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Arquivo : Kawhi Leonard

Quando o ‘velho’ Westbrook não consegue domar a fera
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Giancarlo Giampietro

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Não se trata de uma versão de Jekyll & Hyde. Talvez esteja mais para Bruce Banner, em seus dias mais melancólicos, tentando se afastar de grandes centros urbanos, com o medo de que o Hulk apareça para esmagar tudo. Deve ser assim mais ou menos assim que funciona para Russell Westbrook, tentando domar seu lado mais agressivo em quadra para o bem de seu time. Não que suas explosões em quadra tenham de ser evitadas a qualquer custo. A questão é ter um controle sobre elas, sobre quando e como fazer. Em mais um jogo tenso entre OKC e San Antonio na noite desta sexta-feira, Wess perdeu ambas as batalhas: a interna, que levou ao revés na externa, permitindo que o Spurs recuperasse o mando de quadra e reassumisse a liderança na série pelas semifinais do Oeste.

Westbrook terminou a partida com 31 pontos, oito assistências e nove rebotes. Números fenomenais. Mas que não compensam a parte negativa de sua linha estatística, com 21 de seus 31 arremessos desperdiçados, além de cinco turnovers, três dos quais acontecendo no quarto período. Os últimos dois foram os mais custosos, aos 3min25s e aos 1min55s, a partir dos quais os visitantes texanos conseguiram cinco pontos diretos para reassumir o controle do placar e, aí, não perder mais, triunfando por quatro pontos de diferença, ou 100 a 96.

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Os 21 chutes que Westbrook desperdiçou são três a mais do que Kevin Durant tentou durante toda a partida. KD terminou com 26 pontos em 18 arremessos (1,44 na média). Do outro lado, Kawhi Leonard chegou aos mesmos 31 pontos em 17 arremessos (1,82). Então estamos de volta, né? Aos maus e velhos tempos em que o armador era constantemente achincalhado, muitas vezes com razão, por segurar demais a bola, arriscar chutes tresloucados e ignorar um dos cestinhas mais talentosos que a NBA já viu logo ao seu lado.

Essas críticas andavam abafadas. Primeiro porque Durant mal jogou na temporada passada, e aí sobrou para esse furacão carregar o que restou de time por conta própria. Nesta temporada, porém, reencontrando o cestinha, vimos o melhor de Wess como distribuidor. Ele finalizou sua campanha com recordes pessoais em assistências para todos os gostos: total (834), média (10,4), média por minuto (10,9 por 36) e também em cestas assistidas de seus companheiros (49,6%). Se você clicar nestes links todos, vai reparar também numa tendência: como, desde a campanha 2011-12, na qual foram bicampeões, seus números foram progredindo constantemente. Dos seus 23 aos atuais 27 anos, num amadurecimento mais que natural, mas que os mais tinhosos relutavam em aceitar, sendo tão teimosos como o jogador pode ser em quadra.

Essa atenção maior aos passes e aos parceiros, porém, não o deixou menos agressivo. Ele ainda arriscou 18,1 arremessos por partida e bateu 7,2 lances livres, ainda acima das médias pessoais na carreira. Por minuto — excluindo, claro, a temporada passada de exceção –, seu volume de jogo não destoa muito do que vinha fazendo antes, atacando de maneira incessante. Porque tem isto: você não vai pegar um jogador de capacidade única e tentar transformá-lo em José Calderón. Simplesmente não dá, seja por características técnicas (nunca vai ser um chutador daquele nível), psicológicas (calmaria você não vai ver por aqui) ou dinâmicas, atléticas (seria como comparar um leopardo a um leão marinho solto em terra). O sucesso do Thunder passa por seu jogo nuclear.

Westbrook não deve deixar de atacar nunca, mesmo passando como nunca na carreira

Westbrook não deve deixar de atacar nunca, mesmo passando como nunca na carreira

A questão era encontrar um equilíbrio. Ou melhor:  diminuir o desequilíbrio, entre pensar o sistema ofensivo só como produto para seus arranques inigualáveis e infiltrações devastadoras e passar a olhar com mais cuidado o que está acontecendo ao seu redor. Isso vinha acontecendo, conforme registrado nos números acima, e atingiu o balanço ideal agora, com a menor taxa de uso (posses de bola que terminam com ações individuais dele) desde 2011. Além disso, percebe-se também uma alteração sutil, mas importantíssima em sua seleção de arremessos. Westbrook nunca enterrou tanto em sua vida. Foram 69 cravadas na temporada, contra 59 de seu ano de novato, quando tinha 20 aninhos apenas. Isso significa, sim, que ele disparou em direção ao garrafão muito mais do que nos últimos anos: 37,7% de seus arremessos saíram na região do semicírculo, contra 33,1% de 2013-14, por exemplo. Esse tipo de troca foi consistente, tirando sempre dos tiros de média distância mais indesejáveis (os de dois pontos mais longos, que caíram de 17,1% há dois anos para apenas 10,6%). O que caiu também foi o volume de três pontos, de 27,1% para 23,6%.

Agora, para alguém que chuta tão mal de longa distância, o All-Star ainda tem insistido demais. São 4,3 por jogo, com acerto pífio de 29,6% neste ano. Em sua carreira, ele acertou apenas 30,2% de suas 1.675 tentativas. De acordo com dados do Basketball Reference, apenas Charles Barkley e Ron Harper têm um rendimento pior entre atletas com pelo menos 1.500 disparos, respectivamente com 26,6% e 28,9%. Argh. Eaí chegamos aos dez tiros de três que ele tentou nesta sexta-feira, inexplicáveis ou indesculpáveis, independentemente do contexto.

Quer dizer, o contexto específico do duelo com o Spurs não pode ser ignorado. Justamente por ser algo que Gregg Popovich queira induzir — assim como vários inimigos do Hulk fazem nos quadrinhos e nas telonas, para desestabilizá-lo, mesmo que ativar o monstrão verde seja um perigo danado. A famosa armadilha que seu time já preparou diversas vezes, desde a época em que era forçado a lidar quase que anualmente com um Kobe Bryant no auge atlético. O mesmo foi repetido contra LeBron James em duas finais consecutivas. Contra um OKC que tem dois cestinhas explosivos, a julgar pelo que vimos na sexta, a prioridade de San Antonio é que Kevin Durant não seja o definidor. Por isso, vão atirar dobras para cima dele sempre que possível, tentando desestimulá-lo. Westbrook tem ficado mais no mano a mano, por isso. Se, de 31 tentativas de arremessos de Westbrook, dez virão de longa distância, Pop vai achar o máximo. Pelo Jogo 3, ora, ele teve 30% de acerto, precisamente a média de sua carreira.

Tentando bloquear as linhas de passe para Durant, o Spurs deixou a bola nas mãos do armador do Thunder, e dessa vez ele não soube o que fazer com ela, seja por fome ou por inoperância de sistema contra uma das melhores defesas da história. Levantamento estatístico da ESPN mostra que 21 dos 31 arremessos de Wess nesta sexta aconteceram em posses de bola que ele começou e finalizou sem ter feito um passe sequer.  Quer mais? Desses 21 chutes, apenas dois não foram contestados. Eles sabiam exatamente o que estavam fazendo.

Westbrook ainda ganhou o garrafão, região na qual saíram 17 de suas 31 tentativas de cesta. Com LaMarcus Aldridge, Tim Duncan, David West ou Boris Diaw quase sempre na cobertura, a aberração atlética de OKC dessa vez teve dificuldade para converter suas infiltrações, com 45,9% de seus arremessos. É provável que, ao analisar a gravação do jogo, perceba como os defensores o abordaram em ajuda e que possa encontrar alternativas. Ou talvez ele simplesmente atropele todo mundo como bem entende. O importante é seguir agredindo. Cada arremesso que fizer de média para longa distância será ao gosto da defesa. (O bloqueio defensivo, aliás, não foi apenas contra Westbrook. O armador até bateu oito lances livres na partida. No geral, porém, o Spurs cobrou muito mais do que os donos da casa, com 34 a 24. Apesar de seu baixo percentual, acertou seis a mais, e essa foi a primeira vez nestes playoffs em que OKC foi superado nesse quesito.)

Esse é o tipo de arremesso que Tony Parker não vai ligar de ver

Esse é o tipo de arremesso que Tony Parker não vai ligar de ver

A boa notícia para Kevin Durant, Billy Donovan e seu fiel séquito trovejante é que, em sua coletiva pós-jogo, Wess acusou o golpe. Num gesto de humildade totalmente surpreendente, não se cansou de assumir a culpa pela derrota, talvez até de modo exagerado. Ele não fez uma boa partida, de certo. Mas não é que possa ser responsabilizado pelos atos igualmente ultra-atléticos de Kawhi, por exemplo.

Mas foi interessante que tenha repetido sem parar sua falha na condução do time, citando o verbo “executar” e seus derivados à exaustão. Esse é o termo mais usado em entrevistas da liga, claro, mas o astro de OKC se superou dessa vez. E isso é um bom sinal. Em outros tempos, talvez adotasse uma postura blasé diante das perguntas, apelando ao sarcasmo, se tanto, para prestar contas sobre o que havia acabado de acontecer em quadra. Dessa vez chamou a bronca.

“Execução. Isso começa comigo. Tenho de fazer um trabalho melhor de execução e colocar nossos caras em posição para fazer a cesta, especialmente no final do jogo e contra uma boa defesa. Você tem de encontrar maneiras de fazer a bola rodar, e isso começa comigo”, afirmou, para aí listar seus erros. “Foram muitos arremessos, mesmo. Honestamente, tenho de fazer melhor esse trabalho, de descolar arremessos para os caras, como disse. Steven (Adams) só tentou um chute. Eles precisam ser envolvidos para nós batermos esta equipe. Também desperdicei a bola quando era hora de decidir o jogo. Assumo a responsabilidade quando a bola está em minhas mãos, para criar para os meus companheiros, e não fiz isso. Assumo a culpa.”

Westbrook perdeu o controle do jogo em quadra, e o Thunder, o da série. Para avançar à final da conferência, sua equipe vai precisar vencer três das próximas quatro partidas, sendo duas delas em San Antonio. Tarefa duríssima. Mas tem muito chão pela frente ainda — algo que me surpreende em dizer, confesso.

Depois de uma surra levada na primeira partida, vimos dois confronto muito equilibrados, nos quais o elenco de apoio do Spurs encontrou muita dificuldade para jogar. Tim Duncan (no geral) e Manu Ginóbili (nesta sexta) pareceram tão velhos quanto suas fichas de inscrição mostram, travados, sem conseguir lidar com oponentes muito mais vigorosos. Boris Diaw está marginalizado, e, quando isso acontece, ele mostra seu pior lado: desencana da vida e fica murchinho (metaforicamente falando, que fique claro). Em 13,0 minutos, tem médias de 3,0 pontos, 2,3 assistências, 1,7 rebote. Nos últimos dois jogos, foram apenas três pontos no total, três assistências, um rebote e uma cesta de quadra em 21 minutos. David West vai brigar sempre, não importando se está sendo mimado, ou não. Contra Adams, Serge Ibaka e Enes Kanter, porém, não consegue ser tão efetivo assim mais, com médias de 6,0 pontos, 2,7 rebotes e 44,4% nos arremessos. Até agora, só conseguiu bater dois lances livres. Esses dois pivôs reservas fazem muita falta, ainda mais com Duncan inócuo.

Com tanta gente produzindo abaixo, o Thunder tem conseguido equilibrar as coisas em meia quadra, no coletivo, algo totalmente inesperado depois da série que fizeram contra Dallas. Westbrook entende isso, o que é um tremendo avanço, comparando com sua versão mais jovem. Precisa ver apenas o quanto seu ímpeto, sua força anterior serão maiores que isso neste momento de pressão. O Thunder não pode vencer com ele afastado, é certo. Mas, se perder o controle novamente, as chances de estrago também são enormes.

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Os prêmios de sempre e os alternativos da NBA 2015-16. Warriors na cabeça
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Giancarlo Giampietro

O que você acha que acontece quando um time vence 72 partidas num campeonato? Sucesso também nas premiações individuais. É só conferir os arquivos históricos da liga. Em 1996, o Chicago Bulls elegeu MVP (você sabe quem), técnico (idem) e sexto homem (Kukoc) e também deveria ter ganhado o de defensor também, seja com Pippen e Rodman, que foram afanados por Gary Payton — não à toa seu apelido era Luva. Que fique de aviso. De resto, o texto está imenso, com mais de 3.400 palavras, então chega de onda:

MVP: Stephen Curry

Número 1

Número 1

Te juro.

(Há quem ainda questione se Curry é o melhor jogador da NBA. Talvez nos playoffs LeBron James mostre quem manda ainda. Kevin Durant, 100% fisicamente, também pode construir boa argumentação. Mas não resta dúvida sobre quem foi o melhor jogador da temporada, e de muito longe. Curry é baixote, magrelo, não é o melhor defensor da paróquia — mas marca muito mais do que seus críticos lhe dão crédito –, faz parte de um esquadrão, mas… Foi o jogador mais influente do campeonato. Um número que não ganha tanta publicidade assim e que mostra o valor de Curry numa equipe de 73 vitórias: com ele no banco, o Warriors faz 13,6 pontos a menos por 100 posses de bola e toma 8,7 pontos a mais. Por melhores que sejam Draymond Green, Klay Thompson e Andre Iguodala, está claro quem faz a diferença aqui, e não exatamente por seu volume de pontos.

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Curry esteve acima da clássica marca de 30 pontos por jogo até este mês, mas agora caiu para a extremamente decepcionante marca de 29,8. Né? Foi o mais eficiente da temporada de ponta a ponta. Seus percentuais de arremesso: 50,2%, 45,2% e 91%, registrando mais uma campanha no belíssimo clube de 50-40-90. Para comparar, Klay Thompson, um grande chutador ao seu modo, terminou com 47%, 42,5% e 87%, respectivamente. Foram cinco conversões de longa distância por partida. Nunca um cestinha com mais de 25 pontos em média foi tão eficiente assim em seus arremessos. Com dois títulos em sequência, Steph se junta a Russell, Wilt, Kareem, Moses, Bird, Magic,  Jordan, Duncan, Nash e LeBron como atletas que conseguiram o repeteco em duas temporadas seguidas.)
Quem mais? Pela ordem, iria de Kawhi Leonard (subiu mais alguns degraus na escada rumo ao estrelato, sendo muito consistente e o melhor defensor dessa lista disparado), LeBron James (a despeito de todas as intempéries, dos diversos jogos em que se recusava a marcar, num papelão compensado por uma reta final avassaladora de temporada), Russell Westbrook-Kevin Durant (difícil separar a dupla, sendo que individualmente eles recuperaram um nível absurdo de dominância; posto isso, a equipe deles terminou com campanha inferior à dos concorrentes aqui citados).

Seleção da NBA 1
Curry, Westbrook, Kawhi, LeBron e Draymond

Seleção da NBA 2
Paul, Lowry, Durant, Millsap, Aldridge

Seleção da NBA 3
Lillard, Harden, Crowder, Paul George, Jordan

Com Kawhi e LeBron, sobrou para Durant

Com Kawhi e LeBron, sobrou para Durant

(Estaticamente, Harden ainda está na elite da liga. Aqui, ele conta como uma espécie de LeBron light: alguém que deu muito trabalho desde a pré-temporada, se apresentando fora de forma, sem fazer questão nenhuma de defender Kevin McHale. Agora, vem jogando muito desde janeiro. Experimente tirá-lo do Houston para ver onde iriam parar.

Boogie Cousins tem praticamente todas as suas métricas a seu favor. Mas chega uma hora que tantas derrotas assim pesam mais. A franquia é uma bagunça gigantesca, claro, mas não dá para dizer que ele não contribua para a confusão. Na hora de escolher apenas 15 nomes, isso pesa. Outro que perde pontos nessa linha é Jimmy Butler, com pesar.

