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Golden State inicia trecho mais difícil da tabela e apanha em Portland
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Giancarlo Giampietro

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De modo prudente, os jogadores do Golden State Warriors relutaram por muito tempo em falar sobre o supostamente inalcançável recorde de 72 vitórias do Chicago Bulls de 1996. Mas, à medida que os bons resultados foram se acumulando num ritmo impressionante, ficou impossível de fugir do tema. Eles abraçaram a causa. Estão mais que certos: é uma oportunidade única que o time tem, afinal.

Pois, na volta do All-Star, o Warriors vai encarar o trecho mais complicado de sua tabela. Os desafios serão realmente mais significativos, a começar por uma série de seis partidas fora de casa entre os dias 19 e 27. Haja embarque, haja check out, haja calmante. Ao final desta sequência, vamos ter uma boa noção se aquela legendária equipe de Jordan, Pippen e Rodman ganhará companhia.

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Acontece que, nesta sexta-feira, essa turnê “coast to coast” rasgando a América – indo do Noroeste de Portland até o Sudeste da Flórida – começou da pior maneira possível. Ou melhor, com a pior derrota da equipe nesta temporada: uma surra de 32 pontos de diferença contra o Trail Blazers, levando 137 pontos em 48 minutos.

Por sua consistência assustadora desde as primeiras semanas do campeonato, o Warriors exige mais que um voto de confiança. Obviamente ninguém precisa fazer tempestade em copo d’água após esse deslize – são apenas cinco derrotas em 53 rodadas. Jogar em Portland nunca é fácil. Damian Lillard, 51 pontos, estava enfezado pacas, por conta da esnobada que tomou da liga (assista abaixo, numa exibição de técnica espetacular). O intervalo do All-Star também pode ter deixado os atuais campeões um tanto relaxados.

Além disso, se formos recuperar outra derrota surpreendente do time (digo surpreendente pela diferença no plcar…), foi o revés por 113 a 95 aconteceu em Detroit, em janeiro, dois dias antes de um compromisso com um certo Cleveland Cavaliers. E quem o Warriors enfrenta neste sábado, num “back-to-back”? O Los Angeles Clippers, rival que desperta algo entre o asco e o ódio no vestiário de Golden State. Talvez tenham subestimado o tinhoso Blazers, a equipe que, contra todas as previsões, se intromete de forma valente e precoce na briga por vaga nos playoffs no Oeste, jogando enorme pressão para cima de Houston, Utah e, coitados, Sacramento. A ver como eles respondem contra o Clippers, que vem jogando seu melhor basquete da temporada, sem se importar com a ausência de Blake Griffin – uma bizarrice um tanto complicada de se explicar.

Para alcançar e superar o recorde do Bulls, o Golden State, na volta do All-Star, precisa de uma campanha de 25 vitórias e 5 derrotas. Pois bem, a primeira dessas cinco já aconteceu. Que eles consigam 25-4 daqui para a frente é, em tese, algo totalmente plausível. Mas se você for examinar o tipo de calendário que esses caras vão encarar, vai perceber que o time vai ter de jogar ainda mais bola para se colocar na história. Lá vem pedreira, gente, mesmo para Stephen Curry. O departamento de estatísticas da ESPN americana nos brinda com os seguinte detalhes:

– Terão sete confrontos com o trio de pretensos usurpadores do Oeste: Spurs, Thunder e Clippers.

– Sete dobradinhas de dois jogos em duas noites.

– Nesses sete “back-to-backs”, todos serão contra adversários com pelo menos um dia de descanso.

– Seis estas dobradinhas exigem viagem de um dia para o outro.

– Como se não fosse o suficiente, três destes jogos serão contra Spurs e Clippers. E fora de casa!

Outro dado interessante que eles separaram é que, até o momento, o Warriors tem um aproveitamento de oito vitórias em nove partidas decididas por cinco pontos ou menos. Nas três vezes que foram para a prorrogação, saíram vencedores. Isso significa que eles contaram com um pouco de sorte também, em meio a tanta competência. Assim como fôlego e resistência, tendo vencido seis de dez partidas nas quais chegaram a ficar com dez pontos ou mais de desvantagem no placar, ou triunfado em 10 de 14 jogos em que estavam perdendo nos cinco minutos finais. Sim, grandes equipes sabem enfrentar a adversidade. A teoria de probabilidades, porém, indica que uma hora o time pode perder mais deste tipo de partida.

Com uma tabela desgastante e outros objetivos no caderninho – algo ser bicampeão da NBA, aliás –, não seria de se estranhar que Steve Kerr comece a poupar um ou outro atleta pontualmente, independentemente do apelo que tem a busca por um marco antes visto como inatingível. É um baita dilema, mesmo, para o técnico, seus atletas e diretoria. Chegar a 72 ou 73 vitórias seria uma façanha, sem para dizer o mínimo. Levando em conta o tanto de obstáculos que terão de enfrentar, seria algo ainda mais incrível, difícil de compreender.

Boa sorte.


Durant no Golden State? Vamos com calma
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Giancarlo Giampietro

MVP e MVP juntos?

MVP e MVP juntos?

A mais nova #WojBomb não é bem uma bomba assim, mas, sim, um texto requentado de uma especulação que já circulava por aí desde antes do início da temporada. Acontece que o superfurão está com um site novinho em folha, o Vertical, que vale a visita, e precisa de um pouquinho mais de promoção. Para justificar o texto, Wojnarowski escreve que, se for para sair de OKC, o Warriors seria uma “séria ameaça” e “o favorito de modo significante” para assinar com ele, segundo fontes anônimas. E só. O resto é conjectura, sempre acompanhado pelos costumeiros condicionais.

O primeiro deles já foi escrito logo acima: Durant vai querer deixar o Thunder, mesmo? Ninguém sabe, nem ele, segundo o próprio artigo.

Da parte da franquia californiana, o fato de estarem interessados no cestinha é algo que… Não surpreende ninguém. Assim: quem não toparia caçar um agente livre desses? Perguntem aos diretores de Pinheiros, Bauru e Caxias: qualquer um o aceitaria de bom grado. Na NBA, todo clube de ponta que não esteja preparado para cortejá-lo não está fazendo a devida lição de casa.

Agora, posto isso, tendo Curry, Klay Thompson, Draymond Green, Andrew Bogut e Andre Iguodala ganhando acima de US$ 11 milhões por ano, seria possível?

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Sim, seria.

Está aqui uma das estratégias possíveis para a contratação, elaborada por Bobby Marks, ex-assistente de gerente geral do Brooklyn Nets, especialista nos meandros do teto salarial da liga. Nas contas de Marks, o clube poderia oferecer um contrato de salário máximo a Durant e ainda renovar com Festus Ezeli e segurar Shaun Livingston para o banco, de sexto homem, além do calouro Kevon Looney, que custa pouco. Em termos de baixas, teria de dizer adeus a guodala, Harrison Barnes e Bogut, além de outros reservas como Leandrinho, Brandon Rush, Marreese Speights e mais. Eles poderiam voltar, porém, em contratos mínimos.

Pensando no elenco atual, despedir-se de Iguodala seria difícil. Estamos falando do MVP das finais de 2015, alguém capaz de incomodar LeBron (e Durant!) aqui e ali. O veterano precisaria ser trocado por nenhum salário imediato, e certamente não faltariam candidatos para absorver os US$ 11 milhões que restam em seu acordo. Barnes, como escolha de Draft do clube, também exigiria coração frio por parte dos cartolas e técnicos: sairia de graça, como agente livre. Por fim, Bogut exigiria uma segunda troca. Se não houver ninguém na fila para assimilar seu contrato, seria dispensado, com a opção de se pagar em prestações o restante de seu contrato. E, aí, pumba: espaço aberto para fechar o negócio.

Para uma gestão que já tirou Iguodala na marra de Denver, enfrentando volumosa concorrência e que se meteu no páreo por Dwight Howard, nos dias em que o pivô ainda despertava suspiros de todos, as manobras acima poderiam ser facilmente executadas, mesmo com as demais franquias morrendo de inveja do futuro clube de São Francisco.

Valeria a pena?

Francamente: claro que valeria, independentemente de um bicampeonato neste ano. Correria-se o risco de mexer com a química do elenco de maneira drástica. Mas… Iguodala tem 32 anos e depende de sua capacidade atlética para se impor em quadra. Bogut está com 31, mas se movimenta como alguém que beira os 40, com um histórico hospitalar que preocupa até benzedeira. Cedo ou tarde, não serão mais as figuras influentes de hoje. A missão de Bob Myers é cuidar do presente, mas sem se esquecer do futuro, e são diversos os casos de clubes que chegaram ao auge e despencaram logo depois. Quanto a Barnes… estamos falando de um dos três melhores jogadores do mundo do outro lado. Desculpe, Harrison, mas tchau, tchau: atacar com Curry, Klay, Draymond e KD seria uma coisa de maluco.

Do ponto de vista pessoal, Durant precisaria sacrificar números e teria de se preparar para ouvir um monte: de que estava arregando, afinando, sendo mercenário etc. etc. etc.

Mas imaginem um cenário em que Warriors e Thunder se enfrentem na final da Conferência Oeste. Plenamente possível, não? E que os atuais campeões apliquem uma surra ou vençam uma série duríssima, por 4 a 3. O craque teria realmente coragem de pular o muro?

É claro que a possibilidade é assustadora para Spurs, Clippers, Rockets e qualquer outro clube com ambições de título para os próximos anos. Mas tem muito por acontecer ainda. Inclusive, no próximo final de semana, o Carnaval, com bomba e bombas pelas ruas.


Os melhores da (metade) da temporada: Conferência Oeste
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Giancarlo Giampietro

Escrever uma artigo sobre prêmios de uma temporada qualquer da NBA pode ser um exercício de futilidade, certo? Por outro lado, dá ao blog, inativo por tanto tempo, a chance de recuperar o tempo perdido e abordar um ou outro protagonista da temporada. Então vamos roubar um pouco e dividir essa avaliação toda em duas listas, para cada conferência. A do Leste está aqui. Desta forma, ganhamos espaço para falar mais. E, claro, deixa a vida mais fácil na hora de fazer as escolhas:

Melhor jogador: Stephen Curry
Jura!? Afe. (Assim como Anthony Davis fez na primeira metade da temporada passada, Chef Curry no momento vai sustentando por ora o maior índice de eficiência da história da NBA, com PER de 32,94, contra os 31,82 do mítico Wilt Chamberlain em 1962-63. Será que ele vai manter o ritmo? O interessante dessa medição é que ela independe da quantidade de minutos jogados. Então não importa se o Warriors vai acabar com todas as partidas daqui para a frente em apenas três quartos. Não tem muito mais o que ser dito sobre alguém que arremessa mais de 10 bolas de três pontos por partida e converte 45,5% delas, ajudando na construção de uma média de 29,9 pontos em apenas 33,8 minutos. Aqui, porém, sou obrigado a concordar com Mark Jackson, algo raro levando em conta o discurso excessivamente religioso de seu ex-treinador: Curry é tão bom que, de certa forma, pode fazer mal ao basquete, se for visto como exemplo de jogador a ser seguido, imitado. Não é nada normal o que ele faz. Não é algo que se ensina da noite para o dia. Para alcançar este nível, requer-se talento natural, mas também muito treino. Muuuuuuuuuuito treino. E não seria bacana que a molecada de base saísse tentando imitar o ídolo máximo do momento sem ter isso em mente. Curry faz parecer fácil e correto, mas sua seleção de arremessos inclui bolas em um um nível de dificuldade absurdo de conversão. Não quer dizer que eventualmente um garoto de 12 anos hoje não possa superá-lo no futuro. Mas as chances são reduzidas.)Outros candidatos? Vindo de longe, e não por culpa deles, estão Russell Westbrook, Kawhi Leonard e Kevin Durant. Num degrau mais abaixo, mas com anos maravilhosos ainda, vêm Chris Paul, Draymond Green e o Boogie Cousins de janeiro.

Melhor treinador: Luke Walton
Santa mãe, muito difícil essa. Então vou apelar para a mais bonitinha das opções – e não em termos estéticos, que fique claro. 🙂

Mas é que não deixa de ser notável que Steve Kerr tenha ficado semiafastado de metade da temporada e que, quando retornou, tenha encontrado um time com campanha de 39 vitórias e 4 derrotas. Repetindo: 39 triunfos em 43 partidas, aproveitamento de 90,6%. Sendo o interino. O Golden State vem jogando tanta bola há muito tempo que corre-se o risco de subestimar a grandeza destes números todos que os caras apresentam, combinando novamente o melhor ataque com uma das melhores defesas da liga (a terceira mais eficiente, e, se há alguma crítica a ser feita a Walton, é a de que ele deixou a peteca flutuar um pouco para baixo nesse quesito… E blablabla). Mas a NBA nem reconhece a campanha do cara? Problema dela. Isso é só uma formalidade. Pois, se nos registros oficiais, o ex-ala do Lakers não tem currículo como treinador, a expectativa é que, pelo trabalho realizado, vá receber diversas propostas ao final do campeonato. Fora isso, vale a discussão sobre o quanto um técnico é importante para um time que tem um elenco formidável. É tentador dizer que esse conjunto joga sozinho. Até você perceber o que se passou em Cleveland nas últimas semanas e ver que não é bem assim. A gestão de egos na liga sempre exige muito.

Quem?! Eu?!

Quem?! Eu?!

Outros candidatos: que tal uma confissão, então? Optar por Walton era o caminho mais fácil, claro. Afinal, seria complicado de separar Gregg Popovich (de novo ele) e Rick Carlisle (idem!). Há um padrão aqui, que vocês vão reparar: na dúvida, ponto pro Warriors e sua temporada histórica. Merecem. E, se fosse para apontar o pior, era bem mais tranquilo: Byron Scott na cabeça!

