Vinte Um

Arquivo : EUA

Em números: os recordes e marcas incríveis da surra dos EUA sobre a Nigéria
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

EUA humilham a Nigéria no basquete

Reparem na cara de Chris Paul e Andre Iguodala olhando para o placar, provavelmente

Confesso logo de cara: estava limitado a acompanhar via Twitter (@vinteum21) as atualizações da surra dos Estados Unidos na Nigéria, enquanto aguardava a abertura da sala UOL (juro!) para ver o desfecho da trilogia de Christopher Nolan para o Batman. Ter esperado tanto tempo para assistir ao filme foi extremamente sofrido, acreditem, mesmo com a anestesia olímpica. Então não dava arrependimento algum de apenas ler sobre as façanhas de Carmelo Anthony e Ike Diogu – 😉 – e as infindáveis exclamações.

(Ok. Mentirinha: deu um pouco de remorso).

Não deu para ver o torpedeamento nigeriano, as cravadas, os contra-ataques, o talento e a capacadidade atléticas elevados a um nível de excelência.

De qualquer forma, mesmo sem ter assistido aos melhores momentos, os resquícios estatísticos desta vitória histórica são impressionantes:

– O placar foi de 156 a 73 (mais que o dobro). Os norte-americanos quebraram o recorde estabelecido pelo Brasil nas Olimpíadas de Seul-1988: 138, sendo que os adversários fizeram 85;

– A maior contagem de pontos de uma seleção dos Estados Unidos até então havia sido de 133 pontos, em Atlanta-96, contra a China;

– Os 83 pontos somados se tornaram a maior vantagem estabelecida pelo Team USA nos Jogos Olímpicos, superando os 72 contra a Tailândia em 1956: 101 a 29.;

– Outros recordes particulares dos ianques no jogo: 29 cestas de três pontos, aproveitamento de 71,1% nos arremessos (tem gente que nem no lance livre consegue isso), 59 cestas de quadra, 41 assistências;

– Esta é de matar a concorrência. Apenas uma equipe em toda a rodada desta quinta-feira conseguiu marcar mais pontos do que os 83 pontos de vantagem:  a Argentina, que bateu a Tunísia por 92 a 69;

– A maior diferença de pontos que o Dream Team de 1992 havia conseguido foi de 68 pontos, contra Angola, por 116 a 48. Para apimentar a polêmica aberta por Kobe Bryant, a média de pontos pela qual os Estados Unidos têm derrotado seus oponentes nas primeiras três rodadas das Olimpíadas é de absurdos 52,3 por jogo. Em Barcelona-92, a legendária equipe teve média de 48,0 pontos no mesmo período;

– Carmelo Anthony fez inacreditáveis 37 pontos em apenas 14 minutos. É algo realmente inconcebível, de achar que a gente digitou errado mesmo (uma piada que até mesmo a USA Basketball fez em seu Twitter durante o massacre, sem conseguir se segurar na gracinha). Se ele tivesse jogado os 40 minutos com o mesmo ritmo, poderia ter feito 102 pontos. Hehehe.

– De qualquer forma, ajudado por suas dez cestas de três pontos, Carmelo conseguiu se tornar o maior cestinha olímpico (em um só jogo) da história dos EUA, superando o infame Stephon Marbury, que chocou a Espanha em Atenas-2004 com 34 pontos, derrubando o time ibérico, então invicto, nas quartas de final. A maior pontuação individual em uma partida olímpica ainda é de Oscar Schmidt, com 55;

– Ike Diogu marcou 27 pontos pelos nigerianos, só para o caso de você adorar o ala-pivô;

Chega, né?

Sobre o Batman? Saí um pouco decepcionado da sessão. E dessa vez não tinha nada relacionado com o fato de ter perdido esse espetáculo.

Mesmo.


Analista da ESPN compara Huertas a astro da NFL e, claro, Steve Nash
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Armadores da Seleção duelam

É algo que vemos de modo recorrente por aqui: um técnico que se torna comentarista de TV. Foi o caminho que seguiu Fran Fraschilla, que trabalhou em diversas universidades de primeira linha na NCAA, mas que há anos vem atuando mais como analista da ESPN americana (TV e site) em jogos internacionais, enquanto quebra um galho aqui e ali como treinador. Ele participa regularmente dos camps de LeBron James e da adidas em Treviso,respectivamente  com m revelações norte-americanas e de todo o mundo.

