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Spurs x Clippers: tudo igual na série, mas com opções diferentes
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Giancarlo Giampietro

A formiguinha atômica australiana vem para o resgate dos atuais campeões

A formiguinha atômica australiana vem para o resgate dos atuais campeões

Anthony Davis e seu New Orleans Pelicans podem até ser varridos pelo Golden State Warriors. Não dá para cravar isso ainda, mas pode acontecer. De qualquer forma, mesmo que se despeçam dos playoffs 2015 da NBA sem nenhuma vitória, ainda vão deixar um legado para a fase decisiva. Algo que vai muito além da maior visibilidade para o jovem astro e de um passo importante na sua caminhada para tomar conta da liga. Isso fica para o futuro. Por ora, o que eles nos deram foi a série Clippers x Spurs, a única que troca de cidade com os times empatados.

Em teoria, era para eles terem se resguardado e jogado apenas na segunda rodada. San Antonio basicamente trucidaria o Dallas Mavericks, enquanto o novo primo rico de Los Angeles enfrentaria mais dificuldades contra Memphis, mas ainda são favoritos. O Monocelha não permitiu isso e colocou frente a frente duas das três melhores equipes pós-All-Star Game em termos de equilíbrio ofensivo e defensivo, ou duas das quatro melhores equipes neste período em termos de aproveitamento (vitórias x derrotas).

Depois de uma vitória tranquila para o Clippers na primeira partida, com todas as suas enterradas e a Lob City bombando, o Spurs batalhou sem Tony Parker e, na prorrogação, venceu a segunda por 111 a 107, ao mesmo tempo em que rouba o mando de quadra do adversário. “Será uma série de matar”, afirma Doc Rivers, após a derrota. Sim, Doc, tem tudo para ser.

O time californiano é o time mais atlético em quadra, e isso não vai mudar. Uma dupla como Blake Griffin e DeAndre Jordan põe muita pressão em qualquer defesa, já que qualquer passe num raio de um quilômetro do aro é uma chance de cravada – uma bola sempre bonita, mas também bastante eficiente. Fica ainda mais difícil de parar os pivôs quando eles são municiados por um armador como Chris Paul e rodeados por chutadores como JJ Redick, Jamal Crawford e Matt Barnes. É uma combinação que rende o ataque mais eficiente da NBA nas últimas duas temporadas. Na defesa, os pivôs podem até dar uma viajada no posicionamento, que sua agilidade e impulsão lhes proporcionam uma recuperação pontual para a contestação.

Agora, do outro lado, é o que Doc também diz: “O Spurs ainda é o atual campeão, e eles vão continuar sendo os atuais campeões a cada noite”. Assim como Tim Duncan, prestes a completar 39 anos, seguirá como uma ameaça a ser respeitada até os 74, aproximadamente. É incrível. Se a gente for classificar os astros da liga por longevidade, somente Kareem Abdul-Jabbar se equipara ao orgulho das Ilhas Virgens (quer dizer, imagino que no arquipélago exista ao menos uma estátua para o ex-nadador, nem que seja num complexo aquático). Os dois foram top de linha desde a primeira temporada até a última. Com a diferença que não sabemos se Duncan está de saideira, ou não. Os repórteres que cobrem o time texano de perto juram que não há nenhum indício para isso.

“Ele foi espetacular”, disse o Coach Pop, que teve a sorte de, em sua segunda campanha como treinador da franquia, descolar na primeira rodada do Draft esse pivô formado em Wake Forest. “Ele continua me maravilhando. Ele sabia que precisava ficar em quadra e deu um jeito. Continuou sendo agressivo, o que é realmente impressionante.”

Timmy!!!

Timmy!!!

Para quem não mergulhou madrugada a fundo, Timmy jogou os últimos quatro minutos do tempo regulamentar e toda a prorrogação pendurado com cinco faltas. São as chagas das batalhas com Jordan e Griffin. Terminou o confronto com 28 pontos, 11 rebotes, 4 assistências e 2 roubos de bola. No final, ele estava mais preocupado em pedir desculpas para o seus companheiros, já que acertou apenas uma cesta em cinco tentativas de quadra no quarto final. Que coisa, né? “Fui péssimo. Perdi umas duas ou três bandejas, cometi dois ou três erros defensivos, saindo da minha posição para dar enterradas a DeAndre”, afirmou, todo remoído.

Fora a consistência de Duncan e sua aura de campeão, sabe o que mais que o Spurs vai continuar tendo como larga vantagem em relação ao Clippers? Banco. Opções. Muitas delas. Se o eterno All-Star conseguiu se manter no jogo pendurado, Manu Ginóbili afirmou que perdeu a conta das suas faltas e acabou excluído no quarto final. Poderia ser um baque para qualquer equipe, ainda mais que Tony Parker já havia sido retirado pelo técnico devido a dores no tendão de Aquiles. O francês, visivelmente estourado, depois de sentir a perna esquerda no primeiro embate,  jogou por 30 minutos e só fez um pontinho em lances livres. Para o Spurs, não fez diferença. “Eles perdem Parker, entra o Mills. Manu está fora, Green entra. É o que eles fazem. Você tem de tirar o chapéu para eles”, afirmou Jamal Crawford.

Patty Mills, a formiguinha atômica australiana, marcou 18 pontos em 19 minutos. Boris Diaw foi igualmente importante, fazendo de tudo um pouco para a equipe, com 12 pontos, 9 rebotes, 6 assistências e 2 roubos de bola em 37 minutos. O cerebral ala-pivô francês vai ter de aguentar o tranco, com tempo de quadra elevado, enquanto Tiago Splitter não recupera o ritmo de jogo – o catarinense jogou por 19 minutos e, em determinados momentos, demonstrava pura falta de fôlego. E aqui já vimos um ajuste de Pop: Aron Baynes nem foi acionado, perdendo espaço para Matt Bonner.

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Ao todo, os suplentes do Spurs receberam 103 minutos de rodagem neste segundo duelo. Do outro lado, Rivers segue com sua rotação paupérrima. Não por ser teimoso. Mas, sim, pelo fato de sua versão cartola ter feito um péssimo trabalho na montagem deste elenco. Chega a um embate tão equilibrado como esse, e simplesmente não tem confiança em ninguém que não atenda pelo nome de Jamal Crawford entre os reservas. O perigoso (ainda que por vezes destrambelhado) arremessador ganhou 21 minutos numa noite em que a mão estava fria (4-13 nos arremessos, 1-7 de três pontos, um horror). Depois, contem 11 minutos para o Rivers filho e Glen Davis, velho de guerra. De resto? Hedo Turkoglu teve quatro e Danthay Jones não conseguiu nem arredondar para um minuto o instante em que entrou em quadra para espirrar.  O quarteto somou 17 pontos. Menos que Mills, se você me permite a comparação.

Haja fôlego para o quinteto titular: foram 47 minutos para Griffin e Redick, 44 para Jordan, 43 para Paul e 37 para Barnes. Como de praxe, eles jogaram demais. Griffin saiu com um triple-double (29 pontos, 12 rebotes e 11 assistências, consagrando seu companheiro de garrafão), enquanto Jordan somou 20 pontos, 15 rebotes e 3 tocos. Paul manteve esse ritmo de excelência, com 21 pontos, 7 assistências e 8 rebotes. Redick matou 4 de 9 nas bolas de longa distância. O quinteto titular do Clippers, conforme já ressaltado aqui, foi a unidade mais produtiva da temporada, em números absolutos, vencendo seus oponentes por média de 7,5 pontos.

Agora… Spencer Hawes, a principal contratação para o campeonato, recebeu um gelado “DNP” (não jogou). Assim como Lester Hudson, importado de última hora da China, e Epke Udoh, subutilizado em toda a campanha. Não dá para entender como um time com as pretensões elevadas do Clippers chega ao mata-mata desse jeito, ainda mais depois de seguidas decepções nos playoffs com a mesma base. Simplesmente não dá. Por mais que Rivers seja um técnico de fato brilhante, seu trabalho como dirigente acaba se tornando o maior obstáculo rumo ao título – não se esqueçam que esse núcleo já estava lá quando ele foi contratado.

O Spurs agora vê Parker se juntando a Splitter na fila dos arrebentados. Preocupa, claro. Mas, para qualquer outra equipe, perder o armador e o pivô titulares significaria desespero total, enquanto o adversário celebraria. Na rotação (quase) igualitária de Popovich, todavia, os desfalques são amenizados. Bom para Doc tomar nota a respeito. Pode mai ser mais uma cortesia do Monocelha.


Plantão médico: lista de enfermos é ameaça séria nos playoffs da NBA
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Giancarlo Giampietro

Varejão foi uma das primeiras baixas bastante relevantes da temporada

Varejão foi uma das primeiras baixas bastante relevantes da temporada

Quer uma tradição impregnada nos Playoffs da NBA? Daquelas mais desagradáveis e, ao mesmo tempo, mais importantes para a definição de um título? Que pode ter tanta influência no resultado final de um campeonato como toda a preparação, todo o refinamento tático obtido em uma looooonga temporada? A contagem de feridos. As lesões, mesmo.

E aí que você pode falar também de sorte ou azar, ainda que o trabalho de um técnico e seu estafe médico possam ajudar na prevenção delas…

Mas pegue por exemplo o caso de Tiago Splitter. O pivô foi para as finais da liga por dois anos seguidos. Pode ter dito não a Rubén Magnano em 2013, mas aceitou nova convocação no ano passado, para a Copa do Mundo. Não dá para saber o quanto a carga extra de treinos e jogos, num mês que seria de férias, deixa o atleta em uma situação mais propícia para sentir algo. O que dá para dizer, imagino, é que ajudar, não ajuda, e que o catarinense não conseguiu fazer a pré-temporada ideal, perdeu quase 20 jogos no início da campanha e demorou um tempo para entrar em forma, lidando com problemas musculares na panturrilha (uma área sempre complicada). Sem pressa, com um elenco vasto, o clube texano teve toda a precaução do mundo com ele, como de praxe. Sabemos como Gregg Popovich é extremamente consciente no uso de seus atletas. Mesmo assim, Splitter teve o azar de, a duas semanas dos mata-matas, voltar a sentir dores bem incômodas.

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(Um parêntese importante: não estou dizendo que ele não deveria ter jogado o Mundial. O pivô muito provavelmente ficaria bem irritado só com a mera insinuação, por ser daqueles que só abriu mão da seleção uma única vez, e num torneio que, convenhamos, sua presença era totalmente desnecessária. Só faço a lembrança aqui para percebermos como esse tipo de questão é muito mais complexa do que ser patriota ou fugir da raia – e de como diversos fatores interferem na caminhada de um time de NBA. Do ponto de vista do torcedor brasileiro, tudo ótimo. Agora vá perguntar para os admiradores do Spurs o que eles pensam a respeito.)

Splitter não chega inteiro para o mata-mata contra Jordan

Splitter não chega inteiro para o mata-mata contra Jordan

Por mais formidável que seja o plantel de Pop e RC Buford, talvez o mais vasto da liga, que Aron Baynes tenha comprovado suas virtudes em sua melhor temporada nos Estados Unidos (joga duro demais, bom finalizador, mas um tanto robótico, nada criativo) e que Boris Diaw tenha redescoberto em março a alegria de se jogar basquete, já deu para reparar a importância do pivô na equipe, não? Com Splitter em quadra, a defesa fica bem mais sólida, aumentando a densidade demográfica no garrafão. Algo importante para enfrentar Blake Griffin e DeAndre Jordan, por exemplo. O ataque também funciona com ele, mas sua efetividade vai depender do sistema do adversário. De qualquer forma, pergunte ao seu técnico sobre sua importância. “Gostaríamos jogar com ele o máximo que pudéssemos”, disse antes de a série contra o Clippers começar. “Mas vamos ver.”

Neste domingo, no plantão corujão, pudemos ver, então, o brasileiro em ação, pela primeira vez desde o dia 3 de abril, numa vitória arrasadora contra o Denver Nuggets, quando o Spurs dava indícios de que havia novamente potencializado toda a sua fantástica química em quadra. Com uma escalação decidida apenas no domingo mais cedo, Tiago teve seu tempo controlado: jogou por exatos 9min57s de jogo, terminando com 4 pontos, 3 rebotes e 3 faltas, além de uma assistência e um roubo de bola. Foi máximo que Popovich pôde usá-lo. Afinal, ele só havia feito um treino, e com participação limitada, em 16 dias.

