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Quando os playoffs da NBA chacoalham algumas certezas
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Giancarlo Giampietro

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Dá para escrever sobre qualquer coisa sem ter muitas certezas? Nem que seja sobre basquete?

Pensem bem: é uma pergunta realmente difícil de encarar, e não apenas retórica. Ainda mais nestes tempos em que, a julgar pela Associação dos Comentaristas Online Desunidos, o mundo talvez nunca tenha vivido uma era de tantas absolutas convicções assim. Pelo menos não desde os tempos em que se convencionava que a Terra era plana e o centro do Universo. (E se for para falar de política brasileira contemporânea, pior ainda. Aí o que tenho para recomendar apenas é este artigo, hã, definitivo da Eliane Brum no El País, esse acontecimento surpreendente da mídia tupi-guarani.)

Se a galera toda está cheia de si, ou de saber, como você vai marcar sua opinião? Vai encarar o espírito Alborghetti e bater literalmente o pau na mesa? Deve ser a via mais fácil, mesmo, e a mais usual. Descobrir sua ira e celebridade interiores para babar e brilhar muito. Um outro caminho é assumir que você não sabe de nada. Você, no caso, valendo como “nós todos”. Que a gente deva fuçar, estudar, observar e esperar pela eventual contradição dos fatos com sua opinião. Entendendo que opinião pode variar desde um palpite, uma desconfiança até a tal da certeza irremediável.

Agora, para encurtar essa conversa de louco — como são todas as conversas de butiquim, afinal –, vamos associar o devaneio ao tem de mais tópicos agitados por aí, depois de 1) Dilma x Temer, 2) Audax e 3) Leicester: os playoffs da NBA, claro.

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A primeira certeza balançada foi a da candidatura do Golden State Warriors ao bicampeonato, mas por motivo fortuito, de azar: o escorregão de Steph Curry. De todo modo, no momento em que o Clippers também ruiu com lesões, a trilha do Warriors ficou menos congestionada, ou menos pedregosa. Além disso, Steve Kerr fala com otimismo sobre o retorno de Curry. É possível que aconteça já no próximo sábado, para o Jogo 3 (e a NBA obviamente deu uma forcinha para estender o calendário). Então pode ser que o susto já tenha passado, e nada como topar com o corroído Houston Rockets para apaziguar os ânimos. De resto nada do que aconteceu até agora tira de San Antonio e Cleveland o status de favoritos, ao lado dos atuais campeões.

Mas há outros pontos que podem muito bem ser questionados depois das primeiras semanas de mata-mata:

– Kemba Walker, darling universitário
Olha, dependendo do quanto você valoriza a experiência da NCAA, não há como alterar essa percepção. Se vai valorizar o suposto romantismo do basquete universitário, a pressão de render em tenra idade em rede nacional, ou se não vai conseguir relevar o baixo nível em geral da esvaziada competição em anos recentes, crendo que qualquer jogo de NBA vale mais.

Enfim, depois do que fez por Connecticut em 2011, seria bem difícil para Walker ser mais conhecido pelos seus feitos profissionais. Mas entre usar o título pelos Huskies como principal referência e descartá-lo como séria ameaça na NBA, tem um grande intervalo. Aqui, admito que pendia muito para este segundo grupo. Por mais desconcertante que possa ser seu gingado, estamos falando de um armador tinha dificuldade séria para chegar aos 40% nos arremessos de quadra. Tem limite para assimilar ineficiência. O que mudou este ano é que, por mais que os 42,7% não empolguem tanto, ele passou pela primeira vez da casa dos 34% nos chutes de fora (37,5%). Aí que os defensores, enfim, tinham de grudar nele no perímetro, em vez de recuar e pagar para ver. Isso ajuda demais na hora de bater para a cesta, algo fundamental para alguém que está com a taxa de uso mais alta dos playoffs até o momento (34% das posses do Hornets terminam com uma definição dele, em arremesso ou passe). Contra o Miami, teve dificuldade no início. Mas,  partir do momento em que reencontrou espaços, amparado por uma boa defesa, conseguiu colocar seu time no páreo.

– Jeremy Lin era uma mentira insana
Tão rápido como a NBA abraçou o armador naquelas semanas mágicas de 2012, muita gente também se prontificou a descartá-lo, como uma espécie de one hit wonder. Obviamente, Lin não virou o All-Star que muitos nova-iorquinos pirados cravavam. Mas deu provas em Charlotte que seu jogo físico e corajoso pode muito bem ajudar um time que se declama para os playoffs.

Dá para dizer que, depois das lesões de Kidd-Gilchrist, Batum e Jefferson, antes da chegada de Lee, o armador ajudou a salvar a temporada de uma equipe muito bem preparada e competitiva. Sob a orientação de Clifford, Lin nunca criou tão pouco para os companheiros. Também teve seu pior campeonato no aproveitamento de quadra, mas não pára de atacar, substituindo Kemba ou jogando ao seu lado em quartos períodos. Agredir as defesas parece ser a ordem. Juntos, os dois armadores já bateram 71 lances livres em seis partidas, sendo que 38 estão na conta do jogador de ascendência asiática. Em playoff, isso alivia bastante, ainda mais contra uma defesa que estava visivelmente preocupada em marcar os chutes de três. Ao que parece, deu resultado a reclamação pública sobre arbitragens menos criteriosas quando ele era o atacante. No Jogo 6, ele não foi bem, mas em geral sua contribuição é bastante positiva.

– Whiteside e os grandalhões que não sabem converter lances livres
O pivô do Miami Heat não é nenhum Mark Price. Mas, gente, faz muita diferente quando uma força da natureza como Whiteside beira a marca dos 60% parado diante da linha, ainda mais quando comparado com os indesculpáveis 35,5% de Andre Drummond. Com um rendimento desses, não há como SVG manter seu gigante em quadra num final de jogo equilibrado, ou mesmo quando a vantagem do Detroit é grande e os adversários começam a descer o porrete. Whiteside saltou de 50% pela temporada passada para 65% nesta. Pela série contra o Hornets, vem com 59,3%. Se ele só fica 29,3 minutos em quadra, é porque tem se carregado de faltas, justamente pelos ataques constantes de Kemba e Lin.

Esquisito assim, mas está funcionando

Esquisito assim, mas está funcionando

– Austin, filho do homem
Bom, no ano passado, o jogador já havia vivido bons momentos. O conjunto da obra ainda não justifica exatamente a fama que tinha como colegial, visto como um dos melhores prospectos de sua geração. Ainda assim, sua exibição no derradeiro Jogo 6 em Portland foi mais um indício de que há espaço para ele na liga. O mistão do Clippers deu uma canseira no jovem Blazers, liderado pelo ímpeto do Rivers filho e de Jamal Crawford. Mais que somar 21 pontos e 8 assistências em 31 minutos, impressiona mais a imagem. Quando voltou para a quadra com o olho esquerdo cerrado feito boxer que topou com Mike Tyson no auge e seguiu atacando.

– Myles Turner: novatos não têm vez em playoffs.
(Bônus: o Indiana queria aderir ao small ball)
Aos 19 anos, Turner ainda está aprendendo exatamente como contestar bandejas sem se pendurar em faltas e sem perder o posicionamento adequado à frente do aro. Também está com o corpo claramente em formação e ainda se movimenta com uma postura um tanto estranha.

Com um treinador de orientação mais conservadora, é provável que ele não fosse lançado em uma série tão equilibrada e tensa como esta contra o Toronto Raptors. Mas Frank Vogel, durante a temporada já havia visto bastante: não só não podia barrar seu jovem pivô como afirmou que o Pacers iria até onde ele pudesse levá-lo. Não, ele não é mais jogador que Paul George e George Hill hoje. Mas virou o tal do “x-factor” devido ao impacto que causa em seus melhores dias, tanto na proteção de cesta (ajudando um combalido Ian Mahinmi) como com seu sutil toque perto da cesta e nos chutes elevados, rápidos e impressionantes de média distância. O talento e o desempenho precoce de Turner, aliás, abreviaram a estratégia de Larry Bird e Vogel de usar uma formação mais baixa nesta campanha. O time, na real, ficou com a linha de frente ainda mais alta, mesmo após a saída de Hibbert.

– Vince Carter: amarelão; Matt Barnes: só bravata, encrenqueiro
Sim, já faz tempo que Carter saiu de Toronto pela porta dos fundos, com o filme queimado, especialmente por sua viagem de graduação para a Carolina do Norte em dia de Jogo 7 contra Iverson e o Sixers. As passagens frustradas por Jersey (acompanhando Kidd) e Orlando (com Howard) reforçaram a imagem de que ele seria mais um desses astros desinteressados. Não se atrevam a repetir isso à frente de Dave Joerger.

Carter e Barnes foram as forças por trás do Esquadrão Suicida do Grizzlies, que, francamente, não era para ter chegado aos playoffs de modo algum. Foi o nome de ambos que o treinador citou em uma emocionante coletiva em Memphis, depois de varrida contra o Spurs. Se não pela questão técnica — mesmo que tenham feito o possível depois de o time perder seus dois principais criadores em Gasol e Conley –, mas essencialmente pela liderança durante período em que o time poderia ter basicamente virado um caótico Sacramento Kings.

– Continuidade é tudo na NBA
O gerente geral do Portland Trail Blazers e o técnico Terry Stotts podem erguer o braço para se gabar. Perderam quatro titulares supeevalorizados e ainda abocanharam o quinto lugar do Oeste. Está certo que o Rockets entrou em colapso. Que o Grizzlies e o Pelicans se arrebentaram. Que o Mavs não tinha pernas. E daí?  Utah, Sacramento e Phoenix não souberam aproveitar nada disso, enquanto o Blazers curtia. A comparação com o Utah é interessante. A equipe de Quin Snyder inseriu dois calouros em sua rotação (Raulzinho e Trey Lyles) e, no meio do caminho, foi atrás de Shelvin Mack. Ok. Mas Gordon Hayward, Derrick Favors, Rudy Gobert, Rodney Hood, Joe Ingles, Trey Burke, Trevor Booker e Alec Burks eram os mesmos. Lesões e mudanças na rotação à parte, o Utah largava com vantagem. Foi atropelado no caminho.

Cada série pode ter apresentado suas surpresas (ou quase isso), dependendo do ponto de vista.

Agora chegamos às semifinais de conferência. Depois do massacre que foi o Jogo 1, a cabeça quer pensar que nem vai ter série: 124 a 92? Uau. A última vez que um time conseguiu reverter um prejuízo desse num mata-mata? O Los Angeles Lakers sobre o Boston Celtics na final de 1985, depois de perder fora de casa por 148 a 114. Faz tempo. Da minha parte, não chegou a ser tão assustadora assim assim, considerando o que havíamos acabado de assistir pela primeira rodada. Claro que Durant e Westbrook não vão arremessar sempre tão mal assim (11-34). É de se imaginar que, sozinho, LaMarcus não vá superar a dupla também daqui para a frente (38 a 30), ou que Ibaka (19) será o cestinha da equipe? Mas, se OKC teve suas dificuldades contra Dallas, que se defendia no perímetro com Felton, Deron, Barea e Harris acompanhando de Matthews ou o do novato Anderson, o que aconteceria contra um time dez vezes melhor, com a dupla Kawhi e Green? Billy Donovan e seus astros têm um problemaço para resolver, cheios de incertezas.

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Jukebox NBA 2015-16: Grizzlies, bala na cabeça e resistência
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Giancarlo Giampietro

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Em frente: a temporada da NBA caminha para o fim, e o blog passa da malfadada tentativa de fazer uma série de prévias para uma de panorama sobre as 30 franquias da liga, ainda  apelando a músicas, fingindo que está tudo bem. A gente se esbalda com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que pode ser divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “Bullet in the Head”, por Rage Against the Machine

O Memphis Grizzlies é o símbolo da resistência nesta temporada da NBA. Desde o princípio. Se Chicago e Indiana haviam abandonado o movimento, os senhores do “Grit & Grind” ainda apostavam em sua dupla de pivôs, em atacar o garrafão com brutamontes, em vez de ágeis e serelepes armadores, para abrir a quadra. Só não estavam completamente isolados devido ao resgate desta forma pelo San Antonio Spurs.

O recuo de Gregg Popovich, de todo modo, talvez tenha mais a ver com a proposta que julgue mais oportunista para o contexto atual de sua equipe, para tentar derrubar o Golden State Warrirs. Creio que só resgatou a fórmula que tanto castigou o Phoenix Suns de Nash e D’Antoni, por entender que seria muito complicado apostar corrida com os atuais campeões, em vez acreditar que há uma nova velha tendência na liga a ser capitaneada.

Uma vez eliminado dos playoffs no ano passado em uma épica série contra o Clippers, Popovich pode muito bem ter largado tudo para curtir a rota vinícola californiana. Ou pode ter dado uma espiada na semifinal de conferência entre Warriors e Grizzlies, em que os Splash Brothers e parceiros sofreram um tanto, e pinçado uma ou outra dica dali, a ponto de abastecer seu time com cinco pivôs de nível excepcional para bater bife na zona pintada.

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Já Memphis… Bem, o Memphis, com todo o respeito que o clube a cultivou nos últimos anos, vindo de três temporadas acima das 50 vitórias e de uma liderança de 2-1 neste embate com Golden State, não poderia se planejar seu elenco precisamente por conta de um oponente. Por mais otimistas que seus diretores possam ser, deveriam saber que a luta pelo título era algo improvável. Mas o contrato de Marc Gasol estava renovado, Zach Randolph, ao que tudo indica, não foi envolvido em nenhuma negociação séria, e ainda trataram de contratar Brandan Wright para fazer a escolta do velho par, cobrindo a lacuna deixada por Kosta Koufos.

Acontece que, dessa vez, a tática falhou. Muito antes das lesões, a equipe estava com dificuldade para assumir seu posto entre a elite do Oeste. Não em termos de competir com Warriors e Spurs, dois times que se distanciaram do pelotão muito cedo e com propriedade. A defesa, consistentemente uma das mais fortes da liga, não funcionava, com seu gigante espanhol fora de forma, fazendo sua pior temporada nesta década. Até o All-Star Game, era apenas a 16ª retaguarda mais eficiente da liga. Comparando, o time sempre esteve no top 10 de 2011 a 2015. E não é que tenham perdido intensidade na contenção para inflamar o ataque: seu sistema ofensivo continuava sôfrego (apenas o 20º…), sem uma artilharia confiável de fora.

E aí começou. Mike Conley, Zach Randolph, Wright, as suspensões de Matt Barnes… Até Marc Gasol sofrer uma fratura no pé, passar por cirurgia e ser afastado da temporada. Parecia, à época, a gota d’água. Por mais que tivessem boa vantagem para os times fora da zona de classificação, a posição na zona de classificação aos mata-matas parecia seriamente ameaçada.  E ainda vieram as trocas de Courtney Lee e Jeff Green.  Sério: como você vai sobreviver a isso?

Randolph, um dos poucos rostos familiares por aí. Mas com problemas no joelho

Randolph, um dos poucos rostos familiares por aí. Mas com problemas no joelho

Simples: lutando, resistindo. Os caras não só se seguraram no quinto lugar da conferência, como conseguiram aumentar a vantagem para o sexto, que hoje é o Portland, mas já foi o Dallas. Não que tenham sido espetaculares, arrasadores – desde que seu principal jogador foi vetado, o Grizzlies disputou 20 partidas e venceu 11. Mas um aproveitamento superior a 50%, nessas condições, é algo fenomenal, ainda mais considerando que seu rendimento ofensivo e defensivo caiu desde o All-Star.

E quais são essas condições? Poderíamos dizer “calamitosas”, não fosse a resposta que mais importa, aquela que se dá em quadra, e por isso a trilha a de ser de porrada na orelha, ou, hã, bala na cabeça. É uma música que está entre as letras menos politizadas do Rage Against the Machine, mas entre seus seus sons mais raivosos.

Vejamos: até o início da semana, o time só estava atrás do Washington Wizards, de Nenê e Brad Beal, em termos de jogos perdidos por lesão, uma conta que aumentou recentemente com a ruptura que Mario Chalmers sofreu no tendão de Aquiles – algo muito cruel para um atleta que fazia um belíssimo campeonato e está prestes a entrar no mercado de agentes livres – e com a distensão na virilha de PJ Hairston.

Chalmers estava jogando muito até sofrer grave lesão. Rogaram praga?

Chalmers estava jogando muito até sofrer grave lesão. Rogaram praga?

