Vinte Um

Leandrinho voltou a ser um vulto em quadra. Na melhor hora
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Giancarlo Giampietro

Leandro Barbosa, Warriors, Game 1, NBA Finals

Antes de se mandar para New Orleans, Alvin Gentry havia nos dito como Leandrinho era uma figura importante no vestiário do Golden State Warriors. Ethan Sherwood Strauss, setorista do Warriors para o ESPN.com, também fez um perfil nesse sentido, falando sobre como o ala é adorado pelos seus companheiros, de como, numa temporada longa como a da NBA, faz bem ter um boa praça desses por perto, para desanuviar o ambiente em tempos mais tensos – se é que a coisa fica tensa para este timaço. Quando víamos Stephen Curry ensaiar, na lateral da quadra, passos que, talvez, em sua cabeça, parecessem os de samba, depois de uma cesta do brasileiro, era a confirmação visual de tudo isso.

Esse expediente não seria novo. É só pensar nos elencos do hexacampeonato do Chicago Bulls nos anos 90 e pinçar os anciões que se sentavam lá no final do banco. James Edwards, Robert Parish, Bill Wennington, mesmo. Jack Haley, John Salley… São vários personagens escolhidos a dedo por Jerry Krause e/ou Phil Jackson como ombro amigo, figuras sóbrias, que já haviam visto de tudo pela liga e davam uma força para os treinadores, ajudavam na condução dos negócios, digamos. O papel que cabe a um Kendrick Perkins ou um Nazr Mohammed hoje, por exemplo.

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Na quinta-feira, porém, pela abertura das finais da NBA, Leandrinho mostrou que tem mais o que oferecer para os atuais campeões do que a simpatia, o humor e a harmonia interna. Para um reserva, com 11 pontos em 11 minutos, acertando todos os cinco arremessos, viveu uma noite perfeita numa noite em que os Splash Brothers não jogaram nada, sendo fundamental na vitória sobre o Cleveland Cavaliers.

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Foi uma jornada como a dos bons e, glup!, já velhos tempos de Brazilian Blur, o Vulto Brasileiro, quando ''Barbosa'' estava construindo sua fama pelo inesquecível Phoenix Suns de Nash, Marion, Stoudemire, D'Antoni e, principalmente, de Sete Segundos ou Menos. Naquele tempo, antes mesmo de Russell Westbrook, Derrick Rose e John Wall entrarem na liga, era difícil encontrar jogador mais veloz.

Lembro sempre de uma manhã na redação do UOL Esporte, 'abrindo' o site – quando chegam os primeiros redatores caçando as primeiras notícias –, e sempre haveria um relato da NBA para se fazer. E teve um jogo desses entre Suns e Houston Rockets em que o cara arrebentou. Tracy McGrady, do outro lado, estava maravilhado. Na tentativa de qualificar o brasileiro, o astro o chamou de ''Speedy Gonzalez'', que, vocês sabem, é o Ligeirinho na adaptação do desenho por aqui. Foi antes de ''Brazilian Blur'' ser oficializado. Valeu, T-Mac. Desde então, ''ligeirinho'', em caixa baixa, virou adjetivo obrigatório para mim na hora de escrever qualquer texto sobre Leandrinho.

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Como Matthew Dellavedova pôde ver, o ala ainda tem, sim, arranque para pontuar nos grandes jogos. É só ver na sequência de clipes abaixo do texto. Foram algumas infiltrações completamente insanas, nas quais voltou a mostrar sua habilidade para encontrar ângulos improváveis para a finalização. Fazia tempo, confesso, que não via dessas bolas um tanto malucas, mas que funcionaram durante toda a sua carreira. Muito provavelmente em um desses lances, aliás, sentiu algum desconforto nas costas, que o obrigou a ir ao vestiário mais cedo para ser examinado. Por sorte, dele, de Kerr e dos Splash Brothers, não era nada grave.

Para cima de Delly

Para cima de Delly

''LB foi ótimo. Ele ainda é muito rápido. Talvez não tão rápido como era cinco anos atrás, mas ainda é um cara que adora correr para cima e para baixo. Ele entrou e nos deu uma grande força'', disse Steve Kerr, que foi seu gerente geral em Phoenix. ''Conseguiu algumas bandejas de primeira, umas bandejas difíceis, e embalou. E aí ele fez aquela de três na zona morta. Simplesmente teve um jogo excelente. Com 11 pontos em 11 minutos e meio, dá para dizer que foi uma produção bem boa.''

Em toda a temporada, Leandrinho passou da marca de 10 pontos em 12 partidas apenas (?). Ele não chegava a dígitos duplos há quase dois meses. A última havia sido no dia 3 de abril, com 13 pontos em vitória sobre o Portland Trail Blazers, por 136 a 111, com seis cestas em oito tentativas e 23 minutos de ação. Seu recorde no campeonato foi de 21 pontos sobre o Suns, claro, no dia 27 de novembro, com oito cestas em nove tentativas, também ficando 23 minutos em quadra em triunfo por 135 a 116.

Reparem nos minutos e nos placares. Foram duas das tantas surras que o Warriors aplicou durante a temporada, abrindo espaço para a entrada e produção de seus reservas. Bem diferente de um Jogo 1 das #NBAFinals. Quem imaginava? Talvez nem Kerr, ainda mais quando ele havia feito apenas 14 pontos no total contra OKC pelas finais do Oeste. No final, fez os mesmos 11 pontos de Curry e dois a mais que Thompson.

LeBron James também não estava contando com isso. Quando Leandrinho acertou um chute em flutuação e elevou a vantagem do Warriors para 14 pontos nos dois primeiros minutos do quarto período, o craque do Cavs estava preparado para voltar ao jogo e sorria nervosamente, talvez incrédulo. Pois, Leandrinho, sozinho, havia superado todos os reservas de Cleveland em pontuação. Depois,  para variar, James detonaria a segunda unidade de seu time (caras que têm jogado tão tem o campeonato inteiro, diga-se), afirmando ser ''inadmissível'' que o banco do Warriors tenha vencido o embate por 45 a 10. ''Quando isso acontece e você ainda cede 25 pontos em 17 turnovers, não importa o que alguém faça ou deixe de fazer, vai ser difícil vencer, especialmente fora de casa. ''Não importa o que você faz com Steph, Klay ou Draymond. Permita 45 pontos ao banco e 25 pontos via turnovers, na estrada, e você não tem um bom ingrediente para vencer.''

Essa sequência arrasadora do Golden State foi propulsionada por Leandrinho, Shaun Livingston (um dos nomes do jogo), Andre Iguodala (taí o outro nome da partida…) e dois titulares: Draymond e Harrison Barnes. Uma formação alternativa de seus quintetos mais baixos, sem Festus Ezeli ou Marreese Speights para acompanhar os demais reservas. Mais uma boa cartada de Kerr, que não perdeu a confiança em seus suplentes, mesmo quando sua equipe enfrentava tamanha pressão contra OKC. ''Ele vai muito bem na hora de sentir nossa temperatura e encontrar quais são os duelos favoráveis para nós e nos colocar em uma posição em que possamos brilhar'', afirmou Livingston, sobre o técnico.

No caso do ligeirinho brasileiro, o duelo nem era tão favorável assim. Dellavedova é uma desgraça (em muitos sentidos…) quando persegue alguém. Só ficou complicado para o australiano correr atrás de um vulto. Se, por acaso, o tivesse atingido, aí teria de se ver com furiosos oponentes. No banco do Warriors, melhor não mexer com Leandrinho.

*   *   *

Aqui estão as cinco cestas de quadra do ala, numa cortesia do Coach Nurse, do BBALLBREAKDOWN, estrela do Twitter em noite de grandes partidas.  Vocês têm de seguir o cara.

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Convocado, Humberto curte 1ª temporada efetiva: “Puxei o jogo”
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Giancarlo Giampietro

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Uma das coisas mais legais no esporte em geral é acompanhar a evolução de um atleta, ainda mais quando essa observação vem desde cedo. Agora imaginem como todo esse processo não funciona na cabeça do próprio jogador? De ver que anos e anos de preparação começam a dar resultado.

Pensando no basquete brasileiro, o Pinheiros, com sua prospecção de talentos e propensão para o lançamento, é um dos clubes do país mais propícios para se seguir, para ver o quão interessante é esse amadurecimento esportivo, acompanhando quase sempre pelo crescimento também fora das quadras. Lucas Dias, nesse sentido, foi uma das sensações deste NBB, confirmando seu potencial como um cestinha de mão cheia, que chegou para ficar.

Mas na ótima campanha que o clube da capital paulista fez, jogando de igual para igual com o finalista Bauru pelas quartas de final, ficou clara também a evolução de outro produto de sua profícua base, o ala-armador Humberto, de 21 anos. Um jogador que, assim como Lucas, seu companheiro (já) de longa data, vem sendo cotado como um dos grandes prospectos do país e que, especialmente pelo que fez na reta final de temporada, cruzou aquela cinzenta faixa entre a condição de ''projeto'' para ''realidade'' das quadras nacionais, rendendo uma pré-convocação para a seleção brasileira, de olho no Sul-Americano da Venezuela, a partir do dia 27.

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''Confiança é tudo. Passei a acreditar mais no meu jogo, no chute e na infiltração, e vi que posso ajudar meus companheiros em alguns momentos de pressão. Estar em quadra ajuda muito para chegar a esse ponto. Poder ficar com a bola na mão. Eu estava preparado para ajudar'', afirma ao VinteUm o paulistano, que impressiona pela maturidade, para além do 1,95m de altura e de sua agilidade, com um conjunto de atributos físicos que vai chamar a atenção de qualquer scout.

Esse processo de afirmação está longe de ser uma ciência exata ou simples. Humberto já treinava com a equipe adulta há tempos, mas estava quase sempre à margem na rotação, sendo utilizado de modo esporádico por nomes de peso como Cláudio Mortari ou Marcel de Souza. Ficava dividindo seu tempo seja com o time sub-19 ou com o da LDB, passando muito tempo em quadra, é verdade, mas não exatamente no nível que ambicionava. Até que a redução de investimento desta temporada forçou essa transição para valer, agora sob o comando do técnico César Guidetti. Chegara a hora, mesmo que, na sua concepção, a efetivação pudesse muito bem ter acontecido antes.

''Penso que a gente poderia ter sido lançado antes, e isso é uma coisa que nunca escondi de ninguém. Tinha essa insatisfação por não estar jogando e só estar treinando. Acho que isso é algo bom que tenho, de querer jogar, mostrar meu basquete'', diz o atleta, sem passar nada de arrogância em sua declaração.

Humberto ainda jogou pela LDB desta temporada, sendo campeão ao lado do chapa Lucas

Humberto ainda jogou pela LDB desta temporada, sendo campeão ao lado do chapa Lucas

Anormal seria alguém conformado com a reserva. A diferença é o modo como se encara a situação: se sua insatisfação vai se transformar em fardo, ou se vai motivá-lo ainda mais para provar qual o seu lugar.''Teve o lado bom. Serve para ver outras coisas. O atleta profissional, por exemplo, tem uma rotina específica, e demora um pouco para você se habituar a ela, com jogos, viagens, puxar ferro, os treinos. Na base, não se trabalha forte assim. Esses dois ou três anos serviram para me acostumar com isso. Hoje, se me tirarem essa rotina de basquete, eu sentiria muita falta'', diz o ala-armador, que  jogou mais de 770 minutos em seu terceiro NBB, cinco vezes mais do que havia recebido em 2013-14. Respondeu, claro, com as melhores marcas de sua carreira em pontos (8,4), rebotes (2,9) e assistências (1,9). Foi indicado ao prêmio de melhor sexto homem da competição, disputando com Marcelinho Machado e Jimmy Oliveira, do Mogi.

''Tem sido bom. Não diria 'muito bom', porque acho que poderia estar muito melhor, claro. Está sendo de razoável para bom, e tem muito o que melhorar, muito mesmo, com o pé no chão. Mas foi importante para ver o que precisa ser feito e saber que agora estão nos vendo, que estamos indo para o jogo. O outro lado é saber dosar, de reconhecer se está preparado, ou não. Acho que mentalmente estou, mas dentro do jogo tenho de melhorar muitas coisas'', avalia.

A prioridade para Humberto é o arremesso.  Para um jogador de perímetro, enfrentando internacionalmente defesas cada vez mais fechadas, congestionando o garrafão no lado em que está a bola, é vital que o chute funcione. Em sua primeira temporada efetiva como profissional, já cresceu bastante em todos os quesitos. Nos tiros de longa distância, saiu de 21,1% para 33,3%. Nos lances livres, de 62,5% para 73,8%. Mais perto da cesta, foi de 33,3% para 44,3%. Mas cabe mais, claro. ''Sem dúvida, tenho treinado bastante. Acho que são uns 500 chutes por dia, 250 de manhã e de tarde. Procurei mudar um pouco minha mecânica de arremesso'', diz.

