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Golden State supera décadas de trapalhadas para voltar à final
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Giancarlo Giampietro

Seu time está no centro das chacotas por anos e anos? Você não tem coragem de assumir para quem torce e, no final, tenta escapar dizendo ser um “admirador profundo do estilo de basquetebol do San Antonio Spurs”? Você nem, mesmo, veste a camisa para bater, casualmente, uma bola na praça? Calma, gente. Isso não te obriga a jogar fora o uniforme. Pode ser que ainda dê tempo de reutilizá-lo – desde que não perca de vista a balança, claro. Os finalistas da NBA 2014-2015 nos ensinam que, das profundezas, após muitas trapalhadas no Draft, desmandos da diretoria, conflitos entre jogador e técnico, pode emergir um candidato ao título. Mesmo que demore um pouco. Aqui, vamos listar dez episódios marcantes da história do Golden State Warriors, que nos ajudam como demorou tanto – precisamente 40 anos – para que a franquia retornasse a uma decisão:

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Para chegar a Curry e os playoffs de 2015, teve muita história

Se transparência é um termo que anda em voga no noticiário esportivo, então não dá para esconder que este artigo não existiria sem este aqui de Bill Simmons, o ex-editor-chefe do Grantland: “Como perturbar uma base de torcedores em 60 passos fáceis”. Sim, com seus conhecimentos verdadeiramente bíblicos sobre a NBA, o cara teve a manha de listar seis dezenas de bobagens que o clube californiano cometeu desde que Ricky Barry os liderou para o título em 1975. Em vez de meramente traduzir o antigo Sports Guy (e quem sai perdendo nessa é só você, meu amigo, já que estamos falando de um dos textos mais divertidos da Internet), filtramos os tropeços em apenas uma dezena, tentando interligá-los ou dar mais contexto para cada um deles.

1) Vai que é sua, Boston
E se o esquadrão de All Attles de 40 anos atrás pudesse ter sido sucedido por uma linha de frente composta por Larry Bird, Kevin McHale e Robert Parish? Sim, acreditem. Não se trata de revisionismo barato. O Golden State Warriors teve todas as chances de formar esta trinca que resgataria os tempos de glória do Boston nos anos 80. O que pegou, então?

Bem, comecemos pelo fato de o time ter selecionado Parish no Draft de 1976. Foi apenas em oitavo, um golaço. Entre os sete primeiros da lista, só um atleta seria eleito para o Hall da Fama ou mesmo para um All-Star Game: o ala Adrian Dantley, cestinha ex-Detroit, Utah e Dallas. O pivô jogaria apenas quatro anos pela equipe, porém, até ser enviado para o Boston em 1980, acoplado a uma escolha de Draft, que seria a terceira geral. Em troca vieram outras duas escolhas daquele mesmo ano: a 1ª e a 13ª. Quem saiu em terceiro? McHale, um dos melhores alas-pivôs da história. E nas outras? Joe Barry Carroll e Rickey Brown.

Bird, Parish e McHale

Bird, Parish e McHale, do Boston

Quem!? Cumé!?

Bem, não precisa se sentir mal se não os conhece. Carroll era um pivô de 2,13 m de altura, vindo da Universidade de Perdue, considerado uma grande promessa. Só assim para o Warriors abrir mão de um pivô já estabelecido como o Chief Parish. No final das contas, ganharia um dos melhores (ou piores) apelidos da liga: “Joe Barely Cares” – trocadilho que dizia que ele pouco se importava com o que acontecia em quadra. A média de 20,1 pontos em seus primeiros quatro anos não parece tão ruim, mas não conta tudo: nos rebotes, foram apenas 8,5 por jogo. Cometia um elevado número de turnovers e não amedrontava defesas a ponto de chamar a marcação dupla no garrafão. O fato é que ele não se encontrou por lá, sendo perseguido por torcedores e jornalistas. Em 1984, para espanto geral, virou as costas para o time assinou um contrato com o Olimpia Milano. Em Boston, o Celtics já havia conquistado dois troféus.

Depois de conhecer a Itália, Carroll retornou em 1985, e, sob o comando de George Karl, viveu seu melhor momento. Em 1987, foi eleito para o All-Star Game e ainda estreou nos playoffs. Um ano depois, porém, viu sua produção despencar, a ponto de ser trocado para o Houston Rockets. Rodaria ainda por New Jersey, Denver e Phoenix até se aposentar em 1991, aos 32 anos, considerado um grande fiasco.

Quanto a Rickey Brown… Hã… O ala-pivô de 2,08 m, de Mississippi State, jogou apenas cinco anos na NBA. Em 1983, foi negociado com o Atlanta Hawks, em troca de uma escolha futura de segunda rodada, que resultaria em alguém de nome mais interessante, pelo menos: Othell Wilson. Pois é.

E onde é que Larry Bird entra nessa história? O Golden State tinha a quinta escolha do Draft de 1978. Optou pelo ala Purvis Short, que teria médias de 17,3 pontos, 4,3 rebotes e 2,5 assistências em sua carreira. O legendário camisa 33 do Celtics saiu em sexto. Oooops. (E aqui não importa que Bird fosse ficar mais um ano em Indiana State. Né?!)

2) Cestas e drogas
A NBA teve de lidar nos anos 70 e 80 com um séria questão: o preocupante uso de drogas por um elevado número de seus atletas, nem sempre flagrados. O ala Bernard King foi um dos atletas que chegou a ser detido por posse de maconha e cocaína em duas ocasiões, entre 1977 e 78, enquanto tinha contrato com o New Jersey Nets. Cansado dos problemas, mandou King para Utah em 1979. Pouco utilizado em Salt Lake City – aliás, não dá saber o que King faria na cidade naquela época. Um ano depois, seria despachado para o Golden State, em troca do pivô Wayne Cooper (um bom defensor, que viveria bons momentos no futuro pelo Blazers e pelo Nuggets). Na Califórnia, o ala reencontraria o rumo e seria eleito para o All-Star Game em 1982, com 23,2 pontos, 5,9 rebotes e 3,6 assistências.

Bernard King, cestinha que durou pouco em Oakland

Bernard King, cestinha que durou pouco em Oakland

Mas seria mais um craque que a franquia deixaria escapar: ao final do campeonato, King assinou um pré-acordo com o New York Knicks. Foi liberado, em troca do armador Michael Ray Richardson. Nos próximos quatro anos, o ala se tornaria o grande ídolo do Madison Square Garden, com algumas atuações eletrizantes (coisa de 50 pontos em jogos consecutivos e também 60 pontos em outra ocasião). No auge, porém, sofreu uma gravíssima lesão no joelho, que impediu que fizesse uma dupla potencialmente devastadora com Patrick Ewing, até ser dispensado. Acabado? Nada disso. Batalhou e concluiu uma recuperação até então inédita na liga. Em Washington, jogaria muito pelo Bullets ainda, com médias de 22 pontos, 4,7 rebotes, 3,9 assistências por quatro temporadas, sendo eleito pela quarta vez um All-Star em 1991.

Vai saber: talvez, em Oakland, as coisas pudessem ter desandado. Talvez King ainda estivesse dando trabalho fora de quadra, quando negociado. O que pega é que Richardson também tinha um histórico problemático e público. Não duraria nem quatro meses com o Warriors, sendo repassado para o Nets. Um caso triste de desperdício de talento – era um jogador tão veloz com a bola quanto John Wall no auge, segundo consta –, o armador passou pelo programa de reabilitação da liga e ainda assim foi pego, depois, em três testes pelo exame de cocaína. Foi banido e acabou conduzindo sua carreira na Europa.

3) Run TMC, e poderia ser melhor
Se, na NBA, há um consolo para times que fracassam em negociações e, por consequência, não se cansam de perder em quadra é que eles têm oportunidades melhores de se reforçar via Draft. E, na virada dos anos 80 para os 90, a franquia até caprichou em seu recrutamento, escolhendo Tim Hardaway, Mitch Richmond e Tyronne Hill por três temporadas seguidas. Em 1992, ainda conseguiriam Latrell Sprewell. Os dois primeiros se juntariam a Chris Mullin para formar o cébre trio Run TMC, sob o comando de Don Nelson, com um basquete vistoso, empolgante e competitivo. Até por isso foi difícil de entender duas trocas que o clube fechou com o Seattle Supersonics em 1989.

Alô? É do Warriors?

Alô? É do Warriors?

No recrutamento daquele ano, o Warriors cedeu os direitos sobre Dana Barros, o 16º calouro, em troca de uma escolha de primeira rodada, em 199 . Tudo bem. Já tinham Hardaway garantido. Um mês e meio depois, no entanto, eles devolveram o pick a Seattle para contratar o pivô Alton Lister. Era um grandalhão de 2,13 m que vinha de médias de 8,0 pontos, 6,6 rebotes, 2,2 tocos em 22 minutos. Tinha boa presença defensiva, algo de que a equipe carecia no garrafão, mas era muito limitado. Pior: faria apenas três jogos naquela temporada, devido a uma lesão. Em quatro temporadas em Oakland, devido aos problemas físicos, disputaria apenas 126 de 328 partidas possíveis. E que fim levou a escolha de Draft? Foi a segunda geral em 1990, rendendo Gary Payton ao Sonics. (OK, jogar com dois armadores naquela época não era algo tão usual, por mais que Payton pudesse marcar ala-armadores tranquilamente. No mínimo, viraria uma bela moeda de troca. Em 1992, ao lado de Shawn Kemp, Payton eliminaria o Warriors nos playoffs da Conferência Oeste, por ironia.

Em 1991, Nelson inexplicavelmente mandou Mitch Richmond para Sacramento, em troca do ala novato Billy Owens, o quinto do Draft. Owens era versátil, mas não gostava de treinar muito. Em 1995, já estaria defendendo o Miami Heat, numa negociação pelo pivô Rony Seikaly – o time da Flórida ainda receberia os direitos sobre o sérvio Sasha Danilovic (que seria um excepcional substituto para Richmond…). O libanês estava alguns degraus abaixo dos superpivôs da época, mas era competente. Sofreu com lesões, porém, em dois anos e foi repassado ao Orlando Magic.

4) A novela Chris Webber
Em 1993, Orlando Magic e Golden State Warriors fecharam uma troca  para lá de intrigante e que fazia muito sentido: uma inversão entre as primeira e terceira escolhas do Draft. O melhor novato disponível era o ala-pivô Chris Webber – muito badalado vindo da Universida de Michigan. Ele poderia jogar ao lado de Shaquille O’Neal? Certamente. Mas o Orlando estava de olho no armador Anfernee Hardaway. Quando o Philadelphia 76ers optou pelo espigão Shawn Bradley em segundo, “Penny” sobrou para o Golden State, que já tinha um Hardaway talentoso do seu lado. Para compensar, o Warriors ainda mandou três escolhas futuras de primeira rodada. C-Webb fez uma primeira campanha estrondosa em Oakland ao lado de um time tão ou mais divertido que o Run TMC. Caíram na primeira rodada contra o Phoenix Suns, atual campeão do Oeste, mas tinham uma base promissora para se desenvolver, tendo Gregg Popovich como assistente técnico.

Acontece que Webber arrumou confusão. Disse que não queria mais jogar como pivô (o nominal “5”, mesmo que o sistema de Nelson ignorasse essas convenções) e exigiu uma troca. O detalhe é que o jovem astro tinha como pressionar o clube, pois havia conseguido incluir uma cláusula de rescisão contratual para o final da temporada de calouro. Inacreditável. Foi aí que Nelson fechou a troca por Seikaly, para tentar acalmar as coisas – mas não sem antes entrar num bate-boca público. O ala-pivô manteve sua decisão até forçar uma negociação com o Washington Bullets, por Tom Gugliotta e três escolhas futuras, nenhuma das quais seria devidamente aproveitada. “Googs” jogou apenas um ano e meio pelo Golden State, até ser mandado para o Minnesota Timberwolves em troca de Donyell Marshall. O ala defendeu o Warriors até 2000, com médias de 11,1 pontos e 6,8 rebotes, quando foi trocado por Danny Fortson e Adam Keefe. Que tal?

5) O estrangulamento
Sprewell entrou em um timaço. Mullin, Hardaway, Webber, Nelson como técnico. Após o fiasco nas negociações com Webber, no entanto, o técnico e gerente geral pediu demissão. Ele fracassaria em Nova York, mas ainda teria muito sucesso como comandante do Dallas Mavericks, que seria reerguido como potência do Oeste ao final da década. Se ao menos Gregg Popovich estivesse por ali…. Mas o assistente se mandou em 1994 para San Antonio. Rick Adelman, que havia sido duas vezes vice-campeão pelo Portland Trail Blazers, assumiu o time, mas a depressão nos bastidores do clube era grande. Em dois anos, com um elenco em frangalhos (Hardaway foi trocado para Miami, Mullin já estava quebrado), ainda conseguiu um aproveitamento de 40%, até se mandar e reinventar o Sacramento Kings, ao lado de Webber. Em 1997, foi a vez de PJ Carlesimo ser contratado como treinador, mais um vindo de Portland.

Carlesimo e Sprewell: um dos incidentes mais absurdos da história da NBA

Carlesimo e Sprewell: um dos incidentes mais absurdos da história da NBA

A essa altura, Sprewell, um sujeito introspectivo e intempestivo, já estava para lá de frustrado e não aceitou bem o estilo exigente, mandão do novo técnico. Na primeira pré-temporada em que trabalharam juntos, em um dia em que alegou estar sem paciência, o ala simplesmente estrangulou o treinador por volta de 10 a 15 segundos. Segundo relata a Sports Illustrated, “alguns jogadores não tiveram pressa alguma” para interferir. O jogador foi, então, levado para o vestiário, para, 20 minutos depois, tentar atacar novamente o técnico. O Golden State suspendeu o ala por 10 dias e, depois, optou por romper o contrato. Na Justiça, Sprewell validou seu contrato. Obviamente, não havia como segurá-lo no time, e aí em 1999, ao retornar de suspensão, foi trocado para o New York Knicks, por John Starks, Chris Mills e Terry Cummings. No Madison Square Garden, também virou ídolo e seria campeão do Leste de imediato.

Obviamente não há negociação errada, comportamento de um técnico que justifique o ato de Sprewell. Mas a agressão simbolizava o caos por que passava a franquia.

