Vinte Um

Arquivo : Londres-2012

Não adianta se empolgar: Scola avisa que não vai ser seu último Brasil x Argentina
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Giancarlo Giampietro

Luis Scola gigante

Luis Scola ainda tem pique para jogar muito mais

Uma das narrativas que acompanha a Argentina neste torneio masculino é a suposta despedida da Geração Dourada, que, depois de Londres-2012, chega de Manu Ginóbili, de Pablo Prigioni, de Andrés Nocioni, de não sei quem mais. Em alguns casos, deve até acontecer de fato. Só não incluam o Luis Scola nessa.

Aos 32 anos, o ala-pivô, que já torturou a seleção brasileira em uma ou outra ocasião, avisa que não está preparado para se aposentar dos compromissos da Argentina, independentemente de quem o estiver acompanhando nas futuras batalhas. (E esse é o ponto que já doeu em muita gente por estas bandas tropicais: fez chuva, fez sol, os astros se apresentaram, os astros folgaram, e o camisa 4 estava lá, como uma constante, enquanto se acumulavam desfalques do outro lado.)

“Não me sinto velho. O tempo assa, e temos um grupo de caras que estão aqui há mais de dez anos, claro, e uma hora isso chega ao fim. Mas eu não vejo desta maneira. No decorrer do caminho, houve muitos caras que já não estão mais com nós, e outros que entraram durante a jornada. Isso vai continuar acontecendo. Em algum momento, todos os caras de 2004 vão ter ido embora. Mas eu espero jogar mais. Alguns novos vão chegar e tomara que continuemos competitivos”, afirma o craque do Phoenix Suns ao Sporting News.

Não tem tempo ruim para ele.

Em todos os contatos que tive com Scola, o argentino sempre se mostrou um entrevistado educado inteligente, ligado. Nunca se importou se era um brasileiro, um porto-riquenho ou um americano com o gravador na mão. Um cara legal. Se perguntarem para Tiago Splitter, a quem teve como um irmão mais novo por muito tempo em Vitoria, na Espanha, vão ouvir muito mais que isso.

Em quadra, o argentino é uma aula ambulante. Quantos centímetros ele sai no chão? Consegue pular uma caixa de sapato? Caso consiga, pouca diferença faz. Com os pés no chão, já levou para a escolinha adversários de todo o continente e de alto gabarito com seu movimento de pernas criativo e bem fundamentado. Primeiro, então, ele tenta limpar espaço tecnicamente. Se for o caso, também aguenta bem o tranco, fortaleza que é. Na pior das hipóteses, arruma as coisas na munheca, com suas mãos gigantes que controlam a bola com muita facilidade.

Esse problemão vai cruzar o caminho de Splitter e Anderson Varejão (e Nenê?) novamente.

Rafael Hettsheimeir

Rafael Hettsheimeir voltou consagrado de Mar del Plata, mas não pôde ir para Londres

No ano passado, foi Rafael Hettsheimeir, para surpresa de todo o continente, quem se virou melhor contra o veterano. Atacou com personalidade, se virou na defesa e feriu o orgulho do cabeludo. O rapaz se lesionou, passou por cirurgia e está fora agora. Que seus compatriotas mais badalados se virem, então.

Algo interessante para se observar: em vez de insistir com Juan Gutiérrez por muito tempo, Júlio Lamas tem adotado uma formação mais baixa, com Nocioni, Carlos Delfino e Ginóbili ao mesmo tempo em quadra, numa formação parecida com a dos Estados Unidos. Neste caso, ele empurraria Scola para um duelo com Splitter, e Varejão teria de ficar atento a Nocioni, que voltou a chutar com confiança durante o torneio.

Seria importante fazer uma boa marcação individual sobre Scola, para que os demais defensores não precisem se desligar de seus respectivos oponentes e contestem seus chutes de longa distância de modo apropriado.

*  *  *

Isso tudo para falar só de Scola. Melhor seria abstrair, então, os 20 pontos, 6 rebotes e 4,8 assistências de Ginóbili no torneio, né?

Magnano certamente adoraria. Mas não é o caso.

Alex vai perseguir o astro do Spurs pela quadra toda. Seu maior desafio no torneio. Ele tem capacidade para executar a missão, mas precisa tomar cuidado com excesso de agressividade e evitar faltas bobas em rebotes e fora da bola. O argentino é mais badalado, sabe vender (cavar) bem uma falta e vai tentar usar a arbitragem a seu favor. Se  o trio escalado for daqueles que vai para quadra como se fosse um baile de Carnaval, apitando sem parar, pode ser um problema.

Pelo que observamos dos amistosos em confronto direto e do torneio olímpico, Larry também deve ganhar seus minutinhos para testar o narigudo.

*  *  *

Tiago Splitter

Splitter também pode atacar Scola, ué

Escrever dessa forma sobre os dois craques argentinos pode passar a impressão de que eles são os favoritos para este duelo de quartas de final. Não são: trata-se de um confronto muito equilibrado.

A velocidade e a capacidade atlética, por exemplo, sempre foram um trunfo da seleção brasileira neste clássico. Contra a envelhecida Argentina, essa combinação pode desequilibrar ainda mais. Para isso, precisam forçar erros e chutes desequilibrados na defesa para ganhar o contra-ataque. Preparados para isso os jogadores foram. Magnano conhece bem demais os adversários e pode atacá-los em seus pontos fracos.

