Vinte Um

Arquivo : Huertas

Scola volta a brilhar, mas jogo coletivo argentino predomina em vitória sobre o Brasil
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Giancarlo Giampietro

Bola ao alto!

Ginásio em Anápolis vazio para ver a Argentina bater o Brasil. Acreditem

Não importa: amistoso, fase de grupo, valendo vaga, medalha ou título, Luis Scola há de esculhambar com a seleção brasileira. Dessa vez o (?) privilégio ficou para algumas dezenas de gatos pingados heroicos em Anápolis, que puderam testemunhar a habilidade ofensiva do pivô argentino, cestinha na vitória deles por 85 a 80 no segundo Super 4 do ano. Para constar, foi para caneco, mas esse pouco importa, assim como o conquistado no final de semana passado pelos brasileiros.

Jogando cada vez mais no perímetro, flutuando, o camisa 4 anotou 26 pontos em 29 minutos. Pá-pum. Não só o volume impressiona, mas conta ainda mais a destreza (que neste caso também pode ser lido como “facilidade”) para ele alcançar esse total: 8/14 nos arremessos (57%), 3/5 nos três pontos (60%) e 7/7 nos lances livres. Apesar de ter apanhado apenas um rebote – logo, não “ralou”, nem “se matou” em quadra, tampouco “dando o sangue” – e de ter cometido mais turnovers (quatro) do que assistências (três), sua noite nos arremessos foi tão boa que lhe permitiu ser o segundo jogador mais “eficiente” da noite, com 20 pontos neste índice.

O craque do Pacers só ficou atrás de outro pivô argentino nesse quesito, o bom e velho Juan Gutiérrez, com 28, graças aos seus 22 pontos e 7 rebotes e percentual de 100% nos arremessos (9/9). Ai. O grandalhão fez a farra na tábua ofensiva – problema alertado no amistoso contra o Uruguai… –, apanhando quatro rebotes no ataque, devidamente seguidos por cestas fáceis, tranquilas. Daí o ótimo rendimento, ainda que ele também possa converter o chute de média distância, como na última (ou penúltima) bola do jogo para definir (ou quase) o placar.

De todo modo, o que ficou desse amistoso não são as armas argentinas, esses dois jogadores que estariam em quadra mesmo se todos os craques de lá tivessem se apresentado, mas, sim, a maneira como elas foram utilizadas. No ataque, o time de Julio Lamas, pelo menos por ora, mostra muito mais predisposição a compartilhar a bola. Neste caso, os números não fazem justiça ao que vimos em Goiás: 16 assistências contra 12 a favor dos vizinhos? Ok, podem ter sido, mesmo. Só não temos computados os números de passes trocados entre eles durante toda a partida. A bola roda de um lado para outro, volta, trás e frente, direita e esquerda, e por aí vai – ops, por “aí”, não, agora foi por lá.

Do outro lado, mesmo com dois armadores em quadra, Magnano vai administrando uma ofensiva muito estagnada. Vem sendo drible, drible, drible no centro da quadra, a tentativa de chamar um pick-and-roll (várias vezes negada por uma defesa em colapso) e… Quase nada além disso. Larry Taylor, em especial, está com cola nas mãos. E o relógio correndo, uma movimentação reduzida, e nada de se buscar uma opção melhor de arremesso. Tudo isso em situações de meia-quadra, que são forçadas com mais frequência contra times mais bem estruturados, que conseguem retornar com disciplina para a defesa para impedir os contragolpes, como os argentinos conseguiram fazer hoje. Resultado: foram apenas dois pontos brasileiros no contra-ataque.

Uma prova da estagnação do ataque brasileiro é o baixo número de assistências para aqueles que não se chamam “Marcelo Huertas”. Dos 12 passes para cesta da seleção, seis foram de seu armador e capitão. Quer dizer, a outra meia dúzia ficou dividida entre 11 atletas. Fica a dúvida: será que há um limite para passes na seleção imposto pelo treinador? Se alguém arriscar um quarto – ou, pior, quinto ou sexto! – passe no mesmo ataque vai para o banco logo em sequência?

Sobrecarregado na hora de criar, com 17 pontos e seis assistências, Huertas acabou cometendo mais da metade dos turnovers brasileiros, 4 de 7. Um número de erros, aliás, bastante limitado. Ao menos isso: estão cuidando da bola.

Trevas? Catástrofe, então?

Ainda não.

Estamos apenas nos amistosos. E uma combinação de adversários inferiores/menos organizados + blitz defensivas + contra-ataques + bola no Hettsheimeir + rotação mais enxuta pode bastar para encaminhar uma classificação, ainda que a conta possa ficar apertada numa noite de azar. Ainda assim, a 18 dias do início da Copa América, a Argentina está na frente. E quem vai estranhar isso?


Brasil vence Uruguai em primeiro teste e mostra pegada defensiva em busca de vaga
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Giancarlo Giampietro

Rafael Hettshimeir, dois pontos

Dois pontos para Rafael Hettsheimeir, referência ofensiva brasileira no garrafão

Você não vai querer mostrar tudo tão cedo. Alex não jogou, Marquinhos nem viajou, Huertas saiu do banco, tranquilo. Vai tudo de pouco em pouco. Assim como o Uruguai não contou com com alguns de seus principais (mesmo) jogadores em Osimani, Batista, Aguiar, Garcia Morales e Mazzarino.

De toda forma, a seleção brasileira mostrou suas principais cartas em seu primeiro amistoso na preparação para a Copa América, numa vitória sobre os vizinhos do Sul por 92 a 71, neste sábado, em Salta, na Argentina. O jogo foi válido pelo torneio amistoso tradicionalmente conhecido como Super 4.

E tem problema apresentar essas cartas tão cedo?

No caso do Brasil de Magnano, não.

A essa altura, qualquer procarionte americano sabe qual a proposta de jogo que o time de Magnano vai apresentar em quadra: defesa pressionada para cima da bola, tentativa de interrupção da linha de passe e o rodízio frequente de atletas para não deixar a peteca tocar o solo etc. Grosso modo, é o que o Coach K aplica pelos Estados Unidos ultimamente, e isso não é mera coincidência: com pouco tempo para treinar, desenvolver conceitos mais profundos, você investe no sistema defensivo, sacode seus jogadores e toca esse abafa para cima de adversários menos preparados (ou menos habilidosos).

