Vinte Um

Arquivo : Raduljica

Atualização: destinos de Ayón e Raduljica definidos
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Giancarlo Giampietro

Só para não deixar batido, tá? Falamos esta semana sobre alguns destaques da Copa do Mundo que ainda estavam desempregados. Depois de Joe Ingles acertar com o Los Angeles Clippers, outros dois definiram seus clubes para a próxima temporada entre esta quinta e a sexta-feira: Miroslav Raduljica e Gustavo Ayón.

O gigante-imenso-mesmo-e-barbudo vice-campeão mundial pela Sérvia anunciou nesta sexta que vai, mesmo, para a China. Na ausência de alguma boa oferta da NBA ou de um clube de ponta europeu, optou pela via mais fácil e rentável: receber US$ 2 milhões para defender o Shandong Lions, antigo Flaming Bulls (daí a confusão na Internet citando os dois apelidos para um mesmo time). E vamos lembrar: Raduljica é ex-Milwaukee Bucks, mas não está deixando o Bucks. Está deixando o Los Angeles Clippers, que teve seu contrato por uns cinco minutos talvez, antes de Doc Rivers assinar a papelada para dispensá-lo. A temporada chinesa termina antes que a da liga americana, então tem isso: se algum time estiver precisando de um troglodita na reta final, vai estar disponível, embora seu encaixe nos Estados Unidos seja mais difícil. Não são mais tempos para pesos pesados deste porte.

Já o grande herói mexicano dos tempos modernos, maior até que o goleiro Guillermo Ochoa e Chicharito Hernández, vai defender uma agremiação muito mais nobre: o Real Madrid. Ayón pagou do seu bolso, mesmo, a multa rescisória de 290 mil euros para o Barcelona, que tinha seus direitos na Europa, e fechou um vínculo de três temporadas com a equipe merengue, valendo 1,8 milhão de euros (bruto). Bela contratação do Real, que agora tem para seu garrafão esse jogador que a NBA subestimou, ao lado de Ioannis Bourosis, Andrés Nocioni, Felipe Reyes, Marcus Slaughter e Salah Mejri. Rotação versátil e de impacto. Alguém muito bom não vai nem ver a luz da quadra. Realmente esperava que ele pudesse assinar com o Spurs. Seria um excelente encaixe, mas sorte de Pablo Laso e do Real.

 


Ingles no Clippers? Zoran no Suns? Copa influencia o mercado
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Giancarlo Giampietro

A Copa do Mundo de basquete acabou no domingo, mas parece que foi há meses, né?

Ok… Não chega a tanto. Foram só dois dias, mesmo.

Ainda assim, galera, já vale atualizar o que se passa na vida de alguns dos personagens do torneio envolvidos com o mercado da bola (ao cesto).

Na NBA as coisas estavam aparentemente todas acertadas. Como se precisássemos apenas de uma resolução para o impasse entre Phoenix Suns e Eric Bledsoe – o melhor jogador americano sem contrato no momento –, além de uma definição de Ray Allen: o veterano ala vai, ou não, recorrer ao INSS como aposentado? Acontece que a Copa, este torneio que parte da liga americana tenta rotular na marca como algo desinteressante, gerou mais algum movimento nas franquias que ainda têm vagas em seus elencos. Da mesma forma que acontece na Europa e na China. A prioridade da maioria dos agentes livres, claro, é jogar em solo ianque. Mas esses acordos não são tão simples assim.

Vejamos:

Joe Ingles (Austrália)

Joe Ingles encara a Turquia. Agora, hora de bater uma bola com CP3 em Los Angeles

Joe Ingles encara a Turquia. Agora, hora de bater uma bola com CP3 em Los Angeles

Essa foi a nota quentinha da terça-feira, cortesia de Marc Stein, um bastião do ESPN.com. O ala canhoto acertou com o Los Angeles Clippers, que abriu uma vaguinha em seu perímetro ao se livrar do contrato de Jared Dudley, despachado para ser um mentor de Jabari Parker e Giannis Antetokounmpo em Milwaukee. Ainda não está claro se o seu contrato é garantido, ou não. Antes do tweet de Stein, o Courier Mail, de Brisbane, havia entrevistado este boomer, que não quis revelar os clubes interessados, mas disse que as chances de jogar nos Estados Unidos eram de 99%. Mas com um detalhe: provavelmente com um contrato sem garantias. Daqueles em que se estipula um prazo para a franquia decidir se ficará, mesmo, com o atleta por toda a temporada. Curioso que Ingles, campeão da Euroliga pelo Maccabi, vindo de médias de 11,4 pontos, 3,4 assistências e 3,2 rebotes no Mundial, encare um desafio desses. Em vias de completar 27 anos, deve estar considerando aquela coisa de agora-ou-nunca. “Vou tentar entrar no time, mas isso por si só vale como motivação para mim. Estou empolgado. A situação para a qual vou é a de um time que tem me acompanhado”, afirmou. Em L.A., Doc Rivers tem, no momento, as seguintes opções para o perímetro, lembremos: JJ Redick, Jamal Crawford, Matt Barnes, Reggie Bullock e o calouro CJ Wilcox (excepcional arremessador vindo da universidade de Washington).

Zoran Dragic chuta contra Klay Thompson: arremesso não é o forte, mas a NBA está caidinha por ele

Zoran Dragic chuta contra Klay Thompson: arremesso não é o forte, mas a NBA está caidinha por ele

Zoran Dragic (Eslovênia)
O irmão do Goran virou febre entre os scouts da liga americana. Incrível. Vi alguns jogos do ala-armador esloveno na última Euroliga, e ele tem seus lampejos aqui e ali, mas está longe de ser um atleta consistente, embora já não seja tão novinho assim (25 anos). É um jogador atlético, raçudo, que ataca a cesta com fome, mas que converteu apenas 25% de seus arremessos de três na temporada passada pelo tornei continental e 28,8% pela Liga ACB. Sim, acreditem: não é todo europeu que chuta bem de longa distância, mesmo com um sobrenome desses. Em um bate-papo recente, o analista Kevin Pelton, do ESPN.com, um desses magos das estatísticas, fez a seguinte observação: “Se fosse irmão de um encanador, não sei se teria alguma chance de jogar na NBA”. Ouch. Ele fala isso com base na tradução de seus números da Europa para os Estados Unidos. Vai saber.

Fato é que o esloveno tem uma penca de times no seu calcanhar. Segundo o mesmo Marc Stein, o Phoenix Suns é quem estaria mais adiantado em negociações para tirar o atleta do Unicaja Málaga, superando Pacers e Kings. O gerente geral Ryan McDonough, que foi para Madri acompanhar os mata-matas da Copa, está fazendo de tudo para agradar ao irmão mais velho de Zoran, que vai deve se tornar um agente livre em 2015. Arizona Central confirma o interesse do time e afirma que sua multa rescisória com o clube espanhol é de US$ 1,1 milhão. Já o RealGM lista Spurs, Magic, Heat e Mavericks como times envolvidos na perseguição e dá outro detalhe: o jogador tem até o dia 5 de outubro para se liberar de seu contrato. Caso contrário, é obrigado a jogar a temporada pelo Málaga. Quem dá mais?! “Obviamente que estou interessado em jogar na NBA, mas não tem nada definido no momento”, afirma o Dragicinho. “Tudo é possível, mas por enquanto ainda sou um membro do Unicaja Málaga.”

Gustavo Ayón (México)
Já teve gente declarando amor ao pivô mexicano durante a Copa. Outra vez. Não sei quem. Agora, se você acha que o rolo de Dragic é meio complicado, a trama em torno de Ayón é digna de um quebra-cabeça para a turma de Charlie Kaufman resolver. Assim: o herói de Zapotán jogou uma temporada só pelo Atlanta Hawks e voltou para o mercado. Estava esperando mais uma oferta da NBA, que não chegou – o Spurs é que poderia se apresentar, segundo… Marc Stein! De concreto, todavia, o mexicano disse, durante o Mundial, que só havia chegado uma proposta chinesa, do Shandong. Mas aí o Real Madrid também entrou na parada, e eles estavam bem perto de acertar um vínculo de três anos. Além do mais, ele só jogaria na Euroliga, com cláusulas camaradas para migrar para os Estados Unidos, se fosse o caso. O problema é que, na Espanha, os direitos do mexicano são do Barcelona. Para ele fechar com o Real, teria de pagar 290 mil euros ao Barça. Então, no momento, o jogador estaria inclinado a ir para a China, mesmo.

Ayón, orgulho mexicano, desempregado na elite do basquete

Ayón, orgulho mexicano, desempregado na elite do basquete

Miroslav Raduljica (Sérvia)
O quê!? O Raduljica!? Mas ele não era do Bucks?! Não, gente, não mais. Anunciado insistentemente durante toda a Copa do Mundo desta maneira, o pivô titular e um dos destaques dos sérvios no torneio, o grandalhão havia sido trocado pelo Milwaukee para o Clippers (no mesmo negócio que envolveu Dudley). Doc Rivers não tinha intenção em contar com suas trombadas e o dispensou de imediato. Então ele está no olho da rua, mesmo. Mas não vai durar pouco. Na real, o troglodita vice-campeão mundial parece estar envolvido em um sexteto amoroso com Ayón, Spurs, Real e Shandong. Sim, as coisas ficam ainda mais complicadas de desenrolar aqui, hehe. Os mesmos clubes relacionados ao mexicano aparecem também na onda de rumores em torno do pivô. Com a prata no peito, em alta no mercado como nunca antes em sua história, Raduljica ao menos diz com orgulho: “Perdemos a final, mas minha barba ainda é melhor que a do James Harden”.

Hamed Haddadi (Irã)
Por falar em Real Madrid e China… pode botar o iraniano nesta história. Aparentemente, a diretoria do clube espanhol não perdeu tempo ao ver uma série de estrelas internacionais em seu país durante a Copa. O gigante foi mais um jogador cogitado para reforçar seu garrafão, embora sua prioridade também fosse retornar para os Estados Unidos. Uma pena que Memphis não o reconheça pelos serviços prestados… A essa altura da vida, já não dá mais para acreditar num mundo justo. De modo que Haddadi está em vias de assinar com a liga chinesa, mesmo, para defender o Qingdao Double Star.

