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Convocado, Humberto curte 1ª temporada efetiva: “Puxei o jogo”
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Giancarlo Giampietro

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Uma das coisas mais legais no esporte em geral é acompanhar a evolução de um atleta, ainda mais quando essa observação vem desde cedo. Agora imaginem como todo esse processo não funciona na cabeça do próprio jogador? De ver que anos e anos de preparação começam a dar resultado.

Pensando no basquete brasileiro, o Pinheiros, com sua prospecção de talentos e propensão para o lançamento, é um dos clubes do país mais propícios para se seguir, para ver o quão interessante é esse amadurecimento esportivo, acompanhando quase sempre pelo crescimento também fora das quadras. Lucas Dias, nesse sentido, foi uma das sensações deste NBB, confirmando seu potencial como um cestinha de mão cheia, que chegou para ficar.

Mas na ótima campanha que o clube da capital paulista fez, jogando de igual para igual com o finalista Bauru pelas quartas de final, ficou clara também a evolução de outro produto de sua profícua base, o ala-armador Humberto, de 21 anos. Um jogador que, assim como Lucas, seu companheiro (já) de longa data, vem sendo cotado como um dos grandes prospectos do país e que, especialmente pelo que fez na reta final de temporada, cruzou aquela cinzenta faixa entre a condição de “projeto” para “realidade” das quadras nacionais, rendendo uma pré-convocação para a seleção brasileira, de olho no Sul-Americano da Venezuela, a partir do dia 27.

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“Confiança é tudo. Passei a acreditar mais no meu jogo, no chute e na infiltração, e vi que posso ajudar meus companheiros em alguns momentos de pressão. Estar em quadra ajuda muito para chegar a esse ponto. Poder ficar com a bola na mão. Eu estava preparado para ajudar”, afirma ao VinteUm o paulistano, que impressiona pela maturidade, para além do 1,95m de altura e de sua agilidade, com um conjunto de atributos físicos que vai chamar a atenção de qualquer scout.

Esse processo de afirmação está longe de ser uma ciência exata ou simples. Humberto já treinava com a equipe adulta há tempos, mas estava quase sempre à margem na rotação, sendo utilizado de modo esporádico por nomes de peso como Cláudio Mortari ou Marcel de Souza. Ficava dividindo seu tempo seja com o time sub-19 ou com o da LDB, passando muito tempo em quadra, é verdade, mas não exatamente no nível que ambicionava. Até que a redução de investimento desta temporada forçou essa transição para valer, agora sob o comando do técnico César Guidetti. Chegara a hora, mesmo que, na sua concepção, a efetivação pudesse muito bem ter acontecido antes.

“Penso que a gente poderia ter sido lançado antes, e isso é uma coisa que nunca escondi de ninguém. Tinha essa insatisfação por não estar jogando e só estar treinando. Acho que isso é algo bom que tenho, de querer jogar, mostrar meu basquete”, diz o atleta, sem passar nada de arrogância em sua declaração.

Humberto ainda jogou pela LDB desta temporada, sendo campeão ao lado do chapa Lucas

Humberto ainda jogou pela LDB desta temporada, sendo campeão ao lado do chapa Lucas

Anormal seria alguém conformado com a reserva. A diferença é o modo como se encara a situação: se sua insatisfação vai se transformar em fardo, ou se vai motivá-lo ainda mais para provar qual o seu lugar.”Teve o lado bom. Serve para ver outras coisas. O atleta profissional, por exemplo, tem uma rotina específica, e demora um pouco para você se habituar a ela, com jogos, viagens, puxar ferro, os treinos. Na base, não se trabalha forte assim. Esses dois ou três anos serviram para me acostumar com isso. Hoje, se me tirarem essa rotina de basquete, eu sentiria muita falta”, diz o ala-armador, que  jogou mais de 770 minutos em seu terceiro NBB, cinco vezes mais do que havia recebido em 2013-14. Respondeu, claro, com as melhores marcas de sua carreira em pontos (8,4), rebotes (2,9) e assistências (1,9). Foi indicado ao prêmio de melhor sexto homem da competição, disputando com Marcelinho Machado e Jimmy Oliveira, do Mogi.

“Tem sido bom. Não diria ‘muito bom’, porque acho que poderia estar muito melhor, claro. Está sendo de razoável para bom, e tem muito o que melhorar, muito mesmo, com o pé no chão. Mas foi importante para ver o que precisa ser feito e saber que agora estão nos vendo, que estamos indo para o jogo. O outro lado é saber dosar, de reconhecer se está preparado, ou não. Acho que mentalmente estou, mas dentro do jogo tenho de melhorar muitas coisas”, avalia.

A prioridade para Humberto é o arremesso.  Para um jogador de perímetro, enfrentando internacionalmente defesas cada vez mais fechadas, congestionando o garrafão no lado em que está a bola, é vital que o chute funcione. Em sua primeira temporada efetiva como profissional, já cresceu bastante em todos os quesitos. Nos tiros de longa distância, saiu de 21,1% para 33,3%. Nos lances livres, de 62,5% para 73,8%. Mais perto da cesta, foi de 33,3% para 44,3%. Mas cabe mais, claro. “Sem dúvida, tenho treinado bastante. Acho que são uns 500 chutes por dia, 250 de manhã e de tarde. Procurei mudar um pouco minha mecânica de arremesso”, diz.

Mais trabalho no chute

Mais trabalho no chute

Sabe quem serviu de exemplo? CJ McCollum, vejam só, o emergente ala-armador do Portland Trail Blazers, time que não está toda hora assim na TV. Sinal de que o jovem paulistano anda investindo seu tempo no League Pass da NBA, certo? “Comecei a ver alguns arremessos, comparando com o meu. Vendo ele, reparei que estava pulando pouco para arremessar, saindo pouco do chão, e nunca tinha pensado se isso influenciava.  Agora estou saltando um pouco mais e acho que isso dá mais força nas pernas. Antigamente acho que estava colocando muita força no braço. No Jogo das Estrelas, o Marcelinho (Machado, o maior chutador brasileiro de sua geração) comentou comigo isso também, de colocar força na perna.”A entrevista com Humberto foi gravada em meio ao confronto com Bauru, pelas quartas do campeonato nacional. O Pinheiros havia acabado de perder o primeiro jogo, em casa, em um duelo equilibrado. O ala-armador falava com confiança, acreditando ainda numa virada. Já haviam reagido contra o Minas pelas oitavas de final, aliás, revertendo, de modo impressionante, uma desvantagem de 2 a 0.

Pois bem, como sabemos, não foi possível. Mas eles deram trabalho, sim, e ainda estenderam a série ao Jogo 4, depois de surpreendente triunfo como visitante, justamente com a melhor apresentação de Humberto, quando marcou 27 pontos. Não por coincidência, foi uma jornada inspirada no chute, tendo convertido 10 de 16 tentativas e 5 de 9 de fora. Para alguém de primeiro passo explosivo, a conversão de média para longa distância só vai lhe abrir a quadra e os ângulos para ataque. No confronto com Bauru, teve média de 15,7 pontos em quatro partidas, com 40,5% nos disparos de três.

Outro fator que o ajudou foi a parceria com os americanos Cordero Bennett e Desmond Holloway. O ataque pinheirense encaixou bem quando Guidetti adotou uma formação mais baixa, em que os gringos e o jovem ala-armador dividiram responsabilidades. Os três poderiam conduzir a bola e partir para o ataque também, “puxando o jogo”, como Humberto gosta de dizer. Um verbo que faz sentido para alguém que pode cortar a quadra toda com velocidade. “Foi um papel bem diferente do que tive nos outros anos, de poder chamar um pouco mais, de resolver. Procurei fazer isso para a bola não ficar só na mão do Lucas, ou do Holloway. Fazendo isso, acho que se abriu um leque de opções. Ficou mais difícil de marcar, mais imprevisível. Vou buscar isso. Mesmo que não seja para pontuar,mais  que possa criar para os outros.”

O jogo da vida: 27 pontos no playoff contra Bauru

O jogo da vida: 27 pontos no playoff contra Bauru

Nos anos anteriores, Humberto em geral era chamado para situações bem específicas, para marcar, quando o time precisava pressionar algum cestinha no perímetro. Foi bom ver, então, que a maior carga de minutos não tirou seu ímpeto para a contenção. “Gosto realmente de defender. Acho muito mais legal dar um toco, roubar uma bola, não deixar o cara te cortar. Na própria Liga das Américas (de 2014, quando o Pinheiros foi derrotado pelo Flamengo na final), fui chamado para marcar o Marcelinho. Carrego isso comigo. Não faço nada específico, acho que pode ser uma coisa mais pessoal, mesmo, de olhar para um cara e pensar que ele não vai passar por mim.”

A exibição contra o Flamengo, por sinal, teria repercussão futura. Não foi por acaso que, no ano passado, o clube rubro-negro tenha tentado levar o jogador para o Rio, antes de fechar com Rafael Luz e Ronald Ramon. Num sistema defensivo que José Neto costuma aplicar, de preferência agressivo, com muita pressão na bola, ele se encaixaria muito bem. Se a contratação tivesse sido validada, talvez ele pudesse estar disputando a final neste momento? Se não vai estar em Marília, ou no Rio, também não quer dizer que vá assistir tudo de casa. Afinal, neste domingo ele terá de se apresentar em São Paulo para iniciar a preparação rumo ao Sul-Americano, convocado por Magnano, numa lista que agrada, mesclando veteranos como Fúlvio, Jefferson William, JP Batista, Olivinha e Rafael Mineiro com jovens apostas.

Será sua primeira passagem pela seleção como profissional. Na base, em meio a passagens pelo Banespa, São Paulo e Círculo Militar, disputou duas competições oficiais da Fiba: a Copa América Sub-16 de 2011, em Cancún, e o Mundial Sub-19 de 2013, em Praga. No ano passado, também participou da Universíade, sobre a qual se recorda de seu duelo, como marcador, com o ala Wayne Selden Jr., da Universidade de Kansas, que representou a seleção americana. Agora o desafio é encarar encarar forte concorrência para ficar no grupo final, ao lado de Henrique Coelho, Davi Rossetto, Deryk, Fúlvio, Gui Deodato, Jimmy Oliveira e Leo Meindl. Georginho, seu companheiro de Pinheiros, também se junta ao grupo.

Passar no corte final e jogar na última semana de junho e a inicial de julho traria uma ambiguidade aos planos de Humberto. Seria um prolongamento desta temporada, a antecipação da próxima, ou meramente uma intertemporada? Para alguém de 21 anos, acho que não interessa. “O que quero, primeiramente, é continuar crescendo. Quero ter uma temporada melhor, independentemente de onde esteja. Algumas coisas já vêm mudando, dentro e fora da quadra. Ser reconhecido pelo que faz é legal, te motiva mais. Mas mantenho os pés no chão, e aí o crescimento vem naturalmente. Claro que NBA é um sonho de cada jogador, Europa também, mas sou um cara de reconhecer muito meu limite. Acho que estou num momento de fazer um bom trabalho no Brasil, fazer boas temporadas aqui para depois pensar lá fora. Tem de me firmar aqui no Brasil para depois poder ter alguma chance fora.”

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Temporada brasileira começa com urgência no desenvolvimento de talentos
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Giancarlo Giampietro

Georginho já está de volta à LDB e agora ao time adulto do Pinheiros

Georginho já está de volta à LDB e agora ao time adulto do Pinheiros

Antes de embarcar para os Estados Unidos e iniciar seus treinamentos para os Estados Unidos, aquele veloz garoto estava impressionando a todos aqui no Brasil. Leandro Mateus Barbosa ralava de igual para igual com veteranos da seleção. Ralava? Esqueça: aos 20 anos, o armador já era um dos melhores jogadores do país, com média de 28,2 pontos por partida, abaixo apenas de um Mão Santa e acima de Charles Byrd, Rogério, Vanderlei e outros da velha guarda. Isso foi em 2003, ano em que o ligeirinho se candidatou ao Draft da NBA.

Era uma época diferente. Hoje, a partir do momento em que um jogador se declara para a liga americana, entra forçosamente no radar de todos os clubes (sérios). Ainda é possível que aconteça um caso como o de Bruno Caboclo, que foi tratado até mesmo com certo desdém no momento de sua inscrição no ano passado para, depois, a menos de um mês antes do evento, gerar um pandemônio na busca por informações. Acho que nunca telefonaram tanto para o Brasil. Há 12 anos, Leandrinho precisou usar o circuito de treinos privados com os clubes para fazer seu nome nos Estados Unidos, jogando duro para valer, a ponto de tirar Dwyane Wade do sério em um teste pelo Memphis Grizzlies, para deleite de Jerry West.

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Agora isso já é quase impossível. Estar no radar da NBA significa ser escrutinado pelos olheiros. Esses caras querem assistir ao garoto máximo que puderem, seja na ‘fita’, ou, de preferência, in loco. Neste ano, a revelação mais estudada foi o armador Georginho, do Pinheiros, que, sob muitos aspectos, remete a Caboclo como prospecto: muito jovem (nascido em 1996), atributos físicos impressionantes e o tanto de projeção que se pode fazer a partir daí. Os olheiros vieram para cá para conferi-lo de perto, para que não se repetisse a loucura do ano passado, para que seus clubes não fossem pegos desprevenidos. Foram pelo menos dez franquias na área. Desta forma, passaram a conviver com outras dezenas de garotos daqui e com a LDB como um todo. Os que não cruzaram a linha do Equador tiveram a oportunidade de ver George em quatro cenários diferentes: o Nike Hoop Summit, o Draft Combine, o adidas Eurocamp e workouts particulares. Lucas Dias, Humberto Gomes e Danilo Siqueira foram os outros que se inscreveram e também passaram pela lupa, mas com menos exposição lá fora.