Fraschilla, que, no caso, não se cansa de admirar por Marcelinho Huertas.

Eu sei. Os elogios públicos ao armador da seleção não são mais aquela novidade ou de empolgar nem mesmo para o mais provinciano dos brasileiros, né? Mas a gente vai reproduzir aqui o último deles de qualquer jeito, pois dessa vez quem falou foi looonge. Lá vai:

“Leandro Barbosa oferece a Rubén Magnano um cestinha que ataca o aro do perímetro, mas o cara que se mostrou um trabalho de mão cheia para os americanos é Marcelo Huertas, o Steve Nash da Liga ACB.”

E aí você poderia achar que era o suficiente? Nada disso:

“Ele é um dos melhores armadores da Europa e usa as jogadas de pick-and-roll de modo tão eficiente como Drews Brees controla os últimos dois minutos de um jogo.”

Drew Brees: quarterback do New Orleans Saints, MVP do Super Bowl da NFL de 2009 e recordista de uma pancada de estatísticas de sua posição na liga de futebol americano. Um dos caras mais badalados do esporte nos Estados Unidos. Agora chega, né?

Chega. Ou quase. No mesmo artigo, Fraschilla intui que Coach K não tenha apresentado a Huertas todos os tipos de cobertura que ele deve ver em Londres (no caso, claro, de um confronto eventual entre os dois times, que não necessariamente vão se enfrentar). A ver.

Sobraram elogios também para Magnano: “arquiteto da geração dourada da Argentina” e “tão bom estrategista como o possível nas Olimpíadas e vai colocar sua equipe em posição de causar uma surpresa”.

Bem, vai por aí: o comentarista acredita que o Brasil é a segunda maior ameaça aos EUA, atrás apenas da Espanha, acima de Argentina (terceiro), França (quarto), Rússia (quinto) e Lituânia (sexto).


Durant põe Turquia, fora dos Jogos, na turma dos favoritos ao pódio
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Ok, para os que não estão muito familiarizados com a cena, funciona mais ou menos assim: antes de começar a Olimpíada, para dar uma (pequena) chance para o reportariado de todo o mundo pegar qualquer declaração que seja de um superastro do esporte, o assessor de seu comitê, de sua equipe ou particular, em conjunto como o comitê local, organizam uma entrevista coletiva daquelas.

Entope de gente, a coisa fica meio caótica, e os atletas podem ou encarar o evento com bom humor e profissionalismo, com preguiça ou com raiva, pensando em como dariam tudo para estar em casa ou na balada a uma hora dessas.

Kevin Durant, no Mundial de Istambul 2010

Durant foi campeão mundial em Istambul

Pela foto que vemos nesta foto aqui, Kevin Durant parece que está mais para o segundo ou terceiro grupo. Fácil. Lembrando que ele já é um pouco introspectivo, de não dar muita conversa nem mesmo para os repórteres norte-americanos que o seguem no dia-a-dia da NBA.

Tudo isso para colocar um pouco de contexto em torno da gafe que o ala cometeu, e nosso chapa Bruno Freitas captou. Vejam aqui as equipes que ele coloca com favoritas ao pódio olímpico, além dos Estados Unidos: “Temos boas equipes, como Espanha, Argentina, França, Brasil e Turquia”, listou o cestinha do Thunder.

Bacana ele mencionar o Brasil, e tal. O resto é o básico. Tirando a Turquia. Que nem classificada para os Jogos de Londres-2012 está.

Feio, né?

Dá para entender que talvez Durant estivesse com a cabeça na lua. Outro detalhe: foram os turcos que ele derrotou na final do Mundial de 2010, em Istambul. Então pera lá: se o time é vice-campeão mundial, tem de estar na Olimpíada, e forte!

Não foi o caso.

Houve um hiato no início da década passada que os EUA sofreram muito internacionalmente pela desorganização e a arrogância. Subestimando os adversários, foram surpreendidos até mesmo em casa, em 2002, em Indianápolis. Desde a entrada de Jerry Colangelo para o programa, a coisa mudou bastante. Eles mandaram scouts para Foz do Iguaçu e Estrasburgo para observar seus adversários. Pode ter certeza de que, a cada rodada, o Team USA vai saber tudinho sobre cada adversário.

Foi um lapso de Durant. Mas que revela como até mesmo os maiores talentos do mundo, em qualquer modalidade, precisam de um apoio de fora, de estafes que antenados e um passo adiante.


