Vinte Um

Prepare-se para conhecer o que toca no estéreo de Gregg Popovich

Giancarlo Giampietro

Gregg Popovich, Spurs

Pop: quem vê cara não vê coração

Gregg Popovich deixou muita gente chateada por estas bandas devido ao tratamento dispensado a Tiago Splitter nos últimos dois anos, mas saibam que, debaixo do fardamento, existe um homem.

Com seus acertos e imperfeições, e tudo o mais.

E toca o violino.

Dia desses o Spurs divulgou em seu site uma bateria de perguntas e respostas com seu treinador e general atendendo a torcedores do clube. Ele pode detestar aquelas entrevistas ao lado da quadra, nos intervalos de um quarto para o outro, mas tirou um tempo durante as férias para falar com você, tá vendo?

A bomba mais chocante de todas as dezenas de perguntas que ele encarou?

Prepare-se, porque beira o inacreditável.

Gregg Popovich. Ouve. Música.

“O último show que vi foi do Crosby, Stills, Nash & Young”, afirmou, em referência ao quarteto de All-Stars da música norte-americana. Sim, música das boas! E você achando que ele só sabia bater continência, pescar, apreciar um bom vinho e tratar mal os pivôs que não sejam Tim Duncan – DeJuan Blair também anda bastante magoado, saibam.

Mas o mais chocante nessa história toda é que o coração do futuro milico e multicampeão da NBA começou a bater mais forte com o som icônico da Motown de Detroit, com Smoke Robinson, Marvin Gaye, Four Tops, Jackson 5 e muitos outros gênios. Você consegue imaginar o jovem Gregg curtindo essa sonzeira toda? Swinging Pop? Só curtição.

Depois disso, ele migrou para algo mais pesado, citando até mesmo Led Zeppelin e Jimmy Hendrix. Só fica a dúvida aqui sobre o quanto de tolerância ele teria para ver o hino dos Estados Unidos tocado com os dentes. Stoned Pop. Eita.

Hoje um residente texano, o treinador amansou um bocado. “Não dá para não ouvir country por aqui”, afirmou. Todo mundo segue um caminho diferente na vida e, há uns três anos mais ou menos, comecei a ouvir um álbum da Patsy Cline que simplesmente me arrasou. Ainda estou maravilhado por sua voz, e meus amigos e minha família já não aguentam mais: ‘Jesuis, vamos escutar isso de novo'. A mais nova é Terri Clark. Alguém me deu um CD feito por ela, e eu adoro. É muito bom.”

Bem, o country de Nashville a gente assimila facilmente como algo que esteja rodando no stereo de Popovich. Mas ele não cansa de nos surpreender: “Tenho ouvido isso, mas o resto é meio que estrangeiro. É egípcio, Usef, ele é um egípcio, mas talvez seja música turca. Esse tipo de coisa. Algo muito estranho, mas são muitas coisas diferentes que ouço.”

Não toca Usef aqui no QG 21, que fique claro. Na real, nem sei do que ele está falando. E todo mundo achando que o Spurs era bom apenas de achar jogadores gringos por aí.

E aí o repórter mandou muito bem e emendou perguntando se por acaso Popovich ouvia alguma coisa que Stephen Jackson havia produzido recentemente. Se vocês não sabiam, Captain Jack é um rapper nas horas vagas. “Ele costumava me dar algumas de suas fitas, mas, primeiro de tudo, eu não conseguia nem entender  que estava se passando por ali. Algumas dava até para dançar, mas assim que comecei a ouvir o que eles estavam dizendo, tudo aquilo, eu as devolvi.”

Hehe. Não precisa explicar muita coisa aqui, não. Jackson cresceu numa região barra-pesada de Port Arthur, cidadezinha bem pobre no Texas. Aquela história toda: tráfico, violência, difícil de escapar, sobreviver, e o ala do Spurs hoje é visto como uma lenda no local.

Popovich não poderia ir tão a fundo, mesmo.