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Arquivo : Rafael Mineiro

Magnano dispensa Mariano, e restam dois cortes para definir seleção da Copa América
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Giancarlo Giampietro

A seleção brasileira vai avançando etapas – ao menos em termos de calendário –, e Rubén Magnano, definindo seu grupo. Nesta segunda-feira, o técnico argentino dispensou o pivô Lucas Mariano, o caçulinha da equipe. Restam agora 14 jogadores sob seu comando, com mais dois cortes a serem realizados até que tenhamos o plantel da Copa América definido.

Nesta terça-feira, sua equipe volta a enfrentar o fraquinho México, em São Paulo, 19h (horário de Brasília). Se o padrão for mantido, é de se esperar que, ao final do amistoso, mais um atleta seja comunicado de que não vai embarcar para a Venezuela. De modo que viajariam 13 para a disputa da Copa Tuto Marchand, até que sobrem os 12 eleitos.

Lucas Mariano e a bandeja de esquerda

Lucas Mariano para a bandeja no treino: algo que pareceu proibido em jogo

Lucas participou da final do Super 4 de Anápolis contra a Argentina, ficando em quadra por 12 minutos. Marcou três pontos, não pegou nenhum rebote e cometeu um desperdício de bola. Seus três chutes no clássico saíram de longa distância, numa arma que parece ter virado a única no repertório do talentoso jogador durante sua extensa passagem a serviço dos times da CBB.

Na Universíade de Kazan, a revelação francana já havia exagerado um pouco na dose em seus arremessos de fora: ele tentou 14 bolas do perímetro durante todo o torneio para supostos estudantes e converteu apenas uma. Até que, em amistoso contra o Uruguai na semana passada, um aparente milagre aconteceu, quando ele acertou quatro em cinco. Prova de que está praticando o fundamento, sim, mas também um número que sublinha o quanto randômica foi sua atuação. Vamos lá: se formos considerar seus dois testes pelo time de Magnano e todo o torneio “universitário”, Mariano obteve um aproveitamento de apenas 27,7% de três (6/22). Não é da noite para o dia em que um jogador que ainda não matou sequer um chute de fora quando em ação pelo NBB.

Não que ele deva ser proibido de se aventurar distante da cesta. Pelo contrário. Se há a mínima chance de um atleta tão jovem, de 19 anos, desenvolver múltiplas habilidades, que se invista nisso sem freio – Lula Ferreira certamente está ciente do que vem acontecendo. Agora… Conduzir esse experimento numa seleção brasileira e, numa subversão, limitar o rapaz a apenas este papel em quadra não parece a coisa mais produtiva para nenhuma das partes. E assim coube a Lucas nos 33 minutos que teve nos amistosos: com os pés fixos na linha de três pontos, basicamente esperando o desenvolvimento dopick-and-roll da vez para ver se dali sobraria uma rebarba. A ideia, a princípio, faz sentido. Sua presença, desde que como um chutador respeitado, serviria para espaçar a quadra para os companheiros atacarem. Agora, ficar só nisso? Um pecado, considerando o material humano. Guilherme Giovannoni (presença certa) e Rafael Mineiro (acho que ainda na luta por vaga) ficam com essa incumbência daqui para a frente.

Temos o seguinte, então: Huertas, Raul, Rafael Luz, Larry, Benite, Alex, Arthur, Marquinhos, Giovannoni, Mineiro, Felício, JP, Hettsheimeir e Caio.

Quais podem ser os próximos dois cortes?

Depende do que Magnano tem na cabeça. Se ele pretende jogar sempre com dois armadores na rotação, o natural seria manter Luz e dispensar Arthur e um pivô ou dois grandalhões de uma vez (Felício, JP, Mineiro e Caio no páreo), contando com Guilherme como alguém capaz de segurar as pontas lá debaixo. Outro caminho seria abrir mão de Rafael e manter o ala de Brasília no time como uma medida de segurança, deslocando eventualmente Benite para o rodízio de armadores. Mas… Tudo isso se Marquinhos estiver apto para jogar. Até agora, preservado com problemas no joelho, ele ainda não foi para quadra em cinco amistosos.

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Flaquito, sim, o México, mas que deu uma canseira na rapaziada no sábado passado. Este jogo eu não consegui ver, por motivos de Ricardo Darín e de achar que a partida começaria mais tarde, mesmo, mas vocês já sabem, claro, do sufoco que o Brasil passou para derrotá-los em Anápolis. Aqui, as estatísticas do triunfo por 88 a 81, com uma virada por 29 a 17 no último quarto. Uma partida bem diferente daquela de Salta, na Argentina, em que a seleção venceu por 94 a 68.Se na derrota para a Argentina, no domingo, o ataque foi o problema, no inesperado jogo sofrido contra os mexicanos, foi a defesa quem deixou a desejar, fazendo de Magnano um sujeito furioso, com razão. Não dá para tomar 81 pontos de um time desses, ainda mais sem Gustavo Ayón, o herói de Zapotán (cliquem e assistam ao vídeo, por favor), Earl Watson, Eduardo Nájera, Chicharito e Hugo Sánchez. Vamos ver como as equipes se comportarão no terceiro confronto em oito dias. Vou tentar dar uma chegada ao clube para  conferir de perto.


