Vinte Um

Arquivo : Spurs

Prévia dos playoffs da Conferência Oeste da NBA: Parte 1
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Giancarlo Giampietro

1-OKLAHOMA CITY THUNDER x 8-HOUSTON ROCKETS

A história: James Harden, James Harden, James Harden. Ah! E tem ele também: o James Harden. Do ponto de vista do torcedor do Oklahoma City Thunder, talvez o mais fanático da liga hoje, não podia haver um adversário mais dolorido. Mal deu tempo de se esquecerem da troca feita em outubro passado, e aqui está o Sr. Barba de volta, para visitar a cidade para os dois primeiros jogos da série. Sério mesmo que não dava para evitar?

O jogo: o Rockets é a equipe mais jovem dos playoffs na média de idade e pode se dar por satisfeito só por ter chegado aqui? Pode ser, mas… Não vai deixar de se lamentar a perda do sétimo lugar na úuuuultima rodada da temporada regular. Porque sobrou agora um time que, com Durant, Westbrook, Ibaka, Reggie Jackson, Kevin Martin, não vai se importar em nada de correr com os novos amiguinhos de Harden. O Rockets acelera mesmo e busca geralmente dois tipos de investida: a bandeja, enterrada direto ao aro e os tiros de três pontos gerados a partir de infiltrações. Não espere tiros de média distância. Na temporada regular, essa proposta rendeu uma vitória em três duelos. O problema? As duas derrotas foram por 22 e 30 pontos de diferença, dois massacres. Espere pontuações altas.

De dar nos nervos: Serge Ibaka. Como se fosse um jogador de vôlei deslocado, sai dando cortada para tudo que é lado e gosta de berrar no ouvido dos adversários. Muito ágil e atlético para o seu tamanho, está sempre se metendo onde não é chamado. 😉

Olho nele: para o Houston ter alguma chance, vão precisar encontrar algum meio de, pelo menos, incomodar Kevin Durant. Entra em cena Chandler Parsons, jogando leve, alto e atlético, que pode perseguir o cestinha. Na temporada regular, ele marcou 63 pontos nos primeiros dois jogos e apenas 16 no terceiro. Ainda que tenha somado também 12 rebotes e 11 assistências – um absurdo –, foi limitado a 4/13 nos arremessos e cometeu cinco turnovers. Quer dizer: dá para atrapalhar. Do outro lado, Parsons evoluiu bastante desde que saiu da universidade e, como Jeff Van Gundy citou na quarta passada, lembra um pouco Hedo Turkoglu. E, acreditem, a referência é um elogio, pensando na primeira metade da carreira do turco.

Palpite: Thunder em cinco (4-1).

2-SAN ANTONIO SPURS x 7-LOS ANGELES LAKERS

A história: desde que Tim Duncan foi selecionado pelo Spurs em 1998, os times se enfrentaram seis vezes nos mata-matas, com quatro vitórias para o Lakers. Estamos falando, então, de um clássico do Oeste, ao qual, supostamente o Spurs chega como grande favorito, com uma campanha muito superior na temporada regular. Acontece que, em abril, com Ginóbili afastado por lesão e Tony Parker com o tornozelo arrebentado, a coisa desandou um pouco, com seis derrotas nos últimos nove jogos. Não ficou muito claro se era apenas o que dava para se fazer, considerando os problemas físicos, ou se Gregg Popovich permitiu que seu time relaxasse um pouco, mesmo, abrindo mão da disputa por mando de quadra nas etapas decisivas. Do lado do Lakers, certeza que Mike D’Antoni não vai se sensibilizar com os eventuais dilemas de Pop, uma vez que ele não contará com Kobe Bryant e deve ter um Steve Nash jogando no sacrifício.

O jogo: com seu time ideal, o Spurs foi ainda melhor este ano do que na temporad apassada, tornando sua defesa a terceira melhor da liga, combinada com o sétimo melhor ataque, num resultado formidável. Eles vão retomar esse padrão? Se conseguirem se aproximar desse padrão, o Lakers não deve ter muita chance, mesmo que funcione a nova abordagem ofensiva do time, minando os adversários com  Pau Gasol e Dwight Howard no garrafão. Agora, se Parker não estiver bem e não conseguir colocar pressão para cima da retaguarda angelina, as coisas podem mudar um bocado. Tim Duncan se veria obrigado a jogar no mano a mano contra Howard. Danny Green, Gary Neal, Kawhi Leonard e McGrady não teriam tantos arremessos livres, e a dinâmica da partida pode ser outra. Quanto mais lento e físico o jogo, melhor para o Lakers.

De dar nos nervos: estamos diante aqui de um monte de escoteiros e Ron Artest. O #mettaworldpeace jura que não se mete mais em confusão, e faz bastante tempo que a polícia não toca seu interfone ou que os juízes apitem com medo em sua direção. Por outro lado, difícil esquecer que o sujeito é o responsável por isso…

E isso…

 Olho nele: Tiago Splitter vai ter de se virar para fazer uma boa defesa em um redivivo Pau Gasol. Sem Kobe, a bola passa pelas mãos do espanho praticamente em todo ataque do Lakers, e caberá ao catarinense sua cobertura, muitas vezes bastante afastado da cesta, na cabeça do garrafão, ainda mais agora que Boris Diaw está fora de ação. É um baita desafio para Splitter, a não ser que Popovich queira se aventurar com Matt Bonner em seu lugar.

Palpite: Qualquer um em sete jogos ou surra do Spurs em quaro (4-0).


Lakers avança aos playoffs em sétimo; veja como ficaram todos os confrontos
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Giancarlo Giampietro

Foi um jogo em clima de playoffs. E, suando como o Los Angeles Lakers teve de suar nas últimas partidas, semanas, não havia nada de estranho nisso. É como se eles ja estivessem jogando numa condição de mata-mata há tempos. Nesta temporada inclassificável, eles conseguiram superar uma série de lesões e intrigas desnecessárias para, na última rodada, enfim, assegurar que seguiriam adiante na Conferência Oeste da NBA

Gasol, em grande fase novamente, aleluia

Gasol, mais um jogo brilhante de um astro que D’Antoni destratou no início da temporada

Com direito a prorrogação, depois de um chute de três pontos de Chandler Parsons, uma das revelações do campeonato, no último segundo, a equipe de Mike D’Antoni bateu o Houston Rockets por 99 a 95 em mais um jogo dramático – porque, francamente, esta campanha não poderia terminar de outra maneira.

