Vinte Um

Arquivo : Iguodala

LeBron volta a reinar, e Cavs vai ao Jogo 7 crendo em virada inédita
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Giancarlo Giampietro

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O Golden State Warriors fez uma vez. Por que o Cleveland Cavaliers também não pode?

Parece que já passou um século já, mas foi há questão de semanas apenas que os atuais campeões completaram uma virada incrível para cima do Oklahoma City Thunder pela decisão do Oeste, quando estava perdendo por 3 a 1. Pois é. Era a mesma desvantagem que o Cavs enfrentava pelas #NBAFinals, e cá estamos: após mais um massacre jogando em casa, triunfando por 115 a 101 nesta quinta-feira, o a série está empatada, caminhando para um sétimo jogo realmente proibido para cardíacos, como diria o outro, no domingo.

Primeiro foi um quarto arrasador para abrir os trabalhos, vencido por 31 a 11. Depois, teve a cabeça fria para lidar com duas reações dos perigosos visitantes. E aí veio um LeBron James soberano no segundo tempo, para marcar 41 pontos pelo segundo jogo seguido e fazendo de tudo em quadra. Após uma grande partida, sem dúvida, seu time chega a Oakland acreditando ser plenamente plausível sua missão de ser o primeiro time a sair do 3 a 1 contrário para levar o título.

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Além dos 41 pontos, foram 11 assistências, 8 rebotes, 4 roubos de bola e 3 tocos para LBJ, em 43 minutos, com um saldo de 26 pontos. Ele acertou 16 de 27 arremessos, com 3-6 no perímetro. Sozinho, ele conseguiu o mesmo número de passes para cesta, recuperações e bloqueios que os cinco titulares do Warriors somaram. Impressionante. Acho que, a não ser no caso de um dos Splash Brothers marcar 60 pontos na sétima partida, com vitória, não dá para imaginar um cenário em que o troféu de MVP da decisão não vá para o camisa 23. Nos últimos dois jogos, ele tem 82 pontos, 24 rebotes, 18 assistências, 7 roubos e 6 tocos, com 7-14 de longa distância, algo que faz toda a diferença.

A gente pode falar de “cabeça fria” para o Cavs, sem problema. Porque não é fácil manter a compostura quando um time como o Warriors vem para cima. Kevin Durant e Russell Westbrook que o digam. Mas o coração dos caras estava a mil, desde o tapinha inicial, com mil batimentos por segundo, mesmo, de tanta energia que levaram para quadra, como num repeteco do Jogo 3. Foram oito pontos seguidos, e não pararam por aí. Cesta após cesta, enquanto, do outro lado, fechavam a porta na cara de todos, permitindo apenas o moribundo Harrison Barnes arremessar.

Steve Kerr parou o jogo e, o pior: não havia nem mesmo um Andrew Bogut para substituir e uma “Escalação da Morte” para ativar. Na verdade, sem o pivô australiano, que não volta mais nesta temporada, o técnico já havia começado o duelo com seu melhor quinteto, que havia terminado as finais do ano passado com 42 pontos de saldo. Em seus primeiros minutos, essa escalação saiu perdendo por oito. Em nenhum momento, conseguiram assumir o controle da partida como a unidade que se tornou a mais temida da liga desde a decisão de 2015.

A primeira parcial terminou com placar de 31 a 11. Os 11 pontos do Warriors não eram só a pior marca da equipe nesta temporada em um quarto inicial como foi a pior de toda a história das finais na era de posse de bola cronometrada. Isso aconteceu com a receita básica de defesa + transição. Nos três jogos mais acelerados destas finais, o Cavs saiu vencedor, numa reviravolta muito interessante. O Cavs realmente marcou demais, especialmente na hora de contestar Klay Thompson, que não encontrava espaço nenhum para chutar e, frustrado, passou a se precipitar, e Draymond Green. Sim, ele estava de volta e, por um período que fosse, não fez diferença nenhuma no plano geral.

Green saiu com um saldo negativo de 12 pontos. Curry, com -11. Thompson, com -22. Foi feia a coisa. Eles foram dominados, por mais que tenham em duas ocasiões, nos segundo e terceiro períodos, encurtado seu déficit, para um só dígito, tendo posses de bola extra para encostar de vez. Mas não conseguiram. E não só pelos méritos de LeBron, que anotou 17 pontos no quarto final.

Curry se perdeu em faltas e perdeu a cabeça em sequência. Rara expulsão

Curry se perdeu em faltas e perdeu a cabeça em sequência. Rara expulsão

O Warriors, por conta, também cometeu erros tolos, para além dos chutes bizarros de Thompson. Os mais custosos foram as faltas, novamente, desnecessárias de Stephen Curry. O acúmulo o tirou de quadra cedo e depois o deixou em posição precária para marcar um cara como Kyrie Irving. E que, a 4min22s do fim, o levaram a uma rara exclusão, quando seu time perdia apenas por 12 pontos, algo que não acontecia desde dezembro de 2013. E, sim, 12 pontos entra na conta do “apenas” quando é o Warriors que está em quadra. Se a sexta falta foi bastante duvidosa, as outras cinco, não achei – para Kerr, foram três. O problema é maior por ser recorrente e por ter atrapalhado uma noite em que havia chegado a 30 pontos em 20 arremessos e 35 minutos. (Steph, aliás, converteu seis bolas de longa distância e quebrou o recorde de Danny Green numa série final. Como se estivesse valendo algo agora…)

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Ao seu lado, Thompson demorou quase 30 minutos para esquentar a mão. Fez estragos no terceiro período em mais uma investida preocupante do Warriors, que tornou a baixar seu déficit para um dígito, mas aí LeBron estancou tudo. O ala terminou com 25 pontos em 21 arremessos, e apenas 30% de acerto em 10 tentativas. Ao menos reencontrou o rumo da cesta para não voltar para casa tão perturbado assim.

O mesmo não pode ser dito sobre Harrison Barnes, que teve mais um jogo de doer, saindo zerado de quadra em oito arremessos. Ainda no quinteto inicial, Draymond Green ficou em oito pontos. Já Andre Iguodala sentiu um desconforto lombar logo no início da partida e se arrastou pela quadra. Recebeu tratamento especial quando era substituído, bateu o pé com a comissão técnica para seguir atuando e simplesmente não conseguiu ser efetivo. Marcou cinco pontos e deu três assistências. Produção muito baixa.

As mazelas dos atuais campeões não se limitaram ao seu poderoso, mas agora irregular ataque. Sua defesa permitiu novamente que o Cavs conseguisse ótimos índices de acerto, com 51,9% nos arremessos. Sofreram tanto nos tiros de longa distância (37%, com 10-27) como no garrafão, levando 42 pontos na zona pintada. Ao menos impediram que Thompson engolisse a tabela ofensiva, com muito suor de Draymond  – ainda assim, foram 15 pontos e 15 rebotes para o pivô canadense. No geral, o Cavs conseguiu oito rebotes na tábua do aversário.

A coisa seria ainda mais feia não fosse mais uma bela apresentação de Leandrinho. Um dos destaques pelo Jogo 1, o ala brasileiro entrou muito bem no segundo período, com firmeza, decidido, e anotou 14 pontos em 18 minutos, com 50% de acerto. O ligeirinho merece mais minutos na sétima partida, ainda mais se Barnes não retornar do Ártico. Anderson Varejão também teve boa participação e, na partilha dos minutos de Bogut,  deveria ter prioridade em relação a Ezeli. Não por serem convocados de Magnano. Mas pela produção recente, mesmo.

Ah, o Jogo 7… Vai demorar um tanto para chegar o domingo. Em sua entrevista, tentando manter a cabeça erguida, Kerr lembrou que foi para isso que eles detonaram na temporada regular: para ter o mando de quadra. Isso é fato. Ninguém vai tirar isso do Warriors, e o retrospecto é todo favorável aos anfitriões. Das 18 séries que acabaram na sétima partida, o time da casa saiu vencedor em 15 delas. Agora, o mesmo Warriors sabia que jogava contra os números ao aprontar para cima de OKC. Naquela ocasião, o Cavs estava descansando, tomando nota. Pelo fato de terem estendido o confronto, já foi uma proeza. Essa é apenas a terceira vez na história em que um time se recupera de uma derrota parcial por 3 a 1. O último havia sido o Lakers de 1966, para termos uma ideia. E nunca esse time chegou a completar a virada. Após duas grandes vitórias, podem ter certeza de que, na cabeça dos LeBrons, esse retrospecto não vai dizer nada.

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Já são 7 derrotas, e LeBron chega cercado ao Jogo 3
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Giancarlo Giampietro

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Após uma derrota pelo Jogo 3 das finais do aaaano passaaaaado, já são sete triunfos consecutivos para o Golden state Warriors em confrontos com o Cleveland Cavaliers, com ou sem Kyrie Irving e Kevin Love em quadra. Nunca um time de LeBron James havia perdido tantas partidas em sequência para o mesmo oponente. Nos últimos dez jogos, o Cavs, um dos melhores ataques da liga, não conseguiu passar da marca de 100 pontos. Nesta temporada, em quatro partidas, a defesa dos atuais campeões também limitou o astro a 33 cestas em 80 tentativas, ou 41,5%.

“Eles nos bateram em todos os quesitos, nós não vencemos nada. Em nenhum ponto do jogo levamos a melhor. Eles nos detonaram”, afirmou o ala, logo após a surra que levaram pelo Jogo 2. É difícil para mim apontar o que não está funcionando e no que poderíamos trabalhar agora. Não dá mais para ter lapsos mentais. Esses caras vão te colocar em muitas posições desconfortáveis do ponto de vista mental, em que você vai ter de procurar entender o que fazer. E eles fazem você pagar se não entender.”

Sim, parece claro que o Warriors encontrou um modo de cercar LeBron. Por maior que tenha sido o sucesso de sua equipe nos playoffs da Conferência Leste, alcançando a segunda final em dois anos sem suar muito, a verdade é que ela não iria a lugar nenhum sem que o craque fosse dominante em quadra. No momento em que foi contido, seus companheiros também se viram contra a parede. Essa é uma conclusão a que LeBron certamente não imaginava chegar dois anos depois de ter deixado Miami para, supostamente, retornar para casa – e, claro, curtir um novo ciclo de sua carreira ao lado de duas estrelas mais jovens que tinham tudo para aliviar a pressão sobre seus ombros e articulações desgastadas, enquanto Dwyane Wade e Chris Bosh envelheceriam em South Beach.

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A torcida de Cleveland estava ansiosa para a revanche contra o Warriors, dessa vez com Irving e Love em forma. A esperança e, no caso de alguns, a aposta era de que tudo seria diferente. Que a virada sofrida em 2015 só se justificava pelo fato de o time ter jogado todo despedaçado, com o camisa 23 sobrecarregado, sem pernas ou recursos para reagir. E cá estamos: com a série encaminhada para o Ohio, e o Jogo 3 marcado para esta quarta-feira, o rival californiano tem confortável vantagem de 2 a 0, ainda mais expressiva quando o placar das duas primeiras partidas apontou um saldo de 48 pontos, sem que os reforços tenham influenciado em nada o rumo do confronto. Para ser mais preciso, Love mal jogou o segundo tempo do último duelo, vetado pelo protocolo de concussão da liga. Para ser justo, a presença do ala-pivô não teria feito diferença nenhuma.

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Goste ou não, o destino do Cavs gira em torno de LeBron, e não só em termos de negócios. Em quadra, já são dois anos completos com esse núcleo, e o time ainda não encontrou uma forma orgânica de jogar sem que as ações comecem e terminem com seu veterano astro. Contra o Detroit Pistons e, depois, detonando Atlanta Hawks e Toronto Raptors, os caras praticaram um basquete realmente empolgante, solidário, dominante. Não foi um engodo. Em todas as séries, porém, não há como negar também que LBJ não enfrentou resistência nenhuma.