Mais trabalho no chute

Mais trabalho no chute

Sabe quem serviu de exemplo? CJ McCollum, vejam só, o emergente ala-armador do Portland Trail Blazers, time que não está toda hora assim na TV. Sinal de que o jovem paulistano anda investindo seu tempo no League Pass da NBA, certo? ''Comecei a ver alguns arremessos, comparando com o meu. Vendo ele, reparei que estava pulando pouco para arremessar, saindo pouco do chão, e nunca tinha pensado se isso influenciava.  Agora estou saltando um pouco mais e acho que isso dá mais força nas pernas. Antigamente acho que estava colocando muita força no braço. No Jogo das Estrelas, o Marcelinho (Machado, o maior chutador brasileiro de sua geração) comentou comigo isso também, de colocar força na perna.''A entrevista com Humberto foi gravada em meio ao confronto com Bauru, pelas quartas do campeonato nacional. O Pinheiros havia acabado de perder o primeiro jogo, em casa, em um duelo equilibrado. O ala-armador falava com confiança, acreditando ainda numa virada. Já haviam reagido contra o Minas pelas oitavas de final, aliás, revertendo, de modo impressionante, uma desvantagem de 2 a 0.

Pois bem, como sabemos, não foi possível. Mas eles deram trabalho, sim, e ainda estenderam a série ao Jogo 4, depois de surpreendente triunfo como visitante, justamente com a melhor apresentação de Humberto, quando marcou 27 pontos. Não por coincidência, foi uma jornada inspirada no chute, tendo convertido 10 de 16 tentativas e 5 de 9 de fora. Para alguém de primeiro passo explosivo, a conversão de média para longa distância só vai lhe abrir a quadra e os ângulos para ataque. No confronto com Bauru, teve média de 15,7 pontos em quatro partidas, com 40,5% nos disparos de três.

Outro fator que o ajudou foi a parceria com os americanos Cordero Bennett e Desmond Holloway. O ataque pinheirense encaixou bem quando Guidetti adotou uma formação mais baixa, em que os gringos e o jovem ala-armador dividiram responsabilidades. Os três poderiam conduzir a bola e partir para o ataque também, ''puxando o jogo'', como Humberto gosta de dizer. Um verbo que faz sentido para alguém que pode cortar a quadra toda com velocidade. ''Foi um papel bem diferente do que tive nos outros anos, de poder chamar um pouco mais, de resolver. Procurei fazer isso para a bola não ficar só na mão do Lucas, ou do Holloway. Fazendo isso, acho que se abriu um leque de opções. Ficou mais difícil de marcar, mais imprevisível. Vou buscar isso. Mesmo que não seja para pontuar,mais  que possa criar para os outros.''

O jogo da vida: 27 pontos no playoff contra Bauru

O jogo da vida: 27 pontos no playoff contra Bauru

Nos anos anteriores, Humberto em geral era chamado para situações bem específicas, para marcar, quando o time precisava pressionar algum cestinha no perímetro. Foi bom ver, então, que a maior carga de minutos não tirou seu ímpeto para a contenção. ''Gosto realmente de defender. Acho muito mais legal dar um toco, roubar uma bola, não deixar o cara te cortar. Na própria Liga das Américas (de 2014, quando o Pinheiros foi derrotado pelo Flamengo na final), fui chamado para marcar o Marcelinho. Carrego isso comigo. Não faço nada específico, acho que pode ser uma coisa mais pessoal, mesmo, de olhar para um cara e pensar que ele não vai passar por mim.''

A exibição contra o Flamengo, por sinal, teria repercussão futura. Não foi por acaso que, no ano passado, o clube rubro-negro tenha tentado levar o jogador para o Rio, antes de fechar com Rafael Luz e Ronald Ramon. Num sistema defensivo que José Neto costuma aplicar, de preferência agressivo, com muita pressão na bola, ele se encaixaria muito bem. Se a contratação tivesse sido validada, talvez ele pudesse estar disputando a final neste momento? Se não vai estar em Marília, ou no Rio, também não quer dizer que vá assistir tudo de casa. Afinal, neste domingo ele terá de se apresentar em São Paulo para iniciar a preparação rumo ao Sul-Americano, convocado por Magnano, numa lista que agrada, mesclando veteranos como Fúlvio, Jefferson William, JP Batista, Olivinha e Rafael Mineiro com jovens apostas.

Será sua primeira passagem pela seleção como profissional. Na base, em meio a passagens pelo Banespa, São Paulo e Círculo Militar, disputou duas competições oficiais da Fiba: a Copa América Sub-16 de 2011, em Cancún, e o Mundial Sub-19 de 2013, em Praga. No ano passado, também participou da Universíade, sobre a qual se recorda de seu duelo, como marcador, com o ala Wayne Selden Jr., da Universidade de Kansas, que representou a seleção americana. Agora o desafio é encarar encarar forte concorrência para ficar no grupo final, ao lado de Henrique Coelho, Davi Rossetto, Deryk, Fúlvio, Gui Deodato, Jimmy Oliveira e Leo Meindl. Georginho, seu companheiro de Pinheiros, também se junta ao grupo.

Passar no corte final e jogar na última semana de junho e a inicial de julho traria uma ambiguidade aos planos de Humberto. Seria um prolongamento desta temporada, a antecipação da próxima, ou meramente uma intertemporada? Para alguém de 21 anos, acho que não interessa. ''O que quero, primeiramente, é continuar crescendo. Quero ter uma temporada melhor, independentemente de onde esteja. Algumas coisas já vêm mudando, dentro e fora da quadra. Ser reconhecido pelo que faz é legal, te motiva mais. Mas mantenho os pés no chão, e aí o crescimento vem naturalmente. Claro que NBA é um sonho de cada jogador, Europa também, mas sou um cara de reconhecer muito meu limite. Acho que estou num momento de fazer um bom trabalho no Brasil, fazer boas temporadas aqui para depois pensar lá fora. Tem de me firmar aqui no Brasil para depois poder ter alguma chance fora.''

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Leandrinho! Livingston! É a final da NBA com reservas ditando o jogo
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Giancarlo Giampietro

(Atualizado às 9h)

Shaun Livingston=Curry e Thompson, por uma noite

Shaun Livingston = Curry e Thompson, por uma noite

Ok, podem falar, sabichões: todo mundo sabia que, com LeBron James, Stephen Curry, Klay Thompson, Kyrie Irving e Kevin Love em quadra, o Jogo 1 das finais da NBA seria decidido por Shaun Livingston e Leandrinho. Estava óbvio isso. Não adianta ficar se gabando por aí na reunião de trabalho ou no balcão da padaria.

(…)

Pois é. Tivemos uma noite de quinta-feira de subversão com o Golden State Warriors vencendo o Cleveland Cavaliers por 104 a 89, em casa. Na qual Shaun Livingston, sozinho, marcou o mesmo número de pontos dos Splash Brothers: 20. Sim, o Warriors venceu um jogo totalmente estranho de #NBAFinals em Curry e Thompson acertaram apenas 8 de 27 arremessos em conjunto. Graças a uma grande atuação defensiva e à contribuição decisiva da segunda unidade de Steve Kerr no quarto período.

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Depois de sofrer contra Dion Waiters (!) pela final do Oeste, Livingston retomou a boa forma da temporada regular e acertou praticamente tudo o que tentou da sua zona preferida de quadra, à meia distância (80%, com 8-10). Leandrinho também botou fogo no jogo ao converter todos os seus cinco arremessos e terminar com 11 pontos em 11min25s, numa média incrível. O brasileiro acertou chutes em flutuação, de média e longa distância e até contestado pelo árbitro Kenny Mauer (abaixo). Foi uma de suas melhores apresentações em muito tempo, na melhor hora. Ruben Magnano tomou nota. Os dois certamente não sentem falta dos braços enormes dos atletas de OKC ao redor na contenção.

No geral, os reservas do Warriors marcaram 45 pontos contra 10 dos suplentes do Cavs, a maior diferença em uma partida pelas finais em 50 anos. Sim, Leandrinho, por conta própria, marcou um ponto a mais que a concorrência. Ainda nessa linha bizarra de estatísticas, Curry e Thompson não constaram nem entre os quatro cestinhas do Golden State nesta noite, com Draymond Green (16 pontos),  Harrison Barnes (13) e Andre Iguodala (12) à frente. Curry anotou 12, empatando com o ligeirinho brasileiro. Klay parou nos 9. Sem os chutadores em quadra, foram 11 minutos de jogo para o Warriors e 12 cestas em 17 chutes, com 12 pontos de saldo.

''Temos falado sobre a profundidade de nosso elenco pelos últimos dois anos. Nós contamos com um monte de pessoas. Usamos um monte de pessoas, e sentimos que temos muito talento no banco que pode entrar e pontuar quando precisamos. Então foi um grande sinal que possamos vencer nas finais sem que nossos dois caras tenham grandes jogos. Mas não é realmente tão surpreendente assim para nós. Esse tem sido o nosso time por dois anos'', afirmou Kerr, que realmente tirou essa lição de suas experiências com Phil Jackson e, principalmente, Gregg Popovich.

Desta forma, os atuais campeões se tornaram a primeira equipe desde o Detroit Pistons de 2005 a ter sete atletas a ter sete atletas com 10 ou mais pontos em uma partida pelas finais. Irônico isso, considerando que o Detroit é reconhecido como a exceção da regra da liga, como um time que se sagrou campeão sem uma superestrela (no ano anterior, diga-se).

Claro que o Warriors não seria grande coisa sem Steph Curry. Mas o time não vive só dos arremessos e jogadas maravilhosas do armador, isso está claro. Que o diga Andre Iguodala, que teve mais uma dessas atuações que tende a ficar em segundo plano na manchete, mas que talvez tenha sido ainda mais importante.

Leandrinho fez um ponto por minuto

Leandrinho fez um ponto por minuto

 Não é por acaso que o ala tenha saído de quadra com o maior saldo de pontos da noite, com +22, um pouco acima se Livingston (+20) e Green (+18), que também fez uma bela exibição. O veterano cuidou de LeBron James do jeito que dá. O craque do Cavs quase acumulou um triple-double (23 pontos, 12 rebotes e 9 assistências em 21 arremessos e quase 41 minutos). Mesmo se tivesse alcançado a marca lindona com mais um passe para a cesta, seria basicamente um ouro de tolo. Na hora em que o jogo desandou, Iggy estava lá para importunar. Ele terminou 22 posses de bola como o marcador de LeBron, e o astro do Cavs tentou apenas dois arremessos nessas ocasiões, acertando um. Do outro lado, ainda deu 6 assistências. Você põe na balança os sete rebotes também, e entende como é possível um reserva ser eleito o MVP das finais.

Em tempo: acho que Matthew Dellavedova enfim descobriu que, com Iguodala, não é para mexer. O australiano, cujo fã-clube conta com minha inscrição, exagerou, digamos, em sua competitividade ao dar um soco nas partes baixas do ala, no terceiro período, iniciando, quase sem querer, uma arrancada dos campeões do Oeste. ''Temos alguns caras que têm de jogar um pouco sujo e fisicamente para ganhar a vida com isso e alimentar a família. Então tenho de respeitar isso'', ironizou o ala do Warriors.

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Em que pese a atuação firme de Iguodala, LeBron foi um tanto passivo na noite, é verdade, além de também ter ido mal em duelos com Draymond Green, contra quem só acertou um de sete arremessos. Dava a impressão de que a prioridade de LBJ era inserir Kyrie Irving e Kevin Love se primeira na série, dada a expectativa gerada pela participação de ambos, devido à ausência do ano passado. Compreensível, aliás. Nenhum dos cestinhas foi bem. Irving liderou o jogo com 26 pontos, mas errou 15 de 22 arremessos e teve nove possas de bola em que o time inteiro o viu cruzar a linha de quadra e arremessar, sem efetuar sequer um passe. Compensou tanto aro, tanto bico, em tese, ao matar 11 lances livres. Já Love fez 17 pontos em 17 arremessos, pegou 12 rebotes e não conseguiu punir a defesa do Warriors quando marcado por atletas mais baixos no garrafão. Em suma: dá para visualizar um camisa 23 mais agressivo no domingo.