O Leandrinho de 20 anos: segundo cestinha brasileiro e pouco avaliado pelos scouts

O Leandrinho de 20 anos: segundo cestinha brasileiro e pouco avaliado pelos scouts

Todos eles foram avaliados, no fim, mas preferiram adiar o sonho de encarar o Draft, retirando o nome da lista. Qual o veredicto? Bem, a opinião de um ou outro scout ouvidos pelo VinteUm varia em relação ao futuro dos jogadores. Natural. De qualquer forma, houve um tópico que era consenso entre as vozes divergentes: para os olhos da NBA, os garotos deveriam sair do Brasil o quanto antes em busca de melhor desenvolvimento.

“Não me parece um caminho muito bom”, diz o vice-presidente de um clube da Conferência Oeste ao blog, ao ser questionado sobre a decisão do quarteto de retornar ao país. “Deixar o Draft não é uma decisão ruim. George muito provavelmente seria selecionado. Mas não é essa a questão. Esperava que eles levassem a carreira adiante em outro cenário.”

Esse vice-presidente acreditava que o melhor caminho era tentar uma vaga em um clube na Europa. A opinião foi compartilhada por um scout de um time da Divisão Sudoeste, no que se refere ao armador. “Acho que o ajudaria ficar no Draft e deixar o Brasil. O time da NBA que o escolhesse encontraria para ele uma boa situação na Europa, onde ele pudesse dominar o inglês. Depois, teria a D-League. E aí a NBA.”

Pessoalmente, não acho que a transição para o basquete europeu fosse tão simples assim: na idade deles, os técnicos, sempre pressionados por resultados, já esperam contar com um atleta mais preparado para render em alto nível. A busca por um clube mais paciente não seria tão simples. Com o que concorda um olheiro de um time da Divisão Noroeste, em declaração já publicada aqui. “Jogar na Europa não faz sentido para ele. Afinal, precisa de um programa de desenvolvimento e de jogar aprendendo com seus erros. Os clubes na Europa têm a mentalidade de vencer para já. Seria uma perda de tempo para ele, na minha honesta opinião”, disse. “Em primeiro lugar, a prioridade geral, para mim, era sair do Brasil. O mais rápido possível.”

Quando você lê esse tipo de declaração, o que vai pensar? Pode bater um certo desespero, não?

Lucas vem novamente dominando a LDB: é o bastante?

Lucas vem novamente dominando a LDB: é o bastante?

Mas elas precisam ser relativizadas também: os scouts da NBA estão, na grande maioria, procurando produtos prontos ou semiprontos, para chegar aos Estados Unidos (ou Canadá) agora e já oferecer algo. O nível de exigência dos dirigentes e treinadores é, em geral, elevado. A aposta do Toronto Raptors em Caboclo no ano passado foi algo raro. O clube estava consciente de que, ao contratá-lo, cru toda a vida, deveria preparar um projeto de longo prazo, sem se importar em trabalhar com o caçula por um ano inteiro em que o principal objetivo era deixá-lo mais forte e fluente em inglês. Era este o tipo de comprometimento que os agentes Eduardo Resende e Alex Saratsis, que trabalhavam com o ala até este ano, esperavam para George ou Lucas, para que eles ficassem no Draft. Não aconteceu.

Por outro lado, os scouts internacionais assistem centenas de jogos de todos os países, algo cada vez mais fácil devido a softwares como o Synergy, hoje presente no cotidiano do NBB. Provavelmente não haja público mais bem informado do que essa classe na hora de falar sobre garotos mundo afora. Em suma, eles têm um ponto de vista que não pode ser ignorado.

Além do mais, a despeito de termos reunido duas seleções neste ano, cheias de jovens, para o Pan e a Universíade, não acho que seja necessário aparecer um empregado da liga americana para afirmar que a produção de base como um todo é duvidosa, especialmente quando se leva em conta o potencial atlético do país. Nas declarações dos olheiros, o que preocupa, mesmo, é o tom alarmista das respostas.

 O que acontece?

Uma chance
Existe, claro, um problema de origem macro. A massificação parece uma utopia, sem contribuição estratégica alguma da CBB e com o investimento federal imediatista. Gasta-se muito, hoje. São bilhões. Mas os programas são massivamente direcionados ao Rio 2016, com pouco impacto a longo prazo. Além disso, mesmo a grana que sai diretamente do Ministério do Esporte para a confederação acaba sendo aproveitada da forma mais bizarra possível. Seus convênios milagrosos recentes, como os R$ 7 milhões cedidos este ano, tinham como finalidade tão somente que uma ou outra seleção pudesse treinar para uma competição específica.

A LDB dá a um jogador como Arthur Pecos a chance de assumir maior protagonismo, é verdade

A LDB dá a um jogador como Arthur Pecos a chance de assumir maior protagonismo, é verdade

Para ser justo, também não dá para esquecer que a pasta também libera a grana da LDB, uma das poucas iniciativas realmente promissoras e consistentes que temos em termos de base no país, graças à administração da liga nacional. A competição, que já iniciou sua nova edição, tem boa repercussão. Em março, em viagem para Mogi das Cruzes para assistir a jogos da quarta etapa da LDB, tive a oportunidade de rever Lisandro Miranda, um argentino que trabalha para o Dallas Mavericks há mais de dez anos. Entre os que já tive contato, é hoje o único scout sul-americano oficial da liga e está mais que habituado a visitar as quadras brasileiras. Numa conversa informal, elogiou muito o progresso que nossa principal competição para jovens vinha apresentando. Em termos de estrutura, deixava claro, para que os garotos pudessem jogar e deslanchar.

Que o campeonato representa um avanço enorme, não há dúvidas. É uma competição que ajuda a dar rodagem aos atletas que estão na iminência de sair do juvenil, ou que já estouraram a categoria. Acontece que, em termos de evolução técnica, a liga não oferece tantos desafios aos talentos de ponta do país. Eles dominam nesse nível, mas a tradução desse rendimento para um nível maior de competitividade não é tão simples assim, até pelo desnível técnico que se testemunha entre algumas equipes da primeira fase.

Está claro que, tecnicamente, é preciso mais que a LDB para fomentar uma modalidade. Para sustentar todos os clubes, porém, não há verba do governo que dê conta. É preciso que o setor privado entre em quadra. Com crise ou estagnação econômica (como preferirem…), o dinheiro, que já não era tão volumoso assim, voltou a encurtar. Qualquer real investido tende a vir, então, com uma cobrança forte por vitórias, empurrando dirigentes e técnicos para estratégias conservadoras. Neste cenário, o desenvolvimento de jovens atletas fica bem complicado. Pode treinar o quanto e com quem for, mas nada substitui a experiência em quadra em jogos para valer. A questão não é exatamente de infraestrutura. Até porque, com um jovem jogador, o quanto mais é preciso do que uma bola, duas tabelas e uma boa cabeça para aplicar treinos? Com a palavra, Tiago Splitter, que saiu do país muito cedo e se formou como jogador na Espanha: “Tinha o preparador físico, nutrição, mas nada que não vá ter no Brasil num clube de ponta. A grande diferença foi a competição. Cheguei com 15 anos lá e já comecei a jogar adulto, na terceira divisão. Fui subindo, até a primeira. Foi essa competição que me ajudou a ser um bom jogador”.

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

Yuri Sena, Tiago Splitter e Guilherme Santos em NYC

No NBB 7, apenas dez atletas sub-22 (nascidos a partir de 1993) tiveram um mínimo de 20 partidas com média de minutos superior a 10 por jogo. Dez! Ou dois quintetos, entre 16 equipes inscritas. Se for para filtrar por 20 partidas e 20 minutos em média, apenas quatro passariam no corte: Danilo, Leo Meindl, Deryk Ramos e Henrique Coelho, todos, não por coincidência, convocados por Magnano ou Gustavo de Conti. Eles eram os únicos jogadores de fato preparados para encarar o NBB? Não jogam mais por que não estão preparados, ou não estão preparados por que não jogam mais? A resposta para essa pergunta seria a mais fácil: sim e não. Aí não tem como errar, né? Na verdade, a combinação de um assentimento e negativa indica que ela é bem mais complicada.

Fundamentalismo
Rumo ao Draft, Georginho, Lucas e Danilo saíram do país para passar por curtos períodos de treinamento nos Estados Unidos, em academias prestigiadas como a IMG, da Flórida, e a Impact, de Las Vegas. Mesmo que não tenham ficado na lista final de recrutamento da NBA, esse tipo de experiência foi valiosa para abrir os olhos dos garotos em relação ao tipo de preparação que existe lá fora. Os três rapazes foram uníssonos ao comentar os diferentes treinamentos que receberam: nunca haviam visto nada parecido.

Um ponto em comum atentava à “intensidade”. Que saíam esgotados de quadra e, quando achavam que havia acabado, eram chamados para mais uma sessão. E mais uma. E mais uma. O regime espartano, de todo modo, serve mais para prepará-los aeróbica e emocionalmente para os testes que os desgastantes treinos que eventualmente pudessem fazer pelos clubes americanos. Pensando longe, o legado maior está no refinamento de habilidades.

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

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Quando estava em Vegas, Danilo disse o seguinte ao blog: “Estou treinando bem forte, para ver se consigo esse objetivo. É um treino muito mais puxado em termos de fundamento, algo que não fazemos muito no Brasil. Já sinto que melhorei em menos de uma semana. Só tive treinamento de contato, um contra um, uma vez só. O resto foi muito de fundamento, bandejas, floaters e outras, com intensidade”.

Na volta a São Paulo, Lucas afirmou em longa entrevista: “Foi pauleira. Você aprende umas coisas diferentes, uns detalhes que nunca percebe de movimento de perna, em seu arremesso, seu corte, bloqueio, tomar posição no pivô, jogar lá dentro etc. Uns detalhezinhos que você acha que já estão certos, mas que podem ser corrigidos. Ali aprendi muito. Que preciso melhorar demais, mas que posso chegar a um nível alto, que tenho capacidade, o talento e o físico. Você não pára nunca, é o tempo inteiro com eles cutucando. Na primeira noite nem consegui levantar da cama direito, algo que nunca havia sentido. A intensidade muito alta. Se treinar com aquela intensidade, sei que posso melhorar muito. Acho que minha cabeça voltou diferente nesse sentido: posso pegar o treino que aprendi lá e fazer aqui. Não preciso que alguém me coloque no colo e leve para treinar. Só preciso fazer”.

Os comentários coincidem, não? E estamos falando de dois jovens talentos brasileiros de ponta, que trabalharam nos últimos anos em dois clubes que realmente investiram no trabalho de base, com o Minas Tênis colhendo antes do Pinheiros os frutos por projeto, com um grupo que soube mesclar revelações e veteranos para fazer sucesso no NBB. Neste ano, por diversas circunstâncias, o clube de São Paulo tenta repetir essa trajetória. Vamos falar mais a respeito na semana que vem.

A Copa América Sub-16 pôs EUA, Canadá, Argentina, Rep. Dominicana e Porto Rico à frente do Brasil

A Copa América Sub-16 pôs EUA, Canadá, Argentina, República Dominicana e Porto Rico à frente do Brasil

Mas temos aí Lucas e Danilo maravilhados pelos exercícios de fundamentos básicos que fizeram em um curto período. O que tirar dessa avaliação? É por essas e outras que causa admiração geral o fato de o Brasil ainda encontrar um jeito de produzir mão-de-obra, mesmo que as estruturas do esporte no país não sejam das mais confiáveis. Como Splitter disse durante sua visita ao Basketball without Borders, camp conduzido pela NBA e pela Fiba, em sua edição global, realizada em fevereiro deste ano em Nova York: “Nós vemos jogadores surgindo, mas não por sermos bem organizados. Eles simplesmente aparecem”.

Nem sempre depende-se do acaso ou da sorte. Se Lucas e Danilo chegam a flertar com a NBA hoje, é porque seus clubes também lhes permitiram isso. Mas é inegável que, no processo atual de formação do basquete brasileiro, há uma lacuna muito grande entre projeções e realizações. Durante o mesmo camp nova-iorquino, em nota já dada aqui no blog, me lembro de ter sido questionado por um importante dirigente de um clube da Conferência Oeste, sobre a discrepância que se nota entre o nível de potencial atlético das revelações brasileiras e os seus fundamentos básicos. A mesma tecla. Se ela for batida muitas vezes, complica demais.

Peguem o fiasco da Copa América sub-16 deste ano. Mais um desastre: o Brasil agora terminou em quinto, ficando muito longe de brigar por uma vaga no Mundial sub-17 desta temporada. Na primeira fase, três derrotas em três jogos. Depois, pelo torneio de consolação, saíram dois triunfos para evitar a fossa geral da molecada. É complicado entender de longe o que aconteceu. Afinal, o técnico do time, Cristiano Grama, foi um personagem fundamental para a composição justamente do Minas, a jovial sensação do último NBB. É um cara antenado, bem conectado, envolvido com a base brasileira. Sem ter assistido aos jogos, fica difícil avaliar, mas os resultados estão aí para comprovar ques as coisas não saíram nada bem. Um dado que chamou a atenção, antes mesmo do torneio, era que, talvez pela primeira vez na história, a equipe brasileira tinha média de altura mais baixa que a da Argentina. Nossos vizinhos comemoravam isso, para se ter uma ideia. Conversando com agentes, creiam: no país de Nenê, Splitter, Augusto, Varejão, Bebê, Faverani, Felício, Morro, Caio, Mariano, Paulão, Murilo, Hettsheimeir, parece que anda realmente difícil de encontrar pirulões promissores nas competições de base vigentes. Ao que parece, a safra para daqui mais alguns anos não deve oferecer tantos “surgimentos”.

E aí o que fazer quando a fonte seca? O basquete feminino, infelizmente, está aí para contar essa história. É nessa hora que entra a autocrítica. E, nesse sentido, ao menos faz bem ler uma carta de Alexandre Póvoa, vice-presidente de esportes olímpicos do Flamengo, o tricampeão do NBB, na qual ele escreve: “Somos totalmente conscientes que estamos longe da plena satisfação acerca do que alcançamos até agora. Por exemplo, precisamos melhorar MUITO o nosso trabalho nas categorias de base, atualmente muito aquém da história do Flamengo formador de atletas (aliás, situação comum em todos os esportes olímpicos do clube e que estamos lutando dia-a-dia para ajustar)”. O rubro-negro foi vice-campeão da última LDB, mas é honesto ao assumir suas deficiências de formação. Até porque a principal figura do time, Felício, é produto da base do Minas.

