Vinte Um

Arquivo : Raulzinho

Houston Rockets manda Scott Machado e mais dois para liga de desenvolvimento
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Giancarlo Giampietro

Scott Machado vai ter de arrumar as malas e cair na estrada. Ele tem uma viagem de cerca de 500 km para fazer entre Houston e Hidalgo, pequena cidade localizada ainda no Texas. Passadas duas semanas de temporada regular na NBA, o Rockets decidiu, enfim, enviar o jovem armador para sua filial na D-League, o Rio Grande Valley Vipers.

Scott Machado pelo Rockets em Las Vegas

Scott vai ter tempo de quadra pela primeira vez desde a pré-temporada

Sem ser aproveitado no elenco, ficando fora até mesmo do banco de reservas, o movimento por parte da franquia não pode ser encarado como um rebaixamento para o nova-iorquino brasileiro. Em meio a dezenas de viagens, um corre-corre danado, é mais fácil que ele mostre serviço para sua diretoria e comissão técnica e diretoria jogando com regularidade, em vez de depender dos minutos escassos de coletivos.

Aliás, em sua mudança, Scott vai acompanhado de dois companheiros do Rockets, o ala Royce White e o ala-pivô Donatas Motiejunas, duas escolhas de primeira rodada do clube nos últimos anos e que também mal vinham sendo aproveitados pelo técnico Kevin McHale – ele tem dado prioridade a seus jogadores mais experientes. Dos novatos, apenas Terrence Jones fica, então, em Houston, embora tenha minutos esporádicos nas partidas.

O salário do armador não muda. Ele continua sendo pago pelo clube surpreendeu ao contratá-lo este ano, torrando mais de US$ 5 milhões em salários de jogadores dispensados, e pode ser chamado de volta para a qualquer momento por McHale para o time principal. O que muda é sua rotina: as instalações, as viagens, a rotina de um atleta da D-League são bem mais modestas do que os luxos que rodeiam os astros do primeiro escalão.

O nível de competitividade também é intenso. Cada um dos jogadores inscritos no campeonato de desenvolvimento sonha com uma contratação por parte dos primos ricos. Atletas como Scott, Motiejunas e White são vistos como alvos preferenciais dos concorrentes – é a chance de competir com caras que desfrutam da “mamata” e mostrar que são melhores ou que pelo menos têm nível para voos mais altos. Mas não que isso vá assustar o armador, que teve de batalhar bastante para entrar no radar da NBA jogando pela pequena universidade de Iona. Depois de ser ignorado no Draft, suou um pouco mais para garantir seu contrato. Então não tem nada de novo para o rapaz.

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Veja alguns jogadores que o Houston Rockets já mandou para Hidalgo: o armador Aaron Brooks, o ala Steve Novak, o pivô Joey Dorsey, o ala-armador Jermaine Taylor, o armador Ish Smith, além do pivô Greg Smith, do ala-pivô Patrick Patterson e do ala Marcus Morris (os três ainda no Rockets). Desses, apenas Dorsey e Taylor estão fora da NBA hoje, sendo que o primeiro por opção – foi campeão europeu pelo Olympiacos na temporada passada e recusou propostas que considerou baixas por parte da liga. Taylor acabou de acertar com o Lagun Aro na Liga ACB espanhola e vai fazer companhia ao nosso Raulzinho.

Outros atletas passaram pelo Vipers e ainda têm contratos: o ala Terrell Harris, reserva de Dwyane Wade e Ray Allen no Miami Heat, o ala Ivan Johnson, duro-na-queda do Atlanta Hawks, e o armador Will Conroy, que conseguiu neste ano uma vaga no Minnesota Timberwolves.

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Quem não reagiu nada bem ao comunicado sobre a decisão do Rockets foi o ex-técnico de Motiejunas na Euroliga, Tomas Pacesas, com quem trabalhou no Asseco Prokom. Na real, o cara ficou furioso. “Não fiquei só surpreso, mas nervoso com esse tipo de decisão. Na minha opinião, Donatas é um dos melhores pivôs não só da Europa, mas no mundo também. Suas capacidades físicas e técnicas deixariam jogá-lo bem mesmo na piada que é essa liga” disse. “Para mim, Donatas é tão bom quanto Jonas Valanciunas e poderia jogar tão bem ou talvez melhor que ele na NBA.”

O treinador teria sugerido, então, que seu ex-pupilo – paparicado pelos olheiros europeus há anos e anos, isso é fato – se daria melhor num time como o Toronto Raptors ou o San Antonio Spurs, duas franquias historicamente ricas em seus relacionamentos com jogadores vindos da Europa. Mal sabe ele o que anda acontecendo com Tiago Splitter…


Arrancada de Raulzinho é destaque entre os brasileiros da Liga ACB
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Giancarlo Giampietro

Raulzinho de roupa nova no País Basco

Raulzinho para o ataque: armador brasileiro vai mostrando evolução na liga

Para um esportista, a maioridade pode tardar um bocado pra chegar.

Veja o caso de Raulzinho, por exemplo, em que ela parece ter dado as caras aos 20 anos. O jovem armador vem sendo uma grata surpresa no início na temporada 2012-2013 da Liga ACB, ainda que seu Lagun Aro GBC venha com uma campanha decepcionante, depois de ter feito os playoffs na edição passada.

