Vinte Um

Arquivo : James Harden

As estranhas relações entre duas atrações imperdíveis do Lollapalooza e a NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Shaq Fu

Shaq Fu! Aaaargh

É muito mais fácil ligar o basquete ao rap, ainda mais depois da geração gansta. Existem até mesmo aqueles cestinhas que se meteram a besta como artistas fora de quadra também, e a gente sabe que quase nunca isso vai dar certo. Shaquille O’Neal, Allen Iverson e o nosso lunático anti-herói Ron Artest, justo ele, podem rimar alguma coisa a respeito.

Por outro lado, tem gente que, em outro estilo, mandou muito bem, como o finado Wayman Tisdale, que talvez tenha sido um melhor baixista de funk/jazz do que ala-pivô, embora fosse um habilidoso jogador para pontuar no garrafão – e não muito mais que isso.

Agora, com o festival Lollapalooza chegando a São Paulo com sua edição 2013 neste fim de semana de Páscoa, o blogueiro tem a chance de roubar um pouquinho e falar sobre outra coisa que lhe apetece. Mas, ok, para não soar ofensivo ao batalhador leitor que já podia reclamar do cansaço e da  perda tempo neste espaço, a gente dá um jeito de jogar o basquete no meio dessa história.

*  *  *

OS PIONEIROS CULTS DE OKLAHOMA CITY

Wayne Coyne

Flaming Lips, de Wayne Coyne, e seu ritual estão prestes a voltar ao Brasil

Kobe Bryant deve ter feito das suas. Alguma bandeja reversa por baixo do aro. Alguma mudança brusca de direção seguida de enterrada. Um arremesso em flutuação na zona morta, com o corpo já atrás da linha da tabela. Qualquer coisa desse tipo que tenha feito o esquisitão Wayne Coyne vibrar na plateia. Atitude que foi imediatamente repreendida.

“Mas aquilo foi maluco! Quem é aquele?”, perguntou o músico. Explicaram de quem se tratava e completaram que ali, na cidade deles, meu chapa, ninguém vai aplaudir alguém que jogue do outro lado, não importa quem ou o que o sujeito tenha feito.

Wayne Coyne, o líder do Flaming Lips, atração do festival paulistano na sexta-feira, é do tipo de pessoa que realmente não sabe quem seja esse tal de Kobe. Sua cabeça já anda bastante ocupada com muita coisa: as trezentas parcerias musicais que podem ser engatilhadas nas próximas semanas, com robôs que aterrorizem a pequena Yoshimi, sobre como os efeitos do ácido podem ser positivos para um ser-humano antes do almoço e de como poderia usar a próxima representação de vagina e/ou bichos de pelúcia em um palco, galeria ou kit para imprensa. É maluco, mas, no universo criado pela banda, acontece tudo de modo muito pueril, acreditem.

(Já entrei nessa isso em duas ocasiões, em 2005 aqui em Sampa, em 2011 em Santiago. É um ritual especial. O sujeito vai entrar em uma bolha de plástico e andar/rolar por cima de centenas no público. O telão sempre trazendo algo surpreendente para a apresentação. Eles vão estourar muitos confetes, serpentinas e balões de plástico. A banda emenda alguns refrões cativantes em sequência. O plano é fazer de tudo para que o show de sexta-feira seja inesquecível. Lendo assim, pode parecer apenas uma festinha tonta para a criançada mal-crescida, e talvez seja isso mesmo. Mas só vendo ao vivo para saber.)

Calha que a banda tem como base a mesma Oklahoma City do Thunder. Muito antes de Kevin Durant tomar conta dos outdoors e ser cultuado – junto com Westbrook e a barba de James Harden –,  Coyne, de 51 anos, e seu grupo eram os que mais chegavam perto de celebridades locais.

"Thunder Up", Coyne!

Wayne Coyne comemora. Resta saber apenas se foi cesta do Thunder

Ao contrário do Thunder com seus jovens superastros, o Flaming Lips nunca foi necessariamente um arrasa-quarteirão de vendas, embora tenham ganhado fama mundial no mesmo período em que sua cidade floresceu. Eles deram uma piscadela para o estrelado com a trilogia “The Soft Bulletin”(1999), “Yoshimi Battles the Pink Robots” (2002) e “At War with the Mystics” (2006), ganhando três Grammys, mas não tardaram em recuar para suas trincheiras obscuras.

Antes desse flerte com o mainstream, por exemplo, haviam gravado um disco quádruplo – “Zaireeka”, de 1997 – cujas partes deveriam ser tocadas simultaneamente numa orquestra do barulho (leiam com a voz do locutor global na cabeça, por favor, anunciando a próxima atração da “Sessão da Tarde”). Você pode entender como uma “coisa-de-lôco”, um lixo irrecuperável, mas eles sinceramente não se importam. Em um projeto mais recente, lançado no ano passado, fizeram um álbum coletivo – “The Flaming Lips and Heady Fwends” –, trocando arquivos de músicas com colaboradores espalhados pelo mundo todo, apresentando gente como Chris Martin, do Coldplay, e Bon Iver, para depois costurar tudo.

Enfim, antes da migração do Supersonics para Okahoma City, quais as referências possíveis da cidade para aqueles fora dos Estados Unidos? Para a maioria, provavelmente apenas o lamentável atendado de 1995,  que resultou na morte de 168 pessoas e em outras 684 feridas. Mas, pelas razões citadas acima, para um pequeno grupo de seguidores, havia também os Lábios Flamejantes.

Hoje, a coisa mudou. Quando o líder do grupo é abordado em turnês pela Europa, Austrália e, de repente, aqui no Brasil, o que ele mais ouve é sobre os fedelhos do Thunder, como as pessoas gostam de assistir aos jogos deles. Durant, Westbrook e, snif! snif!, James Harden haviam ultrapassado sua popularidade.

O time se tornou o símbolo perfeito para a revitalização por qual passou Oklahoma City da década de 90 para cá. De uma terra perdida no meio dos Estados Unidos, onde se encontram diversas formações vegetais, uma área de confluência climática e também de diversas culturas das diferentes regiões que a rodeiam, a cidade se tornou um pólo econômico e criativo.