Jogo de pôquer entre os favoritos ao pódio em Londres chega ao fim
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Durante as últimas duas semanas, com uma série de amistosos no basquete, a frase mais repetida em diversos idiomas foi esta daqui: “Mes ne rodyti viską*”.

É uma combinação de palavras lituanas que quer dizer  algo simples como “Nous n’allons pas montrer tout” em francês, que quer dizer “We will not show everything” em inglês, que quer dizer, por fim, “Não vamos mostrar tudo” em português.

LeBron e sua poker face

LeBron e sua poker face

Grandes favoritos, EUA e Espanha se enfrentaram nesta segunda-feira. Brasil e Austrália, que se encaram na estreia, jogaram domingo. A Argentina, que ainda sonha alto com sua geração dourada, não se esquivou dos norte-americanos, espanhóis e de dois clássicos contra os brasileiros.

Tudo muito indiscreto, não?

Agora, independentemente dos resultados desses embates, a frase antes e depois das partidas girava em torno desse mote: teriam escondido o jogo até agora.

Como disse José Calderón antes da derrota para os EUA: “Você não vai mostrar muitas coisas”. Seu compatriota Pau Gasol postou no Twitter: “Não conseguimos hoje, mas espero que tenhamos aprendido algumas coisas para um eventual próximo jogo”.

Do outro lado, o vitorioso, LeBron James falou o seguinte: “Não mostramos todas as nossas cartas ainda. Temos muitas opções, mesmo, e tantas coisa que podemos fazer com nosso time. A melhor coisa sobre a vitória foi que melhoramos, mas ainda temos espaço para evoluir e mais cartas para mostrar.”

Em ótima fase para tudo, LeBron usou realmente o termo mais apropriado. Teoricamente, o que vimos nas últimas semanas um foi baita jogo de pôquer entre mentes mirabolantes de treinadores e gigantes atléticos na quadra.

O quanto cada um revelou e blefou? Impossível dizer. A partir de sábado, as respostas, enfim, começam a aparecer, e mal podemos esperar.

*Confiando no tradutor do Google, ok? Se tinha dúvida, em chinês fica desta maneira: “将不会示一切”; em russo, sai assim: “Мы не будем показывать все”., 


Prévia olímpica: Coach K leva revolução tática ao basquete. Mais ou menos como o Barcelona no futebol
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

As escalações dos Estados Unidos durante seus amistosos preparatórios têm deixado muita gente de cabelo em pé. Quando o gigante Tyson Chandler sai de quadra, não há nenhum candidato claro para assumir sua posição de “ão” em quadra, a do pivozão, o cincão, o xerifão, seja qual for o aumentativo que o basqueteiro aprecie mais.

Como? Vai jogar sem pivô mesmo!?

Diante de anos e anos com essa formatação tradicional empregada pelas equipes, fica difícil de entender ou aceitar. Mas essa é precisamente a revolução tática o que Mike Krzyzewski, o Coach K, vem instaurando na seleção norte-americana e que agora é levada ao extremo nos Jogos Olímpicos de Londres-2012.

Kobe Bryant, Barcelona

Kobe adora o Barcelona de Messi

Pensando num paralelo talvez bem acessível no país do futebol: o Team USA emula, de certa forma, o que o Barcelona fez nos últimos anos nos gramados sob o comando de Pep Guardiola, ganhando praticamente tudo o que disputou durante três temporadas.

Lionel Messi, na escalação da TV, aparecia como centroavante, mas ele não era exatamente isso. O brasileiro Dani Alves saía de lateral para ponta pela direita, recuando em algumas ocasiões, nos jogos mais fáceis, para zagueiro pela direita rapidamente, tudo no mesmo jogo. E o Iniesta? Meia, meia-atacante, ponta, atacante ou, pasme, volante que avança? Mascherano: reverenciado na Argentina como volante, efetivado no clube catalão como zagueiro.

Não foi assim que eles botaram tudo o que foi retranca na roda? Até esbarrarem num Chelsea ou numa Internazionale aferrolhados aqui e ali, foi, e a crítica aceitou perfeitamente e se apaixonou. Pois bem, agora chegou a vez de encarar essa reeducação no basquete, como o professor Paulo Murilo tenta passar há tempos. Nesta terça, em amistoso em… Barcelona, foi a vez de os espanhóis aprenderem isso: quando jogaram sem um pivô tradicional, os norte-americanos venceram os campeões europeus por 18  pontos na conclusão de suas partidas preparatórias para as Olimpíadas.

