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O mundo lá do alto: uma entrevista surreal com Gheorghe Muresan
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Giancarlo Giampietro

Gheorghe Muresan

Na literatura do basquete, há toda uma antologia dedicada aos pivôs, os grandalhões, os homens altos, the big men. Sobre como eles enxergam o mundo de modo diferente de nós de 1,80 m  (ou menos, ou um pouquinho mais… bem-vindo ao clube!). Tudo é realmente uma questão de ponto de vista. Afinal, eles veem de cima. Tudo para eles é, de alguma forma, pequeno. Talvez pequeno e simpático. Talvez pequeno, simpático e curioso.

Foi justamente essa a sensação que tive quando Gheorghe Muresan, lá do alto de seus 2,31 m de estatura – um recorde na NBA, batendo Manute Bol por milímetros – abaixou a cabeça para me olhar. Na verdade, para me observar. Quase como se fosse um guerreiro da Terra Média olhando para um pimpolho de um hobbit. Dava para notar, no fundo, fundo, que Muresan me encarava com admiração. “Que homenzinho mais engraçado”, devia pensar em romeno. Sairia algo mais ou menos assim, segundo o Tradutor do Google: “Ce un om amuzant mic”.

Eu queria ter tirado uma foto ali, mesmo, para flagrar sua expressão, e apresentá-la aqui como prova. Mas vocês acreditam quando escrevo, né? Pois bem, Muresan, o ex-pivô do Washington Bullets – que teve uma passagem meteórica pela capital americana, numa carreira que se iniciou promissora, mas foi abreviada por lesões – estava olhando para baixo, enquanto eu tinha o pescoço flexionado no mesmo ângulo exigido para avistar o cume do Empire State.

O que Muresan estaria enxergando dali de cima?

O que Muresan estaria enxergando dali de cima?

O que se seguiu a partir daí foram precisamente 3min56s de uma conversa muito maluca. A entrevista mais nonsense que me lembro de ter feito – e olha que nesse universo de possibilidades, constam coletivas com Paulo Maluf se defendendo das acusações de sempre e conversas com jogadores sub-17 da Costa do Marfim.

Como um gigante, com sua perspectiva única de mundo, o dócil Muresan atendeu ao VinteUm na beira de uma das quadras do camp Basketball without Borders, em Nova York. Ele havia dado as caras por lá para bater um papo com alguns garotos convocados pela NBA. Coincidentemente, só passou pela estação de treino em que estavam os pivôs. Estava de saída quando foi interceptado por um repórter que vive num país muito bonito. Vejam no que deu:

21: Você ainda está envolvido com atividades de basquete? Quando está em quadra, como hoje, vendo a garotada bater bola, sente saudade da época em que jogava?
Sim, tenho trabalhado com um monte de garotos na região de Washington, e também feito alguns trabalhos para o Washington Wizards, meu ex-time. Sou um embaixador do clube na comunidade da capital. Ah, tem tantas coisas com as quais posso me envolver agora… Bem diferente daquela época em que eu só me concentrava no meu time, no que tinha de fazer em quadra.

Billy Crystal tem 1,70 m

Billy Crystal tem 1,70 m. Ele contracenou com e dirigiu Muresan no filme Meu Gigante Favorito, de 1998

Como o cinema, não?
(Risos) Sim, como o cinema. Foi algo bem divertido. Mas já não faço mais… Antes de tudo, queria dizer que você vem de um país muito bonito. Muito bonito, mesmo, com pessoas boas.

Já foi para lá, então?
Para onde?

O Brasil. Já visitou meu país?
Não… (E de repente solta…) Não ! Fui, sim. Desculpe, claro que fui. Fui para Anápolis (em Goiás), alguns anos atrás. Mas fiquei doente lá, acredita? Tive de ir para a emergência do hospital, inclusive.

Não!?
Estou falando sério.

Mas o que houve? E o que você estava fazendo lá?
Aí passei mal e fui para o hospital. Tive uma cirurgia lá.

Cirurgia?!
Não me lembro de muita coisa, mas passei por uma cirurgia para tirar o “XXXX” e ficou tudo bem.

(Nota: o XXXX não é falha de edição, não. É que, sinceramente, não consegui entender de modo algum o que Muresan falou. Antes de me chamarem de filho do dicionário, saibam que fui até o Consultor Oficial para Assuntos de Língua Inglesa e Sotaques Matreiros do blog e não obtive sucesso, levando esse consultor a um colapso nervoso; depois, me dirigi ao assessor da NBA responsável pela condução do camp, e… Nada. “Simplesmente não tenho ideia do que ele falou aqui. Desculpe, mesmo”, me disse. Sentiram o drama? O mais legal é que, no final das contas, faz diferença? Pode ter sido “apêndice”, “amídala” em qualquer dialeto da Transilvânia, vai saber. O que importa é que o cara foi operado no Brasil, correu tudo bem e pôde me proporcionar essa conversa de maluco.)

Desculpe, mas cirurgia do quê?
“XXXX”

(Ah, com boa vontade, dava para escutar algo como “Globe Trotter” na resposta dele, mas aí já seria o cúmulo do absurdo, né? Então, se alguém tiver uma sugestão a partir dessa dica de fonética, favor encaminhar para a secretaria.*)

O que você estava fazendo em Anápolis? Eram férias, mesmo?
Seu país é bonito.

Poxa, obrigado, mas você foi a passeio? Conhece alguém lá?
Fui visitar só.

Muresan foi escolhido pelo Bullets na 30ª posição do Draft de 1993, quando tinha 22 anos. Disputou 307 partidas até 2000, com médias de 9,8 pontos, 6,4 rebotes e 1,5 toco em 21,9 minutos. Em 1997, jogou os playoffs contra o Chicago Bulls de Jordan, perdendo na primeira rodada. Sua melhor temporada individual, porém, foi a de 1995-96, quando foi eleito o jogador que mais evoluiu na liga

Muresan foi escolhido pelo Bullets na 30ª posição do Draft de 1993, quando tinha 22 anos. Disputou 307 partidas até 2000, com médias de 9,8 pontos, 6,4 rebotes e 1,5 toco em 21,9 minutos. Em 1997, jogou os playoffs contra o Chicago Bulls de Jordan, perdendo na primeira rodada. Sua melhor temporada individual, porém, foi a de 1995-96, quando foi eleito o jogador que mais evoluiu na liga

Bom que correu tudo bem no final, então. E agora que você está aqui em Nova York, acompanhando a molecada, se lembra do tempo em que começou a jogar? Como foi seu início no basquete?
Eu tinha 15 anos, foi pelo Cluj, na Romênia. Mas esses garotos aqui são muito mais talentosos. Espero que eles não se cansem, não parem de trabalhar, de se dedicar, sabendo que estão sendo observadas por pessoas interessantes. Estão com alguns dos melhores técnicos para treinar com eles, dos melhores que se pode encontrar ao redor do mundo.

Foi alguém que te descobriu, ou você, quando mais jovem, queria jogar já?
Foi meio por acidente, quando me levaram para o Cluj. Mas, quando comecei a praticar, não demorou para me apaixonar pelo esporte.

Bom, e alguns anos depois você já estava na França e, depois, na NBA, com Chris Webber e Juwan Howard. Até que aconteceram as lesões…
É, tínhamos um time bom. Foram bons anos. Mas o Wizards também tem um time muito bom agora, inclusive com um cara brasileiro. É um time muito legal.

Pois é, o Nenê, que é importante…
Oh, é um jogador muito bonito, um jogador muito bom, habilidoso.

O que ele oferece para o Wizards?
Ele dá experiência ao time, é muito bom de grupo. Um bom líder. Vou indo, ok?

Claro. Obrigado pela entrevista!
Obrigado, você.

*ATUALIZANDO!!! Eduardo Baltasar Francisco, o famoso Duda, amigão de infância, solucionou o mistério em torno da cirurgia de Muresan. Seguindo minhas mirabolantes dicas de fonética, mas sem ter ouvido a gravação original, é coisa de 99,9% de certeza de que o romeno tenha falado “GALLBLADDER”. Ou: vesícula biliar. Eureka!

Para constar: Duda é basqueteiro e futuro psiquiatra, não necessariamente nessa ordem – uma combinação que, vocês sabem, se encaixa perfeitamente com o que se passa aqui no VinteUm. “Por enquanto, sou melhor basqueteiro, mas agora estou focando para me tornar melhor psiquiatra”, diz. Abusado, afirmou ainda que enterraria na cabeça do Muresan. Num scout informal, eu diria que o camarada tinha muita impulsão, belo controle de bola e era ótimo tanto no chute de média para longa distância como na finalização perto da cesta: dava trabalho demais para marcá-lo. Daí a desafiar o simpático, mas gigante Muresan? Aí eu pagaria para ver… ; )


Prêmios! Prêmios! Os melhores do Leste antes do All-Star
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Giancarlo Giampietro

Estamos na fase de premiação, né? Logo mais o Boyhood deve, precisa, merece ganhar os prêmios mais importantes na cerimônia do Oscar. Bem longe do glamour de Hollywood, aqui na base do conglomerado 21, sediado na Vila Bugrão paulistana, é hora de olhar para o que aconteceu em mais de metade da temporada da NBA e distribuir elogios. Claro que elogios totalmente irrelevantes para os astros da NBA, mas tudo bem.

De primeira, saímos com a Conferência Leste, que é uma tristeza que só, com exceção desta galera aqui:

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP, MVP, MVP e MVP. Cheio de MVP

MVP: O quinteto do Atlanta Hawks. Se a NBA pode escolher, oficialmente, os cinco para “Jogador do Mês de Janeiro”, por que um blog raé do Brasil não poderia? Al Horford, com suas múltiplas habilidades, é o principal jogado do líder da conferência, mas não dá para pinçar um, e só, no jogo bonito de Atlanta. A influência de Korver é muito difícil de ser medida em estatísticas, mas obviamente que as defesas entram em pânico diante da possibilidade de ele ficar livre por dois centímetros na linha de três pontos. Paul Millsap, com seu arsenal ofensivo impressionante, dá a Mike Budenholzer muita flexibilidade. Jeff Teague vai resolver as coisas na hora do aperto, entrando no garrafão com facilidade. DeMarre Carroll faz o serviço sujo e ainda desenvolveu seu tiro exterior. Esse time é uma verdadeira máquina.