Em cinco rodadas até aqui, o armador vem com médias de 13,4 pontos, 4,2 assistências, 3,8 rebotes e 1,8 roubada de bola. No aproveitamento de arremessos, 50% de três pontos, 46% de dois e 75% nos lances livres. Para quem estiver mais habituado a ler os números produzidos na NBA, pode não parecer muita coisa. Mas é preciso ponderar aqui alguns fatores importantes, como: a) o ritmo mais cadenciado da liga espanhola; b) a menor duração das partidas (40, contra 48); c) a idade do jogador, que também tem pouca experiência  no basquete espanhol.

Raulzinho aponta

Cadenciar o jogo é algo que Raulzinho ainda vai aperfeiçoar em seu jogo na Espanha

No elenco da equipe basca, o brasileiro é o líder em minutos jogados, pontos (de longe, com 2,4 de média a mais que o experiente Qyntel Woods, ex-Jailblazer), assistências, bolas recuperadas, mira de três pontos e, por fim, no índice de eficiência. Além de ser o terceiro em (!) rebotes.

Um desempenho que serve como testemunho de seu trabalho com Rubén Magnano durante os meses de junho e julho, quando se preparou com o argentino e a seleção olímpica. Se não recebeu os minutos mais consistentes no torneio, ao menos os treinamento lhe ajudaram a ficar na ponta dos cascos

Por enquanto,  porém, o sucesso individual de Raulzinho não vem sendo traduzido para o coletivo e para a classificação do campeonato. O que não quer dizer que o garoto venha afundando o time, que demorou para reunir todas suas peças, mas ainda tem tempo para se arrumar.

Neste domingo, em derrota do Lagun Aro para o Fuenlabrada por 86 a 75, o brasileiro somou 13 pontos, 4 assistências, 5 rebotes e três roubos de bola em 26 minutos. Ele só não conseguiu um bom aproveitamento nos arremessos de dois pontos, errando sete de suas dez tentativas. Nos tiros de fora, foram duas cestas em quatro.

Um detalhe interessante: o brasileiro saiu do banco nesta jornada e foi responsável pelos dois primeiros pontos de sua equipe no confronto. Sabe com quanto tempo de jogo? Cinco minutos. Até então, os visitantes haviam marcado dez pontos sem resposta. O que dá praticamente a vantagem final no placar.

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Na temporada passada, numa prova de seu jogo explosivo, Raulzinho anotou 13 pontos em menos de oito minutos de jogo em vitória sobre o Obradoria, vendo seu tempo de ação reduzido apenas devido ao acúmulo de faltas. Foram, mais precisamente, 8min54s de jogo para o rapaz, que se inseriu num ranking bem maluco que o site da liga espanhola tratou de mantar: o de maior número de pontos no menor período de tempo de jogo. Por curiosidade, o brasileiro ficou em quarto. O ex-armador José Luis Ferreira conseguiu 5min18s  na temporada 1992-93 16 pontos pelo OAR Ferrol e é o líder, seguido pelos 13 pontos em 6min35s do pivô Germán Gabriel pelo Estudiantes em 2001-02 e pelos 13 pontos em 6min49s de Xavi Crespo pelo Barcelona em 1993-94.


Teve entrega? Não importa: seleção faz sua parte, derrota Espanha e ruma ao mata-mata
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Giancarlo Giampietro

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase

Seleção aplaudida: quarta vitória na primeira fase sobre poderosa Espanha

Vamos colocar assim: dá para considerar no mínimo curiosa a decisão de Sergio Scariolo de manter Marc Gasol sentado por seis bons minutos no quarto final. Ainda mais considerando o carnaval que ele e seu irmão mais velho, que ficou fora por cinco minutos, estavam fazendo na defesa brasileira, e Felipe Reyes não produzia nada. Sergio Scariolo chegou a parar o jogo com 8min05s para o fim, quando sua vantagem havia caído de 11 pontos para quatro. Teve a chance de chamar a cavalaria, mas manteve seu quinteto. Ele só voltaria a pedir tempo aos 4min17s, quando o Brasil assumiu a liderança após bola de três de Leandrinho.

A Espanha entregou o jogo, então?

Sei lá. Não dá para cravar.

E quer saber? De que importa?

Marc Gasol

Marc Gasol marcou 20 pontos, deu 4 assistências e acertou 7 de 10 arremessos e foi punido por Scariolo no 4º período?

Assim como atropelou a apática China na quarta rodada, a seleção tratou de fazer sua parte nesta segunda-feira.

Mesmo que não tenha feito sua melhor partida na defesa, a equipe de Magnano compensou com seu melhor rendimento no ataque, bateu – sem Nenê, diga-se – um adversário que era tido como a segunda principal força das Olimpíadas e só pode ir cheio de confiança para os mata-matas.

Em 40 minutos, a seleção cometeu apenas nove desperdícios de bola, num controle excepcional do ritmo da partida. Buscou os tiros de três pontos muito mais em jogadas pensadas do que forçadas – homens posicionados na zona morta para o disparo em contra-ataque equilibrado, com o passe vindo de dentro para fora, corta-luzes fora da bola para livrar os alas etc. Acertou, no total, 51,4% de seus arremessos de quadra, disparado seu melhor aproveitamento no torneio. (Ingoremos qualquer número que venha do coletivo contra a China, tá?)

Se os espanhóis se empenharam, ou não, para vencer o jogo, eles que respondam a sus compinches.