Mas falemos sobre os veteranos professores. Enquanto a vasta maioria da liga quer jogar com mais velocidade, Pop, gradativamente, vai desacelerando o Spurs, saindo do 12º ritmo mais rápido em 2013-14 para o 9º mais lento neste ano. Creio que por duas razões: por respeitar o envelhecimento de seu eterno trio de ouro, mas também por entender que, correndo, ele jamais vai ganhar do Golden State. E aí entram em ação LaMarcus Aldridge, David West e o inigualável Boban Marjanovic. Quando o sérvio foi contratado, pensei se era realmente o melhor time para ele. Não haveria espaço algum. Vendo o Spurs jogar, porém, faz muito sentido. A equipe quer ganhar o jogo interior de qualquer jeito e estocou pivôs para isso. Boban é a apólice de seguro mais carismática e luxuosa da liga hoje. Mesmo que o gigantão sérvio pouco fique em jogo em seu ano de adaptação, esperando pelas deixas aqui e ali de Tim Duncan, a equipe é a segunda em percentual de rebotes, coletando 53,3% do que está disponível em quadra, atrás dos 53,9% da envergadura de OKC. Em rebotes ofensivos, estão na ponta. Na defesa, seu time é que o melhor contesta os arremessos nos arredores da cesta. E por aí vamos. Ao mesmo tempo, individualmente, cada jovem jogador adicionado ao sistema apresenta evolução constante. Seu desafio agora é recuperar a confiança e pontaria de Danny Green para os playoffs, enquanto regular os minutos de seus veteranos religiosamente.

Já Carlisle é aquele que mais tira leite de pedra no basquete americano – em, Boston, Brad Stevens desponta como seu sucessor nessa categoria. Quando um de seus alas está voltando de uma cirurgia de microfratura no joelho e o outro, pior, de uma no tendão de Aquiles, quando seu armador tinha, até outro dia, um dos cinco piores contratos da liga, quando é recomendável que seu principal jogador não passe dos 30 minutos por partida, quando seu pivô cabeçudo foi cedido de graça, quando o orgulhoso proprietário da equipe é humilhado por alguém que comemora quando fica em 50% nos lances livres… Bem, quando tudo isso acontece, você não espera que seu time 1) flerte com o top 10 de eficiência ofensiva, 2) tenha uma campanha vitoriosa e 3) esteja bem na luta por uma vaga nos playoffs, mesmo que sua tabela esteja entre as 12 mais duras. Se estivéssemos conversando em dezembro, Carlisle seria a escolha indiscutível, ao meu ver. Aos poucos, porém, com os adversários mais atentos e estudados, o feitiço perde um pouco de seu poder. A segunda metade da temporada promete ser desafiadora, mesmo que Chandler Parsons pareça em plena forma nesses últimos dias.

Para fechar, menção honrosa a Terry Stotts, ex-assistente de Carlisle.

Melhor defensor: Draymond Green
O melhor defensor do Oeste é o melhor defensor de toda a liga, não há dúvida, devendo ficar entre  Draymond, Kawhi Leonard e Rudy Gobert. A campanha do francês foi atrapalhada por sua lesão no joelho, que o tirou de quadra por mais de um mês.

Até Griffin sofre contra Draymond

Até Griffin sofre contra Draymond

Daí que, na minha cabeça, fica quase como se pudéssemos escolher os outros dois finalistas na moedinha. A tentação imensa é de apontar Kawhi, e tudo bem, sem se importar que ele já tenha vencido o prêmio oficial na temporada passada. Afinal, ele seria o símbolo de uma defesas mais sufocantes da história da liga. Todavia, talvez pensando por outro lado, o fato de a defesa do Spurs ser tão boa com ou sem ele, diga-se, possa enfraquecer, um tiquinho que seja, sua candidatura? Se você investiga os números do time de Pop, percebe que a máquina está realmente ajeitada de um modo em que as coisas funcionam independentemente da periculosidade do ala, ou de seus companheiros de quinteto titular. Os reservas entram e mantêm mais ou menos o mesmo padrão. Mas… coff, coff!… Claro que o sujeito é simplesmente um terror ao redor da bola, com mãos e pés muito ágeis, somando 2,1 roubos e 1,0 toco por 36 minutos, sendo uma ameaça constante ao oponente.  No ranking de Real Plus Minus do ESPN.com, ele aparece em sexto entre os marcadores, sendo o único jogador que não é escalado como pivô ou ala-pivô entre os 20 primeiros colocados. Kawhi impõe tanto medo que, em todo o mês de dezembro, ele só foi testado em 14 posses de bola por atacantes em jogadas de mano a mano, em 16 partidas. Menos de uma por jogo, e e ele sofreu a cesta em apenas três dessas tentativas. Ninguém quer encarar a fera.

Ainda assim… Hã… Vou de Draymond, devido seu papel fundamental no sempre subestimado sistema defensivo de Golden State – um sistema que dá sustentabilidade para o time atacar daquela forma avassaladora. O ala-pivô está no centro dessas atividades. Sem ele, a verdade é que provavelmente Steve Kerr teria de adotar outra abordagem (com todo o respeito a Andre Iguodala, Klay Thompson e Harrison Barnes, todos caras hoje combativos e capazes de fazer a troca e, em níveis diferentes de eficiência, incomodar o adversário com quem sobrarem, independentemente de quem).

Mas é Green aquele que dá maior versatilidade a esse tipo de cobertura, podendo fazer sombra tanto a um lateral mais explosivo como, ao mesmo tempo, exercer o papel verdadeiro xerife na proteção do aro. Consulte a seção de arremessos dos oponentes no NBA.com/Stats, filtre a turma toda por pelo menos 20 minutos jogados em média e cinco arremessos tentados por partida, e se surpreenda: o ala-pivô vai aparecer em terceiro na lista, permitindo apenas 42,4%% de aproveitamento a seus adversários quando debaixo da cesta. Acima dele estão apenas Gobert (bingo, com 39,8%) e Serge Ibaka (42,2%). Com a diferença de que Green é listado generosamente com 2,01m de altura. Que tal? Esse é o tipo de fator imensurável para uma equipe. Para se ter uma ideia, quando o ala-pivô vai para o banco, o Warriors leva em média 11,4 pontos a mais por 100 posses de bola. Uma diferença absurda. Vai de 98,8, que valeria como a segunda mais eficiente da liga, com ele em quadra para 110,2 sem, o que seria a pior de todas, pior até mesmo, creiam, que a do Lakers. Ao contrário do que acontece em San Antonio, em que as perdas e ganhos praticamente se sustentam com quer em que esteja em quadra, para o Warriors, só um jogador acompanha Green em termos de impacto defensivo: curiosamente, Stephen Curry. Lembrando que, das quatro derrotas sofridas pela equipe até o momento, Curry não jogou em uma e Green, em outra.

De qualquer forma, perguntem amanhã, e a moeda pode cair do outro lado. Dureza.
Outros candidatos: aqueles aqui já citados e Tim Duncan, invalidado por minutos limitados.

Melhor novato: Karl-Anthony Towns
Ele é tão bom, mas tão bom que, mesmo se tivesse sido draftado pelo Lakers, nem mesmo Scott ou Kobe poderiam atrapalhá-lo. Towns vai ser um All-Star por anos e anos e torna um talento raro como Andrew Wiggins como uma peça secundária até. Só precisa que o Timberwolves acerte na formação do elenco ao seu redor.

Para alguém que não ficava tanto tempo com a bola em mãos no supertime que Calipari montou em Kentucky no ano passado, o jovem pivô se mostra confortável demais em quadra. Com um arsenal daqueles, todavia, fica fácil de entender. Ele tem o chute de média para longa distância. Finaliza com força e categoria perto da cesta. Se os números de 16,1 pontos, 9,8 rebotes e 1,8 toco já impressionam, esperem só até Sam Mitchell permitir que jogue por mais que 29,4 minutos (em de poupar o veterano para os playoffs, né?!?!). Em 36 minutos, subiria para 19,7, 12,0 e 2,2, respectivamente. O quesito em que o garoto tem de ser trabalhado ainda é a hora de saber se livrar da bola. Se não tiver a chance de ir para a cesta, não é o fim do mundo: que tal olhar para os companheiros? Por enquanto, comete mais turnovers do que dá passes para cesta. Mas ele tem apenas 20 anos, com tempo para trabalhar isso nas próximas férias.
Outros candidatos: Nikola Jokic foi um tremendo de um achado dos olheiros internacionais do Denver, via segundo round. Também foi contratado no momento certo, esperando mais um ano na Sérvia para crescer. . Devin Booker vai terminar o ano em alta, com elogios de todas as partes. Demorou um pouco para George Karl lhe dar o devido espaço, mas Willie Cauley-Stein vai ajudar Sacramento na briga pela oitava posição do Oeste. Aqui, porém, é o mesmo caso da disputa pelo prêmio de MVP. Só incluímos essa moçada  por educação.

Melhor reserva: Will Barton
Aliás, fui me dar conta só agora de que faltou este no Leste. O post atualizado vai ser atualizado com… Lance Thomas, acho. Ou Jeremy Lin. Aqui, no Oeste, vamos com o surpreendente ala do Denver Nuggets, que veio de Portland na troca por Arron Afflalo – uma negociação que se mostra ultraproveitosa para o time do Colorado. Barton é o equivalente a Ty Lawson no Denver de tempos atrás, saindo do banco para botar fogo em quadra, correndo feito um presidiário em fuga no alto das Montanhas Rochosas, para marcar 15,1 pontos por jogo, a segunda melhor média entre atletas que tenham saído do banco pelo menos por 20 partidas, empatado com Jrue Holiday. Em pontos por jogo em transição, ele é o 11º da liga. No geral, na verdade, está entre os mais qualificados em qualquer medição ofensiva de contra-ataque. Em meia quadra, se transformou no chutador mais confiável do time em longa distância, sem comprometer na defesa. A combinação de perímetro com Gary Harris é muito promissora.


Outros candidatos: Enes Kanter é, disparado, o reserva com o melhor índice de eficiência da NBA, se intrometendo num grupo de caras como Kyle Lowry, Blake Griffin e Chris Bosh. Agora, como bem escreveu o mestre Marc Stein, do ESPN.com, um dia desses, existe um motivo para que um atleta tão produtivo como esse fique limitado ao banco e a 20 minutos por jogo: com salário de US$ 16 milhões, ele só joga de um lado da quadra. Por mais que a turma em OKC se esforce para dizer que o turco já não é mais um desastre defensivo, os números ainda não jogam a seu favor. Na lista do Real Plus Minus, ela aparece em penúltimo entre todos os pivôs da liga. Injusto? Nem tanto. Com ele em quadra, o Thunder leva 7,9 pontos a mais a cada 100 posses de bola. E não é que ele só jogue com reservas. Das dez escalações em que é mais utilizado, em quatro delas Kanter tem pelo menos a companhia de dois entre Westbrook, Durant e Ibaka. Sobre a questão ataque x defesa, o mesmo raciocínio vale para o unabomber Ryan Anderson, que atira muito e com precisão (39,4% dos três) de um lado e é metralhado do outro. Por coincidência, ou não, Anderson também é o penúltimo aqui. Com mais de 30 minutos em média, além do mais, é como se fosse um titular.

O que mais evoluiu: esse faz mais sentido esperarmos até o final da temporada, né? Steph Curry (glup!), Barton, CJ McCollum e Dwight Powell são algumas das possibilidades.

Melhor executivo: a mesma coisa. Melhor avaliar o conjunto da obra ao final. O combo Gregg Popovich/RC Buford, o gerente geral do Warriors, Bob Myers, do Warriors, e Neil Olshey, do Blazers, parecem os candidatos.

All-Stars: Curry, Westbrook, Kawhi, Durant e Draymond. Mais: Chris Paul, James Harden (a despeito de suas patéticas partidas iniciais), Klay Thompson, Gordon Hayward (sem Gobert, sem Favors, mantendo o time na luta), Dirk Nowitzki (sua regularidade pesa para assumir a vaga do lesionado Blake Griffin), Anthony Davis (não deu mais um salto, é cobrado pelo próprio técnico, mas ainda faz a diferença) e DeMarcus Cousins, o insano.
(Aos fãs de Damian Lillard, JJ Redick, DeAndre Jordan, Danilo Gallinari, Tim Duncan e LaMarcus Aldridge, desculpe.)


Warriors detona mais um favorito. Os números da vitória sobre o Spurs
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Giancarlo Giampietro

O duas vezes MVP Curry. Ponto

O duas vezes MVP Curry. Ponto

LeBron James e David Blatt foram dormir nesta segunda-feira com a cabeça um pouco mais leve. Afinal, o Cleveland Cavaliers agora tem a companhia do San Antonio Spurs na lista de times que são evidentemente candidatos ao título, mas que tomaram uma surra do Golden State Warriors que dá a impressão inevitável que, dentro desta lista, o time californiano está em um grupo só seu.

Foi um atropelo desde o tapinha inicial, culminando numa vitória por 30 pontos de diferença, 120 a 90. De qualquer forma, assim como valeu para o Cavs, o discurso é o mesmo para o Spurs: na maratona que é a temporada regular, este foi apenas um jogo, mesmo-que-fosse-um-jogo-altamente-chamativo-com-todo-mundo-olhando.