Para compensar tantos desfalques, a diretoria e seus scouts tiveram de se desdobrar. Hoje já são 27 jogadores utilizados neste campeonato, o que dá mais de cinco quintetos e praticamente dois elencos completos (cada equipe pode ter 15 atletas no máximo). Para constar, as trocas realizadas durante a temporada também influenciam aqui, com a chegada de Lance Stephenson, Chris Andersen, James Ennis, Chalmers e Hairston. Mas foram as questões médicas, mesmo, que mais contribuíram para essa lista, pedindo as contratações de curto prazo, aqueles vínculos básicos de 10 dias. Ryan Hollins, Elliott Williams, Ray McCallum e Jordan Farmar nós conhecíamos de outros verões – e, para constar, quanto à semana passada, Farmar diz que estava sentado no sofá; em sua estreia, contra o Phoenix Suns, cobrou lances livres decisivos pela vitória.  Mas e quanto a Briante Weber, Xavier Munford e Alex Stephenson? Um chegando atrás do outro pela porta giratória. “Com todo o respeito, mas às vezes eu não sei… os sobrenomes deles. Esse é o tipo de temporada que tivemos”, afirmou Matt Barnes ao ESPN.com.

As idas e vindas causam uma bagunça. Se os próprios jogadores não se reconhecem com facilidade, imagine os oponentes como ficam? Depois da vitória mais expressiva desse grupo – um triunfo por 106 a 103 em Cleveland –, Kyrie Irving admitiu que havia se preparado para jogar contra Conley e afins e se viu surpreendido em quadra.  “Tem noite em que não vai ser bonito, mas vamos para a quadra competir e nos dar uma chance real de vencer. É fácil olhar para nosso time e rir, nos subestimar, se você é o jogador adversário. Mas se eles vão para o jogo e acham que podem te dominar cedo, pode ser uma longa e  dura noite para nós, então não queremos nos meter numa situação dessas”, afirmou o técnico Dave Joerger, para quem fazer esse tipo de observação deve ser uma ironia.

Se, para a NBA em geral, seu atual elenco é feito de remendos e renegados, para um treinador que iniciou sua carreira em ligas menores dos Estados Unidos, acostumado a pegar o busão, dormir em motéis à beira de estrada. De 1997 a 2004, passou pelo Dakota Wizards. Antes de chegar ao Sioux Falls Skyforce, pelo qual ficou de 2004 a 2006, ainda teve breve passagem pelo glorioso Cedar Rapids River Raiders. E aí voltou para mais uma temporada em Dakota, até ser contratado como assistente do Memphis.  Então não é que ele vá reclamar de poder contar com alguns veteranos como Tony Allen, Vince Carter e Barnes, que sabem o caminho das pedras, ou de jogadores ainda em busca de formação, mas promissores, que poderiam ser titulares em 90% da Euroliga.

Joerger: não há desconforto em Memphis depois de Dakota

Joerger: não há desconforto em Memphis depois de Dakota

O técnico destaca a liderança de seus atletas mais experientes, ajudando na aclimatação dos mais jovens. E esses caras que estão chegando sabem que pode ser a grande oportunidade de suas carreiras. A mistura vem dando certo. “Normalmente, quando temos tantas contratações pontuais, com jogadores da D-League, é para um time que não esteja competindo mais por nada. Mas o fato de estarmos lutando por uma posição nos playoffs, sustentando e até mesmo aumentando a vantagem, você tem de tirar o chapéu para esses caras que entraram e jogaram”, disse Barnes.

Neste mês, o time só levou sofreu duas derrotas de lavada, incluindo uma surra de 49 pontos contra o Rockets, em Houston. Em suas vitórias, só teve uma por duplo dígito, contra o Clippers, no dia 19. De resto, os placares se alternam entre -10 e +7 de saldo. Melhor é vencer como o Warriors, claro, ou como o Spurs. Mas nem todo mundo tem Splash Brothers. Aí procura-se um jeito. O curioso é que,  casualmente, Joerger encontrou uma formação de “small ball” funcional, mesmo sem arremessadores, mas com atletas versáteis, multifuncionais que cobrem uns aos outros, como Barnes, Carter, Stephenson, o calouro Jarell Martin, JaMychal Green. “Acho que somos uma equipe assustadora. Acho que somos o Golden State sem o poderio de chute. Nós todos podemos fazer muitas coisas em quadra, fazer jogadas”, disse Barnes.

Nesse contexto, gente, Allen tem média de 15,0 pontos neste mês, sendo que em sua carreira o máximo que teve foram 11,5 pontos no terceiro ano em Boston, com direito a jogos de 26 e 27 pontos. Ele não chegava a 20 pontos desde 2011-12. JaMycal é uma revelação (aliás, vale a regra: se um jogador tem o selo do Spurs, mas acaba dispensado, por razões diversas, não custa dar uma investidada).  Stephenson reencontrou a luz, se sentindo livre para criar. Ainda tentando entrar em boa forma, depois de uma lesão em sua última temporada por LSU, o calouro Martin tem seus momentos.

O que dá ainda mais graça nisso tudo é o conjunto de personalidades intrigantes agrupadas pelo gerente geral Chris Wallace. Tony Allen já pautava a loucura por lá, até com karaokê. Matt Barnes deu uma bela contribuição financeira ao clube e à liga em geral com suas suspensões, desde a briga com Derek Fisher a uma visita ou outra ao vestiário do oponente. Zach Randolph já se acalmou bastante desde o final da adolescência em Portland, mas vai aparecer aqui e ali com uma declaração de fazer chorar (de rir). Mario Chalmers é outro de frases daquelas. E aí, em trocas, Joerger ainda ganhou caras como Lance Stephenson, PJ Hairston e Chris Andersen. Para ficar nas referências ao universo pop, é como se fosse o Esquadrão Suicida. Ou como se Mike Conley se visse como Nicholas Cage em “Con Air”, clássico de “Temperatura Máxima”. Todo mundo merece uma segunda chance. Ou terceira. Ou quarta.

Com tanta excentricidade no vestiário, é capaz de os adversários realmente considerarem essa versão do Grizzlies assustadora, por outros motivos. Não era exatamente esse o plano, mas o “Grit & Grind” segue vivo.

A pedida: manter o quinto lugar e tentar infernizar ao máximo a vida dos velhos amigos/inimigos do Clippers na primeira rodada.

A gestão: com tamanho caos em quadra, a franquia passa por mais uma turbulência fora de quadra, como de praxe desde que o bilionário Robert Pera fechou sua compra. Segundo reportagem do ESPN.com, existe uma tensão entre os acionistas minoritários, que acusam um distanciamento de Pera, que os teria afastado das decisões diárias, mesmo que não esteja mais perto do clube, no dia a dia.

Entre tantos ricaços, com as mais diversas origens no mundo dos negócios, imagine a fogueira de vaidades. Esse é o tipo de entrevero que deve acontecer com frequência ao redor da liga, mas que quase nunca alcança as manchetes. Dessa vez só veio à tona quando Steve Kaplan, um desses acionistas minoritários, se colocou como candidato à compra do Minnesota Timberwolves.

Até o momento, o departamento de basquete, com Chris Wallace estabelecido como gerente geral e assessorado pelo veterano Ed Stefanski e pelo supernerd John Hollinger, parece blindado, e nada mais merecido, com tanta dor-de-cabeça para montar o time. Na busca por novas peças, Wallace optou por uma estratégia menos conservadora, e deu certo. Se Ryan Hollins foi contratado, quem o pediu era Dave Joerger. De resto, a diretoria decidiu apostar. “Temos procurado jogadores jovens para se analisar, e é algo que meu histórico mostra. Já me vi envolvido nesse tipo de situação na minha época de Miami, Boston e aqui. E as melhores apostas, como quando trouxemos Bruce Bowen para Miami, Adrian Griffin para Boston, eram caras jovens que não tiveram muitas oportunidades. Eles não tiveram a oportunidade de serem rejeitados e de falharem, como muitos caras mais velhos. Tivemos sorte com alguns desses jogadores, e eles ficaram na liga por um bom tempo”, afirmou.

E o Memphis precisa desse tipo de jogador. Se renovar com Mike Conley, sua folha salarial  já deve atingir a marca de US$ 70 milhões, para oito atletas. Por mais que o teto esteja prestes a subir consideravelmente, não sobraria muito para reforçar uma base envelhecida e que, hoje, não se vê em condições de fazer muito barulho nos playoffs. Sob contrato, seriam apenas dois jogadores jovens para desenvolver:  Jarell Martin e o lesionado Jordan Adams, ala que até agora não disse a que veio.

Ao menos o clube conseguiu recuperar algumas escolhas de Draft com trocas que, no final, não atrapalharam em nada o rendimento do time em quadra.  Courtney Lee contribui para o sucesso do Charlotte Hornets, mas não faria diferença neste novo contexto do Grizzlies. Jeff Green é aquele vive de lampejos aqui e acolá, numa irregularidade que não o permite se fixar em lugar nenhum, mas ainda atrai algum concorrente, sendo trocado pela quarta vez na carreira. Ao cedê-los, conseguiu uma escolha futura de primeira rodada e mais quatro de segunda, compensando algumas negociações do passado, com seleções prometidas ao Denver Nuggets e ao Boston Celtics.

Olho nele: Lance Stephenson

Olho no Lance

Olho no Lance

Para a torcida do Memphis, o ala já virou um problema. Mas dos bons, quem diria. Depois de uma passagem desastrosa pelo Hornets e de mal ser aproveitado por Doc Rivers pelo Clippers, Stephenson chegou a Memphis totalmente desprestigiado. Em seu release para anunciar a transação, o clube citou primeiro a escolha de Draft que receberia de Los Angeles, para depois mencionar o desmiolado ala como complemento. Havia a possibilidade de ele ser dispensado logo de cara, mas alguns atletas se manifestaram internamente a seu favor, acreditando em sua recuperação, de que poderiam, digamos, controlá-lo.

Em 17 jogos, aproveitando-se de tantos desfalques e da carência de homens criativos na escalação, o antigo pupilo de Larry Bird promoveu uma reviravolta em sua temporada. Enquanto Conley não volta, Stephenson é aquele que tem mais recursos no elenco ativo para criar situações de cesta por conta própria, usando 26,2% das posses de bola da equipe, o maior da temporada, produzindo 15,1 pontos, 2,8 assistências e 5,1 rebotes, com 49,8% de acerto nos arremessos, em 26,2 minutos.

O que pega nisso tudo é que, para a próxima temporada, Chris Wallace vai ter decidir o que fazer com o talentoso, mas problemático jogador. Seu contrato prevê um salário de US$ 9 milhões, mas sem garantias. O diretor pode dispensá-lo até julho, sem precisar pagar um tostão sequer. É uma boa grana, sem dúvida, mas, daqui a alguns meses, com a previsão de inflação geral, pode parecer uma pechincha. Agora: obviamente que tudo que se refere ao ala tem de ser apreciado com moderação. Estabilidade nunca foi seu forte, e nas últimas partidas, desde a chegada de Jordan Farmar, seus minutos e arremessos já estão mais controlados por Joerger.

juan-carlos-navarro-grizzlies-cardUm card do passado: Juan Carlos Navarro. Que tal falar sobre oportunidades desperdiçadas? Em 2007, o clube conseguiu convencer Navarro a abrir mão de seu reinado catalão para se juntar ao amigão Pau Gasol no interior do Tennessee. Os direitos sobre o espanhol pertenciam ao Washington Wizards, mas a diretoria queria tanto o cestinha, que aceitou pagar uma escolha futura de primeira rodada para contratá-lo. Como sabemos, o cestinha ficou apenas um ano no time, foi um prejuízo danado. Mas isso não tem nada a ver com a incapacidade de JC de emplacar o apelido de “La Bomba” na NBA. Alguém com seu arremesso, velocidade de raciocínio e personalidade vai encontrar um lugar em praticamente qualquer time do mundo. Acontece que aquele Grizzlies em específico, a despeito da presença de Pau Gasol, não estava preparado para recebê-lo.

Navarro chegou a um clube que havia ficado fora dos playoffs na temporada anterior, depois de alguns anos bem-sucedidos com o genial Hubie Brown e o czar Mike Fratello. A bola da vez era Marc Iavaroni, assistente de Mike D’Antoni no badalado Phoenix Suns de então. Pois a passagem de Iavaroni por Memphis foi um desastre absoluto. É difícil encontrar ex-jogador, ex-diretor, qualquer um que seja, disposto a elogiar o treinador. A equipe entrou em colapso, venceu apenas 22 jogos e, para piorar, mandou seu principal jogador para o Lakers, deixando seu compatriota desolado. Ficou um aninho apenas nos Estados Unidos e logo retornou ao Barça, correndo. É a diferença que faz quando um clube consegue cultivar internamente uma cultura vencedora. Por maior que seja o número de malucos no vestiário hoje, Memphis ainda está segurando as pontas.


Após 12 anos, Varejão diz tchau para o Cavs. Qual o impacto da troca?
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Giancarlo Giampietro

Anderson Varejão, Cavs

A data final para trocas da temporada 2015-16 da NBA não teve o frenesi do ano passado. Ainda assim, durante a semana, entre terça e esta quinta-feira, mais da metade dos clubes esteve envolvidas em 12 negociações no total, com brasileiro envolvido. Para conferir todas as transações efetuadas, clique aqui. Abaixo, um apanhado do que aconteceu de mais importante. Hoje, vamos nos concentrar no adeus de Anderson Varejão ao Cleveland Cavaliers, certo? Nesta sexta, expandimos o assunto.

Entre os candidatos ao título, o Cavs foi o mais ativo, e de longe, como se esperava. Sobrou para o pivô capixaba, que foi envolvido em um negócio triplo com Orlando Magic (que mandou Channing Frye para Cleveland e recebeu uma escolha de Draft de segunda rodada e o ala-armador Jared Cunningham) e Portland Trail Blazers, sendo enviado para a o Noroeste dos Estados Unidos, para supostamente dar um alô a Damian Lillard. Mas não foi o caso. Ele foi dispensado imediatamente.

Antes de falar do Blazers, porém, vale falar sobre a saída do Cavs. Com 12 anos no clube de Ohio, o pivô era um dos jogadores há mais tempo vestindo uma só camisa. Somente Kobe, Dirk, o trio dourado de San Antonio, Wade e Haslem passaram mais temporadas que ele nessa condição. Por maior que tenha sido o número de lesões e questões médicas de Anderson nas últimas campanhas, o respeito que ele conquistou em Cleveland é dessas coisas únicas nestes dias. Deem uma espiada neste fórum (dica do Flávio Izhaki). Agora, esses torcedores não poderão mais fazer aquela zoeira na famigerada noite das perucas, com todo mundo cabeludo no ginásio – a não ser que a franquia decida fazer a promoção na noite em que o veterano revisitar a cidade.

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Mas como assim ser dispensado? Para um clube que se vê inesperadamente na briga por uma vaga nos playoffs do Oeste, Varejão poderia dar sua contribuição, nem que fosse como uma figura experiente de vestiário. Como um tutor que fosse – ainda que Chris Kaman já esteja por lá para isso. Pois, pensando em quadra, a verdade é que o jogo do brasileiro é uma incógnita hoje. Ele estava sendo pouco utilizado pelo Cavs. Não sabemos se era devido ao excesso de pivôs qualificados da equipe, ou se por ele não ser mais o mesmo, depois de uma lesão no tendão de Aquiles e de tanto desgaste. Ou por um pouco de um e do outro.

Em Portland, Varejão enfrentaria uma concorrência menos prestigiada, mas não são simples assim de se desmontar. Por um motivo: Terry Stotts elaborou uma rotação de grandalhões que se ajeitou bem, tendo Mason Plumlee e o promissor Noah Vonleh no quinteto titular e a dupla Ed Davis (sempre produtivo). Se arranjasse um espaço e produzisse, Anderson teria tudo para conquistar os fãs do Blazers, devido a sua entrega e seu carisma.

Para receber Varejão – e seu salário, de US$ 9,3 milhões na próxima temporada –,  o gerente geral Neil Olshey exigiu uma escolha de primeira rodada do Cavs, de 2018. Pouco? Pelo contrário, na NBA de hoje, a oportunidade de se contratar um jogador jovem e de salário baixo é muito atraente para a construção de um elenco. As escolhas, mesmo no escuro, valem muito na cabeça dos dirigentes. Para Olshey, o preço nem é tão salgado, na verdade, pois o clube tinha uma folha de pagamento tão barata que estava até mesmo abaixo do piso estabelecido pela liga. Se tivessem chegado ao final da campanha “devendo”, teriam de completar a diferença para o piso, dividindo esse montante entre todos do elenco. Isto é: o bilionário Paul Allen teria de assinar um cheque de qualquer maneira, independentemente da chegada e saída do brasileiro.

Varejão ficará disponível por um período de “waiver”, de três dias 48 horas. Dificilmente alguém vai abraçá-lo desta maneira, para não ter de arcar com o restante de seu contrato. Então é muito provável que ele vire um agente livre. A essa altura da carreira, talvez seja o melhor, mesmo. Poderá olhar para o mercado e procurar a melhor situação. Ou a situação que melhor se encaixe com seus objetivos.