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Aqui no QG 21, a opinião de uma só cabeça (quase) pensante é a de que, na real, faltou intensidade em boa parte do jogo para ambos os lados. Seria exagero dizer que, em alguns momentos de jogo, parecia muito mais um amistoso do que uma partida valendo algo nas Olmpíadas? Veja os números ofensivos combinados: apenas 25 erros cometidos e convertidos 51% dos arremessos de quadra (64 de 124). Não condiz com o histórico das equipes.

Huertas x Calderón

Huertas pôde descansar mais um pouco

Depois, em bate-papo rápido com o Murilo Garavello, gerente da casa aqui – e, nos bons tempos, um tratorzinho na hora de partir para a cesta, creiam –, ele levantou um ponto a ser levado em conta: com a classificação decidida, nenhum dos treinadores iria se submeter a um alto risco neste jogo. Faz sentido. Por que exatamente você vai gastar todas as suas energias, flertar com o limite para ter o direito de enfrentar França ou Argentina nas quartas?

Daí que, do lado brasileiro, essa pergunta é bem relevante, considerando que Nenê ficou fora do jogo nesta segunda. O pivô do Washington Wizards estava realmente incapacitado de jogar hoje ou foi meramente poupado, para preservar seu pé, para a batalhas maior que teremos na quarta-feira? Se for o segundo caso – como afirma Magnano –, sinal de que a seleção não encarou a Espanha como uma questão de vida ou morto. Mas também nem precisava.

(Se ele realmente voltou a sofrer mais do que a conta com as dores crônicas no pé, aí complicou um bocado. Está certo que nenhum time tem um jogo interior como o da Espanha neste torneio, mas não custa mencionar que Caio saiu excluído de jogo com cinco faltas em dez minutos.)

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Primeiro contra a Rússia. Agora contra a Espanha. Os dois adversários mais fortes da chave. E dois jogos em que Marcelinho Huertas descansou por oito minutos no quarto período simplesmente pelo fato de que sua presença não era necessária em quadra. E dessa vez quem segurou o rojão foi o caçula Raulzinho, que jogou por 16 minutos e foi bem, com seis pontos, quatro assistências e muita energia contra alguns de seus conhecidos de Liga ACB. No quarto período, tendo Larry ao seu lado por três minutos, comandou bem uma sucessão de contra-ataques brasileiros, acelerando a partida para Leandrinho deslanchar – ele marcou 12 pontos em seis minutos.


Lavada contra a China, classificação garantida e armadilha a ser evitada
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Giancarlo Giampietro

Varejão marca Jianlian

Yi Jianlian foi dominado pelos pivôs brasileiros: apenas cinco pontinhos, três deles em lances livres

Para um time que ainda jogava por sua classificação, impressionou negativamente a pouca intensidade dos chineses neste sábado. Ressaca, ou não, a seleção brasileira não tinha nada com isso: se impôs desde o início e fez seu trabalho muito bem, obrigado, para vencer por 98 a 59.

Para garantir a classificação para as quartas, a equipe começou sua partida buscando o jogo interior, ufa, e viu aquele Tiago Splitter eficiente, ao qual se habituou nas últimas temporadas, executar bons movimentos, abrindo caminho para  uma boa diferença logo de cara. Com pivôs menores e mais leves, a China teve de encolher sua marcação e permitiu uma série de chutes de três pontos para os brasileiros, e dessa vez, livrinhas, as bolas caíram.

Não houve egoísmo também, tendo o time acumulado 27 assistências. Foram pouquíssimos os desperdícios de bola (6). A defesa não afrouxou em nada, continuou desestabilizando os chineses e forçou este desempenho pífio: nos primeiros 20 minutos, seu oponente somou seis erros e apenas uma assistência, por exemplo. Na segunda etapa, foi um treino.

(Agora um parêntese obrigatório, e que se tome cuidado com as armadilhas: foram 25 tiros de longe e 12 cestas, a maioria equilibrada, sem pressão alguma. Mas não achem os brasileiros que vão enfrentar uma defesa esburacada como essa em duelos com Espanha, França e Argentina. Fica o exemplo do comportamento dos Estados Unidos hoje contra a Lituânia, acreditando que a tempestade de três pontos que causaram contra a Nigéria se replicaria naturalmente.)

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Só Leandrinho, Giovannoni e Alex ficaram em quadra por mais de 20 minutos, e raspando. Deu, então, até para Caio Torres e Raulzinho jogarem. Pelo andar da carruagem olímpica brasileira, a convocação do pivô do Flamengo parece cada vez mais deslocada: se era para ter um jogador para ser usado tão pouco no torneio, não era melhor investir em alguém mais jovem, mesmo?

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Excluindo os jogos dos Estados Unidos, essa foi a maior vitória do torneio olímpico masculino, com 39 pontos de vantagem. A maior diferença até então havia sido da Argentina sobre a Lituânia: surpreendentes 23 pontos (102 x 79). Os argentinos também haviam vencido a Tunísia pelos mesmos 23 pontos (92 a 69).

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Agora o assunto que vai dominar as próximas 48 horas: ganhar, ou não, da Espanha, para evitar um eventual confronto com os Estados Unidos nas semifinais. Imagino que haverá muitos a torcer para uma vaga como terceiro colocado. Desta forma, evitaríamos também o clássico diante da Argentina nas oitavas. Bem… Para mim, não tem essa de entregar jogo. A bola está com Magnano.

