Vinte Um

Arquivo : setembro 2012

Hettsheimeir também teria de batalhar para entrar na NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Cavs, Mavs. Troque um cê por um eme, e seriam esses os clubes da NBA mais interessados em contratar Rafael Hettsheimeir, segundo informação do site espanhol Tubasket que reproduzimos aqui na sexta-feira passada.

Rafael Hettsheimeir enterra pela Seleção

Hettsheimeir cresceu para o basquete brasileiro no Pré-Olímpico de Mar del Plata em 2011

Faltou, no post anterior, apenas replicar o mesmo exercício que fizemos com Scott Machado, mostrando o quão difícil ainda está para o armador realizar seu sonho de criança na liga.

Direto ao ponto: para Hettsheimeir, os prospectos de descolar um contrato garantido, um contrato de verdade com o Cavaliers ou com o Mavericks também não são muito animadores.

Veja por quê:

– O time de Cleveland acabou de renovar com o ala Alonzo Gee e agora tem 18 jogadores em seu elenco: os armadores Kyrie Irving, Jeremy Pargo e Donald Sloan; os alas-armadores Dion Waiters e Bobbie Gibson; os alas Gee, CJ Miles Omri Casspi, Luke Walton, Luke Harangody e Kelenna Azubuike; e os pivôs Tristan Thompson, Samardo Samuels, Kevin Jones (ainda não oficializado), Jon Leuer, Tyler Zeller, Anderson Varejão e Michael Eric.

Três desses aqui precisam ser dispensados até o início da temporada: Azubuike, Jones e Eric não têm vínculos assegurados até o fim do campeonato; imagino que Sloan e Samuels devam estar na mesma barca. Teoricamente, então, são cinco brigando por essas vagas.

Rafael entraria nesse páreo: se estiver disposto a batalhar seu contrato e estiver com o joelho firme, bom para competir em um mês, certamente teria condições suficientes para se afirmar. Mas, considerando seu status no basquete europeu, não parece o melhor cenário de fato para o prosseguimento de sua carreira.

– Em Dallas, 15 já estão alinhados e todos com contrato garantido pelo menos até o fim do ano: os armadores Darren Collison, Delonte West, Rodrigue Beaubois; os ala-armadores OJ Mayo, Dominique Jones e Jared Cunningham; os alas Vince Carter, Shawn Marion, Jae Crowder e Danthay Jones; os pivôs Dirk Nowitzki, Elton Brand, Chris Kaman, Brandan Wright e Bernard James.

Hettsheimeir teria, então, de jogar muito no training camp e na pré-temporada para forçar sua entrada na equipe. De modo que, ou Donnie Nelson teria de articular uma troca de um jogador por nada – daquelas por uma escolha de segundo round do Draft, dinheiro, os direitos sobre um europeu aposentado ou um saco de batatas –, ou Mark Cuban teria de aceitar assinar um cheque para, digamos, um Bernard James da vida, e pagar ao pivô militar até o final da temporada mas sem poder usá-lo. Bastante improvável essa segunda alternativa, ainda mais que o trilhardário agora entrou para o rol dos menos gastões da liga.

Então, neste primeiro momento, tudo depende de dois fatores: o quão determinado Hettsheimeir estaria em jogar na NBA, não importando as condições contratuais, em contraponto com sua cotação no mercado europeu. Ao final da temporada passada, especulava-se o interesse de clubes da Euroliga – como o poderosíssimo Maccabi Tel-Aviv –, o que definitivamente não estaria tão mal.

Agora, devido a sua cirurgia, isso pode ter esfriado. E também, vai saber, pode pintar um clube da NBA empolgado de última hora.

Estamos de olho por aqui.

