Vinte Um

Jogo 5 teve convergência perfeita para o Cavs. É sustentável?
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Giancarlo Giampietro

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Em qualquer cobertura mais vasta, daquelas chamadas especiais, hoje em dia, parece impossível fugir do tópico ''sustentabilidade''. Nesta série de textos sobre as #NBAFinals, como ficar fora dessa onda? Não dá, vai.

Na liga americana, o termo também está em voga, à medida em que o uso e a análise das estatísticas se aprofunda. A abordagem um pouco mais fria procura colocar em perspectiva a boa fase de um ou jogador, por exemplo. Daí o uso também de outros conceitos como ''amostra pequena''. Tudo isso é processado para que as exceções sejam cada vez mais classificadas como exceções, mesmo, bem diferente da regra. Daí que, quando um Channing Frye acerta sete bolas de três pontos em dois jogos seguidos de playoff, em vez de elegê-lo já como o maior chutador da história, o raciocínio mais prudente e correto seria questionar se essa produção seria… sustentável.

Quando chegamos às finais de um campeonato, então, esse tipo de questionamento se torna ainda mais forte, já que cada time – no caso, Golden State Warriors e Cleveland Cavaliers – chega para decidir o título com uma extensa rodagem, com uma profunda base de dados para efeito comparativo.

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Depois da grande vitória do Cavs pelo Jogo 5, em Oakland, nesta segunda-feira, com LeBron James e Kyrie Irving se aproveitando das chamas produzidas por Klay Thompson no primeiro tempo para incendiar todo o ginásio, vale dar um passo atrás e avaliar o que aconteceu de normal ou anormal na partida. O quanto disso pode ser carregado para o Jogo 6 na quinta-feira? E a um eventual eletrizante Jogo 7? Certamente cada uma das comissões técnica, vindo de vitória ou derrota, vai fazer esse exercício. Então vamos lá:

A dinâmica LeBron/Kyrie

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Botaram para quebrar

Em quadra, essa foi a manchete: James e Irving formaram a primeira dupla de atletas a passar dos 40 pontos em uma partida pelas finais, com 41 cada. Foi um estrondo, mesmo, sem que defensores ultracapacitados como Klay Thompson e Andre Iguodala pudessem fazer muita coisa.

Um dado curioso é que nem o ala, nem o armador ainda haviam marcado 40 pontos nesta temporada. A estreia neste clube dos quarentões só havia acontecido três vezes antes na história, com  Cliff Hagan (em 1961, pelo Hawks), Magic Johnson (em 1980, pelo Lakers) and James Worthy (em 1989, pelo Lakers).

Para chegar a 112 pontos, o Cavs certamente atacou bem, com eficiência. Agora, eles atingiram um elevado índice de acerto, com 53% nos arremessos, 41,7% de três pontos e 23 lances livres batidos, com uma abordagem bastante individualista de seus astros, e não com um jogo mais solidário que procurasse esgarçar a defesa do Warriors. Somente 34,1% das cestas de quadra da equipe foram assistidas (15 de 44). Segundo o NBA.com/Stats, essa foi a primeira vez em 50 anos que um time passou dos 110 pontos com um percentual tão baixo de assistências. Além disso, as 29 cestas em investidas solitárias foram o máximo em um jogo pelas finais desde 1967, quando o San Francisco Warriors triunfou por 30 pontos na Filadélfia.

A concentração de jogo em seus craques foi absurda até. Dos 112 pontos, 97 saíram direta ou indiretamente das mãos da dupla, ou 87%, entre cestas e assistências. Essa é a segunda maior média da história das finais. Curiosamente, só fica atrás do que vimos no Jogo 1 do ano passado, antes de Irving se lesionar, numa derrota dramática definida apenas na prorrogação. Todas as últimas 25 cestas foram feitas ou assistidas pelos dois astros. A última cesta que não passou pelas mãos dos dois foi uma bandeja de Iman Shumpert na metade do segundo quarto. Os dois vão conseguir sustentar um desempenho desse na volta para casa?

Kyrie Irving
Vale lembrar que o armador anotou 22 de seus 41 pontos em Oakland em jogadas na qual ele avançou pela quadra driblando e não fez nenhum passe. Nesse tipo de situação, acertou inacreditáveis 10 de 15 arremessos (66,6%). Sabe qual era o seu rendimento entre os Jogos 1 e 4 com essas investidas em total isolamento? De 13-39, ou 33,3%, a metade. E aí? Qual é o número mais real? De repente um meio termo entre ambas as marcas?

Fato é que, desde que a série foi para Cleveland, o desempenho de Irving vem sendo bem superior:

Essa tinta verde espalhada pela foto da direita, no entanto, se deve muito ao que aconteceu nesta segunda-feira, mesmo. O jovem astro terminou com o quarto melhor aproveitamento da história das finais entre atletas que tenham tentado ao menos 20 arremessos. Ficou atrás só de atuações de gente como Shaquille O'Neal (em 2004 pelo Lakers), Larry Bird (em 1984 pelo Celtics) e Wilt Chamberlain (em 1970 pelo Lakers, o único deste trio que também passou dos 40 pontos).

