Vinte Um

Arquivo : setembro 2012

Boston Celtics é o mais novo clube a tentar dar um jeito em Darko
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Giancarlo Giampietro

LeBron James, Darko Milicic, Carmelo Anthony, Chris Bosh, Dwyane Wade.

Os cinco primeiros selecionados, nesta ordem, no Draft de 2003 da NBA.

Histórico, não?

Darko Milicic, Pistons

Darko no dia do Draft de 2003

Não só pelas quatro três estrelas + Bosh que daí saíram como pela presença inusitada do então adolescente e multitalentoso pivô sérvio. No fim, ele não pôde sobreviver na liga para sustentar aquele status – hoje completamente descabido – de que poderia ter mais valor, sim, que Carmelo, Bosh e Wade (e Chris Kaman, Kirk Hinrich, Mickael Pietrus, Nick Collison, David West, Boris Diaw, Carlos Delfino, Kendrick Perkins, Leandrinho e Josh Howard, outros atletas de sólida carreira escolhidos naquele mesmo ano, diga-se).

Mas na época é o que jurava Joe Dumars, o gerente geral do Pistons que bancou Darko, para desespero dos torcedores mais hardcore da Motown. Estes só queriam saber de ver Melo integrado a um fortíssimo elenco que naquela mesma temporada se tornaria campeão da NBA.

Imagina só? Esse é um dos maiores “o que aconteceria se…” da história da liga norte-americana. O Pistons teria sido uma dinastia? Ou a presença de um cestinha e estrela como Anthony apagaria o brilho discreto de veteranos como Billups, Rip Hamilton e Ben Wallace? Eles seriam o mesmo time com a mesma química? Larry Brown iria tratar como o ala de Syracuse? Vai saber.

O que sabemos é que o técnico não tinha nenhuma paciência para lidar com um pivô que mal falava inglês, havia se tornado um milionário da noite pro dia e se deslumbrou com a vida luxuosa da NBA, mesmo que numa cidade industrial como Detroit – para ele, melhor do que qualquer coisa que tinha nos bálcãs, oras.

Darko virou uma piada na cidade – situação para qual o histérico e camaleônico Brown contribuiu muito, aliás – e, em 2006, foi trocado com o Orlando Magic. Por meia temporada, 30 jogos, ele teve seu melhor momento na liga, acreditem. Na reta final daquele campeonato, ao lado de Dwight Howard, mostrou alguns lampejos. Mas essa seria a história de sua carreira: lampejos, trocas, apostas, lampejos, trocas. Passou por Grizzlies, Knicks, Wolves. Agora é Danny Ainge e o Boston que apostam em tentar tirar algo valioso do sérvio, hoje com 27 anos.

O clube vai pagar pouco menos de US$ 900 mil por isso. Para os padrões da NBA, mixaria. Então não há risco nenhum na operação. Mas os torcedores do Wolves certamente aconselhariam os fanáticos de Boston a não se entusiasmarem muito, apesar de seu tamanho e de sua capacidade nos tocos que poderiam ser um bom complemento para a fortíssima defesa do Celtics. Afinal, ele foi dispensado em Minnesota ainda com US$ 10 milhões por receber. De tão apático que foi na última temporada.

O Celtics fez bons trabalhos com gente como Greg Stiemsma e Semih Erden nos últimos anos, então talvez Doc Rivers seja o homem para fazer do sérvio ao menos um pivô decente. O que só conclui uma história triste: pense apenas que houve um dia em que Darko era visto como um prospecto de superpivô. Um cara para 20 pontos, 10 rebotes e muitos tocos e assistências e tiros de fora. Um talento completo, plural.

Era só uma questão de tempo.

*  *  *

Segundo a imprensa espanhola, Darko recusou uma proposta de US$ 6 milhões por três anos de contrato com o Real Madrid para tentar uma vez mais suas chances na NBA.

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Houve também uma vez que em que vi Darko ser utilizado como o foco do ataque de uma equipe em alto nível, com confiança, e na qual ele brilhou, entregou. Acreditem. Foi pela seleção sérvia no biênio 2006-2007. Primeiro, no Mundial do Japão, ele somou 16,2 pontos e 9,3 rebotes, em seis partidas, com destaque para os 24 pontos e 12 rebotes contra os campeões olímpicos da Argentina e os 18 pontos e 15 rebotes contra os eventuais campeões da Espanha. Podem checar aqui, juro. Depois, no Eurobasket 2007 ele teve 14,7 pontos e 9,3 rebotes, números excelentes para um torneio Fiba. Depois disso? Nunca mais jogou por seu país.

Veja o grandalhão em forma:

*  *  *

A contratação de Darko é mais um indicativo de que não devemos assistir Fabrício Melo por muitos minutos em Boston na próxima temporada. O jovem brasileiro agora vê três veteranos disputando o posto de reserva imediato de Kevin Garnett – Jason Collins e Chris Wilcox são os outros. O pivô vai precisar de um grande training camp para impressionar Rivers e conseguir seus minutos.


Big Brother Houston: veja quem disputa com Scott Machado uma vaga no elenco do Rockets
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado pelo Rockets em Las Vegas

Scott é um dos oito atletas que brigam por quatro vagas teoricamente disponíveis no Rockets

Venho batendo nesta tecla aqui há um tempo que pode até soar chato. Que o Scott Machado, no momento, é o sexto brasileiro na NBA, mas que isso ainda vale de modo provisório. Que a coisa só vai ser oficializada, mesmo, se ele fizer parte do elenco do Houston Rockets no djia 31 de outubro, para o duelo com o Detroit Pistons, na abertura da temporada.

São 19 atletas sob contrato com a franquia, e se não houver nenhuma troca nas próximas semanas, quatro precisam ser dispensados até lá. Daqui para frente, começando o training camp do técnico Kevin McHale, será, então, uma espécie de Big Brother para ver quem fica no elenco.

