Vinte Um

Arquivo : Carmelo Anthony

Resumão de intertemporada da NBA: Conferência Leste
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Giancarlo Giampietro

Com a temporada 2012-2013 da NBA fazendo sua pausa tradicional para o fim de semana das estrelas em Houston, é hora de fazer um resumão do que rolou até aqui. Começamos pela Conferência Oeste e agora publicamos a do Leste:

LeBron, sobrando

LeBron: nem o Bulls incomoda mais?

Melhor jogador: LeBron James.
O jogo desta quinta-feira passou para todo mundo ver. LeBron atingiu um nível absurdo, que fica difícil de escrever qualquer coisa aqui que não pareça fraca ou estúpida. Com seu tamanho, força e capacidade atlética, o basquete sempre pareceu fácil. Mas vocês se lembram dos tempos em que ele não conseguia acertar nada de três pontos? Nesta temporada, já estamos falando de 42,4%, não importando que os melhores defensores da liga se dediquem diariamente a tentar, pelo menos tentar incomodá-lo de alguma forma. E, se ele não quiser chutar de fora, já que nem precisa mesmo, que ataque o interior da defesa adversária mesmo, causando estragos irreparáveis. Daqui a pouco os playoffs chegam, e será que alguém realmente vai conseguir pará-lo?
Não fosse a aberração chamada Durant, quem mais poderia entrar aqui? Carmelo Anthony, New York Knicks, e só.

Melhor técnico: Frank Vogel.
Se você não tem o elenco mais talentoso ofensivamente à disposição, você segue o manual de Tom Thibodeau, não? Que seu time se mate na defesa para tentar fazer a vida do adversário tão sofrida, miserável como a sua, vencendo 60% das partidas. Sem contar com um armador cerebral ou jogadores mais criativos no perímetros, o Pacers tem o sétimo pior ataque da liga. Mas, em termos de retaguarda, estamos falando do conjunto mais eficiente da temporada, e de longe, bem mais distante do segundo colocado, o Memphis, do que o próprio Grizzlies está do sexto, o Clippers. Mesmo que um gigantão como Roy Hibbert pareça hoje um monstro em extinção no esporte, se arrastando pela quadra – quando, na verdade, ele se torna um trunfo, congestionando o garrafão. E vocês já deram uma olhada para o que Vogel tem no banco para mudar um jogo?
Quem mais poderia estar no páreo? Mike Woodson, Knicks; Tom Thibodeau, Bulls.

Melhor reserva: Andray Blatche.
Hã… Sim, esse, mesmo. O cara que era vaiado a cada vez que recebia um passe na temporada passada pelo Wizards e hoje é o segundo jogador mais eficiente do Brooklyn Nets na temporada, um clube que conta com cinco atletas ganhando mais de US$ 10 milhões nesta temporada (Deron, Johnson, Wallace, Lopez e Humphries). Extremamente coordenado, ágil para um pivô, oferece ao técnico PJ Carlesimo uma opção ofensiva versátil e coesão defensiva, algo antes impensável para um jogador que era notório pela capacidade de caçar borboletas enquanto a bola quicava.
Quem mais? Amar’e Stoudemire e JR Smith, Knicks; Jimmy Butler, Bulls.

Dois quintetos:

Brooklin Lopez

Brooklyn: mais assertivo pelo Nets

1) Dwyane Wade, Paul George, LeBron James, Carmelo Anthony, Joakim Noah.
Wade e LeBron hoje não têm mais nenhum problema em repartir a bola, nenhuma síndrome sobre quem deve, ou não, controlar o jogo. O que não faz de Dwyane um jogador menos brilhante. Carmelo curte sua melhor temporada, justamente quando efetivado como um ala-pivô móvel, sem ter de se prender ao perímetro massageando a bola sem objetividade alguma. Noah é tão bom defensor quanto Chandler, com posicionamento impecável, presença física e garra, e ainda contribui mais no ataque com seus passes astutos. Sobre George, mais adiante.

2) Kyrie Irving, Jrue Holiday, Paul Pierce, Brook Lopez, Tyson Chandler.
Se há alguma coisa parecida com uma defesa aceitável em Nova York (o Knicks ocupa o meio da tabela nesse quesito, em 15º), é porque existe lá um Tyson Chandler, dando cobertura a seus armadores e Melo. Pierce segurou as pontas enquanto os reforços estavam perdidos, teve um péssimo mês de janeiro, e agora vem compensando essa queda em fevereiro, com média de 7,3 assistências no mês, ajudando a aliviar a perda de Rajon Rondo. Brook Lopez é o segundo jogador mais consistente do Leste no momento. Ele se livrou das lesões no pé e se tornou uma figura mais afirmativa no garrafão, dos dois lados, compensando o ano decepcionante de Deron Williams, Gerald Wallace e Joe Johnson. Kyrie Irving vai caminhando rapidamente para o grupo dos dez melhores da NBA, ao passo que sua dedicação na defesa também se intensifica, enquanto Jrue Holiday faz o que pode para o time não choramingar seu pivô lesionado.
Quem mais poderia estar no páreo? Chris Bosh, Heat; Al Horford, Hawks; Kevin Garnett, Celtics; David West, Pacers; Josh Smith, Hawks.

Três surpresas agradáveis:

1) Knicks brigando no topo: O time de Mike Woodson conseguiu bloquear aquela que era a maior ameaça ao sucesso em quadra: o choque de egos. A presença de Jason Kidd não poderia ter sido mais positiva. Carmelo, enfim, consegue se empenhar noite após noite. Amar’e aceitou as críticas e o banco. Raymond Felton esqueceu seu ano perdido em Porland. As peças complementares funcionaram. Os Bockers enfim voltam a ser respeitáveis.

John, Pau George e Paul

Paul George: subindo

2) Paul George, chegou a hora: Ele saiu pouco badalado da universidade de California State, mas alguns scouts o consideravam um dos melhores da fornada de 2010. Olhando a lista agora, dá para imaginar que pelo menos Sixers (Evan Turner), Wolves (Wes Johnson!!!), Warriors (Ekpe Udoh), Clippers (Al-Farouq Aminu) e Jazz (Gordon Hayward) talvez se arrependam de sua escolha, diante do que vem se transformando o décimo da lista. Sem Danny Granger, George assumiu maior responsabilidade no ataque, ganhando mais confiança e aprendendo aos poucos. Na defesa, coloca muita pressão nos adversários devido a sua envergadura e capacidade atlética no perímetro, ajudando a compor o paredão de Vogel. O trabalho do técnico e de sua comissão liderada por Brian Shaw no desenvolvimento do jovem ala se mostra exemplar.

3) Andre Drummond, impacto imediato: Ah, que ele talvez nem goste tanto de basquete assim que não trabalhe duro, que não sei mais o quê. As previsões dos mais pessimistas vão sendo refutadas energicamente pelo pivô adolescente do Pistons, uma força já temida debaixo da tabela, com média provavelmente de 79 enterradas por jogo. Também já é um reboteiro de respeito, com atributos físicos que lhe permitem capturar rebotes em zonas bem distantes de onde está posicionado. E, sim, ele realmente só tem 19 anos. Uma pena que tenha sofrido a lesão nas costas para desacelerar seu desenvolvimento.

