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Arquivo : Granger

Ano novo, vida nova? As figuras da NBA que pedem uma virada
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Giancarlo Giampietro

Danny Granger, agora feliz do outro lado, em Miami

Danny Granger, agora feliz do outro lado, em Miami

Para muitos, a carreira de Danny Granger já estava encerrada. O ala havia passado por uma cirurgia no joelho esquerdo em abril de 2013, por conta de uma tendinose (sim, existe tendinite e a tendinose) que simplesmente não o deixava em paz. O veterano mal havia participado da campanha 2012-2013, fazendo tratamentos alternativos, separado do restante do elenco do Indiana Pacers, na esperança de se aprontar para ajudar a emergente equipe em batalhas com o Miami Heat. Não deu certo, e acabou indo para a sala de operação.

Depois de uma lenta recuperação, retornou ao Pacers para a campanha 2013-2014, já transformado, na melhor das hipóteses, em sexto homem, perdendo terreno para Paul George e Lance Stephenson. Por 29 partidas, ele simplesmente não conseguiu encontrar seu ritmo ideal. Não passou de 36% no aproveitamento dos arremessos – estatisticamente, na verdade, era o pior rendimento de sua carreira, muito pior até mesmo do que seu ano de novato, beeeem distante da forma que lhe valeu uma única indicação a All-Star em 2009. O desempenho foi tão aquém do esperado que Larry Bird, na ânsia de conseguir mais um trunfo para tentar, enfim, desbancar LeBron e Wade, não viu problema em despachar seu capitão para a Sibéria Filadélfia, em troca do irregular Evan Turner. Quer dizer: Bird desistitiu de Granger.

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O veterano rescindiu seu contrato com o Sixers e fechou com o Los Angeles Clippers, do outro lado do país, ao menos se encaixando em outro time com aspiração ao título. Vindo do banco, conseguiu elevar seu rendimento a um patamar minimamente satisfatório, mas sem lembrar em nada uma força ofensiva que fosse ameaçadora. Daí a surpresa quando Pat Riley, pressionado, talvez num ato de desespero, escolheu o ex-ala do Pacers, seu antigo rival de playoffs, num pacote de reforços de última hora ao lado de Josh McRoberts para tentar convencer LeBron a ficar na Flórida. Claro que não deu certo.

Foram 19 pontos para Granger contra o Memphis, antes dos 21 contra o Orlando Magic

Foram 19 pontos para Granger contra o Memphis, antes dos 21 contra o Orlando Magic

O Miami fechou, então, com Luol Deng para cobrir a lacuna aberta no quinteto titular – mesmo que essa fosse, em teoria, uma posição que Granger pudesse ocupar. A verdade era que Riley e o técnico Erik Spoelstra ainda não sabiam exatamente o que esperar do ala, ainda mais depois de ele ter passado por uma segunda cirurgia no joelho dois meses antes de se apresentar ao clube. Só imaginavam que, dado o histórico do clube para reabilitar quase-aposentados (desde os tempos de Tim Hardaway nos anos 90, até os mais recentes casos de Rashard Lewis e Chris Andersen), valia a aposta. “Não sabíamos o estado dele para valer, mas conhecíamos nossos próprios registros com casos semelhantes, vindo de lesões, por volta dessa idade. Sabíamos que, se eles se comprometessem a trabalhar, que talvez eles precisassem da oportunidade certa, no lugar certo”, diz Spo.

Vendo o que o ala realizou nas últimas partidas, pode ser que tenha sido uma cartada certeira. “Era para ser um processo longo, mas ele já está adiantado. Pensávamos que isso iria acontecer só no Ano Novo”, afirmou. Granger primeiro recebeu minutos nas 11ª e 12ª partidas do Miami. Depois, nas 18ª e 19ª.  Voltou a ser aproveitado entre as 22ª e 24ª. Não animou muito e ficou parado por mais quatro jornadas, até ser inserido de vez na rotação. Então, no jogo mais esperado do calendário, com o retorno de LeBron no dia de Natal e transmissão, ele marcou 9 pontos, cinco dos quais em um momento crucial do quarto período, para esfriar uma reação do Cleveland Cavaliers. Nas duas partidas seguintes, marcou 39 pontos e converteu 70% dos seus arremessos, saindo do banco, com direito a oito cestas de três pontos. “O que ele fez neste último par de jogos foi fenomenal”, afirmou Dwyane Wade.

Claro que está muito cedo para celebrar dessa forma. O desafio do jogador é justamente sustentar uma sequência produtiva, consistente e com durabilidade, algo que não acontece há mais de dois anos. Nesse caso, não bastaria apenas a conversão de seus arremessos feito um James Jones, mas também se pede boa movimentação pela quadra, especialmente na defesa – o Miami precisa de toda a ajuda possível neste momento.

De qualquer forma, sabe da melhor? A crescente de Granger veio justamente nas vésperas de seu reencontro com o Indiana Pacers. Dá para ter melhor timing que esse? E mais: precisava ser justamente nesta quarta-feira, na noite da virada de ano? Não poderia ser mais emblemático, mesmo.

Agora, num universo de mais de 400 jogadores, são diversos os atletas que precisam de, senão de um recomeço, ao menos de um momento de virada em suas carreiras:

Todo o elenco do New York Knicks: Quer dizer, menos Cole Aldrich, Quincy Acy e Travis Wear, para quem a vida anda muito bem, obrigado. De resto, na pior campanha da história da franquia, o povo anda numa penúria que só. Se for para escolher um nome, porém, ficaríamos entre JR Smith e Andrea Bargnani. O ala-armador sempre foi o principal candidato a estranhar e odiar o sistema de triângulos. Esfomeado, de vista que só enxerga bem a cesta e nada mais, está agora convenientemente afastado de quadra devido a uma ruptura na fáscia plantar (algo que, acho, podemos traduzir como “sola do pé” no populacho). Já Bargnani não jogou sequer um minuto na temporada, por conta de uma ruptura de tendão no cotovelo. Sua estreia pode acontecer também nesta quarta, contra o Sixers. Difícil é encontrar alguém que ainda confie nesses caras. Smith só fez seu desempenho cair desde sua participação desastrosa nos playoffs de 2013. Para o italiano, Nova York, na verdade, já representava uma chance de recomeço, ao sair escorraçado de Toronto. Phil Jackson já disse que não topa nenhuma negociação que vá atrapalhar os planos dos Bockers no mercado de agentes livres. Não vai receber nenhum contrato indesejado que dure mais que os atuais.

A triste história de uma escolha de número um de Draft vinda da Itália

A triste história de uma escolha de número um de Draft vinda da Itália

– Bem, Josh Smith já ganhou, de certa forma, sua Mega-Sena da virada particular.

Andrei Kirilenko: pobre AK-47. Sob o comando de Jason Kidd, o ala tinha tudo para brilhar em Brooklyn, considerando a predisposição do jovem treinador para fazer o uso máximo de atletas híbridos, versáteis. Aí as costas não deixaram. Quando alegou estar bem fisicamente, veio Lionel Hollins, um técnico que conseguiu belos resultados em Memphis, mas que tem visão beeeem quadrada sobre o basquete (“Pivô bom? Só se jogar de costas para a cesta” etc.) Aí que o russo foi afastado da rotação, sem muita explicação, até se tornar o mais novo caso de banimento para a Filadélfia.A ironia é que, quando Kirilenko fechou com o Nets em 2013, houve uma choradeira geral na NBA: a de que havia um acordo por fora com o compatriota Mikhail Prokhorov, uma vez que ele havia aceitado um salário bem inferior ao seu valor de mercado.

Funciona assim, a propósito: a) um time precisa se livrar de um contrato, seja para abrir espaço no teto salarial, ou para diminuir as multas por excesso de gastança; b) o gerente geral liga para Sam Hinkie, chefão do Sixers, o time que nem mesmo cumpre a folha salarial mínima da liga e tem espaço para absorver qualquer tranqueira; c) Hinkie vai levantar o inventário do time que está ligando, para, d) rapelar mais algumas escolhas de Draft, até chegar o momento em que Philly vai ter 98% dos picks de todas as segundas rodadas da década; e) contrariado, mas sem ter muito o que fazer (ao menos ele vai economizar uns tostões, o que sempre agrada a qualquer proprietário de franquia), o cartola paga tudo o que o algoz solicita.

Deron e AK47 eram felizes em Salt Lake City e mal sabiam

Deron e AK47 eram felizes em Salt Lake City e mal sabiam

Foi o que aconteceu com Kirilenko. E pior: ao contrário da maioria dos atletas despachados para lá, Hinkie quer que o russo realmente se apresenta para jogar. Não porque conta com o medalhista de bronze olímpico para reforçar sua equipe, mas, sim, por vislumbrar uma nova troca para ele daqui a um mês – se ele jogar bem, vai aparecer algum time que sonhe com o título a pagar ainda mais pelo cara, saca? Mais escolhas de Draft! Obviamente que o russo não quer saber de virar um peão num joguete desses. Ele só quer liberdade. Se for dispensado, imagine se o San Antonio Spurs encontra um meio de contratá-lo (rompendo, vá lá, com Austin Daye)? O mundo precisa disso.