Os que ficam na equipe na certa: Omer Asik, Carlos Delfino, Terrence Jones, Jeremy Lamb,  Jeremy Lin, Kevin Martin, Marcus Morris, Donatas Motiejunas, Chandler Parsons, Patrick Patterson e Royce White. Desses o gerente geral Daryl Morey não vai se desfazer de modo algum, a não ser que seja em um bom negócio, para receber algo de valor em troca. São 11 jogadores. Em tese, então, sobram quatro vagas para oito atletas.

O Scott Machado a gente já sabe quem é: o armador nova-iorquino, filho de pais gaúchos emigrantes, líder em assistências no basquete universitário do ano passado e que passou batido no Draft deste ano.

Mas quem são os outros sete no páreo?

Vamos lá:

John Brockman: pivô com três temporadas de experiência, adquirido em troca com o Milwaukee Bucks na qual Samuel Dalembert foi despachado. No ano passado, pouco saiu do banco de reservas pelo Bucks, com média de apenas 6,8 minutos, mesmo com a lesão de Andrew Bogut. Essa foi a mesma história para as duas campanhas anteriores, desde que foi selecionado pelo Sacramento Kings. É um ótimo reboteiro, mas baixo (2,01 m), tendo dificuldade para marcar. Tem contrato garantido, mas não duvido que possa ser sacrificado caso o time realmente goste de Scott a esse ponto.

Gary Forbes pela seleção panamenha

Forbes já não defende mais a seleção panamenha, mas descolou seu nicho na NBA

Toney Douglas: outro que entrou na liga em 2009-2010, indo agora para sua quarta temporada. Chegou a ser um dos queridinhos dos exigentes torcedores do Knicks, devido a sua capacidade defensiva, mas saiu dos trilhos no último campeonato, perdendo espaço para o novato Iman Shumpert, tendo convertido apenas 32,4% de seus arremessos de quadra. Um horror. Competitivo na defesa, mas no ataque ele é um ala no corpo de armador. Também tem contrato garantido (US$ 1,1 milhão), mas precisaria evoluir muito no controle de bola e do ritmo do jogo para ser um reserva decente para Jeremy Lin.

Gary Forbes: ala panamenho que batalhou na D-League até conseguir uma chance pelo Denver Nuggets em 2010-2011 com George Karl, tendo jogado como titular por 11 partidas. Vai bem quando ataca a cesta, vem evoluindo no chute de fora, mas não chega a ser um fora-de-série. De todo modo, produziu o suficiente para ser contratado pelo Toronto Raptors, com um vínculo de duas temporadas (seu salário é de US$ 1,5 milhão) até ser enviado para o Texas na negociação pelo armador Kyle Lowry. Em sua posição, Parsons, Delfino, Lamb e Martin são as principais opções, sendo que Jones e White também podem ser aproveitados no perímetro.

Courtney Fortson: armador de 24 anos que, com contratos temporários, daqueles de dez dias, disputou dez jogos na temporada passada – quatro pelo Clippers e seis pelo Rockets – e convenceu os texanos a estenderem seu vínculo para o próximo campeonato. Outro destaque da D-League. Na liga de verão de Las Vegas, porém, foi muito mal e acabou perdendo o posto de titular para Scott. Seu contrato não é garantido e imagino que deve ser um dos primeiros a ser dispensado, apesar da cabeleira e do visual diferenciado.

JaJuan Johnson: um dos muitos novatos que teve sua primeira temporada na liga atrapalhada pelo locaute, já que teve menos tempo para se integrar ao elenco cheio de veteranos do Boston Celtics, clube que o selecionou na posição 27. Ala que se formou pela universidade de Purdue, mas ainda é um tanto cru ofensivamente e nem sempre o mais dedicado na defesa. Longilíneo, mas ainda muito fraco fisicamente: aos 23 anos, ainda requer  paciência para se desenvolver. Não foi muito bem nas ligas de verão e acabou sacrificado pela direção do Celtics em troca por Courtney Lee. Competindo por espaço com White, Jones, Motiejunas e Parsons, está numa situação ingrata, embora seu contrato seja garantido (US$ 1 milhão).

Shaun Livignston, antes da lesão

Livingston foi uma sensação como adolescente pelo Clippers; hoje tem cancha e um alto salário

Shaun Livingston: com 2,01 m de altura e invejável habilidade no drible, já foi considerado uma das grandes promessas de armador dos Estados Unidos, justificando sua escolha na quarta posição do Draft de 2004 pelo Clippers. Em 2006-2007, quando fazia sua melhor temporada, com 9,3 pontos e 5,1 assistências como titular, aos 21 anos, sofreu uma das lesões mais assustadoras da liga, rompendo todos os ligamentos do joelho. Ficou mais de um ano fora das quadras até voltar para valer em 2009-2010 pelo Washington Wizards. Não tem mais a explosão física de antes, mas ainda é um bom passador. Também melhorou seu arremesso e, no ano passado, pelo Bucks, acabou utilizado mais fora da bola, finalizando. Chegou ao lado de Brockman no pacote por Dalembert, e a direção do Rockets deu a entender que pretende contar com ele na próxima temporada. Vai ganhar US$ 3,5 milhões no próximo campeonato – muita grana para ser descartado, na verdade – e talvez seja o maior empecilho para a contratação de Scott em definitivo.

Greg Smith: pivô de 21 anos que não foi draftado por nenhum clube no ano passado, mas fez uma bela campanha na D-League pelo Rio Grande Valley Vipers – a filial do Rockets, que é para onde Scott pode ir em novembro –, com médias de 16,6, 7,8 rebotes, 1,2 toco por jogo. O Rockets precisa de um reserva de porte para Omer Asik, mas Smith, assim como o armador brasileiro, não tem um contrato garantido. Provavelmente só foi contratado por Morey para que seu clube mantenha seus direitos, seguindo mais um ano pelo Vipers.


Analista da ESPN projeta Splitter estelar na próxima temporada
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Giancarlo Giampietro

Ontem foi fechado um post sobre a perspectiva de Tiago Splitter como agente livre na NBA com uma série de perguntas. Entre elas, se os cartolas da liga haviam tomado nota da temporada bastante eficiente que o catarinense havia feito pelo San Antonio Spurs, a despeito de sua performance apática nos playoffs.