Em tese, para um atleta de seu gabarito e rodagem na liga, o mais comum seria assinar com uma equipe com ambição de chegar bem aos playoffs e que também tenha uma vaga no elenco. Lembrando sempre: cada franquia só pode ter 15 jogadores sob contrato. Após a rodada de trocas, clubes como Clippers, Hawks (com a lacuna aberta pelo afastamento de Tiago Splitter, por ironia), Heat e Rockets se enquadram nessa condição. Assim como o Cavs, mas esqueçam um retorno imediato: a regra da NBA afirma que ele só poderia assinar um novato contrato com o clube daqui a seis meses um ano, segundo o acordo trabalhista da liga e a interpretação do especialista Larry Coon. Agora, se for para fechar com um time de ponta, será que ele teria tempo de quadra? Será que não se meteria na mesma situação que estava vivendo em Cleveland? O ideal seria aliar dois fatores: seguir em um time vencedor e ganhar ritmo para as Olimpíadas. Mas e se uma alternativa excluir a outra?

Rubén Magnano, sabemos, prefere que Varejão vá para quadra, que jogue, não importando onde, para ganhar ritmo. Por isso, já havia admitido ao UOL Esporte ter sugerido ao pivô – e a Huertas – que procurasse um novo clube. De alguma forma, teve seu pedido atendido. Mas o desfecho ainda não está 100% de acordo com os seus interesses. O argentino obviamente está com o radar ligado agora, ainda mais depois de ter perdido Splitter (uma baixa imensa para a seleção, em muitos sentidos, assunto o qual tentarei abordar no final de semana, mais em tom de reverência ao catarinense, com calma).

A NBA é assim: interfere, direta ou indiretamente, no cotidiano de seleções, e muito mais. São negócios, afinal, e Varejão foi lembrado a respeito, depois de ter sido adquirido pelo próprio Cavs em uma troca em 2004. Faz tempo. Desde então, marcou época, escoltando LeBron James ao período mais vitorioso do clube, se tornando imensamente popular na cidade. Agora a vida segue, e o capixaba tem decisões importantíssimas para tomar.

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Ele vai chegar para isto

Ele vai chegar para isto

Em tempo: Frye não é o mesmo jogador dos tempos de Phoenix Suns. Em Orlando, sem um armador que realmente chamasse a atenção no pick-and-roll, não conseguiu se encontrar. Não teve consistência. No conjunto da obra, também tem uma carreira inferior à do brasileiro, ao meu ver. Mas, hoje, é uma peça mais proveitosa para o Cavs, devido principalmente à habilidade para acertar os arremessos de longa distância. Sua presença em um quinteto com Love, LeBron, JR e Irving resultaria e estragos gravíssimos às defesas adversárias. E não é que contribua só com o chute: é bom defensor no post up, tem experiência e, segundo todos os relatos que ouvi, exerce excelente influência no vestiário, algo que só pode fazer bem ao time, como David Blatt pode sublinhar.

O Cavs sai ganhando tática e tecnicamente aqui, mesmo tendo pagado por uma peça complementar um preço caro, mas hoje irrelevante para um clube que só pensa, obsessivamente, no sucesso a curto prazo, enquanto LeBron ainda tem perna. Uma observação, no entanto, precisa ser feita em relação ao Warriors. Sempre o Warriors. Numa eventual revanche com Golden State, não sei muito bem como Frye poderia ser útil, uma vez que não poderia marcar de modo nenhum um jogador como Draymond Green, muito menos Andre Iguodala ou Harrison Barnes. Enfim. Por outro lado, a pergunta mais justa talvez seja: quem consegue marcá-los também? Se o adversário for o San Antonio, aí a coisa muda de figura. Antes, porém, precisam chegar lá, claro – mas é inegável que toda e qualquer decisão que a franquia toma nesta temporada tem como objetivo o título, ciente de que, nas finais, o desafio será muito maior. E, com Mozgov caminhando para o mercado de agentes livres, o veterano também serve como uma apólice de seguro.

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Atualizando nesta sexta de manhã: faltou mencionar que, com a troca, Cleveland poupa U$ 9,8 milhões entre salário e multas nesta temporada. É uma boa grana, mesmo para outro bilionário como Dan Gilbert. Vários clubes reduziram seus gastos nesta quinta, aliás.

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Por fim, declaração do gerente geral do Cavs, David Griffin, sobre Varejão, dizendo que foi difícil telefonar para o brasileiro: “Anderson é especial como jogador, companheiro e pessoa. Poucos jogadores conquistaram este respeito, apoio e admiração de toda uma organização, de sua torcida e da comunidade como Andy fez aqui. Tudo isso tornou esta negociação muito difícil de se fazer. Ao mesmo tempo, temos uma obrigação prfounda de fazer aquilo que podemos para alcançar nosso objetivo final, e acreditamos que este negócio melhora nossa equipe e nossa posição para o futuro também. Agradecemos a Andy por seu trabalho duro, dedicação e contribuições ao Cavaliers e nossa comunidade e desejamos a ele e sua mulher, Marcelle, o melhor, realmente o melhor”.

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Desnecessário dizer o quanto LeBron admirava Anderson? O brasileiro chegou a Cleveland apenas um ano depois de o ala ser selecionado como o grande Messias da franquia. Após a vitória sobre o Bulls nesta quinta-feira, o craque admitiu que ainda não havia conversado com o capixaba, porém. “Eu aposto que várias pessoas estão entrando em contato com ele agora. Vou deixar assim, não gosto de procurar imediatamente. Prefiro deixar cozinhar um pouco. Nossa amizade não precisa de uma mensagem de texto”, disse. “Você perde um irmão. Esta é a pior parte do negócio.”

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Um comentário sarcástico inevitável: se o Cavs despachou, num só dia, Varejão e Cunningham (que, segundo os setoristas do Cavs, foi adotado por LeBron nesta temporada), está claro que David Griffin tem autonomia total para conduzir o departamento de basquete e que o camisa 23 não apita nada. Agora não precisa mais de nenhuma prova nesse sentido.

Né?


Duas lesões põem duas apostas certas de playoff a perigo pela NBA
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Giancarlo Giampietro

Chicago e Memphis sofrem duro baque com lesões

Chicago e Memphis sofrem duro baque com lesões

Os playoffs da NBA em 2016 podem ficar sem Chicago Bulls, de um lado, e Memphis Grizzlies, do outro.

Se fosse para escrever esta frase em outubro do ano passado, poderiam acusar o autor do blog de maluco depravado. Depois do infeliz anúncio das lesões de Jimmy Butler e Marc Gasol, porém, esse virou um cenário possível, para derrubar duas apostas antes certeiras. Os dois clubes estão verdadeiramente a perigo.

Butler deve ficar fora de ação de três a quatro semanas, com uma distensão no joelho esquerdo. Sobre Marc Gasol, o que se sabe apenas é que ele sofreu uma fratura no pé direito. O clube ainda não definiu um prazo, mas é algo muito grave para qualquer jogador de basquete, mas principalmente alguém de seu tamanho – e peso – e pode afastá-lo do restante da temporada. Até Sergio Scariolo, técnico da seleção espanhola, já está preocupado.

Qual pode ser o impacto desses desfalques para cada time?

Butler & Bulls

Agora Chicago sofre com o joelho de Butler

Agora Chicago sofre com o joelho de Butler

Se as estimativas médicas mais otimistas se ralizarem, Butler deve retornar ao time no início de março. Vamos supor que seja no dia 5 desse mês, contra o Houston Rockets, em casa. Até lá, serão nove partidas, com cinco em casa e quatro fora. Nesta sequência, eles vão ter algumas pedreiras: dois jogos contra Atlanta e duelos com Cleveland, Toronto e Miami, mais Washington, Portland e Orlando. A única baba seria o Lakers.

Seria. Pois, sem Butler e Joakim Noah, com Nikola Mirotic ainda sem data para retornar depois de uma cirurgia mais complicada do que se esperava para resolver uma apendicite, Chicago se vê com uma rotação enxuta e poder de fogo reduzido.

Pois Buttler é o cestinha do time, com 22,0 pontos, e  lidera o time em minutos (37,9!) e roubos de bola. É o segundo em assistências e o quinto reboteiro. Com o ala jogando o melhor basquete de sua carreira, Chicago já estava capengando e caindo pela tabela, perdendo sete dos últimos dez jogos. No geral, em 51 partidas, sua defesa sofreu mais pontos do que o ataque converteu, gerando um saldo de -0,3 na temporada. Agora como fica?

Pau Gasol é um porto seguro no ataque – supõe-se que qualquer possibilidade de troca envolvendo o craque espanhol esteja enterrada. Mas Mike Dunleavy Jr. já terá entrado em forma? Derrick Rose vai suportar uma carga maior? E como E’Twaun Moore, Doug McDermott e Bobby Portis vão se sair diante de maior atenção das defesas? Pior: como vai ficar a defesa, que ainda é o ponto mais forte do time? Fred Hoiberg vai encarar realmente muitas questões. Cada jogo será um desafio, e a única nota de consolo aqui fica por conta do intervalo em torno do All-Star, que impede um estrago maior.

Dupla que faz falta em diversos sentidos

Dupla que faz falta em diversos sentidos

A situação de Noah e Mirotic também limita a diretoria em tentativas de trocas. Se estiverem desesperados por reforços, a dupla John Paxson e Gar Forman tem um trunfo valiosíssimo em mãos: uma escolha de Draft devida pelo Sacramento Kings, que será entregue a Chicago se o clube californiano não estiver entre os dez piores nas próximas duas temporadas. É o tipo de escolha que pode render um jogador relevante, para uma franquia que esteja interessada em se desfazer de algumas peças.

Em anos passados, talvez todas essas incertezas não importassem tanto. Mas, na campanha 2015-16, o pelotão intermediário da Conferência Leste apresenta maior competitividade, e não é que o Bulls tenha muita margem de manobra. Com três vitórias a mais do que derrotas, a equipe vê o Charlotte Hornets, de 50%, bem próximo, disposto a voltar aos playoffs. Um Hornets muito bem dirigido por Steve Clifford e que já, ao que parece, enfrentou o pior em termos de lesões. No perímetro, Michael Kidd-Gilchrist voltou para reforçar a defesa e Nicolas Batum está recuperando o ritmo, se o dedão assim permitir. Já Al Jefferson está pronto para jogar depois do All-Star.  A cavalaria chegou.

Em termos de tabela até o final da temporada, há um fator que joga a favor do Hornets: a equipe tem três jogos a menos que o Bulls contra times de aproveitamento superior a 50% (17 a 14). Por outro lado, o time hexacampeão da NBA joga duas vezes a menos como visitante (17 a 15), e, longe de seus domínios, as abelinhas têm ido muito mal, com 17 reveses em 24 partidas.

Entre Charlotte e Chicago está posicionado o Detroit Pistons, que tem Brandon Jennings e alguns veteranos como moedas de troca para os próximos dias para consolidar sua rotação. A gestão de Stan Van Gundy já mostrou que não tem problemas em fechar os negócios, e há uma pressão para se matar a saudade dos mata-matas. Difícil imaginar uma queda de produção aqui. Pelo contrário.

Um pouco mais abaixo, Washington (46%) e Orlando (45,1%) ainda não jogaram a toalha, mas precisam primeiro curar sua inconsistência para, depois, esperar por uma derrocada dos concorrentes.

Gasol y los Osos Pardos

Marc Gasol saindo de quadra: não é tão normal assim

Marc Gasol saindo de quadra: não é tão normal assim

Nas cinco temporadas anteriores, o Grizzlies jogou sem Big Marc por apenas 27 jogos, sendo que 23 destes aconteceram em uma só temporada, 2013-14. Isto é: fica difícil de deduzir qual o impacto de um período extenso de tabela sem o pivô espanhol, que liderava a NBA em minutos entre jogadores de sua posição, com 34,4 por rodada. Nestas mesmas cinco temporadas, ele foi o grandalhão com o maior número de minutos também, com quase 500 a mais do que a aberração DeAndre Jordan, para termos uma ideia, segundo levantamento do colunista Chris Herrington, do Memphis Commercial Appeal. Isso sem contar as campanhas nos playoffs.

Quanto tempo vai levar para Gasol sair da enfermaria? Vale a pena apressar o pivô e correr riscos? Aliás, o departamento médico do clube e seus diretores agora estão sob pressão, uma vez que o gigantão acusava dores no pé e, ainda assim, foi escalado contra Portland na segunda-feira e suportou apenas 11 minutos. O pé já estava fraturado? Ou a fratura aconteceu em quadra? Era uma questão de tempo? Acho que o diagnóstico independe. Foi irresponsabilidade usá-lo nessas condições.  Nessa discussão, não dá para ignorar também a personalidade de Gasol, que é daqueles que não permite que qualquer contusão o tire de quadra – e que, segundo diversos relatos internos, se apresentou fora de forma para este campeonato. Por mais valente e teimoso que seja o  jogador, os interesses do time a longo prazo devem prevalecer. Que ele volte só quando estiver 100%.

Há três anos, Mike Conley, Tony Allen, Courtney Lee e Zach Randolph estavam no núcleo central da rotação, mas o restante mudou muito, com a saída de Kosta Koufos, Ed Davis, Quincy Pondexter, Mike Miller, James Johnson e Nick Calathes. Koufos, aliás, é o grande diferencial aqui, como um pivô mais do que competente para suprir a a ausência do craque do time por algumas semanas. Para não falar da capacidade atlética de Davis.

Wright jogou apenas sete partidas na temporada. Perfil bem diferente em relação a Gasol, também

Wright jogou apenas sete partidas na temporada. Perfil bem diferente em relação a Gasol, também

Hoje, Dave Joerger olha para o banco e vê… Ryan Hollins. Ai. Brandan Wright está se ajeitando para voltar, mas é um pivô de características muito diferentes (é só colocar um pivô do lado do outro para fazer o jogo dos sete erros). Em tese, se nenhuma troca acontecer para o técnico pode rever seu plano de jogo e confiar numa formação mais baixa, dando mais minutos a Jeff Green, Matt Barnes, Vince Carter e, quiçá, JaMychal Green. Hoje, o Grizzlies tem o quarto ritmo mais lento da liga, trotando mais que Utah, Miami e Cleveland.

Nesta temporada, o quinteto que mais minutos recebeu sem Gasol teve Mario Chalmers, Carter, Barnes, Jeff Green e Hollins, com apenas 31min57s (apenas o 13º no geral). Essa formação teve saldo negativo de -11,6 pontos por 100 posses de bola. Em geral, sem Gasol, o Memphis tende a apanhar. A única formação que se deu bem desfalcada do pivô foi a de Chalmers, Lee, Barnes, Green e Randolph, com +35,4 em 31min18s. Mas estamos falando de pouquíssimos minutos aqui.

O perfil de Wright, como vimos em Dallas, favorece um jogo mais aberto, usando a ameaça que seus mergulhos no garrafão representam. Mas aí precisa ter tiro de três pontos ao seu redor. E tem artilharia para isso? Lee converte 37,5% de suas tentativas. Conley, 35% e Barnes, 34,1%, acima da média do time. O restante? Chalmers vai de 33,6%, Jeff Green, 30,2% e Carter, 26%. Não anima tanto, né? Não por nada, o time é o quarto que menos usa os tiros de longa distância, com 21,6% de todos seus arremessos, e o  o terceiro que menos pontua com esses disparos, com 18,3% do total. Sem o hi-lo de Gasol e Randolph, isso deve mudar.

E a defesa? Aí, rapaz, é o maior enigma. A queda de rendimento do Grizzlies nesta temporada passa justamente pelo modo como o time despencou em sua eficiência defensiva, apenas a 15ª no geral. Em percentual de rebotes coletados, o time caiu 12º para 23º. Isso com o Big Marc escalado. Vai ficar como agora? A verdade é que, nesta campanha especificamente, o espanhol não exerceu a influência costumeira, despencando no ranking de Real Plus-Minus, por exemplo, até por não ter chegado tão preparado como em 2014, quando teve seu melhor ano na liga. Mas seria uma surpresa que as coisas melhorassem daqui para a frente.

Fato é que o Memphis não tem muitos incentivos para entregar os pontos, uma vez que sua escolha de Draft seria transferida para Denver no caso de o time ficar fora dos playoffs (e não der a sorte de saltar para o grupo dos três primeiros do recrutamento). Nos últimos anos, a diretoria se mexeu prontamente para compensar lesões, como no caso de Shane Battier e Marreese Speights. Agora, contudo, há poucas alternativas para negociar. As escolhas de Draft estão comprometidas e os jovens Jordan Adams e Jarrell Martin mostraram muito pouco.