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Lowry mereceria o prêmio em novembro, dezembro talvez, mas deu uma esfriada. John Wall já o superaria, para mim, devido a sua consistência e imposição física em quadra. Pelo andar da carruagem, porém, um certo Rei de Cleveland deve aparecer aqui ao final da temporada, como o MVP do Leste – mas que dificilmente vai recuperar o terreno perdido, nas minhas contas, para Monocelha, Curry e Harden no geral. LeBron vem jogando muito desde que retornou de sua licença premiada, mas isso significa que, por ora, são apenas algumas semanas de alto nível (para os seus padrões). Antes de sua parada, para botar o corpo e a cuca em dia, o astro reclamou demais e deu contribuição significativa para os tropeços do Cavs. Ah, e Pau Gasol, rejuvenescido longe da sombra de Mike D’Antoni, lidera a liga em double-doubles, com 33 até esta segunda-feira.

Melhor treinador: Mike Budenholzer. Por causa disto tudo aqui. É muito difícil instaurar o tipo de química que vemos em quadra em Atlanta, gente, e o Coach Bud aprendeu direitinho depois de anos e anos como assistente de Gregg Popovich. Jason Kidd, guiando um elenco jovem, valente e extremamente versátil em Milwaukee, seria minha segunda opção. Acho que muitos subestimaram a qualidade do plantel do Bucks. Mas não esperava que fosse encontrá-los com aproveitamento superior a 50% no início de fevereiro. Kidd começou muito mal como chefe do Brooklyn Nets na temporada passada, mas se ajustou no decorrer da campanha e se revela um treinador do tipo que adoro: aquele que sabe aproveitar o que tem em mãos, em vez de forçar os jogadores a se entregarem completamente ao ‘seu’ sistema. Dwane Casey também precisa ser mencionado, pelo excelente trabalho que faz em Toronto há um tempinho já. Outro elenco que rende muito mais por conta de química do que pelo talento individual de suas peças.

Sobra até Derrick Favors para Middleton na defesa

Sobra até Derrick Favors para Middleton na defesa

Melhor defensor: Khris Middleton. Quem? James Khristian Middleton, nascido em Charleston, no dia 12 de agosto de 1991. Ele, mesmo, o ala titular do Milwaukee Bucks que está envolvido diretamente no esquema agressivo orquestrado por Jason Kidd. O técnico quer ver seus atletas trocando a marcação constantemente. Isso requer muita atenção aos detalhes e, ao mesmo tempo, perna firme e resistente. Middleton, aos 2,01 m, é forte e ágil para dar conta de marcar um ala-armador ou um ala-pivô (isso, claro, se não for um brutamontes como David West ou um gigante que nem Pau Gasol… Vai depender de quem estar do outro lado). Na melhor defesa da conferência, ele causa o maior impacto: o Bucks toma 8,9 pontos a mais, a cada 100 posses de bola, quando ele está descansando no banco.

DeMarre Carroll e Al Horford oferecem a mesma versatilidade ao Hawks. John Wall pressiona demais o drible do adversário com agilidade e tamanho, e ainda protege o aro em transição e vindo do lado contrário e comanda a forte defesa do Wizards, com uma boa ajuda de Nenê na cobertura. Quando Michael Kidd-Gilchrist está em forma, o Charlotte Hornets se posiciona entre as dez melhores retaguardas.  É muito estranho escrever este parágrafo sem mencionar Joakim Noah e Taj Gibson, mas, ao que parece, os anos de trabalho puxado com Thibs cobram, invariavelmente, um preço. Os dois não têm conseguido repetir as performances sensacionais do campeonato passado, e acredito que isso tem muito mais a ver com um desgaste físico e mental do que a chegada de Pau Gasol, que lhes rouba minutos e toques.

Melhor sexto homem: Lou Williams. Um Jamal Crawford mais baixinho, mas muuuuito mais eficiente, . A missão de Lou é criar arremessos por conta própria.  Rasual Butler – virge! – já resolveu uma porção de jogos para o Wizards saindo do banco 98,5% das vezes com a mão já pegando fogo. Aaron Brooks se encaixou perfeitamente no módulo de “Armador Tampinha Reserva do Chicago Bulls”, mas ninguém mais parece notar sua existência. Dennis Schröder causa o mesmo impacto pelo Hawks. Em Milwaukee, são diversos reservas qualificados, mas nenhum que desponte.

Em Toronto, é "Loooooooouuuu" sempre que ele pega na bola

Em Toronto, é “Loooooooouuuu” sempre que ele pega na bola

Jogador que mais evoluiu: Hassan Whiteside. Ele jogou o ano passado no Líbano. Hoje, representa uma dor-de-cabeça para 29 equipes que não lhe ofereceram nem mesmo um contrato não-garantido antes de a bola subir. Mais detalhes aqui. O engraçado é que Jimmy Butler, até outro dia desses, parecia a maior barbada de toda a liga nessa categoria, independentemente da conferência. O que o ala do Bulls ralou para elevar seu jogo ao patamar de All-Star vale como exemplo para qualquer jogador subestimado na liga. Talvez seja precipitado indicar Whiteside, pelo fato de ele ter jogado pouco até agora. Vamos ver se dura até o final da temporada. Jeff Teague também deu um belo salto, passando de jogador “ok, muito bom” para “putz grila, excelente”, algo nem sempre fácil de se fazer.

Melhor novato: Nikola Mirotic. O que é uma injustiça, né? De calouro, o montenegrino naturalizado espanhol não tem nada. Muito menos a barba. De qualquer forma, poder qualificar Mirotic “tecnicamente” como novato nos livra a cara aqui, pois seria difícil seguir em outra rota. As lesões não deixaram Jabari Parker, Marcus Smart e Aaron Gordon competir adequadamente aqui. Elfrid Payton é o estreante que joga mais pressionado, com máxima responsabilidade devido a sua posição, e faz um trabalho competente em diversas esferas menos aquela que pede cestas – o mesmo problema para Nerlens Noel.

Primeiro time
Jowh Wall
Kyle Lowry
Jimmy Butler
LeBron James
Al Horford

Segundo time
Jeff Teague
Dwyane Wade
Kyle Korver
Paul Millsap
Pau Gasol

Terceiro time
Kyrie Irving
Brandon Knight
Khris Middleton
Chris Bosh
Greg Monroe

Observações: fiquei entre Kemba Walker e Brandon Knight na terceira formação, e aí preferi decidir pela melhor campanha do Bucks, ainda que Walker tenha levado o Hornets nas costas enquanto Al Jefferson estava lesionado e Lance Stephenson curtia sua piração, até ser afastado por causa de uma cirurgia no joelho. Middleton ganha a vaga que seria de Carmelo Anthony, mas não dá para botar um time com aproveitamento abaixo de 20%. Por números, pode parecer um crime excluir Nikola Vucevic. Se for assim, desde que Josh Smith foi mandado para um breve exílio, Monroe vem abafando – inclusive seu companheiro Andre Drummond. Wade jogou pouco, mas o suficiente para entrar aqui – sem ele, o Miami Heat estaria completamente atolado.

Nesta quarta, sai a lista do Oeste.


Quais presentes os times da NBA mais querem? Lado Leste
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Giancarlo Giampietro

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Pode espinafrar, tudo bem. O gancho não é nadica original: o que cada equipe da NBA quer de Natal? Mas, poxa, gente, vamos olhar por outro lado: ao menos ele oferece a chance para uma zapeada rápida por cada um dos 30 clubes, além do fato de dar um descanso para essa cuca aqui, que é mais que lerda. Alguns pedidos são praticamente impossíveis, outros mais viáveis. Vamos lá, então:

Dá para o armador alemão do Hawks melhorar, e muito, seu arremesso

Dá para o armador alemão do Hawks melhorar, e muito, seu arremesso

ATLANTA HAWKS
– Que Al Horford, por favor, não tenha mais nenhuma lesão muscular bizarra no peito?

– Um pouco mais de carinho por parte do público local? A equipe hoje ocupa apenas a 25ª posição no ranking de público. Uma evolução em relação ao campeonato passado (28º), é verdade, mas é muito pouco para um clube de campanha tão bacana.

– Dennis Schröder bem que poderia subir mais um degrau ainda neste campeonato. O time só vai ganhar com isso. E a gente, se divertir.

– Kyle Korver terminando um ano com um lindão 50%-40%-90%.

BOSTON CELTICS
– Danny Ainge quer muito, mas muito mesmo uma nova superestrela. Via Draft, ou troca.

– Um bom Draft em 2015, com muitos pivôs bem cotados.

– Se Rondo sair, o show será de Marcus Smart. Para tanto, o novato precisa se distanciar da enfermaria.

– Consistência por parte de Kelly Olynyk e Jared Sullinger.

BROOKLYN NETS
– Alguém que veja algum apelo nas caríssimas peças que Billy King juntou, sendo que seu elenco em nada se assemelha a um candidato a título.

– Adaptação mais acelerada para Bojan Bogdanovic, que tem um jogo muito vistoso para ficar escondido no banco de reservas. Uma hora o chute de três vai cair, assim como o de Teletovic.

Está acabando para KG

Está acabando para KG

– Um fim digno de carreira para Kevin Garnett, que vê Duncan e Nowitzki, mesmo no brutal Oeste, em situações muito melhores.

– Uma retratação por parte daqueles que alopraram a convocação de Mason Plumlee para a Copa do Mundo.

CHARLOTTE HORNETS
– Um novo endereço para Lance Stephenson, e para já. Ele e Kemba Walker simplesmente não combinam.

– 40% de aproveitamento nos chutes de longa distância para Michael Kidd-Gilchrist.

– Uma sequência de seis, sete vitórias que ponha o time na zona de classificação dos playoffs. Com o nome Hornets de volta no pedaço, esses uniformes sensacionais e a quadra mais bonita da liga, a cidade precisa disso.

– Agora que está liberado, uma caixa com os melhores charutos cubanos disponíveis para Michael Jordan.

CHICAGO BULLS
– Um Derrick Rose 100%. Ou 87%, vai.

– Que tenhamos a dupla Noah-Gasol saudável nos playoffs.

– Um jogo de 50 pontos para Aaron Brooks.

– Tá, este aqui é meu: mais Nikola Mirotic, muito mais, Thibs. A defesa se acerta.

CLEVELAND CAVALIERS

Anderson Varejão, Cavaliers, Cavs
– Um novo endereço para Dion Waiters, ou ao menos que o rapaz se dê conta de que, no momento, está muito mais para Jordan Crawford do que Dwyane Wade.

– Um contrato novinho e folha acertado informalmente por Kevin Love. Mas sem a liga saber, claro.

– Mais atenção de Kyrie Irving na defesa. A velocidade já está lá.