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Duas notas sobre a China:

– Wang Zhizhi foi o primeiro atleta do país a jogar na NBA, contratado em 2001 pelo Dallas Mavericks, um ano antes de Yao Ming ser selecionado pelo Houston Rockets na primeira colocação do Draft que também levou Nenê para a liga norte-americana.

– Quem se lembra do técnico Robert Donewald Jr.? Ele foi contratado pelo ex-agente de Nenê e Leandrinho, Michael Coyne Jr., para trabalhar no Brasil na temporada 2005-2006 com o ala Marquinhos. Ele foi o treinador do time de São Carlos, do qual Nenê também participou na formação. Depois, ele ainda treinou Guarujá, antes de partir para a Ásia. Neste meio-tempo, Donewald trabalhou com Marquinhos e o pivô Morro, do Pinheiros, na preparação dos dois atletas para o Draft da NBA de 2006. O ala foi selecionado na posição 43 pelo Hornets.

 


Com mais sufoco, seleção vence a 2ª, encaminha vaga, mas ainda segue aquém de seu potencial
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Giancarlo Giampietro

Tiago Splitter comemora vitória contra Grã-Bretanha

Tiago Splitter comemora vitória contra Grã-Bretanha. Ufa

Vocês queriam Olimpíadas? Então toma.

Melhor do que lamentar a ausência da seleção brasileira masculina em Londres-2012, é sofrer com os caras até o final? Por enquanto, vai desse jeito, mesmo.

Contra a Grã-Bretanha, equipe de Magnano mais uma vez não jogou bem no ataque, não encheu os olhos de ninguém – patriotada você não acha aqui, não –, mas sobreviveu com sua forte defesa contra um adversário bem inferior tecnicamente. Os britânicos acumularam 19 erros e converteram horrendos 38,9% nos arremessos.

Então a boa notícia fica sendo esta: duas vitórias em duas rodadas e a classificação muito bem encaminhada, mesmo que no sufoco. Basta mais um triunfo em três jogos para assegurá-la.

Que mais tem nessa linha?

– Nunca vi Leandrinho defendendo com tanta entrega, determinação e inteligência assim. O ligeirinho foi muito mal no ataque no começo de jogo, mas segurou seu ímpeto nos quartos seguintes e deve estar morto agora de tanto correr atrás de Luol Deng. Repararam? O ala do Chicago Bulls, faz-tudo dos britânicos, passou diversas posses de bola sem nem participar do ataque porque o brasileiro se colocava na frente da linha de passe de maneira insistente. Foi um desempenho fundamental para suprir a ausência de Alex, afastado por faltas.

Alex segura Luol Deng no rebote

Deng teve problemas contra Alex e Leandrinho

– Marquinhos ganhou seu merecido espaço na rotação e foi uma força estabilizadora para o ataque brasileiro a partir do terceiro período. Pode ter cometido dois turnovers nos minutos finais do quarto período, pisando na linha lateral, mas o segundo deles foi mais pelo passe na fogueira de Nenê. De resto, acompanhado de Larry ou Huertas, o ala ajudou a equipe a cadenciar um pouco a partida (mesmo chutando 3/10(, passando mais a bola e também partindo para dentro para quebrar a defesa britânica. Seus números de 8 pontos, 4 rebotes e 2 assistências não contam exatamente sua importância no embate.

– Larry também conduziu bem o jogo no segundo quarto, dando um descanso providencial para Huertas. Foram nove minutos nada brilhantes, mas consistentes. E é disso que precisamos vindo de nosso armador reserva. (Raulzinho, em compensação, deve demorar para retornar.)

– Tiago Splitter teve um jogo de “sai, uruca”. Soube se posicionar bem no garrafão e foi devidamente municiado por Huertas no segundo tempo para terminar a partida como seu cestinha 21 pontos, com várias bandejas.

Essa foi a parte positiva da coisa, para se construir em cima.

Deve-se aplaudir a eficiência do time para segurar ótimos jogadores como Luol Deng e Joel Freeland. Mas que fique bem claro: eles não são os adversários mais qualificados que enfrentarão daqui para a frente se estiverem pensando realmente em pódio. Se Pops Mensah-Bonsu causou problemas em determinados momentos, que fiquemos beeeem ligados quando estiverem do outro lado Pau Gasol, Juan Carlos Navarro, Manu Ginóbili, Luis Scola, Sarunas Jasikevicius, Nicolas Batum, Andrei Kirileko, e… Ficamos por aqui, ok?

Em duas partidas, para somar duas vitórias, o Brasil enfrentou dois quintos da parte mediana da tabela. Nesse nível, ainda falta a China. Mas com uma terceira rodada diante da Rússia e a quinta contra a Espanha, o torneio vai apertar.

Contra times deste porte, não dá para marcar apenas quatro pontos num quarto. Não dá para repetir a atuação do primeiro tempo de modo algum. Haja “nervosismo” até lá para dar conta disso. Pressão existe em todo jogo olímpico? Se assim a seleção permitir.

Enterrada de Nenê

Um dos três “chutes” de Nenê no jogo

Acertar apenas três chutes em 22 tentativas de longa distância é algo que deve ser riscado de qualquer caderninho técnico. E dessa vez a sangria toda não tem o álibi chamado Marcelinho Machado, limitado a apenas dois minutos de ação.

