Vinte Um

Arquivo : Steve Nash

Ainda é preciso paciência na hora de avaliar o renovado e irregular Los Angeles Lakers
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Fab Four do Lakers

Por Rafael Uehara*

As expectativas não poderiam ser maiores para o início de temporada. Depois de ser eliminado pelo Thunder em cinco jogos pela segunda rodada dos playoffs passados, o Lakers fez as duas maiores aquisições no mercado de verão, contratando Steve Nash e acertando a chegada de Dwight Howard via troca. Havia algumas dúvidas em relação ao tamanho do elenco da equipe e se Mike Brown era o homem certo para liderar esse grupo de estrelas, mas, em grande parte, a avaliação da crítica (oi!) era de que eles seriam uma superpotência e um candidato claro ao título.

Bem, caminhando para a conclusão do segundo mês de temporada, ainda não aconteceu. O Lakers perdeu 12 de seus primeiros 21 jogos, mesmo tendo encarado a décima tabela mais fácil  da liga até o momento, segundo os dados de Jeff Sagarin, do USA Today.  Mike Brown já é passado faz tempo, depois de a equipe ter perdido quatro de seus cinco jogos iniciais, e Mike D’Antoni assumiu o cargo. A mudança de técnico, por enquanto, ainda não foi significativa, já que eles perderam sete de 11 partidas com o novo comandante.

Kobe being Kobe

Não se esqueçam que Kobe estava por trás da mudança ofensiva de Mike Brown, hein?

As circunstâncias por trás dos tropeços em LA não podem ser  ignoradas, contudo. A equipe começou a temporada tentando empregar um novo ataque, o sistema de Princeton, porque Kobe Bryant havia feito um lobby especificamente pela volta de um sistema de leitura-e-reação (read-and-react), semelhante ao dos triângulos de Tex Winter e Phil Jackson. Nash, então, fraturou a perna no segundo jogo da campanha, em Portland. A direção da fanquia optou pela demissão de Brown, já sem aguentar mais tantas críticas de fora, especialmente por parte de, justo quem!, Magic Johnson – que, a despeito de ser um comentarista na ESPN, ainda continua, de algum modo, num papel de consultor da franquia… Vai entender.

D’Antoni chegou, mas o time ainda não conseguiu se reagrupar. Agora é a vez de Pau Gasol desacelerar devido a uma tendinite no joelho, que o forçou a perder os últimos quatro jogos. Ah, e não se esqueça que Howard ainda está trabalhando para voltar a sua melhor forma, a forma com que pode fazer a diferença em qualquer jogo, depois de sofrer uma cirurgia nas costas que lhe custou meses de jogos na temporada passada e de preparação para esta.

O Lakers tem alguns problemas crônicos que são realmente ameaçadores para a legitimidade de seu favoritismo. Fora Ron Artest, por exemplo, o time não tem alguém física ou atleticamente capaz para defender no perímetro. E, caso você pense em Kobe, tudo o que estará fazendo é expor uma certa desatenção na hora de ver o astro defender (ou, talvez, não defender nada) nos últimos três anos. De acordo com os dados da Synergy Sports, o Lakers é apenas o 14º na hora de defender jogadas no mano a mano, 22º ao marcar os arremessadores que usam corta-luzes para se desmarcar, 26º ao defender jogadores que cortam para a cesta e 18º na hora de cobrir contra-ataques.

Nash e Gasol no banco

Dois distintos senhores testemunhando o início fraco de campanha do Lakers

Estas estatísticas todas são focadas apenas na defesa exterior deles e que provam o porquê de a equipe ter tanta dificuldade diante de equipes dinâmicas como o Grizzlies e o Thunder – na verdade, até mesmo rivais como Knicks e Rockets já tiraram sua casquinha. E o retorno de Nash não vai resolver este problema. Com a atual configuração do elenco, a única solução para isso seria um Howard 100% em forma debaixo do aro – algo sobre o qual não sabemos ao certo ainda quando e se vai acontecer.

Aí também temos a questão envolvendo Gasol. O espanhol não combina com o sistema ofensivo de D’Antoni. É um esquema que não chama jogadas de post-up no garrafão, a principal via do jogador para pontuar. Por mais completo que seja, o jogo de Gasol não envolve corridas velozes pela quadra, cortes para a cesta e um arremesso com pontaria certaria que ofereça mais espaçamento. Realmente não parece algo que possa ser encaixado ali. Faria muito sentido para o Lakers negociar Gasol para receber alguns jogadores atléticos no perímetro e mais arremessadores. Mas isso também não é fácil – seriam necessários US$ 19 milhões para compensar seu salário, algo que pediria talvez mais de um time no negócio, sempre um desafio.

Então, no fim, a paciência se faz realmente obrigatória na hora de avaliar este Lakers. É claro que devemos prestar atenção em suas falhas, mas ninguém também tem de se desesperar no momento, já que é o seu começo. Ainda há dois terços do campeonato pela frente, e dá para dizer com segurança de que será uma equipe diferente ao final da temporada regular – se não forem os nomes estampados nas camisetas, definitivamente será o modo como eles estarão estruturados em quadra.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um para este mês. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.

 


O dilema Pau Gasol: deveria o Lakers tentar trocar o craque espanhol?
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Kobe gosta de Mike D; Gasol... Ainda incerto

Kobe já se encontrou no sistema de D’Antoni; Gasol está longe

Pau Gasol não gostou, Mike D’Antoni também, não.

Depois da derrota do Lakers para o Memphis Grizzlies na última sexta-feira, o quase sempre gentil e ponderado espanhol não se aguentou em seu canto, botou a boca no trombone e disse que se sentia um pouco jogado de canto pelo ataque californiano, que não estava recebendo a bola nos lugares em que preferia, próximo ao garrafão, de costas para o adversário, para colocar em prática sua baita envergadura e seu eficaz e belo jogo de pés.

“Todas as chances que venho ganhando são em arremessos. Gostaria de tentar algo mais perto da cesta, e não apenas em movimento no pick-and-roll, especialmente quando Dwight está lá embaixo. Mas vamos ver. Ainda estamos descobrindo o que fazer”, falou. “Eu costumo render quando entro no garrafão e crio a partir dali. Historicamente é deste jeito que tive sucesso, que fiquei renomado e garanti meus contratos. Mas tomara que eu possa encontrar um caminho ou que possamos encontrar um caminho para me abrir novas oportunidades, para que eu possa render e ser mais efetivo.”

É um baita de um comunicado endereçado ao técnico, não? Bem atípico, mas provavelmente Pau deve ter ficado irritado com alguma provocaçãozinha de seu caçula Marc em Memphis. Mas tambeem deve ter contribuído o fato de ele ter ficado no banco durante o quarto período inteiro. Acho. 😉

Pê da vida pela derrota, dois dias depois de já terem perdido para o Sacramento Kings em um jogo para se esquecer, D’Antoni deu na canela ao rebater: “Eu estava pensando em como eu gostaria de vencer esse jogo, é nisso que eu estava pensando Odeio quando os caras dizem que não receberam a bola. Isso não faz sentido nenhum. Todo mundo recebe a bola. A bola deve girar para todos”. Sok! Pow! Crash!

Depois: “(No garrafão) você já tem um cara como Dwight ali”.

Na noite seguinte, uma vitória arrasadora sobre o Dallas Mavericks por 115 a 89, os dois fizeram as pazes, ou pelo menos tentaram.

D’Antoni consentiu que precisa achar um jeito de descolar umas cestas mais fáceis para Gasol – mas do jeito que ele gosta? “Pau é um cara ótimo, não estava tentando desrespeitá-lo. Ele é e sempre vai ser um grande jogador, então vamos continuar mexendo e remexendo no ataque e trabalhando. Estamos tentando descobrir como envolvê-lo mais. Não apenas ele, mas Dwight tambeem. Não podemos ter nossos grandalhões arremessando quatro, cinco ou seis vezes”, disse o técnico. “Estamos nisso juntos (Tamo junto!). Leva tempo para entender as cosias. É um período de ajustes”, afirmou Gasol.