O time californiano foi para quadra já classificado, devido ao revés do Utah Jazz contra o Memphis Grizzlies, mas ninguém entre os tropeiros de Lakers e Rockets queria aliviar em nada. Tudo pela sétima colocação nos playoffs e o sonho de eliminar o San Antonio Spurs.

E não é que é possível?

Resumidamente: o Spurs hoje parece vulnerável. Manu Ginóbili concluiu a temporada afastado das quadras, Tony Parker estava em frangalhos, e eles ainda perderam Boris Diaw e Stephen Jackson, dois veteranos talentosos, para deixar o banco de reservas ainda mais fraco. Ou Tracy McGrady ainda pode produzir algo em uma quadra de NBA?

Sério? O T-Mac?

Stephen Jackson deve estar se matando de rir, ou chorando de raiva a essa altura. Talvez em Porto Rico, vai saber.

Por outro lado, claaaaaaro que ninguém vai duvidar da capacidade de Gregg Popovich e claaaaro que só dá para se impressionar com o ano que Tim Duncan teve.

Mas…

Se Parker não estiver inteiro para acelerar um pouco o jogo e atacar de modo agressivo e efetivo no pick-and-roll, na meia-quadra, de uma hora para a outra, você tem um time texano mais vulnerável diante de Lakers que realmente poderia pensar em alguma coisa nesta série,  um clássico da liga, mesmo sem Kobe.

Ainda mais com a grande fase de um ressurrecto Pau Gasol – foram 17 pontos, 20 rebotes e 11 assistências contra o Rockets! Aleulua, D’Antoni, aleluia! – e a possibilidade de Steve Nash retornar nos playoffs. Ainda que Steve Blake, vivendos seus melhores dias como um Laker, possa dizer uma coisa ou outra a respeito sobre o desfalque de seu xará.

*  *  *

Por que o Spurs é melhor para o Lakers, fora as lesões de Parker e Ginóbili?

A dificuldade em geral da defesa angelina em parar Harden, Parsons, Beverley (aquele que roubou a vaga de Scott Machado) e qualquer Rocket que pudesse criar a partir do drible só serve para sublinhar todo o empenho do time em tentar subir para o sétimo lugar do Oeste nesta quarta. Contra Durant e Westbrook? Não teriam a menor chance.

*  *  *

Confira todos os playoffs da NBA 2012-2013 (voltaremos a eles até sábado):

OESTE

– 1-Oklahoma City Thunder x 8-Houston Rockets
Quis o destino que James Harden realmente tivesse de enfrentar os ex-companheiros

– 4-Los Angeles Clippers x 5-Memphis Grizzlies
Blake Griffin e Zach Randolph se odeiam; na verdade, praticamente tudo se odeia aqui

– 3-Denver Nuggets x 6-Golden State Warriors
Os times vão correr tanto que Bogut pode  ter um piripaque em quadra; Ty x Steph?? Uau.

– 2-San Antonio Spurs x 7-Los Angeles Lakers
Ok, Pop, taí o que você queria. Era o que você queria mesmo, né!?

LESTE

– 1-Miami Heat x 8-Milwaukee Bucks
Porque, com Jennings e Ellis no ataque e Sanders na cobertura, o Bucks pode com todo mundo. Claro.

– 4-Brooklyn Nets x 5-Chicago Bulls
Serve para algo o mando de quadra do Nets? Noah vai jogar? E rose? Vamos de Deron x Thibs no fim?

– 3-Indiana Pacers x 6-Atlanta Hawks
Para fugir do Heat, o Hawks fez de tudo. Não sei se, fisicamente, vão ficar tão satisfeitos. Podem vencer, mas com hematomas.

– 2-New York Knicks x 7-Boston Celtics
Clássico é clássico, e vice-versa, já ensinou Jardel. Mas o Knicks é o favorito, a não ser que os médicos tenham alguma surpresa.


Lesões voltam a assombrar o Spurs com os playoffs se aproximando
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Giancarlo Giampietro

 

Tony Parker, ai

Tony Parker vai ficar sentado por mais tempo? Pop está preocupadíssimo

Esse filme está virando uma constante na vida de Gregg Popovich. Que tortura!

O técnico encontra e treina operários no mundo todo. Num dos menores mercados da NBA, consegue manter um time extremamente competitivo em quadra desde 1999. Ou melhor: “extremamente competitivo” tem a ver mais com equipes menores lutadoras, valentes, né? O que o Spurs virou nas mãos do Coach Pop foi um rolo compressor, sempre lutando pelo título.

Mesmo nesta temporada, ou na passada, com o relógio avançando rapidamente para Duncan e Ginóbili, o time texano sustentou por um bom tempo a melhor campanha da liga, sendo ultrapassado no mês passado pelo impossível Miami Heat. Agora, com a derrota de ontem para o Thunder, corre o risco também de perder a liderança do Oeste – e, numa eventual revanche contra Durant e Westbrook e os ensandecidos torcedores de Oklahoma City, perder o mando de quadra pode ser fatal.

Agora, mais preocupante que se manter na ponta da tabela, é a repetição dos problemas físicos para seus principais jogadores justamente quando eles se aproximam dos playoffs, por mais que seu treinador controle drasticamente o tempo de quadra deles durante a campanha.

Primeiro foi Manu Ginóbili, que sofreu uma distensão muscular e deve ficar afastado por até quatro semanas, o que o tiraria da primeira rodada dos mata-matas. Agora é Tony Parker quem corre risco. Ele saiu mancando de quadra na derrota para o Thunder, e o Spurs ainda não tem ideia do que está acontecendo.

“Eu o vi voltando para a quadra mancando uma vez, e foi aí que o tirei de quadra. Disse que ele precisava parar, para entendermos o que é. Ele não podia continuar mais”, disse Popovich, que já se assumiu “muito preocupado”. “Acho que é tendinite, alguma coisa em sua canela, ou sei lá onde, pelo que vi no jogo. Pensamos que ele estava meio que se recuperando da torção em seu tornozelo, então esse é um novo problema  em sua perna.”