– Três fatos desagradáveis:

1) Deron Williams, saudades de Jerry Sloan: A lista era para ser de surpresas desagradáveis. Mas, se você for levar em conta o histórico de Deron pelo Nets, não há novidade alguma em sua decepcionante campanha. Cada vez mais insistindo nos disparos de longa distância, que não o seu forte, abrindo mão das infiltrações e de agredir a defesa, hoje o (pretenso) astro sofre para acertar  apenas 41,3% de seus arremesos de quadra. Pior: em termos de assistências, tem sua pior média (7,5, por 36 minutos) desde o ano de novato (5,6), e sem maneirar nos desperdícios de bola, ainda elevados para alguém que ataca menos o garrafão. Agora amparado por um time competitivo, o armador simplesmente não tem conseguido justificar toda a atenção que recebeu durante as férias, muito menos seu salário de US$ 20 milhões anuais.

2) Andrew Bynum x O Grande Lebowski: Mais um caso daqueles… Não dá para dizer que ninguém esperava por isso. O pivô ainda não conseguiu entrar em quadra devido a problemas crônicos no joelho e ainda atrasou sua recuperação durante uma partida disputadíssima de boliche. Sem mais.

3) Anderson Varejão e a enfermaria: O capixaba era para estar na trinca acima, com a melhor temporada de sua já longínqua carreira nos Estados Unidos. Mas infelizmente a lesão na região do joelho e, depois, a descoberta de um coágulo no pulmão acabaram por afastá-lo novamente de modo muito precoce das quadras.

– O que resta para os brasileiros:
Com a baixa de Leandrinho e Anderson e as longas passagens de Fabrício Melo pela D-League, Nenê é quem fica de porta-bandeira solitário na conferência. Depois de se arrastar por boa parte da primeira metade do campeonato, lidando com uma para lá de incômoda fascite plantar, em fevereiro o paulista de São Carlos conseguiu se recuperar, com médias mais similares ao que produziu em Denver. Que ele fique saudável e consiga jogar basquete para valer até maio.


Scout conta a importância de Jason Kidd para o Knicks em sutis detalhes
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Giancarlo Giampietro

Jason Kiddi em ação

Havíamos escrito aqui sobre a influência positiva que o veterano Jason Kidd já exercia sobre seus novos companheiros Knickerbockers, como um dos componentes por trás forte início do New York Knicks. Para deixar bem claro que influência é essa, nada melhor do que acionar quem entende. Veja o que disse ao jornalista Ric Bucher, ex-ESPN, um scout da liga norte-americana (eles viajam para avaliar os adversários também, e não só atrás de calouros):

“Dê um baita crédito a Jason Kidd por fazer aquelas jogadas sutis, espertas e em prol do time que criam oportunidades e não aparecem no resumo estatístico: correr rapidamente para preencher um espaço no contra-ataque e então se deslocar para o outro lado da quadra para abrir espaço para alguém que venha de trás, por exemplo. Isso força seus companheiros que se importam mais com as estatísticas a serem menos egoístas. Nunca vi um atleta cujas habilidades tenham diminuído tanto, pensando fisicamente, e que ainda peça tanto respeito assim. Ao escalar Kidd com Chandler, o Knicks também ganha a combinação de liderança que esteve por trás do título do Mavs em 2011.”

(A entrevista desse olheiro foi feita bem antes da vitória impressionante do Knicks sobre o Heat nesta quinta-feira.)

Precisa dizer mais?

Não precisaria, mas o scout ainda tem outro comentário a fazer, exclusivamente do ponto de vista tático:

“Além disso, o Knicks tirou uma página do caderninho dos técnicos do Dallas ao colocar Kidd ao lado de outro armador que possa atacar via infiltrações com dribles que ele não consegue fazer mais. Note-se que, do outro lado, o Dallas sente muito sua falta. Eles não têm mais ninguém para organizá-los nos minutos finais. Ele teria se encaixado muito bem com Darren Collison e OJ Mayo.”

É isso: se você consultar os números de Kidd, vai pensar em um jogador decadente – o que de certa forma é verdade, se comparado com aquele dínamo do início da década passada, sempre beirando um triple-double de média. Poucos pontos, poucas aassistências, menos rebotes. Mas ainda um senhor ladrão de bolas e cada vez melhor no tiro de três pontos. De todo modo, numa olhadela rápida, não pareceria para muitos um grande jogador (ignorando o nome).

Que nada. Kidd ainda faz a diferença. Fica o convite para, nos tantos jogos do Knicks transmitidos por aqui, que observem o velhinho fora da bola para se captar esses detalhes sutis de que fala o scout, detalhes que fazem do basquete um jogo maior.

*  *  *

Outros motivos:

– Carmelo Anthony nunca esteve tão engajado assim em quadra. Para não dizer nunca, dá para resgatar seu empenho nos playoffs de 2009, quando, em parceria com Chauncey Billups (outro da estirpe dos “vencedores”), carregou a equipe até as finais da Conferência Oeste, no melhor resultado da franquia desde 1985. O melhor basquete de Carmelo – combativo na defesa, atacando o garrafão com ferocidade, sem se contentar com os chutes de média e longa distância muito mais cômodos –, o melhor resultado do Nuggets em 24 anos. Coincidência?

– É meio bizarro escrever isso, para ver a que ponto chegamos, mas a lesão de Amar’e Stoudemire foi, como eles dizem lá, a benção na desgraça. O ala-pivô tem mais de US$ 60 milhões para ganhar até 2015, mas, devido ao acúmulo de lesões, já não lembra em nada mais aquele furacão ofensivo dos tempos de Suns, perdendo impulsão e explosão. Justiça seja feita, por outro lado: ciente da redução de suas capacidades físicas, para compensar, Stoudemire refinou seu arremesso a um ponto em que não pode ficar livre em nenhum ponto da quadra. O problema: ele parou nessa. Para o jogador, o que vale é bola na cesta e pouco mais. Para alguém que ficou tanto tempo com a bola em mãos durante a carreira, sua média de 1,5 assistência por jogo é patética e se sustenta até mesmo numa projeção por 36 minutos de ação – já que ele nunca foi muito de descansar quando estava apto para atuar. E mais: apenas 7,3% das posses de bola em que foi acionado terminaram em um passe decisivo para um parceiro.

E o que acontece? Quando você coloca lado a lado um fominha destes com um fominha como Carmelo, um competindo com o outro para ver quem é o xerife de Manhattan, não dá muito certo. São dois cestinhas excepcionais, mas que não sabem dividir a bola. Com a chegada de Kidd e uma aparente auto-reflexão de Anthony, as coisas mudaram um tanto. Quando retornar, o astro vai se enquadrar nesta nova realidade da equipe? Vai deixar o ego e o ciúme para lá? Toparia sair do banco de reservas? Em breve os tablóides e torcedores, técnicos e jogadores do Knicks vão saber a resposta.

– Além de Kidd, outros veteranos ajudam, imagino, a manter o restante concentrado em objetivos maiores. Kurt Thomas, Rasheed Wallace e Marcus Camby já aprontaram das suas, e muitas vezes, durante carreiras longínquas, mas hoje devem servir até como assistentes dos treinadores em quadra. Recomendável, de qualquer forma, monitorar o comportamento de Camby, que assinou com a equipe com a perspectiva de ser o terceiro pivô da rotação com Chandler e Stoudemire e hoje mal consegue entrar em quadra devido a atuações surpreendentes de Sheed.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Voltamos no final do mês com tudo.