Embora o grupo de Coyne tenha feito uma música que virou o hino oficial de rock da cidade – a encantadora “Do You Realize???”, do vídeo acima –, o Flaming Lips, com sua psicodelia e provações constantes, nunca seria mesmo um símbolo de nada institucional, muito menos em um território ainda bastante conservador. Um nativo que nunca deixou o local, por mais que Nova York ou Los Angeles pudessem ser muito mais convidativas e cômodas para sua carreira, Coyne reconhece a importância do clube nesse sentido, diante do ressurgimento de Oklahoma City. “Acho que as pessoas gostam da ideia de que, seja o roqueiro malucão ou o jogador de basquete, nós todos temos este espírito da cidade. É algo que eu realmente não acho que existe. Mas o Thunder provavelmente conseguiu unir isso mais do que qualquer um”, disse em entrevista ao New York Times, em abrangente reportagem sobre a relação da equipe e a cidade.

No ano passado, durante os playoffs, o Flaming Lips até regravou um de seus hits – acho que dá para ser classificado como um hit –, “Race for the Prize” como um hino para o time: “Thunder Up!”, sendo tocado minutos antes dos jogos. ‘”Kevin Durant / don’t say he can’t!”, diz um trecho da letra. Veja abaixo a versão atualizada, seguida pela original ao vivo:


Só não peçam que Wayne Coyne entenda alguma coisa de basquete. “Quando você está lá, não é que um jogo seja um evento que siga um script de Steven Spielberg. Fico meio confuso. Será que nós vencemos? Eles venceram? E, quando você olha para o placar, bem, será que o jogo acabou?”, disse ao NYT, se autodescrevendo como o torcedor mais perdido do ginásio e do planeta.

O negócio deles é no palco mesmo, território em que consegue encontrar as similaridades entre o jogo e um show. “É aquela ideia de que está todo mundo focado na mesma coisa, ao mesmo tempo, ficando juntos e fazendo da experiência algo maior. É uma tolice, mas todas as coisas são tolas assim.”

Com o Flaming Lips, é isso aí.

*  *  *

OS RENEGADOS DO GRUNGE

Fundada em meados dos anos 80, mapeada pela indústria musical americana apenas em 1993 com a entrada de “Transmissions from the Satellite Heart” nas paradas, o Flaming Lips poderia ter embarcado na onda grunge que dominava as rádios naqueles tempos, mas seguiram por um caminho absurdo, completamente distante do chamado “som de Seattle”. Ironicamente, Kevin Durant poderia ter sido uma figura totalmente ligada a essa cidade do Noroeste dos Estados Unidos, mas acabou jogando lá por apenas um ano, antes do polêmico deslocamento de sua franquia para Oklahoma City.

Shawn Kemp x Jeff Ament

Jeff Ament em peça publicitária com Shawn Kemp, seu ídolo em Seattle

Foi um movimento amaldiçoado por Jeff Ament, baixista do Pearl Jam e fanático pelo Supersonics, daqueles que compravam carnês de ingressos temporada após temporada junto com o guitarrista Stone Gossard. Os dois são outros que tocam no Lollapalooza, mas no domingo.

Muito antes de conhecer Chris Cornell ou Eddie Vedder, Ament era um armador talentoso no colegial em Montana, interiorzão da América profunda. Foi eleito para seleções estaduais e tudo, a ponto de ser recrutado pela universidade de… Montana (dãr!) como jogador. Entrou para a equipe dirigida por Mike Montgomery, futuro técnico de Stanford, do Golden State Warriors e hoje da universidade de California e, rapidamente, descobriu que, como aspirante a uma carreira no basquete universitário, ele provavelmente tinha mais jeito, mesmo, para o rock. “Os mundos de esportes e música não combinavam, realmente. Onde eu cresci, eu podia ser um esportista e um punk rocker. Quando fui para a universidade, ficou aparente que eu tinha de pertencer somente a um desses grupos”, disse em entrevista interessante à ESPN americana.

Bem, a gente já sabe hoje no que deu isso tudo. O cara se mudou para Seattle, conheceu certas pessoas, as coisas demoraram para se encaixarem, mas de repente ele fazia parte de uma das bandas que se tornaria das mais populares do mundo. No início, na condição de estrela emergente do rock, Ament era obrigado a esconder do público sua outra metade. Afinal, tinha sempre quem importunasse. “Kurt Cobain e Coutrney Love sempre zoaram o fato de que eu jogava basquete. Uma vez eu parei para dizer oi antes de um show e, quando estava indo embora, Courtney gritou: ‘Vá jogar basquete com Dave Grohl!'”, recordou o baixista. Os roqueiros que foram etiquetados como grunge já eram aqueles que a sociedade não queria. Ament conseguiu ser um rejeitado dentro desse universo. 🙂

Jeff Ament, versão basqueteiro

Jeff Ament não tinha a maior pinta de basqueteiro do mundo, de todo modo

Nas turnês, porém, ele confessa que sempre havia uma bola de basquete ou futebol americano por perto. Vedder, segundo seu companheiro, era mais ligado ao beisebol. Hoje, mais maduro e consagrado, não há restrição alguma, claro, em se assumir um basqueteiro – que realmente acompanha a NBA em detalhes, ainda que em Seattle ele não tenha mais nenhum clube profissional pelo qual torcer. “(Se um novo time chegasse,) Acho que teria de namorá-lo por um tempo. Se as coisas dessem certo, poderia checar se alguém gostaria de dividir o carnê de ingressos por alguns anos”, afirma.

Avaliando a possível transferência do Sacramento Kings para Seattle, fica difícil de avaliar qual o comportamento adequado. “Seria a melhor e a pior opção ao mesmo tempo. É a melhor porque eles têm provavelmente o melhor potencial como time de playoff, se o DeMarcus Cousins conseguir entender seu cérebro de alguma forma, ou se eles conseguirem um técnico que possa treiná-lo, ou se o Tyreke Evans der as caras. Mas Sacramento é uma cidade pequena. Se você tira o Kings deles, vão ficar com o quê? Só um time menor de beisebol, algo assim”, diz.

A ligação do Pearl Jam com o basquete, desta forma, é muito mais intensa do que o normal entre os roqueiros, certamente maior que a do Flaming Lips com o Thuder. Desse vínculo, se  destacam duas histórias:

– Ament já escreveu uma canção para citando Kareem Abdul-Jabbar, chamada “Sweet Lew”, do álbum “Lost Dogs” (2003), em referência ao nome de batismo do legendário pivô, Lew Alcindor. Não foi bem uma homenagem: Jabbar foi seu técnico em um jogo de celebridades e o teria ignorado quando foi tentou puxar um papo – a propósito, ele identifica os bateristas Chad Smith, do Red Hot Chilli Peppers, e Steve Gordon, do Black Crowes, como os melhores músicos-jogadores que conheceu.