Chris Bosh poderia entrar aqui, mas sua preocupante condição médica o afasta. O Miami fica sem um indicado, apesar da ótima campanha. É que não dá para pinçar Dwyane Wade, apenas para ter um deles. Whiteside jogou muito desde fevereiro. Dragic enfim disse a que veio, Luol Deng também se reencontrou. Os calouros ajudaram demais. Enfim, um conjunto muito forte. Assim como o de Boston, com Crowder ganhando destaque pela sua contribuição dos dois lados. O breve período em que ficou fora de ação provou sua relevância.

De qualquer forma, estamos falando da NBA, né? Talento não falta. Klay Thompson, Kemba Walker, Tim Duncan, Dirk Nowitzki, Kevin Love, Ricky Rubio, Al Horford, Andre Drummond bem sabem.)

Técnico do ano: Steve Kerr

De Luke para Steve, com carinho

De Luke para Steve, com carinho

O principal argumento contra Kerr talvez seja, na real, seu principal trunfo. Que é o fato de ter ficado afastado do banco por 43 partidas oficialmente, ainda que desse as caras no ginásio aqui e ali, para os jogos em casa. Ué, mas se ele nem era o estrategista em mais de meia temporada, como é possível ganhar um prêmio? Justamente por seu time ter assimilado tão bem seus conceitos, podendo, sei lá, jogar sozinho. Ou sob a orientação interina de Luke Walton, que não deve ser menosprezado de modo algum. O Warriors viveu suas melhores semanas na temporada quando arrebentou a concorrência logo no início de campanha, vencendo 24 partidas seguidas. Uma sequência que valorizou demais o passe de Walton no mercado.

Mas o mais relevante neste processo todo não foi justamente foi a cultura estabelecida por Kerr? Desde a temporada passada, essa cultura só ganhou força depois do título, com a confirmação de que seguiam o rumo certo Uma cultura com impacto fora e dentro de quadra. Em vez de se acomodarem, seus principais jogadores evoluíram, enquanto, isolando o estouro de Draymond Green em OKC, nenhuma tensão parece ter florescido nos bastidores. Chegaram a 72 vitórias, podendo garantir a de número 73 nesta quarta, a saideira. O recorde histórico da liga. Como não aclamar isso, ainda mais depois de testemunharmos o quão penosa foi a luta nas últimas semanas?

Não que os ajustes durante uma partida não importem. É que, por muito tempo, o Warriors simplesmente não se envolvia em tantos jogos parelhos assim para o intelecto de Walton ser testado. Na metade final da temporada, à medida que se aproximavam do recorde e que a tabela ficava mais complicada (com longa sequência como visitante e múltiplos duelos com Spurs e Thunder), Kerr estava de volta para ajudar seus jogadores a enfrentar a turbulência.

Aqui, a questão maior, claro, é saber o que pesa mais num voto? A campanha surpreendente, os ajustes em meio ao campeonato, com mudanças forçadas por lesões ou trocas, a reformulação de um sistema, tirar o máximo de cada atleta do elenco… Todos fatores que uns vão considerar mais relevantes que outros.
Quem mais? Gregg Popovich mudou de modo substancioso o estilo de jogo do Spurs, assimilou LaMarcus sem interromper a curva de ascensão de Kawhi Leonard e coordenou a defesa mais eficiente da temporada. Do ponto de vista da cultura, o trabalho de Brad Stevens em Boston é especial, levando seus jogadores ao limite de suas capacidades. Steve Clifford também reformulou seu ataque, indo na direção contrária de San Antonio, migrando para o exterior, e colheu grandes resultados. E aí tem a turma que tirou leite de pedra, com campanhas surpreendentes pensando no material que tinham: Terry Stotts, Rick Carlisle e Dave Joerger. Mais Brad Stevens e Dwane Casey. Que fase.

Defensor do ano: Draymond Green

Braço comprido, né, CP3?

Braço comprido, né, CP3?

É, foi o mesmo voto no ano passado. Mas vamos deixar claro que não embarco em nenhuma campanha contra Kawhi Leonard. Não há como não ficar boquiaberto com a pressão defensiva que o endemoniado ala do Spurs exerce sobre os adversários, com o par de mãos mais rápido do Oeste. No ranking defensivo de “Real Plus-Minus” do ESPN.com, Kawhi é o único jogador de perímetro que aparece entre os 30 primeiros colocados, com um honroso quinto lugar. É provável que ele ganhe de novo, se tornando apenas o segundo jogador de perímetro a levar o troféu por dois anos seguidos — e não dá para dizer que não seja justo. Os dois mereciam.

Então, se for para escolher um só que seja, ainda sustento a opinião de que Draymond é mais importante para o sistema defensivo do Warriors, que ainda é um dos cinco mais eficientes da liga. Kawhi, por sua vez, é o defensor mais assustador, individualmente, da liga. Recuperando o texto de 2015 levemente editado: “Green é quem dá o recado, quem dita a intensidade da equipe na hora de parar o adversário. Ele é daqueles que fala horrores – mas que justifica tudo em quadra. Além disso,  seu pacote de força física, inteligência, determinação e estatura mediana para a posição (2,01m oficialmente, mas não chega a tanto) permitem a Steve Kerr confiar num sistema de trocas na defesa. É curioso isso: o fato de ser considerado baixo ao deixar a Universidade de Michigan State fez com que caísse para a segunda rodada do Draft. Hoje, é algo que joga a seu favor de modo único – com sua envergadura fora de série, o centro de gravidade mais baixo (e forte) e o senso de posicionamento impecável, consegue marcar grandalhões numa boa. Ao mesmo tempo, é flexível o bastante para brecar as infiltrações de alas e armadores. Um canivete suíço defensivo que é a segunda principal ferramenta para o Warriors ser este timaço. Além disso, vale registrar que a defesa da equipe sentiu o desfalque de Iguodala, Bogut e Barnes por mais de 12 partidas cada. Para constar, no ranking acima citado, Green também aparece logo acima de Leonard.
Quem mais? Tim Duncan, que mal consegue correr de uma cesta para a outra, mas sabe preencher espaços como ninguém em meia quadra, Paul Millsap, que, entre os homens de garrafão, é aquele das mãos mais ágeis, Ian Mahinmi, aquele que apagou Hibbert da memória coletiva em Indiana. 

Jogador que mais evoluiu: CJ McCollum

Pode atacar, CJ

Pode atacar, CJ

Deve ser o favorito ao prêmio no mundo real.  Uma coisa é ter seu brilhareco numa série de playoffs que se encerrou em cinco jogos, anotando 17,0 pontos, dando 4,0 assistências e matando 47,8% de seus tiros exteriores. Outra é sustentar esse ritmo durante todo um campeonato, enfrentando defesas muito mais atentas em relação a suas jogadas favoritas, especialmente quando o elenco ao seu redor perdeu alguns nomes expressivos. No caso de McCollum, desde já uma das fontes favoritas de toda a mídia enebeana, por ter se formado em jornalismo. O armador do Blazers, na verdade, superou seu rendimento dos mata-matas do ano passado contra o Grizzlies, tanto em números absolutos como na média por minutos, finalizando sua campanha com 21,6 pontos e 4,4 assistências. Não foi só o caso de elevar os números simplesmente por ter ganhado mais tempo de quadra. Mais minutos traduzem em mais confiança, claro. E, com a moral elevada e a licença de Stotts e Lillard para chutar, o atleta de de 24 anos passou a disparar (17,9 chutes por jogo) e com qualidade (44,8% no geral, 42,1% de três e 82,7% nos lances livres, todos recorde em sua carreira). O próximo passo agora é se esforçar um pouco mais na defesa e procurar a linha de lance livre.
Quem mais? E não é que dava para colocar alguém do Warriors  também aqui? Steph Curry (anotou quase 5,0 pontos a mais por 36 minutos e superou em muito seu aproveitamento nos arremessos de quadra e de três) e Draymond Green (máquina de triple-doubles) evoluíram demais. Demorou, mas Kemba Walker enfim descobriu o que um bom arremesso de longa distância pode fazer para seu jogo e seu time. Giannis Antetokounmpo vai gradativamente realizando todo o seu potencial. Will Barton. Ian Mahinmi jogou tanta bola este ano que pode ter virado um problema para o Pacers: se a liga reparou, vai ganhar um aumento de mais de 200% salarial (ganhou US$ 4 milhões este ano).

Sexto homem: Andre Iguodala

Iguodala faz de tudo um pouco vindo do banco

Iguodala faz de tudo um pouco vindo do banco

Ok, repetindo a brincadeira de fevereiro, quando o timing era mais propício. Mas isso é como se fosse o Oscar, com um filme gigante de bilheteria e aclamado pela crítica fazendo a rapa. O time já igualou um recorde histórico de vitórias que 99% da liga julgavam inatingível. Então é bem por aí, mesmo. O cara foi MVP da última final saindo do banco de reservas, sendo recompensado por todos os sacrifícios que os treinadores esperam na hora de se compor uma rotação. Está certo que seus números não se equiparam aos daquela série decisiva, e nem poderiam ser, mesmo. Mas seu papel continua o mesmo. Assim como Green, Iggy oferece maleabilidade tática a Steve Kerr, por sua capacidade defensiva acima da média, a facilidade para organizar o jogo e fazer a bola rodar e, num bônus que poucos apostariam há dois anos, pela habilidade que desenvolveu para matar o chute de três da zona morta, convertendo 26 de suas 56 tentativas nesta temporada. O principal argumento contrário ao veterano e versátil ala é o de que perdeu 17 jogos até aqui. No geral, porém, ele acumulou mais de 1.700 minutos, superando, por exemplo, Shaun Livingston nessa contagem.
Quem mais? Patrick Patterson está envolvido em quase todas as escalações mais produtivas do Toronto Raptors; Enes Kanter arrebentou com as linha de frente de segunda da liga, mas ainda precisa melhorar a defesa; Will Barton apresentou seu cartão de visitas aos oponentes e foi um cestinha mais eficiente e regular do que Jamal Crawford, que, de todo modo, merece sua menção por seu espírito decisivo e via de desafogo para os titulares; Evan Turner, demos o braço a torcer, não se tornou um jogador que justificasse a segunda escolha do Draft, mas teve a sorte de Brad Stevens cruzar com o seu caminho, podendo explorar seus medianos, mas amplos recursos da melhor maneira que dá. 

Novato do ano: Karl-Anthony Towns

O Wolves tem sua jovem superestrela

O Wolves tem sua jovem superestrela

Além da categoria MVP, este é o único troféu que não exige muito da gente. Já  nem cabe mais comparar o garoto dominicano com os colegas de classe. Daqui para a frente, ele vai entrar na discussão sobre quem são os melhores da liga. Towns tem chute de média distância e logo mais vai matar de fora também. Nos arredores da cesta, tem força, munheca, movimentos e incrível calma para se impor contra gente muito mais experiente. E ele ainda sabe como é quando passar a bola. Na defesa, já se comporta como um alicerce dentro do garrafão. Meses atrás, David Thorpe, analista da ESPN e técnico dedicado ao trabalho individual com diversos atletas da liga, chegou a propor a tese de Towns seria ainda mais promissor que Anthony Davis. Muitos acharam que era conversa de maluco. Hoje, não soa nada absurda.
Quem mais? Jokic é o darling dos estatísticos, com produção por minutos extraordinária e um jogo ofensivo muito vistoso. Seus fundamentos de passe e chute vão deixar qualquer professor sérvio orgulhoso. Suas métricas avançadas são de arrebentar. Kristaps Porzingis, por mais que o Knicks tenha esfriado, ainda é uma das histórias mais legais da temporada. Justise Winslow não tem os números, mas já adquiriu respeito dos veteranos por sua capacidade como defensor. Devin Booker, Myles Turner, Jahlil Okafor e D’Angelo Russell tiveram seus lampejos, mas não a consistência para desafiar nenhum deste top 4.

Seleção dos novatos 1
(Tentando respeitar minimamente a formação)
Russell, Winslow, Porzingis, Towns e Jokic

Seleção dos novatos 2
TJ McConnell, Josh Richardson, Booker, Turner e Okafor

(Foi, de fato, uma classe de calouros bastante produtiva. Emmanuel Mudiay tem tudo para ser uma estrela, desde que aprenda a usar seu corpanzil para concluir jogadas perto da cesta, além, claro, de refinar seu arremesso. Willie Cauley-Stein merece mais do que o desleixo total de George Karl. Assim como o pivô, Rondae Hollins-Jefferson tem tudo para fazer parte de quintetos defensivos por anos e anos. Frank Kaminsky provavelmente vale menos do que quatro escolhas de Draft — se é que Danny Ainge ofereceu tudo isso, mesmo, a Charlotte –, mas se mostrou uma peça valiosa no tabuleiro de Clifford. Bobby Portis já tem um culto em Chicago. Justin Anderson pode muito bem ter salvado a temproada de Nowitzki. Trey Lyles casa muito bem com Rudy Gobert e Derrick Favors. Enfim… looonga a lista.)

Executivo do ano: Gregg Popovich/RC Buford

Gostou do almoço, Pop?

Gostou do almoço, Pop?

oSim, eles conseguiram. Depois de quase duas décadas em torno de Tim Duncan, sem o superastro nem mesmo ter parado ainda, a dupla conseguiu tocar adiante a transição para um novo amanhã (é brega pacas isso, mas você nunca sabe quando vai ter a chance de usar).

Tudo começa com a descoberta de Kawhi Leonard, há um tempinho já, mas a chegada de Aldridge vem para ratificar. E a franquia fechou o negócio sem precisar sacrificar muito de sua base. Ele chegou para a vaga de Splitter, e pronto. Cory Joseph foi outro que saiu, para sorte de Dwane Casey, mas o Spurs sobrevive tranquilamente sem ele. Aí você também põe na conta as pechinchas por David Wesley, Jonathon Simmons e, claro, Boban Marjanovic. A base é tão forte que talvez não importe se Kevin Martin vai entrar no esquema a tempo para os playoffs.

E por que colocar Pop acima? Ele é o presidente do departamento. Na hora em que o Phoenix Suns realmente surgiu como ameaça para levar LaMarcus, quem apareceu para dar umas voltinhas com o pivô?

De qualquer forma, aqui está mais um prêmio complicado de avaliar por apenas um ano. O que o Warriors fez para esta temporada? Selecionou Kevon Looney no Draft, contratou Anderson Varejão de última hora, na vaga de Jason Thompson, que veio no negócio que os livrou do contrato de David Lee. Preferiram Ian Clark a Ben Gordon. Nada muito drástico. Mas precisava?

Quem mais? Neil Olshey não perdeu tempo em lamentar a saída de tanta gente boa, formou uma nova base mais jovem e muito mais barata, descolou mais escolhas de Draft e ainda vê o time seguir nos playoffs. Pat Riley gabaritou no Draft, ainda deu um jeito de escapar da multa da luxúria e ainda arquitetou a contratação de Joe Johnson. Coisa de mestre. Rick Cho, sempre pressionado por Jordan, mas que acertou demais na troca por Batum e Jeremy Lamb, além da subestimada contratação de Jeremy Lin. Masai Ujiri, pelas trocas que não fez em Toronto.

***PRÊMIOS ALTERNATIVOS***

Melhor jogador sub-23: Karl-Anthony Towns, que só vai chegar aos 21 no dia 15 de novembro e terá esse troféu assegurado até o ano que vem. Ponto.

Melhor segundanista: Andrew Wiggins, que cresceu no decorrer do campeonato. Mas estamos de olho em você, Jabari. Força aí.

Melhor estrangeiro: Dirk Nowitzki, com seu esforço heroico para conduzir um elenco bizarro do Mavs rumo aos playoffs. Al Horford acaba desclassificado aqui por ter jogado o universitário americano. As regras a gente inventa assim, na hora.

Melhor brasileiro: olha… difícil, hein? Sabemos que não foi a temporada mais produtiva para a legião de Magnano. Muito difícil separar um do outro. Leandrinho talvez? Por ter mantido seu papel regular no esquadrão do Warriors. De resto… Nenê ainda é o mais eficiente, mas voltou a perder mais de 30 jogos e dessa vez não passou nem dos 20 minutos de quadra. Splitter teve sua campanha sabotada por uma lesão séria no quadril. Anderson Varejão foi despachado por Cleveland e não encontrou espaço no Warriors. Demorou sete meses para Byron Scott perceber que Huertas faria mais bem ao Lakers do que Nick Young. Raulzinho era o titular de ocasião do Utah Jazz, mas foi derrubado por Shelvin Mack justamente quando estava se soltando. Cristiano Felício é uma grata surpresa nos minutos finais do campeonato.