A reeducação
Estamos habituados a tratar as posições do basquete num quinteto de 1 (armador) a 5 (pivô), passando didaticamente por 2 (ala-armador, ala arremessador ou escolta), 3 (ala purinho da silva) e 4 (ala-pivô, ala-de-força).

Mas o Coach K explica que em sua seleção as coisas não funcionam assim, não: “O modo como coordenamos nosso ataque não é com 1-2-3-4-5. O ataque que estamos tentando encaixar dá aos jogadores ações em que eles possam improvisar. Ninguém está casado com uma certa posição na quadra. Não seria legal fazer isso com esses caras. O principal para nós será o espaçamento e a versatilidade”.

Tyson Chandler, Team USA

Chandler, cincão solitário dos EUA

Para vocês não acharem que esse é só o blablabla do técnico, rabisco de prancheta, temos aqui dois jogadores corroborando o plano tático. Como o (?) ala Kevin Durant “O Carmelo pode levar a bola e jogar de pivô. LeBron pode jogar de 1 até 5. Eu? Não sei se eu posso jogar de 1, mas consigo ir de 2 a 5”, afirmou o astro do Oklahoma City Thunder.

E que tal um LeBron James? “Não tenho uma posição. Apenas me coloque para jogar. Meu papel é o mesmo que tenho no Miami: fazer o que for necessário para vencer.  Se tivermos de jogar com uma formação salta, que seja. Se no jogo tivemos de jogar com uma formação baixa, então que façamos isso. Jogar de armador. Marcar o armador. Não importa a mentalidade.”

Mão-de-obra
Claro que precisa de fundamento também para colocar em prática, não são todos os atletas capacitados para por em prática esse plano. No fim, não deixa de ser um resquício também da influência do “Dream Team” de 1992 sobre as gerações que o sucederam.

Kevin Garnett não cresceu idolatrando Pat Ewing ou David Robinson, mas, sim, aquela turma legendária do perímetro, não importando a sua altura – no folclore norte-americano, inclusive, consta que KG sempre procurou mentir sua altura para que não fosse taxado de pivô. Queria ser chamado de ala, e seria difícil fazer seus técnicos aceitarem isso caso fosse medido como um cara de 2,13m, 2,15m de altura. Não é que não saiba atuar como pivô: o lance é que ele sabe fazer tudo na quadra, mesmo.

Com uma base formada por esses jogadores de talento múltiplo, é para esse rumo que os EUA estão empurrando as coisas. Priorizando velocidade em detrimento de tamanho. “As pessoas dizem que nossa equipe não é alta o suficiente, que não tem uma linha de frente grande, mas a nossa rapidez compensa isso. Se sairmos no contra-ataque, quem vai nos parar?”, questiona Durant. “Vai compensar muito.”

Desta forma, o Coach K também consegue aproveitar melhor seus talentos. Hipoteticamente: se ele tivesse preso a posições, pode ser que um jogador 3 menos qualificado ficasse na seleção no lugar de um jogador 5 muito mais qualificado. Com atletas chamados de “híbridos”, ele prefere usar de uma vez os cinco melhores que tiver em mãos do que priorizar posições. E não faz sentido?

Carmelo, Durant e LeBron: Team USA

Carmelo, Durant e LeBron: três alas? Três pivôs?

Tendência
O (?) ala-pivô Chris Bosh inicialmente estava nos planos para a seleção norte-americana, mas acabou cortado devido a uma lesão no abdome. Dias antes de seu corte e distante do que os companheiros iriam executar nos treinamentos, ele havia detectado esse mesmo padrão de jogo em seu campeão Miami Heat.

“Geralmente, a final da NBA é o protótipo para onde o basquete está indo. O fato é que estamos jogando rapidamente, colocando caras tradicionais na próxima posição disponível. Colocar Shane Battier e LeBron na posição 4, com isso funcionando, acho que você vai poder ver isso se espalhar para outras equipes. Vamos ver como será”, afirmou o jogador, que, no fim, acabou fazendo as vezes de um “cincão” sem exatamente se enquadrar nesse perfil.

“É até legal por que posso dizer que sou o pivô titular dos campeões da NBA. Mas se você olhar para mim não iria acreditar nisso. Os outros caras são bem maiores que eu, mas o jogo está mundo, acho, e está se tornando bem mais rápido. A fórmula parece funcionar.”