Eugene Jeter (o ursinho Puff da Ucrânia)
O armador americano, que defendeu a seleção ucraniana com 15,4 pontos e 5 assistências por partida na Copa, sempre reclamou de que nunca havia recebido uma chance real para jogar na NBA. Foi reserva do Sacramento Kings por um ano, mas foi na Europa que desenvolveu sua carreira profissional. Agora, recebeu um convite do Los Angeles Lakers para passar por um período de duas semanas de treinamento. Um sonho de criança. “Nasci em Los Angeles e cresci como um torcedor do Lakers, então é uma honra receber esse convite”, afirmou. Tudo pronto para um final feliz? Nem tanto: mesmo que o gerente geral Mitch Kupchak quisesse adicioná-lo a uma rotação que hoje tem Jeremy Lin, Steve Lin e Jordan Clarkson, Pooh Jeter não poderia – já tem contrato na China e vai honrá-lo, disse ao Beijing Times.


EUA x Sérvia: 10 fatores para ficar de olho na final
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Giancarlo Giampietro

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Os Estados Unidos lutam pelo bicampeonato mundial e pelo quarto ouro seguido nos torneios internacionais da Fiba. A Sérvia quer seu primeiro grande título como um país balcânico solitário – sem ser Iugoslávia ou Sérvia & Montenegro, nem nada disso. Seguem dez perguntas que servem como um guiazinho para a decisão da Copa do Mundo de basquete. Foi bom enquanto durou:

Os Estados Unidos são os favoritos?
São, sim. Depois de arrasar Grécia e Brasil e de passar pela França, a Sérvia tem chance, mas os americanos precisam ser considerados muito favoritos. Em seus oito jogos pelo Mundial, o time venceu com média de 32,5 pontos por partida. Mesmo que sua tabela tenha sido bem mais fácil que a dos sérvios, esse saldo de cestas é de um time que vem trucidando a oposição. É algo que impressiona ainda mais considerando todos os desfalques na lista de Mike Krzyzewski. (Para quem não sabe ou já perdeu a conta: LeBron, Carmelo, Durant, Westbrook, Paul, Love, Griffin, Aldridge e George.)

O que a Sérvia precisa fazer para tentar equilibrar as ações?
Primeiro de tudo, dominar os rebotes defensivos. Anthony Davis e Kenneth Faried atacam a tábua com muita voracidade e elasticidade. São 14,9 rebotes ofensivos em média para o Team USA durante o torneio – a terceira melhor marca, atrás apenas de Angola e Nova Zelândia –, mantendo a bola viva em quadra e criando segundas chances para seus companheiros. Quer dizer: se é que eles já não vão cravá-la direto na cesta, ou ajeitá-la com um tapinha. Do seu lado, os sérvios não lutam muito pelas rebarbas. Contra, os Estados Unidos, ainda mais em arremessos longos, é recomendável que realmente abram mão desse tipo de bola e voltem o quanto antes para a defesa, como medida preventiva, uma vez que o contra-ataque é a melhor arma de seu adversário.

Se for marcar por zona, não pode descuidar do Klay "Splash Brother" Thompson

Se for marcar por zona, não pode descuidar do Klay “Splash Brother” Thompson

Espere também muitas “faltas táticas” por parte dos europeus, um dispositivo que eles usaram sem o menor pudor contra o Brasil, nas quartas de final. São as faltas em que os atletas evidentemente usam para brecar os rivais, parando o lance. O risco é pendurar seus titulares: os Estados Unidos correm muito mais que os brasileiros, em dois sentidos: são mais explosivos e também buscam mais o jogo em transição. Uma vez estabelecida a defesa, é de esperar marcação por zona ou pelo menos uma zona mista, que não pode dar liberdade para Curry e Thompson. Aqui está a dureza: Harden e Irving também incomodam no perímetro. São muitos chutadores para o time americano.

Os sérvios também devem a segurar bastante a bola no ataque, procurarem arremessos nos dez segundos finais. Milos Tedosic vai chamar o jogo de pick-and-roll sem parar e criar e finalizar a partir daí. Ajuda o fato de ter ao seu lado diversos bons arremessadores, com exceção do outro armador do time, Stefan Markovic, que tem um dos chutes mais feios que você vai ver. Markovic, porém, é muito estável com a bola. Alto, forte e habilidoso, comete poucos erros. Quando ele está driblando, Teodosic e Bogdan Bogdanovic vão se mexer bastante no perímetro para tentar receber o passe em condições de finalização. A ideia geral do time será de abrir espaços na defesa americana, tentando confundi-los, e deixar a partida lenta-quase-parando. A Turquia conseguiu complicar a vida dos Estados Unidos por três períodos fazendo esse tipo de jogo enroscado. Depois, foi atropelada no quarto final. Os turcos têm um garrafão mais físico e atlético que o da Sérvia – Asik tem uma presença marcante nos rebotes e na proteção de cesta –, mas no geral o talento dos sérvios é muito superior.

O que os EUA farão para controlar Milos Teodosic?
No segundo tempo da semifinal, Nicolas Batum mostrou para o Coach K como (tentar) marcar o armador sérvio. Pressionando  muito o drible do sérvio com sua envergadura e agilidade, combatendo os bloqueios, sem deixar que ele escapasse também nas ações fora da bola. O sérvio marcou apenas seis pontos na volta do intervalo, depois de 18 na primeira etapa.  Para os americanos, porém, faz falta um Andre Iguodala, de perfil atlético bem semelhante ao do ala francês, para repetir um abafa desses, né? Klay Thompson é o marcador que vem sendo destacado pelo treinador nesse tipo de missão, de pressionar o atacante.

Deixar Stephen Curry e Kyrie Irving com ele seria bastante perigoso. O armador sérvio sabe usar muito bem os formidáveis e brutais corta-luzes de Raduljica e Krstic para se desmarcar. A partir daí, é mortal: arremessa com tranquilidade em movimento, até mesmo da linha de três pontos. Também tem visão de jogo muito acima da média, podendo abastecer o grandalhão da vez no corte para a cesta. Tudo devagar, sem explosão física alguma, controlando a bola com muita cabeça. Brasileiros e gregos concordam, tristemente.

E o Teodosic conseguiria jogar na NBA?
Este embate também serve para matar um pouco da vontade de ver o genial sérvio na liga norte-americana. Provavelmente nunca vai acontecer: na Europa, ele é tratado como um reizinho, tendo defendido Olympiakos e CSKA Moscou nas últimas temporadas. Ganha muito bem e pode dar aquele migué na defesa, com a certeza de que, no ataque, seus rompantes decisivos lhe garantem com a torcida – e dirigentes e técnicos, embora estes últimos possam sofrer bastante com sua combatividade zero. Seu contrato é de US$ 7 milhões por três anos – 7 milhões limpos de impostos, tenha em mente. Mais carro, apartamento e todo mimo que a diretoria do CSKA julgar necessário na capital russa.

Qual americano talvez assuma a torcida pela Sérvia?
Ryan McDonough, gerente geral do Phoenix Suns, desde que o garoto Bogdan-Bogdan seja O Cara da partida. O cartola selecionou o prodígio no Draft passado da NBA, em 27º. Uma exibição primorosa do ala-armador não só deixaria McDonough com ainda mais moral no Arizona, como elevaria, e muito, a cotação do jogador. Obviamente o plano é aproveitá-lo, assim que Bogdanovic, a jovem estrela sérvia, decida a hora de deixar o Fenerbahçe. Se for necessário, contudo, os direitos sobre o jogador virariam um ótimo trunfo na manga do dirigente, para uma eventual megatroca na liga americana.

Bogdan-Bogdan manda algum francês ficar em silêncio. Trunfo do Suns

Bogdan-Bogdan manda algum francês ficar em silêncio. Trunfo do Suns

Será que ainda dá tempo de Miroslav Raduljica assinar com a NBA novamente?
Acho difícil. Para os que não sabem: o pivô não tem mais contrato com nenhum clube da liga americana, embora insistam em dizer o contrário durante todo o Mundial. Do Bucks, ele foi repassado para o Clippers, que o dispensou prontamente. Aparentemente, o sérvio tem algumas ofertas da liga americana, mas nada muito interessante: provavelmente aqueles contratos sem garantia para a temporada. É mais provável que algum clube europeu decida lhe propor mais dinheiro e uma situação mais promissora em termos de tempo de jogo. Nos Estados Unidos, o jogo mecânico e lento de Raduljica não se encaixa muito bem. Sem contar o fato de que não conseguiria parar nenhum armador da liga quando envolvido em jogadas de pick-and-roll. No mundo Fiba, ele pode recuar na defesa e se comportar como se estivesse numa defesa por zona o tempo inteiro.

Por falar em Raduljica, ele não vai machucar o Anthony Davis, né?
O gerente geral do New Orleans Pelicans, Dell Demps, do seu lado, certamente vai assistir ao jogo decisivo com muito mais apreensão. Ver seu jovem craque, a base esportiva e comercial do clube encarar o brutamontes ex-Milwaukee Bucks, em um jogo valendo tudo ou prata, não deve ser nada agradável. Quando ele descansa, ainda vem o Nenad Krstic, que tem o físico de um irmão Klitschko mais descuidado, mas com 2,10 m de altura. Na NBA, Davis e Raduljica já se encontraram assim:

Qual duelo chama mais a atenção?
Tirando Curry x Teodosic nos primeiros minutos de jogo? Bjelica x Faried!!! São dois jogadores que não poderiam ser mais diferentes. O sérvio é todo elegante com a bola. Alto, de passadas largas, muito habilidoso, é daqueles pivôs que pega o rebote em sua tabela e pode sair com a bola em pestanejar. Joga bastante afastado da cesta em geral no ataque, com bom arremesso de longa distância. Por isso, faz também um bom uso da finta, iludindo seus defensores mais precipitados, cortando para a cesta com eficácia. Foi algo que fez bastante contra o Brasil. Do outro lado, agora vai enfrentar alguém que realmente responde pelo apelido de “Manimal”. Faried passa eletricidade para todo o ginásio. Ainda que tenha refinado bastante seu jogo na última temporada, ele se impõe mesmo com sua capacidade atlética absurda e uma força de vontade difícil de se igualar. Para cosntar: Bjelica já foi selecionado no Draft da NBA pelo Minnesota Timberwolves, mas tem um contrato bastante lucrativo com o Fenerbahçe, com mais três anos de duração. As multas rescisórias não foram divulgadas.

Harden em foco: o maior peladeiro do mundo?

Harden em foco: o maior peladeiro do mundo?