*  *  *

No caso de Scott e Hettsheimeir: seria interessante o Brasil chegar a sete representantes na liga norte-americana? Claro – isso se Leandrinho conseguir seu emprego, o que vamos abordar daqui a pouco aqui no Vinte Um. Mas desde que eles estejam jogando, né? Por mais que existam ótimos programas de desenvolvimento de atletas em algumas franquias, que exista a D-League para os mais inexperientes, essas duas alternativas não são necessariamente as melhores. O basquete europeu pode estar sofrendo com os efeitos da crise econômica mundial, mas ainda é competitivo e técnico o bastante para se apresentar como uma alternativa que não deveria ser menosprezada.


Menos um: Houston dispensa ala ao contratar Scott Machado
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

A fila que ainda é um obstáculo para Scott Machado jogar a temporada 2012-2013 da NBA encurtou. Ao anunciar a contratação do brasileiro, o Houston Rockets divulgou no rodapé da notícia que o ala Diamon Simpson não faz mais parte de seu elenco. O ala não chegou a disputar sequer uma partida pela equipe.

Agora o clube texano tem 19 jogadores sob contrato – quatro ainda precisarão ser dispensados até o início do campeonato, já que as franquias não podem ter mais de 15 atletas vinculados. Como publicamos há uns dias, é a bagunça que o gerente geral Daryl Morey precisará resolver. O futuro do armador depende dessa dança das cadeiras.

Scott em ação na liga de verão de Las Vegas pelo Rockets


Hettsheimeir ainda desperta interesse na NBA, diz site espanhol
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

O Dallas Mavericks contratou os veteranos milionários Elton Brand e Chris Kaman, mas ainda teria o interesse em contar com Rafael Hettsheimeir em seu garrafão na próxima temporada da NBA. O mesmo valeria para o Cleveland Cavaliers, de Anderson Varejão. Estes são os dois times tentando fechar uma negociação com o ais anti-Scola dos pivôs brasileiros.

Rafael Hettsheimeir

Rafael Hettsheimeir voltou consagrado de Mar del Plata, mas não pôde ir para Londres

Primeiro: as informações são do site espanhol Tubasket, bem informado no mercado da Liga ACB, diga-se.

Agora… O mesmo veículo afirma que tanto Mavs como Cavs oferecem a Hettsheimeir um contrato parcialmente garantido, aos moldes do que Scott Machado firmou com o Houston Rockets. Isto é, ele poderia ser dispensado quando os clubes bem entendessem. Do tipo: assina com ele no sábado 8 de setembro e o dispensa um mês depois, e pronto.

Se proceder a informação, com o acréscimo que seria valendo o salário mínimo da NBA – US$ 473 mil por um ano, sem contar deduções de impostos –, não parece uma boa ideia para o pivô. Ele estaria trocando sua condição de figura emergente na Europa agora para correr o risco de ficar afundado no banco de reservas do outro lado do Atlântico. Em sua idade, considerando sua evolução gritante nas últimas duas temporadas, não seria o melhor momento.

Seus agentes podem desmentir, mas o palpite aqui no QG 21 é de que ele poderia fazer pelo menos o dobro dessa grana na Europa, assinando com um time de ponta, especialmente um que esteja disputando a Euroliga.

Financeiramente, aliás, existe uma brecha: segundo o Tubasket, 50% do salário mínimo já seria garantido a Hettsheimeir. Então, vá lá, de repente ele pode ganhar uns US$ 237 mil apenas por 50 dias de contrato em Cleveland ou Dallas. Mas… E como estaria o mercado europeu, então? Ele conseguiria compensar o restante com um bom acordo e, mais importante, já no meio da temporada, poderia encontrar uma situação esportiva que também valesse?

Enquanto reabilita seu joelho esquerdo operado e seu condicionamento físico, para ficar tinindo, o pivô e seus empresários têm essas questões muito importantes para ponderarem nas próximas semanas. A pré-temporada da NBA já está por começar, em outubro, e os clubes europeus já estão fazendo amistosos sem parar.