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Também não dá para comparar exatamente o que se passou com os texanos com a surra tomada por Cleveland, quando um time jogou fora de casa e estava sem um de seus principais jogadores. Pois é: Kawhi Leonard é sem dúvida nenhuma hoje o principal atleta do Spurs, mas Tim Duncan ainda faz muita diferença, especialmente para a sua defesa, não importando que não seja ele aquele a tentar parar Stephen Curry na linha central da quadra. O cara iria comer poeira em uma outra posse de bola, mas também iria fechar espaços ao lado de LaMarcus, inibindo infiltrações, enquanto, no ataque, seria um ponto de estabilidade, dando mais uma referência interna e, principalmente, ajudando a distribuir a bola a partir da cabeça do garrafão, algo que fez falta num jogo de 25 turnovers para seu time.

O resultado poderia ser diferente? Talvez. Mas, dada a disparidade que vimos nesta segunda, pode ser que a diferença aqui signifique apenas uns 10 ou 12 pontos a menos no placar, se tanto, já que os titulares do Warriors nem foram para a quadra no quarto final.

O San Antonio da depressão. Raro de se ver

O San Antonio da depressão. Raro de se ver

Enfim, depois de uma paulada destas, nem mesmo a tão alardeada coleta de informações e impressões de Gregg Popovich faz muito sentido. Vai anotar o quê? Que o oponente é 30% melhor que o time dele? Que o Spurs não teve chance nenhuma? “Foi como se fosse homens contra garotos. Eles nos derrrotaram em todos os aspectos do jogo”, disse Pop. E mais: está muito cedo na temporada para tirar conclusões sobre seu time ou o adversário. Mas a frase mais Popovichiana da noite teve um ataque corrosivo em direção ao Cleveland e David Griffin na verdade: “Só estou feliz que meu gerente geral não estivesse no vestiário. Eu poderia ser demitido”, disse, numa referência clara ao discurso de Griffin na coletiva para justificar a chocante expurgação de David Blatt.

Decorre que, independentemente da intensidade da surra, o efeito não será o mesmo para o Spurs, se comparado com os LeBrons. A questão é a experiência e estabilidade geral da franquia e de seu elenco. O ambiente e o contexto são outros. Dãr, claro que o cargo de Popovich não está ameaçado – e Pop, além de poupar Duncan, pouco lançou Kawhi em direção ao Chef Curry, algo que, num eventual duelo de playoff, quando a corta apertar, vai acontecer sem dúvida. No grande tabuleiro, San Antonio sabe que tem de correr atrás de seu oponente, mas também entende muito bem que não foi o fim do mundo, que eles ainda têm o melhor saldo de pontos da história da liga a essa altura do campeonato, com a melhor defesa da temporada, com folgas. Eles têm bons argumentos para sonhar com um sexto título na era Duncan, mesmo que este saldo e a mesma defesa tenham sido destroçados em sua última derrota.

O quão feia foi a derrota? A ver:

120 – Foi a maior quantia de pontos que o Spurs sofreu nesta temporada, depois dos 112 que tomaram de OKC em sua primeira partida na temporada, perdendo por seis pontos de diferença, também fora de casa. Só dois dos três melhores times do Oeste para chegar a este patamar, mesmo. No geral, a poderosa defesa texana só levou mais de 100 pontos em 7 das suas 45 partidas até aqui. Em termos de eficiência, essa defesa leva apenas 94,0 pontos por 100 posses de bola, 4,6 a menos do que o Boston Celtics. Se for para comparar, os mesmos 4,6 pontos separam o Celtics do Dallas Mavericks, que é o 13º no ranking.

88 – Desde o início da temporada passada, em sua jornada rumo ao título, o Golden State não perdeu nenhuma das 88 partidas em que abriu uma vantagem de 15 pontos no placar. Para eles, não tem essa de altos e baixos num jogo.

37 – Foi o quanto Steph Curry fez contra uma defesa historicamente forte, em apenas 20 arremessos e 28 minutos de ação, redefinindo o significado de eficiência e espetáculo ofensivo. Foi o máximo de pontos que um jogador marcou contra o Spurs nesta temporada. Russell Westbrook havia anotado 33 pontos na noite de estreia. Ryan Anderson chegou aos 30 pontos.

15 – Curry tem agora 15 partidas com mais de 35 pontos na atual campanha, o recorde da liga. James Harden tem ‘apenas’ nove, enquanto Boogie Cousins tem oito, contando os 56 que marcou contra o Charlotte Hornets no verdadeiro grande jogo da véspera, a derrota dolorida para o Charlotte Hornets em dupla prorrogação, em casa. 🙂

39 – Vindo da campanha passada, o Warriors agora soma 39 triunfos consecutivos como anfitrião.

33 – As primeiras seis derrotas que o Spurs havia sofrido na temporada haviam totalizado um déficit de 33 pontos.

30 – Esta foi apenas a sétima vez desde 1997, quando draftou Timothy Theodore Duncan, em que San Antonio perdeu por uma diferença dessas. Nesta temporada, a maior derrota que San Antonio havia sofrido até agora havia acontecido no dia 20 de novembro, em Nova Orleans, por 104 a 90. Menos que o dobro da desvantagem desta segunda-feira.

26,75 – O Golden State venceu seus últimos jogos por 107 pontos de vantagem, ou 26,75 por partida. Se o Indiana Pacers perdeu só por 12, Cavs, Bulls e Spurs foram humilhados. Em oito dias, os atuais campeões impuseram a essas equipes suas piores derrotas na temporada.

Leonard não causou tanto impacto. Mas pouco ficou com Curry

Leonard não causou tanto impacto. Mas pouco ficou com Curry

15 – Quando um dos Splash Brothers marca 15 pontos (ou mais) no primeiro quarto, os caras vencem. Já foram 12 triunfos neste campeonato nessas condições. Curry chegou ao seu 15º ponto a três segundos do fim da parcial, recebendo passe de Andre Iguodala. Parece um dado besta? Mas pense na confiança que o time não ganha quando as coisas começam desta maneira. Não só isso: do ponto de vista da tática, também fica mais fácil para o time como um todo, já que o adversário tem de se preocupar mais com um jogador em específico.

13,5 – O Spurs ainda sustenta, de qualquer forma, o melhor saldo de pontos da liga, contra 12,5 do Warriors. Nunca um time da NBA chegou a esta fase da temporada com uma conta dessas, e as estatísticas mostram que este é um dos tipos de números mais associados a equipes que almejam o título.

13 – Lembremos que o Spurs vinha de 13 triunfos consecutivos até desembarcar em Oakland.

3 – Foi a terceira vez nesta temporada em que Curry marcou 30 pontos em menos de 30 minutos. Ale acerto 12 de 20 arremessos, 6 em 9 de fora, além de todos os seus sete lances livres. Além disso, conseguiu cinco roubos de bola, vários deles no primeiro quarto, num abafa defensivo que desestabilizou o ataque dos visitantes. MVP x 2.

1 – Os jogadores do Warriors erraram apenas um arremesso em dez tentativas quando Kawhi Leonard era o defensor direto. Foi aproveitamento de 90%, impressionante. Por outro lado, foram apenas dez arremessos contra Leonard durante os 25 minutos em que temível ala esteve em quadra. Isso tem a ver com a péssima noite de Harrison Barnes, com quem ele iniciou a partida, mas também com o respeito que o melhor defensor da temporada passada pede.

PS: Número extraoficial, mas estima-se que 200 milhões de vines tenham sido produzidos desde a noite de segunda-feira:



Polêmica demissão de Blatt só aumenta a pressão em cima de LeBron e Cavs
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Giancarlo Giampietro

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Silas, Malone, Brown e, agora, Blatt: todos caíram no Cavs de LeBron

A temporada era 1981-83, e o Los Angeles Lakers havia vencido sete de seus 11 primeiros jogos, elevando seu recorde pessoal para 111 triunfos contra 50 derrotas, com direito a um título. Em quadra e no vestiário, porém, não havia alegria nenhuma. O elenco liderado por Kareem Abdul-Jabbar estava se arrastando num ritmo modorrento, entediado e frustrado com o pulso rígido do técnico Paul Westhead. Nada de showtime.

Em sua terceira campanha pela liga, já considerado uma estrela, Earvin “Magic” Johnson veio, então, a público num belo dia para dizer que não aguentava mais o professor, e que para ele já havia dado: queria que o clube californiano o trocasse. (E imaginem se tivesse sido atendido?)

Coincidentemente, no mesmo dia, o proprietário Jerry Buss anunciou que a era Westhead havia chegado ao fim. Difícil não associar a decisão ao ultimato do armador, por mais que o célebre e falecido proprietário negasse. “A ironia é que eu já havia decidido demiti-lo, e o Magic acabou dando azar de ter falado aquilo. Mas não acho que ninguém vai acreditar nisso”, afirmou.

E quem assumiria o cargo? Seu principal assistente, um certo Pat Riley.

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Tudo isso para dizer que LeBron James não foi o primeiro craque a fritar seu treinador, nem será o último. Isso é rotineiro na NBA. Mas, que suas ações levaram à queda do treinador, acho que não há o que se discutir, por mais que ele e o gerente geral David Griffin digam o contrário, e que alguns veículos de mídia americanos façam coro a eles, tentando amenizar o impacto causado pela demissão de um cara que venceu a Conferência Leste no ano passado, a despeito de tantas lesões relevantes e da chegada de novas peças durante a jornada. O mesmo cara que novamente superou alguns desfalques na primeira metade desta temporada, liderando a terceira melhor campanha da liga, com o time aparecendo na lista dos sete ataques e defesas mais eficientes. O tipo de currículo que torna a decisão da franquia um tanto chocante, por mais que, em Cleveland, muitos já estivessem preparados para tal desfecho.

Apurar se LeBron foi, ou não, informado sobre a demissão desta sexta-feira, aliás, é perda de tempo das mais tolas. Não havia razão para Griffin consultar o astro – ele já sabia qual seria a resposta. A má vontade de LeBron para com Blatt está foi muito bem documentada, de modo que esse tremendo esforço de última hora limpar sua barra soa inútil.

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Aliás, segundo relatos dessa mesma campanha de blindagem, LeBron desde o princípio se mostrou muito pouco receptivo ao treinador, sem o acolher ou ajudar em sua adaptação ao clube e uma nova liga. Pelo contrário. Frases como “Blatt nunca teve chance” também foram escritas a esmo nessas últimas 24 horas. Adrian Wojnarowski publica que o jogador e seu agente/sócio, Rich Paul, queriam a contratação de Mark Jackson. A diretoria disse que seria impossível. E aí que Tyronn Lue virou a solução para dupla. Tudo, menos Blatt.

O que tem sido dito, porém, é que o descontentamento com Blatt não se limitava ao camisa 23.  Tudo leva a crer que, sim, o técnico estava com o filme queimado – com quantos e quem, exatamente, é o que não vamos saber. Agora, só não dá para negar que a postura de LeBron obviamente exerceu forte influência para tanto. Se um cara de sua estatura não é receptivo, fica muito mais fácil para os demais peitarem o técnico. Natural até.

Não que o treinador tenha sido mera vítima e que não tenha contribuído para o motim com algumas atitudes um pouco tolas. Como, na ocasião de sua primeira vitória pelo Cavs, quando mal comemorou com os atletas, estragando a festa deles, dizendo que, caras, tipo, já tinha centenas de triunfos em seu currículo. Ok, ele é realmente um dos profissionais mais vencedores da modalidade, mas, para todos efeitos, para o mundo da NBA, ainda era um calouro. A intenção dos jogadores não era de provocá-lo ou ofendê-lo, nesse caso. Quanta simpatia, né?

Blatt teria perdido o elenco, diz Haywood

Blatt teria perdido o elenco, diz Haywood

Anderson Varejão foi um dos que teve de lidar com a insensibilidade do técnico, segundo o “ESPN.com”. Recuperando-se de uma lesão no tendão de Aquiles, o brasileiro estava disposto a retornar ao time para a série final contra o Golden State Warriors. A diretoria achou que não era o caso. A decisão estava tomada. Quando questionado em uma coletiva, todavia, Blatt não disse que sim, nem  que não, mexendo com os ânimos de todos.

Outro ponto que causava bastante incômodo seria a condescendência de Blatt com LeBron, Kyrie Irving ou Kevin Love, protegendo as celebridades em coletivos e sessões de análise de vídeo. Os mimos aos astros não pegavam bem com o restante do elenco: seria traços de covardia e injustiça por parte do treinador. O agora promovido Tyronn Lue, dizem, se via obrigado a interferir e cobrar as estrelas, na tentativa de apaziguar os ânimos. Mas a relação já estava estremecida demais, algo que Griffin, em seu duro discurso nesta sexta-feira, deixou claro.

“Eu vi os jogadores interagindo entre eles por um longo tempo, em diversas circunstâncias. Sei quando uma coisa não está certa, e acho que tomei a decisão correta. Vou ao vestiário muitas vezes. Falta espírito ali. Nossa campanha de 30-11 foi com uma tabela relativamente fácil. Faltava conectividade do técnico com o time. Falta identidade ao time, que deu dois passos para a frente e um para trás. Quando temos clareza no que queremos como franquia, essas decisões acabam sendo tomadas por conta própria. Não vou deixar um time que tem uma folha salarial sem precedentes  à deriva”, afirmou.

Precisa de ajuda? "Não".

Precisa de ajuda? “Não”.

A inexperiência de Blatt em particularidades da liga também teria chamado a atenção de alguns veteranos, como quando pediu tempo no finalzinho do quarto jogo da série contra o Bulls nos playoffs do ano passado e, por sorte, foi ignorado pela arbitragem. O Cavs já havia esgotado sua cota e, caso percebida, a ação do treinador teria resultado em uma falta técnica. A chance era grande, então, que Chicago abrisse uma vantagem de 3 a 1. Esse tipo de falha teria acontecido seguidas vezes, gerando mais desconfiança no elenco.

