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Coisas para se fazer no Leste quando você (não) está morto
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Giancarlo Giampietro

Lance Stephenson, o símbolo da 'corrida' pelos mata-matas do Leste

Lance Stephenson, o símbolo da ‘corrida’ pelos mata-matas do Leste

Na onda tarantinesca do cinema dos anos 90, Coisas para se Fazer em Denver Quando Você Está Morto foi um dos primeiros filhotes. Lançado em 1995, um ano depois de Pulp Fiction, foi um entre uma centena de películas (ainda eram películas, acho) a tirar do submundo alguns criminosos de personalidade singular, tentando sair de enrascadas com humor e violência, nem sempre explícita. Os diálogos obrigatoriamente precisavam conter referências da cultura pop em um mínimo de 67% de suas falas.

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Andy Garcia, o impagável Steve Buscemi, o eterno Dr. Brown Christopher Lloyd e o curinga Christopher Walken que me desculpem, mas este aqui não é um bom filme. Pelo menos não no meu gosto. A melhor coisa era o título. E só. Mas que título, né? Serve para deixar qualquer coluna parecendo muito mais legal do que é na verdade. ; )

Coisas para se fazer em Denver quando você está mortoSe for para tomá-lo emprestado e empregá-lo na NBA, ele nem precisa de adaptação. O Denver Nuggets já está morto nesta temporada faz tempo – algo de que a franquia se demorou a dar conta, mas enfim aconteceu. Mas esse texto não vai perder mais tempo para falar do indeciso time de Brian Shaw. No Leste, tem muito mais gente enterrada. Digo: enterrada, mas viva – numa expressão tão cara ao chapa Ricardo Bulgarelli, do Sports+.

Na conferência banhada pelo Oceano Atlântico, você nunca pode dar uma equipe como falecida nesta temporada, por mais que todos os fatos apontem o contrário. São todas sobreviventes – menos o New York Knicks e o Philadelphia 76ers, claro, que só querem competir hoje por Jahlil Okafor, mesmo.

O Philadelphia se sabota voluntariamente: Sam Hinkie já fez uma série de coisas para matar as chances de resultado positivo para sua equipe. Por outro lado, Phil Jackson começou o ano vendendo uma proposta em Manhattan e vai terminá-lo com outra inversa.

De resto, excluindo o pessoal do topo e o valente e surpreendente Milwaukee Bucks, temos uma extensa lista de times que entraram no campeonato com aspirações de playoffs, mas para os quais quase nada saiu conforme o planejado. Mesmo assim, todos ainda têm chances de classificação. Segue a folha corrida, com os times ordenados de acordo com suas respectivas campanhas e posicionamento até esta segunda-feira, 11h da manhã, horário de Brasília:

7 – Miami Heat (20-24, 45,5%): Pat Riley e Erik Spoelstra anunciavam um mundo pós-LeBron em que o time seguiria fortíssimo e deveria ser encarado se não como candidato ao título, mas pelo menos como candidato a uma quinta final consecutiva. Em sua última entrevista, não conseguiu disfarçar a frustração, embora ainda sustentando a opinião de que vê muito potencial a ser explorado no atual elenco. Se jogassem no Oeste, estariam hoje na 11ª posição, mesmo que enfrentem semanalmente adversários bem mais fracos. Os veteranos Dwyane Wade e Chris Bosh já perderam juntos 18 partidas – Bosh, em particular, estava barbarizando até sofrer uma mardita lesão na panturrilha. Josh McRoberts nem estreou de verdade. Shabazz Napier, bicampeão universitário e senior, não estava tão pronto assim como se imaginava. Mesmo jogando muitas vezes com dois armadores, Spoelstra não se sente confortável mais em colocar sua equipe para correr – o Heat tem o ataque mais lento da liga. As boas notícias: quando joga, Wade ainda é bastante produtivo, mesmo que distante de seu auge. E o fenômeno Hassan Whiteside (mais sobre ele depois). Com tantos problemas, o clube da Flórida ainda é o favorito para se classificar em sétimo.

8 – Charlotte Hornets (19-26, 42,2%): depois de chegar aos mata-matas na temporada passada, Michael Jordan redescobriu o gosto pela coisa. Foi às compras e hoje está com remorso. Não tem um dia em que o HoopsHype não destaque um rumor de negociação envolvendo Lance Stephenson. O Hornets sente que precisa se livrar de Stephenson o quanto antes, a ponto de aceitar discutir com Brooklyn uma troca por Joe Johnson, o segundo jogador mais bem pago da liga. Sim, o JJ mesmo. É de abrir os olhos todo esse esforço: sem o volátil ala-armador, o aproveitamento é de 9-5 (64%). Al Jefferson enfrenta uma incômoda lesão na virilha, que limita seus movimentos e já o tirou de quadra por nove partidas. Kemba Walker joga há tempos com um um cisto no joelho, que passou a preocupar de verdade neste mês, lhe custando três jogos, justo quando vivia seu melhor momento na NBA. Michael Kidd-Gilchrist ainda não sabe o que é um arremesso de três pontos. Marvin Williams é Marvin Williams. Mas não tem tempo ruim, não: o Hornets se vê hoje dentro da zona dos mata-matas, graças a uma defesa que foi a mais implacável neste mês de janeiro. É o bastante. Sofram:

9 – Brooklyn Nets (18-26, 40,9%): Billy King promove neste momento o maior saldão. É chegar e levar! Desde que paguem, e caro. Afinal, ele quer se desfazer da folha salarial mais custosa de toda a liga, com mais de US$ 91 milhões investidos. Então temos aqui o time da vez na central de boatos. Antes de ser afastado por conta de uma fratura na costela, Deron Williams havia virado banco de Jarrett Jack. Brook Lopez, que já perdeu dez jogos, não consegue superar a marca de 6,0 rebotes. Joe Johnson está em quadra, mas a verdade é que o clube vem acobertando lesões no joelho e no tornozelo para tentar vendê-lo. Bojan Bogdanovic é um fiasco até o momento e aquele por quem havia sido substituído, Sergey Karasev, anda curtindo a vida adoidado. Lionel Hollins não consegue mais se conter em entrevistas coletivas, manifestando constante desprezo por sua equipe. Com mais uma vitória, eles voltam a se juntar ao Hornets, para reassumir o oitavo lugar (uma vez que levam a melhor no critério de desempate por confronto direto). Kevin Garnett sorri. Totalmente surtado.

10 – Detroit Pistons (17-28, 37,8%): até o Natal, o presidente e técnico Stan Van Gundy havia testemunhado apenas cinco vitórias dos rapazes da Motown. Em 28 duelos. Tipo um Sixers, mesmo. Foi aí que ele ativou o detonador da bomba e mandou embora Josh Smith, aceitando lhe pagar mais de US$ 30 milhões a troco de nada. Obviamente que o Pistons venceria 12 das próximas 17 partidas e se recolocaria na discussão. O duro é perder Brandon Jennings pelo restante da temporada, devido a mais uma ruptura de tendão de Aquiles nesta campanha. Jennings era outro que praticava o melhor basquete de sua decepcionante carreira. Momento para pânico geral, não? Em qualquer outra circunstância, sim. Mas talvez SVG consiga fazer que DJ Augustin replique sua incrível jornada dos tempos de Chicago. Se não for o caso, resta sempre o caminho de uma troca (Prigioni é o primeiro nome especulado) ou de um milagre vindo da D-League (Lorenzo Brown, ex-Sizers e North Carolina State, também é comentado). Enquanto isso, Greg Monore vai conseguindo a proeza de superar Andre Drummond nos rebotes. Vai que dá!

11 – Boston Celtics (15-27, 35,7%): Danny Ainge trocou Rajon Rondo. Danny Ainge trocou Jeff Green. Danny Ainge trocou Brandan Wright. Danny Ainge trocou até mesmo Austin Rivers. Marcus Smart ainda é só uma promessa. Kelly Olynyk começou muito bem o campeonato e despencou até sofrer uma torção de tornozelo grave. Evan Turner continua acumulando números, mas sem eficiência nenhuma. E o Celtics ainda tem chances, para tornar a vida de Brad Stevens menos miserável. Esse é um dos clubes que tem, hoje, um dos maiores conflitos de interesses entre o que a direção espera (reformulação apostando no próximo Draft) e o técnico prega (tentar vencer a cada rodada, e que se dane). Os caras acabaram de conseguir dois triunfos em um giro pela Conferência Oeste  e de fazer um jogo relativamente duro contra Warriors e Clippers. E aí: Ainge vai trocar Stevens também?

12 – Indiana Pacers (16-30,  34,8%): o time da depressão, mas que não desiste nunca. Só não são brasileiros. Frank Vogel deve ler a relação de lesões acima e gritar em seu escritório: Vocês querem falar de desfalques!? Sério!? Peguem esta, então:” Paul George acompanha o time nas viagens, vai treinando de leve, e só; George Hill só disputou sete de 46 partidas; Hibbert perdeu outras quatro, enquanto West já perdeu 15; CJ Watson ficou fora de 18 jornadas, dez a mais que Rodney Stuckey e oito a mais que CJ Miles; Donald Sloan já tentou 334 arremessos neste campeonato, sendo que, de 2011 a 2014, havia somado 393 chutes; apenas o imortal Luis Scola e Solomon Hill jogaram todas as partidas. E o Pacers ainda deu um jeito de vencer 16 partidas e de se manter entre as dez defesas mais eficientes da liga, superando até mesmo o Memphis Grizzlies. Alguém aí falou em Votel para técnico do ano?

13 – Orlando Magic (15-32, 31,9%): o quê? Você não bota fé!? Não vá me dizer que não leu nada dos parágrafos acima?


Ano novo, vida nova? As figuras da NBA que pedem uma virada
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Giancarlo Giampietro

Danny Granger, agora feliz do outro lado, em Miami

Danny Granger, agora feliz do outro lado, em Miami

Para muitos, a carreira de Danny Granger já estava encerrada. O ala havia passado por uma cirurgia no joelho esquerdo em abril de 2013, por conta de uma tendinose (sim, existe tendinite e a tendinose) que simplesmente não o deixava em paz. O veterano mal havia participado da campanha 2012-2013, fazendo tratamentos alternativos, separado do restante do elenco do Indiana Pacers, na esperança de se aprontar para ajudar a emergente equipe em batalhas com o Miami Heat. Não deu certo, e acabou indo para a sala de operação.

Depois de uma lenta recuperação, retornou ao Pacers para a campanha 2013-2014, já transformado, na melhor das hipóteses, em sexto homem, perdendo terreno para Paul George e Lance Stephenson. Por 29 partidas, ele simplesmente não conseguiu encontrar seu ritmo ideal. Não passou de 36% no aproveitamento dos arremessos – estatisticamente, na verdade, era o pior rendimento de sua carreira, muito pior até mesmo do que seu ano de novato, beeeem distante da forma que lhe valeu uma única indicação a All-Star em 2009. O desempenho foi tão aquém do esperado que Larry Bird, na ânsia de conseguir mais um trunfo para tentar, enfim, desbancar LeBron e Wade, não viu problema em despachar seu capitão para a Sibéria Filadélfia, em troca do irregular Evan Turner. Quer dizer: Bird desistitiu de Granger.

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O veterano rescindiu seu contrato com o Sixers e fechou com o Los Angeles Clippers, do outro lado do país, ao menos se encaixando em outro time com aspiração ao título. Vindo do banco, conseguiu elevar seu rendimento a um patamar minimamente satisfatório, mas sem lembrar em nada uma força ofensiva que fosse ameaçadora. Daí a surpresa quando Pat Riley, pressionado, talvez num ato de desespero, escolheu o ex-ala do Pacers, seu antigo rival de playoffs, num pacote de reforços de última hora ao lado de Josh McRoberts para tentar convencer LeBron a ficar na Flórida. Claro que não deu certo.

Foram 19 pontos para Granger contra o Memphis, antes dos 21 contra o Orlando Magic

Foram 19 pontos para Granger contra o Memphis, antes dos 21 contra o Orlando Magic

O Miami fechou, então, com Luol Deng para cobrir a lacuna aberta no quinteto titular – mesmo que essa fosse, em teoria, uma posição que Granger pudesse ocupar. A verdade era que Riley e o técnico Erik Spoelstra ainda não sabiam exatamente o que esperar do ala, ainda mais depois de ele ter passado por uma segunda cirurgia no joelho dois meses antes de se apresentar ao clube. Só imaginavam que, dado o histórico do clube para reabilitar quase-aposentados (desde os tempos de Tim Hardaway nos anos 90, até os mais recentes casos de Rashard Lewis e Chris Andersen), valia a aposta. “Não sabíamos o estado dele para valer, mas conhecíamos nossos próprios registros com casos semelhantes, vindo de lesões, por volta dessa idade. Sabíamos que, se eles se comprometessem a trabalhar, que talvez eles precisassem da oportunidade certa, no lugar certo”, diz Spo.