Seleção volta a vencer o Uruguai. O que dá para tirar do 3º amistoso?
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Giancarlo Giampietro

Huertas no lance livre

Algumas notas sobre a seleção brasileira depois da terceira vitória em jogos preparatórios para a Copa América, que começa no dia 30 de agosto, em Caracas.  Nesta quarta-feira, a equipe voltou a vencer o Uruguai, em São Carlos, a terra do Nenê, por 83 a 69. Vamos lá:

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Do jogo de sábado (triunfo por 92 a 71), mudou o quê?

No selecionado brasileiro, saíram Rafael Mineiro, Raulzinho, Cristiano Felício e Leo Meindl e entraram Lucas Mariano, Scott Machado, Caio Torres e JP Batista. Os vizinhos do Sul vieram reforçados. Esteban Batista, Leandro Garcia Morales e Nicolás Mazzarino, três figuras fundamentais nos planos celestes, aproveitaram a viagem para conhecer o interior paulista e bater uma bolinha. Destes, Mazzarino foi quem menos jogou – é o mais velho também e estava bastante enferrujado nos poucos minutos que teve de ação.

Em termos de padrão estratégico, tático, não houve muita alteração – e nem dá para esperar muita coisa além disso. A seleção marcou muito bem novamente, cobrindo bem as tentativas de jogo de dupla dos uruguaios, desestabilizando um cestinha como Garcia Morales em diversos momentos. Por outro lado, seria necessário checar também o quanto esses atletas que não participaram do Super 4 treinaram com os demais companheiros. Alguns erros cometidos explicitaram uma falta de sintonia entre eles. O quanto disso tem a ver com a disciplina defensiva dos rapazes de Magnano ou o quanto é puro desentrosamento nós só vamos ver mais para a frente.

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A CBB improvisou, mas conseguiu disponibilizar as estatísticas do jogo antes do fechamento deste post.

A princípio, escreveria aqui ter uma impressão sobre um volume altíssimo sobre os chutes de média e longa distância da seleção em situações de meia quadra, com muita eficiência, diga-se. (No fim, o scout mostrou 23 arremessos de três no total, com excepcional aproveitamento de 52%. Em arremessos como um todo, o rendimento foi de 53%, também elevado.)

Mas foram poucos ataques desacelerados que terminaram com uma bandeja ou enterrada.

A ofensiva tem girado muito em torno das ações drive-and-kick, seja numa investida de um-contra-um ou num pick-and-roll em que o pivô cortando para a cesta não é acionado. Algo de certa forma compreensível com armadores de drible fácil como Huertas e Larry, por exemplo. Mas, na hora da competição para valer, será que os brasileiros vão ter tanta liberdade assim para matar esses chutes? No primeiro período, Lucas Mariano acertou três consecutivos, de frente para a tabela (mais sobre isso um pouco abaixo). Num torneio em que todos estudam todos, essa bola obviamente passaria a ser marcada. E aí como faz?

O recomendável seria desde já, nos amistosos, buscar mais variações, rodar de um lado para o outro da quadra, apostando também em maior movimentação fora de bola. Maior concentração de passes para pivôs que não se chamam Rafael Hettsheimeir também valem. Ok, são apenas os primeiros jogos, Magnano vem rodando bastante sua equipe, e tal. Mas tem de se tomar cuidado para não se apoiar demais nesse velho vício dos três pontos e não saber o que fazer lá na frente se a defesa apertar.

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É o pega-pra-capar. Que deixa mesmo um treinador experiente como Magnano “confuso”, como ele disse ao SporTV numa rara entrevista pós-jogo. O momento é de ganhar conjunto, identidade coletiva em quadra e, ao mesmo tempo, fazer a peneira para definir os 12 convocados da Copa América. Do que vimos até aqui e, em alguns casos, do já sabíamos há tempos, Huertas, Larry, Alex, Benite (sim), Marquinhos (*se o joelho permitir), Giovannoni e Hettsheimeir já estão lá. Restariam cinco vagas para serem preenchidas, com oito atletas na briga.

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Com suas surpreendentes – e meio impensáveis – bolas de três pontos, o garoto Lucas Mariano (4/5 nos tiros de longe, segundo minhas contas não-oficiais) se colocou de modo enfático nessa discussão. O treinador obviamente ficou impressionado com o pivô de Franca, de apenas 19 anos. Agora, não é só um jogo que pode definir uma convocação.

Essa propensão ao arremesso de longa distância, na verdade, já vinha sendo sinalizada desde a Universíade, realizada em julho, na Rússia. Com a diferença de que lá os resultados foram calamitosos: no geral, com aproveitamento de apenas uma cesta em 14 tentativas. No NBB, em toda a sua carreira, ele nunca fez sequer uma cesta de fora.

Então… Será que a mão está tão certeira assim nos treinamentos? E de uma hora para outra? Teve a ver com seus treinamentos personalizados em Los Angeles – ao lado de Raul, Bebê e Augusto no período pré-Draft – ou foi alguma ideia da comissão técnica de Magnano. Para o SporTV, Lucas deu a entender que é coisa de Magnano, de fazê-lo jogar mais aberto, assim como ocorreu com Mineiro no Super 4 argentino. “Aqui na seleção estou numa posição diferente”, disse o francano.

