musculares. E é sabido que, assim como nas temporadas anteriores, o Miami só vai aspirar a alguma coisa se Wade estiver em forma nos mata-matas. Com LeBron ou com Dragic. Mais: precisamos ter um Cavs x Heat nos playoffs, não? Precisamos.

Reggie Jackson: mais um que forçou uma negociação e teve seu desejo atendido. Agora vai ter uns 30 jogos pelo Pistons para mostrar ao mercado que pode, sim, ser um armador titular, e de ponta. Stan van Gundy estava fazendo maravilhas por Brandon Jennings e agora tenta dar o seu toque especial a este jogador explosivo, com grande faro para pontuar, mas que foi um tanto inconsistente em Oklahoma City.

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Arron Afflalo agora é chapa de Damian Lillard

Terry Stotts: agora vai poder olhar para o seu banco de reservas e ver alguém quem confiar para hora que o jogo apertar e Nicolas Batum ainda estiver com a cabeça na lua. É de se questionar se o treinador fez de tudo, mesmo, para assimilar um prospecto interessante como Will Barton. O fato, porém, é que o Blazers não podia esperar uma revisão nas rotações de seu treinador e, assim como Memphis, Dallas, Houston etc., sente que existe uma boa chance este ano e foi de all in para cima de Afflalo, pagando caro num futuro agente livre.

Os experimentos de Jason Kidd: o Milwaukee Bucks perdeu seu cestinha e principal criador em Brandon Knight, mas ganha em Michael Carter-Williams um armador alto, de envergadura. Com ele em quadra, Kidd vai poder simplesmente instaurar um sistema de “troca geral” na defesa, trocando todas as posições, além de fechar para valer seu garrafão e as linhas de passe. Miles Plumlee, atlético e forte, também ajuda pra isso. Vai ser ainda mais chato enfrentar o Bucks.

Jerami Grant: quem? Bem, o filho do Harvey Grant, sobrinho do Horace, e ex-companheiro de Fab Melo em Syracuse. Selecionado na segunda rodada do Draft pelo Sixers, demorou para estrear ao se recuperar de uma lesão no tornozelo. Enquanto esteve fora, KJ McDaniels fez barulho pela equipe, com suas jogadas acrobáticas dos dois lados da quadra. Aos poucos, porém, Grant foi ganhando espaço, com flashes de muito potencial devido a sua envergadura e tamanho. Agora, terá mais minutos para convencer Sam Hinkie de que pode ser uma peça para o dia em que Philly quiser ser novamente competitivo. Talvez demore, todavia…

Pablo Prigioni: o argentino deixa a pior equipe da liga para se juntar a uma que sonha com o título. Nada mal para o veterano que está nas últimas em quadra. Nova York por Nova York, sempre dá para retornar nas férias, né?

Doc Rivers? Ele estava rezando para que ao menos um jogador de seu agrado fosse dispensado, e está a alguns minutos/horas de ver Kendrick Perkins virar um agente livre. O Utah Jazz não vai manter o pivô em seu elenco, abrindo caminho para uma rescisão. O vínculo entre Doc e Perk é óbvio, e o elenco do Clippers é dos raros casos para o qual o campeão pelo Celtics em 2008 ainda seria uma boa notícia em termos de basquete – e não só de liderança. O Cleveland Cavaliers, no entanto, pode atrapalhar seus planos.

Andrew Wiggins, Zach LaVine e Anthony Bennett: desde que saibam escutar os xingamentos de Kevin Garnett e entender o recado. KG vai tocar o terror no vestiário do Wolves e, ao mesmo tempo, servir como um líder, mentor que Kevin Love jamais foi. Ricky Rubio vinha assumindo essa, mas tem de entender a companhia especial que chega também de modo inesperado.


Poucos notam, mas o New Orleans Pelicans ainda está na briga
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Giancarlo Giampietro

Anthony Davis pode ser o MVP. Desde que o Pelicans...

Anthony Davis pode ser o MVP. Desde que o Pelicans…

Nesta segunda-feira, demos uma passada pela situação de classificação do Leste. Se a gente virar a tábua, no Oeste, existe uma situação curiosa: virou lugar comum falar que o Phoenix Suns vai tentar de tudo para se segurar com a oitava colocação diante da pressão de um Oklahoma City Thunder completo, e sobre como será difícil resistir ao ataque destes. Até faz sentido quando lembramos que o Suns foi o time que brigou por esse oitavo lugar até o fim do campeonato, sem sucesso, enquanto OKC surfava lá em cima, perto do Spurs.

