Vinte Um

Arquivo : foi de três

Vitória sobre Mogi: mais uma prova de como será duro derrubar o Bauru
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Giancarlo Giampietro

Alex barbarizou contra o Mogi no segundo tempo e passou da marca de 4 mil pontos no NBB

Alex barbarizou contra o Mogi no segundo tempo e passou da marca de 4 mil pontos no NBB

Não tem como baixar a guarda: mesmo que um ou outro direto tenha passado em meio ao combate, quem estiver do outro lado vai precisar assimilar o golpe com rapidez. Vai ter de, literalmente, manter a cabeça no lugar, e a cuca pensando naquilo que mais importa em sua estratégia. Não dá para esquecer o que foi combinado na sala de vídeo.

Do contrário, se você decidir partir para o confronto franco, a troca de sopapos no muque, mesmo, a tendência é que o esquadrão do Bauru o leve a nocaute. Foi o que o Mogi das Cruzes percebeu nesta quarta-feira, no Panela de Pressão, na reta final da temporada regular do NBB. Por 24 minutos, o time de Paco García estava plenamente ciente do que fazer em quadra. Quando o cronômetro apontava 6min19s para o fim, os visitantes tinham vantagem de seis pontos (47 a 41). A partir daí, perderam as estribeiras, permitindo uma chuva de bolas de três pontos. Tentaram reagir na mesma moeda muitas vezes. E um jogo que se desenhava bastante equilibrado foi terminar com o placar de 97 a 75.

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Isto é: nos últimos 16 minutos de partida, deu 56 a 34 para os líderes do campeonato nacional, que alcançaram agora a marca de 24 triunfos consecutivos apenas pela competição – igualando recorde do Flamengo na campanha 2008-2009. Se você for por nessa conta as vitórias para a conquista da Liga das Américas, aí chegará a 32 rodadas de invencibilidade. Algo realmente especial, que faz a confiança subir a um nível estratosférico já.

Nesse embate com Mogi, o terceiro quarto terminaria em 65 a 54. Já uma vantagem considerável, mas não impossível de se tirar. O problema foi como aconteceu a virada bauruense. Daquela marca de 6min19s até o estouro da buzina, foram seis bolas de três convertidas pelo time da casa. Sabe quantas haviam caído nessa mesma parcial até então? Nenhuma.

Alex, com 46% nos chutes de 3? Pois é

Alex, com 46% nos chutes de 3? Pois é

Pior: quem foi o cara que fez o maior estrago nesse momento de reviravolta? O veterano Alex. O ala-armador que, convenhamos, nunca foi notório por seu aproveitamento nos tiros exteriores – a média de sua trajetória pelo NBB neste fundamento é de apenas 32,8%. Acontece que, num ataque bem espaçado como o da equipe paulista, com múltiplas armas ofensivas, o Brabo nunca teve tanta facilidade assim para arremessar, tendo, disparado, o melhor aproveitamento da carreira, com elevadíssimos 46,2%. Então, no scout de qualquer oponente, se faz necessária a observação de que ele precisa ser vigiado de perto. Nesta terça, acertou absurdos 7-10, igualando sua melhor marca individual.

No caso específico do Mogi, porém, não dá para espernear muito sobre uma desatenção defensiva em relação a Alex. Duas das quatro bolas que ele converteu nesse terceiro quarto foram de trás da linha da NBA, a partir do drible, com uma confiança desmedida. Os chutes caíram que nem uma bomba psicológica para cima dos forasteiros, que errariam três arremessos de longa distância e nove de quadra no geral, além de cometer um turnover. As coisas descambaram.

No quarto período, foi a vez de Rafael Hettsheimeir queimar a redinha com as conversões do perímetro. E aqui, sim, o sistema defensivo adversário falhou bastante. O pivô é outro que está embalado no fundamento e acabou tendo muita liberdade para chutar de longe – seja com Paulão em quadra (conforme o esperado, neste caso), ou com uma dupla mais ágil como Gerson e Tyrone. Estava tão tranquilo lá fora que chegou a arriscar impensáveis 14 bolas, matando seis delas.

Quer dizer, juntos, os companheiros de seleção garantiram ao Bauru 39 pontos na linha perimetral. Baixou o santo para a dupla, é verdade. Não será todo dia assim. Mas aí Guerrinha pode dizer que, no seu time, sempre vai ter um podendo desembestar, na mais pura verdade. No total, foram 31 pontos para Alex e 28 para Rafael.

Agora: este foi o terceiro duelo entre os dois clubes na temporada, contando aí também a final da Liga Sul-Americana. Coincidentemente, nas três partidas Bauru tentou 38 bolas de fora. Um volume exagerado, mas que também não enfrentou resistência dos oponentes, tendo convertido 50 no geral, com um rendimento de mais de 16 por partida e 43,8%. Então já estamos falando mais de acaso. Se voltarem a se cruzar no mata-mata do NBB, Garcia vai ter de rever sua cobertura e/ou fixá-la na cabeça de seus atletas. Foi mais uma sacolada daquelas.

Potencial para o Mogi não falta, pensando numa eventual semifinal contra um rival que já garantiu a condição de cabeça-de-chave número nos mata-matas. O espanhol tem ao seu dispor um elenco que, em teoria, pode funcionar tão bem num jogo acelerado, com uma formação mais atlética e dinâmica – explorando  Tyrone ao lado de Gerson, mantendo o vigor físico ainda assim –, como num ritmo mais cadenciado, compondo uma linha de frente pesada, talvez com Tyrone, Gerson e Paulão juntos. Essa versatilidade pode ser mais explorada nos playoffs, no jogo de gato-e-rato, ainda que não tenha surtido efeito nesses primeiros três embates. Também não será todo dia que Shamell vai ficar limitado a 9 pontos, com 4/12 nos arremessos. Guilherme Filipin, com 23 pontos em 21 minutos, foi quem assumiu o papel de cestinha. Foi o único a pontuar em dois dígitos, o que é muito pouco, mas não necessariamente algo essencial para se remediar.

Pois não será num tiroteio, num jogo de ataques livres, que a equipe conseguiria fazer frente ao Bauru. Essa é uma mensagem, aliás, que fica mais e mais clara para os concorrentes a meros dias do início dos mata-matas. Ainda mais numa série melhor-de-três: invariavelmente, você vai ficar grogue após ataques fulminantes bauruenses. Vai acontecer, não tem muito jeito. Resta saber apenas qual o seu nível de resistência.


Em números e frases: o jogo insano e flamejante de Klay Thompson
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Giancarlo Giampietro

Você acorda no meio da madrugada – e dessa vez o calor nem foi desculpa, deve ser coisa da idade, mesmo –, e acaba pegando o celular para ver que horas são. Aí abre o aplicativo Game Time da NBA para ver como havia terminado a rodada que acontecia depois de Mavs x Bulls. Na hora de conferir o último resultado do dia, mais uma lavada do Golden State Warriors em que eles passam dos 120 pontos, pumba: 52 saíram só na conta de Klay Thompson!

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Daí você abre o Twitter, e os Estados Unidos da América estão inteiros em ebulição: afinal, o que a box score não contava é que, de 52 pontos, 37 o ala do Warriors marcou num só quarto, o terceiro. Foi um recorde da liga – nem Wilt, nem MJ chegaram perto disso. Ixemaria. E para dormir novamente, como fica? Demorou um pouco, mas consegui. Postar blog 4h01 da madruga também não ajudaria ninguém, né? De todo modo, com algumas horas de atraso, seguem alguns dados sobre a estarrecedora noite do cestinha:

52 – Mo Williams não está mais sozinho nessa luta, amigos. Thompson igualou o igualmente especial recorde da temporada estabelecido pelo armador do Timberwolves contra o Indiana Pacers na semana passada. O Indiana Pacers, por outro lado, precisou de todo o primeiro tempo para marcar 37 pontos contra o Miami Heat.

Klay Thompson põe fogo na folha de estatísticas

Klay Thompson põe fogo na folha de estatísticas

42 – Tirando o Golden State, dãr, apenas o Cleveland Cavaliers conseguiu marcar mais que 37 pontos num quarto na rodada desta sexta-feira: foram 42 contra o Charlotte Hornets, no segundo período. O Lakers fez 38 contra o Spurs na primeira etapa.

38 – O recorde pessoal de Mychal Thompson, ex-pivô do Blazers e do Lakers, bicampeão pela franquia angelina, foi de 38 pontos pelo Portland, justamente contra sua futura equipe, em 1981. Também pelo Blazers, ele marcou 37 pontos em outras três partidas.

33 – Esse era o recorde de pontos em um só período até, então, obtido por Carmelo Anthony com a camisa do Denver Nuggets em 2008 e por George “Iceman” Gervin, o primeiro grande ídolo do Spurs. David Thompson, o ala-armador explosivo do Denver Nuggets e que inspirou Jordan muito mais que você imagina, já fez 32 pontos em uma parcial.

32 – Thompson chegou aos 52 pontos em 32 ou menos minutos, se juntando a Kobe Bryant como o único atleta da liga a conseguir tamanha produção em tão pouco tempo de quadra. Kobe anotou 62 pontos em três períodos contra o Dallas Mavericks em 2005, pouco antes de alcançar 81 contra o Toronto Raptors. Vocês lembram, né? Phil Jackson manteve o ala sentado durante todo o quarto final contra os texanos e nem deu bola. A diferença é que ao seu lado, no time titular, ele tinha Smush Parker, Brian Cook, Chris Mihm e, ufa, Lamar Odom.