Precisa realmente demorar mais de dez minutos de jogo, numa segunda rodada olímpica, para entender que nosso ataque funciona muito melhor quando se busca a infiltração? A partir do momento em que Huertas, Larry e Marquinhos “colocaram a bola no chão”, se assentaram em quadra, os pontos de Splitter começaram a surgir. No segundo tempo, quando este passou a ser o padrão ofensivo, marcamos 40 pontos, 13 a mais do que na primeira etapa.

Então ficamos assim momentaneamente: um ataque avariado sustentado por um empenho defensivo pouco visto na história deste país, contra adversários fortes, sólidos, mas não os mais temerosos de toda a competição.

Vamos vencendo sofrendo, valendo os mesmos pontos na classificação, mas, para cumprir qualquer que seja o nosso potencial, falta muito.


Brasil bate Austrália e agora faz últimos ajustes para enfrentar a… Austrália?
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Giancarlo Giampietro

Então é assim: em seu último amistoso antes das Olimpíadas, a seleção brasileira derrotou a Austrália por 87 a 71, neste domingo, e agora entra em sua semana decisiva, para fazer os últimos preparos e ajustes para enfrentar… a Austrália!

Tiago Splitter

SplitteR: 17 pontos e 2 rebotes neste domingo

Não é erro de digitação. Acabou sendo bastante estranho o timing dessa partida em Estrasburgo, na França, não?

O jogou não passou aqui no QG 21, que estava esvaziado devido a uma expedição providencial a um restaurante mineiro, recanto que  já se tornal tradicional aqui na Vila Guarani. A fome falou mais alto.

Mas, bem, estávamos falando que não vimos o jogo, então não dá para comentar nada de maneira muito apropriado. Se o time só desperdiçou a bola sete bolas e forçou o triplo de turnovers dos adversários, essa parece ter sido uma atuação bastante centrada, que manda aquele alô para os australianos, dominados do segundo quarto ao fim.

Em declaração ao site da CBB, Rubén Magnano fez questão de ressaltar que “não mostramos tudo o que temos”. Vai entregar o ouro para o bandido assim? Mas como fazer para ganhar a partida, de modo dominante assim, sem se expor demais? “A essência do jogo é uma só e não pode ser mudada, não há muito o que esconder”, comentou o técnico argentino.

Ontem escrevemos que não existe uma derrota que possa ser considerada legal. Da mesma forma que não há vitória que não venha em boa hora. Bacana, e tal, mas o que vale, mesmo, é o jogo do dia 29, né? Esperamos agora que os australianos tenham se impressionando com o recado dado, mas sem ter aprendido muito com ele.

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Nenê terminou o confronto com os Aussies com seu primeiro duplo-duplo dessa série de amistosos: 12 pontos e dez rebotes. Varejão apanhou outros 13 rebotes. E Splitter anotou 17 pontos. A trinca botou para quebrar, pelo visto, somando 37 pontos e 25 rebotes.

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Magnano colocou em quadra dessa vez todos seus 12 jogadores, depois de deixar Raulzinho no banco durante todos os 40 minutos do revés diante da França. O armador deu quatro assistências em 14 minutos. Caio jogou por oito minutos. Alex foi quem ficou mais tempo em quadra: 31 minutos. Huertas conseguiu um respiro, com apenas 18 minutos. Pelos australianos, ninguém jogou mais que os 27 minutos do talentoso ala Joe Ingles. Patty Mills jogou por 20 minutos, com 14 pontos e duas assistências. David Andersen por 22, com 16 pontos e 10 rebotes.

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Marcelinho Machado jogou por 20 minutos, arriscou nove arremeso, sendo seis deles de três pontos (para dois convertidos). Os australianos chutaram 26 vezes de longa distância, acertando apenas 31%.


Brasil perde para França, mas sai com anotações valiosas para Londres-2012
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Giancarlo Giampietro

Derrota nunca é legal, mas a seleção brasileira, superada pela França neste sábado, ao menos pode tirar algumas boas anotações desta partida realizada em Estrasburgo em sua reta final de preparação. Vamos lá:

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No terceiro período, o Brasil venceu por 26 a 14 (clique aqui para ver os números do jogo). Foi quando Magnano manteve Marcelinho Huertas por mais tempo, acompanhado por um quinteto que deve utilizar muito mais em Londres, com uma rotação um pouco mais enxuta, num ritmo diferente do que fez até nos amistosos. E esse quinteto seria formado por uma combinação entre Alex, Leandrinho, Marquinhos, Varejão, Splitter e Nenê. A presença de Giovannoni deve ser condicionada ao que o técnico adversário põe em quadra.

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Com Larry ‘armando’ no início do quarto período, mesmo tendo Parker no banco e o irregular Yannick Bokolo na armação, a França conseguiu tirar rapidamente dez pontos de vantagem. Coisa de três a quatro minutos. Foi nesse trecho que eles acabaram vencendo o jogo.

Huertas somou 15 pontos, cinco assistências e converteu sete de seus 12 chutes – e fica mais claro a cada amistoso que o armador do Barcelona vai precisar ser um ironman em Londres. Repararam que Raulzinho nem entrou?

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Escrevemos aqui sobre o desafio diferente que Tony Parker oferecia para a defesa brasileira, e faltou bater numa tecla bastante importante no jogo do armador: sua habilidade para criar no pick and roll é incrível e, no primeiro tempo, deu muito trabalho para os brasileiros. Magnano optou por fazer a defesa com a troca dos marcadores, mas, por mais que Nenê, Splitter e Varejão sejam ágeis lateralmente, não vão conseguir segurar o ex da Eva Longoria.