Aiaiai. Se Popovich estiver certo em seu palpite sobre um eventual problema na canela, o repórter Chris Broussard, da ESPN, traz uma informação que realmente é para deixar qualquer um tenso. Ele consultou um preparador físico que afirmou que é praticamente impossível de se ter tendinite na canela. E, se for lá mesmo, seria bem mais provável uma fratura por estresse.

Sem Ginóbili, com tempo de quadra e influência cada vez mais reduzidos, o Spurs ainda se vira hoje, e muito bem. Neste ano, por exemplo, venceram 71,4% das partidas em que o craque estava afastado, melhorando a marca de 68,8% da temporada anterior, números bem superiores aos 64,2% no geral, desde que o argentino entrou para seu elenco.

Tim Duncan descobriu a fonte da juventude este ano, vem sendo um paredão na defesa, mas as chances do Spurs hoje se baseiam em Parker, que faz o time andar, colocando pressão na defesa sem parar, com um arremesso já confiável, além de ser um contra-ataque de uma pessoa só. Sem ele, por melhores que sejam os jovens Nando de Colo, Patty Mills e Cory Joseph, o Spurs cai de patamar e teria de se virar para passar por Nuggets, Clippers ou Grizzlies.


Spoelstra dá o troco em Popovich, poupa astros e ainda vence em San Antonio
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram quando Gregg Popovich foi a Miami e poupou, de uma vez só, Tony Parker, Tim Duncan e Manu Ginóbili, né? Causou o maior reboliço na NBA, levantando a questão ética se um técnico pode, ou não, tirar seus jogadores da lista oficial sem nenhuma lesão para justificar tal iniciativa, considerando que muita gente pode ter pago o ingresso apenas para ver determinado atleta, sem contar os interesses das emissoras de TV. Pois bem, o Spurs acabou multado por David Stern, e foi uma facada de US$ 250 mil.

Tony Parker x Norris Cole e Shane Battier

Tony Parker dessa vez jogou. E o Spurs sofre uma derrota que é para deixar Popovich cabisbaixo

Na ocasião, os atuais campeões sofreram para ganhar do mistão do Pop, vencendo por 105 a 100, em jogo decidido apenas no último minuto, com direito a uma virada do time da casa no quarto período – eles perdiam por três pontos ao final da terceira parcial. Tiago Splitter, aliás, jogou muito, com 18 pontos e 9 rebotes, desfrutando da condição de ponto focal da ofensiva de seu time pelo menos por uma rodada.

Neste domingo, quatro meses depois, num movimento de aguçada audácia e ironia, Erik Spoelstra deu o troco em seu renomado companheiro de profissão, bastante admirado – ou famigerado – por esse tipo de truque. Spo foi para San Antonio e, tome!, deixou LeBron James, Dwyane Wade (e Mario Chalmers) fora da partida. E, melhor, venceu o jogo: 88 a 86.

Chris Bosh dessa vez, sim, jogou como um superastro, somando 23 pontos, 9 rebotes, 3 assistências e 2 tocos, matando 9 de eus 15 arremessos, três deles da linha de três pontos, o último deles a 1s9 do fim, para dar a seu time uma vitória que praticamente lhe garante a vantagem do mando de quadra em todos os playoffs.

Bosh contou ainda com a ajuda dos 12 pontos e 5 assistências de Mike Miller, titular no lugar de Wade, além dos 7 pontos, 3 rebotes, 3 assisstências e 4 (!!!) tocos de Rashard Lewis, que ficou com a vaga de LeBron no quinteto titular.

Esse é um resultado que mostra que o Miami já tem, sim, seu sistema, que funciona por conta própria. Que também valoriza os jogadores coadjuvantes e os enche de confiança para os playoffs – assim como o técnico do Spurs já fez com Danny Green, Kawhi Leonard, Gary Neal e outros tantas vezes. E, mais do que isso, responde a Popovich na mesma moeda.

Você vai esconder o jogo?

(Pop não só usou a oportunidade de sabotar uma partida de alta exposição para atacar Stern e a direção da liga, devido a uma sequência massacrante de tabela e viagens pela qual passava sua equipe, como também evitava mostrar suas cartas diante de um eventual adversário na luta pelo título.)

Spoelstra, jogando como cachorrão, respondeu a trucada que levou no final de novembro. Pediu seis e ainda levou o monte, deixando Pat Riley orgulhoso que só.


Com amistoso marcado, a NBA enfim ratifica descobrimento do mercado brasileiro
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Giancarlo Giampietro

Linha do tempo, vamos lá:

– 1984: Oscar Schmidt é draftado na sexta rodada pelo New Jersey Nets, mas nunca chega a fazer a transição para a liga norte-americana, numa época de raríssimos contatos entre a NBA e o mundo FIBA.

– 1988: vindo da universidade de Houston, a mesma de Hakeen Olajuswon, o pivô Rolando Ferreira é draftado pelo Portland Trail Blazers na 26ª escolha geral, a primeira da segunda rodada, já uma façanha e tanto. Ele encerra sua carreira na liga em apenas uma temporada, com 12 partidas disputadas.

– 1991: João Vianna, o Pipoka, disputa uma partida oficial pelo Dallas Mavericks e marca dois pontos contra o Spurs em San Antonio. Ele assinou contrato no dia 2 de outubro e acabou dispensado em 12 de novembro.

Nenê e o commish

Nenê podia ter sido do Knicks, mas foi para o Nuggets em marco brasileiro na NBA

– 2002: Nenê Hilário é selecionado na sétima colocação do Draft da NBA pelo Knicks, um feito histórico. É repassado de imediato ao Denver Nuggets, pelo qual jogou até o ano passado, quando foi trocado para o Washington Wizards. Em sua carreira, já tem garantidos mais de US$ 100 milhões apenas em contrato.

– Junho de 2003: É a vez de Leandrinho seguir a rota traçada pelo pivô são-carlense e deixar o basquete brasileiro para se preparar exclusivamente para o Draft. É selecionado pelo Spurs na 28ª escolha para ser repassado para o Phoenix Suns. Pelo clube do Arizona, foi eleito o melhor sexto homem de 2007, sendo um dos melhores arremessadores de três pontos do campeonato por dois anos seguidos.

– Setembro de 2003: Alex Garcia impressiona o técnico Gregg Popovich na disputa da Copa América no Porto Rico e assina como agente livre com o San Antonio Spurs. É dispensado em junho de 2014 e logo contratado pelo New Orleans Hornets. Acabou dispensado pelo novo clube em dezembro daquele ano.