Deron Williams: Por falar em Brooklyn Nets, conheça o astro de US$ 20 milhões (US$ 19,8 mi, para ser mais preciso) que conseguiu uma proeza: virar reserva de Jarret Jack! Nada contra o novo titular, gente. Mas é que o veterano sempre foi conhecido em sua carreira justamente como o principal concorrente de Steve Blake  à condição de “armador reserva dos sonhos de todo e qualquer treinador”. Ao menos por hora, acabou essa história para Jack. Deron perdeu duas partidas devido a uma contusão na panturrilha e, quando voltou, estava no banco. Em entrevista pós-jogo, supôs que era por medida cautelar de Lionel Hollins. Ao que o treinador respondeu: “Não sabia que eu estava controlando os minutos dele”. Ui. Será que Sacramento, então, ainda topa conversar a respeito? Veja bem, Vivek. Já sabemos que vocês querem o Mason P, que está jogando demais, mesmo, e seria ótimo complemento para o Boogie. Mas… repare que o Sacramento está caindo pelas tabelas na conferência! E que isso talvez não tenha a ver com a meningite mardita que tirou o Boogie de ação, ou com a demissão de um técnico que havia colocado o time em boas condições de competir! O que isso significa? Significa que é hora de fazer mais uma troca por um astro renegado! Deu certo com o Rudy Gay, vai dar certo com o Deron também! Tro-ca já.

Lance Stephenson: é, Lance, a essa altura, você tem de agradecer pela lesão que Al Jefferson sofreu na virilha, que vai tirar o pivô de quadra por um mínimo de quatro semanas. Ufa, né? Pois estava ficando feio: foi só o ala-armador sair de cena com uma torção pélvica (!?!?), que o Charlotte Hornets começou a vencer. Eram quatro triunfos consecutivos já, reforçando a tese de que o talentoso e intempestivo jogador era o problema. Segundo o RealGM, porém, tanto a diretoria quanto Stephenson chegaram a um consenso de que ainda está cedo para romper. Da parte do clube, resta saber apenas se isso não foi motivado pelo simples fato de que as ofertas que chegaram não animavam muito. O Indiana Pacers, por exemplo, flertou com a possibilidade de repatriá-lo. Ao que parece, segundo diversas reportagens, seus antigos companheiros não se animaram muito com a ideia, não. Então parece que, se quiser encontrar paz, Stephenson vai ter de se virar em Charlotte, mesmo, ajudando Kemba Walker, em vez de se meter no caminho do armador, especialmente num momento sem Jefferson.

Vai tudo para a conta de Blatt, mesmo?

Vai tudo para a conta de Blatt, mesmo?

David Blatt: cogitar a demissão de um treinador estreante na NBA, com menos de seis meses no cargo? As coisas em Cleveland parecem não mudar nunca, mesmo, com trono ocupado ou vazio. O Cavs ainda deixa a desejar na defesa, é verdade, especialmente a proteção do garrafão, algo que sempre foi uma preocupação, devido a sua dependência de Anderson Varejão. Havia uma carência clara no elenco. Caberia a Blatt encontrar algum sistema para remediar isso, claro, e até agora não rolou. Talvez os jogadores não estejam escutando Blatt? Pois é. Mas essa não foi a mesma história com os últimos dois treinadores que passaram por lá? Irving e Waiters são reincidentes. Além disso, LeBron tem um comportamento no mínimo suspeito desde que voltou. Berra com companheiros em quadra, enquanto ele mesmo demora para voltar na transição defensiva. Diz a repórteres que estava em “modo relaxa-e-goza” contra o Orlando Magic, depois de uma preocupante derrota na véspera, para o Miami. Não importava, então? Ele age como se tivesse conquistado tudo de que precisava e, agora, era hora apenas de curtir o fato de estar perto de caso. No mesmo jogo contra o Heat, Kevin Love perdeu rebotes para Mario Chalmers e Norris Cole, enquanto vagava emburrado pela quadra. Enfim, Blatt, de um jeito ou de outro, vai precisar assumir as rédeas aqui. Segundo diversas fontes que trabalharam com ele na Europa, trata-se de um sujeito sensacional, que merece melhor sorte em sua grande chance nos EUA. A diretoria vai lhe dar apoio? Ou morrem de medo de LeBron para tomar alguma decisão que possa contrariá-lo?

Anthony Bennett: que o canadense fosse perder minutos para Robbie Hummel realmente não era algo que Flip Saunders tinha em mente quando fechou, enfim, a troca de Kevin Love.

Kobe Bryant: ele também é outro que já desfruta de um recomeço, após tantas lesões que lhe roubaram muitos meses preciosos nesta reta final. Mas para o astro do Lakers a temporada 2014-2015 não poderia passar rápido o suficiente. De qualquer forma, sabemos que ele arremessar 30 vezes por jogo não parece a solução num time fraquíssimo, embora os torcedores do Lakers adorem. Não dá para ser herói com esse time. Resta, então, passar a bola e liderar de um jeito bem diferente ao que se acostumou a fazer em uma vitoriosa – e conflituosa – carreira. Que tal?

PS: Desejo aqui um ótimo 2015 a todos – aqueles que estejam em busca de seu próprio recomeço, os que estão na crista da onda e, claro, o pessoal que toca tudo numa boa, sem tantas peripécias assim para contar, mas que não se enganem: como o filmaço Boyhood – a melhor coisa de 2014 – ensina, até a vida vida mais regular já é um grande acontecimento.


O Miami Heat de Spoelstra tenta se reinventar
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015

LeBron? Que LeBron?

LeBron? Que LeBron?

É o que dá escrever um texto que era para ser prévia, mas não deu tempo de publicá-lo antes e acaba invadindo a temporada. De todo modo, a minha defesa: mesmo se fosse prévia, a ideia era de que essa ficha se sustentasse como material de apoio para a equipe durante todo o campeonato, e tal. Sim, tamanha era a pretensão.

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Basicamente, o que iria escrever é o seguinte: ainda vamos ver na TV uma equipe muito boa, boa o suficiente para fazer estragos na Conferência Leste, mas que, como candidata ao título, só mesmo se inserida com um tremendo de um azarão. E aí o que acontece? Eles vencem três partidas seguidas na semana de abertura, integrando Luol Deng ao sistema, usando os calouros Shabazz Napier e James Ennis e explorando um Chris Bosh simplesmente sensacional. Era a hora de cair no hype e abraçar a causa? Talvez!?

Aí, pumba, passa o Houston Rockets pela cidade, com Dwight Howard e James Harden demolidores, e acaba com a festa. Ajuda a por as coisas sob perspectiva. O time da Flórida havia vencido basicamente um Washington Wizards desfalcado de Nenê, cumprido tabela com o Philadelphia 76ers e derrotado um competente Toronto Raptors, que, no caso, é um de seus maiores fregueses. Então tá. Serviu para zerar qualquer ruído que o campeonato já em andamento pudesse causar, para que eu resgatasse o ponto original.

Bosh começou o ano de modo muito mais agressivo, como se estivesse em Toronto

Bosh começou o ano de modo muito mais agressivo, como se estivesse em Toronto

O Miami manteve Chris Bosh, Dwyane Wade, Norris Cole, Mario Chalmers, Chris Andersen e Udonis Haslem de sua rotação do bicampeonato. Seis caras, vale por um bom conjunto. Mas, da turma que saiu, bem, como dizer isso? Tinha o tal do LeBron James, né? Acho que vocês ouviram a respeito. Ray Allen faz falta, assim como Mike Miller para os playoffs… Mas seriam substituíveis. Quando você tenta reencontrar seu rumo sem LeBron, aí o desafio é muito maior. Até porque todo o sistema de jogo de Erik Spoelstra estava baseado nas vastas habilidades que o camisa 6 lhe entregava. A defesa pressionada. O ataque veloz e espalhado. Enfim. Todo e qualquer detalhe era pensado em torno do craque.

Então o Miami tinha uma base entrosada mantida, mas também precisaria se reinventar. E aí chegou a hora de Spoelstra realmente mandar um recado para os críticos que só acreditavam no sucesso de sua equipe pela qualidade das estrela que tinha em mãos. Que, com um elenco normalzinho, o treinador não faria nada de mais.

Obviamente não é o caso. Não só o Heat não tem um elenco medíocre hoje – e Chris Bosh vai lembrando a todos o quão mortal é o seu arsenal, com ou sem LBJ –, como Spoelstra é muito mais que um cone do lado da quadra. O treinador vai mexer suas peças com criatividade, sem grilhões, experimentando até encontrar a melhor rotação e quintetos que funcionem para determinadas situações.

Spoelstra vai dar um jeito. Algum jeito pelo menos

Spoelstra vai dar um jeito. Algum jeito pelo menos

A dúvida que realmente fica aqui diz respeito a saúde. Sobre o que aconteceria no caso de Bosh ou, principalmente, Wade se lesionarem. Aí o frágil banco ficaria consideravelmente exposto. A não ser que vocês ainda estejam esperando 20 pontos por jogo de Danny Granger. A temporada nem começou, e ele já está novamente lesionado. Essa estaria na prévia na certa

O time: quando você perde LeBron James, multifundamentado e uma aberração atlética da natureza, você está perdendo um caminhão de possibilidades. Mas acho que o ponto principal a ser coberto é o dinamismo de sua equipe. Em termos de habilidades físicas, todo mundo sabe que são poucos os que podem rivalizar com o craque. Então nem adiantava procurar por isso. Em termos de flexibilidade na quadra, porém, a tática pode resolver. E Spoelstra vem fazendo sua parte.

Quem aí já se acostumou com a imagem de um Luol Deng do Miami Heat?

Quem aí já se acostumou com a imagem de um Luol Deng do Miami Heat?

Reparem que Chalmers, Cole e Shabazz Napier têm ficado em quadra por muito mais tempo. O técnico usa o expediente da dupla armação para manter um time veloz e solidário, com a vantagem de que os dois veteranos da posição são bons marcadores e conseguem manter uma certa pressão no adversário – ainda que uma pressão diferente, e, não, a blitz dos últimos anos. Ainda há o fator Josh McRoberts para ser integrado nessa brincadeira, depois de o ex-Bobcat ter perdido toda a pré-temporada depois de uma cirurgia no dedão do pé.