Lillard foi ignorado mais uma vez e está fulo da vida

Lillard foi ignorado mais uma vez e está fulo da vida

Em termos de classificação, qual a maior ameaça? O sobreviente “grit and grind” de Memphis tem hoje quatro vitórias a mais e cinco derrotas a menos do que o renovado Portland, o nono. Com um trabalho magnífico de Terry Stotts e Damian Lillard ainda mais enfezado, o Blazers venceu oito de seus últimos dez jogos. No geral, a garotada já apresenta um saldo de pontos superior ao de Grizzlies, Mavericks e Rockets. Ou seja: o panorama atual aponta um time em ascensão e outro que sofreu um duro golpe. Nessa disputa, os dois maiores trunfos de Memphis são a vantagem atual na tabela e o fato de o Blazers encarar 19 oponentes de aproveitamento igual ou superior a 50% até o final da temporada, contra 15 do Grizzlies.

Dallas, Utah e Houston estão no meio do caminho. Desse trio, tudo indica que o Utah possa alcançar a quinta colocação. Se o time soma 26 triunfos e 25 reveses, vem de sete vitórias consecutivas, enfim reunindo Derrick Favors e Rudy Gobert no garrafão, com Rodney Hood crescendo semanalmente para ajudar Gordon Hayward na criação. Desde a virada do ano, o jovem time de Quin Snyder já tem a quinta defesa mais eficiente, reencontrando a receita que deu tanto certo na reta final da temporada passada. Mais: desde que Favors retornou ao time em 25 de janeiro, é a terceira melhor defesa neste período.

Quanto aos texanos Mavericks e Rockets, é difícil fazer qualquer previsão. São dois times que sobrevivem por seus ataques poderosos, mas com problemas defensivos gravíssimos, independentemente da química, no caso: o vestiário de Dallas é dos mais tranquilos da liga, enquanto em Houston o caldeirão borbulha – é a equipe mais frustrante da liga, e de longe. Não seria de se espantar que o Grizzlies ainda os supere na tabela, mesmo sem Gasol. Mas será uma disputa bem interessante. E, imprevisível.


Prepare-se para o Draft da NBA. A loucura continua
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Giancarlo Giampietro

O Draft está marcado para as 20h (horário de Brasília, com transmissão gratuita via League Pass), mas, para quem está chegando só agora, a balada já começou faz tempo, gente. É como se fosse uma rave da NBA, com mais de 24 horas de negociações, rumores, blefes, contra-espionagem e tudo o mais. Nesta quarta-feira, três trocas foram fechadas – ou quase. Admito que me precipitei em escrever sobre Jeremy Lamb ao lado de Kemba Walker em Charlotte, pois restavam detalhes para que a transação fosse concluída, o que não aconteceu. O Memphis entrou na jogada e acabou interceptando Matt Barnes, que agora vai fazer uma dupla assustadora com Tony Allen. Quer dizer: a terceira troca aconteceu, mas foi fechada nesta quinta, com outras peças, o que não é o fim do mundo. Pois a liga toda está na pista, com  Danny Ainge, Sam Hinkie e Daryl Morey numa vibe que só. Imaginem os caras soltando aquele “U-RUUU” característico. Mas de terno e gravata.

A especulação mais instigante do momento envolve Sacramento Kings, Los Angeles Lakers e DeMarcus Cousins. Chegamos àquele ponto bastante instrutivo, aliás, para os torcedores em geral: o de que a palavra oficial de seus dirigentes não vale tanto assim. Vlade Divac e qualquer fonte ligada à diretoria asseguram que não têm a menor intenção de despachar o pivô. Essa é uma meia-verdade. Os caras prefeririam segurar o jovem campeão mundial. O que não os impede de já estarem em conversações adiantadas com o Lakers, discutindo nomes, e tudo o mais, além de manterem contato com qualquer outro clube interessado.

Acompanhe a cobertura do 21 para o NBA Draft:
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Segundo o superfurão Adrian Wojnarowski, o Kings pede a escolha número dois do recrutamento desta quinta, Julius Randle e Jordan Clarkson, solicitando que o rival californiano ainda pegue o contrato de Carl Landry. O Lakers, segundo o mesmo artigo, não está interessado em envolver Randle neste negócio. O que é curioso, considerando que o ala-pivô número 7 do Draft passado fraturou a perna logo na primeira partida da temporada. O rapaz estaria rendendo muito nos treinos em El Segundo. Mas, se Sacramento estiver realmente disposto a aceitar um pacote desses, não há motivo para não entregá-lo. Cousins tem seus problemas de temperamento, mas jogou uma barbaridade nos últimos dois campeonatos e tem apenas 24 anos. É um cara em torno do qual você pode construir uma grande equipe. Mesmo no Oeste.

Por que Divac e seus comparsas aceitariam algo nessa linha? É que a classe deste ano vem sendo bastante elogiada pelos scouts em geral, com ótimas opções para as primeiras seis, sete escolha. Com o segundo pick do Lakers, porém, a esmagadora opinião é a de que você pode contratar um futuro All-Star. De resto, os scouts apostam em um bom volume de jogadores até a faixa de 20 a 25 do Draft. A partir daí, o consenso é de que a qualidade despenca sensivelmente, num nível muito inferior ao de anos anteriores. Então há muitos clubes que pretendem subir na lista, enquanto outros times topam até mesmo abrir mão de suas escolhas, de olho em veteranos ou em ativos para o futuro.

Quais são as possibilidades? Vamos apresentá-los aqui brevemente, oferecendo links mais detalhados (em inglês). Também vale desde já discutir qual o impacto que a geração pode ter como um todo e, depois, apresentar os pontos básicos para se entender como funciona o Draft – percebo que este processo ainda não está muito claro para muita gente. Claro que o leitor  viciado no noticiário do Draft provavelmente já até decorou tudo isso. Mas, simbora.

– Os espigões

Karl Towns pode se juntar a Duncan, LeBron, Monocelha e Olowakandi e Kwame como escolha número um de Draft

Karl Towns pode se juntar a Duncan, LeBron, Monocelha e Olowakandi e Kwame como escolha número um de Draft

A fornada deste ano está cheia de grandalhões promissores. O mais bem cotado é o dominicano Karl Towns, que já enfrentou a seleção brasileira enquanto adolescente. O jogador ficou um ano em Kentucky e progrediu bastante sob a orientação de John Calipari. Quando o vi pela primeira vez em amistosos e competições da Fiba, se mostrava mais como um ala-pivô flutuante, atuando longe da cesta, confiante em seu arremesso de média distância. O porte físico era um fator para isso. Em Lexington, no entanto, foi empurrado para o garrafão e teve seu jogo perimetral praticamente ignorado. Não que não pudesse produzir deste jeito. O objetivo era a expansão de seu arsenal – veja um vídeo de um de seus treinamentos regulares. Deu certo. Hoje não tem problema em encarar o contato perto da cesta e desenvolveu um bom gancho e jogo de pés. É bastante ágil para alguém de seu tamanho e protege o aro com destreza. Faz um pouco de tudo e, por isso, tem um potencial enorme e não deve passar do Minnesota Timberwolves, o primeiro. Leia o scout completo do dominicano feito por Rafael Uehara, que já colaborou aqui para enriquecer o blog.

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Por dividir espaço com uma série de prospectos muito prestigiados, Towns elevou aos poucos sua cotação entre os scouts. Durante boa parte da temporada, o pivô Jahlil Okafor, campeão universitário por Duke, foi considerado como o candidato número um. É um garoto com jogo de velha escola, extremamente talentoso de costas para a cesta, com um conjunto de movimentos talvez precocemente mais criativo que o de Al Jefferson, por exemplo, e mãos gi-gan-tes-cas. Quanto mais o observaram, porém, mais os olheiros se preocupam com sua mobilidade reduzida e o quanto isso pode lhe deixar exposto na defesa, especialmente numa NBA cada vez mais veloz. Também, por isso, questionam o quão motivado o jogador estaria para trabalhar e se tornar uma superestrela. O DraftExpress aborda essas questões. Seu perfil tem toda a identificação com a história do Lakers, clube habituado a jogar com pivôs dominantes. O Knicks, com o sistema de triângulos, também seria uma excelente pedida. Não deve passar daí.

Jahlil Okafor e uma bola que não é mirim

Jahlil Okafor e uma bola que não é mirim

Outros espigões bem cotados: Frank Kaminsky, já com 22 anos (dois anos mais jovem que Boogie Cousins, por exemplo), eleito o melhor jogador da NCAA por Winconsin, de 2,13 m de altura, mas com fundamentos de ala no ataque e um arremesso infalível, despertando interesse do Knicks, do Hornets, do Heat e do Pacers; Trey Lyles, companheiro de Towns e Kentucky, mas que jogou deslocado no perímetro o ano todo, também muito bem fundamentado, com um jogo comparado ao de Juwan Howard e Carlos Boozer,; Myles Turner, da Universidade do Texas, que une chute de longe e habilidade de tocos, uma combinação bastante cobiçada na liga de hoje; e Willie Cauley-Stein, mais um de Kentucky, um pivô de 21 anos e considerado o melhor defensor do Draft, capaz até de brecar armadores no perímetro. Esses atletas não devem sair entre os 4º e 17º lugares.

Se boa parte desses garotos realizarem seu potencial, a tese de que a NBA é hoje uma liga de armadores pode ser revisada.

– Os europeus
Apenas dois jogadores do Velho Continente estão projetados para as dez primeiras escolhas. Um deles também engrossa a categoria acima: o letão Kristaps Porzingis, que, de certa forma, tem a candidatura mais complexa, controversa deste Draft. Muito por se chamar Kristaps Porzingis, claro. Mesmo que tenha jogado duas temproas completas pelo Sevilla na Liga ACB, a liga nacional mais forte do mundo Fiba, e que haja dezenas de vídeos do ala-pivô disponíveis basicamente em qualquer lugar na rede, muitos nos Estados Unidos insistiram em chamá-lo de “homem misterioso”. Suas características de chutador nato, homem ágil e magro também ajudam e não ajudam. Muitos salivam ao assisti-lo, exagerando como sempre ao falar de Dirk Nowitzki e Andrei Kirilenko, enquanto outros fazem questão de lembrar de Andrea Bargnani, Nikoloz Tskitishvili e diversos jovens europeus que fracassaram na liga. Com quase 3.000 palavras, Rafael Uehara nos conta que o melhor, mesmo, é sempre o meio termo.

Porzingis fez um treino individual em Las Vegas, no dia 12, assistido por Phil Jakcson e muitos outros dirigentes. Teve um rendimento espetacular, inflando sua cotação. Mas qualquer dirigente mais dedicado já poderia ter assistido ao letão em diversas partidas em Sevilha

Porzingis fez um treino individual em Las Vegas, no dia 12, assistido por Phil Jakcson e muitos outros dirigentes. Teve um rendimento espetacular, inflando sua cotação. Mas qualquer dirigente mais dedicado já poderia ter assistido ao letão em diversas partidas em Sevilha

O outro? Mario Hezonja, o croata companheiro de Marcelinho Huertas no Barcelona, um gatilho excepcional, atlético, cheio de confiança, mas que não conseguiu mostrar tudo o que podia nos últimos anos, devido a uma concorrência muito forte no elenco do clube catalão – e também por certa implicância do técnico Xavier Pascual e dos dirigentes locais, que esperavam aproveitá-lo no futuro e deram um jeito de boicotar sua candidatura. Uma anedota bastante desagradável neste sentido? Hezonja tinha voo marcado de Barcelona para Nova York na noite de quarta-feira, caso seu time fosse varrido pelo Real Madrid nas finais da ACB. Aconteceu. E o que a diretoria fez? Marcou um treino para esta quinta, mesmo que a temporada tenha acabado. Totalmente bizarro, como se fossem um grupo de juvenis que precisassem de uma lição. Seria melhor ter praticado melhor antes de apanhar do Real, não? Claro que não era esse o caso. O objetivo implícito aqui era impedir que o croata comparecesse à cerimônia. O fato de ele não estar no Brooklyn não altera nada o seu status, diga-se. O garoto só foi privado do prazer de subir ao palco, tirar uma foto com Adam Silver e sorrir como jogador de NBA nesta quinta. Infantilidade é pouco.

Hezonja teve lampejos pelo Barcelona, mas não foi aproveitado da melhor forma

Hezonja teve lampejos pelo Barcelona, mas não foi aproveitado da melhor forma

Se os jogadores estrangeiros foram uma coqueluche no início da década passada, com o sucesso de Dirk, Gasol, Parker, Ginóbili, no momento enfrentam uma dura resistência, até pela falta de resultados. Desde o Draft de Yao Ming em 2002, nenhum atleta de fora dos Estados Unidos escolhido entre os dez primeiros se tornou um All-Star. Desta forma, o preconceito voltou e reforçado. Porzingis e Hezonja têm talento para enfrentar essa questão.

Outros talentos internacionais já estabelecidos em alto nível na Europa e que devem ser selecionados, provavelmente na segunda rodada: Willy Hernangómez, pivô do Sevilla de 21 anos, de jogo forte e maduro no garrafão, superprodutivo, mas com capacidade atlética limitada, Cedi Osman, fogoso ala-armador tratado como príncipe na Turquia, Arturas Gudaitis, trombador do Zalgiris Kaunas, Mouhammadou Jaiteh, mais um paredão francês, e Nikola Milutinov, mais um pivô grande e habilidoso da Sérvia.

De um modo geral, a safra de gringos é considerada bem fraca este ano. O que nos leva a crer que Georginho, caso tivesse mantido seu nome na lista, seria selecionado. Os agentes do armador do Pinheiros, porém, não se contentavam com isso. Queriam o comprometimento de um clube com o jovem brasileiro, com um plano detalhado para seu desenvolvimento. Por isso, optaram por sua retirada, ao lado de Danilo Fuzaro, Humberto Gomes e Lucas Dias.

– No perímetro
Entre os armadores, as opções são bem escassas.

A canhota de D'Angelo tem muitos fãs

A canhota de D’Angelo tem muitos fãs

Toda comparação é natural e inevitável para os scouts. É a forma mais fácil de eles se localizarem. Nesse processo, porém, os paralelos podem soar forçados também. Para D’Angelo Russell, já deu para se acostumar a ler os nomes de gente como James Harden e Stephen Curry. Só. O caso do armador de Ohio State é curioso, pelo fato de ele ter surpreendido os olheiros em sua temporada. O jogador recebia elogios ao entrar no basquete universitário, mas não me recordo de ser cotado como um talento de ponta. Isso mudou rapidamente, quando puderam ver que sua combinação de arremesso, visão de quadra, inteligência e maturidade já o destacavam em meio a uma concorrência muito mais forte do que a dos tempos de universitário. Há quem questione sua defesa e a falta de explosão em seu jogo. Não é o suficiente para lhe tirar do grupo dos quatro primeiros.

Seu principal concorrente é o explosivo Emmanuel Mudiay, que optou por ignorar a NCAA e jogar na China, na última temporada. Os clubes obviamente enviaram olheiros para lá, para avaliá-lo, mas o distanciamento resultou em menor exposição para o jogador que, um ano atrás, era considerado a grande ameaça a Okafor pelo topo do Draft. O potencial atlético é o mesmo de antes, todavia.

Cameron Payne, de Weber State, Tyus Jones, eleito o destaque do torneio nacional da NCAA por Duke, Jerian Grant, de Notre Dame, Delon Wright, de Utah, com perfis e idades diferentes, têm seus admiradores, mas não são vistos como jogadores que cheguem para serem titulares. Payne é o mais bem cotado, chamando atenção de Pacers, Suns e Thunder. Os outros quatro devem sair na segunda metade da primeira rodada.

Winslow, espírito e jogo vencedor

Winslow, espírito e jogo vencedor

A safra de alas é liderada por Justise Winslow, o motor por trás da conquista de Duke. Winslow tem um espírito que contagia e não deve passar do Detroit Pistons, em oitavo. Ele concorre diretamente com Hezonja. Num degrau abaixo estão Sam Dekker, vice-campeão por Winsconsin, Stanley Johnson e Rondae Hollis-Jefferson, de Arizona, e Kelly Oubre Jr., de Kansas. Deste grupo, Hollis-Jefferson é o meu preferido. Um trator aos moldes de Michael Kidd-Gilchrist.

O Utah Jazz recebeu 101 atletas (!!!) para atletas em seus testes pré-Draft. Georginho e Lucas Dias entre eles

O Utah Jazz recebeu 101 atletas (!!!) para atletas em seus testes pré-Draft. Georginho e Lucas Dias entre eles

– Mais links
O básico Mock Draft do DraftExpress, que tem o maior índice de acerto no recrutamento de calouros. Chad Ford, do ESPN.com, oferece outra perspectiva.

O guia do Bball Breakdown é um absurdo, com uma planilha em didática para especificar as qualidades de cada prospecto e as carências de cada clube.

Para perfis detalhados dos jogadores estrangeiros, recomendo, além do DX, o Eurohopes, cuja equipe já revelou até mesmo três scouts para a NBA.

Kevin Pelton, analista do ESPN.com com enfoque estatístico, produziu material bem interessante nas últimas semanas: as projeções numéricas dos candidatosuma defesa a Kristaps Porzingis e a produção positiva do talento internacional (ainda que sem produzir muitas estrelas).

