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Splitter faz seu melhor jogo nos playoffs e caminha para batalhas contra Gasol e Randolph
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Giancarlo Giampietro

Tony Parker, Kawhi Leonard e Manu Ginóbili foram os autores das jogadas decisivas para o San Antonio Spurs, enfim, eliminar o jovem e petulante Golden State Warriors na semifinal da Conferência Oeste, nesta quinta-feira. Mas uma das melhores notícias para Gregg Popovich foi a apresentação de Tiago Splitter nesta partida. A equipe texana venceu fora de casa por 94 a 82, num jogo que foi muito mais equilibrado do que o placar sugere, fechando a série em 4-2.

Tiago Splitter está de volta

Splitter desenferrujou contra o Warriors

Figura importante no esquema defensivo do Coach Pop, preenchendo espaços no garrafão, facilitando as rotações com seu posicionamento sólido, o catarinense dessa vez foi fundamental no ataque. Jogou por 31 minutos e terminou com 14 pontos, com seis cestas de quadra em oito arremessos, mostrando novamente toda a sua inteligência nos deslocamentos de pick-and-roll, se apresentando sempre como uma opção viável e de fácil encontro nos arredores do garrafão.

Mais importante, aliás, foi poder observar o pivô brasileiro se movimentando muito bem lateral e verticalmente, sem aparentar sentir nenhuma dor no seu tornozelo, depois da torção no tornozelo esquerdo durante o confronto com o Los Angeles Lakers pela primeira fase dos mata-matas. Bastante ativo, somou ainda 4 rebotes, 2 roubos de bola e 1 bloqueio, batalhando contra um limitado Andrew Bogut e o cavalar Festus Ezeli.

Splitter correu tão à vontade que, no primeiro tempo, chegou a matar uma bola em flutuação, feito Tony Parker, o que chamou a atenção de Jeff Van Gundy, comentarista da ESPN que não parece disposto a largar o cargo para voltar à liga como técnico. Van Gundy brincou que o pivô talvez seja o jogador mais alto na história da NBA a converter esse tipo de arremesso, daqueles que o jogador parte frontalmente rumo à cesta e chuta, digamos, à meia altura, ficando no meio do caminho entre um jump shot tradicional e a bandeja. Realmente. É um recurso raro para um homem de sua estatura (2,11 m), mas que consta de seu repertório há anos – e que, salvo engano, nem Dirk Nowtizki tem o hábito de fazer.

Depois de perder a primeira partida em San Antonio, o brasileiro teve atuações um tanto limitadas nos últimos quatro confrontos com o Warriors, mas com uma elevação constante de tempo de jogo – ele mal teve tempo de treinar no retorno de sua contusão. Ficou em quadra por 10, 19, 19 e 25 minutos, respectivamente, e, no geral, havia somado 18 pontos (4,5 em média). Era muito pouco, como provou nesta quinta.

Não tinha melhor hora para ganhar confiança. Pois a vida não será fácil nas próximas semanas…

*  *  *

A melhor dupla de pivôs da liga

Marc Gasol e seu novo irmão, Z-Bo

Vem chumbo grosso pela frente. O Spurs reencontra o Grizzlies pela primeira vez nos playoffs desde a dolorida eliminação na primeira rodada de 2011, uma derrota que chegou a por em dúvida a continuidade da base Popovich-Duncan-Parker-Ginóbili. Na ocasião, os texanos eram os primeiros cabeças-de-chave e caíram por 4-2, tendo perdido o craque argentino cedinho no embate.

Splitter estava em sua temporada de novato e recebeu pouquíssimo tempo de quadra. Nos mata-matas, porém, com dificuldade para brecar Zach Randolph, Pop acionou o brasileiro, que até correspondeu numa fogueira dessas. Agora o contexto é bem diferente. O brasileiro ganhou o posto de titular na primeira metade do campeonato e seguiu em frente. E o Spurs precisa, e muito, de sua energia e talento para tentar anular, ao menos, atrapalhar a conexão cada vez mais azeitada entre o Z-Bo e Marc Gasol, hoje o detentor do título de melhor Gasol da liga.

Os dois combinam muito bem, podendo alternar a posição no high-low em sucessivos ataques. E não importa quem está no topo ou embaixo no garrafão. O pau come do mesmo jeito. É provável que o catarinense tenha a incumbência de lidar com Randolph no início do confronto, deixando o Big Marc para Duncan. De todo modo, qualquer um dos dois seria um páreo duríssimo. Com Gasol, Splitter está mais habituado, devido ao passado de ambos na liga espanhola. Contra Randolph, ele não terá descanso em nenhuma posse de bola, como pode atestar Serge Ibaka, que cansou de apanhar  e, invariavelmente, saiu perdendo na disputa por posição nas imediações da cesta. Vejam isto aqui:

Não subestimem de modo algum o quão difícil é segurar o Z-Bo no jogo de corpo e o quanto essas trombadas minam/desgastam/torturam a longo prazo.


Lesão de Westbrook expõe limitações técnicas e táticas do Thunder
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Giancarlo Giampietro

OKC KO

Kevin Durant, Scott Brooks, e a eliminação

LeBron James entende perfeitamente. Chega uma hora que todo grande talento se depara com um limite.

Bem, obviamente o astro que vemos hoje vestindo o uniforme do Miami Heat é ainda superior àquele do Cleveland Cavaliers. Mais concentrado no jogo interior, com movimentos mais elaborados. Seu aproveitamento nos arremessos, de todos os setores da quadra, só cresce. O número de turnovers diminuiu. O de rebotes e assistências seguem volumosos.

Muito dessa evolução se deve ao seu maior comprometimento com o jogo, ou pelo menos com uma abordagem mais inteligente e agressiva em quadra. Mas não para nisso. Seu crescimento também passa pela criatividade de Erik Spoelstra. E o técnico se sente mais confortável em criar ao chegar para o treino e ver o alto nível dos atletas que Pat Riley reuniu em seu elenco.

Nos tempos de Cleveland, LeBron que se virasse com Larry Hughes, Donyell Marshall, Damon Jones, Eric Williams, Ira Newble e quem mais estivesse disponível de momento. Era uma dureza, um cenário que exigia ao máximo de seu protagonista. Uma situação que Kevin Durant, para surpresa geral, teve de enfrentar nos playoffs deste ano.

Surpreendente pois o Oklahoma City Thunder sempre foi considerado uma das equipes mais talentosas da NBA. Por um lado, seu plantel contava com três dos jogadores mais brilhantes da nova geração. O que estava ao redor deles, porém, talvez nunca tenha sido devidamente questionado ou avaliado. Afinal, estavam lá para complementar os jovens astros. Acontece que o clube primeiro se desfez de James Harden antes de a atual temporada começar, num movimento que hoje é um desastre. Para completar o estrago, Russell Westbrook sofreu uma grave lesão na primeira rodada dos mata-matas contra o Houston Rockets. Sobrou só Durant.

Reggie Jackson x Mike Conley

Reggie Jackson teve de fazer as vezes de Westbrook contra o Grizzlies

Só, mesmo.

O armador Reggie Jackson, substituto de Wess, fez o que pôde a essa altura de sua ainda jovem carreira – 13,8 pontos, 6,2 rebotes, 3,8 assistências e 50% de quadra, com lances que ora evidenciaram seu potencial, ora escancaravam sua inexperiência.