LeBron James
Que LBJ costuma responder bem quando está enfrentando a eliminação pelos playoffs, Iguodala acabou de perceber. Acreditem: para alguém que é julgado de maneira irascível como um amarelão, o craque do Cavs, contra a parede, tem números e retrospecto superiores aos de Michael Jordan e Kobe Bryant. (O que não quer dizer que seja o melhor jogador da história. Esses dados só contrariam o imaginário popular que se construiu em torno de sua figura.)

O ala geralmente vai se impor em quadra, mesmo, e o máximo que seu marcadores podem fazer é tentar deixar as coisas um pouco mais difíceis, pelo menos.  Por muito tempo, em seus primeiros anos na liga, a melhor e mais óbvia era receia era realmente pagar para ver seu arremesso. Os marcadores recuavam e o induziam ao chute de longa distância. Em 2010-11, em seu primeiro ano pelo Miami, ele matou só 33%. Tudo era melhor do que a ideia de ver aquele trator ganhando o garrafão e destruindo o aro. Acontece que, cansado de enfrentar esse tipo de estratégia, LeBron trabalhou esse fundamento até alcançar percentual mais elevado entre 2012 e 2014, com pico de 40,6%. Seja por falta de treino, pelas pernas mais pesadas ou por uma combinação desses dois fatores, de um ajuste a sua atual condição física, o ala permitiu que seu rendimento caísse muito, para 30,9%, o pior de sua carreira.

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Esse número foi muito bem recebido pela oposição. Era quase uma benção. Nas finais, para o bem de Iguodala, ele estava com 31,2%. Daí a surpresa ou mesmo incredulidade com o que ele fez pelo Jogo 5, silenciando as vaias que o perseguiram pela Oracle Arena. Dessa vez, James acertou 8 de seus 19 arremessos fora do garrafão (42,1%). Não é algo expressivo assim comparando com o que Kyrie Irving matou de bola ao seu lado, mas é muito melhor do que 9 cestas em 28 tentativas (32,1%), das primeiras quatro partidas. Contra Iguodala, ele acertou 6-10 nos arremessos e 3-4 de longa distância.

Sem Draymond Green
O ala-pivô ficou arrasado ao ver o Jogo 5 de um dos camarotes do estádio do Oakland A's, vizinho da Oracle Arena, segundo seu ex-técnico em Michigan State, Tom Izzo. Sentiu que havia deixado seu time na mão. Podem ter certeza que o impacto maior causado por sua ausência foi sentido em quadra. Especialmente quando o Warriors precisava defender. Sem ele, o Cavs tentou explorar ao máximo o quarteto Bogut, Ezeli, Speights e Varejão situações de pick-and-roll e teve sucesso. O trio de pivôs era presa fácil para LeBron e Kyrie, enquanto James Michael McAdoo, muito mais ágil, não intimidava ninguém. A formação bastante baixa com Curry, Thompson, Livingston, Iguodala e Barnes também não colou.

Para termos uma ideia do quão vulneráveis os atuais campeões estiveram, o Cavs anotou 46 pontos apenas dentro do garrafão, com aproveitamento de 60%, com 24-40. Para comparar, o Warriors somou 42 pontos em tiros de três. Nas duas primeiras partidas como visitante, o Cavs havia anotado apenas 85 pontos por 100 posses de bola. Nesta segunda, sua média foi de 110 pontos. A jornada inspirada de Irving e James, que mataram 19 de 30 arremessos contestados, ajuda a entender essa guinada.  Draymond, sozinho, não iria impedir essas 19 cestas. Mas podem ter certeza de que os dois cestinhas encontrariam mais obstáculos, pelo fato de o ala-pivô ser muito mais ágil que o quarteto usado por Kerr em rodízio e entender perfeitamente o que precisa ser feito na cobertura de espaços. Pode não ter estatura, mas tem força, envergadura e inteligência para ser um candidato perene ao prêmio de defensor do ano. Não existisse um certo Kawhi Leonard em San Antonio, certamente já teria ganhado ao menos um troféu nesta categoria.

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As cestas de três do Warriors
Aquela turma que precisa evitar o consumo daquele amendoim, do queijinho ou do presunto cru durante as partidas do Warriors, sob risco de engasgo, deve ter se divertido pacas com o segundo tempo da vitória do Cavs. Afinal, nessa parcial, os atuais campeões erraram simplesmente 18 de 21 chutes de três pontos, sendo 9 em 10 pelo último quarto. No geral, o time acertou apenas 14-42 (33,3%). Na temporada, sua média foi de 41,6%, enquanto nos mata-matas é de 39,5%. O baixo rendimento num jogo que valia o título muito se deve ao empenho dos defensores do Cavs, com destaque improvável para JR Smith, por exemplo, especialmente no segundo tempo. Mas não foi só isso.