– 75 partidas + os playoffs para Anderson Varejão.

DETROIT PISTONS
– Dúzias e dúzias de comprimidos de calmante para Stan Van Gundy, o chefão.

– 65% de aproveitamento nos lances livres para Andre Drummond.

– A reconciliação com Greg Monroe.

– Qualquer poema altruísta que convença Brandon Jennings a soltar a bola.

Topa um Lance aí?

Topa um Lance aí?

INDIANA PACERS
– Mais nenhum susto, mais nada que dê mais trabalho para os médicos. A hora extra vai custar caro.

– Recuperação segura para Paul George.

– Vogel quer os playoffs, mas o melhor para Larry Bird e para o clube seja uma boa escolha de Draft.

– Lance Stephenson!?

MIAMI HEAT
– Dwyane Wade inteirão para os playoffs.

– Chris Bosh retornando da lesão muscular no mesmo nível de antes.

– Que Shawne Williams consiga sustentar seu ritmo nos chutes de longa distância.

– Mais minutos para Shabazz Napier, desde que a defesa não sofra ainda mais.

MILWAUKEE BUCKS
– Um contrato assinado para a nova arena. Para ontem.

– Sem Jabari, a manutenção desta campanha surpreendente que faz o passe de Jason Kidd inflacionar bastante.

Brandon Knight e o Bucks vão continuar em Milwaukee?

Brandon Knight e o Bucks vão continuar em Milwaukee?

– Média de ‘só’ 3 faltas por jogo para Larry Sanders.

– John Henson realizando seu potencial efetivamente.

NEW YORK KNICKS
– Marc. Gasol.

– Um novo endereço para JR Smith.

– Um arremesso para Iman Shumpert.

– Que Phil Jackson seja tão bom de Draft quanto Isiah Thomas.

ORLANDO MAGIC
– O retorno de Aaron Gordon o quanto antes.

– Um contrato razoável para Tobias Harris (a essa altura, depois de vários buzzer beaters, um pouco abaixo do máximo permitido para ele).

– 44% nos arremessos para o calouro Elfrid Payton, que já cuida do resto muito bem.

– Victor Oladipo deslocado mais para a finalização de jogadas.

PHILADELPHIA 76ERS
– 10 vitórias para evitar um vexame histórico e muita paz de espírito para Brett Brown.

– Menos turnovers para Michael Carter-Williams e Tony Wroten.

Robert Covington e o Sixers chutam para evitar pior campanha da história

Robert Covington e o Sixers chutam para evitar pior campanha da história

– Uma boa relação com o agente de KJ McDaniels, que vai virar agente livre.

– Uma palhinha de Joel Embiid nas últimas semanas da temporada?

TORONTO RAPTORS
– Mando de quadra nos playoffs, como cabeça-de-chave número 1.

– Muito mais Jonas Valanciunas no quarto período. É um pivô que bate bem lances livres.

– “Let’s Go, Bru-No!”, sabendo que todos precisam de paciência.

– De resto, não tem muito o que melhorar aqui, né? Que DeRozan volte bem.

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WASHINGTON WIZARDS
– O sumiço definitivo dessa coisa chata que é a fascite plantar de Nenê.

– Que não expire a poção mágica do incrível Rasual Butler.

– Sequência de jogo constante para Bradley Beal.

– 59 horas de entrevistas com Marcin Gortat.

E qual presente você quer para seu time? Amanhã, sai uma listinha do Oeste.

PS: Para quem não viu, uma abordagem bem mais detalhada sobre os clubes está aqui: 30 times, 30 fichas sobre a temporada


Washington Wizards: mudança de hábito
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015 (acabou!)

Nenê e os dois garotos: alto astral na capital

Nenê e os dois garotos: depois de muito tempo, alto astral na capital

Foram cinco anos inacreditáveis. Desde o episódio das armas de Gilbert Arenas, em meio a sua rixa com Javaris Crittenton, até as trapalhadas de JaVale McGee, os incessantes arremessos forçados de Nick Young e Jordan Crawford, a postura pouco elogiosa de Andray Blatche, as negociações fracassadas… Afe. A folha corrida seria interminável se fosse para esmiuçar cada um dos tópicos aqui citados.

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O gerente geral Ernie Grunfeld, porém, pode respirar aliviado. Ao que parece, toda a turbulência vivida entre 2008 e 2013, ficou realmente distante no retrovisor. O cartola ao menos conseguiu limpar a bagunça que ele mesmo fez, se desfazendo de uma tranqueira depois da outra, antes que John Wall fosse contaminado.

Muitos podem pensar que o Wizards hoje é um time jovem, em ascensão. A segunda parte se sustenta: depois de cinco anos fora dos playoffs, eles voltaram na campanha passada e ainda venceram o Chicago Bulls numa série. Mas a pecha de um elenco jovial a gente pode esquecer. Está certo que Wall e Bradley Beal são os grandes chamarizes, com 24 e 21 anos cada. Otto Porter Jr. também tem 21. No restante da rotação do técnico Randy Wittman, porém, são seis atletas acima dos 30 anos, com destaque para os 37 de Paul Pierce e os 38 de Andre Miller.

O impagável Gilbert Arenas ainda tirou sarro após levar armas ao vestiário

O impagável Gilbert Arenas ainda tirou sarro após levar armas ao vestiário

O plano de Grunfeld está claro: rodear suas jovens estrelas com veteranos profissionais, para reforçar uma cultura séria no vestiário e jogar para vencer agora, para já. Talvez o mais prudente fosse dosar mais as coisas e detectar mais algumas promessas para desenvolver um sólido núcleo ao redor de sua dupla do perímetro. Todavia, levando em conta o circo que foi a franquia no início da década, o caminho adotado fica mais compreensível.

Nessa mudança de hábitos, o pivô Nenê foi essencial. Não só pelo fato de o clube ter se livrado de McGee e Young no mesmo negócio, mas também devido principalmente à influência do brasileiro dentro e fora de quadra. Ele não esquivou de dar tremendas broncas em Wall e Beal, quando julgou que os dois estavam sendo excessivamente individualistas, sem se importar com o sucesso do time.

O pivô acabou se tornando um aliado importante para Wittman, que também merece crédito depois de fracassar em Cleveland e Minnesota. Promovido a treinador após a demissão de seu camarada Flip Saunders, ele fez a defesa da equipe evoluir consideravelmente, se estabelecendo entre as dez melhores da liga desde a temporada passada. “Esse foi o primeiro passo. Nesta liga, você tem de vencer pela defesa e precisa ter disciplina, e acho que Randy, desde o primeiro dia, começou a pregar isso. Ele tratou todos da mesma forma, mas cobrava bastante. Ele fez um ótimo trabalho ao convencer os jogadores”, afirma Grunfeld.

Wittman orienta, e Gortat intimida na defesa. De moicano e tudo

Wittman orienta, e Gortat intimida na defesa. De moicano e tudo

Numa Conferência Leste ainda desolada, Cleveland Cavaliers e Chicago Bulls apresentaram as contratações de impacto, as estrelas para serem apontados automaticamente como favoritos. Mas o clube de Washington também tem talento, experiência e confiança para ir longe. Depois de tanta palhaçada na capital norte-americana, esse time agora é sério.

O time: Trevor Ariza foi embora, Nenê voltou a ser afastado por conta de sua insistente fascite plantar, e, ainda assim, o Wizards segue com uma retaguarda imponente: é a quinta defesa mais eficiente no início de temporada, atrás de Warriors, Rockets, Spurs e Grizzlies. Nada mal. John Wall coloca muita pressão nos armadores adversários e, por trás dele, está um garrafão muito forte, físico para fechar os espaços. Gortat ajuda muito nesse sentido, assim como a coleção de pivôs que Grunfeld acumulou. Drew Gooden, Kevin Seraphin, Kris Humphries, DeJuan Blair… São diversos brutamontes para se revezar e castigar os adversários.

No ataque, a ideia é acelerar sempre que possível, explorando o arranque de Wall, um dos jogadores mais velozes do mundo. Em situações de meia quadra, contra uma defesa já estabelecida, o time tende a encontrar mais dificuldades, mas a perspectiva é de melhora para quando Beal entrar em forma e sitnonia e quando Nenê retornar. Pierce oferece mais caminhos a serem explorados com seu jogo de mano-a-mano, visão de quadra e chute de longa distância. O conjunto de pivôs também se complementa bem.

A pedida: vocês vão dar licença, mas o Wizards tem o direito, sim, de pensar até mesmo nas finais da NBA.

Porter Jr., produtivo após ano perdido

Porter Jr., produtivo após ano perdido

Olho nele: Otto Porter. No imprevisível Draft de 2013, o segredo mais mal guardado era de que, se pudesse, Washington selecionaria o ala de Georgetown na terceira posição. Não deu outra. O gerente geral Grunfeld via no espichado atleta um complemento ideal para Wall e Beal. Imagine, então, a apreensão do cartola ao observar uma primeira temporada desastrosa do garoto. Porter Jr. foi um fiasco sob qualquer perspectiva, desde a liga de verão, em que se mostrou perdido em quadra. Para piorar, sofreu uma lesão no quadril que o afastou da pré-temporada. Quando se recuperou, Trevor Ariza e Martell Webster ocupavam todos os minutos nas alas, e o time estava ajeitado, de modo que um calouro sem ritmo de jogo não teria espaço. Foi preciso paciência de ambas as partes, jogador e técnico, mas a espera valeu a pena. O jovem atleta de 21 anos ainda está no banco, mas agora tem um papel bem definido na rotação de Wittman e, em 15 jogos, já recebeu mais minutos do que no campeonato passado inteiro. De braços bastante longos e ágil, tem se esforçado para ajudar sua equipe nas pequenas coisas, contribuindo para uma defesa já forte. No ataque, muito mais confiante, elevou seu aproveitamento nos arremessos, com destaque para os 38,9% de três pontos.

Abre o jogo: “Só quero aproveitar o momento, sem me preocupar com o futuro, embora isso seja difícil. Vou para casa, e todo mundo fica me perguntando. Cara, é maluco. Até criancinhas de 4 anos perguntando se eu vou para o Wizards. E eu pergunto como diabos eles sabem dessas coisas. Com 4 anos de idade, eu nem sabia o que eram jogadores de basquete. Como eles sabem agora até sobre o mercado de agentes livres?”, Kevin Durant, ao USA Today, sobre a relativa pressão que sofre nos arredores de Washington, durante as férias, com muita gente esperando por sua assinatura em 2016, quando expira seu contrato com OKC.