Sem fazer muito alarde, em termos de mídia, uma potência nacional que tem investido muito na base é o Bauru, estruturando seu departamento e fazendo a rapa na coleta de talentos, até mesmo em países vizinhos. Diversos jogadores talentosos têm sido recrutados recentemente, como o ala-pivô Gabriel Galvanini, o pivô Michael Uchendu (brasileiro filho de nigerianos), o armador Guilherme Santos, entre outros.  Com um patrocinador forte, o clube montou um timaço que ganhou o Paulista, a Liga Sul-Americana e a Liga das Américas na temporada passada. Poderia se dar por satisfeito com esses resultados, mas, em tempos de vacas gordas, é melhor preparar o terreno para o que vem pela frente e de um modo muito mais razoável e sustentável. É um projeto para se monitorar de perto.

Curiosamente, é o mesmo Bauru que escalava Leandrinho nos idos de 2003, quando o Nacional ainda era organizado pela CBB, muito antes da grave crise com os clubes que quase levou tudo para o buraco. Não seria prudente esperar que, dos garotos garimpados pelo clube, alguém vá chegar em breve ao estágio de competir com David Jackson, Marquinhos ou Shamell pelo título de cestinha do NBB, como, lá atrás, fez o armador, um caso excepcional de quem que já fez mais de 18 pontos em média nos Estados Unidos. O que dá para cobrar, mesmo, é que ao menos tentem, ainda mais para um clube em que o dinheiro não é problema. Entre esses jovens atletas, é natural que o sonho seja a NBA. Pode ser que alguns deles até se veja com condições de, no futuro, inscrever no Draft, tentar a sorte. Se vai dar certo ou não, impossível dizer agora. Só esperemos que, em caso de retirada e retorno ao país, a resposta dos olheiros norte-americanos seja mais amena.


Brasileiros retiraram a candidatura ao Draft da NBA. O que houve?
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Giancarlo Giampietro

Georginho, agora em Treviso: longo período de testes para o armador

Georginho em Treviso, e os scouts da NBA atrás

O que houve?

Bem, respondendo: não é que tenha sido algo anormal, para começo de conversa. Foram quatro os jogadores daqui que se declararam ao Draft da NBA deste ano e, no final, acharam por melhor retirar retirar a candidatura. Foram os três pinheirenses Georginho, Humberto e Lucas Dias, mais o mineiro Danilo Siqueira.

Todos os jogadores de fora dos Estados Unidos, que não completam 22 neste ano, tinham até esta segunda-feira para decidir se continuariam, ou não, no páreo para a cerimônia que será realizada no dia 25, em Nova York. Cada um saiu por seus motivos. Isso significa que não sejam bons jogadores, que não tenham talento e que não possam mais flertar com o recrutamento de calouros da liga americana no futuro. Danilo será um candidato automático em 2016, por  chegar aos 22. Para constar, qualquer jogador brasileiro nascido em 1993, como Leo Meindl e Henrique Coelho, ainda pode ser escolhido este ano – mas seria uma grande surpresa. Lucas e Humberto têm pelo menos mais dois anos para participar do processo. Georginho, mais três.

O mais jovem do quarteto de ex-candidatos, aliás, era o que tinha a melhor cotação. De quatro clubes consultados pelo blog na segunda-feira, três disseram que tinham 100% de certeza de que ele seria selecionado no Draft, enquanto o outro acreditava que isso não seria possível, já por acreditar que o armador não ficaria na lista. Mesmo que esta seja uma pequena amostra no contexto da liga (4 de 30 clubes opinando), dificilmente o caçulinha passaria em branco na lista, devido aos seus atributos físicos incomuns e a tenra idade. Então por que abrir mão disso?

Acompanhe a cobertura do 21 para o NBA Draft:
>> Qual o cenário para os quatro brasileiros inscritos?
>> Georginho conclui Nike Hoop Summit com status no ar
>> Técnico americano avalia o potencial de pinheirenses
>> Apresentando Georginho, o próximo alvo da NBA
>> Lucas Dias e preparação para encarar mais um teste

>> Danilo Siqueira: muita energia em trilha promissora

Existe uma diferença entre ser selecionado e ser pinçado especialmente por uma franquia que esteja disposta a elaborar um projeto detalhado, paciente, de longo prazo para um atleta de enorme potencial, mas muito jovem, longe de estar preparado para  encarar uma temporada regular – como nos moldes do Toronto Raptors com Bruno Caboclo, independentemente do sucesso dessa empreitada. Que ele fosse escolhido na segunda rodada do Draft e enviado ao basquete europeu estava descartado. Não seria nada fácil encontrar um clube disposto a investir num garoto que seria enquadrado já como adulto e não tem dupla cidadania. “Jogar na Europa não faz sentido para ele”, afirma um scout internacional ao VinteUm. “Ele precisa de um programa de desenvolvimento e de jogar aprendendo com seus erros. Os clubes na Europa têm a mentalidade de vencer para já. Seria uma perda de tempo para ele, na minha honesta opinião. A D-League provavelmente seria o melhor caminho, mas aí você tem de ter um time com afiliação única.”

Pois é: até para evitar a situação desconfortável que Caboclo enfrentou durante a temporada, jogando por um time que não tinha obrigação alguma de lhe dar minutos e oportunidades, o ideal era encontrar um dos 17 clubes com filial exclusiva na liga de desenvolvimento. Com um eventual contrato de quatro anos. E que tenha um histórico saudável no trato com atletas mais jovens. Você vai peneirando e peneirando, e os cenários fiam reduzidos. Os clubes ligaram para a base da poderosa Octagon nesta segunda-feira em Chicago, mas, no fim, não apareceu nada de concreto em relação ao tipo de comprometimento que esperavam.  Os agentes Eduardo Resende e Alex Saratsis decidiram, então, pela cautela e por mantê-lo no Pinheiros, com a perspectiva de receber muito mais tempo de quadra entre a elite nacional. “O projeto do clube para a próxima temporada é muito bom para os garotos. Optamos por este projeto”, disse Resende.

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O mesmo raciocínio se aplica ao ala Lucas Dias, que deve virar um ponto de referência para o técnico Claudio Mortari. Em relação a Humberto, os agentes declararam seu nome para que ganhasse evidência internacional e se fixasse no radar da liga para os próximos anos. Nem saiu do país, então. A diferença é que tanto George como Lucas já haviam tido mais exposição em quadras estrangeiras, devido ao currículo maior com a seleção brasileira. Eram mais comentados pelos scouts e também tiveram um papel de maior protagonismo na última LDB.

Em Las Vegas

Danilo em Las Vegas: uma semana de trabalho com fundamento

O caso de Danilo Siqueira está à parte. O ala-armador, representado pelo agente Vinícius Fontana, foi para os Estados Unidos passar por um período de treinamentos na academia Impact, em Las Vegas, a dez dias da data-limite para retirada do nome da lista. Na sexta passada, fez um workout em frente a uma plateia cheia de dirigentes, até mesmo com Phil Jackson presente. Os cartolas estavam lá para assistir ao letão Kristaps Porzingis, e Danilo pôde pegar carona nessa, num trabalho em conjunto com o superagente Andy Miller. Os planos em torno do atleta do Minas Tênis estavam voltados para o Draft de 2016 – ou para uma transferência para a Europa ao final de seu contrato.

(Aliás, existe um consenso entre as quatro fontes da NBA consultadas e que é  preocupante: eles acreditam que os jovens deveriam sair do Brasil “o quanto antes“, para acelerar sua curva de aprendizado. É um tema espinhoso, mas obrigatório de se abordar aqui no blog, mas em outro texto. Nos próximos dias, prometo.)

Georginho e Lucas encararam um périplo nas última semanas. Primeiro, passara duas semanas treinando na academia IMG, na Flórida e voltaram ao Brasil. Em abril, o armador participou do Nike Hoop Summit, em Portland. Depois, em maio, foi a vez do Draft Combine em Chicago – que o ala perdeu por conta de uma torção no tornozelo. Por fim, neste mês, viajaram até Treviso, na Itália, para disputar o adidas Eurocamp. Em volta disso, muitos workouts particulares nos Estados Unidos.

Lucas: não teve muitas chances para mostrar seu arremesso em Treviso

Lucas: não teve muitas chances para mostrar seu arremesso em Treviso

É raro que um prospecto, no caso de George, ganhe esse tipo de exposição rumo ao Draft. O brasileiro alternou boas e más partidas, algo natural para alguém tão inexperiente, que ainda está aprendendo inglês (e avançou bastante nesse sentido), ficou na estrada por um bom tempo e está habituado a um nível de concorrência muito inferior em quadras brasileiras (e aqui obviamente fez falta uma rodagem maior no NBB…). Em Chicago e Treviso ele jogou contra caras até cinco anos mais velhos. “Nos dois casos, não é um ambiente fácil para se jogar, devido ao fator competitivo entre os atletas, que querem nos impressionar”, afirmou um executivo de um clube da Conferência Oeste. “E pode anotar: não é fácil também para avaliar os jogadores nesse tipo de atividade.”

Para Lucas, o evento na Itália era essencial, mas no qual existe essa complicação para se afirmar, acentuada no caso de um ala-pivô, que depende dos companheiros para entrar em ação. “Ele não conseguiu fazer muita coisa nos dois primeiros dias. Não encontrou o seu nicho neste tipo de configuração, com tantos atletas que dominam a bola”, diz o scout internacional aqui já mencionado. “Ele foi ok. Teve alguns bons momentos no fim. Mas não me impressionou  muito com seu arremesso”, afirmou outro olheiro.

Para muitos avaliadores, os camps foram a primeira oportunidade de ver os brasileiros ao vivo. Nos treinos, o cenário já era outro. A maior parte das franquias que os convidaram foi de times que vieram ao Brasil para observá-los – caso de San Antonio, que compareceu duas vezes, Dallas e Portland, por exemplo. Em duas escalas em que a dupla visitou, ouvi de dirigentes que eles “competiram” muito bem, jogando de igual para igual com atletas já formados na NCAA. A tendência é que esses clubes que os acompanharam seu habitat os tenham em melhor conta. Foram avistados no mínimo dez times diferentes em ginásios brasileiros.

Houve quem se encantasse pelo garoto (como no caso de um dos clubes consultados pelo blog), outros que acreditavam que levaria muito tempo para que ele se desenvolvesse e se tornasse um atleta de NBA (dois clubes) e também os que não vinham nele as qualidades necessárias para se investir (o clube que não acreditava que ele fosse selecionado). Aqui é importante ressaltar a complexidade do universo dos scouts. Cada franquia tem um batalhão de observadores. Haverá conflitos naturais de opinião, gente com todo o tipo de ponto de vista possível.  Além disso, nem sempre o apreço de um scout signfique que seja possível a escolha do atleta. Como está a configuração do elenco? Eles já têm muitos jovens com quem trabalhar? Precisam reservar espaço no plantel para fechar uma troca? Precisam poupar dinheiro para não pagar multas? Etc.

E é aqui que fica uma lição para o blog, que repasso agora: esqueçam as projeções sobre o Draft dos sites especializados. Quer dizer: podem consultar, mas não é para levar ao pé-da-letra. Servem como indicativos, mas de uma forma bem flexível, digamos, e com a influência de muitos fatores externos. Haja lobby. O próprio Jonathan Givony, do DraftExpress, já disse que, se não desse tanta audiência, nem as faria, por achar bobagem. O esforço dele e de boa parte dos analistas dedicados a esta cobertura está quase todo voltado para a primeira rodada do recrutamento. O que já é difícil de acertar – e cujos palpites só tendem a se tornar mais precisos na véspera do evento, quando os times estão realmente encaminhados. Para a segunda rodada, então, com vendas e trocas de picks, então, não há como prever. Basta lembrar o que aconteceu com Bruno Caboclo no ano passado. O VinteUm até ouviu de múltiplas fontes que o ala tinha uma promessa do Toronto Raptors ou do Indiana Pacers. A informação estava circulando. Mas ninguém imaginava que o clube canadense fosse escolhê-lo em 20º. O plano nem era esse.

Caboclo só ficou no último Draft porque o Raptors, basicamente, pediu. Dessa vez, nenhum time se comprometeu, ou fez uma promessa desse tipo. As conjunturas mudam. E o que os quatro brasileiros têm ao seu lado, além do talento natural, é o tempo. Todos eles vão trabalhar com o técnico Gustavo de Conti, em Rio Claro, nos próximos dias para disputar a Universíade, na Coreia do Sul. Segue o jogo. Retornam provavelmente um tanto frustrados, mas certamente com mais bagagem e lições para serem revisadas durante a próxima temporada para, quiçá, tentar mais uma vez.


Pivô de 17 anos e 2,18 m é único brasileiro na festa da Euroliga
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Giancarlo Giampietro

Felipe dos Anjos, em ação na 1ª rodada do #ANGT

Felipe dos Anjos pega um de seus 10 rebotes, em ação na 1ª rodada do #ANGT

Num apanhado de números, retrospecto e curiosidades sobre o Final Four 2015 da Euroliga, um dado que pode frustrar o basqueteiro destas bandas é o fato de não haver nenhum jogador do país na disputa pelo título. Marcelinho Huertas, com o Barcelona, e JP Batista, com o Limoges, eram os únicos atletas inscritos no torneio e acabaram eliminados – o armador nas quartas de final, pelo Olympiakos, e o pivô, na primeira fase.

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Entre os quatro semifinalistas, há 15 nacionalidades no páreo, incluindo dois argentinos: o veterano Andrés Nocioni e o jovem e enjoado Facundo Campazzo, ambos anfitriões pelo Real Madrid. Agora, se tudo correr conforme o esperado, o clube merengue poderá apresentar num futuro breve ao menos um brasileiro em seu plantel principal: Felipe dos Anjos, paulistano de 17 anos e impressionantes 2,18 m de altura. Vale ficar de olho no desenvolvimento do espigão, que vai defender o time da casa no torneio juvenil continental, organizado na capital espanhola paralelamente ao evento principal.