26 – Foi o total de pontos de todos os outros atletas, de Warriors e Kings, em quadra durante o terceiro período. Perderam de Klay por 11.

As estatísticas do terceiro período

As estatísticas do terceiro período

25 – Klay Thompson precisou de apenas 25 arremessos para marcar 52 pontos. Média de 2,08 para cada chute de quadra. Ele converteu 64% de seus chutes de quadra. Em três pontos, ficou em 73,3%. Nos lances livres, 90%.

11 – O ala foi selecionado no Draft de 2011 na 11ª colocação. Em décimo, o… Sacramento Kings, claro, escolheu Jimmer Fredette, hoje reserva do New Orleans Pelicans. Jornalistas da capital californiana juram que havia muita gente na diretoria do clube que preferia Thompson naquela ocasião.

9 – Foram nove chutes de longa distância para Thompson apenas no terceiro período, sendo que oito deles estavam marcados. Em quatro desses arremessos ele saiu de corta-luz, enquanto outros três vieram em transição. No geral, ele matou 11 tiros de fora, ficando a um do recorde individual em uma partida (compartilhado por Kobe e Donyell Marshall).

O quadro de arremessos de KT no terceiro período

O quadro de arremessos de KT no terceiro período

5 – Thompson ainda encontrou espaço no jogo para dar cinco assistências.

2 – Excluindo James Michael-McAdoo, que acabou de vir da D-League, dois companheiros de time de Thompson não conseguiram fazer nem 37 pontos durante toda a temproada: Brandon Rush, que tem 18 pontos em 21 jogos, e o pivô sérvio Ognjen Kuzmic, que soma 20 pontos em 15 jogos. Ao menos, juntos, os dois conseguem superar o ala, né?

-48 – Thompson, todavia, ainda ficou devendo 48 pontos para o recorde individual da franquia: os 100 pontos de Wilt Chamberlain, claro, como jogador do Warriors, mas ainda na Philadelphia. A segunda maior contagem do clube foi de Stephen Curry, que fez 54 contra os Knicks em 2013.

No vestiário, Stephen Curry assiste aos 37 pontos de Thompson no terceiro quarto

No vestiário, Stephen Curry assiste aos 37 pontos de Thompson no terceiro quarto

* * *

Klay Thompson é pop. A NBA mal dormiu de sexta para sábado. Seguem, então, algumas das declarações mais legais sobre a tempestade promovida pelo ala do Golden State:

“Foi meio que um vulto. Gostaria de poder voltar no tempo e curtir isso um pouco mais, pois em momentos como esse passam realmente muito rapido. Foi maluco, eu nem sei o que aconteceu”, Thompson, o próprio.

“Fui um dos jogadores sortudos por ter atuado ao lado de Michael Jordan, Tim Duncan, David Robinson e alguns dos maiores da história. Mesmo com tantas coisas espetaculares que Michael fez, e ele fazia noite a noite, nunca o vi fazer algo assim”, Steve Kerr, técnico do Warriors. Demais.

“Vocês (repórteres) estão todos me fazendo parecer como se não soubesse, mesmo, o que dizer para a mídia. Eu honestamente não sei o que dizer para vocês”, Draymond Green, o faz-tudo do Warriors.

“Isso é lixo. Se não acreditávamos nisso antes, agora todos acreditamos”, Green novamente, quando questionado sobre a ideia de que não existe o conceito de mão “quente”, confiante no basquete.

“Você não esquenta dessa maneira nem no NBA 2K. Aquele videogame agora já é real. O que Klay fez não foi real”, Green, definitivamente o melhor entrevistado desse timaço do Golden State.

“Cheguei agora depois de ter visto um filme chamado Klay Thompson. Pegou fogo!”, Shaun Livingston, armador reserva do Warriors.

“Foi o melhor filme que já assisti! Obrigado pelo show, Klay”, Marreese Speiths, o sexto homem da equipe, seguindo na mesma temática de Livingston.

“Voando de volta a Chicago e acompanhando Klay Thompson surtando contra o Kings… 37 pontos no terceiro período é algo insano!”, Pau Gasol, no Twitter.

“Se o Klay Thompson não for um All-Star, desisto do basquete de vez”, Anthony Tolliver, ala do Detroit Pistons.


Chegou a hora de aceitar o Atlanta Hawks como sério candidato
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Giancarlo Giampietro

Estão aí para ficar

Estão aí para ficar

Há alguns caminhos básicos para aceitar um time qualquer como favorito, ou forte candidato ao título. Cada vez mais se valoriza números e números, dentre os quais o saldo de pontos acumulado durante a campanha se destaca como um grande indicador para além da óbvia comparação entre vitórias e derrotas. O seguidor mais conservador pode se apegar a outros fatores como a quantidade de superestrelas em um elenco e o retrospecto, histórico recente dessa equipe nos mata-matas. Ainda assim, essa abordagem também tem uma base empírica, já que são raríssimos os casos de clubes que conquistaram a NBA sem contar com um craque transcendental em sua formação.

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Tanto que o Detroit Pistons virou a menção obrigatória de exceção dessa regra, com os Wallace que não eram irmãos e a dupla entrosadíssima de Billups e Hamilton. Todos All-Stars, bem acima da média, que se entenderam muito bem e entraram para os livros históricos. Mas nenhum deles vai entrar no panteão. O Spurs de 2014 poderia até entrar nessa lista também, mas vai depender de como você avalia o fato de a equipe contar com Parker, Duncan e Ginóbili, que já não estavam no auge mais, mas cujo currículos causam, de qualquer forma, inveja em muita gente.

Deixemos os atuais campeões de lado, todavia. Ou melhor: nem tanto, já que, para falar sobre o Atlanta Hawks, não dá para ignorar o fator #SpursDoLeste, com um time armado sob os mesmos princípios saudáveis que Gregg Popovich consolidou em San Antonio. Em seu segundo ano de trabalho na Geórgia, Mike Budenholzer vai obtendo resultados incríveis. Nesta quarta, por exemplo, ele já se assegurou como o técnico da seleção do Leste no All-Star Game, com a melhor campanha da conferência, por ora inatingível. Seus atletas venceram 28 das últimas 30 partidas que disputaram, vindo de 14 vitórias seguidas, igualando o recorde da temporada 1993-94. Os falcões estão voando, mesmo, como nunca antes na história da franquia. Ainda assim, guiada por princípios históricos – resumidos na marcante frase de Jordan sobre crianças, homens e playoffs –, a crítica demorou a reconhecê-los como séria ameaça na liga americana. Pode incluir esta besta quadrada aqui nesse pacote. Pode, também, esquecer qualquer preconceito. O Atlanta veio para ficar.

Não quer dizer que o título é deles já, de modo antecipado. Que seja impossível de perder. Qualquer lesão de Al Horford, Jeff Teague, Kyle Korver e Paul Millsap já os deixariam em maus lençóis. O Washington segue jogando de igual para igual com a maioria dos grandes. Mesmo em espiral, Toronto não pode ser desrespeitado. Para não falar de Chicago e Cleveland, esses, sim, os conjuntos estelares, que vão chegar aos mata-matas, independentemente da histeria ao redor de ambos. Importante dizer que todos esses times já foram surrados pelo Hawks. De qualquer modo, muita coisa pode acontecer em 40 partidas, em três meses de temporada regular até a chegada aos mata-matas.

Se tivéssemos, no entanto, a chance de congelar o tempo e deslocar esse Hawks de hoje, 22 de janeiro de 2014, e descolá-lo para os primeiros dias de abril, teríamos no páreo um favorito, e tanto. Favorito e encantador, ainda que sem o sex appeal de um Golden State Warriors comandado por um técnico tão carismático e vitorioso e liderado em quadra por um talento precioso como o de Stephen Curry.

O irônico é que o gerente geral Danny Ferry, ainda afastado por uma gafe-ou-comentário racista, fez de tudo para contratar a chamada superestrela. Alguém da estirpe de Curry – ou do ala-pivô Bob Pettit, que guiou a equipe nos tempos de St. Louis ao título em 1958, desbancando Bill Russell, Red Auerbach e o Celtics. Foi atrás de Chris Paul e Dwight Howard, nativos da Geórgia, quis também se reunir com Carmelo e LeBron. Dikembe Mutombo, Joe Johnson e Isaiah Rider (risos) que nos desculpem, mas o clube não conta com ninguém desse porte desde as cravadas inigualáveis de Dominique Wilkins nos anos 80.

Sefolosha não tem nem 5% do apelo de um LeBron, mas se encaixou bem no banco de reservas, para dar um descanso a Carroll. Ele e Bazemore fortalaceram a rotação de Budenholzer com energia e pegada defensiva

Sefolosha não tem nem 5% do apelo de um LeBron, mas se encaixou bem no banco de reservas, para dar um descanso a Carroll. Ele e Bazemore fortalaceram a rotação de Budenholzer com energia e pegada defensiva

Não rolou, claro. Fechou, então, com Millsap, Korver, DeMarre Carroll, Mike Scott, Pero Antic, Thabo Sefolosha e Kent Bazemore. E não é que deu certo? Com um basquete eficiente, consistente, de movimentação de bola totalmente solidária e arremessadores perigosos para quebrar qualquer sistema defensivo, de Thibs a marcação por zona, a turma de Al Horford está arrebentando. Ênfase em solidariedade, por favor. É um conceito que pode ser banalizado se usado a cada crônica de jogo, a cada análise de uma equipe. Neste caso, contudo, não precisa se preocupar, pois o termo cabe ferfeitamente.