Aí não importa se Anderson Varejão, Tiago Splitter, Marcelinho Machado, Leandrinho ou fulano se apresentaram. O que importa é a premissa básica de desestabilizar o oponente em busca de cestas mais fáceis para seus jogadores mais atléticos, velozes e explosivos. Eles destroem e saem em velocidade em sequência. Se não sai a bandeja, ao menos um ataque foi desarmado.

É uma receita que virou marca registrada do time de Magnano, e tende a dar certo. Os uruguaios, que se aproximaram no placar no terceiro quarto, foram limitados a 41% nos tiros de quadra, 29% de longa distância e cometeram 16 turnovers.

Mas nem sempre vai ser suficiente, pois depende, sim, de quem está do outro lado. Neste caso, faz uma diferença danada se o adversário vai de Bruno Fitipaldo (um armador talentoso, candidato a NBB para quem estiver de olho, mas jovem e atirado demais) ou Martín Osimani. Na hora de brigar pela vaga, vai ser preciso mais – pegada e diversificação ofensiva.

Mas é isto: o Brasil vai encher o saco dos adversários com esse tipo de postura defensiva. E tentar evoluir no ataque durante as próximas semanas, com os treinos e amistosos pela frente. Alex (nosso maior carrapato na defesa) e Marquinhos (arma do outro lado) ainda vão chegar e o time vai ganhando uma cara melhor desse lado. Esperemos.

*  *  *

Cnsiderando as peças que tem em mãos – último a se apresentar, Scott Machado nem foi –, é mais que natural que Magnano vá investir numa formação com dois armadores. Huertas, Raulzinho, Larry, Rafael e (?) Benite tiveram juntos mais de 62 minutos de ação, somando 11 assistências das 18 da equipe, além de 40 pontos dos 92.

*  *  *

Um dos caçulinhas da seleção, o ala francano Leo Meindl vai seguindo a trilha aberta por  Raulzinho nos anos anteriores de “jogador convidado” que força a barra para se meter no grupo principal. Ele converteu 13 pontos em apenas 16 minutos e conseguiu o segundo melhor índice de eficiência da noite, com +13, atrás apenas dos +16 de Larry. O garoto de 20 anos matou 3 de 4 tiros de tiros de três pontos (5-7 nos tiros de quadra no geral) e apanhou dois rebotes. Concorrente, Benite teve 11 pontos, 3 rebotes e 2 assistências em 27 minutos, começando como titular e jogando de modo agressivo durante toda a partida, algo relevante.

*  *  *

Com 24 chutes de três pontos, o Brasil apresentou um vlto volume de jogo no perímetro (com eficiência, 54% de acerto, diga-se).

Na hora do vamo-vê, porém, esperemos que os pivôs sejam mais alimentados, envolvidos em ações de pick-and-roll, ou de isolamento no lado contrário, com rápida troca de passes. Rafael Hettsheimeir, depois de um ano apagado pelo Real Madrid, está com sede de bola e precisa ser saciado. Assim como o jovem Cristiano Felício é atlético em demasia para ser aproveitado perto da cesta. Aos poucos, imagino, Huertas e Raulzinho devem desenvolver a química em quadra com estes novos parceiros, para entender como e para onde cada grandalhão tende a se deslocar, para que aí as coisas possam fluir de melhor maneira. Seria este o ponto benéfico, aliás, de não se ter medalhões escalados: que a bola rode mais e o time tenha uma identidade de “todos contra um” (adversário).


Warriors dispensa Scott Machado, que ainda sonha com a NBA: “Não para aqui”
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado, e aí?

Scott, sem clube novamente, e, pelo jeito, nada de seleção brasileira

Chega uma hora que é melhor esquecer e seguir em frente com o que você tem, mesmo.*

Scott Machado acaba de ser dispensado pelo Golden State Warriors. “Sabia que isso iria acontecer”, disse o armador em sua conta de Twitter.

Traduzindo: os sinais eram claros de que Scott não tinha muito futuro com o emergente Warriors na NBA, mas isso não quer dizer que ele esteja pronto para abrir mão do sonho de se firmar na liga.

De todo modo, considerando os últimos acontecimentos, fica a pergunta: será que não chegou a hora de o armador e seus familiares e agente pensarem em outras alternativas? De repente buscar o mercado europeu, a afirmação do atleta em outro cenário para, no futuro, fortalecido, tentar um retorno triunfal?

Hoje as coisas estão assim: Scott gravita numa zona cinzenta e muito difícil de ser superada, a de “ser bom o suficiente para aspirar ao grande campeonato”, mas “não ser bom o bastante para descolar um contrato garantido”. Isso quer dizer que, basicamente, o armador teria de se inscrever na D-League novamente e tentar batalhar seu posto. É uma rota ingrata, ainda mais agora que ele não está sob o guarda-chuva de nenhum dos clubes da organização gerida por David Stern – ao contrário do ano passado, quando era um atleta sob contrato com o Rockets ou o Warriors, emprestado para as filiais da liga de desenvolvimento.

Pois, ao dispensá-lo hoje, muito antes do training camp, o Warriors cortou qualquer vínculo com o brasileiro. Com 13 jogadores sob contrato, eles poderiam tê-lo carregado até a pré-temporada tranquilamente. Mesmo que não fossem aproveitá-lo no elenco principal, caso o cortassem antes do início do campeonato, o clube ao menos o manteria sob sua alçada, defendendo o Santa Cruz Warriors. Mas não foi o que fizeram – e daí, das duas uma: 1) ou não tinham interesse, mesmo, ou 2) Scott e seu estafe pediram o corte para que pudessem buscar uma situação mais promissora, pensando em termos de NBA.

A franquia californiana, naturalmente, não elaborou muito a respeito: simplesmente emitiu um comunicado sucinto, direto ao ponto nesta quarta: “Machado assinou originalmente com o Golden State como um agente livre promovido do Santa Cruz Warriors no dia 7 de abril de 2013. Ele apareceu brevemente me cinco jogos pelo Warriors. Ele também participou de seis jogos com o Houston Rockets na temporada passada e passou um tempo significativo na D-League, com médias de 8,9 pontos, 2,5 rebotes e 5,1 assistências em 28 partidas pelo Santa Cruz e pelo  Rio Grande Valley Vipers”.

Na frieza dos fatos, é isso.

Uma chance foi dada a Scott e ele não causou a impressão suficiente para convencer a diretoria de que poderia ser uma peça relevante na próxima temporada. Os negócios de um clube de NBA simplesmente podem tomar guinadas drásticas. Os fatos vão se sucedendo feito rolo-compressor, não importando quem esteja no caminho.