E quem tem o arremesso mais bonito em quadra?
Olha, o esquerdista do basquete vai dizer que os grandes arremessadores estão na Europa e bla-bla-bla – acredite, ainda hoje há quem acredite que a NBA é só um produto de marketing, uma liga de “peladas” que conquistou o mundo graças ao capital diabólico norte-americano. Teodosic e Bogdan-Bogdan chutam que é uma beleza, mas em termos de forma e mecânica, não vai ter quem supere os “Splash Brothers” do Golden State, Curry e Thompson.

James Harden vai marcar quem?
A plateia da Fiba já assimilou  algo que é mania na NBA: aloprar a defesa do Mr. Barba. Até o mítico Wlamir Marques entrou na onda. No ar na ESPN, disse o seguinte sobre o astro do Rockets, com ternura: “Acho que hoje é o maior peladeiro do basquete internacional”. Nesse sentido, ele e Teodosic vão se amar. Talvez o ala-armador americano leve a preguiça do ídolo sérvio a outro patamar. Há momentos do jogo que ele realmente desencana de tentar marcar alguém. É batido no primeiro drible e já vira de costas para a cesta, como quem não quer nada. Contra a Sérvia, provavelmente ele comece o jogo como par de Nikola Kalinic, um ala atlético e bem mais alto que não chega a ter prioridade no ataque sérvio. Ele vive das sobras e de cortes por trás da defesa. Se o técnico Sasha Djordjevic estudar bem os americanos como fez contra gregos e brasileiros, acho que não vai ter problema em pedir mais jogadas que envolvam Kalinic. O duro é que, quando enxerga a Luz, Harden se comporta como um defensor decente até. Caso os sérvios encontrem um meio de equilibrar o jogo até o fim, será curioso monitorar como ele vai se comportar.


0% NBA, Sérvia bate França e encontra EUA na final da Copa
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Giancarlo Giampietro

Teodosic, Bogdan-Bogdan: são de NBA, só não estão lá. Há vida na Europa

Teodosic, Bogdan-Bogdan: são de NBA, só não estão lá. Há vida na Europa

Algoz do Brasil, a Sérvia fez mais uma partidaça nesta sexta-feira. Tomou um susto danado da França, é verdade, mas conseguiu se segurar acima no placar para se garantir na final da Copa do Mundo. Vão desafiar os Estados Unidos no domingo.

É um confronto muito interessante, do ponto do vista brasileiro. Por aqui, a impressão é de que, no mundo do basquete, só a NBA importa, não? Este blog, mesmo, sublinha a tese, provavelmente com 95% de seu conteúdo dedicado à liga americana no decorrer de sua temporada. Mas a modalidade tem muito mais que isso. Como os sérvios podem atestar: em seu elenco, não há ninguém com contrato assinado com uma franquia dos Estados Unidos ou com o Toronto Raptors. Na decisão, vão enfrentar o Team USA, que… Bem, vocês entenderam, né?

Então está aí a seleção balcânica, mostrando que existe todo um mundo lá fora para ser observado. Agora, uma coisa é dizer que a Sérvia não tem nenhum atleta na NBA hoje. Outra, bem diferente, e afirmar que a equipe não tem nenhum atleta de NBA. Boa parte de seu elenco poderia estar por lá. Por diversas circunstâncias, só não há ninguém em atividade nos Estados Unidos neste exato momento.

(Antes de mais nada, um clamor aos navegantes: por favor, ignorem o fato de que na ficha do pivô Miroslav Raduljica, no site oficial do torneio, apareça “Milwaukee Bucks”. Reforçando: por favor, ignorem isso. Primeiro que, antes de o Mundial começar, ele foi trocado para o Clippers. Durante a primeira fase, acabou dispensado pelo ex-primo pobre de Los Angeles. Seu contrato foi rescindido. Está desempregado. Dizer que ele é da NBA, é a mesma coisa que, na Copa de futebol, falar que o David Luiz era o zagueiro do Chelsea, quando todos sabiam que já havia sido negociado com o Paris Saint-Germain.)

Gobert está na NBA: são 4 na França

Gobert está na NBA: são 4 na França

Seus melhores atletas já ganham uma boa grana defendendo gigantes europeus ou times de Euroliga: Milos Teodosic, Nemanja Bjelica, Nenad Krstic, Stefan Markovic e Bogdan Bogdanovic – provavelmente o mesmo destino de Raduljica após um torneio excepcional. Outros são muito jovens, ainda com tempo pela frente: Nikola Kalinic e, mais uma vez, Bogdan-Bogdan, que já foi selecionado pelo Phoenix Suns no último Draft e sobre o qual já escrevemos muito aqui. O restante está todo espalhado pelo continente e talvez não possa sonhar alto. Apenas o pivô Rasko Katic, de 33 anos, joga em seu país, pelo Estrela Vermelha – e ele mal entra em quadra pela seleção.

Desse grupo, é de se pensar o que o genial e genioso Milos Teodosic  poderia fazer na liga americana, ainda mais quando ele se apresenta tão solto e confiante como vem fazendo no Mundial, sem aquela nuvenzinha na cabeça. Por um lado, é um dos jogadores mais perigosos nas situações de pick-and-roll, algo que sempre vai ser feito na NBA. Tem visão de jogo e um arremesso em movimento que é espetacular. Por outro, sua aversão pela defesa é até folclórica na Europa, combinando com o jeito, hã, boêmio de tocar a carreira.

Nesta sexta, na partida mais emocionante da competição, Teodosic e seus companheiros derrubaram uma França que, mesmo com todos os seus desfalques, jogou o Mundial com jogadores sob contrato com clubes da NBA: Boris Diaw (Spurs) e Nicolas Batum (Blazers), sensacionais e importantíssimos para seus times, e os promissores Rudy Gobert (Jazz) e Evan Fournier (Magic), que ainda estão no início de suas trajetórias. Desse quarteto, Batum foi instrumental para que os franceses chegassem muito perto de uma vitória histórica.

A série “Cada Jogo É Uma História”, alardeada durante todo o campeonato, correu sério risco,. As duas seleções se reencontraram 12 dias depois do confronto pela fase de grupos, o qual os Bleus venceram por 74 a 73. E de virada – os sérvios chegaram a abrir 11 pontos na liderança. Na semi, a vantagem chegou a ser de 18, e os caras voltaram a levar um susto danado. não que não tenham assustado: chegaram a apertar as coisas de modo dramático no quarto período, 64 a 60, com 4min30s restando no relógio. A Sérvia, porém, se segurou, aproveitando seus lances livres e criando algumas boas jogadas contra uma forte defesa  para vencer por 90 a 85.

Sérvios comemoram com o técnico Sasha Djordjevic, que faz ótimo trabalho

Sérvios comemoram com o técnico Sasha Djordjevic, que faz ótimo trabalho

No primeiro tempo, os franceses simplesmente não conseguiram reproduzir a energia dos jogos anteriores contra Croácia e, principalmente, Espanha. Muito por conta da excelência de seu adversário, mas também por conta do forte componente emocional do triunfo contra os espanhóis, por tudo o que envolvia a partida: rivalidade entre as gerações, um favorito ao título e, ao mesmo tempo, o time da casa e o ginásio bombando.

O time chegou entre os quatro melhores do torneio com uma defesa sufocante, de muita envergadura, sem forçar muitos turnovers, mas contestando todo e qualquer arremesso, desde o semicírculo até a linha de três pontos. Nesta sexta, isso só aconteceu no quarto período. Os sérvios mataram 59% de dois pontos e 53% de três e conseguiram uma terceira vitória seguida impressionante. Recordem que, nas oitavas, haviam batido a Grécia por 90 a 72. Depois, aiaiai: 84 a 56 para cima do Brasil. Agora, o triunfo nem foi tão elástico, mas não deixa de ser convincente.

A Sérvia encontrou uma química perfeita em quadra, combinando força e leveza. Pode punir a defesa adversária tanto com o jogo físico de Raduljica e Nenad Krstic, como no jogo exterior ultralentoso de Teodosic e Bogdanovic, com a ajuda da consistência de Stefan Markovic e da explosão física de Nikola Kalinic. Claro que, no final das contas, num jogo de alto nível desses, foi o armador Teodosic quem mais desequilibrou. Tal como no duelo com o Brasil, destruiu no primeiro tempo com 18 pontos.

Outro de NBA, Batum jogou demais dos 2 lados da quadra

Outro de NBA, Batum jogou demais dos 2 lados da quadra

Embora o craque canalize muito do ataque, seu time tem se comportado de modo solto no setor ofensivo, com muita movimentação de bola, diversos passes extras e  saídas precisas e oportunistas no contragolpe. Agora, quando Batum praticamente tirou a estrela sérvia, de ação, as coisas engrossaram, mesmo. Teodosic só havia matado um arremesso em todo o segundo tempo, até converter um chute extremamente pressionado 2min55, para o fim (77 a 68). Ele usou muito bem os corta-luzes para se desmarcar. O duro é que, na sequência, Batum respondeu na medida, com mais uma bomba de três.

Os chutes de longa distância voltariam a cair com Diaw e Heurtel, diminuindo a vantagem para três, com menos de dois minutos. A pressão era extrema, mas Bogdan-Bogdan, Krstic e Kalinic fizeram o suficiente no ataque para estancar a hemorragia e marcar o encontro final com os Estados Unidos. Uma final de 12 astros da NBA contra o… Resto?

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Foi uma partidaça de Batum: 35 pontos (24 em bolas de 3!!!) e toda a defesa em cima de Teodosic. Incrível. E algo que muita gente esperava do ala francês. Seu talento não se contesta. Nos Estados Unidos, porém, muita gente estava esperando sentado para ver quando o francês ligaria o modo “matador” em seu jogo. Aconteceu nesta semi: 11/16

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Raduljica fez a cesta mais inusitada do Mundial, em uma situação delicada: a França havia encostado no placar, diminuindo a vantagem sérvia para apenas seis pontos. Restando 5min44s, Bogdan-Bogdan soltou uma bomba de passe na direção do seu pivô, que não conseguiu fazer o domínio. Era impossível, mesmo. Acontece que, involuntariamente, o grandalhão acabou espalmando a bola, que subiu o suficiente para bater no quadradinho e entrar para dois pontos. Ufa! Raduljica sorriu, enquanto, no banco, o capitão Nenad Krstic fez o sinal da cruz.