O Atlanta é o segundo time em assistências por jogo, atrás do Golden State. Mas acho que já aprendemos que se basear apenas em números absolutos não cola mais, né? Cada equipe joga num ritmo, produzindo mais ou menos números. O melhor, sempre, é saber o quão eficiente o conjunto se apresenta. Então que tal conferir o ranking de assistências por posse de bola e ver que, nessa medição, eles aparecem em primeiro? Lideram também a coluna de percentual de cestas de quadra que são assistidas – o Spurs, observem, está em terceiro. Esse padrão se mantém para seus chutes de três pontos: apenas 7,1% dos tiros de longa distância decorrem de jogadas individuais, em vez de um passe, contra 9,2% do Spurs. Istoé, Jamal Crawford, Nick Young e JR Smith não teriamm espaço por lá. Nas bolas de dois pontos sem assistências, o percentual sem assistências é maior (39,9%, e aqui entram as infiltrações de Jeff Teague e Dennis Schröder), mas ainda é o menor da liga.  Por fim, na média de assistências para cada turnover, estão em terceiro. Nas últimas sete vitórias, em seis ocasiões eles bateram a marca de 30 assistências. Vamos todos juntos, então, repetir: jo-go so-li-dá-rio. Pode soletrar também, se achar necessário.

A excelente visão de quadra e a predisposição para passar a bola resultam, obviamente, numa bola seleção de arremessos. A equipe é a terceira no aproveitamento efetivo de arremessos, a medição que dá um pouco mais de valor para os arremessos de três pontos, já que… segundo minhas contas, três é maior que dois. Sim, Budenholzer também é um adepto dos arremessos de três como peça integral de uma ofensiva, tendo o segundo melhor aproveitamento da liga nesse quesito (atrás apenas do Golden State). O sistema do ex-assistente do Coach Pop enfatiza o chute de fora, mas não chega a ser obcecado como o Houston Rockets, sendo o nono que mais arrisca, mas com oito tentativas a menos que os texanos). Por ter um excelente rendimento, no entanto, é o quarto time que mais depende da bola de longa distância para gerar pontos.

Parêntese obrigatório aqui para o Sr. Kyle Elliot Korver, nascido no dia 17 de março de 1981, natural de Lakewood, na Califórnia. O que ele está fazendo nesta temporada não existe. Quer dizer: existe, mas é inédito – nunca um atleta terminou a temporada regular com mais de 50% tanto nos arremessos de dois como de dois e 90% nos lances livres. Seus números, respectivamente: 51,8%, 53,5% e 92,2%. Ele lidera a liga no aproveitamento do perímetro pelo segundo campeonato seguido. Sua habilidade neste fundamento faz com que seus companheiros ataquem com 4 contra 4, já que ele não pode ficar livre de modo algum. Ele transformou um chute de três em bandeja, gente. E aí que foi engraçado ver o cara enterrar nesta quarta contra o Indiana Pacers, em transição. Foi sua primeira cravada desde desde 16 de novembro de 2012, contra o Kings! No meio do caminho, ele matou 484 chutes de fora em 198 jogos. Vejam abaixo e, logo depois, seu esmeraldino gráfico de arremessos:

É de se lamentar o péssimo aproveitamento na zona de média distância pela direita do ataque. Tsc, tsc

É de se lamentar o péssimo aproveitamento na zona de média distância pela direita do ataque. Tsc, tsc

Korver merece estar no All-Star. Mas este também é o caso de Teague, jogando seu melhor basquete, Millsap, que vai receber uma bolada no mercado de agentes livres, e Horford, o faz-tudo perfilado por Zach Lowe com a maestria de sempre e que só não tem o status de superestrela por jogar em Atlanta e pelas lesões peitorais bizarras. Dificilmente os técnicos vão encontrar espaço no banco da seleção do Leste para fazer justiça a todos eles.

Ao menos eles não dão a mínima para isso. Millsap ficou todo orgulhoso ao ser selecionado no ano passado, mas vai sobreviver se a façanha não se repetir. O mesmo vale para os outros. Afinal, numa unidade dessas, é muito complicado separar o sucesso de um e o do outro. “Sentimos que temos peças realmente boas que combinam bem, e entendemos que temos de jogar juntos para ter sucesso”, diz o atirador de elite.

Korver e seu arremesso perfeito

Korver e seu arremesso perfeito

Depois de longa consulta nos números, são poucos os pontos fracos a serem apontados para um raro caso de time que está entre os dez melhores no ranking de eficiência ofensiva e defensiva (Golden State, soberano, e Portland são os outros). O máximo que dá para falar é de uma fragilidade nos rebotes. Na tábua defensiva, ocupa apenas a 18ª posição na coleta de rebotes disponíveis, situação da qual Greg Monroe e Andre Drummond tiraram proveito na segunda-feira (juntos, somaram 12 rebotes ofensivos). Além disso, o Hawks é o 19º em contra-ataques: apenas 11,6% de seus pontos saem em transição, contra 18,6% do Warriors, e também o 18º em lances livres (17,1%). Esses pontos, porém, não preocupam tanto, devido a sua excelência na execução em meia quadra. Para os mata-matas, porém, podem fazer falta.

Ah, claro, se for para falar de números, o pior de todos é o de público, o sétimo pior da liga, com 16.327 espectadores em média – 2.500 a mais que o lanterna Timberwolves. O torcedor de Atlanta tem demorado para se interessar pela excelente fase. A despeito do incidente com Ferry, passar os dias sem prestigiar essa equipe é um pecado. Contra o Pistons, no feriado em homenagem a Martlin Luther King, a arena teve capacidade esgotada (19.108). Contra o modorrento time do Pacers, nesta quarta, só 15.045 foram ao ginásio. A baixa audiência só não impede que o valor da franquia tenha subido quase 100% no último ranking divulgado pela Forbes.

Vale mencionar também que o Hawks encarou até o momento a quinta tabela mais fraca da liga. Juntos, seus adversários têm aproveitamento de 48,9,%. Por outro lado, estão empatados com o Bulls nesse quesito. O Wizards, concorrente direto, teve a segunda jornada mais fácil, com 48%. O time de Budenholzer também fez mais jogos fora do que em casa (22 x 21, é verdade).

Então é isso: você precisa se esforçar para encontrar algum senão nessa jornada do Hawks, que se tornou apenas o terceiro time da história do Leste a somar 28 vitórias em um intervalo de 30 jogos. Os outros dois? Miami em 2012-2013 e Chicago em 1995-96, e ambos levaram o título.  Bastam mais três triunfos para que eles igualem as 38 da temporada passada (38). Com aproveitamento de 81,3% na atual campanha, a equipe cresceu até o momento 34,7%, o maior salto.

Recordes? All-Star? Favoritismo? Não que isso tudo valha algo para eles. “Todos nós sabemos de verdade que ainda não conquistamos nada”, disse Korver. “Eu amo quando a melhor equipe vence os melhores jogadores. Foi o que aconteceu nas finais do ano passado para mim.”

A final vencida pelo Spurs. Vocês sabem, o Hawks do Oeste.


O jogo terminou 174 a 169. E sem prorrogação
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Giancarlo Giampietro

Para não dizer que é mentira

Para não dizer que é mentira

Já escrevemos aqui sobre o experimento sociológico, matemático e alucinógeno aplicado pelo Reno Bighorns na D-League da NBA. A proposta de fazer o jogo de basquete mais acelerado do planeta, com arremessos de três sem parar, poucos segundos gastos no cronômetro, substituições de cinco em cinco, sob o comando de David Arseneault Jr. Tudo com a chancela do bilionário indiano Vivek Ranadive, dono do Sacramento Kings, o clube-irmão das Bigornas. Pois neste sábado os caras talvez tenham alcançado o ‘produto’ máximo em uma vitória sobre o Los Angeles D-Fenders, o afiliado do Lakers, em L.A.

O placar foi de 175 a 169.

Sem prorrogação.

(Sim, 344 pontos em 48 minutos. De D-Fenders, o time da casa ficou apenas no nome, mesmo. O-Fenders combina mais agora.)

Geralmente é legal de citar quantos atletas de um time terminaram uma partida com dígito duplo em pontuação, né? Para mostrar um elenco solidário, versátil, imprevisível. Com um placar desses, porém, as coisas se subvertem: o certo é contar quantos atletas terminaram com menos de 10 pontos. E aí vai: apenas seis. Mas tem um detalhe: se formos contar aqueles que jogaram pelo menos 10 minutos, foram apenas três com dígito simples na linha de estatística: Andrew Warren (6 pontos em 16 minutos) e o gigante canadense de 2,28m Sim Bhullar (4 em 19), pelo Bighorns, e Zach Andrews (2 em 15).