Além disso, na ala, Luol Deng adiciona inteligência em seu giro pela quadra sem a bola, se esgueirando pelos espaços abertos por um ataque ainda com cinco homens abertos. O calouro James Ennis também vai seguir essa linha e dar mais vitalidade quando for para a quadra. O ataque não vai ser problema. A retaguarda e a proteção ao aro, já frágeis com LeBron por lá, é que inspira mais preocupações, como o Rockets expôs na quarta rodada.

A pedida: uma quinta participação seguida nas finais da NBA?! Só o Boston Celtics de Bill Russell conseguiu algo assim. Mas realmente está cedo para se empolgar.

Olho nele: Josh McRoberts. Escrever sobre Napier já ficou batido, né? Obviamente que o armador é talentoso, que merece mais tempo de jogo e que a solução encontrada por Spoelstra para colocá-lo na rotação parece ótima. Então vamos falar um pouco mais aqui sobre McBob, um cara sobre o qual já escrevi aqui, declarando toda a minha simpatia. O ala-pivô vai amplificar a movimentação de bola da equipe com sua visão de jogo praticamente incomparável para alguém da sua altura, mobilidade e habilidade. Nos momentos em que estiver em quadra com Bosh, o ataque do Heat vai ficar muito, mas muito interessante. E ele nem precisa rasgar camisas para chamar a atenção:

Abre o jogo: “Ele não precisa tentar ser o jogador que foi em 2008. Isso pode não ser necessariamente importante para nosso time”, Erik Spoelstra, sobre Wade. O bom para o treinador é que Chris Bosh, sim, parece pronto para jogar como era em 2009, em seu último ano como um Raptor, antes da Decisão e todas as suas consequências.

Mr. Shabazz para fazer o ataque se mexer

Mr. Shabazz para fazer o ataque se mexer

Você não perguntou, mas… o novato Napier deixou de seguir LeBron James no Twitter e deletou todas as mensagens que havia mandado para o astro do Heat Cavaliers, desde que o Rei optou por retornar a Cleveland. É engraçado: durante os mata-matas do basquete universitário, LeBron não se cansava de elogiar as atuações do armador por UConn, rumo ao seu segundo título. “Meu jogador favorito no draft, não tem como alguém selecionar algum armador antes dele e blablabla”, foram as coisas que ele andou falando. Imagine, então, a decepção de Shabazz quando o ala o abandonou. Tadinho. Em sua defesa, o rapaz afirmou que não era ele que controlava sua conta e que não estava sabendo nada disso.

Dwyane Wade, card, Miami Heat rookieUm card do passado: Dwyane Wade. Há 11 anos, o ala-armador entrava na NBA sem tanta badalação – pelo menos considerando o jogador que ele iria virar em Miami. Agora Wade abre uma nova campanha em que há incertezas ao seu redor: depois de tantos problemas físicos, como ele vai reagir novamente com mais responsabilidades ao seu lado? Ao menos seu elenco de 2014-15 é superior ao de 2003, que tinha Caron Butler e Lamar Odom, ainda jovens, e veteranos no fim da carreira como Brian Grant e Eddie Jones. Além deles, Wang Zhizhi, Samaki Walker, Bimbo Coles, Rasual Butler e… Udonis Haslem, claro. O único remanescente ao lado de Wade.


Larry Bird não pára quieto, e agora Evan Turner que se vire
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Giancarlo Giampietro

Danny Granger e Evan Turner estrelando em... A Troca

Danny Granger e Evan Turner estrelando em… A Troca

Evan Turner foi o número dois do Draft de 2010, logo abaixo de John Wall e oito postos acima desse tal de Paul George. Depois de construir uma sólida carreira por Ohio State, evoluindo a cada temporada, o ala era visto como um tiro certo naquele recrutamento: alguém que chegaria para resolver no perímetro. No fim, se tornou mais uma de uma longa lista de segundas escolhas que não renderam conforme o esperado em seus primeiros anos de carreira.

Está certo que, em Filadélfia, ele nunca encontrou a situação certa para por em prática suas habilidades. Jrue Holiday, Andre Iguodala e, agora, Michael Carter-Williams são todos atletas que curtem dominar a bola, criando por conta própria ou para os companheiros. Sim, exatamente o que Turner mais gosta de fazer.

Agora… Se o ala enfrentou dificuldades, isso também pode indicar que encara o jogo de uma forma limitada, sem conseguir se adaptar ao que está ao redor. Basicamente, por não se movimentar da maneira adequada fora da bola e ser (ainda!) um péssimo arremessador de longa distância. Além do mais, com um ou dois passos dentro do zona interior, continua sem fazer lá muita coisa:

Nesta temporada, Turner atingiu a média da liga (amarelo), no máximo, em dois quadrantes

Nesta temporada, Turner atingiu a média da liga (amarelo), no máximo, em dois quadrantes

Agora, pior, mesmo, é ver que nem próximo da cesta ele consegue usar sua envergadura e altura para finalizar com precisão. No fim, parece que a única jogada saudável para o atleta, no momento, é uma semi-infiltração pela direita, brecando para o chute em elevação. Muito pouco, para alguém supostamente tão talentoso e com tanto volume de jogo. Sua capacidade no drible é indiscutível, algo que pode encantar e, ao mesmo tempo, iludir – o quanto de produção sai dali?

Turner e seu arremesso tenebroso. Com a mão esquerda, parece que está bloqueando a si próprio

Turner e seu arremesso tenebroso. Com a mão esquerda, parece que está bloqueando a si próprio

Além do mais, considerem que o Sixers foi o time que mais correu nesta temporada, com média superior a 102,5 posses de bola por partida (comparada com as 96,1 do Pacers). Na correria, a ideia é pegar as defesas menos preparadas, armadas para a contestação de seus arremessos. Ok, funciona bem melhor quando se tem um Steve Nash na condução dos contragolpes, mas o fato é que Turner só usou esse ritmo acelerado para inflar suas estatísticas (mais ritmo, mais posses de bola, mais arremessos…), sem nenhum acréscimo em aproveitamento. Ele tem médias de 17,4 pontos, 6 rebotes, 3,7 assistências, mas ainda, em termos de eficiência, segue abaixo da linha mediana da liga.

Aos 25 anos, fica a dúvida sobre o quanto pode evoluir ainda. De todo modo, se Larry Bird decidiu apostar (mais uma vez!), quem é que vai duvidar? Fica a expectativa agora sobre como Frank Vogel vai usar Turner em sua rotação, uma vez que Paul George e Lance Stephenson são tão ou mais controladores do que Jrue, Iggy ou MCW – e colocar Tuner ao lado dos dois diminuiria, e muito, o espaçamento de quadra, limitando os ângulos para as infiltrações dos dois jovens astros.

Talvez os diretores do Pacers confiem no seu programa de desenvolvimento de talentos – e pensem no cara como um plano B para o caso de perderem o futuro agente livre Stephenson ao final da temporada. Talvez queiram Turner para diminuir um pouco a carga de minutos de George e Stephenson nesta reta final antes dos playoffs.  Ou talvez a troca só diga algo significativo, mesmo, sobre Danny Granger.

O veterano havia disputado apenas cinco partidas no campeonato passado. Demorou um tempão para voltar nesta edição, com problemas no joelho. O clube aguardou exatamente 29 jogos para ver se ele conseguia, de alguma forma, relembrar ao menos 60% do que foi no passado – no auge, em 2009, foi um All-Star. Provavelmente seria o suficiente para lhe manter como sexto homem, completando a rotação de perímetro fortíssima. Não aconteceu – e, na avaliação da franquia, fica evidente, não vai acontecer tão cedo.

É muito vermelho para o gosto de quem luta pelo título

É muito vermelho para o gosto de quem luta pelo título

O ala conseguiu, de alguma forma, abaixar sua média nos arremessos de dois e três pontos, seja pelas métricas mais tradicionais ou pelas ditas avançadas. O aproveitamento de 33% nos disparos de fora ainda é superior ao de Turner, mas não o suficiente para convencer Bird a mantê-lo na base, ainda mais com a mobilidade bastante limitada e a incapacidade de produzir rumo ao aro.

Como o legendário Bird já disse, é tudo ou nada para o Pacers este ano. Se Granger não estava preparado para ajudar a equipe nos próximos meses, especialmente a partir de abril, que tentassem outra direção – ainda que estranha, a princípio. Com o título e só o título como plausível meta, qualquer noção de lealdade pelos serviços prestados vai para o espaço. Bye, bye, Danny, foi bom enquanto durou.

Granger vai se apresentar ao Sixers nos próximos dias. Sua turma já está espalhando na imprensa que seu desejo é apenas assinar a papelada e rescindir o contrato, para ficar livre e beliscar uma vaguinha em outro concorrente ao título. Estão de olho: Thunder, Spurs e… Heat  que, glup!, acabou de despachar Roger Mason Jr. para Sacramento justamente para abrir uma vaga em seu elenco.

Só faltava oa ala seguir Ray Allen e se mudar para South Beach. Teoricamente, um movimento muito improvável. Seu relacionamento com George, David West, demais companheiros e membros da comissão técnica é hoje ainda muito mais amistoso do que o do chutador com Boston. Na sua despedida, por exemplo, fez questão de abraçar um por um que estava presente no ginásio. Agora imaginem se acontece? Como se a eventual disputa Miami x Indiana precisasse de mais ingredientes picantes…

De qualquer maneira, para um time que está no topo da Conferência Leste – agora bastante pressionado, é verdade –, o Indiana ainda se mostra irrequieto, se mexendo sem parar, tentando achar a combinação perfeita para destronar os LeBrons. Vamos ver se Evan Turner se encaixa nessa. Ele vai ter de se virar. A essa altura, seu status de número dois do Draft já não serve mais para nada.