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>> 30 times, 30 fichas sobre a NBA 2014-2015

Só tem um problema nessa história toda: o New Orleans Pelicans de Anthony Davis, que insiste em se manter entre uma franquia e a outra, ocupando a nona posição numa corrida – aí, sim, de verdade – pelos playoffs.

(Ao contrário do que acontece na outra metade do país, em que muitas equipes de fato até querem uma vaguinha, mas estão completamente  danificadas. O Charlotte Hornets, por exemplo,  que hoje é o oitavo, de um dia para o outro, descobriu que Kemba Walker vai precisar passar por uma cirurgia devido a um menisco lateral rompido no joelho esquerdo. Ele deve ficar afastado por um mínimo de seis semanas. Então lá vai Brian Roberts para o resgate.)

Os Monocelhas estão curtindo sua maior série de vitórias na temporada (quatro, com 24 vitórias e 21 derrotas no geral) e têm o Denver Nuggets como próximo compromisso. Tudo isso em meio a um período extremamente favorável na tabela: dos 12 jogos antes do intervalo do All-Star Game, dez serão em casa. Alguns visitantes são bem incômodos: Los Angeles Clippers (30/01), Atlanta Hawks (02/02). No fim de semana, porém, a equipe venceu o Dallas Mavericks para ganhar confiança.

Ah, antes que esqueça: quem também vai dar um pulo por Nova Orleans em breve é o… Oklahoma City, dia 4 de fevereiro. E mais: no dia seguinte, os dois times voltam a se enfrentar no ginásio do Thunder, numa daquelas dobradinhas lá-e-cá que se encaixam da melhor maneira possível em meio à maratona da temporada regular.

Se ninguém cogita o Pelicans como opção viável para os mata-matas da conferência, dependendo do que aprontarem nas próximas semanas, as coisas podem mudar rapidamente, dependendo muito do que acontecer no confronto direto com Durant e Westbrook. É a chance de a franquia romper com a mediocridade e partir para cima da concorrência.

Antes de mais nada, como o vocábulo é gasto à vera por aí, vale esclarecer que, segundo um dos pais de nós todos, “mediocridade” se assimila, pela ordem, da seguinte maneira: “1. Médio ou mediano. 2. Meão. 3. Que está entre bom e mau. 4. Que está entre pequeno e grande. 5. Ordinário, sofrível, vulgar. Naturalmente, em tempos de ódio mortal por qualquer coisa, para a esmagadora maioria, o quinto lugar virou o primeiro. No caso do Pelicans, vale o primeiro.

Até esta segunda-feira, quando massacrou o Philadelphia 76ers, a  galera do Monocelha nunca havia ficado mais que duas vitórias acima da marca de 50% (5-3 e 7-5 foi o máximo que conseguiu). Ao mesmo tempo, também nunca se viu duas derrotas abaixo dessa linha mediana (8-10, a pior). Além disso, antes de engatar esta sequência de quatro resultados positivos, os caras não haviam somado mais do que dois triunfos consecutivos, assim como também não perderam mais do que três em série (sendo derrotado por Sacramento Kings, quando eles ainda eram bons, Atlanta Hawks e Washington Wizards). Já tomaram vareios de Warriors, Blazers e Clippers, é verdade, mas, além do Mavs, também derrotaram Grizzlies, Raptors e Rockets. Isto é: a lei de que tudo se equilibra no decorrer da temporada da NBA  encontra em N’awlins seu maior representante nesta temporada.

No Oeste e na estrada, Pelicans se manteve na linha da mediocridade. Hora de deslanchar?

No Oeste e na estrada, Pelicans se manteve na linha da mediocridade. Momento para deslanchar?

Se o aproveitamento de 53,3% não chama tanta a atenção, é bom reparar que eles fizeram até o momento cinco partidas a mais fora de casa – e, jogando como anfitriões, os rapazes têm a quarta melhor campanha do Oeste, com 15-5, abaixo apenas de Golden State (21-1), Portland (20-5) e Memphis (19-5). Interessante, até porque a tabela que eles enfrentaram é, por ora, a nona mais difícil. Seus oponentes sustentam um aproveitamento de 50,5% na média, enquanto os do Phoenix Suns têm 48,6% (a segunda mais fraca). OKC, todavia, teve o quarto caminho mais pedregoso (51%). O aproveitamento intraconferência rende outro número otimista para o técnico Monty Williams: eles também venceram muito mais do que perderam (17-11, o quinto melhor).