Na primeira rodada, foi até bonitinho o esforço corajoso do novato Stanley Johnson, com provocação e tudo. Mas nem ele, muito menos Marcus Morris e Tobias Harris tinham condições de acompanhar a estrela adversária. Em quatro jogos, James teve médias de 22,8 pontos, 9,0 rebotes, 6,8 assistências e 48,7% nos arremessos, com 3,0 turnovers. Depois, enfrentando a segunda melhor defesa da liga, o ala também não deu bola. Por mais uma varrida, foram 24,3 pontos, 8,5 rebotes, 7,8 assistências, 50,7% de quadra e 4,3 turnovers – coletivamente, o Hawks montou um forte sistema de contenção, mas, com os chutadores de Cleveland on fire, sobrou para Kent Bazemore (muito mais baixo e mais fraco) e Paul Millsap (ainda bem mais lento) o ônus de lidar com o craque em mano a mano. Na final do Leste contra o Toronto Raptors, com um DeMarre Carroll arrebentado, o estrago foi ainda maior, com 26,0 pontos, 8,5 rebotes, 6,7 assistências e impressionantes 62,2% de acerto e apenas 2,3 turnovers, em seis partidas. Em suma: Pistons e Hawks até forçaram desperdícios de posse de bola, mas não serviu para nada.

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Já o Warriors conta com Andre Iguodala (e um pouco mais, claro). O experiente defensor obviamente não está anulando seu oponente. Isso não vai acontecer. Mas tem feito de tudo para atrapalhá-lo e diminuir sua eficiência. Em Oakland, os números de James continuaram volumosos em uma primeira vista: 21,0 pontos, 10,0 rebotes e 9,0 assistências. Mas aí você pega o seu aproveitamento nos chutes (42,1%) e o número de turnovers (5,5) e percebe como a marcação do Warriors tem surtido efeito. Mesmo quando força a troca, o astro do Cavs tem se enroscado com Klay Thompson ou mesmo Draymond Green.

O natural aqui é se concentrar em Iggy, e os números o favorecem. Nos últimos 10 duelos, LeBron acerta apenas 35,1% de seus arremessos quando o ala é o seu marcador primário. Foram apenas 32 cestas em 91 tentativas. Nesta final, especificamente, o aproveitamento é de 40%. No Jogo 2, foram 17 posses de bola em que o ala ex-Sixers o defendeu. Aí preparem-se, que os dados são ainda mais impressionantes: LBJ só tentou três cestas, acertando uma. De novo: apenas uma cesta em 17 jogadas. E sabe do que mais? Todos os sete turnovers que cometeu no jogo aconteceram com Iguodala em ação. Demais.

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Em sua coletiva, Tyronn Lue procurou não dar muita atenção ao cara. Fez os elogios básicos, de praxe, mas disse que as dificuldades de James tinham mais a ver com o sistema de Steve Kerr e seu assistente Ron Adams, do que pela atuação de um só jogador. Sim, no basquete é assim: são realmente cinco atletas de um lado e cinco do outro. Na defesa, então, nem se fala. O coletivo é muito mais influente que um só atleta, ainda que um só atleta possa fazer desse coletivo algo muito mais forte. O Golden State sabe o que fazer.

Kyrie Irving e Kevin Love despertam mais preocupação com Matthew Dellavedova e Timofey Mozgov, mas, ainda assim, o time tem conseguido fazer as dobras para importunar o craque. Em jogadas de post up, Andrew Bogut e Draymond Green têm feito ótimo trabalho de cobertura, fechando o aro. Em ataques frontais, o defensor mais próximo recua um pouco e tenta atacar seu drible.  O que pega para o Cavs é que a maior parte desses marcadores tem muita agilidade para recuperar sua posição rapidamente, sem perder de vista os chutadores. Mesmo quando supera a primeira barricada defensiva para entrar no garrafão, LeBron tem se complicado. Nas duas primeiras partidas, converteu 12 de 22 tentativas na área restrita (54,5%). Bem abaixo de sua média na carreira (72,5%) ou das últimas duas campanhas (72,2%).

Neste caso, porém, houve uma grande diferença entre os Jogos 1 e 2. No primeiro, acertou apenas 6 de 14 em suas infiltrações. No segundo, teve mais sucesso, com 6 de 8. Isto é, de suas sete cestas de quadra, apenas uma não aconteceu nas imediações do aro – mas foi uma bola de fora. O que nos leva a um problema destacado durante todo o campeonato: a penúria de LeBron como arremessador de longa distância. ele acertou apenas 30,9% de seus disparos de três nesta campanha. Desde 2013, ano de seu segundo título, seu aproveitamento vem caído consistentemente. Naquele ano, acertara 40,6%. Se for pegar apenas o rendimento dos playoffs, ele ainda teve 40,7% de conversão em 2014, mas agora tem acertado apenas 32,4%. Então ninguém vai contestar LBJ lá fora. Na temporada regular, você convive com isso. Nos playoffs, com os jogadores mais bem preparados, estudados, não.

Em seus primeiros mata-matas por Cleveland, LeBron também não representava ameaça no perímetro. Mas estamos falando de dez anos atrás. Naqueles tempos, não havia como ficar à frente do ala, que arrancava para a cesta com um primeiro passo absurdamente explosivo, acompanhado de crossover. Hoje, os defensores mais disciplinados e atléticos já podem acompanhá-lo mais de perto. Ainda mais dando espaço para o chute. Não quer dizer que seja fácil. Mas está bem menos complicado. A consequência? O Warriors consegue manter os demais marcadores grudados em seus respectivos pares. Aí Channing Frye e JR Smith têm de botar a bola no chão ou tentar arremessar por cima da “barreira”. Tudo muda.

Assim como o Cavs deste ano mudou em relação ao do ano passado, pelo menos no papel, com Kyrie Irving e Kevin Love. Quer dizer, esperava-se qeu iria mudar. O armador, em quem se confiava tanto como um diferencial, não criou absolutamente nada em Oakland. Com 33,3% nos arremessos e mais turnovers do que assistências (6 x 5), tem feito algo que Matthew Dellavedova cobriria com tranquilidade. Em iniciativas  individuais, a partir do drible, ele converteu apenas 4 de 27 arremessos, algo estarrecedor. Quando chutou a partir de um passe, matou 8 de 9. Já o ala-pivô estava sendo abastecido, agressivo, mas buscando a melhor forma de atacar uma defesa agressiva e versátil. Até sofrer aquela cotovelada de Harrison Barnes na parte de trás da cabeça e ser afastado pelo departamento médico da liga. E não é uma questão de individualismo. No ranking dos principais passadores desses primeiros dois jogos, Draymond Green lidera de longe, com 66 de média. Irving surge em segundo, com 54,5. LeBron é o terceiro, com 54. Love é o sexto, com 29 pouco abaixo de Curry. Ainda assim, o que vimos foi um ataque travado, previsível, e a diferença se nota no número geral de passes, com 271 em média para o Cavs contra 293 para o Warriors. (O pior: com Irving em quadra, a defesa do Cavs sofre).

Houve um tempo em que não importava quem estava ao lado de LeBron, em Cleveland. Fosse Eric Snow, Daniel Gibson, Damon Jones, Sasha Pavlovic, Delonte West… O ala era imponente o bastante para carregar o seu time, mas não rumo ao título. Até que esbarrava em Celtics, Magic e Spurs. Todo mundo tem limites. Foi a mesma coisa no ano passado. O Cavs mudou sua escalação, trocou de técnico, poupou LeBron, e nada. Já são sete partidas agora contra o Warriors, e, mais velho,enfrentando uma defesa muito forte, esperando ajuda, o craque não encontrou uma saída.

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Leandrinho! Livingston! É a final da NBA com reservas ditando o jogo
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Giancarlo Giampietro

(Atualizado às 9h)

Shaun Livingston=Curry e Thompson, por uma noite

Shaun Livingston = Curry e Thompson, por uma noite

Ok, podem falar, sabichões: todo mundo sabia que, com LeBron James, Stephen Curry, Klay Thompson, Kyrie Irving e Kevin Love em quadra, o Jogo 1 das finais da NBA seria decidido por Shaun Livingston e Leandrinho. Estava óbvio isso. Não adianta ficar se gabando por aí na reunião de trabalho ou no balcão da padaria.

(…)

Pois é. Tivemos uma noite de quinta-feira de subversão com o Golden State Warriors vencendo o Cleveland Cavaliers por 104 a 89, em casa. Na qual Shaun Livingston, sozinho, marcou o mesmo número de pontos dos Splash Brothers: 20. Sim, o Warriors venceu um jogo totalmente estranho de #NBAFinals em Curry e Thompson acertaram apenas 8 de 27 arremessos em conjunto. Graças a uma grande atuação defensiva e à contribuição decisiva da segunda unidade de Steve Kerr no quarto período.

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Depois de sofrer contra Dion Waiters (!) pela final do Oeste, Livingston retomou a boa forma da temporada regular e acertou praticamente tudo o que tentou da sua zona preferida de quadra, à meia distância (80%, com 8-10). Leandrinho também botou fogo no jogo ao converter todos os seus cinco arremessos e terminar com 11 pontos em 11min25s, numa média incrível. O brasileiro acertou chutes em flutuação, de média e longa distância e até contestado pelo árbitro Kenny Mauer (abaixo). Foi uma de suas melhores apresentações em muito tempo, na melhor hora. Ruben Magnano tomou nota. Os dois certamente não sentem falta dos braços enormes dos atletas de OKC ao redor na contenção.

No geral, os reservas do Warriors marcaram 45 pontos contra 10 dos suplentes do Cavs, a maior diferença em uma partida pelas finais em 50 anos. Sim, Leandrinho, por conta própria, marcou um ponto a mais que a concorrência. Ainda nessa linha bizarra de estatísticas, Curry e Thompson não constaram nem entre os quatro cestinhas do Golden State nesta noite, com Draymond Green (16 pontos),  Harrison Barnes (13) e Andre Iguodala (12) à frente. Curry anotou 12, empatando com o ligeirinho brasileiro. Klay parou nos 9. Sem os chutadores em quadra, foram 11 minutos de jogo para o Warriors e 12 cestas em 17 chutes, com 12 pontos de saldo.

“Temos falado sobre a profundidade de nosso elenco pelos últimos dois anos. Nós contamos com um monte de pessoas. Usamos um monte de pessoas, e sentimos que temos muito talento no banco que pode entrar e pontuar quando precisamos. Então foi um grande sinal que possamos vencer nas finais sem que nossos dois caras tenham grandes jogos. Mas não é realmente tão surpreendente assim para nós. Esse tem sido o nosso time por dois anos”, afirmou Kerr, que realmente tirou essa lição de suas experiências com Phil Jackson e, principalmente, Gregg Popovich.

Desta forma, os atuais campeões se tornaram a primeira equipe desde o Detroit Pistons de 2005 a ter sete atletas a ter sete atletas com 10 ou mais pontos em uma partida pelas finais. Irônico isso, considerando que o Detroit é reconhecido como a exceção da regra da liga, como um time que se sagrou campeão sem uma superestrela (no ano anterior, diga-se).

Claro que o Warriors não seria grande coisa sem Steph Curry. Mas o time não vive só dos arremessos e jogadas maravilhosas do armador, isso está claro. Que o diga Andre Iguodala, que teve mais uma dessas atuações que tende a ficar em segundo plano na manchete, mas que talvez tenha sido ainda mais importante.