(PS: sobre o pivô Lavoy Allen, não há muito o que dizer. Só deve entrar em quadra no caso de alguma gripe suína se espalhar por Indianápolis.)


Notas sobre a pré-temporada: Splitter, Monocelha, Rose, Oladipo e mais
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Giancarlo Giampietro

 – O San Antonio Spurs não resolveu pagar US$ 36 milhões para Tiago Splitter para deixá-lo no banco ou diminuir seu papel no time, né? Para um técnico que pensa tanto a longo prazo como Gregg Popovich, o lema de não levar tão a sério o que acontece nesta época do ano vale ainda mais, certo? Sim, sim. É de se esperar que sim. Pois o catarinense anda um tanto devagar. Depois de passar zerado na partida contra o Atlanta Hawks, na quinta-feira, ele tem apenas 22 pontos e 18 rebotes em quatro partidas até o momento, jogando por 70 minutos. Para comparar, o australiano Aron Baynes acumulou 37 pontos e 26 rebotes pontos nos mesmos 70 minutos. Recém-contratado, Jeff Ayres, ex-Jeff Pendergraph, já ficou em quadra por 73 minutos e vem se mostrando um bom passador, com 10 assistências. Não é que o brasileiro venha sendo preservado pelo treinador: enquanto o pivô disputou os quatro jogos do San Antonio até este sábado, Tim Duncan, Manu Ginóbili e Tony Parker já foram poupados em pelo mens um um deles.

Oh, my...

Sem palavras, Anthony Davis

– Anthony Davis, Anthony Davis, Anthony Davis… O novato número um do Draft de 2012 está voando. Ele marcou mais de 21 pontos em suas primeiras quatro partidas. Na quinta, deixou cair a peteca: foram só 18. Sua média é de 22,6 pontos até aqui. O ala-pivô voltou das férias mais forte e muito mais confiante em seu repertório ofensivo, atacando o aro e também convertendo os chutes em flutuação, enquanto na defesa continua estocando bloqueios e roubadas sem parar. Já estaria pronto o Monocelha para ingressar na elite da NBA? Não faz muito tempo em que o jogador era extremamente cobiçado pelos olheiros da liga, comparado a Tim Duncan e tudo isso. Seu ano de novato não foi ruim de modo algum, mas o excesso de pequenas lesões, a explosão de Damian Lillard em Portland e o gigantismo de Andre Drummond acabaram por ofuscar Davis um pouco. Mas só um pouco. Agora ele pretende justificar toda a badalação que recebeu em Kentucky.

– Ao que tudo indica, as dores no joelho de Derrick Rose não eram tão sérias ou incômodas assim. Acreditem se quiser, então: chegou o dia em que Tom Thibodeau foi precavido ao lidar com seus jogadores! O técnico do Bulls pode ter deixado muita gente frustrada no Rio de Janeiro ao sacar sua estrela do amistoso contra o Wizards, mas para o torcedor mais fanático pelo time de Chicago essa só poderia ser uma ótima notícia, independentemente do quanto o armador renderia no retorno aos Estados Unidos. E o que vimos? Rose arrebentando com Pistons e Pacers. Contra o Detroit, foram 22 pontos em 22 minutos. Contra o Indiana, 32 pontos em 31 minutos. Está bom? Calma, que tem mais: o jogador vem com um desempenho sensacional na linha de três pontos, tendo convertido seis dos últimos dez arremessos nas últimas três partidas, o que dá 60% (dãr). A média em sua carreira? Só 31%. Se o atleta realmente conseguiu melhorar dessa forma seu chute de longa distância durante a última temporada de suplício… Digo, obviamente ele não vai arremessar 60, nem 50% durante o campeonato, mas se beirar os 40% já seria um progresso incrível e um pesadelo para seus marcadores.

– As limitações físicas de Joakim Noah, ainda sofrendo com dores na virilha, são o que mais incomodam Thibodeau, então, neste momento. Taj Gibson é que não vai reclamar de nada. O ala-pivô construiu sua reputação na liga com base em sua capacidade na defesa. A julgar pelo que vem apresentando nestes primeiros jogos em outubro, pode ser que na outra tábua seu jogo também tenha se expandido. Ele pontuou em duplos dígitos nas cinco partidas do Bulls, com média de 15 pontos por jogo (contra 7,9 na carreira e 8,0 na temporada passada) e acertou 62,5% de seus arremessos, muitos deles cravadas de se levantar da cadeira. Qualquer melhorias neste sentido também seria um ganho enorme para Thibs, na hora de o treinador promover sua já tradicional substituição de Boozer por Gibson nos minutos finais das partidas: ele fortaleceria sua retaguarda e não perderia muito no ataque, desde que seu reserva consiga render ofensivamente, especialmente convertendo arremessos de média distância.

– Sobre o Pacers, o que dizer? São cinco jogos, cinco derrotas. Todo mundo vai dizer que pré-temporada não serve para avaliar nada, e tal… Mas o último time a passar batido pela fase de amistosos, sem nenhuma vitoriazinha sequer, foi o Los Angeles Lakers no ano passado. E sabemos muito bem o que saiu daí. Era de se imaginar algumas dificuldades para Frank Vogel, num período em que ele tem de integrar um monte de novos reservas ao seu esquema defensivo e, ao mesmo tempo, precisa tirar o ferrugem do ala Danny Granger. Sua equipe também ainda não enfrentou nenhuma baba (dois duelos com Bulls, dois com Rockets e um com o Mavs). Mas… Nenhum triunfo para o vice-campeão do Leste? A ver. Granger, aliás, não vem muito bem. Ele acertou apenas 14 de seus 44 arremessos de quadra (31,8%). Ao menos de longa distância ele vem matando: 8/17 (47%).

Darren Collison ama Chris Paul

Claver tenta, mas está difícil de parar Darren Collison, o reserva ideal do CP3

– Parece que o negócio de Darren Collison é ficar perto de Chris Paul, não? Até hoje, o armador viveu seus melhores dias na NBA em sua campanha de calouro, em 2009-2010, quando foi selecionado pelo New Horleans Hornets para ser o reserva do superastro. Acontece que CP3 se lesionou bastante naquela temporada, e o jogador revelado pela UCLA acabou ganhando muitos minutos e deu conta do recado de forma surpreendente até, com médias de 18,8 pontos e 9,1 assistências nas partidas em que começou como titular. De lá para cá, porém, não conseguiu repetir esse tipo de números, com dois anos muito irregulares pelo Indiana Pacers, além de uma passagem bastante frustrante pelo Dallas Mavericks, na qual deixou o técnico Rick Carlisle maluco por sua indisciplina defensiva e alguns hábitos indesejados no ataque. Sua cotação caiu tanto que, como agente livre, se viu forçado a assinar pelo mínimo com o Los Angeles Clippers… Para ser reserva de Paul novamente. E o que vemos na pré-temporada? Alguns jogos impressionantes do armador, claro. Nesta sexta, por exemplo, ele somou 31 pontos e seis assistências em derrota para o Portland Trail Blazers – foi tão bem que ficou em quadra por 34 minutos, forçando Doc Rivers a colocá-lo ao lado de seu franchise player. Collison também teve duas partidas com dez assistências, sendo que, contra o Sacramento Kings, no dia 14, terminou com um double-double, anotando 20 pontos em 36 minutos. Se conseguir repetir esse tipo de desempenho nos jogos para valer, o armador pode complicar um pouco a vida de Rivers, mas sem deixar que o técnico lamente a saída do dinâmico Eric Bledsoe.

– Para o Oklahoma City Thunder, outro concorrente de ponta na Conferência Oeste, o importante é a acompanhar como está o desenvolvimento do ala Jeremy Lamb, que, em sua segunda temporada, será obrigado a arcar com muito mais responsabilidades, assumindo o lugar que um dia foi de James Hardem na rotação da equipe. Se sua capacidade atlética e envergadura pode reforçar a defesa de perímetro do time, deixando as linhas de passe ainda mais apertadas (já foram nove bolas recuperadas em quatro jogos…), no ataque sua mira de três pontos está totalmente desarrumada: converteu apenas três chutes em 17 tentados (17,6%). Se o ala não der um jeito de trabalhar esse fundamento, a vida de Kevin Durant no ataque ficará muito mais complicada, com mais jogadores concentrados na ajuda.

– Entre os novatos, o destaque fica, por enquanto, para o ala-armador Victor Oladipo, segunda escolha do Draft, aposta do Orlando Magic. Um competidor feroz, ele vem saindo do banco pelo jovem time da Flórida, mas causando impacto nas partidas com sua capacidade atlética invejável e muita dedicação e versatilidade. Em cinco partidas até aqui, são 14,2 pontos, 5,5 assistências, 6,2 rebotes e 1,8 roubo de bola, isso sem ter jogado mais que (!) 30 minutos em nenhuma ocasião. Olho nele: nunca foi muito badalado quando adolescente, mas, em seus três anos na universidade de Indiana, evoluiu demais para se tornar um prospecto de elite. Tem tudo para se tornar rapidamente um líder em Orlando.

Que mais que vocês vêm reparando?


Retorno de astros e impacto balcânico marcam início de pré-temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose, o Retorno de Verdade

A fase de pré-temporada nem sempre vale para prever o sucesso deste ou daquele jogador na NBA de verdade. Mas, ao menos, já se apresenta como um estágio muito mais avançado na linha de avaliação de um atleta se comparado com o que vemos em julho durante as peladas das ligas de verão: 1) os atletas estão trajando uniformes oficiais e 2) são orientados pelos treinadores principais de cada clube; 3) em quadra estarão concorrentes que, em grande maioria, têm contrato garantido para todo o campeonato, ou múltiplos campeonatos; 4) os treinadores começam a definir suas rotações, então há uma boa chance de que os sistemas usados e as combinações de atletas se repitam nos meses seguintes ­– claro que com melhor execução; 5)seis faltas representam a exclusão, em vez de dez; entre outros fatores.