Se Scola dá muito trabalho de um lado, do outro, se bem municiados, especialmente em movimento, os pivôs brasileiros também podem aprontar um bocado, por serem muito mais ágeis e velozes.

*  *  *

Num caso de jogo equilibrado até o fim, teoricamente a seleção brasileira tem mais gás render. Por outro lado, não consigo imaginar um cenário em que, na hora de matar ou morrer, batalhadores como Scola, Ginóbili e Nocioni simplesmente arrefeçam e aceitem o maior vigor adversário.

 


Nas quartas de final, Argentina e o carma. E dava para ser diferente?
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Giancarlo Giampietro

Deu Brasil x Argentina nas quartas de final de Londres-2012. Mesmo.

E… Dava para ser de outro jeito?

Se é para conseguir sua redenção olímpica, para tentar redimir uma geração esculhambada durante toda a década passada, talvez todo o carma do mundo exigisse que tivéssemos esse clássico sul-americano pela frente, como vamos relembrar agora.

Não curto muito escrever em primeira pessoa: nós (nós quem, cara pálida?) contra eles. Mas vocês deem um passe-livre nesta ocasião, por favor:

Varejão x Oberto

O jovem Anderson Varejão disputa rebote com Fabricio Oberto – Rogério Klafke também estava lá

– Eles nos derrotaram no Mundial de 2002, em Indianápolis, onde seriam vice-campeões. A seleção ainda era treinada por Hélio Rubens, havia dois irmãos Varejão no garrafão, Tiago Splitter estreava com 17 anos, Nenê já estava fora, e dividiam a armação Helinho e Demétrius, hoje assistente do técnico, então deles, Rubén Magnano. O primeiro tempo terminou empatado em 29, mas os caras abriram boa vantagem no terceiro quarto e triunfaram por 78 a 67.

– Eles repetiram a dose no Pré-Olímpico de 2003. Um ano depois, se consagrariam como campeões olímpicos em Atenas. Em San Juan, Porto Rico, ajudaram a empurrar ladeira abaixo a seleção, agora com Lula Ferreira e renovada. Os ainda garotos brasileiros sofreriam mais três reveses – até para o México de Nájera! – e seriam eliminados. Aquele foi um jogo feio, arrastado e equilibrado do início ao fim, com 35 (!!!) desperdícios de posse de bola.

– Avançamos no tempo consideravelmente agora, ignorando a esvaziada Copa América de 2005, e chegamos a Las Vegas, 2007. Só jogatina e ressaca: nós sem Anderson Varejão, mas com Splitter já bem crescido na Europa e Nenê retornando após quatro anos, e eles sem: 1) Ginóbili, 2) Nocioni, 3) Oberto e 4) Herrmann, mas foram duas derrotas: uma pela segunda fase e a outra, valendo vaga olímpica, pelas semifinais. Este blogueiro aqui estava lá, ganhou muitos pontos na escala de animosidade com boa parte do atual grupo, num ambiente tumultuado e extremamente tenso. Luis Scola jogou demais, Delfino acertava tudo de fora, Kammerichs tinha o bigodão mais legal do basquete, e foram duas pauladas bem doloridas que custaram a demissão de Lula. What happens in Vegas, stays in Vegas, baby!

Marcelinho x Delfino

Em Las Vegas-2007, Marcelinho viu a Argentina de Delfino vencer mais uma vez

(- Agora estamos em 2009, com o tiozão Moncho Monsalve no comando, bem piradão, e voltamos a San Juan, pela Copa América, para enfim derrotar uma Argentina que tenha escalado o tal do Scola. Foi pela primeira fase, não tinha vaga em jogo, nem nada. Eles tinham apenas o ala-pivô número 4 e Prigioni de suas principais peças, enquanto jogamos com Varejão, Splitter, Huertas, Leandrinho, Alex e, sim, Duda! Injusto? O trauma era tão grande, que não importava.)

– Em 2010, Mundial de Istambul, ainda ouvindo instruções em espanhol, mas com um sotaque argentino: Magnano foi contratado para o lugar de Moncho. A seleção apresenta uma defesa combativa de um modo nunca visto nesta geração, quase derrota os Estados Unidos, mas é eliminada pelos caras nas oitavas de final. Foram 37 pontos de Scola, santamãe, com um quarto período, infelizmente, inesquecível. Para completar, Delfino e Jasen mataram juntos 21 pontos de longa distância. Nocaute.

–  Que tal lavar, um pouco, da alma, então, derrotando nossos arquirrivais logo na casa deles, em Mar del Plata-2011? Foi o que a seleção de um Marcelinho Huertas dominante na armação e de um Hettsheimeir surpreendente fez, não importando que os ícones da Geração Dourada estivessem reunidos por ali. Um triunfo que encaminhou nossa equipe para a primeira vaga olímpica desde Atlanta-1996. Já classificados, os dois times se enfrentaram, então, na final: de moicano, e ressaca das boas, a trupe perdeu por cinco pontos.

Não dá para dizer que é um tira-teima, né? Não depois de tantas derrotas assim. Apenas valeria se nos limitássemos aos confrontos do ano passado para cá, incluindo os dois (nada) amistosos deste ano, com acusação de roubalheira em Buenos Aires, mãos no vácuo na hora de cumprimentar por lá, empurra-empurra e dedos em riste em Foz do Iguaçu. Foram duas vitórias para cada lado.