Leandrinho fez um ponto por minuto

Leandrinho fez um ponto por minuto

 Não é por acaso que o ala tenha saído de quadra com o maior saldo de pontos da noite, com +22, um pouco acima se Livingston (+20) e Green (+18), que também fez uma bela exibição. O veterano cuidou de LeBron James do jeito que dá. O craque do Cavs quase acumulou um triple-double (23 pontos, 12 rebotes e 9 assistências em 21 arremessos e quase 41 minutos). Mesmo se tivesse alcançado a marca lindona com mais um passe para a cesta, seria basicamente um ouro de tolo. Na hora em que o jogo desandou, Iggy estava lá para importunar. Ele terminou 22 posses de bola como o marcador de LeBron, e o astro do Cavs tentou apenas dois arremessos nessas ocasiões, acertando um. Do outro lado, ainda deu 6 assistências. Você põe na balança os sete rebotes também, e entende como é possível um reserva ser eleito o MVP das finais.

Em tempo: acho que Matthew Dellavedova enfim descobriu que, com Iguodala, não é para mexer. O australiano, cujo fã-clube conta com minha inscrição, exagerou, digamos, em sua competitividade ao dar um soco nas partes baixas do ala, no terceiro período, iniciando, quase sem querer, uma arrancada dos campeões do Oeste. “Temos alguns caras que têm de jogar um pouco sujo e fisicamente para ganhar a vida com isso e alimentar a família. Então tenho de respeitar isso”, ironizou o ala do Warriors.

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Em que pese a atuação firme de Iguodala, LeBron foi um tanto passivo na noite, é verdade, além de também ter ido mal em duelos com Draymond Green, contra quem só acertou um de sete arremessos. Dava a impressão de que a prioridade de LBJ era inserir Kyrie Irving e Kevin Love se primeira na série, dada a expectativa gerada pela participação de ambos, devido à ausência do ano passado. Compreensível, aliás. Nenhum dos cestinhas foi bem. Irving liderou o jogo com 26 pontos, mas errou 15 de 22 arremessos e teve nove possas de bola em que o time inteiro o viu cruzar a linha de quadra e arremessar, sem efetuar sequer um passe. Compensou tanto aro, tanto bico, em tese, ao matar 11 lances livres. Já Love fez 17 pontos em 17 arremessos, pegou 12 rebotes e não conseguiu punir a defesa do Warriors quando marcado por atletas mais baixos no garrafão. Em suma: dá para visualizar um camisa 23 mais agressivo no domingo.

Do outro lado, não sei bem o que aconteceu. Os Splash Brothers não jogaram absolutamente nada, e, sinceramente, não dá para apontar um grande mérito da defesa do Cavs. Não é que tenham oferecido mais resistência do que OKC apresentou pela final do Oeste. Se foi ressaca, salto alto, distração, só eles vão saber dizer.

O que limpa a barra da dupla é que o Warriors como um todo defendeu muito mais, o que não é novidade. Os visitantes cometeram 17 turnovers e só acertaram 38,1% dos arremessos e 33,3% de fora. As panes que o Cavs têm na hora de marcar são o suficiente para que sejam punidos até mesmo pelos reservas do Warriors. São muitos lapsos em trocas de marcação que deixam os oponentes na cara da cesta. Isso tem a ver com sistema de um e a falta de para o outro. Cleveland vai ter de marcar muito mais se quiser conquistar o primeiro título da história da cidade na liga.

Tudo vermelho (ou quase) para o Cavs na abertura das finais

Tudo vermelho (ou quase) para o Cavs na abertura das finais

Em seu camarote, cercado por milionários do Vale do Silício, o proprietário do Warriors, Joe Lacob, após sua desastrada bravata à revista do New York Times, deve ter sorrido, nervosamente. Não deixa de ser um testemunho sobre a cultura vencedora propagada pelo clube. Mérito aqui também especialmente para Kerr, pela confiança no elenco mesmo nas horas de maior aperto.

O Cavs desperdiçou uma grande chance. Mas foi apenas o Jogo 1, e bizarro. No qual os técnicos foram conservadores em suas escalações, respeitando basicamenteas rotações da temporada regular. No qual os atletas pareciam se testar por muito tempo – por mais que estudem o oponente em detalhes, há muitas teorias que só vão ser comprovadas em quadra, mesmo. No qual o Warriors sempre esteve no controle, com exceção daquele momento em que no terceiro período em que a apatia de seus titulares levou Kerr a um ato de fúria, quebrando prancheta com uma investida que deixaria o mestre Pai Mei orgulhoso. E, por fim, no qual não teve bombardeio de três, com ambos os times chutando abaixo de sua tórrida média dos mata-matas: apenas 16 se 48 tentativas. Pouco para os dois times que lideraram a temporada em cestas de longe.

O que vimos, de todo modo, é a confirmação dos temores quanto à defesa do Cavs e a diferença geral do elenco. Com múltiplos jogadores que atuam com firmeza dos dois lados da quadra, o Warriors está equipado para vencer qualquer tipo de partida. Mesmo aquela em que seus astros não estão bem dispostos assim.

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Cavs chega bastante modificado para a revanche contra o Warriors
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Giancarlo Giampietro

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“Jogamos sem Kyrie Irving e Kevin Love. Jogamos sem Kyrie Irving e Kevin Love. Jogamos sem Kyrie Irving e…”

Quando confrontado com a derrota por 4 a 2 nas finais de 2015 para o Golden State Warriors, o  torcedor do Cleveland Cavaliers não se cansou de repetir isso, quase como um mantra.  Sim, todos nós lembramos que as duas jovens estrelas se lesionaram nos playoffs. Love não passou da primeira fase. Irving arrebentou o joelho desgraçadamente logo na primeira partida das finais.

O Cavs, então, vai para a revanche contra o Warriors, mas, de uma certa forma, podemos até dizer que este é um novo time. De lá para cá, muita coisa mudou. Irving e Love estão fisicamente prontos para a batalha. Timofey Mozgov, que o Czar o tenha, ainda estava vivo. Tristan Thompson estava jogando por um contrato. David Blatt foi para a guilhotina, depois de prolongado motim promovido pelas forças reais no vestiário.  Já Anderson Varejão, diabos, agora está no outro vestiário.  A presença do Big 3 em quadra e a de Tyronn Lue no banco sugere, de fato, uma série completamente diferente, quando confrontada com o que o Cavs tinha. O quanto essas alterações serão positivas, ou não, a gente precisa esperar para ver.

Claro que é melhor jogar com o Big 3 formado. Mentalmente, o time também parece bem mais preparado, com LeBron decidido a escutar o novo técnico e aparentemente apaziguado com os companheiros mais jovens, depois de muitas rusgas nos últimos dois anos. A questão é que o adversário segue o mesmo do outro lado, um timaço, representando os mesmos problemões. Então a conclusão a que podemos chegar é a de que, para o Cavs chegar ao título, não basta jogar melhor que a equipe do ano passado. Isso não importa muito, já que eles precisam, mesmo, jogar melhor em relação ao Golden State.

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Nesse sentido, acho que nem dá para levar em conta o que aconteceu na temporada regular, já que Blatt ainda era o comandante em janeiro, quando se enfrentaram pela segunda e última vez, com uma surra aplicada pelo Golden State. O Cavs não é o mesmo nem de cinco meses atrás. Com Lue, conforme já registrado aqui em diversas ocasiões, o time melhorou seu aproveitamento ofensivo, mas perdeu muito de sua força na defesa.

Há um ano, foi com marcação muito agressiva e dominando os rebotes que os LeBrons fizeram frente ao Warriors no ano passado. pelo menos pelas três primeiras partidas, com uma vantagem de 2 a 1 na série, roubando mando de quadra, sendo que a primeira derrota aconteceu na prorrogação. Sem dois de seus três principais cestinhas, a receita seguida no ataque foi a de um jogo lento. Cruzavam a linha central se arrastando. Aí era bola no LeBron, com poucos chutadores espalhados pela quadra, e Tristan Thompson e Mozgov devorando a tabela. Na contenção, muita pancadaria e chega-pra-lá. O que aconteceu, depois, foi que Steve Kerr encontrou um meio de liberar Curry das amarras de Dellavedova e Thompson e, em sua cartada decisiva, fez maior uso de sua “Escalação da Morte”.  Ganhou em velocidade e flexibilidade para vencer três jogos seguidos e fechar a fatura.

Para este ano, a grande questão desta revanche é, se… o Cavs vai defender bem?

É uma pergunta que parece trivial, até meio tonta, mas que precisa ser respondida de modo positivo e enfático em quadra. Do contrário, vão entrar num tiroteio com Golden State, e aí haja confiança em seus arremessos para triunfar na série. Andre Roberson, Kevin Durant, Serge Ibaka, Steven Adams são a prova viva. Esses caras todos de OKC não poderiam ter dado mais trabalho aos cestinhas do Warriors e, mesmo assim, perderam.

Dellavedova e Shumpert podem pressionar Curry e Thompson antes do chute em busca de turnovers. LeBron é outro terror em linhas. Mas a pressão está em cima de Kyrie Irving e Kevin Love, que, por mais talentosos que sejam, não chegam a esta decisão reconhecidos como grandes defensores. Love até se posiciona bem na cobertura, no fechamento de espaços. Mas é um dos piores marcadores da liga em situações de pick-and-roll, com uma movimentação lateral nada ágil, e você pode ter certeza de que o Warriors vai procurá-lo em quadra sempre que possível para agredir. Já Irving peca por uma falta de comprometimento que beira o james-hardeniano. Claro que, na hora de enfrentar um Stephen Curry, o orgulho vai falar mais alto e ele tentará fazer um bom papel no mano a mano. O que vai pegar mais são as ações em que terá de ficar grudado ao armador em movimentações longe da bola, podendo se distrair facilmente. JR Smith, por enquanto, tem se comportado como um bom soldado, mas a gente nunca sabe o que esperar do cara.

Outra: na hora de pôr as peças no tabuleiro, não adianta também pensar apenas em embates individuais, já que tanto o Warriors como o Cavs vão movimentar seus jogadores sem parar e forçar trocas, buscando desequilíbrios. Isso gera aquela disputa de gato x rato sempre interessante, com o posicionamento ofensivo influenciando diretamente o defensivo. Pensem, por exemplo, numa posse de bola que termine com LeBron atacando Draymond Green e que, por ventura, sua tentativa de tiro em flutuação gire no aro e caia nas mãos de Barnes. Pode ser que Love esteja com Iguodala, que já saiu em disparada. Obviamente o ala-pivô não vai consegui-lo acompanhar na corrida. E aí faz como? O defensor mais próximo do ala terá de se deslocar. E alguém vai ter de cuidar de quem ficou livre. Tudo vai acontecer muito rapidamente. As coberturas precisam estar automatizadas, como numa grande engrenagem.

Nesse ponto, a mudança de Mozgov para Frye na escalação faz bem, já que o pivô chutador vai correr para a defesa a partir da linha de três pontos, e não debaixo da tabela, como no caso do russo. A recomposição será mais rápida – por outro lado, Frye pode ser marcado facilmente por Harrison Barnes, e aí lá vem a “Escalação da Morte” para cima de você, complicando a transição ao mesmo tempo. Dureza.

Frye ajuda muito no ataque, mas pode chamar a "Escalação da Morte". Impasse

Com a mão quente, Frye ajuda muito no ataque, mas pode chamar a “Escalação da Morte”. Impasse

Em meia quadra, com os corta-luzes brutais de Andrew Bogut e Festus Ezeli, ou mesmo com os bloqueios entre os astros da “back court”, o Warriors vai tentar liberar seus chutadores. Qualquer desatenção, e lá está Klay Thompson livre na zona morta para fazer o disparo, em meia quadra, ou em transição. Como vimos na final de conferência, ele nem precisa de muito espaço para castigar uma defesa. Você pode substituir Thompson por Curry nessa sentença, que vai dar na mesma: bomba. Então o que se pede é um esforço coletivo, que se defenda como unidade. Algo que os campeões do Oeste fazem muito bem. E que ainda não vimos o Cavs fazer com consistência. Vai ser um desafio, e tanto.