Na real, oito atletas fizeram 20 ou mais pontos, sendo que cinco passaram dos 30. Brady Heslip, o Navarro canadense e cestinha da D-League, anotou 35, acima de sua média de 27,7. David Wear, irmão gêmeo do ala Travis Wear, do Knicks, marcou 33 em 26 minutos, acertando 12 de 18 arremessos, sendo 7 de 12 de longa distância. O ala-armador Jordan Clarkson, do Lakers, liderou a ofensiva de Los Angeles, com 35 pontos. Ele ainda somou 11 assistências e cinco rebotes em 43 minutos, com 16-23 nos arremessos. O ala-pivô Roscoe Smith, ex-Connecticut, somou 32 pontos, 15 rebotes e 7 assistências. O ala-armador Vander Blue, que chegou a assinar com Celtics, Spurs e Sixers na temporada passada, teve 31 pontos, 10 assistências e 5 rebotes. Para constar, o pivô Tarik Black, dispensado pelo Rockets e recrutado por Mitch Kupchak, ficou com 23 pontos e 12 rebotes em sua estreia.

No geral, foram 85 assistências para 132 cestas de quadra, sendo 32 de três pontos. Detalhe: o time angelino converteu apenas quatro tiros de fora. A equipe vencedora levou 98 pontos no primeiro tempo. Tudo muito surreal. Nem em video game.

É basquete ainda, você deve perguntar?

Arseneault Jr. e Ranadive vão dizer que é basquete, sim, no estado mais puro. O resto da liga duvida: nenhum atleta do Reno, a despeito de seus números polpudos, foi recrutado até o momento para jogar na temporada 2014-2015 da NBA – cm exceção do ala Eric Moreland, que pertence ao Kings, claro.

Veja o jogo na íntegra, se não tiver labirintite:

Ironicamente, pouca gente viu o ‘espetáculo’ in loco, já que o jogo foi disputado numa quadra de treino do Los Angeles. O tiroteio ao menos foi transmitido na TV fechada local, com direito a comentários de A.C. Green. Além disso, o time de Reno não conseguiu bater o recorde de pontos em um jogo pela D-League: ele ainda pertence ao… D-Fenders, que anotou 175 no dia 20 de dezembro passado

, justamente contra o Bighorns, que terminou com 152 naquela ocasião.


A conquista sul-americana de Bauru em números
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Giancarlo Giampietro

Festa em Bauru. Já está virando recorrente

Festa em Bauru. Já está virando recorrente

Vamos com um apanhado estatístico do primeiro título continental da história de Bauru, que arrasou Mogi das Cruzes na final da #LSB2014 nesta quinta-feira, para termos uma ideia do quanto os caras sobraram nessa campanha:

281 – Os arremessos de três pontos em oito jornadas, com média assustadora de 35,1 por jogo. O aproveitamento foi de 38,1%. Para comparar, eles tentaram 23 chutes de fora a mais do que as bolas dentro do perímetro, zona em que tiveram aproveitamento de 62%. Em lances livres, foram 134 no geral, média de 16,7 por jogo.

169 – O saldo de pontos de Bauru no torneio, com média impressionante de 21,12 por partida. Avassalador. A maior diferença foi estabelecida na semifinal contra o Malvin, do Uruguai: 46 pontos. O jogo mais ‘apertado’? Triunfo sobre Brasília na abertura da segunda fase, com 95 a 87. Se for para contar apenas o Final Four, Bauru venceu os últimos dois jogos por uma média de 36 pontos. Para comparar, o vice-campeão Mogi terminou a competição com 40 pontos de saldo.

Bauru movimentou bem a bola; Larry virou sexto homem

Bauru movimentou bem a bola; Larry virou sexto homem

164 – O total de assistências da equipe em toda a campanha, em média superior a 20 por jogo. Excelente: 61,4% de suas cestas de quadra foram assistidas. Isso sem contar os passes que resultam em faltas e lances livres.

93,5 – A impressionante média de pontos por jogo. Apenas em uma ocasião o time ficou abaixo dos 80 pontos: na decisão contra Mogi, na qual também fez sua melhor defesa, limitando o adversário a 53 pontos. Mogi teve média de 78,3 pontos.

Gui, num raro momento de ataque agressivo em direção ao garrafão; Bauru priorizou o chute de fora

Gui, num raro momento de ataque agressivo em direção ao garrafão; Bauru priorizou o chute de fora

70,2% – Quando jogou perto da cesta, Rafael Hettsheimeir foi um terror para os adversários, matando 33 de 47 bolas de dois pontos. Em arremessos exteriores, ficou num 33,3% que não impressiona (12/36), mesmo sendo ele um pivô. Jefferson foi outro grandalhão que, no fim, não teve uma média tão boa assim lá fora: 32,7% (18/55).

57 – Os valiosos minutos recebidos pelo jovem pivô Wesley Sena, se aproveitando das sacoladas que sua equipe dava para entrar na festa. O promissor pivô tem apenas 18 anos e disputou sua primeira competição internacional adulta. Somou 25 pontos e sete rebotes, convertendo 10 de 19 arremessos (52,6%), com 1/3 de longa distância. O armador Carioca, de 21 anos, extremamente atlético, mas enfezado demais, ficou em quadra por 36 minutos.

56,9% – O aproveitamento de Robert Day em chutes de três no torneio. O gringo contemplado pelo Bolsa Atleta e que nada tem a declarar a respeito foi o único que, entre os que tiveram maior volume de jogo, superou sua pontaria de dois pontos com os pombos sem asa  (56,9% x 53,8%).

Murilo nem jogou direito a Sul-Americana, e Bauru atropelou mesmo assim

Murilo nem jogou direito a Sul-Americana, e Bauru atropelou mesmo assim

32 – Um jogador do calibre de Murilo disputou apenas 32 minutos no torneio, ainda limitado por problemas no joelho. Em cinco partidas no geral, ele marcou só 9 pontos, com… três arremessos de longa distância, em três tentativas. Fora isso, foram três arremessos de dois, todos errados.

5 – Todos os cinco titulares na maior parte da campanha terminaram com média de pontos superior a 10 por jogo. De cima para baixo: Robert Day (16,6), Rafael Hettsheimeir (16,5), Alex (13,3), Jefferson William (11,0) e Ricardo Fischer (10,8). Larry Taylor, que integrou o quinteto inicial na decisão contra Mogi, no lugar de seu compatriota norte-americano, terminou com 9,0. Gui Deodato teve 7,8.

2 – O atlético Gui Deodato tentou duas vezes mais arremessos de três do que de dois pontos: 30 x 15. Se levarmos em conta que ele matou módicos 30% dos disparos exteriores, é uma pena, mesmo, que ele não tenha expandido seu jogo. Ainda são raras as ocasiões em que vai por a bola no chão e partir para a cesta, sem explorar sua velocidade, agilidade e impulsão. No geral, ele cobrou apenas 14 lances livres em 163 minutos.


Você acha que seu time chuta muito de 3? Ainda não viu o Reno Bighorns
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Giancarlo Giampietro

Aresneault Jr. tem apenas 28 anos. E conduz um experimento daqueles

Aresneault Jr. tem apenas 28 anos. E conduz um experimento daqueles

Quem aí se lembra do garoto Jack Taylor, aquele armador de 1,78 m de altura que chegou a marcar 138 pontos numa partida do basquete universitário americano em 2012? Foi um, dãr, recorde da NCAA em vitória estratosférica de sua equipe, o Grinnell Pioneers, sobre Faith Baptist Bible, por 179 a 104, pela terceira divisão da entidade. Não importava o nível da partida: os números eram bizarros a ponto de ganhar manchetes no mundo todo.

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Foi nesse momento que todo o povo de fora dos confins e das fronteiras da pequenina cidade de Grinnell, de cerca de 9 mil habitantes, na faixa Oeste do Estado de Iowa, teve contato com o di-fe-ren-te. O basquete tresloucado, desses números absurdos, praticado pela universidade  particular do município, comandado por David Arseneault, de 61 anos, o patrono desse sistema. Sim, porque se trata de um sistema, de uma filosofia de jogo, até mesmo com livro publicado a respeito, “The Running Game“.

Quem prestou atenção nesse movimento todo, com bastante interesse, ao que parece foi o indiano Vivek Ranadivé,  bilionário proprietário do Sacramento Kings. Por quê? Pois a filial da franquia na Liga de Desenvolvimento da NBA, o Reno Bighorns, contratou para esta temporada o filho do homem, David Arseneault Jr., de apenas 28 anos, para dirigir seu time. Obviamente que o negócio não foi fechado com o intuito de fazer um jogo conservador.

“Achei que poderia ser uma piada, para ser sincero”, disse o jovem treinador, ao Reno Gazette-Journal, sobre quando recebeu a ligação. “O sistema seria o caos organizado. Estamos tentando aperfeiçoar o caos. Vai ser uma correria. Vamos correr e tentar muito de três pontos. O quão extremo podemos ir? Depende. Mas vamos tentar coisas diferentes e partir daí.”

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Arseneault Jr., segundo consta, já era o técnico de fato de Grinnell. Seu cargo era de assistente apenas como nomenclatura, mas era quem dava treinos e lidava com as operações do dia-a-dia. Foi daqueles garotos que não desgrudava do Senior e passava o tempo todo num ginásio de basquete. Mais tarde, jogou de armador na equipe, tentou a sorte no exterior e voltou para casa, até se juntar ao pai no banco de reservas de trajes sociais. Como atleta, não pontuava muito: seu forte era passara a bola, mesmo, com médias de 9,4 assistências na carreira. Em 2007, ele chegou a estabelecer um recorde de 34 assistências num só duelo – mas a marca seria quebrada mais tarde por outro jogador da equipe. Estraga-prazer.