Serge Ibaka desapareceu no ataque por loooongos períodos, ressuscitou nos jogos finais contra o Memphis Grizzlies, mas se provou uma aberração atlética que é ainda muito limitada ofensivamente.

E o Kevin Martin, aquele que deveria suprir a pontuação do Sr. Barba no banco? Venerado pela comunidade estatística, foi bem durante a temporada, mas, nos playoffs, quando mais exigido na hora de a onça beber água, jogou feito um peso pena, no sentido literal e figurativo. Um sujeito com um basquete inócuo, com seu badalado aproveitamento de quadra despencando para 38%, sem bater para a cesta ou criar para seus companheiros.

De Resto? Melhor respirar fundo. A partir do momento em que foi marcado, Derek Fisher, 38, bateu o recorde informal de air balls estabelecido por Jerry Stackhouse pelo Brooklyn Nets – o veterano havia acertado seis de seus primeiros oito arremessos de longa distância contra o Grizzlies, em duas partidas, e terminou com 5 em 20 nas últimas três. Thabo Sefolosha ficou extremamente limitado ao perfil de “defensor-e-atirador-da-zona-morta”, para alguém que, quando despontava na Europa, se projetava como um atleta que faria de tudo um pouco em quadra. Jeremy Lamb e Perry Jones nunca foram acionados. E, se Nick Collison não consegue jogar por conta, o que dizer, então, de Kendrick Perkins e Hasheem Thabeet? Argh. (Perk e Fisher, especialmente, já passaram da hora.)

Kevin Durant x Marc Gasol

Chegou uma hora que Durant cansou de chutar diante da forte defesa de Memphis

Sobrou para o Durant, Por quatro jogos contra o Rockets e dois contra o Grizzlies, ele se virou bem, liderando sua equipe a três vitórias. Nos últimos três jogos da semifinal, porém, o gás foi acabando e a cabeça, pesando. Um cestinha completo, que ataca de todos os pontos da quadra com uma categoria e eficiência impressionantes, começou a amassar o aro, com rendimento completamente aquém de sua capacidade e histórico. Dos seus últimos 27 lances livres, acertou 18 – aproveitamento de 66,6%, algo que deixaria Dwight Howard feliz, mas não satisfaz um jogador que mata 88,4% em sua carreira e matou 90,5% na temporada. Nos tiros de quadra, a queda foi ainda pior: acertou apenas 15 arremessos em 48 tentativas (31,25%), comparando com 47,5% desde 2007-2008 e 51% neste ano.

Pior que é quase inevitável que apareça um herói disposto a criticar Durant, atirando ao vento aquela palavra de sempre: “amarelão”. Alguém que possa ignorar suas médias de 30,8 pontos, 9 rebotes, 6,3 assistências, 1,1 toco e 1,3 roubo de bola e que não descansou um minuto sequer nos jogos 4 e 5 e pôde respirar por 11 minutos entre os jogos 1 e 3. Como ele bem disse durante o confronto: “Acho que assumi mais a responsabilidade de pontuar, facilitar as jogadas e ir para o rebote. Claro que, quando você perde seu All-Star, sente falta. Mas não tem desculpa. Ainda temos de fazer o trabalho”.

Chega uma hora, todavia, que a exaustão é o seu maior oponente.

Mas não o único.

*  *  *

Scott Brooks conseguiu intensificar os esforços defensivos de sua equipe, que teve a quarta melhor retaguarda da temporada. Do outro lado, um rendimento ainda superior: tiveram o segundo ataque mais eficiente, perdendo do Miami Heat nesse quesito por um décimo. Dá para se questionar isso?

Curto e grosso? Sim.

Se o empenho e posicionamento defensivo de sua equipe são realmente invejáveis, o ataque deixa muito a desejar por ser tão rudimentar: passe para o Durant, passe para o Westbrook, e deixe que eles resolvam. Não é à toa que  apenas 16,7% de suas posses de bola durante a campanha 2012-2013 terminaram em uma assistência, a nona pior de toda a liga, enquanto o Miami Heat tem a terceira melhor (18,5%) e o San Antonio Spurs, a melhor (19.2%).

O time aposta tanto em sua duplinha que, por incontáveis minutos, acaba representando… A-ham… Pausa para limpar a garganta… A-ham… Acaba representando a epítome do estilo de jogo individualista que supostamente predominaria na liga. Porque é fácil, mesmo, cair na tentação, quando você tem dois craques como esses no mesmo quinteto. Seria apenas limpar um lado da quadra para deixar os dois monstrinhos agirem. Eles têm estilos diferentes: Wess passa feito locomotiva, Durant tem mais classe. Mas o resultado é mortal, invariavelmente.

Westbrook fez falta

Momento de despedida de Westbrook dos playoffs e uma revelação sobre o Thunder

Na maratona de jogos que é a temporada regular, nem sempre os times, especialmente as dragas de sempre, têm condições ou recursos para se preparar detalhadamente para um oponente. De modo que a capacidade individual de Durant e Westbrook pode desequilibrar e arrebentar com a concorrência facilmente. Quando chegam os mata-matas, a marcação fica mais apertada, os oponentes são estudados de modo minucioso. Para complicar, quando Westbrook foi para a mesa de cirurgia, levou em sua trouxinha 50% do ataque de sua equipe, que não passou dos 100 pontos sequer uma vez diante do Grizzlies.

Aí, ok. É a hora em que você fala que o Thunder estava enfrentado uma das defesas mais sufocantes da NBA. Justamente. Não chega a ser novidade nenhuma que um candidato ao título terá de enfrentar, em algum momento de sua campanha, um time que proteja seu garrafão tão bem como fazem os rapazes de Lionel Hollins (e David Joerger, seu coordenador defensivo, pouco falado).

Talvez com Westbrook as coisas tivessem sido diferentes? Pode ser. Mas, nem mesmo com a queda do armador Brooks resolveu mudar seu plano tático, resolvendo simplesmente substitui-lo por Reggie Jackson, na prática um novato para esse tipo de situação. De novo: ele foi bem, considerando o contexto, mas não representa de modo algum a ameaça que era Wess no mano-a-mano, ainda que apronte coisas desse tipo no contra-ataque (situação nem diferente do jogo cinco contra cinco):

Também podem alegar o seguinte: mas, gente, os caras foram vice-campeões do Oeste no ano passado! Sim, foram. Mas quem se lembra da reviravolta no confronto com o Spurs, na última final de conferência? A molecada do Thunder estava se metendo em uma enrascada, encurralados pelas táticas de Popovich, até que, de supetão assim, resolveram passar a bola.

Veja aqui um depoimento de Nick Collison no ano passado, retirado de um texto de nossa prévia encarnação, que detalhava o processo de crescimento pelo qual a equipe passava: “Temos esses caras que são os melhores no planeta em ir para a cesta, mas as equipes tentam tirar isso de nós, então temos de tomar a decisão certa com a bola. É um equilíbrio tênue entre ser agressivo e tentar pontuar, algo de que precisamos a toda hora, mas também fazer as jogadas certas. Estamos fazendo as jogadas certas nos últimos dois jogos”.

Durant se tornou um passador mais frequente,  ainda mais depois das lições que tomou de LeBron James nas finais, em treinos particulares e nas Olimpíadas. Na última temporada, concluiu 15,5% de suas posses de bola em assistências, bem acima dos 11,6% de 2011-2012 ou dos 9,7% de quando era novato. Quer dizer, o astro está fazendo sua parte. Falta, mesmo, uma proposta tática que incentive mais movimentação fora da bola, troca de passes no coletivo e ataques por ângulos diversificados.