Cassell levou Pierce para jogar com Beal. E aí se mandou para L.A.

Cassell levou Pierce para jogar com Beal. E aí se mandou para L.A.

Você não perguntou, mas… Pierce nem cogitava assinar com o Washington como agente livre, até que recebeu uma ligação de seu ex-companheiro de Boston, Sam Cassell. O clube estava preparado para perder Trevor Ariza e escolheu o veterano astro como uma opção. Será que rolaria? Bem, o ex-armador teve de ser persistente. Ambos estavam em Las Vegas e marcaram um almoço. No mesmo dia, também jantaram. Foi aí que o ala começou a assimilar a ideia. Gostou do plano e fechou contrato. A ironia é que, dias depois, Cassell deixou o Wizards e foi para o Clippers, trabalhar com Doc Rivers. Justamente o time para o qual Pierce acreditava que iria, caso não renovasse com o Nets.

2503-690978FrUm card do passado: Chris Webber. Infelizmente, aqui cabe um lembrete desagradável. Das últimas duas vezes que o time da capital conseguiu montar uma base forte e promissora, o sucesso durou pouco. No final dos anos 90, com a reunião de dois dos Fab 5, C-Webb e Juwan Howard, a equipe sonhava alto. Em 1996-97, chegaram a enfrentar o mítico Bulls nos playoffs e, claro, foram eliminados. A expectativa, porém, era de que voltassem ao mata-mata, e mais fortes. Não rolou: na temporada seguinte, até venceram mais do que perderam (42-40), e não foi o suficiente. As frustrações foram se acumulando, e a franquia fez uma das piores trocas possíveis: mandou Webber para Sacramento e recebeu Mitch Richmond e Otis Thorpe, dois veteranos que já estavam capengando. Na década passada, o núcleo formado por Arenas, Jamison e Butler durou mais tempo, deu trabalho para o Cavs do jovem LeBron, mas acabou se dissipando. A ver o que acontece com a formação de Wall e Beal.


Euroligado: os invictos e o lanterna
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Giancarlo Giampietro

Depois de quatro rodadas, sobraram quatro invictos na Euroliga 2014-2015, cada um encabeçando um dos grupos da primeira fase: Real Madrid (A), CSKA Moscou (B), Barceona (C) e Olympiakos (D). Esses aí estão na crista da onda. Agora, depois de terem tomado uma série de caldos na abertura da temporada, o pessoal que vem de baixo também conseguiu respirar um pouco aliviado. Com o complemento da jornada e as vitórias surpreendentes do Turow Zgorzelec sobre o Bayern e do Cedevita Zagreb sobre o Maccabi em plena Tel Aviv e as do Valencia sobre o Laboral Kutxa e do Alba Berlim sobre o Limoges, 31 dos 32 times da competição já têm ao menos um triunfo.  O único que está fora da festa? O Dínamo Sassari. O estreante da Itália tomou um vareio do Real na quarta-feira, no primeiro jogo da semana.

O jogo da semana: Fenerbahçe 78 x 80 Barcelona
A partida que transmiti no Sports+ na quinta-feira, mas juro que não é o corporativismo falando mais alto aqui. Foi um duelo muito equilibrado, tenso, decidido apenas nos últimos instantes, envolvendo diversas figuras proeminentes. Ou os famosos craques, mesmo. Ao todo, estavam em quadra dez jogadores que disputaram a última Copa do Mundo, outros cinco de seleções nacionais, e, entre eles, seis atletas já tiveram experiência de NBA, além de oito que foram draftados por equipes da liga americana e ainda não cruzaram o Atlântico

Ante Tomic briga pelo rebote: a dureza do Grupo C da Euroliga

Ante Tomic briga pelo rebote: a dureza do Grupo C da Euroliga

O primeiro tempo terminou empatado em 41 a 41. O Barça abriu quatro pontos ao final do terceiro período, e o Fener descontou dois na última parcial. Pesou, no fim, o maior senso coletivo do time catalão. Simples assim. O clube turco mais uma vez estocou jogadores badalados no mercado europeu – e mundial – e novamente vem falhando em desenvolver uma química adequada. Antes do intervalo, o time até movimentou a bola. Mas, na hora do aperto, os (nem tão?) comandados de Zeljko Obradovic se perderam em arroubos egoístas, cada um deles tentando ser o herói da vez, forçando jogadas individuais, sem nem mesmo tentar um passe. Sem exagero. Contem nessa, no mínimo, Andrew Goudelock, Ricky Hickman e, na posse de bola final, Emir Preldzic (justo ele, um cara que tem no passe e na visão de jogo um diferencial).

Sim, ainda assim a partida foi definida com vantagem mínima para o gigante espanhol. O que dá noção sobre o potencial do Fener. Se Obradovic vai conseguir endireitar a trilha dessa vez, evitando um novo fiasco, é a grande dúvida. Do lado barcelonista, fica um destaque para o ala-armador Brad Oleson, um baixinho que não mete medo em ninguém à primeira vista, mas que é um cestinha mortal. Foi com duas bolas de três do americano, natural do Alasca, que os visitantes abriram uma vantagem de oito pontos, a oito minutos do fim, crucial para encaminhar o quarto triunfo.

Os brasileiros
Marcelinho Huertas teve mais uma boa partida em Istambul, num dos ginásios que vai se tornando dos seus favoritos no continente europeu. Na temporada passada, o armador já havia detonado o Fenerbahçe num confronto pela fase de Top 16, com 23 pontos, 7 assistências e 4 roubos de bola num triunfo por 76 a 73, superdecisivo no quarto período. Nesta quinta, sua atuação não chegou a ser um estouro, mas foi produtiva: nove pontos, seis assistências e quatro rebotes, convertendo quatro de dez arremessos de quadra. Uma dessas bolas aconteceu no estouro do cronômetro do primeiro tempo, com uma bola de longa distância usando o quadradinho:

Além desse highlight, Huertas também estrelou outra pintura, com essa assistência abusada para o croata Ante Tomic:

JP Batista: o Limoges teve uma rodada infeliz, perdendo para o Alba Berlim na capital alemã. Não que fossem amplos favoritos, nem nada disso. O problema é que o triunfo por 89 a 66 foi incontestável, com uma larga vantagem aberta já no primeiro tempo, que reabilita o adversário e tem repercussão na tabela. As duas equipes agora estão empatadas no Grupo B, com 1-3. É a mesma campanha do Cedevita Zagreb. O campeão francês, porém, cai para a lanterna, com pior saldo de pontos. O pivô anotou nove pontos e pegou dois rebotes em 17min52s, sendo que cinco pontos saíram na linha de lances livres. Forte toda vida, o pernambucano é difícil de ser parado quando bem acionado no garrafão.

Teodosic está com tudo

Teodosic está com tudo

Lembra dele? Milos Teodosic (CSKA Moscou)
E como esquecer um dos artífices da vitória sérvia sobre a seleção brasileira pelas quartas de final da Copa do Mundo? Pois Teodosic está numa fase iluminada desde o torneio, carregando o alto astral para a temporada europeia. Nesta sexta, em mais uma belíssima partida transmitida pelo Sports+ – com ataques muito produtivos e soltos, de ritmo acelerado –, o armador marcou 27 pontos e distribuiu 10 assistências na vitória do revigorado CSKA Moscou sobre o Unicaja Málaga por 95 a 85.  É impressionante  a facilidade de Teodosic com a bola. Ele tem seu próprio ritmo, longe de ser o mais veloz. Mas, com muita habilidade e inteligência, o cara vai abrindo espaço e tomando conta da defesa. Isso quando não freia na linha de três e castiga dali: foram 5/6 contra os espanhóis, que perderam a invencibilidade.

Para quem o acompanha, não chega a ser novidade. O que salta aos olhos, contudo, é o empenho do atleta em quadra, brigando por bolas perdidas como nunca. De soneca, nesses tempos, só a cara, mesmo. No geral, Teodosic travou um duelo de tirar o fôlego com o Jayson Granger. Em termos de eficiência, o uruguaio superou o sérvio por 2 pontos (33 a 31), vejam só. Sua linha estatística foi admirável: 20 pontos, 10 assistências e 2 roubos de bola. O armador vem evoluindo consideravelmente nas últimas duas temporadas e foi um verdadeiro maestro na condução dos pick-and-rolls.

Em números:
115 –
o Real Madrid massacrou o Dínamo Sassari em casa: 115 a 94. Essa foi a maior contagem do campeonato até aqui. Quer dizer, não só isso: vale também como a maior da Euroliga em sete anos, desde os 123 convertidos pelo Panathinaikos. Como o Real já havia marcado 112 pontos na semana passada contra o Nizhny Novgorod, acumulando 227 em duas rodadas consecutivas, algo que nunca havia acontecido na história da competição. Cinco jogadores merengues anotaram 14 pontos ou mais: Gustavo Ayón, Andrés Nocioni, Sérgio Lllull, Jaycee Carroll e o cestinha Felipe Reyes, com 17 em apenas 15 minutos.

James Anderson saiu da Filadélfia para Kaunas, e está tudo bem

James Anderson saiu da Filadélfia para Kaunas, e está tudo bem

38 – foi o índice de eficiência atingido pelo ala James Anderson pelo Zalgiris Kaunas na vitória por 77 a 71 sobre o UNICS Kazan. Uma grande atuação para o jogador ex-Spurs, Rockets e Sixers, com 27 pontos e incríveis 11 rebotes, todos defensivos, acompanhados de 4 assistências, 3 roubos de bola e 4 turnovers descontados. Em 32 americanos, ele converteu 8 de 17 arremessos e todos os seus nove lances livres, alguns deles sob pressão no finalzinho do jogo.

1 – ao fazer 89 a 78 em cima do Bayern, o Turow Zgorzelec, da Polônia, conseguiu seu primeiro triunfo em uma Euroliga. O resultado complica um pouco a vida do clube bávaro no Grupo da Morte, o C, entrando num empate tríplice de 1-3 com os próprios poloneses e o decepcionante Olimpia Milano, que perdeu feio para o Panathinaikos em Atenas: 90 a 63.

Tuitando

O Maccabi encara uma semana desastrosa com certo humor e resignação. No domingo, o time já havia sofrido contra o rival Hapoel Jersualém sua pior derrota na história pela liga israelense, por 30 pontos (93 a 63). Depois, para desespero de seus fanáticos torcedores, perderam para o modesto Cedevita Zagreb em casa.


