Não adianta se empolgar: Scola avisa que não vai ser seu último Brasil x Argentina
Giancarlo Giampietro
Uma das narrativas que acompanha a Argentina neste torneio masculino é a suposta despedida da Geração Dourada, que, depois de Londres-2012, chega de Manu Ginóbili, de Pablo Prigioni, de Andrés Nocioni, de não sei quem mais. Em alguns casos, deve até acontecer de fato. Só não incluam o Luis Scola nessa.
Aos 32 anos, o ala-pivô, que já torturou a seleção brasileira em uma ou outra ocasião, avisa que não está preparado para se aposentar dos compromissos da Argentina, independentemente de quem o estiver acompanhando nas futuras batalhas. (E esse é o ponto que já doeu em muita gente por estas bandas tropicais: fez chuva, fez sol, os astros se apresentaram, os astros folgaram, e o camisa 4 estava lá, como uma constante, enquanto se acumulavam desfalques do outro lado.)
“Não me sinto velho. O tempo assa, e temos um grupo de caras que estão aqui há mais de dez anos, claro, e uma hora isso chega ao fim. Mas eu não vejo desta maneira. No decorrer do caminho, houve muitos caras que já não estão mais com nós, e outros que entraram durante a jornada. Isso vai continuar acontecendo. Em algum momento, todos os caras de 2004 vão ter ido embora. Mas eu espero jogar mais. Alguns novos vão chegar e tomara que continuemos competitivos”, afirma o craque do Phoenix Suns ao Sporting News.
Não tem tempo ruim para ele.
Em todos os contatos que tive com Scola, o argentino sempre se mostrou um entrevistado educado inteligente, ligado. Nunca se importou se era um brasileiro, um porto-riquenho ou um americano com o gravador na mão. Um cara legal. Se perguntarem para Tiago Splitter, a quem teve como um irmão mais novo por muito tempo em Vitoria, na Espanha, vão ouvir muito mais que isso.
Em quadra, o argentino é uma aula ambulante. Quantos centímetros ele sai no chão? Consegue pular uma caixa de sapato? Caso consiga, pouca diferença faz. Com os pés no chão, já levou para a escolinha adversários de todo o continente e de alto gabarito com seu movimento de pernas criativo e bem fundamentado. Primeiro, então, ele tenta limpar espaço tecnicamente. Se for o caso, também aguenta bem o tranco, fortaleza que é. Na pior das hipóteses, arruma as coisas na munheca, com suas mãos gigantes que controlam a bola com muita facilidade.
Esse problemão vai cruzar o caminho de Splitter e Anderson Varejão (e Nenê?) novamente.
No ano passado, foi Rafael Hettsheimeir, para surpresa de todo o continente, quem se virou melhor contra o veterano. Atacou com personalidade, se virou na defesa e feriu o orgulho do cabeludo. O rapaz se lesionou, passou por cirurgia e está fora agora. Que seus compatriotas mais badalados se virem, então.
Algo interessante para se observar: em vez de insistir com Juan Gutiérrez por muito tempo, Júlio Lamas tem adotado uma formação mais baixa, com Nocioni, Carlos Delfino e Ginóbili ao mesmo tempo em quadra, numa formação parecida com a dos Estados Unidos. Neste caso, ele empurraria Scola para um duelo com Splitter, e Varejão teria de ficar atento a Nocioni, que voltou a chutar com confiança durante o torneio.
Seria importante fazer uma boa marcação individual sobre Scola, para que os demais defensores não precisem se desligar de seus respectivos oponentes e contestem seus chutes de longa distância de modo apropriado.
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Isso tudo para falar só de Scola. Melhor seria abstrair, então, os 20 pontos, 6 rebotes e 4,8 assistências de Ginóbili no torneio, né?
Magnano certamente adoraria. Mas não é o caso.
Alex vai perseguir o astro do Spurs pela quadra toda. Seu maior desafio no torneio. Ele tem capacidade para executar a missão, mas precisa tomar cuidado com excesso de agressividade e evitar faltas bobas em rebotes e fora da bola. O argentino é mais badalado, sabe vender (cavar) bem uma falta e vai tentar usar a arbitragem a seu favor. Se o trio escalado for daqueles que vai para quadra como se fosse um baile de Carnaval, apitando sem parar, pode ser um problema.
Pelo que observamos dos amistosos em confronto direto e do torneio olímpico, Larry também deve ganhar seus minutinhos para testar o narigudo.
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Escrever dessa forma sobre os dois craques argentinos pode passar a impressão de que eles são os favoritos para este duelo de quartas de final. Não são: trata-se de um confronto muito equilibrado.
A velocidade e a capacidade atlética, por exemplo, sempre foram um trunfo da seleção brasileira neste clássico. Contra a envelhecida Argentina, essa combinação pode desequilibrar ainda mais. Para isso, precisam forçar erros e chutes desequilibrados na defesa para ganhar o contra-ataque. Preparados para isso os jogadores foram. Magnano conhece bem demais os adversários e pode atacá-los em seus pontos fracos.
Se Scola dá muito trabalho de um lado, do outro, se bem municiados, especialmente em movimento, os pivôs brasileiros também podem aprontar um bocado, por serem muito mais ágeis e velozes.
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Num caso de jogo equilibrado até o fim, teoricamente a seleção brasileira tem mais gás render. Por outro lado, não consigo imaginar um cenário em que, na hora de matar ou morrer, batalhadores como Scola, Ginóbili e Nocioni simplesmente arrefeçam e aceitem o maior vigor adversário.