Na descrição do site da Fiba, foi computada como uma bandeja. No fim, não tem com descrever melhor que isso, mesmo:

raduljica-espalmada

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O técnico Aleksandar “Sasha” Djordjevic está de parabéns. Um armador cerebral e histórico nos tempos de Iugoslávia, ele faz apenas seu terceiro trabalho como treinador, depois de ter dirigido o Olimpia Milano em 2006-07 e o Benneton Treviso em 2011-12. Assumiu a seleção balcânica no ano passado, com um EuroBasket no currículo, ficando em sétimo. Para constar, seu currículo como jogador: tricampeão europeu, vice-campeão olímpico (Atlanta 1996) e campeão mundial em 1998 (sem NBA). Aos 47 anos, aposentado em 2005, parece ter excelente relação com seus comandados, falando a língua deles. Para quem preenche a folha corrida dessa equipe, sabe que não é das tarefas mais fáceis: os problemas de vestiário são uma constante por lá.

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Quem está adorando a capanha da seleção sérvia é este cara aqui:

Olha o que o tradutor do Google nos deu: “Que defesa, algumas duplas, que coragem! Bem feito. Teo, eu te amo na mão! Equipes contribuíram com um sorriso! O prazer é vê-los” (risos). Sem rodada de Copa Davis para disputar, o número um do mundo no tênis também vai se deleitando com sua seleção nacional. Ama o Teodosic e acha que o Raduljica faz todo mundo sorrir.

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Uma curtinha, para fechar. Ao comentar a barba de Raduljica, a dupla da ESPN – Cledi Oliveira e Wlamir Marques – chegou ao James Harden, claro, e a frase do verdadeiramente mítico Wlamir  para fechar o assunto foi:  “Aquele lá (Harden) acho que é o maior peladeiro que tenho visto hoje no basquete mundial”. Demais. : D


As semifinais da Copa do Mundo em números
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Giancarlo Giampietro

Gente, vocês querem números? Faltam apenas quatro jogos para o sonho de uma Copa do Mundo de basquete de verão terminar. Com quatro times em disputa, sendo que um vai sair de mãos abanando, assim como aconteceu com Brasil e Espanha. Mas, isso, claro, vocês já sabiam. Vamos com outros dados, então:

No poderoso ataque americano, tem até para DeRozan. Dale, cravada

No poderoso ataque americano, tem até para DeRozan. Dale, cravada

102,3 – Os EUA têm o melhor ataque da Copa, e o restante não chega nem perto. Com 102,3 pontos por jogo, abriram quase 20 de vantagem para a Espanha, que agonizou diante da defesa sufocante dos franceses nesta quarta. Entre os que ainda estão no páreo, a Sérvia aparece em segundo, com 80,1, ajudada pela sacolada que deram no Brasil. A Lituânia anotou 76 pontos em média, enquanto a França tem 72,9 (apenas a 14ª no geral).

68,8% – Sérvia e França estão empatados com este fraco aproveitamento em seus lances livres, valendo as 17ª e 18ª posições no ranking geral. Os EUA, com 71,3%, aparecem em 13º. A Lituânia tem 75,2%, em quarto. Por curiosidade, as Filipinas lideraram o quesito, com 79,6%.

44 – Este a gente colocou no primeiro dessa texto dessa série estatística, mas, depois da tragédia espanhola, vale o reforço: foi em 1970, há 44 anos, a última vez em que o país anfitrião viu sua seleção comemorar o título: a Iugoslávia. O que, nos tempos de hoje, nem vale: eram vários países em um, sendo que três deles disputaram a atual edição: Croácia, Eslovênia e Sérvia.

A vitalidade de Jonas Valanciunas, estrela lituana de apenas 22 anos e o quinto reboteiro do Mundial, com 8,6

A vitalidade de Jonas Valanciunas, estrela lituana de apenas 22 anos e o quinto reboteiro do Mundial, com 8,6

28 – É a média de idade da Lituânia, o time mais velho entre os semifinalistas. O restante? França e Sérvia empatam com 26 anos, enquanto os Estados Unidos têm 24. Este talvez seja o dado mais relevante para colocar em perspectiva a campanha brasileira, com uma seleção de 31 anos. Todas essas quatro potências já têm uma base armada para o próximo ciclo olímpico.

23,8 – Surpreendentemente, o ala Klay Thompson é o jogador americano que mais tempo fica em quadra no Mundial, com 23,4 minutos, contra os 23 cravados de Kyrie Irving. No total, isso representa apenas três minutos a mais (164 a 161). O pivô Andre Drummond, convocado basicamente como apólice de seguro num eventual embate com a Espanha que agora jamais vai acontecer, somou 38 minutos, quase uma partida de Fiba inteira (6,3 por partida).

22,1 – O quanto a França arremessa de três pontos por jogo, o maior número entre os quatro semifinalistas, mesmo que eles tenham, de longe, o pior aproveitamento (ridículos 31,6%). EUA, Lituânia e Sérvia estão todos na casa de 19 chutes de longa distância por rodada, com os lituanos, claro, tendo a melhor pontaria: 40%. Culpa do pivô Darjus Lavrinovic, que tem acertado surreais 62,5% de seus arremessos, e do armador Adas Juskevicius (57,1%). O Brasil se despediu do torneio com 16,9 tentativas e 37,3% de acerto.

20 – Erros para a Espanha em arremessos de três pontos em sua derrota para a França, tendo tentado 22 disparos. Ok, é um número que pertence muito mais fase anterior, mas, nestes tempos de redes sociais em ebulição por conta desse processo chamado “Festa da Democracia”, todo mundo parece acreditar que jornalismo é manipulação, né? Então tomem aqui a prova mais clara. (Na verdade, o número é fundamental para explicar a classificação francesa, com uma linha defensiva assustadora, que arrepiou os espanhóis: um time desse nível acertar apenas 9,1% de seus chutes de fora? #sacrebleu).

13,9 – Dos 48 jogadores que ainda podem jogar o Mundial nesta reta final, Miroslav Raduljica, quem diria, é o cestinha, com 13,9 pontos. Logo em sua cola vem o Anthony Davis, mas pode chamar de Monocelha, com 13,7. Passaram quatro equipes que não dependem tanto assim de um jogador para carregar o ataque. Verdade seja dita: era o mesmo caso do Brasil. Entre os 20 principais pontuadores, em média, do torneio, apenas Kenneth Faried, com 13,0, se junta ao sérvio e a seu compatriota nessa. Desta forma, José Juan Barea ao menos pode acrescentar esta linha em seu currículo: “*Cestinha da Copa do Mundo de basquete 2014, com 22,0 pontos – só não perguntem, por favor, qual foi a campanha do meu time”.

Batum está com cara de que queria fazer pelo menos uns 15 pontinhos por jogo, vai...

Batum está com cara de que queria fazer pelo menos uns 15 pontinhos por jogo, vai…

9,9 – Por falar em cestinhas, esta é a média de pontos de Nicolas Batum no torneio. O ala do Blazers, acreditem, lidera a seleção francesa nesse quesito. Joffrey Lauvergne tem 9,4, Thomas Heurte, 8,4, Boris Diaw, 7,9, e por aí vamos… Incrível.

4 – A França falhou em marcar que 70 pontos em quatro de seus sete jogos na competição. Se formos descartar os dados computados contra Egito e Irã, restaria apenas uma partida, então, em que cruzaram essa… Nada fantástica marca. E foi contra quem? Justamente a Sérvia, seu adversário das semis, vencendo por 74 a 73. Mas, ‘bora lá repetir todo mundo: “Cada jooooogo é uma históooooria”.

1 – Apenas um time não tem sequer um atleta com contrato de NBA em seu elenco: a Sérvia. Raduljica jogou o campeonato passado pelo Bucks, foi trocado para o Clippers e acabou dispensado, como já foi amplamente divulgado, embora a turma em geral insista em ignorar isso. O ala Bogdan Bogdanovic foi draftado pelo Phoenis Suns neste ano, em 27º, mas vai seguir sua carreira na Europa, pelo Fenerbahçe, talvez por mais dois anos, antes de pensar numa transferência. No clube turco, terá a companhia de Nemanja Bjelica, jogador já selecionado pelo Minnesota Timberwolves. Quem sabe Flip Saunders não decide dar uma chance para o ultratalentoso ala-pivô num futuro próximo? Sem Kevin Love, há vagas. E aqui vale um destaque importante: é muito tentador escrever que a Sérvia não tem sequer um jogador de NBA. Porque, a julgar pela cobertura geral do Mundial, só importa quem joga nela, né? Só o selo de aprovação da liga atestaria a qualidade de um atleta. Aí vem a Sérvia, e… Pumba.

0 – Nenhum jogador naturalizado vai disputar as semifinais. Quem chega mais perto disso é o Kyrie Irving, que nasceu na Austrália, mas se mudou com o pai, mais um desses ciganos e jogadores americanos, aos dois anos de idade. Sábia decisão a dele, já que os Boomers têm dono: Patty Mills, e ninguém tasca. Sem contar que, em 2020, será a vez de Dante Exum. Ah, a França tem suas importações também, mas em outras circunstâncias. Tanto Florent Pietrus como Mickael Gelabale procedem de Guadalupe, que fica no Caribe, mas ainda é território francês. O ala reserva Charles Kahudi é de Kinshasa, no Congo, mas fez toda a sua carreira no país latino, algo mais que recorrente.


Fã de Harley e Stephen King, gigante sérvio desafia brasileiros
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Giancarlo Giampietro

Cara de mal e físico de urso: o páreo duro que os brasileiros têm pela frente

Cara de mal e físico de urso: o páreo duro que os brasileiros têm pela frente

Miroslav Raduljica é uma grande figura, nos mais diversos sentidos. Com 2,13 m de altura e um peso que nenhuma medida oficial jamais vai precisar, o pivô se transformou aos 26 anos numa inesperada arma da seleção sérvia nesta Copa do Mundo, pronto para desafiar novamente o garrafão de NBA composto por Tiago Splitter, Anderson Varejão e Nenê, nesta quarta-feira.

Raduljica provavelmente já chamaria sua atenção logo no tapinha inicial. O cara é realmente imenso.  “Ele é um cara grande, é como um urso”, resume seu jovem companheiro de seleção, o ala Bogdan Bogdanovic.

Nesse corpanzil todo, o sérvio decidiu também usar uma grande quantidade de tinta para compor as mais diversas, complexas e sinistras tatuagens. Os desenhos podem envolver até mesmo um livro de seu autor preferido: Stephen King, para quem ele sonha apresentar a tattoo especial. A propósito, ela está em seu antebraço esquerdo, e desconfio que tenha como inspiração um dos volumes que compõem a série “A Torre Negra”, com caveira metida no meio – se alguém souber, favor eclarecer. “Nunca assisti TV. Sempre fui muito ligado em livros. Quando ganhei meu primeiro do Stephen King, tinha uns 10 ou 12 anos, e fiquei fascinado. Era só disso que queria saber”, afirma em entrevista ao site oficial do Milwaukee Bucks, seu ex-time.