– O Draft
É o recrutamento oficial de calouros da NBA. Hoje, são duas rodadas de seleção, com 60 escolhas no geral. Supostamente, cada clube deveria ter duas cada – mas eles podem envolvê-las em negociações, gerando um desequilíbrio ano após ano. O Philadelphia 76ers, por exemplo, tem seis picks nesta quinta-feira, sendo cinco na segunda rodada. Dificilmente vai aproveitar todas, então podem esperar que Sam Hinkie bagunce tudo mais tarde. Para variar.

Quais jogadores podem ser escolhidos? Apenas atletas de fora dos Estados Unidos que completem de 19 a 22 anos na temporada do Draft. Para aqueles que tenham estudado nos Estados Unidos, as regras mudam. Eles precisam ter pelo menos um ano de rodagem depois do high school, seja na NCAA ou no basquete profissional – em ligas estrangeiras, como Emmanuel Mudiay na China, ou na própria D-League da NBA, como aconteceu com PJ Hairston, Glen Rice Jr. e Latavious Williams no passado. Para os universitários, não há limite de idade. O pivô Bernard James, de Florida State, foi escolhido pelo Dallas Mavericks em 2012 aos 27, depois de ter servido ao Exército americano.

O fato de o jogador ser draftado não é garantia de que vá para a NBA. Os brasileiros Paulão Prestes e Raulzinho, por exemplo, já foram escolhidos por Minnesota Timberwolves e Utah Jazz, respectivamente, em 2010 e 2013, mas só foram aproveitados até agora em jogos de liga de verão, que não são oficiais. Cada caso é um caso. Paulão dificilmente vai jogar pelo Wolves, enquanto Raul ainda toca sua carreira na Europa em um ambiente mais propício ao seu desenvolvimento, seguido de perto pelos cartolas de Salt Lake City. Houve casos de atletas, porém, que simplesmente se recusaram a jogar nos Estados Unidos. Lá atrás, nos anos 80, foram vários, com Oscar Schmidt entre eles. Dejan Bodiroga é outro craque célebre que nunca teve interesse. Mais recentemente, tivemos o espanhol Fran Vázquez, selecionado pelo Orlando Magic na 11ª posição em 2005. Fechou a porta na cara do ex-gerente geral Otis Smith.


Nos playoffs, não são apenas os superastros que brilham
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Giancarlo Giampietro

Matthew Dellavedova, aprovado por LeBron

Matthew Dellavedova, aprovado por LeBron

LeBron James, Derrick Rose, Stephen Curry, Blake Griffin, Chris Paul, Anthony Davis, Paul Pierce… É natural que, chegando os playoffs, o noticiário se concentre mais e mais nas grandes figuras da liga, aqueles que tendem a resolver a parada por suas equipes, naqueles momentos mais complicados. Os caras dos números arrebatadores, das bolas no estouro do cronômetro.

Na vitória do Cleveland Cavaliers sobre o Chicago Bulls nesta terça, para o Cavs abrir 3 a 2 na série, um lance que chamou muito a atenção foi este belíssimo toco de LeBron para cima de Rose, quando o armador tentava empatar o placar e completar uma reação assustadora dos visitantes no quarto período. Não só é um lance bastante plástico, como envolve duas estrelas:

Nesses lances de transição defensiva que tanto adora, LBJ foi lá no alto e deu a raquetada. Em slow, fica ainda mais bacana. Com a arrancada do armador e voo do bloqueador, é muito fácil ignorar o trabalho sutil de Matthew Dellavedova na jogada. O australiano, duro na queda, não se intimidou em ver o camisa 1 partindo em sua direção, a 100 por hora. Pelo contrário. Guardou posição e, no último momento, ainda se deslocou milimetricamente para a direita para forçar um ângulo  mais complicado no arremesso.  Desta forma, também retardou o movimento de Rose, permitindo a chegada de seu companheiro para a cobertura. Pimba.

São os pequenos detalhes igualmente relevantes num confronto tão equilibrado como esse, que tem toda a cara de sete jogos – isso, claro, desde que, em meio a tantas lesões, os dois times consigam listar o mínimo de jogadores exigido pela liga. Dellavedova, aliás, fez uma bela partida, que faz justiça ao papel que desempenhou durante o campeonato. Ele não vai produzir estatísticas, fazer cestas mirabolantes, mas o torcedor do Cavs e, principalmente, David Blatt sabe que pode contar com o australiano para o que der e vier.

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Não, não dá para esperar que ele vá fazer tuuuudo. Aquele tiro de três de LeBron, espremido na zona morta, com o Jimmy Butler vindo em sua direção? Melhor esquecer. Dificilmente o “Delly” refugaria na situação. Mas uma coisa é ter força de vontade, outra é a capacidade atlética e técnica para executar a jogada. Por outro  lado, se precisar que ele marque, ou torre a paciência de alguém, vai estar lá. A briga por um rebote ofensivo aparentemente perdido? Conte com essa também, mesmo que ele mal alcance no aro e que não seja nem o sétimo atleta mais veloz em quadra. Simplesmente encara. Alguém disposto a movimentar a bola ou para ficar de canto, sem reclamar se está tendo oportunidades que seu agente esperava? Mas, claro!

Durante a primeira metade caótica que foi a temporada do Cavs, Dellavedova foi importante justamente por isso, por sua entrega constante, ainda que seu rendimento estatístico em geral tenha sido inferior ao de sua campanha de novato. Foi alguém em quem tanto o contestado Blatt como o arredio LeBron poderiam confiar. Mesmo nesses mata-matas, em que seu aproveitamento de três pontos caiu de 40,7% para 36,5%, você vai ver em diversas ocasiões o Rei de Akron acionar o australiano em transição para um disparo de fora.

Contra o Bulls, obviamente não foi sua semi-interceptação de Rose que ganhou atenção.

Mas, sim, esse enrola-enrola com Taj Gibson, que resultou na exclusão do ala-pivô. Não dá para elogiar sua atuação nesse lance específico: um jogador de basquete presumidamente não precisa dar uma chave de perna no adversário. Ainda mais quando a bola já caiu na cesta. Por outro lado, rapaziada, são os mata-matas, né? Ou melhor: os playoffs. Os caras já se enfrentaram cinco vezes em menos de duas semanas. Essas coisas vão acontecer cedo ou tarde. Falou ao trio de arbitragem a perspicácia para também dar uma técnica no armador reserva do Cavs, ao passo que, se num primeiro momento a reação de Gibson parece indicar a exclusão como a melhor decisão, podendo rever o lance em quadra poderiam muito bem ter levado em consideração o fator “reação”. Enfim. Em sua estreia na fase decisiva, Dellavedova foi mais malandro que um veterano. “Delly é provavelmente o cara mais durão de nosso time”, comentou LeBron.

Pensando nesse, veja bem, valentão operário valente, que tal fugirmos um pouco da regra e listarmos, então, outros personagens periféricos das semifinais de conferência? Um exercício que o leitor corajoso de longa data do blog sabe ser recorrente por aqui. Não dá para escapar dele:

Mike Dunleavy Jr., Chicago Bulls: sim, pois o Jimmy Butler não conta. O ala já virou uma estrela e vai ser muito bem pago ao final do campeonato. Minha única preocupação com esse faz-tudo é a sua saúde. Ver Noah e Gibson se arrastando contra o Cavs traz ecos de Luol Deng para a quadra, e resta saber apenas como Butler estará daqui a quatro anos, mesmo que Thibs seja dispensado. Talvez boa parte do estrago já esteja feito. De todo modo, voltemos a Dunleavy, o ala que entrou na liga em 2002, também conhecido como o Draft de Yao, Amar’e e Nenê. Foi a terceira escolha, vindo de Duke já como campeão universitário e muita expectativa. Foi mais uma ser comparado a Larry Bird – hoje isso não está tão em moda, mas há 10, 15 anos qualquer ala branco minimamente talentoso que despontava nos Estados Unidos ouvia essa comparação. Obviamente o cara não chegou nem perto disso. Muitos questionam uma suposta falta de ambição e esperavam mais, se não, hã, top 10 da história, mas pelo menos algo mais consistente com os números que teve por Indiana em 2007-08 (19,1 pontos, 5,2 rebotes e 3,5 assistências, 42,4% de três pontos).

Dunleavy, discreto, eficiente e importante

Dunleavy, discreto, eficiente e importante

Pode ter frustrado alguns, mas é inegável que tenha talento: basta desviar os olhos de Rose e das caretas de Noah por alguns instantes e observá-lo em ação, mesmo aos 34 anos. No ataque, ele chuta que é uma beleza, se movimenta de modo muito inteligente pela quadra, é um excelente passador. Falta o arranque para a cesta, coisa que nunca fez parte de seu repertório, nem mesmo no auge. Ele não vai ser um cara para carregar um ataque, mas seu pacote de habilidades ofensivas é extremamente importante, para espaçar a quadra para as infiltrações de Rose e Butler, ainda mais quando a dupla de pivôs é Noah e Gibson, sem chute nenhum. “É uma das razões para eu ter vindo para cá: apenas fazer parte de um grupo que vença muitos jogos. Não ligo para o resto. Gosto de me apresentar, fazer meu trabalho e ir para a casa”, afirma o ala. Thibs adora: “Ele é o profissional exemplar. Joga para o time. É simplesmente um jogador de basquete. Tem horas que você apenas precisa mexer a bola de um lado para o outro. Ele vai lá e faz. Não se reflete em assistências, mas ele te dá movimento.”

Otto Porter Jr., Washington Wizards. Nenê é um candidato eterno nessa categoria, enquanto sua carreira durar. Mas vamos virar o disco aqui, pegando alguém que ainda pode ser considerado um lançamento no mercado. Porter teve apenas 319 minutos de jogo em sua primeira temporada, o que não dá nem 7 jogos inteiros. Nos playoffs, então, foram apenas seis minutinhos. Espirrava em quadra e saía. Um ano depois, porém, as coisas estão mudando: em oito jogos pela fase decisiva, ele já recebeu 263 minutos de jogo (43 vezes mais). Não se trata de caridade do técnico Randy Wittman.  Ainda que possa dar aquela viajada em quadra, o ala aos poucos se integrou ao time, dando enfim provas do basquete que fez dele também uma terceira escolha de Draft (num recrutamento bem fraco, é verdade).  Quando o selecionou, o gerente geral Ernie Grunfeld não tinha em mente um futuro craque, mas um complemento para seus jovens destaques. Como se fosse um Tayshaun Prince para Chauncey Billups e Rip Hamilton. Demorou um pouco, mas está acontecendo.

“Sua presença no rebote, seu arremesso… Isso é o seu crescimento. Sabíamos do que ele era capaz quando o selecionamos. Ele cresce a cada vez que vai para a quadra agora”, afirma Beal. Num elenco abarrotado de veteranos, Porter oferece a mais companhia na hora de acelerar, abrindo para o tiro de três pontos, ou cortando com sua passada larga rumo ao aro. Perto da tabela sua influência cresce, devido aos braços compridos e sua energia. Características agora bem empregadas do outro lado da quadra, algo com que DeMar DeRozan certamente não contava. Além disso, seu crescimento permite que Paul Pierce jogue mais minutos como  um ala-pivô aberto e também poupa o veterano de correr atrás alas mais rápidos pelo perímetro.

Dennis Schröder, Atlanta Hawks. DeMarre Carroll ainda é bizarramente o cestinha da equipe nos playoffs. Então acaba tendo sua candidatura impugnada dessa vez, e também já passamos por sua trajetória singular aqui. Legal, pois aí sobra espaço para falar sobre um reserva que vai subindo com determinação a escadaria dos queridinhos do blog. Pode chamá-lo até de Schrödinho, que tudo bem. O armador foi vital em diversas vitórias do Hawks na temporada regular, e ainda assim tem gente que pode achar que é uma “surpresa” o que ele fez nos últimos dois jogos em Washington. É que os rapazes de Mike Budenholzer venceram tantas partidas, mesmo, no campeonato, que se corre o risco, sim, de que uma ou outra contribuição fique para trás. O sucesso fica diluído.

Sem John Wall, o Wizards perdeu não só o seu principal organizador como também uma presença física imponente na marcação. Ao lado de Jeff Teague, o alemão vai se esbaldando. Ramon Sessions e Will Bynum não conseguem acompanhá-lo. Seu perfil é diferente dos demais listados. Estamos falando de um cestinha agressivo. Quando consegue forçar a troca após o corta-luz, fica mais fácil ainda, dando voltas em torno de Marcin Gortat, Paul Pierce e mesmo de um pivô ágil como Nenê. “Fico dizendo para o Jeff: ‘Continue atacando’. E ele me diz a mesma coisa. Era uma motivação para nós. Vamos para a cesta, que eles não conseguem nos parar”, diz o armador que, vejam só, numa projeção por 36 minutos, aparece como o principal pontuador do time, com 20,1 por jogo, além das 7,8 assistências. Teague precisou esperar um tempinho até assumir o posto de titular em Atlanta. Para mim, é questão de tempo para Schrödinho ganhar o mesmo status. Mesmo que em outro clube.

Tony Allen, Memphis Grizzlies. Hã… Quer dizer… Periférico?! Por dois jogos esse sujeito tirou os Splash Brothers da linha, desarmando o ala do Golden State Warriors. Estrelou vines e clipes do YouTube sem parar ao invadir uma roda de dança das criancinhas em Oakland, desarmar Klay Thompson na maior, dizer que Curry é bonitinho, e tal, mas que não é nada que não tenha visto antes e lançado sua campanha fervorosa para o “Primeiro Time de Defesa” do Conselho de Segurança e…  Precisa de mais?

Já foi, Klay

Já foi, Klay #1stTeamAllDefense

Mas, sim, periférico. Nas vitórias do Grizzlies, Mike Conley foi o protagonista, e pudera. O sujeito mal abre o olho esquerdo direito. Acabou de passar por uma cirurgia facial, por conta de múltiplas fraturas, e ainda está disposto a encarar um Andrew Bogut e um Draymond Green lá embaixo. Eu, hein? No ataque, Gasol e Z-Bo também carregam a pecha de dupla que joga na contramão da liga, lá embaixo, com se fossem os anos 80, 90. O armador e os homens de garrafão, além do mais, jogam dos dois lados da quadra. Allen causa um impacto enorme na defesa – e sua ausência no Jogo 4, com surra do Warriors, evidenciou isso –, mas suas deficiências ofensivas foram novamente expostas por Steve Kerr no Jogo 4 contra o Warriors. Seguindo tática empregada por Gregg Popovich no ataque, o técnico ordenou que seus atletas não se incomodassem que o ala ficasse livre no perímetro. Livre, mesmo, para arremessar enquanto bem entendesse. Se consultarmos o aproveitamento de arremessos em sua carreira, faz sentido. Nos playoffs, tem acertado apenas 33,3% dos arremessos de média distância e 10% de fora.


Como o Golden State Warriors vai reagir à adversidade?
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Giancarlo Giampietro

Tony Allen, uma peste infernizando os Splash Brothers

Tony Allen, uma peste infernizando os Splash Brothers

O Golden State Warriors viveu um ano praticamente perfeito. Um técnico novo brilhante, um sistema repaginado, e a dominância da NBA.  A melhor defesa, o segundo melhor ataque, sufocando e correndo. O MVP Stephen Curry. O grande salto de Klay Thompson e Draymond Green. Um elenco versátil. Tudo isso para desembocar na melhor campanha da liga, com sete vitórias a mais que o Atlanta Hawks, com um aproveitamento de 81,7%. Não só isso, mas a sexta melhor campanha da história, ao lado de outros times históricos.

Agora, esse mundo perfeito se vê seriamente ameaçado, após duas derrotas seguidas para o Memphis Grizzlies, que se vê liderando a série pelas semifinais do Oeste ao limitar o poderoso ataque californiano a apenas 89 pontos no Jogo 3. A pauta obrigatória, então, é a seguinte: como o Warriors vai responder a tamanha adversidade? A primeira verdadeira resistência que enfrenta desde o início da temporada. “Esse é um processo de aprendizado para nós. Somos um time muito jovem”, afirma o treinador Steve Kerr. “Agora este é o nosso momento da verdade. Você tem de aprender durante os playoffs.”

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Talvez a intenção de Kerr seja dizer que seu elenco é inexperiente, não jovem de idade, uma vez que a média de idade do elenco é de 27 anos, contra 27,7 do Memphis Grizzlies. O núcleo de Stephen Curry (27), Klay Thompson (25) e Draymond Green (25) chegou a esta edição dos mata-matas com apenas três séries disputadas em 2013 e 2014. Do outro lado, o Memphis Grizzlies já tem uma base que está em seu quinto ano de competição em alto nível, com sete séries e 42 partidas na caixola. Entre tantos componentes táticos do confronto, a experiência, o emocional também faz diferença, não há como negar.