O que não dá para acreditar, porém, é que David Blatt fosse um tremendo de um incompetente e que todo o sucesso do time se explicasse pelo talento de LeBron. Nessa campanha de difamação de um e proteção do outro, chegou-se ao cúmulo de fontes anônimas dizerem que o técnico simplesmente não sabia desenhar jogadas na prancheta durante pedidos de tempo. Em entrevista à rádio “Sirius XM”, o pivô Brendan Haywood, reservão do time no campeonato passado e agora aposentado, se sentindo livre para falar o que bem entender, confirmou esse problema. Disse também que o comandante não entendia os padrões de substituição da liga e que cometia “erros óbvios”. Hã… Sinceramente, dá para acreditar nessa? Estamos realmente falando do mesmo técnico cujo Maccabi Tel Aviv ganhou, em 2015, de CSKA Moscou e Real Madrid com um elenco absolutamente inferior? O mesmo que levou a Rússia o bronze olímpico em Londres 2012, derrotando a fraquinha e inexperiente Argentina na disputa pelo terceiro lugar? Enfim…

Até mesmo quando tentam defender Blatt,  seus críticos o tratam com desrespeito. Dizem que Blatt não foi contratado, a princípio, para conduzir um elenco pesado como este, que o título não estava em pauta, antes de saberem que LeBron queria, mesmo, voltar. É um fato, mas esse pensamento já manifesta uma condescendência que beira o ridículo. Algo como: “Coitadinho, não era para ele”. Falando isso de um técnico que ficou a duas vitórias do título em sua primeira campanha pela liga. Ele teve muitos acertos como estrategista. Por mais exuberante que tenha sido LeBron, ele realmente fez tudo sozinho? E o que dizer da boa campanha atual, a despeito da ausência de Irving e Iman Shumpert no início? Seu único tropeço mais custoso foi não ter integrado Love de um modo mais orgânico ao sistema ofensivo – agora, o quanto se pode julgá-lo por isso é uma questão: afinal, se era LeBron quem estava no comando… Não seria tarefa dele? Não dá para dizer que tudo de positivo do plano tático e técnico passa pelo jogador, enquanto a Blatt sobrariam apenas as críticas.

David Griffin chamou a responsabilidade

David Griffin chamou a responsabilidade

Em sua coletiva, Griffin não questionou de modo algum o conhecimento de jogo do demitido. Não há como – a sacolada que a equipe tomou do Warriors na segunda-feira não foi, diz, decisiva para sua decisão. E nem deveria ser: em confrontos anteriores com Golden State e San Antonio, as derrotas foram, respectivamente, por seis e quatro pontos. Não foi a bola que derrubou Blatt. No entanto, a política no vestiário é parte integral da profissão, tão ou mais importante que o riscado, ainda mais numa liga como a NBA, cujos atletas são paparicados desde sempre. Faltou mais jogo de cintura, tato e carisma para Blatt. Características que, ao que parece, sobram para Tyronn Lue.

O baixotinho que levou um baile de Allen Iverson nas finais de 2001, mas que teria longa carreira, agora é, aos 38 anos, o técnico mais jovem da liga. Respeitado no vestiário, constantemente elogiado até mesmo por Blatt, que teria dado a ele o crédito pela fortíssima defesa que o time apresentou nos playoffs de 2015. Uma generosidade que, neste sábado, não foi correspondida por seu antigo subordinado. Repórteres lhe perguntaram o que ele faria de diferente agora que está no comando. Respondeu que diferente não era o termo que ele usaria, mas, sim, que faria “melhor”. Muito elegante o sujeito que, para constar, na reportagem de Wojnarowski, foi retratado como um fiel assistente, que teria feito de tudo para defender Blatt diante do assédio de LeBron e Paul.

Lue pode ser jovem, mas, em termos de NBA, é muito mais calejado que o antecessor. Sabe muito bem o que está em jogo. Que, para o Cavs, é título, ou nada. Título, ou fiasco, e a pressão só aumenta com a demissão de um treinador com aproveitamento de 67,5% (83 vitórias e 40 derrotas) no total e que contava, aparentemente, com apoio da torcida do Cavs. Sabe provavelmente também que será o quinto treinador do time em nove temporadas com LeBron. É um clube de gestão instável, no mínimo – não dá para deixar o proprietário Dan Gilbert distante dessa confusão toda. O chefão, por sinal, era o principal defensor de Blatt e teve de ser convencido por Griffin que a demissão era a melhor solução na tentativa de desbancar o Warriors (ou, claro, o Spurs). Existe ainda a noção de que, removendo Blatt, ele também estaria eliminando uma eventual desculpa para os jogadores em caso de derrota nos mata-matas.

Agora é com ele

Agora é com ele

Daí que não deixa de ser uma ironia que, na mesma noite em que Steve Kerr fez sua estreia na temporada, Blatt acabou demitido. E é uma coincidência que diz muito – os líderes de cada conferência não poderiam ser mais diferentes hoje. Caos x harmonia. Intrigas, traições, imposições x diálogo franco, aberto e constante. Nuvens carregadas x céu aberto. Griffin afirma que demitiu seu treinador em busca dessa sensação de unidade. Mas isso não é algo que se constrói com uma só ação. Não depende apenas de Blatt, e não vai depender só de Lue, embora todo técnico seja uma figura primordial na hora de buscar essa química.

Em 1982, quando Westhead caiu, começou a carreira de um dos maiores treinadores que a NBA já viu. Riley, aquele que, como presidente do Miami Heat, cerceava toda a ambição de LeBron, colocou o Lakers para correr, tal como Magic queria, e deu certo. O resto é história. O time alcançou a final e foi campeão, batendo o Philadelphia 76ers de Julius Erving. Até o ano passado, ele era o único técnico a ser campeão logo em seu ano de estreia. Kerr repetiu a façanha, e David Blatt chegou perto. Numa aposta de risco, o Cavs espera que Tyronn Lue aumente a lista.


A surra contra o Warriors dói. Mas, no plano geral do Cavs, foi um só jogo
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Giancarlo Giampietro

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Numa temporada regular de 82 jogos, a primeira lição para qualquer time da NBA é a de que você não deve reagir com desespero a nenhum resultado isolado.

Mas, quando um Cleveland Cavaliers toma uma sacolada de 34 pontos da equipe pela qual havia sido derrotada na final do campeonato anterior, aí é difícil de segurar. E este será o principal desafio dos LeBrons e Dan Gilbert daqui para a frente: por mais dolorida e chocante que tenha sido a derrota de segunda-feira, em rede nacional, não é que o time esteja totalmente sem rumo,  chão ou teto. Eles precisam se apegar a uma tese que circulou nesta terça: o Cavs por ora só tem de se conformar com o fato de estar um degrau abaixo de Golden State Warriors e San Antonio Spurs. Em 20 de janeiro de 2016, isso não significa o inferno na terra, de modo algum.

Que há problemas para serem resolvidos? Claro que sim. Vamos falar mais deles adiante, sendo que, na ressaca já encarada no vestiário depois do espanco sofrido, uma velha questão ressurgiu. Antes de buscar um diagnóstico sobre o que teria dado de errado em sua tentativa de revanche, não dá para esquecer o que já está dando certo para o time, na metade da temporada.

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De acordo com o NBA.com, o Cavs é um dos cinco times que estão posicionados entre os dez mais eficientes tanto na hora de defender como na de atacar – os outros são Warriors (toin!), Spurs (pumba!), OKC Thunder (Durant + Wess = sucesso) e o digníssimo Atlanta Hawks (em ascensão discreta, tipicamente).

Sim, mesmo depois de levar 132 pontos de seu mais recente algoz, o conjunto está em sétimo quando tenta proteger sua cesta, não muito distante de Miami Heat e Chicago Bulls. Seu sistema ofensivo aparece em quinto, atrás de Warriors, Thunder, Spurs e Clippers, mesmo que Kyrie Irving tenha jogado em apenas 13 partidas e ainda esteja recuperando o ritmo. Desta forma, a cada 100 posses de bola, o conjunto de David Blatt tem o quarto melhor saldo, de 5,4, abaixo só da trinca do Oeste acima citada.

É aqui que entra a tese de que, em qualquer campeonato mais normalzinho, o Cavs estaria ali no topo das estatísticas, com plenas chances de título. Acontece que, vocês já devem ter percebido, não estamos em uma temporada comum, pois Warriors (apenas quatro derrotas em 42 jogos e saldo de 13,3 pontos a cada 100 posses) e Spurs (seis derrotas em 42 jogos) e saldo de 14,9, que é o melhor da história) elevaram a barra a um patamar raríssimo de se alcançar.

Kevin Love que se cuide: o Warriors pode deixá-lo exposto

Kevin Love que se cuide: o Warriors pode deixá-lo exposto

Então, sim: se for para pensar no tipo de jogo daqueles que hoje são os dois grandes favoritos da NBA, o grito de alerta de LeBron deve ser levado a sério por qualquer jogador no vestiário do time. “Esta noite foi um exemplo de quão longe estamos do nível de se lutar pelo título”, afirmou, visivelmente abatido, na Quicken Loans Arena. Registre-se, de todo modo, que o craque vem batendo nessa tecla desde os primeiros dias do calendário.

Isso que parece, à distância, o mais preocupante. LeBron pode simplesmente estar pressionando seus companheiros para lhes tirar de uma traiçoeira zona de conforto que o Leste proporciona a um timaço. Por mais que o nível da conferência tenha subido nestes dias, ainda não há um rival que possa, com convicção, erguer a mão em meio à multidão e desafiar os cavaleiros de Cleveland. Mas uma coisa é bater o Raptors em seis jogos. Outra é se preparar para uma decisão que, descontando qualquer lance de sorte, será uma batalha tão ou mais ferrenha que a de 2015. O nível de exigência é altíssimo. Estamos falando de excelência. Então precisa cobra diariamente, mesmo, a dedicação extrema, a atenção e o comprometimento com os pequenos detalhes etc.

Todavia, a outra versão para essa história, que teima em não ir embora, pode ser maior. Pode ser que os constantes recados dados por Sua Alteza tenham como origem uma preocupação ainda maior com o que se passa no vestiário e no dia-a-dia do clube em geral. Mas o que poderia ser isso? Bem… Acho que, dentre algumas possibilidades, o torcedor do Cavs já desconfia da resposta: a relação com David Blatt (sobre a qual já escrevemos muito aqui) ou Kevin Love.

No pós-jogo deprimente de segunda, LeBron não soltou nenhuma indireta sequer que pudesse atingir seu treinador. Em relação aos companheiros de time, porém, havia uma observação a ser feita. “Temos alguns caras inexperientes que ainda não disputaram jogos de basquete que valham alguma coisa e sirvam como lição. Quando as coisas ficam um pouco difíceis em quadra, não é que eles tenham experiência prévia para consultar e que possa ajudá-los a enfrentar o que está acontecendo”, afirmou em coletiva.

O comentário é praticamente uma contestação. Não tem muitos adjetivos, nem nada pesado. O elenco do Cavs tem realmente pouca bagagem de vitórias expressivas e grandes duelos. Anderson Varejão, Mo Williams e Richard Jefferson, na verdade, são os únicos ali com vasta experiência de playoff, e eles nem têm muito espaço assim na congestionada rotação de Blatt.

Depois, em conversa quase informal com os setoristas de Cleveland, LeBron levou a conversa adiante e, aí, mesmo sem citar seus nomes, matutou especificamente sobre Love e Irving ao dizer que alguns de seus colegas , devido a lesões, não haviam ganhado essa experiência valiosíssima de se lutar com os companheiros nos momentos mais duros do campeonato. E era a estreia deles nos mata-matas. De novo: não é um ataque. Já vimos o astro ser muito mais ácido.

Acontece que, do outro lado, Kevin Love não parecia o sujeito mais contente em assumir a bronca toda por sua inexperiência em grandes jogos. “Temos de melhorar em um monte de coisas. Isso vai fazer com que vários caras se olhem no espelho, e tudo começa com o nosso líder ali e vai para baixo”, afirmou, apontando precisamente para o camisa 23.

Antes que o torcedor brazuca do Cavs se inflame e acuse A Diabólica Mídia (Ah, Essa Mídia) de procurar semear a discórdia em sua equipe,  como já vi acontecer antes, é preciso ter em mente que todos os relatos que li sobre esse pós-jogo, incluindo o de jornalistas locais, dão a entender que Love fazia cara de poucos amigos ao dar sua declaração, meio que dizendo: não sou apenas eu o problema.

O ala-pivô provavelmente ainda não sabia que o vine abaixo, do Basketball Breakdown, já havia viralizado:

Contra um time que roda a bola em alta velocidade e movimenta seus jogadores no mesmo ritmo, com até cinco arremessadores ao mesmo tempo em quadra, Love não pode estar nem meio passo atrasado em suas  coberturas. Quando está até dois ou três passos para trás, cumprica. Que ele não tenha se dado conta de que um cara como Draymond Green pode flutuar para o perímetro depois de um corta-luz, é porque alguma coisa está muito errada. Aí vira piada, mesmo, e não tem como olhar para David Blatt, que procurou chamar a culpa para si, dizendo que assumia toda a responsabilidade pelo aparente despreparo tático e emocional de seu time para um confronto tão chamativo. Se esse for o padrão de atenção defensiva que o jogador de US$ 110 milhões vai levar aos playoffs, será o caso de seu treinador repensar seu tempo de quadra. Contra o Warriors, é impensável ter um defensor caçando borboletas desta forma.