Se não for o seu gosto trocar ideias sobre o best-seller King, Raduljica também pode falar bastante sobre a Harley-Davidson, a fábrica de motocicletas fundada justamente em Milwaukee. “Sou o maior fã no planeta”, garantiu , tendo chegado para conhecer as dependências do Bucks com uma camiseta preta tradicional da marca. “Não é uma coincidência. Comprei ontem quando estava conhecendo a cidade. Estava muito empolgado de ter visitado o museu e depois fui para a loja. Acho que comprei a loja inteira.”

O problema, minha gente, é que, embora essas informações ajudem a humanizar o personagem – “por trás daquela carcaça toda, reside um coração” –, a compra de roupas para motoqueiros também pode reforçar sua imagem de malvado: fica andando todo de preto e jaqueta de couro por aí, parecendo um Son of Anarchy aditivado. Não obstante, desde que se apresentou para seu primeiro ano na NBA, resolveu cobrir o braço direito também. Entre as novas tatuagens está uma escritura: “Memento mori“. É uma frase em latim que significa basicamente: “Lembre-se de que você vai morrer”. E aí? Não é um amor? Além disso, decidiu cultivar para o Mundial uma barba de tal espessura e comprimento que já rivaliza com a de James Harden.

Sons of Anarchy

Sons of Anarchy

Imaginem esse tipo, então: gigante, largo, todo tatuado, cabelo raspado nas laterais e muito barbudo, além do look sombrio. Se você for o pivô adversário, tendo de aguentar uns 30 ou até mesmo 40 minutos com um sujeito desses, faz como? Mas o pior, MUITO PIOR: e você só for um pobre repórter que cobre basquete!?

Por acaso dá vontade de perguntar algo na zona mista, ou melhor passar reto e olhando para baixo, de preferência? Durante a temporada da NBA, quando o calouro se destacava ao sair do banco de reservas para arrebentar em quadra, os setoristas do Bucks se depararam com esse dilema. Obviamente, o dever de reportar é soberano, e eles no fim “encaravam” – ou tinham de encarar – a fera, de gravador e microfone em punho.

Como fez o repórter Guido Nunes, do SporTV, valente que só, ao parar o pivô na zona mista, logo depois da impactante vitória da Sérvia sobre a Grécia, pelas quartas de final da Copa, em Barcelona. Sua equipe havia vencido por 90 a 72, numa das exibições mais bonitas da competição. Raduljica marcou 16 pontos e pegou 6 rebotes em 24 minutos. Quando questionado se aquela havia sido a melhor partida de sua seleção no campeonato, ele poderia ter sorrido mas optou por não fazê-lo. Apenas disse com um semblante fechado algo como: era aquela a pergunta que ele estava esperando e que, mesmo se o brasileiro o tivesse indagado sobre qual o seu modelo de Harley preferida, ele teria respondido sobre o belíssimo jogo que haviam feito. “Então você foi bem nessa”, disse.

OK, a parte das Harleys eu inventei, mas o resto foi verdade. Figura.

É de se imaginar esse tipo de contato do pivô com a rapaziada que cobriu a desastrosa campanha do Milwaukee no campeonato 2013-14 da liga norte-americana. A direção da franquia tinha realmente a esperança de competir por uma vaga nos playoffs da esvaziada Conferência Leste, mas teve de aturar, no fim, 67 derrotas em 82 partidas. Uma jornada em que o calouro Giannis Antetokounmpo foi um dos pontos positivos e na qual o pivô sérvio também teve seus momentos.

Quando Raduljica foi anunciado, a sensação foi de estranheza total. Nem mesmo a turma mais ligada no basquete europeu sabia explicar o que estava por trás daquela sacada, uma vez que o bisnagão não despertava interesse nem mesmo dos grandes da Euroliga. Não que ele fosse um completo desconhecido: como juvenil, foi campeão mundial pela Sérvia, enfrentando até mesmo a seleção brasileira naquele torneio, numa história triste que já contamos aqui. Ele fechou um contrato com o Anadolu Efes, da Turquia, mas mal foi aproveitado por lá. Foi emprestado sem parar,  jogando a principal competições de clube do continente pelo Partizan Belgrado em 2011-12. Nada de outro mundo, e, de repente, lá estava o cara no meio do Winsconsin.

O técnico Larry Drew (demitido e substituído por Jason Kidd) pouco o utilizou. O pivô só recebeu 465 minutos no total, o equivalente a dez jogos e um pingado. Mas quer saber? Em termos de produção estatística, ele esteve bem. Numa safra bastante fraca de novatos, foi um dos poucos que ficou acima da média nas medições de eficiência.O problema é que era difícil de encontrar a hora certa para usá-lo. Numa liga que prioriza cada vez mais a velocidade, o sérvio se rastejava pela quadra.

Um dos jogos em que pôde ser acionado foi contra o Detroit Pistons de Andre Drummond e Greg Monroe, no dia 22 de janeiro. Somou 8 pontos e 8 rebotes, em 20 minutos, e seu time time, aleluia!, venceu uma. Em todo o mês, foi o único triunfo, com uma ajudinha de sua atuação física. “Ele sabe como usar seu corpo”, afirmou Drew. “Ele tem dificuldade para ir de um lado para o outro da quadra, mas, para alguém do seu tamanho, ele sabe como se mexer por ali e trombar. Os jogadores inteligentes entendem o que estão enfrentando e entendem quais são suas vantagens e desvantagens.”

Raduljica sabe mesmo o que precisa fazer. “Apenas tentei ficar em uma boa posição para atacar a tabela e… brigar pelo rebote, vamos dizer assim. Sei lá. É isso o que eu faço”, afirmou, sobre o embate com Drummond, hoje o 12º homem na seleção dos Estados Unidos. “Era o jeito de jogar contra ele, que pula mais do que eu e é mais atlético. Tive de encontrar um jeito de afastá-lo da cesta.”

De braço direito limpo, Raduljica se deu bem numa noite de janeiro contra o Pistons

De braço direito limpo, Raduljica se deu bem numa noite de janeiro contra o Pistons

Nenhum dos pivôs brasileiros é tão atlético ou explosivo como o jovem do Pistons. Poucos são. Mas ele são rápidos e ágeis o bastante para incomodar o sérvio. Ao mesmo tempo, têm de se proteger na defesa, porque sabem que lá bem pancada. No duelo da primeira fase, pelo Grupo A, a seleção balcânica não hesitou em acionar o gigante logo de cara, tentando minar o garrafão adversário – e também encher seu cestinha de confiança.

Pois, sim, Raduljica está liderando o ataque da Sérvia, mais um dado inesperado, com 14,5 pontos por partida e aproveitamento de 54% nos arremessos, para alívio de Nenad Krstic, que é capitão da seleção e em quem se apostava como a referência do jogo interior. “Ele me livrou da pressão jogando tão bem assim”, diz o veterano ex-Nets, Thunder e Celtics ao site da Fiba Europa. “Não estou nem perto de 100% fisicamente. Mal posso jogar 10 ou 15 minutos, então é um grande alívio para mim vir para o jogo sabendo que Raduljica está aqui.”

Raduljica tenta abrir espaço no garrafão

Raduljica tenta abrir espaço no garrafão

Sim, o novo pivôzão sérvio está lá, limpando espaço no garrafão com muito movimento de… quadril. Fora as braçadas, ombradas e esparramadas. Os pés não se mexem tanto assim. Nenê e Splitter se viraram muito bem contra ele, mas ficaram carregados de falta. De todo modo, permitiram apenas quatro cestas de quadra em oito arremessos e forçaram quatro turnovers. Seguraram o adversário abaixo de suas médias no torneio: dever cumprido. Mas não deve ser nada prazeroso enfrentar uma montanha dessas.

Mas ele acha o maior barato. “Estou me divertindo e me sentindo muito bem. É ótimo estar de volta”, diz Miroslav, que foi vice-campeão do EuroBasket de 2009 e andava afastado da seleção desde então. Como disse: poucos davam bola para ele, como Hammond fez em Milwaukee e agora faz o técnico Sasha Djordjevic. “É uma sensação ótima. Fazia alguns anos que não ficava na equipe. Agora estou aqui num Campeonato Mundial, um momento muito especial. Dá para dizer que o treinador me deu confiança e que acredita em mim. Então me senti bem desde o primeiro dia.”

Na Espanha, Raduljica tem motivações a mais também para jogar bem e avançar com a Sérvia: está sem clube. Horas antes de fazer sua estreia, soube que havia sido trocado no mesmo pacote com Carlos Delfino, do Bucks para o Clippers, que o dispensaria na hora. A ideia de Doc Rivers era limpar salário na folha, fugir de multas pesadas e reforçar o elenco com atletas que seriam mais baratos, como o pivô Epke Udoh.

Ironicamente, Udoh é outro atleta ex-Bucks que se assume publicamente como um leitor voraz – risos: parece até ousadia dizer isso, né? –, tendo criado  um Clube do Livro para trocar dicas e promover debates, vejam só.

Será que um dia, nesse mundinho pequeno, ele vai ter a chance de se sentar com o sérvio para analisar alguma obra fantástica de Stephen King? Tomara.

Afinal, Splitter, Nenê e Varejão já têm muito com o que se preocupar nesta quarta – que os analgésicos estejam separadinhos no vestiário brasileiro.


Escalação da Sérvia tem enigma para o Brasil responder
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Giancarlo Giampietro

Kalinic, nenhum minutinho de quadra na 1ª fase contra o Brasil

Kalinic, nenhum minutinho de quadra na 1ª fase contra o Brasil

Pode a mudança de um só jogador numa escalação mudar drasticamente o jeito de uma equipe jogar?

Ô, se pode.

Ainda mais quando você está trocando um pivô de 2,10 m e seguramente mais de 115 kgs por um ala de 2,03 m de altura e capacidade atlética acima do comum.

Pois, então: a Sérvia vai de Vladimir Stimac ou Nikola Kalinic em sua rotação contra o Brasil, em confronto pelas quartas de final da Copa do Mundo de basquete, nesta quarta? Pois é essa a dúvida que a comissão técnica brasileira deve estar ruminando em sua preparação para o embate que significa disputar uma medalha, ou não, nesta competição.