*  *  *

Para constar, os pivôs de Dallas no momento são Dirk Nowitzki, Elton Brand, Chris Kaman, Brandan Wright e o novato Bernard James  (que, na verdade, é mais velho que Hettsheimeir e foi draftado este ano depois de servir aos Estados Unidos no Afeganistão e Iraque). Em Cleveland, temos Varejão, o promissor canadense Tristan Thompson, o calouro Tyler Zeller, que vem com a marca UNC, o jamaicano Samardo Samuels e Michael Eric. De longe assim, o Cavs parece a melhor pedida – ele tem totais condições de superar Thompson (provável titular), Zeller (que seria o primeiro reserva) e Samuels (que, salvo engano, também não tem contrato garantido) para entrar na rotação do time ao lado de seu compatriota. Mas o Mavs seria, ainda, o time mais empenhado em sua contratação.


Sabonis caçulinha estreia pelo Málaga na vaga de Augusto e empolga lituanos
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Nestes tempos de vacas magras, começa quase sempre desta forma: o blogueiro sai clicando em tudo o que vê pela frente, gasta o scroll, abre uma nova janela, detona o mouse, rói a quina da mesa, coça a barbicha, está prestes a desistir até se safar com uma crônica de amistoso de pré-temporada europeia. Boa!

Domantas Sabonis, caçula de Arvydas

Domantas começa bem sua carreira com um sobrenome legendário

Fazia tempo que uma vitória como a do Unicaja Málaga sobre o Cibona Zagreb, por 89 a 57, não era tão comemorada abaixo da linha do Equador. Que massacre!

Bem, troquemos um termo antes de tudo: sai comemorar, entra “saltar aos olhos”. Pois o pivô Augusto Lima não participou do jogo devido a uma tendinite no ombro direito. Mais um problema físico para o jovem brasileiro, que vem tendo muita dificuldade para conseguir uma boa sequência em quadra.

Agora, se o Augusto não jogou, o que tem de bom aí nessa peleja para se destacar, ué?

Anotem aí, então: Domantas Sabonis.

Sabonis.

Nuff said!, exclamaria o Stan Lee, aquele senhorzinho simpático que fez ponta em tudo que é blockbuster da Marvel e é um dos padrinhos da cultura pop moderna – como se houvesse cultura pop medieval, claro.

É o filho do homem, de um dos maiores jogadores da história, gente. De apenas 16 anos, 2,05m de altura segundo a Fiba, magrelinho que nem o nosso Lucas Dias, e um dos destaques do Europeu sub-16 desta temporada, dividido entre Lituânia e Letônia. Teve 14,1 pontos e 14,4 rebotes de média e foi top 20 numa sacolada de estatísticas. Contra a Polônia, pela primeira fase, apanhou assustadores 27 rebotes – recorde nos torneios de seleções de base europeias, igualando o britânico Daniel Clark, que jogou contra o Brasil agora em Londres-2012. Mas o esforço do pivô não evitou a derrota por 77 a 69 e uma campanha horrível do país, que terminou em penúltimo.

Pois, assim como acontece com o prodígio do Pinheiros, o caçulinha Sabonis já começa a ser testado entre os marmanjos, e a imprensa lituana não se aguenta. Experimente dar um Google por “Sabonis Unicaja” para sentir a euforia. É “Šešiolikmetis D.Sabonis debiutavo „Unicaja“ gretose” para cá e  “D.Sabonis išbėgo į aikštę draugiškose “Unicaja” rungtynėse” para lá.

O garoto entrou em quadra justamente na vaga de Augusto.

*  *  *

Domantas não é o único filho de Sabonis a tentar uma carreira no basquete, e nem é o primeiro a defender o Málaga. Seu irmão mais velho, Tautvydas, de 20 anos está no elenco de juniores do clube. Ele é um ala-pivô de 2,02m de estatura e coadjuvante de Jonas Valanciunas, aposta do Raptors, em sua categoria.