Esmiuçando esse aproveitamento, você encontra um dado surpreendente. Segundo as medições do sistema SportVu – com suas câmeras invasivas acompanhando toda a movimentação dos jogadores –, o Warriors teve ainda nada menos que 19 arremessos de longa distância com atletas ''completamente livres''. A tendência é achar que os marcadores jamais poderiam permitir um número tão elevado de tentativas sem resistência ao time de Steve Kerr. Pois nesta segunda não teve problema: apenas 4 desses 19 chutes foram convertidos. Harrison Barnes, aliás, foi a 'estrela' aqui. O ala não é um dos Splash Brothers, mas chegou ao duelo com 42,8% de acerto – e 60% nos dois jogos anteriores – e matou apenas uma em seis tentativas, desperdiçando diversas tentativas em total liberdade.

Surras?
Até agora, o mais perto de um jogo parelho que tivemos foi o quarto, com vitória tensa do Golden State, mas a qual já estava decidida a dois minutos do fim. Somando o saldo dos cinco primeiros jogos, são 104 pontos de sobra no placar, ou mais de 20 por confronto. Essas serão, digamos, as finais mais desequilibradas jogo a jogo em mais de 50 anos, desde 1965, com um dos tantos duelos Lakers x Celtics gerando uma sobra de 105 pontos. Dependendo da resolução das equações acima será que vamos ter pelo menos uma partida mas apertada? Queremos drama e emoção. Sustentabilidade tem limite.

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LeBron aceita papel de vilão e vê Kyrie explodir para estender as finais
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Giancarlo Giampietro

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LeBron James fez sua melhor jogada antes mesmo de o Jogo 5 começar. Quando, ainda em Cleveland, atropelou Draymond Green, tirou o oponente do sério e forçou sua suspensão com uma quarta falta flagrante pelos playoffs. Nesta segunda-feira, porém, ele fez questão de estender sua contribuição com uma das melhores atuações de sua carreira. Foi um ato de sobrevivência, e o Cavaliers bateu o Golden State Warriors por 112 a 97 para forçar o sexto jogo na quinta-feira.

Em 42 minutos, sem mal descansar em quadra ate que o ''garbage time'' fosse instaurado, LeBron anotou 41 pontos, apanhou 16 rebotes, deu 7 assistências e ainda acumulou 3 tocos e 3 roubadas, com 16-30 nos arremessos. Além disso, matou 50% nos tiros de três, em oito tentativas. Espetacular e, a julgar por seu currículo, não surpreende. Para quem ainda lê e ouve por aí tanto sobre uma suposta fama de amarelão, o craque tinha médias de 31,9 pontos, 10,7 rebotes e 6,6 assistências em partidas pelas quais sua equipe lutava contra a eliminação. Agora tem a melhor média de pontos da história dos mata-matas nesse tipo de situação. A diferença é que, a despeito de suas exibições marcantes, o aproveitamento de seus times era de 7 vitórias em 15 jogos.

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Para devolver a série a Cleveland, o veterano não agiu sozinho, obviamente. Assim como no Jogo 3, contou com nova exibição primorosa de Kyrie Irving no ataque. O armador do Cavs voltou a esfomear em quadra, mas dessa vez guardou seus arremessos com uma precisão assustadora, de causar inveja a Curry. Anotou os mesmos 41 pontos, com 17 cestas em 24 tentativas (70,8%). Nem mesmo um marcador como Klay Thompson o incomodou.

''Foi provavelmente uma das melhores atuações que já vi ao vivo'', disse James, seguindo a mesma linha de Jeff Van Gundy, durante a transmissão. E não é exagero. Na história das finais, apenas só teve um jogador além de Irving que conseguiu marcar 40 pontos e acertar mais de 70% em uma partida: Wilt Chamberlain. Glup. Aconteceu em 1970, pelo Lakers, respectivamente, com 45 e 74,1%. Aí vale a gente lembrar que Wilt era a maior aberração atlética do mundo e que, para a época, era como se tivesse 2,58m de altura e estava sempre pertinho da cesta. Irving é um cara de 1,91m que vaga pelo perímetro.

Foi a primeira vez na história das finais que dois companheiros passaram dos 40 pontos na mesma partida. Entre cestas e assistências, os dois estiveram envolvidos em 97 pontos dos 112 dos visitantes. A mesma quantia que todo o elenco do Warriors. Incrível. Vale o abraço:

Era como se James e Irving, de repente, tivessem se tornado os Splash Brothers. Ninguém duvida da capacidade do armador para converter os chutes que arriscou nesta partida. O problemão para Steve Kerr foi ver o ala alcançar um percentual elevado mesmo quando buscava pontuar longe da cesta. Qualquer defesa bem-sucedida contra uma equipe de LBJ espera, conta que ele vá falhar neste tipo de fundamento. Se, por um acaso, ele conseguiu virar a chavinha para valer nestas finais, será uma tremenda dor-de-cabeça para o Golden State, independentemente da presença de Draymond Green em quadra.