Mookie Blaylock, ex-Pearl Jam

Mookie Blaylock, ex-armador do Nets e ex-Pearl Jam. Seu número? Dez, ou “Ten”, primeiro álbum da banda que vendeu mais que água nos anos 90

– Um dos primeiros nomes da banda foi “Mookie Blaylock”, aquele armador que defendeu New Jersey Nets, Golden State Warriors, mas teve seu  melhor momento pelo Atlanta Hawks nos anos 90. Como isso aconteceu? O grupo estava em uma lanchonete para fazer sua primeira gravação em um estúdio, com uma diária de uns US$ 10. Ainda assim, conseguiam comprar alguns pacotes de cards. Em um deles, saiu o armador. Ainda não haviam decidido um um nome para o conjunto e colocaram a “figurinha” de Blaylock na capa da fita que gravaram. Depois, saíram em uma turnê de dez dias com o Alice in Chains usando esse nome. Só mais tarde que veio a combinação a ser consagrada.

Há diversas explicações para “Pearl Jam”. Uma fictícia, inventada por Vedder em uma entrevista é de que ele teria uma avó chamada Pearl, que fazia uma geleia inigualável. Outra teoria, que tem seus defensores entre biógrafos e velhos amigos, é de que “Pearl” seria uma referência ao apelido de Earl “The Pearl” Monroe, craque do Knicks e do Bullets nos anos 70, e fantástico nas enterradas. O “Jam” também teria sido unido a “Pearl” depois que os amigos compareceram a um show de Neil Young, e o figurão canadense não parava de esticar suas músicas, em “jam sessions” com os companheiros de palco.

 Por mais fanáticos que sejam, música para o Sonics Jeff Ament e Stone Gossard nunca fizeram. 🙁

*  *  *

Atração do Lollapalooza paulistano de 2012, a Band of Horses, também de Seattle, chegou a gravar uma música intitulada “Detelf Schrempf”. Mas eles juram que não tem inspiração alguma no ex-craque alemão. Investigamos isso na encarnação passada.

*  *  *

#NBAbands

De vez em quando tem dessas brincadeiras no Twitter que divertem, né? Demora, mas acontece. Ótima oportunidade, então, para resgatar alguns dos trocadilhos na fusão de nomes de bandas com jogadores da NBA, a #NBAbands, que foi trending topic há algumas semanas.

– “Durant Durant” = para ficar no tema.

– “Garret Temple of Dog” = o Temple of Dog uniu os integrantes de Pearl Jam e Soundgarden, vizinhos de Seattle. Garret Temple ainda busca se firmar na NBA, fazendo dupla armação com John Wall no Wizards.

– “Rajon Against the Machine” = A fama de esquentadinho de Rajon Rondo poderia ser direcionada contra o sistema, como fez nos anos 90 os revolucionários do Rage Against?

– “30 Seconds Dumars” = Quando Joe Dumars contratou Charlie Villanueva e Ben Gordon de uma só vez, quebranco a banca, muitos torcedores do Pistons se perguntaram certamente se ele estava com a cabeça a “30 Seconds to Mars”, banda do ator Jared Leto.

– “John, Paul George, and Ringo” = Eu realmente nunca havia pensado que o prodígio do Indiana Pacers reunia dois daquele quarteto de Liverpool em um só nome.

– “The Jimmer Fredette Experience” = A experiência de Jimi Hendrix não durou muito, mas deixou um baita legado para a música. Jimmer Fredette, fenômeno univeristário, ainda batalha para deixar sua marca na liga.

– “Bryant Adams” = uma combinação insólita de um dos maiores assassinos em quadra, Kobe Bryant, com um astro pop canadense de letras bem melosas, Bryan Adams.

– “My Darnell Valentine”, “My Bloody Valanciunas” = a banda shoegaze viajandona My Bloody Valentine voltou a lancar um álbum neste ano e serviu de inspiração para dois dos melhores nomes, seja com o ex-armador de Portland Trail Blazers, Cleveland Cavaliers e que terminou a carreira na Itália, ou com o jovem pivô lituano Jonas Valanciunas, aposta do Raptors.

– “Lillard Skynyrd” = Damien Lillard pode ter vindo do interior dos Estados Unidos, mas imagino ser pouco provável que a sensação do Blazers toque em seu iPod algum sucesso setentista do Lynyrd Skynyrd.

–  “Simon & Garnett” = Se Paul Simon já brigava com alguém de voz tão bonita como Art Garfunkel, o que aconteceria se ele fizesse dupla com um psicopata feito Kevin Garnett?

– “The Artist Formally Known as Tayshaun Prince” = hoje no Grizzlies, Tayshaun ao menos quer provar que ainda pode ser uma peça útil nos playoffs, enquanto Prince pirou por completo.

– “Bon Iverson” = Iverson chegou tarde. Bon Iver já tem em Kanye West seu rapper preferido.

– “Ol’ Dirk Bastard” = Nowitzki já é praticamente um texano de Dallas, mas parece estar longe do rap nervoso (e dos pileques) de Ol’ Dirty Bastard, um dos integrantes do histórico grupo de rap Wu Tang Clan.

– “Al Jefferson Airplane” = Os movimentos de costas para a cesta de Al Jefferson são tão criativos como o som psicodélico do Jefferson Airplane? Não chega a tanto.

– “Earth, Wind & Fire Isiah” = nesta versão, a banda favorita de qualquer torcedor radical do New York Knicks que tenha vivido um pesadelo na era Isiah Thomas em Manhattan.

– “Brad Lohaus of Pain” = É do House of Pain uma das músicas mais tocadas na história dos jogos de basquete, “Jump Around”. Para Brad Lohaus, um branquelo pouco atlético, ficar saltando muito por aí, apenas na primeira versão do NBA Jam, pelo Milwaukee Bucks, mesmo.