Melhor importação da D-League: Tim Frazier. era para ele estar se preparando para a disputa dos playoffs em Portland, como assessor de Lillard e McCollum. Mas, quando Neil Olshey se envolveu em algumas trocas em fevereiro, para acumular mais escolhas de Draft, acabou sobrando para o armador de 25 anos, um dos salários mais baixos do elenco. Frazier teve de voltar à liga menor, então, mas sem se deixar abater. Depois de algumas semanas com o Maine Red Claws (filial do Boston), foi chamado novamente pela NBA para um serviço voluntário em New Orleans, que precisava da ajuda da Cruz Vermelha. Alvin Gentry ao menos encontrou um motivo para sorrir novamente. O baixinho se encaixou bem no esquema tipo “7-segundos-ou-menos” e vai terminar sua campanha pelo Pelicans com números interessantes (numa projeção por 36 minutos, são 17,0 pontos, 8,7 assistências e 5,6 rebotes, com 44,8% de três e 47,4% de quadra no geral). Se por alguma razão o clube não aproveitá-lo na próxima temporada, certamente aparecerão interessados.

Melhor resultado de troca: num ano de movimentações pouco alardeadas, dois pequenos negócios seriam fortes candidatos aqui. O primeiro foi a aquisição de Mario Chalmers pelo Memphis. De renegado em Miami, o armador estava virando figura salvadora em Memphis, cobrindo a ausência de Mike Conley com muita personalidade, até sofrer uma ruptura no tendão de Aquiles em Boston. A outra opção seria a ida de Ish Smith para Philadelphia (sendo que ele poderia ser o Tim Frazier do Pelicans neste final de temporada, vejam só). O ligeirinho  mudou a rotina do Sixers por pelo menos um mês, injetando ânimo, arrojo e maturidade em um jovem elenco. Mas esse efeito já não era mais sentido depois de um certo tempo. Então… Bem, vamos pensar a longo prazo aqui, e apontar a contratação de Tobias Harris pelo Detroit Pistons. O ala não só ajudou o time a chegar aos playoffs, como será uma figura relevante para os próximos anos sob o comando de SVG. A ver se Channing Frye apronta alguma coisa nos playoffs para entrar na conversa.

Time mais azarado: Memphis Grizzlies.

Maior decepção: Houston Rockets.

PS: obviamente não fui capaz de atualizar o blog diariamente nesta temporada, então talvez nem precisasse avisar, mas a rodada desta quarta-feira é tão especial, que… Tem de ser feito o registro. Nesta quinta, não vou conseguir publicar nada, por motivos de viagem a trabalho, com evento que paga o pão de cada dia logo cedinho pela manhã. Então vamos com algo sobre Kobe ou Warriors na sexta apenas, ok? Enquanto isso, de repente bate alguma inspiração para escrever algo minimamente decente sobre a aposentadoria de um dos atletas mais fantásticos e controversos da história da NBA.

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Jukebox NBA 2015-16: Enquanto o Spurs ainda puder ver a luz
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Giancarlo Giampietro

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Em frente: a temporada da NBA caminha para o fim, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Long as I Can See the Light”, por Creedence Clearwater Revival

Para falar de um clássico da NBA, nada como ouvir outro. Que, enquanto a luz estiver acesa, visível, não parece que o San Antonio Spurs vá embora tão cedo.

Seja pela possibilidade real de quebra do recorde histórico de vitórias do Bulls de 1996, ou pelos lances inacreditáveis de Stephen Curry, uma coqueluche mundial, é natural que o noticiário, que o apelo popular e que, por consequência, o marketing se concentre no Golden State Warriors nestes dias. Mas basta uma consulta na tabela – e em uma ou outra seção estatística importante – para o povo em geral se dar conta de que a rapaziada de Gregg Popovich está logo ali, pertinho, à espreita, pensando seriamente num sexto título para a franquia.

Quatro derrotas separam o líder do vice-líder do Oeste. Para um time com o padrão do Warriors, pode parecer uma vantagem razoável. Acontece que os dois times ainda vão duelar mais três vezes nesta temporada. Aliás, na lista de argumentos para se crer em um recorde para os californianos, a consistente perseguição do Spurs tem de estar lá no topo, pelo fato de o Warriors (ainda!) precisar lutar para assegurar o mando de quadra nos playoffs. Ainda vai levar alguns dias para que Steve Kerr se sinta tranquilo e confiante em poupar jogadores que não estejam contundidos ou lesionados. Vide a escalação de Draymond Green nesta segunda, contra um enfraquecido Orlando Magic, mesmo que o pivô, figura essencial ao seu esquema, estivesse doente e tenha tomado uma injeção durante o dia.

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Além dos confrontos diretos, há outro ponto para Pop considerar: desde o intervalo do All-Star, o Golden State se mostra relativamente vulnerável. Seja por cansaço, pressão pela busca do recorde, ou, no outro extremo, por relaxamento e “complacência” (nas palavras de Kerr) por acreditar flertar com a invencibilidade, o atual campeão deixou sua antiga fortaleza defensiva ruir nas últimas semanas. Em 10 jogos, só segurou um time abaixo dos 100 pontos: o Atlanta Hawks. Por outro lado, são sete partidas em que os oponentes passaram dos 110 pontos. Seu técnico está ligeiramente preocupado, com toda a razão.

Muita coisa já aconteceu desde as finais. Kawhi assumiu o controle do time

Muita coisa já aconteceu desde as finais. Kawhi assumiu o controle do time

Em San Antonio, proteger a cesta não é problema. A equipe tem a defesa mais eficiente da temporada, com muita folga.  Os 3,8 pontos que a separa do Alanta Hawks, cobrem a distância entre o terceiro colocado (Indiana Pacers) e o 16º (Orlando Magic). Ao contrário da maioria das equipes de Chicago dirigidas por Tom Thibodeau ou dos Pacers de Frank Vogel, a equipe também tem um ataque muito perigoso, sendo o terceiro mais qualificado da liga, abaixo de Warriors e Thunder. Esse equilíbrio deixa o Spurs com o maior saldo por 100 posses de bola (13,2), acima novamente do Warriors (11,7). Os dois times estão numa categoria à parte nesse quesito. O Thunder, para termos uma ideia, vem em terceiro, com 6,7. O Cavs, em quarto, com 5,9.

Está certo: precisamos lembrar que, no único duelo entre os líderes até aqui, o Spurs não teve nenhuma chance. O jogo já havia acabado no segundo período. O que atestou a superioridade naquele momento, mas, ao mesmo tempo, indica que foi um confronto atípico, sem que os visitantes texanos tivessem incentivo para correr atrás do prejuízo e, no caminho, dar algumas dicas do que pretendem fazer em uma eventual final de conferência.

No longo prazo, os indicativos do Spurs são tão ou mais relevantes que este primeiro jogo, assim como as recentes dificuldades encontradas por seu adversário. Não por acaso, existem projeções estatísticas que já apontam hoje o time de Kawhi Leonard (top 5 na votação para MVP, por favor) como o maior favorito ao título. Há divergências entre diferentes modelos, e todos eles obviamente não se equivalem a ciência exata, mas é algo a ser levado em conta: os números põem ambas superpotências num mesmo nível, bem distante da concorrência.

Então é isso: a luz parece nunca apagar para Duncan, Ginóbili e Parker, mesmo que mesmo que, para os dois mais veteranos (Timmy está com 39, Manu, 38), os minutos estejam mais controlados do que nunca. O tempo de quadra do pivô está na casa de 25 minutos em média, enquanto o do argentino não passa nem dos 20. Em minutos totais, seja por lesão ou precaução, os dois são, respectivamente, apenas os sexto e nono no ranking do time na temporada, abaixo de Patty Mills.

LaMarcus faz um estágio avançado com Timmy

LaMarcus faz um estágio avançado com Timmy

A receita é mesma: preservá-los para os jogos que mais importam e, ao mesmo tempo, turbinar a confiança dos mais jovens, encontrar o espaço certo de LaMarcus Aldridge e oficialmente entregar as chaves do reino a Kawhi Leonard. Com a frieza e clareza de sempre, Pop faz tudo funcionar de modo harmonioso. Encontrou oportunidades até para Boban Marjanovic virar um herói cult nos Estados Unidos (alastrando sua cruzada científica para provar que, sim, há lugar para dinossauros no basquete, contrariando a teoria da evolução).

Agora, nas últimas semanas de temporada, uma das tarefas do técnico será integrar os contratados no mercado de “buyouts”, Kevin Martin e Andre Miller, um alvo surpreendente. Para fechar com o veterano armador, o clube dispensou um jogador mais jovem, de futuro, como Ray McCallum. Martin, desde que aprovado em exame médico, deve forçar a saída de Rasual Butler. Ou Matt Bonner? Imagino que Butler, até por ser da mesma posição e por questões de química.

Não é a primeira vez que a gestão Popovich/R.C. Buford opta por esse tipo de negociação. Boris Diaw chegou ao clube durante a temporada 2011-12 desta forma, depois de irritar Michael Jordan até não poder mais. Lembro de mais dois casos abaixo, na seção dos “cards”. Tem mais.

A contratação de Martin não se questiona. A ele deve caber o papel desempenhado por Gary Neal e Marco Belinelli em campanhas passadas, dando ao ataque mais um letal arremessador. Essa vaga na rotação perimetral hoje é ocupada pelos promissor Kyle Anderson, que progrediu muito durante a campanha, e Jonathon Simmons, desses achados dos scouts de San Antonio. É um novato viajado, de 26 anos, que tem uma história incrível até chegar ao basquete profissional. Os dois são talentosos, bastante diferentes entre si, mas crus ainda e, principalmente, não têm chute.

Miller: Popovich afirma que sempre quis tê-lo no time. Mas tarde assim?

Miller: Popovich afirma que sempre quis tê-lo no time. Mas tarde assim?

Quanto a Miller…  O cara foi um dos armadores mais regulares das últimas duas décadas, causando impacto no ataque com sua criatividade para abastecer os companheiros e a habilidade no post up contra oponentes pouco habituados a esse tipo de ataque. Só faz muito tempo que ele não consegue frear ninguém que o ataque frontalmente ao aro. Tampouco representa uma ameaça nos arremessos de longa distância, com aproveitamento a de 21,7% na carreira. Com Parker e Mills, não há espaço na rotação. Será mais  uma voz experiente no vestiário do que qualquer coisa – é o jogador mais velho da NBA, com 37 dias a mais que Duncan, vejam só. Mas precisava, num time tão tranquilo, seguro e viajado? Numa hipotética situação de emergência nos playoffs, ele poderia receber boa carga de minutos? É mais difícil de entender. Mesmo se McCallum não tenha agradado a Pop e Buford, não havia uma alternativa mais interessante na D-League para assumir essa vaga?

Antes de Miller, vale lembrar que o Spurs também fez sondagens a Anderson Varejão, e as dúvidas que surgiram a partir desse interesse foram as mesmas: qual seria o papel do brasileiro, ainda mais com um pivô tão qualificado como Marjanovic e o atirador Bonner fora de quadra, aguardando escassas oportunidades?

O que se sabe é que o clube texano, com esses movimentos, decidiu ir com tudo, de “all in” ao mercado de veteranos. Especulação da minha parte: será por entenderem que chegou, enfim, o momento de despedida, de saideira para Duncan e Ginóbili (e seus detalhes contratuais também dão indícios)? Para tentar se cercar, então, com o máximo possível de veteranos, aqueles que, em tese, erram menos durante um jogo e despertam mais confiança dos técnicos.

Na letra do genial John Fogerty, o narrador pede uma vela acesa na janela, que estava preparado para seguir em frente e caminhar por aí, à deriva, mas preparado para voltar e se sentindo protegido, desde que a luz ainda esteja lá. Enfim. Talvez seja essa a última temporada ou não dessa histórica dupla? Talvez, para eles, tenha chegado a hora de apagá-la. Não sem antes tentar o título novamente.

Buford e Pop vão abastecendo o elenco do Spurs. Com criatividade e pré-requisitos

Buford e Pop vão abastecendo o elenco do Spurs. Com criatividade e pré-requisitos

A pedida? O sexto título da era Duncan-Pop. Era tudo o que Kobe Bryant queria: levar a conta de anéis de campeão da liga à outra mão, igualando Michael Jordan. Desde que se despediu de Phil Jackson, porém, o ala nunca chegou nem perto disso. Duncan, bem mais discreto, tem sua (última?) chance. Para Ginóbili e Parker, a conta chegaria a cinco. Matt Bonner, três. 🙂 Kawhi e Green, dois. Excelência é isso.

A gestão: acho que não precisamos nos estender muito aqui, né? Todo mundo já escreveu a respeito. A prévia do ano passado bateu novamente nessa tecla, para tentar entender esse prolongado sucesso. Aqui, um texto que mostra como esses caras conseguem construir timaços mesmo estando num mercado insignificante do ponto de vista financeiro e de badalação. Basta fazer scout e ter a cabeça no lugar.

Então vamos recuperar uma das aspas que mais fez sucesso nesta temporada, numa cortesia de Popovich, ao falar pela trigésima vez sobre o que eles valorizam num processo seletivo, seja para técnicos, jogadores ou jardineiros:

Boban é gigante, joga muito e tem senso de humor

Boban é gigante, joga muito e tem senso de humor

“Para nós, é fácil. Estamos procurando caráter, mas o que diabos isso significa? Estamos procurando por pessoas – e já disse isso muitas vezes – que já passaram da fase de se acharem mais importantes que tudo, e isso você consegue sacar bem rápido. Você pode falar com alguém por quatro ou cinco minutos, e dizer se eles só pensam em si, ou se eles entendem que são uma peça no quebra-cabeça. Senso de humor é algo muito importante para nós. Você tem ser capaz de rir. Tem de saber brincar e ouvir brincadeira. E precisa entender que não tem todas as respostas. Queremos pessoas que são participativas. Os caras na análise de vídeo podem me dizer o que acham do nosso jogo da noite passada. (O ex-assistente e agora novo gerente geral do Brooklyn Nets) O Sean Marks se sentava nas reuniões dos técnicos quando estávamos discutindo sobre como defender o pick-and-roll e quem jogaria ou ficaria no banco.”

“Precisamos de pessoas que consigam absorver informação e não levar isso pelo lado pessoal porque na maioria dos clubes você pode ver que há uma grande divisão. De repente, constrói-se um muro entre a diretoria e os técnicos, e todos ficam prontos para culpar uns aos outros. Essa é a regra em vez da exceção. Acontece. Mas isso tem a ver com as pessoas. Tentamos encontrar pessoas que possuam todas essas qualidades. Fazemos nosso melhor nesse sentido e, quando alguém chega, vai entender na hora.”

Olho nele: Danny Green

Spurs precisa de Green confiante

Spurs precisa de Green confiante

O Spurs tem o terceiro ataque mais eficiente da temporada, atrás de Warriors e Thunder, e Green, fundamental para espaçar a quadra, nem está jogando o que pode. Para vermos o quão forte é o elenco de Pop. Depois de assinar uma extensão contratual de US$ 40 milhões, dando um desconto ao clube, o ala não encontra seu ritmo nos arremessos de três. Seu aproveitamento de 35% não é ruim, em relação ao que se pratica na liga, mas é muito baixo quando comparado ao que ele atingiu em sua carreira. É o menor percentual desde a temporada de calouro em Cleveland (27,3%), há seis anos, quando ainda estava em formação, em tempos que admitia não treinar tanto assim, se achando o maioral ao sair de uma universidade como a de North Carolina, tão tradicional. Em fevereiro, ele chegou a 49,1% em 53 arremessos. Nos últimos três jogos já em março, porém, acertou só um arremesso em 12. O especialista Chip Engelland, que ajudou Splitter a reconstruir seu lance livre, só espera que a pequena amostra recente seja só um soluço.