*  *  *

Navegando pela pré-temporada dos clubes espanhóis, descobrimos também o ala Igor Ibaka no elenco do Cáceres, que disputa a fortíssima LEB Oro (segunda divisão) do país. Aos 20 anos, o irmão mais novo de Serge, porém, é apenas um convidado do time – não custa fazer gentilezas com o astro – e dificilmente será contratado. Segundo relatos da imprensa local, duvidam que ele consiga ir muito longe no esporte. “O Cáceres descarta por completo que o jovem Ibaka pode ficar e disputar a liga. Ele não está pronto para jogar na LEB Oro, e ainda falta ver se ele tem faculdades suficientes para ser um profissional de basquete”, publica o site Hoy.es. Mais cândido impossível. Aparentemente, neste caso as autoridades espanholas não precisam se preocupar em acelerar sua naturalização.


Bagunça no elenco do Rockets ainda é empecilho para o sonho de Scott Machado
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Estamos assim, então: é provável que Scott Machado assine seu contrato com o Houston Rockets no decorrer desta quinta-feira, numa pequena grande vitória em sua batalha para se firmar na NBA.

Explicando o contraponto entre pequena e grande: o brasileiro nova-iorquino dá mais um passo para esquecer a frustração de ser ignorado no Draft, cria um vínculo oficial com um clube e vai ter sua chance. O porém é que, por mais que tenha três anos o acordo, ele poderá ser desfeito no momento em que a franquia texana achar melhor. É o famigerado contrato sem garantias, um asterisco importante.

Scott Machado em ação em Las Vegas

Scott, de preto, em ação em Las Vegas

Scott vai para o training camp com Kevin McHale, poderá participar eventualmente da pré-temporada, mas não está necessariamente assegurado no elenco para o início do campeonato.

Aliás, em termos de plantel, o supernerd Daryl Morey tem uma tremenda bagunça para resolver nas próximas semanas. Com Scott, o Rockets terá 20 atletas sob sua alçada – quatro quintetos, um número elevadíssimo. O máximo que um clube pode carregar para a temporada são 15. Fazendo essa complicadíssima conta,  decorre que cinco terão de ser cortados.

E aqui a questão não é nem confiar, ou não, no jogo do armador. O problema é que, dos 20 atletas, 16 já têm contratos garantidos para a próxima campanha. Estes aqui: Jeremy Lin, Toney Douglas, Shaun Livingston (armadores); Kevin Martin, Chandler Parsons, Carlos Delfino, Jeremy Lamb, Marcus Morris, Royce White, Terrence Jones, JaJuan Johnson, Gary Forbes (alas); Patrick Patterson, Omer Asik, Donatas Motiejunas, John Brockman (pivôs).

Além disso, com o mesmo status de Scott estão o armador Courtney Fortson (seu rival por tempo de quadra durante a Summer League de Las Vegas), o ala Diamon Simpson (veterano de D-League e com boa participação na última liga australiana) e o pivô Greg Smith (destaque em seu primeiro ano de D-League e promissor).

É muita gente, e a conta não fecha. Para entender como o Rockets chegou a esse ponto: a ideia era acumular muitos jogadores jovens e contratos pequenos e não-garantidos para tentar emplacar uma troca por Dwight Howard – ou Andrew Bynum como plano B. Ele estava atrás de uma superestrela para liderar o clube desde a aposentadoria de Yao Ming, o gigante gentil. Não conseguiu, e deve ter enchido a cara ao tomar nota da negociação que mandou Howard para o Lakers e Bynum para o Sixers.

Dwight Howard agora posa de Laker

Dwight Howard agora posa de Laker. Cobiça pelo pivô deixou Morey em uma enrascada para montar seu elenco

Morey agora claramente precisa orquestrar alguma troca. Qualquer troca em que pelo menos dois jogadores saiam e um chegue. Para Scott Machado, seria mais interessante ainda que fossem embora quatro ou cinco dos texanos.