Do outro lado, não sei bem o que aconteceu. Os Splash Brothers não jogaram absolutamente nada, e, sinceramente, não dá para apontar um grande mérito da defesa do Cavs. Não é que tenham oferecido mais resistência do que OKC apresentou pela final do Oeste. Se foi ressaca, salto alto, distração, só eles vão saber dizer.

O que limpa a barra da dupla é que o Warriors como um todo defendeu muito mais, o que não é novidade. Os visitantes cometeram 17 turnovers e só acertaram 38,1% dos arremessos e 33,3% de fora. As panes que o Cavs têm na hora de marcar são o suficiente para que sejam punidos até mesmo pelos reservas do Warriors. São muitos lapsos em trocas de marcação que deixam os oponentes na cara da cesta. Isso tem a ver com sistema de um e a falta de para o outro. Cleveland vai ter de marcar muito mais se quiser conquistar o primeiro título da história da cidade na liga.

Tudo vermelho (ou quase) para o Cavs na abertura das finais

Tudo vermelho (ou quase) para o Cavs na abertura das finais

Em seu camarote, cercado por milionários do Vale do Silício, o proprietário do Warriors, Joe Lacob, após sua desastrada bravata à revista do New York Times, deve ter sorrido, nervosamente. Não deixa de ser um testemunho sobre a cultura vencedora propagada pelo clube. Mérito aqui também especialmente para Kerr, pela confiança no elenco mesmo nas horas de maior aperto.

O Cavs desperdiçou uma grande chance. Mas foi apenas o Jogo 1, e bizarro. No qual os técnicos foram conservadores em suas escalações, respeitando basicamenteas rotações da temporada regular. No qual os atletas pareciam se testar por muito tempo – por mais que estudem o oponente em detalhes, há muitas teorias que só vão ser comprovadas em quadra, mesmo. No qual o Warriors sempre esteve no controle, com exceção daquele momento em que no terceiro período em que a apatia de seus titulares levou Kerr a um ato de fúria, quebrando prancheta com uma investida que deixaria o mestre Pai Mei orgulhoso. E, por fim, no qual não teve bombardeio de três, com ambos os times chutando abaixo de sua tórrida média dos mata-matas: apenas 16 se 48 tentativas. Pouco para os dois times que lideraram a temporada em cestas de longe.

O que vimos, de todo modo, é a confirmação dos temores quanto à defesa do Cavs e a diferença geral do elenco. Com múltiplos jogadores que atuam com firmeza dos dois lados da quadra, o Warriors está equipado para vencer qualquer tipo de partida. Mesmo aquela em que seus astros não estão bem dispostos assim.

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Cavs chega bastante modificado para a revanche contra o Warriors
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Giancarlo Giampietro

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''Jogamos sem Kyrie Irving e Kevin Love. Jogamos sem Kyrie Irving e Kevin Love. Jogamos sem Kyrie Irving e…''

Quando confrontado com a derrota por 4 a 2 nas finais de 2015 para o Golden State Warriors, o  torcedor do Cleveland Cavaliers não se cansou de repetir isso, quase como um mantra.  Sim, todos nós lembramos que as duas jovens estrelas se lesionaram nos playoffs. Love não passou da primeira fase. Irving arrebentou o joelho desgraçadamente logo na primeira partida das finais.

O Cavs, então, vai para a revanche contra o Warriors, mas, de uma certa forma, podemos até dizer que este é um novo time. De lá para cá, muita coisa mudou. Irving e Love estão fisicamente prontos para a batalha. Timofey Mozgov, que o Czar o tenha, ainda estava vivo. Tristan Thompson estava jogando por um contrato. David Blatt foi para a guilhotina, depois de prolongado motim promovido pelas forças reais no vestiário.  Já Anderson Varejão, diabos, agora está no outro vestiário.  A presença do Big 3 em quadra e a de Tyronn Lue no banco sugere, de fato, uma série completamente diferente, quando confrontada com o que o Cavs tinha. O quanto essas alterações serão positivas, ou não, a gente precisa esperar para ver.

Claro que é melhor jogar com o Big 3 formado. Mentalmente, o time também parece bem mais preparado, com LeBron decidido a escutar o novo técnico e aparentemente apaziguado com os companheiros mais jovens, depois de muitas rusgas nos últimos dois anos. A questão é que o adversário segue o mesmo do outro lado, um timaço, representando os mesmos problemões. Então a conclusão a que podemos chegar é a de que, para o Cavs chegar ao título, não basta jogar melhor que a equipe do ano passado. Isso não importa muito, já que eles precisam, mesmo, jogar melhor em relação ao Golden State.

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Nesse sentido, acho que nem dá para levar em conta o que aconteceu na temporada regular, já que Blatt ainda era o comandante em janeiro, quando se enfrentaram pela segunda e última vez, com uma surra aplicada pelo Golden State. O Cavs não é o mesmo nem de cinco meses atrás. Com Lue, conforme já registrado aqui em diversas ocasiões, o time melhorou seu aproveitamento ofensivo, mas perdeu muito de sua força na defesa.

Há um ano, foi com marcação muito agressiva e dominando os rebotes que os LeBrons fizeram frente ao Warriors no ano passado. pelo menos pelas três primeiras partidas, com uma vantagem de 2 a 1 na série, roubando mando de quadra, sendo que a primeira derrota aconteceu na prorrogação. Sem dois de seus três principais cestinhas, a receita seguida no ataque foi a de um jogo lento. Cruzavam a linha central se arrastando. Aí era bola no LeBron, com poucos chutadores espalhados pela quadra, e Tristan Thompson e Mozgov devorando a tabela. Na contenção, muita pancadaria e chega-pra-lá. O que aconteceu, depois, foi que Steve Kerr encontrou um meio de liberar Curry das amarras de Dellavedova e Thompson e, em sua cartada decisiva, fez maior uso de sua ''Escalação da Morte''.  Ganhou em velocidade e flexibilidade para vencer três jogos seguidos e fechar a fatura.

Para este ano, a grande questão desta revanche é, se… o Cavs vai defender bem?

É uma pergunta que parece trivial, até meio tonta, mas que precisa ser respondida de modo positivo e enfático em quadra. Do contrário, vão entrar num tiroteio com Golden State, e aí haja confiança em seus arremessos para triunfar na série. Andre Roberson, Kevin Durant, Serge Ibaka, Steven Adams são a prova viva. Esses caras todos de OKC não poderiam ter dado mais trabalho aos cestinhas do Warriors e, mesmo assim, perderam.

Dellavedova e Shumpert podem pressionar Curry e Thompson antes do chute em busca de turnovers. LeBron é outro terror em linhas. Mas a pressão está em cima de Kyrie Irving e Kevin Love, que, por mais talentosos que sejam, não chegam a esta decisão reconhecidos como grandes defensores. Love até se posiciona bem na cobertura, no fechamento de espaços. Mas é um dos piores marcadores da liga em situações de pick-and-roll, com uma movimentação lateral nada ágil, e você pode ter certeza de que o Warriors vai procurá-lo em quadra sempre que possível para agredir. Já Irving peca por uma falta de comprometimento que beira o james-hardeniano. Claro que, na hora de enfrentar um Stephen Curry, o orgulho vai falar mais alto e ele tentará fazer um bom papel no mano a mano. O que vai pegar mais são as ações em que terá de ficar grudado ao armador em movimentações longe da bola, podendo se distrair facilmente. JR Smith, por enquanto, tem se comportado como um bom soldado, mas a gente nunca sabe o que esperar do cara.

Outra: na hora de pôr as peças no tabuleiro, não adianta também pensar apenas em embates individuais, já que tanto o Warriors como o Cavs vão movimentar seus jogadores sem parar e forçar trocas, buscando desequilíbrios. Isso gera aquela disputa de gato x rato sempre interessante, com o posicionamento ofensivo influenciando diretamente o defensivo. Pensem, por exemplo, numa posse de bola que termine com LeBron atacando Draymond Green e que, por ventura, sua tentativa de tiro em flutuação gire no aro e caia nas mãos de Barnes. Pode ser que Love esteja com Iguodala, que já saiu em disparada. Obviamente o ala-pivô não vai consegui-lo acompanhar na corrida. E aí faz como? O defensor mais próximo do ala terá de se deslocar. E alguém vai ter de cuidar de quem ficou livre. Tudo vai acontecer muito rapidamente. As coberturas precisam estar automatizadas, como numa grande engrenagem.

Nesse ponto, a mudança de Mozgov para Frye na escalação faz bem, já que o pivô chutador vai correr para a defesa a partir da linha de três pontos, e não debaixo da tabela, como no caso do russo. A recomposição será mais rápida – por outro lado, Frye pode ser marcado facilmente por Harrison Barnes, e aí lá vem a ''Escalação da Morte'' para cima de você, complicando a transição ao mesmo tempo. Dureza.

Frye ajuda muito no ataque, mas pode chamar a "Escalação da Morte". Impasse

Com a mão quente, Frye ajuda muito no ataque, mas pode chamar a ''Escalação da Morte''. Impasse

Em meia quadra, com os corta-luzes brutais de Andrew Bogut e Festus Ezeli, ou mesmo com os bloqueios entre os astros da ''back court'', o Warriors vai tentar liberar seus chutadores. Qualquer desatenção, e lá está Klay Thompson livre na zona morta para fazer o disparo, em meia quadra, ou em transição. Como vimos na final de conferência, ele nem precisa de muito espaço para castigar uma defesa. Você pode substituir Thompson por Curry nessa sentença, que vai dar na mesma: bomba. Então o que se pede é um esforço coletivo, que se defenda como unidade. Algo que os campeões do Oeste fazem muito bem. E que ainda não vimos o Cavs fazer com consistência. Vai ser um desafio, e tanto.

Se tivermos situações de “crunch time”, com o placar apertado nos minutos finais, será curioso ver também que tipo de missão LeBron terá na defesa. No ano passado, como já dissemos, ele estava sobrecarregado, e o melhor era deixá-lo com Andre Iguodala ou Harrison Barnes, mesmo, para respirar um pouco já que todo o ataque dependia de sua energia. Agora, com Irving e Love ao seu redor, é de se esperar que ele não vá ter de fazer tudo por conta, ainda que centralize as ações do time. LBJ poderá respirar fundo de quando em quando – toma lá, dá cá. Poderia, então, assumir uma tarefa mais custosa na contenção? Tipo defender Draymond Green numa formação mais baixa?

Não que o ala-pivô preocupe tanto do ponto de vista individual. Mas é que, se assumir essa bronca, o ídolo do Cavs seria automaticamente envolvido em muitas das tramas do oponente, crescendo a possibilidade de que fique com Curry após uma troca. Kevin Durant topou esse desafio em diversas ocasiões nas últimas semanas, e teve sucesso. Cinco, seis anos atrás, LeBron fazia o mesmo diante de um infernal Derrick Rose. Tem tempo já que isso aconteceu, porém, e, mesmo que queira, talvez ele não consiga mais lidar com os tampinhas. Tyronn Lue, Mike Longabardi (coordenador defensivo) e o veterano vão ter de descobrir isso durante a série. Mas uma formação mais baixa não é justamente o que o Warriors mais quer? Elenco por elenco, os atuais campeões estão mais equipados, com muito mais versatilidade. Por essas e outras, chegam como favoritos ao título.

No que depender de Curry, é para o Warriors correr mais e mais. E chutar mais e mais

No que depender dos Splash Brothers, é para o Warriors correr mais e mais. E chutar mais e mais

O que não quer dizer que também não tenham tópicos espinhosos para resolver. Assim como Russell Westbrook, Kyrie Irving vai atacar Curry sem parar, tentando desgastar o MVP na defesa. Se não tem os músculos da aberração de OKC, tem velocidade para incomodar e muito mais capacidade como chutador. Vocês se lembram de como Bogut recuava no garrafão após Wess quebrar a primeira linha defensiva? A prioridade era proteger o aro a todo custo e induzir o armador ao chute em flutuação. Na sequência final da série, funcionou muito bem. Contra Irving, essa tática seria impossível. Irving e Love dão muito mais poder de fogo ao Cavs. Detroit, Atlanta e Toronto estão aí para concordar. Channing Frye só reforçou essa artilharia e chega à decisão como a encarnação do Tocha Humana.