Nos playoffs, Green tem média de 42,9% nos tiros exteriores durante a carreira. O interessante é notar que seu aproveitamento acaba servindo como um dos termômetros de campanha do Spurs pela fase decisiva. Em 2013 e 2014, acertou, respectivamente, 48,2% e 47,5%. Por pouco, muito pouco (leia-se: uma bola milagrosa de Ray Allen), o time não levou o caneco duas vezes.  Para comparar, em 2012 e no ano passado, ficou na faixa de 34,5% e 30%. Obviamente que esse não é o único fator que possa derrubar o time. Mas o ala tem sua importância. Quando seu chute cai com elevada frequência, Popovich tem o luxo de contar com uma dupla de atletas que contribuem dos dois lados da quadra o tempo todo, algo que faz diferença. Você não precisa abrir mão da defesa para azucrinar o adversário.

glenn-robinson-card-2006Um card do passado: Glenn Robinson. Reparem que o ala veste um uniforme preto, mas não o do Spurs, e, sim, o do Philadelphia 76ers, pelo qual iniciou a temporada 2004-05. Era só mais uma das muitas tentativas fracassadas do clube de emparelhar com uma segunda (suposta, ou não) estrela com Allen Iverson – Keith Van Horn, Chris Webber, Derrick Coleman, Jerry Stackhouse, Toni Kukoc, entre outros foram testados sem sucesso. Só Dikembe Mutombo, totalmente voltado para a defesa, funcionou de verdade.

Naquele ano, Robinson foi trocado no dia 24 de fevereiro para o New Orleans Hornets, que apenas queria se livrar dos salários de Jamal Mashburn e Rodney Rogers. No início de março, já foi dispensado, ficando livre, então, para assinar com qualquer time. Escolheu o Spurs, numa contratação, pensando hoje, estranha para os padrões da franquia. Escolha número um do Draft de 1994, superando Jason Kidd e Grant Hill, Robinson foi um produtivo cestinha em sua carreira, mas nunca se confundiu como um passador, como alguém que priorizasse o sucesso de seu time em detrimento de seus números.

Em San Antonio, teve tempo de fazer nove partidas pela temporada regular e mais 13 pelos playoffs, saindo do banco com papel reduzido, só para completar a rotação com Manu Ginóbili, Bruce Bowen e Brent Barry. Ficou fora de oito jogos pelos mata-matas e teve média de 8,7 minutos. Pouco, mas valeu o único título de sua carreira, antes de se aposentar. Tracy McGrady, que passou pelo mesmo expediente em 2013, não teve tanta sorte. São as vantagens de se ter um time de ponta, sempre. Os veteranos carentes de título querem participar também.


Os melhores da (metade) da temporada: Conferência Oeste
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Giancarlo Giampietro

Escrever uma artigo sobre prêmios de uma temporada qualquer da NBA pode ser um exercício de futilidade, certo? Por outro lado, dá ao blog, inativo por tanto tempo, a chance de recuperar o tempo perdido e abordar um ou outro protagonista da temporada. Então vamos roubar um pouco e dividir essa avaliação toda em duas listas, para cada conferência. A do Leste está aqui. Desta forma, ganhamos espaço para falar mais. E, claro, deixa a vida mais fácil na hora de fazer as escolhas:

Melhor jogador: Stephen Curry
Jura!? Afe. (Assim como Anthony Davis fez na primeira metade da temporada passada, Chef Curry no momento vai sustentando por ora o maior índice de eficiência da história da NBA, com PER de 32,94, contra os 31,82 do mítico Wilt Chamberlain em 1962-63. Será que ele vai manter o ritmo? O interessante dessa medição é que ela independe da quantidade de minutos jogados. Então não importa se o Warriors vai acabar com todas as partidas daqui para a frente em apenas três quartos. Não tem muito mais o que ser dito sobre alguém que arremessa mais de 10 bolas de três pontos por partida e converte 45,5% delas, ajudando na construção de uma média de 29,9 pontos em apenas 33,8 minutos. Aqui, porém, sou obrigado a concordar com Mark Jackson, algo raro levando em conta o discurso excessivamente religioso de seu ex-treinador: Curry é tão bom que, de certa forma, pode fazer mal ao basquete, se for visto como exemplo de jogador a ser seguido, imitado. Não é nada normal o que ele faz. Não é algo que se ensina da noite para o dia. Para alcançar este nível, requer-se talento natural, mas também muito treino. Muuuuuuuuuuito treino. E não seria bacana que a molecada de base saísse tentando imitar o ídolo máximo do momento sem ter isso em mente. Curry faz parecer fácil e correto, mas sua seleção de arremessos inclui bolas em um um nível de dificuldade absurdo de conversão. Não quer dizer que eventualmente um garoto de 12 anos hoje não possa superá-lo no futuro. Mas as chances são reduzidas.)Outros candidatos? Vindo de longe, e não por culpa deles, estão Russell Westbrook, Kawhi Leonard e Kevin Durant. Num degrau mais abaixo, mas com anos maravilhosos ainda, vêm Chris Paul, Draymond Green e o Boogie Cousins de janeiro.

Melhor treinador: Luke Walton
Santa mãe, muito difícil essa. Então vou apelar para a mais bonitinha das opções – e não em termos estéticos, que fique claro. 🙂

Mas é que não deixa de ser notável que Steve Kerr tenha ficado semiafastado de metade da temporada e que, quando retornou, tenha encontrado um time com campanha de 39 vitórias e 4 derrotas. Repetindo: 39 triunfos em 43 partidas, aproveitamento de 90,6%. Sendo o interino. O Golden State vem jogando tanta bola há muito tempo que corre-se o risco de subestimar a grandeza destes números todos que os caras apresentam, combinando novamente o melhor ataque com uma das melhores defesas da liga (a terceira mais eficiente, e, se há alguma crítica a ser feita a Walton, é a de que ele deixou a peteca flutuar um pouco para baixo nesse quesito… E blablabla). Mas a NBA nem reconhece a campanha do cara? Problema dela. Isso é só uma formalidade. Pois, se nos registros oficiais, o ex-ala do Lakers não tem currículo como treinador, a expectativa é que, pelo trabalho realizado, vá receber diversas propostas ao final do campeonato. Fora isso, vale a discussão sobre o quanto um técnico é importante para um time que tem um elenco formidável. É tentador dizer que esse conjunto joga sozinho. Até você perceber o que se passou em Cleveland nas últimas semanas e ver que não é bem assim. A gestão de egos na liga sempre exige muito.

Quem?! Eu?!

Quem?! Eu?!

Outros candidatos: que tal uma confissão, então? Optar por Walton era o caminho mais fácil, claro. Afinal, seria complicado de separar Gregg Popovich (de novo ele) e Rick Carlisle (idem!). Há um padrão aqui, que vocês vão reparar: na dúvida, ponto pro Warriors e sua temporada histórica. Merecem. E, se fosse para apontar o pior, era bem mais tranquilo: Byron Scott na cabeça!

Mas falemos sobre os veteranos professores. Enquanto a vasta maioria da liga quer jogar com mais velocidade, Pop, gradativamente, vai desacelerando o Spurs, saindo do 12º ritmo mais rápido em 2013-14 para o 9º mais lento neste ano. Creio que por duas razões: por respeitar o envelhecimento de seu eterno trio de ouro, mas também por entender que, correndo, ele jamais vai ganhar do Golden State. E aí entram em ação LaMarcus Aldridge, David West e o inigualável Boban Marjanovic. Quando o sérvio foi contratado, pensei se era realmente o melhor time para ele. Não haveria espaço algum. Vendo o Spurs jogar, porém, faz muito sentido. A equipe quer ganhar o jogo interior de qualquer jeito e estocou pivôs para isso. Boban é a apólice de seguro mais carismática e luxuosa da liga hoje. Mesmo que o gigantão sérvio pouco fique em jogo em seu ano de adaptação, esperando pelas deixas aqui e ali de Tim Duncan, a equipe é a segunda em percentual de rebotes, coletando 53,3% do que está disponível em quadra, atrás dos 53,9% da envergadura de OKC. Em rebotes ofensivos, estão na ponta. Na defesa, seu time é que o melhor contesta os arremessos nos arredores da cesta. E por aí vamos. Ao mesmo tempo, individualmente, cada jovem jogador adicionado ao sistema apresenta evolução constante. Seu desafio agora é recuperar a confiança e pontaria de Danny Green para os playoffs, enquanto regular os minutos de seus veteranos religiosamente.

Já Carlisle é aquele que mais tira leite de pedra no basquete americano – em, Boston, Brad Stevens desponta como seu sucessor nessa categoria. Quando um de seus alas está voltando de uma cirurgia de microfratura no joelho e o outro, pior, de uma no tendão de Aquiles, quando seu armador tinha, até outro dia, um dos cinco piores contratos da liga, quando é recomendável que seu principal jogador não passe dos 30 minutos por partida, quando seu pivô cabeçudo foi cedido de graça, quando o orgulhoso proprietário da equipe é humilhado por alguém que comemora quando fica em 50% nos lances livres… Bem, quando tudo isso acontece, você não espera que seu time 1) flerte com o top 10 de eficiência ofensiva, 2) tenha uma campanha vitoriosa e 3) esteja bem na luta por uma vaga nos playoffs, mesmo que sua tabela esteja entre as 12 mais duras. Se estivéssemos conversando em dezembro, Carlisle seria a escolha indiscutível, ao meu ver. Aos poucos, porém, com os adversários mais atentos e estudados, o feitiço perde um pouco de seu poder. A segunda metade da temporada promete ser desafiadora, mesmo que Chandler Parsons pareça em plena forma nesses últimos dias.

Para fechar, menção honrosa a Terry Stotts, ex-assistente de Carlisle.

Melhor defensor: Draymond Green
O melhor defensor do Oeste é o melhor defensor de toda a liga, não há dúvida, devendo ficar entre  Draymond, Kawhi Leonard e Rudy Gobert. A campanha do francês foi atrapalhada por sua lesão no joelho, que o tirou de quadra por mais de um mês.

Até Griffin sofre contra Draymond

Até Griffin sofre contra Draymond

Daí que, na minha cabeça, fica quase como se pudéssemos escolher os outros dois finalistas na moedinha. A tentação imensa é de apontar Kawhi, e tudo bem, sem se importar que ele já tenha vencido o prêmio oficial na temporada passada. Afinal, ele seria o símbolo de uma defesas mais sufocantes da história da liga. Todavia, talvez pensando por outro lado, o fato de a defesa do Spurs ser tão boa com ou sem ele, diga-se, possa enfraquecer, um tiquinho que seja, sua candidatura? Se você investiga os números do time de Pop, percebe que a máquina está realmente ajeitada de um modo em que as coisas funcionam independentemente da periculosidade do ala, ou de seus companheiros de quinteto titular. Os reservas entram e mantêm mais ou menos o mesmo padrão. Mas… coff, coff!… Claro que o sujeito é simplesmente um terror ao redor da bola, com mãos e pés muito ágeis, somando 2,1 roubos e 1,0 toco por 36 minutos, sendo uma ameaça constante ao oponente.  No ranking de Real Plus Minus do ESPN.com, ele aparece em sexto entre os marcadores, sendo o único jogador que não é escalado como pivô ou ala-pivô entre os 20 primeiros colocados. Kawhi impõe tanto medo que, em todo o mês de dezembro, ele só foi testado em 14 posses de bola por atacantes em jogadas de mano a mano, em 16 partidas. Menos de uma por jogo, e e ele sofreu a cesta em apenas três dessas tentativas. Ninguém quer encarar a fera.

Ainda assim… Hã… Vou de Draymond, devido seu papel fundamental no sempre subestimado sistema defensivo de Golden State – um sistema que dá sustentabilidade para o time atacar daquela forma avassaladora. O ala-pivô está no centro dessas atividades. Sem ele, a verdade é que provavelmente Steve Kerr teria de adotar outra abordagem (com todo o respeito a Andre Iguodala, Klay Thompson e Harrison Barnes, todos caras hoje combativos e capazes de fazer a troca e, em níveis diferentes de eficiência, incomodar o adversário com quem sobrarem, independentemente de quem).

Mas é Green aquele que dá maior versatilidade a esse tipo de cobertura, podendo fazer sombra tanto a um lateral mais explosivo como, ao mesmo tempo, exercer o papel verdadeiro xerife na proteção do aro. Consulte a seção de arremessos dos oponentes no NBA.com/Stats, filtre a turma toda por pelo menos 20 minutos jogados em média e cinco arremessos tentados por partida, e se surpreenda: o ala-pivô vai aparecer em terceiro na lista, permitindo apenas 42,4%% de aproveitamento a seus adversários quando debaixo da cesta. Acima dele estão apenas Gobert (bingo, com 39,8%) e Serge Ibaka (42,2%). Com a diferença de que Green é listado generosamente com 2,01m de altura. Que tal? Esse é o tipo de fator imensurável para uma equipe. Para se ter uma ideia, quando o ala-pivô vai para o banco, o Warriors leva em média 11,4 pontos a mais por 100 posses de bola. Uma diferença absurda. Vai de 98,8, que valeria como a segunda mais eficiente da liga, com ele em quadra para 110,2 sem, o que seria a pior de todas, pior até mesmo, creiam, que a do Lakers. Ao contrário do que acontece em San Antonio, em que as perdas e ganhos praticamente se sustentam com quer em que esteja em quadra, para o Warriors, só um jogador acompanha Green em termos de impacto defensivo: curiosamente, Stephen Curry. Lembrando que, das quatro derrotas sofridas pela equipe até o momento, Curry não jogou em uma e Green, em outra.

De qualquer forma, perguntem amanhã, e a moeda pode cair do outro lado. Dureza.
Outros candidatos: aqueles aqui já citados e Tim Duncan, invalidado por minutos limitados.

Melhor novato: Karl-Anthony Towns
Ele é tão bom, mas tão bom que, mesmo se tivesse sido draftado pelo Lakers, nem mesmo Scott ou Kobe poderiam atrapalhá-lo. Towns vai ser um All-Star por anos e anos e torna um talento raro como Andrew Wiggins como uma peça secundária até. Só precisa que o Timberwolves acerte na formação do elenco ao seu redor.

Para alguém que não ficava tanto tempo com a bola em mãos no supertime que Calipari montou em Kentucky no ano passado, o jovem pivô se mostra confortável demais em quadra. Com um arsenal daqueles, todavia, fica fácil de entender. Ele tem o chute de média para longa distância. Finaliza com força e categoria perto da cesta. Se os números de 16,1 pontos, 9,8 rebotes e 1,8 toco já impressionam, esperem só até Sam Mitchell permitir que jogue por mais que 29,4 minutos (em de poupar o veterano para os playoffs, né?!?!). Em 36 minutos, subiria para 19,7, 12,0 e 2,2, respectivamente. O quesito em que o garoto tem de ser trabalhado ainda é a hora de saber se livrar da bola. Se não tiver a chance de ir para a cesta, não é o fim do mundo: que tal olhar para os companheiros? Por enquanto, comete mais turnovers do que dá passes para cesta. Mas ele tem apenas 20 anos, com tempo para trabalhar isso nas próximas férias.
Outros candidatos: Nikola Jokic foi um tremendo de um achado dos olheiros internacionais do Denver, via segundo round. Também foi contratado no momento certo, esperando mais um ano na Sérvia para crescer. . Devin Booker vai terminar o ano em alta, com elogios de todas as partes. Demorou um pouco para George Karl lhe dar o devido espaço, mas Willie Cauley-Stein vai ajudar Sacramento na briga pela oitava posição do Oeste. Aqui, porém, é o mesmo caso da disputa pelo prêmio de MVP. Só incluímos essa moçada  por educação.

Melhor reserva: Will Barton
Aliás, fui me dar conta só agora de que faltou este no Leste. O post atualizado vai ser atualizado com… Lance Thomas, acho. Ou Jeremy Lin. Aqui, no Oeste, vamos com o surpreendente ala do Denver Nuggets, que veio de Portland na troca por Arron Afflalo – uma negociação que se mostra ultraproveitosa para o time do Colorado. Barton é o equivalente a Ty Lawson no Denver de tempos atrás, saindo do banco para botar fogo em quadra, correndo feito um presidiário em fuga no alto das Montanhas Rochosas, para marcar 15,1 pontos por jogo, a segunda melhor média entre atletas que tenham saído do banco pelo menos por 20 partidas, empatado com Jrue Holiday. Em pontos por jogo em transição, ele é o 11º da liga. No geral, na verdade, está entre os mais qualificados em qualquer medição ofensiva de contra-ataque. Em meia quadra, se transformou no chutador mais confiável do time em longa distância, sem comprometer na defesa. A combinação de perímetro com Gary Harris é muito promissora.