Talvez seja o degrau que falte para o Thunder subir, desde que estejam inteiros e saudáveis. O problema é que nem os times conseguem completar a escalada, ainda mais num ambiente extremamente competitivo com o da NBA.  Um ambiente que pode roubar facilmente de Durant aquele sorriso antes constante e que desapareceu neste mês de maio.

“Nós sentimos a falta dele”, disse o ala, sobre Westbrook. Do Larry Hughes que não seria, mesmo.

*  *  *

Vejam o quadro:

Esses são os percentuais de arremesso de Kevin Durant durante toda a temporada. As cores vermelhas indicam os pontos em que seu rendimento é inferior ao da média da liga, enquanto o setor em amarelo representa algo na média e os verdes, acima.

Agora, no vídeo abaixo, para onde o cestinha caminha – ou é levado – na hora em que tem a bola em mãos, restando pouco menos de dez segundos, e o Grizzlies defendendo uma vantagem de apenas dois pontos?


Inconstâncias de JR Smith complicam o Knicks na semifinal contra o Pacers
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Giancarlo Giampietro

Charlie Kaufman escreveu dois dos roteiros mais cativantes e instigantes para filmes (nem tão) recentes (assim) de Hollywood: “Quero Ser John Malkovich” (1999) e “Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças” (2004), peças que investigam, tentam compreender o que se passa literalmente por dentro de nossas cabeças doentias. Isso e mais um pouco, claro, com humor e muita estranheza.

Brilho Eterno de uma Mente Sumida

Quem quer ser Charlie Kaufman?

Kaufman, nasceu em 19 de novembro de 1958 em Nova York, onde hoje deve estar perdido em seus devaneios, já que ele anda bastante sumido dos cinemas. Temos aqui um projeto que talvez lhe interesse: entender a mente de JR Smith. A película só não poderia se chamar “Confissões de uma Mente Perigosa”, uma pena. Já que esse é o título do primeiro filme dirigido por George Clooney, o qual ajudou a roteirizar também. Olhando a foto aqui do lado, dá para entender de onde vêm suas ambições introspectivas, né? (Leia-se: cara de doido da peste!)

Porque é difícil de compreender o que se passa com o maluquinho ala do Knicks.

Deixemos primeiro ele mesmo falar sobre seu péssimo desempenho na semifinal do Leste contra o Indiana Pacers, que lidera por 3 a 1: “Eu assumo a culpa por essa série toda. Estou deixando meus companheiros na mão, meus técnicos na mão, e não me sinto bem com isso.”

Um apanhado de números serve como uma boa radiografia para a má sensação que domina Smith no momento, com sua equipe voltando para Nova York a uma derrota da eliminação: mesmo marcando 13,3 pontos em 30 minutos, mas com um aproveitamentos horripilantes de 28,1% nos arremessos, queimando 16 chutes por partida para converter apenas 4,5, e de 64,7% nos lances livres. Em termos de eficiência seu índice despencou de 17,6 no duelo com o Celtics para pífio 6,6 diante do Pacers.

Mesmo que a defesa de Frank Vogel seja hoje muito mais forte que a de Doc Rivers, os problemas de Smith vêm do final da série contra os velhacos de Boston, mesmo – o que exclui também qualquer problema mais grave decorrente da febre que teve nos últimos dias. Sua má fase vem mais especificamente do episódio em que atingiu Jason Terry de maneira estúpida no terceiro confronto, uma atitude que resultou em sua expulsão de quadra e na suspensão de uma partida. Vamos lá: nos três jogos antes do gancho, 16,3 pontos de média, 43% de acerto. Desde então:  13,3 pontos, 28,8%.

“Acho que tivemos esse incidente com Terry na primeira rodada e talvez isso tenha feito ele perder o foco por alguns jogos, mas acho que ele está pronto para voltar ao seu nível”, disse o armador Pablo Prigioni, aquele que dificilmente vai ficar avoado em quadra, tentando dar uma força para o companheiro. Mas não rolou. O cara basicamente surtou.

JR Smith x Paul George

JR Smith não para de chutar

E não é a primeira vez em sua carreira, George Karl que o diga.

Smith nunca foi o cestinha mais certeiro. É capaz de criar diversas situações de arremesso por conta própria, com muita habilidade no drible e capacidade atlética, mas nem sempre se compromete com as melhores jogadas, daquelas que não abalam a saúde de seus treinadores. Peguemos seus números na atual temporada, por exemplo, a melhor desde que entrou na liga há oito anos, para sentir suas oscilações. Em novembro, teve médias de 14,2 pontos e 43,8%. Em dezembro, 18,1 e 39,5%. Em janeiro, 15,8 e 36,6%. Em fevereiro, 16,5 e 43%. Em março, 22,1 e 44,2%. Em abril, excepcionais 22 pontos e 48.3%. Uma loucura, que, ainda assim, não lhe custou o prêmio de melhor sexto homem do campeonato.

Há outros fatores que podem explicar tantos altos e baixos, obviamente. O quão bem o Knicks está atacando coletivamente, quem está jogando e contra quem se está jogando, sua forma física etc. São variáveis que afetam a todos. No caso específico de Smith, porém, esse rendimento inconstante vem de longa data e vai custando caro para um time que vai dependendo cada vez mais de Carmelo Anthony, uma vez que Amar’e Stoudemire mal consegue parar em pé.

“Quero que JR arremesse. Ele não pode abrir mão disso. Não quero que ele pare de procurar a cesta. Quero que ele continue agressivo”, clamou Carmelo. Enquanto Smith não souber o que se passa em sua cabeça, porém, fica a dúvida sincera de que a súplica do astro seja a realmente a melhor solução.

Será que Kaufman topa esse roteiro?

Encontrar um diretor seria fácil: Spike Lee está logo ali no Madison Square Garden.


Knicks diversifica ataque e resgata Carmelo Anthony para empatar série
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Giancarlo Giampietro

Melo no ataque

Carmelo ataca o grandalhão Hibbert em movimento

Em seus últimos quatro jogos, Carmelo Anthony havia arremessado 110 vezes. E acertado 35. Isso dá um aproveitamento de 31,8%, e não estamos falando de chutes de três pontos, mas arremessos de todos os cantos da quadra, incluindo os mais próximos ao aro.

Cruzes, hein?

Dos números acima, o número que assusta mais, acho, são as 110 tentativas. Média de 27,5 por jogo. Quer dizer, Melo estava, no mínimo, jogando por 55 pontos possíveis por duelo, sem contar os tiros de longa distância e os lances livres. Chuta, chuta, chuta, e chuta mais um pouco. Depois perguntam por que o Tyson Chandler tem dores nas costas. Vai pular tanto assim por rebote, vai. 😉

Mas é desta forma que o New York Knicks foi construído, mesmo. Seu plano de jogo vive ou morre por seu superastro. Felton vai ciscar aqui e ali para tentar abrir a defesa. Os chutadores vão se espalhar pelos cantos do ataque e o ala vai aparecer no “cotovelo” do garrafão para entrar em ação e gastar seu vasto repertório de movimentos.