Felipe, na fase classificatória do torneio juvenil continental

Felipe, na fase classificatória do torneio juvenil continental

Com oito clubes divididos em dois grupos, o Adidas Next Generation Tournament, na verdade, já começou a ser disputado nesta quinta, e o Real atropelou o primeiro concorrente, os italianinhos do Stella Azzurra, por 74 a 43. Trata-se de um esquadrão da categoria, tenho conquistado na semana passada o campeonato júnior espanhol com média de 49,7 pontos sobre os adversários. Nesse duelo, Felipe jogou por 15 minutos, vindo do banco, e apanhou 10 rebotes e deu 2 tocos. No ataque, foram três pontos com uma cesta de quadra e um lance livre.

O destaque da base merengue é o ala esloveno Luka Doncic, que totalizou 15 pontos, 15 assistências e 12 rebotes só na final contra o Joventut Badalona (triunfo por 97 a 57). Até agora, no ANGT, são 13,0 pontos, 7,2 rebotes, 4,4 assistências e 1,8 roubo de bola, com 41,2% de três. Pode anotar o nome dele. Para os olheiros europeus, é um craque certeiro, que, ainda aos 16 anos, já defendeu o elenco principal na Liga ACB.

Com 17 anos completados agora no final de abril, Felipe ainda é visto como um projeto mais de longo prazo. Tem ótima mobilidade e velocidade para alguém de seu tamanho – que obviamente lhe proporciona uma presença dominante nos rebotes e na patrulha da cesta –, mas está apenas nos primeiros passos quando o assunto é a habilidade para comandar o jogo a partir do garrafão. Em três partidas pelo pelo #ANGT, tem média de 6,4 rebotes e 2,2 tocos em 19 minutos de ação, além de 57,1% nos arremessos de quadra e 69,2% nos lances livres. Os jogos do torneio vão até o domingo.

“Sou um jogador que nunca perde a confiança”. Essa é a frase que aparece em seu perfil no site do clube madridista, no qual é descrito assim: “Enorme envergadura, com a qual muda a direção de diversos arremessos dos rivais. No ataque, sua altura lhe permite anotar pontos com uma elevada porcentagem de acerto. Sua constante evolução física e desportiva fazem dele um pivô de alta projeção”. Sem trocadilhos, por favor.

Felipe viajou para Madri aos 14, um ano mais jovem que o adolescente Splitter que chegou ao Baskonia em 2000, assessorado pelos agentes Marcelo Maffia e Luiz Martin, justamente os mesmos representantes do catarinense. Antes, já havia passado pelas primeiras etapas das categorias de base do Pinheiros. Aos 12, já tinha 2,03 m de altura. Thierry Gozzer contou um pouco mais sobre sua trajetória.

Veja alguns dos lances da promessa brasileira, em clipe produzido pela BasketCantera.TV, com base em lances do pivô pela primeira etapa do #ANGT, englobando o tradicional torneio juvenil de L’Hospitalet:


Lucas Dias no Draft, pronto para mais um teste
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Giancarlo Giampietro

Lucas Dias, NBA Draft, Pinheiros, 1995

É algo que, confesso, sempre me admira. Quando você vai conversar com um jogador jovem, é preciso todo o cuidado na hora de elaborar as perguntas, deixar bem claro o que está abordando, o que seria minha própria opinião e aquilo que tomo como fatos, o que você ouve a respeito de determinado assunto ou caso que possa ter envolvido o garoto.

Quando começa a entrevista, então, também não é raro que o dono do microfone se veja surpreendido: por mais tenra idade, muitos desses atletas já têm boas histórias para contar. Aconteceu em muitos casos comigo em coberturas de Mundiais Sub-Alguma-Coisa de futebol. A galera do atletismo. Do vôlei. Etc. Especialmente quando falamos de um país como o Brasil, com toda a sua dimensão e seus problemas, causos geralmente não faltam em suas trajetórias. Lembro de um papo agradável e revelador, por exemplo, com o volante Rômulo, ex-Vasco, saindo de Picos, no Piauí, para, hoje, morar na Rússia. Mas, enfim, obviamente não é sobre o meio-campista o artigo.

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Lucas Dias não veio de tão longe assim para um jornalista baseado em São Paulo, tendo saído de Bauru. Mas o ala do Pinheiros, um dos quatro candidatos brasileiros ao Draft da NBA, já tem realmente uma trajetória que deu e dá o que falar, estando a dois meses de completar 20 anos de idade. A pressão desmedida que uma das grandes apostas do basquete nacional enfrentou em temporadas anteriores já foi abordada aqui. Agora, é hora de abrir espaço para o ala falar a respeito do peso que lhe foi atribuído, mas decididamente não apenas sobre esse tema em – aquela que era para ser uma entrevista de 15, 2o minutos acabou durando exatos 54min05s, nas vizinhanças do clube Pinheiros. Isso, claro, com o atleta se dizendo “tímido” durante a gravação.

É interessante notar como ele já foi submetido a bons testes durante a adolescência. Mas nem é preciso fazer muito drama aqui, por mais que seja mais uma história de alguém que saiu bem cedo de casa, foi para a capital, vindo de origem humilde. Não é dessa forma que Lucas encara as coisas, mesmo. Sabe que enfrentou alguns momentos difíceis, mas não os glamoriza. Gosta de repassá-los em sua cabeça, é verdade, mas muito mais como fatores de motivação e também por força do hábito. “Sou daqueles que vai deitar e não tira a história da cabeça”, afirma ao VinteUm.

Mais agressivo pela LDB 2014

Mais agressivo pela LDB 2014

Para o repórter, então, fica mais fácil de retransmitir:

Teste 1: vida de atleta, em São Paulo, aos 14 anos
Lucas Dias Silva não foi o primeiro a deixar a família, em Bauru, para tentar dar um salto com suas pretensões basqueteiras. O irmão Diego (ou Diegão), pivô, embarcou para Belo Horizonte um tempo antes, para jogar na base do Minas Tênis. A mãe, Neia, já havia chorado quando ele saiu. Mas comigo foi mais. Ele já era mais velho, tinha sua confiança. Não que eu não tivesse, mas eu era muito novo na época, só com 14 anos”, afirma. De qualquer forma, quando estava preparado para se mudar para São Paulo, o irmão retornou, o que acabou compensando, de alguma forma. “Foi uma coincidência boa”, diz.

Federado : )

Federado : )

A mãe passou duas semanas com o filho na capital para facilitar a transição. Isso era janeiro de 2010, depois de o então pivô ter sido aprovado em testes em julho do ano anterior. A mudança levou um tempo para ser realizada, enquanto jogava pelo time da Associação Luso Brasileira em sua cidade natal – enquanto os primeiros treinos haviam sido pelo Greb (Grêmio Recreativo Energético de Bauru).  “Comecei com meu irmão. A gente trabalhava na rua entregando folheto. De repente, parou uma técnica do lado dele, dizendo que tinha potencial para jogar. Ele estava com 14 anos e foi treinar. Ficou lá umas duas semanas, enquanto eu estava na minha, estudando, brincando, jogando futebol, essas coisas. Ele cuidava de mim naquela época e perguntou seu eu queria treinar. Minha mãe trabalhava, também meu pai. Topei e comecei a gostar do basquete. Tinha nove anos”, relembra.

O progresso foi rápido e, cinco anos depois, era indicado para a base do Pinheiros, coordenada por Telma Tavernari. Impressionou a todos prontamente, entre eles o técnico Danilo Padovani. “Logo no primeiro dia já disseram que gostaram muito de mim perguntaram se eu queria ficar para assistir ao jogo do adulto”, conta, rindo. “Quando voltei, eles deram a maior força para mim e cuidaram da minha família também. Foram pessoas que entraram na minha vida, assim como meu técnico em Bauru, o Marco Aurélio, que não me forçou ficar.”

Assim como a mãe não ficou na metrópole. “Na primeira semana que ela foi embora, o primeiro fim de semana sem ela… Foi uma sensação muito ruim. Em Bauru, tem uma feirinha que a gente gosta ir aos finais de semana. Todo o domingo, era o passeio da família. Ficar sem isso, sem esse tipo de coisa, a ida à igreja com ela. Foi difícil”, diz. Hoje, o contato com a mãe acontece quando consegue viajar para sua cidade. Quando tem jogo pelo NBB ou pelo Paulista, tem torcida infiltrada entre os bauruenses.

Avançando com a carreira, Lucas teve de se virar para concluir os estudos. No primeiro ano, tudo corria bem. “Não tinha seleção, não era conhecido, conseguia manter. Mas no ano seguinte comecei a fazer parte daquela seleção  permanente, ficando seis meses com eles (em São Sebastião do Paraíso, em Minas Gerais). Lá não consegui. Era para ser à noite, mas tinha treino de manhã e de tarde. Não dava para descansar. Fui levando não sei como, não só eu, mas os outros também. Quando voltei, retomei a escola anterior. Treinava em duas categorias aqui no Pinheiros, e aí o adulto também me chamou. Era sair 10h da escola para vir ao clube. Foram dois anos para terminar a escola. Houve também as viagens. Mas o bom é que a escola (estadual Ministro Costa Manso) teve muita paciência, a Costa Manso. Deram trabalho para eu fazer, provas em dias diferentes, abonaram minhas faltas por causa da seleção, o que não eram obrigados a fazer. Graças a Deus terminei. Era algo que minha mãe cobrava muito. A faculdade ela também quer que eu faça, mas sabe que não tenho tempo hoje. A escola era obrigação. De qualquer forma, se fosse passar por tudo de novo, passaria”, afirma.

Acompanhe a cobertura do 21 para o NBA Draft:
>> Qual o cenário para os quatro brasileiros inscritos?
>> Georginho conclui Nike Hoop Summit com status no ar
>> Técnico americano avalia o potencial de pinheirenses
>> Apresentando Georginho, o próximo alvo da NBA
>> Lucas Dias: da impaciência ao desenvolvimento

Teste 2: a fama precoce e as cobranças
Em 2011, Lucas foi disputar seu primeiro torneio internacional: o Sul-Americano, sendo um ou dois anos mais jovem que a maioria de seus companheiros. Foram campeões de forma invicta, vencendo a Argentina duas vezes. Algo raríssimo em tempos recentes de competições de base. Logo… Chamaram a atenção. “Todo mundo falava que nossa seleção era fraca, que não ia chegar a lugar nenhum. Quando vencemos a Argentina, invictos, começaram a assediar um pouco”.

Lucas, nos treinos para o Sul-Americano em Cúcuta, na Colômbia

Lucas, nos treinos para o Sul-Americano em Cúcuta, na Colômbia

No ano seguinte, veio uma convocação surpreendente para a disputa do amistoso internacional do Jordan Brand Classic, evento que reúne, nos Estados Unidos, alguns dos jovens mais promissores do mundo. Quando questionado a respeito daquela experiência, os olhos do garoto brilham. “Vou falar para você”, anuncia. (Então deixe ele contar… Que a história é divertida. Está nas notas abaixo). Fato é que, com 18 pontos e 12 rebotes, o brasileiro foi eleito MVP da sua equipe, num evento do qual participou, entre outros, Domantas Sabonis, filho do legendário pivô lituano e hoje destaque da Universidade de Gonzaga, nos EUA.

Aí você imagina a repercussão. Para uma modalidade há muito carente de conquistas internacionais, o bafafá foi grande. Para completar, veio a Copa América Sub-18 em São Sebastião do Paraíso. A seleção foi vice-campeã, perdendo para os Estados Unidos na final. No meio do caminho, bateram um Canadá fortíssimo, com direito a Andrew Wiggins, Tyler Ennis e Trey Lyles em quadra. Definitivamente não é pouco. O elenco americano tinha: Marcus Smart, Julius Randle, Jerami Grant e Jarnell Stokes, todos já na NBA, e Sam Dekker e Montrezl Harrel, a caminho. Lucas brilhou, com médias de 15,6 pontos, 8,4 rebotes e 1,4 toco, convertendo 52,9% de seus arremessos de três pontos. Combinava envergadura e faro para a cesta.

De novo: era um ano mais jovem que a grande maioria dos adversários. Então você pode imaginar como as coisas ficaram. “Nossa seleção mostrou que podia competir com aqueles caras, chegando junto no jogo, correndo de igual para igual, e até mesmo com um jogo de contato. Só não deu para manter o ritmo na final. “Foi uma experiência legal, de ver onde a gente poderia chegar e conferir meu nível também”, diz Lucas.

Foi nessa época que o garoto passou a conviver com nós, abelhudos da mídia. Teve de aprender a se comportar diante dos jornalistas na marra, depois de um ou outro tropeço natural. As expectativas em torno do jogador basicamente saíram do controle. Quando chegou o Mundial Sub-19 em 2013, e o time venceu apenas três de seis partidas, contra China, Irã e Senegal e terminou em nono, uma posição frustrante. Um tremendo baque, e as primeiras críticas mais pesadas.  Do ponto de vista pessoal, foi difícil assimilar um rendimento de 6,4 pontos, 3,8 rebotes e, principalmente, os poucos minutos que teve (22,5). “Toda a seleção jogou mal”, afirma. “Ali comecei a me sentir mais pressionado. Todos esperavam um desempenho bom de nós, e o foco estava em mim. Acho que não estava preparado para isso.”

Lucas Dias x Domantas Sabonis no Jordan Brand Classic

Lucas Dias x Domantas Sabonis no Jordan Brand Classic

Teste 3: a fossa e a concorrência interna
“Quando voltei para o Pinheiros, não acreditava no que havia acontecido, justo naquele campeonato”, diz Lucas. O semblante muda nitidamente ao falar sobre a campanha. É difícil saber o que machucou mais: o que se falava pela rede, ou o que se passava pela cabeça do jovem que completara 18 anos durante a competição em Praga. “Comecei a me cobrar bastante. Eu mesmo me sentia pressionado. Aqui no Pinheiros nunca ninguém chegou cobrando dessa forma. Mas fiquei muito chateado. Foram uns quatro meses pensando na mesma coisa. A gente jogando aqui, mas minha cabeça não estava boa.”