Se tivermos situações de “crunch time”, com o placar apertado nos minutos finais, será curioso ver também que tipo de missão LeBron terá na defesa. No ano passado, como já dissemos, ele estava sobrecarregado, e o melhor era deixá-lo com Andre Iguodala ou Harrison Barnes, mesmo, para respirar um pouco já que todo o ataque dependia de sua energia. Agora, com Irving e Love ao seu redor, é de se esperar que ele não vá ter de fazer tudo por conta, ainda que centralize as ações do time. LBJ poderá respirar fundo de quando em quando – toma lá, dá cá. Poderia, então, assumir uma tarefa mais custosa na contenção? Tipo defender Draymond Green numa formação mais baixa?

Não que o ala-pivô preocupe tanto do ponto de vista individual. Mas é que, se assumir essa bronca, o ídolo do Cavs seria automaticamente envolvido em muitas das tramas do oponente, crescendo a possibilidade de que fique com Curry após uma troca. Kevin Durant topou esse desafio em diversas ocasiões nas últimas semanas, e teve sucesso. Cinco, seis anos atrás, LeBron fazia o mesmo diante de um infernal Derrick Rose. Tem tempo já que isso aconteceu, porém, e, mesmo que queira, talvez ele não consiga mais lidar com os tampinhas. Tyronn Lue, Mike Longabardi (coordenador defensivo) e o veterano vão ter de descobrir isso durante a série. Mas uma formação mais baixa não é justamente o que o Warriors mais quer? Elenco por elenco, os atuais campeões estão mais equipados, com muito mais versatilidade. Por essas e outras, chegam como favoritos ao título.

No que depender de Curry, é para o Warriors correr mais e mais. E chutar mais e mais

No que depender dos Splash Brothers, é para o Warriors correr mais e mais. E chutar mais e mais

O que não quer dizer que também não tenham tópicos espinhosos para resolver. Assim como Russell Westbrook, Kyrie Irving vai atacar Curry sem parar, tentando desgastar o MVP na defesa. Se não tem os músculos da aberração de OKC, tem velocidade para incomodar e muito mais capacidade como chutador. Vocês se lembram de como Bogut recuava no garrafão após Wess quebrar a primeira linha defensiva? A prioridade era proteger o aro a todo custo e induzir o armador ao chute em flutuação. Na sequência final da série, funcionou muito bem. Contra Irving, essa tática seria impossível. Irving e Love dão muito mais poder de fogo ao Cavs. Detroit, Atlanta e Toronto estão aí para concordar. Channing Frye só reforçou essa artilharia e chega à decisão como a encarnação do Tocha Humana.

A movimentação de bola também avançou bastante. Os chutadores e os deslocamentos constantes tendem a inibir a dobra para cima de LeBron e abrem corredores. No ano passado, o craque era acionado quase sempre de costas para a cesta, próximo ao garrafão, sujeito até, sem exagero, a marcação quíntupla, com todos os defensores recuados, um pouco distantes de seus atletas, para tentar pressioná-lo. A tendência é que tenha mais facilidade para agir agora. E isso é um problema. Ele já está no clube dos trintões, mas segue como o jogador mais dominante fisicamente em toda a liga. Isso causa impacto geral no desempenho ofensivo do time, devido a sua visão de jogo. Uma coisa abastece a outra: os chutadores dão espaço para LeBron, e LeBron é o homem certo para abastecer esses chutadores. Os marcadores de Golden State estão cientes de que vão precisar se movimentar bem mais do que faziam contra o Thunder. Vão sentir cansaço? Mas não foi para eles renderem nas finais que o time administrou os minutos da temporada regular? Talvez eles cheguem num nível de intensidade ainda maior, catapultados por OKC.

Por isso, a tendência é que o Cavs ainda tente jogar da forma mais lenta, controlada possível, com a diferença de que seu ataque já não é mais tão previsível. Quanto mais arremessos eles converterem, melhor. Antes de responder com “dãr”, pense que isso vale não só para aumentar a contagem do time no placar, mas também para tentar frear o contra-ataque do Warriors. No caso de erro, de aro, temos um dilema: o Cavs tem Kevin Love como um grande reboteiro ofensivo. Tyronn Lue vai preferir que ele ataque a tabela, como fizeram de modo incessante os superatletas de OKC, ou que volte para a defesa imediatamente após um disparo? O mesmo raciocínio vale para Thompson, que não fez uma boa série contra o Toronto de Bismack Biyombo, mas tem a oportunidade para se redimir agora. Basta jogar com a voracidade que apresentou no ano passado, antes de ser premiado com um contrato de mais de US$ 80 milhões. Há uma brecha para ser aproveitada. Bogut estava caindo aos pedaços contra OKC – pelo menos foi o caso contra o imponente Steven Adams. Ezeli voltou a ser um pivô extremamente inseguro com a bola em mãos. Anderson Varejão é uma incógnita. Será que Mozgov poderia dar as caras na final para tentar pressionar esses grandalhões?

Agora, pode ser que Steve Kerr nem mesmo use tantos pivôs assim. Existe a dúvida se Bogut será mantido no time titular. É certo que Iguodala, depois de aquecer contra Kevin Durant, vai dedicar boa parte de seu tempo a LeBron, procurando ao menos atrapalhar o craque, como aconteceu contra KD pelo Jogo 6 da final do Oeste, já que é impossível anulá-lo. Talvez o mais prudente seja realmente utilizá-lo desde o início, e aí precisa ver se o australiano ou Harrison Barnes lhe fariam companhia. Foi com sua “Escalação da Morte”, com Iguodala, Barnes e Green, que desequilibrou na final de 2015, valendo o título. A eficácia desse quinteto contra o Cavs já está comprovada. Mas aquele era outro Cavs. Né?

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A NBA inteira aguarda diagnóstico de Stephen Curry
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Giancarlo Giampietro

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O Golden State Warriors espancou o Houston Rockets, por 121 a 94, bateu o recorde de cestas de três pontos pelos playoffs da NBA, abriu 3 a 1 na série, mas não vai comemorar absolutamente nada em seu retorno a Oakland. Pelo menos não enquanto os médicos do clube não comunicarem a Steve Kerr que Steph Curry não sofreu nenhuma lesão mais grave. Que não passe de um susto besta, depois de ele escorregar em uma área molhada da quadra.

Depois de perder dois jogos devido a uma torção de tornozelo, o MVP da temporada (ninguém vai esperar o resultado oficial, certo?) agora caiu de mal jeito ao tentar um arremesso de três pelo segundo período e virou o joelho. O que preocupa demais, especialmente depois de ver sua reação nos corredores e de se saber, via Draymond Green, que ele chorava na lateral da quadra, quando percebeu que não conseguiria jogar mais naquela noite. Curry tentou acelerar sua passada rumo ao vestiário, talvez para provar a si mesmo que a lesão não era tão grave assim, e…

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Para Kerr e seus jogadores, a esperança é que ele não tenha nenhum dano estrutural, de ligamento, e que alguns dias a mais de repouso sejam o suficiente para ele jogar – ajudaria também que Clippers e Blazers prolongassem ao máximo sua série. Vai fazer uma ressonância magnética na segunda-feira, e ninguém merece um desfecho diferente desse. Gregg Popovich certamente detestaria ouvir o contrário. Seria algo devastador e que colocaria um tremendo asterisco na atual temporada.

Por tanto tempo, desde que estes caras abriram sua campanha arrebentando com tudo e todos, virou senso comum que apenas dois ou três fatores poderiam impedir o bicampeonato:

A) o Spurs

B) o Cavs, quiçá

C) uma desgraçada lesão.

Essa terceira alternativa foi tão repetida que até faz o estômago embrulhar. Cadê a madeira mais próxima? Só não vale questionar a decisão de por o armador em quadra. Ele não escorregou porque estava com o tornozelo dolorido. Acidentes acontecem, mesmo com uma equipe que vem controlando sistematicamente o tempo de quadra de seus principais jogadores.

Sem Curry, o Warriors demonstrou seu caráter, bem como a profundidade e versatilidade de seu elenco. Após o intervalo, Andre Iguodala (defesa contra Harden, canivete suíço), Klay Thompson (bangue-bangue!) e Draymond Green (defesa contra Howard, imposição física e canivete suíço) jogaram uma barbaridade.

Os últimos 24 minutos de jogo foram vencidos por 65 a 34, com um bombardeio inclemente de longa distância, mesmo que o melhor arremessador do planeta não estivesse nem mesmo no banco de reservas. Foram 21 cestas de três, ou 63 pontos gerados desta maneira. Recorde. Ao todo, nove atletas mataram ao menos uma de fora, liderados pelas sete de Thompson.

Quer dizer: houve vida sem Curry, com duas vitórias sem que o armador estivesse disponível. Só não dá para se iludir muito com isso. O que o segundo tempo também nos mostrou foi o quanto o nível de esforço deste Houston Rockets pode ser patético. Não há desculpas para esse desempenho.

Fica pior ainda se você for comparar com o que os estropiados Memphis Grizzlies e Dallas Mavericks fizeram para chegar aos playoffs. Mesmo que não representem um desafio tão grande, respectivamente, para San Antonio – que já completou sua varrida – e OKC – depois do susto, a bonança –, não há como questionar sua dedicação geral. Na verdade, não dá para comparar, mesmo, nem imaginar que J.B. Bickerstaff pudesse se comover com seus atletas desta maneira :

(Dave Joerger, com louvor.)

Sem Curry, Steve Kerr pode esperar dedicação semelhante em seu vestiário, claro, com muito mais talento que o Esquadrão Suicida de Memphis ou que os veteranos de Dallas. Pensar em qualquer coisa nessa linha, porém, seria doloroso demais.

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Jogo mais emocionante da temporada termina com bomba de Curry. Claro
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Giancarlo Giampietro

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Pobres torcedores de Phoenix, Utah, Brooklyn… Enquanto seus times jogavam partidas praticamente insignificantes, Thunder e Warriors faziam em Oklahoma City o jogo mais emocionante da temporada com grandes lances e erros incríveis até Stephen Curry decidir fechar a conta no último segundo da prorrogação com A Cesta do campeonato, e também uma das maiores cestas da história da liga, por comprovar precisamente o nível que o craque do Golden State alcançou. Ele é jovem ainda e vai viver ainda muitas partidas comoventes, valendo talvez por mais títulos. Mas desconfio que o petardo de, segundo registraram os mesários, 9,75m de distância para definir um triunfo por 121 a 118.

É uma absurda demonstração de habilidade, precisão e confiança. O Warriors tinha direito a pedir um tempo. Dava para ele ter caminhado mais um pouco. Nenhum outro jogador da liga poderia tentar um arremesso desse, nem mesmo Kevin Durant, obrigado a assistir a adaga final do lado de fora, excluído com seis faltas, boquiaberto, como todos os reservas de OKC. Mas Steph Curry, que anotou 46 pontos, está em outro patamar no momento, como arremessador e, chega de polêmica, jogador.  LeBron James tratou de encerrar qualquer discussão a respeito:

 

(Stephen Curry precisa parar com isso, cara!! Ele é ridículo, cara! Nunca vi alguém como ele na história do basquete!)

LeBron postou isso instantes depois do final da partida que envolveu dois candidatos ao título, os quais ele espera que seu Cleveland Cavaliers possa eventualmente superar. Percebem a grandeza e, ao mesmo tempo, o quão atípico é um gesto desses? A declaração pública, espontânea, instantânea veio do sujeito que supostamente deveria clamar o título de melhor do mundo. Mas nem ele consegue mais. O autointitulado “Rei” se curvou. E isso diz muito sobre o estado psicológico de toda a NBA depois de uma exibição destas, gente. Sinceramente, assim como LBJ nunca viu alguém como Curry, não consigo me lembrar de um astro da liga se expressar desta maneira sobre um concorrente. Nem mesmo um Eduardo Nájera falando de Andrés Nocioni, quanto menos de uma figura deste porte.