O Warriors sleecionou no Draft deste ano o armador sérvio Nemanja Nedovic. Ele foi a última escolha da primeira rodada do recrutamento. Importante: era uma escolha que não pertencia ao time. Quando a franquia resolveu investir (milhões de dólares) para entrar na primeira rodada e, depois de fazer a compra, optaram pelo armador ex-Lietuvos Rytas, os indícios eram de que o futuro do brasileiro estava seriamente ameaçado. Semanas depois, então, eles resolveram contratar Toney Douglas como substituto de Jarrett Jack. A rotação básica da posição, então, estava assegurada, com dois suplentes para o craque Stephen Curry.

Para piorar, durante a liga de verão de Las Vegas, o ala Kent Bazemore jogou demais, inclusive como um armador improvisado. O brasileiro nova-iorquino, porém, não fez um bom torneio. Embora tenha feito um bom papel na defesa e mostrado seu talento natural como organizador, Scott penou para fazer cestas. A ponto de, na final contra o Phoenix Suns na última segunda-feira, ter sido enterrado no banco de reservas, perdendo espaço para Ian Clark (que, inclusive, acabou de assinar contrato de dois anos com o Utah Jazz). O brasileiro só entrou em quadra com 49 segundos para o fim, e a partida já decidida. Cruel. Mais um duro golpe em sua jornada.

Ainda via Twitter, contudo, em vez de se mostrar resignado, o rapaz delcarou:”Essa montanha-russa ainda não parou!”

E não para, mesmo.

Só fica a impressão de que, no próximo looping, o brasileiro devesse tomar outra rota.

*  *  *

Seleção brasileira? Parece que essa é outra baixa para Rubén Magnano. O nova-iorquino era aguardado em São Paulo no dia 23 de julho. Leia-se: terça-feira. E aí que, nesta quarta, Scott me solta isso aqui na rede de microblogs: “Acho que vou conferir alguns jogos de verão de basquete nesta noite” + “Os garotos que fazem essas acrobacias nos metrôs de NYC são supertalentosos”. Quer dizer, o armador está de volta a Nova York, enquanto seus compatriotas treinam na capital paulistana de olho na Copa América. Com Huertas, Raulzinho, Rafael Luz e Larry, o argentino ao menos está beeem servido na posição. Segue o jogo.

*PS: sim, propositalmente a mesma frase de abertura do post anterior. Essas novelas tomam um tempo danado.


Gangorra muda de lado, e briga forte na seleção fica para os armadores
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Giancarlo Giampietro

Os eleitos, ou quase

Pivô com experiência de Europa, pivô de NBA, pivô extremamente promissor, pivô superatlético, pivô lento de jogo de costas para a cesta, pivô canhoto, pivô mais baixo. Desde a emergência de Nenê, era pivô isso, pivô aquilo na pauta do basquete nacional. Não que seja fácil desenvolver pivôs. Estes postes de 2,10 m de altura estão espalhados por aí para serem descobertos, mas não é qualquer um que tem coordenação para segurar uma bola de basquete, fazer o drible, elevar e estufar a redinha. Ou que vá saber o posicionamento certinho que seus pés precisam ter para girar em torno do adversário e fazer o bloqueio para o rebote. Entre outros tantos e tantos fundamentos da posição.

De todo modo, o Brasil foi exportando pivôs sem parar nos últimos anos. Hipoteticamente, era possível fazer uma seleção brasileira inteira só de grandalhões. Era sempre a maior intriga na cabeça dos basqueteiros – se viesse todo mundo, quem ficaria fora? Qual a melhor composição de rotação? Todo mundo sonhando com a cabeça do técnico.

Rubén Magnano, vocês sabem, está livre desse problema este ano, já que Splitter, Nenê, Varejão e, agora, Bebê, não vêm. Vitor Faverani? Ninguém viu, ouviu, leu, nem psiquigrafou até o momento. Pelo menos no que se refere aos gigantes.

Na mesma tocada em que se festejou a fartura de pivôs, lamentava-se a carência no outro espectro, entre os baixinhos. Hoje, quem diria? Para formar o grupo que vai disputar a Copa América a partir do dia 30 de agosto na Venezuela, o técnico argentino vai ter sua dor-de-cabeça justamente nessa posição.

Huertas chega com o capitão, escoltado por Raulzinho, Rafael Luz, Larry Taylor e, muito provavelmente, Scott Machado. O brasileiro de Nova York ainda está reunido com o Golden State Warriors de verão em Las Vegas e, assim que a campanha chegar ao fim, tem voo marcado para São Paulo. Deve chegar dia 23. (Nesse grupo ainda há quem possa colocar Vitor Benite, mas não parece o caso para esta temporada. Acho que ele se enquadraria no máximo como um “escolta”.)

Quantos armadores Magnano levaria para Caracas? Nos Jogos de Londres, foram três: Huertas, Larry e Raul. Num elenco de 12 jogadores, um trio da posição seria, mesmo, a “configuração clássica”, e estes naturalmente já largariam na frente, considerando o histórico desenvolvido com o treinador.

Mas o técnico já surpreendeu antes e é exigente o suficiente para que ninguém se sinta acomodado com nada. Até porque Rafael e Scott são atletas jovens em progressão e podem mostrar um truque ou outro durante a fase de preparação para entrar na cabeça do selecionador. Ou o selecionador poderia pensar, de repente, num sistema com dupla armação, abrindo mão de um de seus alas para carregar mais um organizador em seu plantel. Algo que não seria de se descartar.

Será que Magnano confia em Benite como um escolta, alguém que possa ser utilizado como um segundo armador diante de uma defesa mais pressionada, para desafogar Huertas? No Pré-Olímpico de 2011, ele exerceu essa função, assim como no Pan desse mesmo ano. Se a resposta for positiva e/ou caso o argentino opte por uma lista mais de acordo com a “regra” – quem a escreveu é que eu não sei –, aí dois jogadores de muito futuro serão cortados.