O ala-pivô fez muita falta para os atuais campeões, especialmente na defesa. Não só na ajuda para a contenção de LeBron, como para a coesão da equipe, mesmo. A cobertura, a recuperação de posição, a comunicação nas trocas de marcadores, a proteção de cesta…  Faltou um pouco de tudo, abrindo caminho, corredores para os 53% nos arremessos do Cavs e os 41,7% dos três pontos. No momento, o combo de Bogut-Ezeli-Varejão não vem dando conta do recado, com Irving e LeBron explorando sua lentidão sempre quando podem no pick-and-roll. Para piorar, Bogut ainda sofreu uma contusão no joelho no segundo tempo e vai passar por uma ressonância magnética.

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No ataque, a visão de quadra e versatilidade de Draymond também foi sentida, como um assessor extremamente qualificado para seus chutadores, ajudando a organizar o jogo e se aproveitando das oportunidades proporcionadas pelo terror que eles representam no perímetro. No primeiro tempo, Stephen Curry e, principalmente, Klay Thompson mataram algumas bolas malucas de longe, mas se aproveitaram ao mesmo tempo da conivência defensiva dos caras de Cleveland. Sim, alguns daqueles chutes não existem no plano tático de ninguém, mas a marcação em geral foi uma calamidade, muito frouxa, deixando que um empolgado Thompson se desprendesse com facilidade. Antes do intervalo, o ala tinha mais pontos do que LeBron (26 a 25). Terminou com 37 pontos em 20 arremessos, 41 minutos e seis tiros de fora certeiros.

Porque as coisas mudaram. Na segunda etapa, adefesa do Cavs enfim entrou em quadra, para não desperdiçar, anular a soberba combinação de James e Irving. Em vez de seguir no tiroteio com confiança, os cestinhas do Warriors tiveram de lutar muito mais para enxergar a cesta, sem que os corta-luzes lhes dessem respiro. Valeu pela contestação e, muito mais, pelo desgaste gerado. A equipe da casa, como um todo, converteu apenas 12 de 45 (26,6%) de quadra. Foram 36 pontos, contra 39 de LBJ e Kyrie. Em alguns momentos, Curry apareceu livre, mas falhou na pontaria, para fechar sua participação com 25 pontos em 21 arremessos (38%) e 5-14 de três, em 40 minutos. O atual bi-MVP já não tinha pernas. Antes de baixar a energia, é preciso registrar, o armador voltou a ser displicente com a bola, cometendo alguns turnovers dos mais bestas possíveis.

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De Andre Iguodala, não houve o que se queixar. O veterano fez de tudo para tentar amenizar o impacto da ausência de Green, com 15 pontos, 11 rebotes, 6 assistências em 41 minutos. O que não deu para entender muito bem foi a estratégia de Kerr de colocá-lo para marcar Kevin Love em diversos momentos. Suponho que fosse para preservar o ala, resguardá-lo para os minutos finais, em vez de uma preocupação com o apagado ala-pivô. Acontece que Shaun Livingston e Harrison Barnes não conseguiram fazer nem cócegas contra LeBron James.

Barnes, aliás, foi uma tremenda decepção para o torcedor do Warriors. Quer dizer, nem tanto: durante o ano, fui descobrir que o ala não tem tanto prestígio assim em Oakland. Ainda assim, nem o mais pessimista poderia imaginar uma partida tão inócua assim, com míseros 5 pontos e 5 rebotes em 38 arremessos, acertando apenas 2 de 14 arremessos, muitos deles completamente livres. Considerando o que estava em jogo e o desfalque na linha de frente, esta atuação definitivamente não vai entrar no DVD, na hora de negociar um novo contrato em julho – e vocês desculpem a insistência com essa sub-história, mas é que, logo mais, vai aparecer algum clube para pagar uma bolada para este irregular ala. E aí não vai ter do que reclamar. Do outro lado, a frustração ficou novamente por conta de Kevin Love, que retornou ao time titular, ganhou 33 minutos e não passou de 2 pontos, 3 rebotes, 1 assistência e 3 tocos. Independentemente do desfecho da série, numa análise fria, é provável que a diretoria do clube se sinta inclinada a trocá-lo. Mas isso é papo para depois.

Por ora, o Cavs volta para a casa, com um cenário bem diferente para LeBron, que foi eleito inimigo público número um em Oakland. A julgar por seu rendimento, talvez o torcedor mais esclarecido do Warriors possa se sentir arrependido pelo tanto de vaia que se ouviu no ginásio, desde o aquecimento – historicamente, o ala responde muito em nesse tipo de cenário. Já o torcedor menos fanático e rancoroso do time californiano, a despeito de sua paixão por Draymond, deve ter, secretamente, pelo menos mentalmente, se permitido aplaudir o camisa 23. E Kyrie Irving.

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Draymond está suspenso. E a festa do Warriors também?
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Giancarlo Giampietro

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Polêmica,falta flagrante, e… rua

Ao vencer uma partida em Cleveland, a melhor da série, o Golden State Warriors imaginava que retornaria à quadra nesta segunda-feira relativamente tranquilo, ou, melhor, confiante em fechar as #NBAFinals em 4 a 1, para ganhar o bicampeonato. Isso tinha a ver com seu excepcional rendimento como time da casa, o domínio que teve pelas primeiras partidas da série, a grande virada pelo Jogo 4 e o retrospecto geral para quem abriu uma vantagem como essas no placar geral. Todos argumentos sólidos para quem acreditava em um desfecho iminente. Acontece que, neste domingo, Draymond Green e Steve Kerr receberam a notícia que tanto temiam: o ala-pivô está suspenso da quinta partida, depois do tolo entrevero com LeBron James pela última partida.