Até esta terça-feira, após uma dessas rodadas malucas com oito partidas de uma vez, tivemos já/só () 14 jogos preliminares computados. Pode parecer pouco – depende do quão faminto você estava –, mas algumas notinhas podem ser destacadas:

– Derrick Rose, a mais óbvia e provavelmente a mais aguardada. Como quase todo o seu jogo é baseado em atributos físicos anormais, havia uma tensão daquelas no ar em Chicago sobre como o astro retornaria de uma cirurgia no joelho que o tirou de toda a temporada passada. Estaria explosivo como antes?  Segundo todos os relatos após as duas partidas, contra Pacers e Grizzlies, antes de sua viagem rumo ao Rio de Janeiro, o armador voltou com tudo, alegando ter até mesmo ganhado alguns centímetros em sua impulsão. “Era só que faltava”, pensou um Mario Chalmers. Tom Thibodeau está feliz da vida – acreditem é possível –, enquanto os jogadores do Bulls acreditam que o time encontrou sua versão mais forte nesta era. As expectativas só crescem para a franquia.

– Há muito mais gente retornando de cirurgias graves além de Rose. Na primeira rodada da pré-temporada, enquanto os torcedores do Bulls examinavam o armador nos mínimos detalhes, os fãs do Pacers deveriam estar ligados na forma física de Danny Granger, também operado no joelho. Granger pareceu um pouco “enferrujado”, de acordo com Frank Vogel, contra o Bulls, sem surpresa nenhuma. Talvez por isso tenha ficado 29 minutos em quadra, para ver se pega no tranco – e o time de Indiana precisa checar desde já se pode contar realmente, ou não, com seu ex-cestinha para tentar o titulo em junho.

– Em Los Angeles, enquanto Kobe Bryant curte alguns dias na Alemanha depois injetar mais plasma em seu moído joelho, ainda sem saber quando poderá estrear na temporada, Pau Gasol se torna uma figura fundamental para qualquer plano competitivo que o técnico Mike D’Antoni possa ter. Então até mesmo o treinador, conhecido por ignorar algumas precauções médicas, vem sendo cuidadoso com a reinserção do espanhol em seu time, maneirando na carga de treinos e em minutos da pré-temporada. Mais um a sofrer cirurgia no joelho, por conta de suas crônicas tendinites, o pivô ficou fora da vitória contra o Golden State Warriors no sábado, mas ficou em quadra por 23 minutos contra o Denver Nuggets. Steve Nash também ganhou o mesmo tratamento. No caso do armador, o jogador mais velho da NBA, prestes a completar 40 anos, o controle de minutos vai valer para todo o campeonato.

– A NBA dá sequência ao crossovers com os clubes europeus. Se a abertura da pré-temporada foi reservada ao um duelo de potências dos dois lados do Atlântico, entre Oklahoma City Thunder e o turbinado Fenerbahçe, dois confrontos entre pesos penas também tiveram sua vez, com o Philadelphia 76ers e o Phoenix Suns, dois candidatos seriíssimos a saco de pancada no campeonato, envolvidos. Coincidência?

No País Basco, o Philadelphia 76ers enfrentou o Bilbao e venceu no finalzinho, por dois pontos de diferença. Evan Turner, ala que entra possivelmente em sua campanha de agora-ou-nunca, enfim tem o time todinho só para ele: foi o cestinha (25 pontos), o segundo a ficar mais minutos em quadra (31, um a menos que o comparsa Thaddeus Young), quem mais arremessou (15) e também quem mais cometeu turnovers… Vem tudo num pacote. O clube espanhol conta com um velho conhecido do Utah Jazz, o armador Raúl López, que já foi considerado o sucessor de John Stockton por lá e era muito mais bem cotado que Tony Parker no início da década passada. Na segunda, em Phoenix, o Suns recebeu o Maccabi Haifa e promoveu um espancamento, vencendo por 130 a 89. Seis de seus jovens jogadores anotaram 10 ou mais pontos.  Este é o segundo ano seguido que o time israelense visita times nos Estados Unidos, num arrojo um tanto masoquista. São campeões israelenses e tal, mas não estariam nem entre os 20 – ou 30? – melhores clubes do Velho Continente. De qualquer forma, levando em conta a imensa colônia judaica ianque, ao menos vendem melhor sua marca. Ao menos ambos os clubes começaram suas campanhas com vitória. Que comemorem enquanto podem.

– Por sorte, nem Suns, nem Sixers enfrentarão o CSKA Moscou, que bateu o Minnesota Timberwolves por 108 a 106, na prorrogação, para somar seu segundo triunfo em solo norte-americano. A equipe russa contou com uma atuação magistral do armador Milos Teodosic. Um dos jogadores mais marrentos, boêmios, tinhosos, displicentes do mundo, mas extremamente talentoso, o sérvio arrebentou com Rubio, Shved e AJ Price. Recuperado de uma lesão muscular na panturrilha que o tirou do Eurobasket, ele saiu do banco e marcou 26 pontos em 29 minutos, de modo balanceado: 12 em tiros de três, seis em lances livres e oito em bolas de dois. Some aí nove assistências e cinco rebotes, e temos uma das melhores atuações de um jogador europeu contra os “profissionais da NBA”. Incrível? Nah. Só uma amostra do que Teodosic é capaz, quando joga motivado em provar que é dos melhores na posição, sem querer atirar tudo da metade da quadra. Fez de Ettore Messina um treinador feliz.

– Outra jovem estrela dos Bálcãs a deixar sua marca contra os norte-americanos foi o ala croata Bojan Bodganovic, na derrota do Fenerbahçe para o Thunder, com 19 pontos em 31 minutos. É um jogador de 24 anos e estilo clássico (um jogo limpo, sem muita firula com a bola, mas bastante produtivo), bem fundamentado, com tino para conseguir cestas quando bem entende. Por outro lado, precisa desenvolver seu passe e a defesa. Seus direitos pertencem ao Brooklyn Nets, e, no momento, tudo leva a crer que se apresentará na próxima temporada ao clube nova-iorquino ­– a negociação para renovar com o Fener está enroscada­ –, para jogar ao lado de Paul Pierce e Joe Johnson no perímetro.

 


Sem alarde, Pacers se reforça com as melhores menores contratações da NBA
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Giancarlo Giampietro

Para  o Indiana Pacers ganhar algum destaque neste mês de julho, ainda na ressaca do título do Miami Heat, só mesmo o terrorismo psicológico promovido pela mídia de Los Angeles sobre o possível rapto de Paul George pelo Lakers em 2014, por mais que o ala diga que não tem plano algum para fazer uma mudança, nem que fosse para voltar para casa.

Sem nenhuma megatroca, sem se envolver com nada que se refira a Dwight Howard, num mercado pequeno, é natural que o Pacers não atraia tantas manchetes, mesmo, a despeito do retorno de Larry Bird ao comando de suas operações – e nada que numa soma de “Bird + competição” deva ser subestimado.

Mimos até para Chris Copeland

Na hora de cortejar Copeland, o Pacers criou uma revista fake da ESPN para mostrar o quão legal seria sua contratação. Vale tudo para conseguir um agente livre, mesmo aquele que não está no primeiro escalão

De qualquer forma, quietinhos em seu canto, a diretoria do Pacers fez um ótimo trabalho para, primeiro, segurar David West e, depois, reforçar seu elenco, com duas das melhores menores contratações da NBA neste mês de julho. Assim como a franquia em si, Chris Copeland e CJ Watson não têm o maior chamariz na liga ou entre os agentes livres que andavam disponíveis por aí. Mas a chegada deles a Indianápolis faz muito sentido para que seja ignorada e pode ter um tremendo impacto nos playoffs. Acreditem.

Pensem assim: a equipe levou o Miami Heat ao sétimo jogo, chegando a roubar o mando de quadra daqueles que seriam os tricampeões. Eles talvez não tenham chegado tão perto como o Spurs de destronar LeBron James, mas que essa possibilidade existiu na final da Conferência Leste não há dúvida. Erik Spoelstra e suas estrelas ficaram contra a parede. Ou melhor, contra o paredão – valendo o trocadilho, já que a defesa de Frank Vogel era absurda e Roy Hibbert e David West foram uma dupla sensacional no garrafão.

E, dentre as diversas histórias produzidas pelo grande embate entre Pacers e Heat, além da ascensão de George e Hibbert, estava a fraqueza, a completa anemia do banco de reservas esquálido dos vice-campeões da conferência. Lembrando: com seu quinteto titular em quadra, o Pacers “venceu” a final. O problema era o complemento das partidas em que qualquer substituto da rotação de Vogel ia para quadra.

DJ Augustin, Sam Young, Tyler Hansbrough e Ian Mahinmi. Gerald Green e Orlando Johnson. Era uma draga daquelas.

Augustin, em especial, foi um horror. Não dá para aliviar. Sem confiança alguma, mal conseguia cruzar a linha divisória da quadra diante da forte pressão que os defensores do Miami Heat colocam na bola. A insegurança era tamanha que Paul George e Lance Stephenson se viam obrigados a levar a bola em diversos ataques.Além disso, quando estabelecidos em meia-quadra, Augustin também não conseguia se desmarcar para arremessar ou criar situações por conta própria. Em 97 minutos nas finais do Leste, ele chutou apenas nove vezes, sendo cinco de três pontos (tendo convertido duas bolas, o que dá um aproveitamento de 40%, que, isolado, pareceria ótimo, mas, neste contexto, não vale nadica de nada). Diminuto, Augustin também era vulnerável na defesa. Basicamente: contribuições nulas num confronto de alto nível.