Outros candidatos: Enes Kanter é, disparado, o reserva com o melhor índice de eficiência da NBA, se intrometendo num grupo de caras como Kyle Lowry, Blake Griffin e Chris Bosh. Agora, como bem escreveu o mestre Marc Stein, do ESPN.com, um dia desses, existe um motivo para que um atleta tão produtivo como esse fique limitado ao banco e a 20 minutos por jogo: com salário de US$ 16 milhões, ele só joga de um lado da quadra. Por mais que a turma em OKC se esforce para dizer que o turco já não é mais um desastre defensivo, os números ainda não jogam a seu favor. Na lista do Real Plus Minus, ela aparece em penúltimo entre todos os pivôs da liga. Injusto? Nem tanto. Com ele em quadra, o Thunder leva 7,9 pontos a mais a cada 100 posses de bola. E não é que ele só jogue com reservas. Das dez escalações em que é mais utilizado, em quatro delas Kanter tem pelo menos a companhia de dois entre Westbrook, Durant e Ibaka. Sobre a questão ataque x defesa, o mesmo raciocínio vale para o unabomber Ryan Anderson, que atira muito e com precisão (39,4% dos três) de um lado e é metralhado do outro. Por coincidência, ou não, Anderson também é o penúltimo aqui. Com mais de 30 minutos em média, além do mais, é como se fosse um titular.

O que mais evoluiu: esse faz mais sentido esperarmos até o final da temporada, né? Steph Curry (glup!), Barton, CJ McCollum e Dwight Powell são algumas das possibilidades.

Melhor executivo: a mesma coisa. Melhor avaliar o conjunto da obra ao final. O combo Gregg Popovich/RC Buford, o gerente geral do Warriors, Bob Myers, do Warriors, e Neil Olshey, do Blazers, parecem os candidatos.

All-Stars: Curry, Westbrook, Kawhi, Durant e Draymond. Mais: Chris Paul, James Harden (a despeito de suas patéticas partidas iniciais), Klay Thompson, Gordon Hayward (sem Gobert, sem Favors, mantendo o time na luta), Dirk Nowitzki (sua regularidade pesa para assumir a vaga do lesionado Blake Griffin), Anthony Davis (não deu mais um salto, é cobrado pelo próprio técnico, mas ainda faz a diferença) e DeMarcus Cousins, o insano.
(Aos fãs de Damian Lillard, JJ Redick, DeAndre Jordan, Danilo Gallinari, Tim Duncan e LaMarcus Aldridge, desculpe.)


Warriors detona mais um favorito. Os números da vitória sobre o Spurs
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Giancarlo Giampietro

O duas vezes MVP Curry. Ponto

O duas vezes MVP Curry. Ponto

LeBron James e David Blatt foram dormir nesta segunda-feira com a cabeça um pouco mais leve. Afinal, o Cleveland Cavaliers agora tem a companhia do San Antonio Spurs na lista de times que são evidentemente candidatos ao título, mas que tomaram uma surra do Golden State Warriors que dá a impressão inevitável que, dentro desta lista, o time californiano está em um grupo só seu.

Foi um atropelo desde o tapinha inicial, culminando numa vitória por 30 pontos de diferença, 120 a 90. De qualquer forma, assim como valeu para o Cavs, o discurso é o mesmo para o Spurs: na maratona que é a temporada regular, este foi apenas um jogo, mesmo-que-fosse-um-jogo-altamente-chamativo-com-todo-mundo-olhando.

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Também não dá para comparar exatamente o que se passou com os texanos com a surra tomada por Cleveland, quando um time jogou fora de casa e estava sem um de seus principais jogadores. Pois é: Kawhi Leonard é sem dúvida nenhuma hoje o principal atleta do Spurs, mas Tim Duncan ainda faz muita diferença, especialmente para a sua defesa, não importando que não seja ele aquele a tentar parar Stephen Curry na linha central da quadra. O cara iria comer poeira em uma outra posse de bola, mas também iria fechar espaços ao lado de LaMarcus, inibindo infiltrações, enquanto, no ataque, seria um ponto de estabilidade, dando mais uma referência interna e, principalmente, ajudando a distribuir a bola a partir da cabeça do garrafão, algo que fez falta num jogo de 25 turnovers para seu time.

O resultado poderia ser diferente? Talvez. Mas, dada a disparidade que vimos nesta segunda, pode ser que a diferença aqui signifique apenas uns 10 ou 12 pontos a menos no placar, se tanto, já que os titulares do Warriors nem foram para a quadra no quarto final.

O San Antonio da depressão. Raro de se ver

O San Antonio da depressão. Raro de se ver

Enfim, depois de uma paulada destas, nem mesmo a tão alardeada coleta de informações e impressões de Gregg Popovich faz muito sentido. Vai anotar o quê? Que o oponente é 30% melhor que o time dele? Que o Spurs não teve chance nenhuma? “Foi como se fosse homens contra garotos. Eles nos derrrotaram em todos os aspectos do jogo”, disse Pop. E mais: está muito cedo na temporada para tirar conclusões sobre seu time ou o adversário. Mas a frase mais Popovichiana da noite teve um ataque corrosivo em direção ao Cleveland e David Griffin na verdade: “Só estou feliz que meu gerente geral não estivesse no vestiário. Eu poderia ser demitido”, disse, numa referência clara ao discurso de Griffin na coletiva para justificar a chocante expurgação de David Blatt.

Decorre que, independentemente da intensidade da surra, o efeito não será o mesmo para o Spurs, se comparado com os LeBrons. A questão é a experiência e estabilidade geral da franquia e de seu elenco. O ambiente e o contexto são outros. Dãr, claro que o cargo de Popovich não está ameaçado – e Pop, além de poupar Duncan, pouco lançou Kawhi em direção ao Chef Curry, algo que, num eventual duelo de playoff, quando a corta apertar, vai acontecer sem dúvida. No grande tabuleiro, San Antonio sabe que tem de correr atrás de seu oponente, mas também entende muito bem que não foi o fim do mundo, que eles ainda têm o melhor saldo de pontos da história da liga a essa altura do campeonato, com a melhor defesa da temporada, com folgas. Eles têm bons argumentos para sonhar com um sexto título na era Duncan, mesmo que este saldo e a mesma defesa tenham sido destroçados em sua última derrota.

O quão feia foi a derrota? A ver:

120 – Foi a maior quantia de pontos que o Spurs sofreu nesta temporada, depois dos 112 que tomaram de OKC em sua primeira partida na temporada, perdendo por seis pontos de diferença, também fora de casa. Só dois dos três melhores times do Oeste para chegar a este patamar, mesmo. No geral, a poderosa defesa texana só levou mais de 100 pontos em 7 das suas 45 partidas até aqui. Em termos de eficiência, essa defesa leva apenas 94,0 pontos por 100 posses de bola, 4,6 a menos do que o Boston Celtics. Se for para comparar, os mesmos 4,6 pontos separam o Celtics do Dallas Mavericks, que é o 13º no ranking.

88 – Desde o início da temporada passada, em sua jornada rumo ao título, o Golden State não perdeu nenhuma das 88 partidas em que abriu uma vantagem de 15 pontos no placar. Para eles, não tem essa de altos e baixos num jogo.

37 – Foi o quanto Steph Curry fez contra uma defesa historicamente forte, em apenas 20 arremessos e 28 minutos de ação, redefinindo o significado de eficiência e espetáculo ofensivo. Foi o máximo de pontos que um jogador marcou contra o Spurs nesta temporada. Russell Westbrook havia anotado 33 pontos na noite de estreia. Ryan Anderson chegou aos 30 pontos.

15 – Curry tem agora 15 partidas com mais de 35 pontos na atual campanha, o recorde da liga. James Harden tem ‘apenas’ nove, enquanto Boogie Cousins tem oito, contando os 56 que marcou contra o Charlotte Hornets no verdadeiro grande jogo da véspera, a derrota dolorida para o Charlotte Hornets em dupla prorrogação, em casa. 🙂

39 – Vindo da campanha passada, o Warriors agora soma 39 triunfos consecutivos como anfitrião.

33 – As primeiras seis derrotas que o Spurs havia sofrido na temporada haviam totalizado um déficit de 33 pontos.

30 – Esta foi apenas a sétima vez desde 1997, quando draftou Timothy Theodore Duncan, em que San Antonio perdeu por uma diferença dessas. Nesta temporada, a maior derrota que San Antonio havia sofrido até agora havia acontecido no dia 20 de novembro, em Nova Orleans, por 104 a 90. Menos que o dobro da desvantagem desta segunda-feira.

26,75 – O Golden State venceu seus últimos jogos por 107 pontos de vantagem, ou 26,75 por partida. Se o Indiana Pacers perdeu só por 12, Cavs, Bulls e Spurs foram humilhados. Em oito dias, os atuais campeões impuseram a essas equipes suas piores derrotas na temporada.

Leonard não causou tanto impacto. Mas pouco ficou com Curry

Leonard não causou tanto impacto. Mas pouco ficou com Curry

15 – Quando um dos Splash Brothers marca 15 pontos (ou mais) no primeiro quarto, os caras vencem. Já foram 12 triunfos neste campeonato nessas condições. Curry chegou ao seu 15º ponto a três segundos do fim da parcial, recebendo passe de Andre Iguodala. Parece um dado besta? Mas pense na confiança que o time não ganha quando as coisas começam desta maneira. Não só isso: do ponto de vista da tática, também fica mais fácil para o time como um todo, já que o adversário tem de se preocupar mais com um jogador em específico.

13,5 – O Spurs ainda sustenta, de qualquer forma, o melhor saldo de pontos da liga, contra 12,5 do Warriors. Nunca um time da NBA chegou a esta fase da temporada com uma conta dessas, e as estatísticas mostram que este é um dos tipos de números mais associados a equipes que almejam o título.

13 – Lembremos que o Spurs vinha de 13 triunfos consecutivos até desembarcar em Oakland.

3 – Foi a terceira vez nesta temporada em que Curry marcou 30 pontos em menos de 30 minutos. Ale acerto 12 de 20 arremessos, 6 em 9 de fora, além de todos os seus sete lances livres. Além disso, conseguiu cinco roubos de bola, vários deles no primeiro quarto, num abafa defensivo que desestabilizou o ataque dos visitantes. MVP x 2.

1 – Os jogadores do Warriors erraram apenas um arremesso em dez tentativas quando Kawhi Leonard era o defensor direto. Foi aproveitamento de 90%, impressionante. Por outro lado, foram apenas dez arremessos contra Leonard durante os 25 minutos em que temível ala esteve em quadra. Isso tem a ver com a péssima noite de Harrison Barnes, com quem ele iniciou a partida, mas também com o respeito que o melhor defensor da temporada passada pede.

PS: Número extraoficial, mas estima-se que 200 milhões de vines tenham sido produzidos desde a noite de segunda-feira:



Quem dá mais? O Pelicans! Com um contrato gigantesco para Davis
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Giancarlo Giampietro

O Monocelha janta com a família, o agente, o GM Dell Demps e seu novo técnico Alvin Gentry. Quem será que pagou a conta? Ala-pivô do Pelicans se torna o jogador mais bem pago da NBA, por enquanto

O Monocelha janta com a família, o agente, o GM Dell Demps e seu novo técnico Alvin Gentry. Quem será que pagou a conta? Ala-pivô do Pelicans se torna o jogador mais bem pago da NBA, por enquanto, com R$ 90 mi por ano a partir de 2016

Quando o escritório da NBA ouviu  à meia-noite em  Nova York (23h em Brasília, 19h em Los Angeles), as companhias aéreas e de telefonia vibraram. Assim como os hotéis e aquelas lojinhas de conveniência e presentes de última hora. Sabe aquelas que vendem bugigangas para quem esqueceu de comprar algo para o aniversariante, e tal? OK, no mundo bilionário da liga, esse ramo de negócios não lucra tanto. De resto, os outros três setores da economia americana curtem e muito o 1º de julho. É que os times estão liberados a abrir negociações (oficiais) com os agentes livres da liga. A primeira madrugada de visitas e teleconferências já foi agitada. Vejamos um resumo comentado do que aconteceu até agora:

– A principal notícia foi a extensão que Anthony Davis ganhou do New Orleans Pelicans. O acerto em si já era esperado. A surpresa ficou para quem ainda não havia se dado ao trabalho de calcular o quanto nosso prezado Monocelha poderia ganhar em seu segundo contrato. Saiu por estimados US$ 145 milhões em cinco anos (a partir de 2016), o que fará do ala-pivô o jogador mais bem pago da liga. Por ora, claro, até que LeBron possa assinar seu primeiro vínculo com o Cavs no novo mercado da NBA, a partir do ano que vem, e que Kevin Durant decida o que fazer da vida também em 2016. No câmbio de hoje, dá algo em torno de R$ 450 milhões (sem deduzir os impostos). Algo como R$ 90 milhões por ano. Toda uma dinastia de Monocelinhas já está com a poupança garantida, e o mundo inteiro sorri que é uma beleza. Como se chega a um valor exorbitante desses? É que o Pelicans *concordou* em pagar o máximo de salário possível para o jogador – o que, de acordo com as regras de hoje, se equivale a 30% do teto salarial de um clube, como seu “jogador designado”. Não importando o valor desse teto. Logo, com as projeções de subida da folha de pagamento para o norte de US$ 100 milhões em 2017, Davis vai poder levar uma bolada, e tanto. Em caso de mais uma eleição para o All-Star Game (o que, sabemos, vai acontecer), você chega ao que se tem de maior projeção em dividendos para um atleta. PS: ao final da quarta temporada da extensão, em 2020, o jovem astro poderá virar agente livre.

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– O segundo maior contrato foi firmado entre San Antonio Spurs e Kawhi Leonard. Nenhuma surpresa também. O valor é de US$ 90 milhões por quatro anos, o que atesta a opinião firme de Gregg Popovich de que o ala é o futuro do clube na era pós-Duncan, mesmo que ele não tenha jogado tão bem a série contra o Clippers. Kawhi ainda está no princípio de seu desenvolvimento como estrela. Acontece. Agora o Spurs espera sua vez para cortejar LaMarcus Aldridge. Para contratar o ala-pivô, porém, RC Buford e o Coach Pop terão de fazer algumas manobras complicadas e dolorosas, incluindo pagar ainda menos para Duncan e Ginóbili, talvez renunciar aos direitos sobre Danny Green e realizar uma troca envolvendo Tiago Splitter, Boris Diaw e/ou Patty Mills, sem receber nenhum salário de volta etc. Por falar em Danny Green, o ala já recebeu várias ligações. A primeira foi do Detroit Pistons. O Knicks também já agendou reunião. O Spurs teme perder o ala.

Sobre LaMarcus Aldridge: os dois primeiros times a se reunirem com ele em Los Angles foram Lakers e Rockets. Não significa que eles tenham a prioridade. O Lakers tem espaço em sua folha salarial e pode assinar um contrato na casa de 25% do teto salarial (o que daria US$ 18,8 milhões no próximo campeonato) com o pivô do Blazers. Na sala com Aldridge, estavam Jeannie e Jim Buss, os donos da franquia, Kobe Bryant, Byron Scott, o gerente geral Mitch Kupchak, o ídolo e comentarista dos jogos do clube James Worthy, além dos espíritos de Wilt Chamberlain e George Mikan e bonecos bubblehead de Shaq, Jerry West e Kareem Abdul-Jabbar. A comitiva do Rockets tinha dirigentes e Kevin McHale e James Harden. Para ter o pivô, o clube também precisaria se desfazer de alguns salários. Mavericks, Suns, Raptors e Knicks ainda vão conversar com ele. O Blazers ainda está no páreo, mas não haverá um encontro formal entre as partes. Convenhamos: um já conhece bem o outro. O pivô é hoje a figura mais cobiçada da liga (e seu pacote técnico justifica tamanho frenesi). É uma situação muito confortável: poderá escolher um time entre opções muito diferentes. Difícil de imaginar, no entanto, que não fique entre Lakers, Spurs e Blazers. A saída de Portland parece cada vez mas provável, de todo modo. E aí ficaria um dérbi bastante contrastante entre o glamour de Los Angeles e o ambiente caseiro de San Antonio. Depende do que o jogador quer.