Na temporada passada, os Pioneers marcaram 116 pontos por partida. Eles lideraram toda a NCAA em produção ofensiva por 19 das últimas 21 temporadas. Em volume de tiros de três pontos, foram em 17 temporadas durante esse período. Tudo baseado em uma fórmula.  “Nas últimas duas décadas, o técnico vem colocando em prática seu sistema (“O Sistema”), baseado em sua fórmula (“A Fórmula”), que pede explicitamente  que sua equipe arremesse pelo menos 94 vezes num jogo, 47 das quais deveriam ser em três pontos”, relata o repórter Eamon Brennan, do ESPN.com americano.

Segundo Arseneault Jr., esses princípios foram evoluindo naturalmente. O fato é que a equipe de seu pai estava cansada de apanhar em suas competições, e o técnico saiu em em busca de alternativas para compensar sua suposta falta de talento. Quando consultou os jogadores, eles teriam escolhido um jogo mais acelerado.

armador Ra'shad James é um dos que vai ter de corrrer: 16 pontos de média no início

armador Ra’shad James é um dos que vai ter de corrrer: 16 pontos de média no início

Outra particularidade das táticas boladas pela família: os atletas são substituídos de modo frenético, numa média de um por minuto. Por vezes, o quinteto inteiro é retirado de quadra, para que eles sigam correndo feito malucos, pressionando o adversário com bombas de três pontos e marcação em cima da bola, adiantada, pela quadra toda. É com isso, gente, que o Reno Bighorns está mexendo. E vai ser uma alteração drástica para o clube.

Na temporada, sob a orientação de Joel Abelson, que foi para o New York Knicks, o Bighorns teve o terceiro ataque menos produtivo, com média de 104,8 pontos. Ficaram em antepenúltimo também na quantidade de arremessos de três pontos, com 353 cestas de longa distância no decorrer do campeonato, em 963 tentativas (penúltimo). Para efeito de comparação, o Rio Grande Valley Vipers tentou 2.268 chutes de fora. É a filial do Houston Rockets, totalmente mergulhada em planilhas estatísticas convencidas de que o arremesso de três é um pilar fundamental para um setor ofensivo eficiente.

Essa, hã, preguiça toda já virou passado.

Veja só estes placares:

– 08/11 – Idaho Stampede 158 x 135 Reno Bighorns
– 11/11 – Reno Bighorns 128 x 126 Santa Cruz Warriors
– 14/11 – Reno Bighorns 144 x 152 Iowa Energy
– 16/11 – Reno Bighorns 127 x 116 Grand Rapids Drive

Que tal?

São os quatro compromissos do Reno Bighorns até agora com seu novo técnico.  Quando os expus alguns desses números no Twitter, um dia desses, o companheiro de Saque e Voleio Alexandre Cossenza perguntou se o cronômetro de posse de bola tinha 15 segundos, rindo. O Guilherme Giavoni, que a turma de Sorocaba, conhece bem, reparou: era placar de Jogos das Estrelas. As duas situações bem que poderiam ser verdadeiras. As coisas fariam mais sentido. Mas, não: todos esses jogos foram disputado com os 48 minutos regulares do basquete profissional, com 24 segundos de relógio por ataque, sem prorrogação.

“Demos às pessoas uma chance de ver o que esse sistema pode realmente fazer”, afirmou Arseneault Jr. após a vitória sobre Grand Rapids, na qual sua equipe chegou a ficar atrás no placar por 42 a 19 no segundo período, antes de ir para o intervalo com uma vantagem mínima de 54 a 53. Afe. “Depois de um começo fraco, o time começou a esquentar e a arremessar.”

Veja como funciona, na íntegra da partida contra a filial do Detroit Pistons:

Vale uma autópsia, não?

As estatísticas mostra o seguinte: o clube afiliado do Kings vem com incrível média de 135,5 pontos em seus dois primeiros jogos oficiais. Acho que nem o Harlem Globe Trotters chegaria a tanto. Se formos levar em conta a pré-temporada (cujo padrão, convenhamos, não muda muito aqui), temos 133,5. Ufa, mais maneirados.

Para comparar, dois times meio que – repetindo “meeeeio que” – chegam perto em pontuação após duas rodadas oficiais: o Texas Legends/Dallas Mavericks, com 128,5 pontos, e o Iowa Energy/Memphis Grizzlies, com 127,0. Mas o Iowa nem deveria contar, já que, como vimos acima, enfrentou as Bigornas e teve seus números inflacionados pelo jogo do dia 14 de novembro – nenhum time fez menos que 31 pontos num quarto. Para comparar, em sua segunda partida, o placar foi um triunfo por 102 a 100 sobre o Santa Cruz Warriors. O Bakersfield Jam/Phoenix Suns tem 118,5, em quarto, e o Rio Grande Valley Vipers/Houston Rockets somou 117,0, em quinto.

Jeremy Lin já jogou por Reno. Mas numa equipe mais tradicional

Jeremy Lin já jogou por Reno. Mas numa equipe mais tradicional

Sim, todas as quantias são meio absurdas, pensando nos padrões com os quais estamos acostumados. Mas as contas a da D-League funcionam de uma forma diferente. Ainda assim, mesmo nessa realidade paralela, o Reno promete deixar sua marca em termos de ritmo de jogo. É frenético, mesmo, com 124,6 posses de bola por partida. O Iowa, de novo com o mesmo asterisco, tem 113,6 posses. O Grand Rapids,  111,1. Está cedo, é verdade, vamos monitorar esses números no decorrer da temporada, mas, por todo o contexto apresentado, podemos esperar uma liderança folgada para a equipe, sim, nesse quesito.

Nos dois primeiros jogos da temporada, os caras tentaram 109 arremessos de três pontos no geral, contra 84 do Maine Red Claws/Boston Celtics, e 74 do Vipers. Se mantiver esse ritmo, terão chutado 2.725 bolas de longa distância durante a temporada regular, mais de 500 a mais que os líderes da edição passada. Talvez isso independa do aproveitamento, que foi de 38,5% nas duas primeiras partidas, o sexto.

Numa coisa, porém, não podemos nos perder. Não é que o Bighorns busque apenas o chute de fora. Seu volume ofensivo é caudeloso sob qualquer medida. No total, eles arriscaram 228 arremessos em dois jogos, contra 201 de Iowa e 189 do Erie Bayhawks/Orlando Magic. Na verdade, os tiros do perímetro equivalem a 48% de suas tentativas. Para o Red Claws, o percentual é de 50%.

Entre os atletas, quem está adorando tudo isso é o ala-armador Brady Heslip, canadense formado pela Universidade de Baylor e que já defende a seleção nacional de seu país. Vocês se lembram dele? É um rapaz bastante confiante em sua capacidade de arremesso. Nas duas primeiras rodadas, ele marcou 78 pontos, média de 39. Sozinho, ele tentou 36 arremessos de três, matando 20 (55,6%). Foram 47 chutes para ele no geral. Pura doideira. O ala TJ Warren, calouro do Phoenix Suns e defendendo na D-League o Bakersfield Jam, acumulou 46 chutes, dos quais módicos 13 foram de fora.

Heslip sabe enxergar uma boa chance para arremessar de três pontos

Heslip sabe enxergar uma boa chance para arremessar de três pontos

“É como se fosse o Rio Grande Valley, mas talvez um pouco mais imprudente que eles. Mas não no mau sentido. Eles jogam com velocidade. A única diferença aqui é a defesa. Vamos pressionar o jogo todo e tentar acelerar a equipe. Ninguém jamais jogou desta forma antes. É um experimento”, disse o armador Tajuan Porter, que vem com ‘modesta’ média de 11 pontos por jogo em 22,5 minutos. Quatro de seus companheiros, além de Heslip, têm mais de 15 pontos de média.

Ame-o ou odeio-o, o Reno Bighorns vai seguir em frente com seu sistema amalucado, que nunca foi testado com profissionais. É um cenário bem diferente daquele que Arseneault Sr. pensava. “Meu pai nunca pensou que essa fosse virar uma estratégia competitiva. Ele apenas achava que, se era para eles perderem, para que perder de 60 a 40, se dava para perder de 150 a 130? Pelo menos as pessoas teriam algo de positivo para falar a respeito depois de uma derrota, já que alguém havia marcado tantos pontos”, disse o Junior, convicto de que pode ser bem-sucedido sob os olhares e contra a concorrência de tanta gente séria. “Não vejo motivo para que não. Ao mesmo tempo, estou curioso para saber o quão bem pode correr aqui. Já vi alguns flashes no training camp que indicam que ele pode ser muito, muito sucesso.”

Num basquete brasileiro em que se arremessa de três pontos sem peso algum na consciência, é de se imaginar que a curiosidade para acompanhar esse experimento não poderia ser maior.

*  *  *

Relembre a ‘façanha’ dos 138 pontos de Jack Taylor?

 


Bolsa Atleta e Bolsa 3 pontos: o dia do Robert
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Giancarlo Giampietro

O dia do Robert

O dia foi do Robert, com muito ou quase nada o que se falar

Brasileiros e brasileiras, vocês vão desculpar o trocadilho infame, mas é inevitável: o dia 11 de novembro de 2014 do basquete nacional pertenceu a Robert Day. Pela manhã, fora de quadra, o ala norte-americano do Bauru foi o protagonista de uma dessas matérias que só nosso país pode te oferecer. Ao final da tarde, em ação, também fez questão de roubar a pauta para ele em vitória sobre o Brasília pelo quadrangular semifinal da Liga Sul-Americana.