Trocá-lo por Watson é uma grande evolução. Não que o jogador ex-Nets e Bulls seja um craque. Mas tem muito mais recurso para jogar por conta própria e, ao mesmo tempo, pode dividir a quadra com George Hill sem rebaixar muito a defesa da equipe. Aos números (todos da temporada passada): em média, 16,8% das posses de bola com Augustin terminaram em turnover, comparando com 12,1% de Watson; em assistências, Augustin ‘venceu’ por 21,6% a 17,2%, um percentual que praticamente é anulado por seu maior volume de desperdícios de bola; nos três pontos, deu Watson por a  41,1% a 35,3%; nos arremessos de quadra, Watson novamente: 41,8% a 35%, o que resulta também em números muito melhores nas métricas avançadas de True Shooting (arremessos de dois, de três pontos e lances livres na conta) e Effective Field Goal % (arremessos de quadra, mas com um peso maior dedicado aos tiros de três, que valem mais).

Já Chris Copeland chega ao Pacers para reforçar, e muito, seu ataque. O calouro de 29 anos, uma das surpresas da temporada passada, cuja história ainda vale seu próprio post, ainda mais depois deste ótimo perfil do SBNation, é um excelente arremessador, especialmente de longa distância. Veja sua pontaria durante a temporada regular:

Chris Copeland em cores

Apenas na zona morta pela direita, no perímetro, em que o ala ex-Knicks esteve abaixo da média da liga. Estranhamente, ali na quina da direita, seu aproveitamento é excepcional. Por outro lado, vemos que o chute de média distância não é lá o seu forte, embora Copeland consiga colocar a bola no chão a partir da finta. Esse, na verdade, é o seu diferencial quando comparado com gatilhos como Steve Novak: as quase 100 cestas na área mais próxima ao aro, oferecendo mais versatilidade a um ataque. Num banco limitado como o do Pacers, essa é uma baita novidade. “Acho que eles  (os novos companheiros) são muito promissores e que eu serei capaz de fazer algo novo aqui, sendo mais uma peça no quebra-cabeça”, afirmou o ala.

Com o cabeludo, o que Vogel vai perder é a força nos rebotes, ainda mais com a subtração de Hansbrough, um leão nas duas tábuas, especialmente na ofensiva. Em termos defensivos, Hansbrough também tem índices muito superiores aos de Copeland. Agora, fica registrada aqui a crença de que muito disso tem a ver com o próprio sistema do Pacers e que, se bem orientado, o recém-contratado também pode fazer um bom papel na retaguarda. Se não tem a massa física para isso, pode compensar em agilidade e envergadura.

São duas contratações pontuais e providenciais, considerando a carência do plantel. De resto, o forte núcleo desta emergente equipe foi mantido, voltando para a temporada 2013-2014 com ainda mais tarimba e confiança.

*  *  *

Via Draft, o Indiana Pacers deixou graaaaande parte dos especialistas atônitos ao escolher o ala Solomon Hill, da universidade de Arizona, na 23ª posição – sendo que, para boa parte dos sites especializados, ele estava cotado apenas para a segunda rodada do recrutamento. A aposta do gerente geral Kevin Pritchard é a de que ele chegue pronto, maduro ao clube, já preparado para contribuir para Vogel já na abertura da temporada regular. Algo que não aconteceu no ano passado com Miles Plumlee, outro senior que o Pacers escolheu bem antes do que apontavam as projeções.

Hill tem 22 anos e é apenas um ano mais jovem que Paul George, por exemplo.

Tendo iniciado sua carreira em Arizona como um ala-pivô baixo, trabalhou bastante por quatro temporadas para migrar para o perímetro. Durante a liga de verão de Orlando, fez um bom papel como ala, embora seus movimentos não sejam nada naturais, como prova dessa transição em seu jogo. Suas médias foram de 12 pontos, 5,2 rebotes, 2,6 assistências, 0,8 roubos de bola e 0,4 tocos em 28,8 minutos, com pontaria de 55,6% nos três pontos e 48,9% nos arremessos. No geral, foi um sólido desempenho para um atleta de quem não se exigirá muito além de bom posicionamento defensivo e a conversão dos tiros de três. Se tudo certo, ele assumiria os minutos do limitado Sam Young na rotação.

*  *  *

Danny Granger, em Indiana até quando?

O que esperar de Danny Granger, gente?

Quer dizer, Hill teria espaço se Danny Granger não conseguir recuperar a forma física depois de uma temporada perdida em razão de uma ingrata tendinite no joelho. O veterano fez falta demais nos playoffs, embora sua ausência tenha forçado George e Stephenson a elevarem seu rendimento de modo significativo. Em seu último ano de contrato, Granger pode funcionar tanto como um sério candidato a sexto homem, num cenário ideal.

Caso o ala se apresente bem em quadra, muito vai se especular também sobre uma eventual troca, já que está no último ano de contrato. Para um clube que não dispõe de poucos recursos financeiros, encontrar uma negociação em que Granger fosse liberado seria difícil. O Pacers simplesmente não pode adicionar salários muito robustos para os próximos anos na periferia de seu elenco, uma vez que George já tem encaminhada uma renovação de contrato astronômica. Isso depois de Hibbert e West também acertarem por valores altíssimos.

*  *  *

Revigorado após passar um ano sabático, em casa com a família, Larry Bird está animado para a temporada – com alta expectativa em torno de sua equipe. “Gostamos disso. É por isso que jogamos. Queremos essas expectativas lá em cima. Queremos jogar bem e estar em um nível de basquete em que possamos competir a cada noite”, afirmou.

 


Lesão de Granger abre espaço para o Indiana Pacers ganhar um jovem astro: Paul George
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Giancarlo Giampietro

Dava um pôster, não fosse a derrota no fim

Paul George força a prorrogação com um arremesso quase acrobático de três pontos

Frank Vogel tem seus argumentos, mas admitiu que errou ao tirar Roy Hibbert de quadra para defender aquele que acabou sendo o último e fatal ataque do Miami Heat na primeira partida da final da Conferência Leste. Foi crucificado em praça pública, como se já não prestasse para mais nada, mesmo tendo sido um dos melhores treinadores nas últimas duas temporadas da NBA.

Entende-se, de alguma forma, toda a repercussão. O lance derradeiro, aquele no qual LeBron James mostrou toda sua inteligência e habilidade, batendo Paul George para uma bandeja de canhota, sem ter de enfrentar a cobertura de Roy Hibbert, pode já ter sido o momento capital de toda uma série. Vamos ver.

Mas, diante de toda a discussão sobre a decisão de Vogel em sacar de quadra sua muralha jamaicana, um ponto importantíssimo foi até subestimado: o simples fato de que o Indiana Pacers exigiu o máximo de seu adversário para ser derrotado – uma jogada genial de James no último segundo da prorrogação. Em Miami.

E isso foi possível apenas pelo sólido conjunto que Vogel desenvolveu nas últimas temporadas e, em especial, pelo desenvolvimento, sem alarde algum, de Paul George, a mais nova adição ao grupo de estrelas da NBA.

Paul George x LeBron James

George encara LeBron naturalmente

Seu jogo pode ser espetacular em muitas ocasiões, dada sua capacidade atlética incrível e o tanto de que depende sua equipe de sua criatividade e de seus recursos técnicos. Mas nada nas expressões faciais ou corporal de George sugere que ele esteja minimamente impressionado – ou, melhor dizendo, deslumbrado – com tudo isso. Ele age como tudo isso fosse muito natural, com a maior tranquilidade do Midwest americano. Uma postura bem diferente daquele calouro que ingressou na liga em 2011, até um pouco assustado, sem saber direito o que fazer com a bola. Sim, uma transformação incrível, que aconteceu até que por acidente.

Por meses e meses o Pacers tratou a tendinite nos joelhos de Danny Granger como algo solucionável, sem pânico. O ala fez um longo tratamento e foi retomando as atividades em quadra aos poucos. Quer dizer, tentando retomar. Quando chegou fevereiro, a dor não passava, sua condição física era deplorável, e a equipe foi obrigada a descartá-lo em definitivo para esta temporada. Um desastre, era o que qualquer torcedor da franquia teria dito em outubro de 2011. Meses depois, com a ascensão de George, a perda já não era tão irreparável assim, a ponto de muitos apostarem numa troca do veterano por alguém que pudesse dar suporte ao novo líder da companhia.

Méritos para a direção do Pacers, chefiada até o ano passado por Larry Bird, cujo trabalho teve sequência com o veteraníssimo Donnie Walsh e pelo irrequieto Kevin Pritchard, que teve paciência para ver o time se desenvolver em quadra sem Granger. E palmas ainda mais fortes para a comissão técnica liderada por Vogel, que, mesmo num time que briga por vaga nos playoffs, conseguiu desenvolver seus atletas mais jovens. Hibbert, em vez de um frágil alvo defensivo numa liga cada vez mais veloz, se tornou um dos melhores defensores da zona pintada. Lance Stephenson, de esquenta-banco e encrenqueiro, passou a bom soldado e ótimo escolta (defende bem, ajuda na armação e ainda oferece, quando necessária, uma válvula de escape com infiltrações ainda em desenvolvimento). Mas  salto mais significativo realmente foi de seu camisa 24. Veja um pouco do que o cara aprontou durante o ano:

George elevou suas médias em pontos, rebotes e assistências regularmente em suas três primeiras temporadas como profissional. O dado mais interessantes dentre esses foi o de passes para a cesta, que saltaram de 1,8 para 4,0 por 36 minutos de média, entre 2011 e 2013. Sinal de aprimoramento na leitura de jogo. Se ele ainda comete um número elevado de turnovers (2,8 a cada 36 minutos), estes erros com a bola subiram em menor proporção do o que de jogadas certas. Quer dizer, mesmo tendo muito mais volume de jogo este ano (ele trabalha com 23,5% das posses de bola de sua equipe, contra 17,8% da primeira campanha e lidera os playoffs em minutos jogados, com 545 em 13 partidas, 41,9 por noite), seu jogo progrediu em termos de eficiência. Bom para ser eleito o atleta que mais evoluiu na temporada. E o melhor – ou pior, dependendo do seu ponto de vista na Conferência Leste: aos 23 anos, ele está apenas começando.