*  *  *

No grupo do perímetro, Alex e Marquinhos são barbadas, enquanto Arthur e Benite são os outros convocados com essa nomenclatura. Dois bons jogadores, bastante diferentes, mas que não são intocáveis – Arthur oferece um excelente chute de três pontos da zona morta (45,3% no último NBB), se move bem pela quadra sem a bola e tem um pouco mais de altura, embora nunca tenha sido conhecido como um reboteiro (apanhou míseros 2,7 por jogo na liga nacional); Benite dá mais velocidade na saída de contra-ataque, ajuda a conduzir a gorducha e também mata de fora (45,6%, mas tem baixo aproveitamento de dois pontos em 48,7%, um número preocupante considerando sua explosão física). O caçulinha Leo Meindl também se junta ao grupo como convidado, e isso já não quer dizer muita coisa, não. Todos os que estiverem treinando em São Paulo vão ter chances.

*  *  *

Quanto ao garrafão? É provável que Faverani nem venha, então praticamente não há margem para troca. Espere ver doses cavalares de Guilherme Giovannoni jogando como um ala-pivô aberto, mais uma predileção de Magnano demonstrada nos últimos campeonatos – nas quartas de final de Londres 2012 contra a Argentina, ficou um tempão em quadra nessa função, por exemplo, e esse também é um papel que Guilherme cumpre desde a base, inclusive com bons anos na Europa. Caio Torres, vejam só, já é um veterano a essa altura. Rafael Hettsheimeir não teve muitas chances pelo Real Madrid durante a temporada e chega descansado e babando.  Augusto também tem tinha muito o que provar (cortado por conta de uma hérnia de disco, infelizmente), assim como Rafael Mineiro. Por fora vai correr Cristiano Felício, que tem a idade de Augusto, Raul e Luz, mas é muito mais cru e inexperiente. Vem de uma ótima Universíade – foi bem melhor lá do que Lucas Mariano –, é muito forte e tem muito potencial. É de se imaginar que cinco desse grupo estejam na lista final.

*  *  *

Para constar, por enquanto o técnico argentino tem em mãos o seguinte:

Alex Ribeiro Garcia – Ala – 33 anos – 1,91 m
Arthur Luiz Belchior Silva – Ala – 30 anos – 2,00 m
Augusto Cesar Lima – Ala/Pivô – 21 anos – 2,08 m
Caio Aparecido da Silveira Torres – Pivô – 26 anos – 2,11 m
Guilherme Giovannoni – Ala/Pivô – 33 anos – 2,04 m
Larry James Taylor Jr – Armador – 32 anos – 1,85 m
Marcelo Tieppo Huertas – Armador – 29 anos – 1,91 m
Marcus Vinicius Vieira de Souza – Ala – 29 anos – 2,07 m
Raul Togni Neto – Armador – 20 anos – 1,85 m
Rafael Freire Luz – Armador – 21 anos – 1,88 m
Rafael Ferreira de Souza – Ala-pivô – 25 anos – 2,09 m
Rafael Hettsheimeir – Pivô – 27 anos – 2,08 m
Vitor Alves Benite – Ala-armador – 23 anos – 1,90 m

+

Scott Michael Machado – Armador – 23 anos – 1,85 m (Ainda por vir
Vitor Luiz Faverani Tatsch – Ala-pivô – 25 anos – 2,10 m (Vai saber)

+

Os convidados Cristiano Felício, Leo Meindl e Lucas Mariano.


Equipes de Augusto e Rafael Luz lutam por últimas vagas dos playoffs na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Rafa Luz, na briga ainda

Rafael Luz ainda tenta se meter nos playoffs da Liga ACB com o Obradoiro

O Estudiantes de Lucas Bebê está eliminado, assim como Lagun Aro de Raulzinho – este há muito tempo já e, pior, rebaixado. Mas ainda há muita ação para o restante da legião brasileira nos momentos finais da temporada regular da Liga ACB, o campeonato espanhol, com dois deles lutando pela sobrevivência.

Restam apenas uma rodada e duas vagas em aberto para os playoffs, e o Unicaja Málaga de Augusto Lima e o Obradoiro (“Blusens Monbús”) de Rafael Luz estão no páreo. Os dois clubes disputam com o Herbalife Gran Canaria as sétima e oitava colocações. No momento, o Málaga e o time das Ilhas Canárias estão em melhor situação, empatados com 18 vitórias e 15 derrotas – justamente depois de um confronto direto entre os dois na última rodada, com vitória para a equipe de Augusto por 67 a 65. Já a equipe da Galícia aparece em nono, com 17 vitórias e 16 derrotas.

Sarunas Jasikevicius x Marcus Williams

O Unicaja de Marcus Williams tem de se virar contra o Barcelona na última rodada

Neste fim de semana, para a jornada derradeira, o clube malaguenho tem uma pedreira pela frente, o Barcelona, que está todo arrebentado física e emocionalmente depois do Final Four da Euroliga, mas ainda é um gigante a ser respeitado na Espanha. O Gran Canaria pega o Valladolid, do surpreendente Nacho Martín. O Obradoiro encara o Bilbao,  o sexto colocado.

A matemática diz o seguinte: o Gran Canaria avança caso vença ou se o Unicaja perder, ou o Obradoiro não conseguir tirar uma desvantagem de 16 pontos no saldo de cestas. Para o Unicaja,  é necessário um triunfo contra o Barça ou um revés do Obradoiro, que só se classifica se bater o Bilbao e o Málaga perder, ou se conseguir tirar sua desvantagem de 16 pontos para o Gran Canaria.

Do ponto de vista individual para os brasileiros, o caçulinha da família Luz, ex-Málaga, seria aquele que tem mais a lucrar com uma sobrevida na temporada, considerando que tem um papel firme e importante para sua equipe. Já Augusto vem sendo utilizado com regularidade, mas com atribuições mínimas. Se por um lado ele ficou fora de apenas três partidas em toda a campanha, por outro lado é pouco envolvido no ataque e não tem conseguido controlar os rebotes. Talvez tenha chegado o momento de o pivô, que participa automaticamente do Draft da NBA devido ao limite de idade, procurar outro clube para jogar de verdade, para valer.

*  *  *

Três brasileiros já estão garantidos nos mata-matas: Rafael Hettsheimeir com o Real Madrid, Marcelinho Huertas com o Barcelona e Vitor Faverani com o Valencia. Desses três, Hettsheimeir é o único que não tem tempo de quadra certo para os jogos decisivos. Aos poucos, o pivô acabou limado da rotação de Pablo Laso. Huertas e Faverani não têm com o que se preocupar, embora o pivô tenha lidado com muitos problemas físicos durante o ano e vem sendo menos utilizado do que o esperado. Muitos de seus minutos acabaram direcionados para o montenegrino Bojan Dubljevic, outro candidato automático ao Draft da NBA este ano e figura em ascensão na Europa, subindo com 2,05 m de altura e talento para pontuar na linha de três pontos.