Nas últimas três partidas, ele teve 25 arremessos, média de 8,3 por jogo, abaixo dos 13,5 a que se habituou em sua carreira – e dos 12,4 da temporada toda, aliás. Em termos de produção geral, o espanhol vem com 13,4 pontos por jogo e apenas 43,4% nos arremessos, as menores médias desde que entrou na liga em 2001, e de longe.

*  *  *

Esse boato corre Los Angeles há mais de um ano, no mínimo, mas creio que agora a pergunta realmente parece pertinente: será que não chegou a hora de o Lakers trocar Pau Gasol?

Usá-lo como uma espécie de Troy Murphy ou Channing Frye, o ala-pivô aberto da linha de três no ataque não faz o menor sentido. O problema: Howard ocupa tanto espaço no garrafão como Bynum fez na última temporada, e ainda é menos talentoso em alguns quesitos que facilitariam a vida do espanhol, já que não passa tão bem como o ex-companheiro e não consegue acertar nada a mais de dois ou quatro passos da cesta quando arremessa.

Numa liga em que os times atléticos, velozes e de jogadores extremamente versáteis, o Lakers ainda aposta numa formação mais tradicional e grande, com seus dois superpivôs lá dentro e um armador puro (que ainda não jogou diga-se) em Steve Nash. Vale esperar o retorno do canadense e sua reunião com o chapa D’Antoni para ver como o jogo coletivo vai se desenvolver? Talvez. Mas Nash e D’Antoni realmente vão ter de quebrar a cabeça para colocar a coisa para funcionar – e de um modo que não fira o orgulho do espanhol e que, mais importante, explore suas diversas habilidades.

A ordem agora é ter paciência com essa nova equipe, deixando os astros se entenderem – sem se esquecer que o Miami Heat perdeu para o Dallas Mavericks em seu primeiro ano e por semanas e semanas tinha um aproveitamento de 50% em sua campanha. Mas a pressão em Los Angeles, como Mike Brown e Phil Jackson podem testemunhar, se faz um pouquinho mais presente, né? Se o Lakers se arrastar com uma campanha medíocre até meados de fevereiro, aguarde para ver o burburinho aumentar.

Antes de fazer planos de troca para o barbudo, saibam de dois detalhe muito importantes:

– Gasol ganha US$ 19 milhões por ano (sim, são RS$ 38 milhões) e ainda em uma cláusula em seu contrato de que seu salário seria elevado em 15% caso seja trocado. Isto é, quem quiser tirar o pivô deverá arcar com um salário de quase US$ 22 milhões  – só Kobe Bryant ganha mais que isso na liga – ou convencê-lo a descartar esse gatilho. Ele toparia abrir mão de algum centavo para jogar no Hawks?

– O Lakers provavelmente vai querer incluir na transação um de seus veteranos armadores reservas: Chris Duhon ou Steve Blake. O que elevaria o valor dos salários para US$ 22 ou 24 milhões. É muito difícil que um time como o Rockets, cheio de bons e jovens jogadores, consiga construir um pacote que chegue a esse valor sem dar um time inteiro. Além disso, o Lakers não pode exceder o limite de 15 atletas em seu elenco, tornando a dinâmica da negociação bem complicada.

De todo modo, se quiser levar o plano adiante, é de se imaginar que o clube californiano vá atrás de um ala-pivô sólido, de bom arremesso de média e longa distância e de múltiplos chutadores e jogadores atléticos para o banco de reservas, algo que combina mais com  sistema de D’Antoni.


Afeito ao drama, Lakers escolhe Mike D’Antoni e ignora pedidos por Phil Jackson
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Mike D'Antoni x Phil Jackson

Depois de fracassar com um Mike, Lakres escolhe outro, com Phil Jackson disponível

O Lakers deu na manhã desta segunda-feira mais uma boa amostra de que, em Hollywood, o dramalhão pode ser tão, ou mais importante do que o star power. Só assim para entender a mudança repentina de direção do alto comando da franquia (Jerry Buss pai, Jim Buss filho) na hora de contratar o próximo técnico do clube. Depois de se atirarem para cima de Phil Jackson em desespero, recuaram cheios de orgulho para suas trincheiras, ligaram para Mike D’Antoni ontem pela noite já sabendo que dessa vez ouviriam um “sim, senhores” de cara.

É até engraçado: a franquia divulgou comunicado bem cedinho – antes mesmo de o Twitter norte-americano sair da cama, especialmente em Los Angeles e seu fuso horário do Pacífico. Talvez para dar algum tempo, alguns minutos preciosos que fossem, para que jogadores, a liga toda, jornalistas e torcedores assimilassem aos poucos a surpreendente contratação. Se eles fizessem isso, digamos, ao meio-dia em LA, meio da tarde no Leste, era bem provável que toda a Internet mundial viesse abaixo, e o Vinte Um funcionaria apenas em um espaço virtual: a mente delirante de um blogueiro.

Existem duas correntes lá fora para tentar explicar a opção por D’Antoni:

1) a oficial, na qual a família Buss assegura que a preferência de toda a direção (Jerry Buss pai, Jim Buss filho e o gerente geral Mitch Kupchak) foi, sim, por D’Antoni, de modo unânime. Os três acreditariam que o ex-treinador de Nuggets, Suns e Knicks combina melhor com o elenco atual e que o sistema de triângulos seria muito semelhante ao de Princeton, considerado um fiasco neste início de campanha;

2) a teoria da conspiração, na qual os rumores dizem que Jackson teria pedido mundos e fundos para aceitar o emprego de volta, o que teria voltado a injuriar o ego do Buss filho, com quem já havia travado uma disputa ferrenha nos bastidores durante sua última gestão;

No fim, pode ter sido um pouco dos dois. Não são argumentos excludentes. Talvez por uma picardia contra o desafeto, Phil Jackson tenha feito algumas exigências inéditas. Vai saber: tem quem diga que sim, tem que diga que não, que exageraram na boataria e que não haveria nada de absurdo no pacote Zen. Então talvez a decisão tenha sido mais técnico-tática: instaurar o sistema de triângulos no meio de uma temporada, porém, também não seria muito fácil e, embora Kobe, Gasol, Artest e, alto lá!, Steve Blake estivessem habituados a ele, outros 12 jogadores começariam do zero. Mike D’Antoni, por outro lado, emprega um ataque muito mais simples e também bastante eficiente. O coordenador ofensivo do Coach K na seleção norte-americana também tem uma boa relação com Kobe e Howard. Sobre Nash, nem precisa dizer: é seu cabo eleitoral.

D'Antoni, amigão de Nash

Steve Nash acordou feliz nesta segunda-feira

Agora, ficamos por aqui com os argumentos razoáveis.

Não por achar que D’Antoni é uma mula irrecuperável. Seus times históricos do Phoenix Suns ficaram muito perto da glória no Oeste durante quatro, cinco anos. Apenas tiveram uma tremenda falta de sorte em alguns anos, ou se depararam com uma combinação Tim Duncan-Tony Parker-Manu Ginóbili-Gregg Popovich que foi boa o bastante para derrotar até mesmo o Lakers de Jackson nos playoffs. Dizer que o Suns fracassou com o ataque do “Sete Segundos ou Menos” seria subestimar demais o basquete do Spurs.

Mas tem um baita problema: se D’Antoni quiser colocar seus rapazes para correr mesmo depois de o adversário fazer uma cesta, como acontecia de praxe no Arizona, provavelmente vai ter de jogar o quarto período com Darius Morris, Jodie Meeks, Devin Ebanks, Jordan Hill e Dwight Howard. O restante da velharada estaria na enfermaria. O elenco do Lakers DEFINITIVAMENTE não foi feito para jogar em transição, quanto menos uma transição enlouquecida, intensa, sem-parar. A família Buss pode querer o showtime, mas ot ime aguenta?