Mas é isso. Não tem Oscar Robertson, Ron Harper, Isiah Thomas… Não há ninguém mais que possa contestar o que Curry vem fazendo este ano e que, se a NBA se declarar falida neste domingo, 28 de fevereiro, ele já está entre os maiores da história. Nestas duas últimas temporadas, realmente ele fez coisas inéditas. Sabe essa coisa de encestar a nove metros de distância do aro? Pois bem, na temporada o sujeito tem aproveitamento de 50% no campeonato. Sim, 50%, mais do que Andrew Bogut e outros 13 pivôs acertam em lances livres (4,5 metros).

Com 12 cestas de três para cima do Thunder, Curry igualou o recorde em um só jogo, empatando com Kobe Bryant e o inesquecível Donyell Marshall. Considerando que, apenas no mês de fevereiro, essa foi a terceira vez que ele marcou dez ou mais cestas de longa distância na mesma partida, cedo ou tarde, vão cair 13 bombas. Esta é uma marca que precisa ser tão somente dele. O isolamento na tabela histórica ele já conseguiu no que se refere a total de cestas de três numa temporada ele havia conseguido há tempos. De qualquer forma, para alargar sua margem de segurança (risos), ele decidiu já superar desde já seu próprio rendimento, chegando a 267 tiros certeiros. Detalhe: ainda restam 24 partidas para o Warriors.

Antes de dizer que Curry ‘só’ chuta (como se converter 12 de 16 chutes de longa distância fosse algo normal…), precisa lembrar que hoje ele é o jogador mais eficiente da liga e está em vias de quebrar também esse recorde histórico, superando Wilt Chamberlain e Michael Jordan.

Enfim, o cara virou atração obrigatória por onde anda. O preço dos ingressos do Warriors está inflacionado e, a cada ginásio que visita, a arquibancada lota mais cedo, com torcedores ávidos para testemunhar sua rotina de aquecimento. Na qual, inclusive, já arrisca esses arremessos de 9 metros. Quer dizer: não é só talento e confiança. É treino também. E é histórico.

*     *    *

Se já não fosse tormento o bastante a tarefa de tentar conter Curry, a defesa adversária ainda precisa encontrar um jeito de frear Klay Thompson, que marcou 32 pontos, hã, discretos. É impressionante também a velocidade de sua mecânica de arremesso. Se o marcador se concentrar por um milésimo de segundo a mais em Curry, Klay vai fazer você pagar, sendo também muito inteligente em sua movimentação fora da bola, cortando constantemente em backdoor rumo ao garrafão.

*     *     *

Mas basquete não é feito só de cesta, minha gente. E Draymond Green merece o espaço só dele. Neste sábado, o ala-pivô do Warriors teve uma das linhas estatísticas mais estranhas que você pode ver: 2 pontos, 14 rebotes, 14 assistências, 6 roubos de bola e 4 tocos em 44 minutos. Quem na NBA hoje seria capaz de reproduzir números como esses? Ninguém, também. É mais um jogador singular no elenco de Steve Kerr, que não faz nada para atrapalhá-los, o que já é um mérito por si só. Green não fez nenhuma cesta de quadra em oito tentativas e ainda errou três de cinco lances livres. Ainda assim, causou – e causa – tremendo impacto em quadra por sua energia, liderança, vigor e influência tática. Foi – e é – vital para o sucesso de seu time. Seu esforço defensivo no quarto período foi mais uma vez louvável, desafiando na maior uma aberração atlética como Serge Ibaka.

*     *     *

O Warriors concluiu uma sequência de seis jogos em nove dias fora de casa com cinco vitórias, depois de ter tomado uma surra do Portland Trail Blazers na abertura da jornada, de guarda baixa. Atualizando, então as contas: para superar o Chicago Bulls de 1996, precisam de 20 vitórias em suas 24 partidas finais, das quais 17 serão em casa. Se vencerem 19 e perderem 5, igualarão o legendário 72-10. Restam dois confrontos com o Spurs, dois com o Clippers e mais um com o Thunder.

*     *    *

Para constar, antes mesmo de baebater o Thunder, o Warriors já havia assegurado sua classificação para os playoffs, devido a uma derrota do Houston Rockets para o San Antonio Spurs. De novo: restando 27 partidas para eles. Então, se quiser, pode entrar no site oficial do clube e concorrer a ingressos na pré-venda. : )

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Deixamos para o fim as trapalhadas dos momentos decisivos do quarto período. Primeiro foi Andre Iguodala, totalmente pilhado em sua rotação defensiva, que deixou Kevin Durant livre na linha de três pontos para fazer a ajuda em Serge Ibaka. Já seria um tremendo (e raríssimo) equívoco para o veterano defensor, mas foi ainda pior pelo fato de que o senegalês/espanhol importado estava driblando a bola. Situação na qual, longe da cesta, não representava ameaça nenhuma. Bang! Faltavam 14 segundos, e OKC abria quatro pontos.

Daí que, após cesta rápida de Klay, Kerr ordenou um abafa na saída, mas sem que fizessem falta, ainda mais com a bola em cima de Durant. Pois o cestinha entrou em pânico ao se ver encurralado perto da linha de fundo. Em vez de pedir tempo, se precipitou em tentar um passe para o meio da quadra: turnover. Thompson recuperou a bola e passou para Iguodala. Longe de ser um grande chutador, pouco antes do estouro do cronômetro, o ala sofre a falta. E de quem? Durant! Com toda a calma do mundo, o cara de 61,3% na temporada e 71% na carreira, converteu ambos os lances livres e forçou a prorrogação.

No tempo extra, Durant cometeu sua sexta e última falta com 4min13s por jogar ainda. Excluído. Sabe qual foi a última vez que isso havia acontecido? Só em 14 de fevereiro de 2013. Foi apenas a quarta exclusão de sua carreira. Depois de 37 minutos espetaculares em quadra, não dá para dizer que craque do Thunder este inspirado nos últimos dois. Se Iguodala teve a chance de se reabilitar, para Durant não foi o caso. Ele saiu de quadra com  37 pontos, 12 rebotes, 5 assistências, 13-26 nos arremessos e  7-11 de três.

Então fica a pergunta: depois de um jogaço desse, com tantas emoções envolvidas, seria o cestinha capaz, mesmo, de assinar com o Warriors daqui a quatro meses?


Durant no Golden State? Vamos com calma
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Giancarlo Giampietro

MVP e MVP juntos?

MVP e MVP juntos?

A mais nova #WojBomb não é bem uma bomba assim, mas, sim, um texto requentado de uma especulação que já circulava por aí desde antes do início da temporada. Acontece que o superfurão está com um site novinho em folha, o Vertical, que vale a visita, e precisa de um pouquinho mais de promoção. Para justificar o texto, Wojnarowski escreve que, se for para sair de OKC, o Warriors seria uma “séria ameaça” e “o favorito de modo significante” para assinar com ele, segundo fontes anônimas. E só. O resto é conjectura, sempre acompanhado pelos costumeiros condicionais.

O primeiro deles já foi escrito logo acima: Durant vai querer deixar o Thunder, mesmo? Ninguém sabe, nem ele, segundo o próprio artigo.

Da parte da franquia californiana, o fato de estarem interessados no cestinha é algo que… Não surpreende ninguém. Assim: quem não toparia caçar um agente livre desses? Perguntem aos diretores de Pinheiros, Bauru e Caxias: qualquer um o aceitaria de bom grado. Na NBA, todo clube de ponta que não esteja preparado para cortejá-lo não está fazendo a devida lição de casa.

Agora, posto isso, tendo Curry, Klay Thompson, Draymond Green, Andrew Bogut e Andre Iguodala ganhando acima de US$ 11 milhões por ano, seria possível?

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Sim, seria.

Está aqui uma das estratégias possíveis para a contratação, elaborada por Bobby Marks, ex-assistente de gerente geral do Brooklyn Nets, especialista nos meandros do teto salarial da liga. Nas contas de Marks, o clube poderia oferecer um contrato de salário máximo a Durant e ainda renovar com Festus Ezeli e segurar Shaun Livingston para o banco, de sexto homem, além do calouro Kevon Looney, que custa pouco. Em termos de baixas, teria de dizer adeus a guodala, Harrison Barnes e Bogut, além de outros reservas como Leandrinho, Brandon Rush, Marreese Speights e mais. Eles poderiam voltar, porém, em contratos mínimos.

Pensando no elenco atual, despedir-se de Iguodala seria difícil. Estamos falando do MVP das finais de 2015, alguém capaz de incomodar LeBron (e Durant!) aqui e ali. O veterano precisaria ser trocado por nenhum salário imediato, e certamente não faltariam candidatos para absorver os US$ 11 milhões que restam em seu acordo. Barnes, como escolha de Draft do clube, também exigiria coração frio por parte dos cartolas e técnicos: sairia de graça, como agente livre. Por fim, Bogut exigiria uma segunda troca. Se não houver ninguém na fila para assimilar seu contrato, seria dispensado, com a opção de se pagar em prestações o restante de seu contrato. E, aí, pumba: espaço aberto para fechar o negócio.

Para uma gestão que já tirou Iguodala na marra de Denver, enfrentando volumosa concorrência e que se meteu no páreo por Dwight Howard, nos dias em que o pivô ainda despertava suspiros de todos, as manobras acima poderiam ser facilmente executadas, mesmo com as demais franquias morrendo de inveja do futuro clube de São Francisco.

Valeria a pena?

Francamente: claro que valeria, independentemente de um bicampeonato neste ano. Correria-se o risco de mexer com a química do elenco de maneira drástica. Mas… Iguodala tem 32 anos e depende de sua capacidade atlética para se impor em quadra. Bogut está com 31, mas se movimenta como alguém que beira os 40, com um histórico hospitalar que preocupa até benzedeira. Cedo ou tarde, não serão mais as figuras influentes de hoje. A missão de Bob Myers é cuidar do presente, mas sem se esquecer do futuro, e são diversos os casos de clubes que chegaram ao auge e despencaram logo depois. Quanto a Barnes… estamos falando de um dos três melhores jogadores do mundo do outro lado. Desculpe, Harrison, mas tchau, tchau: atacar com Curry, Klay, Draymond e KD seria uma coisa de maluco.

Do ponto de vista pessoal, Durant precisaria sacrificar números e teria de se preparar para ouvir um monte: de que estava arregando, afinando, sendo mercenário etc. etc. etc.

Mas imaginem um cenário em que Warriors e Thunder se enfrentem na final da Conferência Oeste. Plenamente possível, não? E que os atuais campeões apliquem uma surra ou vençam uma série duríssima, por 4 a 3. O craque teria realmente coragem de pular o muro?

É claro que a possibilidade é assustadora para Spurs, Clippers, Rockets e qualquer outro clube com ambições de título para os próximos anos. Mas tem muito por acontecer ainda. Inclusive, no próximo final de semana, o Carnaval, com bomba e bombas pelas ruas.


Jukebox NBA 2015-16: “San Francisco”, para o campeão Warriors
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Giancarlo Giampietro

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Vamos lá: a temporada da NBA se aproxima rapidamente, e o blog inicia sua série prévia sobre o que esperar das 30 franquias da liga. É provável que o pacote invada o calendário oficial de jogos, mas tudo bem, né? Afinal, já aconteceu no ano passado. Para este campeonato, me esbaldo com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que sempre acho divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “San Francisco”, por Scott McKenzie.

Por quê? Hã… a ligação mais óbvia é a geográfica. Uma ponte de sete quilômetros de extensão liga Oakland a San Francisco. A proximidade à metrópole californiana, de certa forma, ofusca a atual sede, e o próprio nome da franquia entrega isso: estamos falando dos guerreiros do Golen State, e, não, de Oakland. Além disso, os proprietários do clube não escondem a intenção de levar o time de vez para lá, encaminhando a construção de mais uma dessas arenas ultramodernas, sonhando inclusive com a mudança já para 2017, ainda que uma estimativa mais conservadora valha para 2018.