Baynes atuou por 20 minutos. Diaw, por 28. Tim Duncan ficou com sua tradicional meia hora de partida. Quando o veterano foi para o banco, a equipe sentiu. Ali poderia estar Splitter tentando ao menos incomodar uma figura assustadora como DeAndre Jordan – só Andre Drummond tem hoje essa combinação de altura, envergadura, impulsão e ombros largos. Jordan descansou por menos de dez minutos. Blake, por menos de seis. Estavam quase sempre em quadra, sendo muito agressivos, combinando para 35 pontos, 26 rebotes, 7 tocos e 7 assistências. Clippers 1 a 0, com 15 pontos de vantagem.

O torcedor do Spurs, porém, não é o único a se lamentar. Longe disso. Basta pegar o celular e trocar mensagens com a galera do Trail Blazers para sentir o drama. O departamento de infográfico de qualquer emissora de TV precisa estar muito atento nos jogos entre Portland e Memphis. A lista de enfermos é gigante, sempre com o risco de se adicionar mais um – ou de ter atualizar o status deles. Na série Rockets x Mavericks, teve atleta que precisou até mesmo calçar um tênis de numeração maior que a sua para devido a um inchaço no dedão.

E aí? Não há como negar que a temporada de 82 jogos causa um desgaste absurdo. Por mais que os atletas viagem em voos fretados, com acentos personalizados. Por mais que possam pagar um estafe médico e de preparação física por conta própria. Há um limite que o corpo pode aguentar. Dia desses, Rafael Uehara, que já deu sua contribuição valiosa aqui no VinteUm, destacou no Twitter uma passagem interessante no livro Soccernomics, sobre como o excesso de jogos do futebol inglês impede que a seleção do país faça boas campanhas em seus torneios. É uma declaração de Daniele Tognaccini, chefe do departamento atlético do Milan Lab, explicando o que acontece quando um jogador de futebol tem de disputar 60 partidas em um ano: ‘O nível de performance não é otimizado. O risco de lesão é muito alto. Podemos dizer que o risco de lesão em um jogo, depois de uma semana de treino, é de 10%. Se você joga a cada dois dias, o risco cresce para 30 a 40%. Se você joga quatro ou cinco partidas seguidas sem a recuperação certa, o risco de lesão é incrível. A probabilidade de você ter uma performance abaixo de sua capacidade é muito alta”.

Um gráfico que The OC Register preparou na temporada passada para mostrar todas as lesões que Kobe havia sofrido em sua carreira até então

Um gráfico que The OC Register preparou na temporada passada para mostrar todas as lesões que Kobe havia sofrido em sua carreira até então

Agora tente traduzir essa declaração para o mundo da NBA. O jogo de futebol pode ter maior duração (90 minutos x 48), mas vá falar para um ala do basquete ficar encostado na ponta direita da quadra, na sombra, esperando que seus quatro companheiros protejam a cesta do outro lado… Quer dizer: é difícil de dimensionar quais os cálculos que Tognaccini faria. O comissário Adam Silver sabe disso. Tanto que, em sua coletiva após a última reunião com os proprietários de clubes, afirmou que há uma preocupação (enfim!) séria em reduzir os famigerados back-to-back (dois jogos em duas noites consecutivas) e as semanas de quatro partidas em cinco dias.

Pensando nisso, segue a relação dos lesionados. Ou, pelo menos: dos atletas oficialmente lesionados. Aqueles que os clubes se sentem obrigados a informar. Inúmeras ocorrências não vêm a público, como Serge Ibaka nos explicaem uma entrevista bem bacana ao HoopsHype: “Veja, há muitas pessoas, torcedores e aqueles não estão dentro do time, que não sabem o que se passa. Você ouve gente falando que tal cara não está jogando bem. Mas eles não sabem o que está acontecendo. Posso dizer a você o que aconteceu comigo, por exemplo. Meu tornozelo estava doendo a temporada inteira. As costas também. Não é que eu tenha me lesionado apenas no final, que é o que todo mundo sabe. Eu machuquei meu tornozelo jogando com a seleção (espanhola, na Copa do Mundo…) durante o verão, e ele ficou ruim o tempo todo. Tive de tomar pílulas para poder jogar sem dor. Não sou só eu. Muitos dos meus companheiros passaram pelo mesmo problema”.

Também juntei aqui um ou outro caso de atletas que acusaram problemas em quadra ou em entrevistas, ainda que não tenham sido afastados. Sim, a temporada é desgastante demais, e suas consequências podem ser graves:

Atlanta Hawks
Thabo Sefolosha: o ala suíço está fora da temporada devido a uma fratura na perna causada por ação de policiais em uma casa noturna nova-iorquina – sim, essa não teve nada a ver com a quadra. A diretora executiva do sindicato dos jogadores, Michele Roberts, está em cima do caso, cheia de suspeitas. Sem o suíço, Kent Bazemore vai receber minutos importantes numa equipe de playoff pela primeira vez, com a missão de sustentar uma forte defesa no perímetro quando DeMarre Carroll for para o banco. Sefolosha era o nome ideal para a função.

Al Horford e um dedinho

Al Horford e um dedinho

Paul Millsap: jogando com uma camisa que faz compressão, além de uma proteção no ombro direito, depois de sofrer uma torção em jogo contra o Brooklyn Nets, na reta final da temporada. Mike Budenholzer ao menos respirou aliviado, por não ser algo mais grave. De qualquer modo, para um ala-pivô, não é nada legal jogar com o ombro dolorido. Pense nos movimentos que ele precisa executar em quadra.

Mike Scott: o ala perdeu 11 jogos em março devido a uma bipartição e uma torção aguda no osso sesamóide do pé direito. Não, não foi uma fratura. Voltou em abril e sentiu uma contusão nas costas, perdendo treinamentos e mais uma partida.

Al Horford: essa aconteceu na primeira partida da série contra o Nets, mesmo. Coisa de jogo, com o dedinho da mão direita virando para o lado contrário. Não houve fratura, só um deslocamento.

Boston Celtics
– A rotação vasta de Brad Stevens parece render benefícios: seus atletas simplesmente não constam no prontuário médico recente da liga.

Brooklyn Nets
Bem… Deron Williams e Joe Johnson parecem jogar machucados o tempo todo, não?

Mirza Teletovic: considerando a gravidade de sua questão médica, ao ser afastado por conta de uma embolia pulmonar, ter o bósnio de volta aos treinos é uma excelente notícia, na verdade. Mas ele ainda não está liberado para jogar. Já o ala Sergey Karasev está fora de vez, com uma lesão no joelho.

Mirza Teletovic: recuperado de embolia pulmonar

Mirza Teletovic: recuperado de embolia pulmonar

Alan Anderson: o ala-armador reserva perdeu sete partidas em abril devido a uma torção de tornozelo.

Chicago Bulls
Derrick Rose, vocês lembram, passou por mais uma cirurgia no joelho, dessa vez por causa de uma ruptura no menisco, e perdeu 20 partidas entre março e abril. Na primeira partida da série contra o Bucks, jogou demais, e era como se a torcida de Chicago vivesse um sonho. Rose pode ser uma influência para lá de positiva para a equipe. Só é preciso evitar a armadilha de pôr muita responsabilidade nas costas de um atleta que sofreu tanto nas últimas temporadas.

Kirk Hinrich sofreu uma hiperextensão no seu joelho esquerdo na última semana do calendário regular. Há quem despreze tanto o veterano (um cara ainda muito útil na defesa), que essa ausência pode ser até comemorada.

Taj Gibson sofreu um estiramento no joelho direito no primeiro duelo com o Bucks. Por sorte, Nikola Mirotic está pronto para receber mais e mais minutos, no caso de o excepcional defensor estiver abalado.

Joakim Noah, para variar, joga com uma tendinite no joelho esquerdo.

Chicago: adoração e apreensão pela dupla

Chicago: adoração e apreensão pela dupla

Cleveland Cavaliers
– Anderson Varejão
só poderá torcer por seus companheiros, em recuperação de uma cirurgia para reparar o tendão de Aquiles.

Kevin Love (principalmente) e LeBron James foram poupados de treinos e jogos durante todo o campeonato devido a dores nas costas.

Dallas Mavericks
– Chandler Parsons está com uma joelheira direita mais larga que a coxa de Karl Malone. Vem enfrentando inchaço e dores daquelas. Na primeira partida, precisou sair de quadra e ir para o vestiário para receber tratamento. O Mavs precisa de suas habilidades ofensivas, especialmente o arremesso de longa distância, para abrir a quadra para infiltrações de Rondo e Ellis.

Parsons explica a Mark Cuban como está difícil jogar contra o ex-time em Houston

Parsons explica a Mark Cuban como está difícil jogar contra o ex-time em Houston

Devin Harris: o inchaço é no dedão do pé esquerdo. Está tão inchado que o armador reserva enfrentou o Rockets no sábado usando um tênis maior na canhota, para tentar aliviar o desconforto. Sim, é verdade.

Golden State Warriors
David Lee: fora do início da série contra o Pelicans devido a um estiramento muscular nas costas. E ninguém parece nem reparar, tamanho o crescimento de Draymond Green.

Houston Rockets
– Uma ruptura nos ligamentos do pulso esquerdo tirou o armador e excelente defensor Patrick Beverley da temporada. Quem também não joga mais pela equipe nesta jornada é o ala-pivô lituano Donatas Motiejunas, devido a uma lesão nas costas. Duas peças que ganhariam bons minutos. Beverley é um dos melhores marcadores em sua posição, jogando com uma energia descomunal, enquanto Motijeunas ofereceria uma referência no jogo interior mais segura que Josh Smith e Terrence Jones, para os momentos em que Howard for para o banco.

Terrence Jones levou uma joelhada de Kenneth Faried nas costelas em duelo com o Denver Nuggets em março e teve uma perfuração no pulmão. É o mesmo ala-pivô que mal jogou em novembro e dezembro por conta de um problema nevrálgico nas pernas.

Dwight Howard parou por cerca de dois meses para tratar de uma lesão no joelho direito, embora não houvesse nenhuma lesão estrutural. Ainda não está 100%, e seus minutos são vigiados até hoje por Kevin McHale.

– O ala novato KJ McDaniels tem uma lesão no cotovelo, mas dificilmente iria jogar, mesmo.

Los Angeles Clippers
Também está no grupo dos times menos abalados no momento. Jamal Crawford, com uma lesão na panturrilha, era quem mais preocupava, mas parece devidamente recuperado. Blake Griffin também não dá sinais de que sinta algo no cotovelo

Memphis Grizzlies
– Mike Conley Jr.:
ultimamente, só se fala de sua fascite plantar no pé esquerdo, com inflamação e dores, que quase não se comenta o fato de ele também estar jogando com dores no pulso esquerdo durante quase todo o campeonato. “Não acho que vou estar nem perto de 100%, mas nunca pensei que perderia um jogo de playoffs”, afirmou, antes da estreia contra o Blazers. Beno Udrih fez uma bela temporada, mas a equipe precisa demais de seu armador titular, pela defesa e a liderança.

Tony Allen: o pitbull da equipe ficou fora das últimas dez partidas da temporada regular por conta de uma lesão na coxa. Retornou contra Portland e jogou por 25 minutos, ao menos. Está aqui o caso de um atleta que precisa estar bem fisicamente para render (pressionando os adversários de um modo sufocante, não importando a altura e o currículo deles), uma vez que sua habilidade com a bola deixa a desejar.

Marc Gasol sofreu uma torção de tornozelo na penúltima partida da temporada, mas não parece nada grave.

Milwaukee Bucks
Considerado um sério candidato ao prêmio de novato do ano, o ala Jabari Parker teve sua primeira temporada abreviada em dezembro por uma ruptura no ligamento colateral do joelho esquerdo. Khris Middleton aproveitou essa brecha, mas, para o futuro da franquia, é uma pena o atraso no desenvolvimento do número dois do Draft.

A proteção no dedinho esquerdo do Monocelha: nada muito grave, mas incomoda

A proteção no dedinho esquerdo do Monocelha: nada muito grave, mas incomoda

New Orleans Pelicans
Tyreke Evans, um cara que depende muito de seu arranque para a cesta, sofreu uma pancada no joelho esquerdo no primeiro jogo contra o Warriors e foi para o segundo duelo no sacrifício. Talvez tivesse minutos controlados, mas Jrue Holiday não retornou bem de uma reação por estresse na perna direita que o afastou por metade do campeonato.

Anthony Davis está jogando com o dedinho da mão esquerda protegido, depois de tê-lo deslocado. Aparentemente algo simples? Bem, no primeiro jogo ele estava segurando a mão sem parar, claramente desconfortável.