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E lá estava o Scott Machado de verde e amarelo. Mais um calouro na seleção principal, o nova-iorquino jogou por 12 minutos e demonstrou uma ansiedade normal. Penúltimo a se apresentar, com menos treinos com os novos companheiros, assimilando as (incessantes) orientações de Magnano, o jogador, que ainda tenta garantir seu espaço na NBA, cometeu quatro desperdícios de bola e anotou dois pontos. Não foi a melhor estreia, claro, mas seria absurdo concluir qualquer coisa tão cedo.

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O Uruguai não é o time com o garrafão mais forte, muito menos atlético que vamos enfrentar em Caracas. De qualquer forma, pudemos ver hoje o estrago que um Esteban Batista (12 rebotes, cinco deles ofensivos, mais da metade do total brasileiro – 23) sem ritmo já pode causar, atacando a tábua quando o Brasil está jogando com um trio como Rafael-Larry-Benite no perímetro. Qualquer quebra defensiva vai gerar um desequilíbrio e uma consequente uma rotação de emergência em quadra. Resulta dessas trocas que um dos “baixinhos” pode sobrar com um grandão lá dentro. E, aí, em muitas ocasiões não vai importar o quanto de fundamento tem esse atleta. Dependendo do adversário, por mais que se mantenha um posicionamento adequado para bloqueio de rebote ou de contestação ao arremesso, a diferença de altura pode ser tamanha que saem, mesmo, os dois pontos,  uma falta, ou uma nova posse de bola para o oponente. É de se monitorar se isso vai se repetir nas próximas partidas amistosas. Para ver como esse tipo de situação vai se desenvolver e se o eventual retorno de Marquinhos – não necessariamente o jogador mais vigoroso do país, mas com altura suficiente para atrapalhar mais – pode ajudar. Em São Carlos, os adversários ganharam a disputa nos rebotes por 25 a 23.

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Ainda sobre os uruguaios, pensando na Copa América, restando pouco mais de 20 dias para a competição, fica a dúvida se poderão contar com os veteranos Martin Osimani e Mauricio Aguiar em sua equipe. Os dois estão afastados por ora, devido a problemas físicos – Osimani, inclusive, nem teria se apresentado, fazendo tratamento em Buenos Aires. Devido a sua experiência, controle de bola e poderio defensivo, o armador em especial faz/faria/pode fazer toda a diferença nesta equipe, pensando numa disputa por vaga no Mundial. Estivesse o barbudo em quadra, a dinâmica dos dois amistosos seria bem diferente para a seleção brasileira. Seria uma boa chance, bem mais interessante para checar o quanto a marcação pressionada exigida por Magnano poderia incomodar um jogador desta categoria.

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Clique aqui para ler o comentário sobre a primeira vitória contra o Uruguai e aqui para o comentário do segundo amistoso, contra o México.


Saída da Espanha, mudança para acertar, resistência do Boston… Faverani não deve defender a seleção
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Giancarlo Giampietro

Vitor Faverani, adeus, Valência

Adeus, Valência, para Faverani, e um até breve para Magnano

Chega uma hora que é melhor esquecer e seguir em frente com o que você tem, mesmo.

Rubén Magnano já está esperando há dias, e  será que fazer salinha por mais um tempão?

No caso, estamos falando de Vitor Faverani. Com as dispensas de Nenê, Varejão, Splitter e Lucas Bebê, mais a hérnia de Augusto, qualquer ajuda extra para o garrafão da seleção era bem-vinda. Pensando no enigmático pivô ex-Valencia, talvez fosse a hora perfeita para ele se apresentar oficialmente ao basquete brasileiro.

Mas…

O timing simplesmente não ajudou. O paulista acaba de fechar contrato com o Boston Celtics. Está literalmente num período de mudanças. A cabeça vai longe. E, julguem o que quiser, a seleção simplesmente não parece tão prioritária. É a conclusão que tiramos de sua entrevista ao site Basketeria.

Há diversos empecilhos para o pivô se apresentar a Magnano – lembrando que o prazo anunciado pela CBB para uma resposta do convocado era até esta terça-feira.

1) O Boston Celtics não quer liberá-lo para jogar a Copa América. “Estou esperando o que o Boston fala sobre isso. Eles não estão muito afim que eu vá, por causa da lesão que tive no joelho”, disse.

2) Vitor vai ficar na Espanha por mais uma semana, no mínimo. “Acho que (vem ao Brasil) no final da semana que vem. Ainda tenho algumas coisas para resolver aqui na Espanha. Assim que der, estou indo para o Brasil ficar um pouco com minha família.”

3) No momento, há muito mais na cabeça do cara. “Psicologicamente, é o melhor que posso fazer (encontrar a família) antes de começar a nova “guerra” da minha vida” + “Quando eu for pro Brasil, agora, tenho que sentar com o Rubén (Magnano), sentar com meu agente e conversar” + “O que eu falei para os caras de Boston, no dia que eu assinei contrato, é que nos primeiros dias de setembro eu tinha que estar lá. Vou tentar ir uma semana antes para arrumar as coisas da casa, fazer as coisas de banco, para quando começar a temporada estar bem descansado e tranquilo para trabalhar”.