6) Gangorra
Vocês se lembram a troca de Penny Hardaway por Chris Webber, certo? No Draft de 1999, o Golden State Warriors tentou repetir o movimento, numa transação envolvendo Antawn Jamison e Vince Carter. Seguido o exemplo de seis anos atrás, era de se imaginar a diretoria liderada por Gary St. Jean estivesse adquirindo Carter em troca de seu ex-companheiro da Universidade da Carolina do Norte, certo? Errado. O acrobático e explosivo Carter caiu no colo da franquia na quinta colocação, mas eles estavam interessados em Jamison, fechando então um negócio com o Toronto Raptors. O impacto que o ala causou no clube canadense é hoje considerado um fator primordial na explosão de talento de primeiro nível no país de Andrew Wiggins.

Jamison era um cestinha de jogo vistoso, classudo, mas de eficiência questionável e que não justificava sua deficiência nos rebotes e defesa. Ainda assim, teve seu contrato renovado em 2001 por US$ 85 milhões e seis temporadas. Não chegou ao final do vínculo, claro, sendo enviado ao Dallas Mavericks em 2003, rendendo em contrapartida o acabado Nick Van Exel e outros veteranos que só foram incluídos para validar o negócio financeiramente (Avery Johnson, Evan Eschmeyer, Popeye Jones e o francês Antoine Rigaudeu, que nem nos Estados Unidos estava mais). Um desastre.

7) Arenas, mais um a partir
A história se repete. Quando Gilbert Arenas saiu da Universidade do Arizona em 2001, não era um jogador bem cotado pelos scouts e dirigentes. Eles questionavam seu comportamento excessivamente infantil e acreditavam que ele não tinha uma posição definida, perdido entre um armador e um ala. A maioria dos observadores se equivocou profundamente. A habilidade do futuro Agente Zero com a bola se impôs rapidamente na liga. O sucesso foi tamanho que… complicou a vida do clube.

O melhor (e pior) do Agente Zero ficou para o Washington Wizards, mesmo

O melhor (e pior) do Agente Zero ficou para o Washington Wizards, mesmo

Sem apostar tanto assim no calouro, o Warriors firmou com ele um contrato de apenas dois anos. O jovem astro se tornou um agente livre restrito rapidamente, então. Seu potencial era evidente, de modo que recebeu uma proposta fabulosa do Washington Wizards. O Warriors não tinha condições de cobrir a oferta, mesmo que quisesse, devido ao estado precário de sua folha salarial (caríssima, congestionada, cheia de jogadores pouco atrativos que pudessem ser trocados para abrir espaço). Apesar das loucuras que cometeria anos mais tarde, Arenas foi superprodutivo em seus primeiros anos na capital americana e ajudou a revitalizar o clube na Conferência Leste, ao lado de Larry Hughes, outro talento do Golden State que havia sido surrupiado.

8) Custo x benefício
Para um time que só teve duas temporadas com aproveitamento acima de 50% nos anos 2000 (42-40 em 2007 e 48-34 em 2008), chegando aos playoffs uma única vez, o Golden State Warriors arcou com alguns dos contratos mais absurdos do período. Se você juntar os salários de gente como Jamison, Erick Dampier, Adonal Foyle, Derek Fisher, Corey Magette, Andris Biedrins, dava mais de US$ 310 milhões no total. Só em seis jogadores que eles procuraram no mercado na década passada. Os gastos gerais, obviamente, são muito maiores.

9) Atirando para todos os lados
Mullin, Hardaway, Richmond, Sprewell… Grandes acertos no Draft, na certa. Em 2001, conseguiram de uma vez só Jason Richardson, Troy Murphy e Gilbert Arenas. Monta Ellis 40º em 2005. Para aplaudir, novamente. Stephen Curry foi um presente do Minnesota Timberwolves em 2007. Agora, a lista de fiascos do Golden State Warriors no Draft é clamorosa, como diria o Carsughi, principalmente para um time que esteve tantas vezes presente na loteria. Não vamos nem contar aqui as escolhas trocadas, como a de Payton em 1990, mas apenas as efetuadas pelo clube, levando em conta os outros nomes que estavam disponíveis. Confira:

O'Bryant fez apenas 40 jogos e 60 pontos pelo Warriors

Sensação do torneio da NCAA, O’Bryant fez apenas 40 jogos e 60 pontos pelo Warriors

1995 – 1º –  Joe Smith – Kevin Garnett, Rasheed Wallace, Antonio McDyess, Jerry Stackhouse e Michael Finley foram escolhidos depois
1996 – 11º – Todd Fuller – Kobe Bryant, Steve Nash, Jermaine O’Neal, Peja Stojakovic, Zydrunas Ilgauskas e Derek Fisher vieram depois
1997 – 8º – Adonal Foyle – Tracy McGrady saiu em nono
2003 – 11º – Mickael Pietrus – Boris Diaw, David West, Josh Howard, Leandrinho, Nick Collison disponíveis
2005 – 9º – Ike Diogu – Andrew Bynum saiu em décimo; Danny Granger disponível
2006 – 9º – Patrick O’Bryant – Rajon Rondo, Kyle Lowry, JJ Redick,
2007 – 8º – Brandan Wright – Joakim Noah saiu em nono…
2008 – 14º – Anthony Randolph – Serge Ibaka, Ryan Anderson, Roy Hibbert, Robin Lopez, Nicolas Batum, Kosta Koufos na pinta
2010 – 6º – Epke Udoh – Greg Monroe saiu em sétimo… Gordon Hayward, em nono e Paul George, em décimo.

10) Vaias, vaias e mais vaias
Joe Lacob, se você for pensar, não tinha nada com isso. Ele comprou a equipe de Chris Cohan em julho de 2010. Sua gestão não tomou parte dos nove tópicos acima. Mas, em 2012, quando ele foi para o centro da quadra na Oracle Arena para fazer uma homenagem a Chris Mullin, foi vaiado pelos torcedores de modo inclemente. A galera simplesmente não deixava o discurso ir adiante. A coisa só parou quando o próprio Mullin, com a ajuda de Rick Barry, pediu para que se acalmassem. Era muita mágoa represada, é verdade, mas também havia uma frustração clara com o novo proprietário, que, antes de aquela temporada começar, havia prometido (ao vivo e a cores e por e-mail) que o clube voltaria aos playoffs. Mesmo que sua base fosse jovem e ainda estivesse no início de sua evolução defensiva sob o comando de Mark Jackson. Em março, estava claro que era mera bravata de Lacob, e que o Warriors não tinha como sonhar com uma vaga nos playoffs, e que, para piorar, era obrigado a entregar jogos na reta final com o intuito de preservar sua escolha de Draft: caso ficasse fora do top 7, ela seria destinada ao Utah Jazz – reflexo de mais uma transação atrapalhada do passado, dessa vez pelo armador Marcus Williams, que disputou apenas seis partidas pelo time e hoje está na Europa.

O interessante é isto: o artigo de Simmons foi publicada em 21 de março de 2012, repercutindo justamente essas vaias. Três anos depois, cá estamos diante do time mais badalado da liga americana, com uma das campanhas mais impressionantes da história. Lacob pode ter cometido uma gafe daquelas ao anunciar um time competitivo naquele ano, mas, logo no campeonato seguinte, veria seu projeto bem encaminhado. Como conseguiram isso?

Com um pouco de sorte, algo que não dá para se relevar nunca. se David Kahn tivesse preferido Steph Curry a Jonny Flynn, qual seria o curso da história? Mas também com decisões práticas e inteligentes, como na montagem de uma diretoria plural, com diversas personalidades fortes, mas de formações diferentes, gerenciada por Bob Myers, um dos tantos agentes que viraram a casaca nos últimos anos. Entre as cabeças pensantes, destaque também para um vencedor como Jerry West, a quem convenceu que deixasse a aposentadoria de lado para ser con$ultor. Tudo o que ele toca vira ouro, gente.

O aproveitamento no Draft tem sido excelente. De 2011 para cá, o Warriors apostou em Klay Thompson (11º em 2011, numa cotação acima do que os especialistas previam) e fez a rapa em 2012, com Harrison Barnes (a sétima escolha, que quase foi do Utah), Draymond Green (um hoje inacreditável 35º lugar) e mesmo Festus Ezeli (bastante útil para quem foi selecionado em 30º). Apenas o sérvio Nemanja Nedovic, 30º em 2013, não vingou – o clube abriu mão do jovem armador muito cedo, mas foi mais uma decisão financeira, para evitar multas e permitir a contratação de atletas prontos para completar a rotação agora. No ano passado, não tinha escolhas.

Isso pelo fato de ela ter sido enviada para o Utah Jazz, mas não pela transação de Barnes – e, sim, em outro rolo mais ambicioso, numa troca tripla que resultou na chegada de Andre Iguodala. Foi um movimento surpreendente do Warriors, que se desfez dos salários de Richard Jefferson, Andris Biedrins e Brandon Rush para criar o espaço necessário para a absorção do volumoso contrato do talentoso ala. Outro jogador caro que foram buscar, mais desacreditado no mercado, é verdade, foi Andrew Bogut, o pivô ‘xerifão’ que buscavam desde, hã, 1994, assumindo um risco, devido ao seu histórico hospitalar preocupante. De qualquer forma, não dá para ignorar o fato de que também se desfizeram nessa de Monta Ellis, figura que limitaria o progresso de Thompson e, principalmente, Curry, com quem também assinaram um acordo  questionável em 2012: uma extensão contratual de quatro anos por US$ 44 milhões. Hoje, esse vínculo talvez seja a maior pechincha da NBA.

Os movimentos mais importantes da gestão, contudo, parecem ser aqueles que eles não fizeram. Para começar, deixaram que valiosos reservas como Jarret Jack e Carl Landry partissem, depois de eles terem se valorizado excessivamente em Oakland. Até que, no ano passado, resistiram bravamente à tentação de enviar Thompson para Minnesota, em troca de Kevin Love. Aqui não tem nada de sorte. Houve intensos debates a respeito, com Lacob pressionando para que levassem o negócio adiante, enquanto Jerry West era veemente contra, assim como Steve Kerr.

Kerr, aliás, é outra história. O estreante treinador estava apalavrado com Phil Jackson e o New York Knicks, mas o Warriors se movimentou apressadamente, com um certo desespero, para demitir Mark Jackson, apenas quatro dias após a derrota para o Los Angeles Clippers, pela primeira rodada dos playoffs. Jackson havia acumulado 121 vitórias e 109 derrotas no cargo. Era o treinador mais bem-sucedido do clube desde a primeira era Don Nelson. Uma decisão complicada, mas motivada pela quebra de confiança na relação entre a comissão técnica e a direção, mas também pelo feeling de que Kerr seria o homem certo para dar o próximo passo. Adiantando a fita um ano, não há muito o que contestar. A maré virou para o Golden State, e o torcedor mais fanático pode dizer que este é um karma dos bons, mais que merecido. Espiem novamente a lista acima e ousem discordar.

PS: Nesta quinta, a trajetória do Cleveland Cavaliers em torno de LeBron James.


O Indiana Pacers da depressão
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

Em baixo: Donnie Walsh e o proprietário Herbie Simon. Acima, vocês sabem quem. Todos chatiados

Em baixo: Donnie Walsh e o proprietário Herbie Simon. Acima, vocês sabem quem. Todos #chatiados

Apesar de este ser um blog e de o seu… blogueiro ter uma carreira toda (coff! coff!) construída na internet, venho por meio deste confessar minha ignorância digital. As coisas podem estar bombando na internet há um bom tempo, todo mundo já se matando de rir com a piada da semana, e o cara aqui, boiando geral nas redes sociais, sem entender nada do que está acontecendo. Como nos casos dos constantes “memês” – já foi um desafio entender o conceito. Dentre essas ondas, existe a expressão “da depressão”, né?

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Comunidade Ninja da depressão, pequeno polegar da depressão, ciclone da depressão etc. Esses, pelo menos, já se explicavam pelo nome, ao menos. De qualquer forma, nem sabia a origem do, hã, fenômeno. Coisa que o site da Vejinha SP, num serviço de (in)utilidade pública, nos conta.

Pensava que, a partir do momento que a bola subiu para a temporada 2014-2015, esse tema deveria ser limitado a um só time: o Indiana Pacers. Mas aí a gente vê a tempestade de lesões que abala o Oklahoma City Thunder e o pior início de campanha da história do Lakers, e o clube acabou aumentando por um tempinho. De qualquer forma, o simples fato de dois times surgirem para roubar até mesmo as manchetes negativas do Pacers só aumenta a fossa deles, não?

Quem aí está preparado para muito Donald Sloan na armação? É o que restou

Quem aí está preparado para muito Donald Sloan na armação? É o que restou

Estamos tratando de um clube  que foi sério candidato ao título da NBA nos últimos dois anos. Que, ao final da era LeBron em South Beach, poderia muito bem acreditar que era chegada a hora. Mas aí Paul George se arrebentou num jogo-treino besta da USA Basketball, Lance Stephenson se mandou para Charlotte, e toda a base promissora montada por Larry Bird e Donnie Walsh se ruiu. Sabemos bem que o Pacers tinha dificuldades para pontuar mesmo com os dois jovens alas no time. Sem as suas duas principais forças criativas, sobrou para George Hill, CJ Miles, Chris Copeland e Rodney Stuckey a coordenação e produção ofensiva? Argh.

Com Roy Hibbert ao centro do garrafão apoiado por David West,  George Hill pressionando qualquer armador que passe à sua frente, Solomon Hill batalhando por um futuro na liga nas alas e um sistema já bem engendrado, o Pacers poderia muito bem segurar as pontas pela defesa. Em seus primeiros quatro pontos, nem isso vem acontecendo, porém – não de acordo com o padrão que vimos desde que Frank Vogel foi empossado técnico.

Vogel, contrato renovado, time arrebentado

Vogel, contrato renovado, time arrebentado

Mais aí tem mais aaaargh: West torceu feio o tornozelo na pré-temporada,  G-Hill tem problemas no joelho e CJ Watson, no pé. É um trio que está fora de ação por tempo indeterminado, deixando a equipe num estado de calamidade.

Do ponto de vista de Vogel, demorou, mas ele ao menos teve seu esforço premiado com uma renovação contratual. Entre as boas notícias também consta o ressurgimento obrigatório de Copeland.

De qualquer modo, fazendo as contas aqui de baixas e reforços, o saldo é gravíssimo. Nem mesmo na pálida Conferência Leste dá para sonhar em competir por algo relevante. Muito provavelmente nem pelos playoffs. Então perdoem as lágrimas que escorrem desde Indianápolis. É deprê geral.