Quando Parker infiltrou, as rotações defensivas não conseguiram responder rapidamente, deixando os laterais livres no perímetro ou os pivôs com caminho aberto para enterradas. Caio, que foi para a quadra ainda no primeiro tempo, foi quem mais sofreu para cobrir espaços. Parker, que, aliás, descansou por 11min30s, terminou com 22 pontos, 13 deles nos lances livres. Boris Diaw deu cinco assistências aproveitando as brechas.

Em alguns momentos, a dificuldade para parar essa jogada lembrou aquele  quarto período tenebroso das oitavas de final do Mundial contra a Argentina. Com a diferença de que ali era a flecha (Luis Scola) que nos feria e não o arco (Prigioni).

Nas Olimpíadas, na primeira fase, há apenas um armador que pode causar problemas desse jeito: justamente o australiano Patty Mills, que vamos ver em ação neste domingo e na estreia das Olimpíadas e é reserva de Parker no Spurs. Mills é mais explosivo que o veterano francês, mas não tem tantos recursos com a bola.

Quem melhor defendeu Parker, para variar, foi o Alex, especialmente no terceiro quarto – lembrando que tanto o ala como Huertas começaram o jogo no banco dessa vez, evitando assim o confronto com o armador logo de cara.

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Quando o Brasil procurou o ataque interior, especialmente no terceiro quarto, invariavelmente boas coisas aconteceram: pontuação dos alas e pivôs ou alguns lances livres. Escrevendo assim, parece uma coisa bem óbvia, né? Afinal, quanto mais próximo do aro, maior a chance de você converter o arremesso. No caso da seleção, porém, vale reforçar isso. Demorou, custou um bocado, mas enfim a equipe abraçou essa obviedade, terminando com 40 pontos no garrafão, contra 30 dos anfitriões. Considerando que eles têm Tony Parker, sempre um dos maiores cestinhas na zona pintada na NBA, essa vantagem foi expressiva.

No geral, dos 69 arremessos brasileiros no jogo (12 a mais que os adversários, diga-se), 14 foram de três pontos. A França chutou ainda menos: apenas nove em 57.

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Foi muito bom ver Marquinhos voltar neste jogo como se não tivesse perdido nada nas últimas semanas. Ele se movimentou bem, sem demonstrar dor ou limitação, aguentando até mesmo uma bola presa com a fortaleza que virou o pivô Kevin Seraphin. Ele terminou com oito pontos em 26 minutos para desenferrujar.

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Seraphin, aliás, que está jogando com muita confiança, hein? O francês já havia terminado a temporada da NBA jogando muito bem, inclusive apontando uma influência de Nenê em sua evolução. Mas também não vá exagerar, rapaz. Girando para todos os lados, acertando o chute de média distância também. Foram oito pontos e quatro rebotes para ele, mas em apenas 15 minutos.

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Vale dizer também que, a despeito de um estranhamento aqui e ali entre os jogadores, foi realmente um amistoso: nenhum atleta, por exemplo, jogou por mais de 29 minutos. Os 28min27s de Parker foram o máximo para a França, enquanto os 26min34s de Marquinhos lideraram entre os brasileiros.

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Leandrinho rendeu muito mais ofensivamente quando trabalhou fora da bola em vez de investidas individuais. Dos seus cinco primeiros arremessos, por exemplo, ele converteu os dois em que recebeu a bola em condições para finalizar da zona de média distância para dentro. Errou os três em que decidiu atacar por conta própria.  Sua primeira jogada no mano-a-mano que funcionou foi quando decidiu aproveitar um mismatch contra o ex-companheiro de Suns Boris Diaw, ainda muito pesado.

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O nível atlético dos franceses é até superior ao dos brasileiros, coisa rara. Desta forma, num eventual confronto olímpico, é preciso muita atenção dos nossos alas e armadores para bloquear os jogadores após o arremesso. Gente como Diawara, Gelabale vai atacar a tábua ofensiva atrás de rebotes ou de roubadas sempre que puderem. São muito ágeis, enérgicos e elásticos. Melhor afastá-los da bola.

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Um ponto importante, por fim: dessa vez foi a França que jogou desfalcada, sem escalar o ala Nicolas Batum. E um desfalque considerável. Batum é ainda mais atlético e muito mais completo que Diawara e Gelabale, tem muito mais talento no ataque e pode ser considerado hoje o segundo principal jogador da equipe. No mínimo, o terceiro, dependendo da motivação de Boris Diaw.


Em números, a importância de Huertas para a seleção
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Giancarlo Giampietro

Marcelinho Huertas x Deron Williams

Huertas ignorou a marcação de Deron Williams

A gente sabe que esse tal de Marcelinho Huertas é muito importante para a seleção brasileira, né? Ainda mais depois da desenvoltura que ele mostrou na noite desta segunda-feira, contra os Estados Unidos,  dando uma canseira em Deron Williams, o homem de US$ 98 milhões do Brooklyn Nets.

Subjetivamente, a impressão que fica é a de que o Brasil empaca quando o armador vai para o banco, independentemente de quem entra: Raulzinho, Larry ou até mesmo os dois juntos.