Mas, não, a derrota impactante não se explica apenas pela defesa displicente de um ala-pivô. O próprio LeBron, talvez desanimado com o que via em quadra, ficou devendo e deu sua contribuição para o maior déficit de pontos que já viu seu time sofrer em todos os 1.127 jogos de sua carreira, quando o Warriors abriu 43 pontos de vantagem, segundo a “ESPN Stats & Info”. Numa partida especial dessas, o ideal é que o time não peça de LeBron uma atuação de super-herói, tal como aconteceu nas finais, devido a circunstâncias infelizes. Mas você espera mais do que 16 pontos, 5 rebotes e 5 assistências e 43,8% nos arremessos, sem nenhum tiro de fora, em 33 minutos.  Ele não precisa carregar o time, mas, diante de grandes desafios, as responsabilidades são maiores. (E talvez seja essa a sua mensagem para os parceiros mais jovens, tirando o pé para ver no que dá. Para constar, sua atuação e linha estatística de quatro noites antes, em San Antonio – para seus padrões, que fique claro – também não estavam entre as superlativas: 22 pontos, 7 rebotes e 5 assistências, com 52,9%.)

Dureza

Dureza

Em Cleveland, ciente de que provavelmente seus oponentes viriam com tudo em sua direção após a declaração sobre o cheiro da champanhe, Stephen Curry estraçalhou a defesa do Cavs desde o início do jogo, chegando aos mesmos 16 pontos antes mesmo do intervalo. Terminou com 35 pontos e alguns de seus arremessos impossíveis (12-18 de quadra, 7-12 de três pontos, em 28 minutos). Juntos, para relativizar, LeBron, Love e Kyrie Irving fizeram 27 pontos.

Os donos da casa ficaram devendo como um todo, como time, especialmente na defesa. Não precisa nem colocar aqui um clipe de cesta em contra-ataque do Warriors, pois foram várias as situações em que desciam dois ou até mesmo três contra um no primeiro tempo, para abrir uma vantagem de 26 pontos em 24 minutos de jogo. No geral, foram 17 pontos em contra-ataque na súmula oficial, mas muitos outros gerados pelo desequilíbrio e lerdeza da transição defensiva do adversário.

Foi um horror, é verdade, e isso joga pressão para cima do time como um todo.

Mas não foi de acordo com o padrão apresentado pelo Cavs no campeonato. Então é preciso paciência por parte de LeBron e, especialmente, Dan Gilbert, um bilionário que já perdeu muitas vezes as estribeiras quando o assunto é seu clube de basquete. LeBron vai apertar o passo nos mata-matas. Até lá, tem tempo para Irving refinar seu drible e arremesso e resgatar a agressividade da segunda metade da temporada passada. Nesse meio tempo, Love pode repensar algumas coisas, enquanto Blatt deve fazer o mesmo em relação ao ala-pivô, se ele não apresentar melhoras.

Voltamos à regrinha de que, ok, era um senhor jogo, com todo mundo assistindo e aquele desejo de se firmar como resistência e dar o troco. Mas, ainda assim, só um jogo. “Vamos ter um monte de tropeços no caminho, e isso é normal. Vamos aprender e melhorar com isso. O melhor professor na vida é a experiência, e é bom passar por isso”, disse o craque.

Vale o recado geral, olhando no espelho, ou não.


Jukebox NBA 2015-16: “San Francisco”, para o campeão Warriors
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Giancarlo Giampietro

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Vamos lá: a temporada da NBA se aproxima rapidamente, e o blog inicia sua série prévia sobre o que esperar das 30 franquias da liga. É provável que o pacote invada o calendário oficial de jogos, mas tudo bem, né? Afinal, já aconteceu no ano passado. Para este campeonato, me esbaldo com o YouTube para botar em prática uma ideia pouco original, mas que sempre acho divertida: misturar música e esporte, com uma canção servindo de trilha para cada clube. Tem hora em que apenas o título pode dizer algo. Há casos em que os assuntos parecem casar perfeitamente. A ver (e ouvir) no que dá. Não vai ter música de uma banda indie da Letônia, por mais que Kristaps Porzingis já mereça, mas também dificilmente vai rolar algo das paradas de sucesso atuais. Se é que essa parada existe ainda, com o perdão do linguajar e do trocadilho. Para mim, escrever escutando alguma coisa ao fundo costuma render um bocado. É o efeito completamente oposto ao da TV ligada. Então que essas diferentes vozes nos ajudem na empreitada, dando contribuição completamente inesperada ao contexto de uma equipe profissional de basquete:

A trilha: “San Francisco”, por Scott McKenzie.

Por quê? Hã… a ligação mais óbvia é a geográfica. Uma ponte de sete quilômetros de extensão liga Oakland a San Francisco. A proximidade à metrópole californiana, de certa forma, ofusca a atual sede, e o próprio nome da franquia entrega isso: estamos falando dos guerreiros do Golen State, e, não, de Oakland. Além disso, os proprietários do clube não escondem a intenção de levar o time de vez para lá, encaminhando a construção de mais uma dessas arenas ultramodernas, sonhando inclusive com a mudança já para 2017, ainda que uma estimativa mais conservadora valha para 2018.

Sim, tal como na primeira linha da letra do clássico de McKenzie, “eles estão indo para San Francisco”, e parece que não há seus torcedores possam fazer, mesmo que eles estejam entre os mais fanáticos da liga e que estejam enfim curtindo uma fase vencedora depois de duas décadas levando pancadas. O dinheiro é que está chamando aqui, e não pessoas gentis com flores no cabelo.  Mas há uma razão mais legal ainda para escolher esta música – e que, magina, não nada a ver com o fato de ser considerada uma das mais bonitas da história na opinião de um certo basqueteiro.

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O hit de 1967 vem numa época em que a região da baía estava fervendo e fritando miolos por assim dizer, com o boom de uma geração hipponga com aquela ânsia de se libertar de qualquer amarra, preconceito ou figura de autoridade que pudessem lhe enfezar. Ali, em São Francisco, temos uma das poucas metrópoles em que esse legado realmente perdurou, em que pese a ascensão high-tech do Vale do Silício.  Há 50 anos, a galera estava pensando em migrar para o Oeste, para a Baía em busca desse clima. “Por toda a nação (há) uma vibração estranha. As pessoas em movimento. Há toda uma geração com uma nova explicação”, canta o trovador todo paz-e-amor.

É que, se formos pensar no que se passa com a NBA hoje, existe também uma nova geração que ganhou no Warriors seu maior símbolo: vencer com o arremesso de três pontos sendo uma arma relevante, o jogo rápido e vistoso, mas sustentando uma das melhores defesas. Como Phil Jackson está de prova, esse movimento causa estranheza em muitos círculos da liga ainda. Mas a revolução festiva que o time apronta não se limita ao conceito tático. E, para fazer jus à vocação hipster, sua diretoria é pautada por mentes abertas, em diálogo constante e progressista, ouvindo um ícone da velha guarda como Jerry West ou um membro do estafe de Steve Kerr que nem 30 anos tem.

CLEVELAND, OH - JUNE 16: The Golden State Warriors celebrates with the Larry O'Brien NBA Championship Trophy after winning Game Six of the 2015 NBA Finals against the Cleveland Cavaliers at Quicken Loans Arena on June 16, 2015 in Cleveland, Ohio. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this photograph, user is consenting to the terms and conditions of Getty Images License Agreement. (Photo by Ezra Shaw/Getty Images)

Campeões

A pedida? O bicampeonato. É bem curioso até. O Golden State tem uma base jovem ainda. Em relação ao elenco que ganhou o primeiro título da franquia em 40 anos, pouco, ou quase nada foi alterado. Até mesmo a mudança mais significativa pode ser considerada uma melhoria para Steve Kerr, que nem precisava de reforços, uma vez que, com um plantel com tantos atletas versáteis, ele já tinha como alterar uma partida olhando apenas para o banco de reservas, sabendo bem como utilizá-las.

Não que Jason Thompson seja um jogador superior a David Lee. Mas, para o papel que pode caber ao ex-pivô do Sacramento Kings, com minutos esporádicos e pouco volume no ataque, o que ele tem a oferecer é mais valioso, como a boa defesa em situação de pick and roll e no fechamento de espaços no lado contrário. Também tem físico e impulsão para ajudar no rebote e provavelmente pode surgir como um concorrente para Mareese Speights, que é um arremessador de média distância mais qualificado. Além disso, para complementar o banco, estão dando uma chance a Ben Gordon, que seria mais um chutador emergencial, no caso de alguma lesão para Leandrinho ou os dois All-Stars titulares. Desde que o britânico, claro, entenda que seus dias de referência ofensiva já acabaram.

Jason Thompson, um cara de sorte. Saiu de Sacramento para isso

Jason Thompson, um cara de sorte. Saiu de Sacramento para isso

De resto, é a mesmíssima base vencedora, com todos os papéis na rotação pré-definidos. E isso, meus caros, vale muito. Ou por acaso vamos ignorar que, dentre tantos fatores que nos ajudam a entender o o duradouro sucesso do San Antonio Spurs, termos como “continuidade”, “química”, “cultura” apareciam constantemente no topo da lista? Depois de “Tim Duncan”, claro. Pois é. O raciocínio deve se aplicar da mesma forma aqui.

Agora, segundo a impressão dos jogadores do Warriors, não vem acontecendo. Eles não sentem que, entre insiders e jornalistas da liga, estejam recebendo o devido respeito.Veem todos falarem sobre Rockets, Clippers e, claro, o próprio Spurs, o que não deixa de ser irônico, já que o clube texano passou por uma de suas intertemporadas mais agitadas e com uma grande troca de jogadores, ao menos para o padrão da gestão Popovich e Buford.

E quer saber do que mais? No final das contas, isso só joga contra a concorrência de Chef Curry & Cia. Depois de um título, uma das grandes ameaças é justamente o relaxamento ou a temerosa “Doença do Mais” – aquele mal que Pat Riley, o Dr. PHD em Estruturas Vitoriosas, já registrou em seus estudos, em que a gana por maior reconhecimento, mais minutos, mais arremessos e badalação pode fazer ruir um time campeão. Com a percepção de que há desconfiança ou descrédito em torno de seu título, a turma de Steve Kerr tem mais motivos para fortalecer sua união. Há apenas o contrato de Harrison Barnes para se resolver.

Nesse ponto, a declaração de Doc Rivers de que o Golden State possa ter tido “sorte” no último campeonato pode ser o maior tiro pela culatra de sua gestão, superando Spencer Hawes e dependendo do que for acontecer com aquele tal de Lance Stephenson. Por que Rivers falaria uma bobagem dessas? O técnico e manda-chuva do Clippers pode até achar que seu rival de divisão foi sortudo de ter escapado de um confronto com sua equipe ou com o Spurs nos playffs. Mas, vem cá: por que exatamente o Clippers não estava na final de conferência para desafiá-los? Ah, por ter sofrido um dos maiores colapsos de que se tem notícia na história recente dos playoffs? Algo que teve a ver com o esgotamento de sua equipe, devido ao excesso de minutos da temporada regular já que seu banco de reservas era uma piada ambulante? Sei.

Stephen Curry certamente vai ser mais marcado neste ano. E vai adiantar de algo?

Stephen Curry certamente vai ser mais marcado neste ano. E vai adiantar de algo?

E, para seguir no campo da “sorte”, talvez seja tenha sido isso mesmo que aconteceu com os campeões, que, não por coincidência, foram aqueles que menos minutos perderam devido a lesões durante toda a competição. Ou, quiçá, o acaso tenha passado longe aqui, já que o Warriors tem uma comissão técnica, um estafe médico e uma diretoria irrequietos e em perfeita sintonia, sempre dispostos a adotar medidas pouco usuais no dia a dia da liga se elas puderem significar menor probabilidade de desgaste para seus atletas. Claro que lances de azar acontecem, como cotovelada violenta na disputa por um rebote ou uma torção de tornozelo. Agora, favor notar que, após ser visto como um atleta com as articulações de vidro, Curry perdeu um total de apenas dez partidas nas últimas três campanhas.

Em termos de problemas médicos, a grande questão em torno do clube fica por conta da saúde de Steve Kerr. Que coisa, hein? O treinador está afastado do time por tempo indeterminado para se reabilitar de duas cirurgias nas costas. Ele simplesmente rompeu um disco durante o Jogo 5 das finais. Ao retornar ao trabalho para o training camp, admitiu que suas férias foram basicamente infernais por conta disso. Técnico ganha jogo? Estamos prestes a conferir, ainda mais com a saída de Alvin Gentry para New Orleans. Quem fica responsável pela condução da equipe, por ora, tem pouca experiência no assunto. Luke Walton, senhoras e senhores! Está certo que o ex-ala do Lakers esteve envolvido com o basquete desde a época de fraldinha. Que era um jogador muito inteligente. Que ainda terá Ron Adams ao seu lado como grande ajuda. Que seu time não deve ter dificuldade para levar o sistema adiante. Mas não deixa de ser uma situação curiosa para se observar, dependendo de quanto tempo Kerr ficará longe. No Oeste competitivo, qualquer deslize pode significar a perda de mando de quadra lá na frente. E, para o timaço do Warriors, essa é preocupação legítima, ainda que no ramo hipotético.

A gestão: avançada. Bom, já citamos um ou outro ponto acima. A palavra final é do proprietário Joe Lacob, o martelo nunca vai ser batido sem que antes ocorra uma boa discussão, debatendo pontos contra, a favor, até se chegar a um consenso, ou algo perto disso. E, ao contrário do que 98% da internet acredita, isso faz bem e ajuda na condução dos negócios. O bacana aqui é ver a diversidade das vozes. Temos o ex-atleta que inspira até hoje o logo da NBA. Outro grande arremessador que ganhou cinco títulos em quadra. Um ex-agente. Um bilionário que era acionista minoritário do Boston Celtics. O filho do dono, mas que parece um pouco mais competente do que a média já vista na liga. Outro fez carreira no clube, começando como analista de vídeo até se tornar assistente do gerente geral. Diferentes origens, diferentes pontos de vista, expansão de conhecimento e bons resultados.