Sim, tal como na primeira linha da letra do clássico de McKenzie, “eles estão indo para San Francisco”, e parece que não há seus torcedores possam fazer, mesmo que eles estejam entre os mais fanáticos da liga e que estejam enfim curtindo uma fase vencedora depois de duas décadas levando pancadas. O dinheiro é que está chamando aqui, e não pessoas gentis com flores no cabelo.  Mas há uma razão mais legal ainda para escolher esta música – e que, magina, não nada a ver com o fato de ser considerada uma das mais bonitas da história na opinião de um certo basqueteiro.

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O hit de 1967 vem numa época em que a região da baía estava fervendo e fritando miolos por assim dizer, com o boom de uma geração hipponga com aquela ânsia de se libertar de qualquer amarra, preconceito ou figura de autoridade que pudessem lhe enfezar. Ali, em São Francisco, temos uma das poucas metrópoles em que esse legado realmente perdurou, em que pese a ascensão high-tech do Vale do Silício.  Há 50 anos, a galera estava pensando em migrar para o Oeste, para a Baía em busca desse clima. “Por toda a nação (há) uma vibração estranha. As pessoas em movimento. Há toda uma geração com uma nova explicação”, canta o trovador todo paz-e-amor.

É que, se formos pensar no que se passa com a NBA hoje, existe também uma nova geração que ganhou no Warriors seu maior símbolo: vencer com o arremesso de três pontos sendo uma arma relevante, o jogo rápido e vistoso, mas sustentando uma das melhores defesas. Como Phil Jackson está de prova, esse movimento causa estranheza em muitos círculos da liga ainda. Mas a revolução festiva que o time apronta não se limita ao conceito tático. E, para fazer jus à vocação hipster, sua diretoria é pautada por mentes abertas, em diálogo constante e progressista, ouvindo um ícone da velha guarda como Jerry West ou um membro do estafe de Steve Kerr que nem 30 anos tem.

CLEVELAND, OH - JUNE 16: The Golden State Warriors celebrates with the Larry O'Brien NBA Championship Trophy after winning Game Six of the 2015 NBA Finals against the Cleveland Cavaliers at Quicken Loans Arena on June 16, 2015 in Cleveland, Ohio. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this photograph, user is consenting to the terms and conditions of Getty Images License Agreement. (Photo by Ezra Shaw/Getty Images)

Campeões

A pedida? O bicampeonato. É bem curioso até. O Golden State tem uma base jovem ainda. Em relação ao elenco que ganhou o primeiro título da franquia em 40 anos, pouco, ou quase nada foi alterado. Até mesmo a mudança mais significativa pode ser considerada uma melhoria para Steve Kerr, que nem precisava de reforços, uma vez que, com um plantel com tantos atletas versáteis, ele já tinha como alterar uma partida olhando apenas para o banco de reservas, sabendo bem como utilizá-las.

Não que Jason Thompson seja um jogador superior a David Lee. Mas, para o papel que pode caber ao ex-pivô do Sacramento Kings, com minutos esporádicos e pouco volume no ataque, o que ele tem a oferecer é mais valioso, como a boa defesa em situação de pick and roll e no fechamento de espaços no lado contrário. Também tem físico e impulsão para ajudar no rebote e provavelmente pode surgir como um concorrente para Mareese Speights, que é um arremessador de média distância mais qualificado. Além disso, para complementar o banco, estão dando uma chance a Ben Gordon, que seria mais um chutador emergencial, no caso de alguma lesão para Leandrinho ou os dois All-Stars titulares. Desde que o britânico, claro, entenda que seus dias de referência ofensiva já acabaram.

Jason Thompson, um cara de sorte. Saiu de Sacramento para isso

Jason Thompson, um cara de sorte. Saiu de Sacramento para isso

De resto, é a mesmíssima base vencedora, com todos os papéis na rotação pré-definidos. E isso, meus caros, vale muito. Ou por acaso vamos ignorar que, dentre tantos fatores que nos ajudam a entender o o duradouro sucesso do San Antonio Spurs, termos como “continuidade”, “química”, “cultura” apareciam constantemente no topo da lista? Depois de “Tim Duncan”, claro. Pois é. O raciocínio deve se aplicar da mesma forma aqui.

Agora, segundo a impressão dos jogadores do Warriors, não vem acontecendo. Eles não sentem que, entre insiders e jornalistas da liga, estejam recebendo o devido respeito.Veem todos falarem sobre Rockets, Clippers e, claro, o próprio Spurs, o que não deixa de ser irônico, já que o clube texano passou por uma de suas intertemporadas mais agitadas e com uma grande troca de jogadores, ao menos para o padrão da gestão Popovich e Buford.

E quer saber do que mais? No final das contas, isso só joga contra a concorrência de Chef Curry & Cia. Depois de um título, uma das grandes ameaças é justamente o relaxamento ou a temerosa “Doença do Mais” – aquele mal que Pat Riley, o Dr. PHD em Estruturas Vitoriosas, já registrou em seus estudos, em que a gana por maior reconhecimento, mais minutos, mais arremessos e badalação pode fazer ruir um time campeão. Com a percepção de que há desconfiança ou descrédito em torno de seu título, a turma de Steve Kerr tem mais motivos para fortalecer sua união. Há apenas o contrato de Harrison Barnes para se resolver.

Nesse ponto, a declaração de Doc Rivers de que o Golden State possa ter tido “sorte” no último campeonato pode ser o maior tiro pela culatra de sua gestão, superando Spencer Hawes e dependendo do que for acontecer com aquele tal de Lance Stephenson. Por que Rivers falaria uma bobagem dessas? O técnico e manda-chuva do Clippers pode até achar que seu rival de divisão foi sortudo de ter escapado de um confronto com sua equipe ou com o Spurs nos playffs. Mas, vem cá: por que exatamente o Clippers não estava na final de conferência para desafiá-los? Ah, por ter sofrido um dos maiores colapsos de que se tem notícia na história recente dos playoffs? Algo que teve a ver com o esgotamento de sua equipe, devido ao excesso de minutos da temporada regular já que seu banco de reservas era uma piada ambulante? Sei.

Stephen Curry certamente vai ser mais marcado neste ano. E vai adiantar de algo?

Stephen Curry certamente vai ser mais marcado neste ano. E vai adiantar de algo?

E, para seguir no campo da “sorte”, talvez seja tenha sido isso mesmo que aconteceu com os campeões, que, não por coincidência, foram aqueles que menos minutos perderam devido a lesões durante toda a competição. Ou, quiçá, o acaso tenha passado longe aqui, já que o Warriors tem uma comissão técnica, um estafe médico e uma diretoria irrequietos e em perfeita sintonia, sempre dispostos a adotar medidas pouco usuais no dia a dia da liga se elas puderem significar menor probabilidade de desgaste para seus atletas. Claro que lances de azar acontecem, como cotovelada violenta na disputa por um rebote ou uma torção de tornozelo. Agora, favor notar que, após ser visto como um atleta com as articulações de vidro, Curry perdeu um total de apenas dez partidas nas últimas três campanhas.

Em termos de problemas médicos, a grande questão em torno do clube fica por conta da saúde de Steve Kerr. Que coisa, hein? O treinador está afastado do time por tempo indeterminado para se reabilitar de duas cirurgias nas costas. Ele simplesmente rompeu um disco durante o Jogo 5 das finais. Ao retornar ao trabalho para o training camp, admitiu que suas férias foram basicamente infernais por conta disso. Técnico ganha jogo? Estamos prestes a conferir, ainda mais com a saída de Alvin Gentry para New Orleans. Quem fica responsável pela condução da equipe, por ora, tem pouca experiência no assunto. Luke Walton, senhoras e senhores! Está certo que o ex-ala do Lakers esteve envolvido com o basquete desde a época de fraldinha. Que era um jogador muito inteligente. Que ainda terá Ron Adams ao seu lado como grande ajuda. Que seu time não deve ter dificuldade para levar o sistema adiante. Mas não deixa de ser uma situação curiosa para se observar, dependendo de quanto tempo Kerr ficará longe. No Oeste competitivo, qualquer deslize pode significar a perda de mando de quadra lá na frente. E, para o timaço do Warriors, essa é preocupação legítima, ainda que no ramo hipotético.

A gestão: avançada. Bom, já citamos um ou outro ponto acima. A palavra final é do proprietário Joe Lacob, o martelo nunca vai ser batido sem que antes ocorra uma boa discussão, debatendo pontos contra, a favor, até se chegar a um consenso, ou algo perto disso. E, ao contrário do que 98% da internet acredita, isso faz bem e ajuda na condução dos negócios. O bacana aqui é ver a diversidade das vozes. Temos o ex-atleta que inspira até hoje o logo da NBA. Outro grande arremessador que ganhou cinco títulos em quadra. Um ex-agente. Um bilionário que era acionista minoritário do Boston Celtics. O filho do dono, mas que parece um pouco mais competente do que a média já vista na liga. Outro fez carreira no clube, começando como analista de vídeo até se tornar assistente do gerente geral. Diferentes origens, diferentes pontos de vista, expansão de conhecimento e bons resultados.

Quanto a Kerr, o certo era nem escrever muito a respeito. Pois não há o que se contestar em seu primeiro ano como técnico. Foi simplesmente um trabalho impecável. Ele venceu e, melhor sem perder o bom humor, sendo mais um caso de treinador que afasta a ideia de que é preciso ser rabugento para domar um time de craques milionários. Ainda assim, parece haver muitos que julgam que ele “só cumpriu com sua obrigação por ter um timaço em mãos”. É, pois é. Não me recordo de ver, em outubro de 2014, muita gente alçando o Golden State a candidato ao título, quanto menos prevendo que eles fariam uma das melhores campanhas da história. Também é difícil de entender como pode-se julgar normal que seu time tenha aliado o topo do ranking de eficiência defensiva com a segunda colocação da lista ofensiva (perdendo por 0,1 ponto para o Clippers e vindo do 12º lugar no campeonato anterior). Isso, claro, com o ritmo mais acelerado da paróquia. Uma aberração.

Leandrinho, o segundo título brasileiro

Leandrinho, o segundo título brasileiro

O brasileiro: Leandrinho. O reencontro com Kerr e com um time tão disposto a correr fez bem ao ala-armador, que fez sua melhor temporada desde o primeiro ano em Toronto (2010-11), estando três anos mais velho e se recuperando de uma cirurgia de ligamento cruzado no joelho. Kerr soube como tirar o melhor do ligeirinho. Controlou seus minutos e não pediu mais do que habitual explosão em direção ao garrafão, a arrancada no contra-ataque e o arremesso do lado contrário e ainda contou com sua energia positiva para animar o vestiário.  A recompensa foi um aumento de US$ 1 milhão no salário, valendo mais do que havia ganhado nas últimas temporadas. Seu papel não deve ser alterado nesta temporada.

Olho nele: Klay Thompson. O salto que Thompson deu em sua quarta temporada foi formidável, arcando com maiores responsabilidades ofensivas e respondendo com os melhores índices ofensivos, defensivos, de eficiência, de assistências e nos chutes de três pontos de sua carreira. Entrou no time das estrelas e não deve sair tão cedo. Vale observar se o ala, de 24 anos, será capaz de elevar novamente sua produção a um outro patamar, talvez se tornando uma ameaça ainda maior no drible, mesmo que seu percentual de turnovers já seja baixo o bastante.

card-ricky-barry-warriors-76Um card do passado: Rick Barry. O Warriors seu primeiro título em Oakland em 1975, liderado por um autêntico sniper em Barry, um dos maiores pontuadores que a NBA já viu, ao mesmo tempo que também era uma força criadora e, segundo consta, um dos jogadores mais detestáveis da história. Você abre o “Book of Basketball” de Bill Simmons e busca por citações da fera. Vai encontrar declarações resgatadas como essa de Billy Paultz: “Ao redor da liga, a opinião era de que ele era o jogador mais arrogante da história. Não conseguia acreditar. Metade dos jogadores não gostavam dele. A outra metade o odiava”.