Ainda fica evidente que George tem muito o que desenvolver em seus dribles – é na hora de enfrentar corta-luzes que ele costuma se atrapalhar mais – e nos arremessos em geral, mesmo próximo da cesta, considerando sua impulsão e agilidade. Sua dificuldade de média distância também acontece em decorrência do drible eficiente, já que não consegue se desvencilhar frequente e adequadamente dos marcadores. Veja seu quadro de rendimento nesta temporada:

Abaixo da média em chutes de média distância, na média em três pontos e ótimo na zona morta pela esquerda

No saldo geral, seus percentuais de dois e três pontos caíram.

Mas é normal que ele oscile desta maneira, sem estresse. Afinal, foi sua primeira temporada como protagonista, de modo que pôde, jogo a jogo, aprender com seus próprios erros, entendendo como as defesas vão encará-lo sem ter um Granger ao seu lado para aliviar a pressão. Além de qualquer número, o que se ressalta, mesmo, ao observar George em ação nestes playoffs é seu amadurecimento, no sentido pleno, esplicitado por sua capacidade assustadora de lidar com LeBron James e Dwyane Wade no mano-a-mano como se fossem adversários regulares. Confira a facilidade com a qual bate Wade em diversas infiltrações – por mais que Wade esteja com o joelho estourado, ainda estamos falando o mesmo cara eleito para o terceiro time da temporada, ao lado de James Harden e justamente de George:

É um amadurecimento e sobriedade que se refletem em suas entrevistas. Como nesta declaração aqui sobre a maior carga de responsabilidade que lhe coube no campeonato: “Sabia que, chegando ao meu terceiro ano, eu precisaria ter uma grande campanha. E, com Danny fora, isso ampliou o nível de desempenho de que eu precisaria, a consistência de que eu precisaria. Teria de segurar isso”.

Outra que chamou a atenção: quando soube que foi eleito aquele que mais evoluiu no ano, quando esperava, na verdade, ter mais chances de ganhar como o melhor defensor, ficando meio implícita de que era a sua preferência, na verdade. Mas que, tudo bem, ainda ganharia esse prêmio algum dia. Vogel, Bird, Walsh… Não poderiam ficar mais orgulhosos. Não são muitos os atletas que se orgulhem ou se apeguem tanto a sua capacidade defensiva.

Por isso, embora tenha lamentado a ausência de Hibbert naquela bola contra LeBron, acostumado a ter um grandalhão para lhe dar cobertura, George tratou de assumir sua própria falha. “Tenho de entender que é preciso fazer de LeBron um arremessador naquele ponto”, afirmou. “Foi diferente. Estou habituado a ser agressivo em cima da bola e ter Roy atrás. Mas, estando numa situação dessas, tenho de saber quem está em quadra comigo e o que queremos de LeBron.”

O ala do Pacers deu um passe extra na cabeça do garrafão e permitiu que o oponente fizesse o corte em direção ao aro. Um pequeno detalhe, mas que pesou tanto como a estratégia equivocada de Vogel:

Mão erguida, falha assumida, segue o jogo. “Nós temo de ficar com a cabeça erguida. Nós não temos muitos altos, nem muitos baixos “, afirma. Aqui só cabe um reparo: para Paul George e o Pacers em geral, parece é que apenas para o alto que eles vão.

*  *  *

Discreto em quadra, em constante evolução, talvez George só precise agora rever seus conceitos figurinísticos. Ele subiu assim ao palanque para falar sobre sua grande – mas frustrada – exibição contra o Miami Heat na quarta-feira:

Paul George na estica?

Lembra um pouco o figurino do Dunga, não?


Quebradiço, Andrew Bogut é jogador-chave no Warriors por trás do show de Curry
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Giancarlo Giampietro

Andrew Bogut, surpresa contra o Nuggets

Andrew Bogut, tentando jogar

Em um final de temporada com tantas lesões, nas suas anotações você começa a se preocupar não só com a técnica dos jogadores da partida a ser estudada, mas também com a saúde deles, usando de zêlo e humanismo. E, em termos de bem-estar, confesso que havia no QG 21 um grande temor pelo quebradiço Andrew Bogut.

Meu Deus, será que ele aguentaria o corre-corre que prometia a série entre seu Golden State Warriors e o Denver Nuggets? Será que ele teria ao menos a compahia de Dick Bavetta para caminhar tranquilamente ao seu lado durante algum jogo da série?

Bogut não deu a mínima para a piada, claro.

Mesmo manquitolando, ainda sentindo um tornozelo que aparentemente nunca mais estará 2100%, deu um jeito de causar o impacto que o Warriors aguardava ansiosamente desde que fechou uma controversa troca no início de 2012. Enquanto isso, Monta Ellis já está de férias, podendo ou andar de mobilete em algum rincão do Mississipi, ou matutando com seus agentes qual decisão tomar a respeito da próxima temporada.

Na hora de pensar no Warriors, é difícil ir além de Stephen Curry e o bombardeio que ele promoveu para cima dos indefesos jogadores do  Nuggets. Com média de 24,3 pontos, 9,3 assistências, 2,2 roubos de bola, 43,4% nos três pontos e 100% nos lances livres, o show foi todo dele. Mas, para que o armador extremamente talentoso possa seguir brilhando nos playoffs da NBA, carregando sua equipe no ataque, é imperativo que o time californiano tenha o pivô australiano minimamente em forma, para balancear as coisas do outro lado da quadra.

Jogando no sacrifício, sim, sem poder saber ao certo o que terá para entregar noite sim, noite não, Bogut teve um desempenho mais do que satisfatório considerando o basquete anêmico que ofereceu durante as 32 partidas (contadinhas) que teve no campeonato 2012-2013. Suas médias foram de 8,2 pontos, 10,3 rebotes e 2,3 tocos em controlados 27,7 minutos. Não é muito – ainda restaram 20 minutos para o emergente Mark Jackson preencher em sua rotação, seja com Carl Landry, com o gigantão Festus Ezeli ou com o calouro-veterano Draymond Greene. São três atletas interessantes, que apresentam habilidades diferentes para o pastor Jackson, mas o melhor, mesmo, é ter Bogut em quadra, né?

“Para ser justo, ele não é 100 por cento agora”, disse o técnico. “Quando ele está com o corpo vivo, ativo, se sentindo bem, nós ficamos confortáveis com o que ele faz em quadra. Algumas noites, ou alguns dias, porém, obviamente, são obviamente um desafio para ele.”

Por mais que a defesa do Warriors tenha melhorado sensivelmente nesta temporada, sendo a 13ª mais eficiente da liga – o que provavelmente não acontece desde os tempos em que Nate Thurmond trombava com Jabbar nos anos 70 –, nos mata-matas o australiano pode dar ao time uma presença muito mais sólida em sua retaguarda. Ainda que esteja com a mobilidade comprometida, o Aussie tem envergadura, tempo de bola, leitura de jogo e é um excelente e inteligente comunicador, podendo orientar alguns de seus companheiros mais inexperientes e cobrir por eles quando necessário.

Além disso, numa comparação com o massa-bruta Ezeli, Bogut também merece muito mais respeito no ataque, ainda que George Karl tenha decidido pagar para ver em muitos momentos, num erro de cálculo. Tá certo que o veterano não fez nada pelo Warriors em míseros 32 jogos, flertando com atuações dignas de Andris Biedrins. Mas não custava ter enfrentado o cara nos primeiros jogos para sentir quem estava do outro lado. Quando foi se mexer o técnico do Nuggets, promovendo JaVale McGee para o quinteto inicial, talvez fosse muito tarde. O adversário teve média de 63,2% nos arremessos, um salto qualitativo considerável, se aproveitando das brechas propiciadas pela atenção desprendida a Curry, Jack e Thompson no perímetro.

Jackson e o Warriors só podem esperar agora que este Bogut esteja em ação nesta segunda rodada. Porque a batalha no garrafão vai ficar significativamente mais complicada, com o tal de Tim Duncan pela frente.

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Mobilidade comprometida, e tal, e de repente baixa o santo no gigante australiano, que aprontou isso aqui jogo 4 contra o Nuggets:

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Bogut, por algum motivo, escapa com frequência da lista das primeiras escolhas infelizes que tivemos na década passada. Vindo da universidade de Utah, sensação nos Mundiais de base em sua categoria, ele convenceu o senador Herb Kohl, dono do Bucks, de que era o cara certo para o pick 1 de 2005 por suas habilidades, digamos, políticas – se apresentou de terno para a entrevista com o milionário e usou sua retórica de modo confiante, passando a imagem de um franchise player. Durante os anos, contudo, o excesso de lesões o privou de qualquer chance de justificar seu status. Ele saiu dois postos na frente de Deron Williams e a três de Chris Paul. Além dos dois geniais armadores, Andrew Bynum (10), Danny Granger (17) e David Lee (30!) já foram selecionados para um All-Star Game nesta classe.


As dez histórias para se acompanhar na reta final da temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Muito já aconteceu de novembro até aqui, mas isso não quer dizer que não tem muito mais o que se observar na temporada 2012-2013 da NBA. Vale ficar de olho no desenvolvimento das seguintes histórias:

Kobe Bryant x Klay Thompson

Um deslize do Warriors poderia salvar a temporada tortuosa do Lakers de Kobe?