Vendo o que o ala realizou nas últimas partidas, pode ser que tenha sido uma cartada certeira. “Era para ser um processo longo, mas ele já está adiantado. Pensávamos que isso iria acontecer só no Ano Novo”, afirmou. Granger primeiro recebeu minutos nas 11ª e 12ª partidas do Miami. Depois, nas 18ª e 19ª.  Voltou a ser aproveitado entre as 22ª e 24ª. Não animou muito e ficou parado por mais quatro jornadas, até ser inserido de vez na rotação. Então, no jogo mais esperado do calendário, com o retorno de LeBron no dia de Natal e transmissão, ele marcou 9 pontos, cinco dos quais em um momento crucial do quarto período, para esfriar uma reação do Cleveland Cavaliers. Nas duas partidas seguintes, marcou 39 pontos e converteu 70% dos seus arremessos, saindo do banco, com direito a oito cestas de três pontos. “O que ele fez neste último par de jogos foi fenomenal”, afirmou Dwyane Wade.

Claro que está muito cedo para celebrar dessa forma. O desafio do jogador é justamente sustentar uma sequência produtiva, consistente e com durabilidade, algo que não acontece há mais de dois anos. Nesse caso, não bastaria apenas a conversão de seus arremessos feito um James Jones, mas também se pede boa movimentação pela quadra, especialmente na defesa – o Miami precisa de toda a ajuda possível neste momento.

De qualquer forma, sabe da melhor? A crescente de Granger veio justamente nas vésperas de seu reencontro com o Indiana Pacers. Dá para ter melhor timing que esse? E mais: precisava ser justamente nesta quarta-feira, na noite da virada de ano? Não poderia ser mais emblemático, mesmo.

Agora, num universo de mais de 400 jogadores, são diversos os atletas que precisam de, senão de um recomeço, ao menos de um momento de virada em suas carreiras:

Todo o elenco do New York Knicks: Quer dizer, menos Cole Aldrich, Quincy Acy e Travis Wear, para quem a vida anda muito bem, obrigado. De resto, na pior campanha da história da franquia, o povo anda numa penúria que só. Se for para escolher um nome, porém, ficaríamos entre JR Smith e Andrea Bargnani. O ala-armador sempre foi o principal candidato a estranhar e odiar o sistema de triângulos. Esfomeado, de vista que só enxerga bem a cesta e nada mais, está agora convenientemente afastado de quadra devido a uma ruptura na fáscia plantar (algo que, acho, podemos traduzir como “sola do pé” no populacho). Já Bargnani não jogou sequer um minuto na temporada, por conta de uma ruptura de tendão no cotovelo. Sua estreia pode acontecer também nesta quarta, contra o Sixers. Difícil é encontrar alguém que ainda confie nesses caras. Smith só fez seu desempenho cair desde sua participação desastrosa nos playoffs de 2013. Para o italiano, Nova York, na verdade, já representava uma chance de recomeço, ao sair escorraçado de Toronto. Phil Jackson já disse que não topa nenhuma negociação que vá atrapalhar os planos dos Bockers no mercado de agentes livres. Não vai receber nenhum contrato indesejado que dure mais que os atuais.

A triste história de uma escolha de número um de Draft vinda da Itália

A triste história de uma escolha de número um de Draft vinda da Itália

– Bem, Josh Smith já ganhou, de certa forma, sua Mega-Sena da virada particular.

Andrei Kirilenko: pobre AK-47. Sob o comando de Jason Kidd, o ala tinha tudo para brilhar em Brooklyn, considerando a predisposição do jovem treinador para fazer o uso máximo de atletas híbridos, versáteis. Aí as costas não deixaram. Quando alegou estar bem fisicamente, veio Lionel Hollins, um técnico que conseguiu belos resultados em Memphis, mas que tem visão beeeem quadrada sobre o basquete (“Pivô bom? Só se jogar de costas para a cesta” etc.) Aí que o russo foi afastado da rotação, sem muita explicação, até se tornar o mais novo caso de banimento para a Filadélfia.A ironia é que, quando Kirilenko fechou com o Nets em 2013, houve uma choradeira geral na NBA: a de que havia um acordo por fora com o compatriota Mikhail Prokhorov, uma vez que ele havia aceitado um salário bem inferior ao seu valor de mercado.

Funciona assim, a propósito: a) um time precisa se livrar de um contrato, seja para abrir espaço no teto salarial, ou para diminuir as multas por excesso de gastança; b) o gerente geral liga para Sam Hinkie, chefão do Sixers, o time que nem mesmo cumpre a folha salarial mínima da liga e tem espaço para absorver qualquer tranqueira; c) Hinkie vai levantar o inventário do time que está ligando, para, d) rapelar mais algumas escolhas de Draft, até chegar o momento em que Philly vai ter 98% dos picks de todas as segundas rodadas da década; e) contrariado, mas sem ter muito o que fazer (ao menos ele vai economizar uns tostões, o que sempre agrada a qualquer proprietário de franquia), o cartola paga tudo o que o algoz solicita.

Deron e AK47 eram felizes em Salt Lake City e mal sabiam

Deron e AK47 eram felizes em Salt Lake City e mal sabiam

Foi o que aconteceu com Kirilenko. E pior: ao contrário da maioria dos atletas despachados para lá, Hinkie quer que o russo realmente se apresenta para jogar. Não porque conta com o medalhista de bronze olímpico para reforçar sua equipe, mas, sim, por vislumbrar uma nova troca para ele daqui a um mês – se ele jogar bem, vai aparecer algum time que sonhe com o título a pagar ainda mais pelo cara, saca? Mais escolhas de Draft! Obviamente que o russo não quer saber de virar um peão num joguete desses. Ele só quer liberdade. Se for dispensado, imagine se o San Antonio Spurs encontra um meio de contratá-lo (rompendo, vá lá, com Austin Daye)? O mundo precisa disso.

Deron Williams: Por falar em Brooklyn Nets, conheça o astro de US$ 20 milhões (US$ 19,8 mi, para ser mais preciso) que conseguiu uma proeza: virar reserva de Jarret Jack! Nada contra o novo titular, gente. Mas é que o veterano sempre foi conhecido em sua carreira justamente como o principal concorrente de Steve Blake  à condição de “armador reserva dos sonhos de todo e qualquer treinador”. Ao menos por hora, acabou essa história para Jack. Deron perdeu duas partidas devido a uma contusão na panturrilha e, quando voltou, estava no banco. Em entrevista pós-jogo, supôs que era por medida cautelar de Lionel Hollins. Ao que o treinador respondeu: “Não sabia que eu estava controlando os minutos dele”. Ui. Será que Sacramento, então, ainda topa conversar a respeito? Veja bem, Vivek. Já sabemos que vocês querem o Mason P, que está jogando demais, mesmo, e seria ótimo complemento para o Boogie. Mas… repare que o Sacramento está caindo pelas tabelas na conferência! E que isso talvez não tenha a ver com a meningite mardita que tirou o Boogie de ação, ou com a demissão de um técnico que havia colocado o time em boas condições de competir! O que isso significa? Significa que é hora de fazer mais uma troca por um astro renegado! Deu certo com o Rudy Gay, vai dar certo com o Deron também! Tro-ca já.

Lance Stephenson: é, Lance, a essa altura, você tem de agradecer pela lesão que Al Jefferson sofreu na virilha, que vai tirar o pivô de quadra por um mínimo de quatro semanas. Ufa, né? Pois estava ficando feio: foi só o ala-armador sair de cena com uma torção pélvica (!?!?), que o Charlotte Hornets começou a vencer. Eram quatro triunfos consecutivos já, reforçando a tese de que o talentoso e intempestivo jogador era o problema. Segundo o RealGM, porém, tanto a diretoria quanto Stephenson chegaram a um consenso de que ainda está cedo para romper. Da parte do clube, resta saber apenas se isso não foi motivado pelo simples fato de que as ofertas que chegaram não animavam muito. O Indiana Pacers, por exemplo, flertou com a possibilidade de repatriá-lo. Ao que parece, segundo diversas reportagens, seus antigos companheiros não se animaram muito com a ideia, não. Então parece que, se quiser encontrar paz, Stephenson vai ter de se virar em Charlotte, mesmo, ajudando Kemba Walker, em vez de se meter no caminho do armador, especialmente num momento sem Jefferson.

Vai tudo para a conta de Blatt, mesmo?

Vai tudo para a conta de Blatt, mesmo?

David Blatt: cogitar a demissão de um treinador estreante na NBA, com menos de seis meses no cargo? As coisas em Cleveland parecem não mudar nunca, mesmo, com trono ocupado ou vazio. O Cavs ainda deixa a desejar na defesa, é verdade, especialmente a proteção do garrafão, algo que sempre foi uma preocupação, devido a sua dependência de Anderson Varejão. Havia uma carência clara no elenco. Caberia a Blatt encontrar algum sistema para remediar isso, claro, e até agora não rolou. Talvez os jogadores não estejam escutando Blatt? Pois é. Mas essa não foi a mesma história com os últimos dois treinadores que passaram por lá? Irving e Waiters são reincidentes. Além disso, LeBron tem um comportamento no mínimo suspeito desde que voltou. Berra com companheiros em quadra, enquanto ele mesmo demora para voltar na transição defensiva. Diz a repórteres que estava em “modo relaxa-e-goza” contra o Orlando Magic, depois de uma preocupante derrota na véspera, para o Miami. Não importava, então? Ele age como se tivesse conquistado tudo de que precisava e, agora, era hora apenas de curtir o fato de estar perto de caso. No mesmo jogo contra o Heat, Kevin Love perdeu rebotes para Mario Chalmers e Norris Cole, enquanto vagava emburrado pela quadra. Enfim, Blatt, de um jeito ou de outro, vai precisar assumir as rédeas aqui. Segundo diversas fontes que trabalharam com ele na Europa, trata-se de um sujeito sensacional, que merece melhor sorte em sua grande chance nos EUA. A diretoria vai lhe dar apoio? Ou morrem de medo de LeBron para tomar alguma decisão que possa contrariá-lo?

Anthony Bennett: que o canadense fosse perder minutos para Robbie Hummel realmente não era algo que Flip Saunders tinha em mente quando fechou, enfim, a troca de Kevin Love.

Kobe Bryant: ele também é outro que já desfruta de um recomeço, após tantas lesões que lhe roubaram muitos meses preciosos nesta reta final. Mas para o astro do Lakers a temporada 2014-2015 não poderia passar rápido o suficiente. De qualquer forma, sabemos que ele arremessar 30 vezes por jogo não parece a solução num time fraquíssimo, embora os torcedores do Lakers adorem. Não dá para ser herói com esse time. Resta, então, passar a bola e liderar de um jeito bem diferente ao que se acostumou a fazer em uma vitoriosa – e conflituosa – carreira. Que tal?

PS: Desejo aqui um ótimo 2015 a todos – aqueles que estejam em busca de seu próprio recomeço, os que estão na crista da onda e, claro, o pessoal que toca tudo numa boa, sem tantas peripécias assim para contar, mas que não se enganem: como o filmaço Boyhood – a melhor coisa de 2014 – ensina, até a vida vida mais regular já é um grande acontecimento.


Quais presentes os times da NBA mais querem? Lado Leste
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Giancarlo Giampietro

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Pode espinafrar, tudo bem. O gancho não é nadica original: o que cada equipe da NBA quer de Natal? Mas, poxa, gente, vamos olhar por outro lado: ao menos ele oferece a chance para uma zapeada rápida por cada um dos 30 clubes, além do fato de dar um descanso para essa cuca aqui, que é mais que lerda. Alguns pedidos são praticamente impossíveis, outros mais viáveis. Vamos lá, então:

Dá para o armador alemão do Hawks melhorar, e muito, seu arremesso

Dá para o armador alemão do Hawks melhorar, e muito, seu arremesso

ATLANTA HAWKS
– Que Al Horford, por favor, não tenha mais nenhuma lesão muscular bizarra no peito?

– Um pouco mais de carinho por parte do público local? A equipe hoje ocupa apenas a 25ª posição no ranking de público. Uma evolução em relação ao campeonato passado (28º), é verdade, mas é muito pouco para um clube de campanha tão bacana.

– Dennis Schröder bem que poderia subir mais um degrau ainda neste campeonato. O time só vai ganhar com isso. E a gente, se divertir.

– Kyle Korver terminando um ano com um lindão 50%-40%-90%.

BOSTON CELTICS
– Danny Ainge quer muito, mas muito mesmo uma nova superestrela. Via Draft, ou troca.

– Um bom Draft em 2015, com muitos pivôs bem cotados.

– Se Rondo sair, o show será de Marcus Smart. Para tanto, o novato precisa se distanciar da enfermaria.

– Consistência por parte de Kelly Olynyk e Jared Sullinger.

BROOKLYN NETS
– Alguém que veja algum apelo nas caríssimas peças que Billy King juntou, sendo que seu elenco em nada se assemelha a um candidato a título.

– Adaptação mais acelerada para Bojan Bogdanovic, que tem um jogo muito vistoso para ficar escondido no banco de reservas. Uma hora o chute de três vai cair, assim como o de Teletovic.

Está acabando para KG

Está acabando para KG

– Um fim digno de carreira para Kevin Garnett, que vê Duncan e Nowitzki, mesmo no brutal Oeste, em situações muito melhores.

– Uma retratação por parte daqueles que alopraram a convocação de Mason Plumlee para a Copa do Mundo.

CHARLOTTE HORNETS
– Um novo endereço para Lance Stephenson, e para já. Ele e Kemba Walker simplesmente não combinam.