Kobe, mais orgulhoso não tem, vai dizer que é como se fosse uma caminhada no paraque. Nash vai lembrar dos bons tempos, mas a quantidade de minutos jogados pela dupla durante toda a sua carreira não pdoe ser ignorada. Tem de maneirar com os velhinhos para tê-los inteiros nos playoffs – ainda mais com o Capitão Canadá distante do estafe mágico de preparadores físicos do Suns. Sem contar que o MettaWorldPeace que nunca foi um velocista. Nem Pau Gasol, também muito mais habituado a operar em meia quadra. O sexto Antawn Jamison já correu muito pelo Warriors no início deprimente de sua vida na liga que já está cansado disso também, aos cacarecos. Contra-ataque não combina.

Outro ponto: Quentin Richardson, Jim Jackson, Joe Johnson, Raja Bell, Leandrinho, James Jones, Tim Thomas, Jared Dudley e mesmo Shawn Marion foram atiradores de três pontos minimamente competentes que ajudavam a abrir a quadra para Nash operar seus pick-and-rolls com Amar’e Stoudemire. Seria uma ação que poderia ser replicada agora com Howard. Mas, sem chutadores com 40% de aproveitamento de fora, pode ser muito mais fácil de se conter. E mais: se Marion ficou magoado por muitas vezes achar que estava posto de escanteio, imaginem o quão feliz um Kobe Bryant ficaria nesse contexto. O astro precisa ser envolvido de todas as formas, e a bola nas mão de Nash o tempo todo não faria bem algum para a química do time nesse sentido.

Mike Woodson x Mike D'Antoni

Com uma mãozinha de Mike Woodson (e), D’Antoni conseguiu montar um Knicks com boa defesa no ano passado. Quem vai ajudá-lo em LA?

Estamos falando só do ataque. O lado da quadra que, pasme, talvez não estivesse precisando de reparos! Quando Brown foi demitido, a equipe angelina tinha a quinta ofensiva mais eficiente da liga. Jogando com Princeton e tudo. Posto mantido até esta segunda-feira: cliquem aqui para conferir. E o que dizer da defesa? Com Howard ainda recuperando a boa forma, a atual configuração do time se provou tão vulnerável como no ano passado. No geral, o Lakers simplesmente é mais lento que boa parte de seus concorrentes, para não der muito mais lento. Para proteger sua cesta, esse time tem de jogar com uma formação bem compacta e com muita disposição por parte dos jogadores. Brown, que havia montado grandes defesas durante toda a sua carreira, não conseguiu em Los Angeles. E D’Antoni jamais vai ser considerado um mestre retranqueiro – as más línguas se referem a ele como Mike No-D.

Mas, calma.

Calma que tem mais.

O problema vai além do ponto de vista tático.

Nos últimos dois jogos do Lakers em casa, vitórias contra as babas que são Warriors sem Bogut e Kings sem Cousins, a torcida não parou de gritar por Phil Jackson. Star power, lembrem-se. Dirigir essa equipe não se limita a uma prancheta, a uma lousa mágica. Você precisa ser bom de relações públicas também para cruzar o caminho de Jack Nicholson, oras. Foi a grande dificuldade de Mike Brown por lá, tanto para convencer uma exigente base de seguidores, como para administrar seus atletas. D’Antoni sempre se deu bem com quem treinou, tirando Carmelo Anthony e Shaquille O’Neal. Em Nova York, porém, ele penou para lidar com a pressão. E lá vem chumbo grosso.

Seu início no cargo, aliás, já não vai ser dos melhores. É até difícil de acreditar, mas, entre Jackson e o novo técnico, o Mestre Zen, aquele que se arrastou para sair de quadra na humilhante derrota para o Mavs nos playoffs de 2011, é quem está mais saudável no momento. O escolhido acabou de passar por uma cirurgia no joelho e está impossibilitado de viajar. Ele foi anunciado, mas sua apresentação deve ficar só para terça-feira, no mínimo. Bernie Bickerstaff teria de seguir, então, como o interino até seu substituto juntar forças e se dizer pronto. Agora imagine uma noite qualquer em que o time vá para a quadra, tropece e, de repente, sem nem mesmo o cara chegar, os cantos por “We Want Phil!” fossem ecoados no Staples Center? Como fica?

É bom que Mike D’Antoni se apresse e corra tão rápido feito um Leandrinho.

Porque de drama o Lakers já está bem servido. Não precisa de mais.


Knicks inicia a temporada arrasando já com a influência do quase quarentão Jason Kidd
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Kidd: menos pressão, todo sorriso

Nova York sorri com Jason Kidd após duas vitórias expressivas, incluindo a estreia contra o Heat

Enquanto Steve Nash ainda tenta se enquadrar no ataque de Princeton proposto por Mike Brown e Eddie Jordan em Los Angeles – e se entrosar com todos seus diferentes companheiros –, outro armador quase quarentão vai muito bem, obrigado em seu ajuste a uma nova equipe: Jason Kidd já vai deixando sua influência num New York Knicks repaginado.

Foram apenas dois jogos, então não dá para seguir com hipérboles. Mas os 96 minutos praticados pelo time nova-iorquino neste início de temporada mostram, ao menos, uma predisposição jogo coletivo que só foi praticado na campanha passada durante algumas poucas semanas mágicas e linsanas. Com Carmelo Anthony dando todas as cartas, a queda de Mike D’Antoni e um Amar’e Stoudemire fora de ritmo, os Bockers chegaram aos playoffs com um ataque estagnado que se resumia em boa parte a ações isoladas de sua (presumida) autoestrela e de um doido como JR Smith.

A ponto de a franquia da contratação de um armador seus Planos A, B, C, e D no mercado. Eles tentaram o mesmo Nash com muita determinação. Quando o Suns fechou seu repasse para o Lakers, conseguiram em Kidd o que – neste comecinho de campeonato – vai se confirmando como um ótimo prêmio de consolação. Ainda mais da forma que fecharam o pacote.

Com seu aniversário de 40 anos marcado para março de 2013, o veterano não teria condições de conduzir o Knicks por conta própria, ficar com a bola por tanto tempo em mãos de maneira eficiente. Em Dallas, um time que operava com mais cadência no ataque, até por não ter o tipo de elenco que permitisse apostar corrida com as equipes mais jovens. Especialmente contra um Miami Heat. Então, se em Nova York Woodson quere um pouco mais de aceleração, entra aí o investimento em Raymond Felton. Se tivessem mantido Jeremy Lin, daria na mesma. O importante era ter alguém com pernas mais jovens e fôlego para atuar em parceria com um dos melhores armadores da história, mas que já está bem distante de seu auge físico e precisa ser preservado.

“Fica sempre mais fácil com menos responabilidade, acho”, afirmou o armador. “Felton é o motor. O que sempre digo para ele antes do jogo é que é ele quem deve forçar o jogo para fazer as coisas acontecerem.”

O pivô Kurt Thomas concorda e diz que vê Kidd mais solto: “Ele está levando a bola, acertando chutes de três, marcando do outro lado da quadra. Acho que, desde que conseguiu aquele título, ele só está se divertindo”.

Como uma espécie de “assessor” ofensivo, Kidd vai facilitando a vida de todo mundo. Tyson Chandler vai receber seus passes pelo alto para completar a ponte aérea. Carmelo pode ser abastecido nos pontos da quadra em que se sente mais confortável. Felton tem a quem recorrer nos momentos em que a marcação apertar. Steve Novak e Smith devem ficar atentos para os petardos em suas mãos quando estiverem livres para o chute de três pontos. Gira todo o carrossel.