Quanto a Kerr, o certo era nem escrever muito a respeito. Pois não há o que se contestar em seu primeiro ano como técnico. Foi simplesmente um trabalho impecável. Ele venceu e, melhor sem perder o bom humor, sendo mais um caso de treinador que afasta a ideia de que é preciso ser rabugento para domar um time de craques milionários. Ainda assim, parece haver muitos que julgam que ele “só cumpriu com sua obrigação por ter um timaço em mãos”. É, pois é. Não me recordo de ver, em outubro de 2014, muita gente alçando o Golden State a candidato ao título, quanto menos prevendo que eles fariam uma das melhores campanhas da história. Também é difícil de entender como pode-se julgar normal que seu time tenha aliado o topo do ranking de eficiência defensiva com a segunda colocação da lista ofensiva (perdendo por 0,1 ponto para o Clippers e vindo do 12º lugar no campeonato anterior). Isso, claro, com o ritmo mais acelerado da paróquia. Uma aberração.

Leandrinho, o segundo título brasileiro

Leandrinho, o segundo título brasileiro

O brasileiro: Leandrinho. O reencontro com Kerr e com um time tão disposto a correr fez bem ao ala-armador, que fez sua melhor temporada desde o primeiro ano em Toronto (2010-11), estando três anos mais velho e se recuperando de uma cirurgia de ligamento cruzado no joelho. Kerr soube como tirar o melhor do ligeirinho. Controlou seus minutos e não pediu mais do que habitual explosão em direção ao garrafão, a arrancada no contra-ataque e o arremesso do lado contrário e ainda contou com sua energia positiva para animar o vestiário.  A recompensa foi um aumento de US$ 1 milhão no salário, valendo mais do que havia ganhado nas últimas temporadas. Seu papel não deve ser alterado nesta temporada.

Olho nele: Klay Thompson. O salto que Thompson deu em sua quarta temporada foi formidável, arcando com maiores responsabilidades ofensivas e respondendo com os melhores índices ofensivos, defensivos, de eficiência, de assistências e nos chutes de três pontos de sua carreira. Entrou no time das estrelas e não deve sair tão cedo. Vale observar se o ala, de 24 anos, será capaz de elevar novamente sua produção a um outro patamar, talvez se tornando uma ameaça ainda maior no drible, mesmo que seu percentual de turnovers já seja baixo o bastante.

card-ricky-barry-warriors-76Um card do passado: Rick Barry. O Warriors seu primeiro título em Oakland em 1975, liderado por um autêntico sniper em Barry, um dos maiores pontuadores que a NBA já viu, ao mesmo tempo que também era uma força criadora e, segundo consta, um dos jogadores mais detestáveis da história. Você abre o “Book of Basketball” de Bill Simmons e busca por citações da fera. Vai encontrar declarações resgatadas como essa de Billy Paultz: “Ao redor da liga, a opinião era de que ele era o jogador mais arrogante da história. Não conseguia acreditar. Metade dos jogadores não gostavam dele. A outra metade o odiava”.

Ainda assim, o cara era talentoso o bastante para compensar as coisas em quadra e carregar sua equipe. Em 1976, retornaram à final da Conferência Oeste e perderam o Jogo 7 para o Houston Rockets, uma equipe inferior, segundo Simmons. Barry se envolveu numa briga com Ricky Sobers, um ala bem mais forte. Nenhum dos seus companheiros intervieram a seu favor. No segundo tempo, o pai de Jon, Brent e Drew simplesmente deixou de arremessar, assim como Kobe Bryant fez um dia pelo Lakers em duelo com o Phoenix Suns, para perplexidade de Phil Jackson. Ambos foram derrotados. No Golden State deste ano, com a adoração que Stephen Curry desperta, é bem difícil que isso vá acontecer.


Campeão, Golden State é hoje o queridinho da NBA. Nem sempre foi assim
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Giancarlo Giampietro

CLEVELAND, OH - JUNE 16: The Golden State Warriors celebrates with the Larry O'Brien NBA Championship Trophy after winning Game Six of the 2015 NBA Finals against the Cleveland Cavaliers at Quicken Loans Arena on June 16, 2015 in Cleveland, Ohio. NOTE TO USER: User expressly acknowledges and agrees that, by downloading and or using this photograph, user is consenting to the terms and conditions of Getty Images License Agreement. (Photo by Ezra Shaw/Getty Images)

Eles estrelaram contra LeBron James as #NBAFinals de maior audiência nas transmissões da ABC. Stephen Curry foi alçado ao rol dos jogadores mais populares da liga. O estilo de jogo é vistoso, frenético, empolgante. Eles se tornaram os queridinhos da América, antes mesmo da conquista do título nesta terça-feira, com uma vitória por 105 a 97 sobre o Cleveland Cavaliers para fechar a série.

Não tem muito o que ser dito sobre este Jogo 6, em relação ao que se passou nos últimos duelos (comentários linkados logo abaixo). O Cavs fez o que podia com o que havia de disponível. David Blatt não conseguiu criar um fato novo na série – e sabe-se lá qual fato poderia ser esse, com um banco de reservas muito limitado devido aos desfalques de Kyrie, Love e Varejão e a surtada básica de JR Smith, dos profissionais milionários mais imaturos que a gente vai ver por aí. Não dava para esperar nada de Mike Miller, Shawn Marion ou Kendrick Perkins.

E não dava para pedir mais nada de seu grande craque, o ídolo local que ficou a uma assistência de mais um triple-double, com 32 pontos e 18 rebotes em 47 minutos. O camisa 23 terminou a série decisiva com 35,8 pontos, 13,3 rebotes, 8,8 assistências – é a primeira vez que um atleta lidera as finais nestes três quesitos –, em 45,8 minutos, mas com 39,8% nos arremessos de quadra. Amarga o quarto vice-campeonato em seis finais, mas não há absolutamente nada o que falar a respeito de seu desempenho desta vez. Está entre os maiores já.

A série
>> Jogo 1: 44 pontos para LeBron, e o Warriors fez boa defesa
>> Jogo 1: Iguodala, o reserva de US$ 12 m que roubou a cena
>> Jogo 2: Tenso, brigado… foi um duelo para Dellavedova
>> Jogo 3: Cavs vence e vira a série, dominando. Ou quase isso
>> Jogo 3: Blatt ainda não levou o título. Mas merece aplausos
>> Jogo 4: Cavs entrou de All In. O Warriors tinha mais fichas

>> Jogo 4: O (outro) jogo de equipe do #GSW contra limitado Cavs
>> Jogo 5: Curry merecia uma dessas, e o Warriors fica perto

A partir do quarto período da terceira partida, com uma arrancada que ameaçou aquela que seria a segunda vitória do Cleveland, os campeões do Oeste sobraram – mesmo que não tenham conseguido impor seu estilo seu ritmo. De modo que, agora, eles são também os campeões da liga como um todo, após 40 anos. Aclamados. Entre eles está Leandrinho, o segundo brasileiro campeão da liga, 12 anos depois de sua estreia. Com um papel limitado, mas jogando muito bem, importante na engrenagem de um grande time, que somou 83 vitórias e 20 derrotas em todo o campeonato.

Esse é o terceiro maior total de triunfos na história, atrás apenas do Bulls de 1996 e 97, e uma quantia que se explica pela combinação de ataque (o mais eficiente da temporada, num empate técnico com o Clippers) e também a melhor defesa, mesmo jogando no ritmo mais acelerado do campeonato. Uma combinação inédita, aliás, mas aplicada por um vencedor como Steve Kerr, em seu primeiro ano no cargo, para dominar uma Conferência Oeste inóspita.

>> Geração Nenê: reconhecimento com o 2º título
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40 anos de sofrimento: as trapalhadas do #GSW

A grande surpresa foi, confesso, a eleição de Andre Iguodala a MVP das finais. Não que não merecesse: teve o meu voto virtual. Acreditava, porém, que Stephen Curry levaria, pelo maior cartaz (e não seria um absurdo, digamos) – já que seria muito difícil entregar o troféu para o melhor em quadra, mesmo, uma vez que ele saiu de quadra derrotado. A candidatura do ala teve como plataforma principal a defesa que fez para cima de LeBron. Incrível sua resistência diante de uma força da natureza. O astro adversário acumulou números espetaculares, mas o fato é que, quando marcado diretamente pelo antigo sexto homem do Warriors, seu rendimento foi ínfimo.

Mas não fica só nisso: Iguodala foi o atleta mais consistente para Steve Kerr durante as seis partidas e também contribuiu no ataque, com 16,3 pontos, 4,0 assistências, 40% nos arremessos de longa distância e 52,1% no aproveitamento geral de quadra. Para não falar dos 5,8 rebotes, importantíssimos para facilitar a decisão do técnico de promovê-lo ao time titular no Jogo 4, no lugar de Bogut. Com ele em quadra, o Golden State teve saldo de 62 pontos em 222 minutos de ação. Nos 76 em que descansou, sua equipe saiu com placar negativo (-19).

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Ao contrário do que se passou com o Cavs, contudo, com sua total dependência de LeBron, o Golden State realmente venceu como conjunto. É nessa hora que vale a pena recuperar o histórico de alguns dos personagens. Quem são esses caras, afinal? E aí que se dá conta de que nem sempre foi assim. Nem sempre foram as figuras mais aplaudidas do pedaço. Muitos daqueles que hoje são celebrados já ouviram muitos “nãos” na carreira, a começar pelo MVP da temporada regular:

Stephen Curry: filho de um jogador de sólida carreira na NBA, mas o sobrenome não foi o bastante para que conseguisse bolsa em uma universidade mais prestigiosa. Fechou então com a modesta instituição de Davidson, que mandou, no total, apenas seis jogadores para a grande liga. Quatro deles se aposentaram antes dos anos 80. Era considerado muito frágil, baixo, lento para que se tornasse um profissional, quanto menos seu jogador mais valioso.

Klay Thompson: mais um caso de prospecto que tinha tudo para se profissionalizar com tranquilidade. Afinal, também tinha um pai com currículo significativo, sendo inclusive campeão pelo Lakers e número um em seu Draft. Quando colegial, nas partidas mais relevantes, ficava mais tempo no banco, vendo um tal de James Harden, antes da barba, brilhar em quadra. Foi ignorado pelas principais universidades da Califórnia e teve de buscar uma vaguinha em Washington State, que, ao menos, revelou 16 jogadores de elite. Também teve um incidente com a polícia em sua época de universitário, detido com posse de maconha. Não curto muito a patrulha contra atletas fora de quadra, mas obviamente que se trata de uma notícia que poderia ter atrapalhado o lançamento de sua carreira. Hoje, um All-Star e campeão mundial.

Leandrinho e Steve Kerr: o título não saiu pelo Phoenix Suns. Mas veio após 12 anos na liga

Leandrinho e Steve Kerr: o título não saiu pelo Phoenix Suns. Mas veio após 12 anos na liga

Leandrinho: sair do basquete brasileiro para brilhar na NBA parece, hoje, algo fácil, devido ao constante influxo de talento daqui para lá. Balela. É uma transição ainda muito difícil. Mais complicado ainda é se fixar por lá e vencer (muitos jogos) e ganhar (uma bolada e prêmios). Foi o caso do ligeirinho, estreante em 2003. O tempo passa, porém, e, já veterano, o ala-armador passou por provações talvez ainda mais desafiadoras que o Draft. Com uma cirurgia por lesão do ligamento cruzado anterior, teve de retomar sua carreira no Brasil, com ajuda do Pinheiros, até retornar aos Estados Unidos pela porta dos fundos. Nem o Golden State Warriors confiava plenamente em sua recuperação, diga-se, tendo lhe oferecido um contrato sem garantias. Daqueles em que o clube pode cortar o atleta até janeiro, sem obrigação de pagar todo o salário acordado. Pouco provável que tenha de esperar tanto por um emprego na temporada que vem.

Ao sair de quadra, Draymond Green fez questão de relembrar como muitos lhe disseram que ele não teria a menor chance na NBA

Ao sair de quadra, Draymond Green fez questão de relembrar como muitos lhe disseram que ele não teria a menor chance na NBA

Draymond Green: um ala-pivô de 2,01 m? E lento? Sem impulsão? Na NBA? Ah, conta outra. A revelação de Michigan State construiu um grande currículo na NCAA, tinha os números ao seu favor, mas seu perfil não agradava tanto assim a grande parte dos scouts. Foi selecionado, como um senior, aos 22 anos, apenas na 35ª colocação, atrás, pela ordem, de Jae Crowder, Bernard James, Tomas Satoransky, Jeffery Taylor, seu companheiro Festus Ezeli, Marquis Teague, Perry Jones… Enfim, entenderam, né? Até Fabrício Melo, o 22º, saiu antes. Está preparado para receber um contrato na casa de US$ 15 milhões anuais.