– 40% de aproveitamento nos chutes de longa distância para Michael Kidd-Gilchrist.

– Uma sequência de seis, sete vitórias que ponha o time na zona de classificação dos playoffs. Com o nome Hornets de volta no pedaço, esses uniformes sensacionais e a quadra mais bonita da liga, a cidade precisa disso.

– Agora que está liberado, uma caixa com os melhores charutos cubanos disponíveis para Michael Jordan.

CHICAGO BULLS
– Um Derrick Rose 100%. Ou 87%, vai.

– Que tenhamos a dupla Noah-Gasol saudável nos playoffs.

– Um jogo de 50 pontos para Aaron Brooks.

– Tá, este aqui é meu: mais Nikola Mirotic, muito mais, Thibs. A defesa se acerta.

CLEVELAND CAVALIERS

Anderson Varejão, Cavaliers, Cavs
– Um novo endereço para Dion Waiters, ou ao menos que o rapaz se dê conta de que, no momento, está muito mais para Jordan Crawford do que Dwyane Wade.

– Um contrato novinho e folha acertado informalmente por Kevin Love. Mas sem a liga saber, claro.

– Mais atenção de Kyrie Irving na defesa. A velocidade já está lá.

– 75 partidas + os playoffs para Anderson Varejão.

DETROIT PISTONS
– Dúzias e dúzias de comprimidos de calmante para Stan Van Gundy, o chefão.

– 65% de aproveitamento nos lances livres para Andre Drummond.

– A reconciliação com Greg Monroe.

– Qualquer poema altruísta que convença Brandon Jennings a soltar a bola.

Topa um Lance aí?

Topa um Lance aí?

INDIANA PACERS
– Mais nenhum susto, mais nada que dê mais trabalho para os médicos. A hora extra vai custar caro.

– Recuperação segura para Paul George.

– Vogel quer os playoffs, mas o melhor para Larry Bird e para o clube seja uma boa escolha de Draft.

– Lance Stephenson!?

MIAMI HEAT
– Dwyane Wade inteirão para os playoffs.

– Chris Bosh retornando da lesão muscular no mesmo nível de antes.

– Que Shawne Williams consiga sustentar seu ritmo nos chutes de longa distância.

– Mais minutos para Shabazz Napier, desde que a defesa não sofra ainda mais.

MILWAUKEE BUCKS
– Um contrato assinado para a nova arena. Para ontem.

– Sem Jabari, a manutenção desta campanha surpreendente que faz o passe de Jason Kidd inflacionar bastante.

Brandon Knight e o Bucks vão continuar em Milwaukee?

Brandon Knight e o Bucks vão continuar em Milwaukee?

– Média de ‘só’ 3 faltas por jogo para Larry Sanders.

– John Henson realizando seu potencial efetivamente.

NEW YORK KNICKS
– Marc. Gasol.

– Um novo endereço para JR Smith.

– Um arremesso para Iman Shumpert.

– Que Phil Jackson seja tão bom de Draft quanto Isiah Thomas.

ORLANDO MAGIC
– O retorno de Aaron Gordon o quanto antes.

– Um contrato razoável para Tobias Harris (a essa altura, depois de vários buzzer beaters, um pouco abaixo do máximo permitido para ele).

– 44% nos arremessos para o calouro Elfrid Payton, que já cuida do resto muito bem.

– Victor Oladipo deslocado mais para a finalização de jogadas.

PHILADELPHIA 76ERS
– 10 vitórias para evitar um vexame histórico e muita paz de espírito para Brett Brown.

– Menos turnovers para Michael Carter-Williams e Tony Wroten.

Robert Covington e o Sixers chutam para evitar pior campanha da história

Robert Covington e o Sixers chutam para evitar pior campanha da história

– Uma boa relação com o agente de KJ McDaniels, que vai virar agente livre.

– Uma palhinha de Joel Embiid nas últimas semanas da temporada?

TORONTO RAPTORS
– Mando de quadra nos playoffs, como cabeça-de-chave número 1.

– Muito mais Jonas Valanciunas no quarto período. É um pivô que bate bem lances livres.

– “Let’s Go, Bru-No!”, sabendo que todos precisam de paciência.

– De resto, não tem muito o que melhorar aqui, né? Que DeRozan volte bem.

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WASHINGTON WIZARDS
– O sumiço definitivo dessa coisa chata que é a fascite plantar de Nenê.

– Que não expire a poção mágica do incrível Rasual Butler.

– Sequência de jogo constante para Bradley Beal.

– 59 horas de entrevistas com Marcin Gortat.

E qual presente você quer para seu time? Amanhã, sai uma listinha do Oeste.

PS: Para quem não viu, uma abordagem bem mais detalhada sobre os clubes está aqui: 30 times, 30 fichas sobre a temporada


Tensão racial nos EUA e a dificuldade de se respirar
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose, contundência para se aplaudir

Derrick Rose, contundência para se aplaudir

A semana começou novamente com tensão social, racial elevada em muitas esquinas e comunidades dos Estados Unidos, e os astros da NBA levaram essa revolta para a quadra.

Depois de toda a revolta que colocou a cidade de Ferguson no mapa, agora é a vez de o triste caso da morte de Eric Garner retomar os noticiários depois que um júri nova-iorquino inocentar o policial envolvido no incidente, nesta segunda-feira. De noite, incentivados por um ato solitário de Derrick Rose durante o fim de semana, os atletas de Brooklyn Nets e Cleveland Cavaliers fizeram uma manifestação simples, mas contundente a respeito.

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Na hora de se aquecer para a partida contra o Golden State Warriors, Rose entrou em quadra com uma camiseta preta, com texto em branco exclamando: “I can’t breathe” (“Não consigo respirar”). Essa é foi a sôfrega frase que se pôde escutar num vídeo chocante divulgado por um nova-iorquino em julho, testemunhando uma ação policial violenta que resultou na morte de Eric Garner, de 43 anos.

Para os que não acompanharam o caso: Garner foi morto em 17 de julho ao ser estrangulado pelo oficial Daniel Pantaleo, com a ajuda de outros agentes, em uma rua da região de Staten Island, em pleno dia, para qualquer pedestre testemunhar. Ele foi acusado pelos policiais de estar vendendo cigarros contrabandeados. A ação foi registrada por Ramsey Orta, amigo da vítima. Orta, obviamente, vem sofrendo ameaças desde então.

A Grand Central station em Nova York foi tomada por manifestantes

A Grand Central station em Nova York foi tomada por manifestantes

A indignação só aumentou na quarta-feira passada, depois que um júri decidiu não indiciar Pantaleo, que está livre e só será submetido a uma sindicância interna de sua corporação, mesmo depois de atacar um ‘suspeito’ desarmado, com uma técnica de estrangulamento proibida pela polícia nova-iorquina. Nove dias antes, um júri na cidade de Ferguson havia seguido a mesma trilha em relação a um policial que matou o adolescente Michael Brown, de 18 anos, a tiros. É para se refletir a respeito do sistema judiciário. Ao mesmo tempo, se torna inevitável e imprescindível a participação de figuras públicas para incentivar o debate.

LeBron amplifica os protestos

LeBron amplifica os protestos

Entra Derrick Rose em cena. O enigmático armador do Chicago Bulls foi o primeiro astro da NBA a se manifestar a respeito ao quebrar o código de vestimenta (e conduta, digamos) da liga com sua camiseta. Nesta segunda-feira, em Brooklyn, jogadores do anfitrião Nets e do visitante Cavs usaram réplicas também durante o aquecimento, num jogo que contou com a presença do príncipe britânico William e sua esposa, além do comissário Adam Silver.

Entre os protestantes estavam LeBron James, Kyrie Irving, Deron Williams e Kevin Garnett. As camisetas foram distribuídas antes do jogo pelo armador Jarret Jack. “Esta á cidade em que a morte aconteceu, então fiz esse convite, caso eles quisessem participar da causa ou se manifestarem, sem ter de necessariamente fazer discursos”, disse o reserva do Nets.

Ao final da partida, LeBron se pronunciou, todavia: “É apenas para que nós possamos nos manifestar sobre o momento pelo qual passamos como sociedade. Obviamente, como sociedade precisamos melhorar. Ser melhores uns com os outros, e não importa qual a sua raça. Mas as camisetas foram acima de tudo um aceno aos familiares. São eles que devem receber mais energia e entrega”.

É o tipo de atitude que se tem de aplaudir. O envolvimento de atletas em questões político-sociais nunca vai ser demais, sendo eles figuras de extrema repercussão, alcance. Quando o tópico é a desgraçada questão racial, um dilema que definitivamente não se restringe aos Estados Unidos, a participação dos atletas da NBA se torna praticamente obrigatória, por motivos óbvios. A resposta da classe contra Donald Sterling, ex-proprietário do Clippers, já havia sido exemplar nesse sentido.

Em Washington, o presidente Barack Obama afirmou que os protestos crescentes são “necessários”, com palavras comedidas, mas importantíssimas em meio a uma polêmica dessas. “Desde que sejam pacíficos, acho que são necessários”, afirmou. “O poder não vai conceder nada sem uma boa luta, é verdade. Mas também é verdade que a consciência de um país precisa ser ativada por alguma inconveniência. O valor de protestos pacíficos e ativismo… É que isso relembra a sociedade que isso não acabou ainda.”

A NBA não se pronunciou oficialmente sobre a manifestação de suas estrelas, mas, ao jornalista Jeremy Schaap, da ESPN, uma fonte anônima afirmou que eles não serão multados. É que ao entrar com a camiseta de protesto em quadra eles feriram o código de vestimenta da liga, que obriga o uso de uniformes oficiais.

O comissário Adam Silver foi ao Barclays Center assistir a Nets x Cavs, assim como o príncipe britânico William e sua esposa. “Respeito Derrick Rose e todos nossos jogadores por dar voz aos seus pontos de vista pessoais em questões importantes, mas minha preferência era para que os jogadores seguissem nossas regras de vestimenta”, afirmou.

Em quadra, o Cleveland deu sequência a sua boa fase, vencendo um desfalcado Brooklyn por 110 a 88. Dion Waiters despertou e fez sua melhor partida na temporada com 26 pontos.


Brooklyn Nets: grandiosidade tem limite
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Três caras talentosos. Mas e a saúde? E a grana gasta?

Três caras talentosos. Mas e a saúde? E a grana gasta?

Quando comprou o então New Jersey Nets, o russão Mikhail Prokhorov afirmou que sua meta era a conquista de um caneco da NBA até o quinto ano. Simples assim. Cá estamos entrando nesta quinta temporada, e a sensação é a de que o time já esteve muito mais preparado para isso. E, não, isso não tem nada a ver com a saída de Jay-Z do grupo de proprietários.

O clube concluiu sua mudança para o Brooklyn com sucesso. Tem um ginásio maravilhoso, acompanhado por belos uniformes e logotipo. Em quadra, até conseguiu se recuperar de alguns anos de miséria, mas… Nunca esteve tão perto do título como a versão do time no início dos anos 2000, liderada por Jason Kidd a dois vice-campeonatos. Eles só não tinham ninguém para marcar Shaquille O’Neal e Tim Duncan. E quem tinha?

Jason Kidd agora é realmente passado para o New Jersey Nets

Kidd agora é realmente passado para o Nets

Por falar em Kidd, o ex-armador promovido a técnico imediatamente estrelou um dos causos mais interessantes das férias. Não está muito claro a gênese da tentativa de golpe, mas o cara tentou derrubar o gerente geral Billy King para assumir pleno controle das operações de basquete do clube, algo que poucos têm no momento: Popovich em San Antonio (em parceria com RC Buford, é verdade), Stan Van Gundy em Detroit e Doc Rivers com o Clippers. Muito cedo para pensar nesse tipo de coisa, né? Se bem que, em se tratando de destronar King, talvez toda iniciativa seja válida.

O cartola montou um time competente, mas sacrificou o futuro para isso. Tudo teria mudado caso tivesse fechado com Dwight Howard? Pode ser. Mas ele perdeu essa, e o que restou foi um time de veteranos que, somados, não apresentaram o suficiente nem mesmo para ganhar incomodar no Leste. A contratação de Deron Williams, pelo preço pago, se mostra uma bomba: de supetão assim, já não dá para colocá-lo nem mesmo na lista dos dez melhores armadores da liga. Joe Johnson viveu suas noites de herói na última campanha, mas é outro que não justifica o salário – e cuja negociação custou uma penca de escolhas de draft. O mesmo procedimento foi adotado na hora de fechar com Garnett e Pierce – sendo que metade da dupla de veteranos nem está mais por lá.

Brook Lopez voltou a sentir o pé já na pré-temporada – foi só uma torça, ufa! Mas ainda assim… A enfermaria já está personalizada. Kirilenko teve problemas nas costas. Então ficaram nesse ponto: se as lesões, ou a velhice permitirem, o Nets até vai chegar aos mata-matas com tranquilidade. Uma vez lá, está destinado a cair na primeira ou na segunda rodada.

A boa notícia? Em 2016, quando vencem os contratos de Johnson e Lopez, o time terá mais uma vez espaço na folha salarial para recrutar estrelas para Brooklyn. A má? É só ver no que deu a última vez que isso aconteceu.