Se houve algum ponto positivo para ser tirado, era o simples fato de ter saído um pouco do radar depois daquela tremenda decepção. Acontece em muitos lugares, mas no Brasil, sabemos bem, caprichamos: com a mesma rapidez que se infla uma história, facilmente pode-se virar as costas para ela. Para o jogador, depois de curtida a fossa, o evento acaba valendo como um marco pessoal, de toda forma. “Depois, entendi que aquele momento de decepção poderia ter acontecido para o bem. De que se aquele Mundial não correu bem, se eu tivesse um próximo Mundial, ou qualquer campeonato grande desses, que não ia deixar isso acontecer de novo. Comigo, não”, assegura. “Foi um momento de decepção para todo mundo. Se formos ver, muitos daqueles jogadores estão se destacando hoje: Deryk (Ramos) em Limeira, o Danilo (Fuzaro) em Minas, cada um subindo de pouquinho e pouquinho, se lembrando daquele Mundial, fazendo o que não mostrou naquela época. Foi bom para a gente. Não foi bom para o Brasil, mas, no pessoal, teve uma boa repercussão.”

Da Copa América (foto) para o Mundial, queda geral de rendimento

Da Copa América (foto) para o Mundial, queda geral de rendimento

Enquanto colocava a as coisas em ordem, começava a despontar em seu clube outra sensação. Mais uma contratação pontual do Pinheiros, vindo de uma cidade com nome até parecido: Barueri. Sim, estamos falando de Bruno Caboclo. Só mesmo o basqueteiro nacional mais hardcore o conhecia. Mas isso mudaria rapidamente, depois de suas exibições pela LDB. O ala, hoje coqueluche em Toronto, era o dono do time juvenil que competia na liga de base. Ainda que tivesse a mesma idade, Lucas, a essa altura, treinava em tempo integral com o adulto, ao lado do comparsa Humberto. (“É o companheiro que vou levar para a vida inteira. Podemos até brigar em quadra, mas estamos sempre juntos.”)

“Depois do Mundial, deu acalmada, e comecei a trabalhar mais empenhado no Pinheiros. Aí chegou o Bruno também, e o foco foi totalmente. Fiquei treinando mais duro ainda. Isso também foi outro motivo pessoal para mim, ver o Bruno treinando ali forte. Éramos amigos, mas cada um fazia o seu”, afirma. “No começo foi um pouco difícil. Quando está treinando no adulto, sem muitas chances, enquanto o time juvenil estava na LDB, ganhando destaque. Você queria fazer parte daquele conjunto, ficava meio triste com isso. Todo mundo subindo, e ficávamos eu e o Humberto aqui, sabe? Treinando, enquanto eles estavam jogando, se divertindo, fazendo com que o time crescesse.”

Em 2013, maior rodagem com o time adulto: 14 minutos em média

Em 2013, maior rodagem com o time adulto: 14 minutos em média

Na fase final, Lucas e Humberto reforçaram o Pinheiros na fase final da LDB e integram o time que conquistou o terceiro lugar: “Eu ficava pensando sobre como seria nossa seria chegada. Se ia piorar, se ia melhorar. O time comigo, Humberto, Bruno e George seria diferente. Fui para lá para ajudar a equipe, fiz bons jogos, mas não foi a LDB que eu esperava para mim. Isso foi, então, outra motivação para voltar melhor na (edição) seguinte. Não via a hora que começasse outra”. Um consolo foi retornar ao time principal para os playoffs do NBB 6 e ganhar minutos no playoff contra Mogi, produzindo. “Consegui botar em prática o que estava encontrando em meu jogo. Fomos eliminados, outra sensação ruim, mas estava me preparado já para a próxima temporada.”

Teste 4: a retomada
Ainda que estivesse jogando com o juvenil e curtindo a boa fase daquele time, não quer dizer que Lucas não se divertia do seu jeito. Nos treinos do adulto, era o alvo prioritário dos veteranos, sempre pontos para desafiá-lo. Pode pensar aí em Shamell e Márcio Dornelles… “Nossa, eles estavam sempre pegando no meu pé (risos)”, conta, bem-humorado. “Olha, só quem viu para poder falar. Tinha dia que eu saía bravo com eles, com um bico para o lado. Mas eles me chamavam e diziam que era para o meu bem. No coletivo era mais o Márcio, que batia. Depois do treino, era mais o Shamell, no um contra um, por várias horas.”

Título da LDB ficou com o Basquete Cearense; Lucas terminou como cestinha

Título da LDB ficou com o Basquete Cearense; Lucas terminou como cestinha

Depois de tantos treinos e aulas práticas dessa, Lucas se sentia pronto para arrebentar em quadra. Houve uma diferença, no entanto: dessa vez ele teria muito mais minutos com as equipes menores do que no adulto. “Foi um pouco desgastante no fim. Tinha dia que treinávamos com o adulto, jogar com o juvenil ou LDB. Teve uma semana que jogamos em Osasco com o Juvenil e voltamos para disputar a LDB, ainda treinando com o adulto. Mas foi uma temporada de colher o que se plantou durante todos os treinos, com muita paciência depois daquele Mundial.”

Na liga de desenvolvimento, foi o principal jogador, com médias de 20,8 pontos,  9,4 rebotes, 1,9 roubo, 1,5 assistência, em 32,1 minutos. Estabeleceu o recorde histórico de pontos (44) e de índices de eficiência do campeonato. “Consegui jogar em alto nível, foram jogos maravilhosos, para quebrar alguns recordes. Também fui eleito o melhor jogador da categoria juvenil no país. Fico quieto no meu canto. Os caras podem falar o que achar de mim, mas vou ficar no meu canto fazendo o que preciso. E o time fez uma grande LDB, mesmo que não tenha ficado entre os três primeiros.”

A frustração mais significativa da temporada 2013-2014 acabou sendo o papel limitado que teve na equipe de Marcel de Souza no NBB 7 – algo, aliás, cobrado por muita gente nos bastidores. Mas as chances reduzidas aos mais jovens não foi algo específico, particular ao Pinheiros. Poucos jogadores sub-23 tiveram espaço, ou, pior ainda, protagonismo em seus clubes. Lucas entrava e saía do time.

“No caso de nós três (Lucas, Georginho e Humberto), fiquei um pouco pensativo a respeito, de não termos jogado. Nunca critiquei. O Marcel era quem decidia. Acho que, pelo trabalho que vinha fazendo, merecia um pouco mais de tempo e que poderia ajudar a equipe. Mas nunca vou chegar no técnico e falar que tenho de jogar. Talvez fosse medo de não prejudicar a gente. Não tenho nada contra”, afirma o ala. “O mais curioso é que, para mim, o time do ano passado era muito mais forte que o deste ano, tinha mais investimento, e eu recebi mais minutos, mesmo achando que neste ano eu estava muito melhor. Chegando em casa bravo, minha namorada (Larissa) podia ver. (Risos)”

No final, Lucas teve médias de 11,3 minutos por jogo, depois de 14,1 minutos na campanha anterior. “Todo mundo esperava que eu talvez jogasse pelo menos uns dez minutos regularmente, mas nem isso. O Humberto apareceu agora só no finalzinho, nos playoffs, por causa da defesa”, afirma. “Acabou a temporada, não posso ficar remoendo o que já passou, mas agora tenho objetivos maiores.”

Lucas Dias: foi difícil de pará-lo na última LDB

Lucas Dias: foi difícil de pará-lo na última LDB

Teste 5: aqui estamos
O próximo passo é o Draft da NBA. O fato de o ala ter sido convidado para participar do Combine em Chicago mostra que desperta o interesse dos dirigentes. O que não signifique que tenha escolha garantida no dia 25 de junho, em Nova York. Nas próximas semanas é que as discussões vão esquentar. No momento, Georginho é o atleta nacional mais comentado. Humberto também está inscrito, assim como Danilo Fuzaro – mas ambos devem retirar seus nomes da lista até o dia 15 de junho, prazo para que uma decisão seja tomada.

Quanto mais os scouts avaliarem os jogos do Pinheiros na temporada, a tendência é que seu nome surja com mais força, devido a uma combinação de estatura (2,11 m, segundo as medições recentes do Pinheiros) e capricho nos arremessos de média para longa distância. “No final das contas, é provável que ele seja o mais habilidoso do trio do Pinheiros”, afirmou um olheiro da Conferência Oeste ao o VinteUm. Sua grande chance para impressioná-los vai acontecer em junho, no adidas Eurocamp em Treviso, o camp que reúne boa parte dos melhores jogadores até 22 anos fora dos Estados Unidos.

Versátil, Lucas será propagandeado como um possível “strecht four”, o ala-pivô aberto, uma função tática em voga no basquete internacional. É algo que os treinadores da IMG identificaram e que assimila o talento para chute e rebote do brasileiro. “Vai depender da ocasião, não tenho preferências. Na Copa América Sub-18, no nosso time sub-22, falavam também em me usar como um três, para o time ficar mais alto, forte no rebote. Não tem posição fixa. Acho que depende do jogo, cada um pede uma coisa. Entre as duas posições, acho que consigo render da mesma forma.”

“Tomara que aconteçam algumas coisas melhores para a minha vida agora. Estou torcendo muito para isso. É o objetivo maior. Acho que cada jogador de basquete que pega uma bola começa a sonhar com a NBA. Seria uma satisfação fechar esse ciclo com uma grande notícia, de estar lá. Aí começaria um novo ciclo, lembrando o que passei”, diz. “Agora, se não for para este ano também, não vou me decepciona. Vou ficar pensando uns três meses nisso, claro mas depois segue em frente.”

*   *   *

Lucas Dias relembra sua participação no Jordan Brand Classic de 2012, em Charlotte:

“Naquela seleção permanente, tinha um moleque da minha idade que já havia sido chamado para este jogo, o Guilherme Saad. Fiquei interessado, vendo que ele foi chamado, sabendo que havia  participar de um evento desse. Depois disso aí esse Jordan não tinha saído da minha cabeça. Seria uma oportunidade legal para mostrar meu jogo para todo mundo. Passou um tempão até o (então diretor de basquete pinheirense, João Fernando) Rossi chegar e falar do convite. Fiquei umas duas semanas só pensando nisso, no Jordan, no Jordan… Aí quando deu uns dois dias antes de viajar para o evento, liguei meia noite para o Rossi e disse que não queria ir. Não sei o que aconteceu comigo, mas não queria mais”.

Ele conversou comigo, perguntou o que tinha, falei que estava com medo de jogar mal lá. Mas me convenceu e mandou o Brenno (Blassioli, ex-técnico da base) comigo. A experiência foi toda diferente, mesmo, de tudo o que havia feito, até da seleção. Antes do jogo teve uma palestra, para pegar o diplominha do evento. Falei para o Brenno que estava ansioso, mas confiante para mostrar o que podia. Até brinquei com ele que, se Deus quisesse, poderia até rolar um MVP (risos). Ele: ‘Pára de pensar isso, só pense em fazer seu jogo’. Sempre quando boto uma coisa na mente, quando deito a cabeça no travesseiro, fico pensando. E foi isso: ‘Amanhã é o dia, amanhã é o dia’…”

“Entrei no ônibus, achando que as pessoas estavam olhando estranho para mim, aquela paranoia. Quando entrei na quadra para aquecer, já senti que era o dia. Sobe dois, e foi uma sensação muito gostosa. Ginásio cheio, parecia que minha família estava do meu lado. Se algo dava errado em quadra, era como se algum deles estivesse me apoiando.. Cada lance eu lembrava das primeiras semanas aqui em São Paulo, da minha mãe, da minha namorada (Larissa) dando força. Quando chegou a premiação, foi a melhor coisa. Não sabia o que fazer. Se ficava em quadra, se ia pro vestiário, se ia falar com o Brenno, se ligava para a minha mãe, se ia para a arquibancada. Na hora de comer, não acreditava, não estava lúcido. Era uma coisa gigantesca para mim. Ali foi o começo, cara. Uma gratificação muito boa.”

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Lucas hoje está treinando no Pinheiros, em sua preparação para o recrutamento de calouros da NBA, dia 25 de junho. A ideia era que ele estivesse bem distante dali, em Chicago, onde está sendo realizado o Draft Combine. O ala recebeu o convite da liga, mas teve de recusar devido a uma torção de tornozelo que sofreu contra o Brasília, pelos playoffs do NBB. Já está recuperado, mas não viajaria nas melhores condições para ser, hã, testado contra jogadores muito mais experimentados, aos olhos de centenas de dirigentes e scouts.

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Lucas também fala sobre os treinos que teve no mês passado na academia IMG, na Flórida, ao lado de Georginho: “Foi pauleira. Você aprende umas coisas diferentes, uns detalhes que nunca percebe de movimento de perna, em seu arremesso, seu corte, bloqueio, tomar posição no pivô, jogar lá dentro etc. Uns detalhezinhos que você acha que já estão certos, mas que podem ser corrigidos. Ali aprendi muito. Que preciso melhorar demais, mas que posso chegar a um nível alto, que tenho capacidade, o talento e o físico. Você não pára nunca, é o tempo inteiro com eles cutucando. Na primeira noite nem consegui levantar da cama direito, algo que nunca havia sentido. A intensidade muito alta. Se treinar com aquela intensidade, sei que posso melhorar muito. Acho que minha cabeça voltou diferente nesse sentido: posso pegar o treino que aprendi lá e fazer aqui. Não preciso que alguém me coloque no colo e leve para treinar. Só preciso fazer. Comecei a fazer isso na primeira semana, nas no primeiro jogo contra Brasília torci o pé. Nada grave. Nada grave. Tenho de agradecer ao Edu (Eduardo Resende, seu agente) por proporcionar isso para a gente.  Ele é o que tem mais paciência com a gente.”