Vocês veem acima o enrosco. LeBron empurrou Draymond e ainda passou por cima do adversário. Poderia ter evitado? Mudado de direção? Ou foi muito rápido? Independentemente de suas intenções, vemos aqui uma sequência de ação e reação na qual a resposta do All-Star do Warriors foi mais gritante e, digamos, fora do comum.

Pelo soco baixo que o ala-pivô deu, a NBA o penalizou com uma falta flagrante um — que não foi vista em tempo real, diga-se. Essa infração isolada não teria problema. O que pega é que, depois de já ter cometido três infrações desse tipo durante estes playoffs, Green estava por uma. Se LeBron estava totalmente ciente disso e o instigou, não dá para saber. E, num contexto maior, talvez não fizesse a menor diferença nas investigações da liga.

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Draymond estava jogando já com um alvo enorme nas costas. O episódio de um chute (?) involuntário em Steven Adams já havia chamado muita atenção. Seu estilo abrasivo também vinha despertando a ira e as críticas se muitos atletas e treinadores no decorrer do campeonato. Ao ser flagrado pelas câmeras mais uma vez aprontando das suas, seria muito difícil que escapasse dessa, pelo conjunto da obra, que cobrou seu preço agora. Ainda mais com LeBron envolvido. De qualquer forma, foi um caso muito espinhoso, que o comissário Adam Silver certamente preferia evitar. Imagine a pressão nos bastidores à qual sua administração não foi submetida no sábado quando conduzia uma investigação a respeito.

Draymond, Kerr e o gerente geral Bob Myers discutem a suspensão

Draymond, Kerr e o gerente geral Bob Myers discutem a suspensão. Crédito: Ethan Sherwood Strauss/ESPN.com

Segundo Marcus Thompson II, do San Jose Mercury News, a defesa do Golden State se baseava em três tópicos principais: 1) que o movimento de seu jogador não terminou exatamente com um soco; 2) LBJ havia começado tudo; 3) não foi um incidente tão grave a ponto de causar impacto nas finais. Nessa linha de raciocínio, o segundo tópico já havia sido rebatido pelo Cavs ainda na sexta. Draymond teria xingado LeBron. Uma coisa justifica a outra e a outra também?

Outro ponto levantado foi que Matthew Dellavedova também teria agredido intencionalmente Andre Iguodala pelo Jogo 1 ao tentar um desarme em transição. Vindo por trás, o australiano fechou a mão e acertou Iggy também nas partes baixas. Não recebeu nenhuma punição. A questão é que, naquele, lance, existe a possibilidade de que o armador estivesse apenas tentando o desarme — ao menos é i que os cartolas dkb. Além disso, depois do carnaval do ano passado, Delly se comportou relativamente bem por estes mata-matas.

A punição 'tardia' causou estranhamento em alguns. Reggie Miller acreditou que seu chute em Steven Adams teria sido mais grave. ''Apostaria meu braço direito que, se a série estivesse empatada em 2 a 2, Green não seria suspenso. O que aconteceu em OKC foi muito pior'', disse o ex-ala, atual comentarista. Patrick Patterson, ala-pivô do Raptors, fez eco: ''Estranho que ele tenha sido suspenso nas finais, mas não na decisão da conferência''.

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Como estamos falando de NBA, uma final com muita audiência e LeBron na tela, a teoria da conspiração que passou a circular desde o sábado é a de que, para a liga, o prolongamento da série só faria bem, pensando em audiência e faturamento. Eu, sinceramente, não compro essa: Draymond já havia gerado muita controvérsia para escapar dessa de modo impune. Seu estilo abrasivo teve um custo elevado agora.

O ala-pivô sabia disso. Com a virada praticamente consumada em Cleveland, deveria ter deixado que sua inteligência prevalecesse sobre o orgulho e agressividade. Que Charles Barkley seja um de seus defensores neste episódio, significa muito. Antes de se mandar para Cuba, de férias, e de a liga anunciar sua decisão, afirmou: ''Quando alguém pisa sobre você, faz internacionalmente para esfregar na sua cara. Você fica moralmente obrigado a retaliar''.

Draymond é o que é devido a essa personalidade intensa, seu espírito extremamente competitivo. Ao Orange County Register, em entrevista recente, já havia sido questionado se havia algum limite para ele em quadra. ''Absolutamente não'', disse. ''Vou cruzar qualquer linha para vencer''. Quando foi para cima de LeBron, restavam 2min42s ainda, mas o Warriors estava em momento muito favorável, à frente do placar por dez pontos já. A vitória estava encaminhada. Talvez Green estivesse apenas se defendendo. Ou imaginasse que poderia tirar LeBron do jogo? Forçar uma briga? Se fosse esse o caso, foi uma aposta arriscada e besta demais. Pois, em termos disciplinares, sua situação era muito mais delicada que a do astro. De certa forma, poderia ter sido ainda pior: caso fosse marcada uma falta flagrante, o atleta seria suspenso também de um eventual Jogo 6.