Sem palavras

Sem palavras

O time: é uma incógnita. A equipe que deu mais certo no ano passado com Jason Kidd era única. Os quintetos empregados pelo treinador noviço tinham composições híbridas: você não poderia apontar exatamente que fulano era isso, ou sicrano aquilo, se aproveitando da versatilidade de caras como Shaun Livingston, Paul Pierce, Andrei Kirilenko e Andray Blatche, por exemplo. Com Hollins, a abordagem deve ser mais tradicional. Supostamente, ele teria pivôs ao seu dispor para emular o sistema de Memphis, embora nenhum deles seja tão grande ou inteligente como Marc Gasol. Só precisa ver quem ele terá para jogar de fato: quantos jogos Deron, Lopez e Garnett aguentam? Com quem ele pode contar, na certa: Mason Plumlee. O pivô campeão mundial foi criticado injustamente por sua escolha para o Team USA. Falaram que só estava lá por ter sido atleta do Coach K em Duke, que ele jogar na vaga de Andre Drummond era insano. Bobagem: para construir um time, nem sempre os melhores talentos são necessários, mas, sim, aqueles que combinam mais. E o Plumlee II se encaixa em qualquer sistema e time, devido a sua capacidade atlética (salta muito, se move com a agilidade de um ponta de vôlei e, ao mesmo tempo, é muito forte), além da leitura de jogo avançada pelos quatro anos de universidade.

A pedida: menos lesões, por favor. E playoffs. Título? Pfff. Só em caso de uma hecatombe em Cleveland e Chicago.

Bojan Bogdanovic: mecânica

Bojan Bogdanovic: mecânica

Olho nele: Bogdan Bogdanovic. O croata é visto pelo basquete europeu como um astro em potencial desde a adolescência. Muito antes de entrar no radar da NBA, o ala já havia assinado um contrato de cinco anos de duração com o Real Madrid, sabiam? O gigante europeu, no entanto, nunca o aproveitou para valer. Entre passagens curtas pelos times juvenis e empréstimos, Bogdanovic não desenvolveu laços na capital espanhola e rompeu o vínculo na reta final para voltar para casa. Mandou seu recado pelo Cibona Zagreb e aí fechou seu primeiro polpudo acordo com o Fenerbahçe, que defendeu por três temporadas.

Assisti a muitos jogos do ala nas últimas Euroligas, e o que posso passar é o seguinte: é, de fato, um grande cestinha. Grande arremessador e bandejeiro oportunista.  Quem o viu na Copa do Mundo já sabe: o cara tem um estilo classudo. Parece que seu jogo foi moldado pelos programadores de videogame mais atenciosos, com base no Manual do Jogador de Basquete.  Não é dos caras mais explosivos – ainda mais para os termos da NBA, na qual vai sofrer um pouco até saber o que pode e o que não pode fazer. A ideia é que ele vá compensar isso com seus diversos fundamentos, a boa estatura e tino para a coisa. O que falta: mais vontade de passar e servir aos companheiros. Na temporada passada, teve sua maior média de assistências no torneio europeu, e isso quis dizer 1,8 por partida. Para alguém que tinha a bola por tanto tempo em mãos e que evidentemente é inteligente com a bola, esse número chama a atenção, ainda mais quando levamos em conta que seu time estava tomado por atletas de seleção nacional. Não era uma questão de Bojan-contra-o-mundo.

Abre o jogo: “Claro. É o quarto treinador em três anos, então, tomara, que ele seja a voz certa para nós”, Deron Williams, sobre Lionel Hollins, já um tanto desiludido com mais uma franquia? Desde que chegou ao Nets, o armador foi dirigido por Avery Johnson, PJ Carlesimo e Jason Kidd.

Você não perguntou, mas… quando chegar 2016, talvez Prokhorov não seja nem mais o dono do Nets. Durante as férias já começou a especulação de que o bilionário russo teria cansado da brincadeira. Ou melhor: estaria disposto a lucrar horrores com uma eventual venda – se o Clippers vale US$ 2 bilhões, quanto custaria o time nova-iorquino? Multiplicar as verdinhas é o que esses caras mais sabem fazer, lembrando que ele pagou pela franquia US$ 223 milhões em 2010. Por ora, os aliados de Prokhorov afirmam que ele só estaria interessado em vender uma fração de suas ações – com o grupo Guggenheim já oficialmente envolvido em tratativas. Além disso, a oposição ao líder supremo russo Vladimir Putin espera que o magnata retome a linha de frente do partido Plataforma Civil, para tentar mais uma investida pelo poder no país.

Drazen Petrovic, Nets, card, New JerseyUm card do passado: Drazen Petrovic completaria nesta quarta-feira, 22 de outubro, 50 anos, não tivesse morrido num acidente de carro na Alemanha em 1993, numa das mortes mais trágicas da modalidade. Depois de brilhar muito jovem na Europa, a estrela croata chegou aos Estados Unidos em 1989, para jogar pelo Blazers. Era uma equipe muito forte, brigando pelo topo no Oeste, e que não lhe deu muito espaço. Para um craque já consagrado, a situação era inadmissível. Em 1991, então, conseguiu mudar de clube, trocado para o New Jersey Nets. Na vizinhança de Nova York, o ala mostrou do que era capaz. Em sua última campanha, ele anotou 22,3 pontos por jogo, chegando aos playoffs como protagonista. Acabaram perdendo do Cleveland Cavaliers por 3 a 2 na primeira rodada. Mas era um time se desenhava promissor, contando com jovens emergentes como Kenny Anderson e Derrick Coleman, embora Petrovic, de seu canto, não se estivesse se sentindo tão confortável assim. Seu relacionamento não era dos melhores com o restante do elenco, acreditando ser alvo de inveja/preconceito, pelo fato de ser o europeu brilhando fora de casa. O futuro do croata, de 28 anos, estava novamente no ar. Ele poderia até mesmo deixar a liga americana. Nunca saberemos: no dia 7 de junho de 1993, o craque morreu num acidente de carro, na Alemanha, depois de encontrar seus companheiros de seleção na Polônia. A batida aconteceu na Autobahn 9, quando seu carro bateu em um caminhão atravessado na pista. Petrovic estava dormindo no banco de passageiro, sem cinto de segurança. Sua namorada, modelo e jogadora, Klara Szalantzy, também morreu. PS: o Nets, nos anos 80, também tentou contar com outra estrela internacional: Oscar Schmidt. A gente sabe no que deu essa história.


Febre filipina: Robin Lopez se candidata para vaga de Blatche
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Giancarlo Giampietro

Lopez tenta bloquear Blatche e uma história bonita de redescoberta

Lopez tenta bloquear Blatche e uma história bonita de redescoberta

Na madrugada californiana, enfrentando o fuso horário ingrato que separa Madri de Fresno, o pivô Robin Lopez deixou a emoção das histórias e quadrinhos e animes de lado para se entregar a outro tipo de aventura: acompanhar a seleção filipina de basquete durante a Copa do Mundo disputada na Espanha. O time mais fora da linha mais desajustado da competição, no bom sentido, valia a perda do sono.

Agora, o cabeleira do Portland Trail Blazers, irmão gêmeo do Brook tem mais um problema para encarar o travesseiro: está sonhando acordado em participar do programa dos chamados Smart Gilas. Na maior cara-de-pau, já pensa em desbancar Andray Blatche como a estrela de NBA da equipe asiática, que foi eliminada na primeira fase do Mundial, mas não antes de deixar sua marca. Argentina e Croácia que o digam.

Durante uma visita promocional em solo filipino, Lopez abriu seu coração para a mídia local. “Se essa coisa toda de Andray Blatche não funcionar, estou aqui, livre para os Gilas”, afirmou o espigão, guarda-costas de LaMarcus Aldridge, depois de um training camp em conjunto com a NBA Filipinas. Sim, não estranhem: a devoção dos filipinos pelo basquete é tão grande que pede a instalação de um escritório da liga norte-americana também por lá. É uma nação de Manny Pacquiao e de bola ao cesto.

E pensar que Balkman já foi contratado para jogar na liga filipina e aprontou um barraco por lá. Blatche? Conduta exemplar

E pensar que Balkman já foi contratado para jogar na liga filipina e aprontou um barraco por lá. Blatche? Conduta exemplar

Antes de causar qualquer incidente diplomático, o bem-humorado e excelente defensor Lopez se aprontou em dizer que seus mais íntimos desejos não significam uma apunhalada nas costas de Blatche, que jogou com seu irmão em Brooklyn nos últimos dois anos. “Não desejo mal nenhum para Dray, porque obviamente ele deu seu coração para aquele time, além de se encaixar bem na equipe”, reparou.

Mas não tem jeito, galera: uma vez em contato com a febre filipina, isso toma conta de você. Mesmo que diga agir em boa fé em relação a Blatche, o pivô do Blazers simplesmente não conseguiu se controlar durante a entrevista. “Mas eu adoraria jogar (pelo país). Agora sei da paixão que essas pessoas têm pelo basquete. Adoro a cultura daqui”, disse.

E não é só isso: de maneira sorrateira, num ardil de supervilão,  Lopez também fez questão de indicar aos Gilas que seria ainda mais filipino que Blatche. Vamos lembrar: o pivô que encantou a todos na Copa do Mundo dizia, com a boca semicerrada, que seu pai teria uma autêntica ascendência. Ninguém acreditou. Agora, surge esse atleta do Blazers revelando  vínculos mais modestos, mas que podem realmente fazer a cabeça das pessoas. Ok, ok, ele não tem sangue de lá. Mas avisou que um de seus melhores amigos, Ryan Reypon, de quem foi companheiro de time no high school…  já até jogou na D-League filipina! Vixe. Imaginem a reação de Blatche quando seus espiões asiáticos lhe passarem essa nota. Uma bomba atômica em seus planos de adoração pública em Manila.

É ou não é de se ficar aturdido?

Antes de mais nada, e até para ajudar a digerir esse parágrafo todo, vale o reforço: sim, as Filipinas também têm sua D-League oficial, com 12 times inscritos. Posto isso, gostaria de saber o que o técnico Chot Reyes pensa a respeito disso. A resposta veio na lata: “chegou tarde”, ele afirmou. E de que forma aqueles tampinhas corajosos e chutadores malucos da seleção filipina que quase fez história na Espanha vão receber esses despachos no retorno triunfal para casa? Pois a verdade é que Blatche virou parte da família nacional filipina, superando qualquer desconfiança que seu turbulento passado nas quadras pudesse despertar, um passado que força vaias dos tristes e rancorosos torcedores de Washington a cada vez que ele enfrenta o Wizards.

 “O tipo de relacionamento que ele construiu com os caras da equipe, em um mês e meio, e o empenho deles nos jogos e treinos realmente disseram muito sobre o Andray. Ele estava comprometido desde o Dia 1”, afirmou o capitão da equipe, Jim Alapag, o maior terror de Julio Lamas, ao HoopsHype. “Nós todos sabíamos (de seus problemas), mas isso foi há um tempão, e não queríamos julgá-lo pelo que aconteceu, mas apenas por seu desempenho e sua atitude hoje, seu comprometimento. Fiquei muito feliz com o modo como se comportou, chegando o time assim tão de repente, realmente lutando por todos nós”, completou.

Blatche e Alapag, unidos para sempre

Blatche e Alapag, unidos para sempre

Coisa linda. Vocês percebem que foi uma história de amizade e descobertas, em que o pivô contratado naturalizado entendeu todos os erros que já cometeu, os deixou para trás e participou do sonho de um verão filipino. Se ele ganhou mais de US$ 1 milhão para defender a seleção na Copa, mais que Leandrinho pode ganhar em uma temporada inteira pelo Warriors, está bem claro, pelas palavras de Alapag, que isso não importa. A camaradagem vem em primeiro lugar.

Blatche foi proibido pela sucursal olímpica da Ásia de disputar os Jogos continentais deste ano, já que nunca morou nas Filipinas nem por 24 horas – ao passo que o comitê exige que um atleta naturalizado tenha passado um mínimo de três anos em seu país adotivo. A Fiba, entidade sem fins lucrativos, muito mais apegada ao aspecto humano do esporte, disse que era bobagem isso, que deixassem o pivô seguir sua jornada. Mas não teve jeito.

De modo que Blatche teve de embarcar solitário de volta a Miami, onde tem residência, com uma bagagem cheia de lembranças e de adrenalina a mil. Ainda está sem contrato na NBA, mesmo que tenha realizado em Brooklyn as duas melhores temporadas de sua carreira – saindo do banco para produzir de maneira extremamente eficiente. Ainda assim, o gerente geral do Nets não quer nem saber de ouvir falar dele. Existe a pequena possibilidade de ele jogar pelo Heat, mesmo, de quem recebeu uma sondagem, mas pode ser que fique mais um tempo inativo, desempregado, entregue aos caprichos da noite, digamos. Seus problemas de insônia têm outra natureza.

E agora vem essa: Robin Lopez, com seu salário de US$ 6 milhões garantido para a próxima temporada, como peça integral de um time competitivo como o Blazers, feito um Lex Luthor, disposto a usurpá-lo da condição de o mais filipinos de todos os pivôs em atividade. Entende-se o apelo, mas o posto já está ocupado. Boa noite, e durma bem.