Portland Trail Blazers
Wesley Matthews ficou fora de combate, após uma ruptura no tendão de Aquiles. Recuperado de cirurgia, tenta dar apoio moral aos parceiros no banco de reservas. Arron Afflalo, aquele que seria seu substituto, sofreu um estiramento no ombro em jogo contra o Warriors, no dia 9 de abril. Está fazendo treinos leves e pode retornar no segundo ou no terceiro jogo da série.

LaMarcus Aldridge está jogando desde janeiro com um tendão da mão esquerda rompido. Precisa de cirurgia.

Dorell Wright sofreu uma fratura na mão esquerda no início de abril também, em derrota para o Clippers. Só poderá jogar em maio, se o time estiver em atividade até lá.

Arron Afflalo mal chegou e também se contundiu

Arron Afflalo mal chegou e também se contundiu

– Como se não bastasse, Nicolas Batum (numa temporada para se esquecer) e CJ McCollum (o jovem ala-armador que estava começando a engrenar), se contundiram em jogo contra OKC no dia 13. O problema do francês foi no joelho direito, enquanto McCollum torceu o tornozelo esquerdo.

– Sim, tem mais um: Chris Kaman, limitado por contusão nas costas. E uma temporada que se desenhava muito promissora… ficou complicada demais.

San Antonio Spurs
Tony Parker sofreu uma torção de tornozelo no primeiro jogo contra o Clippers. Teve uma campanha bem fraca para os seus padrões ao lidar com lesão e dores na coxa.

– Sobre Splitter, já falamos o bastante.

Toronto Raptors
– Kyle Lowry mal consegue parar em pé esses dias sem colocar a mão nas costas. É sempre um problema quando o jogador acusa dores ali. Inicialmente, os médicos na metrópole canadense não se mostravam preocupados. Três semanas depois, Dwane Casey já estava dizendo que ele não teria condição de jogar nem se já tivessem chegado aos playoffs. Foi afastado por nove partidas e, quando retornou, definitivamente não era mais o mesmo, acertando apenas 34,4% de seus arremessos nas últimas quatro rodadas, embora a pontaria de três pontos tenha sido elevada em relação a sua média.

Washington Wizards
Para fechar, outro time que está abaixo da média em termos de uso de medicamento. Até mesmo Nenê parece estar bem, na medida do possível.


Os playoffs começaram! Panorama da Conferência Oeste
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Giancarlo Giampietro

Se for para comparar com a outra metade da liga, a Conferência Oeste ainda é uma dureza que só. A perspectiva é de séries muito mais equilibradas daqui. Acontece que o nível talvez não seja o mais elevado, especialmente se formos comparar com o que muitos desses times estavam fazendo há dois ou três meses. As lesões interferiram bastante. Hoje, o Golden State Warriors desponta mais favorito do que nunca, especialmente pelo fato de o San Antonio Spurs ter perdido o mando de quadra na primeira (e na segunda rodada), sobrando ainda com o lado mais complicado da chave. A equipe de Gregg Popovich fechou a temporada regular em alta, mas vai precisar fazer uma campanha memorável para alcançar a final da liga pelo terceiro ano seguido, em busca de seu primeiro bicampeonato.

NBA: San Antonio Spurs at Los Angeles Clippers

Não poderia ter ficado para mais tarde?

Palpites, que é o que vocês mais querem
Warriors em 4: o time californiano tem o melhor ataque, a melhor defesa e mais experiência. Pode ser que o Monocelha consiga uma vitória em casa, mas…
Rockets em 7: dependendo sempre do joelho e das costas de Dwight Howard. O Dallas está em crise existencial, Dirk envelheceu, mas Carlisle tem truques.
Spurs em 6: é o que o Monocelha aprontou na última rodada. O elenco mais vasto de San Antonio e a defesa de Kawhi em CP3 fazem a diferença.
Grizzlies em 7: a série que mais depende dos médicos do que de qualquer outra coisa; o mando na Grindhouse joga a favor de Marc e Z-Bo

Números
47,7% –
O percentual de acerto de Chris Paul nos arremessos a partir do drible (pull up shooting), liderando toda a liga. Fiz o filtro com uma média de ao menos cinco tentativas por jogo, para deixar claro que esse recurso realmente faz parte de seu repertório. CP3 tenta em média 9,7 por jogo. Tony Parker vem atrás, praticamente num empate técnico com Stephen Curry. Agora, se você for falar de chutes a partir do drible de longa distância, com um mínimo de duas tentativas por jogo, Curry sobe para segundo, com incríveis 42,3%, perdendo somente para Isaiah Canaan, do Philadelphia. Se for para filtrar com um mínimo de quatro tentativas, apenas o craque do Warriors se qualificaria. : )

41,4% – O percentual de arremesso que Andrew Bogut permite ao seus adversários nas imediações do aro. É a terceira menor marca da temporada, atrás de Rudy Gobert e Serge Ibaka, logo acima de Roy Hibbert, Derrick Favors, LaMarcus Aldridge e Nerlens Noel. Mostra o quanto o australiano sabe usar seu tamanho, se posicionando muito bem, para compensar a movimentação lateral bem reduzida e a impulsão quase zero. Claro que há outros fatores que influenciam essa contagem também: há ajuda de marcação dupla? Como os oponentes chegam ao aro? Estão equilibrados? Estão rodeados por bons arremessadores? Mas, enfim, é um dado que comprova a eficiência do antigo número um do Draft na proteção de cesta.

Ao ataque, Harden

Ao ataque, Harden

14,3 O total de pontos por partida que James Harden gera o Houston Rockets em suas infiltrações, seja com suas próprias finalizações, em assistências ou em lances livres. Na temporada regular, apenas Reggie Jackson, contando apenas seu desempenho pelo Detroit Pistons, gerou mais pontos no ato de bater para a cesta. O interessante é notar Stephen Curry logo abaixo do barbudo, com 12,0 pontos em média. Ou seja: um atacante completo, não apenas um chutador.

+7,5 O saldo de pontos do quinteto titular do Clippers na temporada, quando completo em quadra. Essa é a melhor marca da liga, acima de Cavs, Hawks e Warriors – pelo menos entre os quintetos que jogaram um mínimo de 30 partidas. Quando Jamal Crawford entra nas alas, na vaga de Redick ou Barnes, o time ainda rende muito bem, com as 15ª e 16ª melhores marcas. Nos playoffs, com maior tempo de descanso e numa última arrancada, Doc Rivers vai poder  limitar os minutos de seu banco. Mas uma hora Spencer Hawes, Glen Davis e/ou seu filho vão precisar entrar em quadra. Aí que seu péssimo trabalho como dirigente deverá ser exposto.

7,2 – na soma de todos os deslocamentos de um jogador pela quadra, a SportVU consegue calcular sua velocidade média em quadra – o que não quer dizer que eles sejam os mais velozes de uma ponta a ponta de quadra. Patty Mills, armador reserva do Spurs, é o que aparece com a maior média, com 7,2 km/h. Um dado muito curioso: Cory Joseph, justamente como quem o australiano briga por minutos na rotação do Coach Pop, é o segundo. E quer saber do que mais? Tony Parker, o titular da posição, é o quinto no ranking. Se você quer se candidatar a armador em San Antonio, sabe que vai ter de correr muito…

Os brasileiros
Leandrinho vai ganhar seus minutos aqui e ali pelo Warriors, dependendo do andamento das partidas. Se a pedida de Steve Kerr for mais fogo no ataque, o ligeirinho será acionado – e ainda tem a velocidade e, especialmente, a experiência para entrar em quadra nesse tipo de situação. Nos jogos que se pedir mais defesa, Shaun Livingston deve ficar mais tempo em quadra (não sei se confiará em Justin Holiday). Em San Antonio, a grande interrogação rumo aos playoffs gira em torno da panturrilha de Tiago Splitter. O pivô catarinense teve o início e o final de temporada atrapalhados devido a dores na panturrilha direita. Por isso, foi poupado dos últimos cinco jogos, depois de ter perdido 19 dos primeiros 20. Gregg Popovich já afirmou que usar de toda a precaução possível com Splitter, admitindo até mesmo a possibilidade de ele ficar fora de algumas partidas dos playoffs. Isso foi antes de saber que teria o Clippers pela frente. Aron Baynes pode trombar com DeAndre Jordan, assim como Jeff Ayres. Mas nenhum deles tem a inteligência e a capacidade defensiva do brasileiro.

Splitter vai conseguir sair do banco para combater DeAndre?

Splitter vai ser liberado para sair do banco e combater DeAndre?

Alguns duelos interessantes
Anthony Davis x Andrew Bogut: a tendência é que o Pelicans precise limitar os minutos de Omer Asik, para dar conta de correr atrás dos velozes e versáteis atletas do Warriors. É até melhor: se Davis ficasse com Draymond Green, precisaria flutuar muito longe da cesta e ficar de certa forma alienado na defesa. Dante Cunningham pode assumir essa, e aí teríamos toda a vitalidade e explosão física do Monocelha contra um gigante cerebral como Bogut. O que tem mais apelo aqui é o embate no ataque de New Orleans, com as investidas de frente para a cesta do candidato a MVP, que será testado pelas contestações (e, especialmente, as bordoadas) do australiano.

Terrence Jones x Dirk Nowitzki: Rick Carlisle seguiu a cartilha de Gregg Popovich e controlou o tempo de quadra do craque alemão durante a temporada. O alemão de fato chega, na medida do possível, descansado para a fase decisiva. Mas o quanto ele pode render esses dias? Sua mobilidade parece já bem reduzida. No ataque, seu arremesso ainda é uma arma a ser temida, tudo bem. O problema é a defesa, ficando muito vulnerável aos ataques frontais de Jones, um oponente jovem, atlético e de personalidade. Josh Smith também pode se aproveitar disso. O pior: Tyson Chandler já vai estar ocupado com Dwight Howard, sem poder dar tanta cobertura como de praxe. Mesmo que consiga pará-los no garrafão, ambos os alas-pivôs têm boa visão de quadra e podem municiar os arremessadores da equipe.

Terrence Jones tem uma lenda com quem duelar

Terrence Jones tem uma lenda com quem duelar

Tony Parker x Chris Paul: creio que Kawhi Leonard e Danny Green vão alternar na tentativa de contenção do armador do Clippers, deixando Parker com Matt Barnes, que é muito mais alto, mas não tem autonomia e talento para colocar a bola no chão e criar em situações específicas de mano a mano. A importância do francês vai ser para desgastar seu adversário do outro lado da quadra. Precisa atacar, atacar e atacar, movimentando-se com e sem a bola. Paul jogou uma de suas melhores temporadas, é forte e sabe que o tempo já está passando. Mas não tem muita ajuda do banco e pode ser levado ao limite.

LaMarcus Aldridge x Marc Gasol/Zach Randolph: aqui há diversas possibilidades. Z-Bo precisa cuidar de Robin Lopez, que pode ser consideravelmente menos talentoso que seu irmão gêmeo no ataque, mas ainda causa problemas perto da tabela e tem um bom chute de média distância. Digo: Randolph será requisitado na defesa perto da tabela e não apenas na proteção de rebotes. De qualquer forma, é provável que o espanhol fique, mesmo, com Aldridge, mesmo que a estrela do Blazers jogue afastada do garrafão, apostando no seu arremesso. Em geral, Gasol tem feito um bom trabalho contra seu companheiro de All-Star, que tem um aproveitamento de quadra de apenas 43% nas últimas três temporadas contra Memphis. Do outro lado, porém, imagino que Portland também prefira deixar Lopez com Randolph, que tem um jogo muito mais físico e poderia cansar Aldridge. As partidas são longas e um pivô vai se ver com o outro em algum momento.

Ranking de torcidas
1 – Warriors. Além de todo o talento que Steve Kerr tem em seu elenco, há uma outra razão para o fato de o Golden State só ter perdido duas partidas em casa durante a temporada regular. Essa galera sabe fazer barulho e esperou por anos e anos para que o clube voltasse a ser competitivo. O único risco aqui é o fator ‘modinha’. De ter gente muito mais interessada em festa do que no jogo dentro do ginásio num jogo importante.

Curry rege uma torcida fanática, que agora pode soltar a voz

Curry rege uma torcida fanática, que agora pode soltar a voz

2 – San Antonio. Até mesmo ranquear torcidas na Conferência Oeste é complicado. O clima nos jogos do Spurs também é de euforia. Além disso, de tantas batalhas que esses caras viram nos últimos anos, são aqueles que mais cultura e sapiência adquiriram, entendendo os momentos críticos para ajudar seu time, um esquadrão que briga pelo título há mais de 15 anos

3 – Portland. O Blazers é o time da cidade – uma situação rara nas sedes da NBA. Historicamente, Portland estaria acima tanto de Memphis como Oakland com a arenas mais complicada de se jogar. Hoje, porém, creio que os dois times acima vivam momentos mais especiais. No fim, até mesmo ranquear as torcidas é algo complicado de se fazer no Oeste (vide logo abaixo). Então usei como critério de desempate o recorde como anfitrião nesta temporada.