As coisas ameaçam sair, ou já saíram do controle de Curry

As coisas ameaçam sair, ou já saíram do controle de Curry

Agora fica essa dúvida sobre como esses caras vão se comportar no Jogo 4, claramente decisivo, nesta segunda-feira. Após a segunda derrota seguida, a resposta deles foi de tranquilidade. De que, obviamente, as coisas não haviam saído como queriam, mas que tinham plena capacidade de reverter o quadro e acalmar a turbulência que, sabem, já gira em torno do time, fora do vestiário. Aliás, é o que eles ouvem durante todo o campeonato, aquela de sempre: o sucesso da temporada regular vai se traduzir para os playoffs? Esse estilo de jogo pode ser vencedor? “Eles são uma equipe que só ataca com arremessos. Arremessos não dão certo. Todo esse tipo de coisa vai aparecer agora”, afirma Draymond Green, com a personalidade de sempre. “É frustrante, mas é divertido”, diz Curry.

Personalidade? Green pode ter atacado muito mal, acertando apenas uma de oito tentativas de cesta, mas ele mesmo diz que não é chutando que ele vai ajudar o Golden State a virar a série. Sua relevância maior está na defesa, na liderança e nos pequenos detalhes. Porém, no quarto período deste sábado, quando o Warriors já tentava antecipar sua reação antes de conceder mais uma derrota, o ala-pivô falhou clamorosamente.

Primeiro, invadiu o garrafão durante um lance livre cobrado por Curry, o maior arremessador desta geração. Perdiam por seis pontos, a 3min35s do fim, e cada cesta era importante. “Foi apenas uma jogada estúpida que você não pode cometer num jogo desta magnitude, e assumo toda a responsabilidade por isso, já que não fez o menor sentido. Você está falando de um cara que supostamente tem um elevado QI”, afirmou, de novo, com a mesma sagacidade de sempre. O atleta é duro ao falar sobre os outros. Não ia mudar o tratamento em uma autorreferência.

Draymond Green corre em direção a Coutrney Lee e ao turnover

Draymond Green corre em direção a Coutrney Lee e ao turnover

O problema é que, dois minutos depois, precisamente a 1min13s do fim, Green se atrapalharia novamente. O Grizzlies já não tinha Marc Gasol em quadra, excluído com seis faltas, e o placar apontava cinco pontos de diferença, com posse de bola para os veteranos. O ala-pivô saiu em disparada com a bola, driblando-a feito um maluco, na tentativa de acelerar o jogo e pegar a defesa desprevenida. Na verdade, quem não estava preparado para a transição era o próprio jogador, que deu de cara com Courtney Lee, pronto dar o bote e recuperar a bola. Um baita estrago.

E aí a gente se pergunta: o que levou Green a deslizar desta maneira? Foram dois erros bestas na conta de um jogador que, sim, continua sendo um dos mais inteligentes da liga. Talvez só mais difíceis de entender do que os três lances livres errados em quatro batidos por Klay Thompson em todo o jogo. Ou o fato de Curry ter desperdiçado também outros dois chutes em sete disparos a partir da linha. Na temporada regular, eles acertaram, respectivamente, 91,4% e 87,9%. Nos playoffs, os números despencaram para 83% e 65%. Nesse contexto, a invasão de Green fica um pouco menos grave, já que não era um ponto tão garantido assim. Nota-se um desequilíbrio do time para além dos lances livres, contudo. Nos tiros de longa distância, mesmo quando bem posicionados e se contestação, os atletas do Warriors falharam nos últimos dois jogos. Acertaram apenas 4 de 18 chutes quando estavam “totalmente livres”, segundo a medição do SportVU, o sistema que digitaliza toda a ação das partidas em cada ginásio de NBA. Quando tinham defensores entre 1,2 e 1,8 m de distância, o aproveitamento foi de apenas 4 em 16. Baixíssimo.

Então será que eles realmente estão se divertindo em quadra? Talvez simplesmente não tenha sido a melhor escolha de palavras por Curry. E outra: mesmo que estejam com a confiança abalada, o erro maior seria acusar o golpe e revelar dúvidas. Não não poderiam jamais fazer isso. Os números, por conta, já são preocupantes. O Golden State converteu neste sábado apenas 43,2% dos arremessos e 23,1% em três pontos (errando 20 de 26) – contra, respectivamente, 47,8% e 39,8% na temporada. No Jogo 2, derrota em casa,  foi ainda pior: 41,9% e 23,1%. O estrago maior acontece no primeiro tempo: segundo dados do Synergy, o time estava acertando 51,2% de seus arremessos e desperdiçando 7,3 posses de bola no primeiro tempo durante os playoffs até o sábado. Neste Jogo 3, foram 38,1% e nove erros em 24 minutos.

Reflexo, claro, da forte defesa do Memphis. Porque tem isso também: não é que o Golden State esteja se afundando contra um Minnesota Timerwolves ou, glup, um New York Knicks. Com formação completa nos playoffs – leia-se: com Mike Conley na armação –, os caras disputaram cinco jogos e ainda não perderam. Só não dá para se ater apenas ao sucesso recente, já que esse núcleo experiente somou mais de 50 vitórias nas últimas três temporadas – e que, na atual, foi por muito tempo o segundo melhor time da conferência, até perder rendimento a partir do All-Star Game. Para ser mais específico, até o dia 18 de fevereiro, o clube tinha a terceira melhor campanha da liga, com 73,6% de aproveitamento.

A identidade, sabemos todos, é fortemente vinculada aos seus pivôs e a opressão física que eles podem proporcionar, com a assessoria da tenacidade de Tony Allen (que já soma 11 roubos de bola na série e 23 nos playoffs, com mais de três por jogo nas últimas quatro rodadas) e da agilidade de Courtney no perímetro. O jogo pesado com a dupla Gasol e Z-Bo, e tal, como uma das raras exceções seguindo essa linha, ao lado do Indiana Pacers de West e Hibbert.  Para o atual campeonato, porém, Joerger também conseguiu desenvolver seu sistema ofensivo, terminando com o 13º ataque mais eficiente – sendo que até o All-Star era o 11º. Nada de outro mundo, de amedrontar oponentes, mas um avanço para quem não havia passado da 17ª colocação nas três temporadas anteriores, seja com Dave Joerger ou com Lionel Hollins.

Mas, sim, a defesa continua o ganha-pão. É a segunda melhor dos mata-matas, atrás apenas do Chicago Thibs. Contra o Warriors, vemos essa retaguarda se recompor rapidamente em transição, com muita consciência do que precisa ser feito. O vício, a força do hábito empurra os jogadores para perto da cesta, certo? Contra Curry e Thompson, você precisa desacelerar alguns metros atrás para contestar os arremessos de longa distância. A ideia é inibir a definição rápida do time que mais acelerou durante a temporada.

Uma vez contido o contragolpe, o serviço continua. Os defensores precisam povoara linha perimetral, com participação dos pivôs, aliás, já que Andrew Bogut, hoje, não representa ameaça alguma lá embaixo. Tantas lesões gravíssimas acumuladas na carreira custam muito ao australiano. Então lá está Gasol, gigante e inteligentíssimo, aparecendo numa cobertura imediata diante dos chutadores, fechando espaços e impedir infiltrações. Com menos gente agredindo com a bola, você também contém a troca de passes, ou pelo menos passes que possam liberar os arremessadores. Sem corredor e sem paciência para entender a melhor hora de atacar, o que temos é um aro amassado, mesmo. Segundo Kerr, seus atletas estão correndo, apressados, em vez de jogar com velocidade, pensando.

Para buscar a virada, é bom pensar com carinho no que aconteceu nas últimas duas partidas. Foi realmente falta de sorte na finalização? Ou tranquilidade? Stephen Curry não se mostra intimidado. “Eles tentam tirar nossas oportunidades de arremesso livre de três, seja em transição ou em meia quadra. Ainda assim, consegui me liberar e tive boas chances, o que me deixa bastante encorajado. Basta manter esses movimentos. Sei que os chutes vão cair”, afirmou o MVP da temporada. Draymond Green assegura que ninguém está surtado: “Perder duas em sequência não vai te deixar feliz. Mas, ao mesmo tempo, ninguém está abandonando o navio aqui. Ninguém está entrando em pânico e jogando a toalha”.

O Warriors sofreu duas derrotas consecutivas em três ocasiões durante sua jornada na temporada regular e, de imediato, reagiu com séries de 8, 9 e 16 triunfos. Qualquer arranque desse nível lhes colocaria na decisão da NBA, perto do título. Os playoffs, porém, são outro assunto, ainda mais enfrentando um adversário de respeito. Agora só resta saber se o aprendizado apregoado por Kerr será acelerado, para que eles possam tentar terminar a história da forma como esperavam.


Plantão médico: lista de enfermos é ameaça séria nos playoffs da NBA
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Giancarlo Giampietro

Varejão foi uma das primeiras baixas bastante relevantes da temporada

Varejão foi uma das primeiras baixas bastante relevantes da temporada

Quer uma tradição impregnada nos Playoffs da NBA? Daquelas mais desagradáveis e, ao mesmo tempo, mais importantes para a definição de um título? Que pode ter tanta influência no resultado final de um campeonato como toda a preparação, todo o refinamento tático obtido em uma looooonga temporada? A contagem de feridos. As lesões, mesmo.

E aí que você pode falar também de sorte ou azar, ainda que o trabalho de um técnico e seu estafe médico possam ajudar na prevenção delas…

Mas pegue por exemplo o caso de Tiago Splitter. O pivô foi para as finais da liga por dois anos seguidos. Pode ter dito não a Rubén Magnano em 2013, mas aceitou nova convocação no ano passado, para a Copa do Mundo. Não dá para saber o quanto a carga extra de treinos e jogos, num mês que seria de férias, deixa o atleta em uma situação mais propícia para sentir algo. O que dá para dizer, imagino, é que ajudar, não ajuda, e que o catarinense não conseguiu fazer a pré-temporada ideal, perdeu quase 20 jogos no início da campanha e demorou um tempo para entrar em forma, lidando com problemas musculares na panturrilha (uma área sempre complicada). Sem pressa, com um elenco vasto, o clube texano teve toda a precaução do mundo com ele, como de praxe. Sabemos como Gregg Popovich é extremamente consciente no uso de seus atletas. Mesmo assim, Splitter teve o azar de, a duas semanas dos mata-matas, voltar a sentir dores bem incômodas.

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(Um parêntese importante: não estou dizendo que ele não deveria ter jogado o Mundial. O pivô muito provavelmente ficaria bem irritado só com a mera insinuação, por ser daqueles que só abriu mão da seleção uma única vez, e num torneio que, convenhamos, sua presença era totalmente desnecessária. Só faço a lembrança aqui para percebermos como esse tipo de questão é muito mais complexa do que ser patriota ou fugir da raia – e de como diversos fatores interferem na caminhada de um time de NBA. Do ponto de vista do torcedor brasileiro, tudo ótimo. Agora vá perguntar para os admiradores do Spurs o que eles pensam a respeito.)

Splitter não chega inteiro para o mata-mata contra Jordan

Splitter não chega inteiro para o mata-mata contra Jordan

Por mais formidável que seja o plantel de Pop e RC Buford, talvez o mais vasto da liga, que Aron Baynes tenha comprovado suas virtudes em sua melhor temporada nos Estados Unidos (joga duro demais, bom finalizador, mas um tanto robótico, nada criativo) e que Boris Diaw tenha redescoberto em março a alegria de se jogar basquete, já deu para reparar a importância do pivô na equipe, não? Com Splitter em quadra, a defesa fica bem mais sólida, aumentando a densidade demográfica no garrafão. Algo importante para enfrentar Blake Griffin e DeAndre Jordan, por exemplo. O ataque também funciona com ele, mas sua efetividade vai depender do sistema do adversário. De qualquer forma, pergunte ao seu técnico sobre sua importância. “Gostaríamos jogar com ele o máximo que pudéssemos”, disse antes de a série contra o Clippers começar. “Mas vamos ver.”

Neste domingo, no plantão corujão, pudemos ver, então, o brasileiro em ação, pela primeira vez desde o dia 3 de abril, numa vitória arrasadora contra o Denver Nuggets, quando o Spurs dava indícios de que havia novamente potencializado toda a sua fantástica química em quadra. Com uma escalação decidida apenas no domingo mais cedo, Tiago teve seu tempo controlado: jogou por exatos 9min57s de jogo, terminando com 4 pontos, 3 rebotes e 3 faltas, além de uma assistência e um roubo de bola. Foi máximo que Popovich pôde usá-lo. Afinal, ele só havia feito um treino, e com participação limitada, em 16 dias.

Baynes atuou por 20 minutos. Diaw, por 28. Tim Duncan ficou com sua tradicional meia hora de partida. Quando o veterano foi para o banco, a equipe sentiu. Ali poderia estar Splitter tentando ao menos incomodar uma figura assustadora como DeAndre Jordan – só Andre Drummond tem hoje essa combinação de altura, envergadura, impulsão e ombros largos. Jordan descansou por menos de dez minutos. Blake, por menos de seis. Estavam quase sempre em quadra, sendo muito agressivos, combinando para 35 pontos, 26 rebotes, 7 tocos e 7 assistências. Clippers 1 a 0, com 15 pontos de vantagem.

O torcedor do Spurs, porém, não é o único a se lamentar. Longe disso. Basta pegar o celular e trocar mensagens com a galera do Trail Blazers para sentir o drama. O departamento de infográfico de qualquer emissora de TV precisa estar muito atento nos jogos entre Portland e Memphis. A lista de enfermos é gigante, sempre com o risco de se adicionar mais um – ou de ter atualizar o status deles. Na série Rockets x Mavericks, teve atleta que precisou até mesmo calçar um tênis de numeração maior que a sua para devido a um inchaço no dedão.

E aí? Não há como negar que a temporada de 82 jogos causa um desgaste absurdo. Por mais que os atletas viagem em voos fretados, com acentos personalizados. Por mais que possam pagar um estafe médico e de preparação física por conta própria. Há um limite que o corpo pode aguentar. Dia desses, Rafael Uehara, que já deu sua contribuição valiosa aqui no VinteUm, destacou no Twitter uma passagem interessante no livro Soccernomics, sobre como o excesso de jogos do futebol inglês impede que a seleção do país faça boas campanhas em seus torneios. É uma declaração de Daniele Tognaccini, chefe do departamento atlético do Milan Lab, explicando o que acontece quando um jogador de futebol tem de disputar 60 partidas em um ano: ‘O nível de performance não é otimizado. O risco de lesão é muito alto. Podemos dizer que o risco de lesão em um jogo, depois de uma semana de treino, é de 10%. Se você joga a cada dois dias, o risco cresce para 30 a 40%. Se você joga quatro ou cinco partidas seguidas sem a recuperação certa, o risco de lesão é incrível. A probabilidade de você ter uma performance abaixo de sua capacidade é muito alta”.

Um gráfico que The OC Register preparou na temporada passada para mostrar todas as lesões que Kobe havia sofrido em sua carreira até então

Um gráfico que The OC Register preparou na temporada passada para mostrar todas as lesões que Kobe havia sofrido em sua carreira até então

Agora tente traduzir essa declaração para o mundo da NBA. O jogo de futebol pode ter maior duração (90 minutos x 48), mas vá falar para um ala do basquete ficar encostado na ponta direita da quadra, na sombra, esperando que seus quatro companheiros protejam a cesta do outro lado… Quer dizer: é difícil de dimensionar quais os cálculos que Tognaccini faria. O comissário Adam Silver sabe disso. Tanto que, em sua coletiva após a última reunião com os proprietários de clubes, afirmou que há uma preocupação (enfim!) séria em reduzir os famigerados back-to-back (dois jogos em duas noites consecutivas) e as semanas de quatro partidas em cinco dias.

Pensando nisso, segue a relação dos lesionados. Ou, pelo menos: dos atletas oficialmente lesionados. Aqueles que os clubes se sentem obrigados a informar. Inúmeras ocorrências não vêm a público, como Serge Ibaka nos explicaem uma entrevista bem bacana ao HoopsHype: “Veja, há muitas pessoas, torcedores e aqueles não estão dentro do time, que não sabem o que se passa. Você ouve gente falando que tal cara não está jogando bem. Mas eles não sabem o que está acontecendo. Posso dizer a você o que aconteceu comigo, por exemplo. Meu tornozelo estava doendo a temporada inteira. As costas também. Não é que eu tenha me lesionado apenas no final, que é o que todo mundo sabe. Eu machuquei meu tornozelo jogando com a seleção (espanhola, na Copa do Mundo…) durante o verão, e ele ficou ruim o tempo todo. Tive de tomar pílulas para poder jogar sem dor. Não sou só eu. Muitos dos meus companheiros passaram pelo mesmo problema”.