Afeito ao drama, Lakers escolhe Mike D’Antoni e ignora pedidos por Phil Jackson
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Giancarlo Giampietro

Mike D'Antoni x Phil Jackson

Depois de fracassar com um Mike, Lakres escolhe outro, com Phil Jackson disponível

O Lakers deu na manhã desta segunda-feira mais uma boa amostra de que, em Hollywood, o dramalhão pode ser tão, ou mais importante do que o star power. Só assim para entender a mudança repentina de direção do alto comando da franquia (Jerry Buss pai, Jim Buss filho) na hora de contratar o próximo técnico do clube. Depois de se atirarem para cima de Phil Jackson em desespero, recuaram cheios de orgulho para suas trincheiras, ligaram para Mike D’Antoni ontem pela noite já sabendo que dessa vez ouviriam um “sim, senhores” de cara.

É até engraçado: a franquia divulgou comunicado bem cedinho – antes mesmo de o Twitter norte-americano sair da cama, especialmente em Los Angeles e seu fuso horário do Pacífico. Talvez para dar algum tempo, alguns minutos preciosos que fossem, para que jogadores, a liga toda, jornalistas e torcedores assimilassem aos poucos a surpreendente contratação. Se eles fizessem isso, digamos, ao meio-dia em LA, meio da tarde no Leste, era bem provável que toda a Internet mundial viesse abaixo, e o Vinte Um funcionaria apenas em um espaço virtual: a mente delirante de um blogueiro.

Existem duas correntes lá fora para tentar explicar a opção por D’Antoni:

1) a oficial, na qual a família Buss assegura que a preferência de toda a direção (Jerry Buss pai, Jim Buss filho e o gerente geral Mitch Kupchak) foi, sim, por D’Antoni, de modo unânime. Os três acreditariam que o ex-treinador de Nuggets, Suns e Knicks combina melhor com o elenco atual e que o sistema de triângulos seria muito semelhante ao de Princeton, considerado um fiasco neste início de campanha;

2) a teoria da conspiração, na qual os rumores dizem que Jackson teria pedido mundos e fundos para aceitar o emprego de volta, o que teria voltado a injuriar o ego do Buss filho, com quem já havia travado uma disputa ferrenha nos bastidores durante sua última gestão;

No fim, pode ter sido um pouco dos dois. Não são argumentos excludentes. Talvez por uma picardia contra o desafeto, Phil Jackson tenha feito algumas exigências inéditas. Vai saber: tem quem diga que sim, tem que diga que não, que exageraram na boataria e que não haveria nada de absurdo no pacote Zen. Então talvez a decisão tenha sido mais técnico-tática: instaurar o sistema de triângulos no meio de uma temporada, porém, também não seria muito fácil e, embora Kobe, Gasol, Artest e, alto lá!, Steve Blake estivessem habituados a ele, outros 12 jogadores começariam do zero. Mike D’Antoni, por outro lado, emprega um ataque muito mais simples e também bastante eficiente. O coordenador ofensivo do Coach K na seleção norte-americana também tem uma boa relação com Kobe e Howard. Sobre Nash, nem precisa dizer: é seu cabo eleitoral.

D'Antoni, amigão de Nash

Steve Nash acordou feliz nesta segunda-feira

Agora, ficamos por aqui com os argumentos razoáveis.

Não por achar que D’Antoni é uma mula irrecuperável. Seus times históricos do Phoenix Suns ficaram muito perto da glória no Oeste durante quatro, cinco anos. Apenas tiveram uma tremenda falta de sorte em alguns anos, ou se depararam com uma combinação Tim Duncan-Tony Parker-Manu Ginóbili-Gregg Popovich que foi boa o bastante para derrotar até mesmo o Lakers de Jackson nos playoffs. Dizer que o Suns fracassou com o ataque do “Sete Segundos ou Menos” seria subestimar demais o basquete do Spurs.

Mas tem um baita problema: se D’Antoni quiser colocar seus rapazes para correr mesmo depois de o adversário fazer uma cesta, como acontecia de praxe no Arizona, provavelmente vai ter de jogar o quarto período com Darius Morris, Jodie Meeks, Devin Ebanks, Jordan Hill e Dwight Howard. O restante da velharada estaria na enfermaria. O elenco do Lakers DEFINITIVAMENTE não foi feito para jogar em transição, quanto menos uma transição enlouquecida, intensa, sem-parar. A família Buss pode querer o showtime, mas ot ime aguenta?

Kobe, mais orgulhoso não tem, vai dizer que é como se fosse uma caminhada no paraque. Nash vai lembrar dos bons tempos, mas a quantidade de minutos jogados pela dupla durante toda a sua carreira não pdoe ser ignorada. Tem de maneirar com os velhinhos para tê-los inteiros nos playoffs – ainda mais com o Capitão Canadá distante do estafe mágico de preparadores físicos do Suns. Sem contar que o MettaWorldPeace que nunca foi um velocista. Nem Pau Gasol, também muito mais habituado a operar em meia quadra. O sexto Antawn Jamison já correu muito pelo Warriors no início deprimente de sua vida na liga que já está cansado disso também, aos cacarecos. Contra-ataque não combina.

Outro ponto: Quentin Richardson, Jim Jackson, Joe Johnson, Raja Bell, Leandrinho, James Jones, Tim Thomas, Jared Dudley e mesmo Shawn Marion foram atiradores de três pontos minimamente competentes que ajudavam a abrir a quadra para Nash operar seus pick-and-rolls com Amar’e Stoudemire. Seria uma ação que poderia ser replicada agora com Howard. Mas, sem chutadores com 40% de aproveitamento de fora, pode ser muito mais fácil de se conter. E mais: se Marion ficou magoado por muitas vezes achar que estava posto de escanteio, imaginem o quão feliz um Kobe Bryant ficaria nesse contexto. O astro precisa ser envolvido de todas as formas, e a bola nas mão de Nash o tempo todo não faria bem algum para a química do time nesse sentido.

Mike Woodson x Mike D'Antoni

Com uma mãozinha de Mike Woodson (e), D’Antoni conseguiu montar um Knicks com boa defesa no ano passado. Quem vai ajudá-lo em LA?

Estamos falando só do ataque. O lado da quadra que, pasme, talvez não estivesse precisando de reparos! Quando Brown foi demitido, a equipe angelina tinha a quinta ofensiva mais eficiente da liga. Jogando com Princeton e tudo. Posto mantido até esta segunda-feira: cliquem aqui para conferir. E o que dizer da defesa? Com Howard ainda recuperando a boa forma, a atual configuração do time se provou tão vulnerável como no ano passado. No geral, o Lakers simplesmente é mais lento que boa parte de seus concorrentes, para não der muito mais lento. Para proteger sua cesta, esse time tem de jogar com uma formação bem compacta e com muita disposição por parte dos jogadores. Brown, que havia montado grandes defesas durante toda a sua carreira, não conseguiu em Los Angeles. E D’Antoni jamais vai ser considerado um mestre retranqueiro – as más línguas se referem a ele como Mike No-D.

Mas, calma.

Calma que tem mais.

O problema vai além do ponto de vista tático.

Nos últimos dois jogos do Lakers em casa, vitórias contra as babas que são Warriors sem Bogut e Kings sem Cousins, a torcida não parou de gritar por Phil Jackson. Star power, lembrem-se. Dirigir essa equipe não se limita a uma prancheta, a uma lousa mágica. Você precisa ser bom de relações públicas também para cruzar o caminho de Jack Nicholson, oras. Foi a grande dificuldade de Mike Brown por lá, tanto para convencer uma exigente base de seguidores, como para administrar seus atletas. D’Antoni sempre se deu bem com quem treinou, tirando Carmelo Anthony e Shaquille O’Neal. Em Nova York, porém, ele penou para lidar com a pressão. E lá vem chumbo grosso.