– 2004: seguindo, uma rota diferente, o pivô Rafael Araújo, o Baby, é o oitavo no draft daquele ano, tendo se formado pela universidade de BYU – ao contrário do que teve no basquete universitário, porém, sua carreira na liga profissional dura apenas três anos, até que seu contrato com o Utah Jazz expirou em 2007. No mesmo recrutamento, Anderson Varejão sai em como o número 30, a primeira escolha da segunda rodada, pelo Orlando Magic, mas já é negociado pouco depois para o Cleveland Cavaliers. É ídolo da torcida.

– 2006: Marquinhos, com os mesmos agentes de Nenê e Leandrinho, também tenta a sorte nos EUA e é escolhido na posição 43 do draft pelo Hornets. Fica dois anos no clube, joga pouco (26 partidas no total) e é trocado nem fevereiro de 2008 para o Memphis Grizzlies, que não renovou seu contrato.

Alex, o da NBA

Alex, em novembro de 2004: um Hornet

– 2007: Tiago Splitter, jogando na Espanha, cai no colo do San Antonio Spurs no final da primeira rodada, novamente com a escolha 28, mas dessa vez o clube texano mantém o brasileiro. O pivô jogou mais alguns anos pelo Baskonia até se transferir. Virou titular na atual temporada e deve chegar bem cotado ao mercado.

– 2010: Paulão Prestes é escolhido pelo Minnesota Timberwolves, na segunda rodada (45ª), é aproveitado em jogos de liga de verão, mas não chega a firmar um contrato.

Esse é o campo esportivo.

No dos negócios, a liga desenvolveu seus laços com o país de modo bem tímido – ao menos do ponto de vista oficial, já que seu marketing já era disseminado por meio de suas partidas, site e produtos importados.

Numa teleconferência de imprensa láaaaaaa atrás em 2000, antes mesmo da chegada de Nenê a Denver, o comissário David Stern já ventilava a possibilidade de fazer um amistoso de pré-temporada no brasil. Lembro que, na mesma conversa, ele afirmava que dois jogadores brasileiros tinham chances de entrar na liga num futuro próximo: Guilherme Giovannoni e Jefferson Sobral. A história acabou sendo outra.

De todo modo, uma vez com Maybyner Hilário contratado, a NBA tinha, enfim, alguma âncora firme para evoluir com seus negócios. Mas foi bem aos poucos. O país recebeu algumas das edições do programa “Basketball Without Borders”, um camp coordenado por dirigentes e técnicos de suas franquias, reunindo alguns dos principais jovens jogadores do continente. O último foi em 2011, no Rio. Eventos esporádicos também foram realizados.

BWB no Rio

Atividade do BwB no Rio em 2011

Até que de um ano para cá as coisas esquentaram. Em 2012, começou a operar um escritório da liga no Brasil, localizado no Rio. “O país que receberá o Mundial de futebol e a Olimpíada chama a atenção do mercado internacional”, disse na época o vice-presidente da NBA para a América Latina, Phillippe Moggio, ao repórter Daniel Brito, então da Folha de S.Paulo (texto na íntegra para os assinantes). O próximo passo foi a criação de uma loja oficial online: “Vemos o Brasil como terceiro mercado para a NBA [atrás de EUA e China], é muito importante, pelo crescimento do país, seu bom momento, além da Olimpíada. É uma oportunidade muito grande”, disse Moggio.  Na ocasião, o dirigente garantiu que chegaria ainda o dia em que o país teria um jogo de pré-temporada, pelo menos. “É um compromisso que temos”, afirmou.

Durante a década passada, esse tipo de discurso havia sido repetido tantas vezes, em diversas ocasiões, que sempre foi recomendado um tico de desconfiança. Dessa vez não foi apenas falácia, enfim chegou o dia: 12 de outubro de 2013, com Washington Wizards enfrentando o Chicago Bulls na Arena HSBC, do Rio.

Ter uma arena de primeiro nível sempre foi visto como um grande impasse para a realização de um amistoso ou jogo da liga por aqui. O ginásio escolhido no Rio de Janeiro está de pé desde 2007, quando abrigou os Jogos Pan-Americanos. Na ocasião, apenas como espectador do evento, Leandrinho me disse o seguinte a respeito: “Com certeza (a arena) pode receber qualquer evento da NBA. Garanto que muita gente viria para o ginásio apoiar um time que tenha algum dos brasileiros”.

Em termos de infra-estrutura, a sede não mudou tanto assim para que pudesse ser esse o difrencial na decisão anunciada nesta terça-feira pela turma de Stern. A marcação do amistoso, enfim, ratifica o descobrimento do Brasil, como mercado, pela NBA.


Rodman vira embaixador em visita a ditador norte-coreano apaixonado por basquete
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Giancarlo Giampietro

Sr. Rodman, embaixador

CIA, que nada: mandaram o Rodman, mesmo, para a Coreia do Norte

Numa situação política absurda, realmente faz sentido ter um Dennis Rodman como embaixador.

Antecessor de Ron Artest – aquele que tem um fantástico mundo só dele, relatado aqui em casa – na prática do lunatismo na NBA, o “Verme”, um dos melhores defensores e reboteiros da história, foi convocado pelo produtor Shane Smith para rodar um epsódio de sua série “Vice” na Coreia do Norte. Isso depois de ele ter descoberto que o basquete e, mais especificamente, o mítico Chicago Bulls dos anos 90 conseguiam vencer qualquer resistência do regime norte-coreano com o que esteja etiquetado como made in USA.

Smith, que realizou dois documentários no país asiático, mal podia acreditar quando se deparou com uma bola autografada por Michael Jordan estava exposta no museu nacional, na Sala dos Troféus. Segundo consta, o “artefato” havia sido entregue a King Jong-il em 2000. O falecido ditador a teria como um tesouro, como prova de sua curiosa admiração pelo esquadrão comandado por Phil Jackson. “É estranho porque, quando você chega lá, tudo é muito anti-Americano. As crianças norte-coreanas são alimentadas com propaganda anti-Americana basicamente desde o dia em que nascem. Mas é OK gostar de basquete americano”, relata o produtor.