Prévias olímpicas no Vinte Um:

Mais tradicional, Espanha espera oferecer grande resistência aos EUA

No torneio masculino, pelo menos nós “voltamos a falar de basquete”

No torneio feminino, as meninas têm a chance de priorizar o time

E mais:

Confira os horários dos jogos do Brasil e o calendário completo da modalidade

O noticiário do basquete olímpico e o histórico de medalhas em página especial

Conheça os 24 atletas olímpicos do basquete brasileiro em Londres-2012


Prévia olímpica: “Voltamos a falar de basquete”
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Era sábado passado, uma galera reunida no clube Ipê de São Paulo para comemorar as primaveras do Fernando Gavini, repórter da ESPN Brasil: à parte das rodinhas de futebol e daqueles que esmiuçavam as tramas envolvendo a tal da Carminha e a dupla atuação de Débora Falabella, tinha muita gente instigada com a seleção brasileira masculina de basquete.

Juro!

Claro que o blogueiro aqui, nessas ocasiões, parece andar feito aquele nerd com o papel colado nas costas, no qual estaria escrito “o tonto do basquete”. Talvez o basquete só fosse inevitável, mesmo, no lero em que o tonto estivesse presente. Bem mais provável.

Huertas de moicano

O pessoal quer falar sobre basquete

Mas chega de digressão: é fato que o assunto está aí fora para um monte de gente, né? Vemos os jornais dando bastante espaço, as mesas redondas essencialmente boleiras dos canais fechados abrindo concessões e o interesse aumentando.

Por anos e anos, a pauta era a lamentação pela ausência do time, algo que vinha desde Atlanta-1996. Hoje, podemos discutir que tipo de adversário se encaixa com o estilo da seleção, se Magnano deve escalar este ou aquele, se temos chance de medalha etc. No sábado, até mesmo uma derrota em amistoso para a França suscitava algumas dúvidas e debates. Estava no grupo daqueles que não importava o resultado, mas tinha muita gente que dizendo que não podia perder.

No fim, o consenso que realmente importava, naquela ocasião, foi destacado pelo chapa Thiago Mantovani, editor também da ESPN Brasil: “Pelo menos voltamos a falar de basquete!”, definiu o nosso cincão dos tempos de Cásper Líbero, que, nestes tempos de revolução do Coach K, poderia ficar para trás na quadra.

Então estamos assim: o Brasil de volta no masculino, com chances, e todo mundo falando a respeito. Já é um enorme avanço.

E o tem chance mesmo. A seleção chega para brigar, sim. Se não houver nenhuma lesão desagradável daqui para a frente. Caso a defesa se mostre com a vontade e empenho apresentados desde Mar del Plata. Com um Marcelinho Huertas muito exigido, para não dizer sobrecarregado. Se souberem a hora certa para atirar de três pontos, ouvindo bem os assovios de Rubén Magnano de fora da quadra.

Eles são não são obrigados a chegar ao pódio. Num degrau abaixo de Estados Unidos e Espanha, está tudo muito nivelado entre um punhado de seleções, incluindo aqui a brasileira, a russa, a argentina, a francesa e a lituana. Fazendo as contas, já estamos falando em sete times aqui para três vagas. Não dá para exigir nada em termos de pódio, então. Agora, uma eliminação na primeira fase seria uma tremenda decepção – um cenário muito difícil pelo que vimos do time até aqui, mas, sinceramente, não dá para ignorar. Uma derrota na estreia para a Austrália colocaria muita pressão na equipe.

Quando chegar a hora – tipo daqui a dois dias –, falaremos mais a respeito.

E o bacana é isto: chegaram as Olimpíadas, e podemos discutir, suar, passar mal e falar de basquete.

Prévias olímpicas no Vinte Um:

Coach K promove revolução tática. Mais ou menos como o Barcelona

Mais tradicional, Espanha espera oferecer grande resistência aos EUA

No torneio feminino, as meninas têm a chance de priorizar o time

E mais:

Confira os horários dos jogos do Brasil e o calendário completo da modalidade

O noticiário do basquete olímpico e o histórico de medalhas em página especial

Conheça os 24 atletas olímpicos do basquete brasileiro em Londres-2012


Atiçados, EUA promovem blitz em último amistoso e atropelam a Espanha
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

A Espanha provocou.