Neste confronto, não precisa nem de análise de vídeo: nossos pivôs já estão cansados de enfrentar Scola. Ginóbili sabe muito bem como Alex é um pé na sacola na marcação. E por aí vai. São personagens que se enfrentam há dez anos – Marcelinho Machado, por exemplo, estava em todos os jogos listados acima.

Desta vez os times se enfrentam com o que têm de melhor, ou quase. Prigioni ainda não se recuperou de cólicas renais. Nenê sofre com dores crônicas no pé e, segundo Magnano, é dúvida.  Quem perde mais nesta? O Brasil perde um ótimo defensor contra Scola. A Argentina fica sem seu jogador mais cerebral.

Nas próximas horas, esses protagonistas todos podem tentar minimizar qualquer noção de rancor e tal. Splitter e Scola são muito amigos, por exemplo. O catarinense se dá bem pacas com Ginóbili em San Antonio. Magnano tem o respeito de todos do outro lado. Quando a bola subir, porém, lembre que há fortes recordações em jogo.


Teve entrega? Não importa: seleção faz sua parte, derrota Espanha e ruma ao mata-mata
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Giancarlo Giampietro

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase sobre poderosa Espanha

Vamos colocar assim: dá para considerar no mínimo curiosa a decisão de Sergio Scariolo de manter Marc Gasol sentado por seis bons minutos no quarto final. Ainda mais considerando o carnaval que ele e seu irmão mais velho, que ficou fora por cinco minutos, estavam fazendo na defesa brasileira, e Felipe Reyes não produzia nada. Sergio Scariolo chegou a parar o jogo com 8min05s para o fim, quando sua vantagem havia caído de 11 pontos para quatro. Teve a chance de chamar a cavalaria, mas manteve seu quinteto. Ele só voltaria a pedir tempo aos 4min17s, quando o Brasil assumiu a liderança após bola de três de Leandrinho.

A Espanha entregou o jogo, então?

Sei lá. Não dá para cravar.

E quer saber? De que importa?

Marc Gasol

Marc Gasol marcou 20 pontos, deu 4 assistências e acertou 7 de 10 arremessos e foi punido por Scariolo no 4º período?

Assim como atropelou a apática China na quarta rodada, a seleção tratou de fazer sua parte nesta segunda-feira.

Mesmo que não tenha feito sua melhor partida na defesa, a equipe de Magnano compensou com seu melhor rendimento no ataque, bateu – sem Nenê, diga-se – um adversário que era tido como a segunda principal força das Olimpíadas e só pode ir cheio de confiança para os mata-matas.

Em 40 minutos, a seleção cometeu apenas nove desperdícios de bola, num controle excepcional do ritmo da partida. Buscou os tiros de três pontos muito mais em jogadas pensadas do que forçadas – homens posicionados na zona morta para o disparo em contra-ataque equilibrado, com o passe vindo de dentro para fora, corta-luzes fora da bola para livrar os alas etc. Acertou, no total, 51,4% de seus arremessos de quadra, disparado seu melhor aproveitamento no torneio. (Ingoremos qualquer número que venha do coletivo contra a China, tá?)

Se os espanhóis se empenharam, ou não, para vencer o jogo, eles que respondam a sus compinches.

*  *  *

Aqui no QG 21, a opinião de uma só cabeça (quase) pensante é a de que, na real, faltou intensidade em boa parte do jogo para ambos os lados. Seria exagero dizer que, em alguns momentos de jogo, parecia muito mais um amistoso do que uma partida valendo algo nas Olmpíadas? Veja os números ofensivos combinados: apenas 25 erros cometidos e convertidos 51% dos arremessos de quadra (64 de 124). Não condiz com o histórico das equipes.

Huertas x Calderón

Huertas pôde descansar mais um pouco

Depois, em bate-papo rápido com o Murilo Garavello, gerente da casa aqui – e, nos bons tempos, um tratorzinho na hora de partir para a cesta, creiam –, ele levantou um ponto a ser levado em conta: com a classificação decidida, nenhum dos treinadores iria se submeter a um alto risco neste jogo. Faz sentido. Por que exatamente você vai gastar todas as suas energias, flertar com o limite para ter o direito de enfrentar França ou Argentina nas quartas?

Daí que, do lado brasileiro, essa pergunta é bem relevante, considerando que Nenê ficou fora do jogo nesta segunda. O pivô do Washington Wizards estava realmente incapacitado de jogar hoje ou foi meramente poupado, para preservar seu pé, para a batalhas maior que teremos na quarta-feira? Se for o segundo caso – como afirma Magnano –, sinal de que a seleção não encarou a Espanha como uma questão de vida ou morto. Mas também nem precisava.

(Se ele realmente voltou a sofrer mais do que a conta com as dores crônicas no pé, aí complicou um bocado. Está certo que nenhum time tem um jogo interior como o da Espanha neste torneio, mas não custa mencionar que Caio saiu excluído de jogo com cinco faltas em dez minutos.)

*  *  *

Primeiro contra a Rússia. Agora contra a Espanha. Os dois adversários mais fortes da chave. E dois jogos em que Marcelinho Huertas descansou por oito minutos no quarto período simplesmente pelo fato de que sua presença não era necessária em quadra. E dessa vez quem segurou o rojão foi o caçula Raulzinho, que jogou por 16 minutos e foi bem, com seis pontos, quatro assistências e muita energia contra alguns de seus conhecidos de Liga ACB. No quarto período, tendo Larry ao seu lado por três minutos, comandou bem uma sucessão de contra-ataques brasileiros, acelerando a partida para Leandrinho deslanchar – ele marcou 12 pontos em seis minutos.