Ora, façam as contas: o talentoso e enigmático pivô estaria “livre” para conversar com o treinador argentino lá pelo dia 2 ou 3 de agosto. A Copa América começa apenas no dia 30. Daria tempo de ele ser integrado. Do ponto de vista mais pragmático, levando em conta a qualidade do jogador, talvez valesse a exceção aberta.

Agora…

E se o Boston se mantiver contrário e fizer de tudo para censurar seu novo contratado?

E que mensagem seria passada a Caio Torres, Rafael Hettsheimeir, Rafael Mineiro e qualquer outro jogador que tenha se apresentado no horário e já esteja treinando, ralando sob a orientação do campeão olímpico?

Para alguém linha-dura como Magnano, chegou a hora de riscar o giz na quadra e abraçar o que ele tem em mãos no momento. São jogadores talentosos, que, bem orientados e treinados, podem mais do que dar conta do recado.

Faverani  ficou para a próxima.


Gangorra muda de lado, e briga forte na seleção fica para os armadores
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Giancarlo Giampietro

Os eleitos, ou quase

Pivô com experiência de Europa, pivô de NBA, pivô extremamente promissor, pivô superatlético, pivô lento de jogo de costas para a cesta, pivô canhoto, pivô mais baixo. Desde a emergência de Nenê, era pivô isso, pivô aquilo na pauta do basquete nacional. Não que seja fácil desenvolver pivôs. Estes postes de 2,10 m de altura estão espalhados por aí para serem descobertos, mas não é qualquer um que tem coordenação para segurar uma bola de basquete, fazer o drible, elevar e estufar a redinha. Ou que vá saber o posicionamento certinho que seus pés precisam ter para girar em torno do adversário e fazer o bloqueio para o rebote. Entre outros tantos e tantos fundamentos da posição.

De todo modo, o Brasil foi exportando pivôs sem parar nos últimos anos. Hipoteticamente, era possível fazer uma seleção brasileira inteira só de grandalhões. Era sempre a maior intriga na cabeça dos basqueteiros – se viesse todo mundo, quem ficaria fora? Qual a melhor composição de rotação? Todo mundo sonhando com a cabeça do técnico.

Rubén Magnano, vocês sabem, está livre desse problema este ano, já que Splitter, Nenê, Varejão e, agora, Bebê, não vêm. Vitor Faverani? Ninguém viu, ouviu, leu, nem psiquigrafou até o momento. Pelo menos no que se refere aos gigantes.

Na mesma tocada em que se festejou a fartura de pivôs, lamentava-se a carência no outro espectro, entre os baixinhos. Hoje, quem diria? Para formar o grupo que vai disputar a Copa América a partir do dia 30 de agosto na Venezuela, o técnico argentino vai ter sua dor-de-cabeça justamente nessa posição.

Huertas chega com o capitão, escoltado por Raulzinho, Rafael Luz, Larry Taylor e, muito provavelmente, Scott Machado. O brasileiro de Nova York ainda está reunido com o Golden State Warriors de verão em Las Vegas e, assim que a campanha chegar ao fim, tem voo marcado para São Paulo. Deve chegar dia 23. (Nesse grupo ainda há quem possa colocar Vitor Benite, mas não parece o caso para esta temporada. Acho que ele se enquadraria no máximo como um “escolta”.)

Quantos armadores Magnano levaria para Caracas? Nos Jogos de Londres, foram três: Huertas, Larry e Raul. Num elenco de 12 jogadores, um trio da posição seria, mesmo, a “configuração clássica”, e estes naturalmente já largariam na frente, considerando o histórico desenvolvido com o treinador.

Mas o técnico já surpreendeu antes e é exigente o suficiente para que ninguém se sinta acomodado com nada. Até porque Rafael e Scott são atletas jovens em progressão e podem mostrar um truque ou outro durante a fase de preparação para entrar na cabeça do selecionador. Ou o selecionador poderia pensar, de repente, num sistema com dupla armação, abrindo mão de um de seus alas para carregar mais um organizador em seu plantel. Algo que não seria de se descartar.

Será que Magnano confia em Benite como um escolta, alguém que possa ser utilizado como um segundo armador diante de uma defesa mais pressionada, para desafogar Huertas? No Pré-Olímpico de 2011, ele exerceu essa função, assim como no Pan desse mesmo ano. Se a resposta for positiva e/ou caso o argentino opte por uma lista mais de acordo com a “regra” – quem a escreveu é que eu não sei –, aí dois jogadores de muito futuro serão cortados.