Resumão da intertemporada da NBA: Conferência Oeste
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Com a temporada 2012-2013 da NBA fazendo sua pausa tradicional para o fim de semana das estrelas em Houston, é hora de fazer um resumão do que rolou até aqui, começando pela Conferência Oeste. Amanhã publicamos a do Leste:

Durant decola

Durant, atacando o aro, em constante evolução

Melhor jogador: Kevin Durant.
Dá sempre para melhorar, gente. Até mesmo um Kevin Durant. E por que não faria, ué? Ele tem apenas 24 anos – embora saibamos que há incontáveis casos de atletas que se acomodam rapidamente, rapidinho mesmo. Bem, o quanto melhorou o ala do Oklahoma City Thunder? Ele está chutando acima de 50% (51,9%!!!) pela primeira vez na carreira, em seu sexto ano, tem a melhor marca no tiro de três pontos (43,2%, e tenham em mente de que a maioria dos arremessos é contestada). Na verdade, ele está chutando melhor de todos os pontos da quadra – seja de fora, de média distância, pela direita ou esquerda, em bandejas e infiltrações. Em todos os lugares, desde que estreou na liga em 2007.  Vejam o estudo de Kirk Goldsberry para o Grantland. Mas não é só isso: Durant também tem a melhor marca em assistências, roubos de bola e tocos. Melhor que números, é ver também a evolução de seu jogo como um todo, com maior dedicação e destreza na defesa e o amadurecimento como um líder, tendo de conviver sadiamente com a bomba-relógio que é Russell Westbrook.
Não fosse a aberração chamada Durant, quem mais poderia entrar aqui? Tim Duncan e Tony Parker, Spurs; Kobe Bryant, Lakers; James Harden, Rockets; Chris Paul, Clippers.

Melhor técnico: Gregg Popovich.
O primeiro time a alcançar a marca de 40 vitórias na liga, de novo. A melhor campanha em um Oeste ainda brutal, sem nenhum grande reforço. A máquina de Pop está totalmente azeitada, não importando o que se pense ou não dele por causa de Tiago Splitter. A ponto de ele vencer o Chicago Bulls sem ter Duncan, Parker ou Ginóbili em sua escalação. Afinal, respeitando seus papéis, Kawhi Leonard, Danny Green, Nando de Colo, Gary Neal e o pivô catarinense estão produzindo como gente grande, ganhando confiança aos poucos sob a orientação do treinador. Mas o mais importante dado para ser considerado nesta campanha dos texanos é o seguinte: hoje eles têm a terceira defesa mais eficiente do campeonato, superando até mesmo os maníacos de Thibodeau. Isso era algo recorrente entre 2004 e 2007, mas não vinha acontecendo nos últimos anos. Sem perder o ritmo no ataque, com a quarta melhor ofensiva. O Spurs é o único time no top 5 dos dois lados.
Quem mais poderia estar no páreo? Mark Jackson, Warriors; talvez, mas talvez George Karl, Nuggets.

– Melhor reserva:  Jarrett Jack.
O armador sai do banco para dar mais consistência ao time, podendo render o genial Stephen Curry ou atuar ao lado do rapaz, devido a sua força física e capacidade defensiva. Ale ajuda na organização do time, mas também pode definir por conta própria, com um dos melhores chutes de média distância da NBA.
Quem mais? Jamal Crawford, Eric Bledsoe e Matt Barnes, Clippers (e um mata o outro); Andre Miller, Nuggets; Derrick Favors, Jazz.

Tony Parker e seu chute em flutuação

Tony Parker, cada vez melhor

– Dois quintetos:
1) Chris Paul, James Harden, Durant, Duncan, Marc Gasol.
Ficou clara a influência que CP3 tem dentro do Clippers quando ele teve de descansar nas últimas duas semanas. Harden supera Kobe estatisticamente e em resultados (mais, adiante). Marc Gasol é a âncora da segunda melhor defesa e o pivô mais inteligente da liga hoje.

2) Tony Parker, Russell Westbrook, Kobe Bryant, Blake Griffin, Al Jefferson.
Aos 30 anos, o armador francês joga sua melhor temporada, acreditem. Incrível. Já Westbrook acaba muitas vezes punido por aquilo que não é: um armador. Ele pode ter essa função determinada na hora de se anunciar a escalação, mas jamais deveria ser encarado como alguém que compete com Steve Nash ou John Stockton. Bota pressão na quadra toda, nem sempre toma as melhores decisões, mas é uma força aterrorizante. Kobe começou o ano muito bem, mas já erdeu rendimento e também perde pontos por se apresentar como um capitão muito temperamental, que não ajuda em nada seu time a se estabilizar em meio ao caos. Griffin é outro que, aos poucos, vai trabalhando seu jogo em diversos aspectos, tendo agora um chute de média distância respeitável. Para Al Jefferson ninguém dá muita bola, mas ele segue o pivô ofensivo consistente de sempre, liderando o Utah Jazz rumo aos playoffs novamente.
Quem mais poderia ganhar um convite para o baile? Stephen Curry e David Lee, Warriors; Damian Lillard e LaMarcus Aldridge, Blazers.

– Três surpresas agradáveis:

James Harden, surpresa pelo Rockets

Harden, agora barba de elite

1) James Harden, o craque: não havia dúvida alguma de que estávamos diante de um jogador talentoso, em seus tempos de assessor de Durant e Westbrook. Mas aqui no QG 21 a expectativa não era a de que ele poderia tomar a liga de assalto desta maneira. Em seu quarto ano na NBA, o barbudo se transformou num cestinha implacável, numa das maiores dores-de-cabeça para qualquer defensor de perímetro, com seu estilo muito vistoso e agressivo. O maior volume de jogo custou a Harden a eficiência nos tiros de quadra em geral e nas bolas de três pontos (agora ele não tem a duplinha do Thunder para aliviar a pressão, claro), mas, ao mesmo tempo, o ala tem se colocado ainda mais na linha de lances livres, cobrando quase 10 por partida. Ele também não deixou de olhar para os companheiros: 25% de suas posses de bola terminam em assistência. Depois de tanto tentar a contratação de Dwight Howard nas férias, o Rockets enfim conseguiu sua superestrela em Harden.

2) Golden State Warriors defendendo: a equipe das vizinhanças de San Francisco conseguiu limitar seus adversários a uma pontaria de apenas 44% na temporada, o suficiente para ter a sexta melhor marca de toda a liga. Empatados, pasme, com o Boston Celtics. O Warrios é o time que também permite o sétimo pior aproveitamento de três pontos aos oponentes (34,2%). Tudo isso com o novato e ainda cru Festuz Ezeli de titular por um bom tempo e Andrew Bogut trajando seus elegantes no banco de reservas.

3) Damian Lillard, mais um armador de elite: a moral do novo queridinho de Portland é tamanha que ele foi o primeiro jogador escolhido no falso “Draft” entre Charles Barkley e Shaquille O’Neal para o jogo festivo da molecada no fim de semana do All-Star. Sim, ele saiu antes mesmo de Kyrie Irving (o que mostra, aliás, que o Chuckster talvez não desse um bom gerente geral, mas tudo bem). Quando deixou a modestíssima universidade de Weber State, nenhum especialista ou gerente geral estava apostando em uma coisa dessas. Lillard enfrentava basicamente o segundo escalão da NCAA. Hoje, bate de frente, em igualdade, com os melhores do mundo, que têm dificuldade para conter seu jogo bastante burilado. Ele não é o mais rápido, o mais explosivo, o de maior impulsão, ou melhor chute e visão de jogo. Mas combina um pouco de tudo na média ou acima da média nesses quesitos para se tornar o grande favorito a novato do ano.