Ao menos uma vitória para fechar a campanha melancólica das meninas. E agora?
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Giancarlo Giampietro

Érika tentou de tudo no torneio, mas ataque não funcionou

Bem, o placar de 78 a 66 sobre a Grã-Bretanha valeu realmente como uma vitória de honra. Ao menos uma vitoriazinha que seja para evitar o vexame de cinco derrotas em cinco rodadas em Londres. A seleção brasileira feminina deixou para fazer sua melhor partida no torneio, quando era muito tarde para qualquer coisa.

E agora?

Bem, vamos tentar juntar alguns cacos:

– Nunca vi uma seleção brasileira com um ataque tão pobre, mas tão mal arquitetado numa Olimpíada, mesmo com a presença de Érika no elenco, uma das forças ofensivas mais irresistíveis do basquete internacional (16,2 pontos na primeira fase, 56% nos arremessos e 75% nos lances livres). Com um dínamo desses ao seu lado, que pediu marcação dupla e muita ajuda durante toda a campanha, a equipe terminou com uma média de 38% de acerto nos chutes, ganhando apenas de Rússia (37%!?), Grã-Bretanha e  Angola nesse quesito. Indesculpável, ainda acrescentando na conta os 16,6 erros por jogo, quinta pior marca da competição.  Isto é: não conseguimos nem cuidar bem da bola, para retardar o ritmo da partida, nem atacar a cesta com eficiência e rapidez. Faltou movimentação, criatividade, inteligência e controle emocional. Direção, em suma.

– A defesa brasileira se comportou bem muitas vezes no torneio, mas em geral seu desempenho oscilou demais, ainda mais quando Érika se complicava com o excesso de faltas. Terminou com média contrária de 70,8 pontos (sendo que no ataque converteram apenas 65,8). Foi a quinta pior retaguarda do torneio, acima de Angola, China, Croácia e Grã-Bretanha. Vale uma ressalva, no entanto: chinesas e croatas tiveram de encarar os Estados Unidos na primeira fase. Descontando as sacoladas que tomaram neste confronto, suas médias seriam bem inferiores.

– As rotações foram muito confusas: o Brasil não sabia se queria jogar com uma equipe mais alto ou um quinteto mais baixo. Rendeu bem melhor quando apostava em velocidade em vez de tamanho, uma vez que os talentos de Damiris foram desperdiçados: a jovem ala-pivô ficou extremamente deslocada no perímetro exterior. Seu chute pode cair dali, mas essa é apenas uma faceta de seu basquete, que acabou estrangulado.

– Apostar em Joice como a substituta de Adrianinha não foi a melhor cartada. Por outro lado, quando as duas jogaram juntas, o time rendeu bem melhor, ganhando em velocidade e pegada. Essa combinação, no entanto, foi pouco  repetida durante a competição. Começar com Karla e Chuca nas alas teoricamente daria ao time um chute mais confiável, para abrir a quadra para Érika, mas não deu certo: acertaram muito mais aro do que redinha, não tinham poderio de rebote e cobriam pouco terreno na defesa.

– Para um país que ficou bem-acostumado por anos e anos de Paula, Janeth, Hortência, Alessandra, Leila, Branca e outras, normal considerar que esta seleção londrina estivesse muito aquém em termos de talento. De 1 a 11, a média não era alta realmente, mas ainda havia possibilidades a serem exploradas. Tinha talento ali, sim. De Érika é melhor nem comentar mais nada. Clarissa complementou bem sua parceira de garrafão, não se intimidando contra as diversas adversárias mais altas que encarou. Terminou com 12,6 pontos e 9,0 rebotes (mais até que a grandalhona). Jogadora de muito vigor físico, energética, tino para os rebotes que ainda toma algumas decisões equivocadas no ataque, pode ficar exposta na defesa em determinados duelos, mas, no geral, oferece muito mais do que tira. Damiris não é uma escolha de Draft da WNBA de graça. Franciele pareceu sem confiança alguma, mas ainda é uma atleta de primeiro nível. Quando não tinha a obrigação de conduzir a equipe, Joice jogou muito mais solta e causou impacto com sua velocidade e explosão.

– Não era nossa melhor fornada, ok, mas o que dizer do restante da concorrência? Austrália e Rússia não detonaram ninguém na competição. A França veio forte, mas também não pode ser considerado um rival realmente dominante. Apenas os Estados Unidos jogaram como superpotência. Então não me venham falar de grupo forte, que deu azar, que sei lá o quê.

– Por fim, a última desculpa, aquela básica: a de que formamos um time pensando  longe, no Rio-2016. Pelamor. A presença de Karla e Chuca, ambas de 33 anos, na lista final nos remete a esta pergunta: vamos tentar realmente emplacar o discurso de que este ciclo olímpico era apenas uma fase de experiência? Quatro anos de preparação exatamente para quê?

As duas alas tiveram, respectivamente, médias de 23min39s e 20min07s de quadra, posicionadas entre as cinco que mais jogaram pela Seleção, ao lado de Érika, Clarissa e Adrianinha, que se despediu da equipe, enquanto Tássia (3 jogos com 3min58s), Nádia (4 jogos com 8min24s), Franciele (4 jogos com 5min10s) e Damiris (5 jogos com 19min32s, a única efetiva na rotação), as mais jovens, ficaram entre as cinco que mais ficaram no banco, junto de Silvia. Desse grupo londrino, apenas essas quatro e Clarissa chegarão ao Rio abaixo dos 30 anos. Érika vai ter de 33 para 34. Que renovação foi essa?