Qual o cenário para os candidatos brasileiros ao Draft?
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Giancarlo Giampietro

Humberto (e) e Georginho estão inscritos

Humberto (e) e Georginho estão inscritos

A NBA divulgou nesta semana a lista de inscritos em seu processo de recrutamento de novatos, o Draft. Quatro brasileiros apareceram nela como candidatos: o trio pinheirense Georginho, Lucas Dias e Humberto Gomes, além do armador Danilo Fuzaro, do Minas Tênis.

O curioso é que lista poderia ter sido maior. Scouts da NBA me procuraram para coletar informações sobre Wesley Sena, aposta do Bauru para longo prazo, e Adriano Alves Júnior, um pivô do Minas Tênis que não jogou tanto pela última LDB, mas tem um físico impressionante. Os dois foram especulados nas últimas semanas nos Estados Unidos – seriam representados pelo poderoso WMG (Wasserman Media Group), do superagente Arn Tellem. O grupo avaliou os atletas e abriu discussão com os olheiros e dirigentes da liga. No final, ficaram fora. Ainda assim, quatro é um número elevado de brasileiros, numa espécie de ‘efeito Bruno Caboclo’ – apenas potências como Espanha e França têm mais apostas, com cinco cada.

Acompanhe a cobertura do 21:
>> Georginho conclui Nike Hoop Summit com status no ar
>> Semana crucial, enquanto a concorrência cresce
>> Apresentando Georginho, o próximo alvo da NBA
>> Lucas Dias: da impaciência ao desenvolvimento
>> Georginho e Lucas Dias vão declarar nome no Draft

>> Técnico americano avalia o potencial da dupla

Antes de prosseguir avaliando os planos e chances dos quatro brasileiros inscritos, é importante esclarecer três pontos específicos sobre o evento, para não dar confusão:

– Só vai se declarar para o Draft aqueles que não são automaticamente inscritos. No caso de jogadores nascidos fora dos Estados Unidos, sem passagem pelo basquete universitário, a faixa etária para candidatura neste ano envolve os atletas nascidos entre 1994 e 1996. A idade mínima, portanto, é de garotos que vão completar 19 anos em 2015, como o caso de Georginho.

– E quem entra no processo automaticamente? Entre os estrangeiros (de novo: sem passagem pela NCAA), são aqueles nascidos em 1993, que já completaram ou vão  22 anos, como o caso de Leo Meindl, Henrique Coelho e outros tantos jovens talentos do NBB – só não podem incluir Lucas Mariano nessa, uma vez que o pivô de Franca se inscreveu no ano passado e não foi selecionado. Uma vez que você passa batido, perde a chance. A diferença aqui é de terminologia: Meindl, Coelho e os rapazes de sua geração não precisam declarar seus nomes. São elegíveis naturalmente. Jogadores nascidos até 1992, como Augusto Lima, só podem entrar na liga como agentes livres.

Leo Meindl já faz parte automaticamente da lista de selecionáveis no Draft, pela idade

Leo Meindl já faz parte automaticamente da lista de selecionáveis no Draft, pela idade

– Uma exceção brasileira consta na lista: o ala-armador Ricardo Barbosa, sobrinho de Leandrinho. Seu caso é o seguinte: o garoto nascido em 1994 passou pelo Draft da D-League no ano passado, fazendo a pré-temporada pelo Bakersfield Jam, a filial do Phoenix Suns. Mesmo que tenha sido dispensado precocemente, acaba inscrito incluído na lista de “draftáveis” também de modo automático. É o mesmo que acontece com o armador Emmanuel Mudiay, do Congo, que jogou no High School americano e atuou na liga chinesa como profissional.

Posto isso, qual o cenário que temos hoje para os brasileiros?

A lista publicada pela NBA aponta um número de 91 candidatos chamados underclassmen, aqueles que entraram na seletiva antes do limite para eles. Foram 43 estrangeiros e 48 universitários no total. Sabemos que o número de posições no Draft é de 60, então já há muita gente sobrando. A conta fica ainda mais excessiva quando levamos em conta os atletas que concorrem automaticamente, como o caso dos formandos da NCAA e estrangeiros nascidos em 1993. Gente como Mudiay, Frank Kaminsky (vice-campeão por Winsconsin), Jerian Grant (armador que foi a estrela de Notre Dame), Delon Wright (armador de Utah) e o ala espanhol Daniel Diez (revelado pelo Real Madrid, hoje no Gizpuoka San Sebastián).

Agora, desse número inicial, muitos já podem ser descartados. Especialmente no caso das revelações de fora dos Estados Unidos que entram na lista para ganhar exposição no mercado internacional e, depois, retiram seus nomes na última hora para manter elegibilidade para as próximas edições. Cada gringo pode se candidatar até três vezes – comparando com os americanos, eles têm outra vantagem: podem tomar uma decisão até 15 de junho deste ano, 10 dias antes do Draft, enquanto os pratas-da-casa que declaram já abriram mão por completo de sua carreira na NCAA.

Danilo: uma rara revelação nacional que teve tempo de quadra no NBB

Danilo: uma rara revelação nacional que teve tempo de quadra no NBB

A não ser que algo de imprevisto ocorra daqui até essa data-limite, podemos incluir nesse grupo de jogadores tanto Humberto, o armador do Pinheiros, como Danilo, armador do Minas. A ideia é realmente chamar a atenção de olheiros e dirigentes para acompanhamento futuro. Caso permaneçam com seus nomes na lista final, podem suspeitar que tenha coisa aí. Leia-se: a famosa promessa.

Por ser companheiro de clube de Georginho, o prospecto nacional mais visado nesta temporada, Humberto já foi avaliado por um número considerável de franquias. Ao menos 10 clubes estiveram persentes em quadras brasileiras durante a última LDB para assistir a jogos do Pinheiros. Fora a observação in loco, sempre mais valiosa para os empregados da NBA, outra ferramenta que facilita o estudo dos atletas é o sistema Synergy, que tem em seu catálogo horas e horas de filme dos jogos do NBB 7, no qual Danilo teve muito mais rodagem que os pinheirenses – e já vem sendo avaliado por alguns clubes espanhóis de ponta. Os dois, por ora, não aparecem com intensidade no radar da liga americana. Como é o caso de dezenas dos estrangeiros declarados, claro.

Georginho, por outro lado, tem, hoje, maiores chances. O armador hoje aparece cotado pelo DraftExpress, de Jonathan Givony, referência no ramo, como o 29º melhor prospecto. Já Chad Ford, do ESPN.com, o projeta como o 52º prospecto. Essas projeções são feitas com base no que os especialistas ouvem de dirigentes e scouts, mas também com base em suas impressões pessoais. O polivalente atleta de apenas 18 anos tem status incerto depois de uma participação irregular no Nike Hoop Summit, mas desperta muito interesse devido ao seu potencial de longo prazo, com atributos físicos impressionantes e movimentos interessantes com a bola. Olheiros ouvidos pelo VinteUm enxergam o garoto hoje como uma possível escolha de primeira rodada, no terço final, ou na segunda. Creem que dificilmente ele não seria selecionado por uma franquia na segunda ronda. A questão é saber se o clube interessado gostaria de contá-lo para agora, ou se o mandaria para a D-League e/ou Europa. De qualquer forma, a simples exclusão dos armadores Kris Dunn e Demetrius Jackson (Notre Dame) e do ala-armador Caris LaVert (Michigan) lhe abre caminho.

Quanto mais for estudado, tendência é que Lucas suba: potencial ofensivo e muito jovem

Quanto mais for estudado, tendência é que Lucas suba: potencial ofensivo e muito jovem

Já Lucas Dias é um nome que começa a ser mais comentado, e o reflexo disso aparece nas listas do DX e da ESPN. Há questão de cerca de 20 dias, o talento cestinha estava fora de ambas as relações. Hoje, já é o 69º para Givony e o número 80 para Ford. Fora os armadores citados acima, o austríaco Jakob Poeltl (Utah), os alas Nigel Hayes (Winsconsin) e Justin Jackson (North Carolina), o lituano Domantas Sabonis (Gonzaga) e o turco Egemen Guven (Karsiyaka) eram alguns dos prospectos que tinham praticamente certeza de que seriam selecionados, mas optaram por não se candidatar, pacientes. Isso também ajuda.

A segunda rodada do Draft parece mais realista para o ala, enfrentando, de qualquer forma, uma concorrência dura, especialmente de outros talentos estrangeiros como o ala-armador turco Cedi Osman, o pivô francês Mouhammadou Jaiteh, o pivô sérvio Nikola Milotinov, o ala búlgaro/cipriota Aleksandar Vezenkov e o pivô espanhol Guillhermo Hernángomez, todos mais experientes e mais badalados hoje. Não são necessariamente concorrentes diretos de posição, mas que podem atrair equipes propensas à seleção de um calouro que não precisa ser aproveitado de imediato.

Tanto George como Lucas aguardam um convite para disputar o adidas Eurocamp de Treviso, na qual dividiram quadra com a elite dos prospectos europeus, de diferentes idades. Seria um ambiente mais propício para mostrarem serviço, com mais jogos e atividades com bola. Existe a possibilidade de eles serem chamados também para jogar no Draft combine em Chicago, evento oficial da liga, no qual os principais prospectos geralmente só se apresentam para serem avaliados física e atleticamente e serem entrevistados pelos dirigentes, fugindo da ação em quadra com receio de que possam derrubar sua cotação.

O aviso de sempre: com quase dois meses restando ainda até o Draft, ainda está muito cedo para se apegar a essas projeções. Quano mais avançam os playoffs da liga, mais equipes terão sido eliminadas, o que significa mais e mais gente se voltando para o recrutamento de calouros. Os debates internos dos clubes começam a esquenta, uma vez que os técnicos também começam a dar seus palpites, depois de assistirem a jogos da molecada e, principalmente, depois de aplicarem os chamados workouts, os treinos privados das próximas semanas. Os índices atléticos, as entrevistas com os dirigentes, o desempenho nesses treinos – enfrentando concorrentes diretos de posição –, o trabalho dos agentes, o exame médico… Todos fatores que influenciam na tomada de decisão.


Georginho conclui Hoop Summit com cotação pré-Draft ainda em suspense
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Giancarlo Giampietro

A talentosa seleção internacional do #HSU2015, com George usando a camisa 5

A talentosa seleção internacional do #HSUM2015, com George usando a camisa 5

Conforme o vice-presidente de um clube da Conferência Oeste disse ao blog na semana passada: o Nike Hoop Summit seria “crucial” para as pretensões de Georginho rumo ao Draft da liga norte-americana. Neste sábado, a seleção internacional, da qual o brasileiro fez parte, derrotou os Estados Unidos num jogo bastante equilibrado, por 103 a 101, definido realmente na última posse de bola.

Entrei em contato neste sábado com este mesmo executivo para saber qual teria sido o saldo do evento para a revelação do Pinheiros. A resposta dele foi um pouco mais cautelosa e reflexiva. Afinal, estamos falando de garotos. No caso do paulista de Diadema, um garoto de 18 anos. Nada pode ser tão definitivo assim. “Ele teve altos e baixos durante a semana, normal. Ainda é muito cedo para cravar qualquer coisa”, disse.

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Quer dizer: o Hoop Summit poderia ser crucial para George dependendo de seu desfecho. No caso de ele se atrapalhar muito em quadra, ou de arrebentar com a concorrência. Não aconteceu nem uma coisa (a confirmação como calouro de primeira rodada ou a decolagem, nem outra (torpedear seu status). As opiniões se dividiram, deixando o status do garoto ainda em suspense. Algo também já esperado, por se tratar de um prospecto inexperiente, que está sendo estudado com mais afinco agora. Para falar do jogo? O brasileiro foi titular. Anotou a primeira cesta do duelo, num tiro de três pontos. Depois, criou uma boa situação de finalização para um companheiro. Parecia iniciar bem. Muito bem. No final, porém, acabou sendo o terceiro atleta menos utilizado pelo técnico canadense Roy Rana, com 12min51s.

O que aconteceu? Bem, para os que estão mais acostumados com seu jogo, sabe-se que Georginho gosta de jogar com a bola em mãos. Criar a partir de situações de pick and roll e infiltrações. Contra uma defesa atlética e entrosada como a americana, porém, Rana aparentemente não se sentiu confortável ou confiante de entregar a armação para o brasileiro. Ela foi entregue ao armador candense Jamal Murray (30 pontos, 5 assistências e 23 arremessos em 27 minutos) e ao ala multiuso australiano Ben Simmons, grande sensação do jogo (13 pontos, 8 assistências e 8 rebotes). Dois caras de potencial absurdo – e também significativamente mais experientes. Ao lado do pivô haitiano Skal Labissiere, outro talento impressionante, com 21 pontos e 8 rebotes em 28 minutos, carregaram a equipe.

Ben Simmons vai jogar por LSU na próxima temporada. Possível astro

Ben Simmons vai jogar por LSU na próxima temporada. Possível astro

O problema é que, mesmo quando Murray ou Simmons estavam fora, Georginho também mal tocou na bola. O italiano Frederico Mussini, que joga na primeira divisão de seu país e também tem muito mais rodagem de elite, e o sérvio Stefan Peno também tinham prioridade na condução. No final, o brasileiro estava deslocado em quadra, sem poder mostrar o que tem de melhor. Parecia mais utilizado por Rana por propósitos defensivos, devido a sua envergadura e agilidade. Tanto que foi acionado pelo técnico a dois segundos do fim, quando os americanos tentariam uma última bola para empatar ou virar o jogo. Interessante, mas muito pouco e injusto num evento desses.

“Ele parece muito mais confortável quando está com a bola em mãos, e não teve a chance de fazer isso na partida. Seria legal se ele tivesse mais oportunidades de conduzir um pico and roll, por exemplo”, diz o scout 1 (para efeito de distinção das fontes, sem poder identificá-las pelo nome, vou adotar uma numeração, ok?). “A única vez que pôde driblar a bola e partir para a cesta, conseguiu criar um arremesso livre para um companheiro.”