– Três surpresas desagradáveis:
1) Los Angeles Lakers: Sério?! Não acredito!

2) As lesões em Minnesota: Ricky Rubio começou a temporada de muletas. Kevin Love depois fratura a mão. JJ Barea sofre com concussão e um tornozelo esquerdo. Os problemas crônicos no joelho de Brandon Roy, adivinhem, seguem crônicos. Chase Budinger rompe o menisco do joelho esquerdo. Nikola Pekovic torce o tornozelo esquerdo. O promissor ala-armador Malcom Lee, ótimo defensor, lesiona o joelho. Andrei Kirilenko começa a lidar com espasmos musculares nas costas. Kevin Love volta a fraturar a mão direita. Alexey Shved torce o joelho esquerdo. Andrei Lirilenko enfrenta problemas musculares no quadríceps. Ah, e Dante Cunningham ficou doente. E lá se foi o sonho de playoffs para o Wolves.

3) Phoenix Suns, o lanterna: Goran Dragic não chega a ser Steve Nash, está bem longe disso, mas se mostrou um armador competente, de acordo com o que o clube pagou. O resto? Um elenco extremamente lento numa liga que valoriza mais e mais a velocidade. Um elenco também desequilibrado, com muitos jogadores duplicados, o que não ajuda na hora de tentar diversificar o plano de jogo. A aposta em Michael Beasley se mostra um fracasso. O resultado é um time habituado a competir nos playoffs amargando a lanterna da conferência.

– O que resta para os brasileiros:
Bem, com a dispensa de Scott Machado pelo Rockets, sobrou apenas Tiago Splitter para contar história. O catarinense se tornou titular de Popovich, enfim, mas isso não quer dizer que fique tanto tempo em quadra assim. Num elenco vasto, lhe cabem por enquanto 23,8 minutos por jogo – e o tempo subiu, aliás, também pela lesão recente de Duncan. O interessante é que, estatisticamente, seus números são inferiores aos da campanha passada e, ainda assim, ainda lhe posicionam entre os jogadores mais eficientes da NBA. E o mais importante é que, com ele em quadra, o Spurs como um todo rende bem mais, como o chapa Rafael Uehara já nos alertou.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Substituto de Scott Machado estava cansado de se destacar na Rússia
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Patrick Beverley desbancou Scott Machado

Patrick Beverley, MVP na Europa, 15º jogador do Rockets

Na Rússia, Patrick Beverley era praticamente um czar em quadra. Mas ele já estava bem cansado dessa vida. Por isso, o interesse do Houston Rockets não poderia ter surgido em melhor hora – ou pior, do ponto de vista de Scott Machado.

“Não fazia uma refeição com comida americana há cerca de seis meses. E é diferente olhar para a TV e ver todo mundo falando inglês. Agora entendo o que as pessoas tão falando quando vou para a rua também”, disse o jogador, que é difícil de se enquadrar em uma posição. Escolha algo entre armador, ala-armador ou escolta: vai depender da combinação de jogadores que o treinador usar em quadra.

O que sabemos sobre o jogador é que ele é um atleta de primeiro escalão. Mesmo medindo 1,85 m e jogando basicamente no perímetro, Beverley tem o costume de liderar, pasme, suas equipes em rebotes. Ele fez isso jogando pela universidade de Arkansas – onde ficou por dois anos – e também sustentava essa façanha neste começo de temporada europeia pelo Spartak St. Petersburg na Rússia, depois de ter sido o MVP da última Eurocup (torneio de clubes um nível abaixo da Euroliga, mas forte de seu jeito).

Seus atributos físicos sempre chamaram a atenção dos olheiros da liga norte-americana. Foi draftado pelo Lakers em 2009, mas nunca chegou a constar nos planos de Phil Jackson, sendo repassado para o Miami Heat rapidamente. Jogou na segunda divisão da Grécia naquela temporada, fez alguns amistosos de pré-temporada pelo clube da Flórida no ano seguinte e, de novo, foi dispensado.

O problema era entender em que posição ou como ele poderia ser aproveitado. Como um protótipo de armador, era um jogador interessante, com potencial para ser um enérgico jogador, especialmente em aspecto defensivos. Uma discussão que, na NBA de hoje, vai perdendo o sentido. Ainda mais quando vemos em Houston, mesmo, um Toney Douglas, alguém formado nos mesmos moldes, seguindo firme como o armador reserva do time. Na verdade, jogando ao lado de James Harden, ele apenas marca o armador, enquanto a organização da equipe fique por conta do barbudo.

Essa capacidade atlética permite que Beverley jogue com eficiência no garrafão, atacando o aro, uma característica que é muito importante para a direção e comissão técnica do Rockets – como havíamos destacado aqui. A equipe valoriza muito os jogadores capazes de bater para a cesta, cavando lances livres ou abrindo espaço para os tiros de três da quina, de maior aproveitamento. São pontos em que Scott ainda estava longe de dominar.

Agora em Houston, o rapaz além de se ver envolto pela cultura de seu país, sem estranhezas, ele também se reencontra com a sua mãe, vejam só. Sua família é de Chicago, mas a Sra. Beverley havia se cansado de lá e decidiu se mudar para o Texas há três anos. Mal sabiam os dois… “Tive a sorte de poder abrir para ela um salão de manicure, e ela está trabalhando aqui desde então”, diz Patrick, que a princípio vai jogar pelo Rio Grande Valley Vipers na D-League. “Estou mais do que feliz e eu vou definitivamente aproveitar esta oportunidade.”

No esporte, a alegria de um quase sempre está ligada a uma frustração do outro.


James Harden conta o seu lado da história e revela mágoa com ultimato do Thunder
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

James Harden em foco

Muitas vezes é bem fácil tomar um lado, especialmente o do clube, e tacar uns bons xingos em direção ao atleta, né? Você não sabe as particularidades da negociação, apenas se perde nos números de seus salários e vai achar que tudo o que eles fazem, ou deixam de fazer, é um absurdo.

James Harden se recusou a continuar no Oklahoma City Thunder por causa de US$ 7 milhões? Mercenário.

James Harden preferiu trocar um candidato perene ao título por uma equipe em reconstrução? Não liga para vitórias, só qué sabê de grana.