Mas como e com quem seria fechada a transação? Boa parte dos times já apresenta elencos fechados, definidos. Além disso, os dirigentes sabem que seu concorrente está em uma enrascada, numa posição desfavorável para barganhar. Na pior das hipóteses, ele vai ter de simplesmente dispensar um jogador de contrato garantido e pagar seu salário na íntegra. Dinheiro jogado fora, isto é.

Desculpem a água no chope, mas, para ver seu sonho de NBA se realizar, o armador brasileiro vai precisar jogar muito nos treinos do Rockets e, ainda assim, esperar, depender que Morey, considerado um dos cartolas mais inventivos da liga, bote a caixola para funcionar.


O Fantástico Mundo de Ron Artest: “O maior engima”
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

*  *  *

Pete Carril, 82, é considerado o patrono do sistema ofensivo de Princeton, embora não seja certo de que ele tenha criado essa linha de ataque que foi empregada com excelência pelo Sacramento Kings no início da década passada. Por que Princeton? Foi a universidade na qual Carril trabalhou de 1967 a 1996, coordenando seu time de basquete. Depois, passou a trabalhar no clube instalado na capital californiana, integrando a comissão de Rick Adelman, hoje treinador do Minnesota Timberwolves.

Em sua vasta experiência, trabalhou com centenas de jogadores liderados, entre eles o inestimável Ron Artest, o Metta World Peace, que atuou pelo Kings entre 2006 e 2008.

Em entrevista ao site da Sports Illustrated, um dos crânios do basquete discorreu sobre Ron-Ron, refletindo sobre sua complexidade. Não falta assunto, mesmo, nesse caso. “É o maior enigma que já vi porque eu realmente gosto desse cara”, afirmou. “Gosto bastante dele. Eu o via com seus garotos, e seus filhos o idolatravam. Eles vinham depois do jogo pedir refrigerante, se agarravam a suas pernas, era incrível o quanto eles se amavam. Então eu ficava me perguntando: este cara ama essas crianças e eles o amam, então porque ele não pode ser diferente como um jogador?’ O que o leva a fazer as coisas malucas que ele faz?”

Carril relembra: no momento em que o Kings trocou Peja Stojakovic por Artest, o Kings subiu de 29ª defesa da liga para 16ª. Tudo com uma simples substituição, estando o ala, então, em seu auge físico, quando tinha a força para cuidar de adversários maiores e ainda era ágil o suficiente para se posicionar diante de Kobe Bryant.

Pete Carril, Princeton

Artest pode deixar um Carril maluco

Feito o ponto, ele, então, arrisca uma tese que, depois de ouvida, parece a coisa mais óbvia para entender o que motiva Ron-Ron a praticar o lunatismo: “Ele tem de saber que vai receber o crédito pelo que ele faz”.

Não bastaria, então, o salário acima da média da liga e o respeito de seus oponentes. “Ele deve ser um desses caras que acha que não recebe o devido reconhecimento. E reconhecimento no mundo de hoje é algo muito, mas muito forte. Hoje não existem mais caras que tiveram ótima performance no nível mais alto, mas fazendo isso de modo quieto. Esses não existem mais. Agora temos os que fazem barulho”.

Só acontece de Artest fazer um pouco mais de barulho que os outros.

*  *  *

Com a contratação de Eddie Jordan como assistente de Mike Brown, o Lakers pode adotar o modelo Princeton de ataque. É um sistema que pode muitos jogadores versáteis em quadra e que, de alguma forma, pede que o conceito de posições seja abolido em quadra. Nos tempos de Kings, por exemplo, Vlade Divac ou Brad Miller poderiam dar mais passes para cesta do que o ‘armador’ Mike Bibby. Chris Webber tinha liberdade para explorar todos os seus inúmeros talentos. No elenco atual do Lakers, Pau Gasol parece ser uma peça perfeita para isso. Artest também é uma boa pedida. Steve Nash (acostumado a ter a bola em mãos), Kobe (idem), Dwight Howard (não exatamente o exemplo de um grande passador e arremessador)? Precisamos ver.