No jogo em Tel Aviv, o técnico da equipe croata foi devidamente punido. Santa mania dos treinadores de invadirem a quadra para atacar/defender junto com seus atletas…

O jornalista espanhol faz os devidos elogios a Brad Oleson, um dos destaques do Barça. O jogador é discreto e decisivo. Sério e competitivo. Tem muito menos habilidade e cartaz que Andrew Goudelock, mas botou no bolso o compatriota do Fenerbahçe na quinta.


Por fim, o grande toco do tcheco Tomas Satoransky, reserva de Huertas no Barcelona. Nada como ter um armador de 2,01 m de altura para fazer a cobertura, não? Olho nesse jogador, já selecionado pelo Washington Wizards no Draft de 2012, na 32ª posição. Se o assunto são jogadores tchecos e o Wizards, não custa lembrar que, pelo Fener, jogou o inesquecível Jan Vesely, causando bastante impacto com sua capacidade atlética para rebotes e proteção do aro. Sim, o ala-pivô, que foi um infeliz fiasco na NBA.


A ciranda de Marquinhos, Flamengo e Wizards. Como faz agora?
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Giancarlo Giampietro

Caracter e Herrmann, os que não conhecem tão bem o Flamengo

Caracter e Herrmann, os que não conhecem tão bem o Flamengo

Primeiro foi tratado como “rumor”. Depois, como furada. Mas agora parece que está acontecendo mesmo: os repórteres Fábio Aleixo e Pedro Ivo Almeida, parceiros aqui do UOL Esporte, acabam de noticiar que Marquinhos está, mesmo, em negociações avançadíssimas para assinar com o Washington Wizards.

De modo que este é um post complicado de escrever, mas importante, já que tem a ver com o universo do basquete e o do jornalismo, com notícias (ou boatos?), desmentidos (ou dissimulações?)… Enfim, todas as artimanhas que a profissão sempre ofereceu para repórteres e fontes, que ficam ainda mais complicadas em tempos de Internet. Vamos lá, então, relatar o que está acontecendo, em ordem cronológica:

Quinta-feira
O jornalista italiano Emiliano Carchia, que pilota o site Sportando, referência em notícias do basquete europeu e que também mete a colher aqui e ali no mundo da NBA, soltou uma bomba que agitou o basqueteiro brasileiro – e o flamenguista em particular. Emiliano cravou: Marquinhos havia acertado um contrato de um ano com o Washington Wizards e estaria pronto para viajar no mesmo dia.

Acontece que, naquele exato momento, o Flamengo estava treinando na Arena HSBC no Rio de Janeiro, na véspera da disputa da Copa Intercontinental contra o Maccabi Tel Aviv. Que hora, hein? Finalizada a sessão, Marquinhos desmentiu, disse que não tinha assinado contrato nenhum. O Flamengo não estava sabendo de nada. O agente do atleta, em contato com o jornalista italiano, reforçou as negativas, pedindo um desmentido no site. Emiliano seguiu a linha de ouvir o outro lado e publicou sua nota de noite. O pequeno texto, porém, se encerrava com a informação de que uma fonte sua assegurava que o ala brasileiro e o time da capital norte-americana tinham um acordo acertado.

Sexta-feira
Marquinhos vai para a quadra normalmente com o Flamengo, escalado no time titular ao lado de Laprovíttola, Marcelinho e Walter Herrmann, trio que também participou da Copa do Mundo. Torneio no qual o lateral jogou muita bola, apresentando uma intensidade bastante rara para quem acompanha sua carreira desde os tempos de Vasco da Gama, Mogi etc. Obviamente que o desempenho chamaria a atenção de olheiros – o atleta sempre foi um prospecto de nível internacional, descolando contrato com o então fortíssimo basquete italiano cedo em sua carreira, sendo draftado pelo New Orleans Pelicans-então-Hornets e tal. Poderia estar no basquete europeu há tempos, em clubes de ponta, mas, devido aos filhos, preferiu o conforto de casa, fazendo boas campanhas por Pinheiros e, agora, Fla.

Contra o Maccabi, o ala não teve o desempenho mais eficiente (4-12 nos arremessos, 11 pontos, 4 rebotes, 2 roubos de bola, 2 turnovers em 29 minutos), mas jogou duro, com a mesma pegada que havia demonstrado na Espanha. Não foi sua melhor partida, mas jogou bem, passando aquela impressão (de sempre) de que pode ser muito mais utilizado, ainda mais quando está empenhado em partir para a cesta.

Ao final da partida, uma derrota por 69 a 66, Marquinhos foi o escolhido pelo repórter Guido Nunes, do SporTV, para fazer os primeiros comentários sobre o jogo. Quando questionado sobre os reforços rubro-negros para a competição – especificamente o argentino Walter Herrmann, que vem para disputar toda a temporada, e o norte-americano Derrick Caracter, contratado especificamente para o Intercontinental e os amistosos nos Estados Unidos –, o brasileiro não dobrou a língua e foi crítico. Disse que os gringos não jogaram bem e que o técnico José Neto deveria ter usado um “time que se conhece”. Assim, na lata. Essa coisa de contratação pontual, para um punhado de jogos, tem histórico bastante duvidoso. Os cruzeirenses que o digam.

O que nos leva ao grande hit da banda sueca The Hives, que já tem mais de dez anos:

Sábado
Lá vêm Fábio Aleixo e Pedro Ivo Almeida para basicamente confirmarem a bomba que Emiliano Carchia havia soltado na quinta: sim, Marquinhos está negociando com o Washington Wizards. Nenê teria reforçado a indicação de seu companheiro de seleção, que está inclusive pesquisando sobre escolas na capital norte-americana para inscrever as filhas. Quer dizer: o Sportando pode ter meio que errado ao dizer que o contrato estava assinado e que já viajaria na quinta. Mas também estava meio certo, no sentido de que parece que está tudo acertado entre as partes, restando apenas a tinta no papel.

Domingo
E aí? Faz como?

Lembrando que não é a primeira vez que Marquinhos se envolve nesse tipo de tiroteio público. Como sabem Guerrinha e Flávio Davis, assistentes da seleção na gestão de Lula Ferreira. Por falar nesta fase da equipe nacional, mais especificamente de 2007, nem sempre o que acontece em Las Vegas fica em Las Vegas, né? Além do mais, até Rubén Magnano, um entusiasta do jogador, teve suas rusgas e lamúrias. O que não quer dizer que ele seja um atleta problemático. Marquinhos é simplesmente um atleta que não se importa com o microfone e costuma falar o que dá na telha.

O ala está falando por conta própria? Sua opinião foi, digamos, pontual? No sentido de que só fez uma crítica ao basquete apresentado pelo(s?) reforço(s?) naquela sexta-feira específica e que seu treinador deveria se ater a um time mais bem entrosado? Ou seu comentário tem a ver com algum ressentimento pela contratação de última hora de Caracter? E isso reflete de algum modo a opinião geral do vestiário, ou pelo menos de alguns companheiros? Se há um desconforto, isso o teria motivado a abrir o bico em rede nacional, uma vez que seu compromisso com o clube já está chegando ao fim?

São as questões que precisam ser respondidas agora.

O Flamengo, basicamente, precisa vencer o Maccabi por quatro pontos para ganhar um título histórico. É mais do que plausível isso. O time israelense comprovou na primeira partida sua vulnerabilidade, sua falta de entrosamento. Foi salvo pelo caminhão de chutes de três desperdiçados pelo adversário e pelas estripulias de Jeremy Pargo.

Agora, porém, as dificuldades cresceram. E o que será mais complicado de se resolver: lavar a roupa suja com Marquinhos, treinar os chutes de três pontos ou anular Pargo?


Por essa ninguém esperava: a ressurreição de Rashard Lewis
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Giancarlo Giampietro

Rashard Lewis para três! Ainda...

Rashard Lewis para três! Ainda…

Uma coisa é ser paciente, outra é ser teimoso pacas.

Se você for olhar todos os jogos de Rashard Lewis pelo Miami Heat, não daria para entender muito bem aonde Erik Spoelstra estava com a cabeça quando decidiu escalar o ala como titular no Jogo 5 contra o Indiana Pacers, tendo a oportunidade de eliminar de vez seu arquirrival na Conferência Leste. Arrisque, então:

a) Estaria o treinador de sacanagem?

b) Ousaria Spo a encarar um jogo de playoffs como um mero treinamento, para não deixar seus rapazes muito tempo parado, sabendo que a final do Oeste poderia se arrastar?

c) Ou ele simplesmente não tinha mais a quem recorrer?

Vamos de alternativa c), né? Mais plausível.

Udonis Haslem dessa vez foi pouco efetivo contra Indy, ao contrário do ano passado. Chris Andersen estava fora de combate. Shane Battier chegou aos mata-matas em frangalhos. Para Greg Oden ou Michael Beasley, simplesmente… Não rolou, por ora.  As formações mais baixas, com Norris Cole e Ray Allen, se provaram muito mais lucrativas e seriam guardadas para mais tarde, especialmente contra um Pacers que estivesse enfraquecido pela entrada de qualquer reserva. Aí não tem por que mexer com isso. Logo, não restava muito o que fazer.

O jovem Rashard nem acredita

O jovem Rashard nem acredita

Vai de Rashard Lewis, então, que tristeza.

O mesmo jogador que esteve bem abaixo da média de eficiência da liga nos últimos dois campeonatos. Não acertou nem 41,6% dos seus arremessos. De três pontos, caiu de 38,9% no ano passado para 34,3%. Cujas médias foram de 5,2 e 4,5 pontos. Numa projeção por 36 minutos de ação, não melhorou nada sua situação: 13 e 9,9 pontos. Poucos rebotes.

Depois de anotar 10 e 16 pontos em suas duas primeiras partidas pelo time, só voltou a encestar com alguma eficiência na reta final da campanha 2012-13, sendo praticamente uma nulidade de dezembro a março. Apenas em 13 rodadas ele teve duplos dígitos de pontuação. Na atual temporada, essa contagem despencou para oito. Sim, oito. Entre 15 de janeiro e 26 de março, o máximo que ele ficou em quadra foram os 15min26s contra o Charlotte Ainda-Bobcats. Até que passou a jogar um pouco mais nas últimas 15  jogos. Na primeira rodada dos playoffs, somou oito pontos no geral em quatro compromissos contra o mesmo Bobcats. Depois, contra o Brooklyn Nets, foram 13 pontos em cinco capítulos. Na final do Leste, nem entrou em quadra nas duas primeiras partidas. Quando foi escalado para as duas posteriores ,saiu zerado, errando sete arremessos, seis deles de três pontos.

Ainda assim, foi promovido ao time titular.