A movimentação de bola também avançou bastante. Os chutadores e os deslocamentos constantes tendem a inibir a dobra para cima de LeBron e abrem corredores. No ano passado, o craque era acionado quase sempre de costas para a cesta, próximo ao garrafão, sujeito até, sem exagero, a marcação quíntupla, com todos os defensores recuados, um pouco distantes de seus atletas, para tentar pressioná-lo. A tendência é que tenha mais facilidade para agir agora. E isso é um problema. Ele já está no clube dos trintões, mas segue como o jogador mais dominante fisicamente em toda a liga. Isso causa impacto geral no desempenho ofensivo do time, devido a sua visão de jogo. Uma coisa abastece a outra: os chutadores dão espaço para LeBron, e LeBron é o homem certo para abastecer esses chutadores. Os marcadores de Golden State estão cientes de que vão precisar se movimentar bem mais do que faziam contra o Thunder. Vão sentir cansaço? Mas não foi para eles renderem nas finais que o time administrou os minutos da temporada regular? Talvez eles cheguem num nível de intensidade ainda maior, catapultados por OKC.

Por isso, a tendência é que o Cavs ainda tente jogar da forma mais lenta, controlada possível, com a diferença de que seu ataque já não é mais tão previsível. Quanto mais arremessos eles converterem, melhor. Antes de responder com ''dãr'', pense que isso vale não só para aumentar a contagem do time no placar, mas também para tentar frear o contra-ataque do Warriors. No caso de erro, de aro, temos um dilema: o Cavs tem Kevin Love como um grande reboteiro ofensivo. Tyronn Lue vai preferir que ele ataque a tabela, como fizeram de modo incessante os superatletas de OKC, ou que volte para a defesa imediatamente após um disparo? O mesmo raciocínio vale para Thompson, que não fez uma boa série contra o Toronto de Bismack Biyombo, mas tem a oportunidade para se redimir agora. Basta jogar com a voracidade que apresentou no ano passado, antes de ser premiado com um contrato de mais de US$ 80 milhões. Há uma brecha para ser aproveitada. Bogut estava caindo aos pedaços contra OKC – pelo menos foi o caso contra o imponente Steven Adams. Ezeli voltou a ser um pivô extremamente inseguro com a bola em mãos. Anderson Varejão é uma incógnita. Será que Mozgov poderia dar as caras na final para tentar pressionar esses grandalhões?

Agora, pode ser que Steve Kerr nem mesmo use tantos pivôs assim. Existe a dúvida se Bogut será mantido no time titular. É certo que Iguodala, depois de aquecer contra Kevin Durant, vai dedicar boa parte de seu tempo a LeBron, procurando ao menos atrapalhar o craque, como aconteceu contra KD pelo Jogo 6 da final do Oeste, já que é impossível anulá-lo. Talvez o mais prudente seja realmente utilizá-lo desde o início, e aí precisa ver se o australiano ou Harrison Barnes lhe fariam companhia. Foi com sua ''Escalação da Morte'', com Iguodala, Barnes e Green, que desequilibrou na final de 2015, valendo o título. A eficácia desse quinteto contra o Cavs já está comprovada. Mas aquele era outro Cavs. Né?

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Relembre como foi a vitória do Warriors sobre o Cavs em 2015
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Giancarlo Giampietro

LBJ que se prepare: Warriors tem diversos defensores para tentar segurá-lo

Na hora de dar palpites em outubro do ano passado, era aquela coisa: você lembrava de tudo o que havia acontecido na temporada anterior, como Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers haviam chegado às finais e… Por que não apostar em um repeteco? Da parte do Cavs, era bem mais fácil. O Miami Heat tinha no papel um elenco interessante, o Chicago Bulls, creiam, ainda era visto como uma ameaça, mas no geral era difícil pensar em outro campeão para o Leste. Do outro lado, o reforçado San Antonio Spurs realmente representaria um senhor desafio para o Warriors, mas os atuais campeões não haviam perdido nenhum jogador relevante em sua rotação e voltaria mais confiante, com sua jovem base ainda progredindo. Então, de novo: por que não?

Talvez pelo retrospecto da liga. Após ficar 14 anos sem que uma final se repetisse, desde as séries entre Bulls e Jazz em 1998-99, a NBA só viu uma revanche acontecer em 2013-14, entre Spurs e Heat. Se formos pensar, porém, na dominância dos LeBrons no Leste,  sejam eles de Cleveland ou Miami, agora com seis decisões seguidas, um reencontro só não aconteceu mais cedo devido ao que o Oeste tem de randômico, com sua competitividade absurda.

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Mas o Warriors tinha aquele quê a mais, se você me permite a expressão afrescalhada. E aqui estamos, com os dois times se reencontrando 12 meses depois. Os atuais campeões buscando o bi e a consolidação de sis imagem como time histórico, ali ao lado desse mesmo Bulls da segunda metade dos anos 90. Já o Cavs… Bem, o Cavs quer por fim a toda uma MALDIÇÃO que paira sobre uma cidade. É coisa séria, galera.

Quando falamos em repeteco, porém, vale mais pelo nome das equipes envolvidas. Entre junho de 2015 e este de agora, mesmo, muita coisa mudou, pelo menos em Cleveland. (Isso fica para outro texto, logo mais.)

O torcedor do clube também não se cansou de repetir durante todo o campeonato: ''Jogamos sem Kyrie Irving e Kevin Love. Jogamos sem Kyrie Irving e Kevin Love. Jogamos sem Kyrie Irving e…'', quase feito um mantra. Sim, todos nós lembramos que as duas jovens estrelas se lesionaram nos playoffs. Love não passou da primeira fase. Irving arrebentou o joelho desgraçadamente logo na primeira partida das finais. Agora eles estão prontos para a batalha. David Blatt, porém, foi para a guilhotina, depois de prolongado motim promovido pelas forças reais no vestiário. Timofey Mozgov, o Czar o tenha, estava vivo. Já Anderson Varejão, diabos, agora está no outro vestiário. Abaixo, se precisarem refrescar a memória,  vocês podem recuperar todos os textos que escrevi sobre a final de 2015, com links ou resumos.

– Jogo 1: 44 pontos para LeBron, e o Warriors fez boa defesa
E mais:
Iguodala, o reserva de US$ 12 mi que roubou a cena

“Sabe, quando um cara marca 44 pontos, é engraçado dizer que o defensor fez realmente um bom trabalho, mas acho que Andre foi extremamente bem contra LeBron'', afirmou Steve Kerr, em sua entrevista pós-Jogo 1 das #NBAFinals, aliviado pela vitória suada, na prorrogação, do Golden State Warriors. Não dá para saber se o técnico já havia dado uma espiada em estatísticas mais detalhadas da partida, que apontam que Andre Iguodala foi de fato um defensor incômodo para o astro do Cleveland. Não custa repeti-los: quando confrontado pelo sexto homem do time da casa, James acertou apenas 9 de 22 arremessos (40,9%). Em situações de meia quadra, foi ainda melhor: apenas 4 cestas em 14 arremessos (28,5%).

Agora, o que o treinador não precisava nem dizer era que o Warriors vai conviver muito bem com a ideia de ver LeBron arriscar 38 arremessos por jogo, tal como aconteceu nesta quinta-feira, correspondendo a 40% das tentativas de cesta do Cavs. Foi essa a estratégia adotada pelo clube californiano, sem sofrer nenhuma alteração, mesmo que o astro tivesse, no terceiro quarto, média de um ponto por minuto. A tática tinha, claro, o objetivo da vitória no primeiro jogo, mas também trabalha com a ideia de desgastar a principal arma do oponente, pensando na continuidade da série.

Calma, Delly. Não é rúgbi

Calma, Delly. Não é rúgbi

>> Jogo 2: Tenso, brigado… foi um duelo para Dellavedova

Pode aparecer oportunismo dizer isto, mas o Jogo 2 destas #NBAFinals estava muito mais para um Matthew Dellavedova do que para um Stephen Curry – ou, pelo menos, para esta versão de Steph Curry. Foi uma partida de contato físico, afeito ao aguerrido australiano que, mais uma vez, se ralou em uma série de lances decisivos e ajudou o Cleveland Cavaliers a empatar a série em 1 a 1, com mais uma prorrogação.

Bola perdida no garrafão em meio a gigantes? Lá estava o Dellavedova nela, alerta, para depois se estirar em quadra. LeBron é barrado no baile, e o chute de James Jones não caiu? Sem problema: sem impulsão nenhuma, com 1,93 m (oficial), o armador vai para o rebote ofensivo e, no mesmo movimento, cava a falta. Vai para o lance livre e converte os dois, sem pestanejar. E por aí vai. Nos lances mais preciosos, de 50/50, o “Delly'' fez sua presença se notar e, nem que por alguns instantes que fossem, afastou da cabeça do torturado torcedor do Cavs a memória de que Kyrie Irving já não vai mais participar desta série. Irving, cujo talento no ataque ele jamais vai poder substituir, mas cuja ausência pode compensar ao seu modo, na defesa. “Estamos jogando as finais da NBA. Se você precisa procurar motivação extra, provavelmente não deveria nem estar jogando'', afirmou durante entrevista coletiva na qual ele estava sozinho no pódio, como se fosse o maioral do Cleveland.

>> Jogo 3: Cavs vence e vira a série, dominando. Ou quase
E mais
: Blatt ainda não levou o título. Mas merece aplausos

O Cleveland Cavaliers baterecordes e recordes com sua defesa para cima do Golden State Warriors. Depois de se tornar o primeiro time a segurar o adversário com menos de 90 pontos em 48 minutos nesta temporada, o Cavs agora o limitou a 37 pontos no primeiro tempo, sua pior marca durante os playoffs. Para se ter uma ideia, foi uma quantia também que a equipe californiana havia marcado em um só quarto 18 vezes em sua campanha.

Há muito mais números para acrescentar aqui, como, por exemplo, o rendimento do Warriors nos arremessos de três pontos, tão caros ao seu sistema ofensivo. Na temporada regular, o time converteu 39,8% de seus chutes de longa distância. Nos playoffs da Conferência Oeste, a marca foi de 38%. Nas finais, estamos falando de apenas 31,3%, número baixo para qualquer medida, especialmente para os Splash Brothers. Sinceramente, nem precisa apelar a qualquer número para afirmar que o Cavs tem sido o time superior nestes primeiros três jogos, vencendo o terceiro por 96 a 91 para assumir o comando da série. O que não quer dizer que as coisas já estivessem resolvidas. O Warriors tirou 14 pontos de vantagem em menos de seis minutos e meio no quarto período, chegando a encostar  em 81 a 80 a 2min45s. Stephen Curry despertou e começou a entender como atacar a forte defesa do Cleveland.

LeBron x Iguodala, Cavs x Warriors

>> Jogo 4: Cavs entrou de All In. O Warriors tinha mais fichas
E mais: O (outro) jogo de equipe do Warriors contra rival limitado

No pôquer, all in quer dizer algo como “tudo ou nada''. É quando o jogador pega as fichas que tem e empurra tudo para o meio da mesa. Ou rouba o monte, ou já era. O mestre do carteado pode até oferecer uma explicação mais rica, mas a essência é essa. O Cleveland Cavaliers pegou o termo emprestado e o usou como um trocadilho ao elegê-lo como lema para os playoffs. Virou algo como: “Todos juntos nessa, vamos lá, dando tudo''.

Pois, nesta quinta-feira, o Cavs até que tentou lutar no segundo tempo, mas não conseguiu impedir que o Golden State Warriors vencesse por 103 a 82 para igualar as #NBAFinals em 2 a 2, voltando para casa agora para fazer valer seu mando de quadra no próximo domingo. Steve Kerr estava em pressionado demais para esse confronto mas conseguiu se desvencilhar com um movimento bastante agressivo, corajoso, e, ao mesmo tempo, talvez o único que lhe restasse para tentar virar o tabuleiro, praticamente abolindo a escalação de um pivô tradicional, o famoso cincão, no seu time. Tirou Andrew Bogut do time titular e inseriu Andre Iguodala. Estava oficializada a ''Escalação da Morte'' do Warriors.

>> Jogo 5: A Apresentação que estava faltando para o MVP Curry

Stephen Curry estava precisando de uma partida dessas. Para fazer justiça ao seu campeonato magnífico. Não que estivesse jogando mal. Nas últimas duas partidas, já havia feito algumas coisas memoráveis. Mas estava faltando uma atuação seminal, assim como foi toda a sua campanha. Nas palavras de Everaldo Marques… Bingo! Aconteceu neste domingo, e o Golden State Warriors agora está a uma vitória do título, tendo vencido o Cleveland Cavaliers por 104 a 91.