Blatche e toda uma nação por trás

Blatche e toda uma nação por trás


Quem vai perder menos e chegar aos playoffs do Leste?
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Giancarlo Giampietro

Por motivos de atropelos da vida – que, não, nada têm a ver com a folia carnavalesca na base do 21, tenham dó –, esse espaço ficou sem atualização por mais que uma semana. O que só deixou claro o quanto a gente pode até fingir que entende de alguma coisa, mas, no fim, não sabe é nada.

A manchete: “Contusão de Nenê ameaça Wizards, mesmo no patético Leste“.

E o que acontece? O Wizards desandou a vencer (quatro vitórias em cinco partidas), ultrapassou a casa do 50% de aproveitamento pela primeira vez em muito tempo (abriu o fim de semana com 32-29) e se firmou na zona de classificação para os playoffs.

John Wall quer por o Wizards entre a elite (ou algo assim) do Leste

John Wall quer por o Wizards entre a elite (ou algo assim) do Leste

Claro que isso não tem a ver com a lesão de Nenê. O pivô era, ainda é uma peça muito importante para qualquer que seja a pretensão de sucesso do clube da capital norte-americana nos playoffs. O time de Randy Wittman – quem diria, hein? –, na verdade, contou mais com as exibições espetaculares de John Wall, uma consistência muito bem-vinda por parte de Trevor Ariza no milagroso último ano de contrato e as babas do Leste para engrenar esse bom momento.

Hoje, dá para dizer que eles estão garantidos nos mata-matas.

Quer dizer: ‘dá’ para dizer. Melhor usar as aspas para aliviar qualquer temor de (mais uma) opinião furada, né? Vamos apostar de modo seguro, que tem toda uma reputação em jogo. ; )

Além do narcisismo – um quesito abundante no jornalismo de opinião em geral –, a aspinha também vale pela simples prudência de que, na abominável Conferência Leste, qualquer coisa é possível. Ao inverso do que ocorre no Oeste, que alguns timaços estão se matando para se manter entre os oito primeiros colocados, do lado do Atlântico norte-americano a coisa é braba: a disputa é pra saber quem é o menos pior entre os concorrentes que obrigatoriamente vão ter de preencher tabela nos mata-matas.

Então vamos averiguar o que está acontecendo nessa disputa naaaaaada emocionante, de quem perde menos, para estender sua temporada para maio. A única ressalva que se pode fazer a esta turma do fundão é que, ao menos, eles têm boas intenções. Se pudessem, estariam vencendo todas, ao contrário do que prega o Philadelphia 76ers. Então… Pelo menos isso. De resto, é uma baixaria que só. Por respeito a Paul Pierce e Kevin Garnett – mas não a Deron Williams e Andray Blatche, que fique claro – e também pela marca de 50% do clube de Brooklyn, vamos considerar que o Nets, em sexto, é o que margeia os times já… Hã… ‘garantidos’.

CHARLOTTE BOBCATS
Posição: 7ª no Leste, 17ª no geral
A pindaíba: 4 vitórias abaixo da mediocridade (29-33)
Saldo de pontos: devendo -1,6
Escalada nos últimos 10 jogos: subindo a ladeira de 1.0 e ar-condicionado ligado (6-4)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 19-18
O quanto quer/precisa dos playoffs: 100%

Por dois anos, Michael Jordan estava interessado em ver sua franquia afundada em um lodo asqueroso. Eles queriam Anthony Davis, ou qualquer jovem craque que pudesse elevar o valor de suas ações. O Draft não os agraciou desta maneira. Michael Kidd-Gilchrist é um garoto admirável, já consegue atrapalhar a vida de muita gente no perímetro como um defensor atlético… Mas o rapaz simplesmente não consegue fazer uma cesta que não seja próxima do garrafão. Cody Zeller, por sua vez, é um fiasco momentâneo. Anthony Bennett e Otto Porter Jr. tiveram problemas físicos, perderam a pré-temporada e as ligas de verão, numa transição importante. O pivô do Bobcats não tem nenhuma desculpa e acabou desbancado por Josh McBob. De qualquer forma, mesmo precisando de mais jovens talentosos, MJ se cansou da humilhação, acertou (enfim!!!) na contratação de um técnico em Steve Clifford, surpreendeu no mercado ao assinar com Al Jefferson e tem agora algo minimamente respeitável em quadra. No Oeste, o Bobcats não passaria de um saco de pancadas. No Leste, porém, são suficientes seu nível de preparação tática de jogo para jogo, a evolução constante de Kemba Walker e o talento daquele que já foi chamado de Baby Al em dominar a zona pintada ofensivamente (médias de 31,3 pontos e 67,5% nos arremessos em março).

Esperança: que Al Jefferson siga arrebentando
O sonho: que MKG convertesse 40% de seus chutes de 3
Vai ou não vai? Vai. Acho.

ATLANTA HAWKS
Posição: 8ª no Leste, 19ª no geral
A pindaíba: 8 vitórias abaixo da mediocridade (26-34)
Saldo de pontos: devendo -1,0
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira na banguela, a mil (1-9)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 18-19
O quanto quer/precisa dos playoffs? 50%

Por que 75? Bom, se você perguntar para o técnico Mike Budenholzer, que faz um tremendo primeiro ano, certamente a resposta seria o triplo, 150%. Ele não deixou os domínios de Gregg Popovich para tirar férias mais cedo na Geórgia. Mas, no que depender de Danny Ferry, o gerente geral, arrisco a dizer que não há tanto problema em arrumar uma vaguinha na loteria. Depois de ficar fora dos playoffs entre 2000 e 2007, a equipe compareceu na fase decisiva dos últimos seis campeonatos. Isso é ótimo. Mas Ferry já indicou que não vai se contentar com o mero sucesso de ser eliminado nas semifinais. Sem Al Horford, a verdade é que o Hawks não tem a menor chance nesta temporada e já seria um forte candidato a cair na primeira rodada (repetindo as campanhas de 2012 e 2013). Com Paul Millsap baleado? Aí é dureza. Então que tal cair um pouquinho e tentar a sorte para contratar uma revelação mais promissora? A grana de quatro ou cinco jogos a mais na fase decisiva é atraente, mas, no longo prazo, este clube decente precisa de mais talento. Lucas Bebê pode se juntar a eles no ano que vem, Dennis Schröder também tem muito potencial, mas tem espaço no elenco para mais.

Horford, Bud e Millsap: boa base para o Hawks do futuro

Horford, Bud e Millsap: boa base para o Hawks do futuro

Esperança: da parte dos técnicos? Que pelo menos os times abaixo percam mais.
Sonho: nem que Al Horford se recuperasse rapidamente, ele poderia jogar. O Hawks já o eliminou da temporada.
Vai ou não vai? Putz, talvez. Não sei.

DETROIT PISTONS
Posição: 9ª no Leste, 22ª no geral
A pindaíba: 14 vitórias abaixo da mediocridade (24-38)
Saldo de pontos: devendo -2,8
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira a mil (2-8)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 20-18
O quanto quer/precisa dos playoffs? 100%

Joe Dumars está com a cabeça prêmio. O arquiteto do Detroit campeão em 2004 e potência na década passada investiu mal novamente este ano, já foi obrigado a demitir mais um técnico recém-contratado e dificilmente escapa da guilhotina. Talvez nem a classificação possa salvá-lo. Em termos de nome, de grife, o Pistons estava obrigado a se colocar entre os oito primeiros. Ao menos era o que o próprio dirigente esperava. Mas não teve nada disso. A linha de três pivôs não deu liga alguma, Brandon Jennings parece irremediável e o elenco de apoio tem jogadores que se duplicam (um mata o outro). Se algo positivo pode ser tirado dessa temporada é o progresso de Andre Drummond, uma força da natureza no garrafão. Para piorar: sua escolha de Draft só será mantida se ficar entre as oito primeiras. Hoje seria a décima, sendo direcionada, desta forma, ao Bobcats. Que fase!

Esperança: que Paul Millsap tenha mais problemas físicos.
Sonho: Josh Smith desenvolver alergia aos chutes de três.
Vai ou não vai? Nem.

CLEVELAND CAVALIERS
Posição: 10ª no Leste, 23ª no geral
O quanto na pindaíba? 15 vitórias abaixo da mediocridade (24-39)
Saldo de pontos: devendo -4,5
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira (4-6)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 14-24
O quanto quer/precisa dos playoffs: 200%

E quando Dan Gilbert prometeu, em carta irada e chorosa, aos seus torcedores que o Cavs seria campeão primeiro que o Miami de LeBron? De lá para cá foram quatro escolhas de Draft entre os primeiros quatro colocados, com direitos a dois picks número 1, e… Aqui está seu clube ainda chafurdado. O gerente geral Chris Grant foi demitido, o time demonstrou algum sinal de recuperação, com Kyrie Irving e Dion Waiters se esforçando para parecerem amiguinhos em público, mas seu retrospecto ainda é patético, a despeito de o time ter pagado caro para trazer alguns reforços. Luol Deng mal pode acreditar no que lhe ocorreu, enquanto Spencer Hawes não resolve a vida de ninguém que esteja tão mal assim. Do lado de fora, Mike Brown já não tem mais desculpas.

Deng estrelando: "Entrando numa fria"

Deng estrelando: “Entrando numa fria”

Esperança: Anderson Varejão inteiro, em forma, e paz na Terra.
Sonho: Aaaaaaaaah, LeBron
Vai ou não vai? Hmmmmmmm… Não.

NEW YORK KNICKS
Posição: 11ª no Leste, 24ª no geral
O quanto na pindaíba? 17 vitórias abaixo da mediocridade (23-40)
Saldo de pontos: devendo -2,4
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira (3-7)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 15-23
O quanto quer/precisa dos playoffs: 500%

Meu amigo leitor, o caos. Caos, meu amigo leitor. É difícil resumir essa temporada, gente. Uma equipe sem a menor coesão em quadra, desperdiçando o melhor ano da carreira de Carmelo Anthony, justamente quando o ala pode exercer uma cláusula contratual para se tornar agente livre. Mike Woodson completamente fritado. Tyson Chandler despejando mais óleo na frigideira a cada entrevista. JR Smith fazendo do desempregado Ron Artest um sujeito sensato. Raymond Felton preso. Amar’e Stoudemire, walking dead. Pablo Prigioni chorando pela Argentina. Tudo sob a ingerência do bilionário James Dolan, que interfere sempre que (não seja) necessário. Só mesmo Tim Hardaway Jr. e os flashes de potencial de Jeremy Tyler como algo minimamente salutar. De qualquer forma, eles têm duas vitórias seguidas. Agora vai. Ah, e, sim, a escolha de Draft dos Bockers vai para Denver.

Esperança: Millsap fora, Jennings atirando mais tijoslos, nova crise em Cleveland e 30 pontos por jogo eficientes de Carmelo.
Sonho: Phil Jackson, Jeff Van Gundy, Tom Thibodeau? Nada. A saída de Dolan e seus puxa-sacos.
Vai ou não vai? Hahaha, seria a história mais injusta da temporada.


Notas sobre a NBA: Boozer, Gasol no mercado e mais
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Giancarlo Giampietro

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Durant vai subindo na lista de cestinhas. Gervin sabe disso

Por vezes, a sucessão de fatos pode ser tão atribulada que o trem passa e você não consegue nem se agarrar na última porta do vagão derradeiro. Então vamos apelar aqui, mais uma vez, para o formato de pequenas notas, para tentar dar conta de alguns episódios interessantes da NBA que aconteceram nos últimos dias, período no qual a prioridade foi a definição do pagamento de mais de R$ 2,6 milhões por uma vaga na Copa do Mundo de basquete. Com um aviso, desde já: sobre Andrew Bynum no Indiana Pacers, o assunto é muito importante para a temporada para ser resumido em dois ou três parágrafos. Estou preparando outro texto a respeito, que espero publicar entre quinta e sexta-feira:

Carlos Boozer quer jogar MAIS pelo Chicago
Quando li o pivô do Bulls reclamando de sua ação cada vez mais reduzida nos quarto períodos, não deu para não rir. Que fique claro: não era bem um deboche de alguém chamado Carlos, nascido em Aschaffenburg, numa base militar americana na Alemanha, e que cresceu no Alaska – aliás, essa combinação sempre foi fascinante para mim. Boozer obviamente já não faz por mercer os US$ 15 milhões que fatura por temporada, se é que um dia valeu toda essa bolada. Frustrada por não conseguir contratar nem LeBron, nem Wade e nem Bosh, acabaram pagando uma fortuna por um jogador cheio de limitações. A desatenção, falta de empenho e lentidão do cara na defesa sempre custaram muito caro aos seus times, ainda mais em fase de playoffs. Além do mais, sua voracidade perto da tabela também foi minguando com o decorrer dos anos. Mas, bem, o riso não tinha a ver diretamente com isso, e, sim, com o fato de que uma das maiores críticas que Tom Thibodeau enfrenta na liga é a maneira como explora ao máximo seus principais jogadores, fazendo-os encarar maratonas brutais durante a temporada. E está aqui um caso de cara que, na verdade, está reclamando por jogar de menos.