O problema é que, de tanto recurso que o cara tem, por vezes o ataque da equipe pode ficar muito acomodado, estagnado, um prato cheio para boas defesas. Bota no Melo que ele resolve, ué. E a estrela gosta – tem a vocação de Oscar, Kobe, Jordan, Marcelinho neste caso, de atirar primeiro e perguntar depois.

Nesta terça, porém, na surra por 105 a 79, sobre o Pacers, igualando a série em 1 a 1, o Knicks procurou diversificar um pouco suas ações ofensivas e, enfim, resgatou seu cestinha do Pólo Norte.

Em vez de se contentar com jogadas de isolamento contra um defensor versátil e eficaz como Paul George. Em diversas ocasiões, mas, especialmente no segundo tempo, Felton e  Prigioni davam aquela enroladinha básica com a bola ao cruzar a quadra, enquanto o ala partia em direção a Chandler para uma série de corta-luzes diferentes – e Chandler, com sua envergadura e agilidade, é um dos melhores nesse quesito, daí que, se você for olhar sua linha estatística e dizer que, poxa, “fulano fez só oito pontos e pegou quatro rebotes”, pode correr o risco de julgar sua partida como ‘fraca’, ‘apagada’, quando há muitas outras formas de se contribuir para uma vitória no basquete.

Para ficar mais divertido, por vezes, o próprio Carmelo fazia um corta-luz prévio em cima do marcador de Chandler para, depois, receber a troca de favores do pivô, numa ação que pode deixar os defensores desnorteados, liberando o atacante por alguns segundos preciosos. O passe vem na mão e aí é caixa. Além disso, Anthony partiu para outros cantos da quadra e também procurou se desgarrar rapidamente, em movimento, em situações de transição, antes que a sufocante defesa do Pacers se recompusesse inteiramente.

Resultado: oele voltou a ter um a ter um volume de jogo altíssimo, com 26 disparos, mas com um rendimento bem mais palatável, convertendo exatamente a metade, aproveitando seu melhor posicionamento. Terminou com sua linha clássica de 32 pontos e 9 rebotes.

Se os chutes de longa distância no geral não caíram com a frequência desejada – foram apenas 10 cestas em 30 –, a (nem tão) simples reabilitação de Carmelo é uma notícia para o técnico Mike Woodson e o torcedor  (e cineasta genial nas horas vagas) Spike Lee.

Agora só resta mais uma expedição ao frio polar para recuperar JR Smith. Este ainda está com as mãos congeladas.

*  *  *

O que mais deu certo para o Knicks?

Na defesa, para tentar cortar o jogo interior potente do Pacers, Woodson resolveu atacar a raiz, com razão. Sua defesa pressionou bastante as linhas de passe e desestabilizou os limitados atletas de perímetro do adversário, que cuidaram muito mal da bola, cometendo 21 turnovers. Quatro atletas de Nova York tiveram dois roubos de bola – foram 11 no geral para equipe.

Esse abafa funcionou com perfeição do final do terceiro período em diante, quando os visitantes ficaram mais de dez minutos sem fazer uma cesta de quadra. Impressionante: sem saber o que fazer, a rapaziada tacava bolas desequilibradas de fora para amassar o aro do Garden. Foi essa sequência que tornou um jogo apertado em 36 minutos numa lavada ao final dos 48.

*  *  *

Pablo Prigioni teve um jogo perfeito: com 10 pontos, 4 assistências, 4 rebotes, convertendo todos os seus quatro arremessos, dois deles de longa distância, sem perder a bola uma vez sequer. A exigente torcida nova-iorquino aprovou e gritava “Pablo!” toda hora. Engraçado ver um veterano como o argentino virando mascote a essa altura da carreira.

*  *  *

Do lado do Pacers, a despeito de seus sete erros com a bola, impressiona a confiança com que Paul George vem se apresentando nos playoffs. Dá para perceber de cara por sua postura corporal, agindo com desenvoltura e firmeza em seus movimentos. Cresceu demais o rapaz na ausência de Danny Granger e com as tentativas, erros e acertos ao longo do campeonato.

 


Baixinho Nate Robinson supera rejeição da NBA e faz as vezes de Derrick Rose pelo Bulls
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Giancarlo Giampietro

Nate Robinson x Mario Chalmers

O Miami Heat não conseguiu parar o pequenino Nate Robinson. Série fica beeem interessante agora

No dia 24 de dezembro de 2011, Nate Robinson foi dispensado pelo Oklahoma City Thunder. Feliz Natal!!!

No dia 31 de julho de 2012,  ele assinou um contrato sem garantias com o Chicago Bulls, correndo o risco de ser dispensado a qualquer momento.

Nesta segunda-feira, dia 7 de maio de 2013, o baixinho carregou o ataque do Bulls para uma vitória surpreendente contra o Miami Heat na abertura das semifinais do Leste. Ele marcou 27 pontos, 9 assistências, pegou três rebotes e matou oito em 16 arremessos, tornando os acontecimentos citados nas datas cima ainda mais chocantes.

Como pode um sujeito com esse tipo de habilidade teri ficado na berlinda desse jeito?

Little Nate

Nate Robinson, quem diria, barbarizando nos playoffs da NBA

Bem, no caso de Robinson é até fácil entender, e não por causa de sua altura (1,75 m). Não são necessários nem dois ou três minutos de jogo para ver o quão explosivo, nos mais diversos sentidos, pode ser. Na verdade, tem dia em que um mero close do banco de reservas de Tom Thibodeau para ver a formiguinha atômica surtando.

Mas já foi muito pior. Ele tirou uma série de treinadores do sério com suas intempestividades e atos infantis em quadra e no vestiário – foi considerado, por exemplo, um caso perdido por Larry Brown e irritou até mesmo caras como Mike D’Antoni e Doc Rivers, que estão longe da fama de autoritários ou disciplinadores.

E, uma vez que um jogador qualquer pega esse tipo de reputação, a Rádio Fofoca nos bastidores da liga tende a ser inclemente. Que o diga Kenyon Martin, que teve de implorar por trabalho até o Knicks perder todos os seus pivôs e não ter a quem recorrer mais.

Daí que Robinson saiu de um contrato de mais de U$ 12 milhões por três anos assinado com o Boston para viver, nos últimos dois campeonatos, pulando de galho em galho, dependendo de que algum clube que estivesse disposto a se arriscar a adicioná-lo ao elenco. Depois de ser chutado pelo Thunder, foi contratado com um contrato não-garantido pelo Warriors. Depois, teve de passar pelo mesmo processo pelo Bulls.

O curioso é que ele já havia feito pelo Golden State uma de suas melhores campanhas, rendendo Stephen Curry do banco, ou assumindo o posto de titular, mesmo, quando o armador foi afastado devido ao seus preocupantes problemas de tornozelo. Em Chicago, manteve o mesmo ritmo, num reforço providencial para um time que sabia que não contaria tão cedo com Derrick Rose.

Robinson obviamente não está à altura do ex-MVP da liga. Mas, para um time desesperado por força ofensiva e, ao mesmo tempo, muquirana, foi considerado o reforço ideal – não se esqueçam: o baixinho já venceu o torneio de enterradas, poderia jogar futebol americano facilmente de tão forte e atlético e sempre teve facilidade para criar seu arremesso apesar da (falta de) estatura. Problemas de temperamento à parte, era um bom negócio.