Por essas e outras, na hora de fazer projeções estatísticas – como a fórmula/brincadeira desenvolvida por John Hollinger no ESPN.com, antes de ele virar dirigente do Grizzlies –, o Pelicans aparece, sim, como um convidado realista para a festa dos playoffs. Nesta segunda, antes mesmo da surra sobre o Sixers, o clube já aparecia como o favorito ao oitavo lugar, com 43,8% de chances, contra 40,8% do Thunder e 39,5% do Suns. Legal que, na projeção pelos resultados acumulados até esta terça-feira, os três podem terminar com a mesma campanha: 44 vitórias e 38 derrotas, com o ex-Hornets levando a vaga no desempate. Haja coração, amigo.

Para constar, de acordo com esse mesmo sistema, restaria de fato apenas uma vaga em aberto. O San Antonio Spurs seria o único time entre os sete primeiros abaixo dos 90% de probabilidade, mas com 88,6%. Como esses números são calculados? Bem, o cara explica de forma mais detalhada, mas saiba que eles saem depois que a temporada regular é simulada 5.000 vezes. A partir dos 5.000 resultados possíveis, saem os percentuais. É ciência? Sim. Exata? Dãr.

Obviamente o computador precisa fazer seus palpites a partir de uma fonte, e essa fonte são os dados enfatizados pelo mesmo Hollinger em sua medição estatística diária da liga, que não leva em conta apenas números básicos como a soma de vitórias e derrotas. Outra: a máquina também não vai saber se algum favorito ao título vai perder, ou adicionar uma peça importante daqui para a frente. Assim como não sabe, por exemplo, que o Pelicans está jogando neste exato momento sem o armador Jrue Holiday e que Austin Rivers, ineficiente que só, foi mandado para as cucuias, antes de ser resgatado pelo pai.

Sem Holiday (afastado por conta de uma reação de estresse na perna direita), um armador que intimida pela combinação de tamanho, porte físico e velocidade, a equipe vem respondendo bem, com seis vitórias em oito compromissos. A subida de produção se explica por um desempenho defensivo bem superior ao do restante da temporada: em janeiro, eles têm a sétima defesa mais eficiente da liga; na temporada como um todo, ocupam apenas o 22º lugar. O padrão ofensivo, um dos dez melhores do campeonato de modo consistente, se manteve, aliás. Mas o ganho na contenção dos oponentes representou um saldo de quatro pontos por posse de bola a mais. Lembrando que o armador titular disputou cinco partidas no mês. De qualquer forma, confesso minha surpresa aqui.

Dante Cunningham, importante na nova química do Pelicans

Dante Cunningham, importante na nova química do Pelicans

Tyreke Evans foi quem assumiu a armação, jogando ao lado de Eric Gordon na back court. Nenhum dos dois é reconhecido na liga como um defensor implacável. A efetivação de Dante Cunningham na formação titular já dá uma pista mais confiável (ao menos segundo o teste dos olhos). O ala dispensado pelo Minnesota Timberwolves tem envergadura e agilidade para tapar buracos. Sozinho, porém, não vai fazer milagre. Decorre que, com ele ao lado de Evans, Gordon, Davis e Omer Asik, o técnico Williams descobriu uma formação que lhe rende 19,4 pontos a mais a cada 100 posses de bola, um número para lá de ótimo, que só merece o asterisco pela baixa incidência, pelo fato de ser uma amostra pequena (98min47s no final). Supera os +15,2 do quinteto Holiday-Gordon-Evans-Davis e Asik (169 minutos). Para contextualizar, o Golden State Warriors titular, com Curry-Thompson-Barnes-Green-Bogut, bate os adversários por +29,1 pontos por 100 posses de bola, mas em 366 minutos juntos. Trocando Bogut por Speights, cairia para +23,2, em 170 minutos.

Agora, discutir qualquer assunto ligado ao Pelicans sem enfatizar a excelência de Anthony Davis é impossível. Com o Monocelha em quadra, a equipe tem um saldo de +5,3 pontos/100. Sem ele, despenca para -9.7/100. Os números do jovem astro ficam ainda melhores na condição de anfitrião, quando sua presença em quadra resulta num impacto de +14,4/100, com melhora substancial no setor defensivo. Com mais energia para usar os braços intermináveis e todo o seu pacote atlético, interfere muito mais nos planos dos adversários. Como no dia em que não se cansou de dar tocos em Tim Duncan, vibrando demais.