“Já tinha me cansado de treinar times contra aquele cara (Kidd) nos últimos anos. Ele é um profissional exemplar. Sabe como jogar e como tornar os outros melhores. Muitos caras vão se beneficiar de jogar com Jason Kidd, prometo isso a você”, afirmou o técnico Mike Woodson.

Na vitória por 100 a 84 sobre o Philadelphia 76ers neste domingo, ele contribuiu com seis assistências em pouco mais de 25 minutos, um terço dos passes do time que resultaram em cesta. Na estreia contra o Miami Heat,  o desempenho coletivo foi bem mais impressionante, com 27 assistências para 36 cestas. “É muito complicado marcá-los. É um time muito difícil de se enfrentar porque eles podem jogar no garrafão e também podem se espalhar pela quadra e mexer a bola realmente bem. Estão jogando um basquete bastante altruísta”, definiu o técnico Doug Collins, do Sixers.

Altruísmo? É sério?

Quem imaginou que a temporada do Knicks poderia ser associada, de modo positivo, a uma coisa dessas?

*  *  *

Neste contexto, a contratação de Pablo Prigioni pelo salário mínimo da NBA, tamanha era a vontade do argentino de se testar na liga, também se torna uma tremenda de uma barganha para o Knicks. Sozinho, com um time só seu, talvez enfrentasse dificuldade. Em minutos reduzidos, com um escolta na armação, ele também fica mais livre para usar aquilo que tem de melhor, o cérebro, e manter a equipe organizada em quadra enquanto os armadores titulares descansam. Em 31 minutos nos primeiros dois jogos, ele já deu sete assistências.

*  *  *

Não custa lembrar: Jason Kidd tem 56 vitórias em 56 partidas pela seleção principal norte-americana, incluindo amistosos. Ele foi campeão olímpico em Sydney-2000, no auge, e Pequim-2008, na qual foi titular a despeito da presença de Chris Paul e Deron Williams no elenco. Impunha respeito e organização tática ao time.

*  *  *

Kidd tem média de 9,0 assistências na carreira, num total de 11.845 passes para a cesta – segundo, atrás apenas das 15.806 de John Stockton (confira o ranking). Quer dizer, então, que ele gerou no mínimo 23.690 pontos diretos de sua armação – contando apenas cestas de cois pontos, isto é. Coloque nessa conta aí os inúmeros passes para chutes de três ou as infiltrações de companheiros que resultaram em falta e lances livres, e chegamos a uma contagem absurda.

Confira dez assistências especiais do armador:


O Fantástico Mundo de Ron Artest: “O show tem de continuar”
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Nash, escoltado pela paz mundial

Nash, o mágico das quadras, tem de ir para Las Vegas, diz Artest

Ron Artest, o Metta World Peace, ainda com problemas na defesa, justamente aquilo de que ele se orgulha horrores, e é tudo culpa de Steve Nash. E não que o ala esteja se desdobrando nestes jogos de pré-temporada, na qual o Lakers sofreu já duas vitórias, para cobrir por seu novo armador, que não é exatamente um marcador renomado.

O que pega é que Ron-Ron afirma que fica tantas vezes boquiaberto com os passes de Nash no ataque que ele se esquece de se arrumar para defender. “Na metade das vezes, eu não volto para a defesa depois de termos feito uma cesta. Eu fico viajando pensando no que havia acabado de acontecer”, afirmou.

Por isso, nosso anti-herói não vai se conformar enquanto não ver o novo companheiro com seu próprio show de mágica. Mágica, mesmo. Em Las Vegas. “Eles deveriam colocar sua foto no hotel Flamingo, uma foto posada dele girando a bola no dedo, com a língua de fora”, elaborou. “Podia ter um monte de strippers em volta dele, nuas, cobertas com um chapéu.”

Em 2007, o blogueiro aqui fez suas andanças por Vegas, para cobrir o Pré-Olímpico masculino – e ganhar US$ 200 na roleta, perdidos devidamente na noite posterior, e não passou disso. What happens in Vegas… Ok?

Mas, bem, naquele ano,quem tinha sua foto impressa na fachada do hotel Flamingo era a cantora Toni Braxton, residente da casa, com um espetáculo interminável. Nash deveria desbancá-la, na opinião de Ron-Ron. (Toni Braxton, a propósito, que já foi alvo de briga entre Jamal Mashburn e Jim Jackson lá em meados dos anos 90, quando eles formavam os Três Js com Jason Kidd, num time promissor que ruiu devido ao amor dos dois pela diva. Maravilha!)

Da mesma forma que Artest ainda tenta se familiarizar com o talento de Nash, o canadense agora precisa se acostumar com esta mente efervescente ao seu lado. “Não sei de onde ele tira isso”, afirmou. “Ele precisa de um show próprio desesperadamente.”

The show must go on!

*  *  *

O risco é todo seu, mas segue um vídeo de Metta World Peace fazendo uma apresentação de stand up no clube Improv, em Orange County – The O.C., lembram?

*  *  *

E, para emendar, ou destroçar, o coração dos apaixonados neste feriadão, Toni Braxton! E o risco, novamente, é todo seu:


Jogadores para marcar de perto na próxima temporada da NBA: Goran Dragic
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

O gerente geral Steve Kerr e os técnicos do Phoenix Suns tinham tanta estima por Goran Dragic que conseguiram convencer o mão-de-vaca Robert Sarver, proprietário do clube, a investir alguns milhares de dólares na compra de uma escolha extra de segunda rodada no Draft de 2008 para contar com o esloveno. Como se não bastasse esse fato histórico, inédito, ainda fecharam um contrato com o novato por mais de US$ 7 milhões e quatro temporadas. Era bem mais do que um calouro selecionado 20 postos antes dele no recrutamento ganharia. Estava em alta o Dragic.

Goran Dragic, Phoenix Suns

Dragic de volta a Phoenix

Aí o que acontece: bomba. Em sua primeira temporada, ele acertou apenas 39,3% de seus arremessos de quadra, algo que Steve Nash bateria nos tiros de três pontos com um pé só no chão e olho direito inchado. Sofrendo para se comunicar em inglês, intimidado diante de adversários aos quais costumava assistir em casa, de madrugada na Eslovênia, também cometeu muitos erros em suas infiltrações, deixando a torcida tensa com suas investidas. Estava em baixa o Dragic.

As críticas e desconfiança, no entanto, não acabaram com o jogador. Em seu segundo ano, o canhotinho voltou muito melhor, revigorado. Elevou sua produção estatística positivamente em pontos, assistências e chutes de quadra e parecia, enfim, um jogador de NBA, a ponto de ganhar do técnico Alvin Gentry 18 minutos por partida, dando um bom descanso a Nash. Foi numa época em que Gentry conseguiu escalar uma segunda unidade completamente desvinculada da primeira, com dividendos formidáveis – o esloveno era escoltado por Leandrinho, Jared Dudley, Channing Frye e Louis Amundson. Ninguém dava muita coisa para esse quinteto, mas, coletivamente, jogaram uma barbaridade. O líder inquestionável era o armador, que teria uma das atuações mais surpreendentes da NBA e dos playoffs em muito tempo, quando destruiu o Spurs em San Antonio em 2010.  Dragic em alta. Muito.

E aí o que acontece: ele deixa cair a peteca, justamente quando o Suns acreditava ter encontrado um substituto em longo prazo para o brilhante canadense. Depois da saída de Amar’e Stoudemire e das contratações desastradas de Hedo Turkoglu e Josh Childress, a equipe despencou, e Dragic voltou a entrar em desarranjo, a se atrapalhar demais com a bola e perder a confiança da campanha anterior. Acabou trocado pelo baixinho Aaron Brooks, do Houston Rockets, numa negociação em que a franquia do Arizona ainda pagou uma escolha de primeira rodada do Draft para compensar. Dragic em baixa.

Dragic e sua canhotinha

Dragic arrebentou em Houston. Vai manter?