Se voltar a visitar o país acompanhado de Michael Jordan sempre foi algo, digamos, nada realista, a melhor ideia possível era  chamar Rodman, mesmo. “Dennis topa tudo e qualquer coisa”, resumiu Smith, que também contou alguns Globetrotters para formar uma equipe para a brincadeira que deve durar algo em torno de quatro dias em Pyongyang. O grupo vai participar de um acampamento para ciranças e de alguns amistosos contra combinados norte-coreanos. Mas o grande objetivo, mesmo, seria uma reunião com Kim Jong-un, líder que teria herdado de seu pai a devoção ao basquete.

Sim, Rodman na mesma mesa com o homem que nem pode ouvir falar de Barack Obama.

Não é de se esperar que de um eventual encontro entre essas duas… Hã… distintas personalidades saia qualquer resolução sobre os prometidos testes nucleares por parte do Exército norte-coraeno.

O Verme talvez precisasse de uma ajuda de Artest nessa.

*  *  *

Com 2,01 m de altura (oficiais, diga-se, embora digam que ele não chegasse a tanto), Rodman liderou a NBA por sete anos seguidos em rebote por jogo, de 1991 a 1995, jogando por Pistons, Spurs e Bulls. Sua melhor média aconteceu em 2001, com incríveis 18,7. Em sua carreira, foram 13,1 por partida.

*  *  *

Rodman se despediu da NBA na temporada 1999-2000, como jogador do Dallas Mavericks, aos 38 anos, e média de 14,3 rebotes (!). Ele dormia na mansão do proprietário da franquia, Mark Cuban. O namoro entre os dois excêntricos durou pouco: foram apenas 12 partidas ao lado do então adolescente Dirk Nowitzki, em seu segundo ano na liga. Na ocasião, ele ventilou a seguinte ideia: queria enfrentar o comissário David Stern em uma luta de boxe. “Gostaria que eu e David Stern pudéssemos colocar umas malditas luvas e subir no ringue”, disse. 😉

*  *  *

Apenas um jogador coreano esteve em quadra pela NBA. No caso, um sul-coreano. Foi o pivô gigante Ha Seung-Jin, de 2,21 m, ex-pivô do Portland Trail Blazers, o qual defendeu entre 2004 e 2006. Ele chegou a ser titular em quatro partidas e teve como recorde os 13 pontos anotados em um confronto com Los Angeles Lakers em 2005. De modo inacreditável, porém, deve ser mais lembrado por sua contribuição ao status de Jail Blazers da franquia do Oregon na década passada, quando resolveu sair no tapa com o bósnio Nedzad Sinanovic (2,22 m de altura!!!), depois de um nada inspirado confronto mano-a-mano em quadra, durante treinos de pré-temporada. Hoje aos 27 anos, Seung-Jin atua na liga nacional de seu país.


Resumão da intertemporada da NBA: Conferência Oeste
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Giancarlo Giampietro

Com a temporada 2012-2013 da NBA fazendo sua pausa tradicional para o fim de semana das estrelas em Houston, é hora de fazer um resumão do que rolou até aqui, começando pela Conferência Oeste. Amanhã publicamos a do Leste:

Durant decola

Durant, atacando o aro, em constante evolução

Melhor jogador: Kevin Durant.
Dá sempre para melhorar, gente. Até mesmo um Kevin Durant. E por que não faria, ué? Ele tem apenas 24 anos – embora saibamos que há incontáveis casos de atletas que se acomodam rapidamente, rapidinho mesmo. Bem, o quanto melhorou o ala do Oklahoma City Thunder? Ele está chutando acima de 50% (51,9%!!!) pela primeira vez na carreira, em seu sexto ano, tem a melhor marca no tiro de três pontos (43,2%, e tenham em mente de que a maioria dos arremessos é contestada). Na verdade, ele está chutando melhor de todos os pontos da quadra – seja de fora, de média distância, pela direita ou esquerda, em bandejas e infiltrações. Em todos os lugares, desde que estreou na liga em 2007.  Vejam o estudo de Kirk Goldsberry para o Grantland. Mas não é só isso: Durant também tem a melhor marca em assistências, roubos de bola e tocos. Melhor que números, é ver também a evolução de seu jogo como um todo, com maior dedicação e destreza na defesa e o amadurecimento como um líder, tendo de conviver sadiamente com a bomba-relógio que é Russell Westbrook.
Não fosse a aberração chamada Durant, quem mais poderia entrar aqui? Tim Duncan e Tony Parker, Spurs; Kobe Bryant, Lakers; James Harden, Rockets; Chris Paul, Clippers.

Melhor técnico: Gregg Popovich.
O primeiro time a alcançar a marca de 40 vitórias na liga, de novo. A melhor campanha em um Oeste ainda brutal, sem nenhum grande reforço. A máquina de Pop está totalmente azeitada, não importando o que se pense ou não dele por causa de Tiago Splitter. A ponto de ele vencer o Chicago Bulls sem ter Duncan, Parker ou Ginóbili em sua escalação. Afinal, respeitando seus papéis, Kawhi Leonard, Danny Green, Nando de Colo, Gary Neal e o pivô catarinense estão produzindo como gente grande, ganhando confiança aos poucos sob a orientação do treinador. Mas o mais importante dado para ser considerado nesta campanha dos texanos é o seguinte: hoje eles têm a terceira defesa mais eficiente do campeonato, superando até mesmo os maníacos de Thibodeau. Isso era algo recorrente entre 2004 e 2007, mas não vinha acontecendo nos últimos anos. Sem perder o ritmo no ataque, com a quarta melhor ofensiva. O Spurs é o único time no top 5 dos dois lados.
Quem mais poderia estar no páreo? Mark Jackson, Warriors; talvez, mas talvez George Karl, Nuggets.

– Melhor reserva:  Jarrett Jack.
O armador sai do banco para dar mais consistência ao time, podendo render o genial Stephen Curry ou atuar ao lado do rapaz, devido a sua força física e capacidade defensiva. Ale ajuda na organização do time, mas também pode definir por conta própria, com um dos melhores chutes de média distância da NBA.
Quem mais? Jamal Crawford, Eric Bledsoe e Matt Barnes, Clippers (e um mata o outro); Andre Miller, Nuggets; Derrick Favors, Jazz.