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Brasília? Opa, e veio do Distrito Federal, mesmo, a reportagem do intrépido Daniel Brito que abriu a jornada basqueteira deste blogueiro nesta terça-feira: “Bolsa Atleta do governo federal paga jogador de basquete dos Estados Unidos“. É o tipo de manchete que te faz levantar do sofá, ir ao banheiro novamente e jogar água no rosto. Para ver se despertou direito. Era o caso.

Acontece, mesmo, que Day se cadastrou no programa de beneficiários do Ministério do Esporte, foi aprovado e vem sendo agraciado com a quantia de R$ 925 mensais. Dinheiro público embolsado pelo jogador estrangeiro, que não está nos planos da seleção brasileira, nem nada perto disso.

Nascido em Portland, terra do amável Trail Blazers, há quatro anos no Brasil, o jogador teve seu nome publicado no Diário Oficial no último dia 1º de julho. Os demais detalhes você confere no texto do próprio Daniel. Só adiantamos aqui um dado importante: um dos reforços do badalado elenco de Bauru para esta temporada, o jogador está ganhando algo em torno de R$ 30 mil mensais. Ah, vá. O jeitinho brasileiro contagia.

Segundo o Ministério, a concessão para Day “segue a legislação em vigor”. Consta que o atleta tem enviar sua documentação obrigatória, mas também tem de contar com uma forcinha da CBB, a confederação (ir)responsável pelo esportista. Isto é, não se trata de uma operação ilegal – e tampouco algo sorrateiro. Day contou com a anuência da entidade e de sabe-se lá quantos burocratas. Ninguém que pudesse apelar ao bom senso. Impagável, não? Quer dizer: é pagável, sim. A cada 30 dias.

O que o jogador teria a dizer a respeito? “Nada a declarar”.

Horas depois da publicação da notícia, Day falou, sim, todo sorridente com a reportagem do SporTV. Disse qualquer coisa sobre estar feliz de ter ajudado o time numa vitória importante. Nada sobre a graninha extra. O americano havia acabado de marcar 32 pontos em uma vitória de virada, incrível, do Bauru sobre os atuais campeões sul-americanos: 95 a 87.

Day anotou 32 pontos na partida. Até aí, quase normal. O que pega é que foram 30 pontos só em arremessos de longa distância. Sim, ele matou 10 chutes de fora contra Brasília, em 12 tentativas. Sete delas aconteceram apenas no terceiro período, o da reação, em sequência. Foi como se o americano tivesse ganhado também uma Bolsa de 3 pontos.

Robert Day, e sua Bolsa de 3 pontos entregue por Brasília

Robert Day, e sua Bolsa de 3 pontos entregue por Brasília

Uma façanha, é verdade. De ambas as partes: do cestinha da partida e da defesa adversária, em desatino, perdidinha, vendo o adversário fazer uma arruaça que só na linha perimetral.  A equipe de Guerrinha como um todo acertou dez de suas 15 tentativas no período – 30 de seus 40 pontos no geral. No geral, foram 19 em 43, com 44% de rendimento e 57 pontos.

De novo: inacreditável, aproveitando-se da gritante falta de comunicação dos candangos. A defesa era a maior preocupação de José Carlos Vidal antes de o NBB7 começar e vai seguir um problema difícil de se resolver, enquanto seus gringos ainda buscam entrosamento com os novos companheiros e se adaptam ao estilo praticado aqui.

Muitas das cestas de longe aconteceram com os atletas completamente livres, seja em descida em transição ou em jogadas de pura desatenção em que os comandados de Vidal partiam para o jogo de transição quando a bola não havia nem sido recuperada  no rebote. Resultado: um paulista a tomava e encontrava um companheiro sozinho para o disparo.

O time bauruense se aproveitou: no geral, eles tentaram 43 arremessos de três, contra apenas 35 de dois pontos. Uma loucura, mas o torcedor brasileiro que se acostume. Essa é claramente a proposta de jogo da equipe para a temporada. Nas duas primeiras rodadas do NBB, foram 63 arremessos de fora, contra 62 de dois pontos. Detalhe que, na primeira rodada, já havia enfrentado Brasília, mas com números mais modestos. Foram, na ocasião, 34 bolas de três para 32 de dois e aproveitamento de 32,4%. Na Liga Sul-Americana, o placar de quatro jogos soma 130 bolas de três contra 142 de dois, com 36,2% de acerto.

É uma abordagem ofensiva que vai favorecer, e muito, as qualidades de Robert Day. O americano havia chegado a esta quarta partida do torneio continental com 8 cestas de fora em 18 chutes, um ótimo 44%. Agora elevou sua pontaria para 60% no perímetro e chegou a uma média de 17,5 pontos. São números que justificam o Bolsa Atleta, no fim, não?

Nada a declarar.

*  *  *

A CBB se pronunciou a respeito da Bolsa Atleta recebida por Robert Day. Em seu site, publica uma nota a respeito, na qual afirma que não tem poder de veto ou indicação sobre os atletas beneficiados pelo programa, fornecendo apenas a documentação requisitada: “A concessão do benefício segue legislação própria, a que todos estamos submetidos, e não há como a CBB indicar, facilitar, favorecer ou ajudar de qualquer forma nenhum atleta a receber o benefício. São meras, óbvias e inegáveis informações solicitadas pelos atletas, que os enquadrarão ou não nos critérios estabelecidos para solicitação do benefício, que não proíbem a participação de estrangeiros. A solicitação do benefício somente pode ser feita por cada atleta interessado, nunca pelas entidades de administração esportiva. À CBB não cabe vetar ou indicar atletas”.


Fla abre luta pelo tri com números inflados de ataque (e defesa)
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Giancarlo Giampietro

Vigiar o Flamengo lá na linha de três: é necessário

Vigiar o Flamengo lá na linha de três: é necessário

A concorrência do Flamengo que fique atenta no NBB7: os atuais bicampeões vão se garantindo, por ora, com base em seu poderio ofensivo. Uma artilharia. Em duas partidas, os rubro-negros flertaram com a marca centenária, tendo média de 98 pontos por partida para vencer Paulistano e Liga Sorocabana, fora de casa.

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Um detalhe: nesses dois triunfos, a equipe carioca matou 25 bolas de longa distância. Somou, então 75 pontos, ou 38,2% do seu total com bombas a partir do perímetro – para quem arremessou da linha da NBA em três amistosos da pré-temporada, parece que ficou mais fácil o fundamento, né? Quem quiser derrubar os caras, então, vai ter de fiscalizar bem no perímetro.

Agora, será que o Fla consegue manter um ritmo assim? Difícil, bem difícil. O mais razoável, na briga por um terceiro título consecutivo, seria encontrar um equilíbrio, ainda mais priorizando uma evolução considerável em sua defesa, que também cedeu mais de 90 pontos para a dupla paulista. Na temporada passada, para constar, o time carioca teve médias de 84,7 pontos pró e 76 contra.

Olho no campeão olímpico trintão...

Olho no campeão olímpico trintão…

Ao menos na contenção dos chutes de longa distância a equipe de José Neto vem bem. Somados, Paulistano e LSB acertaram apenas 15/54 (6/24 e 9/30, respectivamente), para um aproveitamento de 27,7%. Neste caso, não valeu a premissa do toma lá, dá cá.

O cestinha flamenguista nessas duas primeiras partidas foi Walter Herrmann, com 38 pontos no total, contra 33 de Marquinhos e 32 de  Marcelinho. O veterano argentino, ainda um craque ao seu modo, é quem vem mais fazendo estragos nos arremessos de fora, com 8/13 (61,5%). Sua habilidade para puxar um dos pivôs para fora do garrafão vem sendo um problema, então, para os adversários, que vão precisar estudá-lo com mais atenção.

Um detalhe: da parte dos sorocabanos, o ataque também vai funcionando, com média de 94 pontos, acima dos 75,9 do campeonato passado. Mas tem muita coisa para rolar ainda.

Sem conclusões precipitadas, é só um registro de duas contagens anormais para o basquete brasileiro neste princípio de campeonato.

*   *   *

Idem para o Bauru e Jefferson William

Idem para o Bauru e Jefferson William

Assim como Herrmann, outro strecht four que fez chover* bolas de três na segunda rodada foi Jefferson William, pelo Bauru. O ala-pivô anotou 30 pontos, dos quais 15 foram em tiros de fora (em nove tentativas). Eitalaiá. Os scouts ligados ao movimento de estatísticas avançadas da NBA ficariam malucos por aqui. Não é segredo que Jefferson gosta desse tipo de jogada. Mas também não foi marcado: seu aproveitamento é de 52,9%, com 9/17. Não deve ser algo sustentável, porém. Em sua carreira no NBB, a média é de 36,9%. Vamos monitorar, uma vez que o time de Guerrinha não faz questão nenhuma de esconder sua predisposição pelos chutes de longa distância, com até cinco atletas abertos em quadra. Na vitória sobre o Basquete Cearense, eles tentaram 29 bolas de três pontos e 30 de dois. Um (des)equilíbrio ao qual não chegaria perto nem mesmo um time maluco por esse tipo de jogo como o Houston Rockets. Em média, o time texano vem com 73,5 arremessos por partida nesta temporada 2014-2015, com 31,3 tentativas exteriores.

(*Sim, uma indireta ao problema com goteiras no ginásio Panela de Pressão, que fez a partida ser adiada. Algo que acontece, sabemos, não pode deveria mais, né? Da parte da cidade, clube e liga.)