(Vejam do que é capaz:

)

Thibodeau sabia com o que estava lidando, foi seu técnico em Boston. “Tinha um bom entendimento sobre quem ele é. Você tem de aceitar o pacote inteiro, e a parte boa prevalece diante da má”, disse o treinador, dia desses, depois de uma vitória dramática sobre o Nets, em tripla prorrogação, na qual ele anotou incríveis 34 pontos em apenas 29 minutos, torturando CJ Watson e Deron Williams.

Com esta produção, o Thibs não era doido de reclamar: as médias do ‘armador’ nos playoffs são de 17 pontos em 30 minutos, com aproveitamento de 50,5% nos arremessos, algo inédito em sua carreira. Ele não é o sujeito mais solidário quando tem a bola em mãos, com 3,6 assistências por jogo, mas o Bulls depende muito, mesmo, de sua criatividade para avançar. De modo que ele serve como bom complemento com Kirk Hinrich, Luol Deng e Jimmy Butler, outro que já vai ganhar seu próprio texto também. “Nate é a chave para este time”, disse o jovem Butler. “O ataque que ele traz do banco, o modo como ele pode facilmente mudar o rumo do jogo. Isso é grande para qualquer equipe, e é o que Nate vem fazendo para nós.”

Contra o Heat, embora tenha chutado oito vezes da linha de três pontos, conseguiu um bom equilíbrio em sua agressividade no ataque, batendo para dentro, furando uma defesa composta por adversários igualmente superatléticos, ganhando dois dez lances livres para cobrar – praticamente a mesma quantia que acumulou em toda a primeira rodada, 11, mas em sete partidas.

“Para alguém desse tamanho fazer as coisas que ele faz… Você precisa me dizer de um jogador abaixo de 1,80 m que seja melhor que ele, em toda a história do jogo”, avaliou Joakim Noah.

Mugsy Bogues, Spud Webb, Earl Boykins, todos eles podem ficar enciumados, mas, se Robinson continuar nessa tocada, vai ser difícil acusar Noah de camaradagem.

*  *  *

O Little Nate – ou Neitinho, Neitezinho, escolham – tinha um saco de gelo maior que sua cabeça, colado a sua face, na hora de falar com os repórteres depois do jogo. Num choque com LeBron James e a quadra, arrebentou a boca, precisando tomar pontos no vestiário. Imagine o drama. “Vamos logo”, disse ao médico. Voltou para o banco pouco antes do intervalo. Thibodeau surpreendeu – para os seus padrões, claro – e disse que iria apenas usar o jogador quando ele se sentisse pronto. “Estou pronto agora”, ouviu de resposta.

No final do jogo, estava prontinho mesmo para bagunçar, agora no bom sentido:

*  *  *

Contra o Nets, Robinson quase quebrou o recorde de pontos no quarto período de um jogo de mata-matas pelo Bulls. Com 23 pontos, ficou a apenas um da marca de… Bem, vocês tem três chances.

1) Não, não estamos falando de Rose.

2) Nem de Luc Longley!

3) Sim, Michael Jordan. Aquele da camisa 23. Jordan anotou 24 pontos no dia 12 de maio de 1990 contra o Philadelphia 76ers do então menos gordote Charles Barkley, que, mesmo assim, saiu vencedor de quadra.


Quebradiço, Andrew Bogut é jogador-chave no Warriors por trás do show de Curry
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Giancarlo Giampietro

Andrew Bogut, surpresa contra o Nuggets

Andrew Bogut, tentando jogar

Em um final de temporada com tantas lesões, nas suas anotações você começa a se preocupar não só com a técnica dos jogadores da partida a ser estudada, mas também com a saúde deles, usando de zêlo e humanismo. E, em termos de bem-estar, confesso que havia no QG 21 um grande temor pelo quebradiço Andrew Bogut.

Meu Deus, será que ele aguentaria o corre-corre que prometia a série entre seu Golden State Warriors e o Denver Nuggets? Será que ele teria ao menos a compahia de Dick Bavetta para caminhar tranquilamente ao seu lado durante algum jogo da série?

Bogut não deu a mínima para a piada, claro.

Mesmo manquitolando, ainda sentindo um tornozelo que aparentemente nunca mais estará 2100%, deu um jeito de causar o impacto que o Warriors aguardava ansiosamente desde que fechou uma controversa troca no início de 2012. Enquanto isso, Monta Ellis já está de férias, podendo ou andar de mobilete em algum rincão do Mississipi, ou matutando com seus agentes qual decisão tomar a respeito da próxima temporada.

Na hora de pensar no Warriors, é difícil ir além de Stephen Curry e o bombardeio que ele promoveu para cima dos indefesos jogadores do  Nuggets. Com média de 24,3 pontos, 9,3 assistências, 2,2 roubos de bola, 43,4% nos três pontos e 100% nos lances livres, o show foi todo dele. Mas, para que o armador extremamente talentoso possa seguir brilhando nos playoffs da NBA, carregando sua equipe no ataque, é imperativo que o time californiano tenha o pivô australiano minimamente em forma, para balancear as coisas do outro lado da quadra.

Jogando no sacrifício, sim, sem poder saber ao certo o que terá para entregar noite sim, noite não, Bogut teve um desempenho mais do que satisfatório considerando o basquete anêmico que ofereceu durante as 32 partidas (contadinhas) que teve no campeonato 2012-2013. Suas médias foram de 8,2 pontos, 10,3 rebotes e 2,3 tocos em controlados 27,7 minutos. Não é muito – ainda restaram 20 minutos para o emergente Mark Jackson preencher em sua rotação, seja com Carl Landry, com o gigantão Festus Ezeli ou com o calouro-veterano Draymond Greene. São três atletas interessantes, que apresentam habilidades diferentes para o pastor Jackson, mas o melhor, mesmo, é ter Bogut em quadra, né?

“Para ser justo, ele não é 100 por cento agora”, disse o técnico. “Quando ele está com o corpo vivo, ativo, se sentindo bem, nós ficamos confortáveis com o que ele faz em quadra. Algumas noites, ou alguns dias, porém, obviamente, são obviamente um desafio para ele.”

Por mais que a defesa do Warriors tenha melhorado sensivelmente nesta temporada, sendo a 13ª mais eficiente da liga – o que provavelmente não acontece desde os tempos em que Nate Thurmond trombava com Jabbar nos anos 70 –, nos mata-matas o australiano pode dar ao time uma presença muito mais sólida em sua retaguarda. Ainda que esteja com a mobilidade comprometida, o Aussie tem envergadura, tempo de bola, leitura de jogo e é um excelente e inteligente comunicador, podendo orientar alguns de seus companheiros mais inexperientes e cobrir por eles quando necessário.

Além disso, numa comparação com o massa-bruta Ezeli, Bogut também merece muito mais respeito no ataque, ainda que George Karl tenha decidido pagar para ver em muitos momentos, num erro de cálculo. Tá certo que o veterano não fez nada pelo Warriors em míseros 32 jogos, flertando com atuações dignas de Andris Biedrins. Mas não custava ter enfrentado o cara nos primeiros jogos para sentir quem estava do outro lado. Quando foi se mexer o técnico do Nuggets, promovendo JaVale McGee para o quinteto inicial, talvez fosse muito tarde. O adversário teve média de 63,2% nos arremessos, um salto qualitativo considerável, se aproveitando das brechas propiciadas pela atenção desprendida a Curry, Jack e Thompson no perímetro.