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Carlos Boozer, orgulho do Alaska

Boozer falou um monte durante a semana, manifestando seu descontentamento pelo fato de ter ficado duas partidas seguidas sentadinho no banco durante a parcial final. “Acho que eu deveria estar na quadra, mas é a escolha dele”, disse. “Eu jogo. Não dirijo. Então ele decide isso. Mas, honestamente, ele tem feito isso desde que cheguei aqui, de não me colocar no quarto período. Tem vezes que vencemos, mais do que perdemos.  Mas é sua escolha.”

Hã… De fato. O Bulls mais vence com Thibs do que perde. Mesmo sem Derrick Rose. Mesmo sem Luol Deng. Mesmo sem… Bozzer no quarto final. Como ele próprio admite. Então… Qual exatamente o problema?

Taj Gibson não só é 49 vezes um melhor defensor que o titular do time (tá vendo como realmente não interessa nada essa coisa de quem começa, ou não, jogando, como Ginóbili já se cansou de nos ensinar?), como também vem evoluindo gradativamente no ataque, de modo que, na hora em que a coisa aperta, a decisão mais simples para o treinador é emparelhá-lo com o JoJo em quadra e fazer de sua retaguarda um pesadelo para a concorrência.

(Para constar, nesta terça, Boozer teve uma noite produtiva contra o Phoenix Suns e teve o prazer de jogar no quarto período por mais de três minutos! Ele substituiu Gibson com 3min46s no cronômetro e cedeu seu lugar para o reserva aos 34s. Booooa, garoto.)

Plantão médico do Los Angeles Lakers informa.
Olha, já é sabido todo o ódio que Mike D’Antoni pode despertar nas pessoas. Em muitas pessoas. Hoje, na esmagadora maioria das pessoas, especialmente aquela que tenham alguma queda por Kobe e o Lakers. Mas como é possível dirigir um time desses com algum sucesso? Um time que em NENHUMA partida da temporada teve todo o seu elenco disponível para bater uma bola?

Justo na hora em que se preparava para acolher dois Steves de uma vez e um Jordan em sua escalação, o técnico perdeu Pau Gasol novamente. O pivô vinha em sua melhor fase em muito tempo, mas vai ficar afastado por sete partidas devido a uma contusão na virilha.

E quem realmente achava que a coisa ia parar por aí?

Que os enfermeiros se preparem, já temos mais enfermos. Blake mal voltou contra o Minnesota Timberwolves e já sofreu uma… Ruptura no tímpano! O veterano armador ainda seguiu jogando, saindo zerado de quadra depois de 31 minutos e apenas dois arremessos tentados. Inacreditável. Além disso, o ala Jodie Meeks, talvez a figura mais estável do time em meio a mais um ano totalmente dominado pelo caos, sofreu uma séria lesão de tornozelo e saiu de quadra num pé só.

Nash, que vai completar 40 anos na sexta-feira e fez apenas seu sétimo jogo no campeonato, somou sete pontos e nove assistências em 25 minutos, dez a mais do que estava combinado para que ele jogasse.

Ainda bem que só faltam uns 150 dias para o próximo Draft.

Gasol no Phoenix Suns? Será?
O ESPN.com deu a história, e depois os jornais locais foram adiante. Está confirmada a negociação entre as duas equipes. O Lakers tentando se livrar de Gasol, para não pagar as pesadas multas do teto salarial, e, ao mesmo tempo, buscando mais alguma(s?) escolha(s?) de Draft para este ano ou próximo. O Suns, que supostamente apenas conduziria a temporada na maciota, de olho em mais algumas revelações no recrutamento de novato, se viu obrigado a mudar sua abordagem, diante de um sucesso inesperado. Qualquer estrela que fique disponível nas próximas semanas, até o dia 20 – o prazo final para trocas este ano –, tende a despertar o interesse da franquia.

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

Gasol, um belo reforço para o Suns. Ou não?

No momento, eles estão na seguinte parte do processo de barganha: o Lakers quer, além de Emeka Okafor (o famoso “expiring contract”), uma ou mais escolhas de Draft de primeira rodada. Do outro lado, já ciente do valor que Okafor teria para as finanças de seus antigos rivais, o Suns bate o pé e diz que não está muito disposto a dar nada de tanto valor assim pelo espanhol. Será que fechariam o negócio se pudessem ceder apenas o pick do Pacers deste ano (muito provavelmente o último da primeira rodada)? Será que envolveriam apenas os de segunda rodada? Isso não está claro.

A diretoria do Arizona também quer aguardar o retorno de Gasol, ainda que os caras em LA digam que sua contusão não é muito séria. Lembrando que o pivô também está no seu último ano de contrato. O Phoenix o “alugaria” até o final do campeonato, na esperança de brigar para valer nos playoffs do Oeste. Kobe diz amar Gasol, mas a relação do atleta com a diretoria e a comissão técnica já está, vá lá, bem esgarçada.

De todo modo, também vale a pergunta: se o espanhol reclamou tanto do sistema de Mike D’Antoni nos últimos meses, como reagiria ao ritmo de jogo do Suns, que segue a mesma linha? Seria simples birra contra o seu atual treinador? Regitre-se que na tabela dos times que mais correm na temporada, o Lakers está em terceiro e o Suns, em sexto. As habilidades de Gasol, sua idade e problemas físicos… Nada disso indicaria que ele seria uma boa combinação para o estilo de jogo que Jeff Hornacek tem promovido. Por outro lado, a mera possibilidade de adquirir alguém tão talentoso (experiente e vitorioso) é tentadora demais, claro.

Vamos esperar pelo desfecho dessa queda-de-braço.

– Kevin Durant, mais que homem de gelo.
Sabe o George Gervin?

Foi um ala que jogou por San Antonio tanto na extinta ABA como na NBA, entre os anos 70 e 80. Segundo consta, foi um dos maiores cestinhas de sua geração. Entre 1977 e 82, foi cestinha em quatro campeonatos. Juntando as duas ligas, ele aparece na 14ª colocação geral entre os matadores. O talento para fazer cestas lhe rendeu o apelido de Iceman. Tinha a ver com o sangue frio para definir as jogadas. Mas o que repercutia em seu jogo não era apenas o faro para pontuar, mas também o modo como ele fazia, com movimentos atléticos e elegantes próximo da cesta. Nos clipes históricos de promoção, ele é quase companhia obrigatória ao legendário Dr. J. Para quem quiser se esbaldar, seguem 30 minutos de lances de um confronto entre os dois, com direito a Bill Russell na transmissão:

Pois o San Antonio Express teve uma saudável ideia de pauta, mesmo que fosse para falar bem daquele oponente que promete aterrorizar Tim Duncan & Cia nos playoffs: gravar uma entrevista com Gervin para falar sobre o maior cestinha dos dias de hoje, Kevin Durant, alguém que ainda precisa anotar 12.813 pontos na NBA para igualá-lo na tabela histórica. Parece e é muito. Mas, no embalo que o jogador de OKC está, seriam necessárias apenas mais cinco temporadas para que isso acontecesse. KD vai fazer apenas 26 anos em setembro. Afe.

Mas, bem, o Express chamou Gervin e ouviu o que (não?) queria: aos 61 anos, Gervin é um senhor admirador de Durant, e já acha bobagem que qualquer um queira compará-lo ao garoto. Nessa ordem, mesmo. Em sua concepção, o cestinha da temporada já o deixou para trás. “Ele é um fenômeno. Um cara de seu tamanho, que pode colocar a bola no chão, arremessar tão bem como ele faz. Isso o torna imarcável. As pessoas o comparam a mim, ouço muito isso. Mas a única razão para isso é porque ele é magro, sabe driblar e pontuar. Ele faz de um jeito diferente do meu. Arremessa mais de longe. É umas três ou quatro polegadas mais alto. Imarcável. O único cara que pode pará-lo é ele mesmo. Eu não era ruim. Mas foi há muito tempo, você sabe. Minha carreira me deixa realmente confortável. Mas ele é especial. Fico feliz de ainda estar por aí e ainda poder ser comparado a ele.”

Ainda sobre Durant, no decorrer de sua grande sequência de jogos com 30 pontos ou mais – que terminou, de verdade, apenas contra o Washington Wizards, uma vez que contra Nets ele nem participou do quarto período, com o jogo já resolvido –, existe na imprensa americana uma busca incessante para encontrar um apelido para Durant. Durantula já foi ventilado, mas é horrível. Agora vieram com “Slim Reaper”, algo como o Ceifeiro Magro. O craque não gostou. Não quer ser identificado com algo que lembre a morte. Prefere simplesmente KD.

Que continuem tentando. Só não vale Iceman.

– Kirilenko e o sucesso. Tudo a ver.
Quem, por milagre e muita paciência, acompanha o blog desde sua última encarnação, sabe da admiração profunda que se tem pelo russo Andrei Kirilenko nos arredores da Vila Bugrão, aonde está fincada a base do conglomerado 21. Aqui está uma prova. Mas, não, não se confirmam os rumores de que a fachada deste imponente edifício esteja tomada por um painel com todos os diferentes e alegres cortes de cabelo do astro.

Antes de a temporada começar, na hora de projetar os atuais times, para mim, a presença de AK-47 no elenco do Brooklyn era tão decisiva como a de um Paul Pierce ou um Kevin Garnett para um ousado Brooklyn que assumia o espírito de tudo ou nada – ainda que tenham pago uma suspeita pechincha para contratar o compatriota do bilionário Mikhail Prokhorov.

O modo como Kirilenko pode influenciar um jogo está expresso em suas estatísticas históricas. Você não encontra com facilidade por aí alguém capaz de sustentar médias de 12,2 pontos, 5,6 rebotes, 2,8 assistências e, mais importante, 1,8 toco e 1,4 roubo de bola. A versatilidade do ala é impressionante. Esse é um caso em que os números traduzem perfeitamente o que ele faz em quadra, com movimentação muito inteligente, capacidade atlética e envergadura que fazem a diferença.

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

O segredo russo para tudo no Brooklyn Nets?

Posto isso, na atual campanha, sua primeira pelo Nets, limitado por muitos problemas físicos, ele vem jogando apenas 18,1 minutos. Ele ainda não converteu sequer um chute de três. O lance livre despencou para 66%. Numa projeção por 36 minutos, seu rendimento é inferior ao que apresentou pelo Timberwolves na temporada passada.

Agora… Quer saber um dado instigante? Com Kirilenko fardado, o time de Jason Kidd tem 12 vitórias e 5 derrotas. Sem ele? 9-20. Em termos de aproveitamento, a variação é de 70,5% para 45%. Ou podemos colocar desta forma: é a diferença entre ser terceiro ou oitavo neste patético Leste. E não é que tenham batido só times fracos durante os 17 jogos com o russo (conte aí duas vitórias contra Miami e Atlanta e triunfos também sobre Oklahoma City, Golden State e Dallas).

É uma estatística e tanto, não?

Mas claro que, para avaliar qualquer dado, é preciso um pouco de calma. Kirilenko ficou um longo tempo fora de quadra, tentando entrar em forma, ainda não está 100% e voltou exatamente no momento em que Kidd conseguia encontrar uma identidade para seu time, mesmo com a – ou por causa da – lesão de Brook Lopez, fazendo a eficiência de sua defesa decolar. Nesse sentido, AK-47, ainda que a 60% de sua capacidade já ajuda bastante na defesa, podendo cobrir diversos tipos de oponentes, dando liga nas coisas.

E acreditem: essa é uma opinião imparcial.


Gerald Wallace, os resmungos e a fuga da realidade
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Giancarlo Giampietro

Toda a depressão e os resmungos de Gerald Wallace

Toda a angústia, depressão, os resmungos e os milhões de dólares de Gerald Wallace

Pode sorrir, Pau Gasol. Que o troféu de Maior Chorão da Temporada 2013-2014 da NBA não é seu.

A honraria vai para Boston dessa vez. Obviamente ainda há muito jogo pela frente até chegarmos a abril, mas dificilmente alguém vai conseguir bater o Gerald Wallace nessa disputa.

O jogador que um dia já foi conhecido como “Crash”, por sua capacidade atlética incrível, muita energia e a ferocidade em quadra, brigando por rebotes, distribuindo tocos, aterrorizando os adversários, hoje é um pesadelo apenas para o departamento de relações públicas da franquia mais vitoriosa da liga norte-americana.

Wallace basicamente virou o melhor amigo dos setoristas da Beantown. Os jornalistas que seguem o Celtics sabem: se está faltando assunto, basta abordá-lo no vestiário, na zona mista, em qualquer lugar. Eles só precisam estar certos de que há espaço suficiente na memória do celular para gravar a conversa, ou que a Bic azul clássica está com carga suficiente para gastar o bloquinho. É aquela coisa: “Senta, que lá vem história”.

Quando escrevemos aqui sobre o quão egocêntrica ou ególatra a rapaziada da NBA pode chegar não é por pouca coisa. Nos vestiários, no dia a dia de viagens e muitos jogos, esse é um dos principais problemas que gerentes gerais e treinadores precisam controlar. Quando o Celtics perde tanto como foi em sua recente viagem pela Costa Oeste, fica ainda mais difícil.