– Quem está à espera de LaMarcus é Greg Monroe, considerado o plano B para muitos. Ele já bateu um papo com Knicks e Bucks em Washington, vai receber metade da delegação do Lakers hoje e ainda tem Blazers e Celtics na fila. A expectativa geral é a de que ele vá fechar um acordo com o New York. Ficar em Detroit está fora de cogitação. O pivô está disposto a assinar um vínculo mais curto, talvez de apenas dois anos, para manter suas opções em aberto, mesmo correndo riscos de que alguma lesão possa atrapalhar os planos de longo prazo. De qualquer forma, ciente de que o mercado vai bombar a partir de 2016, talvez seja uma decisão esperta. Se escolher direito seu próximo clube, Monroe vai seguir acumulando números bonitos para o currículo, ainda que seu jogo não inclua a defesa, e estará pronto para receber um contrato volumoso para a segunda metade de sua carreira. O sistema de triângulos é uma boa para seus recursos técnicos. Assim como faria bem a Patrick Beverley, um agente livre subestimado ao meu ver. Um dos melhores defensores em sua posição, bom chutador e que, em Nova York, não precisaria ser um armaaaaador – daqueles que retém a bola por muito tempo.

– Procurando um homem de garrafão desesperadamente, o Lakers também agendou para esta semana uma reunião com Kevin Love. Nos bastidores, a previsão é de que ele fique em Cleveland, e isso teria sido informado ao time californiano. Mas há quem ainda acredite que o ala-pivô possa deixar o clube. Creio que seja difícil. Pelo menos não para este ano. Em relação ao Cleveland, tudo quieto. Quer dizer, mais ou menos, já que LeBron James, em tese, é agente livre. Foi mais um movimento planejado para estrangular a diretoria do clube, no caso, para se renovar com Tristan Thompson sem sustos e seguir as diretrizes de mercado que o jogador quiser. Entre elas, Tayshaun Prince?! Estava pronto para detonar mais um dos pitacos do GM LeBron, até que… o Spurs apareceu entre os interessados no veterano. (Risos). (E aí não dá para entender mais nada, mesmo.) Enquanto isso, JR Smith se sente desprestigiado pelo Cavs. Alô, JR, terra chamando!

– Outro alvo do Lakers, sabemos, é DeAndre Jordan. Byron Scott e Mitch Kupchak cruzaram o país na madrugada para falar com Greg Monroe na capital americana e voltariam ainda nesta quarta para LA para se reunir com o pivô. Alguém falou em jet lag? Quem primeiro abriu tratativas com Jordan, no entanto, foi o Dallas Mavericks. O ala Chandler Parsons, segundo consta, não desgrudou do grandalhão por nenhum momento nos últimos dias e está tentando todas as artimanhas para que o jogador retorne ao Texas (é natural de Houston, porém). O Knicks também pretende negociar com o gigantesco Jordan, mas Mavs e Clippers são vistos como os favoritos.

– O Dallas também foi atrás do ala Wes Matthews, e as negociações avançaram. Aqui, sim, temos uma surpresa. O Mavs parece operar com a certeza de que o queridinho de Portland vai se recuperar 100% de uma lesão grave como a ruptura do tendão de Aquiles. Não é algo tão simples assim, gente. O clube teria oferecido US$ 12 milhões anuais. Ele quer US$ 15 mi. Não sei bem se é um bom negócio. Com Dirk idoso e as dúvidas sobre a resistência física de Parsons, o time precisava de alguém mais criativo no ataque? Ou estão confiando no trio Felton-Harris-e-eventualmente-Barea ainda?

– Quem se mandou do clube foi o ala Al-Farouq Aminu, que fechou um contrato de US$ 30 milhões por quatro anos com o Blazers. Essa foi um tanto bizarra, a despeito do ganho de investimento que os clubes terão a partir do ano que vem. O jogador que defende a Nigéria no mundo Fiba é um cara de muita vitalidade, versátil, que causa impacto nos rebotes e fez ótima série contra o Rockets.ue Mas q não acerta nem 30% dos arremessos de três em sua carreira e ainda não teve um rendimento consistente para justificar essa grana. Em Portland, vai reencontrar o gerente geral que o Draftou pelo Clippers, Neil Olshey, de todo modo. O lance é que esse valor obrigatoriamente inflaciona o preço de diversos atletas semelhantes, como DeMarre Carroll, Jae Crowder e afins. Imagino que Danny Ainge, que tanto quer Crowder, tenha gelado ao saber da notícia. Carroll, por sua vez, pode muito bem pedir o dobro agora (US$ 15 milhões por ano) ao Hawks. Mesmo Danny Green vai querer uma fortuna depois dessa.

– Mais dois caras ex-Mavs e que estão em negociações curiosas? Rajon Rondo e Monta Ellis. O Sacramento Kings foi para cima de Rondo, liderado pelo recrutamento de Rudy Gay, um dos raros casos de atleta que se dá bem (e muito bem) com o armador. São muito próximos, assim como Josh Smith. Que galera, hein? Rondo estaria disposto a assinar um contrato curto com o Kings na tentativa de regenerar sua reputação na liga depois do papelão que fez em Dallas – e, tão ou mais importante, o baixo nível de produção em quadra. Agora… Ter Rondo, Boogie, Karl e Ranadive sob o mesmo teto? Vira um hospício. Bem distante da Califórnia, o Indiana Pacers vai receber Monta Ellis, outra figura problemática, nesta quarta. Especula-se que vão oferecer um contrato de US$ 32 milhões por três anos. Larry Bird já lidou com Lance Stephenson por alguns anos, então talvez não se preocupe em domar o ego de Ellis, um cestinha obviamente talentoso, mas que marca pouco e acredita ser melhor que Stephen Curry. Ao menos, na retaguarda, Paul George e George Hill poderiam compensar suas deficiências.

– Outros negócios quase certos: o ala Khris Middleton tem um contrato de US$ 70 milhões e cinco anos encaminhado com o Milwaukee Bucks. Pode parecer muito para um jogador pouco badalado. Mas Middleton contribui dos dois lados da quadra, é jovem e se encaixa bem no esquema de Jason Kidd, ao lado de Giannis, Jabari & Cia. Envergadura. O Brooklyn Nets também vai renovar com Brook Lopez (US$ 60 milhões/3 anos) e Thaddeus Young (US$ 50 milhões/4 anos). Valores OK para um clube que está de mãos atadas enquanto não se livrar de Joe Johnson e Deron Williams.


Nós precisamos falar sobre o Kawhi Leonard (e o Spurs)
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Giancarlo Giampietro

Sim, nós precisamos falar sobre o Kawhi Leonard.

Pois, no que depender do silencioso ala do San Antonio Spurs, não vamos ouvir nenhum pio.

A expressão característica de Kawhi

A expressão característica de Kawhi. De quem não quer badalação nenhuma

Definitivamente não é uma coincidência que os atuais campeões estejam praticando seu melhor basquete da temporada justamente quando o MVP das finais de 2014 deixou as lesões para trás e entrou em ritmo.

Sim, a recuperação (agora ameaçada) de Tiago Splitter também conta. Claro que conta. Assim como ajuda um Tony Parker se movimentando sem limitações, sendo o primeiro agredir, a incomodar muito as defesas adversárias. Mas o próprio francês admitiu há pouco, numa das coletivas mais inspiradas da temporada, que é hora de o bastão já ser entregue ao caçula do quinteto inicial do Spurs.

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“Foi o mesmo que aconteceu comigo e Manu lá atrás. Você tem de compartilhar a bola e esperar sua vez. Há vezes que eu não vejo a bola por um tempo, mas o Kawhi está jogando de modo incrível – e este time vai se tornar o do Kawhi, de qualquer forma. Assim como Timmy fez a transição para o Manu, que fez a transição para mim, agora vai ter essa transição para o Kawhi”, afirmou.

O futuro já chegou para Kawhi

O futuro já chegou para Kawhi

“Vou fazer meu melhor para seguir agressivo e ficar envolvido. Mas Kawhi vai ser o cara em quadra. Vai haver noites como em que eu terei a bola, mas, na maior pare do tempo, será com o Kawhi. Temos de fazer a transição para isso. Ele é jovem, está jogando demais e vai chamar marcações duplas. Então vou jogar na sobra dele, como em todos estes anos que fiz isso com Timmy. Ficava no canto e esperava Timmy fazer o que sabia. Sempre fazíamos um belo trabalho compartilhando a bola, apenas esperando nossa vez. Agora não será diferente.”

Demais, né?

É o nível de consciência coletiva que apenas anos e anos de entrosamento e convívio pode proporcionar – desde que, claro, se conte com os personagens certos.

(O próprio armador francês já teve seus momentos de crise em San Antonio, pensando como seria a vida fora de lá, longe das cobranças de Gregg Popovich e talvez num mercado mais glamoroso. No fim, porém, percebeu que o nível de conforto de que desfruta dentro da franquia era o melhor trunfo que tinha para a sua carreira.)

Leonard parece se encaixar perfeitamente neste ambiente. Um cara meio avesso a entrevistas. Quando fala, o tom de voz é baixo, e saem poucas palavras. Deem uma espiada em sua conta no Twitter, por exemplo. Sabm quantas mensagens ele postou no ano? Duas, e só. Nem bem começou e já se cansou da brincadeira.

Ele pode ser um escoteiro no vestiário ou a pessoa mais reclusa fora do ginásio, mas o que atrai, mesmo, seus companheiros e treinadores são suas habilidades em quadra, claro. Habilidades em constante evolução, a começar pelo que apronta na defesa. A cada jogo do Spurs, seus oponentes podem imprimir uma dezena de boletins de ocorrência. O que Kawhi tem feito é algo assustador. A combinação de agilidade, reflexo e braços largos, sem contar as mãos mais largas já medidas pelo estafe técnico da liga, realmente atormenta. É como se realmente não houvesse segurança alguma, estejam os jogadores meramente driblando a bola ou tentando passá-la. Estão sempre sob o risco de vê-la tomada ou, no mínimo, desviada. Veja no vídeo abaixo o que acontece com um sujeito pouco habilidoso como Stephen Curry na marca de 35s e 2minn47s, com os melhores momentos de Kawhi na demolição do melhor time da temporada (107 a 92):

O camisa 2 lidera a temporada com 2,3 roubos por partida – em termos de roubos por posse de bola, apenas Tony Allen o supera. É engraçado até: com ele jogando, o Spurs consegue mais roubos de bola, mais tocos e força mais turnovers a cada posse de bola do adversário. No geral, a defesa texana toma 5,3 pontos por 100 posses quando o ala está descansando no banco de reservas.

No ataque, também vemos o ala cada vez mais confiante. Naturalmente, o sistema do Spurs não abre muitas brechas para arroubos individuais. Mas está acontecendo mais e mais situações em que o atleta recebe a bola na ala e tem liberdade para partir para cima das defesas.

Seu drible está bem mais azeitado, facilitando sua explosão rumo ao aro – o que fica mais fácil ainda quando a rapaziada está mexendo a bola, chacoalhando a defesa, abrindo mais corredores para suas infiltrações. Mais um trunfo: como voltou a acertar seus arremessos de média e longa distância, atrai os defensores e ganha espaço para o arranque.

Pense bem, Klay: o arremesso está seguro, mesmo?

Pense bem, Klay: o arremesso está seguro, mesmo?

O resultado disso é um equilíbrio interessante entre o impacto que Leonard causa dos dois lados da quadra. Sem ele, o sistema ofensivo de Pop cai de 111,2 pontos por 100 posses para 106,2. (Em números gerais de vitórias e derrotas, foram nove reveses nos 17 jogos que ele perdeu até agora).

Se você soma, então, o que ele oferece para a defesa e para o ataque e chega a uma conta interessante: com Kawhi, o Spurs vence os adversários por 10,4 pontos. Para relativizar, a segunda melhor marca neste saldo de pontos é de Tiago Splitter, com 6,8 a cada 100 posses. Manu Ginóbili aparece em segundo, com 5,9, num empate técnico com Danny Green (5,8). Tim Duncan? Só 0,1. Parker? Surpresa: -1,5. Sim, negativo.

O ganho estatístico, galera, é geral. Em números absolutos, ele vem com suas melhores marcas de sua carreira em médias de pontos, rebotes, assistências e tocos. Essa guinada também vale para todos estes fundamentos numa projeção por minutos. Então, mesmo que tenha perdido um pouco de rendimento nos arremessos de quadra e nos tiros de três pontos, o fato é que o ala também faz a melhor temporada em termos de índice de eficiência.

Merece os holofotes

Merece os holofotes

A questão é que toda essa evolução pode realmente passar despercebida quando chega a hora de discutir os grandes nomes da liga, mesmo que ele tenha sido eleito o MVP das finais do ano passado. Esse distanciamento tem a ver muito mais com o simples acúmulo de jogos do que com sua timidez. A temporada é loooonga temporada, sabemos, gerando mais e mais histórias. Fica bem fácil esquecer o alvoroço que Leonard já havia causado.

Especialmente quando ele está inserido num sistema igualitário e também não escapa da precaução de Popovich em preservar suas peças. Em termos absolutos, raramente os números dos craques do Spurs vão bombar. Para finalizar, o ala também teve uma pré-temporada toda atrapalhada por uma infecção ocular. Quando começou a se recuperar, sofreu uma lesão na mão que o tirou de quadra por cerca de um mês, entre dezembro e janeiro.

Justamente quando Kawhi estava entrando em forma e o treinador tomava notas, dizendo que precisava arrumar um jeito de envolvê-lo mais no ataque. “Temos de começar a dar mais a bola para ele. Ele é o futuro”, disse, em meados de novembro, antes de soltar uma de suas piadinhas tradicionais. “Não acho que Timmy e Manu vão jogar mais do que seis ou sete anos a mais.”

Na ocasião, num incomum arroubo de confiança, o jogador afirmou que apreciava o discurso de Pop. “É muito melhor executar na prática isso do que apenas escutar o plano”, disse. “Da minha parte, só tenho de continuar melhorando enquanto sigo em frente. Tenho de me tornar um jogador melhor e me antecipar a este momento (de aposentadoria dos craques). Se não, chega essa hora como um tapa na cara, sem que eu saiba o que fazer, ou como lidar com isso.”

Meses depois, parece que ele já entendeu exatamente como se faz. Seus companheiros também.

*   *   *

A ascensão de Leonard também acontece num momento apropriado para sua conta bancária. O ala vai se tornar agente livre restrito ao final do campeonato. Será que alguém vai ser dar ao trabalho de fazer uma proposta? Creio que muitos julgam uma perda de tempo, considerando o apreço que Popovich tem pelo jogador.

Mas será que o Spurs vai tentar barganhar algum desconto, tal como aconteceu com Tim Duncan seguidas vezes? O ala ai aceitar? Tenham em mente que esse vai ser o primeiro grande contrato do ala. Não que os mais de US$ 8 milhões que ele ganhou até esta temporada sejam dinheiro de pinga, mas seu próximo vínculo está na casa de dezenas, dezenas e dezenas de milhões.

Por que San Antonio não lhe deu já uma extensão contratual no ano passado? Para ter flexibilidade ao final da temporada. Se Duncan e Ginóbili disserem chega, a franquia terá espaço salarial para renovar com o ala e partir na direção de substitutos com alto valor de mercado. Limparia salário, assinaria com eles e depois cuidaria do ala.

*   *   *

Desde o All-Star Game, o San Antonio Spurs tem o ataque mais eficiente e a terceira defesa mais competente da NBA. Daí sai o melhor saldo de pontos na conta por 100 posses de bola, critério que o Golden State Warriors havia liderado durante toda a campanha. Sim, eles voltaram.