Em Houston, na campanha passada, sob a orientação de Kevin McHale, o esloveno volta a reagir. Com o afastamento de Kyle Lowry devido a uma bizarra infeção bacteriana, assumiu o posto de titular e encaixou uma sequência de jogos digna de Jeremy Lin. Terminou o mês de março com médias de 18,9 pontos, 7,7 assistências, 3,5 rebotes, 1,8 roubo de bola e 46,4% nos arremessos, como o ponto nevrálgico do ataque. Um rendimento bem conveniente, considerando que estava prestes a se tornar um agente livre. Dragic em alta no mercado.

Sua produção chamou atenção, no fim, do próprio Phoenix Suns. Decidido a seguir um novo rumo, se desligando dolorosamente de Nash, o clube telefonou para o agente do esloveno de imediato, com uma proposta de US$ 7,5 milhões anuais, e quatro anos de duração. Mais do que o triplo que havia ganhado em 2011-2012.

Nesta gangorra descrita acima, notem que os campeonatos de alta do esloveno foram aqueles que terminaram anos pares. A próxima temporada termina em 13. Perigo?

Gentry e o Suns esperam que seja só uma coincidência fútil. Qualquer descuido, tropeço do armador custaria muito caro para o clube que tanto dependeu de Nash nos últimos sete, oito anos e agora confia num Dragic amadurecido e fortalecido para iniciar uma nova era. Não é fácil para ninguém assumir essa responsabilidade, mas ele topou. Agora vai ser marcado de perto.

*  *  *

Reforçando a trapalhada da diretoria do Suns: eles tinham Dragic, o repassaram para Houston com uma valiosa escolha de primeira rodada – os novatos geralmente são um bom investimento, por ganharem abaixo da média da liga –, e usaram Brooks por apenas meia temporada e, depois, dispensaram o baixinho, que havia se mandado para a China, sem levar nada em troca para limpar sua folha salarial e, claro, repatriar seu ex-atleta. Brooks assinou com o Sacramento Kings. Where amazing happens.

*  *  *

Dragic acaba com o Spurs em San Antonio

A incrível atuação de Goran Dragic no Texas

Sobre aquela noite mágica na vida de Dragic, contra o Spurs: foi antes de tudo uma ironia pelo fato de o Suns ter comprado justamente dos texanos a escolha do Draft que resultou em sua contratação.

Mas a importância de sua atuação foi muito além desta anedota, devido ao histórico de eliminações de sua equipe pelas mãos de Tim Duncan & cia – e fora muitas decepções no Arizona, acreditem.

Em maio de 2010, o Suns dessa vez chegava a San Antonio com seu mando de quadra defendido, tendo vencido os dois primeiros jogos. Com o esloveno fazendo chover em quadra, conseguiu uma importantíssima vitória para abrir 3 a 0 e se livrar de alguns fantasmas. Foram 23 pontos de Dragic apenas no quarto período, com bandejas, ganchos, chutes desequilibrados, bolas de três e fintas para todos os lados. Relembre:

PS: O Suns acabou alcançando a final do Oeste neste ano, perdendo para o eventual campeão Lakers. Preocupado com o rendimento de Dragic no confronto com seus reservas, Phil Jackson descobriu um ponto fraco do armador: Sasha Vujacic, seu compatriota. Os dois não se bicam de jeito nenhum, o que era um segredo até o momento. Ninguém ia dar bola para uma rivalidade entre dois eslovenos, claro. Mas o Mestre (nem tão) Zen foi informado sobre o histórico e sacou o ala do banco. Irritante que só, Vujacic, hoje no basquete turco, tirou seu velho conhecido do sério:


Começa a pré-temporada da NBA: veja quem tem mais trabalho pela frente
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Vamos tirar essa gracinha da frente logo de cara: Charlotte Bobcats, Washington Wizards, Sacramento Kings e Golden Sate Warriors, os tradicionais sacos de pancada das últimas temporadas, têm muito trabalho pela frente. Não fosse assim, seria muito estranho.

Mas não são apenas os times habituados a frequentar a imaginária zona de rebaixamento que têm muito o que fazer a partir desta semana, com o início dos valiosos, mas enxutos training camps da NBA.

É o único período livre, limpo para valer que os treinadores têm para aprimorar suas equipes. Durante as férias, alguns jogadores e assistentes se reúnem informalmente para exercitar fundamentos, refinar habilidades.

Mas é só em outubro, mesmo, que eles conseguem se agrupar de modo organizado, oficialmente, para passar o plano de jogo para a temporada, integrando eventuais novos conceitos e reforços.

(Vamos nos concentrar aqui só nos times que aspiram a voos maiores, ok?)

Mike Brown tem trabalho pela frente

Um training camp crucial para Mike Brown, Kobe e Lakers

Pensando em novos jogadores, inevitável mirar o Lakers, mesmo que Dwight Howard ainda esteja se recuperando de uma cirurgia nas costas. Pois o que requer o maior ajuste para a equipe, na verdade, é a presença de Steve Nash. Os angelinos não tinham um armador desse calibre, com sua criatividade, habilidade e eficiência desde… Vocês sabem quem. E, não, não se trata de Nick Van Exel.

Se fosse para Nash assumir um papel de Derek Fisher e Steve Blake – leia-se “cruze o meio da quadra, passe para o Kobe e fique do outro lado esperando, se pá, a bola” –, até poderia dar certo. Afinal, ele é provavelmente o melhor chutador que a liga já teve. Mas não faria sentido, né? Seria um desperdício daqueles. Que Mike Brown e seus astros encontrem a melhor maneira de fazer a máquina andar até acrescentar seu novo superpivô.

Ainda em Los Angeles, com menos apelo (durou pouco o oba-oba, o Lakers não ia deixar mesmo), Vinny Del Negro também tem muito do que cuidar no Clippers com as chegadas de Lamar Odom, Grant Hill e Jamal Crawford e o retorno de Chauncey Billups. Eles não mudam drasticamente as características do clube, mas o fato é que o contestado treinador vai precisar de muita diplomacia para administrar minutos e arremessos entre seus atletas.

No Oeste, porém, quem deve mais testar sua paciência atende pelo nome de Rick Carlisle. O técnico do Mavericks tem de integrar Darren Collison, OJ Mayo, Elton Brand, Chris Kaman e mais três novatos a sua rotação. Do time campeão em 2011, só sobraram Nowitzki, Rodrigue Beaubois e Dominique Jones, sendo que esses últimos dois mal jogavam. Dureza.

Amar'e Stoudemire e Carmelo Anthony

Stoudemire e Melo vão se entender, enfim?

Do outro lado, no Leste, o trabalho começa em Nova York: a) tanto para o Knicks, pelo qual Mike Woodson, com uma ajudinha de Jason Kidd (e Prigioni??), faz seu primeiro training camp como chefe, com a missão de encontrar algum jeito de entrosar Carmelo Anthony e Amar’e Stoudemire, após os baixo e baixo entre os dois nas últimas temporadas; b) como pelo Nets, em que Avery Johnson recebe Joe Johnson, Mirza Teletovic e Brook Lopez de volta e tem como desafio a montagem de uma defesa forte com marcadores suspeitos.

Por fim, o 76ers, daqueles times que se destacou na temporada passada por seu empenho coletivo, sem uma referência, agora se reformula com a chegada de Andrew Bynum, que sonhava há anos em ser alimentado sem parar. A movimentação de bola, o espaçamento dos jogadores, a cobertura defensiva e muitos outros detalhes mudam radicalmente com um jogador desses.


Cinco motivos para entender por que Leandrinho ainda não tem clube na NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Leandrinho, pelo Indiana Pacers

Passam as semanas, o Vinte Um esteve em ritmo de férias por alguns dias preciosos e justíssimos, não caía nem goteira de ar-condicionado em São Paulo até esta terça-feira, as pesquisas eleitorais já assombram grandes e pequenas cidades, mas nada de Leandrinho assinar um contrato para a próxima temporada da NBA.

