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Arquivo : Knicks

Quem vai perder menos e chegar aos playoffs do Leste?
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Giancarlo Giampietro

Por motivos de atropelos da vida – que, não, nada têm a ver com a folia carnavalesca na base do 21, tenham dó –, esse espaço ficou sem atualização por mais que uma semana. O que só deixou claro o quanto a gente pode até fingir que entende de alguma coisa, mas, no fim, não sabe é nada.

A manchete: “Contusão de Nenê ameaça Wizards, mesmo no patético Leste“.

E o que acontece? O Wizards desandou a vencer (quatro vitórias em cinco partidas), ultrapassou a casa do 50% de aproveitamento pela primeira vez em muito tempo (abriu o fim de semana com 32-29) e se firmou na zona de classificação para os playoffs.

John Wall quer por o Wizards entre a elite (ou algo assim) do Leste

John Wall quer por o Wizards entre a elite (ou algo assim) do Leste

Claro que isso não tem a ver com a lesão de Nenê. O pivô era, ainda é uma peça muito importante para qualquer que seja a pretensão de sucesso do clube da capital norte-americana nos playoffs. O time de Randy Wittman – quem diria, hein? –, na verdade, contou mais com as exibições espetaculares de John Wall, uma consistência muito bem-vinda por parte de Trevor Ariza no milagroso último ano de contrato e as babas do Leste para engrenar esse bom momento.

Hoje, dá para dizer que eles estão garantidos nos mata-matas.

Quer dizer: ‘dá’ para dizer. Melhor usar as aspas para aliviar qualquer temor de (mais uma) opinião furada, né? Vamos apostar de modo seguro, que tem toda uma reputação em jogo. ; )

Além do narcisismo – um quesito abundante no jornalismo de opinião em geral –, a aspinha também vale pela simples prudência de que, na abominável Conferência Leste, qualquer coisa é possível. Ao inverso do que ocorre no Oeste, que alguns timaços estão se matando para se manter entre os oito primeiros colocados, do lado do Atlântico norte-americano a coisa é braba: a disputa é pra saber quem é o menos pior entre os concorrentes que obrigatoriamente vão ter de preencher tabela nos mata-matas.

Então vamos averiguar o que está acontecendo nessa disputa naaaaaada emocionante, de quem perde menos, para estender sua temporada para maio. A única ressalva que se pode fazer a esta turma do fundão é que, ao menos, eles têm boas intenções. Se pudessem, estariam vencendo todas, ao contrário do que prega o Philadelphia 76ers. Então… Pelo menos isso. De resto, é uma baixaria que só. Por respeito a Paul Pierce e Kevin Garnett – mas não a Deron Williams e Andray Blatche, que fique claro – e também pela marca de 50% do clube de Brooklyn, vamos considerar que o Nets, em sexto, é o que margeia os times já… Hã… ‘garantidos’.

CHARLOTTE BOBCATS
Posição: 7ª no Leste, 17ª no geral
A pindaíba: 4 vitórias abaixo da mediocridade (29-33)
Saldo de pontos: devendo -1,6
Escalada nos últimos 10 jogos: subindo a ladeira de 1.0 e ar-condicionado ligado (6-4)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 19-18
O quanto quer/precisa dos playoffs: 100%

Por dois anos, Michael Jordan estava interessado em ver sua franquia afundada em um lodo asqueroso. Eles queriam Anthony Davis, ou qualquer jovem craque que pudesse elevar o valor de suas ações. O Draft não os agraciou desta maneira. Michael Kidd-Gilchrist é um garoto admirável, já consegue atrapalhar a vida de muita gente no perímetro como um defensor atlético… Mas o rapaz simplesmente não consegue fazer uma cesta que não seja próxima do garrafão. Cody Zeller, por sua vez, é um fiasco momentâneo. Anthony Bennett e Otto Porter Jr. tiveram problemas físicos, perderam a pré-temporada e as ligas de verão, numa transição importante. O pivô do Bobcats não tem nenhuma desculpa e acabou desbancado por Josh McBob. De qualquer forma, mesmo precisando de mais jovens talentosos, MJ se cansou da humilhação, acertou (enfim!!!) na contratação de um técnico em Steve Clifford, surpreendeu no mercado ao assinar com Al Jefferson e tem agora algo minimamente respeitável em quadra. No Oeste, o Bobcats não passaria de um saco de pancadas. No Leste, porém, são suficientes seu nível de preparação tática de jogo para jogo, a evolução constante de Kemba Walker e o talento daquele que já foi chamado de Baby Al em dominar a zona pintada ofensivamente (médias de 31,3 pontos e 67,5% nos arremessos em março).

Esperança: que Al Jefferson siga arrebentando
O sonho: que MKG convertesse 40% de seus chutes de 3
Vai ou não vai? Vai. Acho.

ATLANTA HAWKS
Posição: 8ª no Leste, 19ª no geral
A pindaíba: 8 vitórias abaixo da mediocridade (26-34)
Saldo de pontos: devendo -1,0
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira na banguela, a mil (1-9)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 18-19
O quanto quer/precisa dos playoffs? 50%

Por que 75? Bom, se você perguntar para o técnico Mike Budenholzer, que faz um tremendo primeiro ano, certamente a resposta seria o triplo, 150%. Ele não deixou os domínios de Gregg Popovich para tirar férias mais cedo na Geórgia. Mas, no que depender de Danny Ferry, o gerente geral, arrisco a dizer que não há tanto problema em arrumar uma vaguinha na loteria. Depois de ficar fora dos playoffs entre 2000 e 2007, a equipe compareceu na fase decisiva dos últimos seis campeonatos. Isso é ótimo. Mas Ferry já indicou que não vai se contentar com o mero sucesso de ser eliminado nas semifinais. Sem Al Horford, a verdade é que o Hawks não tem a menor chance nesta temporada e já seria um forte candidato a cair na primeira rodada (repetindo as campanhas de 2012 e 2013). Com Paul Millsap baleado? Aí é dureza. Então que tal cair um pouquinho e tentar a sorte para contratar uma revelação mais promissora? A grana de quatro ou cinco jogos a mais na fase decisiva é atraente, mas, no longo prazo, este clube decente precisa de mais talento. Lucas Bebê pode se juntar a eles no ano que vem, Dennis Schröder também tem muito potencial, mas tem espaço no elenco para mais.

Horford, Bud e Millsap: boa base para o Hawks do futuro

Horford, Bud e Millsap: boa base para o Hawks do futuro

Esperança: da parte dos técnicos? Que pelo menos os times abaixo percam mais.
Sonho: nem que Al Horford se recuperasse rapidamente, ele poderia jogar. O Hawks já o eliminou da temporada.
Vai ou não vai? Putz, talvez. Não sei.

DETROIT PISTONS
Posição: 9ª no Leste, 22ª no geral
A pindaíba: 14 vitórias abaixo da mediocridade (24-38)
Saldo de pontos: devendo -2,8
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira a mil (2-8)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 20-18
O quanto quer/precisa dos playoffs? 100%

Joe Dumars está com a cabeça prêmio. O arquiteto do Detroit campeão em 2004 e potência na década passada investiu mal novamente este ano, já foi obrigado a demitir mais um técnico recém-contratado e dificilmente escapa da guilhotina. Talvez nem a classificação possa salvá-lo. Em termos de nome, de grife, o Pistons estava obrigado a se colocar entre os oito primeiros. Ao menos era o que o próprio dirigente esperava. Mas não teve nada disso. A linha de três pivôs não deu liga alguma, Brandon Jennings parece irremediável e o elenco de apoio tem jogadores que se duplicam (um mata o outro). Se algo positivo pode ser tirado dessa temporada é o progresso de Andre Drummond, uma força da natureza no garrafão. Para piorar: sua escolha de Draft só será mantida se ficar entre as oito primeiras. Hoje seria a décima, sendo direcionada, desta forma, ao Bobcats. Que fase!

Esperança: que Paul Millsap tenha mais problemas físicos.
Sonho: Josh Smith desenvolver alergia aos chutes de três.
Vai ou não vai? Nem.

CLEVELAND CAVALIERS
Posição: 10ª no Leste, 23ª no geral
O quanto na pindaíba? 15 vitórias abaixo da mediocridade (24-39)
Saldo de pontos: devendo -4,5
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira (4-6)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 14-24
O quanto quer/precisa dos playoffs: 200%

E quando Dan Gilbert prometeu, em carta irada e chorosa, aos seus torcedores que o Cavs seria campeão primeiro que o Miami de LeBron? De lá para cá foram quatro escolhas de Draft entre os primeiros quatro colocados, com direitos a dois picks número 1, e… Aqui está seu clube ainda chafurdado. O gerente geral Chris Grant foi demitido, o time demonstrou algum sinal de recuperação, com Kyrie Irving e Dion Waiters se esforçando para parecerem amiguinhos em público, mas seu retrospecto ainda é patético, a despeito de o time ter pagado caro para trazer alguns reforços. Luol Deng mal pode acreditar no que lhe ocorreu, enquanto Spencer Hawes não resolve a vida de ninguém que esteja tão mal assim. Do lado de fora, Mike Brown já não tem mais desculpas.

Deng estrelando: "Entrando numa fria"

Deng estrelando: “Entrando numa fria”

Esperança: Anderson Varejão inteiro, em forma, e paz na Terra.
Sonho: Aaaaaaaaah, LeBron
Vai ou não vai? Hmmmmmmm… Não.

NEW YORK KNICKS
Posição: 11ª no Leste, 24ª no geral
O quanto na pindaíba? 17 vitórias abaixo da mediocridade (23-40)
Saldo de pontos: devendo -2,4
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira (3-7)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 15-23
O quanto quer/precisa dos playoffs: 500%

Meu amigo leitor, o caos. Caos, meu amigo leitor. É difícil resumir essa temporada, gente. Uma equipe sem a menor coesão em quadra, desperdiçando o melhor ano da carreira de Carmelo Anthony, justamente quando o ala pode exercer uma cláusula contratual para se tornar agente livre. Mike Woodson completamente fritado. Tyson Chandler despejando mais óleo na frigideira a cada entrevista. JR Smith fazendo do desempregado Ron Artest um sujeito sensato. Raymond Felton preso. Amar’e Stoudemire, walking dead. Pablo Prigioni chorando pela Argentina. Tudo sob a ingerência do bilionário James Dolan, que interfere sempre que (não seja) necessário. Só mesmo Tim Hardaway Jr. e os flashes de potencial de Jeremy Tyler como algo minimamente salutar. De qualquer forma, eles têm duas vitórias seguidas. Agora vai. Ah, e, sim, a escolha de Draft dos Bockers vai para Denver.

Esperança: Millsap fora, Jennings atirando mais tijoslos, nova crise em Cleveland e 30 pontos por jogo eficientes de Carmelo.
Sonho: Phil Jackson, Jeff Van Gundy, Tom Thibodeau? Nada. A saída de Dolan e seus puxa-sacos.
Vai ou não vai? Hahaha, seria a história mais injusta da temporada.


Contusão de Nenê ameaça Wizards, mesmo no patético Leste
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Giancarlo Giampietro

Nenê, Wizards, NBA

“Estamos todo assustados.”

“O elenco do Wizards respira fundo, aguardando os resultados.”

“Isso é tãaaaaaaaaaaao Wizards.”