Seu início no cargo, aliás, já não vai ser dos melhores. É até difícil de acreditar, mas, entre Jackson e o novo técnico, o Mestre Zen, aquele que se arrastou para sair de quadra na humilhante derrota para o Mavs nos playoffs de 2011, é quem está mais saudável no momento. O escolhido acabou de passar por uma cirurgia no joelho e está impossibilitado de viajar. Ele foi anunciado, mas sua apresentação deve ficar só para terça-feira, no mínimo. Bernie Bickerstaff teria de seguir, então, como o interino até seu substituto juntar forças e se dizer pronto. Agora imagine uma noite qualquer em que o time vá para a quadra, tropece e, de repente, sem nem mesmo o cara chegar, os cantos por “We Want Phil!” fossem ecoados no Staples Center? Como fica?

É bom que Mike D’Antoni se apresse e corra tão rápido feito um Leandrinho.

Porque de drama o Lakers já está bem servido. Não precisa de mais.


Prévia Vinte Um para a temporada 2012-2013 da NBA
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Giancarlo Giampietro

Dá até vertigem de pensar. Começa nesta terça-feira a temporada 2012-2013 da NBA, e a gente sabe que, daqui até junho, vamos longe, bem longe, com os melhores jogadores do mundo, grandes confrontos, histórias engraçadas e escabrosas, novos heróis e vilões e sabe-se lá mais o quê. As surpresas são realmente o que mais divertem e atiçam colunas. Mas há alguns pontos que já valem a observação desde o tiro de largada:

Rei dos Anéis. Dãr

Rei dos Anéis. Dãr

LeBron James, enfim um rei
Por nove anos não houve jogador mais pressionado, perseguido e, ao mesmo tempo, cortejado e bajulado. Tudo pela mesma razão: seu incrível potencial para conquistar o anel e o que fazer com este potencial. Como LeBron vai agir agora que o peso de toda uma liga saiu de seus ombros? É possível fazer uma campanha ainda melhor do que a passada, com 27,1 pontos, 7,9 rebotes e 6,2 assistências, com 53,1% nos arremessos?

Celebridades
Precisa dizer mesmo? Se com Chris Mihm, Smush Parker, Sasha Vujacic e Kwame Brown já havia uma bagunça toda, imagine o circo quando o Lakers vai de Kobe, Howard, Nash, Gasol e o mais lunático de todos? Quem começa o campeonato com a maior cobrança é Mike Brown. Por mais bom moço e simpático que seja com os jornalistas, o técnico não inspira confiança alguma de que possa administrar um esquadrão desses. Instaurar o esquema ofensivo de Princeton em um elenco todo renovado já não parece o melhor primeiro passo. Outro ponto para ser monitorado: como vai ser o relacionamento de Kobe com os novos companheiros se as coisas não se acertarem conforme o esperado? E qual impacto eventuais tropeços podem causar na decisão de Dwight Howard. Lembrando: ele vai se tornar um agente livre ao final do campeonato.

Monopólio
Quando Danny Ainge encontrou um meio de juntar Kevin Garnett e Ray Allen com Paul Pierce, dificilmente esperava que as transações que salvaram seu emprego em Boston serviria como exemplo, como modelo de montagem no início da nova tendência para a construção dos supertimes da liga. Em quadra, a ironia continua: após seguidas derrotas para os velhinhos de Boston só motivou que LeBron procurasse abrigo com os amigos Dwyane Wade e Chris Bosh em Miami. E a preocupação dos proprietários dos clubes em evitar essa concentração de poder durante o último estúpido locaute parece não ter dado muito certo. Oras, o inimigo público número um, o Lakers, cansado de apanhar, ficou ainda mais forte! O Brooklyn Nets, com o investimento irrestrito de Mikhail Prokhorov, e o New York Knicks (coff! coff!) também foram atrás.

Lembra do Jeremy, Melo?

É bom não dar motivos para NYC se lembrar de uma Linsanidade, Carmelo

– Gangues de Nova York
Os clubes podem nem lutar pelo título, mas a mídia nova-iorquina vai dar um jeito de botar fogo nas relações entre Nets e Knicks. E olho nos ‘Bockers: depois de anos para tentar reformular seu elenco, a diretoria voltou a se aprisionar com contratos de médio prazo – algo muito perigoso numa liga cada vez mais restritiva no que se refere a movimentação dos jogadores. Então não importa se Amar’e já vai perder um bocado da temporada regular, ou se a maioria de seus reforços para este ano poderia estar muito bem aposentada a essa altura da vida. A base é esta, e pronto. Se, por ventura, os rivais de Brooklyn saírem na frente, como Spike Lee e outros fanáticos vão reagir? Vão tolerar mais um ano medíocre liderado por Carmelo Anthony?

Lugar de teatro é no palco
A NBA promete fiscalizar seus principais artistas. Quem for flagrado cavando, forjando faltas, no ataque ou na defesa, vai ser multado (veja os valores) e tomará pitos em público. Claro que essa medida desagradou aos jogadores, que dizem ser impossível julgar o que é uma reação desproporcional ao nível de contato físico filmado – e que não foi sentido por dirigentes da liga e árbitros.  Quem vai liderar o ranking?

*  *  *

Palavras-chave para os brasileiros:
O que está em jogo para o sexteto do Brasil na temporada e os desafios que eles encaram em suas equipes.

– Anderson Varejão e a saúde
– Fabrício Melo e Scott Machado e a D-League
– Leandrinho e a eficiência
– Nenê e a paciência
– Tiago Splitter e os minutos

*  *  *

Jogadores para marcar de perto:
Atletas que não são necessariamente as maiores estrelas da liga, mas cujo desempenho pode ser fundamental para levar seus clubes a uma boa campanha na temporada, enfrentando alguns elementos interessantes, seja de por conta de suas personalidades, ou pelos problemas e carências de seus elencos. Vamos continuar com a série até o final do ano.

Brook Lopez, Nets: pode um nerd fã de quadrinhos ser um xerife de garrafão?
DeMarcus Cousins, Kings: um colosso que tem tudo para ser dominante, menos a maturidade
Goran Dragic, Suns: os altos e baixos do sucessor de Steve Nash
Andrew Bougt, Warriors: a desesperada franquia espera que o australiano possa fortalecer sua defesa
Andrei Kirilenko, Wolves: dominante na Euroliga, o russo está de volta com seu jogo único

*  *  *

Palpites:
Chutes descabidos, mas que não podem faltar, ou podem? Mas podem falhar, então apelamos ao espírito covarde e nos resguardamos com outras duas possibilidades, mas que não têm nada a ver com as versões do mundo bizarro que valem como o inverso do que poderia acontecer.

Campeão: Miami Heat
Continuidade, superestrelas no auge, menos pressão, Ray Allen, difícil imaginar o que poderia atrapalhar a jornada rumo ao bicampeonato. (Quem mais? Thunder ou Lakers.)

Mundo bizarro: Charlotte Bobcats, Michael Jordan consegue novamente!

Final: Miami Heat x Los Angeles Lakers
David Stern daria piruetas de samba-canção no coração de Manhattan. Os proprietários radicais dos pequenos mercados quebrariam seus escritórios. Star power. (Quem mais? Heat x Thunder.)