Em termos de medição de eficiência, com PER de 31,9, a temporada que o estimado Monocelha vem conduzindo em Nova Orleans está entre as melhores da história. Algo equivalente ao que Wilt Chamberlain e LeBron-no-auge atingiram.  Ah, e Michael Jordan também. Agora calma: isso não quer dizer que ele seja do nível de nenhum desses três – mas ‘apenas’ que, no seu tempo, comparando com os números de seus concorrentes da atual temporada, o ala-pivô vem sendo igualmente produtivo.

Até para efeito de reconhecimento do que Davis vem fazendo, com um jogo que vai muito além de cravadas e tocos (ainda que seus lances individuais sejam realmente chocantes), seria legal ver seu time deslanchar. Até porque a narrativa predominante na atual campanha vai impedir que ele entre para valer na discussão pelo prêmio de MVP, uma vez que sua equipe tem hoje, respectivamente, 15 e 7 derrotas a mais que o Golden State Warriors e Houston Rockets, ou Stephen Curry e James Harden. Dois craques, mas que, em termos de rendimento individual, não se equiparam do garoto de 21 anos.

O New Orleans Pelicans, claro, como time, não persegue mais Warriors, nem Rockets. Está de olho apenas em Suns e Thunder. Ainda que poucos estejam reparando nele.


Com mercado em polvorosa, até OKC se mexe; Brook Lopez é o alvo
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Giancarlo Giampietro

Brook Lopez em OKC? Seria uma referência ofensiva e transferência inédita para o clube

Brook Lopez em OKC? Seria uma referência ofensiva e transferência inédita para o clube

Tem artigos nos quais você bate o olho e, de cara, já concede: “O cara mandou muito bem nessa”. Belo gancho (uma pauta que procede), bela sacada, texto preciso. Aconteceu comigo ao ver este texto de Paul Flannery, do SB Nation: “Esperança incentiva trocas na nova era de paridade da NBA”.

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Se você pegar os últimos acontecimentos, com uma temporada cheia de trocas, várias delas com a participação de times da Conferência Oeste – e o Boston Celtics, claro –, vai ver que o título é perfeito. Acerta na mosca. No momento em que escrevo isso aqui, temos mais um rumor quente de negociações, agora com o Brooklyn Nets e seu pivô Brook Lopez no centro do furacão. Estariam muito perto de negociá-lo, com o envolvimento de Charlotte Hornets e, surpreendentemente, Oklahoma City. Ou só de OKC, mesmo.

Por que surpreende?

Bem, é só ver o histórico de Sam Presti na gestão do Thunder. Ele fechou, sim negociações e alterou seu elenco aqui e ali, como quando mandou Jeff Green e Nenad Kristic para o Boston Celtics, recebendo Kendrick Perkins e Nate Robinson, em 24 de fevereiro de 2011. Em geral, porém, o dirigente é muito, mas muito mais conservador na hora de lidar com suas peças. A construção do plantel, para ele, acontece muito mais pelo Draft e com contratações no mercado de agentes livres, geralmente buscando veteranos para completar a rotação e ajudar com o vestiário (Derek Fisher, Caron Butler, Royal Ivey). De negociações durante o campeonato, só coisas bem pontuais, como na aquisição de Nazr Mohammed e Ronnie Brewer.

Quando James Harden saiu para o Houston, foi antes de a temporada regular começar para valer e por força das circunstâncias especiais – o Mr. Barba estava para renovar o contrato, pronto para receber uma bolada, e, pensando no teto salarial, Presti não estava disposto a pagar o necessário.

Pois bem. Nesta campanha 2014-15, o cartola já buscou Dion Waiters em transação com Cavs e Knicks. Tá certo que só precisou abrir mão de Lance Thomas nessa, mas, ainda assim, assumiu um certo risco, já que o ala-armador ex-Cleveland não é das figuras mais tranquilas de se lidar no dia a dia, e, em OKC, valoriza-se demais a química do time.