A torcida e os reservas vibravam com as andadas marcadas contra Kobe Bryant. Serge Ibaka, reforço contratado no ano passado, cravava e fazia pose no garrafão. Cabreiro, Kevin Durant não se conformava e amassava o aro. LeBron James também se precipitava e cometia turnovers. Coach K parava o jogo por precaução.

Oito pontos de vantagem contra os norte-americanos?

Vamos!

E foram, mesmo. A Espanha ainda venceu o primeiro quarto por 23 a 21, mas os Estados Unidos voltaram mudados para quadra e concluíram sua série de amistosos pré-olímpicos com mais uma vitória em Barcelona: 100 a 78 (vantagem bem mais largo do que fizeram contra Brasil e Argentina). Jogaram duro até o fim e só se contentaram quando chegaram ao placar centenário.

Carmelo Anthony, Team USA

Carmelo queimou a redinha no 1º tempo

Depois do tempo de Krzyzewski, começou a blitz. Sai Chris Paul, entra Deron. Entra Russell Westbrook. Entra Andre Iguodala. Volta Durant. Volta Kobe. Não para: a pressão fica absurda em cima da bola.

No ataque, equilibrando a balança, Carmelo Anthony, que vinha sendo questionado, só não fez chover no ginásio catalão. Marcou 22 pontos só no primeiro tempo, contra 25 do restante dos seus companheiros, para colocar os visitantes na frente. Não perderiam a liderança nunca mais. É complicado: quando não é Durant, vem Anthony. Quando não tem Anthoy, vem James. E segura.

No terceiro quarto, com um inefetivo Tyson Chandler preso no banco e os três alas-pivôs escalados – Durant, Melo e LeBron –, a diferença chegou a 20 pontos.

Para não ficar tão feio assim, o técnico Sergio Scariolo enfim começou a mexer seus pauzinhos. Passou a defender por zona, com as pestes chamadas Victor Sada e Sergio Llull na cabeça do garrafão, devolvendo um pouco a pressão na linha de passe. Por um tempo, os americanos, agora só com reservas em quadra, se enroscaram, e a vantagem caiu um bocado.

Quando iniciou o quarto final, com a cavalaria de novo a postos e Scariolo retirando sua defesa por zona (que só retornou nos minutinhos finais, para mais testes), o jogo já estava no papo. O amistoso, pelo menos.

*  *  *

O segredo do técnico Sergio Scariolo, que dirige a Espanha? Guardou Marc Gasol a partida toda novamente. O pivô do Memphis Grizzlies está com esse problema físico há um bom tempo, pode ser sério, mas e se for jogo de cena? De modo que os EUA ainda não sabem o que é enfrentar a Espanha com Ibaka e os irmãos Gasol na rotação. Felipe Reyes, envelhecido, foi presa fácil.

*  *  *

De resto, difícil acreditar que a Espanha tenha tirado tanto o pé assim. Perder em casa desse jeito não seria a melhor despedida antes de partir para as Olimpíadas, por mais que os irmãos Gasol tenham dito ao New York Times na véspera que não iam mostrar tudo. “Kobe não gosta de perder para ninguém, mas eu gostaria de deixá-lo vencer amanhã e derrotá-lo em Londres. Isso seria o ideal”, afirmou Pau.

*  *  *

LeBron não cansa de surpreender. Impressionante: em alguns momentos marcou Pau Gasol, no mínimo cinco centímetros mais alto e bem mais comprido, no mano-a-mano, sem ajuda, no centro do garrafão, sem perder posição. Do outro lado, quando os dois se enfrentaram, não houve como o pivô do Lakers parar na frente do trator do Miami Heat.

*  *  *

Vamos combinar: a partir de agora, quando o Coach K colocar em quadra Westbrook, Durant, LeBron e Carmelo ao mesmo tempo, vamos chamar aqui de Team Freak, ok? O ritmo fica alucinante, com Deron ou Paul armando.


Nocioni provoca e coloca em dúvida favoritismo dos EUA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Depois de a Argentina fazer um jogo duro e um tanto conturbado contra os Estados Unidos neste domingo, perdendo por apenas seis pontos (86 a 80), o ala Andrés Nocioni fez questão de colocar mais lenha no forno para provocar os norte-americanos. Tudo de acordo com sua especialidade, como nós conhecemos muito bem.

“Os Estados Unidos mostram que fisicamente são muito superiores a qualquer equipe Fiba, mas, quando alguém joga de igual para igual, eles começam a se fazer muitas perguntas. De modo que são totalmente mortais e vão ter de trabalhar muito duro para conseguir o ouro e não estou tão certo de que o consigam”, afirmou o ala, de quem, no fim, os norte-americanos também se recordam. “Demos um susto importante neles.”