LeBron James conseguiu o segundo triple-double nestas #NBAFinals, mas foi privado da comemoração, diferentemente do que havia acontecido no Jogo 2, quando saiu de Oakland com o mando de quadra ao seu favor. Aquela foi mais uma exibição primorosa do astro, o melhor jogador desta série decisiva, sem dúvida. Até mesmo coadjuvantes como Matthew Dellavedova e Andre Iguodala já tiveram seus momentos definitivos. Numa série sensacional, com suas idas e vindas, faltava, então, uma exibição magnífica do MVP da temporada. E aí vieram os 37 pontos em 42 minutos, com sete bolas de três pontos em 13 tentativas.

Iguodala, o MVP das finais. Curry, o melhor da temporada

Iguodala, o MVP das finais. Curry, o melhor da temporada

>> Jogo 6: Warriors é o queridinho da América. Nem sempre foi assim

Eles estrelaram contra LeBron James as #NBAFinals de maior audiência nas transmissões da ABC. Stephen Curry foi alçado ao rol dos jogadores mais populares da liga. O estilo de jogo é vistoso, frenético, empolgante. Eles se tornaram os queridinhos da América, antes mesmo da conquista do título nesta terça-feira, com uma vitória por 105 a 97 sobre o Cleveland Cavaliers para fechar a série.

Não tem muito o que ser dito sobre este Jogo 6, em relação ao que se passou nos últimos duelos (comentários linkados logo abaixo). O Cavs fez o que podia com o que havia de disponível. David Blatt não conseguiu criar um fato novo na série – e sabe-se lá qual fato poderia ser esse, com um banco de reservas muito limitado devido aos desfalques de Kyrie, Love e Varejão e a surtada básica de JR Smith, dos profissionais milionários mais imaturos que a gente vai ver por aí. Não dava para esperar nada de Mike Miller, Shawn Marion ou Kendrick Perkins.

O Golden State realmente venceu como conjunto. É nessa hora que vale a pena recuperar o histórico de alguns dos personagens. Quem são esses caras, afinal? E aí que se dá conta de que nem sempre foi assim. Nem sempre foram as figuras mais aplaudidas do pedaço. Muitos daqueles que hoje são celebrados já ouviram muitos “nãos'' na carreira, a começar pelo MVP da temporada regular.

Outros dois textos que seguem valendo? Uma retrospectiva das trajetórias de Warriors e Cavs até uma final de NBA. São duas das franquias que mais foram castigadas em uma liga extremamente competitiva, seja por azar ou incompetência pura:

>> Golden State: décadas de trapalhada antes entre duas finais
>> Tudo por LeBron: os malabarismos para convencer o astro

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Brasileiros do Warriors estavam prontos no Jogo 7. Mas e as finais?
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Giancarlo Giampietro

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Quando Steve Kerr se mostra disposto a iniciar com os reservas um quarto período de um jogo que pode resultar na eliminação e no fim da luta pelo bicampeonato, o recado para o elenco do Golden State Warriors é simples: estejam prontos. Uma hora pode ser que chegue a sua vez.

Na pedreira que foi a final do Oeste, os brasileiros do time californiano tiveram de se apegar a esse mantra. Tenha fé. Com o passar do duro confronto com o Oklahoma City Thunder, o técnico foi enxugando sua rotação, e os minutos de Leandrinho e Anderson Varejão ficaram mais escassos.

O ala foi para a quadra nos sete confrontos e teve 2,0 pontos, em 6,1 minutos, com 46,2% de aproveitamento em 1,9 chute. pivô participou das últimas seis partidas, mas foram apenas 21 minutos, ou 3,5 em média, com seis pontos e seis rebotes no total. Ele pôde tentar três arremessos e converteu dois deles.

Até que, num Jogo 7, mesmo depois de a tática dar errado na partida anterior, Kerr voltou a arriscar, ainda que numa posição mais confortável e com um certo ajuste. Bem, em vez de correr atrás do placar, o Warriors estava liderando por sete pontos. Além disso, o técnico procurou antecipar a entrada dos reservas. Em vez de abrir o quarto final, entraram para fechar o terceiro período no qual a equipe da casa estava esmagando o rival. Com 2min34s, Anderson Varejão foi para o lugar de Festus Ezeli. Menos de 20 segundos depois, Leandrinho substituiu Andre Iguodala.

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Acompanhando o jogo também por Twitter, a reação da mídia americana foi de surpresa geral. Que o treinador estaria ousando demais. Num instante, porém, foram obrigados a rir de si mesmos. A vantagem pulou de seis para 13 pontos, com sete anotados em sequência pelo quinteto alternativo de Kerr.

Varejão cavou uma falta ofensiva, fez uma bela bandeja e ainda deu duas assistências, sendo uma delas para Leandrinho. Isso não é coisa de outro mundo, claro. São jogadores de NBA, afinal, nã? Mas, para quem estava jogando e entregando tão pouco, foi como uma tempestade perfeita, mesmo.

O que dá para tirar de positivo dessa história é que Leandro e Anderson estavam prontos e animados para contribuir. Isto é, se comportaram como profissionais, sem se deixar levar pela frustração de ver alguns jogaços daqueles pelo banco, depois de terem vivido, os dois, grandes momentos pelos playoffs. Há coisa de seis, sete anos, que seja. Essa reação é parte da explicação para que a dupla esteja há tanto tempo na liga já — o ala desde 2003 e o pivô, 2004.

Se eles serão aproveitados durante a decisão contra o Cavs? Provavelmente não terão muitos minutos, não. Vai depender do andamento do confronto. Na cabeça de Kerr, o ideal é que Stephen Curry e Klay Thompson não beirem os 40 minutos de ação. Shaun Livingston não foi nada bem contra OKC. A brecha para Leandrinho vai vir daí. Ajuda muito o fato de o Cleveland não ter nenhum ala tão alto no perímetro em seu elenco de apoio. Pelo contrário. O ligeirinho costuma jogar ao lado de Iguodala e Livingston, que seriam os condutores de bola primários. Se as inserções de Iggy mudarem drasticamente, devido à missão LeBron, isso também poderia afetar a situação do companheiro.

Já Varejão vai ficar basicamente à espera das faltas de Andrew Bogut, Festus Ezeli e Draymond Green. Marreese Speights só vai interferir aqui se o Warriors estiver precisando de espaçamento no ataque. Também precisa ver qual o plano de Tyronn Lue. Mozgov será reativado? Ou ele vai manter sua rotação de pivôs com Love, Thompson, Frye e LeBron/Jefferson? Quanto mais alto o time, melhor. Para o capixaba, a ansiedade deve ser imensa, por razões óbvias. É uma revanche toda distorcida.

Sobre a situação inédita que vive o pivô: conforme vocês já devem ter lido umas 400 vezes já nesta terça, segundo pesquisa do salvador Elias Sports Bureau, o veterano é o primeiro a ter jogado na mesma temporada pelos dois finalistas da liga. Por isso, em tese, já pode ser considerado o primeiro campeão, antes mesmo de a bola subir nesta quinta-feira.

Varejão cava falta de ataque no Jogo 7. Passou confiança para Kerr?

Varejão cava falta de ataque no Jogo 7. Passou confiança para Kerr?

Mas não é exatamente assim. Pelo menos não por enquanto. Na eventualidade de o Cavs se vingar, o clube teria de decidir se presentearia seu ídolo (é tão recente a saída dele, que não dá nem para escrever ''antigo'' ou ''ex''). O regulamento da liga não determina, nem sugere um caminho. Teria de ser um gesto de cortesia por parte do proprietário Dan Gilbert. Levando em conta o prestígio do veterano por lá, é de se supor que não se recusariam. Mas vai saber. Eles têm ainda uma série toda pela frente, e obviamente que o brasileiro preferiria ganhar um por conta própria, pelo que vai fazer agora, não pelo que fez até fevereiro.

Imagine, na próxima semana, quando voltar a Cleveland às vésperas do Jogo 3, o tanto de microfones que não estarão à sua frente. ''Como foi entrar no vestiário de visitantes? Como é se ver novamente como adversário de LeBron? Gostaria de voltar ao clube? Ainda fala regularmente com os companheiros? Vai comemorar se fizer gol?''…

Em 12 anos de estadia na cidade, se tornou o jogador mais popular da franquia que não se chame LeBron. Fazendo as coisas que o Brasil, país em que a imagem do cestinha (ainda) é cultuada, demorou para apreciar. Do tipo: se atirar por cima da primeira fileira de cadeiras para resgatar uma bola, brigar desesperadamente por rebotes, correr a quadra feito um louco, e a cabeleira sacudindo, aceitar sacrificar o corpo para receber a carga de alguém de mais de 120kg. Por aí.

Após período vencedor em Cleveland, Varejão volta a ser oposição a LBJ

Após período vencedor em Cleveland, Varejão volta a ser oposição a LBJ

Quem não vai querer, sinceramente, contar com um jogador desses? O cara que não só está predisposto a fazer o serviço sujo, como faz isso muito bem.  Cavs concordou em lhe pagar mais de US$ 70 milhões em contratos.

Mas por que ele não está mais lá? Justamente por estes 12 anos se serviços prestados, que cobram seu preço. Outro preço, como as constantes lesões. Torções, fraturas, e por aí vamos. Quando LeBron retornou em 2014, trouxe Kevin Love de carona e ainda tinha um Tristan Thompson para agenciar. O brasileiro não teve nem tempo para se adaptar ao novo elenco. Em dezembro, sofreu uma ruptura no tendão de Aquiles que encerrou sua temporada.

Quando o Cavs, já com Timofey Mozgov no garrafão, se peparava para enfrentar o Warriors pelas finais, o pivô tinha esperança de ser liberado pelos médicos, mas foi convencido a se resguardar. Para a atual temporada, se apresentou em forma, mas não conseguiu entrar na rotação. Em fevereiro, então, foi envolvido em troca tripla, indo para Portland. Como eles dizem lá: nada pessoal, são apenas os negócios. Sua vaga foi assumida por Channing Frye, que deu boa contribuição nos playoffs e terá um papel relevante na revanche. Dificilmente poderíamos escrever o mesmo sobre Anderson se ele tivesse continuado no primeiro clube americano.

Como vimos, porém, Varejão também não vem sendo aproveitado em Oakland. A questão é ter paciência, aguardar o chamado e fazer o máximo, muito mais o que se viu pelo Jogo 7 do que no restante da série contra OKC, mesmo que em um minuto e meio. Para o torcedor do Cavs, certamente seria uma experiência bastante estranha.

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Bombardeio continua, e Warriors completa virada contra OKC
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Giancarlo Giampietro

warriors-okc-game-7-win

Você se mata na defesa. Faz uma dobra, vem a ajuda, e um terceiro atleta encontra um jeito de se aproximar e pressionar o adversário após mais um passe. Esse ciclo ia se repetindo a cada posse de bola. Se não houvesse interceptação nesse processo, era provável que saísse um chute de três pontos marcado. Mas esse chute caía. Sem parar. Os Splash Brothers e o ataque do Golden State Warriors voltaram a castigar os marcadores do Oklahoma City Thunder nesta segunda-feira, e os atuais campeões completaram uma inesquecível virada, agora com um triunfo por 96 a 88. Avançam à final da NBA para uma revanche contra o Cleveland Cavaliers.

De todos os 47 arremessos no perímetro interno que o time da casa tentou neste Jogo 7, só 20 foram certeiros (42,5%). Tamanha a intensidade, a coordenação, a capacidade atlética e a envergadura de seus oponentes. Quase não houve bandeja ou enterrada inconteste. OKC fez tudo o que a cartilha mandava e protegeu seu garrafão com ferocidade.

Mas Stephen Curry e Klay Thompson subvertem o jogo com seus disparos de longa distância. Para comandar a virada dentro da virada — a reação num jogão em que os oponentes voltaram a abrir diferença de dígitos duplos no placar –, os atiradores acertaram 13 bolas de três. No geral, lutando contra a eliminação, os dois converteram inacreditáveis 30 arremessos de fora. São 90 pontos neste fundamento. Sabe quantos todo o time do Thunder marcou nestes 96 minutos? Três vezes menos: 10. (No total, seu time acertou 17 de 37 tentativas exteriores, para 45,9%, contando só o jogo desta segunda.)

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E não é que tenham sido disparos completamente livres, gente. Tinha um Serge Ibaka pondo a mão na cara. Tinha um Kevin Durant correndo e saltando para tentar dar o toco. Seguidas vezes, e não importava. Trocando a marcação, fazendo o abafa em dupla, mudando estratégias e defensores. Billy Donovan tentou de tudo e não encontrou uma resposta eficaz. Talvez porque não houvesse, mesmo. Você joga com a matemática, mas os cálculos que funcionam para 99,9% das equipes não batem com aqueles propostos pelos astros do Warriors. Poucas foram fáceis com a última bomba, para demolir de vez as pretensões de um adversário que os levou às cordas:

Curry foi o cara do jogo, num desempenho adequado para uma campanha histórica. Foram 36 pontos e 8 assistências para ele em 40 minutos e 24 arremessos. Klay Thompson dessa vez parou nas seis bolas de três, marcando 21 pontos em 19 arremessos. Seu desempenho despencou em relação ao Jogo 6 (pudera…), mas o ala foi novamente muito importante para frear uma das típicas arrancadas do Thunder no segundo período da série, quando esquentou a mão depois de um primeiro quarto nulo.