Jeff Green: a aposta do Memphis, que se torna mais atlético e mais alto no perímetro

Jeff Green: a aposta do Memphis, que se torna mais atlético e mais alto no perímetro

Agora, Presti volta aos noticiários numa tentativa de importar Brook Lopez, podendo ceder Kendrick Perkins, Jeremy Lamb e Grant Jarrett, segundo nomes cogitados. O que está pegando? Justamente o ponto levantado por Flannery: todos os times de ponta do Oeste (e hoje essa lista chega a oito, nove integrantes, dependendo do quanto você confia no Phoenix Suns, ou não) acreditam que este pode ser o ano do título. No caso do Thunder, pesa também, primeiro, o fato de estarem fora da zona de classificação.

O Spurs, bicampeão da conferência, se mostra vulnerável, enquanto Kawhi Leonard não retorna e Tony Parker não retoma a melhor forma. O Golden State Warriors, pelos números apresentados, resultados e consistência, ganha o direito de se considerar o favorito. Porém, pelo fato de nunca terem ido longe nos mata-matas com o atual núcleo, vai caber sempre uma desconfiança. A concorrência sente que as portas estão abertas. Então o que temos é uma corrida para ver quem pode chegar lá primeiro.

O Dallas foi atrás de Rondo. O Rockets foi oportunista ao coletar Josh Smith e tirar Corey Brewer do Minnesota. O Phoenix Suns pagou uma escolha de primeira rodada, que pode virar duas de segunda, para ter Brandan Wright, talvez, por apenas meia temporada. O Memphis adicionou Jeff Green, um ala alto, atlético e verdadeiramente efetivo, que lhe faltava. O Clippers tenta se mexer com os poucos recursos que tem ao seu dispor, apostando em Austin Rivers, o filho do homem (mais a respeito disso no fim de semana, mas adianto: valeria a aposta em Austin para qualquer time, menos LAC). O Pelicans tinha problemas nas alas e buscou Dante Cunningham e Quincy Pondexter (nomes de pouca expressão, mas com perfil defensivo para suprir uma carência clamorosa). Enfim, só nesse parágrafo foram citados seis dos 11 primeiros do Oeste. Com OKC, são sete.

Até mesmo o Denver Nuggets entra nessa história, aliás. Embora a franquia tenha cedido Timofey Mozgov ao Cavs e pareça disposta a transferir mais veteranos, dias depois foi atrás de um cara como Jameer Nelson para a reserva de Ty Lawson, em vez de simplesmente abrir mão de Nate Robinson por nada. Então são oito de 11, estando apenas Golden State, Portland e San Antonio fora da brincadeira.

E agora temos novamente o Thunder se ouriçando. Depois de reforçar a segunda unidade com o talento de Waiters, está atrás de um pivô que lhe ofereceria uma dimensão totalmente diferente no jogo interno. Hoje, o time conta com Perk e Steven Adams, dois jogadores que seguram as pontas na defesa, mas não tiram o sono de ninguém na tábua de ataque. Lopez seria uma referência ofensiva inédita na era Durant-Westbrook: alguém que tem ótimo chute de média distância, mas tamém joga de costas para a cesta. Ocupa espaço no garrafão (podendo esbarrar com seus dois superastros, na hora que infiltrarem) e tem dificuldade para passar a bola. Para inserir um atleta desses no ataque, tende a demorar um pouco.

Foge do seu padrão, mas as oportunidades estão aí para serem aproveitadas. Pode ser que não dê em nada neste final de semana e que Lopez fique em Brooklyn. De qualquer forma, já diz muito o simples fato de Presti ter se e embrenhado em negociações. Está disposto, enfim, a assumir essa bronca, confiando que Scott Brooks daria um jeito e que a grande elevação no talento não só colocaria sua equipe entre os oito melhores, mas em condições muito mais favoráveis para buscar o título.

Nunca é demais lembrar que Durant e Wess vão se tornar agentes livres em 2016. Ainda que declarem amor ao clube publicamente, passar mais dois anos sem chegar lá poderia alterar um panorama hoje favorável para a renovação. Ir atrás de um pivô com o prestígio de Lopez seria um claro sinal de ambição, afastando a fama de sovinas. Mas essa é uma discussão para o futuro. Para hoje, temos uma central de rumores em polvorosa já, a mais de um mês do prazo para a realização das trocas nesta temporada.

Quem dá mais?


Mo Williams e o clube improvável dos 50
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Giancarlo Giampietro

Mo Williams acertou tudo contra o Pacers. Aberração?

Mo Williams acertou tudo contra o Pacers. Aberração?