No duelo da primeira fase, vencido pelo Brasil por oito pontos, o técnico Sasha Djordjevic escalou um quinteto inicial gigantesco para bater de frente com os pivôs brasileiros de NBA. Os titulares regulares – Miroslav Raduljica e Nemanja Bjelica – estavam acompanhados por Stimac.

Já sabemos no que deu essa história: ainda que os sérvios tenham coletado muitos rebotes ofensivos e carregado a linha de frente brasileira de faltas, eles acabaram comendo poeira em quadra. A seleção brasileira conseguiu se virar muito bem defensivamente e acelerou horrores sua transição e venceu o primeiro tempo por 16 pontos – a vantagem chegou a ser de até 18.

Na volta do intervalo, Djordjevic, um cerebral armador nos tempos de jogador, voltou com uma formação muito mais leve para quadra. O pesadão Raduljica estava acompanhado de quatro atletas bastante leves. Seu companheiro de garrafão era o magricela Stefan Bircevic – e muito talentoso ofensivamente, com chute de três e facilidade surpreendente para o drible aos 2,10 m de altura –, enquanto dois armadores e um ala completavam a rotação: Stefan Markovic, Milos Teodosic e Bogdan Bogdanovic.

Sasha Djordjevic vai de Stimac novamente no 1º quarto?

Sasha Djordjevic vai de Stimac novamente no 1º quarto?

Também sabemos o desenrolar dessa história: os sérvios enfiaram 32 pontos na conta dos brasileiros– a maior quantia que a seleção levou em um quarto em seus primeiros seis jogos. Nem a Espanha, que marcou 30 pontos no primeiro quarto naquela surra que deram, conseguiu tanto.

A movimentação da equipe balcânica melhorou muito com os dois armadores e Bogdanovic em quadra. Os brasileiros tiveram problemas para perseguir os adversários fora da bola, permitindo muitas quebras de rotação e cestas fáceis para os oponentes. Dos 32 pontos, 12 foram marcados em cestas de três pontos – algo parecido com o que vimos no primeiro quarto argentino (cinco bolas de longa distância dez minutos).

Há seis dias já, a seleção tomou aquela virada, chegou a ficar atrás no placar por até sete pontos no início do quarto final, mas conseguiu reagir graças a uma defesa mais atenta no exterior e a uma participação decisiva de Tiago Splitter, com pontuação no garrafão e distribuição de jogo, e Marquinhos, recebendo os passes do pivô catarinense e matando seus tiros de fora. Detalhe: a virada da virada brasileira aconteceu ainda com a formação mais baixa da Sérvia em quadra. Para os cinco minutos finais, Stimac retornou, sem conseguir influenciar no andamento da partida – pelo contrário, a vantagem que era de três pontos, subiu para os oito finais.

É de se perguntar se Stimac vai deixar saudade no Unicaja Málaga

É de se perguntar se Stimac vai deixar saudade no Unicaja Málaga

Obviamente os técnicos de ambos os lados vão se debruçar sobre esse jogo, estudando o que deu certo e o que precisa ser corrigido. Virão os ajustes – e os ajustes extra, com cada um pensando qual poderia ser o movimento do outro. Uma das partes mais legais do basquete e que só os privilegiados que estão analisando a fita do jogo e fazendo anotações vão saber contar com precisão, até que a bola suba na quarta-feira.

A Sérvia usou Stimac por apenas oito minutos naquela partida, mas foram oito minutos em que o Brasil venceu por dez pontos. A escolha por esse pivô, que foi companheiro de Rafael Hettsheimeir no Unicaja Málaga e agora vai jogar no Bayern de Munique, só se justifica por um temor pelo jogo físico do adversário. Pois Stimac, do que vi durante a temporada, rende muito mais quando sai do banco, para dar suas trombadas ocasionais, atacar a tabela ofensiva e descansar rapidamente. Vez ou outra, o chute de média distância cai, mas ele não me parece uma arma que cause receio.

Além disso, a presença de Stimac ao lado de dois grandalhões acabou empurrando Nemanja Bjelica mais para o perímetro, com o ala-pivô marcando e atacando Marquinhos, de modo que algumas de suas habilidades foram anuladas. Tal como Bircevic – e com mais talento –, o jogador draftado pelo Minnesota Timberwolves é outro espigão que joga com uma naturalidade de armador com a bola. Ataca a cesta quase sempre frontalmente, apostando no seu chute de três pontos e seu corte de passadas largas. Também é um belo passador. É um cara que acompanhei bastante durante os últimos dois anos de Euroliga e que, pelo Baskonia ou Fenerbahçe. e quase nunca é escalado como um “3”, do jeito que pensou Djordjevic.

Na fase de grupos, Stimac participou de todas as cinco partidas, 48 minutos no total (9 em média). Contra a Grécia, porém, praticamente sumiu da rotação: jogou um só minutinho. Em uma curva contrária esteve o ala Nikola Kalinic. De apenas 22 anos, a revelação do Estrela Vermelha teve seu maior tempo de quadra no torneio justamente nas oitavas de final, com 21 minutos. Se você for conferir suas estatísticas gerais, poderá falar a respeito dos 26 minutos que teve contra os egípcios. Mas essa não conta, tá? Fiquemos combinados. E a curiosidade que constatamos fica justamente pelo fato de ele não ter participado só de um confronto. Justamente com o Brasil.

Sinceramente, tentei verificar se foi alguma virose, gripe ou ataque de rinite, mas não consegui descobrir. Ainda que as chances de um Brasil x Sérvia nas quartas de final fossem altas, não dá para imaginar que Djordjevic tenha escondido o jogo na ocasião. Caso seu lateral não tenha enfrentado nenhum problema médico, talvez o técnico simplesmente considerasse que não teria papel para ele naquela partida? Vai saber. Não imagino, francamente, que ele vá repetir essa estratégia, depois do que o rapaz fez na grande vitória sobre os helênicos.

Kalinic anotou 12 pontos em 21 e ainda somou quatro rebotes e duas assistências. Mais do que os números, conta a velocidade e o arrojo que ele entregou para sua equipe, brindando o público em Madri com as seguintes jogadas:

Gostaram?

Não é todo dia que um atleta vai colocar Ioannis Bourousis ou um Kostas Papanikolau num pôster. E aí o Kalinic me faz isso de uma vez! No mesmo jogo, no mesmo tempo, com fal-e-cesta. Lances impressionantes que podem ser comemorados, mesmo, e que, segundo Bogdan Bogdanovic, encheu o time de confiança no intervalo. Mas não só isso: são duas jogadas que mostram o potencial do ala. Ele deu mais agressividade, mobilidade e opção de contra-ataque para seu time para ajudar a derrubar uma das melhores campanhas do torneio até então.

Só precisa ver se todo dia é dia. Tirando os 11 pontos que fez contra o Egito, o ala havia somado apenas 11 contra Espanha, França e Irã, mas tentando também apenas quatro cestas , acertando três delas. Quer dizer: as chances que teve, aproveitou, mas  a) parece não haver muito espaço para ele no time; b) talvez ele seja mais tímido, disputando apenas seu segundo torneio adulto com a seleção, vindo de 2,8 pontos por média no Eurobasket; c) ou que ele esteja sujeito realmente aos preceitos táticos de Djordjevic.

Se Kalinic estiver antenado, envolvido com o time, tem o tipo de capacidade atlética que vai requerer algum cuidado da defesa brasileira vai ter de lidar caso o sujeito seja, mesmo,e escalado. Fica o mistério, agora com menos de 24 horas de estudos dos técnicos, e a Sérvia precisando escolher qual cartada vai dar.


Duelo com a Sérvia escancara buraco na base brasileira
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Giancarlo Giampietro

Raduljica, sete anos depois, volta a enfrentar Brasil no mata-mata

Raduljica, sete anos depois, volta a enfrentar Brasil no mata-mata

Quando a bola subir na quarta-feira, pelas quartas de final da Copa do Mundo, não será a primeira vez que o armador Stefan Markovic e o pivô Miroslav Raduljica vão enfrentar o Brasil num mata-mata de torneio Fiba. Sete anos atrás, ainda adolescentes, no Mundial Sub-19 eles levaram a melhor contra em uma semifinal que acabou em vitória tranquila dos balcânicos, 89 a 74.

Para quem clicou imediatamente no link acima, já deu para ver os dois ficaram, respectivamente, 26 e 23 minutos, em quadra, contribuindo com 12 pontos, 7 assistências e 6 rebotes. Números regulares. Mas vale o destaque, mesmo, estatístico daquele jogo é a quantidade de brasileiros presentes na seleção nacional que derrubou a Argentina no domingo passado: 0. Isso mesmo: ze-ro.

José Neto está na seleção principal em 2014. Dos garotos, poucos chegaram perto

José Neto está na seleção principal em 2014. Dos garotos, poucos chegaram perto

Quer dizer, se formos considerar o assistente técnico José Neto, temos ao menos um – ele era o treinador daquele time. Daquela geração era de 1988-89, dos quais foram pinçados os 12 representantes para aquela campanha (?) histórica, hoje todos eles com 25 e 26 anos,  nenhum jogador conseguiu se desenvolver a ponto de entrar na lista final de Rubén Magnano para competir por uma medalha na Espanha.

Quem chegou mais perto disso foi o ala-pivô Rafael Mineiro, que disputou o Campeonato Sul-Americano deste ano, como peça integral da rotação, com médias de 6,2 pontos e 4,8 rebotes. Da seleção B, Raulzinho e Rafael Hettsheimeir foram chamados para compor o grupo principal.

Embora não tenha conseguido dar o grande salto, o talentoso Mineiro é um caro caso de atleta que conseguiu alguma continuidade em sua carreira internacional desde o Mundial Sub-19. Desde, então, ao menos conseguiu jogar três Sul-Americanos, mais que o grande nome daquela categoria: Paulão Prestes. O pivô participou só de um Sul-Americano – ironicamente, em 2006, anterior ao torneio de base. Os problemas físicos de Paulão estão bem documentados, guiando uma trajetória de altos e baixos. Foi muito bem cotado na Espanha, acabou draftado pelo Minnesota Timberwolves (algo muito difícil e não pode se perder de perspectiva), mas se lesionou demais e teve problemas com a balança. Chegou a ser pré-convocado por Magnano em duas ocasiões e hoje é a grande aposta do Mogi, ao lado de Shamell.