Foi mais ou menos este o resumo da página do HoopsHype que abriga (quase) todos os tweets/contas de Twitter decidados ao Washington Wizards, durante esta segunda-feira, com jogadores e jornalistas reunidos. Ambos os grupos não aguentavam mais de ansiedade para que saísse o resultado da ressonância magnética pela qual o pivô Nenê passou, depois de ter torcido o joelho no domingo, em vitória sobre o Cleveland Cavaliers.

Não foi o pior desfecho possível, mas foi ruim o bastante para deprimir torcedores e colocar em risco a classificação da equipe para os playoffs. O brasileiro sofreu uma contusão no ligamento colateral medial do joelho esquerdo e vai ficar fora das quadras de quatro a seis semanas. Se a previsão mais otimista se realizar, ele retornaria com 10 a 12 jogos restando no ano. Se for perder um mês e meio, talvez sobrem duas ou três partidas. O clube da capital norte-americana encerra sua temporada no dia 16 de abril, contra o Boston Celtics.

Desde que contratou Nenê, o Wizards já se habituou aos constantes problemas físicos que o pivô enfrenta. O que não quer dizer que a rapaziada não vá sentir o baque: com o são-carlense afastado, o time perdeu 34 de 42 jogos. Isto é, perdeu 80% das vezes em que jogou sem o cara. Se repetirem esse tipo de rendimento, podem muito bem ficar fora do grupo dos oito melhores menos piores do patético Leste.

Vamos lá: o time liderado por John Wall tem hoje 50% de aproveitamento, com 28 vitórias e 28 derrotas. O suficiente para valer a quinta colocação – no Oeste, estaria em nono. O oitavo lugar na conferência, o Atlanta Hawks, tem 26 triunfos e 29 reveses. Primeiro time fora da zona de classificação, o Detroit Pistons tem, respectivamente, 24 e 34. Cinco vitórias a mais desse, cinco derrotas a mais daquele, e Andre Drummond poderia fazer sua estreia nos mata-matas neste ano.

Nada disso está garantido, claro. A  esperança do Wizards é a mesma de franquias em desarranjo como Knicks e Cavs: numa disputa em que todos os concorrentes mais perdem do que ganham, tudo é possível.

Mas, sim, as equipes de Manhattan e Cleveland – com proprietários estressados, crises internas, elenco desbalanceado, dois técnicos Mikes contestados e rendimento na casa de 30%, acreditem –  agora têm um motivo a mais para sonhar com uma vaga. No catadão de seus tweets, o tom deve ter sido completamente diferente.

*  *  *

A lesão de Nenê veio na pior hora possível, e não só do ponto de vista da luta pelos playoffs do Wizards. O pivô estava em ótima fase. No sábado havia feito uma das melhores partidas de sua carreira. Para os brasileiros em geral, maré braba: neste exato momento, manhã de terça-feira, todos os cinco jogadores do país estão fora de ação por problemas físicos (costas para Varejão, panturrilha para Splitter, torção no dedão para Leandrinho e joelho para Faverani).

*  *  *

Os possíveis substitutos para o brasileiro?Internamente, o francês Kevin Seraphin, o aríete Trevor Booker e o veterano Al Harrington vão dividir os minutos.Nenhum dos três é conhecido exatamente pela consistência ou pelo impacto na defesa, que deve sentir muito – Nenê tem baixa médias de tocos, mas isso não significa nada quando se leva em conta seu ótimo posicionamento, fechando muito bem os espaços, a inteligência no bloqueio de rebotes, a agilidade para contestar os armadores no pick-and-roll, entre outros verdadeiros atributos de um bom marcador.

No ataque, Seraphin tem um bom gancho girando para a direita e vai ‘masomeno’ nos tiros de média distância. Booker é bem mais eficiente na hora de pontuar.  Harrington, retornando após parar por três meses por conta de problemas no joelho, tem um jogo mais diversificado (41,9% nos três pontos, por exemplo), mas jogou tão pouco neste campeonato que é complicado falar sobre seus números. No domingo, contra o Cavs, ele e Seraphin deram conta do recado, de alguma forma.

A diretoria do Wizards também discute contratações emergenciais. Lou Amundson, DeSagana Diop (!) e Drew Gooden foram especulados. O nome de Gooden, que por um longo período de férias após ser anistiado pelo Milwaukee Bucks, aparece com mais força e acaba sendo o mais intrigante, mesmo. O pivô revelado pela universidade de Kansas entrou na liga no Draft de 2002. Curiosamente, o mesmo de Nenê.


O Fantástico Mundo de… JR Smith! Edição especial
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Giancarlo Giampietro

No flagra

No flagra

Faz tempo que não conseguimos acrescentar aqui um episódio sobre o lunatismo que ronda o Fantástico Mundo de Ron Artest, né? Olha, não é que tenhamos deixado nosso anti-herói de lado, nem nada disso. Acontece que, em meio ao caos que controla a temporada do New York Knicks, nem mesmo as intempéries e trejeitos do Ron-Ron conseguem chamar muito a atenção.

Por exemplo. Dia desses ele estava diante da sedenta mídia nova-iorquina, que procurava repercutir um encontro que o proprietário da franquia, o magnata e cantor James Dolan, teve com com o elenco. Quando foram checar o que o #mettaworldpeace tinha a falar a respeito, o jogador escapou de um modo criativo. “Não sou um jogador. Eu sou um alien. Não estava lá de verdade. Estava em outra galáxia com meus amigos galácticos”, disse.

On the record.

Claro que a piada nem é tão original assim, depois que Baron Davis fez brincadeiras a respeito de abdução por seres extraterrestres numa entrevista qualquer – e muita gente acreditou que ele estava falando sério.

O que impressiona na declaração do Sr. Artest é a velocidade de pensamento, o reflexo de autodefesa, para tirar da cartola uma piada dessas em vez de simplesmente dizer que “não tinha comentários a fazer a respeito”.

Dava para ter feito, então, o post: “O Fantástico Mundo de Ron Artest – Arquivo X”, e tal. Mas perdi o bonde, e não só isso: ele vem jogando muito pouco nesta temporada, drenando o joelho sem parar, apelando a outros tratamentos com placas sanguíneas agora, e talvez não valesse dedicar tanto espaço assim. Mas fica aqui, de qualquer forma, o registro.

O bom nessa história toda de humor na NBA e em Nova York é que sempre vai haver outra fonte para nos divertir. O maníaco do JR Smith dá mais que conta.

Uma semana depois de ter recorrido a redes sociais para acusar a diretoria do Knicks de “traição” por ter dispensado seu irmãozinho caçula improdutivo, apenas alguns dias depois de ter desafiado Andrea Bargnani no concurso de arremesso mais estúpido da temporada (*), o ala aprontou mais uma neste sábado, na calada da noite em Dallas.

Em uma aparente reação na temporada, após terem batido o Spurs, despertando toda a fúria do Coach Pop, e jogado no pau contra o Rockets, os Bockers iam ganhando do Mavs, controlando bem o jogo. As coisas estão mudando, pensava Spike Lee. E os caras venceram, mesmo, a cambada de Dirk Nowitzki, saindo do Texas com surpreendentes triunfos.

E aí que, nesta segunda, calha a gente recuperar uma inacreditável molecagem do irmão mais velho do Chris.

Vocês viram?

Dirk Nowitzki estava na linha de lances livres, com pouco mais de dois minutos restando no quarto período. JR saiu do banco, chamado por Mike Woodson. Ele se posicionou no garrafão, ao lado de Shawn Marion. Ele se curva para, supostamente, mexer, em seu tênis. De forma sorrateira (ou nem tanto), contudo, ele puxa com a mão direita o cadarso de… Marion! Que reparou, claro. É uma coisa de louco:

Na posse de bola seguinte, Marion tenta arrumar o calçado. Até que, no ataque do Dallas, com mais uma falta cometida, ele enfim tem tempo para acertar tudo.

O que dizer a respeito? E se o ala do Mavs tivesse torcido o pé? E se ele perdesse o tênis no meio da jogada, parasse, e o Knicks atacasse com um homem a mais? Ele ficaria orgulhoso? É sério tudo isso?

Na temporada em que ele já foi suspenso por violar as leis antidroga da NBA (e não como jogador do Denver Nuggets em tempos de maconha liberada no Colorado), e que, no Twitter, deixou no ar uma ameaça a Brandon Jennings, que havia criticado a contratação de seu irmão, Smith conseguiu: desbancou Ron Artest na condição de príncipe lunático da liga.


NBA, onde nepotismo também acontece
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Giancarlo Giampietro

Os irmãos Smith, JR e Chris, agitando em Manhattan

Os irmãos Smith, JR e Chris, agitando em Manhattan

Ray Felton está afastando, com uma lesão muscular na coxa. Pablo Prigioni também, depois de sofrer uma fratura no dedão do pé direito. Iman Shumpert não virou o armador que o time esperava – no máximo, ele consegue controlar a bola apenas como uma segunda válvula de escape. Beno Udrih arrasou ontem contra o Bucks e, ao mesmo tempo, foi arrasado por Brandon Knight.

Tudo isso deixa o técnico Mike Woodson numa situação ainda mais delicada. O New York Knicks já é o time mais decepcionante da temporada. E agora só restou um armador para constar história? Justamente numa posição tão crucial?

E, agora, diabos, a quem ele poderia recorrer?

Ao Chris Smith?!

Acho que não.

Sabe o armador Chris Smith, né? Irmão mais jovem do JR, que ganhou um contrato garantido e salário de cerca de US$ 500 mil para ser o 15º homem do Knicks na temporada, ainda que, segundo relato do superrepórter Adrian Wojnarowski, exista integrantes da própria comissão técnica do time que acreditam que o caçulinha não tenha “sequer talento para ser um jogador da Liga de Desenvolvimento da NBA”.

Chris Smith, nem na liga de verão

Chris Smith, nem na liga de verão

Pois, então. Foi esse o atleta convocado às pressas por Woodson para, ao menos, ajudá-lo a formar dois times nos treinamentos. Ao que tudo indica, Chris não está pronto para encarar um Madison Square Garden lotado e irritado. Na mesma reportagem de Wojnarowski, um gerente geral rival o definiu como “talvez o pior jogador da história das ligas de verão”.

Quando a franquia garantiu o contrato do armador, o burburinho foi tamanho que a direção da liga se viu obrigada a abrir uma investigação interna – obviamente a negociação estava vinculada à renovação com JR, ainda que não haja documentos comprovando isso… Mas até que ponto era algo irregular?

No fim, as repostas que tiveram foram de que não seria um absurdo assim considerar Chris Smith como um cara digno de NBA. “Chris tem talento suficiente”, disse um dirigente, sem se identificar, ao  New York Post. “Ele pode se tornar um jogador da NBA um dia. Algumas equipes preferem manter aqueles que são considerados projetos em vez de jogadores que podem ajudar imediatamente, e Chris é um desses projetos.”

Agora… Obviamente é um projeto. Mas que se frise: de 26 anos. Nascido em outubro de 1987, é mais velho que Stephen Curry, Jrue Holiday, Derrick Rose e Ty Lawson, para citar apenas quatro integrantes de uma das posições mais concorridas da liga hoje em dia. Mais velho também que Brandon Jennings, o atrevido reforço do Detroit Pistons que foi a público no Twitter para questionar o que o (nem tão) jovem Smith fazia por ali, citando dois experientes armadores que hoje fazem carreira na Europa, esperando por uma proposta da liga. “Espere, espere, espere. O irmão do JR Smith está na NBA, mas o Pooh Jeter e o Bobby Brown, não? Pode me chamar de hater, mas isso não dá!”, disparou.