Splitter, Spurs

Splitter e seu meio-gancho característico que chama a atenção de qualquer analista

Bem, ainda não dá para dizer nada sobre os concorrentes, mas é certo que o jornalista John Hollinger, um dos padrinhos da comunidade nerd cada vez mais influente no basquete, anotou tudo direitinho. Afinal, é seu ganha-pão: descobrir nos números algumas nuances do jogo para mostrar aqueles que são super ou subvalorizados. (E, sim, caramba, as coincidências de publicação do blog vão se tornando cada vez mais perturbadoraaaaaas. Medo.)

Em suas projeções estatísticas sobre os caras do Spurs, Hollinger arrisca os seguintes números para Splitter – de acordo com uma hipotética média de 40 minutos por partida: 19,4 pontos e 11,2 rebotes, depois de 19,6 e 10,9, respectivamente, no ano passado.

O problema é que Tiago nunca fica em quadra para produzir desta maneira, e ainda hoje os escritórios de direção dos clubes da NBA se dividem entre os que acompanham este tipo de número – e qualquer outro número – e os que são bastante tradicionalistas e valorizam basicamente o que veem em quadra, preto-no-branco.

E também tem outra: as projeções de Hollinger ignoram uma série de variantes que são impossíveis de prever em um cálculo e influenciam diretamente o rendimento: 1) o bem-estar físico de Splitter; 2) qual a relação em quadra do jogador com seus companheiros; 3) qual a relação fora de quadra do jogador com seus companheiros; 4) que tipo de plano de jogo o técnico Gregg Popovich pensa em colocar em prática; etc.

Traduzindo: será que Patty  Mills vai ganhar mais minutos, de acordo com sua performance olímpica? Será que ele vai passar a bola? A química estabelecida entre Ginóbili e Splitter será replicada? E por quantos minutos? Quem vai dividir o garrafão com o brasileiro? Na segunda unidade, quantos arremessos devem ser destinados a Kawhi Leonard ou Stephen Jackson? E Gary Neal ou Danny Green? E por aí vamos…

(Note que este tipo de questionamento serve para todo e qualquer time. Quantas bolas Larry Taylor terá para chutar em Bauru e quantas sobram para o Gui? No renovado elenco de Franca, há alguém que servirá de carro-chefe? Em Brasília, Tijuana, Moscou, Istambul, Seul… Não importa.)

Tiago Spliter, Spurs, NBA

Splitter ainda em busca do protagonismo de ACB

Agora, no mundo ideal, limpo e direto de suas estatísticas, porém, o veterano analista se sente confortável para dizer o seguinte: “Então… O quanto disso (a produção de 2011-2012) foi real? Splitter jogou menos de 20 minutos por partida, mas, quando ele foi para quadra, teve números de um All-Star. Pergunto isso pois ele ganhará somente US$ 3,9 milhões nesta temporada e, depois, vai virar agente livre. Se ele jogar, de algum jeito, próximo deste nível mais uma vez, ele vai ser pago, e com P maiúsculo. Ele pode ser uma estrela”.

Taí um baita voto de confiança para o catarinense, então.

*  *  *

Em suas análises, Hollinger também já escreveu sobre Fabrício Melo, o novato brasileiro do Boston Celtics também conhecido preguiçosamente como Fab Melo. Neste caso, as especulações são bem mais abstratas, já que têm base nos seus números como universitário.

“Melo teve o melhor rendimento em tocos de qualquer jogador candidato ao Draft com duas sobrancelhas e essa é uma das razões por que o Boston investiu uma escolha de primeira rodada de Draft nele”, adianta. Ria, por favor, porque a piada é muito boa mesmo, envolvendo um de nossos favoritos desde já, Anthony “Monocelha”Davis. O Vinte Um ama o garoto. Viva com isso.

“Ele é bem mais velho do que o esperado aos 22, mas, considerando seu desenvolvimento tardio (o brasileiro começou mais tarde no jogo), ainda há esperança que ele possa adicionar alguns movimentos ofensivos ao seu repertório. Ele não é um cobrador terrível de lances livres e sua média de assistências comparada com os desperdícios de bola em Syracuse foram bem melhores que a de um monte de pivôs, então ele não é irrecuperável no ataque”, continuou.

Depois, o estatístico da ESPN questiona a capacidade de reboteiro de Fabrício, cuja média de era igual, por exemplo, ao escolta Marcus Denmon, de Missouri, que é uns 20 centímetros mais baixo que o mineiro de Juiz de Fora.  “Melo vai precisar capturar alguns rebotes a mais para ajudar uma defesa que já está entre as que mais precisam de ajuda neste departamento na liga”, afirma.

E aqui vai uma afirmação que vai diretamente contra as projeções estatísticas: as métricas de Hollinger simplesmente ignoram o fato de que Fabrício jogou o ano inteiro por Syracuse como o “1” de uma defesa “2-1-2” de Syracuse, muitas vezes distante da tabela e com menos chances de apanhar os rebotes, oras.

É o tipo de razão óbvia para sempre olhar qualquer número com alguma desconfiança. Que pelo menos se questione um dado antes de aceitá-lo como a mais pura verdade.


Geração lituana ganha seu próprio documentário: “The Other Dream Team”
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Giancarlo Giampietro

 

A seleção lituana de 1992 - "O Outro Dream Team"

Olha o visual de gente livre que eram os lituanos em 1992

Vamos deixar as coisas bem claras, pela ordem:

– o blogueiro não é filiado ao PCdoB, nem ao PCB – até porque os personagens do post queriam distância do regime nos anos 90;

– blogueiro nunca participou de um comício comunista (nem liberalista, diga-se) – idem;

– o blogueiro não está envolvido com os produtores do documentário abaixo – apesar de ter escrito recentemente sobre o Sabonis pai e o Sabonis caçulinha por uma coincidência dessas que até irritam, sabe?

Feito o esclarecimento, nos sentimos livres, então, para falar mais um pouco sobre o basquete lituano. Sim, eles mais uma vez. Mas agora vamos muito além do clã Sabonis e lembrar um pouco sobre a segunda grande história das Olimpíadas de Barcelona-1992. Se fazem 20 anos da aparição daquele “Dream Team” de que todos ouvimos falar, também dá para comemorar as duas décadas da seleção báltica que conquistou o bronze naqueles Jogos, uma medalha histórica.