De resto, temos o ala Betinho em São José, com média de 13,6 pontos, 2,0 assistências e 32,5% nos três pontos em sua carreira no NBB, o ala-pivô Rodrigo César no Uberlândia e o pivô Romário no Macaé. Outro que chega ao NBB agora é o armador Carlos Cobos, de dupla nacionalidade (Espanha e Brasil), criado na base do Unicaja Málaga ao lado de Paulão, e que também não conseguiu se firmar na Liga ACB. Ele acabou de acertar com o Franca de Lula Ferreira, que ao menos vai fazendo esse trabalho de prospeção, tentando recuperar alguns dos garotos espalhados por aí.

Contando: foram citados, então, seis atletas daquele time sub-19, 50%. O restante, para termos uma ideia, é até difícil de rastrear. Luiz Gomes, que hoje é um dos motores por trás do Mondo Basquete – um site bem bacana para você visitar –, fez esse trabalho hercúleo no ano passado, já constando uma geração verdadeiramente perdida.

Thomas Melazzo, fora do basquete

Thomas Melazzo, fora do basquete

Cauê Freias, autor da cesta da vitória contra a Austrália de Patty Mills nas quartas de final, e Bruno Ferreira, o Biro, estão no Caxias do Sul e devem disputar a Liga Ouro, Segunda Divisão do NBB. Houve quem tenha parado e largado o esporte: o ala Thomas Melazzo, que tinha um potencial absurdo, hoje é personal trainer, aparentemente vivendo em Salt Lake City, terra do Utah Jazz. Se alguém souber do paradeiro dos demais, por favor, caixa de comentários aberta abaixo.

Dia desses, no Twitter, o mesmo Luiz Gomes estava especulando a respeito, apontando algumas promessas  de então e hoje na elite. Muitos deles classificados para os mata-matas de uma Copa do Mundo, na elite. A Sérvia já escalou o ala-pivôs Marko Keselj e Milan Macvan na fase decisiva do Mundial de 2010, para se ter uma ideia. No time de hoje, tem Markovic e Raduljica e ainda conta com mais cinco jogadores que teriam idade para disputar aquele torneio, mas só ganhariam visibilidade mais tarde.

Já a França apresenta quatro nomes de seu time sub-19 que bateu o Brasil na disputa pelo bronze: o armador Antoine Diot, o ala Edwin Jackson, o pivô Kim Tillie e um certo Nicolas Batum. O pivô Alexis Ajinça certamente estaria na Copa do Mundo, não tivesse pedido dispensa. Até mesmo os Estados Unidos, com sua produção de talentos incomparável, tem um representante de 2007 aqui: Stephen Curry! Daquele elenco, destacam-se também nomes como DeAndre Jordan (Clippers), Patrick Beverley (Rockets) e Michael Beasley (Marte).

Entre os demais quadrifinalistas da Copa, para ser justo, é preciso dizer que a Espanha só tem um atleta daquela jornada: o ala Victor Claver. Lituânia e Turquia? Nenhum. A Eslovênia não havia se classificado.Mas também é preciso dizer uma coisa sobre os lituanos: sua atual seleção conta com cinco jogadores nascidos depois de 1988 (o ano-limite para inscrição naquele Mundial): Adas Juskevicius, Sarunas Vasiliauskas, Mindaugas Kuzminskas, Donatas Motiejunas e Jonas Valanciunas – os dois últimos simplesmente as maiores apostas dessa tradicional potência. Já os turcos têm três: o caçula Cedi Osman, de apenas 19, além de Furkan Aldemir (cujos direitos na NBA pertencem ao Sixers) e Baris Hersek.

Nessa categoria, de atletas de 26 anos ou mais jovens, também se enquadram os argentinos Facundo Campazzo, Nícolas Laprovíttola, Tayavek Gallizzi, Matías Bortolín e Marcos Delía. A Austrália contou com seis: Dante Exum (19), Brock Motum, Cameron Bairstow (23), Matthew Dellavedova, Ryan Broekhoff (24) e Chris Goulding (25, este convocado para aquele Mundial Sub-19). Já os Estados Unidos possuem apenas um jogador nascido antes de 88: Rudy Gay, e só.

No Brasil, com 22 anos, Raulzinho é a figura solitária. Rafael Luz acabou preterido no último corte, enquanto Augusto Lima dançou já no Sul-Americano. Uma decisão bastante sensata poupou Bruno Caboclo dessa. Já Lucas Bebê foi deixado na geladeira, depois da escapada do ano passado. Ao menos o filho do Raul vem sendo utilizado com regularidade por Rubén Magnano, contribuindo para valer hoje – e ao mesmo tempo ganhando uma experiência extremamente valiosa para o futuro. Agora, fora isso, a seleção que joga na Espanha, a mais velha do Mundial, é apenas para agora e agora.

Obviamente que a base do elenco de Magnano é fortíssima, não sobram vagas. Como acontece com a Espanha. Agora, na periferia do plantel, será que não dava para encaixar? Depois de uma vitória contra a Argentina, na iminência de um confronto com a Sérvia, pode ter gosto de chope aguado todas essas lembranças. Nesta semana, as preocupações dos envolvidos com o jogo ficam realmente direcionadas só para a quadra. Fora dela, porém, nos escritórios da CBB, o tema já deveria estar na mesa há tempos. Sem precisar que a figura até folclórica de Raduljica, nesta quarta-feira, servisse como recado.


Brasil vence 75% de um jogo de xadrez e se posiciona bem para playoffs
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Giancarlo Giampietro

Marquinhos, o cestinha, Krstic, o inoperante: dois personagens da vitória brasileira

Marquinhos, o cestinha, Krstic, o inoperante: dois personagens da vitória brasileira

OK, vamos estourar de cara: o fato e o nome do jogo foi Marquinhos. O ala se sentiu como se estivesse no ginásio da Gávea, tranquilão para matar 21 pontos e liderar o ataque brasileiro numa dura e importantíssima vitória sobre a Sérvia pela Copa do Mundo.

Foi 81 a 73, mas poderia ter sido mais. Ou pior, com triunfo para os próprios sérvios, dependendo de uma série de detalhes, que vamos destrinchar logo mais. Antes, explica-se o valor deste triunfo.

Não só significa que os brasileiros venceram dois times europeus nesta primeira fase, como também garante o segundo lugar e assegura um posicionamento, digamos, confortável nos playoffs, pensando longe. Basicamente: evita que eles se deparem com a poderosa Espanha numa eventual quartas de final. Isto é, se chegarem a esta etapa, vão ter, em teoria, um adversário mais fraco para entrar na disputa por medalhas.

Para garantir esse posto, foi preciso passar por um jogo de xadrez. Ou, num populacho, o jogo de gato-e-rato. Partidas de basquete no mais alto nível tendem a ser encaradas deste modo – a não ser no caso em que o adversário é tão superior, que não há artimanhas para desbancá-los. Não era o caso nesta quarta-feira.

Nenê complica a vida de Krstic: pivô sérvio, antes uma estrela no mundo Sérvio, foi limitado a 7 pontos (2/9 nos tiros de quadra) pelos pivôs brasileiros, excelentes marcadores

Nenê complica a vida de Krstic: pivô sérvio, antes uma estrela no mundo Sérvio, foi limitado a 7 pontos (2/9 nos tiros de quadra) pelos pivôs brasileiros, excelentes marcadores

A Sérvia, vejam só, veio para a quadra com uma formação monstruosa de grande. Três pivôs de 2,08m para cima, dois deles pesos pesados, procurando minar o garrafão brasileiro: o inigualável Miroslav Raduljica e o esforçado, mas limitado Vladimir Stimac. Quis descer a marreta no jogo interior e mastigar o aro. No primeiro tempo, deu certo: 9 rebotes ofensivos e 13 lances livres descolados!

Sucesso, né?

Necas. Nada disso: o Brasil venceu por 48 a 32 antes do intervalo. Seria o suficiente para dizer que o jogo estava ganho? Como vocês podem perceber pelo placar final, também não.

Para a segunda etapa, os adversários voltaram do intervalo com uma formação bem mais baixa, leve e técnica, com três armadores – em vez de três armários. Esse time fez a vantagem brasileira se evaporar em cinco minutos (foi 16 a 6 de cara). Rubén Magnano não intercedeu, eles foram pontuando, pontuando, pontuando, até que viraram o placar e chegaram a abrir sete. Os balcânicos começaram a se movimentar muito bem sem a bola, exigindo atenção e agilidade dos brasileiros – o que não acontecia. Foram quebras e quebras defensivas sucessivas, com Huertas envolvido em muitas dessas. É um problema constante no jogo do brasileiro, sabemos.

E o que acontece? Aparentemente senhora de si, a Sérvia voltou a concentrar, canalizar o ataque em seus pivôs. Foi um ajuste bem camarada do técnico Sasha Djordjevic, um dos grandes armadores dos anos 90, mas que priorizou as bolas previsíveis no mano-a-mano para um ancião o trombador Raduljica e um Nenad Krstic irreconhecível de tão lerdo.

Splitter, por conta própria, colocou no bolso o gigante Raduljica. O pivô, que vinha atacando com eficiência nesta Copa, com média de 15 pontos e 59,4% nos arremessos, produziu bem pouco (11 pontos e 5 rebotes, mais quatro turnovers). Seu repertório é feito basicamente de tranco, intimidação físicos e semi-ganchos lentos e mecânicos que só.

O único problema que essas investidas forçaram foi o acúmulo de faltas por parte dos pivôs brasileiros. Nenê ficou pendurado com quatro. Splitter chegou a cometer duas no primeiro período, mas teve sua situação muito bem monitorada pelo técnico argentino. Quando voltou para a quadra no quarto final, estava suficientemente resguardado para contestar o sérvio com vigor, coragem e, muito mais relevante, inteligência. Guardou posição, sem partir para o roubo ou o toco, cavou duas faltas ofensivas e deixou que o oponente se atrapalhasse sozinho. A retaguarda estava resolvida, também com boa participação de Larry para fiscalizar Milos Teodosic (14 pontos e 5 assistências em 25 minutos, saindo do banco).

O figuraça Raduljica não foi efetivo contra os grandalhões brasileiros

O figuraça Raduljica não foi efetivo contra os grandalhões brasileiros

Do outro lado, Marquinhos estava em tarde inspirada. Ele já havia matado suas duas primeiras bolas de longa distância no quarto inicial e carregou essa confiança para os momentos decisivos. Puniu a defesa sérvia nos instantes em que ficou desmarcado e teve a melhor pontuação individual de um brasileiro neste torneio.