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No grupo do perímetro, Alex e Marquinhos são barbadas, enquanto Arthur e Benite são os outros convocados com essa nomenclatura. Dois bons jogadores, bastante diferentes, mas que não são intocáveis – Arthur oferece um excelente chute de três pontos da zona morta (45,3% no último NBB), se move bem pela quadra sem a bola e tem um pouco mais de altura, embora nunca tenha sido conhecido como um reboteiro (apanhou míseros 2,7 por jogo na liga nacional); Benite dá mais velocidade na saída de contra-ataque, ajuda a conduzir a gorducha e também mata de fora (45,6%, mas tem baixo aproveitamento de dois pontos em 48,7%, um número preocupante considerando sua explosão física). O caçulinha Leo Meindl também se junta ao grupo como convidado, e isso já não quer dizer muita coisa, não. Todos os que estiverem treinando em São Paulo vão ter chances.

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Quanto ao garrafão? É provável que Faverani nem venha, então praticamente não há margem para troca. Espere ver doses cavalares de Guilherme Giovannoni jogando como um ala-pivô aberto, mais uma predileção de Magnano demonstrada nos últimos campeonatos – nas quartas de final de Londres 2012 contra a Argentina, ficou um tempão em quadra nessa função, por exemplo, e esse também é um papel que Guilherme cumpre desde a base, inclusive com bons anos na Europa. Caio Torres, vejam só, já é um veterano a essa altura. Rafael Hettsheimeir não teve muitas chances pelo Real Madrid durante a temporada e chega descansado e babando.  Augusto também tem tinha muito o que provar (cortado por conta de uma hérnia de disco, infelizmente), assim como Rafael Mineiro. Por fora vai correr Cristiano Felício, que tem a idade de Augusto, Raul e Luz, mas é muito mais cru e inexperiente. Vem de uma ótima Universíade – foi bem melhor lá do que Lucas Mariano –, é muito forte e tem muito potencial. É de se imaginar que cinco desse grupo estejam na lista final.

*  *  *

Para constar, por enquanto o técnico argentino tem em mãos o seguinte:

Alex Ribeiro Garcia – Ala – 33 anos – 1,91 m
Arthur Luiz Belchior Silva – Ala – 30 anos – 2,00 m
Augusto Cesar Lima – Ala/Pivô – 21 anos – 2,08 m
Caio Aparecido da Silveira Torres – Pivô – 26 anos – 2,11 m
Guilherme Giovannoni – Ala/Pivô – 33 anos – 2,04 m
Larry James Taylor Jr – Armador – 32 anos – 1,85 m
Marcelo Tieppo Huertas – Armador – 29 anos – 1,91 m
Marcus Vinicius Vieira de Souza – Ala – 29 anos – 2,07 m
Raul Togni Neto – Armador – 20 anos – 1,85 m
Rafael Freire Luz – Armador – 21 anos – 1,88 m
Rafael Ferreira de Souza – Ala-pivô – 25 anos – 2,09 m
Rafael Hettsheimeir – Pivô – 27 anos – 2,08 m
Vitor Alves Benite – Ala-armador – 23 anos – 1,90 m

+

Scott Michael Machado – Armador – 23 anos – 1,85 m (Ainda por vir
Vitor Luiz Faverani Tatsch – Ala-pivô – 25 anos – 2,10 m (Vai saber)

+

Os convidados Cristiano Felício, Leo Meindl e Lucas Mariano.


‘Teimosia’ do Pinheiros é recompensada com o título da Liga das Américas
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Giancarlo Giampietro

Pode passar, Shamell

Embora eles tenham se colocado consistentemente entre os primeiros colocados de todos os diversos últimos campeonatos que disputaram, ouviram, sim, no começo da temporada: com elencos mais renomados, Flamengo e Brasília eram os favoritos para tudo, até dessa besta que vos escreve. Eles haviam perdido jogadores importantíssimos em cenário nacional e, para piorar, parecia impossível reunir todos os seus jogadores saudáveis em quadra. Mas foram teimosos, a começar pelo diretor João Fernando Rossi, presença intensa no Twitter, sempre fazendo questão de avisar/relembrar que deixá-los de lado, de escanteio poderia ser um equívoco. E acabou que o Pinheiros chegou lá, conquistando o título da Liga das Américas.

Depois de vencer o Capitanes de Arecibo na primeira rodada do quadrangular final, levaram o caneco já na segunda rodada ao bater o Lanús por 16 pontos de vantagem (82 a 66), com uma arrancada no quarto período, vencido por 27 a 14. Um triunfo que veio na melhor hora possível, depois de perderem duas vezes para a agremiação argentina nas fases anteriores, por 12 e 15 pontos de diferença.

“Estamos conquistando o nosso espaço”, afirmou o técnico Claudio Mortari.

Nos últimos dois anos, o Pinheiros teve de se contentar com o vice da Liga Sul-Americana e do Torneio Interligas (em duas oportunidades). Para conquistar, então, esse novo espaço e enfim se sagrar campeão além da fronteira estadual, o time apresentou um basquete consideravelmente diferente do padrão das campanhas anteriores.

A boa movimentação de bola pela segunda partida seguida no torneio continental se mostrou fundamental para o triunfo do clube paulistano. Foram 18 assistências para 25 cestas de quadra, num padrão de jogo beeeeem mais saudável do que costuma apresentar. Está certo que o jogo por vezes se concentra muito em Shamell, como na temporada passada quando, digamos, ele se revezava com Marquinhos na definição de cada ataque. O ala americano dessa vez, porém, passou com muito mais frequência, somando seis assistências, abaixo apenas das sete do armador Joe Smith, seu compatriota.