O time: mas que time?

A pedida: eles querem ainda uma vaguinha nos mata-matas, mas deveriam se concentrar, mesmo, na loteria do Draft.

(Bom, ok, ok, só para não deixar passar batido: Si Pacers vai tentar defender bem ainda, e para isso vai precisar de um Roy Hibbert muito mais motivado do que esteve no campeonato passado, com a cabeça em ordem. West e Hill precisariam voltar rapidamente, e bem. Copeland tem de de sustentar sua produção de início, acertando os chutes de longa distância ao lado de Miles e do croata Damjan Rudez. Stuckey precisa render vindo do banco. Enfim, são muitos “ses” para serem conferidos, gente.)

Chris Copeland, liberado para jogar e chutar. Valeu, Vogel

Chris Copeland, liberado para jogar e chutar. Valeu, Vogel

Olho nele: Chris Copeland. Enquanto muitos apostavam em Stuckey como o cestinha do time, suprindo a ausência de George e Stephenson, quem vem despontando como a principal arma ofensiva é o ala ex-New York Knicks, que tem qualidades interessantes, mesmo: o chute de longa distância bastante elevado combinado com um corpo esguio e veloz. O veterano havia sido posto de castigo por Vogel na temporada passada, meio que inexplicavelmente, para um time que precisava de mais arremessadores – ele poderia não ter a mesma consistência defensiva do resto da trupe, mas aí cabe ao comandante encontrar um equilíbrio entre os dois lados da quadra, não? Essa foi uma das falhas do técnico, que não conseguiu desenvolver uma segunda unidade consistente e produtiva, dependendo demais de seus titulares. Ver Copeland render neste ano é uma boa, mas ao mesmo tempo não deixa de ser mais um ponto deprimente para o clube, uma vez que o torcedor mais amargurado pode muito bem perguntar por que diabos eles tiveram de abraçar Rasual Butler nos playoffs.

Abre o jogo: “Vamos ser uma das surpresas da NBA. Esta equipe é capaz de fazer seu trabalho. Temos talento o suficiente para cumprir nossas metas e competir com os melhores. Não vamos complicar mais as coisas. Um banco de qualidade será uma grande parte de nosso sucesso este ano”, Frank Vogel, bastante otimista. Mas é preciso dizer: a declaração foi antes das lesões de West, Hill e Watson. A ideia do treinador é a de usar uma rotação mais extensa, com dez atletas, e ele vem fazendo isso, apesar dos desfalques.

Você não perguntou, mas… Roy Hibbert se reuniu com Kareem Abdul-Jabbar durante as férias por motivos de tutelagem, aconselhamento, ombro amigo e… filmes de ninja! Sim, sim. O legendário pivô, o maior cestinha da história da liga e hoje uma espécie de guru espiritual visitou Hibbert em sua casa, e os dois deram um tempo no divã para se divertir com pancadaria. Hibbert infelizmente não revelou os títulos assistidos. A história, todavia, nos remete a…

Jalen Rose, Indiana Pacers, card, 2000Um card do passado: Jalen Rose. Uma curiosidade a respeito do Pacers? Na história da franquia, quatro de seus atletas já foram eleitos aqueles que mais evoluíram numa temporada – o já prêmio de Most Improved Player. Esse quarteto foi apontado desde o ano 2000, com o ala-armador Rose puxando a fila. Na sequência, viriam Jermaine O’Neal (2002), Danny Granger (2009) e Paul George (2013). Hoje um popular comentarista da ESPN, Rose credita sua melhora em quadra exclusivamente ao seu trabalho com Larry Bird, então técnico da equipe que foi derrotada pelo Lakers na decisão (4-2). Para ter qualquer perspectiva de sucesso nesta temporada e justificar o otimismo de Vogel, o Pacers bem que poderia usar mais um salto de qualidade desses para qualquer um de seus atletas.


O que fazer com Lance Stephenson? É o dilema do Pacers
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Giancarlo Giampietro

Podemos tratar o confronto como algo ainda em aberto. Afinal, sempre existe a chance de o Indiana Pacers vencer mais um joguinho em casa, forçar o sexto jogo, e aí um cataclisma floridiano acontece, e aí… Jogo 7 em Indianápolis.

Ok, fica o registro.

Depois do que vimos nesta segunda-feira, difícil acreditar num desfecho desses, não?

Nunca diga nunca, mas, a essa altura, até mesmo um deprimido Larry Bird já deve estar pensando longe, no que fazer com o elenco para a próxima temporada, quais mudanças serão necessárias para que seu clube desbanque o Miami Heat, enfim, depois de falhar em três tentativas (já contando com essa). Dentre as muita questões que vão entrar em pauta em suas conversas com Donnie Walsh e o gerente geral Kevin Pritchard, a mais instigante e mais complicada tem dono. “O que diabos fazer com Lance Stephenson?”, terão de ruminar.

Dwyane Wade já sofreu com Stephenson, mas também já aprontou com ele

Dwyane Wade já sofreu com Stephenson, mas também já aprontou com ele

Estamos tratando de um cara cheio de surpresas e que, em uma temporada e meia, se transformou numa figura-chave do Indiana Pacers, e, ao mesmo tempo, uma das mais controversas da NBA. Ele foi de fenômeno no high school, a garoto problemático, a uma transição frustrada para o universitário, a aposta de Bird no segundo round do Draft, a reserva-no-fim-do-banco, a contribuidor, a titular depois da lesão de Granger, a candidato barrado do All-Star, a brigão com Evan Turner, a desafiador de LeBron James, a saco de pancada de LeBron James, a… Agente livre, aos 23 anos.

Pois é. O primeiro contrato do jogador está expirando em mais um momento de encruzilhada para aquele que afirma que já “nasceu pronto”.

O talento de Stephenson não se discute. O ala-armador é forte para burro, veloz, atlético, que corta para a cesta, assimila o tranco e consegue finalizar. Tem muita capacidade no drible, atuando como um facilitador no perímetro em jogo de meia quadra e rasgando a defesa em contragolpes. Essa habilidade se alia a uma visão de jogo acima da média – é quem melhor coordena o pick-and-roll no ataque do Pacers, isso se não for o único. Seu chute de três pontos ainda não tem o aproveitamento ideal, mas vem melhorando a cada ano. Bela combinação para alguém em evolução.

Agora, tem o outro lado da moeda. Stephenson tem números muito interessantes à primeira vista, tendo terminado a temporada regular com 13,9 pontos, 7,2 rebotes e 4,6 assistências – isso, jogando por um time que apenas trota pela quadra, ao contrário de um Philadelphia 76ers que infla as estatísticas com tanta correria. Nas métricas mais avançadas, que avaliam a eficiência do atleta, seu rendimento já não é tão formidável assim, estando apenas 0,7 pontos acima da média da liga.

Um tanto errático, ele pode exagerar em suas aventuras rumo ao garrafão, atirando a bola por cima da tabela. Tem uma tendência a se enamorar por seu arremesso de média distância ou com seus dribles marotos, sambando na frente do oponente até forçar o chute, não importando que esteja bem marcado. Pode por vezes tentar enxergar demais em quadra, passar a bola para o árbitro e cometer mais um turnover. E por aí vamos. São coisas que podem ser limadas. Afinal, é jovem e tende a melhorar com tudo isso, com o acúmulo de experiência.

Mas aí que chegamos ao grande problema. Vai melhorar, mesmo? Com Stephenson e seu temperamento ao mesmo tempo abrasivo e avoado, nada é garantido. Considerando os problemas que teve como adolescente, o nova-iorquno já deu uma boa acalmada fora de quadra, embora possamos imaginar que ele exija mais atenção dos treinadores e dirigentes aqui e ali – nem tudo o que rola nos bastidores vira público. De todo modo, com as questões do jogo,  já sabemos que ele ainda tende a se perder facilmente em imaturidade. Seu histórico diante dos astros do Miami Heat é uma prova disso.

Episódio 1: 2012, semifinais do Leste, quando Stephenson, então um reservão, faz sinais de que LeBron estaria amarelando depois de errar um lance livre. Juwan Howard dá um pito no rapaz no treino do dia seguinte, e o gigantão Dexter Pittman o acerta de maneira extremamente bruta no retorno a Miami.

Episódio 2: Stephenson conclui uma linda infiltração em duelo da temporada regular deste ano, se enrosca debaixo da tabela, sai fazendo pose e fala alguma bobagem na cara de Dwyane Wade, este, sim, malandro de tudo. Toma falta técnica e acaba excluído do final do jogo. O Pacers acabou vencendo, mas David West ficou pê da vida. “Ele precisa amadurecer. Ele tem de vestir calça de gente grande”, afirmou.

Episódio 3: seu time perde dois jogos seguidos para o Miami Heat pela primeira vez em dois anos, mas isso não impede Stephenson de sair por aí dizendo que havia entrado na cabeça de LeBron, que o fato de o Rei descer do pedestal para rebater suas provocações em quadra era “um sinal de fraqueza”. Nesta segunda, o ala terminou a partida com 9 pontos, 5 rebotes e  4 assistências. LeBron mandou uma linha de 32 pontos, 10 rebotes e 5 assistências para a galera, afirmando depois que achou graça e soltou um “tsc, tsc” esnobe daqueles, quando ouviu aquilo que pareceu uma piada do adversário.

Vejam. Nenhum crime foi cometido, não é é nada causar para espanto na comunidade. É bem normal que um bafafá desses aconteça. Stephenson não foi o primeiro, nem será o último a mexer com James. Os caras tentam de tudo, porque em quadra está difícil de segurar o homem.

Porém, levando em conta sua própria experiência contra os atuais bicampeões e o simples fato de seu time estar perdendo o confronto, seus comentários já foram arquivados imediatamente na pasta de tremendas bobagens. “Já enfrentamos Boston um monte de vezes, e eles sempre fizeram questão de ir além do basquete, sempre nos superando em jogos mentais e no jogo físico. Aprendemos que o único modo que os derrubaríamos seria na dedicação ao jogo de basquete”, afirma Dwyane Wade.

É, Stephenson, tem o Cole para provocar antes do LBJ

É, Stephenson, tem o Cole para provocar antes do LBJ

E, aliás, na hora de jogar basquete, o ala-armador por enquanto tem de se preocupar muito mais com Norris Cole e Ray Allen do que com LeBron. O armador topetudo do Heat infernizou a vida do titular do Pacers nas últimas duas partidas, atacando seu drible com ferocidade. E aí que está: Stephenson tem habilidade para seu tamanho, é um diferencial que ele oferece para a armação do time, mas, individualmente, não é nenhum Allen Iverson ou Carlos Arroyo, enfrentando percalços quando pressionado por alguém mais ágil. Em Miami, com o baixinho grudado a seus braços, seu rendimento despencou, comparando com o que apresentou em Indianápolis. Do outro lado, não é sempre que consegue perseguir um veterano 15 anos mais velho.

Sim, conforme dito: Stephenson ainda é um produto em formação. Com muito potencia, mas ainda com buracos em seu jogo que podem ser explorados por oponentes que não se perturbem com suas fintas e infantilidades.

Da sua parte, orgulhoso, o ala-armador afirmou que não se arrepende de nada do que tenha dito. “Tentei jogar bola, tentei irritá-lo, e acho que ele decidiu e conseguiu a vitória. Eu aguento as críticas, não tem problema”, afirmou. Para seus companheiros de equipe, contudo, as coisas não ficam desse jeito –  em mais uma manifestação pública de discórdia, com a preciosa química do início da temporada escoando sem parar pelo ralo.

Antes da terceira derrota na série, Paul George já havia se pronunciado de maneira ressabiada. “Ele está falando para o cara errado, latindo para a árvore errada. LeBron é desse jeito, se motiva a partir dessas coisas”, disse. “O Lance é um cara genuíno. Ele poderia às vezes ser mais modesto e manter as coisas entre nós.”

Depois do jogo, o ala já não foi tão dócil assim. “Sabe, o Lance é jovem, e essa foi uma lição. Tem hora que você apenas tem de controlar o que fala. Você está num palco grande. Tudo o que você diz vai ganhar um significado mais forte. Temos de ser mais espertos nessas situações, na hora de expressar nossas opiniões. Quando você provoca e se vê em um duelo, você tem de corresponder, tem de se garantir. Tenho certeza de que um monte de gente ia ficar ligado para ver o que Lance faria devido ao que ele disse.”

O armador George Hill, por outro lado, disparou: “Quanto mais a gente puder ficar quietos e apenas jogar bola, será melhor para nós”.

Momento de reflexão, Stephenson

Momento de reflexão, Lance. Sem arrependimentos

A cotação de Stephenson já vinha caindo – junto com a produção coletiva da equipe. Na final do Leste, ele escolheu a pior hora para relembrar o mercado sobre suas extravagâncias.

Ao final da temporada, pelo menos dez franquias estarão mais de US$ 12 milhões abaixo do teto salarial – o que não é o caso de Indiana, que terá algo em torno de US$ 66 milhões comprometidos para o ano que vem, caso decidam manter Luis Scola, enquanto as projeções de para a aplicação da temida luxury tax são para cada dólar gasto a partir dos US$ 77 milhões. Além disso, o time estaria obrigado a completar seu elenco com pelo menos mais dois contratos mínimos, o que elevaria a folha a US$ 70 milhões. Isto é, caso o versátil atleta aceitar uma proposta acima de US$ 7 milhões, o Pacers, uma franquia num dos menores mercados da liga, teria de arcar com as consequências financeiras para mantê-lo em sua base.

Dependendo do que LeBron, Wade e Bosh decidirem, a classe de agentes livres de 2014 não será das mais generosas. Temos Eric Bledsoe e Kyle Lowry como opções mais jovens entre aqueles que não têm restrição nenhuma, enquanto Pau Gasol e Paul Pierce puxam a fila dos velhinhos, e aqui, nem vale incluir Dirk Nowitzki, tá? Outros nomes: Greg Monroe, Rudy Gay, Zach Randolph, Gordon Hayward, Chandler Parsons, sendo que alguns deles são restritos, com seus respectivos times tendo a palavra final sobre qualquer negócio, e outros precisam exercer cláusulas contratuais para entrar na roda.

Quando muitos clubes têm grana para gastar e poucos craques estão ao seu dispor, é quando somos brindados com aqueles contratos atrozes, em que os agentes extorquem os dirigentes com sadismo. Nesse contexto, o ala-armador do Pacers aparece como uma opção intrigante, ainda que de risco.