A ideia, acho: Rashard tem boa envergadura para ameaçar a linha de passe e estava disposto a combater David West. E, do outro lado, supostamente poderia contribuir com um arremesso de longa distância que incomodaria a defesa, abrindo espaços para LeBron e Wade… Pelo menos a fama ele tem, certo?

O engraçado foi que o Indiana respeitou seu chute por quatro partidas, e o ala não parava de acertar, na verdade, o aro, ou a tabela. Quando acharam por bem desencanar de persegui-lo no perímetro, com a certeza de que a bola não cairia de jeito maneira… E pumba! Lewis desembestou a pontuar, fazendo de uma torrente a última gota de confiança que tinha. Aproveitamento de 9 em 16 bolas de três pontos? Inacreditável. Que tal os 31 pontos acumulados, com 18 no Jogo 5, no qual superou o mequetrefe do LeBron? “A primeira eu errei, mas senti que ela saiu bem. Os caras me disseram apenas para seguir arremessando. Quando finalmente acertei uma, estava apenas esperando pela próxima”, afirmou Lewis.

E não só isso. O ala ainda quebrou um galho daqueles marcando David West como poucos fazem – ou tentam fazer: saltar à frente de seu oponente e cortar o ângulo primário de passe para esse trator de ala-pivô. Algo não só inteligente taticamente, para tentar desencorajar a assistência, como também serve como uma medida preventiva para viver uma aposentadoria saudável. Pode doer bastante deixar suas costas para West acertá-la com o cotovelo, mas, se Lewis guardasse a posição básica, recuada, e esperasse o adversário receber a bola, ele iria apanhar de qualquer jeito no garrafão e por um período mais longo.

Em suma: era um cara transformado. Foi uma situação inusitada para Frank Vogel resolver.

Por um lado, temos em quadra um dos maiores arremessadores de três pontos da história da liga (na categoria de sujeitos com mais de 2,05 m de altura, é verdade), que foi eleito um All-Star como escudeiro de Ray Allen em Seattle e o ala-pivô aberto ao lado de Dwight Howard e dirigido por Stan Van Gundy. Na lista da NBA de cestas de três feitas, ele já aparece em oitavo, com 1.787 no total. “Se você dá uma olhada nessa lista e vê os caras que estão nela, você meio que não acredita. De estar na frente desse ou bem atrás daquele”, afirmou. “É um feito e tanto e mostra que deixei minha marca na NBA.”

Por outro, o objeto de análise aqui também é um veterano que já havia trocado até mesmo por um Gilbert Arenas ultrapassado e quebrado – na troca de salários mais absurdos e inúteis que a liga já viu – e que também estrelou um dos raros casos de doping oficializados da ligaao lado de Hedo Turkoglu, seu ex-companheiro de Orlando, por exemplo.

Mal jogou em Washington e foi repassado para New Orleans, que só tinha a intenção de se livrar dos contratos de Emeka Okafor e Trevor Ariza (que estava encostado por lá e acabou se tornando uma peça bastante valiosa para o jovem time do Wizards, diga-se). Oficialmente, o valor de Lewis era de US$ 23,7 milhões (!?!?!?!, numa cortesia de Otis Smith). Mas o então-Hornets-hoje-Pelicans poderia dispensá-lo e economizar entre US$ 9 e 10 milhões. Demitiram sem pestanejar, abrindo caminho para que o ala ou se aposentasse, ou se juntasse a um time verdadeiramente candidato ao título. Aí Pat Riley entrou na jogada. No ano passado, para quem não lembra, ele foi anunciado no mesmo pacote com Ray Allen, seu ex-companheiro de Seattle, numa combinação promissora para o banco do time da Flórida.

Acontece que Lewis não jogou absolutamente nada e acabou salvo justamente Ray-Ray – essa, sim, uma contratação decisiva, de modo que não havia como os críticos se lembrarem do fiasco que representava a outra metade do negócio.

Mas, depois de dezenas de jogos apagados, aqui está Lewis sendo relevante, como um substituto improvável para Shane Battier no criativo sistema do Miami Heat.  O veterano está todo empolgado. Já fala em jogar por mais dois ou três anos. Desde que no time certo. No caso, o Miami, em que suas responsabilidades são bem reduzidas. “Ser um jogador complementar, abrir a quadra para um time que está competindo pelo título é bem menos desgastante do que sair jogando 40 minutos e tendo de trombar e ralar”, afirmou o ala que foi a escolha 32 do Draft de 1998, saindo do high school. “Seu papel fica muito mais fácil, e então fica muito mais fácil também de cuidar do corpo.”

Os dilemas que Frank Vogel teve com Lewis agora ficam para Gregg Popovich. Que Rashard que vai jogar as finais? O moribundo de praticamente duas temporadas, ou aquele renascido por meros dois jogos? É uma pequena peça no grande jogo das finais da NBA, mas que pode ter uma grande repercussão. Não é exagero dizer que 99% da NBA davam o jogador por sumido, ou morto, mesmo, nas últimas temporadas. Menos Spoelstra, aparentemente, que fez valer sua teimosia.


Personagens dos playoffs: Nenê. Ele mesmo
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Giancarlo Giampietro

Nenê x Joakim Noah teve placar favorável ao brasileiro

Nenê x Joakim Noah teve placar favorável ao brasileiro

Nenê já está há 12 anos na NBA, e tem gente que ainda não se conforma: como pode alguém que combine tanta força física, velocidade e técnica não ser uma estrela na liga? Ou mesmo uma superestrela? No ataque, o pivô realmente sabe fazer um pouco de tudo. Seu chute de média distância cai de modo frequente a ponto de percisar ser marcado – e, se o defensor não o pressionar, pode pagar o pato com o brasileiro, ótimo passador, deixando alguém de frente para a cesta. Ele ainda pode bater em velocidade em direção ao garrafão. Aguenta o tranco jogando de costas e também sabe lidar bem com a eventual dobra. Completo.

E aí o grandalhão vai lá e arrebenta com Joakim Noah e o Chicago Bulls, numa rara série que terminou cedo nestes playoffs completamente alucinantes. Teve quem disse que já não era a hora, mas também teve quem se surpreendesse pelo fato de ele ter sido dominante por diversos jogos em sequência.

Ao final do confronto, mesmo alguém orgulhoso como Noah não teve como não elogiá-lo — dias depois de fazer das suas provocações, uma vez que obviamente ele não iria deixar passar despercebida a expulsão do adversário no Jogo 3. “Ele foi um monstro lá embaixo, você tem de dar muito crédito para ele”, afirmou. Vejamos, num vídeo editado pelo Coach Nick, do BBallBreakdown:

Então fica essa inquietação, mesmo, entre os americanos. O que acontece?

Aqui do nosso lado, embora Nenê não seja dos personagens mais comunicativos e falantes, temos mais base para falar a repeito, né? Contexto é tudo, e dá para começar falando sobre mentalidade. Fora religião, das poucas coisas que o pivô fala abertamente, sempre sai algo na linha do conjunto, espírito coletivo etc. No seu caso, não é baboseira, algo treinado. Acho que já escrevi isso aqui, então corre-se (sempre) o risco da repetição: mas qualquer um que o veja em ação, sabe que ele não está preocupado com números, com espetáculo para as câmeras, nem nada. De vez em quando sai uma cravada de top 10, mas é sabido que o cara faz e gosta de fazer o básico, e muito bem, obrigado. Com a ressalva de que “básico” aqui vale como “elementar”, “fundamental”, e, não, algo “trivial”. E não é todo mundo que dá conta disso.

“São todas as suas intangíveis”, afirma o treinador Randy Wittman. “Usso essa palavra para Nenê o tempo todo. Ele pode pontuar, arremessar, driblar, passar e pode defender. Quando não o temos em quadra, não existe outro que possa fazer todas essas coisas.”

Essa abordagem do jogo é muito bem-vinda pelos técnicos, mas pode ficar perdida em meio a tantos egos e marketing da liga norte-americana. Não é nada midiática. Ninguém vai por em slow motion um corta-luz perfeito ou um passe preciso para Marcin Gortat em movimento de high-low. Ainda mais que seu parceiro polonês não ajuda!  Ele tem aquele jeito é todo malucão, mas também se dá por satisfeito em por a bola no quadradinho por uma cesta simples. Para completar, a presença de Gortat também empurra Nenê para mais longe da cesta. Ele nunca atacou tão distante do aro assim, em toda a sua carreira. Além disso, seu número de cravadas é inferior à metade do que somava nos tempos de Denver.

Aliás, quem não se lembra das temporadas do Nuggets em que até mesmo Earl Boykins e Voshon Leonard arriscaram mais? O jogo discreto do são-carlense pode até mesmo ser ignorado, atropelado por seus próprios companheiros. Ao menos, em 2004, o ala Jon Barry ficou para trás. E como faz? Você tem um pivô com tantos recursos e permite que um cestinha medíocre como Voshon Leonard fique tanto com a bola? Loucura do técnico Jeff Bzdelik! Ou não. Foram várias as ocasiões que vimos George Karl, o sucessor, implorar publicamente para que o brasileiro fosse mais fominha, para que chamasse mais o jogo. Mas essa simplesmente não parece uma vocação natural para o atleta. É por isso que Wittman também diz: “Ter ele de volta nos ajudou muito”.

Dono do Wizards, Ted Leonsis veste camisa de Nenê em jogo de gancho

Dono do Wizards, Ted Leonsis veste camisa de Nenê em jogo de gancho

E aqui chegamos a outro ponto: ter-ele-de-volta implica que ele estava fora. O pivô ficou afastado do Wizards por seis semanas, devido a uma lesão no joelho. Dessa vez, porém, o timing foi favorável ao jogador: ele conseguiu retornar pouco antes de a temporada regular se encerrar, a ponto de desenferrujar, estando ao mesmo tempo mais descansado.

Lesões: algo recorrente na trajetória de Nenê, que só teve quatro temporadas com pelo menos 90% dos jogos disputados e que em apenas uma ocasião, 2009-10, foi para a quadra em todas as rodadas, já recuperado de um câncer. Tantas ausências, claro, levaram os mais críticos a julgá-lo por chinelinho. Até porque, sempre que possível, alguém não vai perder a chance de arrebentar o joelho de modo proposital, claro, na primeira partida da temporada, com apenas três minutos de jogo.