Popovich aposta alto em Kawhi Leonard e sinaliza confiança em Splitter
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Falamos agora há pouco por aqui dos gostos musicais impressionantes de Gregg Popovich, revelados num giro de respostas a internautas torcedores do Spurs. Ok, mas no que ele se vidra, mesmo, é no basquete, pombas.

Kawhi Leonard e Gregg Popovich

Popovich: Leonard e mil e uma maravilhas

E o que saiu de mais interessante nessa “entrevista coletiva” a respeito do clube texano, que teve a melhor campanha da última temporada regular, mas acabou tomando uma virada atordoante do Thunder na final do Oeste?

Sobre Tiago Splitter, já vai. Antes, o que chamou mais a atenção: sua admiração pelo ala Kawhi Leonard, um dos melhores novatos do campeonato passado. Popovich está apaixonado pelo cara.

“Acho que ele vai ser uma estrela. À medida que o tempo passar, ele vai ser a cara dos Spurs, eu acho. Ele é um jogador especial nos dois lados da quadra. Ele quer ser um jogador. Digo, um ótimo jogador. Ele chega cedo, fica até tarde, é fácil de ser treinado, ele é como uma esponja. Quando você considera que ele só teve um ano de universidade e nem passou por nosso training camp ainda, dá para enxergar que ele vai ser um cara diferente.”

Opalelê.

Só uma correção: Leonard jogou por dois anos por San Diego State, mas brilhou mesmo apenas no segundo ano. Talvez seja isso o que Popovich queira dizer.

O ala de fato foi uma bela surpresa pelo Spurs. Estava tão confortável como titular da equipe, desde o início. Foi bastante eficiente, acertando 49,6% de seus chutes de quadra, com 7,9 pontos por jogo em 24 minutos. Tem braços e mãos enormes, é atlético, joga duro e tem realmente um ótimo potencial, com 21 anos apenas.

Está anotado, então.

Leonard só vai ter de amarrar bem o cadarço para bancar essa.

[uolmais type=”video” ]http://mais.uol.com.br/view/12823270[/uolmais]

*  *  *

Sobre Splitter não houve nenhuma pergunta específica, mas o treinador citou o brasileiro e DeJuan Blair numa resposta para tentar situar o Spurs na próxima temporada depois das contratações que Miami Heat e, principalmente, Los Angeles Lakers fizeram. “O que os outros times fazem não podemos controlar, então vamos nos preocupar em incorporar Kawhi no programa já que ele não está aqui há muito tempo. O mesmo vale para Boris (Diaw), Patty (Mills). Esperamos evolução de Danny Green e trabalhar com nosso grandalhões. Acho que Tiago e DeJuan Blair vão ter temporadas muito boas para nós.”

Foi isso. Não é muita coisa, ok, mas é alguma coisa.

Importante lembrar aqui que Splitter já havia jogado muita bola no último campeonato, evoluindo praticamente em todas as estatísticas – apenas em rebote ele estacionou e, em termos de desperdícios de bola, cometeu mais erros. Mesmo os lances livres haviam subido, não se esqueçam: de 54,3% para 69,1%, um salto considerável. Em suma: ele teve apenas 19 minutos por jogo, mas aproveitou cada segundo em quadra ao máximo.

O problema, claro, é o que aconteceu nos playoffs. Nos mata-matas, seus números despencaram e foram inferiores até mesmo aos de seu primeiro ano pelo Spurs. O pivô teve sua confiança minada quando Scott Brooks resolveu explorar sua deficiência nos lances livres, fazendo faltas sem parar no brasileiro. A coisa descambou com aquele esculacho que tomou de Popovich na lateral da quadra em uma derrota crucial em Oklahoma.

Aparentemente, são águas passadas para o técnico.

Seria mais interessante, no entanto, se pudéssemos trocar “Kawhi Leonard” por “Tiago Splitter” na manchete lá em cima.