Entre os agentes livres disponíveis estão veteranaços em declínio como Tracy McGrady, Gilbert Arenas, Michael Redd, Mike Bibby, Kenyon Martin, Derek Fisher e jovens pouco provados como Donte Greene, DJ White, Derrick Brown, Armon Johnson e Solomon Alabi.

Não daria para enquadrar o ala-armador brasileiro em nenhuma dessas categorias. Ele nunca mais rendeu como nos tempos de correria com Mike D’Antoni, mas ainda pode ser um bom pontuador para o banco de reservas e teoricamente ainda estaria fisicamente no auge.

Então… Que diacho!?

Juntando alguns pauzinhos por aqui, vamos tentar entender o que se passa com o momentâneo desemprego de Leandro Barbosa:

Ray Allen, do Miami Heat

Ray Allen assina por menos com o Heat, não se aposenta e ‘rouba’ emprego na liga

1) Aposentar para quê?
Com a evolução das técnicas de preparação física, novos recursos medicinais, maior atenção com a alimentação e regras que inibem um contato mais forte – ou maldoso –, a NBA testemunhou em sua última década uma evolução atlética impressionante. Compare os vídeos de hoje com os da era dourada dos anos 80, e o impacto visual é mais ou menos o mesmo que temos ao colocar lado a lado o futebol de hoje com o de ontem. Inevitável no esporte.

Agora, atletas mais bem preparados tendem a ganhar em longevidade também. Não só eles se mantêm em atividade por mais tempo como ainda conseguem produzir de modo adequado. Peguem os casos de Grant Hill e Jason Kidd, que dividiram o prêmio de novatos do ano lá atrás em 1995 (!!!) e ainda são cobiçados hoje por clubes que brigam pelo título. Os dois, aliás, vão completar 40 anos durante a próxima temporada. Assim como Kurt Thomas, Juwan Howard (que pode virar assistente técnico do Miami Heat). Steve Nash e Marcus Camby começam o campeonato com 38 anos. Ray Allen e Jerry Stackhouse têm 37. Andre Miller, Kevin Garnett, Chauncey Billups, Antawn Jamison e Tim Duncan, 36.

Nem todos esses caras concorrem por posição com Leandrinho, mas o raciocínio aqui é válido na medida que estes vovôs todos estão ocupando vagas em elencos – basicamente, empregos – que, em outros tempos, já teriam sido entregues a outras gerações. Ainda mais aqueles que ainda conseguem ser bem pagos.

2) A fila anda, de todo modo
Por mais que os velhinhos estejam durando, aguentando, a NBA também abastece seus elencos anualmente com calouros, alguns deles adolescentes, via Draft. São 60 novos possíveis jogadores por ano – dependendo do que acontece com as escolhas de segundo round ou com europeus que por vezes são escolhidos no primeiro, mas demoram um tico para deixar seus países.

Orlando Johnson, Pacers

Orlando Johnson foi selecionado pelo Pacers na segunda rodada do Draft e já tem seu contrato

Aqui a gente pode se concentrar apenas em jogadores que batem de frente com Leandrinho em termos de tempo de quadra, fazendo as contas de atletas que poderiam ser escalados como shooting guards ou aproveitados como combo guards ou somente guards pelos clubes da NBA.

E a má notícia: nos últimos três anos, o Draft de 2012 foi o que mais forneceu concorrentes diretos para Leandrinho, com 14 caras já sob contrato e com equipes diferentes. São eles: Bradley Beal (Wizards), Dion Waiters (Cavs), Austin Rivers (Hornets), Terrence Ross (Raptors), Jeremy Lamb (Rockets), Evan Fournier (Nuggets), John Jenkins (Hawks), Jared Cunningham (Mavs), Tony Wroten (Grizzlies), Orlando Johnson (Pacers), Will Barton (Blazers), Doron Lamb (Bucks), Kim English (Pistons) e Kevin Murphy (Jazz). Reparem em Ross e Johnson, dois que foram contratados justamente pelos ex-clubes do ligeirinho.

Em 2011, foram dez que ainda estão na liga. Em 2010, 12. Somando, temos 36 empregos a menos para a função de Leandrinho. Não quer dizer que esses calouros sejam melhores que o brasileiro. Mas eles ganham menos, seguindo a escala salarial para os novatos. Como diria o Capitão Nascimento: o sistema é f***.

3) New Deal
O locaute dos proprietários das franquias pode não ter freado a tendência de composição de novos supertimes na liga, mas certamente mudou a economia e seu modelo de gestão. Ainda é tudo muito novo, agentes e cartolas entraram nas negociações deste ano estudando, se testando, mas muita gente perdeu dinheiro.

Quem sofreu mais foi o pelotão intermediário, especialmente aqueles que não conseguiram renovar contrato com suas equipes  – para estender seu vínculo com um atleta, uma franquia em geral tem a chance de pagar mais que as outras 29 – e caíram no mercado. Justamente o caso de Leandrinho, depois que o Pacers fechou com Gerald Green por US$ 3 milhões, além de ter draftado Orlando Johnson.

Com as restrições das chamadas “exceções de mercado”, que os clubes poderiam usar para reforçar seus elencos sem se estreparem com o teto salarial, maiores penas para quem estourar o teto e o consenso de que não dá mais para gastar tanto assim a não ser que você trabalhe para o Lakers, ficou muito mais fácil para os atletas com demanda salarial mais baixa se encaixarem – paga-se muito para os astros e complementa-se os elencos com o que sobrar. Como o armador E’Twaun Moore, que acabou de assinar com o Orlando Magic depois de ser trocado pelo Boston e dispensado pelo Houston.

Vale o mesmo para muitos caras que passaram batido pelo Draft, mas conseguiram alguma reputação na Europa e agora estão de volta aos Estados Unidos, só para dizer que são, enfim, atletas de NBA: James White e Chris Copeland (Knicks), Jamar Smith e Dionte Christmas (Celtics), Brian Roberts (Hornets), PJ Tucker (Suns) e Reeves Nelson (Lakers).

4) Não era um bom mercado
De todo modo, vários jogadores de sua posição conseguiram mudar de clube neste ano: Ray Allen, Jason Terry, Courtney Lee, Nick Young, Lou Williams, Jamal Crawford, Randy Foye, Marco Belinelli e Jodie Meeks, por exemplo. Era muita gente concorrendo com Leandrinho, e vale a lei da oferta e procura.

Jason Terry

Até que Terry ficou bem de verde e branco

Deste grupo, Lee, Terry, Williams e Crawford fecharam por cerca de US$ 5 milhões anuais. Young fechou com o Sixers por uma temporada e US$ 6 milhões. Allen, para ingressar no campeão Miami Heat, aceitou ganhar menos: US$ 3 milhões, assim como Mayo fez com o Mavericks (US$ 4 milhões). Foye acertou com o Utah por US$ 2,5 milhões. Belinelli é quem vai ganhar menos neste grupo: US$ 1,9 milhão pelo Bulls. Meeks será o reserva de Kobe por US$ 1,4 milhão na vaga que um dia já foi bem cotada para Barbosa.

Precisa ver quais são – seriam? – as demandas salariais de Leandrinho. Avaliando o grupo acima, está claro que seu valor de mercado ficaria enquadrado em uma dessas faixas salariais. Será que ele pediu mais? Será que ofereceram menos? Na última temporada por Raptors e Pacers, ele embolsou US$ 7,1 milhões – no último ano de um contrato de US$ 25 milhões por quatro anos. É o tipo de contrato que hoje realmente não está mais disponível para jogadores de seu calibre. Com esta grana, hoje você contrataria um Jason Terry e Belinelli por exemplo.