*   *   *

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Agora Steve Kerr vai ter de quebrar a cabeça para armar a equipe para o Jogo 5. Sabe de quantos jogos o Warriors seu versátil ala-pivô ficou fora nesta campanha? Um. Apenas um, contra o Denver Nuggets, no dia 13 de janeiro. Foi uma das nove derrotas do time no campeonato, por 112 a 110.

É um péssimo sinal. Quer dizer: muito mais a partida com desfalque isolada do que o revés no Colorado em si. Afinal, isso quer dizer que nem Kerr, nem Luke Walton tiveram muitas chances de entender como o Golden State funciona desde que Draymond Green se tornou uma figura tão essencial para o seu sucesso. Nos tempos de Mark Jackson, era reserva de David Lee. Mas muito aconteceu desde então.

Sem Green, a primeira certeza é que time não terá em nenhum momento sua chamada ''Escalação da Morte'', com Barnes e Iguodala ao seu lado na linha de frente e os Splash Brothers barbarizando no ataque. Essa formação tem saldo positivo de 14,1 pontos em 100 posses de bola pelas finais e, entre aquelas que receberam um mínimo de 15 minutos durante a série, é a que tem o melhor rendimento. Algo que não surpreende ninguém, já que também foi o quinteto mais produtivo da temporada regular, entre aqueles que acumularam pelo menos 100 minutos, e de longe.

Barnes vai ter de jogar MUITO nesta segunda-feira

Barnes vai ter de jogar MUITO nesta segunda-feira

Ignorando quem está ao redor, nos 152 minutos que o fogoso ala-pivô jogou contra o Cavs nesta final, o Warriors teve vantagem de 36 pontos. Sem ele, em 40 minutos, déficit de sete pontos (veja qual o impacto específico sobre Curry também). Agora serão mais 48 por jogar. Faz como? O problema não é apenas suprir os 14,8 pontos, 9,3 rebotes, 5,8 assistências, 1,8 roubo, 1,3 toco em 38,0 minutos, que têm feito pelas finais. O que já seria bem complicado, aliás. A importância de Green, no entanto, vai muito além do números mais básicos computados na súmula oficial.  Para não falar do aspecto emocional. É o líder, o coração do time.

Estamos falando de um conjunto de habilidades praticamente inigualável na NBA. (E, se você nunca pensou no cara neste modo, fica o convite. Não precisa somar 25 ou 30 pontos por jogo para ser caracterizado como ''craque'', a despeito do que ainda se prega por aí). Draymond pode, ao mesmo tempo, ser o último homem da linha defensiva do Warriors, protegendo o aro, enquanto, no ataque, é capaz de jogar como um armador de fato, criando a partir da cabeça do garrafão, mesmo que Shaun Livingston esteja em quadra – coisa que aconteceu diversas vezes no período em que Curry estava afastado, se recuperando de uma torção no joelho. Draymond também é o principal reboteiro do time, enquanto estica a defesa com a ameaça do chute de três, mesmo que tenha errado seus últimos oito arremessos em Cleveland. Draymond vai fazer de tudo para atrapalhar LeBron na defesa e, se conseguir brecar o astro, já é mais uma opção para o desafogo em transição.

Enfim, o cara faz de tudo em quadra e é a figura essencial para essa ''Escalação da Morte'', para além do poderio ofensivo de Curry e Thompson, e simplesmente não há como substituir tudo o que ele entrega em quadra. Se os Splash Brothers estiverem no melhor ritmo, caminhando para os 30 pontos cada – tal como naquele histórico Jogo 6 contra OKC –,  fica mais fácil. Mas não dá para contar o tempo todo com isso, nem mesmo com a estreia extraoficial da dupla na quinta partida. O que resta a Kerr, então? Uma sensibilidade aguçada para atender a qualquer necessidade imediata da equipe, com alterações pontuais, imaginando que o quinteto inicial terá Curry, Thompson, Iguodala, Barnes e Bogut.

Varejão pode muito bem ser requisitado para ajudar defesa e rebote do Warriors

Varejão pode muito bem ser requisitado para ajudar defesa e rebote do Warriors

O problema é tentar remediar um lado e se atrapalhar do outro. Taí a relevância de Draymond. Pela terceira vitória, ele ficou em quadra por 42 minutos, que terão de ser distribuídos entre reservas, justamente num momento no qual Kerr estava preparado para enxugar a rotação. Curry (40), Thompson (39) e Barnes (40) já haviam recebido pesada carga, assim como Iguodala (37). Supondo que nenhum deles tenha problemas com falta e que, a essa altura do campeonato, o técnico possa dar mais alguns minutinhos aqui e ali, você até poderia descontar mais seis minutos dos 42 que vai ter de repor. Sobram, ainda, 36. Três períodos inteirinhos.