4 – Memphis. A sinergia entre o time e seu público é praticamente incomparável. Jogadores e torcedores querem moer a alma do adversário. (Sim, uma frase que, isolada no vácuo, não faz sentido algum, mas a linguagem esportiva nos permite certas liberdades, né?)

Antes de moer, eles podem tostar também

Antes de moer, eles podem tostar também

5 – Houston. Eles ainda se lembram do bicampeonato de 94 e 95. Querem mais e já abraçaram James Harden e seu jogo metódico.

6 – Dallas. Tudo vai depender de Nowitzki. Se o alemão esquentar a mão, a torcida vai explodir, inevitavelmente. Nesta temporada, porém, tiveram a pior campanha como anfitriões entre todos os oito classificados do Oeste.

7 – Nova Orleans. Eles vão estar empolgados pela primeira participação nos playoffs nessa fase da franquia. Até por isso, tudo é muito novo. Mais: já puderam celebrar bastante na última rodada da temporada regular e dá para imaginar casos e casos de  garotos confusos por lá: mas a gente não era o Hornets?

8 – Clippers. O Staples Center roxo e amarelo é uma coisa. O vermelho, branco e azul, outra – Billy Cristal sabe disso. Tirando Milwaukee, pela proximidade a Chicago, é o único ginásio em todo estes playoffs em que será possível escutar gritos pelo time ou por um jogador adversário. Isso incomoda até mesmo os astros da equipe.

Meu malvado favorito: Draymond Green. O ala-pivô do Warriors batalha perto da cesta, se movimenta bem pelo perímetro, procura o contato e fala bastante. Fala muito como diria o outro. As provocações são automáticas. Some tudo isso, e você tem uma atitude que invariavelmente chama a atenção/desperta a ira das torcidas adversárias. É o tipo de jogador que você adora ter ao seu lado e odeia enfrentar. Por isso, quando virar agente livre ao final do campeonato, Green será bastante cobiçado. Mas é impossível imaginar que o time californiano vá deixá-lo sair.


Pelicans bate Spurs, vai aos playoffs e garante visibilidade a Davis
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Giancarlo Giampietro

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Um primeiro momento marcante para Anthony Davis

O torcedor do Oklahoma City Thunder não vai gostar da frase. Mas paciência: Anthony Davis fez justiça ao liderar o New Orleans Pelicans em uma grande vitória sobre o San Antonio Spurs, por 108 a 103, nesta quarta-feira. Uma vitória que o classifica pela primeira vez aos playoffs.

Antes que Russell Westbrook se irrite, explico: “justiça” aqui tem muito mais a ver com a atenção que o inestimável Monocelha vai receber do fã casual da NBA do que qualquer falta de merecimento dos rapazes de OKC. Ele pode ter sido eleito titular no All-Star Game em votação popular. Mas, estranhamente, não entrou na discussão pelo prêmio de MVP, por exemplo. É como se não contassem o prodígio do Pelicans entre os grandes ainda – somente para a festa. Na marra, ele se insere nesse grupo.

Wess e sua turma batalharam e fizeram sua parte na saideira da temporada, ao esmigalhar a garotada de Minnesota (138 a 111). Numa campanha acidentada, sem Durant e Ibaka, o controverso astro do Thunder também poderia receber uma vaguinha nos mata-matas como recompensa. Mas o alto nível da Conferência Oeste deixa vítimas pelo caminho. Na temporada passada, foi Goran Dragic. Agora… poderia ter sido Davis. Para alívio do gerente geral do Pelicans, Dell Demps, não foi o que aconteceu.

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O cartola tinha em mãos o atleta mais promissor a dar as caras na liga em muito tempo. Em vez de optar por uma construção lenta, gradual e segura, aos moldes do Thunder com Durant, acelerou a formatação de seu elenco ao buscar ‘jovens veteranos’ como Tyreke Evans, Jrue Holiday e Ryan Anderson. Por trás disso, havia uma urgência do proprietário do clube, Tom Benson, de 87 anos.

Para tanto, gastou escolhas de Draft sem pestanejar. A última delas serviu para tirar Omer Asik de Houston. No papel, tinha um bom time, competitivo – mas nada era garantido nessa brutal conferência. De qualquer forma, o Pelicans estava bem posicionado para o caso de a sorte ajudar um pouco. E aí vieram as lesões em OKC e os problemas de vestiário em Phoenix.

A exuberância atlética de Davis. Agora, nos playoffs

A exuberância atlética de Davis. Agora, nos playoffs

Ainda assim, por semanas e semanas, todo mundo se perguntava se a oitava posição ficaria entre Suns e Thunder. Era como se o basquete praticado em New Orleans fosse irrelevante – não era o caso. Um pecado: estavam ignorando uma campanha assustadora de Anthony Davis, o jogador mais eficiente da temporada. Que acabou de completar 22 anos em março. É mais jovem que Lucas Bebê e Jonas Valanciunas.

Então cá está o Monocelha, pronto para receber toda a atenção que o confronto com os darlings do Golden State Warriors vai propiciar. Um garoto, apenas, mas que já teve uma das temporadas estatísticas mais impressionantes da história. E que botou em prática esses talentos múltiplos contra o Spurs, saindo de quadra com 31 pontos, 13 rebotes, 2 assistências, 2 roubos de bola e 3 tocos, em 43 minutos. Tudo nos conformes: durante o campeonato, passou da marca de 30 pontos em 14 partidas; deu três ou mais tocos em 25 rodadas; pegou mais de 10 rebotes 38 vezes. Etc. Difícil entender como um jogador desse potencial e já com esse nível de produtividade pode ser, de certa maneira, ignorado.

Contra o Spurs, aproveitando da energia de sua torcida, sua equipe abriu 34 a 19 logo no primeiro quarto. Chegou a abrir 23 no segundo período e a liderar por 18 no terceiro. A artilharia pesada dos texanos, porém, deu um pouco de emoção ao duelo no período final, quando a vantagem despencou para quatro pontos (86 a 82). Os jovens anfitriões, contudo, resistiram, liderados pelo Davis, dos dois lados da quadra. Depois dessa, de certo não passarão mais despercebidos.

*   *   *

A derrota custou caro ao Spurs. Combinada com as vitórias do Houston Rockets e do Memphis Grizzlies, acabou empurrando os atuais campeões da segunda para a sexta posição no Oeste. No que isso vai dar? Um confronto com o potentíssimo ataque do Los Angeles Clippers. Não que Gregg Popovich, Tim Duncan, Ginóbili, Parker se intimidem com isso. Mas é claramente, hoje, um adversário mais forte, com todas as suas principais peças em quadra. O Rockets ficou com a vice-liderança e terá pela frente o Dallas Mavericks, para delírio daqueles que vibram com a rivalidade Mark Cuban-Daryl Morey, enquanto o Grizzlies subiu para quarto, para encarar o desfalcado Portland Trail Blazers.  Os playoffs ficaram assim:

1º Warriors x 8º Pelicans
4º Trail Blazers x 5º Grizzlies
2º Rockets x 7º Mavericks
3º Clippers x 6º Spurs

(Lembrando sempre que o Grizzlies, com melhores resultados, tem mando de quadra contra Portland.)

*   *   *

No Leste, o Brooklyn Nets deu um jeito de evitar um vexame total. Com a folha salarial mais custosa da liga, a equipe nova-iorquina venceu o Orlando Magic, viu o Indiana Pacers perder para o Memphis e garantiu a oitava e última vaga. O Chicago Bulls venceu o Atlanta Hawks – num duelo em que até mesmo Tom Thibodeau preservou seus atletas – e terminou em terceiro, na chave do Cavs.

Estamos assim, então:

1º Hawks x 8º Nets
4º Raptors x 5º Wizards
2º Cavs x 7º Celtics
3º Bulls x 6º Bucks

Apagadíssimo no início da temporada, o croata Bogdan Bogdanovic foi o grande nome da vitória derradeira dos Nyets, sobre o Orlando Magic (101 a 88), marcando 28 pontos em 34 minutos, tendo desperdiçado apenas cinco de 17 arremessos. Demora, mas os astros europeus se adaptam.

Já o Pacers fica pelo caminho devido a uma derrota para Memphis, por desvantagem no confronto direto com Brooklyn. A equipe de Frank Vogel é a versão do Thunder em sua conferência. Mútliplas lesões, inclusive envolvendo seu principal nome. Batalharam, dependiam apenas de seus próprios esforços nesta quarta, mas simplesmente não tinham armas para derrubar a fortaleza que é a defesa do Grizzlies com Marc Gasol em boa forma (95 a 83).

*   *   *

Não havia como escapar da insanidade. Coisas estranhas, beeem estranhas sempre acontecem na jornada de conclusão da temporada. De modo que Ron Artest certamente madrugou na Itália para conferir os descobramentos pela TV – ou, mais provável, pela grande rede, via League Pass.  Conhecendo o apreço que ala do Cantu tem pelas coisas malucas da vida, deve ter se divertido horrores assistindo a Philadelphia 76ers x Miami Heat. Um jogo bizarro pela natureza dos negócios da NBA, daqueles que ninguém tinha muitos incentivos para ganhar.

Michael Beasley brilha na hora... Errada?

Michael Beasley brilha na hora… Errada?

O Sixers, conforme os deuses do basquete já testemunham há anos agora, não anda tão interessado em obter vitórias imediatas. Contra o Heat, porém, o buraco era mais fundo: dependendo da loteria do Draft, a escolha de primeira rodada do clube da Flórida pode ser encaminhada para a Filadélvia (via Cavs). Para obter esse pick, precisam que ele não fique entre os dez primeiros lugares.

Daí que o time da Flórida entrou em quadra para fechar sua temporada tendo justamente a décima pior campanha da liga. Caso vencesse e o Brooklyn Nets perdesse para o Orlando Magic, os dois ficariam empatados na classificação geral. E aí a ordem seria definida na famosa moedinha. Melhor não depender disso, né? Erik Spoelstra decidiu, então, acionar apenas seis jogadores na partida. Mais: o único reserva a participar foi o veterano Udonis Haslem, por sete minutinhos, rendendo Zoran Dragic, o irmão caçula do Goran. (Para constar: Brett Brown jogou com sete caras, mas os dois reservas, Thomas Robinson e Hollis Thompson, tiveram 26 e 31 minutos.)

De resto, Michael Beasley, Henry Walker, Tyler Johnson e James Ennis jogaram todos os 48 minutos. Ainda assim, esses renegados tiveram perna para segurar uma reação dos adversários no segundo tempo, depois de terem vencido a primeira etapa por 18 pontos. Placar final:105 a 101. Beasley quase pôs tudo a perder, aliás, somando 34 pontos, 11 rebotes, 8 assistências, 2 tocos e 2 roubos de bola, com direito a 27 arremessos de quadra. Spo e Riley devem ter soluçado: “Mas é isso é hora de mostrar serviço?!”

Mas deu tudo, hã, certo. O Brooklyn venceu o Orlando e ainda entrou na zona dos playoffs, caindo para 15º no Draft. O Indiana ficou em 11º, com duas vitórias a mais que Agora… Não quer dizer que a escolha esteja garantida para Miami. Se, por um milagre (para uns) ou uma desgraça (para outros), algum dos times situados entre os 11º e o 14º lugares saltarem para o Top 3 no sorteio, Sam Hinkie vai receber mais um presentinho.


Prepare-se para uma noite insana de NBA. A temporada chega ao fim
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Giancarlo Giampietro

Não vai rolar de ter o Monocelha e o Wess nos playoffs

Não vai rolar de ter o Monocelha e o Wess nos playoffs

É raro, mas a NBA chega a sua última rodada nesta quarta-feira com uma boa carga de emoção para ser despejada na sua televisão – ou computador. Temos duas vagas de playoffs em aberto, uma em cada conferência, e também todo um estratégico posicionamento dos oito primeiros colocados para ser definido. Segue aqui, então, um guia básico do que esperar na saideira e mais algumas notinhas sobre esse desfecho de temporada. Se der tempo, e tem de dar, atualizo isso aqui mais tarde.