*  *  *

Na ponta da tabela, o Real Madrid, melhor ataque, já está garantido como o cabeça-de-chave 1, seguido por Saski Baskonia (que começou o ano como “Caja Laboral” e agora atende por “Laboral Kutxa”…), Barcelona, melhor defesa de longe, e Valencia. Zaragoza e Bilbao estão nessa também.

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Sobre Nacho Martín: com 17,7, o veterano pivô lidera o ranking de eficiência da Liga ACB, ocupando um posto que já foi de Marc Gasol, Tiago Splitter, Luis Scola, Joel Freeland e gente dessa linha. É um tanto bizarra essa constatação. O ala-pivô, que acabou de completar 30 anos em abril, tem média de 15,4 pontos e 6,9 rebotes, em 31,1 minutos, as melhores marcas de sua carreira, de longe. No ano passado, por exemplo, ele teve médias de 8,2 pontos e 5,6 rebotes, em 25 minutos. Na carreira, que começou em 2002 pelo Barcelona, são 6,9 pontos e 3,8 rebotes.

Matrín mudou por completo seu padrão de atuação, cobrando praticamente o triplo de lances livres quando comparado com a última temporada (94 x 32). Nas assistências, mais que o dobro (55 x 18). Também tem sua melhor média de aproveitamento nos tiros de dois pontos, com 59%. Sinal de que nunca é tarde para evoluir em quadra.

 


Real Madrid resiste a Huertas e elimina o Barcelona com atuação decisiva de Rodríguez
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Giancarlo Giampietro

O Real comemora

No basquete, deu Real para cima do Barcelona em um torneio continental

Armador bom faz diferença. Marcelinho Huertas tentou o que pôde nesta sexta, depois de o Real Madrid anular Juan Carlos Navarro no perímetro. Mas Sergio Rodríguez, quem diria, foi ainda melhor, sendo decisivo para liderar a vitória merengue no clássico, avançando à final da Euroliga de basquete, com um triunfo por 74 a 67.

A primeira lembrança que tenho de Rodríguez era de seu início pelo Estudiantes, com passes fantásticos, muita criatividade, mas uma produção bem inconsistente. Na época, e acho que ele mesmo assumia isso como referência para seu jogo, sendo comparado a Jason Williams, o “White Chocolate”. Vocês se lembram do Williams, né? Ele teve dois anos de darling pelo Sacramento Kings de Chris Webber até que a NBA se cansou um pouco de seus lances mirabolantes, mas pouco substanciais.

No início de carreira, o espanhol era carequinha, de cara limpa. Quando foi para aos Estados Unidos, levou na bagagem esse estilo mais espetacular, ainda que pouco eficiente. Acabou caindo numa fria ao ser draftado pelo Portland Trail Blazers na NBA.  Aos 20 anos, pensando mais nos clipes das “melhores jogadas”, penou nas mãos de um conservador como Nate McMillan, que tinha em Steve Blake seu jogador predileto para dividir a quadra com Brandon Roy. Em três temporadas, não jogou mais que 16 minutos em média e foi trocado para o Sacramento Kings em 2009. Sete meses depois, seria trocado novamente, apenas como peça/salário complementar, para fazer funcionar a meganegociação que tirou Tracy McGrady de Houston. Ao final do contrato de novato, voltou para casa.

Pois esse Sergio Rodríguez que vemos hoje pelo Real está transformado, e não só pela imensa barba que faz até mesmo James Harden ficar com inveja. Um sujeito completamente amadurecido em quadra, dominando o a bola com esmero e arrojo ao mesmo tempo. Controlando o ritmo da partida, acelerando sempre que pôde para tentar atacar a defesa do Barcelona antes que ela se estabelecesse, ele foi o grande nome do clássico espanhol, mesmo tendo ficado apenas 22 minutos em quadra – vai entender.

Mas foi tempo suficiente para distribuir nove assistências. O espanhol conseguiu bater com facilidade a primeira linha defensiva do Barça, algo que se provou mortal. Uma vez que se aproxima do garrafão, o armador se torna uma arma muito perigosa, com uma visão de jogo incrível e um arremesso em flutuação que agora tem de ser marcado (12 pontos no total). O pivô Marcus Slaughter que gostou, recebendo um monte de encomendas debaixo da cesta.

Rodríguez não cometeu sequer um turnover, enfrentando a defesa mais encardida da temporada. Aqui cabe uma ressalva, contudo: sem Pete Mickeal para fortalecer o perímetro, com Nathan Jawai, seu jogador mais físico e que ocupa um baita espaço no garrafão, jogando no sacrifício, a retaguarda do Barça não estava em melhor forma, ficando muito dispersa. Tanto Rodríguez como seu xará Llull aproveitaram muito bem essas brechas para atacar.

A atuação memorável do reserva do Real também se estende ao outro lado da quadra. Ele e Llull colocaram muita pressão em cima da armação do arquirrival. Foi desse jeito que o time conseguiu se livrar de uma desvantagem de até oito pontos no início do quarto período para terminar com +7.

Foi um grave erro de cálculo de Xavi Pascual, técnico do Barça. Justo ele, o mais calculista. Lidando com jogadores tão ágeis como esses, ele acabou deixando o veteran(íssim)o Sarunas Jasikevicius um pouco a mais do que devia em quadra. Quando retornou com Huertas, a menos de cinco minutos do fim, o Real já havia retomado o controle da partida. E sobrava pouco tempo para seu time se rearranjar em quadra e tentar uma nova investida.

Num jogo de detalhes como esse, o esmero de Rodríguez com a bola fez toda a diferença.

*  *  *

Marcelinho Huertas terminou o confronto com 19 pontos, 6 rebotes e 2 assistências, 7/15 nos arremessos, em 30 minutos. Não é a linha estatística mais normal de sua carreira, mas o brasileiro fez uma boa partida e foi instrumental em uma reação do Barça no terceiro período para o quarto. Chegou a marcar oito pontos consecutivos, deixando seu time no comando do placar. Até que foi sacado de quadra para descansar. Um dos poucos jogadores capazes de criar por conta própria no time do Barça, vindo do perímetro, Huertas teve de assumir uma carga maior em busca da cesta diante das dificuldades que Navarro encontrava. La bomba anotou apenas 9 pontos em 32 minutos, errando seis de nove arremessos.