Ainda assim, o cara era talentoso o bastante para compensar as coisas em quadra e carregar sua equipe. Em 1976, retornaram à final da Conferência Oeste e perderam o Jogo 7 para o Houston Rockets, uma equipe inferior, segundo Simmons. Barry se envolveu numa briga com Ricky Sobers, um ala bem mais forte. Nenhum dos seus companheiros intervieram a seu favor. No segundo tempo, o pai de Jon, Brent e Drew simplesmente deixou de arremessar, assim como Kobe Bryant fez um dia pelo Lakers em duelo com o Phoenix Suns, para perplexidade de Phil Jackson. Ambos foram derrotados. No Golden State deste ano, com a adoração que Stephen Curry desperta, é bem difícil que isso vá acontecer.


Campeão, Golden State é hoje o queridinho da NBA. Nem sempre foi assim
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Giancarlo Giampietro

CLEVELAND, OH - JUNE 16: The Golden State Warriors celebrates with the Larry O'Brien NBA Championship Trophy after winning Game Six of the 2015 NBA Finals against the Cleveland Cavaliers at Quicken Loans Arena on June 16, 2015 in Cleveland, Ohio. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this photograph, user is consenting to the terms and conditions of Getty Images License Agreement. (Photo by Ezra Shaw/Getty Images)

Eles estrelaram contra LeBron James as #NBAFinals de maior audiência nas transmissões da ABC. Stephen Curry foi alçado ao rol dos jogadores mais populares da liga. O estilo de jogo é vistoso, frenético, empolgante. Eles se tornaram os queridinhos da América, antes mesmo da conquista do título nesta terça-feira, com uma vitória por 105 a 97 sobre o Cleveland Cavaliers para fechar a série.

Não tem muito o que ser dito sobre este Jogo 6, em relação ao que se passou nos últimos duelos (comentários linkados logo abaixo). O Cavs fez o que podia com o que havia de disponível. David Blatt não conseguiu criar um fato novo na série – e sabe-se lá qual fato poderia ser esse, com um banco de reservas muito limitado devido aos desfalques de Kyrie, Love e Varejão e a surtada básica de JR Smith, dos profissionais milionários mais imaturos que a gente vai ver por aí. Não dava para esperar nada de Mike Miller, Shawn Marion ou Kendrick Perkins.

E não dava para pedir mais nada de seu grande craque, o ídolo local que ficou a uma assistência de mais um triple-double, com 32 pontos e 18 rebotes em 47 minutos. O camisa 23 terminou a série decisiva com 35,8 pontos, 13,3 rebotes, 8,8 assistências – é a primeira vez que um atleta lidera as finais nestes três quesitos –, em 45,8 minutos, mas com 39,8% nos arremessos de quadra. Amarga o quarto vice-campeonato em seis finais, mas não há absolutamente nada o que falar a respeito de seu desempenho desta vez. Está entre os maiores já.

A série
>> Jogo 1: 44 pontos para LeBron, e o Warriors fez boa defesa
>> Jogo 1: Iguodala, o reserva de US$ 12 m que roubou a cena
>> Jogo 2: Tenso, brigado… foi um duelo para Dellavedova
>> Jogo 3: Cavs vence e vira a série, dominando. Ou quase isso
>> Jogo 3: Blatt ainda não levou o título. Mas merece aplausos
>> Jogo 4: Cavs entrou de All In. O Warriors tinha mais fichas

>> Jogo 4: O (outro) jogo de equipe do #GSW contra limitado Cavs
>> Jogo 5: Curry merecia uma dessas, e o Warriors fica perto

A partir do quarto período da terceira partida, com uma arrancada que ameaçou aquela que seria a segunda vitória do Cleveland, os campeões do Oeste sobraram – mesmo que não tenham conseguido impor seu estilo seu ritmo. De modo que, agora, eles são também os campeões da liga como um todo, após 40 anos. Aclamados. Entre eles está Leandrinho, o segundo brasileiro campeão da liga, 12 anos depois de sua estreia. Com um papel limitado, mas jogando muito bem, importante na engrenagem de um grande time, que somou 83 vitórias e 20 derrotas em todo o campeonato.

Esse é o terceiro maior total de triunfos na história, atrás apenas do Bulls de 1996 e 97, e uma quantia que se explica pela combinação de ataque (o mais eficiente da temporada, num empate técnico com o Clippers) e também a melhor defesa, mesmo jogando no ritmo mais acelerado do campeonato. Uma combinação inédita, aliás, mas aplicada por um vencedor como Steve Kerr, em seu primeiro ano no cargo, para dominar uma Conferência Oeste inóspita.

>> Geração Nenê: reconhecimento com o 2º título
>>
40 anos de sofrimento: as trapalhadas do #GSW

A grande surpresa foi, confesso, a eleição de Andre Iguodala a MVP das finais. Não que não merecesse: teve o meu voto virtual. Acreditava, porém, que Stephen Curry levaria, pelo maior cartaz (e não seria um absurdo, digamos) – já que seria muito difícil entregar o troféu para o melhor em quadra, mesmo, uma vez que ele saiu de quadra derrotado. A candidatura do ala teve como plataforma principal a defesa que fez para cima de LeBron. Incrível sua resistência diante de uma força da natureza. O astro adversário acumulou números espetaculares, mas o fato é que, quando marcado diretamente pelo antigo sexto homem do Warriors, seu rendimento foi ínfimo.

Mas não fica só nisso: Iguodala foi o atleta mais consistente para Steve Kerr durante as seis partidas e também contribuiu no ataque, com 16,3 pontos, 4,0 assistências, 40% nos arremessos de longa distância e 52,1% no aproveitamento geral de quadra. Para não falar dos 5,8 rebotes, importantíssimos para facilitar a decisão do técnico de promovê-lo ao time titular no Jogo 4, no lugar de Bogut. Com ele em quadra, o Golden State teve saldo de 62 pontos em 222 minutos de ação. Nos 76 em que descansou, sua equipe saiu com placar negativo (-19).

>> Não sai do Facebook? Curta a página do 21 lá
>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Ao contrário do que se passou com o Cavs, contudo, com sua total dependência de LeBron, o Golden State realmente venceu como conjunto. É nessa hora que vale a pena recuperar o histórico de alguns dos personagens. Quem são esses caras, afinal? E aí que se dá conta de que nem sempre foi assim. Nem sempre foram as figuras mais aplaudidas do pedaço. Muitos daqueles que hoje são celebrados já ouviram muitos “nãos” na carreira, a começar pelo MVP da temporada regular:

Stephen Curry: filho de um jogador de sólida carreira na NBA, mas o sobrenome não foi o bastante para que conseguisse bolsa em uma universidade mais prestigiosa. Fechou então com a modesta instituição de Davidson, que mandou, no total, apenas seis jogadores para a grande liga. Quatro deles se aposentaram antes dos anos 80. Era considerado muito frágil, baixo, lento para que se tornasse um profissional, quanto menos seu jogador mais valioso.

Klay Thompson: mais um caso de prospecto que tinha tudo para se profissionalizar com tranquilidade. Afinal, também tinha um pai com currículo significativo, sendo inclusive campeão pelo Lakers e número um em seu Draft. Quando colegial, nas partidas mais relevantes, ficava mais tempo no banco, vendo um tal de James Harden, antes da barba, brilhar em quadra. Foi ignorado pelas principais universidades da Califórnia e teve de buscar uma vaguinha em Washington State, que, ao menos, revelou 16 jogadores de elite. Também teve um incidente com a polícia em sua época de universitário, detido com posse de maconha. Não curto muito a patrulha contra atletas fora de quadra, mas obviamente que se trata de uma notícia que poderia ter atrapalhado o lançamento de sua carreira. Hoje, um All-Star e campeão mundial.

Leandrinho e Steve Kerr: o título não saiu pelo Phoenix Suns. Mas veio após 12 anos na liga

Leandrinho e Steve Kerr: o título não saiu pelo Phoenix Suns. Mas veio após 12 anos na liga

Leandrinho: sair do basquete brasileiro para brilhar na NBA parece, hoje, algo fácil, devido ao constante influxo de talento daqui para lá. Balela. É uma transição ainda muito difícil. Mais complicado ainda é se fixar por lá e vencer (muitos jogos) e ganhar (uma bolada e prêmios). Foi o caso do ligeirinho, estreante em 2003. O tempo passa, porém, e, já veterano, o ala-armador passou por provações talvez ainda mais desafiadoras que o Draft. Com uma cirurgia por lesão do ligamento cruzado anterior, teve de retomar sua carreira no Brasil, com ajuda do Pinheiros, até retornar aos Estados Unidos pela porta dos fundos. Nem o Golden State Warriors confiava plenamente em sua recuperação, diga-se, tendo lhe oferecido um contrato sem garantias. Daqueles em que o clube pode cortar o atleta até janeiro, sem obrigação de pagar todo o salário acordado. Pouco provável que tenha de esperar tanto por um emprego na temporada que vem.

Ao sair de quadra, Draymond Green fez questão de relembrar como muitos lhe disseram que ele não teria a menor chance na NBA

Ao sair de quadra, Draymond Green fez questão de relembrar como muitos lhe disseram que ele não teria a menor chance na NBA

Draymond Green: um ala-pivô de 2,01 m? E lento? Sem impulsão? Na NBA? Ah, conta outra. A revelação de Michigan State construiu um grande currículo na NCAA, tinha os números ao seu favor, mas seu perfil não agradava tanto assim a grande parte dos scouts. Foi selecionado, como um senior, aos 22 anos, apenas na 35ª colocação, atrás, pela ordem, de Jae Crowder, Bernard James, Tomas Satoransky, Jeffery Taylor, seu companheiro Festus Ezeli, Marquis Teague, Perry Jones… Enfim, entenderam, né? Até Fabrício Melo, o 22º, saiu antes. Está preparado para receber um contrato na casa de US$ 15 milhões anuais.

Andre Iguodala: ok, um jogador elogiado basicamente durante toda a sua carreira. Como ele mesmo disse ao receber o prêmio em quadra: já foi comparado a um jovem Scottie Pippen, um jovem Grant Hill, Penny Hardaway… Para tê-lo no elenco, o Golden State pagou duas escolhas de Draft. Acontece que, neste ano, ao se apresentar para o training camp, foi puxado de canto por Steve Kerr para ser informado de que viraria reserva. O técnico o enxergava como o sexto homem do time. Pode parecer bobagem, mas há muitos atletas que não tolerariam um comunicado desses e pediriam troca. (Oi, Dion Waiters). Iguodala admite que estranhou a ideia a princípio. Mas topou a causa e não abriu o bico em nenhum momento durante o campeonato. Acabou, por isso, fazendo história, ao ser o primeiro MVP das finais sem ter começado sequer uma partida da temporada regular como titular.

– Andrew Bogut e Shaun Livingston: mais dois casos de atletas prestigiados desde cedo. A dificuldade que a dupla teve de enfrentar teve a ver com questões física. Gravíssimas lesões, daquelas que ameaçam uma carreira. Especialmente no caso de Livingston, quando ainda era um promissor armador pelo Los Angeles Clippers, aos 21, em 2007, e arrebentou o joelho num dos lances mais assustadores que você vai achar no YouTube. Ficou um ano parado, em recuperação. Desde que voltou, defendeu sete times diferentes (incluindo o Cleveland) até chegar nesta temporada ao Golden State. A lesão mais séria de Bogut aconteceu em 2010, quando, após uma enterrada em Milwaukee, caiu em quadra com tudo, sofrendo deslocamento no cotovelo, fratura no braço e torção do pulso.