Normal. Em todas as modalidades há muitos exemplos, mesmo, de jogadores que parecem não ligar para muitas coisas além da conta bancária, patrocínio, fama e outras amenidades. Na NBA, então? Tá cheio. Só não quer dizer que esse é o padrão, que todos sigam de acordo com essas regras.

Enquanto vai se adaptando a Houston, se sentindo mais confortável, o barbudo aos poucos vai abrindo o jogo sobre sua saída do Thunder. Contou seu lado da história na fracassada negociação para renovar o contrato, culminando em sua transferência para o Houston Rockets. Em entrevista ao Yahoo Sports, disse que recebeu um ultimato: que teria apenas uma hora para decidir se topava a última oferta da franquia. Se não, seria trocado.

“Depois de tudo que construímos, você me dá uma hora? Essa era uma das maiores decisões da minha vida. Queria ir para casa e rezar por isso. Isso me feriu. Feriu”, afirmou. “Quem sabe (o que iria acontecer se tivessem dado um prazo maior)? Outro dia, quem sabe o que outro dia teria feito?”, indagou.

Deixem o ala falar mais: “Ouvi muitas coisas. Ouvi que era ganancioso, que não me importava em vencer. Ouvi duvidarem de minha lealdade. E fiquei pensando: ‘É claro que quero vencer. Tenho vencido na minha vida toda’. Qualquer um tem sua própria opinião sobre mim. (Em Oklahoma) Fui para o banco de trás e fiz o que fosse necessário para o time vencer. Algumas noites eu pontuei. Em outras eu passei. O que fosse preciso para vencer. Agora estou de volta aos velhos tempos. Precisando ser o líder, precisando fazer cestas. Em qualquer situação, vou me dar bem”.

Deu para sacar que Harden precisava realmente desabafar, né?

Com esse espírito ele começou sua trajetória pelo Rockets avacalhando com a oposição. Foram 82 pontos e 19 assistências nos dois primeiros jogos. Isso rendeu, claro, muitas manchetes. Foi um chamariz danado. Vieram, então, as defesas mais apertadas, mais determinadas em parar o talentoso barbudo. Nas três partidas seguintes, três derrotas, ele foi limitado a apenas 17 chutes de quadra convertidos em 57 tentados (aproveitamento pífio de 29%). Ele também cometeu 16 desperdícios de bola. Aumentou a pressão. Na penúltima partida, foram apenas 4 em 18 arremessos. Cortesia da marcação de Tony Allen.

“Sabia que ele era capaz de conseguir algo em torno de 30 pontos. Ele tem jogado com um ar de vingança. Apenas quis ir para a quadra e competir e não ser um dos caras acertados por 30 pontos. Assumi isso como um desafio. E ainda tive a ajuda de muitos caras para marcá-lo”, afirmou o ala do Grizzlies, um voraz defensor.

Harden não é nem o jogador espetacular das primeiras duas rodadas, nem esse desastre ofensivo que os números das três derrotas podem indicar (mesmo porque ele sempre dá um jeito de contribuir se o arremesso não está caindo: cava muitas faltas, converte seus lances livres e ainda pode criar para os parceiros).

O que ele vai ser pelo Hoston a gente ainda não sabe.

Só dá para falar que magoado com o ex-clube ele está.


Em entrevista, gerente geral do Houston Rockets dá dica indireta para Scott Machado
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Scott Machado, armador do Rockets

Preparar, apontar e ir para a cesta: Scott Machado tem rota a seguir

Em participação no programa “Pardon the Interruption”, de bastante repercussão na ESPN americana – é uma das mesas redondas deles –, o gerente geral do Houston Rockets, Daryl Morey, destacou uma característica especial que ele procura de modo geral nos jogadores que pretende contratar: a capacidade de ser agressivo com a bola, a vocação para bater direto para a cesta.

“Gosto de jogadores que atacam a cesta. Mesmo os armadores, e obviamente Jeremy Lin é um grande exemplo disso. James Harden também”, afirmou. “Os armadores geralmente são um pouco mais tradicionais, mais precavidos, passando mais a bola, ficando afastados da cesta, e não acho que isso afeta tanto no seu total de vitórias como as pessoas pensam. Gosto de ter vários jogadores que ataquem a cesta, jogando com velocidade.”

É claro que, ao optar por pagar cerca de US$ 6 milhões de salários para jogadores dispensados no final de outubro e segurar o contrato não-garantido de Scott Machado, Morey já deu um baita voto de confiança para o nova-iorquino brasileiro e mostrou que seu basquete é bem-visto pelo Rockets.

Mas este pequeno comentário, no final de sua entrevista, não deixa de valer como uma dica para o jovem armador, do modo como ele deve encarar os treinos e eventuais jogos pelo time texano.

Scott é justamente um dos raros armadores nos dias de hoje que se enquadram em “tradicionais”, muito mais talentoso para servir aos companheiros do que em buscar a finalização. Só há um detalhe, porém, nesta caracterização: ainda que em um nível de competição menor como as ligas de verão da liga ou as partidas de pré-temporada, o jogador se mostrou propenso a trabalhar com infiltrações no garrafão do que alguém que fique estático no perímetro, orientando os companheiros à distância. Ele gosta de balançar a defesa mesmo e se aventurar lá dentro, sabendo que sua ótima visão de jogo pode livrá-lo de qualquer encrenca diante de pivôs imensos e atléticos.

Por enquanto, ele não vem tendo a chance de demonstrar essa habilidade com o Rockets, sem ser relacionado pelo técnico Kevin McHale para o elenco operacional nas quatro primeiras rodadas (duas vitórias e duas derrotas para o clube). Por enquanto, a reserva de Lin fica mesmo com o ala-armador Toney Douglas. O ex-Knick aparece com médias de 12,8 minutos por jogo, com 2,0 pontos e 1,8 assistência e, prepare-se, 11,1% nos arremessos. Vixe: foram dois em 18 acertos e nenhuma bola de três convertida.

Mas Scott não precisa se sentir mal com isso, não: McHale adotou uma postura bastante conservadora neste início de campanha, banindo os novatos de sua rotação. O treinador não vem escalando nem mesmo as duas escolhas de primeira rodada deste ano: os alas extremamente talentosos Terrence Jones e Royce White, e uma do ano passado, o lituano Donatas Motiejunas, dando prioridade aos mais experientes no elenco mais jovem da NBA 2012-2013.

No fim, o brasileiro parece encaminhado, mesmo, para testar sua agressividade pelo Rio Grande Valley Vipers, sua filial da D-League. Aí a equação mais importante para as planilhas estatísticas de Morey passa a ser a seguinte: (quanto mais lances livres ele bater pelo Vipers) + (quanto mais tijolos Douglas atirar saindo do banco pelo Rockets) = maiores as chances de promoção.