Agora podemos falar objetivamente também, com uma força do jornalista John Schuhmann, do site da NBA e desses que se aprofunda bastante nos números. Encantado com a atuação do brasileiro, ele acaba de postar dois números de abrir os olhos em sua conta de Twitter (@johnschuhmann):

– Com Huertas em quadra, o Brasil venceu os Estados Unidos por 60 a 57; sem Huertas, perdeu por 23 a 9.

– Em termos de produção ofensiva, a seleção anotou uma média de 79 pontos por 40 minutos. Com ele no banco, foram míseros 37 pontos por 40 minutos.

Acho que… O caso fica meio que encerrado, né?

Por mais que elogiemos nossos pivôs talentosíssimos, nosso jogador mais importante está bem definido e é muito mais baixo que eles.


O corte de Augusto e os pivôs das Olimpíadas
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Giancarlo Giampietro

Tá, vocês já sabem: Augusto Lima foi o último cortado da seleção brasileira masculina para as Olimpíadas de Londres-2012. No fim, o que isso pode significar?

Caio Torres, seleção brasileira

Caio Torres, um dos 12 olímpicos

Vamos tentar entender. Mas deixando bem claro: o que vem aqui abaixo é o produto de especulações internas do QG 21, sem informações que venham diretamente de Foz do Iguaçu, muito menos de Córdoba, na Argentina, ok? E outra: o post está imenso, sim, mas com informações que julgo interessante compartilhar e discutir de modo um pouco mais prolongado do que o normal.

Adelante, então:

– Começando pelo mais simples, algo que muitas vezes pode ser ignorado em favor de teses mais mirabolantes. Magnano pode realmente achar que Caio é o melhor jogador entre os dois pivôs ou pelo menos considerar que era o que estava em melhores condições para ir aos Jogos.

– Além disso, de informação, mesmo, dá para dizer que Magnano conhece Caio há tempos e sempre o admirou. Para justificar essa afirmação, resgatamos uma passagem que o blogueiro testemunhou lá atrás em 2004 (caceta, já são quase dez anos atrás!), na distante ilha de Chiloé, cidade de Ancud, no Chile. A anedota já foi contada em nossa encarnação passada, mas nem todo mundo aqui nessa nova casa tem ligações com o sobrenatural para saber disso, né? Então segue o que já foi publicado no VinteUm do além-vida, na ocasião da divulgação da primeira lista de Magnano: “Sabemos que Magnano adora Caio desde os tempos de base. Em 2004, em Ancud, cidadezinha a mil quilômetros de Santiago, lá embaixo no continente, o treinador já via o pivôzão fazer estragos, mesmo sendo dois anos mais novo que a concorrência num Sul-Americano. Estava lá e via o quanto ele se divertia em falar “The Big Man”, de boca cheia, subindo as escadas, em minha direção depois de ver o brasileiro atropelar os adversários no garrafão. Ao ver seu nome novamente incluído na relação principal, não tem como esquecer a cena.”

Faltou dizer que fazia um frio danado, e Magnano só estava virando as costas para o jogo para buscar um copo de café na tendinha bem tímida armada dentro daquele inesquecível ginásio, que precisava de uma calefação daquelas.

– Sabendo dos problemas físicos de Nenê, a convocação de Caio, também não deixa de ser um movimento de precaução do argentino, não? Mesmo na melhor forma física de sua vida, o pivô do Flamengo ainda é uma fortaleza.

David Andersen x Andrei Kirilenko

Andersen e Kirilenko: força bruta?

– Se ignorarmos as dores no pé de Nenê, talvez o argentino esteja se preparando para batalhas físicas de garrafão em Londres-2012. Esse é um mantra constantemente evocado aqui, ali e em todo lugar. Será, mesmo? Convém aqui, então, um resumo não tão breve sobre o que nos aguarda na primeira fase olímpica, pelo Grupo B, em termos de pivôs:

1) a Austrália tem um garrafão de respeito, com David Andersen, Aleks Maric e Matt Nielsen, todos beeeem rodados em alto nível na Europa. Desses, contudo, apenas Maric é alguém que investe muita energia de costas para a cesta, dando suas pancadas – algo que só fez em treino nas últimas duas temporadas, diga-se, já que estava enterrado no banco do Panathinaikos depois de um a Euroliga imponente pelo Partizan. Andersen também pode fazer isso, mas faz tempo que sua preferência é flutuar com frequência para o perímetro, dada sua habilidade no chute de média distância. Nielsen opera basicamente da cabeça do garrafão, fazendo bons corta-luzes, arremessando e orientando os companheiros;

2) a Rússia tem Timofey Mozgov e Sasha Kaun, um NBA e outro CSKA, dois grandalhões, mas nenhum deles é uma grande arma ofensiva. Varejão não teria problema com nenhum deles, por exemplo. O restante são alas-pivôs versáteis, que chegam na zona pintada com velocidade e, não, força;

Pau Gasol x Yi Jianlian

Há uma boa diferença entre um Pau Gasol e um Yi Jianlian

3) a China joga com Yi Jianlian e o imortal Wang Zhizhi, que são da categoria pena, né? Mais chutadores do que tudo. Tem também um sujeito de 2,21 m inscrito, Zhang Zhaoxu. Se ele fosse minimamente ameaçador, com essa altura e 24 anos, já teríamos ouvido a alguém mencioná-lo, creio;

4) a Grã-Bretanha está mais ou menos no mesmo patamar dos australianos, com gente bem experiente e pesada em Robert Archibald e Joel Freeland. Agora, são dois que Splitter cansou de enfrentar na Espanha, quase sempre com resultados mais que positivos. Já Pops Mensah-Bonsu tem um dos melhores nomes do torneio olímpico e é um ótimo atleta, mas não alguém para Caio marcar. Daniel Clark e Eric Boateng também podem apresentar um currículo razoável, mas ninguém pode temê-los.