Wilt Chamberlain era uma aberração tamanha que, com a camisa do Philadelphia Warriors, marcou 100 pontos numa só partida, contra o New York Knicks, no dia 2 de março de 1962. Ninguém jamais chegou perto dessa quantia centenária – a não ser que dê para considerar o déficit de 19 pontos do recorde pessoal de Kobe Bryant, atingido contra o Toronto Raptors em 22 de janeiro de 2006, como algo mínimo.

Aspirar a 100 pontos num jogo de NBA hoje, sabemos, é algo quimérico. Se for para atingir a metade disso, porém, muda o cenário, não? OK: ninguém vai falar que é fácil terminar um jogo com cinquentinha. Mas em diversas ocasiões a marca já foi batida, a ponto de ter se tornado uma “meta clássica”. Uma soma que define um clube famoso, do qual participam grandes cestinhas como Wilt, Jordan, Baylor, Kobe, Iverson, Wilkins, Malone, Carmelo, entre outros.

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Mas, de acordo com a lei do randômico, do sonhar-é-possível, numa liga que filtra os melhores atletas do mundo, recursos não faltam para um ou outro penetra entrar nesse grupo. Como acabou de fazer o armador Mo Williams, ao anotar 52 pontos na tão esperada vitória do Minnesota Timberwolves sobre o Indiana Pacers, terça-feira.  Quem poderia esperar por um evento desses? Ricky Rubio certamente, não. Muito menos LeBron, que teve em Williams seu principal parceiro de ataque em sua primeira passagem por Cleveland.

Quebrando um galho no revezamento com o jovem Zach Lavine desde a lesão de Rubio, Williams tinha média de 11 pontos por partida na temporada. Hoje tem 12,4. Aos 32, ele se tornou o quarto mais velho da história a se tornar um outro tipo de cinquentão.

O mais legal: a maior fonte de pontos para o armador na partida contra o Pacers foi justamente aquela bola que é julgada como a mais ineficiente da NBA nestes tempos, o tiro de média distância. Para deixar claro, no jargão da liga, o arremesso de média é todo aquele que não sai dentro do garrafão ou além da linha de três pontos. Nesta zona intermediária expandida, ele converteu 11 de 19 arremessos. Foi o máximo que um jogador conseguiu converter durante todo o campeonato, e bem acima de sua própria média de apenas dois cestas dali por partida.

O jogador natural de Jackson, no Mississipi, viveu seu auge entre 2005 e 2009, ano no qual, escoltando LeBron, foi eleito para o All-Star Game. Nas três campanhas, teve média superior a 17 pontos por partida (naquela temporada, chegou a marcar 44 e 43 pontos em vitórias, respectivamente, sobre Phoenix e Sacramento). Desde então, porém, sua cotação só caiu, lhe restando um papel que realmente é o mais indicado para suas características: um armador fogoso vindo do banco de reserva. Função que executou tão bem pelo Blazers no campeonato passado. Em Minnesota, numa jovem equipe, parece deslocado. Ao menos sua jornada inesquecível valeu para encerrar uma sequência de 15 reveses do time de Andrew Wiggins.

No geral, Maurice converteu 19 de 33 arremessos de quadra. Quando viu que era dia, brincou com os orgulhosos defensores de Indiana de que não adiantaria marcá-lo, já que ele estava com a sensação de que a cesta tinha a largura do Oceano Pacífico. Com essa confiança toda, não só ele estabeleceu seu recorde pessoal e o recorde de pontos da temporada 2014-2015, como também garantiu ingresso no clubinho alternativo dos 50 pontos, se juntando a mais algumas figuras que jamais apareceriam como favoritos numa casa de apostas.

Vejamos:

Terrence Ross, 51 pontos, 2014: o ala do Raptors foi a referência automática para completar as notas sobre Mo Williams, já que havia sido o caso improvável mais recente, depois de ter marcado 51 pontos contra o Los Angeles Clippers na temporada passada, igualando o recorde da franquia, antes pertencente a Vince Carter. Ele era o jogador com a menor média de pontos até se tornar um cinquentão, com 9,3 pontos  – sendo que sua principal marca havia sido de 26 pontos. Muitos consideram a explosão de Ross como a mais bizarra, por isso. Abaixo, vejo casos mais estranhos, especialmente pelo fato de Ross ser tão jovem (hoje tem 23, mas eram 22 anos quando realizou a melhor partida de sua vida). Ainda não sabemos aonde vai parar a carreira do talentoso ala, desses raros caras que poderia vencer tanto um torneio de 3 pontos como de enterradas. Ah, uma coisa: seu time perdeu mesmo assim, por 126 a 118. Ao final da partida, ele ouviu de Jamal Crawford: “Bem-vindo ao clube dos 50 pontos”. O ala-armador chegou a fazer 52 contra o Miami Heat em 2007 – mas não entra nessa lista, já que é um cestinha prestigiado em toda a liga.