O volume nos tiros de três pontos ainda se mantém bastante elevado (foram 26 chutes de fora no total, contra 31 de dois pontos, algo que não é normal de se ver em jogos de alto nível do mundo Fiba). Mas chutar de três pontos não significa necessariamente “pecado” – basta que sua equipe apenas ataque com inteligência, paciência, procurando a melhor situação para o disparo. Com 11 bolas convertidas e um aproveitamento de 42,3%, o jogo exterior acabou por ser outro fator decisivo, ainda mais diante de um oponente que matou apenas um chute de longa distância em dez tentativas.

Importante, porém, destacar um fator de equilíbrio determinante na equação ofensiva pinheirense: a maior agressividade ao atacar uma forte defesa, descolando 22 lances livres, contra 15 do Lanús. E, melhor ainda, sem arrefecer por pressão alguma, eles acertaram 21 cobranças, num aproveitamento espetacular e quase inédito nos dias de hoje para clubes brasileiros (95,5%). Os 13 rebotes ofensivos apanhados também sublinham uma vontade maior de investir no jogo interior.  Seriam esses dados mera casualidade ou frutos de uma nova abordagem? Bem, os mata-matas do NBB já estão chegando para responder.

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É muito bom ver um jogador realizar seu potencial, especialmente depois de sofrer um bocado para atingir esse nível. Dois ou três anos atrás havia dúvidas, bem justificadas, se Rafael Mineiro chegaria lá. A atuação contra o Lanús, porém, só veio reforçar a madura e excelente temporada do pivô do Pinheiros, que somou 20 pontos e 9 rebotes (quaro deles ofensivos) em 36 minutos. Sua pontuação foi dividida desta maneira: quatro em chutes de dois, nove em tiros de três e sete na linha de lance livre, deixando clara toda a sua versatilidade. A lição: quanto mais acionado, melhor para sua equipe.

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Márcio ainda segura a onda

O veterano Márcio Dornelles, com a pontaria em dia, também é uma figura que merece destaque. Aos 37 anos, tem sua capacidade atlética bem reduzida comparando com o seu auge, mas ninguém vai poder questionar sua forma física – parece não se cansar nunca. O ala dá conta do recado, com discrição e aplicação, se tornando uma bela peça complementar para o ataque de Mortari. No jogo do título, contudo, brilhou com 21 pontos em 38 minutos.

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Não dá para esquer, de qualquer forma, que por pouco o Pinheiros não passa nem da primeira fase do torneio, precisando de um arremesso de três do escolta Paulinho no último segundo, contra o Centauros, da Venezuela. Naquela etapa, a equipe funcionava ainda no esquema bumba-meu-boi.

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A organização da Liga das Américas também tem muito o que melhorar. Esse sistema de seguidos quadrangulares não é nada atraente, embora seja mais econômico para os participantes. As datas demoram a ser definidas. O torneio não chama público. Deveria haver muito mais rigor na inscrição de times e, principalmente, jogadores, impedindo a contratação de mercenários de última hora para se criar potências mentirosas.

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Retrospecto recente do Pinheiros: campeão paulista  em 2011 e vice em 2010 e 2012; terceiro no NBB em 2011 e 2012; vice-campeão do Interligas em 2011 e 2012 e vice-campeão da Liga Sul-Americana em 2012. No atual campeonato nacional, está em sexto, com uma campanha acidentada devido à impossibilidade se fazer tabelas que respeitem umas as outras.

Na verdade, dá pra troca facilmente o termo “teimosia”, usado aqui em tom de brincadeira. Melhor ir com algo na linha de seriedade, sobriedade ou capacidade de gestão.


Na Sul-Americana, Pinheiros avança, mas ignora jogador mais eficiente do Paulista
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Giancarlo Giampietro

Joe Smith, do Pinheiros

Smith e Paulinho dominaram a bola pelo Pinheiros no Equador em uma classificação sofrida

O pivô Rafael Mineiro terminou a fase regular do Campeonato Paulista como o jogador mais eficiente da competição. Antes de ir aos mata-matas para poder confirmar sua ótima fase, porém, o rapaz teve de viajar com o Pinheiros para o Equador, numa breve – e, ainda assim, extremamente nervosa – pausa para a disputa de um torneio que não vale nada como a Liga Sul-Americana.

Quer dizer: imagino que não valha muita coisa. É a impressão que fica quando, nas três partidas sofridas da semana passada, vimos o time do técnico Claudio Mortari preservar seu melhor jogador deste início de temporada para as decisões que vêm em outubro. Acho que é por isso que ele foi utilizado tão pouco contra Obras Sanitarias, Centauros e Mavort.

Considerem os seguintes números:

– Mineiro jogou 104 minutos em três jogos e tentou 21 arremessos no total;

– Paulinho jogou os mesmos 104 minutos e tentou 59 arremessos;

– Joe Smith jogou 93 minutos e tentou 41 arremessos;

– Dos 202 arremessos do Pinheiros nesta fase, 87 foram de três pontos (43%);

Como justificar esse contexto? Mais quatro chutes de quadra para Paulinho, o herói da classificação, e ele teria somado o triplo do que tentou seu pivô. O triplo! Mais um chute para o norte-americano, em 11 minutos a menos de quadra, e ele teria somado o dobro de Rafael.