*   *   *

Na estreia do técnico Marcel em um NBB, seu Pinheiros venceu o Rio Claro, fora de casa, por 84 a 70, num jogo um tanto maluco. Também uma novidade neste campeonato nacional, os rioclarenses chegaram a virar a partida no segundo tempo e abrir nove pontos no placar, só para tomar um 24 a 11 na última parcial. Não vi a partida. De todo modo, chama a atenção o quinteto titular usado por Marcel: Paulinho teve a companhia dos irmãos Smith, formação com três armadores bastante agressivos. Eles eram protegidos, digamos assim, por dois atletas muito físicos na linha de frente Marcus Toledo e Douglas Kurtz. O trio Paulo-Joe-Jason terminou com 52 pontos –61,9% do total do time da capital. Não só: foram mais 11 assistências, de 15, para o trio, e oito roubos de bola (sete por parte dos americanos). Epa.


As semifinais da Copa do Mundo em números
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Giancarlo Giampietro

Gente, vocês querem números? Faltam apenas quatro jogos para o sonho de uma Copa do Mundo de basquete de verão terminar. Com quatro times em disputa, sendo que um vai sair de mãos abanando, assim como aconteceu com Brasil e Espanha. Mas, isso, claro, vocês já sabiam. Vamos com outros dados, então:

No poderoso ataque americano, tem até para DeRozan. Dale, cravada

No poderoso ataque americano, tem até para DeRozan. Dale, cravada

102,3 – Os EUA têm o melhor ataque da Copa, e o restante não chega nem perto. Com 102,3 pontos por jogo, abriram quase 20 de vantagem para a Espanha, que agonizou diante da defesa sufocante dos franceses nesta quarta. Entre os que ainda estão no páreo, a Sérvia aparece em segundo, com 80,1, ajudada pela sacolada que deram no Brasil. A Lituânia anotou 76 pontos em média, enquanto a França tem 72,9 (apenas a 14ª no geral).

68,8% – Sérvia e França estão empatados com este fraco aproveitamento em seus lances livres, valendo as 17ª e 18ª posições no ranking geral. Os EUA, com 71,3%, aparecem em 13º. A Lituânia tem 75,2%, em quarto. Por curiosidade, as Filipinas lideraram o quesito, com 79,6%.

44 – Este a gente colocou no primeiro dessa texto dessa série estatística, mas, depois da tragédia espanhola, vale o reforço: foi em 1970, há 44 anos, a última vez em que o país anfitrião viu sua seleção comemorar o título: a Iugoslávia. O que, nos tempos de hoje, nem vale: eram vários países em um, sendo que três deles disputaram a atual edição: Croácia, Eslovênia e Sérvia.

A vitalidade de Jonas Valanciunas, estrela lituana de apenas 22 anos e o quinto reboteiro do Mundial, com 8,6

A vitalidade de Jonas Valanciunas, estrela lituana de apenas 22 anos e o quinto reboteiro do Mundial, com 8,6

28 – É a média de idade da Lituânia, o time mais velho entre os semifinalistas. O restante? França e Sérvia empatam com 26 anos, enquanto os Estados Unidos têm 24. Este talvez seja o dado mais relevante para colocar em perspectiva a campanha brasileira, com uma seleção de 31 anos. Todas essas quatro potências já têm uma base armada para o próximo ciclo olímpico.

23,8 – Surpreendentemente, o ala Klay Thompson é o jogador americano que mais tempo fica em quadra no Mundial, com 23,4 minutos, contra os 23 cravados de Kyrie Irving. No total, isso representa apenas três minutos a mais (164 a 161). O pivô Andre Drummond, convocado basicamente como apólice de seguro num eventual embate com a Espanha que agora jamais vai acontecer, somou 38 minutos, quase uma partida de Fiba inteira (6,3 por partida).

22,1 – O quanto a França arremessa de três pontos por jogo, o maior número entre os quatro semifinalistas, mesmo que eles tenham, de longe, o pior aproveitamento (ridículos 31,6%). EUA, Lituânia e Sérvia estão todos na casa de 19 chutes de longa distância por rodada, com os lituanos, claro, tendo a melhor pontaria: 40%. Culpa do pivô Darjus Lavrinovic, que tem acertado surreais 62,5% de seus arremessos, e do armador Adas Juskevicius (57,1%). O Brasil se despediu do torneio com 16,9 tentativas e 37,3% de acerto.

20 – Erros para a Espanha em arremessos de três pontos em sua derrota para a França, tendo tentado 22 disparos. Ok, é um número que pertence muito mais fase anterior, mas, nestes tempos de redes sociais em ebulição por conta desse processo chamado “Festa da Democracia”, todo mundo parece acreditar que jornalismo é manipulação, né? Então tomem aqui a prova mais clara. (Na verdade, o número é fundamental para explicar a classificação francesa, com uma linha defensiva assustadora, que arrepiou os espanhóis: um time desse nível acertar apenas 9,1% de seus chutes de fora? #sacrebleu).

13,9 – Dos 48 jogadores que ainda podem jogar o Mundial nesta reta final, Miroslav Raduljica, quem diria, é o cestinha, com 13,9 pontos. Logo em sua cola vem o Anthony Davis, mas pode chamar de Monocelha, com 13,7. Passaram quatro equipes que não dependem tanto assim de um jogador para carregar o ataque. Verdade seja dita: era o mesmo caso do Brasil. Entre os 20 principais pontuadores, em média, do torneio, apenas Kenneth Faried, com 13,0, se junta ao sérvio e a seu compatriota nessa. Desta forma, José Juan Barea ao menos pode acrescentar esta linha em seu currículo: “*Cestinha da Copa do Mundo de basquete 2014, com 22,0 pontos – só não perguntem, por favor, qual foi a campanha do meu time”.

Batum está com cara de que queria fazer pelo menos uns 15 pontinhos por jogo, vai...

Batum está com cara de que queria fazer pelo menos uns 15 pontinhos por jogo, vai…

9,9 – Por falar em cestinhas, esta é a média de pontos de Nicolas Batum no torneio. O ala do Blazers, acreditem, lidera a seleção francesa nesse quesito. Joffrey Lauvergne tem 9,4, Thomas Heurte, 8,4, Boris Diaw, 7,9, e por aí vamos… Incrível.

4 – A França falhou em marcar que 70 pontos em quatro de seus sete jogos na competição. Se formos descartar os dados computados contra Egito e Irã, restaria apenas uma partida, então, em que cruzaram essa… Nada fantástica marca. E foi contra quem? Justamente a Sérvia, seu adversário das semis, vencendo por 74 a 73. Mas, ‘bora lá repetir todo mundo: “Cada jooooogo é uma históooooria”.

1 – Apenas um time não tem sequer um atleta com contrato de NBA em seu elenco: a Sérvia. Raduljica jogou o campeonato passado pelo Bucks, foi trocado para o Clippers e acabou dispensado, como já foi amplamente divulgado, embora a turma em geral insista em ignorar isso. O ala Bogdan Bogdanovic foi draftado pelo Phoenis Suns neste ano, em 27º, mas vai seguir sua carreira na Europa, pelo Fenerbahçe, talvez por mais dois anos, antes de pensar numa transferência. No clube turco, terá a companhia de Nemanja Bjelica, jogador já selecionado pelo Minnesota Timberwolves. Quem sabe Flip Saunders não decide dar uma chance para o ultratalentoso ala-pivô num futuro próximo? Sem Kevin Love, há vagas. E aqui vale um destaque importante: é muito tentador escrever que a Sérvia não tem sequer um jogador de NBA. Porque, a julgar pela cobertura geral do Mundial, só importa quem joga nela, né? Só o selo de aprovação da liga atestaria a qualidade de um atleta. Aí vem a Sérvia, e… Pumba.

0 – Nenhum jogador naturalizado vai disputar as semifinais. Quem chega mais perto disso é o Kyrie Irving, que nasceu na Austrália, mas se mudou com o pai, mais um desses ciganos e jogadores americanos, aos dois anos de idade. Sábia decisão a dele, já que os Boomers têm dono: Patty Mills, e ninguém tasca. Sem contar que, em 2020, será a vez de Dante Exum. Ah, a França tem suas importações também, mas em outras circunstâncias. Tanto Florent Pietrus como Mickael Gelabale procedem de Guadalupe, que fica no Caribe, mas ainda é território francês. O ala reserva Charles Kahudi é de Kinshasa, no Congo, mas fez toda a sua carreira no país latino, algo mais que recorrente.


O fator Hettsheimeir nos três pontos
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Giancarlo Giampietro

O fato novo nos amistosos da seleção brasileira rumo ao Mundial de basquete é a versão gatilho-de-três de Rafael Hettsheimeir. O pivô, que primeiro teve de disputar o Sul-Americano para, depois, garantir sua vaga na seleção principal, se transformou aparentemente no principal arremessador de três pontos de Rubén Magnano.

Quer dizer, pelo menos em oito jogos-teste.

É uma amostra muito pequena de partidas para ficar plenamente empolgado e eleger um novo Dirk Nowitzki. O que temos, por certo, é um jogador completamente confiante, se posicionando aberto na maior parte do tempo em que está na quadra, flutuando no perímetro, pronto para fazer o disparo.

Marcelinho Machado mostra para Hettsheimeir aonde receber o passe. : )

Marcelinho Machado mostra para Hettsheimeir aonde receber o passe. : )

Não se configura uma aberração, todavia.