Andre Miller, 52 pontos, 2010: o armador é um baita jogador, não há dúvida. Mas nunca foi reconhecido como um perigoso pontuador de mão cheia, né? Sua fama é muito maior como a de organizador de jogadas (chegou a liderar a NBA em assistências em 2001-02, com 10,9), o que, aos 38, ainda lhe rende um bom emprego como reserva de John Wall em Washington. Pois com a camisa do Portland Trail Blazers, clube no qual não agradou tanto assim, aliás, aos 33 anos, ele destroçou a defesa do Dallas Mavericks, aproveitando seu tamanho, força e inteligência no jogo de pés de costas para a cesta, para liderar uma vitória bastante apertada: 114 a 112, com prorrogação. Foram 25 pontos entre o quarto final e o tempo extra, para ele ficar a dois pontos do recorde da franquia estabelecido por Damon Stoudamire. Sua média era de 12,6 pontos até então. No duelo com os texanos, Miller deu apenas duas assistências.

Brandon Jennings, 55 pontos, 2009: o armador já havia causado sensação nos Estados Unidos ao abrir mão do basquete universitário para jogar uma temporada na Itália, antes de entrar na NBA. Quando chegou ao Milwaukee Bucks, empolgado e tentando mostrar serviço (já era muito questionado pelos scouts naquela época…), causou estragos imediatos, marcando um mínimo de 24 pontos em sete de seus primeiros 11 jogos. O melhor deles foi contra o Golden State Warriors em 14 de novembro de 2009, na mesma temporada de Miller. Foram 21 cestas de quadra em 34 tentativas, incluindo 7-8 nas bolas de longa distância. Ele também deu cinco assistências. Em sua carreira, porém, ele nunca passou da média de 40% nos arremessos de quadra numa temporada e converte 35,1% nos tiros de três. Agora é Stan Van Gundy quem tenta canalizar o potencial do irregular armador em sua arrancada em busca dos playoffs com o Detroit Pistons.

Tony Delk, 53 pontos, 2001: num Phoenix Suns dirigido por Scott Skiles, com Jason Kidd e Penny Hardaway no elenco, foi Tony Delk, de 27 anos e campeão universitário por Kentucky nos anos 90, quem arrebentou com a boca no balão contra o emergente Sacramento Kings no dia 2 de janeiro, começando o ano novo com tudo. Dos 27 arremessos que tentou, errou apenas sete  (74% de aproveitamento) – e nenhum deles foi de longa distância. Matou também 13 de 15 lances livres, para compensar. Ainda assim, o Suns foi derrotado na capital californiana, na prorrogação, com ótima atuação da dupla sérvia Stojakovic e Divac, que somaram 77 pontos. Um ano depois, ainda com a fama de cestinha vindo do banco, Delk seria trocado para um impaciente Boston Celtics, que mandou um jovem ala chamado Joe Johnson para o Arizona… O veterano deixaria a histórica franquia em 2003, tendo ao menos ajudado o time de Paul Pierce e Antoine Walker a alcançar dois playoffs – em 2002, perderam a final do Leste para o Nets. Aos 32, ele viu sua carreira se encerrar, pelo Detroit Pistons, anotando 182 pontos, no total, na campanha 2005-06.