Uma certeza: Harrison Barnes vai ter de jogar muito. Talvez a partida de sua vida, com um foco inicial: rebotes. Dormir pensando em rebote, acordar pensando em rebote. Almoçar pegando em rebote. Dirigir para o ginásio pensando em rebote. Deu para entender, né? Na temporada regular, ele teve média de 4,9 por jogo. Na série final, 5,5. Em apenas três rodadas, o atlético ala de 2,03m, forte toda a vida, saiu de quadra com mais de 10 rebotes: 12 no Jogo 1 contra Portland, e 11 contra Utah e Indiana pela temporada regular. Mas você acha que é só? Não, também seria bom converter seus arremessos de fora (tal como aconteceu no último duelo, com quatro cestas) e, se possível, ainda colocar a bola no chão para atacar a cesta se houver brecha. Uma atuação para quem pensa em ganhar mais de US$ 20 milhões anuais já a partir de julho.

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>> Jogo 2: Não é só o Warriors 2 a 0. Mas como aconteceu
Mais: São sete derrotas seguidas, e LeBron está cercado
>> Jogo 3: Enérgico, Cavs responde na série das lavadas
Mais: Love sai do banco, mas como fica o Cavaliers?
>> Jogo 4: Curry desperta, mas não só. GSW perto do bi

Será que Bogut vai conseguir se segurar em quadra? Improvável. O australiano jogou apenas por dez minutos em Cleveland, e a verdade é que, nestas finais, sua presença em quadra tem significado basicamente. Dentre os quatro quintetos mais utilizados na série, aquele que tem o gigante no garrafão é o único de saldo negativo. Um saldo pavoroso, na verdade, com -19,7 pontos. Isto é: a ''Escalação da Morte'' ganha outro sentido. É a morte do próprio Golden State.

Quem deve jogar muito mais é Shaun Livingston, que recebeu 19 no último jogo. A dúvida que fica é se um reserva, mesmo de alto nível assim, pode manter sua efetividade em um período mais longo. Leandrinho também deve retornar ao time. Os dois são importantes como criadores e agressores no ataque. Mas o tempo de ambos depende muito da produção do Cavs também. Se Tristan Thompson e, principalmente, Kevin Love estiverem inspirados, assertivos no garrafão, aí o Warriors vai ter problemas. Aí Varejão deve ser chamado, a julgar pelo que o treinador anda fazendo nos playoffs. Festus Ezeli está jogando muito mal. James Michael McAdoo tem mobilidade e impulsão para brigar e sua mobilidade e até foi acionado para jogar na sexta, de modo surpreendente. Mas ainda é muito cru para receber muito mais do que sete minutos. As próximas reuniões de Kerr com seus assistentes vão ser muito interessantes.

De repente, os atletas do Warriors, pês da vida, joguem muito e esculhambem com o Cavs e a liga, para 'vingar' seu All-Star. Foi o tema das entrevistas deste domingo, claro. Vejam esta obra de arte de Marreese Speights, por exemplo: ''É muito zoado suspender um cara por nada. Se alguém põe as bolas em sua cabeça, o que você deveria fazer? As bolas estavam na parte de trás de sua cabeça. É meio que zoado, cara, mas fazer o quê?'', manifestou o pivô que ainda usaria o Twitter para postar um emoji de uma mamadeira. ''Quando alguém faz uma coisa dessas, você meio que perde o respeito por ele. Tinha muito respeito por LeBron por sua carreira, desde que estava no high school. Mas fazer uma coisa dessas só para causar a suspensão de alguém? Isso é meio que desrespeitoso.''

Vai ter de ser uma partidaça, mesmo, para substituir alguém que, para o seu sistema, é insubstituível. Pelo menos não por um atleta só. Ao ser suspenso, Draymond Green está até mesmo proibido de entrar na Oracle Arena. Assim diz a regra liga. Se o Warriors vencer e garantir o bicampeonato, ainda está sendo discutido se ele poderá se juntar aos companheiros, pois o protocolo aparentemente não dava conta de uma situação destas. Depois de tomar uma decisão sobre um episódio controverso como o do entrevero em quadra, isso parece muito mais fácil, de qualquer modo.

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Curry desperta, mas não só. Warriors está a um triunfo do bicampeonato
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Giancarlo Giampietro

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Acho que vale insistir nesta briga: não é só Stephen Curry quem está a uma vitória do título e LeBron James, a três vitórias da virada. Os dois superastros, claro, se encontram nessa condição. Mas eles não estão jogando uma partida de… VinteUm. Não tem nada mano-a-mano aqui, mas, ante, duas equipes se enfrentando, com o Golden State Warriors vencendo pela terceira vez pelas #NBAFinals. Foi, agora, finalmente, uma partida mais apertada, mesmo que o placar aponte dois dígitos ao final: 108 a 97.

Por mais que o Chef Curry tenha feito sua melhor partida da série neste Jogo 4 e que LBJ tenha patinado em quadra em diversos momentos críticos, a disputa do caneco da liga nunca se tratou de um enfrentamento simplório assim, por mais que se insista em tentar personalizar as coisas. O Cavs não perdeu porque LeBron foi, supostamente, ''omisso''.  O Warriors não venceu porque Curry chutou bem, e só. As duas coisas, de alguma forma, com pesos diferentes, fazem parte da equação. Mas não são os únicos fatores determinantes para que os atuais campeões tenham aberto a vantagem de 3 a 1 no score geral da série.