Cartola do Thunder quebra barreira e contrata técnico sérvio para filial
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Criado sob as asas de RC Buford e Gregg Popovich em San Antonio, Sam Presti viu o Spurs se estabelecer como um modelo de gestão da NBA na década passada. A ponto de, a cada ano, seus concorrentes buscarem em seus escritórios as cabeças pensantes que possam renovar suas operações.

Darko Rajakovic, novo técnico do Tulsa 66ers

Da Espanha para a D-League: Rajakovic

Agora ele vai criando a sua própria escola. Nesta quarta, o Yahoo Sports norte-americano divulgou que cartola chegou a um acordo para contratar o sérvio Darko Rajakovic para ser o treinador da filial de D-League do Oklahoma City Thunder, o Tulsa 66ers.

Aguardando apenas a conclusão de seu processo imigratório, Rajakovic está prestes a se tornar, desta forma, o primeiro estrangeiro a assumir o comando de um clube da liga de desenvolvimento – e, desta forma, ligado à NBA.

Não é de se estranhar, considerando a franquia de onde o gerente geral saiu, uma das que mais investiu em estrangeiros na década passada. Foi seu pedigree de Spur, aliás, que motivou sua própria contratação pelo Oklahoma City, então Seattle Supersonics, em 2007. Desde então, Presti virou um símbolo por si só de como um dirigente deveria agir ao reformular sua equipe, considerando que ele levou sua equipe de pior campanha a candidato ao título em três, quatro anos.

Ele pode ter dado a sorte com a preferência do Blazers por Greg Oden, em vez de Kevin Durant, mas suas escolhas seguintes de Russell Westbrook, James Haden e Serge Ibaka são inquestionáveis. Assim como a condução se sua folha salarial, com a paciência para montar o time, ainda que um ou bom aparente bom negócio tenha sido descartado em prol de uma visão a longo prazo.

Todos esses movimentos deram a Presti uma carta branca para agir do modo que quiser, tomar a decisão que bem entender. Como apostar num sérvio para guiar os jogadoers mais jovens ligados ao seu clube e que passarão um tempo em Tulsa. Aos 33, Rajakovic estava no Torrelodones, da Espanha, elogiado justamente por seu trabalho no desenvolvimento de atletas.

Ettore Messina trabalhou na campanha passada como consultor de Mike Brown em Los Angeles e viu de perto uma temporada insana nos bastidores para o Lakers e se mandou para a Rússia. Também sérvio, Igor Kokoskov é assistente do Phoenix Suns e trabalha na liga há 12 temporadas, sendo o primeiro europeu contatado para um cargo integral de comissão técnica na liga.

Mas Rajokovic é quem primeiro cruza fronteiras para ser o chefe, ainda que na liga menor.

Teriam Presti, Bryan Colangelo, Popovich – na hora da saideira – ou outro dirigente a coragem de entregar seus times principais na mão de um estrangeiro, um europeu? Quanto maior o contato e o intercâmbio entre os dois continentes, é provável que um dia aconteça.

*  *  *

Petrovic e Karl em Madri

George Karl teve o privilégio de dirigir Drazen Petrovic pelo Real Madrid

Também não é muito comoum ver a rota oposta: norte-americanos com selo de NBA dirigindo clubes da Europa. Dois vêm na cabeça agora.

O primeiro seria George Karl, sabiam? Depois de dirigir Cleveland Cavaliers e Golden State Warriors nos anos 80 e não ter muito sucesso, o hoje treinador do Nuggets comandou o Real Madrid em duas temporadas, revezando-se com o Albany Patroons da CBA.

Ídolo de infância de Kobe Bryant na Itália, Mike D’Antoni começou como técnico no basquete de lá, trabalhando no Milano e, depois, no Bennetton Treviso.


Gerente geral do Thunder se divide entre Ibaka, casamento e um homem barbado
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Sabe aquele tipo de trabalho que a gente enche o peito para dizer: queria ser eu ali!

Vai falar para o Sam Presti, vai.

Sam Presti, do Oklahoma City Thunder

Prest resolveu seu compromisso com Ibaka pela manhã

O gerente geral do Oklahoma City Thunder acaba de renovar o contrato do espanhol (coff-coff!) Serge Ibaka por cerca de US$ 48 milhões e mais quatro anos de vínculo, além da próxima temporada, na qual ainda vai receber ‘apenas’ US$ 2,25 milhões.

O contrato foi divulgado no sábado passado, mesmo dia em que o gerente geral do clube, um dos caçulas na profissão, iria… Se casar! Leia novamente: contrato de US$ 48 milhões divulgado no dia em que o gerente geral Sam Presti iria se casar.

“Estou querendo muito sair dessa teleconferência, sem querer ofender, e me voltar para a segunda metade do dia. Acho que dá para dizer que não há nenhuma dúvida sobre o comprometimento aqui deste lado do telefone”, afirmou Presti, ainda com estômago para brincar com os repórteres de Oklahoma City, pela manhã.

Enquanto sua noiva se embonecava!

Ainda quer o trabalho?

*  *  *

A renovação de Ibaka foi a primeira grande peça que o gerente geral prodigioso do Thunder deveria encaixar quanto ao futuro do Thunder, no projeto de fazer do clube um candidato ao título perene. Agora ele tem de se voltar para o ala-armador James Harden.

Serge Ibaka e James Harden, unidos no Thunder

Ibaka e Harden, unidos para sempre?

Tirando o fato de que Harden tem hoje a barba mais legal do esporte mundial, Daniel Alves que o diga, e que ele não foi nada bem nas finais da NBA contra o Miami Heat, o ala é um tremendo jogador, versátil, com capacidade para matar o jogo tanto de dentro como fora, servindo também aos companheiros, canhoto, alguém muito parecido a Ginóbili. Também deve ter crescido um bocado durante sua experiência com o Team USA campeão olímpico.

No competitivo contexto econômico da liga norte-americana, o insucesso alheio sempre é uma oportunidade, e vai ter muita gente de olho nas negociações entre Harden e o Thunder, incluindo o Phoenix Suns e o Dallas Mavericks nessa, por exemplo.

Os grandalhões geralmente recebem mais que os alas e armadores, mas Harden tem o tipo de talento e números que vêm subindo na liga que devem exigir um contrato bem generoso. Talvez maior que o de Ibaka. Sabendo que a franquia está sediada no menor mercado da liga, não é muito fácil fechar essa conta.