A cada bandeja espetacular, alternada com uma presepada no Jogo 5, é para se pensar bem sobre o que vem por aí com Stephenson. O Pacers já apostou no atleta uma vez e, no custo x benefício, saiu ganhando. Até aí, era fácil, já que ele recebeu apenas US$ 980 mil de salário neste ano. Para seu próximo contrato, no entanto, a expectativa é de um valor muito maior que essa… Hmm… Mixaria.

Alguém vai se candidatar a tentar domar a fera, a refinar seu talento, torcendo para que seu comportamento se amanse a cada página de calendário dispensada? Segundo os setoristas norte-americanos, há diversos clubes realmente preocupados com isso. Até que ponto a franquia está disposta a pagar para ver?

Bem que Larry Bird gostaria de adiar essa decisão. O presidente do clube preferiria fazer projeções sobre sua equipe, sobre como os Pacers se comportaria contra Spurs, ou Thunder – mas isso já parece muito distante. Em sua curva ascendente e sinuosa, ainda não chegou a hora de Stephenson encarar LeBron.


Miami força o impossível: Scola estremecer em quadra
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Giancarlo Giampietro

É difícil saber quem fica mais perplexo ao assistir a um Luis Scola completamente estremecido contra o Miami Heat na final da Conferência Leste da NBA. Certo é que os dois terão um nó na cuca daqueles.

O argentino, claro, do seu canto vai se assustar, mas não deve perder a ternura. Nem tem como. Agora, do lado brasileiro, daquele que já se cansou de tomar marretadas na cabeça, para o qual o camisa 4 acabou se tornando o maior símbolo de uma geração brilhante e impiedosa, imagino os mais diversos sentimentos.

Scola fica livre, mas não converte a bandeja. Pressão total

Scola fica livre, mas não converte a bandeja. Pressão total

Aqueles que pendem propensão maior a espírito de porco devem estar se divertindo à beça, chorando de rir no sofá. Outros, podem ficar indignados: “Tá vendo!? Não é impossível marcá-lo! O cabelo já era!”, berrando, para nenhum Rubén Magnano ouvir. Dá para imaginar também aquele cara mais desiludido que toda essa penitência por que passa o argentino vai deixá-lo ainda mais motivado para o Mundial, e aí sai da frente…

Independentemente de qual for a sua impressão, meu senhor e minha senhora, não vai aliviar o que já se passou nos últimos clássicos sul-americanos. E podem ter certeza de quem está sofrendo mais é o próprio Scola, um cara que não está habituado a ser tratado desta maneira em quadra. Geralmente ele é o cara a ditar as regras. Vocês bem sabem.

Mas é isso que a turma de Erik Spoelstra faz. Essa situação automaticamente  nos remete ao que aconteceu com Tiago Splitter no ano passado, não? Agora é a vez de seu ex-companheiro de TAU Cerámica claudicar ao encontro dessa defesa superatlética e agressiva. Por mais inteligente e experiente que seja o personagem, se a sua tendência é jogar de pés no chão, sem voar em direção ao aro, chega uma hora que os caras de Miami entram em sua cabeça. Nesse sentido, Roy Hibbert é uma exceção – além de ser muito mais alto e comprido.

Nesta terça, Scola hesitou sem parar na hora de atacar, com receio de soltar suas tradicionais bombas de média distância. Contentava-se em fazer a finta apressada, passar desajeitado por baixo do marcador que saltava para engoli-lo vivo. E toca passar para o lado, para trás, passar para onde quer que seja possível, com a bola pelando em suas mãos. Passes inseguros, mal direiconados, que não saíam do modo que se espera para alguém com tanta habilidade nas mãos e munheca. O chute, quando tinha coragem para arriscar, era precipitado, sem elevação nenhuma.

Foram 11 minutos no total para este campeão olímpico, apenas uma cesta de quadra em seis tentativas. Nenhum rebote. Uma assistência. E duas faltas. Fosse uma noite isolada de acidentes, tudo bem. Acho. Mas, se o Pacers venceu bem o Jogo 1, não foi por causa de Scola – sua produção também foi pífia, com dois pontos e cinco rebotes em 14 minutos, acertando apenas 1 de 3 arremessos.

Vamos além: nas últimas cinco jornadas, suas médias são de 2,6 pontos e 2 rebotes, em 10,4 inutos, com 27,8% de aproveitamento nos chutes. Imagine o drama para Júlio Llamas de aguentar a uma atrocidade dessas.

E faz como para brecar um cara desses?

E faz como para brecar um cara desses?

Na defesa, em marcação individual, a arrastada movimentação lateral do pivô, aod 34 anos, fica muito mais exposta diante dos arroubos dos armadores e alas do Miami. O veterano não consegue bloqueá-los, muito menos acompanhá-los uma vez que passam pelo corta-luz, avançando em direção ao garrafão. Haja cobertura para interditar essa avenida.

Se a diretoria do Pacers fez seu dever de casa antes de acertar a troca pelo argentino, obviamente sabia dessas limitações de mobilidade. Os cartolas só esperavam que seu empenho nos rebotes e habilidade ofensiva compensassem., para liderar a segunda unidade e dar um merecido descanso a David West.

Aconteceu raramente durante a temporada, e todos esperavam pacientemente que Scola viesse para o jogo nos mata-matas. Nos respingos da temporada regular em abril, sua produção até parecia direcionada para isso, com 11,6 pontos e 5,3 rebotes em 19 minutos, com 55% de quadra. Que nada.

Contra o Hawks, o pivô até conseguiu dois bons jogos no início da série, mas, depois, acabou banido da rotação, sem conseguir encontrar um bom matchup – ficou em quadra por apenas oito minutos no Jogo 5 e nem tirou o agasalho nos duelos seguintes. Depois, contra os veteranos pivôs do Wizards, num embate aparentemente favorável, a mesma história: ganhou minutos na abertura, mas terminou jogando apenas 27 minutos entre as quarta e sexta partidas. E cá estamos, acompanhando uma rara e prolongada draga para um atleta tão regularmente eficiente.

Por essas e outras, experimente dar uma busca no Twitter por “Luis Scola” ao final dos jogos. A coisa fica feia. Ao menos não esbarrei em muitos palavrões, mas dá para dizer que o cabeludo não está na lista dos queridinhos do público em Indianápolis – ou de qualquer um que esteja torcendo contra o Miami Heat. Para muitos, já está mais para um vilão bastante maligno.

Quem diria, né?

Quando o Indiana fechou a transação com o Phoenix Suns lá atrás, Larry Brid foi incensado por 95% da crítica (sim, sim, estamos quase todos nessa). Aí que não só o argentino vem tendo este ano miserável, como Gerald Green e Miles Plumlee chocaram a Costa Oeste, e o clube do Arizona ainda terá de brinde a 27ª escolha do Draft deste ano. Vixe.

A ideia era que o banco, tão fraco no ano passado, ganharia mais um cestinha respeitável, ao lado de Danny Granger. Chegaram ainda CJ Watson e Chris Copeland. O time curava sua principal deficiência, abastecendo uma segunda unidade fraquinha que só.

Rasual Butler, mesmo? Miami, seu ex-time, também não acredita

Rasual Butler, mesmo? Miami, seu ex-time, também não acredita

Depois de tanto chacoalho no mercado – algo que continuou fazendo ao ir atrás de Bynum e Turner, agitando demais a química de sua equipe –, Bird só não poderia imaginar que o veterano Rasual Butler (seis pontos em oito minutos) seria seu melhor reserva em quadra no segundo jogo da aguardada série contra seus grandes rivais. Butler que, para muitos, já foi dos piores jogadores da liga nas últimas temporadas e que precisou apelar e disputar a liga de verão de Orlando este ano para se manter empregado.

Para CJ Watson, o bom senso pede um desconto. O armador, substituto do antes famigerado DJ Augustin (é, o Thibs também sabe cuidar dos atletas no ataque…), teve uma partida péssima (0/4 FG, três rebotes e só), mas fez uma boa temporada. De Ian Mahinmi, não se pode exigir muita mais do que alguns rebotes e umas trombadas.

Com a garganta inflamada, Evan Turner até estava liberado para jogar, mas não é que Frank Vogel estivesse desesperado para reinseri-lo em sua rotação. Sua contratação foi um grande erro de cálculo de Bird. O ala simplesmente não combina com Paul George e/ou Lance Stephenson em quadra.

Depois de Plumlee, mais uma de suas escolhas de primeira rodada mal pisou em quadra. Dessa vez foi o ala Solomon Hill, um novato de 23 anos que teoricamente estaria mais bem preparado para jogar do que um molecote de 19, mas que nem relacionado para a partida estava.

No calor de mais uma dura série contra o Heat, porém, não é para Hill ou Butler que os torcedores vão olhar. Scola chegou com enorme expectativas e custou caro. Para um vencedor como ele, é de se esperar que encontre alguma solução para o terror que vem pela frente, a não ser que Vogel já opte por Chris Copeland em sua vaga a partir do Jogo 3. Enquanto os times não voltam para quadra, ficam todos em suspense e boquiabertos, um tanto incrédulos: a rapaziada de Indianápolis, mas também os argentinos e brasileiros.


Larry Bird não pára quieto, e agora Evan Turner que se vire
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Giancarlo Giampietro

Danny Granger e Evan Turner estrelando em... A Troca

Danny Granger e Evan Turner estrelando em… A Troca

Evan Turner foi o número dois do Draft de 2010, logo abaixo de John Wall e oito postos acima desse tal de Paul George. Depois de construir uma sólida carreira por Ohio State, evoluindo a cada temporada, o ala era visto como um tiro certo naquele recrutamento: alguém que chegaria para resolver no perímetro. No fim, se tornou mais uma de uma longa lista de segundas escolhas que não renderam conforme o esperado em seus primeiros anos de carreira.

Está certo que, em Filadélfia, ele nunca encontrou a situação certa para por em prática suas habilidades. Jrue Holiday, Andre Iguodala e, agora, Michael Carter-Williams são todos atletas que curtem dominar a bola, criando por conta própria ou para os companheiros. Sim, exatamente o que Turner mais gosta de fazer.

Agora… Se o ala enfrentou dificuldades, isso também pode indicar que encara o jogo de uma forma limitada, sem conseguir se adaptar ao que está ao redor. Basicamente, por não se movimentar da maneira adequada fora da bola e ser (ainda!) um péssimo arremessador de longa distância. Além do mais, com um ou dois passos dentro do zona interior, continua sem fazer lá muita coisa:

Nesta temporada, Turner atingiu a média da liga (amarelo), no máximo, em dois quadrantes

Nesta temporada, Turner atingiu a média da liga (amarelo), no máximo, em dois quadrantes

Agora, pior, mesmo, é ver que nem próximo da cesta ele consegue usar sua envergadura e altura para finalizar com precisão. No fim, parece que a única jogada saudável para o atleta, no momento, é uma semi-infiltração pela direita, brecando para o chute em elevação. Muito pouco, para alguém supostamente tão talentoso e com tanto volume de jogo. Sua capacidade no drible é indiscutível, algo que pode encantar e, ao mesmo tempo, iludir – o quanto de produção sai dali?

Turner e seu arremesso tenebroso. Com a mão esquerda, parece que está bloqueando a si próprio

Turner e seu arremesso tenebroso. Com a mão esquerda, parece que está bloqueando a si próprio

Além do mais, considerem que o Sixers foi o time que mais correu nesta temporada, com média superior a 102,5 posses de bola por partida (comparada com as 96,1 do Pacers). Na correria, a ideia é pegar as defesas menos preparadas, armadas para a contestação de seus arremessos. Ok, funciona bem melhor quando se tem um Steve Nash na condução dos contragolpes, mas o fato é que Turner só usou esse ritmo acelerado para inflar suas estatísticas (mais ritmo, mais posses de bola, mais arremessos…), sem nenhum acréscimo em aproveitamento. Ele tem médias de 17,4 pontos, 6 rebotes, 3,7 assistências, mas ainda, em termos de eficiência, segue abaixo da linha mediana da liga.

Aos 25 anos, fica a dúvida sobre o quanto pode evoluir ainda. De todo modo, se Larry Bird decidiu apostar (mais uma vez!), quem é que vai duvidar? Fica a expectativa agora sobre como Frank Vogel vai usar Turner em sua rotação, uma vez que Paul George e Lance Stephenson são tão ou mais controladores do que Jrue, Iggy ou MCW – e colocar Tuner ao lado dos dois diminuiria, e muito, o espaçamento de quadra, limitando os ângulos para as infiltrações dos dois jovens astros.

Talvez os diretores do Pacers confiem no seu programa de desenvolvimento de talentos – e pensem no cara como um plano B para o caso de perderem o futuro agente livre Stephenson ao final da temporada. Talvez queiram Turner para diminuir um pouco a carga de minutos de George e Stephenson nesta reta final antes dos playoffs.  Ou talvez a troca só diga algo significativo, mesmo, sobre Danny Granger.

O veterano havia disputado apenas cinco partidas no campeonato passado. Demorou um tempão para voltar nesta edição, com problemas no joelho. O clube aguardou exatamente 29 jogos para ver se ele conseguia, de alguma forma, relembrar ao menos 60% do que foi no passado – no auge, em 2009, foi um All-Star. Provavelmente seria o suficiente para lhe manter como sexto homem, completando a rotação de perímetro fortíssima. Não aconteceu – e, na avaliação da franquia, fica evidente, não vai acontecer tão cedo.

É muito vermelho para o gosto de quem luta pelo título

É muito vermelho para o gosto de quem luta pelo título

O ala conseguiu, de alguma forma, abaixar sua média nos arremessos de dois e três pontos, seja pelas métricas mais tradicionais ou pelas ditas avançadas. O aproveitamento de 33% nos disparos de fora ainda é superior ao de Turner, mas não o suficiente para convencer Bird a mantê-lo na base, ainda mais com a mobilidade bastante limitada e a incapacidade de produzir rumo ao aro.

Como o legendário Bird já disse, é tudo ou nada para o Pacers este ano. Se Granger não estava preparado para ajudar a equipe nos próximos meses, especialmente a partir de abril, que tentassem outra direção – ainda que estranha, a princípio. Com o título e só o título como plausível meta, qualquer noção de lealdade pelos serviços prestados vai para o espaço. Bye, bye, Danny, foi bom enquanto durou.

Granger vai se apresentar ao Sixers nos próximos dias. Sua turma já está espalhando na imprensa que seu desejo é apenas assinar a papelada e rescindir o contrato, para ficar livre e beliscar uma vaguinha em outro concorrente ao título. Estão de olho: Thunder, Spurs e… Heat  que, glup!, acabou de despachar Roger Mason Jr. para Sacramento justamente para abrir uma vaga em seu elenco.

Só faltava oa ala seguir Ray Allen e se mudar para South Beach. Teoricamente, um movimento muito improvável. Seu relacionamento com George, David West, demais companheiros e membros da comissão técnica é hoje ainda muito mais amistoso do que o do chutador com Boston. Na sua despedida, por exemplo, fez questão de abraçar um por um que estava presente no ginásio. Agora imaginem se acontece? Como se a eventual disputa Miami x Indiana precisasse de mais ingredientes picantes…

De qualquer maneira, para um time que está no topo da Conferência Leste – agora bastante pressionado, é verdade –, o Indiana ainda se mostra irrequieto, se mexendo sem parar, tentando achar a combinação perfeita para destronar os LeBrons. Vamos ver se Evan Turner se encaixa nessa. Ele vai ter de se virar. A essa altura, seu status de número dois do Draft já não serve mais para nada.

(PS: sobre o pivô Lavoy Allen, não há muito o que dizer. Só deve entrar em quadra no caso de alguma gripe suína se espalhar por Indianápolis.)


Andrew Bynum, a aposta enigmática de Larry Bird
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Giancarlo Giampietro

Bynum x Bosh: algo para se ver nos playoffs? E aí, Bird?

Bynum x Bosh: algo para se ver nos playoffs? E aí, Bird?

Quando o Indiana Pacers avançou rapidamente com a contratação de Andrew Bynum, não foram poucos os que entenderam o acerto como uma medida preventiva por parte atual líder da Conferência Leste. Prevenção em muitos sentidos, dentre os quais se destacaria sorrateiramente a intenção de tirar o pivô da alçada do Miami Heat. Poxa, os caras já estão se virando com o Greg Oden – qual o motivo, então, de dar a Pat Riley a chance de reabilitar dois gigantes talentosos?

Larry Bird, o Jesus do basquete em Boston e chefão do Pacers, não achou a menor graça nessa lógica. Ao menos foi o que disse: “Não temos dinheiro para jogar fora assim e deixá-lo sentado no banco. Essa talvez seja uma das coisas mais estúpidas que já ouvi”.

Se ele está falando, quem somos nós para discordar, né? Mesmo que a cada jogo entre Indiana e Miami as coisas fiquem mais quentes, na esteira de dois confrontos eletrizantes em duas temporadas seguidas pelos playoffs da liga, com os treinadores e jogadores falando abertamente sobre cada elenco/time está moldado para bater o outro…

Mas tudo bem. É o que está colocado publicamente. E, de qualquer forma, Bird menciona algo indiscutível: a despeito da capacidade que a franquia tem para competir pelo topo no Leste, o Pacers está bem distante da elite em termos de arrecadação. Eles até se viram com boa administração, algumas apostas certeiras no Draft e um programa sólido de desenvolvimento dos atletas. Só não dá para fazer aviãozinho com notas de cem e distribuir em seja lá qual for a praça central de Indianápolis.

Agora, mesmo que a ressalva do legendário ex-jogador seja aceita, diante dessa lógica de economia apertada, a pergunta ainda se faz necessária: se não podem queimar a grana, vale, ao menos, apostar?

Porque Bynum, a essa altura, é, sim, uma aposta. De um milhão de dólares.

* * *

Orgulhoso, Andrew Bynum fez questão de espalhar a informação por toda a NBA: ele não assinaria contrato algum que fosse pelo salário mínimo da liga. Mesmo que estivesse desempregado, dispensado imediatamente pelo Chicago Bulls, depois da troca por Luol Deng. Mesmo que já tivesse embolsado US$ 6 milhões na temporada, para ficar em quadra exatamente por 420 minutos pelo Cavs – fazendo as contas, dá mais de US$ 14,2 mil a cada 60 segundos de jogo.

Podem falar que o cara é um sanguessuga, mercenário, depravado, o que for. Mas, assim como Kobe se recusou a ganhar menos em sua extensão contratual, para teoricamente ‘ajudar’ o Lakers, Bynum simplesmente não aceitou ganhar o piso – que é, por exemplo, o que o Phoenix Suns vai pagar a Leandrinho pelo restante do campeonato.

Típico. De jogador mais jovem da história da liga a pivô dominante, passando por muitas lesões e lições desde que foi selecionado pelo Lakers no Draft de 2005 – o último em que foi permitida a entrada direta dos adolescentes de high school e no qual foi ensanduichado, acreditem, por Ike Diogu e Fran Vázquez! –, o pivô se firmou como um dos personagens mais singulares numa liga CHEIA desses tipos. Até mesmo Phil Jackson se viu encafifado em diversas ocasiões tentando entender o sujeito.

Bynum e um de seus possantes

Bynum e um de seus possantes

Quando Bynum foi afastado pela diretoria do Cleveland Cavaliers nesta temporada, o Mestre Zen, mesmo depois de alguns anos separado do jogador, propenso a reflexões sobre o Cosmo e a Vida, não foi capaz de avaliar com propriedade o que se passa com o cara. “Fico relutante em julgar as intenções dele no basquete. Ele é um homem com muitos interesses e que tem uma vida fora do jogo”, disse. “Mas ele gosta de competir.”

Na época, para tentar limpar a barra de tantas calças enlameadas, diretores e treinadores do Cavs vazaram descaradamente diversas informações (ou “opiniões” travestidas de fatos) sobre como o pivô era uma figura apática no cotidiano da equipe e de como já não parecia ter mais o mínimo desejo de estender sua carreira. Coincidentemente ou não, foi a mesma linha de raciocínio que o seguiu durante sua passagem patética pela Filadélfia, cuja única contribuição para o Sixers só foi a estética capilar diversificada do lado de fora da quadra.

E vale a ênfase no “fora de quadra”, aliás. É o que mais se ouve sobre Bynum, como o próprio Jackson ressaltou.

É bastante curiosa, aliás, a reação generalizada aos “interesses do jogador para além do basquete”, como um viés crítico – obviamente não é o caso do treinador mais vitorioso da liga, que sabe muito bem: nem todos são maníacos feito Kobe Bryant. De qualquer forma, para aqueles de visão mais cerrada, é como se um advogado ou um dentista não pudessem pensar em outra coisa que não a lei, contratos, cáries e resina.

Um perfil da Sports Illustrated (daqueles imperdíveis, clássicos a partir da impressão) já detalhou suas diversas paixões. Como carros e o automobilismo em geral, por exemplo. Suspeita-se que, no mundo da NBA, talvez seja um dos poucos que acompanhe a Fórmula 1 para valer e vá identificar Rubens Barrichello numa pista de esqui em Aspen. Sabemos que ele também gosta bastante de futebol e já chegou a adiar uma importante cirurgia para acompanhar a Copa do Mundo de 2010 de perto – aí, sim, o Mestre Zen ficou fulo da vida.

O quanto essas coisas servem como distração? Ou, por outro lado, o quanto a “mente aberta” de Bynum poderia ajudá-lo a prosperar em sua profissão de verdade?

Kareem Abdul-Jabbar – 1) o maior cestinha da NBA; 2) ex-assistente do Lakers pessoal para Bynum; 3) co-piloto de aviões nas horas vagas – tenta nos ajudar a entender um pouco mais sobre isso. “Quando trabalhei com Andrew, eu o descobri como alguém brilhante e dedicado, mas que se entendiava com a natureza repetitiva do trabalho com os fundamentos do basquete, algo muito importante para que ele fosse bem-sucedido”, disse. “Na minha opinião, Andrew é o tipo de pessoa que tem uma batida diferente, é como se fosse um ‘baterista diferente’. Então não vamos saber os fatos até que Andrew decida nos dizer exatamente qual o problema (em Cleveland) e que compartilhe seus pensamentos a respeito.”

Abdul-Jabbar e o poder da mente com Bynum

Abdul-Jabbar e o poder da mente com Bynum

Quem também pode contar um pouco mais sobre o “homem Andrew Bynum” é Darvin Ham, alguém com um currículo muuuuuito mais modesto que o de Jabbar, mas que sempre foi daqueles jogadores prediletos dos técnicos por onde quer que tenha passado e que trabalhou como seu treinador da mesma forma. “Realmente passei muito tempo com ele em sessões de um contra um e também fiquei em trabalhos de grupo. Ele não é, mesmo, um cara que cria problemas. Ele apenas quer ficar sozinho, na dele, jogando basquete. Simples assim”, disse o hoje integrante da comissão técnica do Atlanta Hawks.

“Ele é um cara inteligente. Tem essas ideias sobre novas maneiras de treinamento. Umas coisas que ele sugeria para mim. Tivemos uma chance de conversar nas últimas férias, e ele simplesmente me deixou embasbacado pelo nível de como ele pensa as coisas”, continuou Ham.

Daí que ele foi questionado sobre quais técnicas novas seriam essas para se trabalhar com jogadores ou pivôs? “É uma atividade de ninja que poucos já viram e que ninguém dominou ainda. Vamos colocar as coisas desta maneira. E ele foi um dos melhores pupilos nisso. Abraçou isso totalmente.”

Técnicas ninja completamente secretas?!

Calma, não se assustem, pede o assistente do Hawks.

“É uma pena que ele tenha passado por tantos problemas físicos, mas agora estou feliz. Fico feliz de ver que alguém se prontificou a seguir em frente e foi atrás dele. No ambiente certo, mas sem querer dizer que outro lugar era o ambiente errado… Quando ele está focado, ele se foca de verdade.”

*  *  *

Larry Bird, seja na versão de jogador, técnico, dirigente, comentarista ou amigo de bar, é daqueles que não alivia em nada. Sai falando “verdades” na fuça de qualquer um. Obviamente, ao negociar com o pivô e seu agente, deve ter exposto quais condições ou tipos de conduta que não serão aceitas em seu quintal. Definitivamente não vai tolerar muito do que se ouviu sobre seus maneirismos em Cleveland.

Segundo consta, Bynum por diversas vezes entrou em conflito com Mike Brown e seus assistentes, sem aceitar bem o que se passava em quadra. Desafiava a comissão ao quebrar jogadas e rotações defensivas nos treinos. Ficava com cara de poucos amigos no banco ou no vestiário. Esse tipo de coisa que irrita no dia a dia.

Bynum gostava, ou não, de treinar com o Cavs? Dava trabalho?

Bynum gostava, ou não, de treinar com o Cavs? Dava trabalho?

Agora, também é preciso dizer que, no Cavs, o grandalhão não era o único resmungão ou forrrgado a atrapalhar a pretensa arrancada do time rumo aos playoffs. Bynum já foi dispensado, Deng chegou para tentar ensinar boas maneiras aos rapazes, e as derrotas não pararam de acontecer. Na mais recente visita desta cambada a Nova York, consta que diversos jogadores caíram na noite ao lado de JR Smith – e de quem mais, oras? – na véspera da partida. Tomaram mais uma sova daquelas (21 pontos).

As coisas estão pegando fogo por lá. O gerente geral Chris Grant foi demitido. Os rumores não cessam. O Akron Beacon Jorunal publicou que, “se não acontecer nenhuma virada significante antes da data final para trocas, este elenco vai passar por uma reformulação”. Para quem tiver um tempinho sobrando e o mínimo de interesse sobre o inferno que ronda Anderson Varejão, também vale a leitura. Dion Waiters, o talentoso e tinhoso ala-armador, já estaria nas últimas, com um temperamento de supercraque e produção extremamente irregular que alienam qualquer um. Mas até mesmo o queridinho Kyrie Irving também não passa despercebido. “Seu comportamento tem irritado companheiros e outros membros da organização”, diz a reportagem. Sim, Luol Deng não poderia estar mais deslocado.

Esperava-se que Irving e Waiters, pelo prestígio com que chegaram na NBA, seriam dois jogadores a liderar uma reação do Cavs, que colocariam fim ao luto pela partida de LeBron James – e seus talentos – para a Flórida. Em vez disso, os corajosos torcedores da combalida franquia são obrigados hoje a ouvir Bynum falando este tipo de coisa: “Não é que não tenha dado certo. Aconteceu apenas que a atmosfera por lá não era daquelas que promovem energia positiva”.

Agora bem distante desse ambiente, num time muito mais sereno e que é sério candidato ao título, o pivô tem a chance de recuperar sua imagem, já arranhada pelo ano sabático que passou em 2012-2013 e por algumas intempéries que deixavam Kobe e Gasol malucos em Los Angeles.

*  *  *

Você pode apelar aos números, pode passar horas e horas diante da TV ou laptop, vendo basquete que não acaba mais. É assim que se entende e se ama o jogo. Mas, para um time prosperar, as ações que se passam longe das câmeras e calculadoras também são igualmente importantes. A famosa química fora de quadra. A cultura de vestiário.

Na construção do atual elenco, Bird, traumatizado pelos assustadores acontecimentos em Auburn Hills há mais de dez anos, enfatizou por anos e anos a contratação de sujeitos de “bom caráter”, “comprometidos com o clube a comunidade” e tudo isso. Mesmo que custasse o desmanche de uma base muito talentosa e que tivessem de passar por um longo processo de reformulação, foi por esse caminho que ele seguiu. Acostumada a jogar os mata-matas desde os tempos de Reggie Miller novato, a equipe chegou a ficar quatro anos fora dos playoffs na década passada. Foi preciso paciência.

Paul George tinha apenas 14 anos quando Artest e Ben Wallace quase fizeram David Stern infartar. Há um distanciamento claro aqui. Mas o progresso que testemunhamos tanto do ala como de Roy Hibbert e Lance Stephenson tem influência direta desse trabalho que Bird desenvolveu a partir de 2005. Assim como a composição de uma das melhores defesas de todos os tempos. Não se trata de mera falácia. Para se armar um paredão desses, é preciso que um atleta cubra o outro, e isso vai além de conceitos táticos, embora Frank Vogel ainda não receba os créditos devidos pelo que armou. Fato é que, todavia, neste plano de longo prazo, a franquia juntou aos poucos as peças que formam o timaço de hoje, tendo sempre em vista uma só diretriz pessoal.

Para os que cobrem regularmente o Pacers 2013-14, a sinergia no discurso dos jogadores e a camaradagem entre eles são grandes marcas e se impõem jogo após jogo, treino após treino. Não que sejam todos santos. Stephenson já aprontou das suas, inclusive como um reservão há dois anos no primeiro grande embate com o Heat, provocando LeBron James. Agora uma figura importantíssima para o time, o ala-armador se acalmou.E muito disso tem a ver com o contato diário com Bird e jogadores bastante sérios como David West e Luis Scola, entre outros, que metem medo ao seu jeito. As costelas dos adversários têm marcas a respeito.

É nesse contexto que a enorme e controversa figura de Bynum será inserida. Nem mesmo nos tempos de títulos com o Lakers o pivô teve contato com um ambiente regrado, controlado desses. Como vai reagir? E, talvez mais importante, como os donos do pedaço encaram sua chegada?

George x Granger: disputa só no game no vestiário do Pacers

George x Granger: disputa só no game no vestiário do Pacers

Paul George foi o mais receptivo, durante a repercussão da negociação, embora colocando uma ou outra vírgula aqui e ali. “Não dá para deixar passar um talento gigante desses, e espero que ele seja capaz de nos ajudar, vindo com uma atitude para aceitar nosso programa”, afirmou o jovem astro. “Ele vai ter de provar muita coisa para si mesmo, se ele quer jogar, ou não. Se ele vier pronto para isso, pronto para trabalhar bastante, realmente acreditando em nosso programa, não temos nenhum problema de tê-lo por aqui. Esperamos que, no segundo em que ele entrar no vestiário, que todos o recebam de braços abertos e que ele sinta a química da equipe. Temos um grupo muito próximo aqui. Vamos saber de cara se ele está comprometido conosco, ou não.”

Não parece, realmente, um discurso de irmandade? Seria Bynum capaz de aprontar tanto a ponto de bagunçar com isso? Seria dispensado de imediato, ao menor sinal de alerta?

David West e George Hill, por exemplo, não quiseram falar de imediato sobre o assunto. “O que o Larry disse? Se você tem alguma questão, vá perguntar para ele, ou Frank”, afirmou o ala-pivô. “Pergunte para o Frank”, reforçou o armador, em contato com o Star, de Indianápolis.

Bem, Frank Vogel, aquele que vai tentar fazer o que Mike Brown fracassou em duas ocasiões – dobrar Bynum –, estava bem mais sorridente que seus atletas. “Ele sabe que aqui é o lugar certo. Acreditamos também que oferecemos o lugar certo para ele. Ele expressou (durante as tratativas) que quer se encaixar no time, e essa foi a palavra que queríamos ouvir, considerando nossa mentalidade de que o que conta primeiro é o time”, afirmou.

Tudo isso é muito bacana, mesmo, mas não impediu que o próprio Vogel ligasse com urgência para Brian Shaw, seu ex-braço direito e outro a trabalhar no Lakers com Bynum, para se informar mais a respeito do grandalhão antes que qualquer cheque fosse assinado. Qual foi a resposta?

“Acho que muito do que se fala sobre ele… Ele é um bom sujeito. Não é má pessoa”, disse.

(Parêntese 1: Reparem que, tal como Darvin Ham, Shaw interrompe seu discurso e redireciona a frase para algo mais direto.)

“Acho que ele passou por algumas situações em qe ele realmente não respeitava o treinador e o programa.”

(Parêntese 2: Essa foi uma baita espetada em Mike Brown, e vale relembrar que muitos esperavam e/ou torciam para que Shaw fosse contratado como o sucessor de Phil Jackson no Lakers… Mas continuemos.)

“Sei que, em sua vida pessoal, ele vem lidando com algumas coisas com sua mãe. Então ele ficou meio que distraído, o que é algo você espera, levando em conta essas coisas.”

*  *  *

No release para anunciar a contratação, a equipe de comunicação do Pacers fez questão de incluir esta frase aqui do bebezão: “Será ótimo ficar na reserva de Roy, e eu farei qualquer coisa para ajudar este time”. Bem conveniente, né? Que gesto bonito. “Não foi uma decisão difícil. Acho que é o lugar certo para mim e, com toda a honestidade, acredito que temos a melhor chance para vencer.”

Ok, vamos dar um voto de confiança, então. Que ele se dedique ao máximo e desencane de jogar boliche com o joelho estourado. Já ajudaria bastante. Mas, pensando em quadra, que tipo de Bynum vai se apresentar em Indiana?

Sonhar com seus números e atuações dos bons tempos de Los Angeles Lakers, quando chegou a ter médias de 18,7 pontos e 11,8 por jogo, parece delírio. Mas será que, num time muito mais bem estruturado, ele consegue render (muito) mais do que fez em pouco tempo de Cleveland? Bird e Vogel esperam que sim. Porque o que ele apresentou nos primeiros meses da temporada não deixa muita gente animada, não. Vejamos, por exemplo, seu aproveitamento ofensivo:

Em uma palavra: desastre. Bynum teve muita dificuldade para converter seus arremessos de perto da cesta, como as manchas vermelhas mostram no gráfico

Em uma palavra: desastre. Bynum teve muita dificuldade para converter seus arremessos de perto da cesta, como as manchas vermelhas (abaixo da média da liga) mostram no gráfico

Agora, segue seu quadro de arremessos na temporada 2011-2012:

Em 2011-2012, sua última temporada inteirona, o vermelho se espalha por todos os lados, mas próximo da cesta, a área mais importante, vemos um aproveitamento muito melhor. Muito melhor

Em seu último campeonato em que estava inteiro, ou algo perto disso, o vermelho se espalha por todos os lados, mas próximo da cesta, a área mais importante de atuação, vemos um aproveitamento muito superior.

Além de ser muito mais eficiente nas finalizações próximo da cesta – quem não se lembra das ponte aéreas de Gasol para o cara? –, é importante comparar a diferença  no volume de chutes de média distância entre os dois gráficos, constando-se um padrão de jogo bem diferente . Sem explosão ou mobilidade, Bynum se viu afastado do garrafão. Mas, mesmo ali perto, não foi nada ameaçador. Na defesa, ele pode ficar ainda mais exposto a jogadas em pick-and-roll, sem conseguir se deslocar adequadamente para o lado, e, de certa forma, precisará ser protegido pelo sistema, sem precisar subir tanto em quadra.

Em termos estatísticos, suas médias despencaram tanto do ponto de vista de índices de eficiência (que podem ser comparados aos de seu segundo ano na liga, quando tinha apenas 19 anos) como nas projeções de produção por minuto. Definitivamente não estamos mais diante de uns dos três ou cinco melhores pivôs da liga. Ainda assim… Seus números são bem mais palatáveis que os do francês Ian Mahinmi, que, silenciosamente, vem fazendo uma campanha horripilante de ruim, nos 16 minutos em média que recebe para dar um descanso a Hibbert. Temos aqui, enfim, algo concretamente positivo a falar sobre o investimento.

E Frank Vogel está muito mais otimista, na verdade, do que qualquer blogueiro pé-rapado e abelhudo. “Ele tem uma mobilidade muito boa e deu a entender que pode ser uma força”, disse o técnico, com base nas análises de seu estafe sobre as atuações do grandalhão neste campeonato. “Ele pareceu bem.”

É de se imaginar que o treinador queira ver seu novo gigante atuando desta maneira:

No dia 30 de novembro, Bynum, mesmo pesadão, conseguiu se impor diante de Joakim Noah (também baleado, diga-se, sem ter feito uma pré-temporada adequada) e do chatíssimo Chicago Bulls, com 20 pontos, 10 rebotes e 5 tocos. Mesmo com tempo limitado, ele ainda emendaria mais três jogos sólidos em seu primeiro momento de brilho desde 2013 – e que durou pouco. Em Indiana, todavia, a carga será muito mais leve.

Mahinmi, prestes a ceder 16 minutos para Bynum

Mahinmi, prestes a ceder 16 minutos para Bynum

Vogel e sua comissão tentarão trabalhar o jogador de uma forma que ele se aproxime ao máximo de um fac-simile de Hibbert, nos minutos que tiver ao seu dispor. Que consiga, de alguma forma, proteger a cesta, sem se expor ao máximo no perímetro. Mas convenhamos que, para o Pacers, pensando no confronto que interessa, a final do Leste, eles realmente esperam que o reforço não tenha tanto tempo de quadra. Quanto mais Hibbert ao centro da defesa, melhor para brecar os LeBrons de Miami.

Sim, o Pacers vai passeando no Leste, a despeito de um ou outro tropeço recente, mas essa excepcional campanha só vai valer para alguma coisa se eles passarem pelo time da Flórida no final do ano. É só nisso que eles pensam, admita ou não Larry Bird.

A abordagem do presidente do clube é de tudo ou nada neste ano. “Não estou preocupado sobre o ano que vem, e nem tenho um ano todo pela frente. Estamos aqui e agora, e vamos fazer de tudo para que posamos avançar o mais longe possível. Sabemos que efrentaremos uma dura competição, mas, se tivermos a chance de melhorar nossa equipe, vamos fazer isso”, afirma.

O Indiana será uma equipe melhor com o enigmático pivô?

Erik Spoelstra, do seu lado, garante que não está  preocupado. “Estamos concentrados apenas em nós neste momento. Estou certo de que (a contratação) chama muitas manchetes e diversas histórias. Ele combina com o estilo deles, de terem um garrafão alto e físico, mas, pensando do nosso ponto de vista, isso não nos afeta em nada”, afirma o técnico do Heat.

Sim, definitivamente Andrew Bynum, hoje, não é um problema ou solução para os atuais bicampeões. Larry Bird não quis saber de permitir isso. Agora, para quem não tem tanto dinheiro para fazer estripulias no mercado, ele só espera que daqui a alguns meses sua aposta se mostre bastante lucrativa.


Oden tenta reprisar em Miami o final de carreira de pivô legendário da NBA
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Giancarlo Giampietro

Bill Walton, capitão Blazer por pouco tempo

Desde os tempos de colegial, ele já era anunciado como mais um da linhagem dos superpivôs norte-americanos, inevitavelmente comparado a Kareem Abdul-Jabbar. Foi o número um do Draft da NBA via Trail Blazers. Sua imagem ficou abalada precocemente por uma série de lesões e, depois de celebrado em Portland, acabou descartado. Até que um time com tradição de títulos resolveu apostar nele. O cara se juntou ao “Big Three”, sem muita pressão – o que pudesse entregar em quadra já seria lucro, ao lado de tantos craques.

É, foi assim, em 1985-86, pelo Boston Celtics de Bird, McHale e Parish, que o legendário Bill Walton conseguiu um último suspiro em uma carreira que estava prometida, destinada a ser uma das maiores, mais dominantes da liga, mas cujos sonhos, a despeito do título em 1977, foram frustrados pouco a pouco, à medida em que seu corpo foi se quebrando, num sofrimento que parecia não ter fim.

Walton, glórias tardias pelo Boston

Walton e Oden: agonia Blazer

Mais de 20 anos depois, com um Sam Bowie no meio do caminho, os fiéis torcedores de Portland agora repetem esse processo e veem Greg Oden tentando reprisar a trajetória de Walton com o Miami Heat.

Troféu e queda
O ruivo, esguio e multitalentoso Walton se tornou jogador do Blazers em 1974. Excelente defensor, era daqueles que dava o toco não só no momento certo, mas como na direção precisa para se iniciar o contra-ataque, ágil na cobertura e no fechamento de espaços. No ataque, um passador de inteligência incrível, com domínio de qualquer fundamento que você possa imaginar. Com esse repertório, chegou ao clube, que nunca havia disputado os playoffs, como uma espécie de Messias.

Na universidade, jogando pela mítica UCLA de John Wooden, o pivô havia capitaneado duas temporadas regulares com resultados perfeitos: 30 vitórias e nenhuma derrota, participando da maior série invicta do campeonato: 88 partidas. Um time bicampeão e eternizado. Não havia como, então: era uma aposta certeira para transformar o Blazers de saco de pancadas a um time dominante.

Não fossem seus problemas médicos que começaram já aos 22 anos. Já nas duas primeiras temporadas ele sofreu com fraturas múltiplas (do pé ao nariz), limitado a apenas 86 partidas de 164 possíveis, pouco mais da metade. Sua equipe, claro, seguiu fora dos mata-matas, mesmo num período de declínio técnico da NBA, com o talento norte-americano dissipado entre a liga e a ABA.

Até que, em 1976-77, mesmo perdendo mais 17 jogos, trabalhando com mais um treinador histórico, Jack Ramsay, Walton conseguiu se recuperar fisicamente. Liderou o campeonato em rebotes (14,4) e tocos (3,2), somando ainda 18,6 pontos, 3,8 assistências em 34,8 minutos, para ganhar um dos títulos mais especiais da história, varrendo o Lakers de Abdul-Jabbar na final do Oeste e batendo na grande decisão o Philadelphia 76ers de Julius Erving, Darryl Dawkins e George McGinnis – e de Doug Collins (!) Mike Dunleavy (!!), Joe “Pai do Kobe” Bryant (!!!), além do inesquecível World B. Free, o precursor do #mettaworldpeace em nomes forjadamente utópicos.

Este time simbolizaria o que de melhor o basquete poder oferecer, com jogadores repartindo a bola feito socialistas, o talento de um complementando o do outro, fazendo com o que o conjunto fosse maior que a soma das partes – habilidade por habilidade, o Sixers era, disparado, o favorito ao título. Com Walton, a equipe parecia a caminho de dominar a liga. Mas os problemas físicos do pivô não cessaram, os egos cresceram a partir da conquista, a diretoria se viu pressionada a buscar outras alternativas e, rapidamente, o sonho se deteriorou. O ponto positivo dessa triste história é que ela nos proporcionou um relato imperdível no livro “The Breaks of the Game“, do jornalista David Halberstam. Aqui, o Sports Guy discorre com o brilho de sempre tanto sobre a obra como o falecido autor. Não houve tradução para o português, infelizmente, mas é possível ao menos ler Halberstam em uma definitiva biografia de Michael Jordan, relançada pela Editora 34.

Walton, NBA e contracultura

Walton, em tempos de angústia

Em 1977-78, o time chegou a vencer 50 de seus primeiros 60 jogos. Até que Walton sofreu uma fratura no pé. Sua produção era tão impressionante que, mesmo tendo disputado apenas 58 partidas, foi eleito o MVP da temporada. Retornando nos playoffs, o pivô voltou a se lesionar e, a partir daí, mergulhou em um período infernal, com seguidas decepções, até que entrou em conflito com os médicos e diretores do Blazers, crente de que estariam mentindo sobre seus diagnósticos, forçando que ele jogasse em condições distantes das ideais.

Walton não jogou em 1978-79 e, desiludido, se transferiu para o Clippers, que ainda tinha base em San Diego, aonde ironicamente iria encontrar Joe Bryant e World B. Free e mais alguns elementos que em nada lembravam seus ex-companheiros de Blazers – destaque para Sidney Wicks, um pretenso astro que viu sua média de pontos regredir temporada após temporada desde os 24,5 que fez como novato. Após participar de 14 jogos em 1979-1980, ele perdeu as duas temporadas seguintes também em razão de fraturas nos pés. Somou, enfim, 155 jogos entre 1982 e 1985 (de 246 possíveis), já de volta a Los Angeles com a franquia, mas sem conseguir elevar o time, que terminou os três anos na 11ª posição da conferência. Nesse período, chegou a cogitar o suicídio.

Um outro time perfeito
Sair do Clippers para o Boston Celtics, em 1985, era como trocar hoje o Charlotte Bobcats pelo San Antonio Spurs ou Miami Heat. Algo desse nível. Foi o que aconteceu com Bill Walton. Não deveria, então, haver sujeito mais sorridente naquele campeonato, depois de ele ser trocado por Cedric Maxwell e uma escolha de Draft que resultaria em Arvydas Sabonis. Ironicamente, essa escolha seria repassada ao… Portland Trail Blazers, claro.

Na Beantown, o ruivão se juntou a Bird, McHale, Parish, Dennis Johnson, Danny Ainge, Scott Wedman (e, ok, Greg Kite) para formar aquele que seria um dos maiores times da história. Para grande parte dos orgulhosos torcedores do Celtics, essa é considerada ao menos a melhor equipe que tiveram, superando os esquadrões de Bill Russell nos anos 60. Eles tiveram o terceiro ataque mais produtivo, a defesa menos vazada e conseguiram 63 vitórias, contra 19 derrotas – a melhor campanha da temporada regular. Mas estes números talvez não façam justiça ao que jogaram.

Nos playoffs do Leste, sofreram só uma derrota na semifinal para o Atlanta Hawks de Dominique Wilkins, tendo varrido o Chicago Bulls do jovem Michael Jordan, apenas em sua segunda temporada na liga, com média de, glup!, 43,6 pontos no confronto. Na final, tiveram a sorte (ou o azar, no ponto de vista de alguns fãs, que juram que eles esmigalhariam os arquirrivais) de enfrentar o Houston Rockets, que havia surpreendido o Lakers no Oeste. Com Hakeem Olajuwon também como um segundanista e o pirulão Ralph Sampson (outro que se lesionaria constantemente e não realizaria seu potencial), os texanos tinham um time muito promissor (e que naufragou mais adiante, servindo como exemplo numa caçada antidrogas da liga…), mas que não foram páreo para uma supermáquina como a de Boston. Vejam este massacre, no terceiro quarto do Jogo 5 da decisão:

Contra as “Torres Gêmeas”, Walton foi uma presença tranquilizadora para o Boston, dando bom descanso a McHale e Parish. Aliás, foi o seu papel durante toda a temporada, para ganhar o prêmio de melhor sexto homem. Foi um encaixe perfeito: Walton já não tinha mais condições atléticas para carregar uma equipe, ao passo que o Celtics poderia muito bem contar com uma ajudinha extra para um combate que nunca chegou a acontecer nos playoffs contra Jabbar. Feliz em quadra, cabeça em dia, milagre médico: Walton só ficou fora de duas partidas naquela temporada, estabelecendo um recorde pessoal. “Ele só joga quando quer, algumas vezes precisamos implorar para ele jogar”, brincaria Bird anos mais tarde.

Este acabou sendo seu campeonato informal de despedida. Na temporada seguinte, voltou a se lesionar. Ainda voltou para os playoffs, mas impossibilitado de causar qualquer impacto. E aí, sim, o Celtics voltaria a enfrentar o Lakers, perdendo por 4 a 2.

Remake
Obviamente, os paralelos entre Oden e Walton ficam limitados a coincidências: 1) era uma grande promessa colegial, comparado a Jabbar; 2) foi selecionado pelo Blazers como número um do Draft; 3) passou mais tempo na enfermaria, vivendo anos completamente conturbados; 4) tenta um recomeço com um time de ponta, liderado por outro big 3, de LeBron, Wade e Bosh. Em quadra, ele nunca chegou nem perto de produzir como o legendário pivô, nem mesmo esteve num time candidato a título. Também é bem mais jovem.

De qualquer forma, embora o ruivo tenha sido privado do auge, sem conseguir, estatisticamente, competir com os grandes pivôs da história, a história de Oden pode ser ainda mais triste, considerando que nem mesmo pôde desfrutar do início de sua carreira, perdendo toda a temporada de novato e sendo escalado, desde que ingressou na liga, em apenas 82 partidas no total, entre 2008 e 2009.

Qualquer contribuição que o pivô possa fazer o Miami neste próximo campeonato já será vista como enorme lucro para Pat Riley (técnico do Lakers em 1986 e 1987, aliás) – e, sem dúvida, virá como alívio, consolação e, quiçá, uma recompensa para alguém que teve de superar uma profunda depressão,  como se estivesse proibido a jogar basquete. Bill Walton certamente estará na torcida.


Scola reforça ainda mais o banco do Indiana Pacers, seu terceiro clube na NBA
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Giancarlo Giampietro

David West & Luis Scola

West e Scola agora são amigos em Indiana. O Pacers vem com tudo, sim

Bem, essa já não é tão discreta, né?

Pelo menos não para nós brasileiros, que sabemos bem dos truques e truques de que um Luis Scola é capaz. Agora ele vai oferecer suas habilidades para o técnico Fran Vogel, em Indiana. O banco do Pacers, seu (grande) ponto fraco da equipe nos últimos playoffs, fica ainda mais forte.

Segundo a mídia americana, a diretoria do Pacers estava namorando há um tempão a ideia de contratar Scola. As negociações esquentaram na semana passada, até que Larry Bird concordou em ceder um pouco mais ao Phoenix Suns para fechar o negócio.

O clube do Arizona, em plena reconstrução, recebeu em troca o ala Gerald Green, o pivô Miles Plumlee e uma escolha de primeira rodada no próximo Draft da NBA, considerado por 100 em 100 especialistas como um dos mais fortes desde 2003 (ano de LeBron, Melo, Wade, Bosh e Darko).

O argentino, Bird já anunciou, chega para ser o reserva imediato de David West. Difícil encontrar um time com alas-pivôs tão talentosos assim na rotação – clique aqui para ver uma detalhada comparação estatística entre os novos companheiros –, embora possamos dizer o mesmo sobre “ala-pivôs nada atléticos”.

Acontece que essa ressalva, sinceramente, pouco importa neste caso. West e Scola não vão castigar tanto o aro ou incomodar seus adversários com tocos, mas têm muito fundamento, inteligência, força e coração para batalhar no garrafão. Dificilmente os dois poderão ficar juntos em quadra, mas ter Scola no elenco se torna um grande luxo, dando a Vogel a chance de regular os minutos de seu titular.

No fim, o Indiana está inserindo Scola no papel que coube a Tyler Hansbrough nos últimos anos. Difícil até de quantificar o que representa essa evolução. Tudo de rebote que a equipe estaria perdendo numa troca do Psyco-T por Chris Copeland acaba zerado agora.

A presença do craque sul-americano também reforça, desta maneira,  indiretamente a rotação exterior, já que Copeland pode ser aproveitado como um reserva de Paul George. Caso Danny Granger esteja em forma, os minutos desse cestinha ficariam bem limitados, mas Vogel só teria o que agradecer ao seus dirigentes – tendo um jogador de bom nível como o décimo ou 11º jogador de sua rotação. Dando tudo certo, as coisas ficariam assim:

– George Hill, CJ Watson, Donald Sloan.
– Lance Stephenson, Orlando Johnson.
– Paul George, Danny Granger, Solomon Hill.
– David West, Luis Scola, Chris Copeland.
– Roy Hibbert, Ian Mahinmi.

(Pensem que atletas como G. Hill, Stephenson, George, Granger, S. Hill e Copeland podem fazer múltiplas funções em quadra, aumentando consideravelmente as alternativas para a comissão técnica.)

Se Copeland e CJ Watson não valeram tantas manchetes, com Scola a história fica diferente.

Erik Spoelstra, Tom Thibodeau, Mike Woodson e (?) Jason Kidd certamente já estão avisados.

*  *  *

O que o Phoenix Suns está ganhando nessa?

(Fora o aumento de confiança na capacidade do novo gerente geral Ryan McDonough…)

O mais importante é a escolha condicional do próximo Draft. A escolha ficará com o Pacers caso eles falhem em se classificar para os playoffs. Algo inimaginável. E, ok, se eles forem para os mata-matas, é bem provável que o clube do Vale do Sol vá ganhar nessa um “pick” por volta da 25ª posição. Historicamente, poucos talentos de primeiro nível são aproveitados nessa altura. Mas há bons valores, de todo modo, para serem descobertos, assim como o ala-armador Archie Goodwin, extremamente promissor, apenas o 29º do recrutamento de calouros.

De resto, não é muita coisa. Mas, para um time processo de remodelação, quanto mais jogadores diferentes para se avaliar, melhor.  Com o plantel do campeonato passado é que eles não poderiam ficar.

Gerald Green já tem 27 anos. O tempo passa. McDonough estava no estafe do Boston Celtics que escolheu o atlético ala no Draft de 2005, quando saiu direto do colegial para a grande liga, ainda adolescente.

O jogador era muito cru tecnicamente, pouco maduro fora de quadra também e naufragou, passando ainda por Minnesota Timberwolves, Houston Rockets e Dallas Mavericks até ser forçado a continuar com sua carreira fora dos Estados Unidos. Passou pela China, pela Rússia, voltou para a D-League e, no fim da temporada 2011-2012, era novamente um jogador de NBA, fazendo uma campanha decente pelo New Jersey Nets (18,4 pontos numa projeção por 36 minutos, 48,1% nos arremessos, 39,1% de três, em 31 jogos). Que bela história! Green havia encontrado seu rumo, enfim! E o Pacers pagou para ver, e não deu muito certo: sua pontaria despencou, sua disciplina defensiva também não condizia com o esperado e, nos playoffs, teve apenas 11,7 minutos. O Suns espera que, num sistema ofensivo mais agressivo, ele possa render mais, ainda que sua posição não seja garantida. Há minutos para serem conquistados, mas tudo vai depender de um jogador muito talentoso, mas bastante inconsistente.

Plumlee é o irmão mais velho dos Irmãos Plumlee (conte aí o calouro Mason, recém-escolhido pelo Nets e o caçulinha Marshall, que ainda joga por Coach K em Duke). Não sei se a gente precisa acrescentar algo depois disso, né? Os Irmãos Plumlee!

Mas, ok, não vamos nos contentar com essa futilidade. Miles é mais um jogador extremamente atlético, especialmente para alguém do seu porte (2,11 m e 115,7 kg), com boa impulsão e agilidade, além de forte. Apesar dos quatro anos sob a tutela de Krzyzewski, ainda é visto como um jogador em desenvolvimento. O que, no caso, é um pouco estranho, considerando que, apesar de partir apenas para sua segunda temporada, já tem 24 anos. Vai ter de mostrar serviço nos treinos a Jeff Hornacek se quiser se intrometer numa rotação com Marcin Gortat, os gêmeos Morris e, talvez, o ucraniano Alex Len, quinta escolha do Draft, mas que vem de cirurgias em ambos os pés.


Sem alarde, Pacers se reforça com as melhores menores contratações da NBA
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Giancarlo Giampietro

Para  o Indiana Pacers ganhar algum destaque neste mês de julho, ainda na ressaca do título do Miami Heat, só mesmo o terrorismo psicológico promovido pela mídia de Los Angeles sobre o possível rapto de Paul George pelo Lakers em 2014, por mais que o ala diga que não tem plano algum para fazer uma mudança, nem que fosse para voltar para casa.

Sem nenhuma megatroca, sem se envolver com nada que se refira a Dwight Howard, num mercado pequeno, é natural que o Pacers não atraia tantas manchetes, mesmo, a despeito do retorno de Larry Bird ao comando de suas operações – e nada que numa soma de “Bird + competição” deva ser subestimado.

Mimos até para Chris Copeland

Na hora de cortejar Copeland, o Pacers criou uma revista fake da ESPN para mostrar o quão legal seria sua contratação. Vale tudo para conseguir um agente livre, mesmo aquele que não está no primeiro escalão

De qualquer forma, quietinhos em seu canto, a diretoria do Pacers fez um ótimo trabalho para, primeiro, segurar David West e, depois, reforçar seu elenco, com duas das melhores menores contratações da NBA neste mês de julho. Assim como a franquia em si, Chris Copeland e CJ Watson não têm o maior chamariz na liga ou entre os agentes livres que andavam disponíveis por aí. Mas a chegada deles a Indianápolis faz muito sentido para que seja ignorada e pode ter um tremendo impacto nos playoffs. Acreditem.

Pensem assim: a equipe levou o Miami Heat ao sétimo jogo, chegando a roubar o mando de quadra daqueles que seriam os tricampeões. Eles talvez não tenham chegado tão perto como o Spurs de destronar LeBron James, mas que essa possibilidade existiu na final da Conferência Leste não há dúvida. Erik Spoelstra e suas estrelas ficaram contra a parede. Ou melhor, contra o paredão – valendo o trocadilho, já que a defesa de Frank Vogel era absurda e Roy Hibbert e David West foram uma dupla sensacional no garrafão.

E, dentre as diversas histórias produzidas pelo grande embate entre Pacers e Heat, além da ascensão de George e Hibbert, estava a fraqueza, a completa anemia do banco de reservas esquálido dos vice-campeões da conferência. Lembrando: com seu quinteto titular em quadra, o Pacers “venceu” a final. O problema era o complemento das partidas em que qualquer substituto da rotação de Vogel ia para quadra.

DJ Augustin, Sam Young, Tyler Hansbrough e Ian Mahinmi. Gerald Green e Orlando Johnson. Era uma draga daquelas.

Augustin, em especial, foi um horror. Não dá para aliviar. Sem confiança alguma, mal conseguia cruzar a linha divisória da quadra diante da forte pressão que os defensores do Miami Heat colocam na bola. A insegurança era tamanha que Paul George e Lance Stephenson se viam obrigados a levar a bola em diversos ataques.Além disso, quando estabelecidos em meia-quadra, Augustin também não conseguia se desmarcar para arremessar ou criar situações por conta própria. Em 97 minutos nas finais do Leste, ele chutou apenas nove vezes, sendo cinco de três pontos (tendo convertido duas bolas, o que dá um aproveitamento de 40%, que, isolado, pareceria ótimo, mas, neste contexto, não vale nadica de nada). Diminuto, Augustin também era vulnerável na defesa. Basicamente: contribuições nulas num confronto de alto nível.

Trocá-lo por Watson é uma grande evolução. Não que o jogador ex-Nets e Bulls seja um craque. Mas tem muito mais recurso para jogar por conta própria e, ao mesmo tempo, pode dividir a quadra com George Hill sem rebaixar muito a defesa da equipe. Aos números (todos da temporada passada): em média, 16,8% das posses de bola com Augustin terminaram em turnover, comparando com 12,1% de Watson; em assistências, Augustin ‘venceu’ por 21,6% a 17,2%, um percentual que praticamente é anulado por seu maior volume de desperdícios de bola; nos três pontos, deu Watson por a  41,1% a 35,3%; nos arremessos de quadra, Watson novamente: 41,8% a 35%, o que resulta também em números muito melhores nas métricas avançadas de True Shooting (arremessos de dois, de três pontos e lances livres na conta) e Effective Field Goal % (arremessos de quadra, mas com um peso maior dedicado aos tiros de três, que valem mais).

Já Chris Copeland chega ao Pacers para reforçar, e muito, seu ataque. O calouro de 29 anos, uma das surpresas da temporada passada, cuja história ainda vale seu próprio post, ainda mais depois deste ótimo perfil do SBNation, é um excelente arremessador, especialmente de longa distância. Veja sua pontaria durante a temporada regular:

Chris Copeland em cores

Apenas na zona morta pela direita, no perímetro, em que o ala ex-Knicks esteve abaixo da média da liga. Estranhamente, ali na quina da direita, seu aproveitamento é excepcional. Por outro lado, vemos que o chute de média distância não é lá o seu forte, embora Copeland consiga colocar a bola no chão a partir da finta. Esse, na verdade, é o seu diferencial quando comparado com gatilhos como Steve Novak: as quase 100 cestas na área mais próxima ao aro, oferecendo mais versatilidade a um ataque. Num banco limitado como o do Pacers, essa é uma baita novidade. “Acho que eles  (os novos companheiros) são muito promissores e que eu serei capaz de fazer algo novo aqui, sendo mais uma peça no quebra-cabeça”, afirmou o ala.

Com o cabeludo, o que Vogel vai perder é a força nos rebotes, ainda mais com a subtração de Hansbrough, um leão nas duas tábuas, especialmente na ofensiva. Em termos defensivos, Hansbrough também tem índices muito superiores aos de Copeland. Agora, fica registrada aqui a crença de que muito disso tem a ver com o próprio sistema do Pacers e que, se bem orientado, o recém-contratado também pode fazer um bom papel na retaguarda. Se não tem a massa física para isso, pode compensar em agilidade e envergadura.

São duas contratações pontuais e providenciais, considerando a carência do plantel. De resto, o forte núcleo desta emergente equipe foi mantido, voltando para a temporada 2013-2014 com ainda mais tarimba e confiança.

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Via Draft, o Indiana Pacers deixou graaaaande parte dos especialistas atônitos ao escolher o ala Solomon Hill, da universidade de Arizona, na 23ª posição – sendo que, para boa parte dos sites especializados, ele estava cotado apenas para a segunda rodada do recrutamento. A aposta do gerente geral Kevin Pritchard é a de que ele chegue pronto, maduro ao clube, já preparado para contribuir para Vogel já na abertura da temporada regular. Algo que não aconteceu no ano passado com Miles Plumlee, outro senior que o Pacers escolheu bem antes do que apontavam as projeções.

Hill tem 22 anos e é apenas um ano mais jovem que Paul George, por exemplo.

Tendo iniciado sua carreira em Arizona como um ala-pivô baixo, trabalhou bastante por quatro temporadas para migrar para o perímetro. Durante a liga de verão de Orlando, fez um bom papel como ala, embora seus movimentos não sejam nada naturais, como prova dessa transição em seu jogo. Suas médias foram de 12 pontos, 5,2 rebotes, 2,6 assistências, 0,8 roubos de bola e 0,4 tocos em 28,8 minutos, com pontaria de 55,6% nos três pontos e 48,9% nos arremessos. No geral, foi um sólido desempenho para um atleta de quem não se exigirá muito além de bom posicionamento defensivo e a conversão dos tiros de três. Se tudo certo, ele assumiria os minutos do limitado Sam Young na rotação.

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Danny Granger, em Indiana até quando?

O que esperar de Danny Granger, gente?

Quer dizer, Hill teria espaço se Danny Granger não conseguir recuperar a forma física depois de uma temporada perdida em razão de uma ingrata tendinite no joelho. O veterano fez falta demais nos playoffs, embora sua ausência tenha forçado George e Stephenson a elevarem seu rendimento de modo significativo. Em seu último ano de contrato, Granger pode funcionar tanto como um sério candidato a sexto homem, num cenário ideal.

Caso o ala se apresente bem em quadra, muito vai se especular também sobre uma eventual troca, já que está no último ano de contrato. Para um clube que não dispõe de poucos recursos financeiros, encontrar uma negociação em que Granger fosse liberado seria difícil. O Pacers simplesmente não pode adicionar salários muito robustos para os próximos anos na periferia de seu elenco, uma vez que George já tem encaminhada uma renovação de contrato astronômica. Isso depois de Hibbert e West também acertarem por valores altíssimos.

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Revigorado após passar um ano sabático, em casa com a família, Larry Bird está animado para a temporada – com alta expectativa em torno de sua equipe. “Gostamos disso. É por isso que jogamos. Queremos essas expectativas lá em cima. Queremos jogar bem e estar em um nível de basquete em que possamos competir a cada noite”, afirmou.

 


Lesão de Granger abre espaço para o Indiana Pacers ganhar um jovem astro: Paul George
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Giancarlo Giampietro

Dava um pôster, não fosse a derrota no fim

Paul George força a prorrogação com um arremesso quase acrobático de três pontos

Frank Vogel tem seus argumentos, mas admitiu que errou ao tirar Roy Hibbert de quadra para defender aquele que acabou sendo o último e fatal ataque do Miami Heat na primeira partida da final da Conferência Leste. Foi crucificado em praça pública, como se já não prestasse para mais nada, mesmo tendo sido um dos melhores treinadores nas últimas duas temporadas da NBA.

Entende-se, de alguma forma, toda a repercussão. O lance derradeiro, aquele no qual LeBron James mostrou toda sua inteligência e habilidade, batendo Paul George para uma bandeja de canhota, sem ter de enfrentar a cobertura de Roy Hibbert, pode já ter sido o momento capital de toda uma série. Vamos ver.

Mas, diante de toda a discussão sobre a decisão de Vogel em sacar de quadra sua muralha jamaicana, um ponto importantíssimo foi até subestimado: o simples fato de que o Indiana Pacers exigiu o máximo de seu adversário para ser derrotado – uma jogada genial de James no último segundo da prorrogação. Em Miami.

E isso foi possível apenas pelo sólido conjunto que Vogel desenvolveu nas últimas temporadas e, em especial, pelo desenvolvimento, sem alarde algum, de Paul George, a mais nova adição ao grupo de estrelas da NBA.

Paul George x LeBron James

George encara LeBron naturalmente

Seu jogo pode ser espetacular em muitas ocasiões, dada sua capacidade atlética incrível e o tanto de que depende sua equipe de sua criatividade e de seus recursos técnicos. Mas nada nas expressões faciais ou corporal de George sugere que ele esteja minimamente impressionado – ou, melhor dizendo, deslumbrado – com tudo isso. Ele age como tudo isso fosse muito natural, com a maior tranquilidade do Midwest americano. Uma postura bem diferente daquele calouro que ingressou na liga em 2011, até um pouco assustado, sem saber direito o que fazer com a bola. Sim, uma transformação incrível, que aconteceu até que por acidente.

Por meses e meses o Pacers tratou a tendinite nos joelhos de Danny Granger como algo solucionável, sem pânico. O ala fez um longo tratamento e foi retomando as atividades em quadra aos poucos. Quer dizer, tentando retomar. Quando chegou fevereiro, a dor não passava, sua condição física era deplorável, e a equipe foi obrigada a descartá-lo em definitivo para esta temporada. Um desastre, era o que qualquer torcedor da franquia teria dito em outubro de 2011. Meses depois, com a ascensão de George, a perda já não era tão irreparável assim, a ponto de muitos apostarem numa troca do veterano por alguém que pudesse dar suporte ao novo líder da companhia.

Méritos para a direção do Pacers, chefiada até o ano passado por Larry Bird, cujo trabalho teve sequência com o veteraníssimo Donnie Walsh e pelo irrequieto Kevin Pritchard, que teve paciência para ver o time se desenvolver em quadra sem Granger. E palmas ainda mais fortes para a comissão técnica liderada por Vogel, que, mesmo num time que briga por vaga nos playoffs, conseguiu desenvolver seus atletas mais jovens. Hibbert, em vez de um frágil alvo defensivo numa liga cada vez mais veloz, se tornou um dos melhores defensores da zona pintada. Lance Stephenson, de esquenta-banco e encrenqueiro, passou a bom soldado e ótimo escolta (defende bem, ajuda na armação e ainda oferece, quando necessária, uma válvula de escape com infiltrações ainda em desenvolvimento). Mas  salto mais significativo realmente foi de seu camisa 24. Veja um pouco do que o cara aprontou durante o ano:

George elevou suas médias em pontos, rebotes e assistências regularmente em suas três primeiras temporadas como profissional. O dado mais interessantes dentre esses foi o de passes para a cesta, que saltaram de 1,8 para 4,0 por 36 minutos de média, entre 2011 e 2013. Sinal de aprimoramento na leitura de jogo. Se ele ainda comete um número elevado de turnovers (2,8 a cada 36 minutos), estes erros com a bola subiram em menor proporção do o que de jogadas certas. Quer dizer, mesmo tendo muito mais volume de jogo este ano (ele trabalha com 23,5% das posses de bola de sua equipe, contra 17,8% da primeira campanha e lidera os playoffs em minutos jogados, com 545 em 13 partidas, 41,9 por noite), seu jogo progrediu em termos de eficiência. Bom para ser eleito o atleta que mais evoluiu na temporada. E o melhor – ou pior, dependendo do seu ponto de vista na Conferência Leste: aos 23 anos, ele está apenas começando.

Ainda fica evidente que George tem muito o que desenvolver em seus dribles – é na hora de enfrentar corta-luzes que ele costuma se atrapalhar mais – e nos arremessos em geral, mesmo próximo da cesta, considerando sua impulsão e agilidade. Sua dificuldade de média distância também acontece em decorrência do drible eficiente, já que não consegue se desvencilhar frequente e adequadamente dos marcadores. Veja seu quadro de rendimento nesta temporada:

Abaixo da média em chutes de média distância, na média em três pontos e ótimo na zona morta pela esquerda

No saldo geral, seus percentuais de dois e três pontos caíram.

Mas é normal que ele oscile desta maneira, sem estresse. Afinal, foi sua primeira temporada como protagonista, de modo que pôde, jogo a jogo, aprender com seus próprios erros, entendendo como as defesas vão encará-lo sem ter um Granger ao seu lado para aliviar a pressão. Além de qualquer número, o que se ressalta, mesmo, ao observar George em ação nestes playoffs é seu amadurecimento, no sentido pleno, esplicitado por sua capacidade assustadora de lidar com LeBron James e Dwyane Wade no mano-a-mano como se fossem adversários regulares. Confira a facilidade com a qual bate Wade em diversas infiltrações – por mais que Wade esteja com o joelho estourado, ainda estamos falando o mesmo cara eleito para o terceiro time da temporada, ao lado de James Harden e justamente de George:

É um amadurecimento e sobriedade que se refletem em suas entrevistas. Como nesta declaração aqui sobre a maior carga de responsabilidade que lhe coube no campeonato: “Sabia que, chegando ao meu terceiro ano, eu precisaria ter uma grande campanha. E, com Danny fora, isso ampliou o nível de desempenho de que eu precisaria, a consistência de que eu precisaria. Teria de segurar isso”.

Outra que chamou a atenção: quando soube que foi eleito aquele que mais evoluiu no ano, quando esperava, na verdade, ter mais chances de ganhar como o melhor defensor, ficando meio implícita de que era a sua preferência, na verdade. Mas que, tudo bem, ainda ganharia esse prêmio algum dia. Vogel, Bird, Walsh… Não poderiam ficar mais orgulhosos. Não são muitos os atletas que se orgulhem ou se apeguem tanto a sua capacidade defensiva.

Por isso, embora tenha lamentado a ausência de Hibbert naquela bola contra LeBron, acostumado a ter um grandalhão para lhe dar cobertura, George tratou de assumir sua própria falha. “Tenho de entender que é preciso fazer de LeBron um arremessador naquele ponto”, afirmou. “Foi diferente. Estou habituado a ser agressivo em cima da bola e ter Roy atrás. Mas, estando numa situação dessas, tenho de saber quem está em quadra comigo e o que queremos de LeBron.”

O ala do Pacers deu um passe extra na cabeça do garrafão e permitiu que o oponente fizesse o corte em direção ao aro. Um pequeno detalhe, mas que pesou tanto como a estratégia equivocada de Vogel:

Mão erguida, falha assumida, segue o jogo. “Nós temo de ficar com a cabeça erguida. Nós não temos muitos altos, nem muitos baixos “, afirma. Aqui só cabe um reparo: para Paul George e o Pacers em geral, parece é que apenas para o alto que eles vão.

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Discreto em quadra, em constante evolução, talvez George só precise agora rever seus conceitos figurinísticos. Ele subiu assim ao palanque para falar sobre sua grande – mas frustrada – exibição contra o Miami Heat na quarta-feira:

Paul George na estica?

Lembra um pouco o figurino do Dunga, não?