Também juntei aqui um ou outro caso de atletas que acusaram problemas em quadra ou em entrevistas, ainda que não tenham sido afastados. Sim, a temporada é desgastante demais, e suas consequências podem ser graves:

Atlanta Hawks
Thabo Sefolosha: o ala suíço está fora da temporada devido a uma fratura na perna causada por ação de policiais em uma casa noturna nova-iorquina – sim, essa não teve nada a ver com a quadra. A diretora executiva do sindicato dos jogadores, Michele Roberts, está em cima do caso, cheia de suspeitas. Sem o suíço, Kent Bazemore vai receber minutos importantes numa equipe de playoff pela primeira vez, com a missão de sustentar uma forte defesa no perímetro quando DeMarre Carroll for para o banco. Sefolosha era o nome ideal para a função.

Al Horford e um dedinho

Al Horford e um dedinho

Paul Millsap: jogando com uma camisa que faz compressão, além de uma proteção no ombro direito, depois de sofrer uma torção em jogo contra o Brooklyn Nets, na reta final da temporada. Mike Budenholzer ao menos respirou aliviado, por não ser algo mais grave. De qualquer modo, para um ala-pivô, não é nada legal jogar com o ombro dolorido. Pense nos movimentos que ele precisa executar em quadra.

Mike Scott: o ala perdeu 11 jogos em março devido a uma bipartição e uma torção aguda no osso sesamóide do pé direito. Não, não foi uma fratura. Voltou em abril e sentiu uma contusão nas costas, perdendo treinamentos e mais uma partida.

Al Horford: essa aconteceu na primeira partida da série contra o Nets, mesmo. Coisa de jogo, com o dedinho da mão direita virando para o lado contrário. Não houve fratura, só um deslocamento.

Boston Celtics
– A rotação vasta de Brad Stevens parece render benefícios: seus atletas simplesmente não constam no prontuário médico recente da liga.

Brooklyn Nets
Bem… Deron Williams e Joe Johnson parecem jogar machucados o tempo todo, não?

Mirza Teletovic: considerando a gravidade de sua questão médica, ao ser afastado por conta de uma embolia pulmonar, ter o bósnio de volta aos treinos é uma excelente notícia, na verdade. Mas ele ainda não está liberado para jogar. Já o ala Sergey Karasev está fora de vez, com uma lesão no joelho.

Mirza Teletovic: recuperado de embolia pulmonar

Mirza Teletovic: recuperado de embolia pulmonar

Alan Anderson: o ala-armador reserva perdeu sete partidas em abril devido a uma torção de tornozelo.

Chicago Bulls
Derrick Rose, vocês lembram, passou por mais uma cirurgia no joelho, dessa vez por causa de uma ruptura no menisco, e perdeu 20 partidas entre março e abril. Na primeira partida da série contra o Bucks, jogou demais, e era como se a torcida de Chicago vivesse um sonho. Rose pode ser uma influência para lá de positiva para a equipe. Só é preciso evitar a armadilha de pôr muita responsabilidade nas costas de um atleta que sofreu tanto nas últimas temporadas.

Kirk Hinrich sofreu uma hiperextensão no seu joelho esquerdo na última semana do calendário regular. Há quem despreze tanto o veterano (um cara ainda muito útil na defesa), que essa ausência pode ser até comemorada.

Taj Gibson sofreu um estiramento no joelho direito no primeiro duelo com o Bucks. Por sorte, Nikola Mirotic está pronto para receber mais e mais minutos, no caso de o excepcional defensor estiver abalado.

Joakim Noah, para variar, joga com uma tendinite no joelho esquerdo.

Chicago: adoração e apreensão pela dupla

Chicago: adoração e apreensão pela dupla

Cleveland Cavaliers
– Anderson Varejão
só poderá torcer por seus companheiros, em recuperação de uma cirurgia para reparar o tendão de Aquiles.

Kevin Love (principalmente) e LeBron James foram poupados de treinos e jogos durante todo o campeonato devido a dores nas costas.

Dallas Mavericks
– Chandler Parsons está com uma joelheira direita mais larga que a coxa de Karl Malone. Vem enfrentando inchaço e dores daquelas. Na primeira partida, precisou sair de quadra e ir para o vestiário para receber tratamento. O Mavs precisa de suas habilidades ofensivas, especialmente o arremesso de longa distância, para abrir a quadra para infiltrações de Rondo e Ellis.

Parsons explica a Mark Cuban como está difícil jogar contra o ex-time em Houston

Parsons explica a Mark Cuban como está difícil jogar contra o ex-time em Houston

Devin Harris: o inchaço é no dedão do pé esquerdo. Está tão inchado que o armador reserva enfrentou o Rockets no sábado usando um tênis maior na canhota, para tentar aliviar o desconforto. Sim, é verdade.

Golden State Warriors
David Lee: fora do início da série contra o Pelicans devido a um estiramento muscular nas costas. E ninguém parece nem reparar, tamanho o crescimento de Draymond Green.

Houston Rockets
– Uma ruptura nos ligamentos do pulso esquerdo tirou o armador e excelente defensor Patrick Beverley da temporada. Quem também não joga mais pela equipe nesta jornada é o ala-pivô lituano Donatas Motiejunas, devido a uma lesão nas costas. Duas peças que ganhariam bons minutos. Beverley é um dos melhores marcadores em sua posição, jogando com uma energia descomunal, enquanto Motijeunas ofereceria uma referência no jogo interior mais segura que Josh Smith e Terrence Jones, para os momentos em que Howard for para o banco.

Terrence Jones levou uma joelhada de Kenneth Faried nas costelas em duelo com o Denver Nuggets em março e teve uma perfuração no pulmão. É o mesmo ala-pivô que mal jogou em novembro e dezembro por conta de um problema nevrálgico nas pernas.

Dwight Howard parou por cerca de dois meses para tratar de uma lesão no joelho direito, embora não houvesse nenhuma lesão estrutural. Ainda não está 100%, e seus minutos são vigiados até hoje por Kevin McHale.

– O ala novato KJ McDaniels tem uma lesão no cotovelo, mas dificilmente iria jogar, mesmo.

Los Angeles Clippers
Também está no grupo dos times menos abalados no momento. Jamal Crawford, com uma lesão na panturrilha, era quem mais preocupava, mas parece devidamente recuperado. Blake Griffin também não dá sinais de que sinta algo no cotovelo

Memphis Grizzlies
– Mike Conley Jr.:
ultimamente, só se fala de sua fascite plantar no pé esquerdo, com inflamação e dores, que quase não se comenta o fato de ele também estar jogando com dores no pulso esquerdo durante quase todo o campeonato. “Não acho que vou estar nem perto de 100%, mas nunca pensei que perderia um jogo de playoffs”, afirmou, antes da estreia contra o Blazers. Beno Udrih fez uma bela temporada, mas a equipe precisa demais de seu armador titular, pela defesa e a liderança.

Tony Allen: o pitbull da equipe ficou fora das últimas dez partidas da temporada regular por conta de uma lesão na coxa. Retornou contra Portland e jogou por 25 minutos, ao menos. Está aqui o caso de um atleta que precisa estar bem fisicamente para render (pressionando os adversários de um modo sufocante, não importando a altura e o currículo deles), uma vez que sua habilidade com a bola deixa a desejar.

Marc Gasol sofreu uma torção de tornozelo na penúltima partida da temporada, mas não parece nada grave.

Milwaukee Bucks
Considerado um sério candidato ao prêmio de novato do ano, o ala Jabari Parker teve sua primeira temporada abreviada em dezembro por uma ruptura no ligamento colateral do joelho esquerdo. Khris Middleton aproveitou essa brecha, mas, para o futuro da franquia, é uma pena o atraso no desenvolvimento do número dois do Draft.

A proteção no dedinho esquerdo do Monocelha: nada muito grave, mas incomoda

A proteção no dedinho esquerdo do Monocelha: nada muito grave, mas incomoda

New Orleans Pelicans
Tyreke Evans, um cara que depende muito de seu arranque para a cesta, sofreu uma pancada no joelho esquerdo no primeiro jogo contra o Warriors e foi para o segundo duelo no sacrifício. Talvez tivesse minutos controlados, mas Jrue Holiday não retornou bem de uma reação por estresse na perna direita que o afastou por metade do campeonato.

Anthony Davis está jogando com o dedinho da mão esquerda protegido, depois de tê-lo deslocado. Aparentemente algo simples? Bem, no primeiro jogo ele estava segurando a mão sem parar, claramente desconfortável.

Portland Trail Blazers
Wesley Matthews ficou fora de combate, após uma ruptura no tendão de Aquiles. Recuperado de cirurgia, tenta dar apoio moral aos parceiros no banco de reservas. Arron Afflalo, aquele que seria seu substituto, sofreu um estiramento no ombro em jogo contra o Warriors, no dia 9 de abril. Está fazendo treinos leves e pode retornar no segundo ou no terceiro jogo da série.

LaMarcus Aldridge está jogando desde janeiro com um tendão da mão esquerda rompido. Precisa de cirurgia.

Dorell Wright sofreu uma fratura na mão esquerda no início de abril também, em derrota para o Clippers. Só poderá jogar em maio, se o time estiver em atividade até lá.

Arron Afflalo mal chegou e também se contundiu

Arron Afflalo mal chegou e também se contundiu

– Como se não bastasse, Nicolas Batum (numa temporada para se esquecer) e CJ McCollum (o jovem ala-armador que estava começando a engrenar), se contundiram em jogo contra OKC no dia 13. O problema do francês foi no joelho direito, enquanto McCollum torceu o tornozelo esquerdo.

– Sim, tem mais um: Chris Kaman, limitado por contusão nas costas. E uma temporada que se desenhava muito promissora… ficou complicada demais.

San Antonio Spurs
Tony Parker sofreu uma torção de tornozelo no primeiro jogo contra o Clippers. Teve uma campanha bem fraca para os seus padrões ao lidar com lesão e dores na coxa.

– Sobre Splitter, já falamos o bastante.

Toronto Raptors
– Kyle Lowry mal consegue parar em pé esses dias sem colocar a mão nas costas. É sempre um problema quando o jogador acusa dores ali. Inicialmente, os médicos na metrópole canadense não se mostravam preocupados. Três semanas depois, Dwane Casey já estava dizendo que ele não teria condição de jogar nem se já tivessem chegado aos playoffs. Foi afastado por nove partidas e, quando retornou, definitivamente não era mais o mesmo, acertando apenas 34,4% de seus arremessos nas últimas quatro rodadas, embora a pontaria de três pontos tenha sido elevada em relação a sua média.

Washington Wizards
Para fechar, outro time que está abaixo da média em termos de uso de medicamento. Até mesmo Nenê parece estar bem, na medida do possível.


Os playoffs começaram! Panorama da Conferência Oeste
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Giancarlo Giampietro

Se for para comparar com a outra metade da liga, a Conferência Oeste ainda é uma dureza que só. A perspectiva é de séries muito mais equilibradas daqui. Acontece que o nível talvez não seja o mais elevado, especialmente se formos comparar com o que muitos desses times estavam fazendo há dois ou três meses. As lesões interferiram bastante. Hoje, o Golden State Warriors desponta mais favorito do que nunca, especialmente pelo fato de o San Antonio Spurs ter perdido o mando de quadra na primeira (e na segunda rodada), sobrando ainda com o lado mais complicado da chave. A equipe de Gregg Popovich fechou a temporada regular em alta, mas vai precisar fazer uma campanha memorável para alcançar a final da liga pelo terceiro ano seguido, em busca de seu primeiro bicampeonato.

NBA: San Antonio Spurs at Los Angeles Clippers

Não poderia ter ficado para mais tarde?

Palpites, que é o que vocês mais querem
Warriors em 4: o time californiano tem o melhor ataque, a melhor defesa e mais experiência. Pode ser que o Monocelha consiga uma vitória em casa, mas…
Rockets em 7: dependendo sempre do joelho e das costas de Dwight Howard. O Dallas está em crise existencial, Dirk envelheceu, mas Carlisle tem truques.
Spurs em 6: é o que o Monocelha aprontou na última rodada. O elenco mais vasto de San Antonio e a defesa de Kawhi em CP3 fazem a diferença.
Grizzlies em 7: a série que mais depende dos médicos do que de qualquer outra coisa; o mando na Grindhouse joga a favor de Marc e Z-Bo

Números
47,7% –
O percentual de acerto de Chris Paul nos arremessos a partir do drible (pull up shooting), liderando toda a liga. Fiz o filtro com uma média de ao menos cinco tentativas por jogo, para deixar claro que esse recurso realmente faz parte de seu repertório. CP3 tenta em média 9,7 por jogo. Tony Parker vem atrás, praticamente num empate técnico com Stephen Curry. Agora, se você for falar de chutes a partir do drible de longa distância, com um mínimo de duas tentativas por jogo, Curry sobe para segundo, com incríveis 42,3%, perdendo somente para Isaiah Canaan, do Philadelphia. Se for para filtrar com um mínimo de quatro tentativas, apenas o craque do Warriors se qualificaria. : )

41,4% – O percentual de arremesso que Andrew Bogut permite ao seus adversários nas imediações do aro. É a terceira menor marca da temporada, atrás de Rudy Gobert e Serge Ibaka, logo acima de Roy Hibbert, Derrick Favors, LaMarcus Aldridge e Nerlens Noel. Mostra o quanto o australiano sabe usar seu tamanho, se posicionando muito bem, para compensar a movimentação lateral bem reduzida e a impulsão quase zero. Claro que há outros fatores que influenciam essa contagem também: há ajuda de marcação dupla? Como os oponentes chegam ao aro? Estão equilibrados? Estão rodeados por bons arremessadores? Mas, enfim, é um dado que comprova a eficiência do antigo número um do Draft na proteção de cesta.

Ao ataque, Harden

Ao ataque, Harden

14,3 O total de pontos por partida que James Harden gera o Houston Rockets em suas infiltrações, seja com suas próprias finalizações, em assistências ou em lances livres. Na temporada regular, apenas Reggie Jackson, contando apenas seu desempenho pelo Detroit Pistons, gerou mais pontos no ato de bater para a cesta. O interessante é notar Stephen Curry logo abaixo do barbudo, com 12,0 pontos em média. Ou seja: um atacante completo, não apenas um chutador.

+7,5 O saldo de pontos do quinteto titular do Clippers na temporada, quando completo em quadra. Essa é a melhor marca da liga, acima de Cavs, Hawks e Warriors – pelo menos entre os quintetos que jogaram um mínimo de 30 partidas. Quando Jamal Crawford entra nas alas, na vaga de Redick ou Barnes, o time ainda rende muito bem, com as 15ª e 16ª melhores marcas. Nos playoffs, com maior tempo de descanso e numa última arrancada, Doc Rivers vai poder  limitar os minutos de seu banco. Mas uma hora Spencer Hawes, Glen Davis e/ou seu filho vão precisar entrar em quadra. Aí que seu péssimo trabalho como dirigente deverá ser exposto.

7,2 – na soma de todos os deslocamentos de um jogador pela quadra, a SportVU consegue calcular sua velocidade média em quadra – o que não quer dizer que eles sejam os mais velozes de uma ponta a ponta de quadra. Patty Mills, armador reserva do Spurs, é o que aparece com a maior média, com 7,2 km/h. Um dado muito curioso: Cory Joseph, justamente como quem o australiano briga por minutos na rotação do Coach Pop, é o segundo. E quer saber do que mais? Tony Parker, o titular da posição, é o quinto no ranking. Se você quer se candidatar a armador em San Antonio, sabe que vai ter de correr muito…

Os brasileiros
Leandrinho vai ganhar seus minutos aqui e ali pelo Warriors, dependendo do andamento das partidas. Se a pedida de Steve Kerr for mais fogo no ataque, o ligeirinho será acionado – e ainda tem a velocidade e, especialmente, a experiência para entrar em quadra nesse tipo de situação. Nos jogos que se pedir mais defesa, Shaun Livingston deve ficar mais tempo em quadra (não sei se confiará em Justin Holiday). Em San Antonio, a grande interrogação rumo aos playoffs gira em torno da panturrilha de Tiago Splitter. O pivô catarinense teve o início e o final de temporada atrapalhados devido a dores na panturrilha direita. Por isso, foi poupado dos últimos cinco jogos, depois de ter perdido 19 dos primeiros 20. Gregg Popovich já afirmou que usar de toda a precaução possível com Splitter, admitindo até mesmo a possibilidade de ele ficar fora de algumas partidas dos playoffs. Isso foi antes de saber que teria o Clippers pela frente. Aron Baynes pode trombar com DeAndre Jordan, assim como Jeff Ayres. Mas nenhum deles tem a inteligência e a capacidade defensiva do brasileiro.

Splitter vai conseguir sair do banco para combater DeAndre?

Splitter vai ser liberado para sair do banco e combater DeAndre?