Critérios, critérios
Com tantas disputas equilibradas e a possibilidade de empate na classificação geral, o mais importante talvez seja ter em mente quais são os fatores que ordenam a tabela em caso de campanhas iguais. Preparado para copiar e colar?

1) Um campeão da divisão fica acima de outro time que não esteja no topo da sua divisão.
2) Confronto direto entre os envolvidos no empate.
3) Melhor campanha contra times de sua própria divisão (desde que os times sejam da mesma divisão).
4) Melhor campanha contra times da própria conferência.
5) Melhor campanha contra times dos playoffs da própria conferência.
6) Melhor campanha contra times dos playoffs da outra conferência.
7) Melhor saldo de pontos em toda a temporada

PS: no caso de empate tríplice ou quádruplo – e, glup, até isso foi possível um dia! –, os critérios são os mesmos, excluindo apenas o sexto.

O que tem de mais dramático?
A disputa pelo oitavo lugar tanto do Oeste quanto do Leste, claro.

Paul George tenta retornar aos playoffs, de última hora. Revanche contra Atlanta?

Paul George tenta retornar aos playoffs, de última hora. Revanche contra Atlanta?

Do lado do Atlântico, o Boston Celtics já tinha sua vaga certa desde segunda-feira. Nesta terça, ao vencer o Toronto Raptors com uma cesta no fim de Jae Crowder, assegurou que vai ficar em sétimo, agendando encontro com os LeBrons de Cleveland. Na terça, também tivemos o emocionante (ou quase) duelo entre Indiana Pacers e Washington Wizards, com triunfo do Pacers. Um triunfo que eliminou de vez o Miami Heat, atual tetracampeão da conferência. É apenas a segunda vez que Dwyane Wade não participa dos mata-matas em toda a sua carreira. Desde 2003.

O valente Pacers, então, está no páreo contra o Brooklyn Nets, tendo uma vitória a mais. Ambos vão para a quadra nesta quarta. Os rapazes eleitos por Larry Bird vão enfrentar o combalido Memphis Grizzlies, que ainda tentam uma boa posição para os mata-matas. Já o Brooklyn Basketball tem pela frente a garotada do Orlando Magic. Supostamente, a vida dos Nyets é mais fácil, né? Lembrem-se apenas que estamos falando de um time com 37 vitórias e 44 derrotas. Nada é fácil para esses caras.

Quer saber da ironia aqui? Lionel Hollins depende de uma vitória de sua ex-equipe, o Grizzlies, e de seu ex-assistente, Dave Joerger, com quem hoje não mantém das melhores relações. Caso o Indiana vença, está dentro. Se perder, precisa torcer para Elfrid Payton, Nik Vucevic etc., uma vez que o time nova-iorquino conta com a vantagem no desempate por confronto direto.

(Sobre a vitória do Pacers em dupla prorrogação contra o Wizards? Nas palavras de Charles Barkley, foi “o jogo mais entediante sob essas condições na história da NBA”. O placar? Um singelo 99 a 97. Segundo Ben Golliver, da Sports Illustrated, o mínimo que uma equipe havia marcado até esta terça-feira em 58 minutos de basquete eram 107 pontos. Afe. Então tem isso: a briga de Indy está sendo bonita, considerando tudo o que  os caras enfrentaram na temporada, mas ainda estamos falando de um time bastante limitado, que, numa conferência minimamente mais competitiva, estaria fora há tempos.)

Do outro lado do país, temos a briga de foice entre New Orleans Pelicas (hoje em vantagem também devido ao retrospecto no duelo) e Oklahoma City Thunder. Quer dizer: a NBA vai ficar sem Anthony Davis ou Russell Westbrook nos mata-matas para classificar um time capenga do Leste. Detalhe: estivessem na conferência concorrente, tanto Monocelha como Wess veriam seus times posicionados no sexto lugar. Mesmo um Phoenix Suns em plena decadência e o emergente Utah Jazz levariam a melhor. É demais.

O Pelicans é aquele que tem a missão mais difícil da noite, precisando se virar contra o San Antonio Spurs. Ao que tudo indica, Gregg Popovich não vai poupar ninguém, querendo garantir a segunda posição do Oeste – o que não só rende mando de quadra nas duas primeiras rodadas como serve para evitar o Golden State Warriors até uma eventual final de conferência. Já OKC enfrenta a versão fraldinha e D-Leaguer do Minnesota Timberwolves, com Andrew Wiggins e Zach LaVine dominando a bola, escoltados por Justin Hamilton, Lorenzo Brown e afins.

Westbrook depende de uma vitória própria e um triunfo do Spurs. Só não perguntem a ele se ele vai torcer por San Antonio:

E o que mais?
Falta definir o emparelhamento dos playoffs. De garantido, no Oeste, temos: Golden State Warriors primeiro, Portland Trail Blazers quarto e Dallas Mavericks sétimo. E só.

(Dando um tempo para você rir, enquanto assimila a informação…)

Pronto, deu, né?

Faça chuva ou faça sol, o Blazers de LaMarcus entrará nos playoffs em quarto – mas sem mando de quadra

Faça chuva ou faça sol, o Blazers de LaMarcus entrará nos playoffs em quarto – mas sem mando de quadra

O Los Angeles Clippers ocupa hoje a segunda posição da conferência, tendo concluído sua campanha já com 56 vitórias e 26 derrotas, mas precisa esperar o desfecho da rodada. O certo é que, no mínimo, o novo primo rico angelino fica em terceiro. Caso o San Antonio Spurs vença, assume a vice-liderança. Se ambos os texanos vencerem, o Rockets fica em quarto, com o Memphis Grizzlies em quinto. O Rockets pode, porém, passar seu rival texano, dependendo de um tropeço deles contra o Pelicans, subindo para segundo – superando o Clippers por ser campeão de Divisão. Já o Grizzlies torce contra a dupla texana, mesmo, por levar a melhor no desempate contra ambos, podendo subir para terceiro, abaixo de LAC.

Isso, claro, desde que todos esses times pretendam realmente ficar o mais alto possível na tabela. Com tantas lesões que abalam a rotação de Stotts em Portland, de McHale em Houston e de Joerger em Memphis, não duvido que um time ou outro “escolha” o adversário. Enfim. É tudo muito complicado e talvez nem dê para optar por nada. Peguem o Spurs por exemplo: o time cai para terceiro se perder e o Rockets também. Fica em quinto se perder, Rockets vencer e Grizzlies perder. E termina em sexto se perder e os outros dois triunfarem. Vai arriscar o quê?

O posicionamento do Blazers em quarto volta a levantar a discussão em torno da importância dos títulos de Divisão. A organização ainda procura dar valor para isso – jogadores, técnicos, dirigentes e a comunidade em geral parecem que não. E aí temos o único representante do Noroeste garantido nos playoffs em uma situação confortável. Se fosse ranqueado apenas por seus resultados, o time estaria em sexto. Ainda com uma bela campanha de 51 ou 52 vitórias, mas abaixo dos demais concorrentes. Por ter faturado sua Divisão, se posiciona obrigatoriamente entre os quatro cabeças-de-chave – mesmo que não tenha mando de quadra na primeira rodada, já que tem aproveitamento pior que o de Spurs, Rockets e Grizzlies, independentemente do desfecho nesta quarta. Dá para entender? Claro que não. Sua única vantagem é escapar de um confronto logo de cara com os dois primeiros da conferência. Que puxa.

No Leste, as coisas são mais simples: Atlanta em primeiro, Cleveland em segundo, Washington em quinto, Milwaukee em sexto, Boston em sétimo. A terceira posição fica entre Chicago ou Toronto, com o Bulls dependendo apenas de seus esforços – ou de uma derrota do clube canadense. Se perderem, o Raptors garante o terceiro lugar no desempate por ter vencido a Divisão Atlântico desde o início de dezembro. Mas também fica a dúvida: para o Bulls, que se julga candidato ao título, qual caminho é o menos desagradável: ficar na chave de Hawks ou Cavs? Para o Raptors, a impressão é que eles adorariam enfrentar o Wizards, um time que conseguiu domar durante a temporada.

Intocáveis, ou quase
Sim, foi uma conferência novamente brutal. No geral, os times do Oeste tiveram aproveitamento de 58,4% contra os do Leste, com 262 vitórias e 187 derrotas. Por outro lado, muitos de seus supertimes perderam um pouco de fôlego nessa reta final de temporada devido ao excesso de lesões.

Wesley Matthews, Patrick Beverley e Donatas Motiejunas estão definitivamente fora da temporada. Arron Afflalo pode perder uma semana de playoff, ou até mais, dependendo da recuperação. LaMarcus Aldridge já deveria ter feito uma cirurgia por conta de uma ruptura de tendão na mão direita. Se OKC passar, não terá Kevin Durant, enquanto um eventual retorno de Serge Ibaka ainda é um mistério. Fosse início de temporada, com dores no tornozelo e no pulso, Mike Conley Jr. não estaria jogando. Marc Gasol torceu o tornozelo há duas partidas. Tiago Splitter voltou a sentir a panturrilha, ainda que, segundo o Spurs, não é nada grave. Chandler Parsos está novamente fora de ação, com problemas no joelho – também há gente que assegura que o vestiário do Mavs está, hã, fraturado. Do Clippers a gente nem fala, pois é como se Doc Rivers tivesse um banco inteiro de gente lesionada – “só que não”. Apenas o Golden State Warriors parece intactos (ao menos oficialmente intactos).

(Sud)Oeste selvagem
Agora, se a gente for usar uma lupa para observar o desfecho da temporada e o desequilíbrio interconferências, é para notar na hora que a grande responsável pelo desnível na balança é a pesadíssima Divisão Sudoeste. Se os Monocelhas vencerem nesta quarta, os cinco times dessa divisão estarão nos playoffs. Algo que não acontece desde 2006 (Divisão Central), restando duas vaguinhas para a do Pacífico (Warriors, Clippers) e uma para a do Noroeste. Coisa de louco.  No geral, contra o Leste, os times quinteto sustentou um aproveitamento de 68,5% – e 60,5% contra os irmãos do Oeste.


Nós precisamos falar sobre o Kawhi Leonard (e o Spurs)
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Giancarlo Giampietro

Sim, nós precisamos falar sobre o Kawhi Leonard.

Pois, no que depender do silencioso ala do San Antonio Spurs, não vamos ouvir nenhum pio.

A expressão característica de Kawhi

A expressão característica de Kawhi. De quem não quer badalação nenhuma

Definitivamente não é uma coincidência que os atuais campeões estejam praticando seu melhor basquete da temporada justamente quando o MVP das finais de 2014 deixou as lesões para trás e entrou em ritmo.

Sim, a recuperação (agora ameaçada) de Tiago Splitter também conta. Claro que conta. Assim como ajuda um Tony Parker se movimentando sem limitações, sendo o primeiro agredir, a incomodar muito as defesas adversárias. Mas o próprio francês admitiu há pouco, numa das coletivas mais inspiradas da temporada, que é hora de o bastão já ser entregue ao caçula do quinteto inicial do Spurs.

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“Foi o mesmo que aconteceu comigo e Manu lá atrás. Você tem de compartilhar a bola e esperar sua vez. Há vezes que eu não vejo a bola por um tempo, mas o Kawhi está jogando de modo incrível – e este time vai se tornar o do Kawhi, de qualquer forma. Assim como Timmy fez a transição para o Manu, que fez a transição para mim, agora vai ter essa transição para o Kawhi”, afirmou.

O futuro já chegou para Kawhi

O futuro já chegou para Kawhi

“Vou fazer meu melhor para seguir agressivo e ficar envolvido. Mas Kawhi vai ser o cara em quadra. Vai haver noites como em que eu terei a bola, mas, na maior pare do tempo, será com o Kawhi. Temos de fazer a transição para isso. Ele é jovem, está jogando demais e vai chamar marcações duplas. Então vou jogar na sobra dele, como em todos estes anos que fiz isso com Timmy. Ficava no canto e esperava Timmy fazer o que sabia. Sempre fazíamos um belo trabalho compartilhando a bola, apenas esperando nossa vez. Agora não será diferente.”

Demais, né?

É o nível de consciência coletiva que apenas anos e anos de entrosamento e convívio pode proporcionar – desde que, claro, se conte com os personagens certos.

(O próprio armador francês já teve seus momentos de crise em San Antonio, pensando como seria a vida fora de lá, longe das cobranças de Gregg Popovich e talvez num mercado mais glamoroso. No fim, porém, percebeu que o nível de conforto de que desfruta dentro da franquia era o melhor trunfo que tinha para a sua carreira.)