Jackson e o Warriors só podem esperar agora que este Bogut esteja em ação nesta segunda rodada. Porque a batalha no garrafão vai ficar significativamente mais complicada, com o tal de Tim Duncan pela frente.

*  *  *

Mobilidade comprometida, e tal, e de repente baixa o santo no gigante australiano, que aprontou isso aqui jogo 4 contra o Nuggets:

 *  *  *

Bogut, por algum motivo, escapa com frequência da lista das primeiras escolhas infelizes que tivemos na década passada. Vindo da universidade de Utah, sensação nos Mundiais de base em sua categoria, ele convenceu o senador Herb Kohl, dono do Bucks, de que era o cara certo para o pick 1 de 2005 por suas habilidades, digamos, políticas – se apresentou de terno para a entrevista com o milionário e usou sua retórica de modo confiante, passando a imagem de um franchise player. Durante os anos, contudo, o excesso de lesões o privou de qualquer chance de justificar seu status. Ele saiu dois postos na frente de Deron Williams e a três de Chris Paul. Além dos dois geniais armadores, Andrew Bynum (10), Danny Granger (17) e David Lee (30!) já foram selecionados para um All-Star Game nesta classe.


Símbolo do Bulls, Joakim Noah tem atuação histórica e já tira o sono de Chris Bosh
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Giancarlo Giampietro

JoJo esmaga!

Joakim Noah, ame-o ou ame-o

 

Sabe quem não acordou nada feliz neste domingo?

Chris Bosh.

O ala-pivô do Miami Heat, na real, já deve ter ido deitar na noite de sábado com a cabeça cheia, já que, nos próximos dias, vai ter de encarar ao menos quatro jogos de encheção de saco, de esforço máximo exigido quando soube queprecisaduelar com este animal que atende pelo nome de Joakim Noah. Veja a foto acima.

O pivô é um dos queridinhos do blog, mas, num campo (beeeem) mais amplo, ocupa um lugar especial no clube dos personagens mais odiados da liga, com suas bravatas, o comportamento estridente em quadra. Dos mais detestados desde que, claro, você não jogue ao seu lado. Pois quem não vai gostar de tê-lo como companheiro? O sujeito é quem em média mais corre em quadra em quadra: são cerca 4,4 km por partida!

E não tem fascite plantar que segure, pelo jeito. No sacrifício, Noah batalhou durante seis partidas contra o Brooklyn Nets e, na noite deste sábado, foi brilhante ao liderar o Bulls rumo ao triunfo no único “Jogo 7” da primeira fase dos playoffs 2013 da NBA. Com apenas sete minutos de descanso, produziu 24 pontos (com 12/17 nos arremessos), apanhou 14 rebotes e, para completar o serviço, ainda deu seis tocos em uma atuação que certamente entra no rol das mais memoráveis da história de uma laureada franquia. Ainda mais épico depois de ele ter anunciado ainda em Chicago, ao final do sexto jogo, que sua equipe venceria, sim, na próxima oportunidade. Cojones.

Porque, sim, Noah pode ser brilhante. Quer dizer, vamos recomeçar: ele é brilhante.

Muito pouco de seu jogo pode ser considerado plástico, embora ver m gigante de mais de 2,10 m puxar contra-ataque em alta velocidade como ele faz não seja das cenas mais comuns de se ver por aí. Mas tudo bem: entre as categorias dehighlights que costumam render notoriedade no marketing da liga, dificilmente ele vai se enquadrar. Vez ou outra o pivô pode emplacar uma enterrada na cara de alguém em algum top 10 de jogadas. Só não espere ver uma contagem regressiva dos “melhores rebotes da temporada!”, muito menos um clipe com “as melhores recuperações na defesa de um pick-and-roll 2012-2013!” etc.

Não basta ter coração. Ajuda, mas, para se tornar um defensor especial, daqueles que influencia drasticamente o andamento de uma partida, o jogador precisa ser minimamente inteligente e entender qual o seu papel em esquemas complexos como os de Tom Thibodeau. Noah domina em absoluto esses conceitos, com um posicionamento impecável na cobertura da turma do perímetro, fechando o garrafão, forçando o adversário a ruminar outras soluções enquanto o cronômetro não para. E é pela defesa que Thibs, que se firma entre os melhores técnicos da liga e o seu Bulls vão avançando, mesmo sem Derrick Rose, Luol Deng, Kirk Hinrich, Rip Hamilton e Vlad Radmanovic. Ops, esqueçamos este último.

Ganhou contra o Nets o time de mais camisa, mas também aquele time mais determinado e instruído, que não vai se dar por derrubado jamais, e que tem em Noah seu principal símbolo, por mais que a estrela da companhia seja Rose.


Estratégia de faltas intencionais naufraga, e Thunder se vê pressionado por reação do Rockets
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Giancarlo Giampietro

Asik paga na linha de lance livre

Asik dessa vez encarou os lances livres e definiu vitória do Rockets sobre o Thunder

Tudo começou, que eu me lembre, com o “Hack-a-Shaq” conduzido pelo endiabrado Don Nelson em seus tempos de Dallas Mavericks. Sem ter um pivô capaz de ao menos fazer cócegas no mamute dominante do Los Angeles Lakers, ele não tinha dúvida. Que se descesse a marreta nele, com Shawn Bradley, Danny Fortson, Wang Zhizhi e qualquer outro sujeito acima dos 2,00m  de altura para tentar travar tanto o pivô como seu poderoso adversário como um todo.

O Shaq ficava fulo, desnecessário dizer.

KG x Shaq

Era difícil parar Shaq no auge…

Bem, muito provável que algum técnico diabólico da NCAA já tivesse empregado essa estratégia bem antes, mas a expressão “Hack-a” acabou eternizada por Nelson, mesmo.

Muitos, a partir daí, seguiram essa trilha. Gregg Popovich, em especial. Dwight Howard, Ben Wallace e todos esses caras que não conseguiam chutar nem 51% direito da linha de lances livres estavam entre as principais vítimas. Até que o próprio Pop viu o Oklahoma City Thunder de Scott Brooks usar do mesmo plano contra o Spurs, mais especificamente um certo Tiago Splitter, no ano passado, e com sucesso. Desmoralizaram o brasileiro, que não estava nem um pouco habituado a isso. Relembre como foi aqui, em nossa encarnação passada.

Pois Brooks tentou aprontar mais uma dessas nesta terça-feira. Vendo seu time em posição desfavorável contra o insurgente Houston Rockets, com 12 pontos de desvantagem no início do quarto período, o treinador se humilhou e ordenou que seus jogadores fizessem falta atrás de falta no pivô Omer Asik.

O turco tem média de 52,7% na carreira, mas elevou seu aproveitamento para 56,2% neste ano. Ainda baixo, mas bem melhor que os, glup!, 45,6,% do ano passado.

Mas, antes de seguirmos em frente, pausa para uma viagem no túuuuuunel do tempo.

Beeeeem amigos! Estamos falando direto de Istambul, acompanhando as emoções do Mundiaaaaaal de basquete de 2010. É semifinal! Turaquia, os donos da casa, contra a Sérvia, uma potência! Haaaaaja coração, muito equilíbrio em quadra! Acontece neste momento um episódio lamentável com Omer Asik, o gigante turco que precisa encarar seu drama na linha de lance livre, diante de sua torcida. O pivô sofreu falta debaixo da cesta. O placar está apertado. Ciente de seu arremesso horrendo, o pivô não teve dúvida, minha gente. Depois de alguns segundos, se fingiu de doente terminal para ser retirado da partida. E deu certo a manha! Em seu lugar, entrou o armador Ender Arslan, ótimo chutador, que colocar sua equipe com três pontos na frente, restando pouco mais de um minuto de jogo. Pode isso, Arnaldo?!