Andre Iguodala: ok, um jogador elogiado basicamente durante toda a sua carreira. Como ele mesmo disse ao receber o prêmio em quadra: já foi comparado a um jovem Scottie Pippen, um jovem Grant Hill, Penny Hardaway… Para tê-lo no elenco, o Golden State pagou duas escolhas de Draft. Acontece que, neste ano, ao se apresentar para o training camp, foi puxado de canto por Steve Kerr para ser informado de que viraria reserva. O técnico o enxergava como o sexto homem do time. Pode parecer bobagem, mas há muitos atletas que não tolerariam um comunicado desses e pediriam troca. (Oi, Dion Waiters). Iguodala admite que estranhou a ideia a princípio. Mas topou a causa e não abriu o bico em nenhum momento durante o campeonato. Acabou, por isso, fazendo história, ao ser o primeiro MVP das finais sem ter começado sequer uma partida da temporada regular como titular.

– Andrew Bogut e Shaun Livingston: mais dois casos de atletas prestigiados desde cedo. A dificuldade que a dupla teve de enfrentar teve a ver com questões física. Gravíssimas lesões, daquelas que ameaçam uma carreira. Especialmente no caso de Livingston, quando ainda era um promissor armador pelo Los Angeles Clippers, aos 21, em 2007, e arrebentou o joelho num dos lances mais assustadores que você vai achar no YouTube. Ficou um ano parado, em recuperação. Desde que voltou, defendeu sete times diferentes (incluindo o Cleveland) até chegar nesta temporada ao Golden State. A lesão mais séria de Bogut aconteceu em 2010, quando, após uma enterrada em Milwaukee, caiu em quadra com tudo, sofrendo deslocamento no cotovelo, fratura no braço e torção do pulso.


Steph Curry merecia uma dessas, e Warriors fica perto do título
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Giancarlo Giampietro

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Stephen Curry estava precisando de uma partida dessas. Para fazer justiça ao seu campeonato magnífico. Não que estivesse jogando mal. Nas últimas duas partidas, já havia feito algumas coisas memoráveis. Mas estava faltando uma atuação seminal, assim como foi toda a sua campanha. Nas palavras de Everaldo Marques… Bingo! Aconteceu neste domingo, e o Golden State Warriors agora está a uma vitória do título, tendo vencido o Cleveland Cavaliers por 104 a 91.

LeBron James conseguiu o segundo triple-double nestas #NBAFinals, mas foi privado da comemoração, diferentemente do que havia acontecido no Jogo 2, quando saiu de Oakland com o mando de quadra ao seu favor. Aquela foi mais uma exibição primorosa do astro, o melhor jogador desta série decisiva, sem dúvida. Até mesmo coadjuvantes como Matthew Dellavedova e Andre Iguodala já tiveram seus momentos definitivos. Numa série sensacional, com suas idas e vindas, faltava, então, uma exibição magnífica do MVP da temporada. E aí vieram os 37 pontos em 42 minutos, com sete bolas de três pontos em 13 tentativas.

Melhor: boa parte de sua produção desenrolada no quarto final, respondendo a mais uma tentativa de marcha de James e seus aguerridos cavaleiros. Curry marcou 17 pontos na última parcial (um recorde nos últimos 40 anos), com 5-7 nos arremessos em geral, 3-5 de longa distância e mais 4-4 lances livres. Algumas de suas cestas desafiaram qualquer lógica pré-estabelecida – cujos vídeos deveriam ser acompanhados por algum aviso do tipo: “Não tentem repetir isso em casa. Ou melhor, na sua quadra”.

A série
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Sim, corre-se esse risco. Assim como Kevin Garnett influenciou sabe-se lá quantos pirulões a expandir seu arsenal de fundamentos, neste exato momento milhares de baixotinhos estão assistindo ao astro do Warriors, congelando a imagem frame a frame, para tentar imitar seus movimentos, acreditando ser possível. Provavelmente um pirralho chegue perto no futuro. Igualá-lo? Impossível. Estamos vendo alguém único, que realmente quebra paradigmas em quadra com sua destreza nos arremessos a partir de um controle de bola belíssimo.

Curry joga, de certa forma, no limite. É o máximo de refinamento técnico que se tem por aí hoje, mas por vezes passa a impressão de que está flertando com a displicência. Contra uma defesa feroz, combativa como a do Cavs, a eficiência não foi a mesma da temporada regular ou dos playoffs. Seus números em pontos, assistências e aproveitamento nos arremessos caiu, enquanto o de turnovers decolou, com média de cinco por partida. A segunda partida beirou o desespero, por exemplo, com 18 arremessos errados em 23 tentativas e mais desperdícios de posse de bola (seis) do que assistências (cinco).

Dellavedova foi bastante elogiado por seu trabalho, e com razão. Matéria do Plain Dealer, todavia, indica que talvez os elogios tenham sido exagerados. Pelo visto do ponto de vista do astro do Warriors, que estaria pê da vida com a atenção dada ao seu marcador. “As pessoas mexeram com o Steph, o que é positivo para nós”, afirmou Andrew Bogut, hoje relegado a assistente técnico no banco, sobre a badalação em torno de seu compatriota. “É algo que você não gostaria de fazer, mas que para nós funcionou muito bem. O Delly é um grande defensor, mas sabemos que não vai anular Curry.”

Se foi essa sensação de desrespeito, se acabou o gás do adversário ou se simplesmente o cestinha do Warriors teve duas noites pouco inspiradas, a gente dificilmente será comunicado oficialmente a respeito. Fato é que demorou um pouco para que ele se encontrasse no duelo. Quando achou o rumo… Aí danou-se tudo. Depois de acertar apenas 4 de 21 disparos de fora, converteu 18 de 33 nas últimas três. Faz parte do pacote, e o torcedor do Golden State já está mais que acostumado – e maravilhado – com isso. Nas finais, o restante do público pode se entregar.

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Claro que uma diferença dessas não acontece ao acaso. Steve Kerr mudou o modo como explorar seus talentos, deixando quele retomasse alguns hábitos dos tempos de Mark Jackson com mais investidas individuais, uma vez que Dellavedova estava fazendo um excelente papel em lhe negar a bola a partir de trilhas do lado contrário. Outro fato é o simples cansaço de seus oponentes em geral. Algo difícil de quantificar, mas que é inegável e muito relevante.

Nos últimos três jogos, a equipe californiana venceu o quarto período por um placar agregado de 94 a 57. São 37 pontos de vantagem em 36 minutos. O Cavs faz um jogo duro por três parciais e despenca na última, cai por terra. Neste domingo, enquanto o Warriors marcou 19 pontos nos últimos cinco minutos, com 5-8 de quadra, os visitantes ficaram, respectivamente, com 7 e 2-10. Uma discrepância de rendimento que impediu mais um desfecho ao estilo thriller, como tivemos nas duas primeiras partidas em Oakland.

Mas foi um jogaço, de todo modo. Se, bem no início, o basquete apresentado era tenebroso, com direito a cinco turnovers e três airballs em pouco mais de quatro minutos de ação, depois o nível subiu consideravelmente. A emoção foi junto. Foram 20 trocas de líder no placar e 10 empates até o Warriors desgarrar nos últimos quatro minutos. Quando cronômetro ainda mostrava 4min52s, a vantagem dos anfitriões era de apenas um ponto, 85 a 84, depois de uma cesta de Tristan Thompson. Um pouco antes, a 7min47s, com uma bola de muito longe de LeBron, o Cavs chegou a liderar por 80 a 79. Mas o time não teria, então, condições de esfriar Curry, nem mesmo com as faltas intencionais para cima de Andre Iguodala.

Blatt e LeBron tentaram de tudo, aliás. Da parte do treinador, o ajuste maior foi a redução significativa dos minutos de Mozgov, que terminou com apenas nove – e zerado em pontuação, depois de fazer muito provavelmente a melhor partida de sua vida na quinta-feira. Houve momentos em que o superastro era o mais alto do time em quadra, acompanhado por James Jones, Iman Shumpert, JR Smith e Matthew Dellavedova. E, por um bom tempo, deu certo.

É o que dá ter um talento como o de LBJ no elenco. Mesmo em sua formação mais baixa, o Cavs era o time mais forte e físico por causa da mera presença de seu camisa 23, um jogador realmente transcendental, que se juntou a Magic Johnson no clube daqueles que foi armador e pivô num mesmo jogo pelas finais da NBA. A diferença: Magic fez isso em 1980, outra época, com jogo muito mais concentrado no garrafão, claro. (E foi campeão).

Mas, por favor, creio que não há nada que se possa atirar na direção do craque do Ohio, independentemente do que vai acontecer na próxima terça. Se vai ter empate, ou se a conta fecha em seis a favor do Warriors. Dessa vez ele saiu de quadra com 40 pontos, 14 rebotes e 11 assistências, sendo apenas o segundo jogador na história da liga a conseguir um triple-double com 40 pontos na série decisiva. O outro foi Jerry West, em 1969, pelo Los Angeles Lakers. Ironicamente o raro ano em que um jogador do time derrotado foi eleito o MVP do confronto – e ninguém do Boston Celtics estranhou. Não seria absurdo algum repetir esse feito agora com James.

Pois, de novo, não foi só uma questão de brilho estatístico, mesmo que ele tenha tido sua partida mais eficiente nos arremessos (15-34). O que engrandece mais seu desempenho é a dinâmica desses jogos, com o craque carregando o time enquanto pode. No primeiro tempo, das 17 cestas de quadra de Cleveland, 16 tiveram seu envolvimento direto ou indireto. No final, nos ataques em que LeBron não arremessou ou não deu um passe para chute, seus companheiros acertaram apenas 6 em 25 tentativas, com 1-11 nos três pontos.

Já Curry obviamente não fez as coisas sozinho. A disparidade de talento entre um plantel e o outro (desfalcado) é enorme. O Warriors conseguiu 67 pontos com jogadores que não atendem pelo nome de Stephen. Já os atletas de sobrenome diferente de James marcaram 51. Tristan Thompson foi o único parceiro que conseguiu produzir em alto nível neste Jogo 5, com 19 pontos e 10 rebotes. JR Smith deu sinal de vida no primeiro tempo, com 14 pontos, mas voltou a se atrapalhar no segundo. Iman Shumpert foi bem nos chutes da zona morta (3-6), mas tem sérias dificuldades para colocar a bola no chão e completar uma bandeja. As limitações de Dellavedova foram expostas. Já Mike Miller provou, nos surpreendentes 14 minutos que recebeu, que não sua presença neste tipo de jogo já não é mais justificável – se mexe pela quadra com as costas travadas e não dá conta de parar ninguém, sendo até inexplicável a o número reduzido de tentativas do Warriors para atacá-lo no um contra um.

Do outro lado, Andre Iguodala pode ter vivido um pesadelo nos lances livres, errando 9 de 11, mas jogou demais novamente, com 14 pontos, 8 rebotes e 7 assistências. Em termos de consistência e esforço, o ala é o melhor jogador do Warriors nas últimas duas semanas. Depois do que o Chef Curry fez, porém, dificilmente vai perder o prêmio de MVP das finais, a não ser que os eleitores quebrem o protocolo, indicando James.

Draymond Green foi outro que entregou de tudo um pouco a Steve Kerr, com 16 pontos, 9 rebotes e 6 assistências (ainda que se atrapalhando com a bola quando enfrentou jogadores mais baixos, cometendo quatro turnovers). Harrison Barnes atacou os rebotes como nunca, terminando com 10 no total e ainda se impôs atleticamente em alguns embates com James. Se Klay Thompson esteve bem abaixo da média, com 12 pontos em 14 arremessos, seu deslize permitiu a Leandrinho mais minutos, e o ala-armador respondeu muito bem, com sua melhor exibição na série: 13 pontos em 17 minutos, agressivo e novamente eficiente (4-5 nos arremessos, 4-4 nos lances livres). É de se imaginar que o brasileiro não vá ter problema algum para assinar seu próximo contrato:

Isto é, Steve Kerr tem mais alternativas com quem trabalhar. Dessa vez, ele usou até mesmo o pivô Festus Ezeli em alguns minutos estranhos de rotação para abrir o quarto final, enquanto Blatt tinha Mozgov em quadra. O técnico do Cavs foi novamente superior, mas seu raio de ação, porém, se encerra com as limitações da equipe. Kerr, porém, sempre vai ter o mérito de ter feito sua mudança drástica antes do Jogo 4 e também por lidar da melhor forma com os jogos incríveis de LeBron. “Ele tem a bola em mãos por muito tempo. Nós temos de continuar com nosso plano e não esmorecer se ele acertar seus arremessos. Ele vai, não tem jeito”, diz Curry, sobre seu concorrente, meio que repetindo um mantra desde o Jogo 1. “Mas, no decorrer de 48 minutos, esperamos desgastá-lo e deixar as coisas muito difíceis para ele.”

É o que tem acontecido. LeBron vem produzindo, mas corre o risco de, com o distanciamento histórico, ver suas exibições relevadas. O craque sabe como as coisas funcionam, após ter conquistado dois títulos e enfrentou muitas decepções. Curry também está ciente a respeito. Por isso, não vai se gabar de um outro lance que tira do sério até mesmo os jogadores que estão na plateia. Como quando passou a descadeirar um australiano já sem se incomodar com a pegada do australiano, entendendo como responder ao desafio. Continua com os lances de efeito, mas com os olhos para a cesta, para o título. O espetáculo que aconteça de maneira inerente. “Foram alguns momentos legais, mas eles só vão significar alguma coisa se formos campeões. Provavelmente terei uma resposta melhor para essa pergunta depois de vencermos o campeonato”, afirmou o armador do Warriors, torcendo para que isso aconteça o quanto antes. “Momentos definitivos só acontecem para os jogadores que estão segurando o troféu.”


Virou melhor de três: notas antes do Jogo 5 entre Warriors e Cavs
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Giancarlo Giampietro

Escuta, gente, eu recebi um SMS de madrugada que diz que...