The Other Dream Team, poster

Cartaz do documentário

Sabonis era acompanhado pelo brilhante armador Sarunas Marciulionis e pelo ala Arturas Karnisovas, belo cestinha, entre outras grandes figuras que são tratadas feito deuses em solo lituano. Foi a primeira grande competição em que o país pôde disputar como uma nação autônoma, fora da alçada soviética. Era um torneio para celebração, especialmente para o basquete, seu esporte de maior tradição. E a festa terminou com um final digno de cinema mesmo: uma vitória por 82 a 78 contra a CEI (Comunidade dos Estados Independentes, que reuniu os cacos do império da URSS). Foi a chance para eles provarem que as glórias soviéticas no basquete passavam muito pelo talento daqueles lituanos forçados a defender outras cores. É célebre a ausência do superpivô no pódio devido a sua bebedeira nos vestiários depois do jogo.

Essa história toda está, claro, muito mais bem contada no documentário “The Other Dream Team”, veiculado no Festival de Sudance deste ano, de autoria de Marius A. Markevičius. David Stern, Yao Ming, Bill Walton, Donnie Nelson, Pau Gasol e outras grandes personalidades do basquete estão entre os entrevistados estrangeiros, além das estrelas do filme.

 Entre os causos detalhados está o apadrinhamento da seleção lituana pelo grupo cult-hiponga californiano Grateful Dead, que ajudou sua preparação financeiramente e providenciou as tresloucadas camisetas que os atletas usaram em Barcelona, com a caveira que enterra, desenhada pelo artista plástico Greg Speirs. Veja mais no trailer abaixo.

Para o basqueteiro de plantão, a Lituânia deve ser realmente o país dos sonhos, em que o bola ao cesto é tratado como religião. Um país que sempre dá um jeito de produzir craques atrás de craques, embora não tenha a economia mais poderosa e nem a maior população da Europa. O jovem pivô Jonas Valanciunas, do Toronto Raptors, é hoje quem tem a missão de conduzir essa tradição. Independentemente do sucesso que obter com as novas gerações, com o lançamento desse promissor documentário, ao menos os grandes talentos produzidos em sua terra já têm memória garantida por um bom tempo.

 


Splitter entra em seu último ano de contrato com o Spurs
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Giancarlo Giampietro

Tiago Splitter, Spurs

Sabe esse impasse todo por que está passando Leandrinho? A dificuldade de assinar um contrato que julgue justo ou um clube que lhe dê a chance de lutar pelo título, de ir longe nos playoffs? Pois o mesmo lenga-lenga noveleiro pode envolver outro brasileiro no próximo mercado da NBA. Quem? Tiago Splitter.

Mas ele não acabou de assinar com o Spurs, ué?

E não é estranho isso?

Parece que o catarinense ingressou na liga norte-americana ontem. Mas já se passaram dois anos e ele fechou um contrato de três temporadas com o clube texano.

Desta forma, a campanha 2012-2013 se torna ainda mais importante para o pivô. Com esta informação em mente, não é só mais uma questão de agradar a Gregg Popovich e conseguir mais minutos em quadra pelo Spurs. O que pega é que Tiago estará jogando pelo Spurs e também por um novo contrato. Aos 28 anos, ele ainda está no auge e sua expectativa, e a de seus agentes, claro, deve ser a de conseguir mais um pacote bem vantajoso em dólares para preparar um bom pé-de-meia para a reta final de sua carreira.

Devido ao período que levou entre seu Draft em 2007 e sua chegada a San Antonio, em 2010, Splitter pôde receber um salário acima da escala salarial designada para os calouros da NBA. De todo modo, ele ainda ofereceu um desconto para o clube, de acordo com seu valor de mercado na Europa.

Pivôs são sempre muito bem pagos na NBA – vide os inacreditáveis US$ 7 milhões que Kwame Brown tirou do Warriors e Bucks no ano passado e dos US$ 3 milhões que (ainda!) vai tirar do Philadelphia 76ers nesta temporada. Mas, por mais que o ex-sparring de Michael Jordan tenha sido uma tremenda decepção na liga, Kwame ao menos descolou a reputação de um “bom defensor no garrafão”. É o modo como ele é vendido hoje. E qual seria o slogan que acompanharia o brasileiro?

Na temporada passada, o próprio Popovich afirmou que ele já era um dos melhores da NBA na finalização de jogadas via pick-and-roll, com muita velocidade e inteligência nos deslocamentos para “mergulhar” no garrafão e fazer a cesta, embora tenha baixa impulsão. Desta forma, ofensivamente ele teve índices de eficiência altíssimos.  Nos playoffs, porém, regrediu e desagradou ao técnico – ou desagradou ao técnico e regrediu? Talvez a ordem importe aqui.

Será que os executivos da NBA já tomaram nota do potencial de Splitter? Seria o suficiente para buscá-lo no próximo mercado? Como Popovich vai rodar seus pivôs, agora que Duncan e Boris Diaw estão contratados por mais algumas temporadas? E sabe quem também joga pressionado neste ano? DeJuan Blair, outro que vai ter o passe nas mãos em 2013. Também vai querer jogar. Será que mais um ano de 20 e poucos minutos por jogo deixaria o pivô catarinense pê da vida, a ponto de querer voltar ao seu reinado europeu? Do outro lado do Atlântico, ele ainda é certamente cobiçado.

Uma boa jornada pelo Spurs seria o suficiente para resolver boa parte dessas perguntas e evitar a situação desconfortável em que está Leandrinho no momento.


Preocupado com lesões, técnico do Cavs espera evolução de novato para preservar Varejão
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Giancarlo Giampietro

Se Rafael Hettsheimeir funciona nesses dias apenas uma especulação envolvendo o Cleveland Cavaliers, com Anderson Varejão a história é bem diferente. Qualquer perspectiva de sucesso e de boa campanha da equipe na próxima temporada da NBA passa pelo pivô capixaba.