Agora, para ao menos acalmar os mais tradicionalistas, naturalistas ou conservadores, não vamos aqui dizer que a quarta e derradeira vitória do Warriors se limitou apenas aos chutes de fora. Não foi um tiroteio. Muito pelo contrário. Foi um jogo duro, físico, enroscado, como o placar abaixo da marca centenária não deixa mentir. E os vencedores também se garantiram do outro lado, cuidando dos rebotes e da proteção de sua cesta mesmo que Andrew Bogut não tenha feito uma boa partida. Foi um esforço coletivo que levou os visitantes a apenas 38,2% de acerto nos arremessos como um todo e a 25,9% de três e que equiparou a disputa nas duas tábuas, concedendo vantagem mínima a OKC (47 a 46). Foram cinco jogadores com pelo menos cinco rebotes, liderados pelos nove de Draymond Green, e sete com pelo menos quatro. Para fechar, se o Warriors só marcou 34 pontos no garrafão de um lado, concedeu ainda menos do outro: 32.

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O terceiro período foi mais um grande exemplo de como Golden State pode ser um time opressor na defesa, uma tecla que tem de ser constantemente batida, até os céticos inveterados assimilarem. O Thunder acertiou apenas 5 de 19 arremessos nesta parcial e zerou em sete disparos de longa distância. A parcial foi vencida por 29 a 12, abrindo caminho para a vitória. Foi nos minutos finais desse período, aliás, que a dupla brasileira enfim conseguiu influenciar o confronto de modo bastante positivo o rumo do confronto. Com 2min34s, Anderson Varejão foi chamado para o lugar de Festus Ezeli. Menos de 20 segundos depois, Leandrinho substituiu Andre Iguodala. Os dois participaram ativamente de uma sequência de sete pontos sem resposta que levaram o placar de 6 para 13 pontos de vantagem.

Bogut estava mal, Draymond, pendurado com faltas e Ezeli, fugindo dos lances livres, enquanto Marreese Speights não era garantia nenhuma de rebote e defesa. Então Kerr chamou Varejão novamente, sem desistir do capixaba. O pivô respondeu com lances de seus bons tempos. Cavou uma falta na defesa. Atirou-se em quadra. E, de bônus, fez uma bela bandeja, partindo com a bola da cabeça do garrafão para finalizar sobre Enes Kanter e deu ainda duas assistências, sendo uma delas para Leandrinho. Os dois jogaram dois minutos apenas, mas roubaram a cena neste limitado tempo. Como fator mais importante, ajudou seu técnico a preservar alguns de seus protagonistas para a batalha que ainda viria no quarto período.

Aqueles que se limitaram a taxar a derrota de OKC pelo Jogo 6 como simples e tosca amarelada talvez possam rever o discurso. Como pode um time com nervos em frangalhos eliminar o Spurs e, depois de uma tremenda decepção, pressionar os atuais campeões até o limite menos de 48 horas depois? Durant e seus companheiros não se renderam e até mesmo tentaram uma reação nos três minutos finais que seria mais espetacular que a do Warriors na partida anterior. A defasagem era de 11 pontos de folga no placar, mas Durant, praticamente sozinho, baixou para quatro, forçando pedido de tempo de Kerr e muito nervosismo da torcida de Oakland. A 1min39s do fim, estava 90 a 86. Mesmo depois de receber instruções de seu treinador, os anfitriões se atrapalharam no ataque, e Draymond teve de mergulhar em quadra para evitar um turnover. Chamou mais um tempo, apenas 17 segundos depois. Aí, na reposição, Ibaka salvou os caras. Com a posse de bola por estourar, o pivô congolês fez uma falta de Curry quando o armador elevava para o arremesso de três. O MVP converteu todos eles.

Falta inegável, da pior maneira possível, mas de certa forma compreensível: não só Ibaka estava completamente fora de seu habitat como havia sido torturado por Curry nas últimas duas partidas, quando Golden State forçava a troca defensiva e deixava o grandalhão no mano a mano com um dos esportistas mais habilidosos do mundo. Essa mesma estratégia fez com que Billy Donovan abrisse mão de Steven Adams nos minutos decisivos, comprando a ideia de um duelo de 'small ball' (sendo que o Thunder nunca fica tão baixo assim) com a Ressurrecta Escalação da Morte de Kerr. Houve muitas críticas a respeito, como se a equipe visitante estivesse se adaptando e fugindo de suas principais características. Não dá para esquecer, porém, que o quinteto com Ibaka e Durant na linha de frente havia rendido muito bem até o Jogo 6 e que, oras, colaborou para esta mesma reação nos minutos finais. Não completaram a virada, mas assustaram os campeões uma última vez.

Ao final da partida, Russel Westbrook saiu em disparada para o vestiário sem cumprimentar ninguém, nem mesmo seus chapas. Já Durant se movimentou com calma e classe, abraçando Curry e o saudando, para, depois, abraçar seus companheiros, o gerente geral Sam Presti e até mesmo o proprietário do clube, Clay Bennett. Se foi de despedida, nós e todos os outros 29 clubes da NBA, incluindo o próprio Warriors, vamos ter de esperar para saber. Era a sombra que pairava sobre a equipe nesta temporada. Por ora, jura que não pensou no assunto. A diferença de postura de um astro para a do outro traduz bem seus estilos contrastantes, mas que elevaram o Thunder à condição de superpotência numa conferência absurdamente competitiva.

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Juntos, Durant e Wess aterrorizam qualquer defesa. Teria sido a saideira? Se foi, não de uma forma que os fãs do armador esperavam. O ala ficou em quadra por 46 minutos e ainda teve fôlego para apertar o jogo no final, fechando sua jornada com 27 pontos em 19 arremessos, além de sete pontos e três assistências. No primeiro tempo, o cestinha se esforçou admiravelmente em envolver os demais titulares da equipe no ataque, ciente das críticas que recebeu pelas besteiras que fez pelo Jogo 6. Tentou apenas cinco arremessos e anotou nove pontos antes do intervalo. Funcionou muito bem: cinco atletas tinham cinco ou mais pontos, e fazia todo o sentido: era como se estivesse preparando terreno para uma eventual explosão na segunda etapa. Só que a defesa do Warriors estava preparada e ainda decidida a ignorar os demais se fosse para atrapalhar os astros. KD dessa vez contra-atacou bem. O mesmo não pode ser dito de seu parceiro.

Westbrook jogou por 45 minutos e flertou com novo triple-double, com 19 pontos, 13 assistências e 7 rebotes. Foram poucos turnovers na sua conta (três), mas, no geral, o que dá para dizer é que ele voltou a se perder em quadra, com uma seleção de arremessos terrível e aproveitamento baixíssimo (33,3%, via 7-21). Na real, boa parte de seus chutes equivocados poderia ser considerada até mesmo como desperdício de bola, dada a improbabilidade do acerto. O craque falhou em controlar o tempo de jogo e se descontrolou na pior hora, no terceiro período, quando o Warriors ameaçava deslanchar. Com ele em quadra, sua equipe teve saldo negativo de 14 pontos. Seus números gerais na série foram de 26,7 pontos, 11,3 assistências, 7,0 rebotes e 39,5% nos arremessos, com 31,7% nos tiros de fora em 5,9 tentativas. Você põe aí os 8,7 lances livres, as 3,7 roubadas e os 4,4 turnovers, e tem um resumo absolutamente perfeito do que ele entrega e tira em quadra, negando a evolução que havia demonstrado durante a temporada.

Estamos falando de uma força da natureza, de um dos atletas mais incríveis do mundo, mas que ainda não encontrou a saída, um modo de controlar seus instintos, vá lá, mais selvagens em momentos mais críticos. A gana de vencer a qualquer custo aliada a seus atributos atléticos nos proporcionam um jogador de basquete único e dominante. O cara deve se sentir invencível. E se perde em arroubos. Perde também para Stephen Curry, que jamais vai tirar a respiração de ninguém por piques ou decolagens em quadra. O MVP, na verdade, prefere encantar, com seu drible manhoso que lhe tira de enrascadas e com seu arremesso espetacular. No decorrer do confronto, foi constantemente desrespeitado pelo seu oponente, que inclusive riu em coletiva quando jornalistas perguntavam se o ídolo do Warriors seria subestimado como defensor. Obviamente que isso tudo não passou despercebido. Muito pelo contrário…

Pelas entrevistas e sua postura em quadra, Westbrook parece ter certeza de sua superioridade neste hipotético duelo. Que, se fossem dois pistoleiros do Velho Oeste, não daria a menor chance ao desafiante. Pode até ser, embora, nas últimas três partidas, com três vitórias, Curry tenha dado boa resposta, com 32,6 pontos, 7,6 assistências, 7,3 rebotes e 16 chutes de fora. O que ele precisa entender é que os grandes talentos geralmente predominam em quadra, nos playoffs, mas quase nunca vão ganhar nada sozinhos. E, mesmo tendo um Kevin Durant ao seu lado, agora sem que estivesse atrapalhado por nenhuma lesão inoportuna, seu OKC fica pelo caminho, mesmo tendo três chances para fechar a série, enquanto o Warriors busca o bi.

Essa questão de desrespeito a Curry não é uma novidade, aliás, mesmo que escrever isso não pareça ter nenhum sentido. São vários os veteranos aposentados que dão voz a um grupo ainda aparentemente grande de críticos que não digerem bem o que Curry apronta. ''Porque ele parece ter 12 anos'', respondeu Steve Kerr, na coletiva pós-jogo, dando de ombros. O descrédito ao genial armador também se estende ao time como um todo, aliás. Doc Rivers disse que eles tiveram sorte no ano passado rumo ao título, devido a lesões e eliminações inesperadas. As 73 vitórias desta temporada, recorde que vai demorar para ser incomodado, seriam fruto de uma liga esvaziada, sem o talento de 20, 30 ou sabe-se lá quantos anos atrás.

Agora que derrotaram Durant e Westbrook em uma virada marcante, pode ser que tenham um pouco de sossego. Para eles, essa percepção incomoda um pouco, mas não é nada que os atrapalhe em quadra. Eles seguem em frente e buscam o bicampeonato agora novamente contra os LeBrons. Cientes de que, se a coisa ficar feia, entre tantos recursos, têm justamente a arma que mais incomoda essa turma do contra — ou dos descrentes de suas habilidades, talvez seja o melhor termo. Que é essa capacidade de bombardeio que, contra o Thunder, fez toda a diferença.

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Raptors está eliminado, mas tem muitas decisões pela frente
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Giancarlo Giampietro

Raptors tem time competitivo para já e peças para o futuro. Como isso vai afetar os minutos de Caboclo?

Raptors tem time competitivo para já e peças para o futuro. Como isso vai afetar os minutos de Caboclo?

Enquanto o Cleveland Cavaliers espera, sossegado, a definição do Oeste e de seu adversário em mais uma decisão da NBA, o Toronto Raptors já se concentra em ooooutros tipos de decisões. Enquanto Kyle Lowry e DeMar DeRozan preparam as malas para curtir as férias e digerir a eliminação, a diretoria chefiada por Masai Ujiri começa o período mais agitado de suas profissões.

Ujiri e seus assistentes precisam decidir o futuro do técnico Dwane Casey, se aprofundar no estudo dos prospectos do Draft, que vai rolar daqui a menos de um mês, e, depois, ainda mapear todo o mercado de agentes livres, no qual seu cestinha, inclusive, será um dos atletas mais cobiçados. Você acha que é fácil a vida de cartolada? Por mais que eles tenham de pensar primordialmente a longo prazo, para o clube canadense, na condição de vice-campeão do Leste, esse tipo de questão fica muito mais interessante. Dependendo dos movimentos que coordenarem, que pode afetar diretamente o futuro de Bruno Caboclo e Lucas Bebê, podem oferecer resistência de verdade aos LeBrons na próxima temporada já.