 


Lavada contra a China, classificação garantida e armadilha a ser evitada
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Giancarlo Giampietro

Varejão marca Jianlian

Yi Jianlian foi dominado pelos pivôs brasileiros: apenas cinco pontinhos, três deles em lances livres

Para um time que ainda jogava por sua classificação, impressionou negativamente a pouca intensidade dos chineses neste sábado. Ressaca, ou não, a seleção brasileira não tinha nada com isso: se impôs desde o início e fez seu trabalho muito bem, obrigado, para vencer por 98 a 59.

Para garantir a classificação para as quartas, a equipe começou sua partida buscando o jogo interior, ufa, e viu aquele Tiago Splitter eficiente, ao qual se habituou nas últimas temporadas, executar bons movimentos, abrindo caminho para  uma boa diferença logo de cara. Com pivôs menores e mais leves, a China teve de encolher sua marcação e permitiu uma série de chutes de três pontos para os brasileiros, e dessa vez, livrinhas, as bolas caíram.

Não houve egoísmo também, tendo o time acumulado 27 assistências. Foram pouquíssimos os desperdícios de bola (6). A defesa não afrouxou em nada, continuou desestabilizando os chineses e forçou este desempenho pífio: nos primeiros 20 minutos, seu oponente somou seis erros e apenas uma assistência, por exemplo. Na segunda etapa, foi um treino.

(Agora um parêntese obrigatório, e que se tome cuidado com as armadilhas: foram 25 tiros de longe e 12 cestas, a maioria equilibrada, sem pressão alguma. Mas não achem os brasileiros que vão enfrentar uma defesa esburacada como essa em duelos com Espanha, França e Argentina. Fica o exemplo do comportamento dos Estados Unidos hoje contra a Lituânia, acreditando que a tempestade de três pontos que causaram contra a Nigéria se replicaria naturalmente.)

*  *  *

Só Leandrinho, Giovannoni e Alex ficaram em quadra por mais de 20 minutos, e raspando. Deu, então, até para Caio Torres e Raulzinho jogarem. Pelo andar da carruagem olímpica brasileira, a convocação do pivô do Flamengo parece cada vez mais deslocada: se era para ter um jogador para ser usado tão pouco no torneio, não era melhor investir em alguém mais jovem, mesmo?

*  *  *

Excluindo os jogos dos Estados Unidos, essa foi a maior vitória do torneio olímpico masculino, com 39 pontos de vantagem. A maior diferença até então havia sido da Argentina sobre a Lituânia: surpreendentes 23 pontos (102 x 79). Os argentinos também haviam vencido a Tunísia pelos mesmos 23 pontos (92 a 69).

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Agora o assunto que vai dominar as próximas 48 horas: ganhar, ou não, da Espanha, para evitar um eventual confronto com os Estados Unidos nas semifinais. Imagino que haverá muitos a torcer para uma vaga como terceiro colocado. Desta forma, evitaríamos também o clássico diante da Argentina nas oitavas. Bem… Para mim, não tem essa de entregar jogo. A bola está com Magnano.

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Duas notas sobre a China:

– Wang Zhizhi foi o primeiro atleta do país a jogar na NBA, contratado em 2001 pelo Dallas Mavericks, um ano antes de Yao Ming ser selecionado pelo Houston Rockets na primeira colocação do Draft que também levou Nenê para a liga norte-americana.

– Quem se lembra do técnico Robert Donewald Jr.? Ele foi contratado pelo ex-agente de Nenê e Leandrinho, Michael Coyne Jr., para trabalhar no Brasil na temporada 2005-2006 com o ala Marquinhos. Ele foi o treinador do time de São Carlos, do qual Nenê também participou na formação. Depois, ele ainda treinou Guarujá, antes de partir para a Ásia. Neste meio-tempo, Donewald trabalhou com Marquinhos e o pivô Morro, do Pinheiros, na preparação dos dois atletas para o Draft da NBA de 2006. O ala foi selecionado na posição 43 pelo Hornets.

 


Notas olímpicas: a fase de Carmelo e os problemas de Prigioni e Navarro
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Giancarlo Giampietro

Juan Carlos Navarro, de fora

De agasalho e cabelo novo, Navarro não ajuda muito a Espanha

Só para desafogar um pouco:

– Isso já vem lá de trás no Pré-Olímpico de Las Vegas-2007, mas nestas Olimpíadas está impossível: como o jogo de Carmelo Anthony se traduz para o basquete Fiba de maneira perfeita. Com a linha de três um pouco mais próxima, contra jogadores menos atléticos do que os que vê regularmente na NBA e os diversos astros ao seu redor, o ala da seleção norte-americana vira uma arma mortal toda vez que recebe a bola, não importando o ponto em que está da quadra. No mano-a-mano, ele pode girar rapidamente e fazer o arremesso. Pode driblar de frente para a cesta, frear e subir, devidamente equilibrado, para chutar sobre os braços estendidos do marcador. Se quiser, também pode levar seu oponente para o garrafão e exibir seu jogo de pés consistente e a base muito forte para chegar até a tabela e completar a bandeja. Então, fica aberto aqui o bolão: quando será que Melo vai errar uma cesta daqui para a frente no torneio?