*  *  *

O Real Madrid enfrenta o Olympikaos na decisão. Justamente o adversário de seu último título continental, lá longe, em 1995.

* O Canal Sports+, da Sky, transmite no domingo os últimos dois jogos do Final Four da Euroliga. Divido os comentários com Ricardo Bulgarelli. A naração fica por conta dos companheiros Maurício Bonato, Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó, como foi durante toda a temporada.


Final Four da Euroliga: os brasileiros e os candidatos à NBA
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Giancarlo Giampietro

Hettsheimeir, galáctico

Rafael Hettsheimeir teve dificuldades para se encontrar no Real Madrid

Basicamente? A grande maioria dos jogadores que vão estar em quadra neste fim de semana pelo Final Four da Euroliga teria condições de fazer parte da rotação de um time de NBA. Alguns, como titulares. Outros? Completando o banco. Mas é inegável o talento. Vamos  publicar alguns posts sobre o assunto, mas falando, claro, mais sobre a liga europeia do que a norte-americana.

Os brasileiros

Marcelinho Huertas (Barcelona)
Médias gerais: 7,9 pontos, 3,4 assistências, 2,1 rebotes, 48,5% nos arremessos, 34,4 % de três pontos e 97,1% nos lances livres

Maestro Huertas

Huertas: “titular” do Barça

O homem de confiança de Rubén Magnano nem sempre foi titular durante a grande campanha do Barcelona, mas isso, no fim, não quer dizer muita coisa. O técnico Xavi Pascual revezava sua escalação de acordo com o que o adversário apresentava. Em duelos com times de armadores mais fortes e agressivos, geralmente ele optava por Victor Sada, que está mais equipado para este tipo de embate. No geral, porém, Huertas foi quem recebeu mais minutos em 29 partidas: 582, contra 492 do espanhol.

Mais importante: o brasileiro ganhou sinal verde de Pascual para criar mais em quadra, ficando mais tempo com a bola em mãos – numa atitude que, para os padrões de um técnico extremamente controlador e detalhista, soa como revolução. Huertas pôde jogar mais em pick-and-roll, sua especialidade, e teve liberdade para, inclusive, fazer passes por trás das costas e buscar ponte-aéreas. Se até Pascual pode mudar nesse sentido, não vá se considerar você um caso perdido, ok? E deu certo: o Barça manteve sua consistência defensiva, mas elevou o padrão de seu ataque para dominar a competição. De resto, o armador talvez tenha só desejado um pouco nos chutes de fora, já que tem potencial para chutar na casa de 40% com tranquilidade, conforme fez nos últimos dois anos.

– Rafael Hettsheimeir (Real Madrid)
Médias gerais: 3,4 pontos, 2,1 rebotes, 0,3 tocos, 52,6% nos arremessos, 33,3% e 84,6% nos lances livres.

Olha, é complicado. Nosso anti-Scola assinou tarde com o Real Madrid (final de outubro), depois de negociar com alguns times da NBA, perdeu a pré-temporada por estar se recuperando de uma cirurgia no joelho e teve sempre de remar contra o prejuízo durante a temporada, tendo de se contentar basicamente em ser o último homem da rotação de grandalhões de Pablo Laso – atrás de Mirza Begic, Nikola Mirotic, Felipe Reyes e do americano Marcus Slaughter, todos atletas de ponta na Europa. Se em Zaragoza ele era a estrela da companhia, aqui, num elenco fortíssimo e milionário, foi apenas mais um.

O pivô teve média de apenas 8 minutos por jogo, mas não quer dizer que não tenha tido chances. Entre as rodadas 14 e 21 do Top 16, ele ficou fora de apenas de um jogo. Teve boas atuações contra o Panathinaikos e contra os pangarés da Alemanha, mas não foi o suficiente para ser promovido. Quando chegaram os playoffs, o técnico precisou acertar os ponteiros, e o pivô revelado em Ribeirão Preto acabou sacrificado: nas quartas, contra o Maccabi Tel Aviv, teve apenas 4min27s no total. Muito pouco para alguém de seu talento, mas não dá para chorar injustiça. O lance agora é aproveitar o tempo com a seleção, treinar forte e chegar revigorado para o próximo ano.

Os candidatos
Seguem alguns jogadores que, com a dupla brasileira acima, nunca passaram pela liga norte-americana e mereceriam alguma atenção no caso de algum clube de lá quiser um bom e sólido reforço. Não são apenas estes, claro. Vem mais lsita por aí.. Mas, em alguns casos, é preciso pagar: um cara como Pablo Prigioni só topou receber o mínimo pelo New York Knicks este ano porque não tinha mais desafios para sua carreira na Europa e queria encarar outra coisa. Hoje é titular da segunda melhor campanha do Leste.

– Victor Sada (Barcelona): olha ele aqui de novo! Sim, o espanhol de 29 anos tem sérias dificuldades para comandar um ataque que precise de um pouquinho de criatividade, vide seu tempo de quadra reduzido contra o Panathinaikos nas quartas de final. Diante de uma defesa robusta, que lhe tirava os espaços para infiltração, seu arremesso falho ficou exposto, sua confiança foi para o buraco, e Pascual, lutando pela sobrevivência, não teve outra coisa a fazer senão enterrá-lo banco. Mas, usando-o como um armador reserva – que, na verdade, é o seu status no Barça –, qualquer equipe estaria bem servida com esse barbudo, que é uma peste na defesa. Tem excepcional movimentação lateral e braços largos, atacando o drible dos adversários, ganhando só nessas investidas alguns segundos preciosos para sua defesa. Também é explosivo e joga acima do aro.

Jaycee vai chutar

Jaycee, o melhor gatilho das Américas fora da América?

Joe Ingles (Barcelona): utilizado de modo pontual por Pascual, não teve a temporada que se esperava depois de suas ótimas apresentações nas Olimpíadas. Mas isso tem mais a ver com a mesma encrenca que Rafael encontrou no Real, do que por incapacidade deste canhoto australiano. Ninguém simplesmente se apresenta a um Barça e acha que vai ser premiado com titularidade, vinho e mimos que só. Tem de lutar, e Ingles encarou durante toda a temporada a concorrência de um dos melhores alas do basquete europeu nos últimos anos, o americano Pete Mickeal. Quando o veterano foi afastado na reta final por conta de uma embolia pulmonar, Pascual teve de recorrer novamente a Ingles, de 25 anos. Aqui, estamos falando de um jogador com ótimo drible, capacidade para coordenar ações no pick-and-roll e ser até mesmo um segundo armador em quadra, bom arremessador e criativo na hora de partir para a cesta. Fica devendo na defesa.