Demorou, mas este núcleo do Toronto fez enfim uma boa campanha nos playoffs, até esbarrar em um adversário bastante inspirado. Ao confronto derradeiro, até conseguiu dar uma graça ao vencer os Jogos 3 e 4. Pela temporada regular, teve uma grande chance de desbancar este mesmo Cavs do topo da conferência, ficando a apenas uma vitória do mando de quadra. Imaginem o quanto isso poderia ter sido relevante. Mas não aconteceu. Fora de casa, perdeu todas, mas perdeu de monte, por 31, 19, 38 e 26 pontos, com média de 28,4 por jogo. As que venceu, como anfitrião, foram por 21 pontos, saldo de 10,5. No geral, o que dá para ver é que a equipe foi presa fácil para o Cleveland.

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Está claro que, para esta formação do Raptors, a distância para competir com um Cavs no auge é muito maior ainda do que o avanço que fez em relação a Miamis, Charlottes e Indianas. Mesmo que DeMarre Carroll, um jogador valioso por ser efetivo dos dois lados da quadra, estivesse em uma forma deplorável, com dores no cotovelo, pulso, quadril, tornozelo e, claro, no joelho operado. Esse deu despesa ao departamento médico e de preparação física. Se tivesse inteirão, poderia tentar incomodar mais LeBron James na marcação individual, e talvez os marcadores do Raptors pudessem ter prestado mais atenção nos companheiros do Rei, sem que tivessem liberdade para chutar tanto nas primeiras duas partidas. Ainda assim, suponho que não seria o suficiente para compensar um déficit de 28,4 pontos.

DeRozan vai ficar? Que tipo de companhia Lowry vai ter no ano que vem?

DeRozan vai ficar? Que tipo de companhia Lowry vai ter no ano que vem?

É nessas horas que me vêm à cabeça o dia 18 de fevereiro, que era o prazo para os clubes da NBA fecharem trocas nesta temporada. Na ocasião, Ujiri preferiu não fazer nada. A única alteração feita: dispensou Anthony Bennett (que simplesmente não consegue paz) para contratar Jason Thompson, o homem que o Warriors cortou para abrir espaço para Anderson Varejão. Se o brasileiro não vem produzindo muito pelos atuais campeões, Thompson também não fez quase nada pela equipe canadense. Ficou apenas 55 minutos em quadra. Segundo o que se comenta nos bastidores, o Raptors não teria recebido nenhuma oferta que tenha agradado. Por outro lado, é de se questionar se o gerente geral não poderia ter sido mais agressivo e buscado .

Em termos de reputação, o gerente geral nigeriano se tornou uma das figuras mais respeitadas — e temidas — da liga. Como principal gestor, está em seu segundo trabalho, e até agora praticamente tudo o que ele tentou deu certo. Muito certo. Em três anos em Denver, viu seu time somar 145 vitórias e 85 derrotas (63,0%). Em Toronto, também em três anos, são 153 vitórias e 93 derrotas (62,1%).

Basta checar sua lista de negocicações, para entender como se chega a um aproveitamento desses. As principais, claro, foram as trocas com o Knicks de Carmelo Anthony, na qual se viu forçado a se livrar do astro e descolou um pacote muito bom com Gallo, Chandler, Felton, Mozgov, Koufos e mais uma escolha de primeira rodada de Draft, e a de Andrea Bargnani, por uma escolha de primeira rodada, duas de segunda e alguns contratos para fechar as contas. Também levou Andre Iguodala para Denver em troca por Arron Afflalo, Al Harringston e uma escolha de primeira e outra de segunda. Se for para criticar algum negócio, foi a transação que mandou Nenê para Washington e resultou na avoada chegada de JaVale McGee ao Colorado.

Reputação de Ujiri talvez até assuste dirigente que vá negociar com ele

Reputação de Ujiri talvez até assuste dirigente que vá negociar com ele

Talvez essa fama de quem rapela nas trocas possa atrapalhar agora — com os concorrentes receosos. Nem sempre dá para botar James Dolan, o proprietário do Knicks, no telefone. O que sabemos é que o Raptors está cheio de atletas jovens no elenco e ainda vai ter mais quatro escolhas de primeira rodada nos próximos dois Drafts. Neste ano, terá a sua e aquela coletada por Bargnani em uma transação inacreditável. Em 2017, a extra será a do Milwaukee Bucks, no rolo de Greivis Vasquez por Norman Powell (outra muito lucrativa). Para um clube que hoje mira o topo do Leste e pode até sonhar com o título, fica a dúvida do que fazer com tantos ativos assim e também algumas promessas que não conseguem sair do banco, entre eles os brasileiros. Isto é: moeda de troca não faltava.

A média de idade do elenco do Warriors é de 27,5 anos, segundo o Real GM. Já a de OKC é de 27,0. O Cavs é mais velho, com 29,5. O Raptors tem hoje 26,0, mas pode ficar muito mais jovem se for para inserir mais dois calouros no grupo neste Draft, se eles ocuparem vagas de alguns veteranos, para não falar da turma de 2017.  O Raptors terá a nona escolha no dia 18 de junho, com a possibilidade de se contratar, nesta faixa, segundo as projeções dos sites especializados, um pivô de futuro.

Considerando sua lista de agentes livres, é o que faria mais sentido, mesmo, desde que não feche nenhuma negociação antes. Em julho, Bismack Biyombo, ultravalorizado, vai exercer uma cláusula contratual e entrar no mercado. Os contratos de Luis Scola, James Johnson e Thompson vão acabar. Quer dizer: vão abrir quatro vagas no elenco na linha de frente, sendo que duas e meia, digamos, de rotação. Biyombo e Scola jogaram muito. Johnson, em sua relação de amor e ódio com Casey, só foi efetivado na rotação devido à lesão de DeMarre Carroll.

Ainda fica pendente a situação de DeRozan, que vai constar na lista de muitos clubes e vai custar muito. Mais de US$ 20 milhões por ano na NBA de boom nos investimentos, graças ao revigorado acordo bilionário de TV. Podem ter certeza disso, independentemente do quanto o ala-armador sofreu durante os playoffs. O ala afirmou no sábado, em sua entrevista de encerramento de temporada, que não se vê com outra camisa na próxima temporada. Nem com a do Lakers, seu time do coração, da sua cidade. Já Ujiri afirmou que sua prioridade absoluta é renovar o contrato do cestinha, e acho que não há muito o que discutir, mesmo. A não ser que Kevin Durant indique que sonhe em jogar em Toronto, o cartola assumiria um risco enorme em negociar com outros atletas do porte de Al Horford e Nicolas Batum, ouvir ''não'' (como o histórico da franquia indica) e ainda perder um de seus All-Stars.

Renovar com DeRozan e Biyombo seria difícil. A não ser que o mercado não se mostre tão entusiasmado assim com o pivô congolês. A expectativa de scouts e cartolas é de que ele possa assinar um contrato na faixa de US$ 12 a 15 milhões anuais, se não mais. Qualquer oferta nessa linha inviabilizaria sua permanência em Toronto, que vai ter menos de US$ 30 milhões para gastar. Ujiri teria menos de US$ 10 milhões para buscar reforços.

E aí? O que fazer? Investir pensando longe ou 'sacrificar' algumas dessas peças em busca de veteranos que possam fazer a diferença agora? Por melhor que possa ser seu programa de desenvolvimento de jovens atletas, qual seria o ponto de sobrecarga?

Sem Biyombo, seria a vez de Bebê?

Sem Biyombo, seria a vez de Bebê?

Procuraria um substituto para Biyombo ou confiaria no progresso de Lucas Bebê como reserva de Jonas Valanciunas? Com rodagem na Espanha e a mesma idade do lituano, já era supostamente a hora de o carioca assumir um posto no time. (Claro que isso depende do quão satisfeitos os técnicos estão com seu desenvolvimento e amadurecimento.) Peguem também o caso do armador Delon Wright. Com Kyle Lowry e Cory Joseph sob contrato, quando ele terá chances de verdade? Lembremos que ele completou sua campanha de calouro, mas já tem os mesmos 23 anos de Lucas.

Bruno Caboclo ainda não estava pronto para participar de um jogo de playoff ao final de sua segunda temporada como profissional, e pode ser que leve um pouco mais de tempo. Ainda vai pedir muita atenção dos treinadores do clube. Ele tem mais um período de férias para avançar em sua trilha, mas, depois do que Norman Powell fez nos mata-matas, o calouro, que é dois anos mais velho que o brasileiro, está à frente na fila de entrada no time. Já não sobram muitos minutos na rotação, que tem DeRozan (eventualmente), Carroll e Terrence Ross, além da dupla armação com Lowry e Joseph, algo que funcionou bem demais neste campeonato.

(Um parêntese extenso sobre Bruno, então. Em suas últimas semanas pela D-League, o caçula brasileiro deu sinais de progresso. Foram 37 jogos, uma experiência muito valiosa. Ele terminou com média de quase 14,7 pontos em 36 minutos, mas foi progredindo mês a mês. Quando o Raptors B entrou em seu melhor momento, numa sequência de 18 vitórias e 9 derrotas, ele teve 15,7 pontos e 43,9% nos arremessos. Em março, no encerramento da temporada, subiu para 18,4 pontos e 44,7%, estabelecendo seu recorde pessoal em três noites diferentes. O ano não começou bem para o ala, e os indícios de imaturidade ainda preocupavam. A oportunidade de jogar com regularidade pela liga menor fez bem, porém. O técnico Jesse Mermuys observa como seu comportamento melhorou no decorrer do campeonato quando era substituído e criticado por sua seleção de arremessos. Em vez de fechar o bico e se alienar no banco, seguia envolvido com o jogo e com seus companheiros.

''A parte mental do jogo é extremamente importante na NBA porque essa liga é muito, muito dura, com seus altos e baixos. Se você tiver força para lidar com isso, é realmente importante. Essa maturidade fora de quadra foi quase mais importante do que no jogo. Ele ainda está correndo atrás do jogo, mas os avanços que ele fez foram consideráveis e muito maiores do que seriam se não tivéssemos dado essa oportunidade (de criar uma filial)'', afirmou. ''No período em que vivemos, este é o único modo de vencer e desenvolver atletas ao mesmo tempo. Se você não tem seu próprio time de D-League, é como se tivesse de fazer uma escolha entre um e outro. Mas temos essa sorte de fazer ambos e desenvolver importantes ativos para o futuro de nosso clube.'')

O Toronto Raptors está numa situação um tanto parecida com a do Boston Celtics, nesse sentido, de fazer as contas entre investir sem perder o futuro de vista, mas também pressionado a progredir de imediato, curtindo um bom momento com a torcida e de confiança no elenco. A diferença é que o Raptors venceu nove partidas a mais na temporada e foi muito mais longe nos mata-matas — e não tem oito escolhas no próximo Draft. Mas a concorrência do Leste vai prestar muita atenção no que Ujiri vai fazer nos próximos meses. Até mesmo a diretoria do Cavs, dividindo sua atenção com o que acontece pela final da NBA, claro.

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Vai ter Jogo 7. Como Durant e Westbrook vão responder?
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Giancarlo Giampietro

Durant e Westbrook: o último jogo da dupla em OKC? Ou só um deslize?

Durant e Westbrook: o último jogo da dupla em OKC? Ou só um deslize?

O Oklahoma City Thunder teve tudo para fechar a série. Agora, até chegar segunda-feira e o Jogo 7 das finais do Oeste, vai ter de conviver com a ameaça da autoflagelação.

O ginásio estava caótico, estridente. Os jogadores do Golden State Warriors tinham mãos inseguras, com exceção de Klay Thompson, consistente do início ao fim. Estavam mais uma vez vulneráveis. Mas desta vez não teve massacre — o máximo que abriu de vantagem foi de 13 pontos. O time da casa e sua infernal torcida não conseguiram degolar seu oponente na primeira chance que tiveram, tal como havia acontecido nas terceira e quarta partidas. O jogo se estendeu nervoso, então, com Thompson e, depois, Stephen Curry mantendo os atuais campeões a uma distância plenamente alcançável para os Splash Brothers, aqueles dos 70 pontos somados e 17 bolas de três convertidas.

A virada aconteceu, em mais um clássico instantâneo estrelado por essas duas equipes. A chamada ''Escalação da Morte'' de Golden State reviveu (é realmente um trocadilho irresistível, gente). Os caras mostraram do que são capazes, técnica, tática e mentalmente. Quando se confronta um desempenho desses com o colapso de Kevin Durant, Russell Westbrook e companheiros, a coisa fica muito feia para OKC.

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E aí qual o jargão que o torcedor brasileiro vai usar, então? Claro que é a famigerada ''amarelada''. Acho curiosa essa mania. Do ponto de vista tupiniquim, parece não existir a possibilidade de falha. Se um atleta ou uma equipe perdem, só a tremedeira explica. Para quem viu o jogo, não dá para dizer que Durant e Westbrook se omitiram. O problema da duplinha é justamente o contrário: eles pecam por excesso. Não foi a primeira vez. Nem a segunda, se vocês me entendem.