*   *   *

Tudo depende de um pouco de sorte, ou falta de, como quando Marc Gasol torce o tornozelo em jogo contra o Los Angeles Clippers. O Memphis também vê seu armador Mike Conley Jr. estourado. Tony Allen é outro que está distante da melhor forma. O Houston Rockets já não tem Patrick Beverley e Donatas Motiejunas. Portland perdeu Wesley Matthews e até mesmo aquele que é seu substituto, Arron Afflalo, pode ficar até duas semanas no estaleiro por conta de uma contusão no ombro. O topo do Oeste está se esfacelando, enquanto o Spurs sobe. Tiago Splitter é a única baixa, no momento, sentindo novamente sua panturrilha. A boa notícia é que, de acordo com as palavras de Popovich, o brasileiro, essencial para a defesa, não tem nada grave e não preocuparia para os playoffs. Lesões e contusões acontecem. Mas é possível trabalhar para limitá-las. Creio que, a essa altura, ninguém vá mais questionar o tática do técnico de controlar os minutos de seus atletas e de afastá-los de uma ou outra partida.


Augusto derruba o Real, Splitter decola e mais: um giro com os brasileiros
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Giancarlo Giampietro

Os playoffs estão chegando, em todos os lugares — no Fantasy, aliás, o bicho já está pegando. Então vale gastar alguns minutos nesta segunda-feira para checar como andam os brasileiros espalhados por aí, levantando como têm sido seus últimos dias, de preparação para a hora que importa, mesmo:

– Começamos pela Espanha. Não só para quebrar a rotina, mas também pelo fato de a maior vitória ‘brasileira’ ter acontecido por lá. Augusto Lima, em sua temporada sensacional, liderou o modesto Murcia em um triunfo histórico sobre o Real Madrid, pela Liga ACB. Há 20 anos que seu clube não derrotava a potência merengue em casa. O pivô teve dificuldade para finalizar no garrafão (3/11 nos arremessos), mas não deixou a confiança esmorecer. Como de costume, batalhou pelas próprias sobras e terminou com um double-double de 13 pontos e 11 rebotes. Foram 5 na tábua ofensiva, buscando contato (6/7 nos lances livres).

Augusto rege a torcida: vitória muito comemorada

Augusto rege a torcida: vitória muito comemorada

Ao menos neste ano vem sendo acompanhado por Magnano, que o elogiou recentemente, depois de ter sido ignorado na convocação passada. Até porque Augusto tem ao seu lado Raulzinho, que foi titular no domingo. Em 24 minutos, somou 7 pontos, 2 assistências e 2 rebotes. Durante a campanha, o jovem armador vem dividindo a condução da equipe com o veteraníssimo Carlos Cabezas, sendo observado pelo Utah Jazz.

Em termos de classificação, o resultado devolve a esperança ao Murcia de chegar aos playoffs. Mas não vai ser fácil. O time está na décima posição, com 11 vitórias e 13 derrotas, empatado com o Gran Canaria. O oitavo Zaragoza é o Zaragoza, com 14 e 11, respectivamente, também empatado com o Baskonia e o Valencia. Restam 9 rodadas na temporada.

De acordo qualquer forma, tem de comemorar, mesmo. Não só quebraram um tabu — chamado de “maldição” por lá –, como derrubaram o Real da liderança. O Málaga volta a se isolar na ponta. Mais: para se ter uma noção do quão difícil é derrotar o gigante espanhol, saibam que, de 2012 até esse domingo, os caras haviam ganhado 82 de 92 partidas pela temporada regular.  Aproveitamento de 89,1%. Só.

Augusto e Raul na rodinha animada

Augusto e Raul na rodinha animada

Ainda na Espanha, outro que está numa crescente é o armador Rafael Luz, titular na vitória do Obradoiro sobre o Fuenlabrada por 88 a 82, no sábado. O brasileiro marcou 9 pontos e deu 9 assistências em 29 minutos arredondados. Nos últimos quatro jogos, ele tem médias de 10,7 pontos, 5,2 assistências e 3,2 roubos de bola, números elevados para a a liga, ainda mais em 25 minutos.

– Ok, agora a NBA. A julgar pela desenvoltura com a qual se movimentou em quadra neste domingo, parece não haver incômodo algum na panturrilha de Tiago Splitter. O pivô fez uma grande partida contra o Atlanta Hawks, em surra dada pelo Spurs (114 a 95). O catarinense jogou por 27  minutos e terminou com 23 pontos e 8 rebotes, convertendo impressionantes10/14 chutes.

Não é segredo que o Spurs rende seu melhor basquete, há duas temporadas, com Splitter entre os titulares — ainda que um Boris Diaw com bom ritmo seja muito valioso contra times mais ágeis. Tim Duncan, mesmo, já disse ao VinteUm que prefere a formação de duas torres. Os números vão comprovando a tese novamente: desde que o ilustre cidadão de Blumenau recuperou o posto, o quinteto inicial do time texano vem esmagando a oposição.

Taí a dupla

Taí a dupla

Antes, porém, que vocês queiram descer o cacete no Coach Pop, favor considerar os seguintes fatores: 1) Splitter teve sua pré-temporada prejudicada pelas lesões; 2) Pop não ia desgastá-lo, ciente de sua importância; 3) Diaw ainda é um que está atrás da curva, e a equipe vai precisar dele mais para a frente; 4) Aron Baynes meio que jogou bem, mas não conte para ninguém; 5) mais importante de todos: demorou para o quinteto inteiro ficar em forma, na mesma época.

O Spurs, assim como Splitter torcia, está chegando. Se o jogo no Madison Square Garden foi uma desgraça, praguejado com veemência por Popovich, a verdade é que ultimamente os campeões têm dado muito mais sinais de grandeza. Mike Budenholzer viu de perto, num primeiro quarto arrasador: eles voltaram. O que é salutar. Quando o Spurs está em seu melhor nível, difícil encontrar jogo mais bonito e atordoante. A bola cruza a quadra com máxima velocidade, de mão em mão, para frente e para trás, até a defesa rival se despedaçar. E o legal foi ver Splitter totalmente envolvido nessa. Dos raros pivôs com quem a bola não morre. No defesa, as rotações são uma belezura. Green e Kawhi agridem no perímetro, os pivôs cobrem, e a intensidade é plena.

Está tudo enrolado na tabela, mas, mantendo esse ritmo, San Antonio vai ter mando de quadra na primeira rodada, independentemente de ficar com a quarta posição. Tivessem batido os Bockers, já registraram melhor aproveitamento hoje que Blazers e Clippers.

Bruno Caboclo volta a entrar em quadra. Por dois minutos

Bruno Caboclo volta a entrar em quadra. Por dois minutos

– O Toronto Raptors não está jogando tão bem assim, mas tem sua classificação para os mata-matas assegurada, vai. Ao time canadense, o que resta é tentar recuperar o basquete dos dois primeiros meses da temporada. Essa conjuntura não favorece os dois brasileiros do elenco – se o mando de quadra também estivesse garantido, as perspectivas de tempo de quadra aumentariam. De qualquer forma, neste domingo, depois de um looongo inverno e de problemas fora de quadra, pela primeira vez desde 4 de fevereiro, o técnico Dwane Casey colocou o ala em quadra. Foram apenas dois minutinhos contra o Knicks, uma baba.  Isso só foi possível pelo fato de Kyle Lowry estar afastado por lesão, abrindo uma vaga para Caboclo trocar o terno pelo uniforme.

Lucas Bebê não estava presente para ver. O carioca está cedido ao Fort Wayne Mad Ants, da D-League. Ao contrário do que aconteceu com o caçulinha brasileiro por lá, Lucas chegou para jogar – foram três partidas até agora, com médias de 11,0 pontos, 13,0 rebotes e 2,6 rebotes, em imporantes 25,7 minutos – para comparar, Bruno teve apenas 8,9 minutos em sete compromissos. Quer dizer: o pivô produziu bem. Mas não dá para se levar perdidamente pelos números da Liga de Desenvolvimento da NBA. Os jogos são acelerados, a bagunça costuma imperar. Tem de pegar os VTs no YouTube para avaliar com cuidado o que o pivô anda fazendo. O Mad Ants não é a franquia mais aberta da D-League aos jogadores de cima, mas segue como a melhor oportunidade para a dupla ser aproveitada.

Leandrinho, ao ataque. Briga por minutos relevantes

Leandrinho, ao ataque. Briga por minutos relevantes

– Leandrinho foi outro que ganhou espaço devido a uma lesão de um dos titulares. Klay Thompson está fora de ação pelo Warriors, e o ligeirinho tem sido mais acionado por Steve Kerr, dividindo os minutos do jovem astro com Andre Iguodala e Justin Holiday. O ala-armador recebeu 80 minutos em três jogos (26,6) e marcou 44 pontos (14,6). É um momento importante para mostrar serviço: uma hora Kerr vai ter de definir sua rotação para os playoffs, e ainda não está clara a ordem de chamada no banco. Andre Iguodala, Shaun Livingston e Marreese Speights vão para a quadra. É de se imaginar que David Lee também. Restaria uma vaga, pela qual duelam as habilidades ofensivas do brasileiro e as defensivas de Holiday, irmão do Jrue.

– Depois de um mês de fevereiro tenebroso, o Washington Wizards tenta se recuperar, mas vem de duas derrotas (Clippers e Kings, no domingo). Nenê volta a viver sua rotina de entra-e-sai do plantel de relacionados de Randy Wittman, devido aos constantes problemas físicos. O técnico precisa do pivô na briga por mando de quadra, mas a produção do paulista sofreu uma boa queda neste mês, tendo acertado apenas 42,9% de seus arremessos de quadra (na temporada, a média é de 51,5%; na carreira, 54,5%). É uma situação para se monitorar, ainda mais se a seleção brasileira tiver de jogar por uma vaga olímpica neste ano.


Que rei sou eu? Cavs aguarda LeBron exemplar na 2ª metade da temporada
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Giancarlo Giampietro

lebron-cavs-2014-2015

“Grandes poderes trazem grandes responsabilidades”. É uma frase para a qual, obviamente, não se pode atribuir autoria, mas acabou eternizada na cultura pop por Stan Lee, quando este fez o edificante Tio Ben proferi-la para um jovem Peter Parker. Saca, né? O futuro Homem-Aranha, que ainda precisava entender exatamente o que mudava em sua vida a partir do momento em que foi picado por um mardito aracnídeo radioativo. Acontece.

Desde a adolescência, com seus jogos transmitidos em rede nacional nos EUA e o rosto estampado em capas de revista, mais jovem ainda que Peter, LeBron James certamente já se deu conta desse lema. Isso não o impediu de assumir o título de Rei. De jeito nenhum. Então, se é para tratar desta forma, com todos os caprichos envolvidos, espera-se uma contrapartida – que ele reine com dignidade, algo que, na primeira metade da temporada 2014-2015, esteve longe de acontecer. Mas que, a julgar por sua mudança de comportamento nas últimas três partidas, pode estar mudando. Já não era sem tempo.

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Depois de enfrentar situações dificílimas em sua trajetória e vencer em Miami e retornar consagrado, o Rei James decidiu retornar a Cleveland, para abraçar o seu povo. Vocês perdoem se o tom do texto parece grandioso, mas  é que o próprio atleta levou a discussão para esse lado quando decidiu anunciar seu novo contrato com Cavaliers com uma carta pomposa publicada na Sports Illustrated.

Estava tudo muito perfeito. Ele decidia reatar os laços com muita gente para lá de magoada com sua saída, a começar por Dan Gilbert, o proprietário da franquia. “Estou voltando para casa”, disse. Uma vez de volta, estava por todos os lados em Ohio, como uma figura de fato onipresente. Muito bonito, mesmo. Chega uma hora, porém, em que a euforia passa, e os resultados começam a ditar o rumo das coisas.

LeBron: presente em ações comunitárias em Ohio

LeBron: presente em ações comunitárias em Ohio

Em termos práticos, pensando apenas no jogo, a primeira coisa que vinha na cabeça era que o cara já está realizado em sua carreira, finalmente* aclamado dentro e fora de quadra, e que esse parecia um movimento natural. (*PS: Essa noção, aliás, de que só os campeões podem se inserir no grupo dos grandes jogadores, como se Robert Horry superasse Charles Barkley, é bastante absurda, considerando tudo o que já havia feito em sua carreira, liderando alguns times capengas a um patamar elevado nos playoffs. De qualquer forma, LBJ oficialmente se livrava dessas amarras. Ganhou dois anéis, com um basquete exuberante, limitando qualquer polêmica ao seu redor apenas àquelas querelas de sempre, que não levam a lugar nenhum: “Fulano é muito melhor que sicrano” etc. Não esperem que eu vá perder meu tempo nessa.)

LeBron, todavia, tinha uma estrutura consolidada em Miami. Parceiros testados e aprovados e toda a credibilidade de Pat Riley nos escritórios. Virar as costas para isso não era uma, hã, decisão tão simples. Precisava, sim, de uma certa dose de coragem, para reassumir a missão de quebrar a maldição esportiva que paira pelos clubes profissionais de Ohio. Era tudo uma questão de prioridades, além do mais: o que pesava mais? O simples prazer de estar em casa, ou a chance de buscar mais um título para ele e o primeiro para seus súditos?

Retomando seu ensaio para a SI, nota-se que ele discorre muito mais mais sobre o significado de retomar o convívio em sua vizinhança. Apenas no sétimo parágrafo que ele menciona “Cleveland” como time e não como localidade, ao dizer que só sairia do Heat se fosse para fechar com o Cavaliers, mesmo – mas sem citar o nome do clube, curiosamente. Em nenhuma parte de sua carta isso acontece. Sério. Reparem que o apelido só aparece em intervenções editoriais.

A carta, a volta, o rei

A carta, a volta, o rei

Depois, LeBron repassa brevemente as cicatrizes que precisariam ser revisadas antes de selar um acordo. A principal era uma conversa franca e cara a cara com o intempestivo Gilbert. “Estava com as emoções confusas. Era fácil dizer que, ok, nunca mais gostaria de lidar com essas pessoas novamente. Mas aí você sobre o outro lado. E se eu fosse uma criança que acompanhava um atleta, que esse atleta me fez querer algo melhor para minha vida, e aí ele deixasse a cidade?”, indaga, retoricamente. Aqui, num documento de circulação nacional, o astro se assume com uma referência mais ampla e que seus gestos têm influência para muito além das quadras. Grandes poderes, né? Para assumir responsabilidades ainda maiores.

É tranquilo escrever que, por ora, a atitude do craque não condiz com o que fala.

O problema, desde já, é tentar encontrar uma unidade em seu discurso. Mesmo que não conceda tantas entrevistas exclusivas, como na conversa com Lee Jenkins, da SI, o jogador da NBA está muito mais sujeito ao contato com a mídia do que o boleiro regular brasileiro, por exemplo. O jogador de NBA fala bastante.

A paciência de LeBron não abrangia a evolução de Wiggins

A paciência de LeBron não abrangia a evolução de Wiggins

Com tantas declarações por aí, basta fazer uma boa pesquisa para ver que, como líder de um time que ajudou a construir, LeBron ainda, no mínimo. São diversas oscilações de jogo para jogo, dependendo do resultado. “Não estamos juntos pelo tempo necessário. As pessoas querem sucesso imediato no nosso esporte, e acho que é muito complicado de pedir isso”, afirma um dia. OK, isso condiz com o que está escrito no nono parágrafo de sua carta nacional, no qual o veterano deixava bem claro que não estava prometendo títulos. Que seria difícil conseguir, mais difícil até que 2010, quando se uniu a Wade e Bosh. “Não estamos prontos. De jeito nenhum”, escreveu. “Minha paciência vai ser testada. Sei disso. Vou para uma situação com um jovem time e um técnico novo. Vou ser o tiozão. Mas me empolga a chance de formar um grupo e ajudá-los a alcançar um lugar ao qual eles não sabiam que poderiam chegar. Eu me vejo agora como um mentor”, disse.