O ala foi bem assessorado por Leandrinho no primeiro tempo (11 pontos em 16 minutos, terminando com 16 em 28, sem jogar nos minutos derradeiros) e pelo próprio Splitter no quarto final (10 pontos, 7 rebotes e 6 assistências, com seus deslocamentos irrevogáveis fora da bola e muita visão de quadra – foram deles os dois passes para bombas de três de Marquinhos que diminuiriam o placar de 67 a 60 para 67 a 66). É o tipo de rendimento que o Brasil vai precisar nessa campanha e muito mais sustentável que os tiros de fora de Marquinhos (não dá para esperar que ele vá desafogar o jogo com 6 acertos a cada 9 tentativas, convenhamos).

A combinação dos tiros de fora com o jogo interior é sempre a mais adequada para o jogo de meia quadra e funcionou muito bem, enfim, no quarto período. Se der para atacar em velocidade, em transição, tanto melhor, como aconteceu no primeiro tempo impecável.

O desafio agora é atingir a consistência. Dessa vez o que descambou foi a defesa numa parcial. Somando os primeiro, segundo e quarto períodos, o Brasil teria permitido apenas 41 pontos ao adversário. Excelente. Mas acabou tomando 32 no terceiro, com falhas que não vinham acontecendo.

De qualquer forma, o Brasil, que foi mais time em 75% do jogo, escapou com sua preciosa vitória. Nesta quinta, vai treinar contra o Egito. Depois, é hora de voltar jogar xadrez, mas com a pressão de que cada jogada em falso pode valer a eliminação.


O 2º dia da Copa do Mundo: coisas estranhas acontecem
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre o Irã, clique aqui.

Neste domingo, o Mundial flertou um pouco mais com acontecimentos estranhos. Enquanto o Brasil treinava contra o Irã, Senegal derrotava Porto Rico, para conquistar sua primeira. Por 20 minutos, nossos irmãos angolanos davam uma canseira na Lituânia, até que arrefeceram no segundo tempo. E a Turquia… Bem, a Turquia nos deu o…

O jogo da rodada: EUA tomam um beliscão
Ao final do primeiro tempo, com os turcos vencendo por 35 a 30, ficava aquela sensação no ar: será que vai acontecer isso, mesmo? Será que o Team USA pode realmente perder logo na segunda rodada da Copa, para a Turquia, mesmo? A equipe de Ergin Ataman conseguiu amarrar o jogo nos 20 minutos iniciais, dominando os rebotes, desacelerando as ações em quadra e movimentando bastante a bola. Na defesa, salpicou uma zoninha aqui e ali, que confundia os impacientes norte-americanos.

Na volta do intervalo, porém, veio o atropelo: 63 a 37 para os rapazes de Coach K, que voltaram do vestiário babando de raiva. Pressionado, o treinador, aliás, manteve seu quinteto inicial por muito mais tempo – segurando no banco, por exemplo, um Derrick Rose pior que nulo.  Houve um lance no início do terceiro período em que três atletas ao mesmo tempo fizeram falta em Asik. Era ianque caindo de um lado para o outro no tablado, num esforço que derrubou o ataque adversário. Os desarmes e contestações resultaram em contragolpes e desafogo. James Harden também assumiu o controle do ataque, na sua melhor forma: quando joga de modo agressivo, mas seguro ao mesmo tempo (14 pontos + 7 assistências). É habilidoso demais no drible, e ninguém do outro lado estava preparado para brecá-lo. Kenneth Faried e Anthony Davis passaram a dominar o garrafão. Os dois ágeis pivôs terminaram com 41 pontos, enterrando tudo e qualquer coisa por cima dos grandalhões mais pesados da Turquia.  Com todos correndo de modo alucinado, saía uma atrás da outra:

A surpresa: Senegal vence

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Bom, para vocês terem uma ideia do tamanho da surpresa neste recinto, tinha os porto-riquenhos como candidatos a azarões nesta Copa do Mundo. Sabe-tudo, né? A lição que fica: nunca aposte suas fichas  em Porto Rico. A segunda: nem leve muito a sério o que está sendo escrito aqui. Óbvio.

Depois de levarem marretada da Argentina na primeira rodada, José Juan Barea e Carlos Arroyo foram praticamente eliminados logo no segundo dia com uma derrota por 82 a 75. Não assisti. Seria meio difícil entender como uma seleção com dois armadores tão talentosos poderia perder para uma equipe que basicamente não tem armação. Mas aí já encontramos uma causa: os 11 minutos de jogo para Arroyo. O veterano, que fez uma temporada excepcional na Europa e estava, enfim, se entendo bem com Barea em quadra, sofreu uma grave torção de tornozelo, indo parar no hospital. Pode ser que nem jogue mais no torneio.

Além disso, os senegaleses oprimiram os caribenhos atleticamente. Ganharam a disputa nos rebotes (38 a 33), cobraram mais lances livres (27 a 17) e permitiram um acerto de apenas 43,8% nos arremessos de dois. Sem muito o que fazer perto da cesta, Porto Rico desandou a disparar de três, como culturalmente gostam: 29 chutes de fora, contra 42 no perímetro interno. Em sua estreia em competições Fiba, Gorgui Dieng segue impressionante: 18 pontos, 13 rebotes, 2 tocos e 2 assistências em 34 minutos.

Essa foi apenas a terceira vitória de Senegal nos Mundiais, a primeira contra um time de fora da Ásia e a primeira também numa partida que não seja pelo “torneio de consolação” – nos tempos em que se disputava o 15º lutar etc. Antes, o país havia batido a China por 89 a 79 em 1978 e superado a Coreia do Sul por 75 a 72 em 1998.

Deve ser legal!

Um causo
“Contra os argentinos beligerantes muito pior pior passou Dario Saric, que está bem conservado Nocionija (11 pontos), mas depois de uma de cotovelo de Argentina perdeu seis dentes, na verdade, implante, então ele procurou a mudança. Eventualmente Dario e tal de volta no jogo para estar nessa linha que selou essa grande vitória. Solução protética temporária para o problema Saric estarão disponíveis o mais tardar amanhã por um dentista local, mas sem ele é que ele será capaz de jogar.” Calma, ninguém saiu bebendo por estas bandas aqui na sede das Organizações 21, na Vila Bugrão paulistana. O parágrafo acima foi redigido pelo Sr. Tradutor Google, com base em relato do diário Vecernji , da Croácia. Se a gente juntar os fragmentos, dá para entender que o jovem Dario Saric teve a infelicidade de se deparar com o cotovelo de Andrés Nocioni num dos primeiros jogos do dia. Perdeu seis (SEIS!) dentes nesse… Acidente. Na verdade, os dentes perdidos já eram de um implante. Então, para ele, ficou elas por elas, de modo que voltou para a quadra e contribuiu na segunda vitória croata em duas rodadas: 90 a 85. Depois, foi ao dentista. Mas deve jogar nesta segunda, sem problema.

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

 (Outro causo
Pelo Grupo A, em duelo de rivais diretos pela vaga, a França se meteu em mais um jogo duro, a segunda pedreira em duas rodadas, mas saiu com a vitória sobre a Sérvia: 74 a 73. Um pontinho, convertido pelo pivô Joffrey Lauvergne em lance livre no último segundo. Até aí, normal. Não foi a primeira vez, nem a última em que um jogo de basquete é definido desta maneira. Acontece que, em papo com jornalistas sérvios– ele era jogador do Partizan Belgrado –, fez uma confissão: “Tenho de ser honesto com você, não sofri falta no final da partida”, segundo relato do popular tabloide Večernje Novosti. Será? O pivô Miroslav Raduljica já havia cantado a bola: “Perguntem ao Joffrey, ou para os árbitros. Não seria objetivo se tivesse de dizer algo”. Já o técnico sérvio Aleksandar Djordjevic mal se continha: “Estou irritado, e acho que com razão. Tudo o que foi duvidoso foi marcado contra nós”.)  

Alguns números
30 – A Argentina perdeu para a Croácia, mas não olhem para Luis Scola para tentar entender o que se passou. O pivô argentino marcou 30 pontos na derrota – a sexta vez que chegou a essa marca em um jogo de Mundial. Esse é para a história.  

26 – Na segunda rodada, Goran Dragic repetiu os 26 minutos da estreia. De novo: Phoenix Suns e Eslovênia chegaram a um acordo para limitar a utilização do genial armador. É algo que pode virar tendência para os próximos torneios, dependendo da sensibilidade e empenho na diplomacia de ambas as partes. Contra o México, o astro, que somou 18 pontos e 6 assistências, e nem precisou de mais, graças ao desempenho de seu irmão caçula…  

0 – Estávamos esperando por um grande jogo de Zoran Dragic nesta temporada de seleções, e ele finalmente saiu neste domingo. E foi um estrondo: o ala-armador marcou 22 pontos em 22 minutos num jogo tranquilo contra o México. Mas o destaque, mesmo, fica para sua linha de arremessos: 4/4 nos arremessos de dois pontos, 4/4 nos de três pontos e 2/2 nos lances livres. Sim, ele não perdeu nenhum arremesso na jornada.

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

 Andray Blatche: contagem de arremessos
42! – Depois de tentar 24 chutes na estreia contra a Croácia, o pivô mais filipino do Mundial maneirou em nova derrota, agora contra a Grécia: 18 chutes de quadra (6/15 de dois pontos e 0/3 de longa distância). Ele terminou com 21 pontos e 14 rebotes em 33 minutos, enquanto nenhum de seus companheiros tentou mais que sete chutes.  

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Não foi muito, não. Foram três pontos, todos em lances livres, em apenas 14 minutos. Em arremessos de quadra, foram 0/3 de longa distância, e só. Curva de aprendizado ainda pela frente para o adolescente grego.

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A Finlândia tomou um vareio contra os Estados Unidos na véspera, mas reagiu prontamente contra a Ucrânia. Para que acabar com a festa? Neste domingão, a farra foi a de sempre, como o armador Petteri Koponen nos mostra. Não importando o que acontecer daqui para a frente, os #Susijengi já levaram para casa o Troféu Joinha de Simpatia.

Miroslav Raduljica, um autêntico bisnagão sérvio,  judia do aro em Granada.


Libertem a fera, quer dizer, o Manimal! O jogador mais pilhado do Mundial – e olha que Anderson Varejão está em ótima forma…

O Team USA posou para a foto oficial no primeiro jogo de agasalho. Não pode. Tiveram de repetir hoje, com uma animação que só.


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