Tony Parker e seu chute em flutuação

Tony Parker, cada vez melhor

– Dois quintetos:
1) Chris Paul, James Harden, Durant, Duncan, Marc Gasol.
Ficou clara a influência que CP3 tem dentro do Clippers quando ele teve de descansar nas últimas duas semanas. Harden supera Kobe estatisticamente e em resultados (mais, adiante). Marc Gasol é a âncora da segunda melhor defesa e o pivô mais inteligente da liga hoje.

2) Tony Parker, Russell Westbrook, Kobe Bryant, Blake Griffin, Al Jefferson.
Aos 30 anos, o armador francês joga sua melhor temporada, acreditem. Incrível. Já Westbrook acaba muitas vezes punido por aquilo que não é: um armador. Ele pode ter essa função determinada na hora de se anunciar a escalação, mas jamais deveria ser encarado como alguém que compete com Steve Nash ou John Stockton. Bota pressão na quadra toda, nem sempre toma as melhores decisões, mas é uma força aterrorizante. Kobe começou o ano muito bem, mas já erdeu rendimento e também perde pontos por se apresentar como um capitão muito temperamental, que não ajuda em nada seu time a se estabilizar em meio ao caos. Griffin é outro que, aos poucos, vai trabalhando seu jogo em diversos aspectos, tendo agora um chute de média distância respeitável. Para Al Jefferson ninguém dá muita bola, mas ele segue o pivô ofensivo consistente de sempre, liderando o Utah Jazz rumo aos playoffs novamente.
Quem mais poderia ganhar um convite para o baile? Stephen Curry e David Lee, Warriors; Damian Lillard e LaMarcus Aldridge, Blazers.

– Três surpresas agradáveis:

James Harden, surpresa pelo Rockets

Harden, agora barba de elite

1) James Harden, o craque: não havia dúvida alguma de que estávamos diante de um jogador talentoso, em seus tempos de assessor de Durant e Westbrook. Mas aqui no QG 21 a expectativa não era a de que ele poderia tomar a liga de assalto desta maneira. Em seu quarto ano na NBA, o barbudo se transformou num cestinha implacável, numa das maiores dores-de-cabeça para qualquer defensor de perímetro, com seu estilo muito vistoso e agressivo. O maior volume de jogo custou a Harden a eficiência nos tiros de quadra em geral e nas bolas de três pontos (agora ele não tem a duplinha do Thunder para aliviar a pressão, claro), mas, ao mesmo tempo, o ala tem se colocado ainda mais na linha de lances livres, cobrando quase 10 por partida. Ele também não deixou de olhar para os companheiros: 25% de suas posses de bola terminam em assistência. Depois de tanto tentar a contratação de Dwight Howard nas férias, o Rockets enfim conseguiu sua superestrela em Harden.

2) Golden State Warriors defendendo: a equipe das vizinhanças de San Francisco conseguiu limitar seus adversários a uma pontaria de apenas 44% na temporada, o suficiente para ter a sexta melhor marca de toda a liga. Empatados, pasme, com o Boston Celtics. O Warrios é o time que também permite o sétimo pior aproveitamento de três pontos aos oponentes (34,2%). Tudo isso com o novato e ainda cru Festuz Ezeli de titular por um bom tempo e Andrew Bogut trajando seus elegantes no banco de reservas.

3) Damian Lillard, mais um armador de elite: a moral do novo queridinho de Portland é tamanha que ele foi o primeiro jogador escolhido no falso “Draft” entre Charles Barkley e Shaquille O’Neal para o jogo festivo da molecada no fim de semana do All-Star. Sim, ele saiu antes mesmo de Kyrie Irving (o que mostra, aliás, que o Chuckster talvez não desse um bom gerente geral, mas tudo bem). Quando deixou a modestíssima universidade de Weber State, nenhum especialista ou gerente geral estava apostando em uma coisa dessas. Lillard enfrentava basicamente o segundo escalão da NCAA. Hoje, bate de frente, em igualdade, com os melhores do mundo, que têm dificuldade para conter seu jogo bastante burilado. Ele não é o mais rápido, o mais explosivo, o de maior impulsão, ou melhor chute e visão de jogo. Mas combina um pouco de tudo na média ou acima da média nesses quesitos para se tornar o grande favorito a novato do ano.

– Três surpresas desagradáveis:
1) Los Angeles Lakers: Sério?! Não acredito!

2) As lesões em Minnesota: Ricky Rubio começou a temporada de muletas. Kevin Love depois fratura a mão. JJ Barea sofre com concussão e um tornozelo esquerdo. Os problemas crônicos no joelho de Brandon Roy, adivinhem, seguem crônicos. Chase Budinger rompe o menisco do joelho esquerdo. Nikola Pekovic torce o tornozelo esquerdo. O promissor ala-armador Malcom Lee, ótimo defensor, lesiona o joelho. Andrei Kirilenko começa a lidar com espasmos musculares nas costas. Kevin Love volta a fraturar a mão direita. Alexey Shved torce o joelho esquerdo. Andrei Lirilenko enfrenta problemas musculares no quadríceps. Ah, e Dante Cunningham ficou doente. E lá se foi o sonho de playoffs para o Wolves.

3) Phoenix Suns, o lanterna: Goran Dragic não chega a ser Steve Nash, está bem longe disso, mas se mostrou um armador competente, de acordo com o que o clube pagou. O resto? Um elenco extremamente lento numa liga que valoriza mais e mais a velocidade. Um elenco também desequilibrado, com muitos jogadores duplicados, o que não ajuda na hora de tentar diversificar o plano de jogo. A aposta em Michael Beasley se mostra um fracasso. O resultado é um time habituado a competir nos playoffs amargando a lanterna da conferência.

– O que resta para os brasileiros:
Bem, com a dispensa de Scott Machado pelo Rockets, sobrou apenas Tiago Splitter para contar história. O catarinense se tornou titular de Popovich, enfim, mas isso não quer dizer que fique tanto tempo em quadra assim. Num elenco vasto, lhe cabem por enquanto 23,8 minutos por jogo – e o tempo subiu, aliás, também pela lesão recente de Duncan. O interessante é que, estatisticamente, seus números são inferiores aos da campanha passada e, ainda assim, ainda lhe posicionam entre os jogadores mais eficientes da NBA. E o mais importante é que, com ele em quadra, o Spurs como um todo rende bem mais, como o chapa Rafael Uehara já nos alertou.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.