A liga, em geral, reúne a elite da modalidade. Para o sujeito chegar lá, precisará ter superado muitos obstáculos desde pequeno, não importando o talento natural. Muitos desses caras foram tratados como reis dos 15 aos 19 anos, vindos das mais diversas regiões dos Estados Unidos, cada um senhor de seu universo (“Sr. Basquete de Iowa” etc.). A bajulação só aumenta a partir do momento em que viram profissionais. Se você não se cuidar, a cabeça vai longe, bem longe, a ponto de se perder completamente a conexão com o que se passa ao seu redor.

Wallace já não aguenta mais, gente

Wallace já não aguenta mais, gente

No momento, é nesse estado que está Wallace, que não para de resmungar, de modo descontrolado, sobre tudo, absolutamente tudo o que acontece com o Celtics nesta temporada.

Anotando:

– “É mais , se sentir desrespeitado. O que aconteceu? Ninguém se prontificou a dizer, avisar que você seria trocado. Foi do nada: bam! Você vai para um time que está se dilacerando, pensando em reconstruir. É um lugar difícil para se estar depois de 13 ou 14 anos na liga. Fiquei chateado com o modo como o Brooklyn fez. Sei que faz parte, mas é duro.”

– “Tenho de começar de novo, resgatar toda a minha reputação novamente.”

– “Você fica sentado no banco, jogando apenas 17 ou 18 minutos por partida, assistindo, sabe que ainda pode jogar, e vê caras entrando na sua frente que não se esforçam em quadra, não respeitam o jogo e não pensam primeiro na equipe. Isso meio que te frustra, te deixa puto. Mas tem de lidar com isso.”

– “Não estou acostumado a ficar no banco no início dos jogos e nos momentos decisivos.”

– “Esta temporada é um tapa na cara.”

– “Somos o time que é só conversa. Falamos sobre como temos de melhorar. É fácil falar e fazer no treino. Mas os treinos não têm nada a ver com nada em te fazer melhorar. Na hora em que acendem a luz, quando o jogo realmente conta, na hora de fazer o time melhor, não fazemos.”

– “O Denver estava fazendo tudo certo. Do jeito que eles jogaram, do modo como nós jogamos como time, as coisas que fazemos, não merecemos ganhar as faltas que eles ganharam.”

– “Chega de fazer reunião. Chega de papo. Chega disso tudo. Chega de discutir, fazer barulho, reclamar, gemer, de tudo isso.”

– “Acho que um time estava pronto para jogar, e o outro estava preparado para aproveitar o Natal.”

Tudo documentado.

Mas, antes de avançarmos com seu chororô, vale uma digressão.

Uma digressão daquelas, já aviso.

Quem aí está interessado em conhecer um pouco da biografia do ala?

Wallace não se enquadra necessariamente nesse perfil de, vá lá, estrelinha. Não foi daqueles que a vida toda só ouviu elogios e caminhou sobre pétalas e tapete vermelho. Nascido na minúscula e inconfundível Sylacauga, nos confins do Alabama – é supostamente o segredo mais bem cuidado do estado, vejam só! –, ele cresceu jogando numa região que valoriza muito mais o golfe ou o automobilismo (estamos falando do condado de Talladega, cenário perfeito para Will Ferrell tirar um sarro da Nascar americana). No geral, o Alabama também é muito mais conhecido por sua produção de grandes jogadores e times de futebol americano.

Aqui, Ricky Bobby - A Toda Velocidade. Lá, Talladega Nights: The Ballad of Ricky Bobby

Aqui, Ricky Bobby – A Toda Velocidade. Lá, Talladega Nights: The Ballad of Ricky Bobby

Não que o estado, apenas o 23º mais populoso do país, com 4,8 milhões de habitantes segundo a estimativa mais recente do ano pasado, não tenha revelado basqueteiros proeminentes. Quem não se lembra dos dias em que Charles Barkley brincava que se candidataria até, mesmo, a governador por lá? Bem, ao Chuckster fazem companhia Robert “Sete anéis” “Big Shot Bob” Horry, o monolítico Artis Gilmore, os irmãos Chuck e Wesley Person, Jeff “Não sou, nem nunca fui irmão do Karl” Malone e Ben Wallace, aquele fenômeno defensivo da década passada. Nada mal.

Por sua carreira duradoura e produtiva na NBA, Wallace ganhou o direito de se incluir na lista acima, entre os principais expoentes regionais. Mas não se enganem: é em futebol americano e corridas que seus conterrâneos estão antenados. De modo que a badalação em torno do ala nunca foi daquelas, mesmo que ele, em seu último ano de High School, tenha ganhado o prêmio de Jogador do Ano Naismith, entrando numa relação que conta com gente como Kobe Bryant, LeBron James, Dwight Howard, Chris Webber, Jason Kidd (mas também Damon Bailey, Dajuan Wagner, Shabazz Muhammad, Donnell Harvey, entre outros que não vingaram, por diversos motivos; isto é, depende da fornada).

Artis Gilmore, produto do Alabama

Artis Gilmore, produto do Alabama

Fiel, talvez demais, a sua terra natal, decidiu jogar na universidade de Alabama, mesmo numa época em que os colegiais poderiam pular diretamente para a liga principal. Os Crimson Tide também foram muito mais celebrados por seus feitos no futebol americano, sendo um dos dez times mais vitoriosos da história na NCAA nessa modalidade, do que pelo basquete, no qual eles não se cansam de apanhar de Kentucky na SEC (Conferência Sudeste). Da NBA de hoje, apenas outros dois jogadores passaram por lá: Mo Williams, que se reinventa como sexto homem no Blazers, e o esforçado, mas limitado Alonzo Gee, ala do Cavs.

Com média de apenas 9,8 pontos, 6 rebotes e pouco mais de um toco e um roubo de bola por partida, mostrou basicamente o potencial que tinha pela frente, mas sem deixar scouts e gerentes gerais malucos. Ainda assim, aos 19 anos, se inscreveu no Draft de 2001, aquele que ficou marcado pelo amontoado de pivôs adolescentes recém-saídos do high school,  mas também contou com o influxo de muitos estrangeiros: Pau Gasol em terceiro, Vladimir “Mais Um Futuro Nowitzki” Radmanovic em 12º, Raúl López em 24º e o desconhecidoTony Parker em 28º. No meio de tantas novidades, o ala foi escolhido na 25ª colocação, pelo Sacramento Kings. (Para constar, Gilbert Arenas foi a 30ª escolha, o que na época queria dizer segunda rodada).

Na capital californiana – sim, Sacramento –, Wallace entrou em um elenco fortíssimo. O Kings vivia seu auge, brigando pelo topo da Conferência Oeste com o Lakers de Shaq, Kobe & Phil. Era um timaço, de jogo vistoso, dirigido por Rick Adelman, com Webber como o craque, mas muita gente talentosa, inclusive, nas alas. Turkoglu era reserva de Peja. Christie também estava em alta. Diante desses caras, não havia espaço para um novato ainda muito cru tecnicamente. Foi escalado, então, em apenas 54 jogos, com média inferior a dez minutos. Foi o décimo atleta mais usado pelo hoje treinador do Wolves.

O problema é que passou mais um ano, e outro, e… O cara seguia mais tempo sentado no banco do que atacando o aro. Em 2004, então, para o bem ou para o mal, ele mudaria de vida. Ele foi selecionado para o primeiro time do Charlotte Bobcats, no chamado Draft de expansão, no qual as outras franquias têm o direito a proteger até oito jogadores de seu elenco. O restante? Fica ao alcance de quem está chegando. E Wallace caiu nesse balaio. Daquela lista original, apenas um atleta está na liga ainda hoje: Zaza Pachulia, o pivô cabeçudo e lesionado do Milwaukee Bucks.

Para alguém que havia jogado tão pouco, porém, o que poderia haver de mal numa situação dessas? Ok, o Kings jogava pelo título. Em Charlotte, era sabido que o projeto demoraria a chegar a um nível de respeitabilidade (estamos esperando até agora, aliás). Não haveria restrição alguma para Wallace, só 22, arregaçar as mangas e ir ao trabalho. De espectador passou a terceiro que mais jogou pelo Bobcats. Teve a chance de se apresentar como um jogador dinâmico, daqueles que estufa a linha estatística, com detalhe especial para seus números de rebotes, roubadas e tocos. Em 2005-06, por exemplo, antes de se lesionar, tinha média de dois por jogo em cada um desses quesitos, algo que só dois jogadores na história conseguiram reproduzir num campeonato: David Robinson e Hakeem Olajuwon.

Com carta branca e liberdade, evoluindo temporada após temporada, a despeito de uma constante troca de companheiros, fez seu nome, com agilidade, impulsão, explosão e a fome pela bola, sofrendo uma ou outra concussão no caminho. Até que, em 2009-10, agora com Larry Brown no comando e Michael Jordan já proprietário do clube, ajudou o Bobcats chegar aos playoffs pela primeira vez na história e, no meio do caminho, se viu premiado com uma seleção para o All-Star Game, votado pelos técnicos. Sim, o “Crash” era enfim uma estrela.

De lá para cá, acho que você já deve estar mais familiarizado com o que se passou em sua carreira. Então vamos rapidamente: o Bobcats regrediu, os veteranos foram trocados – e Wallace já era um deles, indo para o Portland. O time tinha uma base promissora, mas acabou se implodindo, levando a cabeça do técnico Nate McMillan junto. Foi, então, repassado ao Brooklyn Nets, atendendo pedido de Deron Williams (e, dizem, Dwight Howard). Teve seu contrato renovado por US$ 40 milhões e quatro temporadas.  Só durou mais uma lá, envolvido na negociação com o Celtics por Pierce e Garnett.

Ufa.

E aqui voltamos.

Ao ponto em que Wallace se desconectou da realidade.

Com uma trajetória dessas, dá para entender. O sujeito deu um duro danado para se virar “al-guém” na liga. “Você está de volta para o ponto que em que já esteve em Charlotte”, diz o ala. “Os árbitros não te respeitam mais, assim com os outros times.”

Não imaginava que passaria alguns de seus brilhantes últimos anos num time que é um saco de pancadas e não vai brigar por grandes coisas tão cedo, como o próprio Danny Ainge afirma.

Mas… Hã… Espere um pouco: de onde saiu “brilhantes últimos anos”?

Para um jogador que tem médias de 4,2 pontos, 3,3 rebotes, 2,5 assistências em 22,1 minutos, acertando 36,1% de seus lances livres (!?) e , acho que o termo não se encaixa, né? É o que ele vem oferecendo ao Celtics neste campeonato. E o que dizer dos 7,7 pontos, 6,8 rebotes, 3,1 assistências e 39,7% nos arremessos do ano passado em Brooklyn? Também não anima nada, ainda mais com um salário de US$ 10 milhões por ano – sozinho, recebe mais que Avery Bradley, Jared Sullinger, Kelly Olynyk e Vitor Faverani juntos, e ainda sobra troco.

Gerald Wallace, Crash, G-Force, já não é mais o mesmo

Gerald Wallace, Crash, G-Force, já não é mais o mesmo

Tem mais: não é nem um caso de jogador que esteja passando pouco tempo em quadra, obrigado a ficar fora para a turma dos mais jovens brincar. Numa projeção por 36 minutos, seus números seguem abaixo da mediocridade. Em termos de eficiência, também, lá foi ladeira abaixo, com o pior índice de sua carreira, pior até mesmo que os anos de soneca em Sacramento.

Privado de sua capacidade atlética, 12 anos depois de ter entrado para o mundo maravilhoso e perigosamente fantasioso da NBA, Wallace não conseguiu se reinventar como jogador. Tenta ser o mesmo de antes, mas não consegue. Há diversos garotos chegando, como ele, ávidos por sua oportunidade. Fica esse descompasso.

Com base em sua experiência, o jogador teria certa autoridade para se pronunciar em entrevistas e no vestiário e tentar mexer com os brios de muitos de seus jovens colegas. Mas o fato é que, de acordo com o que ele produz em quadra, fica um pouco difícil de a mensagem ser compreendida de forma devida.

Os jornalistas adoram, ao menos.


15 times, 15 comentários sobre o Leste da NBA
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Giancarlo Giampietro

JR Smith x Joe Johnson

Já que estamos em dívida, com o campeonato já correndo a mil, tentamos aqui dar uma looooonga caminhada nesta terça e quarta-feira para abordar o que está acontecendo com os 30 times da NBA até o momento, dividindo-os em castas. Começamos hoje com a Conferência Leste, a famigerada E-League.

Antes de passar por cada franquia, em castas, é mandatória a menção sobre o quão patética vem sendo a porção oriental da liga norte-americana, com apenas três times acima da marca de 50% de aproveitamento, enquanto, do lado ocidental,  apenas quatro estão no lado negativo. Isso muda tudo na hora de avaliar o quão bem um time está jogando ou não num panorama geral. Ter de enfrentar Sixers, Magic, Bucks e… (!?) Nets e Knicks mais vezes do que Warriors, Wolves, Grizzlies e… (!?) Suns ajuda muito para inflar os números de sua campanha. É como se fosse um imenso ***ASTERISCO***.

Agora vamos lá:

Os únicos dois times bons – e que ao mesmo tempo são os principais favoritos ao título
Já sabe de quem estamos falando, né? É a categoria mais fácil de se identificar além de “os dois times que são um pesadelo para Spike Lee, Woody Allen, Al Pacino, Roberty De Niro, os Beastie Boys e qualquer outro nova-iorquino”.  Na saideira de David Stern, o certo era que ele instaurasse uma série melhor-de-81 na conferência, e que o restante se dedicasse a analisar todas as minúcias da fornada do próximo Draft.