Parecia a coisa correta a ser dita. Na prática, porém… A parcimônia era menor do o volume de uma caixa d’água paulistana em janeiro de 2015. Tem vezes em que ele está espumando diante dos jornalistas:”Tentei me manter paciente. Tentei não deixar minha linguagem corporal tão ruim como aconteceu algumas vezes”, para depois falar sobre os “maus hábitos” desenvolvidos por alguns jogadores e reclamar sobre a pouca movimentação de bola. “Minha paciência não é infinita. Tenho um nível baixo de tolerância para coisas dessa natureza. Então é algo em que estou trabalhando também, algo que sabia desde o princípio que seria o maior teste que enfrentaria: ver o quanto tenho de paciência nesse processo.”

Primeiro ponto: qualquer observador sagaz percebeu de cara a omissão de Andrew Wiggins e Anthony Bennett em seu ensaio. Ali estava uma senhora dica para as duas escolhas número 1 do Draft: já poderiam preparar as malas, de preferência grandes, para caber muitos casacos felpudos. Estava na clara que seriam negociados por Kevin Love. O mesmo ala-pivô que nunca havia disputado os playoffs, é verdade, mas que, supostamente, era um produto muito mais bem acabado do que o par de adolescentes canadenses. E aí LBJ começou a se impor como dirigente. Quer dizer: é no que todo mundo acredita, a não ser que David Griffin estivesse realmente encantado com o potencial de Mike Miller, James Jones e Shawn Marion, todos acima da faixa de 34 anos.

Quando os jogos começaram, não demorou muito para começar o zum-zum-zum sem fim. De que LeBron não dava a mínima para David Blatt. Que mal escutava o que se falava durante pedidos de tempo, mantinha conversas paralelas e saía antes do final das instruções. Que preferia que o assistente principal Tyronn Lue fosse o comandante. Em quadra, começou o “jogo do aponta”. Qualquer pane defensiva do Cavs resultava em um jogador encarando o outro, com o camisa 23 ditando o ritmo. A julgar pelo turbilhão que tomou conta da equipe, é como se a sua carta tivesse sido ditada na época do Antigo Testamento, não?

O Cavs já disputou 42 partidas desde O Retorno, entrando oficialmente na segunda metade da temporada. Se LeBron se apresentou como um mentor, líder e figura anciã, elucidativa, foi só com as portas fechadas, não? Talvez no primeiro dia do training camp.

David Blatt tem o respaldo de seu xará, Griffin

David Blatt tem o respaldo de seu xará, Griffin

Quem não se lembra do confronto natalino com os velhos companheiros de Miami? No segundo tempo, Love falhou feio e permitiu em duas posses de bola seguidas rebotes ofensivos para o adversário. Um deles foi coletado por Mario Chalmers ou Norris Cole. O ala-pivô ouviu um monte de seu capitão: um “BOX OUT” daqueles em leitura labial que não precisava da ajuda do especialista do Fantástico. Para constar: foram dois lances realmente constrangedores.

Love tem feito disso: sua concentração oscila de acordo com o número de arremessos que recebe. Fica emburrado e joga tudo para o alto. LeBron tinha todo o direito, então, de chamar a atenção, de cobrar mais empenho do co-astro, ainda mais num fundamento que ele se gaba de ser dos melhores na liga. O problema é quando o próprio ala não faz o básico. Seu hábito de caminhar chutando pedrinhas e cantarolando na transição defensiva só se agravou da temporada passada para essa. Luol Deng fez o que quis em quadra, gente. Menciono esse jogo apenas devido ao apelo que teve, ao simbolismo presente em quadra. Não foi um caso isolado, definitivamente. Falhas generalizadas, mas um atleta em especial berrando em quadra. Comparem sua competitividade com a de Kawhi Leonard no início da temporada:

LeBron tem de se esforçar muito mais no ataque do Cavs do que Kawhi, no do Spurs, claro. Mas isso não é desculpa para vagar pela quadra. Ao mesmo tempo, nas entrevistas, o Rei pedia para os torcedores não esquentarem, a despeito da campanha irregular do time. Contra o Orlando Magic, no dia 26 de novembro, ele foi provocado por Tobias Harris e arrebentou no quarto final. Ao final da partida, soltou a seguinte pérola: “Na verdade, estava num modo de relaxamento hoje, mas este modo foi desativado depois do que ele disse”. LeBron voltou para relaxar, então?

Para ser justo, é aqui que se faz obrigatória a menção de que o ala jogava com dores no joelho e nas costas. “O joelho está doendo o ano todo. Vai e volta”, afirmou. A franquia em nenhum momento divulgou precisamente a origem desses problemas, mas ele ficou afastado de oito partidas, das quais seu time perdeu sete. Mesmo jogando de modo esculachado/avariado, suas habilidades são tamanhas que causam um impacto significativo. Seus números continuam espetaculares, com 26,0 pontos, 7,4 assistências e 5,5 rebotes. Mas o padrão de jogo está abaixo do que vimos há dois anos, no auge, em Miami.

Agora, esquece: não é decente fazer essa comparação direta, exigir esse tipo de produção, até por estar numa equipe de configuração diferentes. Fora isso, jogadores envelhecem. Até mesmo alguém de aparência super-humana como LeBron. Enfrentando uma crise, o Cavs não o tiraria de ação durante um trecho tão complicado da tabela, com jogos contra Hawks, Bucks, Mavericks e uma viagem pelo Oeste, se seus médicos realmente não recomendassem o período de descanso pensando a longo prazo.

LeBron, assistindo: relaxamento ou lesões?

LeBron, assistindo: relaxamento ou lesões?

Lesões e dores só não explicam o modo como vem se comportando em relação a David Blatt – que cometeu falhas de um treinador novato, mas sobre o qual escreveremos depois. LeBron já disse com todas as letras que chegou a um ponto na carreira em que não precisa de nenhum técnico para lhe dizer o que fazer em quadra. Quando questionado sobre um possível voto de confiança para o (?)comandante, se ele merecia ficar no cargo, soltou esta: “Que outro técnico nós temos? Ele é o nosso técnico”. Uma resposta conciliadora e atenciosa, né? Um verdadeiro diplomata.

O curioso é que o “Rei” passou pelas mesmas coisas em 2010, agindo com desdém em relação a Erik Spoelstra, por exemplo. Agir dessa forma novamente, conhecendo o desenrolar da história em Miami, chega a ser infantil. Embora, valha dizer, não seja o único. Atletas reclamam e entram em conflito com técnicos. E as superestrelas da NBA estão sempre demandando Têm muito poder. No caso específico de James e do Cavs, sua influência se torna incomparável. Nem mesmo Kobe apitaria tanto no Lakers. O fato é que não contribui para nada.

De todo modo, Griffin, com ou sem o aval de Gilbert, comprou a briga quando, antes de um jogo contra o Mavs, convocou uma coletiva na qual defendeu Blatt de modo enfático. O ala já estava afastado. A previsão era de muitas derrotas, e, ainda assim, o cartola arriscou seu pescoço para oferecer uma blindagem ao treinador. Ele só não poderia ir para a quadra, na estrada, para evitar esta cena:

Aconteceu em Phoenix, na primeira partida de LeBron após duas semanas de descanso – e sete derrotas em oito partidas. O astro disse que não fez nada demais e que estava apenas tentando salvar Blatt de levar uma falta técnica. O treinador ratificou a história. Mas dava para fazer de outro jeito, né? Ainda mais com o tanto de especulação em torno da relação entre os dois. Essa imagem tem tudo para ser a mais emblemática possível.

Ou, talvez, tivesse. Pois bastou uma bem-sucedida passagem por Los Angeles para concluir a viagem pelo Oeste para que as coisas mudassem.  Pelo menos assim quer entender a diretoria e a mídia em Cleveland. Especialmente depois de um triunfo contra os Clippers, um adversário de respeito, na qual a defesa foi mais uma vez uma peneira, mas o ataque funcionou de acordo com seu potencial: 126 a 121. Um triunfo mais que bem-vindo, é verdade. Mas o que mais se comemorou foi um jesto de James ao final do confronto. Depois de um pedido de tempo e de uma jogada bem-sucedida, que terminou com fal-e-cesta em cima de Tristan Thompson, o Rei se curvou diante da comissão técnica (em sentido figurado).

Veja a descrição do portal Cleveland.com sobre esse instante: “A jogada era para encontrar Irving na cabeça do garrafão, mas os Clippers estavam concentrados nele. James, então, fez um passe rápido para Tristan Thompson, que estava cortando para a cesta e finalizou a bandeja, sofrendo a falta. James imediatamente olhou para a comissão técnica e apontou na direção deles, como se os estivesse aplaudindo por desenhar uma jogada tão bonita e efetiva. Foi a primeira vez que James escancarou qualquer nível de satisfação ou gratidão a Blatt”.

O Akron Beacon Journal, jornal que vem relatando com intensidade o distanciamento entre os dois personagens, conta assim: “James estava engajado, particularmente na vitória contra o Clippers. Ele fez contato visual com Blatt. Conversou com ele na quadra. Esses são momentos que ele vinha tipicamente compartilhando apenas com Lue”.

Duas vitórias, uma boa jogada, e qualquer crise estaria resolvida? Sabemos que não é assim que acontece. Ainda mais quando um mero gesto de LBJ ganha tamanha proporção. Imagine como estava o clima na cobertura e no dia a dia para que dessem tanta importância para essa passagem. De qualquer forma, para quem vê o time de perto, foi um baita sinal. Então fica aqui registrado.

A segunda vitória em Los Angeles. Hora da virada?

A segunda vitória em Los Angeles. Hora da virada?

Dias depois, o Cavs pegou outro suposto favorito da Conferência Leste que encara péssima fase, o Chicago Bulls, e venceu por 108 a 94. A terceira vitória seguida, algo que não acontecia há quase um mês, e um respiro. “O período fora foi a coisa mais difícil por que já passei. Odiei o fato de que estávamos jogando um basquete bem decente quando saí e perdemos um monte de jogos. Espero que, quando voltar, possamos recuperar nosso caminho vitorioso”, havia dito o astro em Phoenix, antes do empurrão e antes dos triunfos.

Desde que retornou, LeBron vem com médias de 31,7 pontos, 5,2 assistências, 7,0 rebotes, 1,5 roubo de bola e acertou 52,3% nos aremessos de quadra. Excelente. Mas também cometeu um caminhão de turnovers (5,2), acertou apenas 61% nos lances livres e deu o papelão de sempre na defesa. Neste momento, no League Pass, durante as paradas de jogo, a NBA tem veiculado um clipe com as 17 assistências que Kobe deu contra o Cavs, seu recorde pessoal. Muitos desses passes resultaram em cestas com uma grande contribuição de seu amigo. Não consegui gravar as imagens aqui, mas LeBron foi batido em diversas situações constrangedoras. Segue uma delas abaixo, na qual ele nem mesmo tenta se aproximar de Wesley Johnson:

Quer dizer: umas coisas podem mudar. Outras, porém, requerem um pouco de… paciência. Um dado curioso levantado pelo site Nylon Calculus nos mostra como o Cavs pode ser considerado o time mais inconsistente da NBA: quando eles vencem, vão muito bem; quando perdem, perdem mal de verdade. Se você for confrontar o saldo do índice de eficiência obtido em triunfos (13,3) e o dos reveses (-14,1), vai ter um hiato de 27,4 pontos, o maior da liga. Esse padrão se mantém mesmo quando os três astros estão juntos em quadra. O que isso nos mostra? Que a equipe tem muito o que render mesmo e decola quando as coisas se encaixam. Mas as derrotas são feias na mesma medida, numa prova de seu desacerto. Esse tipo de resultado só evidencia os problemas de química.

Claro que não estamos falando exclusivamente de vestiário. Faltava um pivô como Mozgov, faltava mais gente atlética e comprometida com a defesa (a ver se Shumpert resolve…) e de alas, no geral, mais capazes que os anciões Miller e Jones (J.R. começa bem, mas não dá para comemorar muito, vocês sabem). Mas não dá para subestimar de modo algum o quanto o vestiário é importante para o sucesso de um time. Veja o que aconteceu com o Indiana Pacers na temporada passada, depois das adições de Evan Turner e Andrew Bynum. São diversos os casos semelhantes.

Em Cleveland, Akron e arredores, o ambiente em geral é bom – no que se refere a ruas e torcida, ainda tomadas pela euforia, pelo menos. A galera está contente demais em ter o prodígio local por perto. Para eles, porém, mais que o LeBron cidadão presente em consertos de música clássica, parques e projetos sociais, o que preferem ver é o LeBron craque em ação, alguém que faça o Cavs melhorar e competir em alto nível. Um LeBron totalmente comprometido com o seu reino, assumindo de fato suas responsabilidades.


Em uma partidaça, Miami Heat vence Spurs e força o sétimo jogo. Relaxe e desfrute
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Giancarlo Giampietro

LeBron, assim mesmo

LeBron, sem bandana mesmo: triple-double, defesa sobre Parker, e talvez não seja o suficiente?

Depois de um dos grandes jogos, dos maiores que já vimos, você vai dizer o quê?

Com nossa preocupação – ou despreocupação – em querer avaliar tudo a cada instante, todo detalhezinho que seja, em tempo real, gênios que somos, depois do que vimos nesta madrugada de terça para quarta-feira, vamos falar exatamente o quê?

QUEM amarelou?

QUEM é o culpado?

Há realmente espaço para esse tipo de coisa ainda?

(Ainda mais levando em conta o contexto do que se manifesta pelas ruas das capitais e capitais do país nestes últimos dias?)

Depois do espetáculo apresentado neste sexto jogo das finais da NBA, com o Miami Heat tirando forças no quarto período para forçar uma dramática-ática-ática prorrogação, garantindo a vitória por 103 a 101, e agendando sétima partida, volta a pergunta: você vai dizer o quê?

Vai julgar quem desta vez?

Diabos.

De antemão, deixem LeBron James e seu triple-double (“apenas” 32 pontos, 11 assistências, 10 rebotes e 3 roubadas) em paz – durante 36 minutos, ele já estava incluso burroneamente, novamente na lista dos fracassados históricos da liga. Aí termina o jogo e como é que fica?

Assim como Kawhi Leonard (22 pontos e 11 rebotes!!!) e seu lance livre perdido no final do tempo regular, que poderia ter feito toda a diferença na contagem final, antes da bola. Em alguma realidade alternativa seu chute de lance livre caiu. Só não foi nesta que, por acaso, seguimos. E agora temos um Jogo 7 já histórico para acompanhar.

Vale o mesmo para Pop, Spo, Wade, Parker, Splitter ou Bosh (justo ele, com seus dois tocos decisivos!)… Não pensem que estes caras todos estão de bobeira.

Antes de martelar, de julgar, de sabe-se lá o quê…

Apenas desfrutem.

*  *  *

Twitter é legal, mas é um saco ao mesmo tempo.

*  *  *

Dou um jeito de voltar aqui nesta quarta ou quinta-feira cedinho para discutir um pouco mais do Jogo 6 e falar do Jogo 7. É que a agenda tá apertada pacas. Mas só para reforçar: o que vimos nesta terça foi uma das melhores partidas da NBA – e do basquete, doa a quem doer – em muito tempo. Dois times bem armados, testados, após batalhas e batalhas. A essa altura, dá pra dizer que o mais preparado é o Spurs. Mas o talento do Heat é tamanho que deixa tudo muito imprevisível. Ray Allen não estava matando nada, nada. Mas quem duvidaria de que ele seria capaz de acertar aquele chute. naquela hora? Ninguém. E foi um petardo de chuá. Que deixa o momento psicológico da série todo voltado para o time da Flórida. Mas não dá para fazer prognóstico algum para o jogo decisivo do confronto. Quem vai reagir como? É aguardar para ver. O lance, mesmo, é esperar um grande jogo. É deixar as infantilidades de lado e embarcar nessa. Há muitos detalhes para se consumir antes: se Manu Ginóbili vai conseguir responder (de novo e de novo)?; se Dwyane Wade consegue jogar por mais de um tempo ainda; se o chute de 3 pontos de Miami vai cair com esta frequência; se Danny Green vai reagir para se manter na briga pelo prêmio de MVP; se Mario Chalmers conseguirá se manter efetivo; etc; etc; etc.