Clifford Robinson, 50, 2000: Robinson comandou o Phoenix Suns num triunfo sobre o Denver Nuggets, por 113 a 100, convertendo 17 de 26 arremessos em 43 minutos. Isto é, sozinho, anotou metade dos pontos do time adversário, que contava com Antonio McDyess em seu auge atlético, mais Raef LaFrentz, Popey Jones e Keon Clark na sua rotação de grandalhões. Robinson fez uma grande campanha em 1999-2000, passando da casa de 20 pontos em 28 ocasiões. Não foi uma jornada isolada: numa carreira que durou 17 anos, ele teve médias de 14,2 pontos por jogo e foi eleito para o All-Star e ganhou o prêmio de 6º homem da liga em 1993, com a camisa do Blazers, clube pelo qual foi vice-campeão da NBA em duas ocasiões. Nessa época, teve média superior a 20 pontos por quatro temporadas. E o que está fazendo aqui, então? É que, pelo Suns, o ala-pivô já estava bem longe de seu auge e se tornou o segundo jogador mais velho na história a marcar 50 pontos num jogo, aos 33 anos e 31 dias, atrás apenas de Andre Miller. Quando se aposentou em 2007, tinha 1.380 partidas de temporada regular em seu currículo, a nona maior rodagem da liga.

Tracy Murray, 50, 1998: com um nome comum desses, é bem capaz de Murray ter passado despercebido para o fã casual de NBA na década de 90. Até se esbaldar contra a fraquíssima defesa do Golden State Warriors em fevereiro de 1998, o arremessador talvez fosse mais famoso por ter sido incluído numa troca entre Blazers e Rockets que o mandou, em fevereiro de 1995, para Houston ao lado de Clyde Drexler, para ser campeão pela franquia texana. Reservão na turma de Tomjanovich, se tornou na temporada seguinte um membro fundador do Toronto Raptors. Num time fraco, conseguiu a maior média de sua carreira, com 16,2 pontos por partida. Com moral, assinou com o Washington Bullets em 1997, como agente livre. Aproveitando-se da ausência de Chris Webber e Juwan Howard, chamou a responsabilidade no ataque do técnico Bernie Bickerstaff e, em 43 minutos, converteu 18 de 29 arremessos contra um Warriors – que, vejam só, tinha Tony Delk no time titular. Murray jogou sua última partida de NBA em 2003, de volta ao Blazers, aos 32 anos, se despedindo com aproveitamento de 38,8% nas bolas de três e 9,0 pontos.

Dana Barros, 50 pontos, 1995: num decadente Philadelphia 76ers, o baixinho de 1,80 m (oficialmente, claro), viveu, de longe, seu melhor campeonato em 1994-95, sendo eleito de modo surpreendente até mesmo para um All-Star Game, com médias de 20,6 pontos e 7,5 assistências. Era seu segundo ano na Filadélfia, depois de ter passado quatro anos como reserva de Gary Payton e Nate McMillan no Seattle SuperSonics. Sua grande atuação aconteceu contra o Houston Rockets, justamente o campeão, torturando Kenny Smith e Sam Cassell –  e de nada adiantou, já que seu time foi surrado por 136 a 107. Outro que se valorizou bastante com a marca clássica em seu currículo, integrante da comunidade de ascendência cabo-verdiana de forte presença em Massachusetts, assinou, então, um belo contrato com o Boston Celtics, clube no qual ficou até 2000, sem, no entanto, repetir o sucesso. Depois de duas temporada pelo Pistons, voltou ao Celtics em 2003 para se aposentar da liga americana aos 36, com um único jogo.

– Willie Burton, 53 pontos, 1994:  o ala foi mais um a se aproveitar do elenco fraquíssimo do Sixers naquela temporada, ganhando um volume ofensivo impensável. Quando foi selecionado pelo Miami Heat na nona colocação do Draft de 1990, vindo da Universidade de Minnesota, prometia mais, mas acabou jogando por apenas oito temporadas na NBA, com média de 10,3 pontos e 42,4% de aproveitamento nos arremessos, em 21,1 minutos. Como segundo cestinha da equipe de Philly, terminou o campeonato 1994-95 com 15,3 pontos por jogo, sendo o auge os 53 que anotou justamente numa vitória contra sua ex-equipe, com 12 de 19 nos arremessos (5 de 8 em três pontos) e absurdos 24 de 28 nos lances livres, em 43 minutos, dando um banho em Glen Rice. O curioso é que, enquanto Barros conseguiu um megacontrato do Boston, Burton não recebeu nem mesmo uma proposta do 76ers. O máximo que o time lhe propôs foi um contrato sem garantias. O ala decidiu, então, jogar na Itália. Retornou em 1996 aos EUA, via Atlanta Hawks, mas com pouco prestígio. No dia 8 de março de 1999, foi dispensado pelo Charlotte Hornets, sendo obrigado a deixar o país novamente para estender sua carreira. Passou por Grécia, Rússia, em ligas menores americanas e se aposentou em 2004 no Líbano.