Pode-se argumentar preconceito aqui?  Pois Curry e Thompson centralizaram o ataque do Warriors praticamente da mesma forma, com 52 de 87 arremessos (59,7%), contra 58 de 90 (64,4%). ''Temos de viver com alguns arremessos malucos, alguns arremessos errados malucos, porque eles os fazem muito mais do que a média'', disse Steve Kerr, em defesa de seus cestinhas. A diferença é o modo como cada time ataca. Quando acossados, Durant e Wess não souberam jogar com o time e nem mesmo como parceiros. Voltou o bumba-meu-boi de cinco anos atrás, o ataque do cada um por si.


Segundo o departamento de estatísticas da ESPN, o Thunder teve 13 posses de bola nos últimos cinco minutos do jogo — o que a NBA considera oficialmente como ''crunch time''. Sabe em quantos desses ataques o time da casa fez mais do que um passe? Em apenas UMA oportunidade. No quarto período como um todo, foram seis assistências para Golden State e nenhuma para Oklahoma City. Estarrecedor.

De tão talentosos e atléticos, aberrações ao seu modo, Durant e Westbrook estão acostumados a se impor contra qualquer mortal. Não tomam conhecimento dos marcadores e, ao mesmo tempo, também podem não reconhecer o que está rolando em quadra. Como ocorreu nesse quarto período desastroso.

A cinco minutos do fim, OKC tinha sete pontos de vantagem. Mas perdeu a partir dali por 19 a 5, quando os dois All-Stars fizeram 12 pontos juntos, erraram 11 de 14 arremessos e ainda cometeram cometeram todos os 6 turnovers da equipe. Não dá para ficar muito mais grave que isso. Klay Thompson, sozinho, teve 19 pontos, 6-9 nos chutes, perdendo a bola apenas duas vezes.

Em sua coletiva, então, Westbrook foi obrigado a engolir o riso, ou gargalhada até, das últimas sessões de perguntas e respostas. Se antes fazia questão de manifestar seu desdém até pelo MVP dos últimos dois campeonatos, nesta madrugada só lhe restou a fala monossilábica e o murmúrio.

Westbrook provocou bastante. Agora tem um Jogo 7 para encarar Curry novamente

Westbrook provocou bastante. Agora tem um Jogo 7 para encarar Curry novamente

Está certo que não foi Curry seu principal marcador primário. Thompson foi quem o perseguiu mais vezes. (Mas a verdade, comprovada pelos números, é que, diante do armador do Warriors, Wess não teve tanto sucesso assim quanto supunha, a despeito do placar geral da série.) E não foi só um defensor que cuidou do cara.

Se alguém quiser rever a partida, reparem o tanto de armadilhas que os campeões armaram. Se passava pela primeira linha defensiva, Andrew Bogut não fazia questão nenhuma de se aproximar. Wess se via então com espaço para chutar. Foi o que fez, com uma infinidade de tiros em flutuação. Ponto para Golden State, que não o deixava chegar ao aro. Além disso, nos dois minutos finais, com o Warriors já à frente, o armador se perdeu numa torrente. Se nos confrontos anteriores, o jogo corrido estava favorecendo totalmente OKC, a coisa virou na pior hora. Draymond Green se redimiu de diversas bobagens e forçou dois turnovers de Russell. Dois dos quatro que ele cometeu nesse curto intervalo.

Acontece que Durant nem pôde reclamar muito, já que também falhou muito. Com mais de 2,10m (Dwight Howard jura que se trata de um 'seven footer', de 2,13m), o ala pode chutar por cima de qualquer defensor de perímetro da liga. Um recurso vital para que seja esse cestinha. Mas não o único, claro. Tem sua mecânica rápida, sua habilidade no drible superior à de Klay, sua agilidade etc. Iguodala, todavia, e Harrison Barnes fizeram o que podiam para atrapalhá-lo, contando também com seu desgaste, forçado também pelo empenho louvável que vem tendo na defesa. A última cesta de quadra de KD saiu a 5min09s do fim, depois de recuperar a bola ao ser desarmado pelas mãos ágeis de Iggy. Se foi o seu último jogo pela equipe em Oklahoma, foi a pior despedida possível.

A sucessão de erros levou a dupla de estrelas ao descontrole. Pela primeira vez desde o Jogo 2, então, o Warriors virou o agressor em quadra, levando a melhor até mesmo em transição depois de forçar os turnovers. Foi uma inversão do que havia acontecido na última visita a OKC. Vejam esta cena aqui:

Em uma rara investida em que houve interatividade entre os dois astros locais. Durant fez o corta-luz para Westbrook. O problema é que isso deixou o armador com Iguodala… Que roubou a bola.Como bom passador,  tinha duas excelentes opções: Thompson pela direita, Curry pela esquerda. Na retaguarda, Durant, sozinho, vai fazer o quê? Ficou dividido e chegou atrasado para contestar o 11o chute certeiro de Thompson no perímetro. Splash. Foi uma ação (errada) e uma reação (inclemente), para deixar o Warriors três pontos à frente.

Na bola seguinte, ao menos OKC fez uma jogada com corta-luz fora da bola para KD. O ala se afobou, no entanto, em seu movimento e subiu para o chute com Iguodala pronto para contestar. Por aí fomos. Foi uma decisão equivocada sucedida por outra.

Na hora de dissecar a partida, Billy Donovan vai sofrer. Seu discurso no ano todo era o de que o time precisava de paciência, de movimento e, acima de tudo, confiança mútua. Nada disso aconteceu no momento em que seus atletas passaram por dificuldade. Serge Ibaka anotou 12 pontos no primeiro tempo e só um no segundo. Dion Waiters anotou três pontos em 36 minutos. Não teve pick-and-roll com Steven Adams ou Andre Roberson. Enes Kanter era o mais produtivo, mas não teria ninguém para marcar do outro lado. Como o velho Thunder.

O time vai ser capaz de superar isso? O que pesa mais: o ressurgimento desse trauma do passado ou a memória bem mais positiva do início da semana? Ainda tem um jogo pela frente, em que pese a enorme decepção pelo que aconteceu em casa. Ao rever com o elenco o que se passou nos últimos cinco, seis minutos desse histórico Jogo 6, é provável que seu técnico nem precise dizer muita coisa. Durant e Westbrook já ouviram essa fita trezentas vezes. Como vão reagir é o que mais importa. A dupla tem todas as ferramentas para vencer mais uma em Oakland. Resta saber se vão tentar do jeito mais fácil ou do mais difícil.

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Klay Thompson e o Warriors deixam OKC em desespero
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Giancarlo Giampietro

Klay fez mais pontos que Durant e todo o OKC no quarto período

Klay fez mais pontos que Durant e todo o OKC no quarto período

Andrew Bogut saiu exausto de quadra, sem conseguir combater Steven Adams desta vez. Faltam seis minutos, e o Oklahoma City Thunder vencia por seis pontos também. Pouco depois, Draymond Green cometeria sua quinta falta, nesses rompantes dele. Situação delicada para Steve Kerr. Na hora de encerrar ou prolongar sua temporada, o técnico do Golden State Warriors então decidiu ativar sua badalada ''Escalação da Morte'', que não vinha sendo efetiva na série. Talvez fizesse todo sentido, mesmo. É a marca registrada do time. Era viver ou morrer com eles, de todo modo.

Eles sobreviveram. O quinteto composto por Steph Curry, Klay Thompson, Andre Iguodala, Harrison Barnes e Draymond Green venceu esta última parcial por 21 a 8 e conseguiu uma virada histórica, por uma vitória por 108 a 101 em OKC, para forçar o Jogo 7 em Oakland, segunda-feira.

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Os Splash Brothers somaram 70 pontos, ou absurdos 64,8% do total da equipe. O show dessa vez ficou por conta de Klay, que teve um desempenho digno de Hall da Fama ao anotar 41 pontos em 30 arremessos e 39 minutos. Nesse processo de fritura, também quebrou o recorde de bolas de três dos playoffs, encaçapando 11 tentativas. Fez mais chutes de fora do que Kevin Durant e Russell Westbrook no geral. Sozinho, o ala também fez mais pontos que o Thunder em todo o quarto período: 19 a 18 (risos). Veja todas as suas cestas de longe:

Ele não fiou satisfeito, claro. ''Poderiam ter sido pelo menos 13, já que errei alguns chutes completamente livre'', disse o ala.  Steve Kerr achou tudo isso bobagem: ''O que ele fez foi ridículo, uma das melhores atuações arremessando a bola já vistas'', afirmou o técnico, que sabe uma coisa ou outra do fundamento. 

Depois de um primeiro quarto hesitante, nervoso, Curry foi entrando aos poucos no jogo e terminou com 29 pontos – que devem virar 31 pontos, com uma correção dos mesários –, 10 rebotes e 9 assistências, em 41 minutos. Antes da tempestade Thompson, ele manteve o time vivo no duelo com um terceiro período. E o placar de três pontos da noite foi o seguinte: GSW com 47,7% (21-43), OKC com 13% (3-23). Saldo de 54 pontos para os californianos. É viver e vencer com os Splash Brothers.

Mas não foi só de splash que o Warriors viveu. A defesa também apareceu e permitiu ao poderoso sistema ofensivo dos anfitriões apenas quatro pontos nos últimos 4min48s, liderada pelo eternamente subestimado Iguodala. O cara é o atual MVP das finais, mas a gente pode esquecer facilmente o quanto ele joga. O veterano desarmou, sem ajuda nenhuma, Durant e Westbrook em posses de bola nos últimos três minutos. Fez um trabalho fantástico contra KD no geral, ajudando a limitar o cestinha a 29 pontos.

Opa, peraí: o cara fez os mesmos 29 pontos de Curry, e foi pouco? É que o que contou mais aqui foram os 21 arremessos errados por Durant, oito a mais que o armador. Westbrook também teve dificuldade para fazer cestas. Foram 28 pontos em 27 arremessos, com 17 falhas. Ele somou 11 assistências e 9 rebotes, mas também cometeu cinco turnovers em 43 minutos. E quer saber? Quatro desses desperdícios de bola aconteceram nos últimos dois minutos. O pior de Wess voltou a aparecer na pior hora.

Tudo isso configura uma crueldade, na real, já que pode ter sido o último jogo de Durant como atleta do OKC. Por mais que tenha errado na mira e que Barkley e Shaq já o tenham detonado no intervalo, é preciso entender o contexto. O ala talvez nunca tenha se esforçado tanto na defesa também (com muito sucesso, registre-se), e isso vai interferir do outro lado. O mesmo vale para Curry, aliás, que vem fazendo bom papel contra Westbrook na série. Só nesta partida especificamente que não ficou muito tempo como responsável pela contenção do cara.

Um clássico

Um clássico

Não dá para ignorar que esses números todos foram produzidos num jogo tenso demais. Ou eletrizante. Pode escolher seu adjetivo preferido. Os visitantes fizeram um primeiro tempo fraco, no qual a bola parecia estar pegando fogo (no mau sentido, digo). Cometeram nove turnovers, não acertaram 37% se seus arremessos e ainda viam Curry contido, errando até mesmo dois lances livres seguidos (algo que só havia acontecido duas vezes em toda a temporada). Que tenham ido para o intervalo com apenas cinco pontos de desvantagem, foi praticamente uma vitória. Bem diferente do cenário de terra arrasada dos Jogos 3 e 4. A impressão que fica é que OKC deixou sua grande chance escapar aí. Golden State ao menos compensou com defesa e rebote, vencendo essa disputa. Aí, no segundo tempo, os Splash Brothers fizeram mágica.

Foi uma partidaça. Só temos a agradecer a Warriors e Thunder. Quem se lembra daquele jogo de temporada regular, em fevereiro, por acaso?  Com reação de Golden State novamente e bomba do meio da quadra com Curry?  Foi um clássico instantâneo, obviamente. Mas o que dizer deste Jogo 6, então?

Agora que segunda-feira chegue o quanto antes. A dúvida fica toda direcionada para o emocional de OKC. Deve doer demais essa derrota, e eles têm 48 horas para se recompor. O Warriors já deu sua resposta e mostrou do que seu elenco é feito, com uma formação mortal sem pivôs tradicionais, com seus arremessadores incríveis e uma determinação, um senso de urgência impressionantes. Jogaram como campeões. Aquela confiança, aquele status que são tudo o que Durant e Westbrook buscam.

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