No momento, o Thunder já tem muita grana garantida para Durant, Westbrook, Perkings e, agora, Ibaka. Algo em torno de US$ 55 milhões apenas para os quatro, já acima do teto salarial. Se Clay Bennett, proprietário do clube, estiver disposto a quebrar a banca para investir, sem se preocupar com o retorno financeiro, mas apenas com o esportivo, pode ser que assine um baita cheque para o barbudo.

Ainda há tempo para resolver essa questão, no entanto. Harden tem pelo menos mais um ano em seu contrato, pronto para receber US$ 5,8 milhões nesta temporada.

Não precisa de pressa, então, para abrir as negociações.

A não ser que Presti queira dar um tempo nas núpcias para isso.


O Fantástico Mundo de Ron Artest: No divã, enfim
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Ron Artest, cabelo

Decifra-me ou devoro-te

Após um angustiante recesso, Metta World Peace, o Ron Artest, voltou com tudo em entrevista (nada) bombástica ao LA Times. Pararam as máquinas, sim. Pura diversão.

Para entender o porquê de ele se colocar como um dos melhores da NBA para a próxima temporada, que vai estar impossível ao lado de Kobe e Nash, a informação mais preciosa do texto é a seguinte: o ala está fazendo terapia. Enfim? Enfim! Mas… Enfim, mesmo?

O nome do heroína: Dra. Santhi Periasam.

“Ela disse: ‘Ronny, relaxe. Apenas jogue, não se preocupe  com isso (aqui, fazendo referência ao cotovelo que acertou na cabeça de James Harden). Apenas jogue. Você está de volta, e deixe o jogo chegar a você”, relembra o Laker.

A doutora manja, hein?

PS: Veja os capítulos prévios de nossa série exclusiva sobre o chamado Metta World Peace


Nets garante ter a melhor dupla de perímetro da NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Deron Williams e Joe Johnson – Brooklyn NetsHá certos termos do inglês, seja no basquete ou em qualquer outra área, que têm tradução difícil, né? Por exemplo, frontcourt e backcourt. Para frontcourt, adotei algo como “linha de frente”, incluindo alas e pivôs. Pensando no quanto eles brigam pelos rebotes e saem primeiro em disparada nos contra-ataques, parece adequado. Quem “galera do fronte” também? Mas talvez aí fosse longe demais na informalidade. Bem, para backcourt, “linha de trás” não vai funcionar. Nem “dupla de armadores”, pois, no caso abaixo, um deles não é um armador nato, armador de fato, embora tenha habilidades condizentes aqui e ali com a posição.

Tudo isso para falar que o Nets está todo orgulhoso de sua backcourt para as próximas temporadas: Deron Williams e Joe Johnson, dupla pela qual batalhou bastante. Era grande o temor do Mark Cuban Mutante Russo, o Mikhail Prokhorov, em levar a franquia para o Brooklyn sem ter sequer um jogador de destaque para apresentar aos nova-iorquinos entendidos e desentendidos.

O gerente geral Billy King já entrou de canela em sua coletiva: “Hoje é um ótimo dia, porque foi o dia em que formamos a melhor backcourt da NBA”. A declaração deve ter soado como Mozart nos ouvidos do bilionário playboy russo, que acredita ter montado mais um dos supertimes da liga.

Joe Johnson com sua família, Deron Williams com a esposa em Brooklyn

Veja com os jogadores foram apresentados: ao ar livre, em algum canto do Brooklyn, no tipo de ação que ainda vai render muitos dividendos para o clube e que realmente mexe com a cabeça dos atletas

Aqui, vamos traduzir, então, como a melhor dupla de perímetro, considerando as chamadas posições 1 e 2, PG e SG, armador e ala-armador/arremessador. Deron e Johnson podem ser dominantes, mesmo. São todos mais altos e fortes do que a maioria dos concorrentes de posição, têm bom chute de longa e média distância e passam muito bem. Mas talvez falte um pouco de velocidade e explosão.

Enquanto isso… O Thunder tem Russell Westbrook e James Harden, o Lakers vai de Nash e Kobe, o Clippers, de Chris Paul e Chauncey Billups por uma segunda vez, o Spurs já eternizou Tony Parker e Manu Ginóbili, e por aí vai.

Concordam que a melhor “backcourt” é a do Nets?

Bem, o Joe Johnson fez questão também de abrir outra discussão, afirmando que o time do Brooklyn já é definitivamente o melhor de Nova York.

(Uma vez que os elencos estiverm totalmente definidos, vamos fazer essa brincadeira, então).


Não tem crise, mas Durant não aguenta mais ver LeBron
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Kevin Durant x LeBron James

Durant: sai pra lá, LeBron

Pensa assim: você mal acabou de sofrer maior frustração de sua jovem carreira profissional e, na semana seguinte, já tem de lidar com aquele cara que te fez passar o maior carão?

Acontece dia-a-dia em cada escritório por aí na sua cidade e está ocorrendo agora, em quadra, neste momento, com o trio Kevin Durant, Russell Westbrook e James Harden, todos do Oklahoma City Thunder, todos obrigados a conviver diariamente com LeBron, aquele que os estraçalhou durante as finais da NBA, nos treinos da seleção norte-americana para Londres-2012.

No mínimo, estranho, né?

“Mas o que posso fazer?”, questiona Durant. “Ele é meu companheiro agora. Sou um jogador de equipe. Não posso isso deixar afetar nosso jogo. Isso é algo maior. É difícil perder nas finais e já jogar ao lado do cara que você enfrentou por cinco jogos e o cara que te bateu. Para mim, apenas tenho de passar por cima disso, ser um ótimo parceiro ainda e jogar duro.”

LeBron aquiesce: “Aposto que os incomoda. Eles provavelmente nem querem ouvir nada sobre isso. É algo que me incomodaria também. Perder numa final, quando estão todos competindo no mais alto nível e você querendo vencer para, depois, pouco depois ter de jogar junto incomodaria qualquer um”.

Bom dizer que LeBron e Durant têm uma certa amizade. No ano passado, para afogar as mágoas por suas derrotas diante de Dirk Nowitzki, os dois se juntaram em um ginásio de Ohio para treinarem juntos, um batendo o outro para ver se passava. Foi a chamada “semana infernal”.

Bem, se serve para alguma coisa, ao menos Durant, Westbrook e Harden não precisam jogar agora também com Dwyane Wade e Chris Bosh, cortados.

PS: veja o que o blogueiro já publicou sobre Kevin Durant em sua encarnação passsada.