Leonard parece se encaixar perfeitamente neste ambiente. Um cara meio avesso a entrevistas. Quando fala, o tom de voz é baixo, e saem poucas palavras. Deem uma espiada em sua conta no Twitter, por exemplo. Sabm quantas mensagens ele postou no ano? Duas, e só. Nem bem começou e já se cansou da brincadeira.

Ele pode ser um escoteiro no vestiário ou a pessoa mais reclusa fora do ginásio, mas o que atrai, mesmo, seus companheiros e treinadores são suas habilidades em quadra, claro. Habilidades em constante evolução, a começar pelo que apronta na defesa. A cada jogo do Spurs, seus oponentes podem imprimir uma dezena de boletins de ocorrência. O que Kawhi tem feito é algo assustador. A combinação de agilidade, reflexo e braços largos, sem contar as mãos mais largas já medidas pelo estafe técnico da liga, realmente atormenta. É como se realmente não houvesse segurança alguma, estejam os jogadores meramente driblando a bola ou tentando passá-la. Estão sempre sob o risco de vê-la tomada ou, no mínimo, desviada. Veja no vídeo abaixo o que acontece com um sujeito pouco habilidoso como Stephen Curry na marca de 35s e 2minn47s, com os melhores momentos de Kawhi na demolição do melhor time da temporada (107 a 92):

O camisa 2 lidera a temporada com 2,3 roubos por partida – em termos de roubos por posse de bola, apenas Tony Allen o supera. É engraçado até: com ele jogando, o Spurs consegue mais roubos de bola, mais tocos e força mais turnovers a cada posse de bola do adversário. No geral, a defesa texana toma 5,3 pontos por 100 posses quando o ala está descansando no banco de reservas.

No ataque, também vemos o ala cada vez mais confiante. Naturalmente, o sistema do Spurs não abre muitas brechas para arroubos individuais. Mas está acontecendo mais e mais situações em que o atleta recebe a bola na ala e tem liberdade para partir para cima das defesas.

Seu drible está bem mais azeitado, facilitando sua explosão rumo ao aro – o que fica mais fácil ainda quando a rapaziada está mexendo a bola, chacoalhando a defesa, abrindo mais corredores para suas infiltrações. Mais um trunfo: como voltou a acertar seus arremessos de média e longa distância, atrai os defensores e ganha espaço para o arranque.

Pense bem, Klay: o arremesso está seguro, mesmo?

Pense bem, Klay: o arremesso está seguro, mesmo?

O resultado disso é um equilíbrio interessante entre o impacto que Leonard causa dos dois lados da quadra. Sem ele, o sistema ofensivo de Pop cai de 111,2 pontos por 100 posses para 106,2. (Em números gerais de vitórias e derrotas, foram nove reveses nos 17 jogos que ele perdeu até agora).

Se você soma, então, o que ele oferece para a defesa e para o ataque e chega a uma conta interessante: com Kawhi, o Spurs vence os adversários por 10,4 pontos. Para relativizar, a segunda melhor marca neste saldo de pontos é de Tiago Splitter, com 6,8 a cada 100 posses. Manu Ginóbili aparece em segundo, com 5,9, num empate técnico com Danny Green (5,8). Tim Duncan? Só 0,1. Parker? Surpresa: -1,5. Sim, negativo.

O ganho estatístico, galera, é geral. Em números absolutos, ele vem com suas melhores marcas de sua carreira em médias de pontos, rebotes, assistências e tocos. Essa guinada também vale para todos estes fundamentos numa projeção por minutos. Então, mesmo que tenha perdido um pouco de rendimento nos arremessos de quadra e nos tiros de três pontos, o fato é que o ala também faz a melhor temporada em termos de índice de eficiência.

Merece os holofotes

Merece os holofotes

A questão é que toda essa evolução pode realmente passar despercebida quando chega a hora de discutir os grandes nomes da liga, mesmo que ele tenha sido eleito o MVP das finais do ano passado. Esse distanciamento tem a ver muito mais com o simples acúmulo de jogos do que com sua timidez. A temporada é loooonga temporada, sabemos, gerando mais e mais histórias. Fica bem fácil esquecer o alvoroço que Leonard já havia causado.

Especialmente quando ele está inserido num sistema igualitário e também não escapa da precaução de Popovich em preservar suas peças. Em termos absolutos, raramente os números dos craques do Spurs vão bombar. Para finalizar, o ala também teve uma pré-temporada toda atrapalhada por uma infecção ocular. Quando começou a se recuperar, sofreu uma lesão na mão que o tirou de quadra por cerca de um mês, entre dezembro e janeiro.

Justamente quando Kawhi estava entrando em forma e o treinador tomava notas, dizendo que precisava arrumar um jeito de envolvê-lo mais no ataque. “Temos de começar a dar mais a bola para ele. Ele é o futuro”, disse, em meados de novembro, antes de soltar uma de suas piadinhas tradicionais. “Não acho que Timmy e Manu vão jogar mais do que seis ou sete anos a mais.”

Na ocasião, num incomum arroubo de confiança, o jogador afirmou que apreciava o discurso de Pop. “É muito melhor executar na prática isso do que apenas escutar o plano”, disse. “Da minha parte, só tenho de continuar melhorando enquanto sigo em frente. Tenho de me tornar um jogador melhor e me antecipar a este momento (de aposentadoria dos craques). Se não, chega essa hora como um tapa na cara, sem que eu saiba o que fazer, ou como lidar com isso.”

Meses depois, parece que ele já entendeu exatamente como se faz. Seus companheiros também.

*   *   *

A ascensão de Leonard também acontece num momento apropriado para sua conta bancária. O ala vai se tornar agente livre restrito ao final do campeonato. Será que alguém vai ser dar ao trabalho de fazer uma proposta? Creio que muitos julgam uma perda de tempo, considerando o apreço que Popovich tem pelo jogador.

Mas será que o Spurs vai tentar barganhar algum desconto, tal como aconteceu com Tim Duncan seguidas vezes? O ala ai aceitar? Tenham em mente que esse vai ser o primeiro grande contrato do ala. Não que os mais de US$ 8 milhões que ele ganhou até esta temporada sejam dinheiro de pinga, mas seu próximo vínculo está na casa de dezenas, dezenas e dezenas de milhões.

Por que San Antonio não lhe deu já uma extensão contratual no ano passado? Para ter flexibilidade ao final da temporada. Se Duncan e Ginóbili disserem chega, a franquia terá espaço salarial para renovar com o ala e partir na direção de substitutos com alto valor de mercado. Limparia salário, assinaria com eles e depois cuidaria do ala.

*   *   *

Desde o All-Star Game, o San Antonio Spurs tem o ataque mais eficiente e a terceira defesa mais competente da NBA. Daí sai o melhor saldo de pontos na conta por 100 posses de bola, critério que o Golden State Warriors havia liderado durante toda a campanha. Sim, eles voltaram.

*   *   *

Tudo depende de um pouco de sorte, ou falta de, como quando Marc Gasol torce o tornozelo em jogo contra o Los Angeles Clippers. O Memphis também vê seu armador Mike Conley Jr. estourado. Tony Allen é outro que está distante da melhor forma. O Houston Rockets já não tem Patrick Beverley e Donatas Motiejunas. Portland perdeu Wesley Matthews e até mesmo aquele que é seu substituto, Arron Afflalo, pode ficar até duas semanas no estaleiro por conta de uma contusão no ombro. O topo do Oeste está se esfacelando, enquanto o Spurs sobe. Tiago Splitter é a única baixa, no momento, sentindo novamente sua panturrilha. A boa notícia é que, de acordo com as palavras de Popovich, o brasileiro, essencial para a defesa, não tem nada grave e não preocuparia para os playoffs. Lesões e contusões acontecem. Mas é possível trabalhar para limitá-las. Creio que, a essa altura, ninguém vá mais questionar o tática do técnico de controlar os minutos de seus atletas e de afastá-los de uma ou outra partida.


Augusto derruba o Real, Splitter decola e mais: um giro com os brasileiros
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Giancarlo Giampietro

Os playoffs estão chegando, em todos os lugares — no Fantasy, aliás, o bicho já está pegando. Então vale gastar alguns minutos nesta segunda-feira para checar como andam os brasileiros espalhados por aí, levantando como têm sido seus últimos dias, de preparação para a hora que importa, mesmo:

– Começamos pela Espanha. Não só para quebrar a rotina, mas também pelo fato de a maior vitória ‘brasileira’ ter acontecido por lá. Augusto Lima, em sua temporada sensacional, liderou o modesto Murcia em um triunfo histórico sobre o Real Madrid, pela Liga ACB. Há 20 anos que seu clube não derrotava a potência merengue em casa. O pivô teve dificuldade para finalizar no garrafão (3/11 nos arremessos), mas não deixou a confiança esmorecer. Como de costume, batalhou pelas próprias sobras e terminou com um double-double de 13 pontos e 11 rebotes. Foram 5 na tábua ofensiva, buscando contato (6/7 nos lances livres).

Augusto rege a torcida: vitória muito comemorada

Augusto rege a torcida: vitória muito comemorada

Ao menos neste ano vem sendo acompanhado por Magnano, que o elogiou recentemente, depois de ter sido ignorado na convocação passada. Até porque Augusto tem ao seu lado Raulzinho, que foi titular no domingo. Em 24 minutos, somou 7 pontos, 2 assistências e 2 rebotes. Durante a campanha, o jovem armador vem dividindo a condução da equipe com o veteraníssimo Carlos Cabezas, sendo observado pelo Utah Jazz.

Em termos de classificação, o resultado devolve a esperança ao Murcia de chegar aos playoffs. Mas não vai ser fácil. O time está na décima posição, com 11 vitórias e 13 derrotas, empatado com o Gran Canaria. O oitavo Zaragoza é o Zaragoza, com 14 e 11, respectivamente, também empatado com o Baskonia e o Valencia. Restam 9 rodadas na temporada.

De acordo qualquer forma, tem de comemorar, mesmo. Não só quebraram um tabu — chamado de “maldição” por lá –, como derrubaram o Real da liderança. O Málaga volta a se isolar na ponta. Mais: para se ter uma noção do quão difícil é derrotar o gigante espanhol, saibam que, de 2012 até esse domingo, os caras haviam ganhado 82 de 92 partidas pela temporada regular.  Aproveitamento de 89,1%. Só.

Augusto e Raul na rodinha animada

Augusto e Raul na rodinha animada

Ainda na Espanha, outro que está numa crescente é o armador Rafael Luz, titular na vitória do Obradoiro sobre o Fuenlabrada por 88 a 82, no sábado. O brasileiro marcou 9 pontos e deu 9 assistências em 29 minutos arredondados. Nos últimos quatro jogos, ele tem médias de 10,7 pontos, 5,2 assistências e 3,2 roubos de bola, números elevados para a a liga, ainda mais em 25 minutos.

– Ok, agora a NBA. A julgar pela desenvoltura com a qual se movimentou em quadra neste domingo, parece não haver incômodo algum na panturrilha de Tiago Splitter. O pivô fez uma grande partida contra o Atlanta Hawks, em surra dada pelo Spurs (114 a 95). O catarinense jogou por 27  minutos e terminou com 23 pontos e 8 rebotes, convertendo impressionantes10/14 chutes.

Não é segredo que o Spurs rende seu melhor basquete, há duas temporadas, com Splitter entre os titulares — ainda que um Boris Diaw com bom ritmo seja muito valioso contra times mais ágeis. Tim Duncan, mesmo, já disse ao VinteUm que prefere a formação de duas torres. Os números vão comprovando a tese novamente: desde que o ilustre cidadão de Blumenau recuperou o posto, o quinteto inicial do time texano vem esmagando a oposição.

Taí a dupla

Taí a dupla

Antes, porém, que vocês queiram descer o cacete no Coach Pop, favor considerar os seguintes fatores: 1) Splitter teve sua pré-temporada prejudicada pelas lesões; 2) Pop não ia desgastá-lo, ciente de sua importância; 3) Diaw ainda é um que está atrás da curva, e a equipe vai precisar dele mais para a frente; 4) Aron Baynes meio que jogou bem, mas não conte para ninguém; 5) mais importante de todos: demorou para o quinteto inteiro ficar em forma, na mesma época.