Steph Curry merecia uma dessas, e Warriors fica perto do título
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Giancarlo Giampietro

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Stephen Curry estava precisando de uma partida dessas. Para fazer justiça ao seu campeonato magnífico. Não que estivesse jogando mal. Nas últimas duas partidas, já havia feito algumas coisas memoráveis. Mas estava faltando uma atuação seminal, assim como foi toda a sua campanha. Nas palavras de Everaldo Marques… Bingo! Aconteceu neste domingo, e o Golden State Warriors agora está a uma vitória do título, tendo vencido o Cleveland Cavaliers por 104 a 91.

LeBron James conseguiu o segundo triple-double nestas #NBAFinals, mas foi privado da comemoração, diferentemente do que havia acontecido no Jogo 2, quando saiu de Oakland com o mando de quadra ao seu favor. Aquela foi mais uma exibição primorosa do astro, o melhor jogador desta série decisiva, sem dúvida. Até mesmo coadjuvantes como Matthew Dellavedova e Andre Iguodala já tiveram seus momentos definitivos. Numa série sensacional, com suas idas e vindas, faltava, então, uma exibição magnífica do MVP da temporada. E aí vieram os 37 pontos em 42 minutos, com sete bolas de três pontos em 13 tentativas.

Melhor: boa parte de sua produção desenrolada no quarto final, respondendo a mais uma tentativa de marcha de James e seus aguerridos cavaleiros. Curry marcou 17 pontos na última parcial (um recorde nos últimos 40 anos), com 5-7 nos arremessos em geral, 3-5 de longa distância e mais 4-4 lances livres. Algumas de suas cestas desafiaram qualquer lógica pré-estabelecida – cujos vídeos deveriam ser acompanhados por algum aviso do tipo: “Não tentem repetir isso em casa. Ou melhor, na sua quadra”.

A série
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Sim, corre-se esse risco. Assim como Kevin Garnett influenciou sabe-se lá quantos pirulões a expandir seu arsenal de fundamentos, neste exato momento milhares de baixotinhos estão assistindo ao astro do Warriors, congelando a imagem frame a frame, para tentar imitar seus movimentos, acreditando ser possível. Provavelmente um pirralho chegue perto no futuro. Igualá-lo? Impossível. Estamos vendo alguém único, que realmente quebra paradigmas em quadra com sua destreza nos arremessos a partir de um controle de bola belíssimo.

Curry joga, de certa forma, no limite. É o máximo de refinamento técnico que se tem por aí hoje, mas por vezes passa a impressão de que está flertando com a displicência. Contra uma defesa feroz, combativa como a do Cavs, a eficiência não foi a mesma da temporada regular ou dos playoffs. Seus números em pontos, assistências e aproveitamento nos arremessos caiu, enquanto o de turnovers decolou, com média de cinco por partida. A segunda partida beirou o desespero, por exemplo, com 18 arremessos errados em 23 tentativas e mais desperdícios de posse de bola (seis) do que assistências (cinco).

Dellavedova foi bastante elogiado por seu trabalho, e com razão. Matéria do Plain Dealer, todavia, indica que talvez os elogios tenham sido exagerados. Pelo visto do ponto de vista do astro do Warriors, que estaria pê da vida com a atenção dada ao seu marcador. “As pessoas mexeram com o Steph, o que é positivo para nós”, afirmou Andrew Bogut, hoje relegado a assistente técnico no banco, sobre a badalação em torno de seu compatriota. “É algo que você não gostaria de fazer, mas que para nós funcionou muito bem. O Delly é um grande defensor, mas sabemos que não vai anular Curry.”

Se foi essa sensação de desrespeito, se acabou o gás do adversário ou se simplesmente o cestinha do Warriors teve duas noites pouco inspiradas, a gente dificilmente será comunicado oficialmente a respeito. Fato é que demorou um pouco para que ele se encontrasse no duelo. Quando achou o rumo… Aí danou-se tudo. Depois de acertar apenas 4 de 21 disparos de fora, converteu 18 de 33 nas últimas três. Faz parte do pacote, e o torcedor do Golden State já está mais que acostumado – e maravilhado – com isso. Nas finais, o restante do público pode se entregar.

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Claro que uma diferença dessas não acontece ao acaso. Steve Kerr mudou o modo como explorar seus talentos, deixando quele retomasse alguns hábitos dos tempos de Mark Jackson com mais investidas individuais, uma vez que Dellavedova estava fazendo um excelente papel em lhe negar a bola a partir de trilhas do lado contrário. Outro fato é o simples cansaço de seus oponentes em geral. Algo difícil de quantificar, mas que é inegável e muito relevante.

Nos últimos três jogos, a equipe californiana venceu o quarto período por um placar agregado de 94 a 57. São 37 pontos de vantagem em 36 minutos. O Cavs faz um jogo duro por três parciais e despenca na última, cai por terra. Neste domingo, enquanto o Warriors marcou 19 pontos nos últimos cinco minutos, com 5-8 de quadra, os visitantes ficaram, respectivamente, com 7 e 2-10. Uma discrepância de rendimento que impediu mais um desfecho ao estilo thriller, como tivemos nas duas primeiras partidas em Oakland.

Mas foi um jogaço, de todo modo. Se, bem no início, o basquete apresentado era tenebroso, com direito a cinco turnovers e três airballs em pouco mais de quatro minutos de ação, depois o nível subiu consideravelmente. A emoção foi junto. Foram 20 trocas de líder no placar e 10 empates até o Warriors desgarrar nos últimos quatro minutos. Quando cronômetro ainda mostrava 4min52s, a vantagem dos anfitriões era de apenas um ponto, 85 a 84, depois de uma cesta de Tristan Thompson. Um pouco antes, a 7min47s, com uma bola de muito longe de LeBron, o Cavs chegou a liderar por 80 a 79. Mas o time não teria, então, condições de esfriar Curry, nem mesmo com as faltas intencionais para cima de Andre Iguodala.

Blatt e LeBron tentaram de tudo, aliás. Da parte do treinador, o ajuste maior foi a redução significativa dos minutos de Mozgov, que terminou com apenas nove – e zerado em pontuação, depois de fazer muito provavelmente a melhor partida de sua vida na quinta-feira. Houve momentos em que o superastro era o mais alto do time em quadra, acompanhado por James Jones, Iman Shumpert, JR Smith e Matthew Dellavedova. E, por um bom tempo, deu certo.

É o que dá ter um talento como o de LBJ no elenco. Mesmo em sua formação mais baixa, o Cavs era o time mais forte e físico por causa da mera presença de seu camisa 23, um jogador realmente transcendental, que se juntou a Magic Johnson no clube daqueles que foi armador e pivô num mesmo jogo pelas finais da NBA. A diferença: Magic fez isso em 1980, outra época, com jogo muito mais concentrado no garrafão, claro. (E foi campeão).

Mas, por favor, creio que não há nada que se possa atirar na direção do craque do Ohio, independentemente do que vai acontecer na próxima terça. Se vai ter empate, ou se a conta fecha em seis a favor do Warriors. Dessa vez ele saiu de quadra com 40 pontos, 14 rebotes e 11 assistências, sendo apenas o segundo jogador na história da liga a conseguir um triple-double com 40 pontos na série decisiva. O outro foi Jerry West, em 1969, pelo Los Angeles Lakers. Ironicamente o raro ano em que um jogador do time derrotado foi eleito o MVP do confronto – e ninguém do Boston Celtics estranhou. Não seria absurdo algum repetir esse feito agora com James.

Pois, de novo, não foi só uma questão de brilho estatístico, mesmo que ele tenha tido sua partida mais eficiente nos arremessos (15-34). O que engrandece mais seu desempenho é a dinâmica desses jogos, com o craque carregando o time enquanto pode. No primeiro tempo, das 17 cestas de quadra de Cleveland, 16 tiveram seu envolvimento direto ou indireto. No final, nos ataques em que LeBron não arremessou ou não deu um passe para chute, seus companheiros acertaram apenas 6 em 25 tentativas, com 1-11 nos três pontos.

Já Curry obviamente não fez as coisas sozinho. A disparidade de talento entre um plantel e o outro (desfalcado) é enorme. O Warriors conseguiu 67 pontos com jogadores que não atendem pelo nome de Stephen. Já os atletas de sobrenome diferente de James marcaram 51. Tristan Thompson foi o único parceiro que conseguiu produzir em alto nível neste Jogo 5, com 19 pontos e 10 rebotes. JR Smith deu sinal de vida no primeiro tempo, com 14 pontos, mas voltou a se atrapalhar no segundo. Iman Shumpert foi bem nos chutes da zona morta (3-6), mas tem sérias dificuldades para colocar a bola no chão e completar uma bandeja. As limitações de Dellavedova foram expostas. Já Mike Miller provou, nos surpreendentes 14 minutos que recebeu, que não sua presença neste tipo de jogo já não é mais justificável – se mexe pela quadra com as costas travadas e não dá conta de parar ninguém, sendo até inexplicável a o número reduzido de tentativas do Warriors para atacá-lo no um contra um.

Do outro lado, Andre Iguodala pode ter vivido um pesadelo nos lances livres, errando 9 de 11, mas jogou demais novamente, com 14 pontos, 8 rebotes e 7 assistências. Em termos de consistência e esforço, o ala é o melhor jogador do Warriors nas últimas duas semanas. Depois do que o Chef Curry fez, porém, dificilmente vai perder o prêmio de MVP das finais, a não ser que os eleitores quebrem o protocolo, indicando James.

Draymond Green foi outro que entregou de tudo um pouco a Steve Kerr, com 16 pontos, 9 rebotes e 6 assistências (ainda que se atrapalhando com a bola quando enfrentou jogadores mais baixos, cometendo quatro turnovers). Harrison Barnes atacou os rebotes como nunca, terminando com 10 no total e ainda se impôs atleticamente em alguns embates com James. Se Klay Thompson esteve bem abaixo da média, com 12 pontos em 14 arremessos, seu deslize permitiu a Leandrinho mais minutos, e o ala-armador respondeu muito bem, com sua melhor exibição na série: 13 pontos em 17 minutos, agressivo e novamente eficiente (4-5 nos arremessos, 4-4 nos lances livres). É de se imaginar que o brasileiro não vá ter problema algum para assinar seu próximo contrato:

Isto é, Steve Kerr tem mais alternativas com quem trabalhar. Dessa vez, ele usou até mesmo o pivô Festus Ezeli em alguns minutos estranhos de rotação para abrir o quarto final, enquanto Blatt tinha Mozgov em quadra. O técnico do Cavs foi novamente superior, mas seu raio de ação, porém, se encerra com as limitações da equipe. Kerr, porém, sempre vai ter o mérito de ter feito sua mudança drástica antes do Jogo 4 e também por lidar da melhor forma com os jogos incríveis de LeBron. “Ele tem a bola em mãos por muito tempo. Nós temos de continuar com nosso plano e não esmorecer se ele acertar seus arremessos. Ele vai, não tem jeito”, diz Curry, sobre seu concorrente, meio que repetindo um mantra desde o Jogo 1. “Mas, no decorrer de 48 minutos, esperamos desgastá-lo e deixar as coisas muito difíceis para ele.”

É o que tem acontecido. LeBron vem produzindo, mas corre o risco de, com o distanciamento histórico, ver suas exibições relevadas. O craque sabe como as coisas funcionam, após ter conquistado dois títulos e enfrentou muitas decepções. Curry também está ciente a respeito. Por isso, não vai se gabar de um outro lance que tira do sério até mesmo os jogadores que estão na plateia. Como quando passou a descadeirar um australiano já sem se incomodar com a pegada do australiano, entendendo como responder ao desafio. Continua com os lances de efeito, mas com os olhos para a cesta, para o título. O espetáculo que aconteça de maneira inerente. “Foram alguns momentos legais, mas eles só vão significar alguma coisa se formos campeões. Provavelmente terei uma resposta melhor para essa pergunta depois de vencermos o campeonato”, afirmou o armador do Warriors, torcendo para que isso aconteça o quanto antes. “Momentos definitivos só acontecem para os jogadores que estão segurando o troféu.”