Mundo bizarro: Washington Wizards x Sacramento Kings. Aquele que antes era um clássico do desarranjo, de equipes que reuniram muitos talentos nos últimos anos na loteria do Draft e, ainda assim, não conseguiram montar um time decente. Hoje vira um duelo de duas potências emergentes da liga, atropelando aqueles que esperavam construir dinastias. Fácil.

Alonzo Gee crava pelo Cavs

M-V-Gee. Nem nos sonhos de Dan Gilbert

MVP: LeBron James
Explicado lá em cima, né?

Mundo bizarro: Alonzo Gee. Nada contra, nada pessoal, é um jogador que trabalhou firmemente nos últimos anos a partir da  D-League e conseguiu um contrato que provavelmente deixaria o agente Leandrinho satisfeito. A graça aqui que ele é o ala titular do Cleveland Cavaliers. Pegou?

Melhor técnico: Tom Thibodeau (Bulls)
Fazer mais com menos, tudo baseado em um sistema defensivo impressionante, dos mais fortes que a liga já viu. Se conseguir transformar uma unidade com Marco Belinelli, Vlad Radmanovic e Nate Robinson em uma sólida retaguarda, valeria até um Nobel. (Quem mais: Rick Adelman pelo Wolves e Avery Johnson pelo Nets.)

Mundo bizarro: Vinny Del Negro (Clippers), aquele que saiu de um Derrick Rose para um Chris Paul,  consegue finalmente juntar as peças sem atrapalhar com o que monta em quadra – parte de seu time quer correr e decolar para enterradas, enquanto outra parte quer jogar em meia-quadra, de um modo mais metódico –, fazendo  o Clippers a fungar no cangote

Melhor sexto homem: Ray Allen (Heat)
Aaaaaaaaargh! Mas aí é a hora de por o coração na mesa. Quantos chutes completamente livres o veterano vai ter nesta temporada? (Quem mais:  Kevin Martin pelo Thunder, Mike Dunleavy Jr. pelo Bucks,  Matt Barnes pelo Clippers, Carl Landry pelo Warriors e Chase Budinger pelo Wolves… Desculpe, mas impossível segurar em três.)

Mundo bizarro: Andray Blatche (Nets). Em um time com quinteto titular bastante vulnerável defensivamente, um dos jogadores mais problemáticos e imaturos da NBA consegue sair do banco para fazer o papel de durão, cobrindo espaços e protegendo o aro, sem dar nenhuma dor-de-cabeça ao pequeno general Avery Johnson durante todo o ano. Nem Gilbert Arenas poderia com isso. 

Anthony Davis, calouro número um do Draft

Toco para o Monocelha. Vá se acostumando

Melhor calouro: Anthony Davis, o Monocelha (Hornets)
Uma barbada, segundo todas as fontes possíveis. Um baita defensor, extremamente concentrado e inteligente, já aos 19 anos. O ataque chegará aos poucos, ainda mais nas mãos de um ótimo treinador. (Quem mais: Damian Lillard pelo Blazers e Jonas Valanciunas pelo Raptors)

Mundo bizarro: Fabrício Melo (Celtics). O pivô brasileiro  que pouco jogou na pré-temporada, evolui consideravelmente a cada mês e termina o ano como o cadeado da defesa de Doc Rivers e vira uma figura cult em Boston. Seu mentor Kevin Garnett enfim daria o braço a torcer e o chamaria de “Fab”.

Melhor defensor: Dwight Howard (Lakers)
Enquanto o ataque dos angelinos não se ajusta, o pivô vai ter de fazer a sua parte na cobertura, com uma ajudinha de nosso anti-herói Ron-Ron. (Quem mais: Joakim Noah pelo Bulls e Kevin Garnett pelo Celtics.)

Mundo bizarro: JaVale McGee (Nuggets). O cabeça-de-vento põe os pingos nos is e se transforma numa versão 2.0 de Dikembe Mutombo.


Nowitzki, Love, Stoudemire… As lesões já abalam a NBA antes de seu início
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Giancarlo Giampietro

Estamos ainda a uma semana do início da temporada 2012-2013 da NBA, e já tem um monte gente fora do páreo: as lesões se acumulam e algumas equipes já sofrem um grande impacto em seus planos, com rotações e jogadas combinadas avariadas, sem contar o dano contra a confiança.

O impacto maior vem na Conferência Oeste:

– Dirk Nowitzki está fora por seis semanas no Dallas Mavericks.
E os campeões de 2011 ficam ainda mais distantes do título… Mas o Mark Cuban certamente vai dizer que não tem nada disso. Aliás, aagora já torcem para que o jogador se recupere em três semanas. Tem de apelar para a boa fé, mesmo. Depois do fracasso nas negociações por Deron Williams, que apontou sua ausência nas negociações como algo decisivo em sua opção para ficar com o Nets, o ricaço ficou ainda mais pê da vida e saiu falando aos montes. Sem o alemão ao seu lado, as bravatas perdem muita força. Quando contratou OJ Mayo, Darren Collison e Chris Kaman, Cuban os imaginava como peças complementares a Dirk. Agora os três vão precisar se desdobrar para suprir os 20 e poucos pontos fáceis que o craque proporcionava. O velhaco Elton Brand ganha mais minutos ao lado de Kaman, naquele que pode ser o par de pivôs mais lentos da liga.  Shawn Marion e o novato Jae Crowder – olho neste sujeito aqui, viu? – também devem quebrar um galho por lá. A cuca de Rick Carlisle não poderia ser mais exigida que isso: o técnico vai ter de mostrar toda sua inventividade se quiser manter o Mavs bem posicionado para chegar aos playoffs. Se conseguirem, de alguma forma, flertar com a mediocridade, será um lucro canado.

Kevin Love está fora por seis ou oito semanas no Minnesota Timberwolves.
E a comunidade toda de Mineápolis já achando que o longo afastamento de Ricky Rubio já era problema o bastante… Pumba. Love quebra a mão fazendo musculação em hora extra porque achava que precisava se dedicar mais na pré-temporada. Que fase a dos técnicos chamados Rick, hein? Assim como seu xará no Texas, o mais experiente Adelman precisa sambar um bocado agora. Em primeiro momento, era de se pensar que o ala Derrick Williams fosse herdar os minutos do astro campeão olímpico, mas o treinador já se apressou em dizer que não é bem assim, não, e cogitou que até mesmo Dante Cunningham poderia ser o titular. O que nos leva a deduzir que o calouro número dois do Draft de 2011 não tem tanto prestígio assim como chefe. Atacar com Williams e Kirilenko ao mesmo tempo, com os dois alas amparando Nikola Pekovic, seria uma opção interessante. As esperanças de fazer barulho nesta temporada ficam reduzidas. A não ser, claro, que Brandon Roy tenha voltado no tempo.

Amar’e Stoudemire está fora por duas ou três semanas no New York Knicks.
Sinceramente? Considerando tudo o que vimos nas temporadas passadas, essa aqui nem assusta mais, né. Dessa vez os médicos dos Bockers encontraram um cisto no joelho do ala-pivô – para um ignorante como este blogueiro, essa é uma novidade. Mas enfim. Justo agora que Mike Woodson estava bem animado com o preparo físico do cestinha, aparece um probleminha desses. Intimamente, ou inconscientemente, o ego de Carmelo Anthony deve ter se inflamado: “Abrir mão de 40 pontos por jogo? Passar a bola? Tá maluco?!”… E no fim é como ala-pivô que Melo pode render mais, mesmo. O palpite é que não fará tanta falta assim para o Knicks. O impacto, porém, pode ser sentido mais adiante: Stoudemire vai voltar sem ritmo e precisará ser integrado ao sistema, correndo o risco de que as polêmicas todas da última campanha retornem. O New York Post já tá de olho, fato.