O Spurs, assim como Splitter torcia, está chegando. Se o jogo no Madison Square Garden foi uma desgraça, praguejado com veemência por Popovich, a verdade é que ultimamente os campeões têm dado muito mais sinais de grandeza. Mike Budenholzer viu de perto, num primeiro quarto arrasador: eles voltaram. O que é salutar. Quando o Spurs está em seu melhor nível, difícil encontrar jogo mais bonito e atordoante. A bola cruza a quadra com máxima velocidade, de mão em mão, para frente e para trás, até a defesa rival se despedaçar. E o legal foi ver Splitter totalmente envolvido nessa. Dos raros pivôs com quem a bola não morre. No defesa, as rotações são uma belezura. Green e Kawhi agridem no perímetro, os pivôs cobrem, e a intensidade é plena.

Está tudo enrolado na tabela, mas, mantendo esse ritmo, San Antonio vai ter mando de quadra na primeira rodada, independentemente de ficar com a quarta posição. Tivessem batido os Bockers, já registraram melhor aproveitamento hoje que Blazers e Clippers.

Bruno Caboclo volta a entrar em quadra. Por dois minutos

Bruno Caboclo volta a entrar em quadra. Por dois minutos

– O Toronto Raptors não está jogando tão bem assim, mas tem sua classificação para os mata-matas assegurada, vai. Ao time canadense, o que resta é tentar recuperar o basquete dos dois primeiros meses da temporada. Essa conjuntura não favorece os dois brasileiros do elenco – se o mando de quadra também estivesse garantido, as perspectivas de tempo de quadra aumentariam. De qualquer forma, neste domingo, depois de um looongo inverno e de problemas fora de quadra, pela primeira vez desde 4 de fevereiro, o técnico Dwane Casey colocou o ala em quadra. Foram apenas dois minutinhos contra o Knicks, uma baba.  Isso só foi possível pelo fato de Kyle Lowry estar afastado por lesão, abrindo uma vaga para Caboclo trocar o terno pelo uniforme.

Lucas Bebê não estava presente para ver. O carioca está cedido ao Fort Wayne Mad Ants, da D-League. Ao contrário do que aconteceu com o caçulinha brasileiro por lá, Lucas chegou para jogar – foram três partidas até agora, com médias de 11,0 pontos, 13,0 rebotes e 2,6 rebotes, em imporantes 25,7 minutos – para comparar, Bruno teve apenas 8,9 minutos em sete compromissos. Quer dizer: o pivô produziu bem. Mas não dá para se levar perdidamente pelos números da Liga de Desenvolvimento da NBA. Os jogos são acelerados, a bagunça costuma imperar. Tem de pegar os VTs no YouTube para avaliar com cuidado o que o pivô anda fazendo. O Mad Ants não é a franquia mais aberta da D-League aos jogadores de cima, mas segue como a melhor oportunidade para a dupla ser aproveitada.

Leandrinho, ao ataque. Briga por minutos relevantes

Leandrinho, ao ataque. Briga por minutos relevantes

– Leandrinho foi outro que ganhou espaço devido a uma lesão de um dos titulares. Klay Thompson está fora de ação pelo Warriors, e o ligeirinho tem sido mais acionado por Steve Kerr, dividindo os minutos do jovem astro com Andre Iguodala e Justin Holiday. O ala-armador recebeu 80 minutos em três jogos (26,6) e marcou 44 pontos (14,6). É um momento importante para mostrar serviço: uma hora Kerr vai ter de definir sua rotação para os playoffs, e ainda não está clara a ordem de chamada no banco. Andre Iguodala, Shaun Livingston e Marreese Speights vão para a quadra. É de se imaginar que David Lee também. Restaria uma vaga, pela qual duelam as habilidades ofensivas do brasileiro e as defensivas de Holiday, irmão do Jrue.

– Depois de um mês de fevereiro tenebroso, o Washington Wizards tenta se recuperar, mas vem de duas derrotas (Clippers e Kings, no domingo). Nenê volta a viver sua rotina de entra-e-sai do plantel de relacionados de Randy Wittman, devido aos constantes problemas físicos. O técnico precisa do pivô na briga por mando de quadra, mas a produção do paulista sofreu uma boa queda neste mês, tendo acertado apenas 42,9% de seus arremessos de quadra (na temporada, a média é de 51,5%; na carreira, 54,5%). É uma situação para se monitorar, ainda mais se a seleção brasileira tiver de jogar por uma vaga olímpica neste ano.


Os 57 pontos de Irving. Ou: “Que jogo!”, estrelando Uncle Drew
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Giancarlo Giampietro

LeBron curtindo o novo 'parça'

LeBron curtindo o novo ‘parça’

Não tenho certeza, mas pode ser que a frase “What a game!” tenha virado um dos tópicos mais comentados na noite desta quinta-feira, madrugada de sexta aqui no Brasil. Um palpite, depois de abrir o Twitter agora de manhã e ver muita gente da NBA embasbacada com os 57 pontos de Kyrie Irving numa vitória incrível de seu Cleveland Cavaliers contra o Spurs, em San Antonio, com direito a prorrogação forçada no estouro do cronômetro, prorrogação e virada.

Foi, sim, daquelas partidas que podem ser consideradas, vá lá, “épicas”. Taí um termo que, ao lado de “mito”, se fosse extirpado do dicionário, causaria sérios problemas ao jornalismo esportivo brasileiro. De tão banal ficou seu uso, acaba perdendo o significado, né? Entre as acepções, temos: “Qualificativo das grandes composições em que o poeta canta uma ação heroica”.

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Irving pode até ter cantarolado alguma coisa no vestiário, enquanto se banhava, mas a gente definitivamente não precisa se apegar ao pé da letra nesse caso. O armador/cestinha do Cavs realizou uma grande composição, mesmo, no Texas. E, sim, foi também uma ação heroica, estabelecendo o recorde de pontos da temporada. Detalhe: a marca anterior também havia sido dele, com 55 contra Portland Trail Blazers, em Cleveland, no dia 28 de janeiro. Naquela noite, porém, LeBron não estava em quadra. Os dois vão se entendendo mais e mais.

A exibição do jogador nascido em Melbourne, Austrália, tem tudo a ver com o desfecho eletrizante do confronto, com o armador anotando 27 pontos no quarto período. O que levou a rapaziada da liga a uma reação em cadeia:

Perceberam o elemento em comum, né? Que jogo!   O CJ Miles, que mal havia acabado de celebrar a vitória do Indiana Pacers também na prorrogação contra o Milwaukee Bucks, foi quem saiu da linha:  

Uncle Drew. O basqueteiro mais ligadão já sabe do que estamos falando. Para aqueles que ficaram boiando, porém, é a personagem que a Pepsi inventou em torno de Irving para… Vender refrigerantes, claro . Não sei bem o que leva uma coisa à outra, mas a ideia foi disfarçar o jogador de velhinho e levá-lo a uma quadra de rua em algum lugar dos confins da América. A galera nem dá bola para o grisalho na hora de formar os times, ele começa a partida enferrujada, até que, de supetão, passa a dominar a parada. Era o Tio Drew mandando ver. Quantas latinhas eles venderam nessa, não tem a conta para checar. Mas o marqueteiro foi bem, não há como negar, e teve até mesmo sequência para a propaganda, com a participação de Kevin Love, vejam só.

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Dito tudo isso, assim como fizemos com Klay Thompson e seus 37 pontos em apenas um quarto, vamos examinar a atuação (na vida real) de Irving em números:

57 – OK, os 57 pontos são um novo recorde pessoal para Kyrie Irving, a franquia e a temporada. Os 55 que ele havia feito contra o Blazers era o máximo que tinha até o momento. Para os Cavs, os 56 pontos de LeBron contra o Toronto Raptors, em 2005, ficaram para trás. Além disso, foi o máximo de pontos que alguém conseguiu numa quadra de NBA desde os 63 de LeBron, pelo Miami, contra o Charlotte Bobcats em março de 2014. E não pára por aí: uma defesa comandada por Gregg Popovich jamais havia permitido tal contagem. Ainda igualou o recorde de pontos feito contra o Spurs (Purvis Short, pelo Warriors, em 1983-84).

55 – Desde a década de 90,  somente outros dois jogadores conseguiram superar a marca de 55 pontos em ao menos duas ocasiões na mesma temporada: Michael Jordan (1993) e Kobe Bryant (2006 e 2007). Essa estatística é um cortesia de Ben Golliver, da Sports Illustrated. Desde a temporada 2009-10, só Irving e Kevin Durant passaram dos 50 pontos em dois jogos

Chute contestado? Pfff...

Chute contestado? Pfff…

30 – Segundo dado levantado pelo veteraníssimo jornalista Mike Monroe, setorista do Spurs há décadas, 30 dos 32 arremessos que Irving tentou em San Antonio foram contestados por ao menos um defensor. (PS: como se chega a esse número? Graças ao sistema SportVU, aquele que está instalado em todas as arenas da liga e grava para, depois, digamos, digitalizar e aglomerar todas as ações que se passam em uma partida.)

22 – A idade do garoto. Ele vai completar 23 no dia 22 de março. Só LeBron e o legendário Ricky Barry conseguiram múltiplos jogos de 50 pontos com antes de soprar 23 velinhas.

13 – Os Cavs agora venceram 13 dos últimos 14 jogos contra equipes da Conferência Oeste, vindo de duas vitórias seguidas no Texas, o que não é mole para ninguém. A única derrota? Aconteceu justamente no mesmo estado, contra o Houston Rockets, na prorrogação. Kyrie Irving não jogou aquela.

10 – Numa noite como essa, ninguém nem liga para o fato de que Irving converteu 10 de seus 10 lances livres. É natural se concentrar nas 7 de 7 na linha de três pontos.

9 – O armador marcou nove pontos apenas no minuto final do tempo regulamentar, para garantir a prorrogação. Em cinco minutos, então, ele fez mais 11 – batendo o Spurs, sozinho, por 20 a 17 durante essa sequência. Sua média na temporada é de 22 pontos. A da carreira, 21.

2 – Esta foi apenas a segunda vez na história em que o Spurs acertou pelo menos 56% de seus arremessos de quadra na era Tim Duncan/Gregg Popovich e o jogo não terminou com um triunfo para a dupla. Irving derrubou então um… Mito. “Se vai precisar de uma atuação dessas para nos derrotar, então estamos em um ótimo lugar. Foi uma performance grandiosa”, disse Tony Parker.

*    *    *

De todas as aspas que saíram após o jogo, a que mais me chamou a atenção foi esta aqui de Irving: “Se meu cotovelo estiver apontado para o aro, sinto que o arremesso tem uma grande chance de entrar. Aprendi isso com o Kobe”. Ele estava se referindo ao seu chute milagroso para prorrogar o jogo. Demais, né? Resta saber se houve algum dia em que o Tio Kobe puxou o moleque de canto para passar esse macete, ou se isso vem de estudo de vídeo. Provavelmente é a primeira opção, o que ajuda a desmistificar a imagem de arrogante/pária em torno do astro do Lakers e, ao mesmo tempo, mostra a moral que Irving já tinha na liga, para que ele seja um dos Escolhidos do craque, recebendo conselhos. Aposto que Dwight Howard nunca ouviu algo parecido.

*   *   *

Mike Miller saiu do vestiário dos Cavs balançando o par de tênis calçado por Irving em quadra. Estavam autografados. Sabe o nome disso? Química.

*    *    *

O que impressiona mais? O grau de dificuldade de alguns de seus arremessos. Ele sobe desequilibrado, pressionado, e não importa: a bola produz um som lindo quando estoura a redinha:

*    *    *

Enquanto isso, em Miami…


Splitter quer fim de “sofrimento” para o Spurs no Oeste
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Giancarlo Giampietro

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

Sabe como é, né? Quando você está habituado a vencer, a lutar pelo topo sempre, a mera classificação para os playoffs não é o bastante. Nem mesmo na brutal Conferência Oeste da liga, que tem dez equipes com aproveitamento superior a 50%, sete das quais acima até mesmo de 64%. No intervalo para o fim de semana do All-Star da NBA, o San Antonio Spurs ocupa a sétima colocação, acima de três times competitivos como Phoenix Suns, New Orleans Pelicans e Oklahoma City Thunder, praticamente num empate técnico com Los Angeles Clippers e Dallas Mavericks e com apenas duas derrotas a mais que Portland Trail Blazers e Houston Rockets.

Mas nem venha com esse lero todo, não? Hmpf. Para Tiago Splitter, é uma situação que incomoda.

O catarinense parou para falar um pouco neste domingo em Nova York com um punhado de jornalistas, em sua visita ao camp Basketball Without Borders, no qual, mais tarde, encontraria os garotos compatriotas Guilherme Santos e Yuri Sena (foto acima). Foi uma conversa rápida, mas atenciosa, em que o pivô falou bastante sobre o processo de formação de jogadores hoje em dia, inclusive lamentando o modo como se cuida das revelações no Brasil. Esse tópico requer mais tempo e será abordado agora na segunda-feira. Por ora, vamos nos concentrar neste post aqui nessa luta dos atuais campeões por uma posição melhor de classificação para os mata-matas.