Aceitando duelar em jogos extremamente corridos, bagunçados, o clube paulista se privou de explorar um jogador que vive o melhor momento de sua carreira, tendo encaixado, enfim, suas habilidades de um modo satisfatoriamente produtivo. Para quem não é muito apto a eufemismos, dá para aceitar que o grandalhão foi solenemente ignorado ou, como prefiro, alienado. Uma má e velha história do basquete brasileiro recente.

Teria Mineiro sido muito passivo, se escondido do jogo? Foi muito bem marcado? Mesmo que tenha sido o caso, cabe ao treinador também encontrar soluções para aproveitar melhor as peças que tem. Além do mais, o fato é que Mineiro não foi o único a ser colocado de escanteio. O paraguaio Araújo teve 18 arremessos a seu dispor em 50 minutos, enquanto a Morro foram designados preciosos 12 chutes em 54 minutos. Somem aí A + B + C, e temos 51 arremessos para os três principais pivôs da equipe, oito a menos do que tentou Paulinho. (Para não falar que o caçulinha Lucas Dias jogou por 63 minutos e ganhou o direito a se esbaldar com sete disparos.)

A bola não chegou com a frequência adequada porque em muita ocasiões ela é atirada de longe com afobação. O elevado volume no jogo de três pontos do Pinheiros no Equador fez ainda menos sentido quando era evidente que seus armadores tinham muita facilidade para infiltrar e conseguir passes limpos para os pivôs, mais bandejas e/ou carregar os adversários de falta. No geral, o clube brasileiro acertou 58,3% nas bolas de dois pontos, 75% nos lances livres e apenas 26,4% de longa distância, um número muito abaixo do aceitável.

O ponto aqui não é crucificar Paulinho ou Smith. Na sucessão de ‘peladas’ que vimos em Ibarra, com o Pinheiros entrando na dança, era natural que o jogo ficasse concentrado nas mãos dos baixinhos, aqueles que partem primeiro para o contra-ataque.  Boracini, também em sua melhor temporada, teve a confiança para definir em um momento de extrema tensão. Não é para qualquer um.

Mas talvez um lance heróico daqueles só não fosse necessário caso o plano tático tivesse envolvido mais cestas fáceis com Mineiro ou com o próprio cestinha. Foi um tiro de três pontos no último segundo salvador Na prática, quase um cara-ou-coroa, que dessa vez sorriu para a turma de Mortari.

Agora, é o bastante para conquistar um título internacional, que vale, e muito?


Dupla do Pinheiros lidera resistência a domínio de estrangeiros no Paulista
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Giancarlo Giampietro

Rafael Mineiro, do Pinheiros

Mineiro monta o quebra-cabeça e vai liderando o Paulista em eficiência

Quatro dos seis jogadores mais eficientes do Campeonato Paulista masculino são estrangeiros. Se formos levar em conta os dez melhores, seis são gringos. Mesmo que as equipes brasileiras não consigam contratar jogadores de ponta do mercado internacional, eles chegam por cá e fazem a festa.

Pegue o caso do ala-armador Desmond Holloway, de 24 anos e revelado pela nada tradicional universidade de Coastal Carolina, onde teve sucesso até ser suspenso por problemas acadêmicos. Ele chegou a ser apontado como uma aposta para o Draft, mas sua candidatura que não chegou a vingar, diferentemente de gente como Damian Lillard, Kenneth Faried, Charles Jenkins e Norris Cole (caras que jogaram em equipes menores da NCAA e conseguiram assinar com a NBA). Depois, tocou sua carreira como profissional na Premier Baskerball League, campeonato minúsculo dos EUA, e no México.

Não necessariamente os pólos mais atraentes, não?

Desmond Holoway, NCAA

Desmond Holloway nos tempos de Coastal Carolina

Nada disso importa muito: “Desmond” – é deste modo como é tratado no site oficial da federação paulista – chegou com tudo ao interior paulista, sendo o destaque da Liga Sorocabana na competição. Pelo time de Rinaldo Rodrigues (aquele mesmo, que, histérico após uma derrota, não deixaria seus atletas tomarem banho), ele é o segundo mais eficiente do Paulistão, com 21,82 pontos, mesmo que seu tempo de quadra não passe dos 30 minutos por jogo.

Ele já está acima do bauruense Larry Taylor na lista. O armador naturalizado brasileiro tem 19 pontos neste índice. Juan Figueroa, armador argentino do Franca e ‘intruso’ em meio a tantos norte-americanos, aparece em quinto, com 18,91. DeAndre Coleman, ala-pivô do Bauru, é o sexto, com 18,6. Kenny Dawkins, armador companheiro de Desmond em Sorocaba, está em sétimo. Caleb, ala do Palmeiras, é o décimo.