(No fim, o crítico deletou seu post, mas não foi rápido o suficiente para evitar que jornalistas e outros seguidores espalhassem sua mensagem. JR tomou as dores da família. “É meu irmãozinho, então eu vou interferir por ele, de um jeito ou de outro. Não apenas contra Brandon, mas contra qualquer um que diga alguma coisa para ele”, declarou.)

Desnecessário dizer que nem Woodson, nem James Dolan e talvez nem mesmo o ala do Knicks esperam que Chris Smith vire um craque ou alguém do nível de Jennings. Desde o início da temporada, ele foi enviado para a liga de desenvolvimento, defendendo a filial do clube de Manhattan, o Eerie BayHawks. E, mesmo num campeonato com números bastante inflados, o jogador não chega a impressionar, com médias de 11,3 pontos, 4,5 rebotes, 2,7 assistências, 2,0 desperdícios de posse de bola, 24,7 minutos, em seis partidas.

Quando o técnico da equipe, Gene Corss, foi questionado pelo New York Times sobre a perspectiva de Smith se encontrar na NBA, sua resposta não foi das mais entusiasmadas.”Acho que ele tem potencial para trabalhar, continuar a crescer e se tornar um bom jogador. E, qualquer que seja a situação em que ele estiver, acho que pode ter sucesso. Mas você nunca sabe qual a situação que vai rondar um atleta”, disse.

Chega a ser um pouco embaraçoso, não?

Como se um Smith já não fosse o bastante de problema...

Como se um Smith já não fosse o bastante de problema…

Mas tem mais. Mike Woodson nem tem como refutar que o laço de sangue com seu talentoso – mas incontrolável – ala pesa nesse contexto. “Tenho um grande respeito por essa família. É o irmão dele. Eu respeito isso”, disse.

Hein?

E como fica Chris Smith nisso tudo?.

“Isso me ajuda? Obviamente. Ele é meu irmão mais velho. As pessoas querem que fiquemos juntos o tempo todo. E ele me ajudou muito”, afirma.

“É claro que eu tenho muito o que provar”, afirmou o armador ao Times. “Mas eu ainda não consegui jogar direito desde que deixei Louisville. Digo, eu sinto que sou um dos jogadores mais subestimados agora. Mas sempre fui subestimado. Ninguém espera nada de mim. Vão sempre me olhar como o irmão mais novo do JR, porque ele é um atleta fenomenal, sexto homem do ano e tudo isso. Mas eu sempre tive minha própria plataforma, meus objetivos próprios.”

Difícil, porém, é que esses objetivos coincidam com os do Knicks, afundados na Conferência Leste.

*  *  *

O caso de Chris e JR Smith com o Knicks pode ser aquele mais vexatório ou espalhafatoso, mas está longe de ser o único vínculo nepotista na liga norte-americana. O mais grave deles, aliás, deve ser aquele descoberto durante o lo(u)caute que escancarou diversos problemas do sindicato dos jogadores. Entre eles, foi descoberto que o diretor executivo, Billy Hunter, empregava dois filhos e uma nora no órgão. Uma apuração da Bloomberg, aliás, revelou que a família Hunter recebeu mais de US$ 4 milhões em salários durante a década.

De qualquer forma, de modo bem menos escandaloso, o emprego de familiares é usual entre as franquias, especialmente entre treinadores e dirigentes.

Não que a prática seja preliminar ou fundamentalmente errada. É compreensível que, num mundo bastante competitivo, em que por vezes a capacidade de guardar segredos é a mais importante, se corra a alguém da maior confiança. O problema é correr o risco (grande) de misturar as coisas. Quando a confiança é colocada muito da competência. Não se trata de uma regra. Mas, que pode acontecer, ô se pode.

Que o diga Michael Jordan e quem quer que trabalhe para o…

Charlotte Bobcats
No que se refere a nepotismo, Jordan também pode ser considerado o melhor na NBA. Ok, podemos atenuar o termo e dizer que, em matéria de cuidar dos chapinhas do passado e compadres, não tem para ninguém. Buzz Peterson, seu rival dos tempos de colegial e ex-companheiro na Universidade da Carolina do Norte, foi um de seus cartolas. Fred Whitfield, presidente do clube, é seu amigo há 30 anos. Ex-parceiros de Chicago Bulls como Rod Higgins (vice-presidente e manda-chuva do departamento de basquete), Sam Vincent e Charles Oakley também foram aproveitados. Conto em mais detalhes nesta reportagem aqui. Depois que o texto foi publicado, MJ ainda promoveu seu irmão Larry a diretor, no cargo anteriormente ocupado por Peterson.

Cory Higgins, o filho do Rod

Cory Higgins, o filho do Rod

Higgins, aliás, aprendeu direitinho e chegou a contratar seu filho, Cory, como terceiro armador do clube – na época, não havia um scout sequer que entendesse a aposta no jovem graduado pela Universidade do Colorado. O atleta ficou uma temporada e meia na equipe. Aí chegou o dia em que teve de ser dispensado, em dezembro de 2012, olho no olho. “Quando você toma uma decisão como essa, de contratar seu filho, sempre sabe que um dia como esse poderia acontecer. O jogador também sabe disso. O aspecto pessoal é o aspecto pessoal. Mas, quando você dá o próximo passo e se dá conta de que isso é um negócio, você sempre sabe que isso poderia acontecer”, disse o pai, com toda a franqueza do mundo. “Ele não deixa de ser meu milho.”

Então tá.

O Higgins filho tinha média de 3,7 pontos em 10,3 minutos pelo Bobcats, tendo disputado 44 jogos, com aproveitamento de 32,4% nos arremessos de quadra em sua carreira, com 20% nos três.

Em meio a esse contexto, como Jordan ou Higgins poderiam punir Paul Silas, ex-treinador da equipe, quando este optou por não dirigir a draga de elenco que tinha na temporada 2011-2012, pós-lo(uc)aute, quando conseguiram terminar com a pior campanha da história da liga, em termos de aproveitamento de vitórias. Na ocasião, o veterano Paul tinha as melhores intenções. Seu filho Stephen era seu principal assistente, e o papai coruja acreditava que chegaria o dia em que sua cria seria um técnico principal na liga. Então por que não começar logo, pegando experiência? O Bobcats não iria para nenhum lugar mesmo…

(Como podemos testemunhar até hoje. E, antes mesmo da família Silas, os Bickerstaffes haviam tomado conta do banco de reservas. O experiente Bernie foi o primeiro treinador da franquia e teve seu filho John-Blair em seu estafe e por três anos – aos 25, ele foi, inclusive, o assistente mais jovem da história da liga. J.B. hoje trabalha com Kevin McHale no Houston Rockets.)

Minnesota Timberwolves e Boston Celtics
Quando Rick Adelman cedeu e aceitou a bucha que é treinar um Minnesota Timberwolves, ao menos garantiu mais alguns trocados para sua família ao incluir seu filho David em sua comissão técnica. Antes da NBA? O herdeiro havia trabalhado, até então, apenas no nível de high school, em Portland. Não era o currículo mais impressionante disponível no mercado, certeza.

Em Boston, Danny Ainge encontrou um lugar na sua equipe de gestão para o filho Austin. Formado na BYU, na qual foi companheiro do ala Jonathan Tavernari, o Ainge filho migrou direto para o banco de reservas, com terno e gravata. Foi assistente na Southern Utah University e treinador do Maine Red Claws (filial do Celtics na D-League) antes de ser contratado pela franquia mais vencedora da história da NBA.

Em sua defesa: sua saída do Red Claws foi bastante sentida. “Eu sinto muito em ver Austin partir para seu novo cargo com o Celtics”, disse o presidente e gerente geral do clube, Jon Jennings, via release. “Todos nós gostamos de trabalhar com ele. Ninguém trabalhou  mais duro e estava mais comprometido com a evolução de nossos jogadores.”

Além de ajudar o pai na condução e formação do elenco, Austin também quebra um galho do brasileiro Vitor Faverani, ajudando na tradução do espanhol para o inglês, sempre que necessário.

Austin Ainge (e) e o geniozinho Brad Stevens

Austin Ainge (e) e o geniozinho Brad Stevens

Sacramento Kings
Na capital californiana, o processo foi inverso. Michael Malone assumiu o comando de um time pela primeira vez e recorreu ao pai Brendan, extremamente experiente, que seria seu principal assistente. Sua missão seria ajudar a guiar o filho em sua temporada de calouro. Em cerca de três meses, porém, o Malone sênior abriu mão do cargo, dizendo que basicamente não tinha mais paciência para esse tipo de atividade.

“Foi um choque completo para mim. Estava na minha sala, e ele entrou e disse: ‘Estou saindo’. Eu respondi: ‘Aonde você vai?’. E ele simplesmente falou que estava saindo para valer. Foi uma surpresa. Acho que era algo com o qual ele estava lutando por um tempo. Foi difícil lidar com isso e algo muito emocional porque não é apenas a relação de um técnico com um assistente. Há uma dinâmica de pai e filho, mas, para ser justo, eu não estaria aqui se não fosse por ele. Ele me deu um empurrão para chegar aqui”, afirmou o Malone júnior, que vinha fazendo ótimo trabalho no estafe de Mark Jackson no Warriors e com Monty Williams no Hornets, hoje Pelicans, diga-se.

Dallas Mavericks
Don Nelson fechou com Mark Cuban para reestruturar uma franquia que foi uma piada durante grande parte da década de 90. Levou junto na bagagem o filho Donnie, que trabalhou como gerente geral, nos bastidores, como o braço direito de Cuban nas negociações com atletas. O Don filho, porém, já tinha mais o que oferecer. Trabalhou como assistente da seleção lituana em diversas competições coordenou a seleção chinesa por dois anos e em ambos os cargos teve sucesso. Também criou os chamados Global Games, em Dallas, um torneio amistoso que reúne algumas das melhores seleções juvenis do mundo. Ele só ficou em uma situação constrangedora no Texas quando a relação do Don pai e do magnata se estremeceu a ponto de envolver os tribunais. No final, Cuban teve de pagar mais de US$ 6 milhões em um acordo.

Los Angeles Lakers
Bem, o falecido Jerry Buss não quis nem saber: seu legado teria de ser sustentado pelos filhos. Quando seus problemas de saúde o afastavam gradativamente da condução diária da célebre franquia, o Sr. Buss transferiu suas responsabilidades para os dois filhos. Jim ficaria com o basquete. Jeannie, com os negócios. Ric Bucher escreve mais a respeito aqui. Jim foi assistente do gerente geral Mitch Kupchak desde 1998. Na visão dos torcedores do Lakers, é uma nulidade, famoso por seu apreço por corridas de cavalo, por não tirar o santo boné da cabeça e por ter demitido mais de uma dezena de empregados do vitorioso departamento esportivo antes do lo(u)caute.

Jeanie e Jim Buss. Uma popular em LA, outra nem tanto

Jeanie e Jim Buss. Uma popular em LA, outra nem tanto

(Esse processo aconteceu também no Denver Nuggets, lembremos, com Josh Kroenke, de 33 anos, assumindo a presidência do time, deixando o pai Stan mais afastado. Josh jogou por Missouri na NCAA e já marcou Carmelo uma vez. Leia seu perfil aqui, do intrépido Wojnarowski.)

Em quadra, depois de muito tempo separados, hoje em dia para onde quer que Mike D’Antoni vá, ele carrega junto o irmão Dan, mais velho. Enquanto Mike conquistava a Itália – e, sobretudo, Kobe – e Milão, como jogador, depois de passagem não muito brilhante na NBA, Dan era treinador na boa e velha West Virginia, em high school. Na verdade, ele se ocupou disso por (!) 30 anos até ser convencido pelo caçula a assumir um cargo de assistente no Phoenix Suns. A parceria se repetiu em Manhattan e, agora, em Hollywood.

Atlanta Hawks e Utah Jazz
Dias depois de fechar a surpreendente contratação de Paul Millsap, Danny Ferry não foi tão criativo assim ao anunciar seu elenco para a liga de verão de Las Vegas em 2013. As atrações principais eram o brasileiro Lucas Bebê e o alemão Dennis Schroeder, mas não deixava de chamar a atenção o número 45 da equipe, John… Millsap. Irmão (três anos) mais velho de Paul, conseguiu a vaguinha na carona do contrato milionário do ex-jogador do Jazz, claro. A generosidade, no entanto, se limitou a uma assinatura de contrato. Em Vegas, John jogou por apenas 17 minutos, em duas partidas, marcando dois pontos no total.

Em Utah, aliás, John já havia ganhado um empurrãozinho ao defender por um bom tempo o Flash, da D-League, que hoje é chamado Delaware 87ers, afiliado ao Philadelphia 76ers.

Para saber mais sobre a saga dos irmãos Millsap – há ainda Elijah, do Los Angeles D-Fenders, e o caçulinha Abraham, é só acessar o site do Paul.

Golden State Warriors

Seth e Stephen, filhos do Dell

Seth e Stephen, filhos do Dell

Com Stephen Curry e Klay Thompson, o Golden State Warriors causa inveja a muita gente. Será que é justo que o mesmo time possa ter dois arremessadores tão acima da média? Que dois gatilhos desses possam fazer dupla? Bem, há outra franquia que ao menos pode replicar esses sobrenomes. Estamos falando – coincidência ou não! – do Santa Cruz Warriors, filial da equipe na D-League. É lá que jogam Seth Curry e Mychel Thompson, irmãos dos cestinhas.

Seth é mais jovem que Stephen. Os dois herdaram do pai, Dell, a mecânica belíssima e a eficiência nos chutes de longa distância. Mychel, mais velho que Klay, já é moldado de um jeito diferente, muito mais voluntarioso do que o refinado caçula. Os dois são filhos de mais ums ólido veterano da NBA, o pivô Mychal Thompson, bicampeão pelo Los Angeles Lakers em 1987-88.

Comparando com John Millsap, há algo que os separa, contudo. Depois de brilhar pelo Erie BayHawks na liga de desenvolvimento, Mychel foi contratado pelo Cleveland Cavaliers – aparentemente sem influência do sobrenome. Jogou cinco partidas pelo Cavs, sendo titular em três ocasiões. Já Seth se formou pela tradicional Universidade de Duke, sob o comando do Coach K, como um jogador importante na NCAA. Uma grave lesão de tornozelo antes do Draft acabou atrapalhando suas pretensões no recrutamento de calouros. Provavelmente teria espaço em uma grande liga da Europa, mas preferiu acompanhar o irmão na Califórnia.

Los Angeles Clippers
Não foi possível confirmar os rumores de que Doc Rivers, com tantos desfalques, estaria interessado na contratação do Little Chris (Paul) para fortalecer seu banco de reservas:

(Brincadeira. Fui!)


15 times, 15 comentários sobre o Leste da NBA
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Giancarlo Giampietro

JR Smith x Joe Johnson

Já que estamos em dívida, com o campeonato já correndo a mil, tentamos aqui dar uma looooonga caminhada nesta terça e quarta-feira para abordar o que está acontecendo com os 30 times da NBA até o momento, dividindo-os em castas. Começamos hoje com a Conferência Leste, a famigerada E-League.

Antes de passar por cada franquia, em castas, é mandatória a menção sobre o quão patética vem sendo a porção oriental da liga norte-americana, com apenas três times acima da marca de 50% de aproveitamento, enquanto, do lado ocidental,  apenas quatro estão no lado negativo. Isso muda tudo na hora de avaliar o quão bem um time está jogando ou não num panorama geral. Ter de enfrentar Sixers, Magic, Bucks e… (!?) Nets e Knicks mais vezes do que Warriors, Wolves, Grizzlies e… (!?) Suns ajuda muito para inflar os números de sua campanha. É como se fosse um imenso ***ASTERISCO***.

Agora vamos lá:

Os únicos dois times bons – e que ao mesmo tempo são os principais favoritos ao título
Já sabe de quem estamos falando, né? É a categoria mais fácil de se identificar além de “os dois times que são um pesadelo para Spike Lee, Woody Allen, Al Pacino, Roberty De Niro, os Beastie Boys e qualquer outro nova-iorquino”.  Na saideira de David Stern, o certo era que ele instaurasse uma série melhor-de-81 na conferência, e que o restante se dedicasse a analisar todas as minúcias da fornada do próximo Draft.

Indiana Pacers: que o sistema já funcionava, não havia dúvida. Eles deixaram muito claro nos mata-matas do ano passado. É um time com identidade clara, que defende muito, contesta tudo o que pode perto do aro e na linha de três pontos, sufoca dribladores no perímetro e permite apenas chutes forçados de média distância. Com esse alicerce erguido, o que os eleva ao topo na temporada regular no momento, a outro patamar, é impressionante evolução individual de Paul George, Lance Stephenson e Roy Hibbert. Confiantes, entrosados e candidatos a prêmios desde já. Some isso à melhora do banco, e temos a defesa  mais dura da liga, de longe, agora com a companhia de um ataque que beira o aceitável, sendo o 14º mais eficiente.

Miami Heat: Dwyane Wade joga quando quer ou quando pode, LeBron James regrediu um tiquinho, se comparado ao absurdo que produziu nas últimas duas temporadas (embora esteja finalizando com ainda mais precisão), Udonis Haslem perdeu jogos, Shane Battier despencou, Greg Oden ainda não estreou e… Tudo bem, tudo na santa paz na Flórida. Eles não jogam pensando em agora e ainda é o bastante para, no Leste, sobrar e construir o melhor ataque e a sétima melhor defesa, uma combinação perigosa. Ah, e palmas para Michael Beasley! Por enquanto, em quase dois meses, ele conseguiu evitar a cadeia e, estatisticamente, escoltado por craques, vem produzindo como nunca antes na história dessa liga.

Eles querem, tentam ser decentes (ou talvez não)
Neste grupo temos times que estão entre os menos piores do Leste.

Atlanta Hawks: o mundo dá voltas, LeBron James passa de supervilão a unanimidade, Juwan Howard e David Stern enfim se aposentam, Bush vai, Obama vem, mas o Hawks não consegue se livrar da mediocridade.  Jajá teremos uma década com o time posicionado entre as terceira e sexta posições da conferência. E não podem dizer que Danny Ferry não está tentando. Joe Johnson e Josh Smith se mandaram. As chaves do carro foram entregues para Al Horford. Jeff Teague está solto. Kyle Korver, pegando fogo. DeMarre Carroll, surpreendendo. Mas, no geral, falta banco e consistência, enquanto os jogadores assimilam os conceitos Popovichianos de Mike Buddenholzer.

Detroit Pistons: ainda está cedo para detonar por completo os experimento com os três grandalhões juntos, mas todos os indícios apontam que talvez não tenha sido, mesmo, a melhor ideia. Greg Monroe parece deslocado e Josh Smith comete atrocidades no perímetro – assim como o bom e velho Brandon Jennings. Ao menos, a cada erro da dupla, Andre Drummond está por ali, preparado para pegar o rebote e castigar o aro. Rodney Stuckey, ressuscitado como um candidato a sexto homem do ano, também ajudou a aparar as arestas. Maurice Cheeks ainda precisa definir de uma vez sua rotação e encontre melhor padrão de jogo para adequar as diversas partes talentosas que, no momento, não conseguem se posicionar nem mesmo entre os 20 melhores ataques ou defesas. E, mesmo assim, o time ocupa o quinto lugar no Leste. Incrível.

O aproveitamento de quadra de Josh Smith nesta temporada: as marcas em vermelho, só para constar, estão abaixo da média da liga. E este vermelho lembra um pouco a cor de um tijolo velho

O aproveitamento de quadra de Josh Smith nesta temporada: as marcas em vermelho, só para constar, estão abaixo da média da liga. E este vermelho lembra um pouco a cor de um tijolo velho

Charlotte Bobcats: a franquia apanhou por anos e anos. Foi coisa de ser massacrada mesmo. Daí que, num ano antes do Draft mais generoso dos Estados Unidos em muito tempo,  Michael Jordan resolveu que era hora de gastar uma graninha, acertar em uma contratação (aleluia!) e formar um time até que bonitinho. Al Jefferson ainda não engrenou, recuperando-se de uma lesão no tornozelo, Cody Zeller não impressiona ninguém (positivamente, digo), Kemba Walker não progrediu, mas o time tem se sustentado com sua defesa, guiada por Steve Clifford, sobre quem havíamos alertado. A equipe mais escancarada do ano passado virou, agora, a terceira melhor retaguarda. E, aqui entre nós: Josh McRoberts é um achado.

Washington Wizards: Ernie Grunfeld pode ter feito um monte de barbaridades nas constantes reformulações de elenco que produziu desde que Gilbert Arenas pirou o cabeção. Também não tem muita sorte. John Wall se firmou como um dos melhores armadores de sua geração, mas não consegue levar adiante a dupla com Bradley Beal, afastado por uma misteriosa dor na canela que pode ser fratura por estresse (e aí danou-se). Marcin Gortat se entendeu bem com Nenê – e o brasileiro, todavia, não consegue parar em pé sem sentir dores. Quando Martell Webster vai bem, Trevor Ariza machuca. Quando Trevor Ariza vai bem, Martell Webster machuca. E Randy Wittman, coordenando uma defesa respeitável, tem de se virar do jeito que dá para manter sua equipe competitiva. No Leste, claro, não precisa de muito. Talvez nem importe nem que Otto Porter Junior esteja só na fase de aprender a engatinhar.

Chicago Bulls: pobre Tim Thibodeau. Deve estar envelhecendo numa média de um mês a cada semana nesta temporada. A nova lesão de Derrick Rose foi trágica – e dessa vez não havia Nate Robinson para socorrer. Para piorar, Jimmy Butler caiu, levando junto, agora mesmo, Luol Deng, que estava carregando piano de modo admirável. Em meio a tudo isso, Joakim Noah nem teve tempo de se colocar em forma. Para estancar os ferimentos, Taj Gibson faz sua melhor campanha, Kirk Hinrich tem evitado a enfermaria para organizar as coisas e, claro, muita defesa, a quarta melhor da liga. O suficiente para capengar por um oitavo lugar na conferência, esperando por um raio de sol.

Boston Celtics: Danny Ainge certamente confia na capacidade de Brad Stevens como técnico. Do contrário, não teria dado um contrato de seis anos ao noviço. Talvez ele só não contasse que o sujeito fosse tão bom desse jeito. Aí complica tudo! O Celtics abriu mão de Paul Pierce e Kevin Garnett neste ano para afundar na tabela e sonhar com um dos universitários badalados do momento. E aí que, em meio a essa draga toda, uma boa mente pode fazer a diferença, mesmo sem Rajon Rondo e tendo que escalar Gerald Wallace e pivôs diminutos – sem dar a rodagem necessária para Vitor Faverani. Então, meninos e meninas, pode certeza de algo: se tiver alguém torcendo para a ascensão de Knicks e Nets, o Mr. Ainge é uma boa aposta.

Descendo, mas só por ora
Três equipes que ainda vão perder muito mais que ganhar neste ano, mas as coisas estão mudando. “Perdeu, valeu, a gente sabe que não deu.”

Philadelphia 76ers: ver Michael Carter-Williams estufar as linhas de estatísticas de todas as formas já valeria o ano inteiro para aqueles que ainda choram Allen Iverson (ou Charles Barkley, ou Moses Malone, ou Julius Erving). O armador é a maior revelação da temporada. Havia fãs dele no processo de recrutamento de novatos deste ano, mas, sinceramente, não li em lugar algum a opinião de que ele fosse uma ameaça para conseguir um quadruple-double na carreira, quanto menos em seus primeiros dois meses. Ao mesmo tempo, sem pressão nenhuma por resultados imediatos, o gerente geral Sam Hinkie e o técnico Brett Brown vão rodando seu elenco, garimpando talentos, avaliando prospectos como Tony Wroten, James Anderson, Hollis Thompson, Daniel Orton etc. Sem contar o fato bizarro de que Spencer Hawes, hoje, é um dos melhores pivôs da liga. Vende-se.

Orlando Magic: A base aqui, hoje, é melhor que a do Sixers, com Arron Afflalo jogando uma barbaridade, jogando de uma forma que assusta até. Nikola Vucevic vai se provando que sua primeira campanha na Disneylândia não foi um delírio. Victor Oladipo está cheio de energia e potencial para serem explorados. Andrew Nicholson, Tobias Harris e Maurice Harkless também oferecem outras rotas a serem exploradas. O técnico Jacque Vaughn é respeitado. Para o ano que vem, os contratos dos finados Hidayet Turkoglu e Quentin Richardson expiram, e o gerente geral Rob Hennigan terá espaço para investir.

Toronto Raptors: não houve uma negociação na qual Masai Ujiri se envolveu nos últimos dois, três anos em que ele não tenha, no mínimo, levado a melhor. Isso quando ele não rouba tudo de quem está do outro lado da mesa, sem piedade alguma. Em pouco tempo, já se livrou dos contratos de Rudy Gay e Andrea Bargnani, iniciando um processo de implosão para tentar reformular, de modo definitivo, a franquia canadense – que tem aporte financeiro para ser grande. Jonas Valanciunas está dentro. O restante? Provavelmente fora. Será que Andrew Wiggins vai acompanhá-lo, em casa?

Caos total
A bagunça é tanta que fica difícil de saber como botar tudo em ordem.

Cleveland Cavaliers: no papel, um time de playoff. Mas as peças por enquanto não se encaixam tão bem como o esperado. Para dizer o mínimo, considerando que Dion Waiters partiu para cima de Tristan Thompson no vestiário. Em quadra, Mike Brown simplesmente não consegue organizar um ataque decente que não tenha LeBron James em seu quinteto. O Cavs só pontua mais que o time que aparece logo abaixo aqui. É um desastre. Para se ter uma ideia, dos dez jogadores que ficaram mais minutos em quadra até o momento, apenas Anderson Varejão acertou pelo menos 50% de seus arremessos. Até mesmo Kyrie Irving vem encontrando sérias dificuldades. Os últimos jogos de Andrew Bynum seriam o único indício positivo por aqui – e não que isso sirva para compensar o fiasco total que são as primeiras semanas de Anthony Bennett como profissional:

Milwaukee Bucks: a Tentação de jogar Larry Drew na fogueira também é grande, mas fato é que o Milwaukee Bucks em nenhum momento pôde colocar em quadra o time que eles imaginariam ter. Larry Sanders passou vexame em uma briga na balada, Carlos Delfino ainda não vestiu o uniforme, Brandon Knight e Luke Ridnour se alternam na enfermaria, aonde Caron Butler já se instalou ao lado de Zaza Pachulia. Ersan Ilyasova só não está lá porque o time precisa desesperadamente de qualquer ajuda, ainda que seja de um ala-pivô cheio de dores nas pernas. Apenas OJ Mayo, John Henson e o surpreendente Kris Middleton disputaram as 20 partidas da equipe. De toda forma, esses nomes não chegam a empolgar tanto, né? Daria um sólido conjunto, mas sem grandes aspirações. Se for para empolgar, mesmo, então, com a vaca já atolada no brejo, melhor liberar o garotão Giannis Antetokounmpo para correr os Estados Unidos de ponta a ponta.

Os dois times que são um pesadelo para Spike Lee, Woody Allen, Al Pacino, Roberty De Niro, os Beastie Boys e qualquer outro nova-iorquino
Eles ainda têm tempo para reagir. Mas vai dar muito trabalho e ainda pode custar muito dinheiro.

Brooklyn Nets: bem, sobre Jason Kidd já foi gasto um artigo inteiro. De lá para cá, soubemos que Lawrence Frank tem um salário de US$ 6 milhões (mais que Andrei Kirilenko, Andray Blatche e Mason Plumlee juntos!) apenas para escrever relatórios diários, uma vez que foi afastado do posto de principal assistente. Depois de apenas três meses no cargo. E, esculhambado nos mais diversos sentidos, o Nets obviamente não consegue se encontrar em quadra, mesmo com Brook Lopez jogando o fino. Temos agora o 20º pior ataque e a penúltima defesa da liga, acima apenas do pobre Utah Jazz. Tudo isso, lembrando, com a folha salarial mais volumosa do campeonato. “Parabéns aos envolvidos” se encaixa aqui? Que Deron Williams volte rápido – e bem. Kirilenko também precisa colocar a reza em dia.

New York Knicks: agora fica meio claro a importância que tem um Tyson Chandler, né? Um sujeito de 2,13 m de altura (ou mais), ágil, coordenado, inteligente, corajoso e que ainda converte lances livres? Causa impacto dos dois lados da quadra, facilitando a vida de todo mundo. Inclusive a do Carmelo Anthony, que pode roubar um pouco na defesa, ciente de que tem cobertura. Sem ele, o time virou uma peneira, com a quinta pior marca da liga. No ataque, uma das maiores artilharias da temporada passada agora é somente a 18ª, numa queda vertiginosa que tem mais a ver, é verdade, com a fase abominável de JR Smith e Raymond Felton. Não é culpa do Carmelo, mesmo que ele também não esteja mantendo a forma do ano passado. Daí que temos uma surra de mais de 40 pontos para o Boston Celtics no Garden? Até Ron Artest está pasmo.


Jason Kidd ‘derruba’ refrigerante em quadra e encara pressão
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Giancarlo Giampietro

Jason Kidd x Kevin Garnett

Kidd em quadra com Garnett. Mas de outro jeito, bem diferente

Acontece, claro. Mas é melhor evitar, né?

Num dos treinos de pré-temporada do Brooklyn Nets, o bósnio Mirza Teletovic e o marciano Andray Blatche se estranharam. Trocaram empurrões, mas o nível de tensão não chegou a ir além disso. Veio a turma do deixa-disso, e a equipe voltou a praticar rapidamente. “É normal. Acontece todo ano, dez vezes no ano, ou algo assim. É realmente algo competitivo, com os caras trombando e se batendo lá embaixo. O time fica sujeito a ter algumas dessas (confusões”, afirmou Deron Williams.

Bem, com um elenco abarrotado de jogadores talentosos – e ambiciosos –, competição por pontos, minutos é o que não vai faltar, mesmo, para o time do bilionário Mikhail Prokhorov. Quem tem de administrar tudo isso, envolver tantas peças talentosas  em torno de um só objetivo, numa mesma família e blablabla é Jason Kidd.

Fosse o armador Kidd, com sua visão de jogo em cinco dimensões e o respeito que emanava em quadra, não haveria problema nenhum. Mas agora estamos falando do técnico Kidd. Outra história. Aconteceu que o Nets, tentando cumprir a corajosa meta estabelecida por Prokhorov, de conquistar um título em cinco anos, resolveu apostar numa figura indiscutível do basquete, mas inegavelmente um calouro em sua nova profissão.

Dá para lembrar de algumas trocas de farpa célebres entre boleiros brasileiros. Quem não se recorda da célebre frase de Romário sobre a janelinha? “Mal chegou no busão e já quer sentar”, endereçada ao assistente promovido a treinador do Fluminense, Alexandre Gama? Teve também o bate-boca entre Emerson Leão e o agente de jogadores Wagner Ribeiro, com o meia-atacante Lucas no meio. “O Lucas é uma Ferrari, que está sendo mal conduzida pelo piloto, que não sabe nem sequer trocar a marcha do carro e muito menos dirigi-la”, disse o empresário.

São duas frases que não saem da cabeça na hora de avaliar a contratação do  jogador como técnico de um timaço que precisa vencer agora ou agora, nem mesmo três meses depois de sua aposentadoria. Ninguém vai questionar o cérebro de Kidd para o basquete. Mas comandar um elenco pede muito mais que isso. Uma coisa é pensar em quadra, por instinto, quando as coisas vão acontecendo. Outra é planejar o que vai acontecer nas partidas. É necessário ter um conceito de jogo e saber como aplicá-lo desde o início, sem se descuidar com todos os fatores que resultam em química dentro e fora de quadra.

Por enquanto, com 4 vitórias e 11 derrotas, Kidd já se vê em uma enrascada. A ponto de, nesta quarta-feira, ter forjado um incidente ridículo, para dizer o mínimo. Com pouco mais de 8 segundos no cronômetro, sem poder pedir tempo, ele, digamos, sugere que o jovem armador Tyshawn Taylor o acerte (“HIT ME”) na linha lateral de quadra, antes de Jodie Meeks bater dois lances livres para definir a vitória do Lakers. Sua intenção? Não só fazer Meeks repensar toda a sua vida antes de fazer as cobranças, como para ganhar tempo e desenhar uma eventual última jogada para o empate ou a virada. E aí que vira trapalhada: enquanto John Welch, seu coordenador ofensivo, risca a prancheta, Steve Blake e Xavier Henry estão ali, no meio da rodinha brooklyniana, vendo tudo, prontos para espalhar as novidades para seus companheiros. É uma das cenas mais estapafúrdias da história da liga:

 

Mostra a que ponto o técnico já se sente pressionado.

Claro que, na patética Divisão do Atlântico, dá tempo de sobra para ele e seus atletas se recuperarem. Mas não há dúvida de que, em 28 de novembro de 2013, estão muito aquém da expectativa. A noviça torcida da franquia, na vizinhança nova-iorquina, já começou a vaiá-los. “Acho que todo mundo aqui está cheio de vergonha”, disse Kevin Garnett. “Você definitivamente não quer que isso aconteça em casa.”

Para entender o tamanho da vergonha, números. Em termos de quantidade de pontos por jogo, o Nets tem a sexta pior defesa e o nono pior ataque. Se por fazer essas contas considerando o ritmo de jogo de cada equipe, pensando em pontos por 100 posses de bola, os rankings só caem: a equipe teria a defesa menos eficiente e o oitavo ataque mais anêmico. Resultado disso tudo? Mesmo com a contratação de Garnett e Paul Pierce, a franquia também é a última colocada em número de espectadores por jogo.

Mark Cuban Mutante Russo (via Bill Simmons)

É tudo dele: Prokhorov vai curtindo a vida de dono de clube da NBA

Claro que isso tudo não é cul-pa de Kidd. Seu time vem sendo um daqueles mais atingidos pela maré de azar quanto a lesões, neste início de temporada. Brook Lopez, seu melhor jogador (sim, isso mesmo),  já perdeu seis partidas. O temperamental e quebradiço Deron Williams ficou fora de cinco. Andrei Kirilenko, alguém fundamental para a coesão defensiva, só disputou quatro jogos, ou míseros 53 minutos. Pierce e Garnett perderam um cada e estão com os minutos limitados – uma decisão correta, pensando nos playoffs. Isso, claro, se eles chegarem lá. Algo sobre o qual Prokhorov nem pode pensar. Ainda que ele não tenha se pronunciado oficialmente sobre o assunto, o ESPN.com afirma que, por enquanto, ele dá total cobertura para o aprendizado de Kidd.

Também pudera. Depois da fanfarra que fez ao anunciar a surpreendente contratação de seu novo técnico, o magnata russo assegurou que era tudo ideia sua. E, bem ao seu modo de fazer graças a toda hora, gastando uma série de piadas como qualquer um dos homens mais ricos do mundo pode fazer, disse que seu novo técnico lhe lembrava o personagem de Tom Cruise no filme “Top Gun”, hit de bilheterias – e locadoras – nos anos 80. Uma referência bizarra.

“Quero refrescar sua memória. Tom Cruise interpreta o Maverick, e ele é um piloto top, um verdadeiro líder. No final, ele tomou a decisão de se tornar um instrutor porque ser um líder era o que ele mais valorizava. Então, Jason Kidd é a nossa Top Gun. Ele vai fazer seu melhor, estou certo, para usar todas as suas qualidades para nos elevar como uma equipe”, disse o russo.

E aí? Todo mundo convencido, né?

Esse é um sujeito que conseguiu dar um jeito para acumular mais de duas dezenas de bilhões de dólares de fortuna – até agora sem se abalar por falácias de mercado futuro ou nenhuma companhia que termine com “X”. Como questionar o feeling de uma figura dessas? Chega a ser até opressor.

Mas o problema com Prokhorov, muitas vezes, é a sua vocação para o show, mesmo. Ele pode falar o quanto quer um título de NBA, mas se tornar o dono de uma franquia esportiva nos Estados Unidos tem muito mais a ver com glamour e as luzes. E daí vem uma citação pop demodé e tresloucada dessas. Depois ele garante: “Para mim, internamente, só há um lugar aceitável: o número um.”

Por isso ele não se importa em bancar uma folha salarial de US$ 101,2 milhões. É, disparada, a maior do campeonato, conseguindo uma façanha praticamente impensável há um ou dois anos: faz da quantia gasta pelo vizinho de Manhattan, o Knicks,  algo até razoável (US$ 86,8 milhões). Além do dinheiro gasto com os salários, a franquia ainda vai pagar mais de US$ 80 milhões em taxas por exceder arrebentar o teto da liga. “Acho que eles ainda estão contando o dinheiro no escritório”, brincou o russo. “Mas, falando francamente, espero apenas que o cheque não volte.”

Beira o injusto depositar esse cheque e a esperança de estar no topo na conta de alguém que, antes de o campeonato começar, se assumia como uma “esponja”, em fase de aprendizado. “Estou tentando absorver toda a informação que puder de Doc, Pat Riley, Phil, de todos, para anotar isso e compartilhar com o estafe. Algumas dessas coisas vão pegar, outras vão ser jogadas fora. Algumas podem reaparecer, tudo em busca de uma identidade para o time agora. Mas, no fim, sou eu que vou tomar minhas próprias decisões e encontrar meu próprio caminho”, disse Kidd.

Para chegar lá, Kidd tem muito mais com o que se preocupar do que eventuais conflitos internos em treinos. A briga hoje é muito mais séria.


Do contra, Kobe renova por valor alto. E o futuro do Lakers?
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Giancarlo Giampietro

Fala, Kobe

Você aprende a gostar de um Kobe Bryant por tudo aquilo que ele faz de diferente.

Para começar, são poucos os que podem igualar seus talentos em quadra. Desde que entrou na NBA como um colegial em 1996, sua capacidade atlética já deixava claro que tinha tudo para ser um dos grandes. Ágil, maleável, explosivo, saltitante, já conseguia competir com os grandalhões, ainda que o Los Angeles Lakers tenha controlado direitinho sua decolagem. Foi sendo solto aos poucos. Quanto mais jogou, mais óbvias ficavam outras características que o carregariam ao topo. De atletas de alto nível a liga estava cheia. Que o diga Harold Miner. Mas o ala tinha muito mais que isso. Visão para o passe e dos diferentes ângulos para se infiltrar, chute de média distância e, talvez ainda mais importante, propensão para se ralar na defesa no mano a mano. Sem contar as horas sem fim de internação no ginásio para refinar essas habilidades. Sim, era um craque, distante dos outros.

Com o tempo, foi moldando sua personalidade em uma liga dominada por dinheiro, ególatras e muita gente competitiva, o ala teve diversas fases. Primeiro, tentou se enturmar como um dos manos do hip-hop, tentando combater a imagem de “fresquinho” que tinha, pelo período longo de educação que teve na Europa, acompanhando a carreira do pai. Não deu muito certo, e viu que o negócio era, mesmo, se concentrar dentro de quadra. Já foi o queridinho jovial e exuberante, virou o vilão introspectivo e intratável – os anos entre 2003 e 2006 foram especialmente complicados, com os constantes entreveros com Shaq, a acusação de estupro no Colorado a roupa suja lavada de Phil Jackson etc. –, perdeu, ganhou, retomou a coroa e, hoje, é talvez a melhor entrevista de toda a liga. Consagrado, com um currículo quase imbatível, confiante, inteligente, veterano, faz a alegria de quem consegue gravá-lo. Bem distante do usual.

Como esperar, então, que, na hora de definir algo tão importante como os próximos e últimos anos de uma carreira dessas, ele fosse seguir o convencional, aquilo estabelecido como padrão? No caso, renovar seu contrato com o Lakers com um desconto camarada para a franquia, com a ideia de que, desta forma, poderia ter mais ajuda para buscar o (supostamente) tão sonhado sexto anel? Oras, isso é coisa para Tim Duncan, Kevin Garnett, LeBron James e outros fazerem.

Quer dizer, não que Kobe não os respeite, de um jeito ou de outro. Mas, na cabeça de um sujeito desses, não há quem possa se colocar em seu patamar – e por trás dessa lógica há muito mais coisa que a simples habilidade de jogar basquete.

“Você não pode apenas entender seu esporte. Tem de entender a indústria dos esportes”, afirmou, no Twitter, o astro, depois de ser malhado por 99,5% da internet americana pela extensão contratual que assinou, por mais duas temporadas além da atual, com média salarial superior a US$ 24 milhões. “As regras do teto salarial forçam que os jogadores sejam ‘altruístas’ para ajudar proprietários BILIONÁRIOS. E são as mesmas regras que os proprietários nos obrigaram a aceitar. #Pense”, completou.

Ciente disso, do tipo de coisa que circunda a mente de seu principal pilar, a diretoria do Lakers apostou alto ao já resolver a negociação prontamente. Se cada centavo desse contrato não importasse para o que vai ser da equipe até 2016 (mais abaixo), a definição mais correta para o acordo selado seria a da repórter Ramona Shelbourne, do ESPN.com americano. “É só pensar que ele vai ganhar qualquer coisa a mais que o segundo jogador mais bem pago da liga”.

Saca? Para Kobe, parece realmente importante encabeçar a lista dos holerites emitidos na liga. É uma questão de status, reconhecimento por serviços prestados e relevância para o jogo – e a indústria, como deixou claro no seu tweet. Algo que Jim Buss e Mitch Kupchak sabem muito bem. Além disso, pega bem para a franquia, diante de jogadores e agentes, essa demonstração de “lealdade” e, ao mesmo tempo, agradecimento.

“Sou muito afortunado de estar em uma organização que entende como cuidar de seus jogadores e colocar um grande time na quadra. Eles descobriram como fazer isso. A maioria dos jogadores na liga não tem isso. Eles ficam presos a uma situação difícil, algo provavelmente algo feito intencionalmente pelos times para forçá-los a ganhar menos dinheiro”, disse, depois, o jogador ao Yahoo! Sports em entrevista imperdível. “Enquanto isso, o valor da organização cresce até o teto, graças ao sacrifício de seus jogadores altruístas. É a coisa mais ridícula que já ouvi.”

É difícil fazer frente aos argumentos do Sr. Bryant, não? Os jogadores da NBA vivem em um mundo no qual a ridicularizada franquia do Sacramento Kings é vendida pela quantia recorde de U$ 534 milhões. Se os Maloof conseguiram fazer uma bolada dessas, seria certo que Peja Stojakovic, Mike Bibby ou Chris Webber, no auge do clube, aceitassem ganhar menos para facilitar a vida de empresários que, no fim, se mostraram gestores incompetentes?

Além do mais, a situação de Kobe ainda tem outro aspecto especial. Por mais que o atleto já tenha engordado seu cofre sem parar na última década, a ponto de garantir um vidão para seus eventuais bisnetos ou tataranetos, um atleta desse calibre nunca é devidamente pago. Não dá para dimensionar sua importância para a marca do time. Certamente vale mais que os US$ 30 milhões a serem embolsados apenas por este campeonato.

Ainda não está muito claro o caminho que levou a esse relativamente rápido acerto. Se Rob Pelinka, o homem que negocia por Bryant, já estava forçando a barra nos bastidores. Se a diretoria que resolveu se apressar, mesmo, independentemente da forma física do astro em recuperação de uma cirurgia no tendão de Aquiles ou do quanto a concorrência estaria disposta a oferecer pelo ala, se ele eventualmente viesse a se tornar um agente livre. De qualquer forma, antes de bater o martelo, cartolas e jogador tiveram a chance de ponderar o que faziam. E, justa ou não a remuneração do camisa 24, fato é que, se a prioridade nessa renovação de vínculo fosse realmente esportiva, tentar fazer do Lakers novamente um candidato ao título, os valores divulgados são, mesmo, incompreensíveis.