(Nota de rodapé? Clark jogou com Caio no Estudiantes espanhol anos atrás e seguiu no clube, enquanto o brasileiro foi dispensado e/ou decidiu se desligar. Dava pra desenvolver mais aqui, mas iríamos nos estender demais, né? Tem a ver com jogador comunitário, imaturidade, muitas apostas no clube etc.)

5) Espanha: aí, sim. Os irmãos Gasol, o atlético Ibaka e o chatíssimo Felipe Reyes, daqueles que parece lento, baixo, mas é forte e técnico pra burro e nunca desiste. Aqui é pedreira para qualquer time do mundo.

6) Se quisermos já prospectar sobre as oitavas, os EUA vão apenas com um pivô tradicional para Londres, mesmo caso da Nigéria; a Argentina tem Juan Pablo Gutiérrez, a Lituânia leva o jovem Jonas Valanciunas e o robótico Javtokas; na França, os três pivôs listados são Ronny Turiaf, Kevin Seraphin e Ali Traoré, gente. São jogadores que podem render bem em determinadas situações, mas esse trio não intimida nem a China ofensivamente.

Façam as contas. A era dos gigantes, a era do “cincão” já acabou faz tempo, galera. Mesmo um Dwight Howard não representa exatamente o mesmo tipo de problema que era lidar com um Patrick Ewing, ou Arvydas Sabonis. O jogo vai mudando.

– Essa conclusão nos inclinaria para a convocação de Augusto? Teoricamente, sim. Seu jogo realmente se encaixa melhor com o que vamos ver pela frente: um pivô ágil, determinado, que corre toda a quadra. Não se iludam com algo: força física nem sempre quer dizer mais intensidade e melhor presença defensiva. E esse não é um ataque contra Caio, de modo algum. Aqui estou mirando, na real, os mantras, dogmas repetidos a esmo e que adotamos como a verdade mais pura e absoluta, sem muitas vezes nem parar para pensar a respeito, mesmo. Agora, não dá, necessariamente, para cravar que Augusto era a melhor escolha. Ele é mais jovem, mais cru e teve de superar uma série de questões físicas e médicas durante a última temporada.

– Questionar se não era o caso de cortar Raulzinho me parece algo bem inadequado. Ainda mais vendo Magnano usar Larry como um ala sem receio algum, nos últimos amistosos sem Leandrinho e/ou Marquinhos. E, quanto ao ligeirinho, não dá mais para considerar Leandrinho alguém que “joga, quebra o galho de 1”. Mesmo, e por favor. Na NBA, ele não executa mais esse tipo de bico há umas quatro temporadas, no mínimo. E a função de armador é muito importante para se falar em “quebra-galho”.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre Caio Torres e Augusto Lima em sua encarnação passada.


Seleção vence ‘coletivo’ contra o Chile
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Giancarlo Giampietro

Tiago Splitter contra o Chile

Na falta de adversário mais forte, vai contra o Chile, então. Em abertura de torneio amistoso em Buenos Aires, a seleção brasileira fez uma espécie de coletivo oficial nesta quinta-feira contra um time que apanharia mesmo de nosso time B que foi mal no Sul-Americano. Terminou 110 a 64.

Valeu para quê?

– Bem, Leandrinho pôde (me deixem com meu próprio acordo ortográfico) desenferrujar um pouquinho puxando contra-ataques, em sua primeira exibição pela equipe desde o Mundial de 2010. Splitter também precisava de alguns minutinhos a mais.

– Outro ponto é o básico “reconhecimento de quadra” para poder enfrentar a Argentina, os donos da casa, no dia seguinte. Desde que, claro, vençam a galera da Espanha B, em partida que deve ser um pouco mais complicada.

– Nenê e Marquinhos nem tiraram o agasalho e foram poupados. Alguma coisa mais séria? Precaução em relação a quê? No fim, eram 11 fardados de 13 possíveis.

– Na rotação de pivôs sem Nenê, Tiago foi o titular, com Giovannoni ao seu lado. Caio Torres foi primeiro a sair do banco, na metade do primeiro quarto. Varejão entrou no finalzinho dessa parcial. Augusto foi acionado na metade do segundo quarto, com a 13 do Nenê, e jogou bem menos. Indício de corte?

– Entre os armadores, Huertas começou o jogo, deu lugar a Larry, que, depois, teve a compahia de Raulzinho – ficaram dois armadores em quadra, uma vez que a equipe estava com um ala a menos. Tudo no período de abertura também. Os dois reservas, diga-se, não tiveram uma atuação tão animadora assim.

– Há um ala chileno, Jorge Schuler, que é sósia de Luis Scola. Mas é amanhã que devemos enfrentar a fera de verdade.

– Numa rodada preliminar, o ginásio portenho Luna Park lotou. Torneio na capital argentina. Bem diferente do que tivemos por aqui na semana passada e vamos ter na próxima semana. Reforçando: BEM diferente a atenção dada ao time nacional. Deles, no caso.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada