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Ninguém queria Hassan Whiteside. Nem o Miami Heat
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Giancarlo Giampietro

Uma das 34 enterradas de Whiteside até aqui

Uma das 34 enterradas de Whiteside até aqui

Quando é que chega a hora de dizer que não dá mais, que tal jogador é um caso perdido?

O sucesso de Hassan Whiteside com o Miami Heat, um dos raros pontos positivos de uma temporada muito aquém do esperado para Pat Riley, talvez indique a seguinte resposta: “Nunca”. Ou pelo menos algo do tipo:”Bem, vamos esperar mais um pouco, mais um pouco e mais um pouco. Aí talvez chegue a hora. Um pouco antes de ‘nunca'”.

Aos 25 anos, depois de ser dispensado oficialmente por duas equipes da NBA e ignorado por outras tantas, inclusive pela franquia da Flórida, três temporadas após a Linsanidade, o pivô tem causado espanto por onde passa. Assusta não só os jogadores que o desafiam no garrafão como os técnicos e dirigentes que não conseguem e talvez nem queiram acreditar no que estão vendo.

Em janeiro, ele teve médias de 13 pontos, 10,6 rebotes e 3,4 tocos por jogo. Em apenas 23,6 minutos! Desde que perdeu duas partidas por conta de uma contusão e voltou a jogar no último dia 25, passou a receber mais tempo de quadra e respondeu com 16,6 pontos, 15,5 rebotes e 4,0 tocos. O aproveitamento nos arremessos é de 58%. Quer dizer, ‘arremessos’. É uma enterrada atrás da outra, e sai de baixo.

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Nos últimos anos, muita gente da liga se esquivou de Whiteside, mesmo. A turma do escritório. Fugindo cada um para um canto, no caso, enquanto ele, desempregado, buscava um contrat.

Então o que acontece? Como deixaram passar uma dessas? A trajetória e a atual transformação desse grandalhão, de refugo com estadias na segunda divisão da China e no Líbano para sensação das redes sociais, é mais um grande causo a ser estudado com cuidado. Por dirigentes, treinadores, agentes e, principalmente, por atletas.

DDA
Quando deixou a universidade de Marshall em 2010 para se profissionalizar, durante o período pré-Draft, Whiteside rapidamente desenvolveu um rótulo que, quando pega, é difícil de se livrar: pro-ble-má-ti-co. Na tentativa de impressionar os dirigentes, os prospectos viajam de cidade em cidade, para fazer treinos e bater um papo. Essa coisa de conversar com o então jovem pivô de 20 anos queimou o filme geral.

Um scout da NBA, que acompanhou todo o processo bem de perto, afirmou ao VinteUm que não se tratava exatamente de um desvio de caráter. “Ele é uma pessoa genuinamente boa, um bom sujeito. O problema é que era muito ingênuo e atirado. Falava umas coisas malucas”, afirmou. “Mas sempre disse que ele precisaria primeiro falhar, para depois conhecer o sucesso.”

Não é todo dia que surge um desses

Não é todo dia que surge um desses

Pois essa combinação de ingenuidade e arrojo nas declarações passou aos avaliadores dos clubes a imagem de arrogante, ou algo até pior. Amin Elhassan, hoje analista do ESPN.com, trabalhava na época pelo Phoenix Suns. Digamos que o jogador não causara uma boa impressão. “Se você é um idiota, reparar essa reputação é algo muito difícil. É muito fácil arruinar sua reputação e muito difícil de reconstruí-la. Hassan Whiteside, na falta de uma palavra melhor, era um idiota quando saiu da universidade. Ele estava delirando e dizia coisas que não eram compatíveis com o que jogava”, afirmou em entrevista ao Palm Beach Post, sem preocupação de aliviar em nada.

Recuperando seu arquivo no HoopsHype, encontrei também a seguinte informação compartilhada pelo repórter Sam Amick, do USA Today: “Ele caiu no Draft por “ter um caso seríssimo de DDA”, o famigerado déficit de atenção. Acontece que, segundo o gerente geral do Sacramento Kings, clube que o selecionou na 33ª posição, não constava nada disso nos exames que a franquia recebeu. Provavelmente o olheiro estava falando metaforicamente…

Whiteside acreditava que seria escolhido entre os dez primeiros. Afinal, era um pivô alto, forte, extremamente atlético, uma aberração física. O tipo de prospecto pelo qual os cartolas se apaixonam num piscar de olhos. Eles podem até ter ficado enamorados de supetão. Quando passaram a observá-lo com mais cuidado, porém, pularam fora.

Em um perfil recente sobre o fenômeno do Heat, Tom Haberstroh recuperou um episódio bastante interessante que resultou apenas na primeira das três vezes que o clube da Flórida teve a chance de fechar com o pivô, mas deixou para depois. O espigão foi treinar no ginásio do Heat, uma escala notoriamente difícil para a molecada, devido aos treinos exaustivos que Pat Riley instaurou por lá. No meio da sessão, pregado, o jogador simplesmente saiu de quadra sem dar satisfação a ninguém. Já havia dado para ele. No dia do recrutamento, Riley selecionou Dexter Pittman na 32ª colocação, um posto antes do Sacramento.  Veja só.

Nada deu certo
Em Sacramento, Whiteside supostamente havia encontrado uma casa. Disse que não havia problema em ter saído apenas na segunda rodada e que o clube era um de seus dois favoritos, mesmo. Apostando em seu futuro, o Kings ofereceu um contrato de quatro anos, valendo US$ 3,8 milhões. Apenas as duas primeiras temporadas seriam garantidas, no entanto.

Whiteside, nos tempos improdutivos de Sacramento

Whiteside, nos tempos improdutivos de Sacramento

No primeiro campeonato, visto como um projeto de longo prazo, aos 21, só entrou em quadra uma vez e jogou por apenas dois minutos em vitória sobre o Minnesota Timberwolves. Em março, porém, teve de passar por uma cirurgia no joelho que o afastou do time. Durante a fase de recuperação, afirmou que estava treinando e jogando na D-League lesionado, mas que optara pelo sacrifício justamente pela fama de imaturo que havia ganhado. “Só faltava, então, as pessoas me chamarem de preguiçoso. Não queria que pensassem que estava inventando desculpas. Mas foi um erro. Isso tirou minha explosão em quadra. Digo, conseguia ainda dar tocos, mas isso é basicamente uma questão de timing. Mas minha capacidade atlética estava afetada. Até que soube que não podia mais evitar a operação”, afirmou.

Reabilitado, foi utilizado um pouco mais na temporada 2011-2012, participando de 18 jogos, mas viu novamente sua jornada interrompida por uma lesão grave, dessa vez no tornozelo. Resultado: mal teve tempo de mostrar serviço e de reverter sua má reputação. No momento do Draft daquele ano, em meio a tantas trocas, o Sacramento achou por bem dispensá-lo para abrir espaço em seu elenco.

Hoje, quando questionado sobre seu corte pelo Sacramento, ele afirmou aos jornalistas de Miami que mais nenhuma das pessoas envolvidas com aquela decisão estava no clube. “O quão inteligentes eles foram, então?”, respondeu, de modo retórico. Detalhe: o treinador do Sacramento na época era Keith Smart, hoje assistente de Erik Spoelstra. Em inglês, Smart, vocês sabem, significa… “Inteligente”. Pegou?

Roda viva
Geoff Petrie fez algumas boas bobagens no final de sua gestão no clube californiano. Dispensar Whiteside talvez tenha sido das menores. Afinal, muitos times lhe dariam respaldo informal. Muitos dirigentes chegaram a manifestar interesse no pivô. Nenhum deles teve a coragem ou a visão para fechar um contrato.

O Minnesota foi aquele que mais chegou perto em 2012, ainda liderado por David Kahn. O cara estava procurando um pivô atlético e de boa envergadura para ser o terceiro reserva, atrás de Nikola Pekovic e, sim, Greg Stiemsma na rotação. Conversou bastante com o agente do jovem pivô, mas preferiu mudar de rota e assinar com Anthony Tolliver.

O próprio Miami Heat voltaria a entrar em contato, também recebendo o pivô para mais um treino. Dessa vez ele foi até o fim. Mas não os convenceu. Acabaram contratando o inesquecível Josh Harrelson. Essa era a segunda vez que ele passaria batido por lá. Whiteside, então, se viu fora do mapa da NBA e teve de procurar asilo na Ásia. A China? Tudo bem, claro. Eles pagam uma boa grana. Mas o Líbano?! Digamos que não é o destino mais cobiçado por agentes livres, independentemente da origem. Lá ele defendeu o Al Moutahed Tripoli e teve médias superiores a 20 pontos, 15 rebotes e 4 tocos. Um prenúncio? Mas como alguém iria saber disso? Até o momento não há informações de tradução das estatísticas da liga libanesa para a NBA. Se alguém souber de algo nessa linha, favor entrar em contato com a secretaria.

No final da temporada 2013-2014, o New York Knicks até que flertou com o pivô, talvez bem informado a respeito de suas atuações do outro lado do mundo. Já com Phil Jackson no comando, embora recém-chegado, o clube optou por um acordo que ninguém mais, ninguém menos que Lamar Odom. No que deu essa história? Em nada, claro. Odom sumiu do mapa. Ao menos Cole Aldrich está por lá segurando as pontas, ao lado dos valentes Lou Amundson e Lance Thomas (sem ironia aqui no termo “valente”, tá? São dois caras ótimos de vestiário, que dão um duro danado. Mas quem aí acha que Carmelo Anthony se empolga com suas chances de título ao olhar para o lado e dar de cara com eles?)

Desesperado atrás de uma chance,  Whiteside pediu para seu agente ligar para para quem pudesse, talvez para os 30 times da liga. O Los Angeles Clippers, entre eles. Doc Rivers não quis nem chamá-lo para um treino. Depois despachar Jared Dudley para Milwaukee, assinou com Epke Udoh para a vaga de quinto homem na rotação de grandalhões. Meses mais tarde, no dia 11 de janeiro, já com as turbinas esquentadas, o pivô estaria decolando no Staples Center para somar 23 pontos e 16 rebotes em vitória do Heat. Lá, contou a história: “Eu liguei para marcar um teste, eles disseram não. Todos disseram não, exceto o Heat. O Heat me deu uma chance e o certo é eu dar 110% por eles em quadra. Foi isso que aconteceu”, disse.

Ficou bem como um do Grizzlies?

Ficou bem como um do Grizzlies?

Antes de receber essa chance, todavia, Whiteside havia, enfim, fechado um vínculo com o Memphis Grizzlies, que o escalou durante a pré-temporada. Na hora de definir o plantel oficial, acabou cortando o atleta, que foi endereçado a sua filial na liga de desenvolvimento, o Iowa Energy. Convenhamos que, com Marc Gasol e Kosta Koufos, seu garrafão estava bem protegido. O que deixa a diretoria da equipe maluca, todavia, é que eles chegaram a recrutar novamente o atleta emergencialmente para um duelo com o Toronto Raptors no dia 19 de novembro. Metade do plantel havia sido infectada por uma virose, e o técnico Dave Joerger precisava de reforços. Acabou nem entrando em quadra e seria novamente chutado no dia seguinte. “Pensávamos que talvez, se pudéssemos trabalhar com ele na D-League, ele poderia se tornar um pivô reserva decente. Mas obviamente ninguém viu isso (esse nível de jogo) chegando”, afirmou John Hollinger, vice-presidente do Grizzlies, a Haberstroh.

Udoh, Aldrich, Odom, Stiemsma, Tolliver… Independentemente do desnível já existente entre os nomes aqui citados, são apenas cinco jogadores que a NBA, de modo geral, colou à frente de Whiteside em suas listas de prioridades. Mas a conta é muito maior. E pode incluir Shannon Brown nesse grupo.

Pode riscar
Riley, Spoelstra e os caras em Miami ficaram tensos demais quando o pivô foi chamado pelo Memphis mais uma vez. Na véspera, ele havia feito um terceiro teste pela franquia, dessa vez se saindo de modo excepcional em quadra. Segundo Haberstroh, Spoelstra escreveu a seguinte frase em seu bloco de notas: “Vai ser nosso pivô titular na temporada que vem”. Eles lhe ofereceriam o tão esperado contrato ao amanhecer. De noite, veio a ligação do Grizzlies.

Por sorte, receberam a notícia da dispensa. Quando voltou ao Iowa Energy, dois dias depois, Whiteside enfrentou justamente a filial do Heat na D-League, o Sioux Falls SkyForce. Ele marcou 24 pontos, pegou 16 rebotes e deu quatro tocos. Dessa vez, a papelada para ele assinar ficou pronta mais rapidamente.  Para abrir espaço para a sua chegada, rescindiram com Shannon Brown.

Repararam, porém, que Spoelstra fazia planos para o campeonato 2015-2016, né? Nem Hollinger, nem ele podiam esperar o que estava por vir. Depois de dominar um garrafão que já tinha DeAndre Jordan e Blake Griffin, Whiteside conseguiu um triple-double impressionante de 14 pontos, 13 rebotes e 12 tocos em 25 minutos. Contra quem? O Chicago Bulls, de Joakim Noah, Pau Gasol e Taj Gibson. Na partida seguinte, contra Milwaukee, ele foi promovido ao time titular. Anotação já riscada. “Estou muito contente e encorajado pelo quanto ele cresceu nas últimas semanas, desde que se juntou a nós. Ele tem passado por um plano específico e abraçou o trabalho”, disse Spo, que tem em Juwan Howard seu assistente dedicado aos treinos especiais para o pivô.

O Miami está lucrando horrores nessa, tendo firmado um contrato de dois anos com Whiteside, pagando ‘apenas’ US$ 1,1 milhão na temporada que vem – lembrem-se que Amar’e Stoudemire ganha mais de US$ 20 milhões pela atual campanha.  Tem um porém nessa: o contrato é uma barganha, mas tem curta duração. Apenas dois anos, mesmo: ele vai virar agente livre em 2016. Como notou o South Florida Sun Sentinel, nenhum contrato com duração inferior a três anos pode ser estendido. Ops.

Daqui para a frente
A pergunta é outra: quando é a hora de dizer chega, vamos com calma?

A ascensão de Whiteside em Miami é devastadora. O único exemplo parecido com esse foi justamente a Linsanidade que tomou conta de Manhattan em 2012. Quando um jogador de pouco lastro na NBA surgiu meio que do nada e produziu feito uma superestrela. Hoje, por um motivo e outro, Lin está no banco de Jordan Clarkson em Los Angeles. Uma curiosidade é que, durante a boa fase de Lin, Whiteside havia afirmado: “Já havia dito a todos, na Summer League, que meu chapa Jeremy Lin era bom. Todos estavam vacilando com ele”.

Quando estourou pelo Knicks, Lin teve um índice de eficiência de 23,3 pontos. Whiteside, no momento, tem 27,98. Está abaixo apenas de Anthony Davis. Os demais oito nomes abaixo? Durant, Westbrook, Harden, Curry, James, Cousins, Paul e Aldridge. Afe. Em 36 minutos, seus números projetados ficariam em 18 pontos, 15,2 rebotes e 4,7 tocos. É coisa de maluco.

Dá para pensar numa produção dessas de modo sustentável?

Não é só Blake Griffin que sai do chão: exibição incrível contra Clippers, em jogo que transmiti, pasmo, pelo Sports+

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Da sua parte, Whiteside diz que se contenta em ter apenas médias de duplos dígitos em pontos rebotes e de ficar entre os três principais bloqueadores da temporada. Então tá certo. Algo que já o apetece, de toda forma, é ver suas cotações no jogo NBA2 k elevadas – algo com que, pasme, os jogadores da NBA se importam verdadeiramente. Vale a honra. Agora, quer que melhorem também sua produção para o arremesso de média distância, algo que ele mostrou no domingo, contra o Boston, quando os Estados Unidos inteiros estavam assistindo ao Super Bowl. Esse chute de mais longe, porém, ainda aparece de modo tímido em seu repertório (89,1% de suas tentativas de cesta acontecem nos arredores do garrafão).

A eficiência do jogo do pivô se explica dessa maneira. Ele tenta pouco em quadra além de finalizações próximas da cesta, feito Tyson Chandler e Brandon Wright. Praticamente não é envolvido no ataque do Miami em nenhuma circunstância, seja para criar individualmente ou para os demais companheiros. O negócio é fazer o corta-luz e mergulhar no garrafão atrás de um rebote ofensivo ou, melhor, de uma ponte. Ele já lidera o time em cravadas, com 34 em 21 partidas. “Continue enterrando e você vai ganhar US$ 60 milhões”, disse Danny Granger. A NBA vai encará-lo e desafiá-lo mais uma vez. Agora não no jogo dos bastidores, mas em quadra. Os times mais bem preparados vão saber como. Jason Kidd, técnico do Bucks, anunciou: “Entendemos que ele vai entrar buscando tocos. Ele não é mais uma surpresa, está no no radar”.

Ajuda muito o pivô ter um cara como Dwyane Wade ao lado, com a bola em mãos. O astro do time ainda desperta pavor nas defesas e atrai marcadores. Também sabe invadir o garrafão como poucos. Uma combinação que deixa Whiteside na cara da cesta toda hora. “Ele consegue dominar a bola. Ele consegue finalizar. Ele é grande, e eu posso infiltrar. Algo bom vai acontecer a partir daí”, diz Wade, que ainda chama Whiteside de calouro. É como se fosse, mesmo. E agora ele vai ter de se virar sem a companhia do camisa 3, afastado por tempo indeterminado devido a uma lesão muscular.

Só não falta confiança a Whiteside, assim como não faltava quando ele era de fato um novato. Quando questionado pela ESPN Radio sobre qual antigo jogador da NBA ele acha que seu jogo lembra, citou, tranquilamente, David Robinson ou Alonzo Mourning. “Algo perto disso”, afirmou.

É de fazer engasgar, mesmo. No momento, porém, ninguém mais está falando sobre idiotices ou distúrbios. Estão apenas tentando entender o que está acontecendo.


Coisas para se fazer no Leste quando você (não) está morto
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Giancarlo Giampietro

Lance Stephenson, o símbolo da 'corrida' pelos mata-matas do Leste

Lance Stephenson, o símbolo da ‘corrida’ pelos mata-matas do Leste

Na onda tarantinesca do cinema dos anos 90, Coisas para se Fazer em Denver Quando Você Está Morto foi um dos primeiros filhotes. Lançado em 1995, um ano depois de Pulp Fiction, foi um entre uma centena de películas (ainda eram películas, acho) a tirar do submundo alguns criminosos de personalidade singular, tentando sair de enrascadas com humor e violência, nem sempre explícita. Os diálogos obrigatoriamente precisavam conter referências da cultura pop em um mínimo de 67% de suas falas.

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Andy Garcia, o impagável Steve Buscemi, o eterno Dr. Brown Christopher Lloyd e o curinga Christopher Walken que me desculpem, mas este aqui não é um bom filme. Pelo menos não no meu gosto. A melhor coisa era o título. E só. Mas que título, né? Serve para deixar qualquer coluna parecendo muito mais legal do que é na verdade. ; )

Coisas para se fazer em Denver quando você está mortoSe for para tomá-lo emprestado e empregá-lo na NBA, ele nem precisa de adaptação. O Denver Nuggets já está morto nesta temporada faz tempo – algo de que a franquia se demorou a dar conta, mas enfim aconteceu. Mas esse texto não vai perder mais tempo para falar do indeciso time de Brian Shaw. No Leste, tem muito mais gente enterrada. Digo: enterrada, mas viva – numa expressão tão cara ao chapa Ricardo Bulgarelli, do Sports+.

Na conferência banhada pelo Oceano Atlântico, você nunca pode dar uma equipe como falecida nesta temporada, por mais que todos os fatos apontem o contrário. São todas sobreviventes – menos o New York Knicks e o Philadelphia 76ers, claro, que só querem competir hoje por Jahlil Okafor, mesmo.

O Philadelphia se sabota voluntariamente: Sam Hinkie já fez uma série de coisas para matar as chances de resultado positivo para sua equipe. Por outro lado, Phil Jackson começou o ano vendendo uma proposta em Manhattan e vai terminá-lo com outra inversa.

De resto, excluindo o pessoal do topo e o valente e surpreendente Milwaukee Bucks, temos uma extensa lista de times que entraram no campeonato com aspirações de playoffs, mas para os quais quase nada saiu conforme o planejado. Mesmo assim, todos ainda têm chances de classificação. Segue a folha corrida, com os times ordenados de acordo com suas respectivas campanhas e posicionamento até esta segunda-feira, 11h da manhã, horário de Brasília:

7 – Miami Heat (20-24, 45,5%): Pat Riley e Erik Spoelstra anunciavam um mundo pós-LeBron em que o time seguiria fortíssimo e deveria ser encarado se não como candidato ao título, mas pelo menos como candidato a uma quinta final consecutiva. Em sua última entrevista, não conseguiu disfarçar a frustração, embora ainda sustentando a opinião de que vê muito potencial a ser explorado no atual elenco. Se jogassem no Oeste, estariam hoje na 11ª posição, mesmo que enfrentem semanalmente adversários bem mais fracos. Os veteranos Dwyane Wade e Chris Bosh já perderam juntos 18 partidas – Bosh, em particular, estava barbarizando até sofrer uma mardita lesão na panturrilha. Josh McRoberts nem estreou de verdade. Shabazz Napier, bicampeão universitário e senior, não estava tão pronto assim como se imaginava. Mesmo jogando muitas vezes com dois armadores, Spoelstra não se sente confortável mais em colocar sua equipe para correr – o Heat tem o ataque mais lento da liga. As boas notícias: quando joga, Wade ainda é bastante produtivo, mesmo que distante de seu auge. E o fenômeno Hassan Whiteside (mais sobre ele depois). Com tantos problemas, o clube da Flórida ainda é o favorito para se classificar em sétimo.

8 – Charlotte Hornets (19-26, 42,2%): depois de chegar aos mata-matas na temporada passada, Michael Jordan redescobriu o gosto pela coisa. Foi às compras e hoje está com remorso. Não tem um dia em que o HoopsHype não destaque um rumor de negociação envolvendo Lance Stephenson. O Hornets sente que precisa se livrar de Stephenson o quanto antes, a ponto de aceitar discutir com Brooklyn uma troca por Joe Johnson, o segundo jogador mais bem pago da liga. Sim, o JJ mesmo. É de abrir os olhos todo esse esforço: sem o volátil ala-armador, o aproveitamento é de 9-5 (64%). Al Jefferson enfrenta uma incômoda lesão na virilha, que limita seus movimentos e já o tirou de quadra por nove partidas. Kemba Walker joga há tempos com um um cisto no joelho, que passou a preocupar de verdade neste mês, lhe custando três jogos, justo quando vivia seu melhor momento na NBA. Michael Kidd-Gilchrist ainda não sabe o que é um arremesso de três pontos. Marvin Williams é Marvin Williams. Mas não tem tempo ruim, não: o Hornets se vê hoje dentro da zona dos mata-matas, graças a uma defesa que foi a mais implacável neste mês de janeiro. É o bastante. Sofram:

9 – Brooklyn Nets (18-26, 40,9%): Billy King promove neste momento o maior saldão. É chegar e levar! Desde que paguem, e caro. Afinal, ele quer se desfazer da folha salarial mais custosa de toda a liga, com mais de US$ 91 milhões investidos. Então temos aqui o time da vez na central de boatos. Antes de ser afastado por conta de uma fratura na costela, Deron Williams havia virado banco de Jarrett Jack. Brook Lopez, que já perdeu dez jogos, não consegue superar a marca de 6,0 rebotes. Joe Johnson está em quadra, mas a verdade é que o clube vem acobertando lesões no joelho e no tornozelo para tentar vendê-lo. Bojan Bogdanovic é um fiasco até o momento e aquele por quem havia sido substituído, Sergey Karasev, anda curtindo a vida adoidado. Lionel Hollins não consegue mais se conter em entrevistas coletivas, manifestando constante desprezo por sua equipe. Com mais uma vitória, eles voltam a se juntar ao Hornets, para reassumir o oitavo lugar (uma vez que levam a melhor no critério de desempate por confronto direto). Kevin Garnett sorri. Totalmente surtado.

10 – Detroit Pistons (17-28, 37,8%): até o Natal, o presidente e técnico Stan Van Gundy havia testemunhado apenas cinco vitórias dos rapazes da Motown. Em 28 duelos. Tipo um Sixers, mesmo. Foi aí que ele ativou o detonador da bomba e mandou embora Josh Smith, aceitando lhe pagar mais de US$ 30 milhões a troco de nada. Obviamente que o Pistons venceria 12 das próximas 17 partidas e se recolocaria na discussão. O duro é perder Brandon Jennings pelo restante da temporada, devido a mais uma ruptura de tendão de Aquiles nesta campanha. Jennings era outro que praticava o melhor basquete de sua decepcionante carreira. Momento para pânico geral, não? Em qualquer outra circunstância, sim. Mas talvez SVG consiga fazer que DJ Augustin replique sua incrível jornada dos tempos de Chicago. Se não for o caso, resta sempre o caminho de uma troca (Prigioni é o primeiro nome especulado) ou de um milagre vindo da D-League (Lorenzo Brown, ex-Sizers e North Carolina State, também é comentado). Enquanto isso, Greg Monore vai conseguindo a proeza de superar Andre Drummond nos rebotes. Vai que dá!

11 – Boston Celtics (15-27, 35,7%): Danny Ainge trocou Rajon Rondo. Danny Ainge trocou Jeff Green. Danny Ainge trocou Brandan Wright. Danny Ainge trocou até mesmo Austin Rivers. Marcus Smart ainda é só uma promessa. Kelly Olynyk começou muito bem o campeonato e despencou até sofrer uma torção de tornozelo grave. Evan Turner continua acumulando números, mas sem eficiência nenhuma. E o Celtics ainda tem chances, para tornar a vida de Brad Stevens menos miserável. Esse é um dos clubes que tem, hoje, um dos maiores conflitos de interesses entre o que a direção espera (reformulação apostando no próximo Draft) e o técnico prega (tentar vencer a cada rodada, e que se dane). Os caras acabaram de conseguir dois triunfos em um giro pela Conferência Oeste  e de fazer um jogo relativamente duro contra Warriors e Clippers. E aí: Ainge vai trocar Stevens também?

12 – Indiana Pacers (16-30,  34,8%): o time da depressão, mas que não desiste nunca. Só não são brasileiros. Frank Vogel deve ler a relação de lesões acima e gritar em seu escritório: Vocês querem falar de desfalques!? Sério!? Peguem esta, então:” Paul George acompanha o time nas viagens, vai treinando de leve, e só; George Hill só disputou sete de 46 partidas; Hibbert perdeu outras quatro, enquanto West já perdeu 15; CJ Watson ficou fora de 18 jornadas, dez a mais que Rodney Stuckey e oito a mais que CJ Miles; Donald Sloan já tentou 334 arremessos neste campeonato, sendo que, de 2011 a 2014, havia somado 393 chutes; apenas o imortal Luis Scola e Solomon Hill jogaram todas as partidas. E o Pacers ainda deu um jeito de vencer 16 partidas e de se manter entre as dez defesas mais eficientes da liga, superando até mesmo o Memphis Grizzlies. Alguém aí falou em Votel para técnico do ano?

13 – Orlando Magic (15-32, 31,9%): o quê? Você não bota fé!? Não vá me dizer que não leu nada dos parágrafos acima?


Ano novo, vida nova? As figuras da NBA que pedem uma virada
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Giancarlo Giampietro

Danny Granger, agora feliz do outro lado, em Miami

Danny Granger, agora feliz do outro lado, em Miami

Para muitos, a carreira de Danny Granger já estava encerrada. O ala havia passado por uma cirurgia no joelho esquerdo em abril de 2013, por conta de uma tendinose (sim, existe tendinite e a tendinose) que simplesmente não o deixava em paz. O veterano mal havia participado da campanha 2012-2013, fazendo tratamentos alternativos, separado do restante do elenco do Indiana Pacers, na esperança de se aprontar para ajudar a emergente equipe em batalhas com o Miami Heat. Não deu certo, e acabou indo para a sala de operação.

Depois de uma lenta recuperação, retornou ao Pacers para a campanha 2013-2014, já transformado, na melhor das hipóteses, em sexto homem, perdendo terreno para Paul George e Lance Stephenson. Por 29 partidas, ele simplesmente não conseguiu encontrar seu ritmo ideal. Não passou de 36% no aproveitamento dos arremessos – estatisticamente, na verdade, era o pior rendimento de sua carreira, muito pior até mesmo do que seu ano de novato, beeeem distante da forma que lhe valeu uma única indicação a All-Star em 2009. O desempenho foi tão aquém do esperado que Larry Bird, na ânsia de conseguir mais um trunfo para tentar, enfim, desbancar LeBron e Wade, não viu problema em despachar seu capitão para a Sibéria Filadélfia, em troca do irregular Evan Turner. Quer dizer: Bird desistitiu de Granger.

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O veterano rescindiu seu contrato com o Sixers e fechou com o Los Angeles Clippers, do outro lado do país, ao menos se encaixando em outro time com aspiração ao título. Vindo do banco, conseguiu elevar seu rendimento a um patamar minimamente satisfatório, mas sem lembrar em nada uma força ofensiva que fosse ameaçadora. Daí a surpresa quando Pat Riley, pressionado, talvez num ato de desespero, escolheu o ex-ala do Pacers, seu antigo rival de playoffs, num pacote de reforços de última hora ao lado de Josh McRoberts para tentar convencer LeBron a ficar na Flórida. Claro que não deu certo.

Foram 19 pontos para Granger contra o Memphis, antes dos 21 contra o Orlando Magic

Foram 19 pontos para Granger contra o Memphis, antes dos 21 contra o Orlando Magic

O Miami fechou, então, com Luol Deng para cobrir a lacuna aberta no quinteto titular – mesmo que essa fosse, em teoria, uma posição que Granger pudesse ocupar. A verdade era que Riley e o técnico Erik Spoelstra ainda não sabiam exatamente o que esperar do ala, ainda mais depois de ele ter passado por uma segunda cirurgia no joelho dois meses antes de se apresentar ao clube. Só imaginavam que, dado o histórico do clube para reabilitar quase-aposentados (desde os tempos de Tim Hardaway nos anos 90, até os mais recentes casos de Rashard Lewis e Chris Andersen), valia a aposta. “Não sabíamos o estado dele para valer, mas conhecíamos nossos próprios registros com casos semelhantes, vindo de lesões, por volta dessa idade. Sabíamos que, se eles se comprometessem a trabalhar, que talvez eles precisassem da oportunidade certa, no lugar certo”, diz Spo.

Vendo o que o ala realizou nas últimas partidas, pode ser que tenha sido uma cartada certeira. “Era para ser um processo longo, mas ele já está adiantado. Pensávamos que isso iria acontecer só no Ano Novo”, afirmou. Granger primeiro recebeu minutos nas 11ª e 12ª partidas do Miami. Depois, nas 18ª e 19ª.  Voltou a ser aproveitado entre as 22ª e 24ª. Não animou muito e ficou parado por mais quatro jornadas, até ser inserido de vez na rotação. Então, no jogo mais esperado do calendário, com o retorno de LeBron no dia de Natal e transmissão, ele marcou 9 pontos, cinco dos quais em um momento crucial do quarto período, para esfriar uma reação do Cleveland Cavaliers. Nas duas partidas seguintes, marcou 39 pontos e converteu 70% dos seus arremessos, saindo do banco, com direito a oito cestas de três pontos. “O que ele fez neste último par de jogos foi fenomenal”, afirmou Dwyane Wade.

Claro que está muito cedo para celebrar dessa forma. O desafio do jogador é justamente sustentar uma sequência produtiva, consistente e com durabilidade, algo que não acontece há mais de dois anos. Nesse caso, não bastaria apenas a conversão de seus arremessos feito um James Jones, mas também se pede boa movimentação pela quadra, especialmente na defesa – o Miami precisa de toda a ajuda possível neste momento.

De qualquer forma, sabe da melhor? A crescente de Granger veio justamente nas vésperas de seu reencontro com o Indiana Pacers. Dá para ter melhor timing que esse? E mais: precisava ser justamente nesta quarta-feira, na noite da virada de ano? Não poderia ser mais emblemático, mesmo.

Agora, num universo de mais de 400 jogadores, são diversos os atletas que precisam de, senão de um recomeço, ao menos de um momento de virada em suas carreiras:

Todo o elenco do New York Knicks: Quer dizer, menos Cole Aldrich, Quincy Acy e Travis Wear, para quem a vida anda muito bem, obrigado. De resto, na pior campanha da história da franquia, o povo anda numa penúria que só. Se for para escolher um nome, porém, ficaríamos entre JR Smith e Andrea Bargnani. O ala-armador sempre foi o principal candidato a estranhar e odiar o sistema de triângulos. Esfomeado, de vista que só enxerga bem a cesta e nada mais, está agora convenientemente afastado de quadra devido a uma ruptura na fáscia plantar (algo que, acho, podemos traduzir como “sola do pé” no populacho). Já Bargnani não jogou sequer um minuto na temporada, por conta de uma ruptura de tendão no cotovelo. Sua estreia pode acontecer também nesta quarta, contra o Sixers. Difícil é encontrar alguém que ainda confie nesses caras. Smith só fez seu desempenho cair desde sua participação desastrosa nos playoffs de 2013. Para o italiano, Nova York, na verdade, já representava uma chance de recomeço, ao sair escorraçado de Toronto. Phil Jackson já disse que não topa nenhuma negociação que vá atrapalhar os planos dos Bockers no mercado de agentes livres. Não vai receber nenhum contrato indesejado que dure mais que os atuais.

A triste história de uma escolha de número um de Draft vinda da Itália

A triste história de uma escolha de número um de Draft vinda da Itália

– Bem, Josh Smith já ganhou, de certa forma, sua Mega-Sena da virada particular.

Andrei Kirilenko: pobre AK-47. Sob o comando de Jason Kidd, o ala tinha tudo para brilhar em Brooklyn, considerando a predisposição do jovem treinador para fazer o uso máximo de atletas híbridos, versáteis. Aí as costas não deixaram. Quando alegou estar bem fisicamente, veio Lionel Hollins, um técnico que conseguiu belos resultados em Memphis, mas que tem visão beeeem quadrada sobre o basquete (“Pivô bom? Só se jogar de costas para a cesta” etc.) Aí que o russo foi afastado da rotação, sem muita explicação, até se tornar o mais novo caso de banimento para a Filadélfia.A ironia é que, quando Kirilenko fechou com o Nets em 2013, houve uma choradeira geral na NBA: a de que havia um acordo por fora com o compatriota Mikhail Prokhorov, uma vez que ele havia aceitado um salário bem inferior ao seu valor de mercado.

Funciona assim, a propósito: a) um time precisa se livrar de um contrato, seja para abrir espaço no teto salarial, ou para diminuir as multas por excesso de gastança; b) o gerente geral liga para Sam Hinkie, chefão do Sixers, o time que nem mesmo cumpre a folha salarial mínima da liga e tem espaço para absorver qualquer tranqueira; c) Hinkie vai levantar o inventário do time que está ligando, para, d) rapelar mais algumas escolhas de Draft, até chegar o momento em que Philly vai ter 98% dos picks de todas as segundas rodadas da década; e) contrariado, mas sem ter muito o que fazer (ao menos ele vai economizar uns tostões, o que sempre agrada a qualquer proprietário de franquia), o cartola paga tudo o que o algoz solicita.

Deron e AK47 eram felizes em Salt Lake City e mal sabiam

Deron e AK47 eram felizes em Salt Lake City e mal sabiam

Foi o que aconteceu com Kirilenko. E pior: ao contrário da maioria dos atletas despachados para lá, Hinkie quer que o russo realmente se apresenta para jogar. Não porque conta com o medalhista de bronze olímpico para reforçar sua equipe, mas, sim, por vislumbrar uma nova troca para ele daqui a um mês – se ele jogar bem, vai aparecer algum time que sonhe com o título a pagar ainda mais pelo cara, saca? Mais escolhas de Draft! Obviamente que o russo não quer saber de virar um peão num joguete desses. Ele só quer liberdade. Se for dispensado, imagine se o San Antonio Spurs encontra um meio de contratá-lo (rompendo, vá lá, com Austin Daye)? O mundo precisa disso.

Deron Williams: Por falar em Brooklyn Nets, conheça o astro de US$ 20 milhões (US$ 19,8 mi, para ser mais preciso) que conseguiu uma proeza: virar reserva de Jarret Jack! Nada contra o novo titular, gente. Mas é que o veterano sempre foi conhecido em sua carreira justamente como o principal concorrente de Steve Blake  à condição de “armador reserva dos sonhos de todo e qualquer treinador”. Ao menos por hora, acabou essa história para Jack. Deron perdeu duas partidas devido a uma contusão na panturrilha e, quando voltou, estava no banco. Em entrevista pós-jogo, supôs que era por medida cautelar de Lionel Hollins. Ao que o treinador respondeu: “Não sabia que eu estava controlando os minutos dele”. Ui. Será que Sacramento, então, ainda topa conversar a respeito? Veja bem, Vivek. Já sabemos que vocês querem o Mason P, que está jogando demais, mesmo, e seria ótimo complemento para o Boogie. Mas… repare que o Sacramento está caindo pelas tabelas na conferência! E que isso talvez não tenha a ver com a meningite mardita que tirou o Boogie de ação, ou com a demissão de um técnico que havia colocado o time em boas condições de competir! O que isso significa? Significa que é hora de fazer mais uma troca por um astro renegado! Deu certo com o Rudy Gay, vai dar certo com o Deron também! Tro-ca já.

Lance Stephenson: é, Lance, a essa altura, você tem de agradecer pela lesão que Al Jefferson sofreu na virilha, que vai tirar o pivô de quadra por um mínimo de quatro semanas. Ufa, né? Pois estava ficando feio: foi só o ala-armador sair de cena com uma torção pélvica (!?!?), que o Charlotte Hornets começou a vencer. Eram quatro triunfos consecutivos já, reforçando a tese de que o talentoso e intempestivo jogador era o problema. Segundo o RealGM, porém, tanto a diretoria quanto Stephenson chegaram a um consenso de que ainda está cedo para romper. Da parte do clube, resta saber apenas se isso não foi motivado pelo simples fato de que as ofertas que chegaram não animavam muito. O Indiana Pacers, por exemplo, flertou com a possibilidade de repatriá-lo. Ao que parece, segundo diversas reportagens, seus antigos companheiros não se animaram muito com a ideia, não. Então parece que, se quiser encontrar paz, Stephenson vai ter de se virar em Charlotte, mesmo, ajudando Kemba Walker, em vez de se meter no caminho do armador, especialmente num momento sem Jefferson.

Vai tudo para a conta de Blatt, mesmo?

Vai tudo para a conta de Blatt, mesmo?

David Blatt: cogitar a demissão de um treinador estreante na NBA, com menos de seis meses no cargo? As coisas em Cleveland parecem não mudar nunca, mesmo, com trono ocupado ou vazio. O Cavs ainda deixa a desejar na defesa, é verdade, especialmente a proteção do garrafão, algo que sempre foi uma preocupação, devido a sua dependência de Anderson Varejão. Havia uma carência clara no elenco. Caberia a Blatt encontrar algum sistema para remediar isso, claro, e até agora não rolou. Talvez os jogadores não estejam escutando Blatt? Pois é. Mas essa não foi a mesma história com os últimos dois treinadores que passaram por lá? Irving e Waiters são reincidentes. Além disso, LeBron tem um comportamento no mínimo suspeito desde que voltou. Berra com companheiros em quadra, enquanto ele mesmo demora para voltar na transição defensiva. Diz a repórteres que estava em “modo relaxa-e-goza” contra o Orlando Magic, depois de uma preocupante derrota na véspera, para o Miami. Não importava, então? Ele age como se tivesse conquistado tudo de que precisava e, agora, era hora apenas de curtir o fato de estar perto de caso. No mesmo jogo contra o Heat, Kevin Love perdeu rebotes para Mario Chalmers e Norris Cole, enquanto vagava emburrado pela quadra. Enfim, Blatt, de um jeito ou de outro, vai precisar assumir as rédeas aqui. Segundo diversas fontes que trabalharam com ele na Europa, trata-se de um sujeito sensacional, que merece melhor sorte em sua grande chance nos EUA. A diretoria vai lhe dar apoio? Ou morrem de medo de LeBron para tomar alguma decisão que possa contrariá-lo?

Anthony Bennett: que o canadense fosse perder minutos para Robbie Hummel realmente não era algo que Flip Saunders tinha em mente quando fechou, enfim, a troca de Kevin Love.

Kobe Bryant: ele também é outro que já desfruta de um recomeço, após tantas lesões que lhe roubaram muitos meses preciosos nesta reta final. Mas para o astro do Lakers a temporada 2014-2015 não poderia passar rápido o suficiente. De qualquer forma, sabemos que ele arremessar 30 vezes por jogo não parece a solução num time fraquíssimo, embora os torcedores do Lakers adorem. Não dá para ser herói com esse time. Resta, então, passar a bola e liderar de um jeito bem diferente ao que se acostumou a fazer em uma vitoriosa – e conflituosa – carreira. Que tal?

PS: Desejo aqui um ótimo 2015 a todos – aqueles que estejam em busca de seu próprio recomeço, os que estão na crista da onda e, claro, o pessoal que toca tudo numa boa, sem tantas peripécias assim para contar, mas que não se enganem: como o filmaço Boyhood – a melhor coisa de 2014 – ensina, até a vida vida mais regular já é um grande acontecimento.


A bizarra dispensa de Josh Smith e um Houston mais forte
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Giancarlo Giampietro

SVG, o técnico, tentou orientar. SVG, o presidente, não soube ponderar

SVG, o técnico, tentou orientar. SVG, o presidente, não soube ponderar

É normal que um técnico, furioso após um treino frustrante, no qual seus atletas não renderam o esperado, suba as escadas em direção ao escritório dos diretores do clube para pedir a cabeça de um jogador.  Ele simplesmente não aguenta mais um cara: considera que ele não se dedica o bastante, que sua postura esculachada pode servir de má influência para o restante do time e que o melhor, mesmo, é mandá-lo para a Sibéria. O gerente geral vai obviamente escutar tudo, tomar notas, conversar com o treinador e, depois de escutar a batida da porta, pode chamar um ou outro assistente para ponderar a respeito e estudar as alternativas para atacar esse mais novo problema. Vão atender ao pedido? Que tipo de mercado poderiam encontrar para o atleta? É algo que pode ser contornado com muita conversa?

Em Detroit, o reino de Stan Van Gundy, porém, esse processo todo está comprometido. Quando o técnico Van Gundy queria reclamar a respeito de Josh Smith, ele teria de conversar com o presidente Stan Van Gundy. E aí faz como? Bem, aí que os ímpetos imediatistas do SVG das quadras prevaleceram, a ponto de causarem espanto na NBA com a dispensa o ala-pivô sem mais, nem menos, numa decisão que, inicialmente, custará cerca de US$ 40 milhões em salários (o deste campeonato mais US$ 27 milhões que teria nas próximas duas temporadas). Dinheirama gasta em um cara banido do clube. Que tal?

Não tem muito como avaliar a barra do substituto de Joe Dumars aqui: foi uma tremenda trapalhada. Foi algo realmente bizarro, fugindo da rota que 99,9% das demais franquias adotaria. O todo-poderoso do Pistons exaurir as possibilidades de troca até 19 de fevereiro, ou tentar negociar uma rescisão contratual com algum desconto até 1º de março (os jogadores dispensados até essa data se mantêm elegíveis para a disputa dos playoffs por outro time).

Smith não deixa saudades na Motown

Smith não deixa saudades na Motown

Van Gundy não quis saber de nada disso. Chamou Smith para seu escritório e soltou a bomba. Nuclear, no caso. É de se imaginar a reação do veterano. Primeiro, uma combinação de susto e, talvez, humilhação. O dirigente-treinador estaria tão insatisfeito com ele a ponto de assinar um cheque polpudo para não vê-lo mais nos arredores da cidade. Depois, passado o baque, talvez tivesse vindo a sensação de liberdade. Desde que assinou com Dumars em 2013, o encaixe, a combinação com a equipe nunca pareceram certos.

Segundo consta, a trupe de SVG sondou o mercado de trocas, sim. Mas não ouviu nada de interessante. O único clube realmente disposto a fazer um negócio foi o Sacramento Kings. Que teria oferecido dois pacotes: o pivô Jason Thompson acompanhado de Derrick Williams e, depois, de Carl Landry. A primeira proposta ele recusou na expectativa de trabalhar com Smith e tentar arrumar as coisas em quadra – projeto que não durou nem três meses. A oferta com Landry foi a última e, nesse caso, a economia de alguns tostões apenas para Detroit. E eles queria uma redução mais drástica na sua folha de pagamento, pensando numa reformulação de verdade ao final do campeonato.

Ao dispensar Smith e esticar o valor restante de seu contrato por cinco anos (Smith vai receber U$ 5,4 milhões por ano, até 2020), eles vão conseguir isso. A opção representa um ganho de US$ 8 milhões no teto salarial em 2015 para dar mais margem de manobra nos futuros negócios. Além disso, segundo as regras do acordo trabalhista da NBA, caso Smith assine com uma nova equipe por um valor acima do salário mínimo, metade desse vínculo será descontada das despesas do Pistons. Quer dizer: aquela conta de US$ 40 milhões pode ser reduzida. Só não esperem, porém, que esse valor despenque de modo considerável.

Smith estava jogando muito mal em Detroit. Com ele em quadra, a equipe era vencida pelos adversários por mais de 12 pontos em média, a cada 100 posses de bola. Para se ter uma ideia, o Philadelphia 76ers tem perdido por 10,6 pontos a cada 100 posses neste campeonato. É um prejuízo danado, então, que ajudou a diminuir a cotação do atleta. Por outro lado, parece claro que a maior dificuldade encontrada por Van Gundy neste caso foi justamente sua urgência para selar uma proposta. Se os dirigentes percebem o desespero e estão cientes sobre o valor astronômico do contrato, entram na negociação com a vantagem toda do seu lado. Muitos deles já pediram logo de cara uma escolha de primeira rodada de Draft, antes de avançar nas conversas.

Mesmo equilibrado, Smith não estava matando nada em Detroit

Mesmo equilibrado, Smith não estava matando nada em Detroit

Esses são, basicamente, os pontos a favor da decisão dramática. Agora… se até um Gilbert Arenas, alguém que levou armas para o vestiário e, sim, defecava sobre o tênis dos companheiros, pôde ser trocado, imagino que dava para ter encontrado uma solução melhor, sim, para Smith. (Ironicamente, aliás, Arenas saiu do Washington Wizards justamente para o Orlando Magic, para jogar com Van Gundy. Pesou aí a memória de treinador (uma vez que Arenas foi um fiasco na Flórida) e, não, a de dirigente.

Quando acertou com Van Gundy e decidiu lhe dar plenos poderes no controle das operações de basquete, Tom Gores, o dono da franquia, deveria estar ciente dos riscos. São raros os casos de personagens que tenham conseguido dar conta de duas funções com mentalidades tão distintas: o técnico se preocupa com o dia de hoje e amanhã; um dirigente precisa cuidar do que vem muito depois disso, ainda mais numa NBA em que a concorrência é predatória.

Pat Riley deu conta disso em Miami, mas de um modo bem diferente: orientou o time com certo sucesso nos anos 90, mas, depois, viu um elenco envelhecido naufragar. Foi só a partir do momento em que ele se concentrou mais na função de gerente que a franquia decolou, ganhando três títulos desde 2006. O primeiro deles, é verdade, foi com o ultravencedor de volta ao banco, ironicamente depois de demitir SVG. A equipe, porém, já estava montada, com Shaq, Wade, Payton, Posey, Haslem, Williams, Walker e muito mais. Naquele caso, o técnico não tinha do que bufar, uma vez que ele mesmo havia reunido aquele grupo de atletas.

Smith foi um contrato herdado por Van Gundy. Joe Dumars, infelizmente, não estava presente para escutar suas lamúrias de quadra.

*   *   *

Amigo é coisa pra se guardar...

Amigo é coisa pra se guardar…

Ah, a sorte. Ela pode interferir no destino de uma temporada de NBA de modo muito mais decisivo do que os analíticos e os mais racionais podem admitir. Não só por conta das lesões – como o mais novo infeliz acidente em torno de Anderson Varejão nos conta em Cleveland –, mas muito mais por uma série de fatores, de incidentes que podem acontecer durante a jornada, beneficiando um, ferrando com a vida do outro.

Na Conferência Oeste de competitividade absurda, o Houston Rockets pode estar ganhando um presentão com a dispensa de Smith pelo Pistons. O ala já concordou em assinar com o clube texano, por algo em torno de US$ 2 milhões. O gerente geral Daryl Morey precisa apenas abrir uma vaga em seu elenco para assinar a papelada. Ele vai tentando achar uma nova casa para Joey Dorsey, Tarik Black,  Clint Capela, Nick Johnson ou Alexey Shved (os atletas de menor salário e menor papel na equipe, em suma). Atualização: Tarik Black, que não tinha garantias em seu salário para o futuro, acabou dispensado. Do contrário, teria de dispensar outro contrato, lembrando que esse foi um expediente já adotado pelo cartola antes do início da temporada, torrando US$ 2 milhões em Jeff Adrien e Ish Smith.

Em teoria, parece um negócio da China, por um ala-pivô que, embora não castigue mais o aro como nos bons tempos em Atlanta, ainda tem muito talento para oferecer como defensor (ainda está no top 10 de tocos da liga e tem mobilidade e agilidade acima da média para a posição) e um passador cada vez mais apurado.

Não se trata, porém, de um jogador completo, que não cause alguns problemas em quadra. Do contrário, não teria sido dispensado com US$ 40 milhões por receber. Aliás, fosse o caso, talvez o Atlanta Hawks não tivesse permitido nem que entrasse no mercado de agentes livres no ano passado. Que tipo de problemas, então? Bem, já é de conhecimento público suas dificuldades com o arremesso de três pontos. Mais que isso: não só ele é um péssimo arremessador, como não se esquiva de queimar bolas de longa distância com uma frequência alarmante.

Nesta campanha derradeira pelo Pistons, contudo, a penúria se alastrou. Ainda que ele tenha diminuído consideravelmente o volume nos tiros de fora (1,5 a cada 36 minutos), seu aproveitamento geral nos arremessos de quadra despencou para baixo da casa  de 40%, com 39,1%, vindo de um 41,9% na temporada passada – as piores marcas de sua carreira. Uma tendência preocupante e horrorosa. Isto é: ele distribuiu seus arremessos de forma mais apropriada, conforme suas habilidades, mas simplesmente não conseguiu convertê-los. Vejam que calamidade:

josh-smith-shooting-chartA conversão de apenas 44% perto da cesta é assustadora para alguém de sua posição e talvez seja um sério indício de a) o declínio de sua capacidade atlética; b) simplesmente o produto de se jogar num time ruim, com um armador que não sabe o que faz em quadra e cujo garrafão já esteja congestionado com Andre Drummond; c) total desinteresse pela prática do basquete; d) uma combinação desses três fatores. No final das contas, Smith é apenas o segundo jogador na história da liga a ficar abaixo dos 40% de arremesso de quadra e 50% nos lances livres, com um mínimo de 800 minutos em quadra.

O Rockets acredita que o péssimo desempenho do ala-pivô tenha mais a ver com a falta de motivação e encaixe em Detroit. Que seu nível de produção vai subir e os maus hábitos, diminuírem, ao lado de seu compadre Dwight Howard, jogando num time de ponta, com reais pretensões de título. A conferir.

Mesmo com Howard perdendo 11 jogos devido a dores no joelho, o Rockets tem hoje a segunda defesa mais eficiente do campeonato. Imagine o quão sufocante e sólida pode vir a ser com o pivô e Smith em forma para proteger o garrafão? Por outro lado, também cabe a pergunta: será que a presença de Smith faria tanta diferença assim num sistema que obviamente já funciona bem?

Agora, as maiores dúvidas ficam para o ataque, mesmo. O reforço vai comprometer o espaçamento ofensivo? Donatas Motiejunas já não honra sua fama – e sua condição natural de lituano ; ) –, com 28,3% de acerto de fora. Kostas Papanikolau ainda não se ajustou a distância maior da linha de três da liga. Terrence Jones vinha muito bem, mas está afastado por tempo indeterminado das quadras. Com Smith, seria um não-chutador para fechar as linhas de infiltração de James Harden.  A despeito disso, o Rockets é o time que mais chuta do perímetro na liga. Com o técnico Kevin McHale, de contrato renovadíssimo, vai se comprtar com Smith? Vai incentivá-lo a arremessar, não importando os resultados? Você pode estar empurrando a Chapeuzinho Vermelho em direção ao Lobo Mau numa dessas, gente.

É, de qualquer forma, uma aposta de baixo risco para o Rockets, mas que pode fazer grande diferença.

*   *   *

O Rockets já havia fortalecido seu sistema defensivo com a troca por Corey Brewer. O ala ex-Wolves pode não ser um marcador implacável no mano-a-mano, mas é um tormento para atacar as linhas de passe, com reflexos acima da média, agilidade e envergadura. Junte ele e Trevor Ariza, e o time de McHale tem duas excelentes opções no perímetro para dar um descanso a Harden. O Sr. Barba vinha muito melhor na conenção, mas já gasta muita energia no ataque e precisa ser realmente preservado. Sem ironias.

 

 

 

 

 


Quais presentes os times da NBA mais querem? Lado Leste
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Giancarlo Giampietro

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Pode espinafrar, tudo bem. O gancho não é nadica original: o que cada equipe da NBA quer de Natal? Mas, poxa, gente, vamos olhar por outro lado: ao menos ele oferece a chance para uma zapeada rápida por cada um dos 30 clubes, além do fato de dar um descanso para essa cuca aqui, que é mais que lerda. Alguns pedidos são praticamente impossíveis, outros mais viáveis. Vamos lá, então:

Dá para o armador alemão do Hawks melhorar, e muito, seu arremesso

Dá para o armador alemão do Hawks melhorar, e muito, seu arremesso

ATLANTA HAWKS
– Que Al Horford, por favor, não tenha mais nenhuma lesão muscular bizarra no peito?

– Um pouco mais de carinho por parte do público local? A equipe hoje ocupa apenas a 25ª posição no ranking de público. Uma evolução em relação ao campeonato passado (28º), é verdade, mas é muito pouco para um clube de campanha tão bacana.

– Dennis Schröder bem que poderia subir mais um degrau ainda neste campeonato. O time só vai ganhar com isso. E a gente, se divertir.

– Kyle Korver terminando um ano com um lindão 50%-40%-90%.

BOSTON CELTICS
– Danny Ainge quer muito, mas muito mesmo uma nova superestrela. Via Draft, ou troca.

– Um bom Draft em 2015, com muitos pivôs bem cotados.

– Se Rondo sair, o show será de Marcus Smart. Para tanto, o novato precisa se distanciar da enfermaria.

– Consistência por parte de Kelly Olynyk e Jared Sullinger.

BROOKLYN NETS
– Alguém que veja algum apelo nas caríssimas peças que Billy King juntou, sendo que seu elenco em nada se assemelha a um candidato a título.

– Adaptação mais acelerada para Bojan Bogdanovic, que tem um jogo muito vistoso para ficar escondido no banco de reservas. Uma hora o chute de três vai cair, assim como o de Teletovic.

Está acabando para KG

Está acabando para KG

– Um fim digno de carreira para Kevin Garnett, que vê Duncan e Nowitzki, mesmo no brutal Oeste, em situações muito melhores.

– Uma retratação por parte daqueles que alopraram a convocação de Mason Plumlee para a Copa do Mundo.

CHARLOTTE HORNETS
– Um novo endereço para Lance Stephenson, e para já. Ele e Kemba Walker simplesmente não combinam.

– 40% de aproveitamento nos chutes de longa distância para Michael Kidd-Gilchrist.

– Uma sequência de seis, sete vitórias que ponha o time na zona de classificação dos playoffs. Com o nome Hornets de volta no pedaço, esses uniformes sensacionais e a quadra mais bonita da liga, a cidade precisa disso.

– Agora que está liberado, uma caixa com os melhores charutos cubanos disponíveis para Michael Jordan.

CHICAGO BULLS
– Um Derrick Rose 100%. Ou 87%, vai.

– Que tenhamos a dupla Noah-Gasol saudável nos playoffs.

– Um jogo de 50 pontos para Aaron Brooks.

– Tá, este aqui é meu: mais Nikola Mirotic, muito mais, Thibs. A defesa se acerta.

CLEVELAND CAVALIERS

Anderson Varejão, Cavaliers, Cavs
– Um novo endereço para Dion Waiters, ou ao menos que o rapaz se dê conta de que, no momento, está muito mais para Jordan Crawford do que Dwyane Wade.

– Um contrato novinho e folha acertado informalmente por Kevin Love. Mas sem a liga saber, claro.

– Mais atenção de Kyrie Irving na defesa. A velocidade já está lá.

– 75 partidas + os playoffs para Anderson Varejão.

DETROIT PISTONS
– Dúzias e dúzias de comprimidos de calmante para Stan Van Gundy, o chefão.

– 65% de aproveitamento nos lances livres para Andre Drummond.

– A reconciliação com Greg Monroe.

– Qualquer poema altruísta que convença Brandon Jennings a soltar a bola.

Topa um Lance aí?

Topa um Lance aí?

INDIANA PACERS
– Mais nenhum susto, mais nada que dê mais trabalho para os médicos. A hora extra vai custar caro.

– Recuperação segura para Paul George.

– Vogel quer os playoffs, mas o melhor para Larry Bird e para o clube seja uma boa escolha de Draft.

– Lance Stephenson!?

MIAMI HEAT
– Dwyane Wade inteirão para os playoffs.

– Chris Bosh retornando da lesão muscular no mesmo nível de antes.

– Que Shawne Williams consiga sustentar seu ritmo nos chutes de longa distância.

– Mais minutos para Shabazz Napier, desde que a defesa não sofra ainda mais.

MILWAUKEE BUCKS
– Um contrato assinado para a nova arena. Para ontem.

– Sem Jabari, a manutenção desta campanha surpreendente que faz o passe de Jason Kidd inflacionar bastante.

Brandon Knight e o Bucks vão continuar em Milwaukee?

Brandon Knight e o Bucks vão continuar em Milwaukee?

– Média de ‘só’ 3 faltas por jogo para Larry Sanders.

– John Henson realizando seu potencial efetivamente.

NEW YORK KNICKS
– Marc. Gasol.

– Um novo endereço para JR Smith.

– Um arremesso para Iman Shumpert.

– Que Phil Jackson seja tão bom de Draft quanto Isiah Thomas.

ORLANDO MAGIC
– O retorno de Aaron Gordon o quanto antes.

– Um contrato razoável para Tobias Harris (a essa altura, depois de vários buzzer beaters, um pouco abaixo do máximo permitido para ele).

– 44% nos arremessos para o calouro Elfrid Payton, que já cuida do resto muito bem.

– Victor Oladipo deslocado mais para a finalização de jogadas.

PHILADELPHIA 76ERS
– 10 vitórias para evitar um vexame histórico e muita paz de espírito para Brett Brown.

– Menos turnovers para Michael Carter-Williams e Tony Wroten.

Robert Covington e o Sixers chutam para evitar pior campanha da história

Robert Covington e o Sixers chutam para evitar pior campanha da história

– Uma boa relação com o agente de KJ McDaniels, que vai virar agente livre.

– Uma palhinha de Joel Embiid nas últimas semanas da temporada?

TORONTO RAPTORS
– Mando de quadra nos playoffs, como cabeça-de-chave número 1.

– Muito mais Jonas Valanciunas no quarto período. É um pivô que bate bem lances livres.

– “Let’s Go, Bru-No!”, sabendo que todos precisam de paciência.

– De resto, não tem muito o que melhorar aqui, né? Que DeRozan volte bem.

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WASHINGTON WIZARDS
– O sumiço definitivo dessa coisa chata que é a fascite plantar de Nenê.

– Que não expire a poção mágica do incrível Rasual Butler.

– Sequência de jogo constante para Bradley Beal.

– 59 horas de entrevistas com Marcin Gortat.

E qual presente você quer para seu time? Amanhã, sai uma listinha do Oeste.

PS: Para quem não viu, uma abordagem bem mais detalhada sobre os clubes está aqui: 30 times, 30 fichas sobre a temporada


Remendado, Pacers surpreende (antigo?) rival em Miami
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Giancarlo Giampietro

Hibbert dominante em Miami, de novo

Hibbert dominante em Miami, de novo

Era como se fosse um Indiana Pacers x Miami Heat dos bons e velhos tempos. Tipo da temporada passada, mesmo.

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Nesta quarta-feira, os dois times que disputaram o Leste nos últimos dois campeonatos voltaram a se enfrentar bastante modificados, comparando com suas versões da final da conferência há sete meses. E o que a gente viu? Novamente um jogo tenso, equilibrado, decidido nos últimos instantes. Um jogo em que os visitantes de Indianápolis conseguiram novamente desacelerar o jogo ao dominar chutar traseiros nos rebotes e tirar seu adversário de seu ritmo. Venceram por 81 a 75.

Nesse caso, foi uma baita surpresa.

Se o Heat vai se virando bem depois da saída de LeBron, com Chris Bosh e Dwyane Wade elevando a produção e os armadores ajudando a manter o dinamismo do ataque, o Pacers era basicamente o time oficial da depressão na liga. A equipe perdeu Paul George devido a uma lesão horripilante, deixou Lance Stephenson ir embora no mercado e ainda viu George Hill e David West se lesionarem no training camp. Não nos esqueçamos dos problemas físicos também de CJ Watson, Rodney Stuckey e CJ Miles. Impossível brigar quando 80% de seu forte quinteto titular e dois de seus principais reforços acabam afastados, certo? Ainda mais quando o banco de reservas era sua principal deficiência.

Já (nem) faz tempo, né?

Já (nem) faz tempo, né?

Pois o técnico Frank Vogel vai dando um jeito de manter seu conjunto competitivo em quadra. “Sloan, Hill, Copeland, Scola, Hibbert, Price, Rudez, Lavoy Alen, Ian Mahinmi e Shane Whittinton”, disse Vogel, elencando o que tem ao seu dispor na rotação. “A vida te manda uma bola de rosca, veneosa em sua direção às vezes. Você tem apenas de acertá-la.”

O engraçado é que a frase serve tanto para os atletas, que têm uma oportunidade de ouro para mostrar serviço, como para o próprio treinador, que falhou seriamente nos últimos dois anos em desenvolver uma segunda unidade do Pacers. Enquanto o time titular voava, o rendimento da equipe despencava quando era a hora de usar os reservas. Muitos dos caras que estavam enterrado em seu banco no ano passado agora provam um certo valor. Especialmente os alas Chris Copeland e Solomon Hill.

Imagine se a direção do clube (oi, Larry Bird!) tivesse adotado a mesma saída de um ano atrás, quando empacotou Gerald Green e Miles Plumlee numa troca por Scola? Os dois atletas despachados se tornaram peças relevantes para o Phoenis Suns instantaneamente. Dessa vez, por força de um ocaso e de seguidas desgraças, ao menos o desenvolvimento dos coadjuvantes vai acontecendo internamente.

Na Flórida, essas novas peças se mostraram bastante adequadas para o plano de Vogel de triturar os adversários dentro do garrafão. Os caras pegaram 53 rebotes no geral, 16 ofensivos, contra 28 de Miami – 25 rebotes a mais que o oponente = a massacre nas minhas contas. Roy Hibbert, sempre ele contra o Heat, apanhou 15 rebotes por conta própria, sendo quatro no ataque. Mas o destaque fica para Solomon Hill, mesmo, com 10 no geral, igualmente divididos entre defensivos e ofensivos.

O ala foi selecionado no Draft de 2013, na posição 23, para surpresa geral dos especialistas. Um formando da Universidade do Arizona, ele chamava a atenção pelos atributos atléticos, mas ninguém o julgava como alguém digno da primeira rodada. O mais estranho, porém, foi que em sua campanha de novato, ele mal jogou. Foram apenas 28 partidas e média de 8 minutos. Para um calouro de 22 anos, mais experimentado? Uma decepção e uma situação equivalente à de Miles Plumlee.

Donald Sloan parte para cima. Repita: Donald Sloan parte para cima

Donald Sloan parte para cima. Repita: Donald Sloan parte para cima

Agora não teve jeito. Era Solomon Hill, ou nada. “Estamos sofrendo com lesões há um tempo já, então eu nem olho mais para quem está jogando, ou não”, afirmou Hibbert, que vem num excepcional início de temporada, e lembrou o Miami de seu potencial ofensivo, quando está motivado e em boa forma. “Seja lá quem estiver em quadra, vamos caminhar juntos.”

Foi com essa galera de segundo ou terceiro escalão que o Pacers respondia a cada boa jogada de Wade para se manter à frente do placar no quarto período, deixando a torcida local muda, aflita, como nas vezes em que triunfaram por lá nos mata-matas, mesmo. Algo até chocante, considerando a formação do time.

Peguem o AJ Price, oras. O armador foi selecionado pelo Pacers em 2009. Jogou três temporadas por lá, sem gerar muita comoção quando dispensado. Passou por Wizards e Timberwolves nos últimos dois campeonatos. Estava sem clube, depois de não conseguir uma vaguinha no Cleveland LeBrons. E lá estava o cara reencontrando Shabazz Napier no início do quarto período, em mais um racha empolgante, como aquele da pré temporada no Rio. Não era nem para ter acontecido isso. Antes de Price, o Pacers tentou contratar o israelense Gal Mekel para ajudar Sloan na armação. O negócio estava fechado, mas acabou caindo devido a um impasse burocrático, de visto trabalhista.

Com a raspa do tacho, defendendo pacas e espremendo uma cesta ou outra, eles limitaram um superempolgado Bosh a apenas nove pontos, errando 10 de seus 13 arremessos. “Nosso ataque é baseado em movimentação de bola. E eles nos esmagaram”, disse o ala-pivô. Copeland concorda: “Tem jogos em que é isso que conta: deixar a defesa vencer por nós. Acho que dificultamos os arremessos deles. Tem dias em que o jogo na estrada fica feio.”

Pensem nisso: temos aqui o Chris Copeland falando sobre uma vitória contra o Miami Heat, fora de casa, comentando sobre como o ataque não foi lá uma maravilha. Quem iria imaginar uma coisa dessas? Fruto da história recente entre as equipes? “Só estava pensando em não permitir uma sequência de derrotas novamente”, disse Hibbert. “Perdemos seis seguidas e vencemos o último jogo. Não estou pensando em rivalidade. Só estou pensando em conseguir algumas vitórias.”


O Miami Heat de Spoelstra tenta se reinventar
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015

LeBron? Que LeBron?

LeBron? Que LeBron?

É o que dá escrever um texto que era para ser prévia, mas não deu tempo de publicá-lo antes e acaba invadindo a temporada. De todo modo, a minha defesa: mesmo se fosse prévia, a ideia era de que essa ficha se sustentasse como material de apoio para a equipe durante todo o campeonato, e tal. Sim, tamanha era a pretensão.

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>> Bombardeio no Twitter? Também tou nessa

Basicamente, o que iria escrever é o seguinte: ainda vamos ver na TV uma equipe muito boa, boa o suficiente para fazer estragos na Conferência Leste, mas que, como candidata ao título, só mesmo se inserida com um tremendo de um azarão. E aí o que acontece? Eles vencem três partidas seguidas na semana de abertura, integrando Luol Deng ao sistema, usando os calouros Shabazz Napier e James Ennis e explorando um Chris Bosh simplesmente sensacional. Era a hora de cair no hype e abraçar a causa? Talvez!?

Aí, pumba, passa o Houston Rockets pela cidade, com Dwight Howard e James Harden demolidores, e acaba com a festa. Ajuda a por as coisas sob perspectiva. O time da Flórida havia vencido basicamente um Washington Wizards desfalcado de Nenê, cumprido tabela com o Philadelphia 76ers e derrotado um competente Toronto Raptors, que, no caso, é um de seus maiores fregueses. Então tá. Serviu para zerar qualquer ruído que o campeonato já em andamento pudesse causar, para que eu resgatasse o ponto original.

Bosh começou o ano de modo muito mais agressivo, como se estivesse em Toronto

Bosh começou o ano de modo muito mais agressivo, como se estivesse em Toronto

O Miami manteve Chris Bosh, Dwyane Wade, Norris Cole, Mario Chalmers, Chris Andersen e Udonis Haslem de sua rotação do bicampeonato. Seis caras, vale por um bom conjunto. Mas, da turma que saiu, bem, como dizer isso? Tinha o tal do LeBron James, né? Acho que vocês ouviram a respeito. Ray Allen faz falta, assim como Mike Miller para os playoffs… Mas seriam substituíveis. Quando você tenta reencontrar seu rumo sem LeBron, aí o desafio é muito maior. Até porque todo o sistema de jogo de Erik Spoelstra estava baseado nas vastas habilidades que o camisa 6 lhe entregava. A defesa pressionada. O ataque veloz e espalhado. Enfim. Todo e qualquer detalhe era pensado em torno do craque.

Então o Miami tinha uma base entrosada mantida, mas também precisaria se reinventar. E aí chegou a hora de Spoelstra realmente mandar um recado para os críticos que só acreditavam no sucesso de sua equipe pela qualidade das estrela que tinha em mãos. Que, com um elenco normalzinho, o treinador não faria nada de mais.

Obviamente não é o caso. Não só o Heat não tem um elenco medíocre hoje – e Chris Bosh vai lembrando a todos o quão mortal é o seu arsenal, com ou sem LBJ –, como Spoelstra é muito mais que um cone do lado da quadra. O treinador vai mexer suas peças com criatividade, sem grilhões, experimentando até encontrar a melhor rotação e quintetos que funcionem para determinadas situações.

Spoelstra vai dar um jeito. Algum jeito pelo menos

Spoelstra vai dar um jeito. Algum jeito pelo menos

A dúvida que realmente fica aqui diz respeito a saúde. Sobre o que aconteceria no caso de Bosh ou, principalmente, Wade se lesionarem. Aí o frágil banco ficaria consideravelmente exposto. A não ser que vocês ainda estejam esperando 20 pontos por jogo de Danny Granger. A temporada nem começou, e ele já está novamente lesionado. Essa estaria na prévia na certa

O time: quando você perde LeBron James, multifundamentado e uma aberração atlética da natureza, você está perdendo um caminhão de possibilidades. Mas acho que o ponto principal a ser coberto é o dinamismo de sua equipe. Em termos de habilidades físicas, todo mundo sabe que são poucos os que podem rivalizar com o craque. Então nem adiantava procurar por isso. Em termos de flexibilidade na quadra, porém, a tática pode resolver. E Spoelstra vem fazendo sua parte.

Quem aí já se acostumou com a imagem de um Luol Deng do Miami Heat?

Quem aí já se acostumou com a imagem de um Luol Deng do Miami Heat?

Reparem que Chalmers, Cole e Shabazz Napier têm ficado em quadra por muito mais tempo. O técnico usa o expediente da dupla armação para manter um time veloz e solidário, com a vantagem de que os dois veteranos da posição são bons marcadores e conseguem manter uma certa pressão no adversário – ainda que uma pressão diferente, e, não, a blitz dos últimos anos. Ainda há o fator Josh McRoberts para ser integrado nessa brincadeira, depois de o ex-Bobcat ter perdido toda a pré-temporada depois de uma cirurgia no dedão do pé.

Além disso, na ala, Luol Deng adiciona inteligência em seu giro pela quadra sem a bola, se esgueirando pelos espaços abertos por um ataque ainda com cinco homens abertos. O calouro James Ennis também vai seguir essa linha e dar mais vitalidade quando for para a quadra. O ataque não vai ser problema. A retaguarda e a proteção ao aro, já frágeis com LeBron por lá, é que inspira mais preocupações, como o Rockets expôs na quarta rodada.

A pedida: uma quinta participação seguida nas finais da NBA?! Só o Boston Celtics de Bill Russell conseguiu algo assim. Mas realmente está cedo para se empolgar.

Olho nele: Josh McRoberts. Escrever sobre Napier já ficou batido, né? Obviamente que o armador é talentoso, que merece mais tempo de jogo e que a solução encontrada por Spoelstra para colocá-lo na rotação parece ótima. Então vamos falar um pouco mais aqui sobre McBob, um cara sobre o qual já escrevi aqui, declarando toda a minha simpatia. O ala-pivô vai amplificar a movimentação de bola da equipe com sua visão de jogo praticamente incomparável para alguém da sua altura, mobilidade e habilidade. Nos momentos em que estiver em quadra com Bosh, o ataque do Heat vai ficar muito, mas muito interessante. E ele nem precisa rasgar camisas para chamar a atenção:

Abre o jogo: “Ele não precisa tentar ser o jogador que foi em 2008. Isso pode não ser necessariamente importante para nosso time”, Erik Spoelstra, sobre Wade. O bom para o treinador é que Chris Bosh, sim, parece pronto para jogar como era em 2009, em seu último ano como um Raptor, antes da Decisão e todas as suas consequências.

Mr. Shabazz para fazer o ataque se mexer

Mr. Shabazz para fazer o ataque se mexer

Você não perguntou, mas… o novato Napier deixou de seguir LeBron James no Twitter e deletou todas as mensagens que havia mandado para o astro do Heat Cavaliers, desde que o Rei optou por retornar a Cleveland. É engraçado: durante os mata-matas do basquete universitário, LeBron não se cansava de elogiar as atuações do armador por UConn, rumo ao seu segundo título. “Meu jogador favorito no draft, não tem como alguém selecionar algum armador antes dele e blablabla”, foram as coisas que ele andou falando. Imagine, então, a decepção de Shabazz quando o ala o abandonou. Tadinho. Em sua defesa, o rapaz afirmou que não era ele que controlava sua conta e que não estava sabendo nada disso.

Dwyane Wade, card, Miami Heat rookieUm card do passado: Dwyane Wade. Há 11 anos, o ala-armador entrava na NBA sem tanta badalação – pelo menos considerando o jogador que ele iria virar em Miami. Agora Wade abre uma nova campanha em que há incertezas ao seu redor: depois de tantos problemas físicos, como ele vai reagir novamente com mais responsabilidades ao seu lado? Ao menos seu elenco de 2014-15 é superior ao de 2003, que tinha Caron Butler e Lamar Odom, ainda jovens, e veteranos no fim da carreira como Brian Grant e Eddie Jones. Além deles, Wang Zhizhi, Samaki Walker, Bimbo Coles, Rasual Butler e… Udonis Haslem, claro. O único remanescente ao lado de Wade.


LeBron? Intrigas? Nada. No Cavs x Heat, deu festa para Varejão
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Giancarlo Giampietro

Varejão brilha pelo empenho. Mas teve seus minutos de cestinha no Rio (Foto: Marcelo Regua/Inovafoto)

Varejão brilha pelo empenho. Mas teve seus minutos de cestinha no Rio (Fotos: Marcelo Regua/Inovafoto)

Em Cleveland, ele é uma sumidade. Neste sábado, foi a vez de ser reverenciado, com muita justiça, por seus compatriotas. Num comportamento bem diferente do que apresentou no ano passado em relação a Nenê, os torcedores brasileiros ovacionaram Anderson Varejão quando o pivô foi apresentado no Rio de Janeiro, antes do amistoso de pré-temporada da NBA contra o Miami Heat.

O reconhecimento, claro, tem muito mais a ver com o carisma do pivô do Cavaliers, muito por conta de sua cabeleira esvoaçante, marca registrada, que deixa todas as suas ações um tanto mais dramáticas – um fenômeno parecido com o que se passa com David Luiz e Carles Puyol nos gramados.

Qualquer aplauso direcionado a um jogador como Varejão é merecido. Num país em que se celebra o ataque no esporte como um aspecto até mesmo cultural, no basquete essa devoção acaba se canalizando para a figura do cestinha. E, de cestinha, o capixaba não tem nada. Ou melhor: apaga isso. Pelo menos por alguns minutos, num time que tem LeBron James e Kevin Love, o brasileiro foi promovido, de modo surpreendente e cordial, a referência ofensiva – e mais do que deu conta do recado.

Desde os tempos de adolescente surgindo no time principal de Franca, o grandalhão se destacou por seu tino até mesmo extrassensorial para os rebotes, a inteligência e empenho na defesa, turbinados por sua agilidade incomum. O cara do serviço sujo. Qualidades que fizeram dele um sucesso popular em Cleveland. E que, felizmente, não passaram despercebidas pelo pelo público nacional.

Varejão fiscalizando Bosh. Prioridades defensivas

Varejão fiscalizando Bosh. Prioridades defensivas

De qualquer maneira, o Varejão que jogou pelo Cavs foi outro. A partir do momento em que anotou os dois primeiros pontos do confronto, num tiro de média distância, o pivô não se cansou de balançar a redinha. Foi um gesto bem legal do técnico David Blatt, que desenhou jogadas que colocavam o cabeleira em posição favorável para pontuar lá dentro, assessorado por LeBron. Desse jeito, o treinador vai se tornar um personagem popular com seus atletas rapidamente. A seriedade de Blatt só não foi abalada quando, no período final, a galera passou a gritar o nome do pivô, pedindo seu retorno. Não ia rolar – há planos mais sérios, de longo prazo, que precisam ser respeitados.

O brasileiro deu provas de que tem munheca e que pode ser explorado. Teve até gancho de média distância caindo, tiros em flutuação, com muita confiança. Ele anotou 8 dos primeiros 16 pontos do time, ralando, vejam só, com Dwyane Wade. No primeiro tempo, foram 12 pontos no total, acertando seis de oito tentativas de cesta. Que fase! Sua participação se encerrou no terceiro quarto, com 14 pontos em 20 minutos.

No terceiro período, porém, Kevin Love foi mais um a se beneficiar da companhia de um LeBron que estava distribuindo mais, atacando menos, desembestou e estragou tudo, disparando em sua contagem pessoal (terminou com 25 pontos pontos em 26 minutos). Chris Bosh queria morrer de tanta inveja. O impetuoso Dion Waiters também aprontou uma ou outra coisa, deixando claro que talento, para ele, não é o problema. A questão é controlar a cabeça – mesmo num amistoso lá estava o jovem ala-armador fazendo caras, bocas e poses após suas infiltrações. Não precisa.

LeBron crava: uma das duas cestas de quadra do astro em pré-temporada

LeBron crava: uma das duas cestas de quadra do astro em pré-temporada

Em termos ofensivos, o potencial do Cavs é imenso. David Blatt tem ao seu dispor alguns craques, mas não é só isso. As características de LeBron e Love já permitem uma série de quintetos diferentes. A presença de caras como Dion Waiters, Shawn Marion, Mike Miller, Joe Harris e Tristan Thompson no elenco de apoio, porém, sugere caminhos intermináveis para serem explorados. São muitos atletas versáteis, intercambiáveis e alguns excelentes arremessadores de três pontos (a escolha de Harris na segunda rodada do Draft deste ano foi providencial, aliás). Para um jogo de pré-temporada, a fluidez das movimentações ofensivas já impressionam. A mente brilhante do técnico vai se esbaldar.

Com esse ataque superprodutivo, sua equipe foi dominante, liderando o placar de ponta a ponta.  No geral, foi um jogo de nível muito superior ao Bulls x Wizards do ano passado. O fator LeBron-contra-ex-time definitivamente contribuiu para isso, ainda que o astro estivesse bem mais complacente que o normal em quadra, ainda em modo pré-temporada. Com as pernas pesadas ainda, só tentou oito arremessos no total, convertendo dois. Nos lances livres, como reflexo desse condicionamento físico ainda aquém do esperado, errou quatro de sete chutes. Fechou sua participação na metade do terceiro período com sete pontos e oito assistências.

Entre seus antigos comparsas, Dwyane Wade começou bem, mas foi perdendo eficácia no decorrer dos quartos. Chris Bosh foi mais consistente e produtivo. A temporada promete para o pivô. Enquanto, para Udonis Haslem, as coisas estão bem claras: não tem essa de jogo de pré-temporada. O veterano pivô brigou, correu, trombou, reclamou e agitou bastante. Vale ficar bem atento ao ala James Ennis também. Calouro, ele foi escolhido por Pat Riley no Draft de 2013, mas jogou a temporada na Austrália, para ganhar cancha. Está afiado. De resto, muuuita discrição. No mau sentido.

Isso é curioso: por mais que tenha perdido apenas uma peça de seu time finalista de NBA, o Miami ainda busca de uma nova identidade, de atleta que ainda procuram entender exatamente qual é o seu papel. Afinal, foi a peça que saiu, né? O cara em torno de qual todo o sistema ofensivo e defensivo girava.

Do outro lado, bastante solto em quadra, o Cavs dá primeiros sinais bastante promissores. Só não esperem que, nesta jornada, Varejão vá receber tantos passes e marcar tantos pontos como fez no primeiro tempo. E ele, claro, nem importa. Desde que em junho possa fazer mais festa. Mas dessa vez em Cleveland.

*   *   *

O momento de pastelão do jogo coube a… LeBron! Claro. Vejam a cena:

Ao subir na defesa acompanhando Luol Deng, o craque do Cavs teve um lapso mental, viajou no tempo e se comportou como um atleta do Miami Heat ao fazer um corta-luz em Matthew Dellavedova, para liberar Norris Cole. Afinal, LBJ já ficou ao lado do armador-cabelo-de-bigorna por muito mais tempo do que do australiano. Acontece com as melhores cabeças.

*   *   *

O final da partida, pegando fogo, foi divertido, com Shabazz Napier lembrando os tempos de Connecticut e a turma do fundão do banco suando para valer, mostrando serviço – muitos deles serão dispensados nas próximas semanas. Não bastasse o reencontro de LeBron com a ex-equipe, a contratação de Kevin Love e tudo o mais… O Brasil ganhou até mesmo um jogo com prorrogação. A galera pirou, e haja sorte para os organizadores. Deu tudo certo, com um placar bastante elevado: 122 a 119 para o time de Varejão.


Que tal falar mais um pouco sobre LeBron James?
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Giancarlo Giampietro

LeBron isso, LeBron aquilo, LeBron, LeBron...

LeBron isso, LeBron aquilo, LeBron, LeBron…

Este era para ser um texto sobre nada. E, ok, já admitamos desde já que essa também não é a melhor forma de se abrir um artigo. Se não há nadinha a ser dito, por que continuar a leitura?

Mas, bem, o ódio que muita gente sente por LeBron James acaba validando a pauta. Neste domingo, o ala do Miami Heat teve um jogo esplendoroso e liderou seu time a uma vitória por 98 a 96. A série final contra o San Antonio Spurs está empatada, com o mando de quadra dos texanos, por ora, revertido.

Se formos pensar bem, o que tem de mais? LeBron jogando bem, o Miami vencendo… Tudo muito normal para quem vem acompanhando os atuais, hã, bicampeões da liga, com o craque que já foi eleito quatro vezes o MVP aprontando das suas. Sobre isso, quantos artigos, matérias e notas já foram escritos? Para que perder tempo para falar novamente sobre isso?

Mas… Quaisquer duas ou três clicadas pelo mundo virtual (real?) é o suficiente para saber que nada do que este jogador específico e seus companheiros fazem quadra parece o bastante, o suficiente.  Quem é do contra, é do contra até o fim, e parece não ter muito jeito. De pouco importam as diversas sessões de 48 minutos de basquete disputadas noite após noite. De pouco importam as evidências, ali escancaradas em alta definição. Se você não quiser enxergar, não vai, mesmo. Se você for pensar apenas na “De-ci-são” tomada pelos caras em 2010, tem grandes chances de refutar o que o clube representa, e o jogo jogado que se dane.

“Ódio” é um termo muito forte? Talvez. Quem sabe ojeriza? Desprezo? Asco? Podemos escolher qualquer termo numa linha de repugnância e similares, mas mantenho minha escolha inicial. A gente realmente vive tempos odiosos. É muita gente espumando por aí, em cruzadas incisivas contra tudo e todos – sempre com a benção do anonimato, claro. Longe de querer viver numa vila, numa cidade, num grupo de pessoas pacatas, dispostas ao “sim, senhor, 100% tamo junto”. Existe, contudo, uma grande diferença entre ter espírito crítico, desconfiado e se deixar dominar pela raiva.

É muita gente que se sente mal, mesmo, por ver o sucesso de um ou outro.  Nesse contexto, LeBron virou um baita alvo. Uma supercelebridade – algo, aliás, que gosta de cultivar – e que, ainda por cima, pratica esportes? Pfff, boa sorte com isso.

Não sou fã das gracinhas e poses que o cara gosta de fazer quando seu time está voando por cima dos adversários. A apresentação do trio parada dura na Flórida também foi de um mau gosto daqueles. Bla, bla bla.

Nada disso tem a ver com o que LeBron executa em quadra. Perguntem a Kawhi Leonard ou Gregg Popovich o que acham a respeito. O ala e o técnico do Spurs têm hoje problemas muito mais graves e complicados para resolver do que discutir o carisma, a conduta ou as fofocas em torno do astro. A partir do tapinha inicial, o fato indiscutível é que eles têm de encontrar uma forma de segurar um sujeito que representa uma das maiores aberrações que o esporte já viu, se não a maior.

Kawhi que se vire com LeBron, com ou sem críticas

Kawhi que se vire com LeBron, com ou sem críticas

Wilt Chamberlain nos anos 60. Magic Johnson com altura de pivô, rasgando a quadra em contra-ataques furiosos e geniais. Michael Jordan roubando o “Air” como sua marca própria. Shaquille O’Neal entortando grandalhões e devorando tabelas. Allen Iverson passando por baixo das pernas do mesmo Shaq. A elegância nos movimentos de alta dificuldade que Kobe executava nos bons tempos. A envergadura interminável de Kevin Garnett. Dirk Nowitzki revolucionário. Eventos atléticos impressionantes, que marcaram época na liga. Agora vivemos o período de se pirar com o que o camisa 6 do Miami Heat oferece, e ele vai longe ainda.

Chega a ser injusto. Para os oponentes, no caso, e também um pouco para o próprio LBJ. Para aqueles que têm de bater frente com o cara, o que fazer? Em 2004 ou 2005, a tática era até simples. Você recua e deixe que ele chute. Mas não como um jogo mental. Você fazia isso simplesmente pelo fato de que o ala realmente não tinha um chute confiável de longa distância. Quem se lembra disso? Em suas oito primeiras temporadas, na verdade, o ala só acertou mais de 35% de seus arremessos de três pontos uma vez, em 2004-05. Hoje, pelas probabilidades, talvez ainda seja a alternativa menos pior, sabendo ainda assim que é uma opção já desconfortável. E não que um simples afastamento resolva tudo.

As passadas são tão explosivas e largas, que ele pode passar com tudo pela primeira barricada. A combinação de força física, arranque, impulsão velocidade e agilidade já faria de LeBron o atleta ideal. Acrescente sua visão de jogo soberba, as mãos grandes e firmes e a experiência acumulada de dez anos na liga, então, e temos um produto que talvez nem mesmo aqueles viciados num videogame pudessem imaginar. Seria muita apelação – e qual a graça de ganhar desse jeito.

E aí que as coisas ficam injustas para ele mesmo. O autointitulado Rei James faz tantas coisas absurdas em quadra,  de maneira tão assídua e, ao mesmo tempo, fácil, que a gente vai esperar tudo sobre ele. Os feitos mais heróicos, as maiores glórias. A cobrança para Mario Chalmers é uma. A de LeBron, outra. Dãr. Mas vem dessa diferença o principal motivo dos anda frequentes ataques ao seu jogo. Aquela coisa de ele não assumir a responsabilidade devida. De sua obrigação de fazer 50 pontos no quarto período de qualquer partida. Afinal, para alguém tão exuberante assim, tudo é possível, não? Não há limites.

Peguem o Jogo 2 das finais, por exemplo. São 35 pontos em 38 minutos, com 14-22 nos arremessos e 100% nos tiros de três. Mais dez rebotes e a defesa assustadora de sempre. Com ele jogando, o Miami Heat teve saldo de +11 pontos – com Bosh e Wade, a conta cai, respectivamente, para -11 e -8. Isso se chama “impacto”. Causa e efeito.  Então como é possível que um cara desse sinta câimbras? Como é possível que ele tolere a ideia de que um passe é a melhor solução?

Nossos tempos são odiosos, mas também egocêntricos. Tanta gente por aí prontinha para se vangloriar. Lutando para serem reconhecidos como diferentes, especiais. No escritório, no bar, em qualquer lugar. Vamos cobrar, então, o que de atletas? Que eles resolvam tudo sozinhos. Quem sabe faz na hora, não espera acontecer. Para LeBron e o público fiel da NBA, a relação fica ainda mais complicada. As comparações são inevitáveis, ainda que pouco produtivas. LeBron joga pela Grandiosidade, e também sabe e não foge disso. O que não o torna alguém individualista na hora de jogar, para desespero de muitos. Ah, porque o Michael Jordan isso. Ah, porque o Kobe Bryant aquilo. Todos se lembram das cestas decisivas de MJ – a pernada para cima de Craig Ehlo, o empurrão em Byron Russell.

São esses os lances que ficam mais gravados e que a liga e as TVs não vão cansar de reproduzir. Essa é a construção, justa, de um mito. Agora, não quer dizer que Jordan, supercompetitivo do jeito dele, obsessivo e viciado em vencer, tivesse cola nas mãos. Se fosse a jogada certa, ele passaria sem problemas. John Paxson agradece:

Steve Kerr é ouro que pode contar uma boa piada a respeito:

Esse tipo de lance quem vai lembrar? Ainda mais se for para distorcer a história de um modo que se possa fazer LeBron passar um carão. E mais: o Spurs é tão celebrado por seu basquete coletivo. E aí surge uma grande estrela que também comunga desse preceito, e o que as pessoas acham? Que é um fracote, claro, um entregão, um amarelão.

Como ousaram dizer após o Jogo 5 da final do Leste contra o Pacers, quando optou por passar para Bosh na zona morta. Na ocasião, o ala-pivô errou o chute. Neste domingo, com 1min17s no cronômetro, ele acertou. Teria Bosh a confiança para fazer o arremesso, estaria ele preparado se ele não soubesse que seu companheiro realmente poderia procurá-lo e encontrá-lo? O mesmo vale para a relação entre Jordan e seus tampinhas chutadores nos tempos de Bulls. BJ Armstrong, Craig Hodges, Paxson, Kerr. Eles ganharam a cumplicidade do astro. Jordan matava, mas também servia.

A vantagem que o número 23 tinha? Jogar numa época sem Twitter, sem rede social, sem 2.0, nem nada disso que aumenta reverberação de qualquer opinião. Obviamente haveria muita gente a desgostar do legendário líder do Bulls. Mas as reclamações paravam na mesa do bar, na janela de casa. Para se alastrar, só se fossem incluídas numa seção de cartas das Sports Illustrateds da vida, ou no recado de algum ouvinte mais atrevido no programa de rádio. De resto, era o show de Jordan, mesmo, na telinha. Uma galera curtindo, admirada, a ponto de, durante o segundo tricampeonato, a agitação nas viagens do Bulls beirar o frenesi da beatlemania. Com LeBron, as coisas são um pouco diferentes. Ele é obviamente é popular. Mas ainda há muita gente perdendo tempo – e saliva –discutindo sobre o nada.


Em jogo fora das CNTP, Spurs abre 1 a 0 nas finais da NBA
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Giancarlo Giampietro

leborn-caimbras

Foi um jogo que fugiu das condições normais de temperatura. A pressão é a mesma de sempre, aquela esperada para a abertura de um duelo de NBA.

O sistema de ar-condicionado do ginásio do Spurs simplesmente pifou, e a arena virou um caldeirão. E nem foi por causa da torcida fanática local. Segundo reportagem da ABC, o termômetro chegou a bater a marca 37ºC durante o quarto período, influenciando a partida muito mais do que qualquer instrução passada pelos treinadores durante o intervalo. Para quem assistia, incluindo os jogadores, o maior bafafa.

Num cenário desses, daria para apelar ao simplismo e dizer que aqueles mais bem preparados fisicamente levariam a melhor. O aficionado por academia e treinamento Ray Allen, por exemplo, nem ligava, correndo a quadra toda como se não houvesse amanhã. Com direito a enterrada em arrancada de um lado da quadra para o outro. Aos 38 anos, impressionaa consistência robótica do ala.

Mas aí o LeBron me passa mal pacas (de câimbras?) no período final e acaba com qualquer tese desse tipo. Sem contar o fato de que Shane Battier não caiu despedaçado em quadra e Boris Diaw nem derreteu.

Foi muito estranho ver um tanque de guerra como LBJ travar em quadra. Depois de dar um respiro no banco, já sentindo os efeitos do calor, e de um pedido de tempo, o superastro voltou para quadra com pouco mais de 7 minutos no cronômetro. Encarou Diaw, bateu pela direita e conseguiu a bandeja. Ao girar para voltar para a defesa, suas pernas de repente não estavam mais lá. O ala ficou petrificado, acusando as dores. Foi se arrastando até a linha do meio e parou por ali, na mesa dos estatísticos. Para chegar ao banco, precisou ser carregado por James Jones e um dos trainers. Bizarro, mas acontece – espero muito que não resgatem o papo de amarelão, e tal.

O Miami vencia por dois pontos, mas já permitia uma (re)aproximação dos anfitriões. Sem LeBron, a vida de Dwyane Wade no ataque já não foi a moleza de sempre. Os chutes livres para Bosh/Lewis/Allen sumiram do mapa. Coincidência, ou não, os turnovers do Spurs também pararam de acontecer. Ajuda bastante não ter um sujeito de 2,05 m zanzando por aí, de braços abertos, com fome de bola. E sai uma vitória por 110 a 95 que não conta em nada o que foi a partida – cuja última parcial foi 36 a 17.

Uma partida que, no fim, não vai indicar muito para os técnicos na sequência da série, dados os fatores extraordinários. Da parte dos grandalhões do Spurs, deu para ver algo interessante: como é imperativo que eles tenham paciência para atacar o aro.

Tim Duncan usou muito desse expediente no primeiro tempo, enquanto no segundo foi a vez de Tiago Splitter. Embora os dois tenham somado absurdos nove desperdícios de ataque, em geral eles foram bem quando acionados mais próximos do aro. Faziam a recepção e em vez de partir feito vaca louca para a cesta. Esperavam. Por um mínimo instante que fosse, para ler qual a reação da defesa pilhada adversária. A ajuda vem de todos os lados, com múltiplos atletas partindo em direções opostas. Alguns podem atacar o pivô, outros já imaginam as possíveis linhas de passe e preparam o bote. Uma simples finta ou hesitação, porém, era o suficiente para limpar o raio de ação e sobrar uma bandeja livre ou por cima de um tampinha.

Duncan terminou, então, com 9-10 nos arremessos e 3-4 nos lances livres, para somar 21 pontos em 33 minutos. Splitter, que começou como titular ao lado do legendário companheiro, teve 5-6 e 4-5, respectivamente, chegando a 14 pontos em 23 minutos. Uma linha estatística excelente para o catarinense, que tanto sofreu contra o time da Flórida no ano passado. Na defesa, será complicado rodar constantemente atrás de Lewis e Chris Bosh, mas, da sua parte, a conta hoje foi favorável. Ainda assim, é mais provável que Diaw ganhe mais minutos, mesmo (33 minutos para alguém que anotou apenas dois pontos, mas influenciou o jogo com muito empenho nos rebotes e sua extraordinária visão de jogo, com seis assistências). Com o ala-pivô francês emparelhado com Manu Ginóbili (16 pontos, 11 assistências, 5 rebotes, 3 roubos de bola e N flashes de brilho em 32 minutos, a equipe ganha muito em versatilidade e dinamismo.

Não pode passar despercebido: Tony Parker se movimentou bem na primeira partida, sem mostrar muito incômodo com o tornozelo esquerdo fragilizado. Ele terminou com 19 pontos, 8 assistências, 4 turnovers e 8-15 nos arremessos

Não pode passar despercebido: Tony Parker se movimentou bem na primeira partida, sem mostrar muito incômodo com o tornozelo esquerdo fragilizado. Ele terminou com 19 pontos, 8 assistências, 4 turnovers e 8-15 nos arremessos. Olho nele. Qualquer escorregão pode ser uma catástrofe para o Spurs

No geral, o time da casa foi bem superior neste jogo interior. Em pontos no garrafão, levaram a melhor por 48 a 36, mas também bateram 11 lances livres a mais. Combine isso com o elevadíssimo aproveitamento nas bombas de três pontos – 13 acertos em 25 tentativas, com quatro jogadores acertando mais de 50% do que chutaram –, e temos um desempenho ofensivo ideal, certo?

Até que daria para dizer isso, não fossem os 22 turnovers cometidos no geral. Tem time que está cheio de jogadores firuleiros, que adoram jogar num mano a mano de pelada de parque. O Spurs, todavia, pode exagerar em sua troca de passes, tentando criar assistências que simplesmente não estão ali, tentando enxergar mais do que devem. Parece estranho escrever isso, né? Que o time passa demais.  Mas é o caso por vezes com o time texano, e algo que é muito perigoso contra um time tão ágil no perímetro. Por outro lado, não foi só na “busca pela perfeição e pela luz” que eles erraram. Vários atletas também erraram passes simples – mas quicados – para os pivôs, mal pensados e executados.

Foram 21 turnovers até 7min31s do quarto período, 22 no geral, sendo 20 em três quartos, se não me engano. Muito mais que os 14,1 por jogo na temporada regular – e mais também que os 15,6 que o Miami costuma forçar. Dos titulares, quatro cometeram pelo menos quatro desperdícios cada, um absurdo. Danny Green foi o único que se salvou neste quinteto, cometendo apenas uma violação. Também pudera: por 41 minutos de jogo, ele estava completamente anulado em quadra. Até que fez a primeira cesta de longe e desembestou daquele jeito. Streaky é pouco.

A vontade era gastar um monte de trocadilhos. Afinal, é piada pronta quando o Miami Heat sofre com o calor. Dava para dizer que os chutadores do Spurs também estavam com a mão pegando fogo. Que LeBron não tinha como congelar em quadra daquele jeito. Que o Gregg Popovich até que estava com a cuca fresca numa sauna daquelas. Etc. Etc. Etc. Waka, waka, waka. Mas, com o relógio batendo 1h14 da matina aqui na base do 21 na Vila Guarani, a infâmia não tem vez. O negócio é arrumar o edredom, esticar a perna e dormir. Quentinho, quentinho da silva.

Tomara que eles paguem as contas! NBA, onde o calor acontece

Tomara que eles paguem as contas! NBA, onde o calor acontece

PS: por motivos de Copa do Mundo da FIFA, na qual estarei envolvido, cobrindo, não sei bem se vai dar para comentar a série jogo a jogo, infelizmente.