Anderson Varejão lesionado

De terno e munheca imobilizada, Varejão não contribui tanto assim para o Cavaliers vencer

Pensando nisso, o técnico Byron Scott já pensa com seus botões assim: “Hmmm… Seria ótimo poder preservar o Andy de alguma forma, tentar otimizar o quanto posso tirar dele”.

Não que estejamos envolvidos no lance de telepatia, nem nada disso. É que, fuçando por aí, você de repente pode se deparar com uma entrevista do treinador do Cavs ao próprio site da franquia, respondendo a perguntas enviadas pelo Twitter. Digamos que não seja a maior coincidência do mundo.

E aí o @fatherjohnmisty (*) da vez pergunta como ele vê a rotação de pivôs da equipe para a campanha 2012-2013, agora que o clube conta com o novato Tyler Zeller em seu elenco.

O ex-parceiro de Magic Johnson falou assim: “Eu vejo Andy começando o campeonato como titular. Mas minha visão é que em algum momento durante a temporada Tyler vai poder ser titular e eu poderei voltar com Andy para o banco, que é onde acho que ele pode ser mais efetivo…” Mas Calma!

Antes que você se descabele por nosso cabeleira, a continuação da resposta de Scott foi assim: “… E também poderia cortar os minutos, dele sabe? Infelizmente, nas últimas duas temporadas ele acabou jogando muitos minutos e sofreu algumas lesões”.

Por seu empenho defensivo, seu espírito contagiante em quadra para uma equipe muito jovem, Varejão é muito importante para o Cavs para jogar por apenas 56 partidas em dois anos – de 148 possíveis! Isso é muito pouco.

Tyler Zeller

Narigudo Zeller pode ajudar Scott a poupar Varejão em Cleveland

O treinador, então, torce para que Zeller assimile o jogo da NBA rapidamente. Ele tem mais idade e experiência que o calouro tradicional da liga dos últimos tempos – ele cursou os quatro anos em North Carolina, tem 22 anos (dois mais velho que Kyrie Irving, por exemplo.

Em termos atléticos, Tyler – o irmão de Luke e Cody (cotado como um dos melhores prospectos do próximo Draft e candidato a jogador do ano por Indiana no basquete universitário) – é bem parecido com Varejão. Um pivô mais leve, que aguenta corre muito mais do que a média para gente de seu tamanho e com ótima velocidade.

“No momento então é o que vejo. Andy começando como titular, porque ele sabe exatamente o que estamos fazendo e nós sabemos exatamente o que ele faz para nós”, diz Scott. “Mas acho que ele seria melhor se viesse do banco. O que não quer dizer que ele não vá terminar um monte de jogos, por causa de sua experiência e do modo como joga.”

*  *  *

Andy sempre soa engraçado, né?

Ainda mais considerando que Anderson definitivamente não é um nome que os norte-americanos possam estranhar. Ainda assim, para demonstrar afeto, em Cleveland, depois de “Wild Thing”, virou Andy, mesmo, e ok.

Agora…

Já havia feito esse apelo na encarnação passada do Vinte Um, mas insisto aqui: sabemos que Fab é diminutivo, no caso, de Fabrício, né? Que o pivô do Celtics, então, se chamaria Fabrício Melo? Por que não chamá-lo assim? Por que nos Estados Unidos é de outro jeito e pronto?

Fab pode ser usado feito trocadilho etc. Três letras, fácil de modular. Tipo as inúmeras manchetes “fabulosas” que o Lance! já fez quando Luís Fabiano detona, e tal. Mas a gente realmente não pode respirar fundo e tratar com alguém que tenha o nome em três sílabas mais?

Obviamente esse é apenas um espirro sem maldade nenhuma, que não vai mudar a realidade de ninguém. Sobe a bola, segue o jogo.

(*) Sim, essa foi uma referência da Juke Box 21 desta temporada.


O mítico Arvydas Sabonis em vídeos antes e depois das lesões
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Giancarlo Giampietro

Não faz realmente muito tempo desde que publicamos sobre o início de jornada do Sabonis caçulinha no Málaga, né?

Ao procurar vídeos do moleque de 16 anos foi natural, depois, esbarrar em imagens preciosas do pai, o legendário, para não dizer mítico Arvydas.

Sabe aquele papo de “você não imagina como era esse cara antes das lesões”? Quem viu tem a audácia de apontá-lo como o maior pivô da história. Audácia não por ser absurda a afirmação, mas, sim, porque essa seria uma discussão interminável, considerando tantos pesos pesados concorrendo. Só para definir o maior pivô norte-americano de todos os tempos é uma senhora encrenca. Imagine colocar os europeus na jogada.

Então vamos fugir correndo desse vespeiro, enquanto o ferrão não pega, e nos contentar apenas em postar alguns vídeos históricos do gigante russo. Donnie Nelson, vice-presidente do Dallas Mavericks e ex-assistente da seleção lituana – esperto o sujeito, hein? –, afirma num deles que ele era como o Dirk Nowitzki, só que ainda mais alto (2,21 m).

Bem, eu diria que isso ainda é pouco.

Dirk é um dos jogadores mais incríveis que já vimos, sua coordenação, sua habilidade para atacar a cesta, sua consistência. Um dos maiores da história.

Mas Sabonis – aí, sim, dá para cravar – ainda está num degrau acima. E não apenas pela altura ou pelas bebedeiras. O cara tinha o chute de três pontos, podia bater para dentro, mas também era um passador dos mais criativos e eficientes. Um tremendo reboteador. Um tanque de guerra fisicamente.

Tudo isso é um ótimo pretexto para gastar aqui o YouTube sem misericórdia.

Primeiro um sensacional compacto da final do Mundial Sub-19 em Mallorca, na Espanha, editado especialmente para mostrar a atuação dominante do pivô então com 18 anos… Apesar disso, os EUA seriam campeões num final de jogo apertadíssimo, liderados pela armação do jovem e futuro briguento Scott Skiles:

Agora, já no auge físico, reparem o quão explosivo ele era. Mobilidade incomum para alguém de seu tamanho. Seus defensores alegam que a desgastante agenda esportiva soviética contribuiria para algumas  de suas lesões e minar, aos poucos, seu corpo:

Nas Olimpíadas de Barcelona-1992, Sabonis, aliás, era só sorrisos ao defender sua Lituânia, depois da queda do regime soviético. Não obstante, em 1988 ele teve uma participação decisiva e empolgante. Veja ele em ação na semifinal de Seul num embate com um David Robinson, então com 23 anos. Mitch Richmond, Danny Manning, Dan Majerle, Hersey Hawkins e Stacey Augmon também estavam na derrota por 82 a 76 e teriam todos carreiras bastante produtivas na NBA.

Vejam ele ainda em tempos soviéticos, combinando lances de diversas partidas. Em um flash, podemos vê-lo dominando o garrafão brasileiro:

Para fechar, o material produzido pelo Hall da Fama (o americano), para o qual entrou em abril de 2011. Aqui temos personagens que cruzaram com o grandalhão falando em um resumo de sua carreira:


Contrato com Scott garante ao Rockets direitos sobre o brasileiro na D-League da NBA
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Giancarlo Giampietro

O Houston Rockets acredita no potencial de Scott Machado.

Que sabichão, né? Mas claro que acredita, então por que daria um contrato de três anos para o armador se fosse outro o caso?

Ok, anotado.

Scott Machado, armador puro em busca de vaga

Agora… Sabe também o que está por trás desse contrato assinado? Que, caso Daryl Morey não consiga limpar seu elenco e tenha de dispensar o nova-iorquino antes do início da temporada, esse vínculo, mesmo que desfeito, garante que ele pertencerá a sua franquia afiliada na D-League, a liga de desenvolvimento da NBA.

Isto é: ao participar do training camp com o Rockets, se não seguir no clube, o brasileiro se torna um jogador exclusivo do Rio Grande Valley na D-League. Ao que tudo indica, seria o caminho escolhido pelo atleta mesmo, em vez de tentar a Europa.

Não seria o fim do mundo. Os salários na liga menor são bem menores que o que se paga na NBA, os atletas andam de busão para cima e para baixo, em cidades bem menores, nada de glamour, mas ao menos Scott ainda estaria sob a alçada do Rockets.

Sediado em Hidalgo, ainda no Texas, o Rio Grande Valley Vipers  não pertence ao milionário Les Alexander, mas o departamento de basquete é controlado pelo estafe do Rockets desde 2009. A equipe antes era dividida com outras franquias – Cavs e Hornets –, como ainda acontece com a maioria dos times da liga de desenvolvimento.

As operações entre os dois clubes estão intimamente ligadas. Por exemplo: Chris Finch, técnico da Grã-Bretanha em Londres-2012, foi o comandante do Vipers até 2011 e acabou promovido a assistente de Kevin McHale na última temporada. Ele, na verdade, está muito bem cotado a suceder McHale quando chegar a hora.

Mapa do Texas

Hidalgo, ao Sul de Houston e do Texas

Então qualquer progresso que Scott fizer será levado em cona, será informado imediatamente a Morey e comissão técnica.

Um ponto importante também: qualquer jogador do Vipers pode ser chamado por qualquer time da NBA a qualquer momento durante a temporada. Ser o time do Rockets não implica que ele só possa ser usado pelos texanos. Foi o que aconteceu com o armador CJ Watson, aliás: ele começou sua carreira na liga principal pelo Golden State Warriors, antes de ser contratado por uma boa grana pelo Bulls. Por outro lado, é mais natural que o próprio Rockets faça a convocação, como no caso dos armadores Will Conroy, Garrett Temple e o ala Mike Harris – os três, porém, ainda estão no ritmo de bate-e-volta, circulando, em busca de uma vaga definitiva.

Fechando, uma curiosidade: “Rio Grande” não seria um termo tão estranho, no fim, ao torcedor colorado Scott Machado, considerando que sua família tem origens gaúchas, né?

Vamos aguardar.


Cinco motivos para entender por que Leandrinho ainda não tem clube na NBA
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho, pelo Indiana Pacers

Passam as semanas, o Vinte Um esteve em ritmo de férias por alguns dias preciosos e justíssimos, não caía nem goteira de ar-condicionado em São Paulo até esta terça-feira, as pesquisas eleitorais já assombram grandes e pequenas cidades, mas nada de Leandrinho assinar um contrato para a próxima temporada da NBA.

Entre os agentes livres disponíveis estão veteranaços em declínio como Tracy McGrady, Gilbert Arenas, Michael Redd, Mike Bibby, Kenyon Martin, Derek Fisher e jovens pouco provados como Donte Greene, DJ White, Derrick Brown, Armon Johnson e Solomon Alabi.

Não daria para enquadrar o ala-armador brasileiro em nenhuma dessas categorias. Ele nunca mais rendeu como nos tempos de correria com Mike D’Antoni, mas ainda pode ser um bom pontuador para o banco de reservas e teoricamente ainda estaria fisicamente no auge.

Então… Que diacho!?

Juntando alguns pauzinhos por aqui, vamos tentar entender o que se passa com o momentâneo desemprego de Leandro Barbosa:

Ray Allen, do Miami Heat

Ray Allen assina por menos com o Heat, não se aposenta e ‘rouba’ emprego na liga

1) Aposentar para quê?
Com a evolução das técnicas de preparação física, novos recursos medicinais, maior atenção com a alimentação e regras que inibem um contato mais forte – ou maldoso –, a NBA testemunhou em sua última década uma evolução atlética impressionante. Compare os vídeos de hoje com os da era dourada dos anos 80, e o impacto visual é mais ou menos o mesmo que temos ao colocar lado a lado o futebol de hoje com o de ontem. Inevitável no esporte.

Agora, atletas mais bem preparados tendem a ganhar em longevidade também. Não só eles se mantêm em atividade por mais tempo como ainda conseguem produzir de modo adequado. Peguem os casos de Grant Hill e Jason Kidd, que dividiram o prêmio de novatos do ano lá atrás em 1995 (!!!) e ainda são cobiçados hoje por clubes que brigam pelo título. Os dois, aliás, vão completar 40 anos durante a próxima temporada. Assim como Kurt Thomas, Juwan Howard (que pode virar assistente técnico do Miami Heat). Steve Nash e Marcus Camby começam o campeonato com 38 anos. Ray Allen e Jerry Stackhouse têm 37. Andre Miller, Kevin Garnett, Chauncey Billups, Antawn Jamison e Tim Duncan, 36.

Nem todos esses caras concorrem por posição com Leandrinho, mas o raciocínio aqui é válido na medida que estes vovôs todos estão ocupando vagas em elencos – basicamente, empregos – que, em outros tempos, já teriam sido entregues a outras gerações. Ainda mais aqueles que ainda conseguem ser bem pagos.

2) A fila anda, de todo modo
Por mais que os velhinhos estejam durando, aguentando, a NBA também abastece seus elencos anualmente com calouros, alguns deles adolescentes, via Draft. São 60 novos possíveis jogadores por ano – dependendo do que acontece com as escolhas de segundo round ou com europeus que por vezes são escolhidos no primeiro, mas demoram um tico para deixar seus países.

Orlando Johnson, Pacers

Orlando Johnson foi selecionado pelo Pacers na segunda rodada do Draft e já tem seu contrato

Aqui a gente pode se concentrar apenas em jogadores que batem de frente com Leandrinho em termos de tempo de quadra, fazendo as contas de atletas que poderiam ser escalados como shooting guards ou aproveitados como combo guards ou somente guards pelos clubes da NBA.

E a má notícia: nos últimos três anos, o Draft de 2012 foi o que mais forneceu concorrentes diretos para Leandrinho, com 14 caras já sob contrato e com equipes diferentes. São eles: Bradley Beal (Wizards), Dion Waiters (Cavs), Austin Rivers (Hornets), Terrence Ross (Raptors), Jeremy Lamb (Rockets), Evan Fournier (Nuggets), John Jenkins (Hawks), Jared Cunningham (Mavs), Tony Wroten (Grizzlies), Orlando Johnson (Pacers), Will Barton (Blazers), Doron Lamb (Bucks), Kim English (Pistons) e Kevin Murphy (Jazz). Reparem em Ross e Johnson, dois que foram contratados justamente pelos ex-clubes do ligeirinho.

Em 2011, foram dez que ainda estão na liga. Em 2010, 12. Somando, temos 36 empregos a menos para a função de Leandrinho. Não quer dizer que esses calouros sejam melhores que o brasileiro. Mas eles ganham menos, seguindo a escala salarial para os novatos. Como diria o Capitão Nascimento: o sistema é f***.

3) New Deal
O locaute dos proprietários das franquias pode não ter freado a tendência de composição de novos supertimes na liga, mas certamente mudou a economia e seu modelo de gestão. Ainda é tudo muito novo, agentes e cartolas entraram nas negociações deste ano estudando, se testando, mas muita gente perdeu dinheiro.

Quem sofreu mais foi o pelotão intermediário, especialmente aqueles que não conseguiram renovar contrato com suas equipes  – para estender seu vínculo com um atleta, uma franquia em geral tem a chance de pagar mais que as outras 29 – e caíram no mercado. Justamente o caso de Leandrinho, depois que o Pacers fechou com Gerald Green por US$ 3 milhões, além de ter draftado Orlando Johnson.

Com as restrições das chamadas “exceções de mercado”, que os clubes poderiam usar para reforçar seus elencos sem se estreparem com o teto salarial, maiores penas para quem estourar o teto e o consenso de que não dá mais para gastar tanto assim a não ser que você trabalhe para o Lakers, ficou muito mais fácil para os atletas com demanda salarial mais baixa se encaixarem – paga-se muito para os astros e complementa-se os elencos com o que sobrar. Como o armador E’Twaun Moore, que acabou de assinar com o Orlando Magic depois de ser trocado pelo Boston e dispensado pelo Houston.

Vale o mesmo para muitos caras que passaram batido pelo Draft, mas conseguiram alguma reputação na Europa e agora estão de volta aos Estados Unidos, só para dizer que são, enfim, atletas de NBA: James White e Chris Copeland (Knicks), Jamar Smith e Dionte Christmas (Celtics), Brian Roberts (Hornets), PJ Tucker (Suns) e Reeves Nelson (Lakers).

4) Não era um bom mercado
De todo modo, vários jogadores de sua posição conseguiram mudar de clube neste ano: Ray Allen, Jason Terry, Courtney Lee, Nick Young, Lou Williams, Jamal Crawford, Randy Foye, Marco Belinelli e Jodie Meeks, por exemplo. Era muita gente concorrendo com Leandrinho, e vale a lei da oferta e procura.

Jason Terry

Até que Terry ficou bem de verde e branco

Deste grupo, Lee, Terry, Williams e Crawford fecharam por cerca de US$ 5 milhões anuais. Young fechou com o Sixers por uma temporada e US$ 6 milhões. Allen, para ingressar no campeão Miami Heat, aceitou ganhar menos: US$ 3 milhões, assim como Mayo fez com o Mavericks (US$ 4 milhões). Foye acertou com o Utah por US$ 2,5 milhões. Belinelli é quem vai ganhar menos neste grupo: US$ 1,9 milhão pelo Bulls. Meeks será o reserva de Kobe por US$ 1,4 milhão na vaga que um dia já foi bem cotada para Barbosa.

Precisa ver quais são – seriam? – as demandas salariais de Leandrinho. Avaliando o grupo acima, está claro que seu valor de mercado ficaria enquadrado em uma dessas faixas salariais. Será que ele pediu mais? Será que ofereceram menos? Na última temporada por Raptors e Pacers, ele embolsou US$ 7,1 milhões – no último ano de um contrato de US$ 25 milhões por quatro anos. É o tipo de contrato que hoje realmente não está mais disponível para jogadores de seu calibre. Com esta grana, hoje você contrataria um Jason Terry e Belinelli por exemplo.

Não ajudou o fato de o brasileiro ter jogado as Olimpíadas. É claro que os dirigentes esperariam a conclusão do torneio londrino para negociar para valer com seus agentes – tanto para avaliar seu jogo como pelo temor de alguma lesão. (E aqui, depois de tantas críticas que o cara recebeu nos últimos anos pela suposta falta de patriotismo, é importante notar que ele pode ter sacrificado um bom punhado de dólares para defender seu país. Alguém vai elogiar agora?).

5) E, no fim, sua produção já não é a mesma
Não é, contudo, apenas uma conspiração maligna dos astros ou das forças de mercado que deixa Leandrinho nessa situação complicada. Nos últimos campeonatos, o brasileiro simplesmente não foi o mesmo jogador que aterrorizava defesas sob o comando de Mike D’Antoni no Suns do “Seven Seconds or Less”.

Leandrinho, no auge pelo Suns

Cora, Leandrinho, corra: produção pelo Suns

Pode parecer cruel, mas é assim que as coisas funcionam nas negociações da NBA: não importam os problemas no pulso, na munheca que infernizaram a vida do ala por meses e meses. Também ninguém do outro lado da mesa vai pesar se as mudanças de cidade mexem com a cabeça do jogador, dificultam seu entrosamento etc.

Na hora de barganhar, os dirigentes vão apontar que sua média de pontos vem caindo. Sua pontaria foi de apenas 39,9% nos chutes de quadra pelo Pacers e de 42,5% no geral (contando os jogos pelo Raptors). A pior da carreira, igualando sua sabotada campanha de 2009-2010 devido a lesões.

Mas a queda não acontece apenas em números absolutos. Numa projeção de pontos por minuto, se ele tivesse jogado 36 minutos por partida nas últimas duas temporadas, seu rendimento cairia de 19,8 pelo Raptors em 2010-2011 para 16,2 pelo Pacers no último campeonato. Essa média chegou a ser de 21 por jogo pelo Suns em 2008-2009. E Leandrinho é reconhecido na liga como um cestinha e pouco mais. Fato.

No caso das métricas mais avançadas, a coisa também não é muito boa. Não dá para explicar e detalhar todos estes números aqui – pois o post já está gigantesco o bastante –, mas, basicamente, dá para dizer que, no ano passado, o brasileiro teve sua pior atuação desde as duas primeiras temporadas de adaptação ao Suns, quando era usado muito mais como um armador, seja como reserva de Stephon Marbury ou de Steve Nash. O único fundamento que ele teria melhorado seria o rebote.

Tudo isso para…?
Segundo um informante do Bala, Leandrinho teria de procurar algum time mais fraco neste ano, em busca de números e exposição. Ele cita Cavs, Magic e Bobcats como alternativas. Acontece que os três clubes já estão acima do teto para a próxima temporada e, além disso, acabaram de se reforçar em sua posição, respectivamente com Dion Waiters, Arron Afflalo e Ben Gordon. Ele não teria tanto tempo de quadra assim, de qualquer jeito.

De julho para cá passou muito tempo, os clubes já estão com o planejamento avançado, elencos praticamente fechados. É como se não tivesse mais espaço para Leandrinho. Essa é a impressão que fica aqui de fora e a que seus representantes estão tendo de enfrentar.

A mesma fonte assinala que o ligeirinho agora teria de se contentar hoje com o salário mínimo para alguém com sua experiência, algo em torno de US$ 1,2 milhão. Caso seus agentes consigam algo além disso, merecerão uma medalha.

Desta forma, não seria estranho realmente se o ala desse prosseguimento a seus treinamentos com o Flamengo para jogar o NBB. Ou que tentasse a Europa – caso o estilo de jogo combinasse e caso não tivesse questões particulares que o afastassem de lá.

Porque tá russo, gente.


Presidente da CBB expõe Hortência e fala em contratar australiano para a seleção feminina
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Giancarlo Giampietro

Tom Maher, coach

Tom Maher dirigiu a Grã-Bretanha e, para Nunes, deveria assumir a seleção

Nada como uma organização bem azeitada, em que sua cúpula fale a mesma língua. Ou que, pelo menos, não se exponha tanto publicamente, que guarde os debates para seus QGs, né?

Só tirem a CBB (Confederação Brasileira de Basquete) dessa.

Em passagem – desastrada, para variar – por João Pessoa, em campanha por sua reeleição na presidência da entidade, Carlos Nunes falou novamente mais do que deveria. Geralmente funciona assim mesmo: o presidente mal aparece em público. Quando fala aos microfones, só sai rojão. Dessa vez ele expôs uma de suas profissionais de confiança, Hortência, diretora do departamento feminino.

“Como opção minha, e esta é uma responsabilidade que trago para mim, eu entendi que era Hortência quem tinha as condições necessárias para levar o time a uma posição melhor nas Olimpíadas. No fim, acabou acontecendo o que aconteceu. Cabe-nos agora avaliar o que deu errado”, afirmou o cartola em entrevista ao GloboEsporte.com.

Tipo… “Deu no que deu”. É até engraçado. Mesmo.

Mas, calma lá: Nunes afirma que, “a princípio”, sua diretora continua no cargo, mas que “novos nomes devem se juntar ao grupo”.

Se Hortência continuar mesmo na administração, vai ter de batalhar para manter sua escolha da vez de técnico, Luís Claudio Tarallo, no cargo. Segundo o presidente da CBB, ela defende a continuidade no comando da seleção adulta, depois de uma campanha pífia em Londres-2012.

Não seria agora, afinal, que ela trocaria um treinador, né?

Oooops.

Bem, voltando: se Hortência continuar e se optar por seguir com Tarallo, pode ter sua opinião contrariada pela hierarquia e ter de engoliar a seco. Enamorado pela proteção que Rubén Magnano lhe dá em seu cargo, Carlos Nunes defende a contratação de um treinador estrangeiro também para dirigir as meninas. O nome seria o australiano Tom Maher, que dirigiu a Grã-Bretanha nos Jogos Olímpicos e já fez grandes campanhas nos últimos 20 anos.”Sou muito simpático à ideia de trazer o treinador australiano”, afirmou.

Entre nós, é um grande técnico.

Também aqui entre nós todos: precisava jogar as coisas no ventilador assim mesmo?