Nocioni em ação contra os Estados UnidosEm seu auge físico, o Chapu peitava, trombava e batia sem dó na NBA, tendo virado um dos jogadores favoritos dos torcedores de Chicago. Também agradava aos seus treinadores pela dedicação em cada treino. Não aliviava para ninguém.

É um veterano guerreiro e não perdeu a chance de atiçar alguma fagulha contra um rival que vão enfrentar na primeira fase em Londres-2012. Quanto mais tumulto, neste caso, melhor para Nocioni e Argentina.

Neste domingo, em Barcelona, após uma falta antidesportiva de Chris Paul em Facundo Campazzo, Luis Scola e Kevin Durant se estranharam por um bom tempo, LeBron James entrou na parada, Ginóbili foi junto, e, a partir dali, os campeões olímpicos de 2004 só subiram enquanto os atuais campeões patinaram. Dessa vez foi Kevin Durant a acertar algumas bolas de três a mais – das sete que converteu no jogo, glup – nos minutos finais para conter a reação.

Os EUA haviam passeado em quadra no primeiro quarto, e a Argentina, preocupante, parecia pronta para tomar mais uma surra daquelas, assim como no confronto com a Espanha. “Viemos para cá preparados para jogar uma grande partida, a sair melhor para a quadra, mas não foi algo que obviamente não aconteceu. Contudo, conseguimos nos recuperar num jogo que parecida perdido já no primeiro quarto. Fizemos o que tínhamos de fazer: jogar da melhor maneira que podíamos, jogar duro e de modo físico e tratar de lutar”, afirmou o ala.

Nocioni, então, respirou fundo antes de finalizar dizendo que a Argentina está no páreo, apesar de alguns amistosos não muito empolgantes.  “Foi muito importante. A verdade é que estávamos passando por aí uma imagem de (que estávamos) um pouquinho fora de ritmo. Hoje demonstramos que estamos bem, na linha que deveríamos estar e ainda faltam sete dias. Teremos mais alguns treinamentos duros aqui na Espanha e creio que, com esta atitude, vamos com muita fé.”


EUA atropelam Grã-Bretanha, mas cuidado com a informação
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Essa vai “para o pessoal que acompanha muito o basquete e para os que não acompanham tanto” – e para os que tiveram a chance de acompanhar pela TV fechada o amistoso entre Grã-Bretanha, nossa adversária de primeira fase nos Jogos de Londres-2012, e os Estados Unidos.

Devido a imprevistos aqui no QG 21, conseguimos pegar a transmissão apenas pela metade, do início do segundo tempo adiante. Mas foi o suficiente para colher algumas informações que merecem retificação:

Chris Mullin, Warriors

Mullin chutava demais, mas foi Bird quem venceu vários torneios de três pontos. Foi ele quem defendeu o Pacers

– o New Orleans Hornets teve a primeira escolha do Draft deste ano, mas isso não quer dizer que eles fizeram a pior campanha da temporada passada. Foram os últimos no Oeste, mas superaram Charlotte Bobcats, Washington Wizards e Cleveland Cavaliers no geral. Isto é, nem sempre o pior time do campeonato vai ficar com a melhor escolha do Draft: ele é simplesmente aquele que tem mais chances de pular para primeiro;

– Kobe Bryant não foi o primeiro do Draft em seu ano – saiu em 13º – e não foi escolhido pelo Lakers. Quem fez a seleção foi o então Charlotte Hornets, que depois o repassou para a franquia californiana em troca do pivô sérvio Vlade Divac. Ok, podemos até aceitar que já estava tudo acertando entre as franquias, mas, pelo modo que foi colocado, deu a impressão de que a poderosa franquia havia naufragado no campeonato anterior e, por isso, ganhou o espetacular ala como recompensa. Não foi isso;

– Chris Mullin era um exímio chutador de longa distância, especialmente da zona morta, mas nunca venceu sequer uma disputa do torneio de três pontos do All-Star Game da NBA. Seu companheiro de Dream Team, Larry Bird, faturou as três primeiras edições do evento;

– Christian Laettner, único jogador universitário selecionado para o Dream Team original, jogou por Minnesota Timberwolves, Atlanta Hawks, Detroit Pistons, Washington Wizards, Miami Heat e até pelo Jacksonville Giants, da ABA, mas nunca pelo Indiana Pacers. Chris(topher) Mullin, sim, atuou pelo Pacers na final de sua carreira;

– Russell Westbrook é um tremendo de um atleta, mas nunca “passou” pela posição 5 no confronto com os britânicos. Ele pode ter cruzado o garrafão diversas vezes durante a partida, mas não há um “5” marcado na zona pintada.