Indiana Pacers: que o sistema já funcionava, não havia dúvida. Eles deixaram muito claro nos mata-matas do ano passado. É um time com identidade clara, que defende muito, contesta tudo o que pode perto do aro e na linha de três pontos, sufoca dribladores no perímetro e permite apenas chutes forçados de média distância. Com esse alicerce erguido, o que os eleva ao topo na temporada regular no momento, a outro patamar, é impressionante evolução individual de Paul George, Lance Stephenson e Roy Hibbert. Confiantes, entrosados e candidatos a prêmios desde já. Some isso à melhora do banco, e temos a defesa  mais dura da liga, de longe, agora com a companhia de um ataque que beira o aceitável, sendo o 14º mais eficiente.

Miami Heat: Dwyane Wade joga quando quer ou quando pode, LeBron James regrediu um tiquinho, se comparado ao absurdo que produziu nas últimas duas temporadas (embora esteja finalizando com ainda mais precisão), Udonis Haslem perdeu jogos, Shane Battier despencou, Greg Oden ainda não estreou e… Tudo bem, tudo na santa paz na Flórida. Eles não jogam pensando em agora e ainda é o bastante para, no Leste, sobrar e construir o melhor ataque e a sétima melhor defesa, uma combinação perigosa. Ah, e palmas para Michael Beasley! Por enquanto, em quase dois meses, ele conseguiu evitar a cadeia e, estatisticamente, escoltado por craques, vem produzindo como nunca antes na história dessa liga.

Eles querem, tentam ser decentes (ou talvez não)
Neste grupo temos times que estão entre os menos piores do Leste.

Atlanta Hawks: o mundo dá voltas, LeBron James passa de supervilão a unanimidade, Juwan Howard e David Stern enfim se aposentam, Bush vai, Obama vem, mas o Hawks não consegue se livrar da mediocridade.  Jajá teremos uma década com o time posicionado entre as terceira e sexta posições da conferência. E não podem dizer que Danny Ferry não está tentando. Joe Johnson e Josh Smith se mandaram. As chaves do carro foram entregues para Al Horford. Jeff Teague está solto. Kyle Korver, pegando fogo. DeMarre Carroll, surpreendendo. Mas, no geral, falta banco e consistência, enquanto os jogadores assimilam os conceitos Popovichianos de Mike Buddenholzer.

Detroit Pistons: ainda está cedo para detonar por completo os experimento com os três grandalhões juntos, mas todos os indícios apontam que talvez não tenha sido, mesmo, a melhor ideia. Greg Monroe parece deslocado e Josh Smith comete atrocidades no perímetro – assim como o bom e velho Brandon Jennings. Ao menos, a cada erro da dupla, Andre Drummond está por ali, preparado para pegar o rebote e castigar o aro. Rodney Stuckey, ressuscitado como um candidato a sexto homem do ano, também ajudou a aparar as arestas. Maurice Cheeks ainda precisa definir de uma vez sua rotação e encontre melhor padrão de jogo para adequar as diversas partes talentosas que, no momento, não conseguem se posicionar nem mesmo entre os 20 melhores ataques ou defesas. E, mesmo assim, o time ocupa o quinto lugar no Leste. Incrível.

O aproveitamento de quadra de Josh Smith nesta temporada: as marcas em vermelho, só para constar, estão abaixo da média da liga. E este vermelho lembra um pouco a cor de um tijolo velho

O aproveitamento de quadra de Josh Smith nesta temporada: as marcas em vermelho, só para constar, estão abaixo da média da liga. E este vermelho lembra um pouco a cor de um tijolo velho

Charlotte Bobcats: a franquia apanhou por anos e anos. Foi coisa de ser massacrada mesmo. Daí que, num ano antes do Draft mais generoso dos Estados Unidos em muito tempo,  Michael Jordan resolveu que era hora de gastar uma graninha, acertar em uma contratação (aleluia!) e formar um time até que bonitinho. Al Jefferson ainda não engrenou, recuperando-se de uma lesão no tornozelo, Cody Zeller não impressiona ninguém (positivamente, digo), Kemba Walker não progrediu, mas o time tem se sustentado com sua defesa, guiada por Steve Clifford, sobre quem havíamos alertado. A equipe mais escancarada do ano passado virou, agora, a terceira melhor retaguarda. E, aqui entre nós: Josh McRoberts é um achado.

Washington Wizards: Ernie Grunfeld pode ter feito um monte de barbaridades nas constantes reformulações de elenco que produziu desde que Gilbert Arenas pirou o cabeção. Também não tem muita sorte. John Wall se firmou como um dos melhores armadores de sua geração, mas não consegue levar adiante a dupla com Bradley Beal, afastado por uma misteriosa dor na canela que pode ser fratura por estresse (e aí danou-se). Marcin Gortat se entendeu bem com Nenê – e o brasileiro, todavia, não consegue parar em pé sem sentir dores. Quando Martell Webster vai bem, Trevor Ariza machuca. Quando Trevor Ariza vai bem, Martell Webster machuca. E Randy Wittman, coordenando uma defesa respeitável, tem de se virar do jeito que dá para manter sua equipe competitiva. No Leste, claro, não precisa de muito. Talvez nem importe nem que Otto Porter Junior esteja só na fase de aprender a engatinhar.

Chicago Bulls: pobre Tim Thibodeau. Deve estar envelhecendo numa média de um mês a cada semana nesta temporada. A nova lesão de Derrick Rose foi trágica – e dessa vez não havia Nate Robinson para socorrer. Para piorar, Jimmy Butler caiu, levando junto, agora mesmo, Luol Deng, que estava carregando piano de modo admirável. Em meio a tudo isso, Joakim Noah nem teve tempo de se colocar em forma. Para estancar os ferimentos, Taj Gibson faz sua melhor campanha, Kirk Hinrich tem evitado a enfermaria para organizar as coisas e, claro, muita defesa, a quarta melhor da liga. O suficiente para capengar por um oitavo lugar na conferência, esperando por um raio de sol.

Boston Celtics: Danny Ainge certamente confia na capacidade de Brad Stevens como técnico. Do contrário, não teria dado um contrato de seis anos ao noviço. Talvez ele só não contasse que o sujeito fosse tão bom desse jeito. Aí complica tudo! O Celtics abriu mão de Paul Pierce e Kevin Garnett neste ano para afundar na tabela e sonhar com um dos universitários badalados do momento. E aí que, em meio a essa draga toda, uma boa mente pode fazer a diferença, mesmo sem Rajon Rondo e tendo que escalar Gerald Wallace e pivôs diminutos – sem dar a rodagem necessária para Vitor Faverani. Então, meninos e meninas, pode certeza de algo: se tiver alguém torcendo para a ascensão de Knicks e Nets, o Mr. Ainge é uma boa aposta.

Descendo, mas só por ora
Três equipes que ainda vão perder muito mais que ganhar neste ano, mas as coisas estão mudando. “Perdeu, valeu, a gente sabe que não deu.”

Philadelphia 76ers: ver Michael Carter-Williams estufar as linhas de estatísticas de todas as formas já valeria o ano inteiro para aqueles que ainda choram Allen Iverson (ou Charles Barkley, ou Moses Malone, ou Julius Erving). O armador é a maior revelação da temporada. Havia fãs dele no processo de recrutamento de novatos deste ano, mas, sinceramente, não li em lugar algum a opinião de que ele fosse uma ameaça para conseguir um quadruple-double na carreira, quanto menos em seus primeiros dois meses. Ao mesmo tempo, sem pressão nenhuma por resultados imediatos, o gerente geral Sam Hinkie e o técnico Brett Brown vão rodando seu elenco, garimpando talentos, avaliando prospectos como Tony Wroten, James Anderson, Hollis Thompson, Daniel Orton etc. Sem contar o fato bizarro de que Spencer Hawes, hoje, é um dos melhores pivôs da liga. Vende-se.

Orlando Magic: A base aqui, hoje, é melhor que a do Sixers, com Arron Afflalo jogando uma barbaridade, jogando de uma forma que assusta até. Nikola Vucevic vai se provando que sua primeira campanha na Disneylândia não foi um delírio. Victor Oladipo está cheio de energia e potencial para serem explorados. Andrew Nicholson, Tobias Harris e Maurice Harkless também oferecem outras rotas a serem exploradas. O técnico Jacque Vaughn é respeitado. Para o ano que vem, os contratos dos finados Hidayet Turkoglu e Quentin Richardson expiram, e o gerente geral Rob Hennigan terá espaço para investir.

Toronto Raptors: não houve uma negociação na qual Masai Ujiri se envolveu nos últimos dois, três anos em que ele não tenha, no mínimo, levado a melhor. Isso quando ele não rouba tudo de quem está do outro lado da mesa, sem piedade alguma. Em pouco tempo, já se livrou dos contratos de Rudy Gay e Andrea Bargnani, iniciando um processo de implosão para tentar reformular, de modo definitivo, a franquia canadense – que tem aporte financeiro para ser grande. Jonas Valanciunas está dentro. O restante? Provavelmente fora. Será que Andrew Wiggins vai acompanhá-lo, em casa?

Caos total
A bagunça é tanta que fica difícil de saber como botar tudo em ordem.

Cleveland Cavaliers: no papel, um time de playoff. Mas as peças por enquanto não se encaixam tão bem como o esperado. Para dizer o mínimo, considerando que Dion Waiters partiu para cima de Tristan Thompson no vestiário. Em quadra, Mike Brown simplesmente não consegue organizar um ataque decente que não tenha LeBron James em seu quinteto. O Cavs só pontua mais que o time que aparece logo abaixo aqui. É um desastre. Para se ter uma ideia, dos dez jogadores que ficaram mais minutos em quadra até o momento, apenas Anderson Varejão acertou pelo menos 50% de seus arremessos. Até mesmo Kyrie Irving vem encontrando sérias dificuldades. Os últimos jogos de Andrew Bynum seriam o único indício positivo por aqui – e não que isso sirva para compensar o fiasco total que são as primeiras semanas de Anthony Bennett como profissional:

Milwaukee Bucks: a Tentação de jogar Larry Drew na fogueira também é grande, mas fato é que o Milwaukee Bucks em nenhum momento pôde colocar em quadra o time que eles imaginariam ter. Larry Sanders passou vexame em uma briga na balada, Carlos Delfino ainda não vestiu o uniforme, Brandon Knight e Luke Ridnour se alternam na enfermaria, aonde Caron Butler já se instalou ao lado de Zaza Pachulia. Ersan Ilyasova só não está lá porque o time precisa desesperadamente de qualquer ajuda, ainda que seja de um ala-pivô cheio de dores nas pernas. Apenas OJ Mayo, John Henson e o surpreendente Kris Middleton disputaram as 20 partidas da equipe. De toda forma, esses nomes não chegam a empolgar tanto, né? Daria um sólido conjunto, mas sem grandes aspirações. Se for para empolgar, mesmo, então, com a vaca já atolada no brejo, melhor liberar o garotão Giannis Antetokounmpo para correr os Estados Unidos de ponta a ponta.

Os dois times que são um pesadelo para Spike Lee, Woody Allen, Al Pacino, Roberty De Niro, os Beastie Boys e qualquer outro nova-iorquino
Eles ainda têm tempo para reagir. Mas vai dar muito trabalho e ainda pode custar muito dinheiro.

Brooklyn Nets: bem, sobre Jason Kidd já foi gasto um artigo inteiro. De lá para cá, soubemos que Lawrence Frank tem um salário de US$ 6 milhões (mais que Andrei Kirilenko, Andray Blatche e Mason Plumlee juntos!) apenas para escrever relatórios diários, uma vez que foi afastado do posto de principal assistente. Depois de apenas três meses no cargo. E, esculhambado nos mais diversos sentidos, o Nets obviamente não consegue se encontrar em quadra, mesmo com Brook Lopez jogando o fino. Temos agora o 20º pior ataque e a penúltima defesa da liga, acima apenas do pobre Utah Jazz. Tudo isso, lembrando, com a folha salarial mais volumosa do campeonato. “Parabéns aos envolvidos” se encaixa aqui? Que Deron Williams volte rápido – e bem. Kirilenko também precisa colocar a reza em dia.

New York Knicks: agora fica meio claro a importância que tem um Tyson Chandler, né? Um sujeito de 2,13 m de altura (ou mais), ágil, coordenado, inteligente, corajoso e que ainda converte lances livres? Causa impacto dos dois lados da quadra, facilitando a vida de todo mundo. Inclusive a do Carmelo Anthony, que pode roubar um pouco na defesa, ciente de que tem cobertura. Sem ele, o time virou uma peneira, com a quinta pior marca da liga. No ataque, uma das maiores artilharias da temporada passada agora é somente a 18ª, numa queda vertiginosa que tem mais a ver, é verdade, com a fase abominável de JR Smith e Raymond Felton. Não é culpa do Carmelo, mesmo que ele também não esteja mantendo a forma do ano passado. Daí que temos uma surra de mais de 40 pontos para o Boston Celtics no Garden? Até Ron Artest está pasmo.