– A aura de invencibilidade e a vaga previamente garantida na final para a Espanha foram para o buraco de vez com a derrota para a Rússia. Na verdade, sua imagem já estava tudo severamente arranhada pela campanha que vinham fazendo nesta primeira fase, bem mais fraca quando comparada ao que executaram no último Eurobasket com o time completo. Faz muita falta para a seleção um Juan Carlos Navarro inteiro. Com as Bombas caindo, fica mais complicado para o adversário se acertar: como parar seus chutes em flutuação, como subir a defesa até o perímetro e ter de conter ao mesmo tempo o jogo interior com os Gasol e Ibaka? Sem Rubio, sem Navarro, o time espanhol perde muita criatividade em seu ataque, além de dois jogadores que colocam pressão na defesa. Calderón é um ótimo jogador, mas seu jogo é muito menos vertical. Contra a Rússia, Navarro jogou por 23 minutos, mas foi pouco efetivo, com apenas nove pontos, uma assistência e 27% nos arremessos.

– Você imaginaria que o jovem Facundo Campazzo poderia se tornar o principal jogador da Argentina numa Olimpíada? Nem eu. O armador teve de batalhar até o fim para garantir seu lugar no grupo de Julio Lamas, concorrendo com Nicolás Laprovittola e, agora, se vê numa situação  de pressão, dependendo da condição física do veterano Pablo Prigioni. O armador, recém-contratado pelo Knicks, vem sofrendo com cólicas renais nos últimos dias, não deve nem estar treinando direito, e como esses percalços vão influenciar seu basquete para os mata-matas?

 


Seleção feminina agora perde para o Canadá e já não joga mais por nada em Londres
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Giancarlo Giampietro

Canadá elimina o Brasil

A seleção sofre a quarta derrota em quatro jogos, está fora e ainda pede tapa na cara (?)

Realmente não faz muito tempo: no dia 25 de setembro de 2011, em Neiva, na Colômbia, as  meninas deram um sacode no Canadá: 56 a 39, em jogo pela segunda rodada da Copa América, valendo a classificação para Londres-2012. A seleção brasileira, então com o técnico Ênio Vecchi, iria vencer o torneio sem dificuldade alguma. As canadenses tiveram de se virar contra Cuba na disputa pelo bronze e ao menos uma vaga no Pré-Olímpico Mundial deste ano.

Hoje, menos de um ano depois, as canadenses vencem esse mesmo confronto, mas dessa vez no comando do placar por quase toda a partida, até vencer por 79 a 73, garantindo seu lugar nos mata-matas e eliminado o velho adversário, que acumula quatro reveses em quatro rodadas.

Em setembro de 2011, tomamos 39 pontos no jogo todo. Em agosto de 2012, foram 39 já no primeiro tempo. O que mudou de lá para cá?

Bem, no Canadá não foi muita coisa. A simpaticíssima treinadora Allison McNeill segue orientando sua equipe, mesmo como rendimento fraco no torneio continental. Aliás, ela faz isso desde 2002. Em nota no site da federação canadense, é considerada um “ícone nacional, um tesouro e um recurso valioso” para o esporte.

Qual seria o paralelo hoje para Allison McNeill no mundo da CBB?

Érika domina, mas em vão

Érika: 22 pontos, 12 rebotes, 2 assistências, 2 roubos de bola, 2 tocos… E o Brasil nada

Alguém arrisca algum palpite?

De primeira assim não dá para apontar ninguém, convenhamos.

Continuidade é um príncipo de pouco prestígio por cá nos trópicos. Quando estamos falando de basquete feminino, então, vixe… Precisaríamos do auxílio de um historiador bem competente e que o sistema de busca online estivesse funcionando direitinho para recuperarmos as datas certinhas de tantas demissões executadas nos últimos anos.

Ajuda a explicar – um pouco ou muito? – por que motivo o Canadá, sem nenhum grande reforço, com a base de sempre, mas muito mais organizada, conseguiu se livrar de um antigo vantasma e, enfim, bater o Brasil. O quarto revés em quatro jogos das meninas. A segunda vitória em quatro rodadas para as canadenses.

*  *  *

Essa campanha lamentável, sim, explica bastante o descontrole das jogadoras ao final do confronto, reagindo mal a provocações (com espírito de porco, ou não) dos torcedores, e desferindo frases como “Dá um tapa na minha cara” aos jornalistas presentes. Foi o que disse a ala-armador Joice, por exemplo, na zona mista na qual estava presente Bruno Freitas, um dos enviados do UOL a Londres, e velho companheiro. No mínimo bizarro.

*  *  *

Sobre o jogo em si vamos tentar resumir de maneira breve: um primeiro tempo horroroso da seleção, apanhando feio, mesmo. Sem conseguir explorar Érika no garrafão, comendo poeira na defesa, um banho de bola das norte-americanas. No terceiro quarto, com Adrianinha e Joice bem adiantadas em uma defesa sobre pressão muito eificente, a seleção tirou toda a diferença, desestabilizou as canadenses e voltou para o jogo. Quando não conseguia bandejas no contra-ataque, tinha paciência para usar a força de Clarissa (um partidaço) e Érika (mais do mesmo, no sentido de dominante).