O Lakers, meu Deus, o Lakers!
No que vai dar esse melodrama todo? Um não gosta do outro, que não aprecia o basquete daquele, que ainda não consegue entender as atitudes do fulano, que não para em pé… Depois de tanta troca de farpa, lesões, críticas em público e derrotas humilhantes, será que esse apanhado de estrelas sem a menor coesão vai conseguir ainda uma vaguinha nos playoffs da poderosa Conferência Oeste? Vai ser bem desgastante: o Lakers ocupa hoje a décima colocação, com 25 vitórias e 29 derrotas, precisando passar, no mínimo, o Portland Trail Blazers (nono) e o Houston Rockets (oitavo). O clube texano tem 29 vitórias e 26 derrotas. Nas pouco mais de 25 partidas restantes, então, Kobe Bryant precisaria vencer, no mínimo, cinco jogos a mais do que James Harden para beliscar a oitava colocação. Em sexto e sétimo, aparecem Golden State Warriors (30 vitórias e 22 derrotas) e Utah Jazz (30 e 24), já bem acima. Dificilmente podem ser alcançados, a não ser que…

– O Golden State Warriors vai conseguir se segurar?
Nas semanas que antecederam o All-Star Weekend, o Warriors, até então a Cinderela da temporada, teve a pior campanha, com cinco reveses consecutivos. Quatro dessas derrotas aconteceram fora de casa, é verdade, mas para o técnico Mark Jackson a parada na temporada não poderia ter vindo em melhor hora, á que o time estava se mostrando pouco competitivo, apanhando por alguns placares preocupantes: Oklahoma City Thunder 119 a 98, Dallas Mavericks 116 a 91 e, especialmente Houston Rockets 140 a 109. A defesa do Warriors se apresentou eficiente por boa parte da primeira metade do campeonato, mas perdeu rendimento em janeiro e fevereiro, voltando ao velho padrão de peneira de sempre. Será que Jackson consegue entrosar Andrew Bogut rapidamente com o restante de seus companheiros? Será que o australiano consegue evitar mais uma lesão grave? O progresso do pivô é vital fundamental que o time reencontre seu caminho.

Tim Duncan, de terno não tá legal

O Spurs precisa de Tim Duncan, inteiro, em quadra

– Tim Duncan e a fonte da juventude.
O ex-prospecto de nadador das Ilhas Virgens faz a sua melhor temporada desde 2007, coincidentemente o último ano de título para a turma de Gregg Popovich. (…) Bem, então não é ousadia nenhuma dizer que, para o Spurs ter reais condições nestes playoffs, o veterano vai ter de replicar em quadra o que produziu em seus espetaculares dois primeiros meses de temporada. Coach Pop obviamente sabe administrar o gás de seus jogadores e vai fazer de tudo para preservar Duncan. O problema é que o técnico pode ser o melhor da NBA hoje, mas santo milagreiro não consta em suas especialidades. No sentido de que, aos 36 anos, 15 desses assimilando pancadas de tudo que é lado, o pivô pode estar sujeito a qualquer problema físico quando vai para quadra. Desde 18 janeiro, ele participou de apenas seis jogos em 12 do Spurs. O que não impediu que a equipe vencesse 11 desses embates. Nos mata-matas brutais do Oeste, porém, não há como sobreviver sem esse craque em forma.

As dúvidas em torno dos hoje candidatos a vice-campeão do Leste.
Explicando: talvez seja mais fácil encontrar hoje alguém que aprecie o senso de humor de Dwight Howard do que uma pessoa que acredite na derrota do Miami Heat no Leste, mesmo que eles não estejam defendendo tão bem como fizeram no ano passado. Se for para cogitar, hoje as possibilidades se resumem aparentemente a New York Knicks e Indiana Pacers, segundo e terceiro colocados da conferência. Essas equipes dependem de muitos fatores que devam se alinhar para que possam fazer frente aos atuais campeões. Destacamos dois de cada: a) para o Knicks, a alta dependência nos tiros de três pontos – é o time que mais arrisca do perímetro hoje, com 29 por partida –, e a defesa medíocre: nos playoffs, uma combinação preocupante; b) para o Pacers, como Danny Granger retornará – o quanto isso pode interferir na evolução de Paul George e/ou como pode melhorar o ataque da equipe? – e será que Donnie Walsh e o antes inquieto Kevin Pritchard conseguiriam dar um jeito de melhorar um pouco, nem que seja um tico, seu limitadíssimo banco de reservas?

Boston pride: KG e Pierce

KG e Pierce ainda não estão prontos para se despedir da luta pelo título. Em Boston mesmo

– O Boston Celtics melhor sem Rajon Rondo.
Olha, desde que o armador foi afastado por uma lesão no joelho para ser operado, o Celtics venceu oito de nove partidas, saindo de dois jogos abaixo da marca de 50% para quatro acima, já em condições de evitar um confronto com o Miami Heat e o New York Knicks na primeira rodada dos playoffs. Nem mesmo as baixas de Leandrinho e Jared Sullinger atrapalham o rendimento do time de Doc Rivers, que voltou a ter uma equipe conectada em quadra, marcando muito. Mas o sucesso dos caras de Boston depende muito da mesma questão em torno de Tim Duncan: Garnett e Pierce vão aguentar? Rivers vai ter de dosar o tempo de quadra de seus veteranos e, ao mesmo tempo, manter a dupla inteira. Isso, claro, se Danny Ainge não descolar uma troca maluca despache um dos veteranos.

– Perspectiva de pouca movimentação.
Mas a expectativa em Boston é de que os dois ficarão na cidade. Na verdade, pelo volume baixo de especulações que tivemos no fim de semana em Houston, os setoristas das 30 franquias da liga esperam pouca movimentação nesta semana – lembrando que o prazo para trocas se esgota no dia 21 de fevereiro, quinta-feira, logo mais. Não há muitos clubes por aí dispostos a aumentar sua folha salarial, temendo cair a zona de multas acima do teto salarial. A partir da próxima temporada, as punições e restrições começam a ficar pesadas. O que não é um problema para o senhor…

Fala sério

E aí, Bynum? É isso mesmo?

– Prokhorov, aquele que topa tudo.
Não tem multa ou crise mundial que vá inibir o dono do Brooklyn Nets, um dos homens mais ricos (mesmo) do mundo, de gastar e se divertir. Então cabe ao gerente geral Billy King tentar viabilizar um negócio, qualquer negócio que seja, que o cheque em branco está assinado. O porém: o Nets não tem hoje muitas peças que possam ser consideradas atrativas e que, acumuladas, possam dar ao clube mais um nome de peso – e, de preferência, alguém que produza mais do que o decepcionante par Deron Williams e Joe Johnson. Será possível transformar uma combinação de Kris Humphries, MarShon Brooks, Mirza Teletovic ou os direitos sobre o emergente Bojan Bogdanovic (ala croata do Fenerbahçe) em um, digamos, Josh Smith? A partir do momento em que torraram tanta grana para formar o atual time, é tudo ou nada.

– Derrick Rose e Andrew Bynum.
O destino de Celtics e Nets nos playoffs pode sofrer interferência de outro fator além dos tópicos acima: e se o Derrick Rose o Andrew Bynum resolvem que estão prontos para jogar? No caso do pivô, vai ficando cada vez mais claro que, qualquer chance que o Sixers possa ter de chegar aos playoffs – ocupando hoje o nono lugar no Leste – passa por uma aparição de Bynum em quadra ainda nesta temporada. Se a única atividade esportiva do gigantão nesta temporada se limitar a uma fatídica partidinha de boliche, aí um abraço. Quanto a Rose, por mais nobre que seja a campanha do Bulls neste ano, é difícil imaginar que o time possa prolongar esse sucesso nos playoffs sem seu principal criador de jogadas. Em jogos mais apertados e estudados, não dá para esperar que Luol Deng ou Nate Robinson possam carregar um ataque de um finalista de conferência. Ainda sem conseguir enterrar, sem sentir força plena em seu joelho operado, o armador afirma que aceitaria ficar fora de todo o campeonato. Será que ele aguenta ficar fora mesmo?

Nerlens Noel rompeu o CLA

Lesão do jovem pivô Nerlens Noel enfraquece ainda mais o próximo Draft

Vai entregar por quem?
Agora, não é só de luta pelo topo da tabela que viveu a NBA em suas últimas temporadas, né? Há vários casos de times que, na falta de melhor termo, se matam para ocupar a lanterna do campeonato. Tudo em busca de mais bolinhas no sorteio do próximo recrutamento de novatos. Contudo, talvez não faça muito sentido que esse desgraçado fenômeno se repita agora em 2013, já que, na opinião dos especialistas e dos dirigentes, não há na próxima fornada nenhum supertalento que justifique o entrega-mas-diz-que-não-entrega nas últimas semanas de campanha. Dizem que o Draft vai apresentar um grupo homogêneo, no qual o eventual número um não se diferenciaria tanto de um sexto ou sétimo, e que as escolhas dependeriam muito mais das necessidades de cada equipe do que da distinção do basquete de um ou outro prospecto. Monitoremos: Phoenix Suns, Sacramento Kings, Charlotte Bobcats e outros sacos de pancada. Aquele que time que escalar nos jogos derradeiros um quinteto inteiro importado da D-League é a que vai acusar mais desespero.

March Madness!
Por outro lado, até por essa carência, pode ter certeza de que os olheiros e cartolas vão acompanhar os mata-matas do basquete universitário ajoelhados e fazendo as oferendas mais absurdas aos céus, na esperança de que algum jogador desponte como um salvador da pátria. Quando você usa a primeira escolha do Draft em um Derrick Rose, um Blake Griffin, um Dwight Howard, a sorte de sua franquia muda da noite para o dia. No caso de um Andrea Bargnani, de um Kenyon Martin, de um Andrew Bogut? Nem tanto.


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