Menos um: Leandrinho aumenta a lista de baixas brasileiras na NBA
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Giancarlo Giampietro

Leandrinho abatido

Começou com um recorde, mas agora sobraram apenas os cacos para contar. Quer dizer: eram seis brasileiros na ativa na NBA, agora ficaram três, se tanto.

A última baixa no contingente nacional é Leandrinho. O ala-armador sofreu uma lesão no joelho esquerdo na derrota do Celtics para o Charlotte Bobcats, nesta segunda-feira, e a expectativa nos bastidores da franquia de Boston já era bastante pessimista antes mesmo da realização de uma ressonância magnética. Feito o exame, foi constatada uma ruptura no ligamento cruzado anterior do ligeirinho – a mesma causa para o afastamento de Rajon Rondo,  inclusive.

Leandrinho agora se junta a Anderson Varejão numa lista bastante desconfortável para um certo país tropical. Lista de baixas da qual Scott Machado também faz parte. São menos três… Que fase!

Sobraram agora Tiago Splitter, Nenê e Fabrício Melo.

Mas sabemos que o pivô novato vai passar muito mais tempo na D-League, aprendendo aos poucos, do que com a equipe principal. Então é como se, na segunda metade da temporada 2012-2013, tivessem restado, para valer, apenas dois brasileiros para contar história. Ao menos são dois jogadores que estão em ascensão.

Tiago Splitter se fixou como titular do Spurs e, com a lesão de Tim Duncan, se tornou a referência solitária no garrafão de Greg Popovich – e quem diria? (Aliás, como questionar o técnico-general? Alguém reparou que seu time acabou de derrotar o Chicago Bulls sem Parker, Ginóbili e Timmy? A melhor equipe da temporada, mais uma vez).

Enquanto, em Washington, Nenê vai se desvencilhando de sua fascite plantar para ajudar John Wall a trazer um pouco de dignidade para o Wizards. Seu time venceu quatro dos últimos cinco jogos – tendo perdido apenas para o Spurs, diga-se –, com o pivô brilhando em quadra. Com uma saudável média de 31,8 minutos, vem com 16 pontos, 9,4 rebotes e excepcionais 4 assistências por partida. Sem contar o aproveitamento de 60,3% nos arremessos de quadra.

Muito bem. Mas não dá para dizer que isso alivie o clima na hora de digerir a lesão de Leandrinho. Ainda mais na hora em que ele estava encontrando seu papel na rotação de Doc Rivers…

Leandrinho está fora


Splitter se entrosa com Duncan, cresce em quadra e vira peça-chave pelo Spurs
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Giancarlo Giampietro

Uma bandeja ao estilo Splitter

Splitter agora divide quadra com Duncan, sem perder sua eficiência

Por Rafel Uehara*

O Vinte Um já cobriu exaustivamente como o San Antonio Spurs continua um concorrente legítimo ao título, mesmo que sem badalação. Tim Duncan permanece um dos jogadores mais impactantes da liga aos 36 anos de idade, Tony Parker lidera um rolo compressor ofensivo com sua capacidade de criar no pick-and-roll, e Greg Popovich controla os minutos de seus veteranos como um mago. Muitos pensam, incluindo este que os escreve, que o time da temporada passada (que em um momento venceu 20 jogos seguidos a caminho das finais da conferencia oeste) deveria ter ganhado o título, não fosse o crescimento do jovem e superatlético Thunder.

O argumento pode ser feito que o time deste ano seja na verdade ainda melhor que o da temporada passada, devido a sua melhor capacidade defensiva. O Spur tem permitido a quarta menor taxa de pontos por 100 posses do adversário. Em 2011-2012, ficaram em 11º nesse departamento. E o brasileiro Tiago Splitter, titular em 17 dos 39 jogos da equipe em 2012-2013, é um dos motivos pra isso. Depois de um primeiro ano em que mal viu a quadra e um segundo ano de avanço, mas ainda sem total confiança de Popovich, Splitter é agora peça-chave em San Antonio.

O desenvolvimento de Splitter para esta temporada era visto como crucial para os Spurs, devido ao panorama da Conferência Oeste. O Thunder de Kevin Durant e Russell Westbrook ainda era previsto como o time a ser batido (mesmo após trocar James Harden), sendo um caso especial, graças ao porte físico de suas estrelas. De resto, todos os demais concorrentes ou semi-concorrentes à vaga nas finais apresentam torres gêmeas no garrafão: o Lakers com Pau Gasol e Dwight Howard, o Grizzlies com Zach Randolph e Marc Gasol e o Clippers com Blake Griffin e DeAndre Jordan. Para ir à guerra contra estes, San Antonio necessitava que o par Duncan-Splitter desenvolvesse melhor sincronia e, para isso, que Splitter fosse mais confiável.

Em maior tempo de quadra na temporada passada, ficou evidente que Splitter tem talento pra jogar na NBA. Seu entrosamento com Manu Ginóbili e Stephen Jackson nos pick-and-rolls o permitiu várias oportunidades para contribuir no ataque. Mas, em vários momentos, Splitter levou Popovich à loucura com erros de atenção na defesa e falta de firmeza ao finalizar contra contato ao redor da cesta. Isso agora é coisa do passado, e Splitter tem sido um dos jogadores mais consistentes, produtivos e efetivos em toda a liga.

Splitter tem o sétimo maior PER entre alas-pivôs, com 19,87 (na merdição desenvolvida pelo hoje vice-presidente do Memphis Grizzlies e ex-analista da ESPN, John Hollinger, que avalia a produção estatística dos jogadores por minuto). De acordo com o portal mysynergysports.com, Splitter é o segundo maior anotador por posse em pick-and-rolls, marcado em média 1,39 ponto a cada jogada. Também está entre os 25 melhores defensores em post-ups, jogadas em que se recebe a bola de costas para a cesta próximo à linha de fundo, e entre os 40 melhores defendendo o pick-and-roll. E, de acordo com NBA.com/advancedstats/, com Splitter em quadra, o Spurs permite menos pontos que o Grizzlies, segunda melhor rankeada defesa na liga, e marca em média 9,5 a mais que o adversário em comparação a 6,3 com ele de fora. Esses dois números, em especial, são fantásticos.

Tem mais: de acordo com 82games.com, Splitter e Duncan estiveram em quadra 222 minutos juntos até o momento e, nesse tempo, San Antonio marcou um total de 95 pontos a mais que o adversário.