Reveja essa pasmaceira toda no… Hã… documentário abaixo, altura do minuto 4min30s. É patético:

Agora voltamos a 2013, dia 1º de maio, nos confins do estado de Oklahoma, felizmente.

Dessa vez o turco decidiu encarar a linha de lance livre com muito mais dignidade, algo que lhe faltou em 2011 e falta também a Brooks – o sujeito me apela a uma tática dessas em seu próprio ginásio? Que horror. Tomou um belo castigo: Asik matou 13 em 18 tentativas no geral – dos quais foram11 em 16 no quarto final! Bom para um aproveitamento de 72,2%, sacramentando a vitória do Rockets.

O Rockets agora começa a cafungar para cima do Thunder. Uma eventual varrida do time de Kevin Durant agora se transformou num 3 a 2  incômodo, com a série retornando a Houston para o sexto jogo na sexta-feira. Esperando, talvez, que Brooks tenha tomado uma lição.

*  *  *

Por mais despreszível que seja a tática de faltas intencionais, houve um dia em que ela foi engraçada. Com Popovich barbudo, playoffs de 2008, Shaq vestindo o uniforme do Phoenix Suns (algo ainda bizarro cinco anos depois, aliás). Com cinco segundos de jogo, Michael Finley agarra o pivô no meio da quadra. Cinco segundos! Ninguém entende: a equipe de transmissão, os árbitros, O’Neal, até que a câmera pega o treinador do Spurs sorrindo e com os dois polegares erguidos: “Thumbs up!”. Era uma piada:

Voltando agora a Oklahoma City. Esse quinto jogo da série valeu, mesmo, como O Retorno de James Harden. Que partida fez o Sr. Barba. Depois de uma partida atroz em Houston, na qual obteve um double-double que ninguém quer fazer (15 pontos e 10 desperdícios de bola!), ele se recuperou com 31 pontos e oito rebotes no triunfo por 107 a 100, silenciando a torcida que já vibrou com muitas de suas cestas. Ele converteu dez em 16 chutes de quadra, sete de nove em três pontos. “Um caracará de olhar sanguinolento”, diria um colega que cobre o Congresso em Brasília. Confira:


Blake Griffin é a última adição a uma vasta lista de enfermos nos playoffs da NBA
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Giancarlo Giampietro

Marc Gasol x Blake Griffin, Memphis Grizzlies x Los Angeles Clippers

Blake Griffin é a última adição a uma tortuosa lista de enfermos da NBA

Blake Griffin entrou em quadra um pouco mais tarde que os companheiros de Clippers, sem nenhuma explicação. Bateu bola normalmente, procurou agrediu também como o de costume no primeiro quarto, mas ele simplesmente não conseguiu ser o mesmo durante a quinta partida da série contra o Memphis Grizzlies, que conseguiu a virada, fazendo 3 a 2 com uma grande vitória em Los Angeles.

Acontece que o (outro) clube de Los Angeles havia conseguido um milagre até esta terça-feira: na era de fontes anônimas amplificadas por Twitter e comunicação instantânea,  esconderam por mais de 24 horas o fato de que o ala-pivô era dúvida para a partida e que, se fosse para jogar, seria no sacrifício, devido a uma grave torção de tornozelo que sofrera na véspera. O jogador pisou no pé de Lamar Odom durante um exercício de garrafão e teve de se submeter a tratamento até minutos antes do confronto. Daí o atraso. Pois esse milagre, o da recuperação em tempo recorde, o clube não pôde fazer.

Uniformizado, mas nada pronto, foi limitado a apenas 20 minutos no total, seis no segundo tempo, e ainda encontrou um jeito de contribuir pelo menos com quatro pontos, cinco rebotes e cinco assistências, mostrando que sua mínima presença já atraía a defesa do Grizzlies, podendo, então, servir aos seus companheiros com sua habilidade mais subestimada: a visão de jogo/passe. Mas simplesmente não era o mesmo Blake Griffin: ele não bateu um lance livre enquanto esteve em quadra e penava com o jogo físico de Zach Randolph.

O astro do Clippers é apenas o caso mais recente – porque, pelo jeito, não dá pra falar em “último caso” – de lesões que vão interferindo de maneira direta e assustadora nos playoffs da NBA.

Se formos vasculhar o elenco dos 16 times que chegaram ao mata-mata, difícil encontrar alguém que esteja realmente 100%.

Vamos lá:

OESTE

– O Oklahoma City Thunder perdeu Russell Westbrook possivelmente para o resto dos playoffs devido a uma ruptura de menisco, tendo passado por uma cirurgia no sábado. Detalhe: a aberração atlética do Thunder nunca havia perdido um jogo sequer em toda a sua carreira, incluindo colegial e universidade, devido a qualquer tipo de problema físico.

Spliter is down

Splitter: tornozelo e desfalque

– O San Antonio Spurs precisou juntar os cacos ao final da temporada, com Tony Parker e Manu Ginóbili baleados. Eles parecem bem agora, mas o clube texano tem sorte de ter varrido o Lakers rapidamente para poder ficar um tempo a mais descansando e reabilitando Tiago Splitter, que sofreu uma torção de tornozelo esquerdo e perdeu o fim da primeira série. O clube espera que ele possa voltar para a segunda rodada.

– O Denver Nuggets já não conta mais com os serviços de Danilo Gallinari, cuja campanha foi encerrada ainda na temporada regular também por conta de danos em seu menisco. Além disso Kenneth Faried sofreu a sua própria torção de tornozelo, perdeu o primeiro jogo contra o Warriors e só foi lembrar nesta terça-feira o maníaco que é, subindo para cravadas e rebotes de tirar o fôlego.

– No Memphis Grizzlies, Marc Gasol tem de medir esforços para não agravar um estiramento muscular no abdome.

– O Golden State Warriors perdeu o ala-pivô David Lee por todo resto de campanha, devido a uma lesão muscular no quadril. Além disso, não pôde escalar o ala Brandon Rush durante todo o campeonato por conta de um joelho arrebentado.

– Se você for falar de lesões com Mike D’Antoni, o técnico do Los Angeles Lakers, é melhor tirar o lenço do bolso e se preparar para um dilúvio. Kobe Bryant estava fora de ação por conta de uma ruptura no tendão de Aquiles. Steve Nash precisou tomar injeções peridurais para enfrentar o Spurs, com lesões musculares e dores nas costas. Seu substituto, Steve Blake, também ficou no banco por conta de uma lesão na coxa. Pau Gasol teve de se virar com uma fascite plantar e tendinite nos joelhos. Ron Artest voltou para quadra sem nenhuma força na perna devido a uma cirurgia de reparo no menisco.

– Jeremy Lin desfalcou o Houston Rockets no último duelo com o Thunder e é dúvida para o quinto jogo por conta de um músculo do peito.

Acha que é pouco? Vamos, então, ao…

LESTE

Dwyane Wade está com problemas no joelho, e o Miami Heat ao menos teve o luxo de poupá-lo do quarto confronto com o fraquíssimo Milwaukee Bucks, conseguindo assim a quarta vitória e a varrida.