Não ajudou o fato de o brasileiro ter jogado as Olimpíadas. É claro que os dirigentes esperariam a conclusão do torneio londrino para negociar para valer com seus agentes – tanto para avaliar seu jogo como pelo temor de alguma lesão. (E aqui, depois de tantas críticas que o cara recebeu nos últimos anos pela suposta falta de patriotismo, é importante notar que ele pode ter sacrificado um bom punhado de dólares para defender seu país. Alguém vai elogiar agora?).

5) E, no fim, sua produção já não é a mesma
Não é, contudo, apenas uma conspiração maligna dos astros ou das forças de mercado que deixa Leandrinho nessa situação complicada. Nos últimos campeonatos, o brasileiro simplesmente não foi o mesmo jogador que aterrorizava defesas sob o comando de Mike D’Antoni no Suns do “Seven Seconds or Less”.

Leandrinho, no auge pelo Suns

Cora, Leandrinho, corra: produção pelo Suns

Pode parecer cruel, mas é assim que as coisas funcionam nas negociações da NBA: não importam os problemas no pulso, na munheca que infernizaram a vida do ala por meses e meses. Também ninguém do outro lado da mesa vai pesar se as mudanças de cidade mexem com a cabeça do jogador, dificultam seu entrosamento etc.

Na hora de barganhar, os dirigentes vão apontar que sua média de pontos vem caindo. Sua pontaria foi de apenas 39,9% nos chutes de quadra pelo Pacers e de 42,5% no geral (contando os jogos pelo Raptors). A pior da carreira, igualando sua sabotada campanha de 2009-2010 devido a lesões.

Mas a queda não acontece apenas em números absolutos. Numa projeção de pontos por minuto, se ele tivesse jogado 36 minutos por partida nas últimas duas temporadas, seu rendimento cairia de 19,8 pelo Raptors em 2010-2011 para 16,2 pelo Pacers no último campeonato. Essa média chegou a ser de 21 por jogo pelo Suns em 2008-2009. E Leandrinho é reconhecido na liga como um cestinha e pouco mais. Fato.

No caso das métricas mais avançadas, a coisa também não é muito boa. Não dá para explicar e detalhar todos estes números aqui – pois o post já está gigantesco o bastante –, mas, basicamente, dá para dizer que, no ano passado, o brasileiro teve sua pior atuação desde as duas primeiras temporadas de adaptação ao Suns, quando era usado muito mais como um armador, seja como reserva de Stephon Marbury ou de Steve Nash. O único fundamento que ele teria melhorado seria o rebote.

Tudo isso para…?
Segundo um informante do Bala, Leandrinho teria de procurar algum time mais fraco neste ano, em busca de números e exposição. Ele cita Cavs, Magic e Bobcats como alternativas. Acontece que os três clubes já estão acima do teto para a próxima temporada e, além disso, acabaram de se reforçar em sua posição, respectivamente com Dion Waiters, Arron Afflalo e Ben Gordon. Ele não teria tanto tempo de quadra assim, de qualquer jeito.

De julho para cá passou muito tempo, os clubes já estão com o planejamento avançado, elencos praticamente fechados. É como se não tivesse mais espaço para Leandrinho. Essa é a impressão que fica aqui de fora e a que seus representantes estão tendo de enfrentar.

A mesma fonte assinala que o ligeirinho agora teria de se contentar hoje com o salário mínimo para alguém com sua experiência, algo em torno de US$ 1,2 milhão. Caso seus agentes consigam algo além disso, merecerão uma medalha.

Desta forma, não seria estranho realmente se o ala desse prosseguimento a seus treinamentos com o Flamengo para jogar o NBB. Ou que tentasse a Europa – caso o estilo de jogo combinasse e caso não tivesse questões particulares que o afastassem de lá.

Porque tá russo, gente.


Jermaine O’Neal é mais um a desafiar os poderes de cura do estafe do Suns
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Ao perambular pelo deserto norte-americano, segundo o que se aprende nos filmes, séries televisivas e histórias em quadrinhos – educação das mais invejadas, hein? –, se você estiver em busca de paz de espírito, basta dar um Google no celular e procurar bem, que vai ter um Xamã em algum lugar pronto para atendimento.

Nessa breve pesquisa, podem tentar te despistar e citar os caras como sacerdotes ou feiticeiros de tribos asiáticas desde os tempos mais primórdios – e, sim, essa foi uma citação infame a Hermes & Renato. Mas voltando: segundo a educação refinada do QG 21 e, por consequência, de toda a civilização ocidental, xamãs só valem quando tratamos de integrantes especiais de tribos indígenas nas Américas, sejam do Sul ou do Norte. Mas mais os do Norte.

Pois bem.

Agora nos concentremos no Arizona, mais especificamente o Vale do Sol, onde uma onda de calor recente não deixava o termômetro baixar dos 40ºC.

Jermaine O'Neal

Jermaine O’Neal vai testar o poder de cura do Vale do Sol. Vai dar trabalho

É nesta área quente-pelando que eles praticam o que hoje há de mais moderno e eficaz em termos de curandeirismo. Só pode. Só assim para justificar a contratação de Jermaine O’Neal pelo Phoenix Suns.

(Tá vendo? Demorou, mas chegamos ao ponto).

O quebradiço pivô, que um dia já foi um All-Star, é mais um a desafiar a habilidade dos preparadores físicos que já deram um jeito em Steve Nash, Grant Hill, Shaquille O’Neal e, por último, Michael Redd.

Comecemos por Redd, aliás. O gatilho de três pontos, entre 29 e 31 anos, disputou apenas 61 partidas de 246 disponíveis em suas últimas três temporadas pelo Milwaukee Bucks, abalado por lesões e cirurgias no joelho. No último campeonato, uma vez tratado pelo estafe do Suns, participou de 51 jogos – e só não foram mais porque o calendário era menor (66) e ele chegou ao time mais tarde. Suportou 15,1 minutos por noite e anotou 8,2 pontos vindo do banco. Não era o Redd de antes, claro, mas voltava a ser um jogador respeitável, que precisava ser marcado, criando até mesmo algumas cestas por conta própria, sem depender exclusivamente de seus armadores para executar o serviço.

E o Shaq? Em sua única temporada completa pelo clube do Arizona, o superpivô teve médias de 17,8 pontos e 8,4 rebotes, em 75 partidas, número que havia sido batido pela última vez pelo gigante apenas em 1999-2000 (79), quando era oito anos mais jovem. Na verdade, em toda a sua carreira, ele só superou essas 75 também nas três primeiras campanhas de sua carreira, de 1992 a 95, ainda pelo Orlando Magic, quando arrebentava tabelas com seu corpanzil e explosão.

O caso mais dramático, no entanto, pode ser o de Grant Hill, que muita gente já dava como aposentado em 2002 e agora chegou ao campeonato 2012-2013 disputado a tapa por clubes candidatos ao título, assinando contrato com o Los Angeles Clippers. Sofrendo com gravíssimos problemas no pé e tornozelo, ele perdeu 292 jogos em seis temporadas pelo Orlando Magic (média de 48 por ano, de 82 possíveis). Pelo Phoenix, ficou fora em apenas 32 em cinco temporadas (média de 6 por ano), sendo que 17 dessas aconteceram em 2011-2012.

Os jogadores não só tomam nota da evolução destes veteranos, como também conversam muito nos vestiários, em reuniões fora da temporada etc. A palavra corre. E chegou a Jermaine O’Neal, que poderia assinar com o Lakers, mas preferiu o Suns para tentar um último suspiro e reviver a carreira.

Seus problemas não chegam a ser tão graves como os de Hill, mas vai dar trabalho. Joelho, tornozelo, costas, escolha a sua. Nos últimos dois anos, ele disputou somente 49 partidas somadas pelo Boston Celtics, falhando em acompanhar o ritmo de Kevin Garnett, Paul Pierce e Ray Allen, não necessariamente os atletas mais vigorosos da NBA nestes tempos, né? E, nos poucos minutos em que esteve em quadra, teve uma produção paupérrima, com médias de 5,0 pontos  4,5 rebotes e pouca mobilidade, embora ainda conseguisse proteger o aro como nos velhos tempos.