A maior preocupação com relação a formações envolvendo Duncan e Splitter juntos (motivo pela qual Popovich as usou em apenas 48 minutos na temporada regular passada) era o espaçamento do ataque. Matt Bonner e Boris Diaw proporcionam melhor espaçamento devido as suas habilidades de acertar tiros de três pontos com consistência.

Mas, segundo Zach Lowe, do site Grantland, a combinação tem funcionado melhor esse ano devido a maior variação de armações, inteligente visão de quadra e passes de ambos os pivôs, e a crescente química entre eles. Eles constantemente se posicionam em lados opostos de quadra, às vezes armam corta-luzes um para o outro, e a comissão técnica é atenta em sempre orientar um para que faça algo que chame a atenção da defesa quando o outro arma um corta-luz para Parker.

O brasileiro deve ganhar alguma consideração para o prêmio de quem mais evoluiu na temporada, o MIP (“Most Improved Player”), mas será difícil que ele ganhe, considerando que o Spurs está sempre fora do radar e que estrangeiros que não são estrelas já recebem menor atenção pra começo de conversa – aliás, mesmo se o caso não fosse esse, o montenegrino Nikola Pekovic tem tido um maior impacto em Minnesota.

Isso não muda o fato, porém, de que Splitter tem tido em temporada fenomenal e se desenvolveu em parte essencial para as aspirações do time. Agora não só por seu potencial, mas, mais importante, por sua produção.

 *Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.


Spurs se aproxima de contratar australiano; negociação pode interferir nos planos de Splitter
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Giancarlo Giampietro

Para quem viu esta espécime em ação durante os Jogos Olímpicos, era de se pensar mesmo o que ele estava fazendo fora da NBA. Pois parece que o San Antonio Spurs, claro, está disposto a resolver esse disparate.  Segundo informação de diversos veículos na Europa, o clube texano está bem próximo de anunciar a contratação do pivô Aron Baynes, uma negociação que nos faz ponderar sobre qual seria o futuro de Tiago Splitter por lá.

Mais um produto do formidável Instituto Australiano do Esporte, que forma de tenistas a nadadores, Baynes é o que se chama de “late bloomer”, alguém que despontou no esporte relativamente tarde. Graduado na universidade de Washington State, rodou um bocado na Europa até se destacar no ano passado pelos Aussies nas Olimpíadas e, depois, arrebentar na Euroliga.

Aron Baynes imenso

Aron Baynes: físico imponente e basquete mais refinado

Contra o Brasil, na primeira rodada, deu um trabalhão danado. Lembram? Foram 10 pontos e cinco rebotes em apenas 15 minutos de jogo. Foram só 15 devido ao excesso de faltas. Ufa. Terminou o torneio com 7,5 pontos e 3,3 rebotes, numa rotação de pivôs fortíssima. Na seleção australiana, aliás, Baynes trabalhou com o técnico Brett Brown, que calha de ser um dos assistentes de Popovich em San Antonio.

Até jogar em Londres 2012, o gigante australiano (na verdade, ele nasceu na Nova Zelândia, mas tudo bem) vinha jogando em clubes modestos da Europa, como o grego Ikaros Kallitheas e o alemão Oldenburg. Mas o potencial demonstrado em julho e agosto lhe valeu uma transferência para o Union Olimpija. O time esloveno é um regular saco de pancadas na Euroliga, mas tem tradição no desenvolvimento de seus atletas.

Acabou que Baynes fez um grande torneio, embora sua equipe tenha conseguido apenas três vitórias em dez rodadas: foram 13,8 pontos e 9,8 rebotes de média em apenas 26 minutos por jogo, além de um aproveitamento de 58,7% nos arremessos de quadra. Ele foi o jogador que mais fez cestas de dois pontos na primeira fase, o maior reboteiro, o maior reboteiro ofensivo, o jogador mais eficiente e o décimo cestinha. Dominante, ou seja.

O Spurs acompanhou de perto, fazendo uso mais uma vez de seu vivíssimo departamento de scouts na Europa. É uma atrás da outra para a turma gerenciada por RC Buford. Segundo o site Sportando, a multa rescisória do pivô é de US$ 400 mil, quantia risível para um clube da NBA. O pivô deve fechar um contrato multianual, e o Union Olimpija já até estaria no mercado procurando um substituto.

Baynes oferece a Popovich um corpanzil que assusta, com muita força debaixo da tabela e ótima referência ofensiva. Embora seus movimentos sejam um tanto robóticos, pouco criativos, sua coordenação e pontaria cresceram evoluíram consideravelmente desde que iniciou sua carreira no basquete universitário americano. Aos 26 anos, volta aos Estados Unidos no auge.

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E como fica Tiago Splitter nessa?

Bem, se Popovich mantiver coerência com o que fez nas últimas temporadas, Baynes não deve ser muito aproveitado logo de cara. Ainda mais chegando no meio do campeonato. Só vai para quadra se o técnico e a diretoria realmente entenderem que é alguém para fazer diferença, assim como aconteceu com o veterano Boris Diaw no ano passado.

E não custa lembrar: o Spurs assediou para valer o esloveno Erazem Lorbek, do Barcelona, durante as férias, com a esperança de convencer o astro europeu a tentar a sorte na NBA, enfim, sete anos após ter sido selecionado pelo Indiana Pacers. A grana e o glamour do Barcelona fizeram a diferença.

A longo prazo, porém, é de se pensar o que isso representa para o catarinense. Tim Duncan envelhece, mas segue ainda bastante produtivo. Diaw tem mais dois anos de contrato. Sobra quanto de tempo de jogo se o australiano cair nas graças da comissão técnica?

Por outro lado, a contratação de Baynes pode também apenas indicar um temor do Spurs em perder Splitter no mercado de agentes livres deste ano. Teriam encontrado, desta forma, um substituto barato, algo importante para um time sediado em um mercado pequeno e que já paga uma boa grana para o trio Duncan-Parker-Ginóbili.

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Splitter ao menos hoje é titular do Spurs. E o que dizer de seu amigo DeJuan Blair, com quem brigou por espaço no time nos últimos dois anos? Taí um nome que pode ser envolvido a qualquer momento em uma troca.

PS: encontre o Vinte Um no Twitter: @vinteum21.