Escuta, gente, eu recebi um SMS de madrugada que diz que…

Após duas vitórias para cada lado, o que temos agora é realmente uma série melhor de três para definir as #NBAFinals. Mas isso não significa que Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers estejam recomeçando do zero. Tudo o que aconteceu nas primeiras quatro partidas conta e influencia o que vem pela frente. E foi muita coisa.

Duas prorrogações em Oakland, com o Cavs roubando o mando de quadra após muito drama. LeBron James nunca arremessou tanto em sua vida, acumulando números absurdos num esforço hercúleo. Matthew Dellavedova virou personagem de cinema. Timofey Mozgov e Tristan Thompson engoliram a tábua ofensiva. Stephen Curry errou muitos arremessos de três pontos e cometeu um caminhão de turnovers no meio do caminho até reencontrar o mínimo de equilíbrio. Andre Iguodala provou que ainda pode ser um jogador bastante relevante na liga, assim como David Lee, em menor escala. E, claro, diante de tanta movimentação por parte de seus jogadores, David Blatt e Steve Kerr jogaram xadrez. Ou pôquer. Escolham.

A série
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Rumo ao Jogo 4, o Warriors estava contra a parede, encurralado pela pressão física que seus adversários estavam impondo, incomodando LeBron aqui e ali, mas se curvando diante de sua dominância. E aí o time californiano radicalizou, ao banir nos grandalhões de sua rotação e enfim assumir o controle das ações em quadra, como aconteceu na quinta-feira.  Agora é a vez de Blatt promover ajustes, embora seja difícil imaginar quais.

Pequenas coisas podem ser feitas. A preocupação inicial é tentar ajudar Matthew Dellavedova a ser eficiente no ataque, liberando o australiano com bons corta-luzes para que ele possa produzir alguma coisa. A outra é o que fazer quanto a Andre Iguodala. Em teoria, você paga para ver seu chute de longa distância, historicamente ineficiente. Mas que tal apenas fazer sombra ao ala, pelo menos? Sobre os minutos de LeBron: quando ele vai descansar e como atacar quando ele está no banco? Gastar os 24 segundos só não adianta.

É aqui, então, que entra a primeira de algumas notinhas interessantes que pudemos coletar desde quinta. Uma nota que vale como emenda ao último artigo do blog sobre as finais: a escassez de alternativas técnicas para Blatt, e a angústia que essa constatação gera:

– Diga-me com quem andas
O repórter Brian Windhorst construiu sua carreira na NBA com a sorte de poder acompanhar o surgimento do adolescente LeBron em Ohio, ao mesmo tempo em que trabalhava diariamente na cobertura do Cavs. Competente, cultivou fontes e estava muito bem posicionado para relatar o que se passava ao redor do principal nome da franquia. Foi, por isso, contratado pela ESPN.

Estamos falando, logo, de alguém bem conectado, com credibilidade para dar furos sobre o cotidiano do clube. Sua última matéria de bastidores, com base em fontes anônimas, porém, é daquelas de se fazer coçar a cabeça. Apurou que “alguns jogadores sentem, acreditam que uma rotação mais ampla, com minutos mais distribuídos, beneficiaria a equipe”.

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Só faltou identificar que tipo de jogador estava falando isso: os que não estão saindo do banco, ou algum titular eventualmente extenuado? Faz toda a diferença, não? Se o cara não está sendo utilizado, dãr, é claro que vai pedir para entrar na festa. São as finais. Se alguém estiver se arrastando, não poderá pedir para sair, literalmente, mas pode recomendar que um companheiro diferente seja utilizado. Pega bem com o coletivo, ao mesmo tempo em que não funciona como confissão.

As duas linhas argumentativas fazem todo o sentido, aliás, como teoria. Na prática… O que está sendo pedido? Que Blatt tente abrir as portas do vestiário para Mike Miller e/ou Shawn Marion – já que pedir Kendrick Perkins e Brendan Haywood ultrapassaria a fronteira da insanidade. Sobre Miller e Marion: talvez fosse o caso de arriscar, mesmo, a inserção de um deles no grupo de atletas ativos. O problema: quem exatamente eles vão substituir, em termos de dar descanso?

Há cinco anos, Marion poderia dar muito trabalho ao Warriors. Agora, quer jogar, mas ninguém sabe ao certo o que ele pode oferecer – ou se não vai atrapalhar

Há cinco anos, Marion poderia dar muito trabalho ao Warriors. Agora, quer jogar, mas ninguém sabe ao certo o que ele pode oferecer – ou se não vai atrapalhar

Os titulares visivelmente mais desgastados são LeBron e Dellavedova, e não me ocorre de que maneira um dos veteranos alas poderia rendê-los. Sem Kyrie Irving e Kevin Love, o Cleveland não tem um jogador além de seu principal astro que possa criar jogadas por conta própria. Marion e, muito menos, Miller, não se encaixam nesse perfil. Não adianta ter um chutador desses, se ele não vai ter espaço para arremessar – como aconteceu em Miami e Memphis, a partir das sobras de James, Wade, Bosh, Gasol e Randolph. Isso para não falar do jogador que ele precisaria marcar: Barnes, Iguodala, Livingston, Leandrinho? Sem chance. (Antes de mais nada, o mesmo raciocínio vale para o calouro Joe Harris, com o agravante de sua inexperiência).

Do outro lado da quadra, o antigo Matrix já não tem mais condições de marcar um armador, especialmente um armador veloz e habilidoso como o Chef Curry. Mesmo com minutos reduzidos. Fiscalizar Klay Thompson talvez seja pedir demais. E, em termos de ala-lento-que-ainda-pode-tentar-fazer-alguma-coisa-para-atrapalhar-Draymond-e-Harrison, James Jones já se ocupou dessa tarefa, sendo muito mais perigoso nos arremessos. Ele parece o mais indicado para dar uma folga a Tristan Thompson.

De resto, temos Timofey Mozgov, sobre o qual não precisamos nem gastar mais tempo para discutir, e os demais alas. JR Smith jogou menos de 32 minutos por partida desde que chegou a Cleveland e passou também um bom tempo no banco em Nova York. Iman Shumpert sofreu com pequenas lesões e não passou dos 25 minutos em média em seu novo clube. Nos playoffs, sua carga subiu para 34 minutos. O cabeleira tem 24 anos, um a mais que o Thompson canadense, alguém que leva muito mais pancadas numa partida de basquete e deu de ombros ao ser questionado sobre um eventual cansaço ao final do Jogo 4. Miller e Marion poderiam eventualmente substitui-los por alguns minutos pontuais que fossem. No plano geral, faria diferença? São caras que já ganharam títulos, sabem o que precisa ser feito. A dúvida é se eles ainda conseguem e se, mais grave, os meros minutinhos que possam ganhar não seriam muito custosos.

A temporada regular dos veteranos...

A temporada regular dos veteranos… Não anima muito

“É uma decisão do técnico, se ele pensar em usar mais o banco. Não usamos muitos caras nesta campanha de playoff. Acho que poderia ajudar alguns dos que estão acumulando muitos minutos, certamente. Basta dar alguns minutos aqui e ali. Mas a comissão técnica vai  tentar fazer o que for melhor para nos ajudar em nossa preparação física e mental para o domingo”, diz LeBron, para, depois, completar e consentir: “Não temos muitas opções em termos de escalação.”

Seria prudente um remanejamento de minutos. Qualquer respiro a mais para LBJ pode ser valioso no caso de outro jogo apertado. A dica até ficaria. Mas aí você tem de encontrar as alternativas para sustentá-la.

– Valendo US$ 6 milhões ou mais
Se o banco de reservas não oferece muitas alternativas, a grande esperança de Blatt talvez seja, mesmo, uma evolução dos próprios jogadores que ele vem utilizando. Em especial JR Smith. O ala seria o único que poderia realmente ajudar a aliviar as responsabilidades ofensivas do camisa 23. Não estivesse numa terrível fase.

Taí um chute quase contestado para JR converter. Fácil?

Taí um chute quase contestado para JR converter. Fácil?

Se, contra o Atlanta Hawks, o avoado Smith teve médias de 18 pontos e 50% nos arremessos, contra o Golden State seu aproveitamento vem sendo horroroso, que não compensa em nada sua constante desatenção defensiva. Em quatro partidas, tentou 47 arremessos de quadra e converteu apenas 14. Na linha de três, foram 7 em 28. Se ele comete poucos turnovers, também não dá assistências (foram apenas três até aqui), num claro sinal de que não está criando, nem mesmo tentando criar nada. Deve ser um reflexo direto do plano de jogo centralizado em James, para gastar o tempo e conter o número de desperdícios de bola. Mas o Cavs precisa, com certo desespero, que ele ao menos consiga converter os chutes que tiver no lado contrário a partir das eventuais dobras em cima da superestrela. LBJ sabe disso.

“Ele pode errar uma centena de arremessos”, disse. “Se estiver bem posicionado, a partir de infiltrações e passes para fora, tem de chutar com confiança. Se ele estiver se sentindo confiante em sua agilidade, então eu também estarei confiante nisso. Enquanto competidor, se você perder sua confiança em suas capacidades, fica muito difícil de recuperá-la.”

Com mais mobilidade, a defesa do Warriors forçou que Smith, Dellavedova e Shumpert colocassem a bola no chão antes de subir para a cesta. A estratégia deu certo, em geral. Mas o próprio Smith é quem se gaba ao dizer que prefere muito mais um arremesso contestado, difícil, do que aquele em que estiver livre. Tem agora uma ótima oportunidade para comprovar sua lógica tresloucada.

As decisões de extensão contratual de James e Kevin Love, naturalmente, são as que mais chamam a atenção nos bastidores do Cavs. Acontece que JR também pode virar um agente livre, caso decida exercer uma cláusula contratual e abrir mão dos US$ 6,4 milhões que tem para receber na próxima temporada. Se continuar ladeira abaixo nestas finais, talvez seja difícil optar pela rescisão, com a insegurança de que talvez não esteja tão valorizado assim para assinar um novo compromisso de longo prazo.

– Tem hora para tudo
Nick U’Ren tem apenas 28 anos. Você pode espiar seu currículo aqui e perceber uma vasta área de atuação e talvez não pudesse imaginar que partiu dele uma sugestão que pode ter mudado o rumo da série: a promoção de Andre Iguodala ao time titular, mas no lugar de Andrew Bogut. Lee Jenkins, um dos melhores textos e repórteres envolvidos com a cobertura de NBA, conta tudo na Sports Illustrated.

Seu cargo tem o seguinte título: “assistente especial do treinador principal”. O cara basicamente quebra todo o tipo de galho para Steve Kerr e sua comissão técnica. Na última quarta, decidiu fazer algo a mais. No tempo (supostamente) livre à noite, decidiu recuperar alguns VTs das finais do ano passado, entre Spurs e Heat. Não faz tanto tempo assim, mas é fácil relevar ou mesmo esquecer alguns detalhes daquela batalha que envolveu um time totalmente dependente de LeBron. Foi quando se deparou com a escalação texana para o Jogo 3, em Miami. Tiago Splitter, tão importante para a defesa de Gregg Popovich, deu lugar a Boris Diaw no quinteto inicial.

U’Ren telefonou na hora para Luke Walton, um dos assistentes e Kerr proteção do aro, o Warriors rebaixaria sua estatura e envergadura completamente. Walton, o integrante mais jovem do corpo de técnicos, matutou e abraçou a causa. Mandou uma mensagem de texto às 3 h da madruga para Steve Kerr. Essa é a história por trás da “mentira” assumida por Steve Kerr, que havia dito que não alteraria de forma alguma seu time.

Nick U'Ren, o homem do momento

Nick U’Ren, o homem do momento

O treinador tinha todos os motivos para relutar, mesmo. Com Bogut patrulhando o garrafão, seu time foi o melhor da liga por quase 100 partidas. Embora tivessem perdido o o controle das finais, não é fácil passar a borracha em tudo o que haviam elaborado até o momento. No fim, porém, o pentacampeão da NBA ignorou qualquer noção de vaidade e topou a mudança proposta por um cara de 28 anos, provavelmente desconhecido pela grande maioria de torcedores do Warriors. Não só isso: na entrevista pós-jogo, fez questão de dar todo o crédito para U’Ren, dizendo ainda que o rapaz tem toda a pinta de que vai se tornar um gerente geral ou técnico no futuro.

Sobre o que escreve Jenkins: “Quando Kerr assumiu o cargo em maio, fechou com dois assistentes experientes em Ron Adams e Alvin Gentry, mas também deu oportunidades a Walton e Jarron Collins. Ele trouxe Bruce Fraser, com quem trabalha junto desde a universidade, e U’Ren, que trabalhou com ele em Phoenix. Deu a eles uma voz, independentemente de seu status, criando uma cultura em que ninguém tinha receio de falar – ou mandar uma mensagem de texto de madrugada”.

A propensão de Kerr ao diálogo, aliás, emula o comportamento da diretoria do Warriors. Os debates entre os principais articuladores da franquia já se tornaram célebres. Como no dia em que Jerry West ameaçou pedir demissão do cargo de consultor caso o proprietário Joe Lacob decidisse levar em frente a troca de Klay Thompson por Kevin Love. Um chefe mais controlador talvez se antecipasse e decidisse ele, mesmo, mandar West embora (ou qualquer figura menos prestigiada). Ninguém sabe ao certo se o legendário estava falando sério, ou não. Sua opinião foi ouvida, fato.

A habilidade de Steph Curry, a genialidade de LeBron, a velocidade de Leandrinho, a brutalidade de Tristan Thompson… Isso é o que a gente vê em quadra. É  o que decide de fato os rumos de um campeonato. Mas, por trás do sucesso de um clube de NBA, estão acontecendo muito mais coisas, gente.