Em sua apresentação, o pivô, que já foi o jogador mais jovem da história da liga, quando draftado pelo Blazers vindo do High School, garantiu que se sente bem como não acontecia há anos. Antes mesmo de entrar em contato com estafe de Phoenix. Assim como Hill, ele seguiu os passos de Kobe para fazer um tratamento especial na Alemanha (“orthokine” – clique para ler um texto em espanhol).

Jermaine O’Neal, então, primeiro optou pela ciência. Agora ele confia sua evolução às técnicas milagrosas do departamento chefiado por Aaron Nelson.

*  *  *

Em sua passagem revigorada pelo Suns, Shaquille O’Neal qualificou o estafe do Suns como heteredoxo, que eles teriam práticas incomuns comparando com o que viu em sua carreira pelo Magic, Lakers e Heat.

Aaron Nelson ajuda Steve Nash

Aaron Nelson e a longevidade de Steve Nash

Brincadeira à parte, Nelson afirmou, então, que não havia nada de anormal na condução de sua equipe. “Para nós, é apenas ciência comum: cinesiologia, fisiologia, anatomia funcional”, afirma. O grande segredo de seu programa seria cuidar do corpo todo quando um atleta apresenta uma lesão, para impedir que as dores em uma determinada parte (joelho, cotovelo, por exemplo) causem reflexos em outra região.

Além disso, os jogadores são submetidos a tratamentos de crioterapia em uma câmara de ar e exames regulares semanais, fornecendo uma grande base de informações. Quando o histórico é conhecido, os preparadores têm maior facilidade para fazer o procedimento de reabilitação adequado.

Historicamente, o Suns, mesmo com muitos jogadores de alta rodagem em seu elenco, esteve posicionado no grupo dos clubes que menos atletas perderam por lesões, ao lado dos garotos do Oklahoma City Thunder, por exemplo. “Eles são fenomenais. Eles me disseram coisas sobre meu corpo que não havia ouvido durante toda minha carreira. São especiais”, afirmou Redd.


Nash tenta se redimir com canadenses e transformar o país em uma potência
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Steve Nash partiu o coração dos fervorosos torcedores do Toronto Raptors há algumas semanas, ao acertar sua transferência para o Los Angeles Lakers, em vez de um tão aguardado retorno para casa. Snif.

De certa forma, foi mais um ato do armador a frustrar quem gosta do basquete no Canadá, após mais de oito anos de distanciamento da seleção nacional. Se ele tivesse aceitado liderar o Raptors nas próximas temporadas, essas seguidas decepções poderiam ser facilmente esquecidas. Mas não deu. Snif-snif! Abre o berreiro!

Steve Nash, cartola no Canadá

Aos 38, Nash agora tem um outro uniforme para defender o Canadá. Bacana o lenço vermelho, né?

Para justificar esta ausência, Nash afirmava que não poderia mais emendar as férias da NBA com as atividades dos torneios Fiba. Que seu corpo não aguentaria. Tendo em vista sua forma física aos 38 anos, do ponto de vista profissional, pessoal, é complicado questionar sua opção.

Não que ele fosse obrigado a se apresentar, e tal, mas a gente sabe muito bem o quão pesada ficou a barra do Nenê por estas bandas nos últimos anos até ele jogar agora em Londres, né? Agora imagine o nível de apego e dependência dos canadenses com Steve Nash, alguém muito mais qualificado e, pior, insubstituível. A dor é insuportável. Pense nas músicas de Bryan Adams, Alanis Morissette e Avril Lavigne. Agora multiplique por dez. Pesado.

Agora, a partir desta semana, esse genial jogador tenta se redimir de alguma forma com seus patrícios basqueteiros, começando para valer no cargo de gerente geral da seleção masculina, num cargo parecido com o de Vanderlei aqui no Brasil. A primeira decisão foi a contratação de Jay Triano para o cargo de técnico. Triano, hoje assistente do Blazers, não foi muito bem como o comandante do Toronto Raptors na NBA, mas tem muita experiência no mundo Fiba, tendo sido um scout da seleção dos EUA por anos.

Seu desafio maior: aglutinar as hordas e hordas de talento que o país vem produzindo nos últimos anos, para tentar resgatar o respeito que o programa teve no começo da década passada. Tipo, quando o próprio armador entrava em quadra para liderar a equipe.

Para isso, Nash organizou um encontro de alguns de seus principais jogadores e apostas para esta semana. Seria o ponto de partida pensando no Mundial na Copa do Mundo da Espanha em 2014 e nas Olimpíadas do Rio-2016.

A lista inteira de convidados ainda não está clara, mas a imprensa canadense dá como certa ao menos as presenças do ala-pivô Tristan Thompson, do Cleveland Cavaliers, e do armador Cory Joseph, do San Antonio Spurs, além dos adolescentes Tyler Ennis (armador) e do prestigiado Andrew Wiggins (ala). Os dois meninos eram destaques da equipe  sub-18 que esteve em São Sebastião do Paraíso neste ano e que tiveram seus planos de desafiar os Estados Unidos na final frustrados pelo Brasil. Ops.

Andrew Wiggins, Canadá

Andrew Wiggins é a grande aposta canadense

Mas estes são apenas quatro nomes badalados de um grupo muito volumoso e de prestígio em cenário internacional que o Canadá pode contar. Realmente volumoso.  Contem aí veteranos como Joel Anthony, do Miami Heat, e Matt Bonner, o foguete ruivo do Spurs, recém-naturalizado – Sam Dalembert, que aprontou muito em 2007 e 2008, estaria fora. Também pode somar o ala Kris Joseph, companheiro de Fabrício Melo em Syracuse e agora no Boston Celtics. Ou o ala-pivô Andrew Nicholson, do Orlando Magic. Ou os armadores Mick Kabongo e Kevin Pangos, em atividade em times de ponta do basquete universitário norte-americano, respectivamente Texas e Gonzaga, que também revelou o pivô Robert Sacre, draftado em junho pelo Lakers.

Já deu quase um time inteiro só nessa rápida passadela, mas, juntando as peças de relatos de torneios e eventos de base dos últimos anos, teria muito mais para citar. A ponto de, mesmo com eventuais desistências, ser quase certa, ao menos em termos de nomes, a composição de uma grande equipe lá no Norte da América.

Só fica a dúvida sobre qual será o nível exato de ascendência de Nash sobre seus compatriotas. Sabemos que ele é um admirador sério do legendário Wayne Gretzky, ídolo do hóquei canadense e alguém que, suponho, deve deixar Adams, Alanis, Avril e Nelly Furtado no chinelo em termos de popularidade nacional. Nesse nível acho que só o Rush e o Neil Young. Teria o agora cartola esse tipo de influência? Como convencer os jovens recrutas a embarcar numa viagem que ele próprio recusa desde 2003?

Steve Nash, armador canadense

Os bons tempos de Nash vestido de vermelho

A diferença, a seu favor, é que as futuras estrelas da seleção canadense dividiriam responsabilidade, se desgastariam menos. Para quem se lembra do time olímpico de Sydney-2000 ou do Pré-Olímpico de San Juan-2003, a seleção dependia muito da criatividade do armador para jogar de igual para igual contra os principais times do continente. Desta vez, se pelo menos metade do contingente disponível aceitar as convocações, muda o cenário.

Isto é: para quem já comemorava o possível desmonte da República Dominicana sem John Calipari e torce desesperadamente pela aposentadoria dos craques argentinos, melhor começar a reservar desde já algumas horas  de secador também contra os homens de vermelho e Nash.

Por mais que os seguidores do Raptors e da seleção deles já estejam irados de tão tristes.