No quarto período, no entanto, tinha de maneirar, porque não há quem aguente também jogar pressåo tempo todo. Ok. Mas veio uma sucessão de erros: rotações difíceis de entender – em 30 segundos, mudávamos de uma formação baixíssima para uma gigante, instruída a seguir com a marcação adiantada, mesmo que fossem mais lentas que as adversárias no caso –, Adrianinha (justamente em sua melhor partida) esquecida no banco, a superpivô novamente ignorada, alguns chutes do meio da rua de Karla, e a crise do Canadá estava contornada.

E aí vemos o discurso de sempre: “O time lutou o tempo todo, mas caiu em uma chave difícil. Pegamos uma sequência muito complicada, com três grandes times nas três primeiras rodadas. E o time chegou desgastado física e emocionalmente hoje”, afirmou Tarallo.

Vai ver que a culpa é da sorte, mesmo.


“Monocelha” esquece uniforme e perde um tempo de jogo contra Nigéria
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Giancarlo Giampietro

Anthony Davis, orgulhosamente o Monocelha, e promissor novato da seleção norte-americana, cometeu um erro de calouro daqueles na partida em que sua equipe trucidou a Nigéria pela terceira rodada do torneio olímpico em Londres. No primeiro tempo, mesmo com o placar de 78 a 45 a favor, ele não conseguiu ir para a quadra. E isso não tem nada a ver com qualquer rigidez por parte do Coach K. Acontece que o jogaodr do New Orleans Hornets simplesmente se esqueceu de vestir seu uniforme completo. Estava devidamente agasalhado, tênis calçados, mas sem… A camisa oficial da equipe por baixo. Ele tinha apenas uma camiseta branca, lisa, e só, como Kevin Love revelou em seu Instagram. Será que ele teve de pagar alguma brincadeira depois? Veja na foto abaixo:

Anthony Davis, novato do Team USA, esquece a camisa no vestiário

Love já faz aquela bagunça com o novato Monocelha

No fim, Davis entrou em quadra já no início do terceiro período e jogou por pouco mais de 15min12s, marcando nove pontos e seis rebotes. Acertou seus quatro arremessos, que, na verdade, devem ter sido todas enterradas – os armadores do time se divertem horrores em preparar a ponte aérea para o pivô.


Em números: os recordes e marcas incríveis da surra dos EUA sobre a Nigéria
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Giancarlo Giampietro

EUA humilham a Nigéria no basquete

Reparem na cara de Chris Paul e Andre Iguodala olhando para o placar, provavelmente

Confesso logo de cara: estava limitado a acompanhar via Twitter (@vinteum21) as atualizações da surra dos Estados Unidos na Nigéria, enquanto aguardava a abertura da sala UOL (juro!) para ver o desfecho da trilogia de Christopher Nolan para o Batman. Ter esperado tanto tempo para assistir ao filme foi extremamente sofrido, acreditem, mesmo com a anestesia olímpica. Então não dava arrependimento algum de apenas ler sobre as façanhas de Carmelo Anthony e Ike Diogu – 😉 – e as infindáveis exclamações.

(Ok. Mentirinha: deu um pouco de remorso).

Não deu para ver o torpedeamento nigeriano, as cravadas, os contra-ataques, o talento e a capacadidade atléticas elevados a um nível de excelência.

De qualquer forma, mesmo sem ter assistido aos melhores momentos, os resquícios estatísticos desta vitória histórica são impressionantes:

– O placar foi de 156 a 73 (mais que o dobro). Os norte-americanos quebraram o recorde estabelecido pelo Brasil nas Olimpíadas de Seul-1988: 138, sendo que os adversários fizeram 85;

– A maior contagem de pontos de uma seleção dos Estados Unidos até então havia sido de 133 pontos, em Atlanta-96, contra a China;

– Os 83 pontos somados se tornaram a maior vantagem estabelecida pelo Team USA nos Jogos Olímpicos, superando os 72 contra a Tailândia em 1956: 101 a 29.;

– Outros recordes particulares dos ianques no jogo: 29 cestas de três pontos, aproveitamento de 71,1% nos arremessos (tem gente que nem no lance livre consegue isso), 59 cestas de quadra, 41 assistências;

– Esta é de matar a concorrência. Apenas uma equipe em toda a rodada desta quinta-feira conseguiu marcar mais pontos do que os 83 pontos de vantagem:  a Argentina, que bateu a Tunísia por 92 a 69;

– A maior diferença de pontos que o Dream Team de 1992 havia conseguido foi de 68 pontos, contra Angola, por 116 a 48. Para apimentar a polêmica aberta por Kobe Bryant, a média de pontos pela qual os Estados Unidos têm derrotado seus oponentes nas primeiras três rodadas das Olimpíadas é de absurdos 52,3 por jogo. Em Barcelona-92, a legendária equipe teve média de 48,0 pontos no mesmo período;

– Carmelo Anthony fez inacreditáveis 37 pontos em apenas 14 minutos. É algo realmente inconcebível, de achar que a gente digitou errado mesmo (uma piada que até mesmo a USA Basketball fez em seu Twitter durante o massacre, sem conseguir se segurar na gracinha). Se ele tivesse jogado os 40 minutos com o mesmo ritmo, poderia ter feito 102 pontos. Hehehe.

– De qualquer forma, ajudado por suas dez cestas de três pontos, Carmelo conseguiu se tornar o maior cestinha olímpico (em um só jogo) da história dos EUA, superando o infame Stephon Marbury, que chocou a Espanha em Atenas-2004 com 34 pontos, derrubando o time ibérico, então invicto, nas quartas de final. A maior pontuação individual em uma partida olímpica ainda é de Oscar Schmidt, com 55;

– Ike Diogu marcou 27 pontos pelos nigerianos, só para o caso de você adorar o ala-pivô;

Chega, né?