Os problemas físicos foram tantos que causam, sim, danos psicológicos. Por exemplo: na penúltima partida desta temporada, Wittman usou o atleta por 24 minutos, acima dos 16 a 20 estipulados, dando a ele a chance de marcar 18 pontos, se soltando em quadra. Em vez de celebrar, o paulista disse: “Isso me surpreendeu um pouco. Foram cinco minutos a mais, mas tudo bem. Estou gostando do que vejo, mas espero que nós mantenhamos os minutos que havíamos combinado, porque se eu forçar muito a barra, posso acabar pagando o preço. Então espero que possamos controlar meus minutos um pouco”. Que jogador gosta de se preocupar com esse tipo de coisa?

Então fica assim, para a turma do amendoim. Chinelinho nos Estados, desertor no Brasil. Vai ser difícil esquecer as vaias que o pivô tomou no Rio de Janeiro naquele histórico jogo de pré-temporada contra o mesmo Bulls, mas que acabou nos proporcionando um episódio famigerado desses. A questão da seleção é mais complexa, discutida aqui, mas não deixa de ser irônico que aqueles torcedores enfezados de outubro agora tenham de sentar na poltrona em casa e conviver com isso, enquanto o pivô passava por cima do melhor defensor da liga.

Aqui cabe um parêntese também: dias depois da eliminação, Noah passou por uma cirurgia no joelho esquerdo, que o vai deixar de molho por dois a três meses. O francês havia acusado suas dores ainda nos vestiários do United Center, mas sem querer usar como desculpa. Não estava 100%, mas um JoJo limitado é chato o bastante para tirar o sono de muita gente. Menos Nenê, dessa vez.

O brasileiro, de qualquer forma, não foi decisivo apenas atacando. Na defesa, anulou Carlos Boozer quando requerido – como no quarto período do Jogo 5, após a lesão de Taj Gibson -, mas, principalmente, ajudou a cortar as linhas de passe que Noah adora explorar. “Eles me pressionaram muito, muito mais do que o normal”, diz o pivô, quando seu time ainda tinha chances. “Tenho de fazer um trabalho melhor para manter a bola viva e evitar o turnover.”

Com sua agilidade e envergadura, Nenê também pode ser um defensor implacável e versátil, combatendo no garrafão ou flutuando no perímetro de modo agressivo, a ponto de incomodar até mesmo armadores. DJ Augustin e Kirk Hinrich, no caso, nem representavam tanta ameaça.

Nenê anula Carlos Boozer, para desgosto da torcida do Bulls

Nenê anula Carlos Boozer, para desgosto da torcida do Bulls

A relevância do brasileiro para o Wizards, todavia, vai além de sua técnica. Em Washington, o jogador assumiu naturalmente um papel de mentor, num elenco pouco experiente e carente de boas referências depois do convívio com JaVale McGee e Andray Blatche.Na hora de enfrentar um time encardido como o Bulls de Thibs, então, era necessário que assumisse a iniciativa, até para facilitar a adaptação de John Wall e Bradley Beal a uma nova realidade. Cabia a ele guiar sua galerinha. Mesmo assim, com a vaga nas semifinais do Leste garantida, ainda fez questão de falar de seus dois novos irmãozinhos.

“Estou muito feliz por Bradley Beal e John, porque muita gente disse coisas ruins sobre eles, que os dois não conseguiriam  jogar bem nos playoffs”, disse o pivô, provavelmente se referindo a cornetas da capital norte-americana, uma vez que, no geral, os dois jovens foram bastante elogiados durante a temporada. “Tiro o meu chapéu para eles.”

“Acho que tudo o que a gente enfrentou foi necessário para nos dar maturidade, experiência. Tudo acontece por algum motivo, e essa é a razão para estarmos nessa posição. Estivemos aprendendo nos últimos dois anos, e agora é o nosso momento”, continuou.

A reverência precisa se feita, antes de tudo, para o próprio pivô, que teve médias de 17,8 pontos, 6,5 rebotes, 3,3 assistências e 1,5 roubo de bola, matando 54,8% dos arremessos em quatro partidas. Nem o péssimo aproveitamento nos lances livres, de 30% – com poucas tentativas, diga-se -, afetou sua produção. Nenê foi muito mais agressivo, elevando sua média de 11,2 arremessos por jogo na temporada regular para 15,5 na primeira rodada dos playoffs.

Por quatro partidas, Nenê realizou aquilo que muitos projetam para seu basquete. Não que sinta-se obrigado a dar qualquer tipo de satisfação. “Eu só ligo para aquilo que posso controlar. Sou muito profissional e estou muito maduro para lidar com isso. Já passei por várias situações difíceis”, afirmou ao Washington Post. “Quem odeia, odeia, não tem o que fazer. Só podemos controlar aquilo que trabalhamos aqui, nossa atitude, nosso jogo. Isso é algo que os críticos não podem mudar. Vamos jogar duro e com muita paixão. Quem odeia conhece o passado. Eu conheço o presente. Mas o futuro só deus sabe.”

Bem, o futuro imediato coloca Nenê e Gortat de frente com dois pesos pesados do Indiana Pacers, Roy Hibbert e David West. Mais dois problemões para o brasileiro encarar, contra os quais faria bem manter o nível apresentado contra Noah, Gibson e Boozer. “Se não existissem aqueles que nos odeiam, não conseguiríamos atingir nossos objetivos, sabe? Acredito que podemos surpreender se jogarmos do modo certo. Acredito nos meus companheiros  e que podemos fazer algo especial”, disse. Obviamente, para Wall, Beal, Ariza e Wittman a recíproca hoje é bem verdadeira


Quem vai perder menos e chegar aos playoffs do Leste?
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Giancarlo Giampietro

Por motivos de atropelos da vida – que, não, nada têm a ver com a folia carnavalesca na base do 21, tenham dó –, esse espaço ficou sem atualização por mais que uma semana. O que só deixou claro o quanto a gente pode até fingir que entende de alguma coisa, mas, no fim, não sabe é nada.

A manchete: “Contusão de Nenê ameaça Wizards, mesmo no patético Leste“.

E o que acontece? O Wizards desandou a vencer (quatro vitórias em cinco partidas), ultrapassou a casa do 50% de aproveitamento pela primeira vez em muito tempo (abriu o fim de semana com 32-29) e se firmou na zona de classificação para os playoffs.

John Wall quer por o Wizards entre a elite (ou algo assim) do Leste

John Wall quer por o Wizards entre a elite (ou algo assim) do Leste

Claro que isso não tem a ver com a lesão de Nenê. O pivô era, ainda é uma peça muito importante para qualquer que seja a pretensão de sucesso do clube da capital norte-americana nos playoffs. O time de Randy Wittman – quem diria, hein? –, na verdade, contou mais com as exibições espetaculares de John Wall, uma consistência muito bem-vinda por parte de Trevor Ariza no milagroso último ano de contrato e as babas do Leste para engrenar esse bom momento.

Hoje, dá para dizer que eles estão garantidos nos mata-matas.

Quer dizer: ‘dá’ para dizer. Melhor usar as aspas para aliviar qualquer temor de (mais uma) opinião furada, né? Vamos apostar de modo seguro, que tem toda uma reputação em jogo. ; )

Além do narcisismo – um quesito abundante no jornalismo de opinião em geral –, a aspinha também vale pela simples prudência de que, na abominável Conferência Leste, qualquer coisa é possível. Ao inverso do que ocorre no Oeste, que alguns timaços estão se matando para se manter entre os oito primeiros colocados, do lado do Atlântico norte-americano a coisa é braba: a disputa é pra saber quem é o menos pior entre os concorrentes que obrigatoriamente vão ter de preencher tabela nos mata-matas.

Então vamos averiguar o que está acontecendo nessa disputa naaaaaada emocionante, de quem perde menos, para estender sua temporada para maio. A única ressalva que se pode fazer a esta turma do fundão é que, ao menos, eles têm boas intenções. Se pudessem, estariam vencendo todas, ao contrário do que prega o Philadelphia 76ers. Então… Pelo menos isso. De resto, é uma baixaria que só. Por respeito a Paul Pierce e Kevin Garnett – mas não a Deron Williams e Andray Blatche, que fique claro – e também pela marca de 50% do clube de Brooklyn, vamos considerar que o Nets, em sexto, é o que margeia os times já… Hã… ‘garantidos’.

CHARLOTTE BOBCATS
Posição: 7ª no Leste, 17ª no geral
A pindaíba: 4 vitórias abaixo da mediocridade (29-33)
Saldo de pontos: devendo -1,6
Escalada nos últimos 10 jogos: subindo a ladeira de 1.0 e ar-condicionado ligado (6-4)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 19-18
O quanto quer/precisa dos playoffs: 100%

Por dois anos, Michael Jordan estava interessado em ver sua franquia afundada em um lodo asqueroso. Eles queriam Anthony Davis, ou qualquer jovem craque que pudesse elevar o valor de suas ações. O Draft não os agraciou desta maneira. Michael Kidd-Gilchrist é um garoto admirável, já consegue atrapalhar a vida de muita gente no perímetro como um defensor atlético… Mas o rapaz simplesmente não consegue fazer uma cesta que não seja próxima do garrafão. Cody Zeller, por sua vez, é um fiasco momentâneo. Anthony Bennett e Otto Porter Jr. tiveram problemas físicos, perderam a pré-temporada e as ligas de verão, numa transição importante. O pivô do Bobcats não tem nenhuma desculpa e acabou desbancado por Josh McBob. De qualquer forma, mesmo precisando de mais jovens talentosos, MJ se cansou da humilhação, acertou (enfim!!!) na contratação de um técnico em Steve Clifford, surpreendeu no mercado ao assinar com Al Jefferson e tem agora algo minimamente respeitável em quadra. No Oeste, o Bobcats não passaria de um saco de pancadas. No Leste, porém, são suficientes seu nível de preparação tática de jogo para jogo, a evolução constante de Kemba Walker e o talento daquele que já foi chamado de Baby Al em dominar a zona pintada ofensivamente (médias de 31,3 pontos e 67,5% nos arremessos em março).

Esperança: que Al Jefferson siga arrebentando
O sonho: que MKG convertesse 40% de seus chutes de 3
Vai ou não vai? Vai. Acho.