Sem entrar tanto assim na matemática – há quem faça muito melhor –, a franquia basicamente só poderá contratar um craque de ponta, alguém que faça a diferença, nos próximos dois anos, enquanto durar o novo contrato de Kobe. E, para fazer isso, ainda teria de se despedir de Pau Gasol, se livrar da carcaça de Steve Nash, dos rebotes de Jordan Hill e de qualquer outro “achado” da campanha 2013-2014. As novas regras do acordo trabalhista da NBA basicamente sufocam qualquer time que gaste (mais de) US$ 40 milhões em dois atletas. A ideia era realmente atar as mãos de clubes mais poderosos financeiramente como o Lakers e o Knicks – mbora a ironia das ironia seja que essas regras também detonam com as equipes menores que consigam formar grandes elencos, como o Thunder, que se viu obrigado de escolher entre Ibaka e Harden.

Na atual configuração de negócios da liga, pensando na próxima temporada, o Lakers caminharia para ter Kobe, Astro X, um jogador mediano Y e uma banca de Shawne Williams e Robert Sacres para preencher as lacunas restantes no elenco. Isso é muito pouco, mesmo para o caso de o craque retornar de uma lesão devastadora em plena forma. É possível? Claro, nunca é bom desconfiar de alguém tão obstinado como o ala. Mas já será um desafio e tanto – e, a propósito, ele afirma ainda faltar algumas semanas para que possa retornar. “Tentei me isolar (das negociações de renovação), bloquear isso. Precisava me concentrar na minha recuperação em levar meu traseiro de volta para quadra.”

Kobe afirma também que confia na habilidade de Kupchak em formar uma equipe competitiva. Mas ele talvez simplesmente esteja ignorando as minúcias da nova NBA. Ao defender seus interesses, o ala acabou por deixar os cartolas em uma posição mais difícil, embora esteja pê da vida com quem entenda desta maneira. “Não dá para ficar pensando isso: ‘Bem, vou ganhar substancialmente menos porque existe uma pressão pública para isso’. De uma hora para outra, se você não aceitar ganhar menos, é como se você não desse a mínima para vencer. Isso é pura bobagem.”

Antes dessa frase, porém, ele fez a seguinte colocação: “Muitos de nós (jogadores) temos aspirações para virarem homens de negócio quando nossa carreira chegar ao fim. Mas isso começa agora. Você precisa ser capaz de pensar ambas as coisas”.

Dessa vez, Kobe acabou pensando mais em seus futuros negócios.

(PS: Uma explicação. Não tem sido um final de ano fácil para o blog. Perdi minha última avó, uma semana depois tive de embarcar para uma longa viagem profissional para o outro lado do mundo. Na volta, tinha uma coisa beeeem gostosa para coordenar: simplesmente uma mudança de casa me aguardava, junto com outras obrigações no trabalho, e aí as coisas fugiram de controle. Era melhor parar por um tempo, sentir falta do VinteUm e voltar com alguma coisa que preste para escrever. Espero que este post já sirva de algo. Amanhã de manhã tem mais, sobre os problemas de um ex-armador genial em comandar um timaço numa das vizinhanças de Nova York. As coisas parecem ter voltado ao lugar aqui. Abs, até mais.)


NBA 2013-2014: razões para seguir ou lamentar os times da Divisão Atlântico
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Depois da Divisão Sudeste, amos dar uma passada, agora, pela Divisão Atlântico, mirando o que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e predileções de uma só cabeça (quase) pensante:

BOSTON CELTICS
Para curtir:
– Os americanos se divertindo com o suposto apelido de Vitor Faverani de “El Hombre Indestructible” em suas crônicas, admirados como o jogo durão do brasileiro.

Avery Bradley oprimindo, com sua movimentação lateral implacável, postura perfeita e muita garra, quem quer que tente driblar em sua direção, ou em qualquer direção, na verdade.

– O eventual segundo quarto em que Jeff Green vai parecer um All-Star, atacando a cesta com tudo e convertendo chutes da zona morta.

Jared Sullinger coletando rebotes ofensivos, mesmo que não consiga pular um par de chinelos – e tomando impulso na corrida.

Kelly Olynyk mostrando que força não pode ser tudo no basquete, mesmo quando se tem mais de 2,10 m de altura.

Para chiar:
– Os jogos em que Brandon Bass e Kris Humphries vão apanhar toda a vida o garrafão, mas nada de Faverani na quadra.

Avery Bradley amassando o aro, do outro lado da quadra.

– Os outros três quartos em que Jeff Green fica vagando na quadra, sem muito propósito.

Jordan Crawford algemando a bola em um garbage time no Boston Garden, com o Celtics perdendo por 20 pontos.

– As caretas de MarShon Brooks no banco de reservas.

– Cada cheque gordo mensal depositado na conta de Keith Bogans e Humphries.

BROOKLYN NETS
Para curtir:
– Para delirar, na real, imaginando o quão forte pode ficar a defesa do time nos minutos em que Garnett e Kirilenko estiverem juntos em quadra. Vai ser um terror para qualquer coordenador ofensivo.

Pierce e Garnett, aos poucos, dominando o vestiário e tentando dar um jeito na prima donna que se tornou Deron Williams.

– Kirilenko, Pierce e Garnett podendo um dar descanso ao outro, para que cheguem bem aos playoffs.

Brookly reforçado

Brookly reforçado

Brook Lopez dominando embaixo da cesta, mas também matando seus chutes de média distância e aprendendo uma coisa ou outra com Garnett na cobertura e imposição defensiva.

– As partidas de 15 ou mais rebotes de Reggie Evans, mesmo que ele nem passe dos 20 minutos de ação.

Para chiar:
– A deterioração no jogo de Joe Johnson e sua passividade em quadra.

– Se Deron tiver problema em dividir os holofotes com os veteranos que chegaram.

– Qualquer limitação física que abale a equipe rumo aos mata-matas.

Jason Terry, afoito para fazer suas cestinhas, abortando alguns ataques.

Jason Kidd atendendo ao celular durante jogos. Difícil que ele repita o que fez na liga de verão. Em todo o caso…

NEW YORK KNICKS
Para curtir:
– Quando Carmelo Anthony incendeia o Madison Square Garden; aqueles momentos em que ele fecha dos olhos, atira para cima e cai tudo, mas tudo mesmo, como um robozinho preparado para fazer cestas.

– As acrobacias de JR Smith que fazem o queixo cair.

– Toda a calma e inteligência de Pablo Prigioni, fazendo os passes corretos, na hora certa, além de sua esperteza para bater a carteira de rivais muito mais rápidos e jovens.

Tyson Chandler brincando de vôlei perto da tabela e, com aquele tamanho todo, sendo capaz de defender alas no mano a mano (desde que as costas estejam 100%, claro).

– Os ataques do jornalista Frank Isola, do New York Daily News, ao conglomerado de James Dolan, via Twitter. Imperdível.

– O fantástico mundo de Ron Artest.

Para chiar:
– Quando Carmelo Anthony  e JR Smith simplesmente não vão passar a bola para ninguém.

– Os diversos momentos em que, por desatenção ou preguiça, Carmelo concede cestas fáceis aos adversários. Para depois reclamar de seus companheiros.

– A triste derrocada de Amar’e Stoudemire, que mal consegue parar em pé há duas  temporadas e já vem estourado desde a pré-temporada.

– Contratar Chris Smith só pelo fato de ele ser o caçulinha de JR.

– Os quilinhos a mais de Raymond Felton.

Andrea Bargnani e um potencial nunca realizado.

– O bilionário mundo de James Dolan.

PHILADLEPHIA 76ERS
Para curtir:
Thaddeus Young e seu jogo silencioso, mas muito eficiente e vistoso, sim, senhor, com suas passadas largas rumo ao aro.

– A liberdade plena de criação para Brett Brown, mais um discípulo de Gregg Popovich a tentar a vida fora de San Antonio.

– Prospectos até hoje escondidos, mas com muito talento e uma grande oportunidade para mostrar serviço: James Anderson, Daniel Orton e Tony Wroten.

– Hã… Bem… Difícil ir além disso. Que Nerlens Noel possa se juntar a Michael Carter-Williams em quadra o mais rápido possível em um dos elencos mais limitados dos últimos anos.

Para chiar:
– As claras intenções de se sabotar toda uma temporada em busca de uma boa posição no Draft; do ponto de vista coletivo, de credibilidade da liga, lamentável, ainda que a estratégia faça sentido para a franquia.

Evan Turner batendo cabeça com Carter-Williams.

Cada salário depositado na conta de Kwame Brown.

TORONTO RAPTORS
Para curtir:
– As maquinações de Masai Ujiri nos bastidores, em busca da próxima troca em que vá rapelar o outro negociador.

– A adoração dos torcedores do Raptors por Jonas Valanciunas, e desenvolvimento deste promissor gigantão lituano.

– A leveza e capacidade atlética de Rudy Gay, DeMarr DeRozan e Terrence Ross.

Amir Johnson, pau-pra-toda-obra.

– O arremesso de Steve Novak.

Tyler Hansbrough trombando com todo mundo que não atenda pelo nome de #mettaworldpeace.

Para chiar:
– As tijoladas intempestivas, pouco inteligentes de Rudy Gay.

– Toda a falta de mobilidade de Aron Gray, provavelmente o jogador mais pesado da NBA (oficialmente com 122 kg).

– As lesões e os chiliques de Kyle Lowry.

Landry Fields e toda a sua saudade dos tempos de Linsanidade.

– A perda total de confiança por parte do diminuto DJ Augustin.


Bargnani x Novak? Knicks confia em reforço italiano para sonhar com título
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Giancarlo Giampietro

Andrea Bargnani x mídia de NYC

Andrea Bargnani e Steve Novak entraram juntos na NBA, no Draft de 2006.

Badalado na Itália, o italiano, “Il Mago”, foi o primeiro da lista de recrutamento de novatos, algo inédito para um europeu. Após sete temporadas, ganhou mais de US$ 48 milhões e ainda tem mais, no mínimo, US$ 11,8 milhões encomendados – ou US$ 23 mi, dependendo do que o New York Knicks optar. Até 10 de julho de 2013, conhecia apenas um só time da liga norte-americana, o Toronto Raptors.

O americano já ficou para lá de contente em ser o número 32 daquela relação, algo de certo modo surpreendente para o ex-companheiro de Dwyane Wade em Marquette. De lá para cá, embolsou US$ 8 milhões em sete anos, três milhões a menos que “Bargs” faturou na última temporada. De qualquer forma, tem mais de US$ 10 milhões garantidos para os próximos três anos. O ala foi selecionado pelo Rockets e trocado para o Clippers em 2008. Assinou como agente livre com o Dallas Mavericks em setembro de 2010. Acabou dispensado em janeiro de 2011. Em fevereiro do mesmo ano, completou a trinca texana ao fechar com o San Antonio Spurs. Foi chutado mais uma vez em dezembro. Dois dias depois, acertou com o New York Knicks. Foi aí que aconteceu a “Linsanidade”, na qual surfou com toda a empolgação possível, mandando bala do perímetro a partir das infiltrações do armador.

Os dois são conhecidos como jogadores altos com ótimo arremesso de três pontos, mas têm status bem distintos, como fica evidente nessa comparação. Até que seus caminhos voltaram a se cruzar há alguns meses, quando Knicks e Raptors fecharam uma transação. A equipe nova-iorquina teve de ceder Novak, Marcus Camby, Quentin Richardson, uma escolha de primeiro round e mais duas de segundo para fechar o negócio.