Note que pulamos aqui os primeiro e quarto colocados do índice de eficiência. São, respectivamente, os pinheirenses Rafael Mineiro e Paulinho, dupla do Pinheiros que tenta liderar a resistência técnica brasileira no principal – e único realmente competitivo – estadual do país.

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Primeiro, a lesão de Shamell. Depois, a saída de Marquinhos, Olivinha e Figueroa. Por fim, a longa espera para a estreia do norte-americano Joe Smith ao elenco. Com menos poder de fogo, Claudio Mortari precisava encontrar protagonistas para sua equipe, aquela que defende o título paulista. Não havia, então, melhor hora para Rafael, enfim, juntar as peças do quebra-cabeça.

De imenso potencial, Mineiro vai tocando a melhor temporada de sua carreira, aos 24 anos. Os lampejos sempre estiveram ali, desde a campanha do Mundial Sub-19 de 2007, no qual era o parceiro de Paulão, já ganhando seu próprio capítulo nos caderninhos dos scouts internacionais: a impulsão, mobilidade, a agilidade, o tiro de média – e, depois, longa – distância… Tudo anotado.

O que faltava muitas vezes era botar a cuca no lugar, canalizar a energia em quadra e produzir de modo consistente. Afinal, ainda é jovem, mas não mais um adolescente. Corria sério risco de ficar na galeria de eternas promessas – sua convocação para o Sul-Americano deste ano, aliás, causou estranheza. De um lado, o talento era inegável. Do outro, a produção não justificava.

Rafael Mineiro

Rafael sobe para a enterrada

Agora, sim. Até esta sexta-feira, Rafael Mineiro tem 22,15 pontos de eficiência até o momento, com 13 jogos disputados. Não é exatamente uma grande amostra, mas o ponto positivo é que o pivô vem liderando essa estatística geral desde o início da competição. Em números mais básicos são 17,3 pontos e 8,2 rebotes de média.

Bem acima dos 5,4 pontos e 2,3 rebotes do NBB passado, como reserva de Olivinha, mesmo se levarmos em consideração a produção por tempo de jogo. Caso mantivesse o ritmo em 40 minutos pelo campeonato nacional de 2011-12, Mineiro teria médias de 15,2 pontos e 6,6 rebotes. No Paulista, suas médias nesse cenário seriam respectivamente de 21,2 e 10,2, sem perder a precisão nos arremessos. Um baita salto.

De novo: o maior desafio de Rafael foi sempre se manter consistente, concentrado. E ainda tem uma longa temporada pela frente, com jogos muito mais complicados para testá-lo. Vamos ver como ele se sai nessa empreitada.

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Com 18,92 pontos de eficiência, Paulinho conseguiu se posicionar entre Larry e Figueroa, dois dos armadores considerados tops no basquete brasileiro. O segredo para sua escalada? Melhor seleção nos arremessos: ele vem convertendo excelentes marcas tanto nas bolas de dois pontos, com aproveitamento 62,1% (Mineiro, pivô, tem 64,1%), como nas de três, com 45,45%.

Em números totais, ele aparece em quinto nas assistências (5,69) e entre os cestinhas (17,38). Mas sabe do que mais? O jogador poderia estar ainda mais bem posicionado no ranking de eficiência não fosse seu descuido com a bola. Paulinho é o líder absoluto no campeonato com 4,46 erros por jogo, um número muito elevado, ainda mais quando levamos em conta que o Paulista não apresenta as defesas mais robustas do mundo.

Para comparar: Fúlvio (7,4 por jogo), Larry (7,0) e Figueroa (6,55), os três líderes no ranking de assistências, não aparecem nem entre os 40 jogadores que mais desperdiçam a posse de bola, e vocês sabem o quanto eles a têm em mãos a cada jogo. A discrepância é grande.

Paulinho Boracini, do Pinheiros

Dosar agressividade e estabilidade: tarefa para Paulinho

As características de Paulinho sempre foram muito mais de um finalizador, do que de um preparador. Seu jogo só vai funcionar se ele entrar em quadra com uma mentalidade agressiva: ele pode criar muito bem no mano-a-mano. Mas, a essa altura de sua carreira, não dá para deixar de constatar que o jogador ainda precisa dosar melhor seu jogo, saber qual a hora precisa para atacar e tomar decisões mais sensatas com a bola. O copo meio cheio ao menos mostra que, a despeito da condução errática, ele conseguiu evoluir em outros aspectos.

Talvez a atuação em dupla com Smith o ajude, aliviando um pouco a pressão em seu drible. É para monitorar: na última partida contra Santos, a presença do americano não aliviou muito: o armador distribuiu dez assistências, mas cometeu seis erros.

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Para quem já reclamou do que publicamos aqui sobre a naturalização de Ibaka e Larry, do modo como foram feias por suas federações, vai parecer que há bandeiras de xenofobia em cada cômodo do QG 21. Nah, sai dessa. Acontece na maioria dos campeonatos. Só não pode esquecer que essa galera que vem jogar no Brasil não está nem no primeiro, nem no segundo escalão do mercado. E ainda causam um estrago – assim como fazem as centenas de boleiros brasileiros no Chipre, no Azerbaijão etc. Para se pensar, de todo modo.