Jaycee Carroll (Real Madrid): tem um termo em inglês que soa muito bem, mas, quando traduzido, perde o charme: “instant offense from the bench”, ataque instantâneo saindo do banco. Com Carroll, de 30 anos, é assim mesmo. Em 21min36s de média, ele anotou 12,5 pontos por jogo, matando 54,6% nos tiros de dois pontos, 43,1% de três e 87,8% nos lances livres. Em toda a sua carreira, contando a quatro temporadas pela universidade de Utah State desde 2004, passando pela Itália e há um bom tempo na Espanha, ele chutou abaixo dos 40% da linha de três pontos em apenas um ano (2009-2010, pelo Gran Canaria). Pensem assim: é como se ele fosse um Steve Kerr 2.0, com capacidade de criar espaço para seu próprio arremesso, sem perder a eficiência no chute.

Stratos Perperoglou (Olympiakos): o sonho de qualquer treinador dentre aqueles que não são craques. Perperoglou é um ala de 28 anos que sabe muito bem o que pode e, muitas vezes o que conta mais, o que conta o que não deve fazer em quadra. Se ele não tem a ginga de um Spanoulis ou de um Navarro, para que inventar? Faz seu jogo feijão com arroz, mas muito bem feito: excelente defensor em cima da bola e coletivamente, com ótimo porte físico para um ala (2,03 m e forte), disciplinado, combativo. No ataque, passa de lado e abre espaço. Não foi bem nos disparos de longa distância este ano, convertendo apenas 28,3%, mas tem média de 38,7% na carreira na Euroliga.

Os ‘draftáveis’
Aqui, os jogadores com idade para serem escolhidos no Draft da NBA, inscritos ou não. Para esse grupo de elegíveis, só valem os jogadores nascidos até 1991 (a turma que completa ou vai completar 22 anos).

Alejandro Abrines (Barcelona): ou Alex, como preferir. Aos 19 anos, só foi acionado por Pascual durante a temporada quando a fatura estava liquidada. Até que o Barça perdeu Mickeal, e Pascual teve de procurar outras soluções. Chamou Abrines, não teve jeito. E o que o garotão me apronta? Como se estivesse com seu jogo represado, na última rodada do Top 16 ele anotou 21 pontos em exatos 21 minutos contra o Maccabi Tel Aviv e deu o recado para o professor: “Xácomigo!” Foi uma partida incrível mesmo de um ala com muita personalidade e agressividade no ataque, tendo bom arremesso e vocação para as infiltrações, a despeito do físico magricela. Contra o Panathinaikos, ele deu uma esfriada, mas não deixa de ser uma boa opção para um clube americano que pode selecioná-lo este ano e deixá-lo mais alguns campeonatos na Catalunha para desenvolvimento. Tem chances de entrar na primeira rodada do Draft.

Marko Todorovic (Barcelona): ala-pivô de 20 anos e 2,08m nascido em Montenegro que também não foi muito utilizado por Pascual, mas que, ainda assim, teve mais tempo que Abrines. Algo natural para os homens de garrafão, considerando o possível acúmulo de faltas dos titulares. Quando acionado, Todorovic costumava entrar ainda é muito frágil fisicamente, mas demonstra agilidade e capacidade atlética incomum para seu tamanho. Candidato a sair na segunda rodada.

O Barcelona ainda tem em seu elenco o ainda mais jovem ala Mario Hezonja, croata de 18 anoso que nem poderia se inscrever neste ano, pela idade baixa. Hezonja é considerado como o mais promissor deste trio, como um cestinha nato.

* O Canal Sports+, da Sky, transmite nesta sexta-feira e no domingo todos os quatro jogos do Final Four da Euroliga. Divido os comentários com Ricardo Bulgarelli. A naração fica por conta dos companheiros Maurício Bonato, Ricardo Bulgarelli e Marcelo do Ó, como foi durante toda a temporada.


As visitas que valem: Magnano encontra Faverani e outros na Espanha
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Giancarlo Giampietro

 Rubén Magnano

Rubén Magnano viajou nesta sexta-feira para fazer um giro pela Espanha. Mas não você pensar que o nosso argentino está a passeio, arrastando o chinelo – aliás, cá entre nós, mas é impossível imaginar o professor de bermuda, óculos escuro, bebericando um drink, né? O treinador faz, na verdade, mais uma de suas visitas oficiais para se reunir com a legião de jovens jogadores brasileiros no país Ibérico, tentando sentir o pulso da moçada antes de elaborar sua convocação para a Copa América, que será disputada na Venezuela este ano.

A julgar pela situação de nossos representantes na NBA, a visita aos ‘espanhóis’ é fundamental para a composição do elenco que deve brigar pelo título continental e, no mínimo, uma vaga na (agora chamada) Copa do Mundo. Confira aqui uma breve análise sobre os grupos do torneio e de como será difícil contar com a turma da maior liga do mundo.

No release divulgado pela CBB, a informação mais importante é que, em seu giro espanhol, Magnano vai sentar para conversar com Vitor Faverani, pivô do Valencia, neste domingo. Quer dizer, pelo menos a gente espera que isso vá acontecer. Da última vez em que marcaram um encontro, o jogador deixou o técnico esperando, esperando, esperando até ficar possesso e fulo da vida. Daí o cara ter sido ignorado nas listas mais recentes.

A julgar para uma entrevista de Vitor para o site da confederação há algumas semanas, dessa vez parece que a reuniãozinha vai rolar. O pivô afirmou que está mais que disposto a servir à pátria jogar pela equipe nacional. Caso acertem os ponteiros, o rapaz, extremamente versátil e habituado a competir em alto nível, para valer, – já deixou para trás o rótulo de “promessa” há tempos –, tem tudo para ser uma referência da equipe a partir de agosto.

Huertas, Hettsheimeir, Raulzinho, Rafael Luz, Lucas Bebê e Augusto também estão na agenda de Magnano. Tudo em três dias de estadia.