Em seu décimo ano na NBA, Carmelo diz entender que precisa passar a bola
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Giancarlo Giampietro

Melo x LeBron

Carmelo poderia, sim, passar mais como LeBron faz

Tem sempre aquele papo de que, num belo dia, o sujeito acorda e dá de cara com sua epifania. Aconteceria num estalo, e que a partir daí as coisas – todas elas – ao seu redor passariam a fazer sentido. O sujeito teria encontrado seu propósito no mundo.

Para constar: ainda estou aguardando a minha. 🙂

Mas essa bobagem toda é só para dizer que Carmelo Anthony, aos 28 anos, parece enfim ter encontrado o seu caminho na NBA. Pelo menos é o que ele afirma neste início de pré-temporada, claro.

O ala do Knicks chegou ao training camp decidido: ele agora  sabe que não precisa mais fazer uma enorme quantidade de pontos numa partida para que sua equipe tenha sucesso. E, na sua décima temporada na liga, fez-se a luz.

Carmelo Anthony, Team USA

Carmelo saía do banco para pontuar na seleção, mas afirma que mudou seus conceitos as apresentações da equipe

“Estou no meu décimo ano. Todo mundo sabe muito bem que eu posso colocar a bola na cesta. Mas, para me desafiar e para instaurar a confiança nos meus companheiros, para que eles se se sintam confiantes na hora de arremessar e de que também podem fazer cestas, não vou mais tentar marcar 35 ou 40 pontos para vencer um jogo de basquete”, afirmou Melo.

“Não quero mais esse papel. Sei que posso fazer. É o que faço. Mas, para essa equipe ter sucesso, pelos caras que temos agora, precisamos de um time mais entrosado, envolvido. Se tenho que sacrificar no ataque, estou disposto a isso. É fácil para mim sentar aqui e dizer isso. Mas neste ano estarei focado como o líder desta equipe”, continuou.

Muito bonito, né?

Obviamente o discurso de Carmelo faz todo o sentido do mundo. Mas a ironia aqui fica por conta da demora: você precisa de nove temporadas completas para se dar conta de que talvez seja uma boa ideia passar a bola e envolver o resto?

Antes que tenha qualquer mal-entendido, o ala completa: “Não estou dizendo que não vou fazer cestas. Não tire isso do contexto”.

Tuuuudo bem. Mensagem assimilada.

*  *  *

Segundo Carmelo, sua experiência pela seleção norte-americana nas Olimpíadas o ajudou a colocar as coisas sob perspectiva. Interessante, não tivesse o ala já participado dos Jogos de Pequim-2008, dividindo a bola com LeBron, Kobe, Wade, Deron, Chris Paul, Howard e toda a cavalaria. A equipe do Coach K já funcionava sem egoísmo quatro anos atrás. Demorou para cair a ficha.

*  *  *

O sucesso do Knicks nesta temporada depende do entrosamento entre Anthony e o ala-pivô Amar’e Stoudemire. Os dois cestinhas, que realmente nunca foram muito de passar a bola, ainda não se entenderam em quadra. Na temporada passada, muitas vezes a alta produção de um significava um jogo fraco do outro. Pois a dupla se habituou a decidir partidas apenas com a bola em mãos, partindo para a cesta. Mas basquete é muito mais que isso.

Ainda assim, Stoudemire se mostra otimista: “Primeiro, as pessoas não percebem que no primeiro ano que jogamos juntos, tivemos uma troca enorme, perdemos seis jogadores e ganhamos outros seis com os quais nunca havia atuado antes. No ano do locaute, começamos devagar e tivemos uma mudança de técnico no meio da temporada. Este ano é que vai ser um grande teste para nós, com uma preparação completa com a mesma comissão técnica. Vamos ter um ano inteiro e vai ser um grande ano para nós”, afirma.

A presença de Jason Kidd, mesmo com sua mobilidade muito limitada, pode ser uma influência positiva para que isso aconteça.

*  *  *

A maior média de pontos da carreira de Carmelo Anthony foi de 28,2 pontos em 2009-10. Pelo Knicks, no último campeonato, ele já tinha abaixado sua contagem para 22,6. Foi o resultado de uma queda no aproveitamento de arremessos tanto de curta como longa distância, mas também no aumento de posses de bola que dedicou a assistências (21%, contra 15,3% e 14,3% dos dois anos anteriores, por exemplo).

*  *  *

Relembre Carmelo dando um susto nos visitantes de um museu de cera nova-iorquino:

[uolmais type=”video” ]http://mais.uol.com.br/view/12905282[/uolmais]

 


Boston Celtics é o mais novo clube a tentar dar um jeito em Darko
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Giancarlo Giampietro

LeBron James, Darko Milicic, Carmelo Anthony, Chris Bosh, Dwyane Wade.

Os cinco primeiros selecionados, nesta ordem, no Draft de 2003 da NBA.

Histórico, não?

Darko Milicic, Pistons

Darko no dia do Draft de 2003

Não só pelas quatro três estrelas + Bosh que daí saíram como pela presença inusitada do então adolescente e multitalentoso pivô sérvio. No fim, ele não pôde sobreviver na liga para sustentar aquele status – hoje completamente descabido – de que poderia ter mais valor, sim, que Carmelo, Bosh e Wade (e Chris Kaman, Kirk Hinrich, Mickael Pietrus, Nick Collison, David West, Boris Diaw, Carlos Delfino, Kendrick Perkins, Leandrinho e Josh Howard, outros atletas de sólida carreira escolhidos naquele mesmo ano, diga-se).

Mas na época é o que jurava Joe Dumars, o gerente geral do Pistons que bancou Darko, para desespero dos torcedores mais hardcore da Motown. Estes só queriam saber de ver Melo integrado a um fortíssimo elenco que naquela mesma temporada se tornaria campeão da NBA.

Imagina só? Esse é um dos maiores “o que aconteceria se…” da história da liga norte-americana. O Pistons teria sido uma dinastia? Ou a presença de um cestinha e estrela como Anthony apagaria o brilho discreto de veteranos como Billups, Rip Hamilton e Ben Wallace? Eles seriam o mesmo time com a mesma química? Larry Brown iria tratar como o ala de Syracuse? Vai saber.

O que sabemos é que o técnico não tinha nenhuma paciência para lidar com um pivô que mal falava inglês, havia se tornado um milionário da noite pro dia e se deslumbrou com a vida luxuosa da NBA, mesmo que numa cidade industrial como Detroit – para ele, melhor do que qualquer coisa que tinha nos bálcãs, oras.

Darko virou uma piada na cidade – situação para qual o histérico e camaleônico Brown contribuiu muito, aliás – e, em 2006, foi trocado com o Orlando Magic. Por meia temporada, 30 jogos, ele teve seu melhor momento na liga, acreditem. Na reta final daquele campeonato, ao lado de Dwight Howard, mostrou alguns lampejos. Mas essa seria a história de sua carreira: lampejos, trocas, apostas, lampejos, trocas. Passou por Grizzlies, Knicks, Wolves. Agora é Danny Ainge e o Boston que apostam em tentar tirar algo valioso do sérvio, hoje com 27 anos.