– Ainda dentro do mito do “cincão” do basquete, esse jogador não precisa necessariamente jogar “paradão” no garrafão. Nem Manute Bol, com 2,31m de altura, ficava estacionado ali, acreditem.

Desculpem, pode parecer arrogância do blogueiro, que nem gosta de atuar como ombudsman de nada – o trabalho produzido aqui pode estar sujeito ao maior número possível de erros também, mas ao menos os internautas estão aí, alertas, para corrigir, reclamar e achincalhar.  O mesmo blogueiro não conhece em detalhes 50% da Grã-Bretanha que está prestes a enfrentar o Brasil nas Olimpíadas – sem estudar, não vou me meter a inventar nada agora sobre o Andrew Sullivan, podem ficar tranquilos –, mas existe situações em que é melhor apenas relatar do que informar. Pensando em quem acompanha e em quem está por fora.

*  *   *

Deron Williams, Team USA

Deron teve vida muito mais fácil em Manchester

Sobre o jogo em si, as bolas de longa distância dos norte-americanos caíram muito mais do que aconteceu contra os brasileiros, mas muitas delas aconteceram em transição, totalmente livres, coisa que não aconteceu na segunda-feira. Pois Magnano armou seu time de modo a limitar ao máximo os contra-ataques norte-americanos, principal trunfo deles na busca pelo bicampeonato olímpico.

O Brasil não possui os mesmos atletas que Coach K tem a seu dispor, mas vem baseando muito de seu jogo nessa fase preparatório, e no Pré-Olímpico do ano passado também, em uma defesa adiantada, botando presão em cima da bola. O ponto fraco da seleção anfitriã das Olimpíadas fica por conta justamente de seus armadores. Luol Deng, ainda mais no sacrifício, não vai poder fazer tudo pela equipe, ainda mais se Alex conseguir dar uma boa canseira nele aqui e ali – as chances de que Marcelinho e Marquinhos consigam lidar com ele no mano-a-mano são mais reduzidas.

*   *   *

Os pivôs britânicos são sólidos, fortes, alguns pesados, outros mais atléticos. Joel Freeland está no meio termo e merece cuidado, tendo refinado seu jogo na mesma Espanha que formou Splitter. Já Nana Papa Yaw Dwene Mensah-Bonsu, mais conhecido simplesmente como Pops Mensah-Bonsu, primo do Kojo Mensah, agora do Flamengo, também deve de ser vigiado, fazendo parte da turma daqueles que correm bastante, atacam os rebotes ofensivos, com muita energia. Em condições CNTP, porém, não creio que representem alguma ameaça grave ao nosso trio da NBA.


Em números, a importância de Huertas para a seleção
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Marcelinho Huertas x Deron Williams

Huertas ignorou a marcação de Deron Williams

A gente sabe que esse tal de Marcelinho Huertas é muito importante para a seleção brasileira, né? Ainda mais depois da desenvoltura que ele mostrou na noite desta segunda-feira, contra os Estados Unidos,  dando uma canseira em Deron Williams, o homem de US$ 98 milhões do Brooklyn Nets.

Subjetivamente, a impressão que fica é a de que o Brasil empaca quando o armador vai para o banco, independentemente de quem entra: Raulzinho, Larry ou até mesmo os dois juntos.

Agora podemos falar objetivamente também, com uma força do jornalista John Schuhmann, do site da NBA e desses que se aprofunda bastante nos números. Encantado com a atuação do brasileiro, ele acaba de postar dois números de abrir os olhos em sua conta de Twitter (@johnschuhmann):

– Com Huertas em quadra, o Brasil venceu os Estados Unidos por 60 a 57; sem Huertas, perdeu por 23 a 9.

– Em termos de produção ofensiva, a seleção anotou uma média de 79 pontos por 40 minutos. Com ele no banco, foram míseros 37 pontos por 40 minutos.

Acho que… O caso fica meio que encerrado, né?

Por mais que elogiemos nossos pivôs talentosíssimos, nosso jogador mais importante está bem definido e é muito mais baixo que eles.