Prepare-se para conhecer o que toca no estéreo de Gregg Popovich
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Gregg Popovich, Spurs

Pop: quem vê cara não vê coração

Gregg Popovich deixou muita gente chateada por estas bandas devido ao tratamento dispensado a Tiago Splitter nos últimos dois anos, mas saibam que, debaixo do fardamento, existe um homem.

Com seus acertos e imperfeições, e tudo o mais.

E toca o violino.

Dia desses o Spurs divulgou em seu site uma bateria de perguntas e respostas com seu treinador e general atendendo a torcedores do clube. Ele pode detestar aquelas entrevistas ao lado da quadra, nos intervalos de um quarto para o outro, mas tirou um tempo durante as férias para falar com você, tá vendo?

A bomba mais chocante de todas as dezenas de perguntas que ele encarou?

Prepare-se, porque beira o inacreditável.

Gregg Popovich. Ouve. Música.

“O último show que vi foi do Crosby, Stills, Nash & Young”, afirmou, em referência ao quarteto de All-Stars da música norte-americana. Sim, música das boas! E você achando que ele só sabia bater continência, pescar, apreciar um bom vinho e tratar mal os pivôs que não sejam Tim Duncan – DeJuan Blair também anda bastante magoado, saibam.

Mas o mais chocante nessa história toda é que o coração do futuro milico e multicampeão da NBA começou a bater mais forte com o som icônico da Motown de Detroit, com Smoke Robinson, Marvin Gaye, Four Tops, Jackson 5 e muitos outros gênios. Você consegue imaginar o jovem Gregg curtindo essa sonzeira toda? Swinging Pop? Só curtição.

Depois disso, ele migrou para algo mais pesado, citando até mesmo Led Zeppelin e Jimmy Hendrix. Só fica a dúvida aqui sobre o quanto de tolerância ele teria para ver o hino dos Estados Unidos tocado com os dentes. Stoned Pop. Eita.

Hoje um residente texano, o treinador amansou um bocado. “Não dá para não ouvir country por aqui”, afirmou. Todo mundo segue um caminho diferente na vida e, há uns três anos mais ou menos, comecei a ouvir um álbum da Patsy Cline que simplesmente me arrasou. Ainda estou maravilhado por sua voz, e meus amigos e minha família já não aguentam mais: ‘Jesuis, vamos escutar isso de novo’. A mais nova é Terri Clark. Alguém me deu um CD feito por ela, e eu adoro. É muito bom.”

Bem, o country de Nashville a gente assimila facilmente como algo que esteja rodando no stereo de Popovich. Mas ele não cansa de nos surpreender: “Tenho ouvido isso, mas o resto é meio que estrangeiro. É egípcio, Usef, ele é um egípcio, mas talvez seja música turca. Esse tipo de coisa. Algo muito estranho, mas são muitas coisas diferentes que ouço.”

Não toca Usef aqui no QG 21, que fique claro. Na real, nem sei do que ele está falando. E todo mundo achando que o Spurs era bom apenas de achar jogadores gringos por aí.

E aí o repórter mandou muito bem e emendou perguntando se por acaso Popovich ouvia alguma coisa que Stephen Jackson havia produzido recentemente. Se vocês não sabiam, Captain Jack é um rapper nas horas vagas. “Ele costumava me dar algumas de suas fitas, mas, primeiro de tudo, eu não conseguia nem entender  que estava se passando por ali. Algumas dava até para dançar, mas assim que comecei a ouvir o que eles estavam dizendo, tudo aquilo, eu as devolvi.”

Hehe. Não precisa explicar muita coisa aqui, não. Jackson cresceu numa região barra-pesada de Port Arthur, cidadezinha bem pobre no Texas. Aquela história toda: tráfico, violência, difícil de escapar, sobreviver, e o ala do Spurs hoje é visto como uma lenda no local.

Popovich não poderia ir tão a fundo, mesmo.