O clube vai pagar pouco menos de US$ 900 mil por isso. Para os padrões da NBA, mixaria. Então não há risco nenhum na operação. Mas os torcedores do Wolves certamente aconselhariam os fanáticos de Boston a não se entusiasmarem muito, apesar de seu tamanho e de sua capacidade nos tocos que poderiam ser um bom complemento para a fortíssima defesa do Celtics. Afinal, ele foi dispensado em Minnesota ainda com US$ 10 milhões por receber. De tão apático que foi na última temporada.

O Celtics fez bons trabalhos com gente como Greg Stiemsma e Semih Erden nos últimos anos, então talvez Doc Rivers seja o homem para fazer do sérvio ao menos um pivô decente. O que só conclui uma história triste: pense apenas que houve um dia em que Darko era visto como um prospecto de superpivô. Um cara para 20 pontos, 10 rebotes e muitos tocos e assistências e tiros de fora. Um talento completo, plural.

Era só uma questão de tempo.

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Segundo a imprensa espanhola, Darko recusou uma proposta de US$ 6 milhões por três anos de contrato com o Real Madrid para tentar uma vez mais suas chances na NBA.

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Houve também uma vez que em que vi Darko ser utilizado como o foco do ataque de uma equipe em alto nível, com confiança, e na qual ele brilhou, entregou. Acreditem. Foi pela seleção sérvia no biênio 2006-2007. Primeiro, no Mundial do Japão, ele somou 16,2 pontos e 9,3 rebotes, em seis partidas, com destaque para os 24 pontos e 12 rebotes contra os campeões olímpicos da Argentina e os 18 pontos e 15 rebotes contra os eventuais campeões da Espanha. Podem checar aqui, juro. Depois, no Eurobasket 2007 ele teve 14,7 pontos e 9,3 rebotes, números excelentes para um torneio Fiba. Depois disso? Nunca mais jogou por seu país.

Veja o grandalhão em forma:

*  *  *

A contratação de Darko é mais um indicativo de que não devemos assistir Fabrício Melo por muitos minutos em Boston na próxima temporada. O jovem brasileiro agora vê três veteranos disputando o posto de reserva imediato de Kevin Garnett – Jason Collins e Chris Wilcox são os outros. O pivô vai precisar de um grande training camp para impressionar Rivers e conseguir seus minutos.


Falatório olímpico: a volta da hegemonia norte-americana
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Giancarlo Giampietro

A campanha olímpica na boca dos protagonistas. Amanhã voltamos com declarações de argentinos, espanhóis, franceses e um canhoto bom daqueles.

“É o coração que primeiro é provado,  e estou feliz que temos um monte de grandes corações na nossa equipe”, LeBron James, bicampeão olímpico.
>> Um tanto cafona, ok, mas só mostra a reviravolta por que passou a vida deste sujeito. Em agosto de 2011, era a pessoa mais achincalhada do esporte. Agora pode falar com propriedade sobre como ser campeão, coração de guerreiros, física nuclear, sistema público de saúde norte-americano etc.

LeBron, no auge“Ele é o melhor jogador e o melhor líder. Não tem jogador mais esperto que ele no basquete hoje em dia”, Coach K, sobre LeBron.
>> Nada bobo o técnico norte-americano, reforçando seu vínculo com aquele que deve dominar a NBA não apenas nos próximos dois anos, como no terceiro, quarto, quinto… 😉

“Sou jovem! Só tenho 28”, Carmelo Anthony, sobre a possibilidade de jogar no Rio-2016.
>> LeBron está em dúvida, mas contem com o Melo, que disputaria um recorde de quatro Olimpíadas caso marque mesmo sua passagem para a Cidade Maravilhosa. O ala do Knicks certamente é um dos astros da NBA que mais se diverte nos torneios da Fiba.

“Já deu para mim. Quatro anos é muito tempo. Os caras mais novos vão assumir no Rio e talvez eu esteja lá para torcer por eles”, Kobe Bryant, ancião.
>> O Laker terminou o torneio jogando bem, depois de algumas apresentações questionáveis, que criaram histeria entre os setoristas norte-americanos no Twitter. Na NBA desde 1996 (!!!), com uma rodagem nos joelhos (costas, tornozelos, pulso, dedo, cotovelo…) de Brasília amarela modelo 1981, é hora do bom e velho Kobe dar uma descansada mesmo e fazer aquilo que ele curte, e muito: prestigiar os compatriotas nas arquibancadas, voltando de trem para casa.

“Grande jogo… A Espanha sempre nos empurra até o limite, mas os EUA são os melhores”, Dwyane Wade, em tweet imediato ao bicampeonato olímpico.
>> A lesão no joelho tirou o jogador de Londres, mas ninguém ia reparar. Com muitos desfalques, a equipe norte-americana ainda é uma força evidentemente superior.

“Chegamos perto, mas você tem de jogar praticamente uma partida perfeita contra eles para poder vencê-los em 40 minutos. Eles são talentosos, têm muitas habilidades e podem fazer cestas sem aos montes”, Pau Gasol, duas vezes prata nas Olimpíadas.
>> O pivô espanhol não tem muito a ver com Rudy Fernández e é um dos caras mais legais do basquete. Jogou barbaridades na final, mas ainda assim não foi o suficiente para desbancar os americanos, apesar do susto.

“É pesada, é uma medalha grande”, Andre Iguodala, com o peito dourado.
>> O (agora) ala do Denver Nuggets nos abre a possibilidade de resgatar a metáfora clássica do mundo dos quadrinhos, reforçada no primeiro Homem-Aranha de Sam Raimi: “Grandes poderes, grandes responsabilidades”. O ouro é pesado para carregar, mas o Team USA parece bem encaminhado para lutar pela extensão de sua hegemonia

Kobe e Oscar Schmidt

Kobe jogou na Europa, admirando de perto um Oscar Schmidt no auge

“Não” e “Não estou certo se sei tudo do jogo, mas eu sei mais que eles”, Kobe Bryant.
>> Duas respostas tipicamente de um Kobe Bryant ao ser questionado se 1) ele poderia aprender alguma coisa com os companheiros mais novos e 2) se, no fim, ele já manjava tudo de basquete, mesmo. Sensacional. Velha guarda, com orgulho.

“Sou extremamente sólido em meus fundamentos. Isso vem de ter crescido fora dos Estados Unidos. Se você olhar para a maioria dos caras aqui, eles fazem as coisas a partir do drible. Eu fico muito confortável numa posição em que possa atacar de três maneiras diferentes. É muito confortável para mim fazer fintas, usar o passes de jab e trabalhar com os pés. Quando estava crescendo, no meu clube nós tínhamos treinos em que você literalmente não poderia fazer o drible durante toda a sessão”, Kobe Bryant.
>> Sem mais. Ou melhor: é sempre legal lembrar essa infância e adolescência diferentes que Kobe viveu, seguindo a carreira do pai pela Europa, onde idolatrou o armador Mike D’Antoni e babou pelas cestas de Oscar.

“É difícil explicar. Se você nunca fez isso em quadra, não saberia do que e eu estaria falando”, Carmelo Anthony.
>> Sobre os 37 pontos que marcou em mágica noite contra a Nigéria, recorde olímpico norte-americano em apenas 14 minutos de ação. Este número é realmente estarrecedor, e para sempre. Lembro de já ter feito uns 30 pontos num jogo de meia-quadra que durou aproximadamente umas 19 horas. (E isso vale para aqueles que acham que o blogueiro é o mauricinho que nunca pisou na quadra. Tenho provas! Hmpf!)