Sobre o Batman? Saí um pouco decepcionado da sessão. E dessa vez não tinha nada relacionado com o fato de ter perdido esse espetáculo.

Mesmo.


Uma derrota dolorida no fim para acelerar a educação olímpica da seleção
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Giancarlo Giampietro

Vitaly Fridzon faz acontecer

Vitaly Fridzon se contorce para acertar de três pontos com Leandrinho ao chão

Sendo o mais direto possível: se era para perder um jogo desta maneira, que seja para a Rússia na fase de grupos, mesmo. No fim, é mais um capítulo na educação olímpica da seleção brasileira, batendo de frente com uma grande equipe que também é candidata a pódio.

Para efeitos práticos, isso deve significar um confronto com a França nas quartas de final, em vez dos nossos amigos da Argentina. Numa eventual semifinal, evitaríamos o duelo com os Estados Unidos.

(A não ser que aconteça alguma zebra, entre as alternativas abaixo:

a)    Brasil perde para a China

b)   Brasil vence a Espanha

c)    Rússia vence a Espanha

d)   Rússia perde para a Austrália)

Vai ver que estava tudo planejado por Rúben Magnano, né?

(Brincadeira.)

E aquela bomba? Bem, a bola de Vitaly Fridzon – que tem fama de doido no basquete europeu, mesmo, e jura ser “especialista nessa bola” – foi milagrosa, certeira, daquelas que vai entrar em todos os compactos do torneio. E como fica? Você sente o baque na hora, perdeu o jogo, mas não pode deixar que esse impacto seja duradouro.

Os técnicos se reúnem no quarto, reveem a partida – haja tortura –, anotam o que deu errado, o que saiu de acordo com o esperado e preparam a equipe para a próxima partida. Para eles, não há muito o que prolongar na discussão dessa cesta incrível de Fridzon.

Ao tentar fugir do corta-luz de Sasha Kaun, evitar o contato, Leandrinho acabou perdendo um segundo precioso. Para compensar, ao ver o rival escapar, acabou se desequilibrando e escorregou. Ele falhou em sua missão, mas não vejo como um erro clamoroso, desastroso, que valha a cruz nos próximos dias. Foi a bola do jogo, mas teve coisa muito mais feia no decorrer dos 40 minutos.

Como o segundo quarto desastrado, em que a seleção novamente se atrapalhou toda no ataque, parou de mover a bola e anotou apenas quatro cestas de quadra em dez minutos, cometeu violações, passou a depender dos chutes erráticos de fora (cinco erros).

Nesse período, Magnano também foi muito mal da sua parte, fazendo trocas frenéticas em suas rotações, quebrando o ritmo de sua equipe, que acabou permitindo um passeio de Andrei Kirilenko por dez minutos.

E como eles voltaram no jogo?

Bem, depois de tantas substituições, Magnano enfim (re)encontrou um quinteto com boa química em quadra, especialmente na defesa, com atletas bem postados, contestando o ataque adversário agressivamente. Até converter seus dois disparos de três pontos derradeiros, a Rússia havia errado oito de seus 11 arremessos e cometido quatro desperdícios de bola. “Defesa ganha jogo”, pode dizer o técnico argentino.

Melhor ainda foi ver combinar essa forte defesa – que virou nosso padrão, uma evolução enorme – com um ataque muito mais inteligente. E melhor: sem Marcelinho Huertas em quadra, creiam. Larry respirou ares de Bauru, colocou a bola debaixo do braço e comandou uma ofensiva muito mais incisiva, buscando a infiltração, atacando os gigantes russos na corrida, deixando Mozgov e Kaun pendurados de faltas. As bolas em flutuação caíram, assim como as bandejas do norte-americano e de Leandrinho, que seguiu o exemplo e buscou as cestas mais fáceis. É mais gratificante acertar uma bandejinha do que errar o chute de três, gente.

Defesa ganha jogo, sim, mas precisa fazer cesta também.

A equipe tem agora um ótimo exemplo a seguir daqui para frente.  Vão ter o sangue frio e executar desta forma? Esperemos que sim. Neste caso, as chances de viver um drama destes nos segundos finais novamente se reúnem drasticamente.

Por que de decepções no último segundo já chega, né?

Mama mia!

*  *  *

O chapa Bruno Freitas, imerso no basquete olímpico, já nos traz três repercussões quentinhas direto de Londres:

– Marcelinho Huertas destaca falha da seleção em defender sua vantagem de cinco pontos nos minutos finais

– Rúben Magnano fala sobre pontos positivos na recuperação brasileira no quarto período

– Técnico da Rússia coloca o Brasil – e sua seleção, claro – no páreo pelo pódio nas Olimpíadas. AK elogia Larry

*  *  *

E o que escrever sobre a atuação de Timofey Mozgov? O gigantão russ, que já foi protagonista de muitas e muitas piadas na rede, fez uma partida excepcional, engoliu Splitter e Nenê em alguns momentos e mostrou um arsenal ofensivo que dificilmente apareceu na temporada passada da NBA. George Karl e a diretoria do Nuggets só pode ficar contente com esse progresso, e imagino que ele estivesse provando isso nos treinos de sua equipe.