Georginho acabou deslocado em quadra, sem muitas chances para mostrar seu talento

Georginho acabou deslocado em quadra, sem muitas chances para mostrar seu talento

De qualquer forma, o jogo em si não é o que pesa mais na avaliação dos olheiros. A maioria esteve por lá durante toda a estadia em Portland, podendo observar os garotos em cinco dias de treino. O conjunto da obra é o que conta. Neste ponto, entram os altos e baixos do prospecto brasileiro. Conversei com cinco fontes independentes para tentar entender como foi o evento para ele. Vamos lá, então.

A semana começou mal, com dois dias fracos de treino. O jogador parecia um tanto deslocado, e a impressão que se tinha era a de que mal se comunicava com os companheiros. A dificuldade em se expressar em inglês, ainda que, do seu lado, garanta entender tudo o que lhe falam em quadra.

Aqui, já vale um bom aparte. Era meio que esperada essa dificuldade de adaptação imediata, mesmo que ele tenha feito bons treinos na academia IMG, com uma equipe experiente na preparação de jovens atletas. Na Flórida, George estava ao lado de Lucas Dias e de treinadores exclusivamente dedicados a ele. Em Portland, estava acompanhado pela elite de sua geração, caras que muito provavelmente nunca havia visto antes. Caras de diferentes lugares do mundo, de diferentes línguas. Comunicação, aqui, sempre seria um problema, e para todos.

Além do mais, há o fator pressão. Você está num ginásio rodeado por mais de 100 profissionais da NBA. Não é exatamente uma semana de aprendizado, mas muito mais de exibição. Ao menos era essa a mentalidade da maioria dos jogadores convocados. Fica difícil de estabelecer química em quadra quando o que impera é o cada um por si. Uma situação que ficou clara em diversos momentos da partida deste sábado e que estava exacerbada nas primeiras sessões, nas quais lagunas atletas podem ter chamado a atenção por suas habilidades individuais, mas nas quais a qualidade do basquete praticado era péssima. Algo generalizado, frise-se.

Outra: há um considerável desnível técnico se formos comparar os melhores jogadores em ação na LDB nacional com os talentos que encontrou nos Estados Unidos. Obviamente. Ter mais minutos no NBB teria ajudado muito mais, diga-se. Então leva um tempo para assimilar o que e quem está ao seu redor. Algo também totalmente natural.

Juntando tudo isso, o que temos é um terreno pedregoso para um jogador que tem apenas dois torneios intercontinentais em seu currículo – a Copa América Sub-18 e o Nike Gloal Challenge. “Ele pareceu totalmente assustado e longe de estar pronto”, afirmou outro olheiro, o scout 2. “Acho que a língua atrapalha. Ele obviamente não está acostumado ao nível de competição que encarou aqui”, disse o scout 1, que ressalta como a equipe era, em geral, bem mais qualificada que o normal. “Esta é a primeira vez em nove anos que vejo esse jogo na qual a equipe internacional é muito mais talentosa que a dos Estados Unidos.”

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Com o passar dos treinos, porém, o nível de seu basquete passou a subir. Estava mais solto para influenciar o jogo do modo que seus atributos físicos incríveis propiciam. Sim, não podemos nos esquecer das medições do brasileiro, com a maior envergadura e alcance com os braços esticados para um armador qualificado como “armador” inscrito no Draft. Todos salivaram. Esse fator isolado, contudo, não garantiria uma sólida carreira. Precisa botar em prática.

“Sua forma de arremesso é um pouco estranha, mas é muito mais efetiva do que eu esperava. Seu drible também é bom, natural. Ele tem bons instintos na hora de avançar com a bola. Mas por vezes comete algumas decisões ruins no passe. Ele mostrou flashes durante os treinos, mas também pareceu confuso algumas vezes. O jogo correu um pouco rápido para ele no início”, avalia o scout 1, que obviamente teve uma impressão mais positiva do jogador. Curiosamente, o dirigente do início do texto repetiu a mesma expressão: “Mostrou flashes, mas em alguns momentos os jogos pareceram muito rápidos para eles”.

As estatísticas oficiais da partida, divergentes da planilha apresentada pela USA Basketball em seu site

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O chapa Jonathan Givony, presidente do DraftExpress, site especializado de maior respaldo entre os olheiros da NBA, atestou a evolução gradual de Georginho. “Ele finalmente começou a sair de sua concha. (No treino de sexta), nas primeiras posses de bola, ele atacou o aro num movimento decidido para tentar uma enterrada, e não parecia tímido de modo algum disparando a partir do perímetro durante todo o coletivo. Assim como o resto do time, ele tentou fazer acontecer mais cedo no cronômetro, usando seu corpo alto e forte para entrar no garrafão e sofrer faltas. Defensivamente, ele tinha uma presença constante, topando a troca de marcação e ficando com jogadores mais altos (como Ben Simmons), sem conceder nada, o que dá uma flexibilidade excelente ao seu time. É impossível não ver o quão talentoso ele é”, escreveu, antes do jogo.

Georginho, nas quadras de treino do Trail Blazers

Georginho, nas quadras de treino do Trail Blazers

O scout 2 já se mostra mais pessimista: “Os atributos físicos estão ali, mas isso não é o bastante. Ele é compridão e tudo, mas não achei que ele tenha jogado bem aqui. Deu para ver que no jogo os técnicos e companheiros não confiaram nele”.

Um consenso entre as fontes consultadas é de que a palavra-chave é “paciência”. Isto é: algo básico para falar de um jogador jovem quem mal é utilizado na primeira divisão do basquete brasileiro. Ao contrário do que afirmou, por exemplo, Dan Barto, o treinador que trabalhou com o brasileiro na IMG. “Ele está longe de ser um produto finalizado. A única questão é se algum time vai ter a paciência para deixá-lo crescer com suas dificuldades iniciais e se desenvolver com tempo de quadra e com seus erros, que não devem ser lá muito divertidos no começo”, escreveu Givony.

O executivo acha que sua cotação “caiu um pouco”, mas que tudo dependia do ponto de vista do observador. Givony, por exemplo, o listava como o 30º prospecto mais talentoso do Draft. Manteve essa posição. Chad Ford, especialista do ESPN.com, o tinha em 74º antes do Hoop Summit, mas agora o coloca como o 56º.

“Nunca estive nessa onda de primeiro round para ele”, diz o scout 2. “Então não foi decepcionante para mim. Ele seria um prospecto de segunda rodada para alguém que se impressione com sua envergadura. Mas posso estar errado, claro. Acredito que vá levar um longo tempo mesmo para que ele possa produzir. O que você vai precisar é de uma equipe que tenha uma vaga aberta no elenco e, ao mesmo tempo, controle seu próprio clube na D-League. Nem sempre é fácil achar isso”, disse o scout 2. “Provavelmente ele não esteja na primeira rodada neste momento, mas nunca se sabe. Ainda acho que seria melhor para ele entrar no Draft e deixar o Brasil. É o melhor para o seu desenvolvimento”, disse o scout 1, com ênfase em “deixar o Brasil”. “Jogar na Europa também não seria uma ideia ruim.”

Alguns pontos importantes para se destacar: percebam que essas são opiniões de algumas vozes no mundo da NBA. Mais de 100 avaliadores da liga estiveram em Portland. As opiniões vão divergir ainda mais se você abrir o leque. Como sempre digo: basta um time se apaixonar por um jogador para toda previsão mudar, e sei que um clube já havia se encantado pelo brasileiro no ano passado, enquanto estudava Bruno Caboclo. Mais: ainda não sabemos quais prospectos exatamente vão concorrer ao Draft e nem a ordem final dos times. Cada detalhe tem influência numa ciranda tão volátil como essa.

Por ora, no entanto, o armador retorna ao país. Nesta segunda-feira, já se apresenta a Marcel de Souza no Pinheiros, com o time enfrentando o Brasília pelos mata-matas do NBB. Também deve participar de partidas do Paulista Sub-19. Depois, ficará no aguardo de convites dos clubes da NBA para os exigentes treinos privados. Etapa na qual o mesmo vice-presidente afirma que será igualmente importante no processo de recrutamento e na qual o brasileiro terá mais chances de mostrar seu potencial. Está cedo ainda, e o tempo sempre estará ao lado de Georginho.

Atualização: recebi neste domingo pela manhã um feedback breve de mais um scout: “Nossa equipe avaliou que ele pode ser uma escolha de segunda rodada este ano devido ao seus atributos atléticos, mas que levaria um tempo para contribuir: coisa de 2 a 3 anos”.


Técnico avalia potencial de Georginho e Lucas; veja vídeos dos treinos
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Giancarlo Giampietro

Daniel Barto não trabalha para nenhum time da NBA, mas tem influência direta no andamento de dezenas de carreiras de jogadores profissionais. Na verdade, segundo seu currículo, podemos até corrigir isso e falar de mais de uma centena. Ele é um dos melhores em seu ramo. Afinal, ele é o treinador principal do departamento de basquete da prestigiada academia IMG, situada na Flórida, na qual trabalha com atletas de todas as idades. Desde a turma já formada, que usa as férias ou momentos livres na temporada para manutenção e aprimoramento, como os mais jovens, especialmente aqueles que se preparam para o Draft da NBA, um processo sempre muito concorrido.

Neste ano, vocês já sabem, Barto recebeu a dupla Georginho e Lucas Dias, as duas revelações pinheirenses que estão em momento de flerte com a liga norte-americana. Em plena pausa para a Páscoa – nós, jornalistas, torramos a paciência, mesmo, sem noção alguma –, o técnico foi gentil o bastante para responder algumas perguntinhas do VinteUm por email sobre o trabalho com os garotos brasileiros.

Foram cerca de duas semanas de treinamento puxado, antes que George voasse para Portland para participar do Nike Hoop Summit e que Lucas retornasse a São Paulo para a disputa dos playoffs do NBB. Confira um pouco desse trabalho abaixo, em alguns vídeos de exercícios de arremesso cedidos pela IMG e uma entrevista com Barto para tirar suas impressões sobre  os garotos:

21: Você já os conhecia? Conseguiu ver alguns vídeos antes dos treinos? Quando começou a trabalhar com eles, ficou surpreso?
Dan Barto: Pude assistir a muitos jogos, sim, antes que eles chegassem Mas era difícil distinguir a velocidade real do jogo para o que se passava nas filmagens. De qualquer forma, fiquei impressionado com suas habilidades, a inteligência de jogo e a dedicação aos treinos desde o primeiro dia. Foram realmente profissionais.

Quando, ou se chegar a hora de eles fazerem os treinos privados com os times, quais habilidades específicas você acha que chamarão a atenção? O que podemos esperar de George nesta semana em Portland?
O George vai ser excelente nas ações de dois contra dois, três contra três. Sua envergadura e habilidade para usar o corpo para pontuar e criar ângulos de passe são muito impressionantes. Ele vai ter um ótimo desempenho no jogo e no último dia de treinamento. O importante é que ele se concentre de fato em criar nas situações de pick and roll, em vez das jogadas individuais em isolamento. Ele é um armador criador e precisa deixar isso claro a cada jogada.

Já o Lucas é um grande arremessador, e isso fica claro em todos os exercícios que fazemos. Com o seu tamanho (2,05 m, hoje), ele vai convertê-los num percentual bem superior ao de seus concorrentes de treino. Ele também já tem uns dois ou três movimentos com a bola que são muito difíceis de se parar. Se aprender a jogar recebendo contato usando essas jogadas e se manter firme com elas, vai impressionar muita gente.

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Em termos de língua inglesa, você sentiu que as aulas que fizeram ajudou na comunicação deles durante os treinos?
Algumas situações ainda vão parecer demais para eles, mas certamente terão interações e conversas bem melhores do que quando chegaram. A partir do momento que o assunto for basquete, eles se saem bem melhores.

Pessoalmente, não gosto muito de colocar uma etiqueta em um jogador, em termos de posição. Mas isso claramente faz parte dos debates pré-Draft sobre os prospectos. Você enxerga o George como um armador, ou talvez um combo guard? E quanto ao Lucas? Aqui no Brasil a opinião majoritária é a de que seu futuro é como um 3 – uma posição carente para a seleção nacional e que, por isso, acaba despertando muito interesse. Para a NBA, contudo, estaria ele mais propício a jogar como o 4 aberto, o strecht four, que é uma posição da moda?
O George vai poder jogar nas e eventualmente defender as três posições no perímetro. Acho que o Lucas deveria se concentrar em ser mais um strecht four, já que vai ganhar peso enquanto envelhece, algo que pode dificultar na hora de marcar os alas.

Você já trabalhou com uma série de jogadores da NBA nesse processo de Draft, e agora obviamente ainda é cedo para avaliações definitivas. Mas qual o potencial que identifica nos dois? George sabemos que já tem sido mais discutido, mas o Lucas talvez esteja um pouco fora do radar. Consideraria os dois material para 1ª rodada?
Sua colocação é precisa. O George precisa ir para uma organização que tenha um plano em mente. Um plano para desenvolvê-lo e desafiá-lo. Se ele tiver, por exemplo, a mesma oportunidade para crescer como teve o Elfrid Payton (o armador calouro e titular do Orlando Magic, que teve minutos extensos durante sua primeira campanha), poderia vê-lo obter resultados. O Elfrid precisa marcar todo o tipo de armadores na prática e tem a chance de aprender com seus erros nos jogos. Ele vai precisar arremessar bem e competir nos estes privados. Sinto que a primeira rodada está toda para ele, já que, nos treinos, vai ter sempre vantagem em altura.

O Lucas deveria o máximo de convites para treino que puder sem temer ninguém. Nem todos os treinos serão ótimos, mas é só uma questão de ele continuar se colocando a prova. Se mostrar valentia para batalhar com jogadores maiores, ele poderia realmente aumentar sua presença no radar do Draft.