“A gente está sofrendo, né? Comparando com os outros anos em que estávamos lá em cima…”, respondeu ao VinteUm, mesmo consentindo que “a conferência é muito forte”. Antes, o brasileiro havia lembrado todos os desfalques que os texanos tiveram nos primeiros meses da temporada. Kawhi Leonard – hoje o cestinha do clube! – perdeu 18 jogos. Para Tony Parker, foram 14 partidas de estaleiro. Patty Mills ficou fora de 32. Ele mesmo, poxa, não pôde jogar em 24 rodadas.

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Então, se for pensar com o copo meio cheio, não parece tão mal assim, vai? Peguem o Oklahoma City Thunder: com as lesões de Kevin Durant e Russell Westbrook, o clube se vê numa situação ainda muito pior: em décimo, ainda tenha dados sinais de que esteja, enfim, acertando os ponteiros recentemente.

Isso nos coloca numa situação bem curiosa, aliás. Pura subversão ao acaso: os dois finalistas do Oeste na temporada passada, aqueles que dominam os títulos da conferência nos últimos três anos, podem muito bem entrar nos playoffs como sétimo e oitavo colocados. Que presentão, né? Splitter ri e responde: “É verdade, é uma possibilidade. Acontece. Já tivemos a experiência de ser primeiro colocado e perder do Memphis (em 2011, sua campanha de calouro na liga americana, com o Grizzlies triunfando por 4-2). E não é nada legal, não. Mas o Oeste está uma coisa de louco neste ano. Realmente todo mundo tem chances.”

Então será que faz muita diferença assim ficar na parte de cima ou baixa da tabela? No caso do Spurs, por questão de costume, parece que sim. “Acho que se ficarmos em segundo, em terceiro… Bem, a gente não sabe o quão bem o Warriors vai continuar. Se eles vão manter essa pegada. Então essa seria nossa meta, pelo menos… (segundo ou teceiro)”, deixou no ar.

“Não começamos do jeito que a gente queria, sabemos disso. Mas muita gente se machucou. Agora é quando estamos sentindo que nosso ritmo está voltando, que estamos retomando nosso ritmo. É nessa segunda metade, na Rodeo Trip, que a gente consegue sempre fazer a diferença. Nesses jogos fora de casa. Vamos ver. A gente tá meio que em sétimo, mas empatado com o quinto, então vamos ver se conseguimos subir na tabela”, afirmou.

A Rodeo Trip é a já famosa excursão que o Spurs se vê obrigado a fazer pelos Estados Unidos no mês de fevereiro. Mas não é que o pivô de Blumenau troque o tênis pelas botas com esporas. O que acontece é que o ginásio do clube acaba dominado por caubóis, no Rodeio de San Antonio, forçando os maiores ídolos da cidade a perambular estrada afora por um tempo.

E vocês aí reclamando de ou curtindo Barretos, né?

Nos últimos três campeonatos, durante essas longas viagens, o time de Gregg Popovich somou uma campanha de 21 vitórias e 6 derrotas, um aproveitamento de 77,7%. Se mantiver esse pique, provavelmente já seria o suficiente para alcançar o quinto ou o quarto lugar. Uma questão de orgulho – e de confiança também.

Por trás dessa luta toda, sempre existe a questão do “até quando? para o Spurs. Até quando esses caras vão aguentar competir em alto nível com a atual base? Seria o último ano de Tim Duncan? E de Manu Ginóbili? A cada temporada que se inicia, essa pergunta ganha mais força, enquanto os mais pessimistas vão ficando mais e mais perplexos com esse sucesso duradouro. Na visão de Tiago, as coisas não param por aqui, não. Pelo menos é o que ele entende acompanhando, por exemplo, Duncan no dia a dia.

“Acho que ele fala isso muito bem: que, enquanto se sentir capaz de ser produtivo para o time, vai jogar. E o dia em que não sentir isso,  vai sair no meio da quadra e ir para a casa. Mas eu vejo ele treinar, sei como ele é e que ainda tem basquete. Algo realmente impressionante”, analisou. Corrobora o que o próprio Duncan havia dito no Media Day do All-Star: que ele não pensa em parar no auge, no caso de título (2014), ou em estender sua carreira no caso de uma derrota dura (2013). Joga enquanto achar que dá para jogar, e bem. De qualquer forma, se for vencendo, melhor ainda. “A intenção nossa é sempre ganhar. Enquanto a gente puder…”, completa Splitter.


Um Tim Duncan que sempre destoa. Para sorte de Splitter
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Giancarlo Giampietro

Marc Gasol e Tim Duncan ao fundo. A loucura o Media Day

Marc Gasol e Tim Duncan ao fundo. A loucura o Media Day

Tim Duncan se lembra das sensações, mas não exatamente dos detalhes. De quando foi convocado pela primeira vez para um All-Star Game da NBA, lá atrás, em 1998. Em Nova York. A mesma metrópole que ele reencontra agora, 17 anos depois, numa prova de durabilidade impressionante.

Só não peçam, porém, para que essa consistência, essa capacidade para desafiar o tempo se sustente no momento em que senta na cadeira de entrevistado para ser torpedeado numa concorrida entrevista coletiva. Duncan não é, nem nunca foi esse tipo de cara. Os torcedores do Spurs sabem: estamos falando de um craque singular em muitos sentidos. Um pivô que diferente, e muito, da maioria de seus companheiros, e não apenas no que se refere a fundamentos e habilidades dentro de quadra.

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Ao menos quando respondeu uma mísera pergunta deste blogueiro, se mostrou mais interessado que a média. Por sorte? Claro. Mas também justamente por gostar de fazer as coisas ao seus termos. Queria saber o que ele pensava da dupla com Tiago Splitter, pois eram dois grandalhões fazendo uma parceria um tanto à moda antiga. Não necessariamente pesos pesados, mas bem diferentes das combinações que estão em expansão na liga, com um homem mais centralizado e outro pivô aberto para o chute. A era do strecht four.

Sobre isso, disse ao VinteUm: “Sempre me senti mais confortável jogando com outro pivô grande e tudo o que isso proporciona para o time. Claro que tem essa conversa sobre os pivôs de chute, mas, se for pensar, com dois pivôs maiores, você ganha em rebotes, deixa o time mais sólido defensivamente e muitas outras coisas. Além disso, estamos falando de dois jogadores talentosos, que sabem passar a bola, o que deixa tudo divertido”.

Se a NBA quer jogar com muito chute de três pontos, usando até o suposto atleta da posição quatro para isso, Duncan ainda quer ver sua equipe mais reforçada para a batalha interna. Como nos tempos de Torres Gêmeas com um David Robinson, não? E até mesmo com o inesquecível (?) Will Perdue. Ou Nazr Mohammed. Enfim, vocês entenderam.

Com o pivô catarinense, os números corroboram sua predileção: o Spurs consistentemente defende melhor quando os dois estão juntos em quadra – além disso, no ataque, já tem um número excelente de arremessadores para dar conta do espaçamento da quadra. Neste campeonato, porém, é preciso dizer, as coisas ainda não aconteceram desta maneira. Mas isso tem mais a ver com a recuperação gradual de Splitter, depois de mais uma chata lesão na panturrilha que atrapalhou, e muito, sua preparação. Algo que Duncan afirmou ao repórter Mendel Bydlowski, da ESPN Brasil, falando sobre a relevância do catarinense nos planos do Gregg Popovich: “Ele melhorou conosco de modo consistente nos últimos anos. Esse ano tem sido um pouco de baixa só, por causa das lesões, mas acho que ele já deixou isso para trás e fez uma grande partida um dia desses. Ele é grande parte do que fazemos. Quando joga bem, nós jogamos bem”.

Então dava para fazer esta manchete: “Duncan julga Splitter essencial para as pretensões do Spurs”. Aposto que seria mais atrativa. Mas não deu para explorar tanto o tema, gente.

Fui para a zona mista promovida pela NBA com uma lauda inteira de perguntas para o ícone Spursiano. Doce inocência. Não há a menor condição de fazer algo mais elaborado numa situação dessas. Vocês já ouviram o termo “circo da mídia”? É o que se passava ali, com uma estimativa extraoficial de até 600 credenciados se esgoelando para conseguir a atenção de um trilhardário e extremamente talentoso grupo de jogadores de basquete. Uma situação que incomoda Duncan.

É muita gente para uma sala só de conferência

É muita gente para uma sala só de conferência

“Chega uma hora que issso cansa?”, pergunta o jornalista X.

“Eu gosto do jogo do All-Star. O resto é que poderia ser evitado.

“Tipo a gente?”, retrucou o repórter.

“Sim”, respondeu, rindo. “Não gosto disso, dessa situação toda”, completou, enquanto ergue a cabeça e esbugalha os olhos, exatamente do modo como reclama com os árbitros. Estava conferindo a loucura, o caos ao seu redor – ajuda, e muito, o fato de estarmos em New Tabloid City. Ao seu lado, por exemplo, estacionava Marc Gasol. Era quase impossível ver o pivô espanhol sentado em sua cadeira.

Com Duncan, o movimento começou intenso, mas depois foi esfriando. E aí foi aberta uma brecha (mínima, é verdade) para a aproximação. Ufa. Nem importava o repórter do lado, da TV do Clippers, que teimava em saber a opinião do craque sobre DeAndre Jordan e o arremesso de Jamal Crawford.

Aliás, as perguntas. Tantos microfones e tantas perguntas, sem parar.

Digaê, Timmy, se for sua última temporada, em quem gostaria de enterrar? “Eu? Eu nem enterro mais”, respondeu, quando ativa a expressão “Duncan dissimulado”. E quem, Timmy, você gostaria de enfrentar se pudesse escolher qualquer jogador da história? “Bill Russell”. Por quê? “Ele era bastante atlético. No auge, gostaria de enfrentá-lo”. Por fim, Timmy, como descreveria sua vestimenta para essa entrevista, uma vez que os atletas da NBA se tornaram notórios por isso? “Hm… Não sou fashion”, disse. Risos na roda.

Acorda, Timmy. Tem muita gente para falar com você

Acorda, Timmy. Tem muita gente para falar com você

Duncan gosta, mesmo, de botar bermuda, chinelo e sair para pescar. Por vezes com Gregg Popovich. Ah, claro: também gosta de jogar basquete.

Lendo assim, pode parecer uma atitude antipática, não? Só que ali, de cara para essa figura já mítica, não era essa a impressão. Duncan não estava destratando ninguém. Para ele, não dá praia com tanta gente ao seu redor. Se não encontra nenhuma resposta mais fácil, diz abertamente que simplesmente não consegue falar sobre aquilo. Talvez, com um pouquinho mais de esforço, pudesse discorrer mais sobre os temas levantados. Mas a combinação de preguiça e desconforto não o permite. Será que, então, num fim de semana prolongado desses ele preferia estar fazendo outras coisas?

Não é bem assim. O pivô jamais vai se vangloriar, mas está claro que se sente orgulhoso de, aos 38, fazer parte mais uma vez do grupo dos melhores. Mesmo que seja um tremendo peixe fora d’água neste final de semana estrelado em Manhattan. Dos caras que foram escalados na sua equipe da Conferência Oeste, em seu ano de novato, apenas dois caras segues em atividade: Kobe Bryant, em teoria, e Kevin Garnett, o bom e velho arquirrival, hoje muito distante de seu nível produtivo. De resto? Temos celebridades de TV (Shaq), dirigentes (Richmond), técnicos (Kidd) e gente que sumiu do mapa (Karl Malone, Eddie Jones, onde estão vocês?).

“Eu me lembro que foi aqui, de ter me divertido ao ver um monte de caras diferentes no vestiário, me lembro de ter sido uma experiência incrível… Lembro que não sabia o que esperar e de chegar aqui e ficar de queixo caído, impressionado com a atmosfera”, diz, quase sempre interrompendo sua fala. Nessas freadas, é como se estivesse olhando para o retrovisor rapidamente, para recordar as coisas. “Até mesmo uns cinco, seis anos atrás as coisas não eram assim, não”, afirmou.

Nos pequenos sinais, a gente liga os pontos. Duncan preferiria, sim, estar nos tempos de Bill Russell, quando ninguém dava bola para a camisa ou a calça que tivesse para vestir. Quem sabe, talvez até pudesse enterrar por cima do multicampeão do Boston Celtics, e sem precisar falar com ninguém a respeito.