ATLANTA HAWKS
Posição: 8ª no Leste, 19ª no geral
A pindaíba: 8 vitórias abaixo da mediocridade (26-34)
Saldo de pontos: devendo -1,0
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira na banguela, a mil (1-9)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 18-19
O quanto quer/precisa dos playoffs? 50%

Por que 75? Bom, se você perguntar para o técnico Mike Budenholzer, que faz um tremendo primeiro ano, certamente a resposta seria o triplo, 150%. Ele não deixou os domínios de Gregg Popovich para tirar férias mais cedo na Geórgia. Mas, no que depender de Danny Ferry, o gerente geral, arrisco a dizer que não há tanto problema em arrumar uma vaguinha na loteria. Depois de ficar fora dos playoffs entre 2000 e 2007, a equipe compareceu na fase decisiva dos últimos seis campeonatos. Isso é ótimo. Mas Ferry já indicou que não vai se contentar com o mero sucesso de ser eliminado nas semifinais. Sem Al Horford, a verdade é que o Hawks não tem a menor chance nesta temporada e já seria um forte candidato a cair na primeira rodada (repetindo as campanhas de 2012 e 2013). Com Paul Millsap baleado? Aí é dureza. Então que tal cair um pouquinho e tentar a sorte para contratar uma revelação mais promissora? A grana de quatro ou cinco jogos a mais na fase decisiva é atraente, mas, no longo prazo, este clube decente precisa de mais talento. Lucas Bebê pode se juntar a eles no ano que vem, Dennis Schröder também tem muito potencial, mas tem espaço no elenco para mais.

Horford, Bud e Millsap: boa base para o Hawks do futuro

Horford, Bud e Millsap: boa base para o Hawks do futuro

Esperança: da parte dos técnicos? Que pelo menos os times abaixo percam mais.
Sonho: nem que Al Horford se recuperasse rapidamente, ele poderia jogar. O Hawks já o eliminou da temporada.
Vai ou não vai? Putz, talvez. Não sei.

DETROIT PISTONS
Posição: 9ª no Leste, 22ª no geral
A pindaíba: 14 vitórias abaixo da mediocridade (24-38)
Saldo de pontos: devendo -2,8
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira a mil (2-8)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 20-18
O quanto quer/precisa dos playoffs? 100%

Joe Dumars está com a cabeça prêmio. O arquiteto do Detroit campeão em 2004 e potência na década passada investiu mal novamente este ano, já foi obrigado a demitir mais um técnico recém-contratado e dificilmente escapa da guilhotina. Talvez nem a classificação possa salvá-lo. Em termos de nome, de grife, o Pistons estava obrigado a se colocar entre os oito primeiros. Ao menos era o que o próprio dirigente esperava. Mas não teve nada disso. A linha de três pivôs não deu liga alguma, Brandon Jennings parece irremediável e o elenco de apoio tem jogadores que se duplicam (um mata o outro). Se algo positivo pode ser tirado dessa temporada é o progresso de Andre Drummond, uma força da natureza no garrafão. Para piorar: sua escolha de Draft só será mantida se ficar entre as oito primeiras. Hoje seria a décima, sendo direcionada, desta forma, ao Bobcats. Que fase!

Esperança: que Paul Millsap tenha mais problemas físicos.
Sonho: Josh Smith desenvolver alergia aos chutes de três.
Vai ou não vai? Nem.

CLEVELAND CAVALIERS
Posição: 10ª no Leste, 23ª no geral
O quanto na pindaíba? 15 vitórias abaixo da mediocridade (24-39)
Saldo de pontos: devendo -4,5
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira (4-6)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 14-24
O quanto quer/precisa dos playoffs: 200%

E quando Dan Gilbert prometeu, em carta irada e chorosa, aos seus torcedores que o Cavs seria campeão primeiro que o Miami de LeBron? De lá para cá foram quatro escolhas de Draft entre os primeiros quatro colocados, com direitos a dois picks número 1, e… Aqui está seu clube ainda chafurdado. O gerente geral Chris Grant foi demitido, o time demonstrou algum sinal de recuperação, com Kyrie Irving e Dion Waiters se esforçando para parecerem amiguinhos em público, mas seu retrospecto ainda é patético, a despeito de o time ter pagado caro para trazer alguns reforços. Luol Deng mal pode acreditar no que lhe ocorreu, enquanto Spencer Hawes não resolve a vida de ninguém que esteja tão mal assim. Do lado de fora, Mike Brown já não tem mais desculpas.

Deng estrelando: "Entrando numa fria"

Deng estrelando: “Entrando numa fria”

Esperança: Anderson Varejão inteiro, em forma, e paz na Terra.
Sonho: Aaaaaaaaah, LeBron
Vai ou não vai? Hmmmmmmm… Não.

NEW YORK KNICKS
Posição: 11ª no Leste, 24ª no geral
O quanto na pindaíba? 17 vitórias abaixo da mediocridade (23-40)
Saldo de pontos: devendo -2,4
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira (3-7)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 15-23
O quanto quer/precisa dos playoffs: 500%

Meu amigo leitor, o caos. Caos, meu amigo leitor. É difícil resumir essa temporada, gente. Uma equipe sem a menor coesão em quadra, desperdiçando o melhor ano da carreira de Carmelo Anthony, justamente quando o ala pode exercer uma cláusula contratual para se tornar agente livre. Mike Woodson completamente fritado. Tyson Chandler despejando mais óleo na frigideira a cada entrevista. JR Smith fazendo do desempregado Ron Artest um sujeito sensato. Raymond Felton preso. Amar’e Stoudemire, walking dead. Pablo Prigioni chorando pela Argentina. Tudo sob a ingerência do bilionário James Dolan, que interfere sempre que (não seja) necessário. Só mesmo Tim Hardaway Jr. e os flashes de potencial de Jeremy Tyler como algo minimamente salutar. De qualquer forma, eles têm duas vitórias seguidas. Agora vai. Ah, e, sim, a escolha de Draft dos Bockers vai para Denver.

Esperança: Millsap fora, Jennings atirando mais tijoslos, nova crise em Cleveland e 30 pontos por jogo eficientes de Carmelo.
Sonho: Phil Jackson, Jeff Van Gundy, Tom Thibodeau? Nada. A saída de Dolan e seus puxa-sacos.
Vai ou não vai? Hahaha, seria a história mais injusta da temporada.


Contusão de Nenê ameaça Wizards, mesmo no patético Leste
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Giancarlo Giampietro

Nenê, Wizards, NBA

“Estamos todo assustados.”

“O elenco do Wizards respira fundo, aguardando os resultados.”

“Isso é tãaaaaaaaaaaao Wizards.”

Foi mais ou menos este o resumo da página do HoopsHype que abriga (quase) todos os tweets/contas de Twitter decidados ao Washington Wizards, durante esta segunda-feira, com jogadores e jornalistas reunidos. Ambos os grupos não aguentavam mais de ansiedade para que saísse o resultado da ressonância magnética pela qual o pivô Nenê passou, depois de ter torcido o joelho no domingo, em vitória sobre o Cleveland Cavaliers.

Não foi o pior desfecho possível, mas foi ruim o bastante para deprimir torcedores e colocar em risco a classificação da equipe para os playoffs. O brasileiro sofreu uma contusão no ligamento colateral medial do joelho esquerdo e vai ficar fora das quadras de quatro a seis semanas. Se a previsão mais otimista se realizar, ele retornaria com 10 a 12 jogos restando no ano. Se for perder um mês e meio, talvez sobrem duas ou três partidas. O clube da capital norte-americana encerra sua temporada no dia 16 de abril, contra o Boston Celtics.

Desde que contratou Nenê, o Wizards já se habituou aos constantes problemas físicos que o pivô enfrenta. O que não quer dizer que a rapaziada não vá sentir o baque: com o são-carlense afastado, o time perdeu 34 de 42 jogos. Isto é, perdeu 80% das vezes em que jogou sem o cara. Se repetirem esse tipo de rendimento, podem muito bem ficar fora do grupo dos oito melhores menos piores do patético Leste.

Vamos lá: o time liderado por John Wall tem hoje 50% de aproveitamento, com 28 vitórias e 28 derrotas. O suficiente para valer a quinta colocação – no Oeste, estaria em nono. O oitavo lugar na conferência, o Atlanta Hawks, tem 26 triunfos e 29 reveses. Primeiro time fora da zona de classificação, o Detroit Pistons tem, respectivamente, 24 e 34. Cinco vitórias a mais desse, cinco derrotas a mais daquele, e Andre Drummond poderia fazer sua estreia nos mata-matas neste ano.

Nada disso está garantido, claro. A  esperança do Wizards é a mesma de franquias em desarranjo como Knicks e Cavs: numa disputa em que todos os concorrentes mais perdem do que ganham, tudo é possível.

Mas, sim, as equipes de Manhattan e Cleveland – com proprietários estressados, crises internas, elenco desbalanceado, dois técnicos Mikes contestados e rendimento na casa de 30%, acreditem –  agora têm um motivo a mais para sonhar com uma vaga. No catadão de seus tweets, o tom deve ter sido completamente diferente.

*  *  *

A lesão de Nenê veio na pior hora possível, e não só do ponto de vista da luta pelos playoffs do Wizards. O pivô estava em ótima fase. No sábado havia feito uma das melhores partidas de sua carreira. Para os brasileiros em geral, maré braba: neste exato momento, manhã de terça-feira, todos os cinco jogadores do país estão fora de ação por problemas físicos (costas para Varejão, panturrilha para Splitter, torção no dedão para Leandrinho e joelho para Faverani).

*  *  *

Os possíveis substitutos para o brasileiro?Internamente, o francês Kevin Seraphin, o aríete Trevor Booker e o veterano Al Harrington vão dividir os minutos.Nenhum dos três é conhecido exatamente pela consistência ou pelo impacto na defesa, que deve sentir muito – Nenê tem baixa médias de tocos, mas isso não significa nada quando se leva em conta seu ótimo posicionamento, fechando muito bem os espaços, a inteligência no bloqueio de rebotes, a agilidade para contestar os armadores no pick-and-roll, entre outros verdadeiros atributos de um bom marcador.

No ataque, Seraphin tem um bom gancho girando para a direita e vai ‘masomeno’ nos tiros de média distância. Booker é bem mais eficiente na hora de pontuar.  Harrington, retornando após parar por três meses por conta de problemas no joelho, tem um jogo mais diversificado (41,9% nos três pontos, por exemplo), mas jogou tão pouco neste campeonato que é complicado falar sobre seus números. No domingo, contra o Cavs, ele e Seraphin deram conta do recado, de alguma forma.

A diretoria do Wizards também discute contratações emergenciais. Lou Amundson, DeSagana Diop (!) e Drew Gooden foram especulados. O nome de Gooden, que por um longo período de férias após ser anistiado pelo Milwaukee Bucks, aparece com mais força e acaba sendo o mais intrigante, mesmo. O pivô revelado pela universidade de Kansas entrou na liga no Draft de 2002. Curiosamente, o mesmo de Nenê.