Alguns duelos interessantes
Anthony Davis x Andrew Bogut: a tendência é que o Pelicans precise limitar os minutos de Omer Asik, para dar conta de correr atrás dos velozes e versáteis atletas do Warriors. É até melhor: se Davis ficasse com Draymond Green, precisaria flutuar muito longe da cesta e ficar de certa forma alienado na defesa. Dante Cunningham pode assumir essa, e aí teríamos toda a vitalidade e explosão física do Monocelha contra um gigante cerebral como Bogut. O que tem mais apelo aqui é o embate no ataque de New Orleans, com as investidas de frente para a cesta do candidato a MVP, que será testado pelas contestações (e, especialmente, as bordoadas) do australiano.

Terrence Jones x Dirk Nowitzki: Rick Carlisle seguiu a cartilha de Gregg Popovich e controlou o tempo de quadra do craque alemão durante a temporada. O alemão de fato chega, na medida do possível, descansado para a fase decisiva. Mas o quanto ele pode render esses dias? Sua mobilidade parece já bem reduzida. No ataque, seu arremesso ainda é uma arma a ser temida, tudo bem. O problema é a defesa, ficando muito vulnerável aos ataques frontais de Jones, um oponente jovem, atlético e de personalidade. Josh Smith também pode se aproveitar disso. O pior: Tyson Chandler já vai estar ocupado com Dwight Howard, sem poder dar tanta cobertura como de praxe. Mesmo que consiga pará-los no garrafão, ambos os alas-pivôs têm boa visão de quadra e podem municiar os arremessadores da equipe.

Terrence Jones tem uma lenda com quem duelar

Terrence Jones tem uma lenda com quem duelar

Tony Parker x Chris Paul: creio que Kawhi Leonard e Danny Green vão alternar na tentativa de contenção do armador do Clippers, deixando Parker com Matt Barnes, que é muito mais alto, mas não tem autonomia e talento para colocar a bola no chão e criar em situações específicas de mano a mano. A importância do francês vai ser para desgastar seu adversário do outro lado da quadra. Precisa atacar, atacar e atacar, movimentando-se com e sem a bola. Paul jogou uma de suas melhores temporadas, é forte e sabe que o tempo já está passando. Mas não tem muita ajuda do banco e pode ser levado ao limite.

LaMarcus Aldridge x Marc Gasol/Zach Randolph: aqui há diversas possibilidades. Z-Bo precisa cuidar de Robin Lopez, que pode ser consideravelmente menos talentoso que seu irmão gêmeo no ataque, mas ainda causa problemas perto da tabela e tem um bom chute de média distância. Digo: Randolph será requisitado na defesa perto da tabela e não apenas na proteção de rebotes. De qualquer forma, é provável que o espanhol fique, mesmo, com Aldridge, mesmo que a estrela do Blazers jogue afastada do garrafão, apostando no seu arremesso. Em geral, Gasol tem feito um bom trabalho contra seu companheiro de All-Star, que tem um aproveitamento de quadra de apenas 43% nas últimas três temporadas contra Memphis. Do outro lado, porém, imagino que Portland também prefira deixar Lopez com Randolph, que tem um jogo muito mais físico e poderia cansar Aldridge. As partidas são longas e um pivô vai se ver com o outro em algum momento.

Ranking de torcidas
1 – Warriors. Além de todo o talento que Steve Kerr tem em seu elenco, há uma outra razão para o fato de o Golden State só ter perdido duas partidas em casa durante a temporada regular. Essa galera sabe fazer barulho e esperou por anos e anos para que o clube voltasse a ser competitivo. O único risco aqui é o fator ‘modinha’. De ter gente muito mais interessada em festa do que no jogo dentro do ginásio num jogo importante.

Curry rege uma torcida fanática, que agora pode soltar a voz

Curry rege uma torcida fanática, que agora pode soltar a voz

2 – San Antonio. Até mesmo ranquear torcidas na Conferência Oeste é complicado. O clima nos jogos do Spurs também é de euforia. Além disso, de tantas batalhas que esses caras viram nos últimos anos, são aqueles que mais cultura e sapiência adquiriram, entendendo os momentos críticos para ajudar seu time, um esquadrão que briga pelo título há mais de 15 anos

3 – Portland. O Blazers é o time da cidade – uma situação rara nas sedes da NBA. Historicamente, Portland estaria acima tanto de Memphis como Oakland com a arenas mais complicada de se jogar. Hoje, porém, creio que os dois times acima vivam momentos mais especiais. No fim, até mesmo ranquear as torcidas é algo complicado de se fazer no Oeste (vide logo abaixo). Então usei como critério de desempate o recorde como anfitrião nesta temporada.

4 – Memphis. A sinergia entre o time e seu público é praticamente incomparável. Jogadores e torcedores querem moer a alma do adversário. (Sim, uma frase que, isolada no vácuo, não faz sentido algum, mas a linguagem esportiva nos permite certas liberdades, né?)

Antes de moer, eles podem tostar também

Antes de moer, eles podem tostar também

5 – Houston. Eles ainda se lembram do bicampeonato de 94 e 95. Querem mais e já abraçaram James Harden e seu jogo metódico.

6 – Dallas. Tudo vai depender de Nowitzki. Se o alemão esquentar a mão, a torcida vai explodir, inevitavelmente. Nesta temporada, porém, tiveram a pior campanha como anfitriões entre todos os oito classificados do Oeste.

7 – Nova Orleans. Eles vão estar empolgados pela primeira participação nos playoffs nessa fase da franquia. Até por isso, tudo é muito novo. Mais: já puderam celebrar bastante na última rodada da temporada regular e dá para imaginar casos e casos de  garotos confusos por lá: mas a gente não era o Hornets?

8 – Clippers. O Staples Center roxo e amarelo é uma coisa. O vermelho, branco e azul, outra – Billy Cristal sabe disso. Tirando Milwaukee, pela proximidade a Chicago, é o único ginásio em todo estes playoffs em que será possível escutar gritos pelo time ou por um jogador adversário. Isso incomoda até mesmo os astros da equipe.

Meu malvado favorito: Draymond Green. O ala-pivô do Warriors batalha perto da cesta, se movimenta bem pelo perímetro, procura o contato e fala bastante. Fala muito como diria o outro. As provocações são automáticas. Some tudo isso, e você tem uma atitude que invariavelmente chama a atenção/desperta a ira das torcidas adversárias. É o tipo de jogador que você adora ter ao seu lado e odeia enfrentar. Por isso, quando virar agente livre ao final do campeonato, Green será bastante cobiçado. Mas é impossível imaginar que o time californiano vá deixá-lo sair.


Prepare-se para uma noite insana de NBA. A temporada chega ao fim
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Giancarlo Giampietro

Não vai rolar de ter o Monocelha e o Wess nos playoffs

Não vai rolar de ter o Monocelha e o Wess nos playoffs

É raro, mas a NBA chega a sua última rodada nesta quarta-feira com uma boa carga de emoção para ser despejada na sua televisão – ou computador. Temos duas vagas de playoffs em aberto, uma em cada conferência, e também todo um estratégico posicionamento dos oito primeiros colocados para ser definido. Segue aqui, então, um guia básico do que esperar na saideira e mais algumas notinhas sobre esse desfecho de temporada. Se der tempo, e tem de dar, atualizo isso aqui mais tarde.

Critérios, critérios
Com tantas disputas equilibradas e a possibilidade de empate na classificação geral, o mais importante talvez seja ter em mente quais são os fatores que ordenam a tabela em caso de campanhas iguais. Preparado para copiar e colar?

1) Um campeão da divisão fica acima de outro time que não esteja no topo da sua divisão.
2) Confronto direto entre os envolvidos no empate.
3) Melhor campanha contra times de sua própria divisão (desde que os times sejam da mesma divisão).
4) Melhor campanha contra times da própria conferência.
5) Melhor campanha contra times dos playoffs da própria conferência.
6) Melhor campanha contra times dos playoffs da outra conferência.
7) Melhor saldo de pontos em toda a temporada

PS: no caso de empate tríplice ou quádruplo – e, glup, até isso foi possível um dia! –, os critérios são os mesmos, excluindo apenas o sexto.

O que tem de mais dramático?
A disputa pelo oitavo lugar tanto do Oeste quanto do Leste, claro.

Paul George tenta retornar aos playoffs, de última hora. Revanche contra Atlanta?

Paul George tenta retornar aos playoffs, de última hora. Revanche contra Atlanta?

Do lado do Atlântico, o Boston Celtics já tinha sua vaga certa desde segunda-feira. Nesta terça, ao vencer o Toronto Raptors com uma cesta no fim de Jae Crowder, assegurou que vai ficar em sétimo, agendando encontro com os LeBrons de Cleveland. Na terça, também tivemos o emocionante (ou quase) duelo entre Indiana Pacers e Washington Wizards, com triunfo do Pacers. Um triunfo que eliminou de vez o Miami Heat, atual tetracampeão da conferência. É apenas a segunda vez que Dwyane Wade não participa dos mata-matas em toda a sua carreira. Desde 2003.

O valente Pacers, então, está no páreo contra o Brooklyn Nets, tendo uma vitória a mais. Ambos vão para a quadra nesta quarta. Os rapazes eleitos por Larry Bird vão enfrentar o combalido Memphis Grizzlies, que ainda tentam uma boa posição para os mata-matas. Já o Brooklyn Basketball tem pela frente a garotada do Orlando Magic. Supostamente, a vida dos Nyets é mais fácil, né? Lembrem-se apenas que estamos falando de um time com 37 vitórias e 44 derrotas. Nada é fácil para esses caras.

Quer saber da ironia aqui? Lionel Hollins depende de uma vitória de sua ex-equipe, o Grizzlies, e de seu ex-assistente, Dave Joerger, com quem hoje não mantém das melhores relações. Caso o Indiana vença, está dentro. Se perder, precisa torcer para Elfrid Payton, Nik Vucevic etc., uma vez que o time nova-iorquino conta com a vantagem no desempate por confronto direto.

(Sobre a vitória do Pacers em dupla prorrogação contra o Wizards? Nas palavras de Charles Barkley, foi “o jogo mais entediante sob essas condições na história da NBA”. O placar? Um singelo 99 a 97. Segundo Ben Golliver, da Sports Illustrated, o mínimo que uma equipe havia marcado até esta terça-feira em 58 minutos de basquete eram 107 pontos. Afe. Então tem isso: a briga de Indy está sendo bonita, considerando tudo o que  os caras enfrentaram na temporada, mas ainda estamos falando de um time bastante limitado, que, numa conferência minimamente mais competitiva, estaria fora há tempos.)

Do outro lado do país, temos a briga de foice entre New Orleans Pelicas (hoje em vantagem também devido ao retrospecto no duelo) e Oklahoma City Thunder. Quer dizer: a NBA vai ficar sem Anthony Davis ou Russell Westbrook nos mata-matas para classificar um time capenga do Leste. Detalhe: estivessem na conferência concorrente, tanto Monocelha como Wess veriam seus times posicionados no sexto lugar. Mesmo um Phoenix Suns em plena decadência e o emergente Utah Jazz levariam a melhor. É demais.

O Pelicans é aquele que tem a missão mais difícil da noite, precisando se virar contra o San Antonio Spurs. Ao que tudo indica, Gregg Popovich não vai poupar ninguém, querendo garantir a segunda posição do Oeste – o que não só rende mando de quadra nas duas primeiras rodadas como serve para evitar o Golden State Warriors até uma eventual final de conferência. Já OKC enfrenta a versão fraldinha e D-Leaguer do Minnesota Timberwolves, com Andrew Wiggins e Zach LaVine dominando a bola, escoltados por Justin Hamilton, Lorenzo Brown e afins.

Westbrook depende de uma vitória própria e um triunfo do Spurs. Só não perguntem a ele se ele vai torcer por San Antonio:

E o que mais?
Falta definir o emparelhamento dos playoffs. De garantido, no Oeste, temos: Golden State Warriors primeiro, Portland Trail Blazers quarto e Dallas Mavericks sétimo. E só.

(Dando um tempo para você rir, enquanto assimila a informação…)

Pronto, deu, né?

Faça chuva ou faça sol, o Blazers de LaMarcus entrará nos playoffs em quarto – mas sem mando de quadra

Faça chuva ou faça sol, o Blazers de LaMarcus entrará nos playoffs em quarto – mas sem mando de quadra

O Los Angeles Clippers ocupa hoje a segunda posição da conferência, tendo concluído sua campanha já com 56 vitórias e 26 derrotas, mas precisa esperar o desfecho da rodada. O certo é que, no mínimo, o novo primo rico angelino fica em terceiro. Caso o San Antonio Spurs vença, assume a vice-liderança. Se ambos os texanos vencerem, o Rockets fica em quarto, com o Memphis Grizzlies em quinto. O Rockets pode, porém, passar seu rival texano, dependendo de um tropeço deles contra o Pelicans, subindo para segundo – superando o Clippers por ser campeão de Divisão. Já o Grizzlies torce contra a dupla texana, mesmo, por levar a melhor no desempate contra ambos, podendo subir para terceiro, abaixo de LAC.

Isso, claro, desde que todos esses times pretendam realmente ficar o mais alto possível na tabela. Com tantas lesões que abalam a rotação de Stotts em Portland, de McHale em Houston e de Joerger em Memphis, não duvido que um time ou outro “escolha” o adversário. Enfim. É tudo muito complicado e talvez nem dê para optar por nada. Peguem o Spurs por exemplo: o time cai para terceiro se perder e o Rockets também. Fica em quinto se perder, Rockets vencer e Grizzlies perder. E termina em sexto se perder e os outros dois triunfarem. Vai arriscar o quê?

O posicionamento do Blazers em quarto volta a levantar a discussão em torno da importância dos títulos de Divisão. A organização ainda procura dar valor para isso – jogadores, técnicos, dirigentes e a comunidade em geral parecem que não. E aí temos o único representante do Noroeste garantido nos playoffs em uma situação confortável. Se fosse ranqueado apenas por seus resultados, o time estaria em sexto. Ainda com uma bela campanha de 51 ou 52 vitórias, mas abaixo dos demais concorrentes. Por ter faturado sua Divisão, se posiciona obrigatoriamente entre os quatro cabeças-de-chave – mesmo que não tenha mando de quadra na primeira rodada, já que tem aproveitamento pior que o de Spurs, Rockets e Grizzlies, independentemente do desfecho nesta quarta. Dá para entender? Claro que não. Sua única vantagem é escapar de um confronto logo de cara com os dois primeiros da conferência. Que puxa.

No Leste, as coisas são mais simples: Atlanta em primeiro, Cleveland em segundo, Washington em quinto, Milwaukee em sexto, Boston em sétimo. A terceira posição fica entre Chicago ou Toronto, com o Bulls dependendo apenas de seus esforços – ou de uma derrota do clube canadense. Se perderem, o Raptors garante o terceiro lugar no desempate por ter vencido a Divisão Atlântico desde o início de dezembro. Mas também fica a dúvida: para o Bulls, que se julga candidato ao título, qual caminho é o menos desagradável: ficar na chave de Hawks ou Cavs? Para o Raptors, a impressão é que eles adorariam enfrentar o Wizards, um time que conseguiu domar durante a temporada.

Intocáveis, ou quase
Sim, foi uma conferência novamente brutal. No geral, os times do Oeste tiveram aproveitamento de 58,4% contra os do Leste, com 262 vitórias e 187 derrotas. Por outro lado, muitos de seus supertimes perderam um pouco de fôlego nessa reta final de temporada devido ao excesso de lesões.

Wesley Matthews, Patrick Beverley e Donatas Motiejunas estão definitivamente fora da temporada. Arron Afflalo pode perder uma semana de playoff, ou até mais, dependendo da recuperação. LaMarcus Aldridge já deveria ter feito uma cirurgia por conta de uma ruptura de tendão na mão direita. Se OKC passar, não terá Kevin Durant, enquanto um eventual retorno de Serge Ibaka ainda é um mistério. Fosse início de temporada, com dores no tornozelo e no pulso, Mike Conley Jr. não estaria jogando. Marc Gasol torceu o tornozelo há duas partidas. Tiago Splitter voltou a sentir a panturrilha, ainda que, segundo o Spurs, não é nada grave. Chandler Parsos está novamente fora de ação, com problemas no joelho – também há gente que assegura que o vestiário do Mavs está, hã, fraturado. Do Clippers a gente nem fala, pois é como se Doc Rivers tivesse um banco inteiro de gente lesionada – “só que não”. Apenas o Golden State Warriors parece intactos (ao menos oficialmente intactos).

(Sud)Oeste selvagem
Agora, se a gente for usar uma lupa para observar o desfecho da temporada e o desequilíbrio interconferências, é para notar na hora que a grande responsável pelo desnível na balança é a pesadíssima Divisão Sudoeste. Se os Monocelhas vencerem nesta quarta, os cinco times dessa divisão estarão nos playoffs. Algo que não acontece desde 2006 (Divisão Central), restando duas vaguinhas para a do Pacífico (Warriors, Clippers) e uma para a do Noroeste. Coisa de louco.  No geral, contra o Leste, os times quinteto sustentou um aproveitamento de 68,5% – e 60,5% contra os irmãos do Oeste.