Por esse preço, julga-se o prestígio de Bargnani como o de uma estrela, não? Foi um superpacote, digno de um antigo número um do Draft. Que muita gente tenha feito troça dos Bockers e louvado mais uma limpa de mão cheia promovida por Masai Ujiri, o novo manda-chuva do time canadense é o problema.

Para o mercado da NBA, o italiano já era visto como um fiasco total, um símbolo de jogador com um salário muito acima do merecido, considerado como o grande motivo para a queda de Bryan Colangelo, antecessor de Ujiri. Colangelo havia fechado uma renovação contratual de mais de US$ 50 milhões por cinco temporadas com seu atleta em 2009, ainda que o jogador de 2,13 m de altura ainda não tivesse apanhado mais de 6 rebotes em média em três campanhas na liga.

Mas Bargnani ainda era novo, apenas com 23 anos. Dá para entender a dificuldade se desvencilhar de uma aposta pessoal dessas, ainda mais pela faceta intrigante de seu basquete. Ele foi um dos muitos possíveis futuros “Dirk Nowitzkis”, daqueles grandalhões com munheca para converter os arremessos de longa distância e a coordenação para driblar arrancando em direção ao aro. Uma versatilidade que encanta, mas que nem sempre se traduz em quadra. O astro alemão é um workaholic. Sua habilidade e dedicação contumaz são únicas, difíceis de se equiparar.

Já Novak não tem nada de potencial para se explorar nesse sentido. Tem uma e só qualidade que lhe sustenta na liga: o tiro de longa distância, na qual é um sniper, com média de 43,3% na carreira e quatro temporadas com um mínimo de 41,6%. O italiano, por sua vez, chegou a converter 40,9% em 2009, mas só vem caindo desde, então, terminando os últimos dois anos com uma pontaria abaixo de medíocre – 29,6% e 30,9%. O tipo de arremesso que sobra para um é diferente do que resta para outro, diga-se.

Seria a pressão por encabeçar um Draft? A falta de fome? As constantes lesões? Ter começado num time com Chris Bosh, um jogador de certa forma semelhante e que pode ter tolhido seu desenvolvimento na entrada na liga? A falta de estrutura na comissão técnica ou clube? Ou simplesmente ele não era bom o bastante? Não há uma só resposta definitiva para entender o que deu errado na jornada do italiano acima do lago Michigan. Fato é que as médias de 15,2 pontos, paupérrimos 4,8 rebotes, 0,9 tocos e 43,7% nos arremessos valeram como uma enorme decepção.

E o que fazer com uma peça rara dessas em Nova York? Justamente na cidade com a mídia mais implacável, com tabloides diversos prontinhos para estorvar? Para ponderar: o Brooklyn Nets conseguiu Kevin Garnett, Paul Pierce e Andrei Kirilenko. O Knicks, se corroendo de inveja, tem um “Bargs” para apresentar – além do #mettaworldpeace, claro, que é uma oooooutra história.

Vai encarar?

De um jeito outro, o italiano é obrigado a. E o técnico Mike Woodson acredita que pode ajudá-lo neste sentido, confiante depois do trabalho que fez com JR Smith e Raymond Felton no ano passado. “Não acho que você pode desperdiçar a oportunidade de contar com uma peça como Bargnani”, disse. “Ele é um desses jogadores talentosos que acho que posso influenciar. Já o assisti muitas vezes de longe, treinando contra ele em Toronto. Acho que ele pode fazer uma série de coisas. Só tenho de deixá-lo aclimatado ao que estamos fazendo, se sentindo bem, porque ele realmente pode ajudar este clube.”

Já Carmelo Anthony fala de um jeito mais desbocado. “Não tem pressão para cima dele”, afirmou. “Você tem de vir aqui e jogar bola. Toda a pressão está em mim. Deve ser uma transição fácil para ele, se ajustar a isso. Apenas faça as coisas certas, e o resto deveria ser fácil.”

Melo até que tem razão. Se as coisas não derem certo para o Knicks, pode ter certeza de que ele, Amar’e, Chandler e Smith, além de Woodson, da diretoria e do proprietário James Dolan, vão aparecer na frente na lista dos críticos. Com o volume de cobertura, porém, de que o time desfruta, sempre dá para sobrar uma farpa para um ragazzo.

Tendo que se preocupar não apenas com o Nets, mas também com Pacers, Bulls e, claro, Heat, para cumprir as expectativas (irreais?) de um tão cobrado título, o Knicks vai precisar de tudo o que Bargnani puder entregar. Nem que seja – pelo menos e quem diria? – simular o rendimento de um Novak na linha de três pontos. Nessa hora, não é mais o prestígio que conta. Mas, sim, a produção.


Caras da Copa América: Renaldo Balkman, o homem banido das Filipinas
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Giancarlo Giampietro

Balkman no rebote

O pogobol Balkman na disputa por rebote – enquanto não faz nenhuma besteira em quadra

LeBron James ministrou uma clínica de basquete em Manila para 15 mil pessoas. Clínica nada, claro. Era mais um evento de adulação ao superastro do Miami Heat, com direito a show pirotécnico. Kobe Bryant também se divertiu um bocado por lá, como vemos nessa galeria, depois de ter enfrentado uma tempestade durante seu voo. JaVale McGee? Quase se naturalizou filipino.

As Filipinas amam a NBA e o basquete. Eles estão abertos a tudo. Só não querem saber mais de ver Renaldo Balkman nem pintado de ouro

Em março deste ano, o ala-pivô da seleção de Porto Rico aprontou um fuzuê inacreditável durante sua breeeeve passagem jogando na liga local. Vestindo a camisa do Petron Blaze Boosters (!?), num confronto com o Alaska Aces (!?!?), o rapaz  perdeu por completo as estribeiras em quadra após discordar de uma decisão da arbitragem.

Num episódio que rodou o mundo, Balkman começa a berrar na direção de um dos juízes. Quando um dos assistentes de sua equipe tenta chegar no clima de “deixa-disso”, levou um “chega-pra-lá”. Depois foi a vez de encarar um companheiro de time, com aquela postura de “tira-a-mão-di-mim”. E segue com sua insanidade. Dedos em riste, cabeça tombada, gritos e gritos, enquanto os adversários estão cobrando lances livres. Até que sobrou para Arwind Santos, outro parceiro de time, que… Acaba estrangulado! E não para nisso. Se acha impossível, veja aqui:

O episódio naturalmente deixou muita gente perplexa, incluindo o comissário da liga, Chito Salud, que optou por banir o porto-riquenho do basquete filipino para toda a eternidade. Além disso, só para deixá-lo sem o dinheiro do busão, também aplicou uma multa de 250 mil pesos filipinos, que dava na época algo como US$ 6 mil.

Depois, arrependido que só, Balkman usou o Twitter para tentar se redimir. “Gostaria de pedir desculpas a Arwind Santos como pessoa, alguém que respeito verdadeiramente (a-hã) e alguém que não iria machucar intencionalmente. Minhas ações foram irresponsáveis (ah, vá)”, disse o cabeludo, que falou que foi levado pelas emoções de um jogo intenso e que curtiu sua estadia nas Filipinas. “Todo mundo faz uma vez na vida algo que não era para se fazer e me deu branco naquela hora.”

Foi bom enquanto durou – ele tinha médias de 25 pontos, 13,4 rebotes, 2,4 assistências e 2,7 tocos por jogo na temporada, enfrentando uma concorrência bem fraca. Chito Salud não se sensibilizou com a resposta, mantendo a decisão da liga. Até porque ele citou este episódio aqui para julgar o atleta como reincidente:

Aqui, vemos Balkman “encarando” o venezuelano Greivis Vasquez, durante a Copa América/Pré-Olímpico de 2011, em Mar del Plata. Ele não gostou de uma falta dura do hoje armador do Sacramento Kings. Acabou suspenso por um jogo, ao lado de Nestor Colmenares, que chega para o empurrão em defesa de seu companheiro.

Sabemos também que o ala-pivô também já teve problemas disciplinares com a seleção porto-riquenha, abandonando o time por considerar que não estava sendo aproveitado de modo adequado.

Mas, tudo bem. Paramos por aqui, porque a ideia nem é pintar Balkman assim como o maior bandido do planeta. Só é preciso tomar cuidado com ele em quadra. Porque isso faz parte de todo um pacote de um dos jogadores realmente mais intensos que você pode encarar em quadra.

Ele definitivamente não é dos mais talentosos. Mas foi abençoado com uma capacidade atlética incrível – acho que consegue dar uns quatro ou cinco pulos em sequência na busca de um rebote, sem peder um centímetro na impulsão de pogobol – e muita determinação, correndo sem parar pela quadra. Incomoda mesmo, com os brasileiros puderam atestar na disputa da Copa Tuto Marchand, em que ele se aproveitou da lentidão dos adversários para revier seus tempos de astro filipino, com 24 pontos, 15 rebotes e quatro roubos de bola.

Renaldo Balkman

Balkman matou o garrafão brasileiro no último amistoso

Só com muito esforço e garra, mesmo, para que pudesse encaminhar sua carreira adiante. Quando estava no colegial, Balkman mal podia sonhar com alguma bolsa de estudos até que foi descoberto pelo técnico da Universidade da Carolina do Sul, Dave Odom, durante uma partida de eu Laurinburg Institute, em Orlando. “Eu me lembro da primeira vez que o vi. Estava sentado neste ginásio, com (o assistente) Barry Sanderson, e perguntei: ‘Quem é aquele garoto com os dreadlocks? É deste cara que precisamos’. Barry foi atrás, voltou e ninguém sabia seu nome”, afirmou o técnico.

É isso. De um jeito ou de outro, o jogador sempre esteve correndo – e por fora. Até que, de última hora, aparece alguém para acreditar. Quando, no Draft de 2006, o New York Knicks o escolheu na posição número 20, poucos puderam acreditar. Poucos, menos Isiah Thomas, então o chefão da franquia nova-iorquina, um dos piores gestores que a NBA já viu, mas um sujeito de grande reputação na hora de identificar talentos. Seria esse mais um diamante bruto descoberto pelo ex-genial armador?

Hoje, sabemos que não foi o caso. Balkman até desfrutou de algum sucesso em sua primeira pela temporada como um Knick, mas em nenhum momento justificou uma escolha tão alta, ainda mais quando gente como Rajon Rondo e Kyle Lowry estava disponível. (Embora, um parêntese: Cedric Simmons Rodney Carney, Shawne Williams, Oleksiy Pecherov e Quincy Douby foram os cinco jogadores selecionados antes de Thomas tomar sua decisão… Então não é que Rondo ou Lowry fossem tão amados assim naquele Draft.)

Não demorou muito, então, para que o atleta fosse chutado para fora de Nova York, trocado por um saco de batatas do Denver Nuggets, durante o expurgo do legado de Thomas que Donnie Walsh promoveu, numa reconstrução de elenco que depois resultaria na contratação de Amar’e Stoudemire e Carmelo Anthony. Alías, bem lembrado: quando Melo conseguiu forçar a barra para deixar as Montanhas Rochosas rumo a Manhattan, ironicamente Balkman foi incluído no mesmo pacote, de volta ao Knicks. Neste retorno, porém, jogou muito pouco até ser dispensado em fevereiro de 2012.

Foi aí que Balkman caiu na vida de andarilho do basquete e chegou a Manila. Para lá, no entanto, ele nunca mais pode voltar.