– O New York Knicks enfrenta o Boston Celtics sem poder contar com Amar’e Stoudemire – embora ainda haja a esperança de que ele volte para uma eventual e bem provável semifinal de conferência. Pablo Prigiini perdeu um jogo da série com o tornozelo torcido. Tyson Chandler está com dores no pescoço e nas costas, com sua mobilidade claramente avariada.

Rose, de terno o ano todo

O mistério de Derrick Rose: irmão mais velho diz que armador está a “90%”

– O Indiana Pacers precisou apagar de seus planos qualquer contribuição que esperava de Danny Granger neste ano. Com tendinite no joelho, ficou em tratamento por mais de quatro meses, tentou voltar a jogar em cinco partidas em fevereiro, mas não tinha jeito mesmo. Mais um que foi para a faca. George Hill tem de maneirar em seus movimentos por conta de uma contusão no quadril que causa dores na virilha.

– O Chicago Bulls é como se fosse o Lakers desta conferência. Minha nossa. Derrick Rose ainda não passou um minutinho em quadra em uma longa, longa, loooooonga recuperação de uma cirurgia no joelho (ligamento cruzado). Joakim Noah vai mancando com sua fascite plantar. Kirk Hinrich estourou a panturrilha. Taj Gibson voltou contra o Brooklyn Nets de uma torção no joelho, mas sem danos mais sérios.

– No Atlanta Hawks, Josh Smith tem problemas no joelho e no tornozelo, Al Horford, na coxa, Devin Harris, no pé, e Zaza Pachulia fora do campeonato depois de passar por uma cirurgia no tendão de Aquiles.

– Por fim, o Boston Celtics não conta com Rajon Rondo (ligamento cruzado do joelho) e Jared Sullinger (cirurgia nas costas). Entre as diversas contusões de Kevin Garnett, a última a incomodar está no quadril.

Chega de tortura?

Tenho quase toda a certeza do mundo de que deixei escapar alguma lesão ou contusão neste balanço. E outra: essas são as questões físicas declaradas pelos times e jogadores. Vai saber o que cada um está escondendo no momento.

É realmente necessária uma reflexão por parte da liga a respeito. Sua temporada de 82 jogos chega a ser desumana, considerando o nível de esforço físico exigido no esporte hoje em dia.

Como seriam os playoffs da NBA se todos os times estivessem 100%? O Miami Heat provavelmente ainda seria o grande favorito ao título, tá certo. Mas a gente nunca vai poder realmente saber.

 


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Vida de Comentarista
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Chuckster x Metta World Peace

Primeiro foi Kobe a tirar onda. Agora o Ron Artest segue seu exemplo, virando comentarista de basquete no Twitter.

Aliás, duas coisas antes: 1) só Kobe para domar Artest, mesmo, tudo o que ele fala vira lei para o parceiro; 2) quando se aventurou como analista, o superastro de Los Angeles falou de tática, com um post atrás do outro durante a primeira das quatro derrotas do Lakers para o Spurs, enquanto Ron-Ron já preferiu se ater logo aos palpites sobre como será o desfecho dos playoffs. Quem é que dá duro nessa joça!?

Mas, bem, tem isso, então: os comentários do #mettaworldpeace para os mata-matas 2013 da NBA. E, se você esperava uma linha de raciocínio desbocada, intempestiva, se enganou. E muito, viu?

Para começo de conversa, Artest se concentrou nos palpites. Sem muita ousadia, “acredita que o Heat vai repetir”. Maaaas… “o Knicks (da minha casa New York City) vai empurrá-los para um jogo 7”.

E aí ele, num passe de mágica, encontra a conexão entre uma vitória num eventual sétimo jogo contra o Knicks para o Miami com… Shane Battier! Seria o homem a justificar sua aposta no time da Flórida. “Acredito que Shane é o decisivo na decisão (tradução mais que livre para “Clutch in the clutch”). Ele é o Sr. Decisão (“Mr. Clutch”), e, enquanto o Bron Bron cortar para a cesta e chamar atenção, Shane vai se beneficiar e produzir”, explicou.

Tem lógica, sim. Battier já matou partidas dessa maneira. Deixe estar.

Aí que, no Oeste, sim, Artest arriscou um palpite que foge um pouco do padrão. Foi de Clippers para cima deles! “Mas vai ser difícil. Creio que eles podem dar um jeito”, disse.

E, já que temos um novo comentarista no pedaço, Charles Barkley que se cuide, hein? Ouvindo a transmissão da TNT de noite, Ron-Ron ficou invocado com uma crítica do integrante do Dream Team sobre como o Lakers é hoje um time velho e que por isso não teria mais chance alguma de competir por títulos do modo como está construído.

Para expressar sua frustração, o ala, então, elaborou diversos posts sobre o assunto. Vamos colocar tudo junto aqui: “Esse comentário de Charles Barkley é falso, sobre jogadores velhos não conseguirem dar conta do recado. Se você olhar para Iman Shumpert e Derrick Rose, eles são jovens e talentosos jogadores que já se lesionaram. O San Antonio Spurs é mais velho e ainda dá conta. Tudo tem a ver com a química do time. Michael Jordan tinha 36 na última campanha de título deles”, discorreu.

Olha, difícil discordar do Ron-Ron aqui, gente. Com a maior imparcialidade do mundo. 🙂

(Lembrem-se, por exemplo, do Mavs campeão em 2011: Kidd, Dirk, Marion, Terry, Cardinal, Stevenson, Chandler, Barea… Um time de veteranos que se conectou durante o campeonato e partiu para uma inesperada conquista.)

Então, vejam, estava tudo indo muito bem, com argumentação séria, e tal. Até que ele perdeu a elegância e deu uma bofetada gratuita no Chuckster: “Charles Barkley nunca venceu então é duro  para entender o que é preciso para vencer”.

Viiiiiixeee. Um cruzado de direita no baço do basqueteiro que sonha ser pugilista em uma futura carreira.

Depois do ataque, Artest se retirou, se privou dos comentários por cerca de 20 a 25 minutos. Talvez para saborear sua dose de ácido lançada? Ou para sentir qual seria a reação de seus seguidores? Ou por que tinha cookies no fogão a ponto de ficarem prontos?

A gente nunca vai saber.

Mas, depois, desse silêncio profundo, ele retornou de modo triunfante, surpreendendo a todos com sua perspicácia. “Na verdade, eu gosto de Charles Barkley”, disse. “Mas eu tinha de responder sua declaração porque ele chamou minha equipe de velhacos ou algo assim. Meio engraçado.”

Sacaram o que estava por trás do ataque, então? Ele usou de uma polêmica envolvendo Barkley só para chamar a atenção para a defesa de seus companheiros de Lakers. Em pouco tempo de casa, o cara aprendeu a artimanha que fez a carreira de dezenas de comentaristas de TV – com a diferença de que, por aqui, hoje em dia, a polêmica pela polêmica já valeria.

Agora, como o assunto é Artest, as coisas não poderiam terminar sem algum pingo de estranheza, gerando mais um mistério. O que seria “meio engraçado” em seu post? O ataque/provocação dele? Alguma expressão de Barkley para zoar os velhinhos de LA? Ou de repente era algum episódio de “Family Guy” que estava passando em sua casa e não havia mais espaço para ele explicar?

De novo: a gente nunca vai saber – o que se passa na cabeça do anti-herói da NBA.