Coach K

Coach K não fez nada, claro

“Não estamos acostumados a ficar livres na NBA. Então, quando isso acontece a quem… É, tipo… Uau”, Kevin Durant.
>> Durant é um dos meus prediletos. Idade de moço, cara de moço, frases de moço. E ainda falta um apelido que faça jus ao seu talento e carisma. Força, Greg Oden.

“Nenhum. Você sacou tudo. Absolutamente nenhum. Saio todas as noites com minha família, bêbado feito um gambá. Espere só para me ver hoje de noite. Volto umas 6 da manhã e você está convidado para sair comigo. Nós apenas deixamos a bola rolar. É isso. Não sei como você descobriu isso”, Coach K.
>> Pê da vida e cheio de ironias, respondendo a uma pergunta bem deselegante – para dizer o mínimo – sobre se o seu trabalho não seria muito fácil com tanta gente boa seu dispor. Afe.

PS: como os brasileiros não falaram após a derrota para a Argentina, não vamos peneirar nada a respeito deles. Não faria sentido ter um começo, um meio, mas sem fim nesta seção. A cobertura do Bruno Freitas em Londres e do UOL Esporte dá conta do recado.


Notas olímpicas: a fase de Carmelo e os problemas de Prigioni e Navarro
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Giancarlo Giampietro

Juan Carlos Navarro, de fora

De agasalho e cabelo novo, Navarro não ajuda muito a Espanha

Só para desafogar um pouco:

– Isso já vem lá de trás no Pré-Olímpico de Las Vegas-2007, mas nestas Olimpíadas está impossível: como o jogo de Carmelo Anthony se traduz para o basquete Fiba de maneira perfeita. Com a linha de três um pouco mais próxima, contra jogadores menos atléticos do que os que vê regularmente na NBA e os diversos astros ao seu redor, o ala da seleção norte-americana vira uma arma mortal toda vez que recebe a bola, não importando o ponto em que está da quadra. No mano-a-mano, ele pode girar rapidamente e fazer o arremesso. Pode driblar de frente para a cesta, frear e subir, devidamente equilibrado, para chutar sobre os braços estendidos do marcador. Se quiser, também pode levar seu oponente para o garrafão e exibir seu jogo de pés consistente e a base muito forte para chegar até a tabela e completar a bandeja. Então, fica aberto aqui o bolão: quando será que Melo vai errar uma cesta daqui para a frente no torneio?

– A aura de invencibilidade e a vaga previamente garantida na final para a Espanha foram para o buraco de vez com a derrota para a Rússia. Na verdade, sua imagem já estava tudo severamente arranhada pela campanha que vinham fazendo nesta primeira fase, bem mais fraca quando comparada ao que executaram no último Eurobasket com o time completo. Faz muita falta para a seleção um Juan Carlos Navarro inteiro. Com as Bombas caindo, fica mais complicado para o adversário se acertar: como parar seus chutes em flutuação, como subir a defesa até o perímetro e ter de conter ao mesmo tempo o jogo interior com os Gasol e Ibaka? Sem Rubio, sem Navarro, o time espanhol perde muita criatividade em seu ataque, além de dois jogadores que colocam pressão na defesa. Calderón é um ótimo jogador, mas seu jogo é muito menos vertical. Contra a Rússia, Navarro jogou por 23 minutos, mas foi pouco efetivo, com apenas nove pontos, uma assistência e 27% nos arremessos.

– Você imaginaria que o jovem Facundo Campazzo poderia se tornar o principal jogador da Argentina numa Olimpíada? Nem eu. O armador teve de batalhar até o fim para garantir seu lugar no grupo de Julio Lamas, concorrendo com Nicolás Laprovittola e, agora, se vê numa situação  de pressão, dependendo da condição física do veterano Pablo Prigioni. O armador, recém-contratado pelo Knicks, vem sofrendo com cólicas renais nos últimos dias, não deve nem estar treinando direito, e como esses percalços vão influenciar seu basquete para os mata-matas?

 


Em números: os recordes e marcas incríveis da surra dos EUA sobre a Nigéria
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Giancarlo Giampietro

EUA humilham a Nigéria no basquete

Reparem na cara de Chris Paul e Andre Iguodala olhando para o placar, provavelmente

Confesso logo de cara: estava limitado a acompanhar via Twitter (@vinteum21) as atualizações da surra dos Estados Unidos na Nigéria, enquanto aguardava a abertura da sala UOL (juro!) para ver o desfecho da trilogia de Christopher Nolan para o Batman. Ter esperado tanto tempo para assistir ao filme foi extremamente sofrido, acreditem, mesmo com a anestesia olímpica. Então não dava arrependimento algum de apenas ler sobre as façanhas de Carmelo Anthony e Ike Diogu – 😉 – e as infindáveis exclamações.

(Ok. Mentirinha: deu um pouco de remorso).

Não deu para ver o torpedeamento nigeriano, as cravadas, os contra-ataques, o talento e a capacadidade atléticas elevados a um nível de excelência.

De qualquer forma, mesmo sem ter assistido aos melhores momentos, os resquícios estatísticos desta vitória histórica são impressionantes:

– O placar foi de 156 a 73 (mais que o dobro). Os norte-americanos quebraram o recorde estabelecido pelo Brasil nas Olimpíadas de Seul-1988: 138, sendo que os adversários fizeram 85;

– A maior contagem de pontos de uma seleção dos Estados Unidos até então havia sido de 133 pontos, em Atlanta-96, contra a China;

– Os 83 pontos somados se tornaram a maior vantagem estabelecida pelo Team USA nos Jogos Olímpicos, superando os 72 contra a Tailândia em 1956: 101 a 29.;

– Outros recordes particulares dos ianques no jogo: 29 cestas de três pontos, aproveitamento de 71,1% nos arremessos (tem gente que nem no lance livre consegue isso), 59 cestas de quadra, 41 assistências;

– Esta é de matar a concorrência. Apenas uma equipe em toda a rodada desta quinta-feira conseguiu marcar mais pontos do que os 83 pontos de vantagem:  a Argentina, que bateu a Tunísia por 92 a 69;

– A maior diferença de pontos que o Dream Team de 1992 havia conseguido foi de 68 pontos, contra Angola, por 116 a 48. Para apimentar a polêmica aberta por Kobe Bryant, a média de pontos pela qual os Estados Unidos têm derrotado seus oponentes nas primeiras três rodadas das Olimpíadas é de absurdos 52,3 por jogo. Em Barcelona-92, a legendária equipe teve média de 48,0 pontos no mesmo período;

– Carmelo Anthony fez inacreditáveis 37 pontos em apenas 14 minutos. É algo realmente inconcebível, de achar que a gente digitou errado mesmo (uma piada que até mesmo a USA Basketball fez em seu Twitter durante o massacre, sem conseguir se segurar na gracinha). Se ele tivesse jogado os 40 minutos com o mesmo ritmo, poderia ter feito 102 pontos. Hehehe.

– De qualquer forma, ajudado por suas dez cestas de três pontos, Carmelo conseguiu se tornar o maior cestinha olímpico (em um só jogo) da história dos EUA, superando o infame Stephon Marbury, que chocou a Espanha em Atenas-2004 com 34 pontos, derrubando o time ibérico, então invicto, nas quartas de final. A maior pontuação individual em uma partida olímpica ainda é de Oscar Schmidt, com 55;

– Ike Diogu marcou 27 pontos pelos nigerianos, só para o caso de você adorar o ala-pivô;

Chega, né?

Sobre o Batman? Saí um pouco decepcionado da sessão. E dessa vez não tinha nada relacionado com o fato de ter perdido esse espetáculo.

Mesmo.