Rafael vem realmente trabalhando esse fundamento, e não é de agora. Basta dar uma espiada em seus números desde que migrou para a Europa, para constatarmos que este elemento faz parte de seu repertório. Já tinha, vejam, um volume alto de tentativas sete anos atrás. Dependendo do clube por onde passou, a quantia pode ter variado, mas estavam lá os arremessos.

Numa já longínqua temporada de 2005-06 pelo CB Vic, egresso do Ribeirão Preto, o brasileiro começava sua longa trajetória Espanha, na LEB 2 (hoje LEB plata, terceira divisão  do país), com 29 arremessos de três em 25 partidas. Média de 1,16 por jogo e aproveitamento de 37,9%. No ano seguinte, com mesmo clube e mesma competição, foram 79 arremessos em 43 partidas (média de 1,83 e 35,4%).

O bom rendimento (geral) pelo clube catalão lhe valeu uma promoção. Subiu um degrau para disputar a LEB oro (segundona), defendendo o CE Lleida em 2007-08. Aparentemente, seu treinador de então, Eduard Torres, não gostava muito dessa ideia de pivô aberto – ou precisava do brasileiro no poste baixo, mesmo. Em 36 rodadas, ele tentou apenas sete chutes de fora. Não demorou, contudo, para que ganhasse o sinal verde novamente: 42 tentativas em 36 compromissos, mas com um aproveitamento bem baixo (23,8%).

O Lleida foi rebaixado para a quarta divisão espanhola, a EBA, por conta de problemas financeiros, e Hettsheimeir escapou dessa ao acertar com o Zaragoza, matendo-se na LEB. De todo modo, já significava mais um salto, uma vez que se tratava de um clube mais relevante. É verdade que a equipe havia acabado de cair. Porém, sempre foi mais habituada a jogar na elite espanhola, para a qual já voltariam em 2010-11.

O pivô, porém, sofreu uma lesão e ficou fora de ação por meses. Quando voltou, teve sorte: acabou cedido por empréstimo por um mês para o Obradoiro, pelo qual faria sua estreia na Liga ACB. Disputou 11 jogos pelo time (que hoje conta com Rafael Luz) em fevereiro. Foi muito bem, mas atuando nas cercanias da tabela. No ano seguinte, novamente pelo Zaragoza, já estava na Liga ACB em tempo integral, e também foi mais contido no perímetro, com dez arremessos em 34 jogos. Em geral, foram dois anos em que o tiro de fora esteve em segundo plano.

Hettsheimeir nos tempos de Zaragoza: grande fase

Hettsheimeir nos tempos de Zaragoza: grande fase

Foi ao final deste campeonato, aliás, que ele mostraria seu cartão de visitas para Luis Scola – e a boa parte da audiência brasileira também – no Pré-Olímpico de Mar del Plata. Turbinado depois de uma ótima Copa América, voltou para a Espanha para fazer a melhor temporada de sua carreira. Estava novamente assanhado no perímetro, tendo praticado bastante nas férias, ainda que não tenha apresentado um bom rendimento imediato: 56 arremessos em 33 jogos (1,69 por jogo e 33,9%). Acabou, também, sofrendo uma lesão no joelho, que lhe tiraria das Olimpíadas.  De qualquer forma, receberia sondagens da NBA e acertaria com o Real Madrid.

Hettsheimeir jogou no Real e no Unicaja Málaga nos últimos dois anos. Dois clubes de ponta da Europa, no qual infelizmente não teve muito tempo de quadra. Aí é uma situação difícil: qualquer arremessador precisa de ritmo, confiança e, claro, alguém que lhe passe a bola para produzir. Batalhando por um espaço na rotação, o brasileiro ainda tentou marcar presença como um pivô aberto, mas sem muito sucesso. No total, contando jogos de Euroliga e ACB, arriscou 107 arremessos de fora em 69 jogos (1,55 por jogo e 32%).

Na hora de processar tantos números, como em qualquer esporte, é preciso encarar o contexto. Cada equipe funciona de um modo diferente, tanto na tática quanto na combinação dos diversos talentos de cada elenco. Há uma referência interna que vá chamar uma dobra e abrir a quadra para o chute? O armador é um fominha? O time joga em transição, apostando nos arremessos rápidos e equilibrados, não importando de qual ponto da quadra saia? Etc. Etc. Etc.

O que vemos, de qualquer forma, é que Hettsheimeir invariavelmente procurou pontuar do perímetro, tentando fazer disso um diferencial em seu jogo. Vale destacar que, na Europa, o stretch 4 (ou 5) – o pivô aberto – já é utilizado há tempos. O objetivo primário desse movimento é espaçar a quadra, em vez de ficar com dois cones parados nos arredores do garrafão, congestionando o setor. Isto, claro, se o seu time não tiver um ataque inventivo, dinâmico, com boa movimentação fora da bola. Tipo o Brasil de Magnano.

Pelos últimos trabalhos com a seleção brasileira, está claro que o argentino vê muito valor num pivô que possa chutar de fora. Depois de anos e anos escalado basicamente como um lateral, Guilherme Giovannoni foi, enfim, aproveitado na seleção desta forma no último Mundial e em Londres 2012. No ano passado, depois de um período de treinos com sua supervisão e muito incentivo, Lucas Mariano desandou a arriscar de três pontos na Universíade – com resultados desastrosos, mas que melhorariam na sequência da temporada pelo Franca, pelo qual mandou ver 3,8 arremessos no último NBB, com 35,1% de acerto.

Agora temos Hettsheimeir cumprindo essa função tática. Algo que não aconteceu no ano passado durante a desastrosa Copa América e que tampouco vimos durante o Sul-Americano de julho na Venezuela. A diferença é que, nesses dois torneios, sem a cavalaria da NBA, ele era, na real, a principal esperança de pontuação interna da seleção. Ao lado de um Splitter ou de um Nenê em forma, vira opção secundária. E bem afastado da cesta. Veja só uma coleta de seus dados como arremessador nos oito amistosos que o Brasil fez até aqui:

Hettsheimeir: amistosos de 2014

Do jogo para o México em diante, Hettsheimeir não hesitou, hein? Se descontarmos os três primeiros amistosos, foram em média cinco arremessos de três por jogo, com sucesso, pelo que podemos ver. Levando em conta, porém, os números de sua carreira, é razoável ponderar se esse rendimento é sustentável. De novo: são poucos jogos para julgarmos o pivô como o maior chutador da paróquia. Não quer dizer que ele não possa fazer. Afinal, ele está fazendo. Também não significa que ele não possa melhorar de um ano para o outro. Pode, sim, ainda mais se estiver trabalhando tão duro conforme o relatado – sem contar o fato de que houve uma mudança no posicionamento de seus chutes em relação ao que vi nas últimas duas Euroligas: muito mais na zona morta do que frontal à cesta (menor distância, maior probabilidade de acerto). Só não sei se é prudente esperar que ele vá produzir desta maneira. Se mantiver o ritmo, Magnano tem uma belíssima arma ao seu dispor. Na seleção, a consequência pode ser uma possível redução drástica no uso de Giovannoni, que torceu o tornozelo e pode ter perdido seus minutos nessa. Acontece.

A fotinho de Hettsheimeir vai ser distribuída de vestiário em vestiário se o volume de três pontos seguir elevado desta maneira

A fotinho de Hettsheimeir vai ser distribuída de vestiário em vestiário se o volume de três pontos seguir elevado desta maneira

Por outro lado, durante uma competição, o estudo de cada seleção começa a se intensificar. Se Hettsheimeir virar bola cantada, como vai reagir? Contra a Lituânia, ele acertou três tiros de três consecutivos no primeiro tempo. No segundo, os marcadores correram desesperados em sua direção para desencorajá-lo. Em algumas situações, teve paciência para fazer o passe e ver o ataque brasileiro aproveitar um corredor aberto (causa e efeito). Mas também desafiou as contestações e errou três de seus próximos quatro chutes. Obviamente que seu aproveitamento é muito maior quando está com os dois pés plantados e com espaço para projetar a bola. Sabemos também que ele não é um dos pivôs mais ágeis ou explosivos, com dificuldade para por a bola no chão e executar em movimento, em progressão.

Qualquer jogador que acerte acima de 40% nos disparos de fora já tem de ser vigiado. Agora, se isso vem de um pivô, a defesa adversária vai ter um problemão para resolver.  Por exemplo: como fará suas coberturas no pick-and-roll? Se você puxa alguém do lado contrário para fazer frente ao mergulho de Splitter, vai pagar pra ver e deixar Hettsheimeir livre da zona morta? Se um de seus pivôs tiver de sair para contestá-lo longe do aro, como fica o rebote? Se o pivô e seus companheiros girarem a bola, sua rotação está coordenada para perseguir cada oponente, sem quebras? Os técnicos são obrigados a fazer cálculos e tomar decisões desagradáveis.

Pensando nesse tipo de desequilíbrio, a NBA abraçou essa tendência europeia e a transformou em uma coqueluche que agora ganha evidência na seleção brasileira. Rafael batalhou para ganhar esse status e terá um grande palco para mostrar o quão refinada está realmente sua habilidade. Em Bauru, a torcida assiste com um conflito de interesses. Dependendo da resposta que grandão der, pode ser que eles nem o vejam usar a camisa do time nesta temporada.