* * *

A terça-feira marca o segundo dia de treinos para Georginho em Portland. Ainda não é hora de acionar os contatos por lá para saber como está o desempenho do brasileiro. Vamos conferir mais para o final da semana, ok?

De qualquer forma, uma importante etapa dos trabalhos na aprazível cidade do Noroeste americano já foi divulgada: as medidas dos prospectos reunidos por lá. E o armador do Pinheiros se saiu muito bem nessa. E pode esticar bastante esse muuuuuuuuuito, já que tem tudo a ver com os resultados que apresentou. De altura, George bateu 1,98 m, a mesma de Kobe Bryant, por exemplo. Mas o mais impressionante é sua envergadura de 2,12 m comprimento. Se você soma as duas coisas, vai ter um jogador com alcance de 2,9 m com os braços levantados e os pés no chão. Vai longe, mesmo. Se não bastasse, ele também tem as mãos mais largas entre todas as revelações internacionais reunidas em Portland.

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O que isso tudo quer dizer? “Caramba, isso quer dizer que ele pode até jogar na posição 3 com essas medidas. Ele tem o mesmo alcance de Caron Butler, Klay Thompson, Evan Turner, Maurice Harkless e Rodney Hood”, disse um scout ao VinteUm. É isso: o garoto tem tamanho para jogar até mesmo de ala, conforme Barto nos contou acima. Isso é excelente para a sua cotação, pois abre-se o leque de possibilidades para scouts e dirigentes projetarem. comparativamente. Como armador, ele é simplesmente gigante. Fora de quadra, já saiu ganhando.


Rumo ao Draft, Georginho e Lucas Dias treinam intensamente nos EUA
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Giancarlo Giampietro

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

Em meio a treinos puxados, ainda pode rolar um mimo ou outro para George e Lucas

Tem hora que você sai de quadra exausto, pregado. Mas sabe que, logo mais, daqui a algumas horinhas, vai começar tudo de novo. Você vai repetindo as sessões diariamente, até que chega uma hora que o corpo acostuma e você passa a notar a diferença. Entende para onde está processo está te conduzindo, num momento muito importante, que pode até definir sua carreira.

Se tudo der certo, deve ser isso que passa pela cabeça de qualquer prospecto candidato ao Draft da NBA. A concorrência, todos sabem, é duríssima. Para encarar essa disputa, então, é preciso dar um duro danado. Tem de abraçar a causa, e foi justamente o que Georginho e Lucas Dias fizeram nos últimos dias nos Estados Unidos, acelerando sua preparação para o recrutamento de calouros da liga norte-americana.

As duas revelações do Pinheiros foram liberadas pelo clube para um período de treinamento específico na badalada academia IMG, localizada na Flórida, para fazer um trabalho completo. Seja no aprimoramento de fundamentos, na desenvoltura atlética e também em aulas intensivas de inglês a qualquer hora que estiverem fora de quadra ou da academia. É o tipo de treinamento que conta muito para o Draft – mas que, se bem executado, tem um efeito duradouro para a carreira também.

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Não se trata de mágica. Não é que obrigatoriamente os atletas se alistem ao programa e saiam de lá evoluídos. A ideia é que eles recebam instruções valiosas, sim, e reflitam e trabalhem em cima de carências. No mínimo, contudo, o que os jovens jogadores aprendem é sobre o quanto seus limites podem expandir, em termos de intensidade e resistência. Essa nova perspectiva foi o que mais chamou a atenção dos garotos brasileiros em treinos aplicados por um estafe experiente, dirigido por Kenny Natt, técnico de vasta experiência na NBA, e outros treinadores, com destaque para Dan Barto, que, segundo fontes muito qualificadas para falar do processo, é reconhecido como um dos melhores do ramo no desenvolvimento de fundamentos.

As sessões começaram no dia 23 de março e vão durar até este sábado. No domingo, então, vão tomar rumos diferentes. George seguirá para Portland, aonde vai disputar o Nike Hoop Summit, rodeado por alguns dos melhores jogadores de sua geração. Já Lucas pegará o voo de volta a São Paulo para se reintegrar ao Pinheiros e se preparar para os playoffs.

(Antes de mais nada, acho normal a liberação do clube paulistano. É um investimento, na verdade: se os jogadores forem draftados, podem render, juntos, mais de US$ 1 milhão em multa contratual, uma bela grana com o câmbio do jeito que anda. Caso declarem seus nomes e retornem, no mínimo voltarão com uma bagagem maior. Além disso, não é que os dois atletas sejam, hoje, peças integrais na rotação de Marcel de Souza. Pelo contrário. A baixa provavelmente influencia mais na rotina de treinos. Fora isso, não vejo no que a equipe sairia perdendo.)

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Em seu site, a IMG conta um pouco sobre a rotina geral pela qual os prospectos passam: duas sessões de treinos por dia, específicas para a posição e também gerais; um treino mais voltado para a performance atlética; um programa nutricional bem monitorado; psicólogos prontos para trabalhar com os atletas em ‘detalhes’ como concentração e confiança, ajudando-os a encarar a carga pesada de exercícios; análises posteriores de vídeos de suas sessões, para maior didatismo na correção de seus movimentos. Tudo o que você poderia pedir. Sem contar a infraestrutura com duas quadras oficiais de NBA, tanto em termos de medida como em qualidade de piso, divididas em 12 estações para ensino.

Desnecessário dizer que Georginho e Lucas ficaram maravilhados com essa nova realidade, mas sem se deslumbrar. Até porque não dá tempo. A carga é realmente pesada. É intencional, uma vez que, caso precisem passar por sessões privadas com os clubes, os dois jogadores vão ser exigidos realmente ao máximo – no caso, um máximo que desconheciam. Depois de penarem nos primeiros dias, foram respondendo aos poucos, num progresso natural aos aspirantes, mas que nem sempre acontece. Deram duro e colheram os frutos e, ao mesmo tempo surpreenderam os experientes técnicos.

Passar por esse programa, no ano passado, rendeu resultados. Seis ‘alunos’ da IMG foram draftados em 2014 – o que equivale a 10% das vagas abertas. Destaque para o ala Rodney Hood, do Utah Jazz. Claro que isso não serve como garantia e que pode ser mera coincidência. O Draft é muito volátil. Depende de uma série de fatores. Mas é fato que os brasileiros tiveram do bom e do melhor para cumprir mais essa etapa.

Aqui, só uma graça que a IMG postou. Mais uma palinha, mesmo:

PS: aguarde mais sobre o Hoop Summit e o cenário pré-Draft dos brasileiros nos próximos dias.


Pinheiros x Bauru: pela LDB, um jogo para ser gravado
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Giancarlo Giampietro

Foi legal ver Georginho, 18, duelando com Guilherme Santos, 17. Talentos que pedem toda a atenção possível

Foi legal ver Georginho, 18, duelando com Guilherme Santos, 17. Talentos que pedem toda a atenção possível

Pode não ter tido prorrogação, ou cesta de três para completar uma virada milagrosa no final, nem nada disso. Também não vi nem 85% das partidas do campeonato como um tudo. Mas me sinto confortável em escrever que é improvável demais que a edição atual da LDB, a liga de desenvolvimento nacional, tenha visto um jogo melhor, de nível superior ao de Pinheiros 83 x 73 Bauru, nesta segunda-feira, em São Paulo.

Tivemos um jogo bastante centrado, mas longe de ser supercontrolado. Houve correria, mas uma correria bem organizada, com os atletas executando com segurança. Em situações de meia quadra, a bola girou de um lado para o outro e foram poucos os chutes forçados, daqueles de tapar o olho. Ao todo, foram apenas 15 desperdícios de bola no terceiro jogo do dia. Se for para comparar, no jogo que fechou a noite, o caos imperou em quadra muitas vezes, e chegamos a 34. E esse nem foi o recorde do dia, que coube a Sport e Limeira, com 35, enquanto Brasília x Basquete Cearense teve 23 – dos quais apenas 8 ficaram na conta da equipe de Fortaleza, diga-se, que chegou ao 24º triunfo consecutivo, com 12 pontos, 8 assistências e 7 rebotes de Davi Rossetto, seu líder.

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Não há como não elogiar o trabalho dos dois técnicos nessa partida especificamente: César Guidetti pelo time da casa e Hudson Previdelo pelo Bauru. Afinal, a presença de jogadores de muito potencial em quadra obviamente não serve como garantia de um grande jogo por estas bandas – quanto mais em partidas de garotos. Os dois elencos estavam recheados de bons valores, mas ainda muito jovens, que precisam de uma condução. Nesta segunda, no “Ginásio Azul” do ECP, foi o que aconteceu, sem momentos de destempero, showzinho, nem mesmo num quarto período tenso, em que os visitantes encostaram no placar perigosamente. Apenas dois caras bem tranquilos concentrados em seus times – não adianta ficar berrando numa LDB.

cesar-guidetti-hudson-previdelo-ldb.jpgAuxiliar de Marcel de Souza no time de cima, César assumiu a equipe Sub-23 na reta final da LDB e não teve nem uma semana de treinos com a molecada. O posto foi aberto devido à saída de Brenno Blassioli, que dirigiu a equipe nas três primeiras etapas da temporada regular e se mudou para a Turquia, acompanhando a esposa Sheilla, estrela do vôlei nacional – na quarta etapa, Zé Luiz, o José Luiz Marcondes, figura importante da base, havia sido o comandante. Importante ressaltar que não estamos falando de modo algum de um técnico novato – César tem vasta experiência nas categorias de base, desde os tempos de Santo André, com clubes ou seleções.

Do outro lado, Hudson, mandou para quadra um quinteto titular para a quadra desfalcado de duas peças importantíssimas em sua campanha: o armador Carioca e o pivô Wesley Sena. A duplinha foi convocada para o jogo do adulto, pelo NBB, contra a Liga Sorocabana, em mais uma vitória arrasadora dos rapazes de Guerrinha. Se o nome deste duelo foi o ala Gui Deodato, que explodiu para 35 pontos numa jornada memorável, vale notar que o trator chamado Carioca saiu de quadra com 12 pontos em apenas seis minutos de ação – sendo que oito deles foram nos lances livres. Wesley jogou por 13 minutos e anotou 4 pontos, mas não apanhou sequer um rebote. Com a lesão de Jefferson William, afastado da temporada por conta de uma infeliz ruptura no tendão de Aquiles, o jovem pivô deve ganhar mais chances. Vamos ver como reage. Os dois desfalques, inclusive, foram mencionados por Guidetti num breve papo depois da partida.

Hudson, por sua vez, não hesitou em falar sobre a estrutura de que o Bauru dispõe – e está desenvolvendo – hoje. Vale uma visita, na certa. Sabemos também que o Pinheiros aposta bastante na formação de base. De modo que não parece coincidência que tenhamos visto um grande duelo entre suas equipes. Durante a temporada, não dá para dizer que esse tenha sido o padrão de ambas, é verdade. Mas, se mantiverem o curso atual nos bastidores, a tendência é que isso possa se replicar mais e mais.

Georginho assumiu a responsabilidade nos minutos finais

Georginho assumiu a responsabilidade nos minutos finais

Em meio a essa organização que deveria servir de exemplo, os lances bonitos por parte dos protagonistas, os atletas, ganharam ainda mais valor – não surgiram a partir de jogadas quebradas e sem defesa recomposta. Um contexto propício para que o talento pudesse entrar em prática. E talento de fato não faltava em quadra. São todos garotos que merecem todo o carinho possível nessa fase importantíssima de desenvolvimento.

Do lado pinheirense, temos Georginho, próximo alvo imediato da NBA no Brasil, atraindo já mais de um terço dos clubes da liga; Lucas Dias, 19 pontos, talvez o cestinha com maior potencial desta nova geração, com um arsenal em constante evolução (ainda falta matar mais bolas em flutuação), cada vez mais propenso a fazer o passe extra e também muito mais ativo na defesa e no ataque aos rebotes; Humberto, que ainda depende muito de sua confiança, de seu conforto em quadra – quando as coisas vão bem, saia da frente; Duval, com sua força física e energia descomunais. Vamos ficar de olho também no caçulinha Cauê, que, na verdade, de “inho” não tem nada – aos 16 anos, entrou na partida apenas no quarto período e ajudou a fechar o garrafão e frear o ataque do Bauru. Sua presença física congestionou a defesa e ajudou a limitar o ataque interior bauruense, que, desta forma, não conseguiu explorar o fato de haver carregado os adversários de faltas.

Biloca, 20 anos, um ala bastante rápido, com belo potencial para defender e atacar o aro

Biloca, 20 anos, um ala bastante rápido, com belo potencial para defender e atacar o aro

O time do interior contou com a estreia de Guilherme Santos, um dos destaques do último Basketball without Borders, camp promovido pela NBA e pela Fiba, em Nova York durante o All-Star Weekend. Ganhando bons minutos, já que Carioca estava longe dali, o novíssimo armador (em diversos sentidos, já que está fazendo a transição para a posição precisamente neste momento) teve pouco de convívio com os companheiros e não foi tão bem no ataque. Mas isso não o impediu de agredir na defesa, pressionando quem quer que estivesse com a bola, incluindo Georginho e Humberto – mais altos e mais velhos. Hoje essa é a principal virtude do garoto de 17 anos. Quem carregou o ataque da equipe foi o ala Gabriel de Oliveira, com 22 pontos. Já é um atleta de 22 anos, de basquete bastante agressivo, buscando as infiltrações – e fugindo um pouco da propensão bauruense para o tiro de fora, somando nove lances livres. Outro que chamou atenção foi o ala Biloca, que tem muita velocidade nos pés e boa capacidade atlética.

Georginho acabou sendo o nome da partida, com um desempenho decisivo muito mais relevante que seus 19 pontos e 12 rebotes. Cheio de confiança, o armador matou 7 pontos nos minutos finais do quarto período, todos eles em arremessos a partir do drible, o que não é um dos pontos mais fortes de seu jogo. Sinal de que vai ganhando confiança e transferindo o trabalho dos treinos para a prática.  Um desfecho apropriado para uma grande duelo, algo que esperamos ver mais e mais por aqui.