 


Euroliga: Barça tenta superar lesões para confirmar favoritismo contra Panathinaikos
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Giancarlo Giampietro

Diamantidis x Navarro

Quanto mais Diamantidis x Navarro tivermos, melhor. Beeeeem melhor

O que daria para dizer é que existe um favorito para a conquista: o Barcelona, dono da melhor campanha da temporada regular, com 22 vitórias e apenas duas derrotas (uma em cada fase, para o CSKA Moscou em casa e para o Kimkhi em Moscou). O time de Marcelinho Huertas venceu suas últimas 12 partidas pelo Top 16. Os catalães venceram também 14 partidas com vantagem de duplo dígitos. Com a melhor defesa da Euroliga, seguraram seus adversários abaixo dos 70 pontos em 15 ocasiões, duas abaixo dos 50 pontos – a média geral foi de apenas 67,6 pontos sofridos.

A dificuldade, porém de cravar o Barça como o grande candidato ao título vem pelo fato de Xavier Pascual ter perdido dois alas de uma vez, na reta final do Top 16, incluindo o titular Pete Michael e o jovem Xavi Rabaseda. Mickeal foi afastado devido a embolia pulmonar e não joga mais nesta temporada, enquanto Rabaseda sofreu uma fratura por estresse na perna direita e só retornaria no caso de o clube passar pelo Panathinaikos.

A rotação de Pascual, desta forma, fica bastante danificada. Ele vai ter de contar com atuações vigorosas do australiano Joe Ingles – um talento, mas ainda inconsistente, e sem a pegada defensiva dos dois desfalques – ou apostar mais no garoto Alejandro Abrines, 19 anos, candidato ao “Draft” da NBA deste ano, que marcou 21 pontos em 21 minutos contra o Maccabi Tel Aviv na última rodada, mas ainda muito frágil fisicamente. Outra solução seria jogar com Huertas, Victor Sada e Juan Carlos Navarro ao mesmo tempo no perímetro, mas, por melhor defensor que Sada seja, ficaria difícil para ele bater de frente Jonas Maciulis, do Panathinaikos, por um longo período. Mesmo o vigoroso Michael Bramos já criaria problemas.

De qualquer maneira, coletivamente, o Barcelona tem uma defesa tão sufocante, que, mesmo avariada individualmente e caindo um pouco de rendimento, pode ser ainda o suficiente para brecar o ataque do Panathinaikos. Impressionou durante toda a fase regular a capacidade que o sistema de Pascual tem em empurrar os oponentes para longe da cesta, forçando arremessos de baixo aproveitamento, quase sempre contestados. Entrar no garrafão catalão é sempre um desafio ou uma aventura.

Sobre Huertas? Continua com o brilho de sempre ofensivo, com uma criatividade sem fim nos contra-ataques e muito tino para o jogo de pick-and-roll, facilitando muito a vida de seus pivôs. Seu tempo de quadra depende muito do confronto que a equipe tem. Se o jogo pede muito mais defesa ou a cobertura específica em um craque, dá mais Sada. Agora, se a equipe clama por um pouco de inventividade no ataque, o brasileiro prevalece. Duro que o embate das quartas de final não é dos mais favoráveis, do ponto de vista defensivo. Contra o Panathinaikos, vai ter as mãos cheias na defesa, lidando com o já legendário Dimitris Diamantidis, o croata Roko Ukic e o inconstante Marcus Banks. Provavelmente ele bateria de frente com Ukic, que é extremamente talentoso, mas nem sempre agressivo com a bola.

Outro ponto importante a se destacar no Barcelona é o crescimento de seus pivôs, com uma rotação que se provou muito sólida e versátil. Ante Tomic e Erazem Lorbek compõem a dupla de grandalhões mais talentosa do continente. O brutamontes Nathan Jawai, o Baby Shaq, australiano, e o enérgico CJ Wallace vêm do banco para complementá-los muito bem.

Por fim, fica o enigma em torno de Juan Carlos Navarro. Ninguém vai duvidar da coragem e do talento de La Bomba, que pode acabar, destroçar um adversário por conta própria com seus chutes de três pontos (aproveitamento de 51,1% no Top 16, em 45 tentativas) e constante movimentação ofensiva. Resta saber apenas se o seu corpo vai aguentar o tranco, depois de tanto desgaste na temporada. Ele teve de lidar com problemas no tornozelo e no joelho, perdendo as 12ª, 14ª e 16ª rodadas, e vinha com tempo bastante limitado, controlado por Pascual. O Barça precisa de seu cestinha em forma na melhor forma para encarar uma defesa também bastante forte do Panathinaikos. Ficamos na torcida, aliás, para que Diamantidis, defensor exemplar, seja escalado em sua contenção. Seria um duelo dos sonhos para se acompanhar.


Na falta de Navarro, vai de Huertas: armador brilha como o jogador mais eficiente na Espanha
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Giancarlo Giampietro

Huertas, por Navarro

Huertas, o criativo da vez pelo Barça

Num time tão metódico e com tanto jogador bom como o do Barcelona, é difícil brilhar por conta própria quando você não atende pelo nome de Juan Carlos Navarro, codinome La Bomba. Mas, quando você tem um talento de Marcelinho Huertas, pode aprontar das suas também. Em vitória da superpotência catalã neste domingo por 89 a 81 sobre o CB Canarias, Liga ACB, 24ª rodada, o armador conseguiu se soltar em quadra para conseguir o mais índice de produção do fim de semana.

Huertas jogou por apenas 25min44s, mas se esbaldou com 22 pontos e 5 assistências com aproveitamento de 80% nos arremessos (4/5 em três e o mesmo rendimento nas bolas de dois pontos). Atingiu um índice de eficiência de 28 pontos, o maior do fim de semana, superando o armador grego Nikos Zisis (27) e o pivô Pablo Aguilar (26).

Agora juntamos os pontos: a explosão de Huertas contra time das Ilhas Canárias é facilmente compreensível quando notamos justamente o desfalque de Navarro. Lidando com problemas físicos há um bom tempo, musculares e no tornozelo, o veterano cestinha foi mais uma vez poupado. Precisando, então, de mais criatividade em seu quinteto inicial, o técnico Xavi Pascual promoveu o brasileiro aos titulares, colocando o defensivo Victor Sada no banco.

Na temporada, o armador preferido de Rubén Magnano tem médias de 9,4 pontos, 3,7 assistências, 44% de dois pontos, 41% de três e 89% nos lances livres e 11,6 de eficiência, em 23 minutos. Para se comparar o quão especial foi sua atuação deste domingo, confira aqui todos os jogos pela Liga ACB 2012-2013.