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O Warriros conseguiu, como um todo, impor ao Cavaliers sua primeira derrota em casa nestes playoffs. Fundamental para isso é o fato de a equipe local não ter passado dos 100 pontos. Essa limitação só foi possível graças a mais um grande esforço defensivo da equipe de Steve Kerr no quarto período, vencido por nove pontos de diferença. (Na real, teria sido uma quantia maior, não fosse o ''crunch time'' bem travado, com trocas de lances livres quando o jogo já estava praticamente decidido.)

Tal como acontecera no Jogo 6 em OKC pela final do Oeste, os forasteiros foram capazes de anular um poderoso ataque, com sua Escalação da Morte (e derivações). O Cavs ficou mais de seis minutos sem fazer sequer uma cesta de quadra, e aí também não dava para culpar Kevin Love, por exemplo. O ala-pivô topou sair do banco e contribuiu com 11 pontos e 5 rebotes em 25 minutos. Foi muito mais ativo do que o normal, voltando de uma concussão, mas não salvou, nem afundou seu time.

Com ou sem Love, LeBron e o empolgado Kyrie Irving (34 pontos em 28 arremessos 43 minutos) se atrapalharam. O camisa 23 preferido de Cleveland terminou com 25 pontos, 13 rebotes, 9 assistências, mas também com 7 turnovers e 1-5 de longa distância e ainda discutiu com Draymond (mais abaixo) e Curry nos minutos finais, um tanto fora de controle. Algo raro de se ver. Quando questionado a respeito, o técnico Tyronn Lue que era o caso de perguntar para LeBron o que havia acontecido. Em sua entrevista, o técnico estava igualmente desbaratinado, com uma postura pouco animadora.

Já Kerr, como de praxe, matou a pau, ao afirmar que seu time não sabe lidar com a ''prosperidade''. Ele falou isso rindo, mesmo. No sentido de que, pelo Jogo 3, estava claro que o Golden State havia entrado em quadra com aquela sensação de ''já-ganhou'', de que haviam solucionado as finais, enquanto o Cavs tinha planos muito diferentes. Dessa vez, mordidos após a surra de 30 pontos que levaram, seus comandados vieram prontos para jogar dos dois lados da quadra.

Os representantes do Leste até fizeram sua parte. Em termos de energia, esforço, engolindo a tábua ofensiva nos rebotes, não há o que a torcida, o técnico Tyronn Lue e os dirigentes contratados pelo fanático Dan Gilbert questionarem. O primeiro tempo, inclusive, terminou com vantagem de 55 a 50 para os caras, mesmo com Curry dando sinais desse despertar e com LeBron razoavelmente contido.nNa segunda etapa, porém, mesmo com Kerr mantendo Andrew Bogut na formação inicial, as coisas viraram.

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O Cavs ainda perseguia bravamente Curry em suas movimentações fora da bola. Tristan Thompson conseguia fazer um excepcional papel quando sobrava com o armador no perímetro. Mas o talento do MVP enfim prevaleceu. Ele saiu de quadra vitorioso com 38 pontos em 40 minutos e 25 arremessos, além de 6 assistências e 3 turnovers – número elevado ainda, mas relativizado positivamente pelo que havia cometido nas três primeiras partidas, conseguindo assumir o controle do duelo, a despeito de forte defesa. O que esses números representam exatamente na série? Muito. Pelos três primeiros jogos, Curry havia acumulado 48 pontos e 10 cestas de longa distância. Nestes 40 minutos, anotou, respectivamente, 38 e 7.

Quando Curry passa dos 30 pontos, o Warriors sai vencedor em quadra. Pelo menos foi o que aconteceu nas últimas 14 ocasiões pelos playoffs. Pegue, então, os 25 pontos em apenas 14 arremessos e 39 minutos para Klay Thompson, e perceba como o ataque voltou ao normal. Você tem aí 63 pontos para os Splash Brothers. O time conseguiu 51 pontos em chutes de fora, contra apenas 18 do oponente, batendo um recorde das finais com 17 conversões.

Harrison Barnes acompanhou os dois astros, com a confiança resgatada por uma ótima atuação pelo Jogo 3. Prestes a entrar no mercado de agentes livres, querendo uma bolada, o ala marcou 14 pontos e pegou 8 rebotes em 40 minutos, matando 4 em 5 tiros de longa distância. Draymond Green foi mais uma vez bastante contido no ataque, mas provou como sua influência em quadra é geral. O ala-pivô teve um desempenho vital por sua defesa para cima de LeBron, e ainda contribuiu com 9 pontos, 12 rebotes, 4 assistências, 3 tocos e 2 roubos de bola, além do maior saldo dos visitantes no jogo (+14 pontos). Sem citar números, podemos atribuir a Andre Iguodala o mesmo tipo de impacto.

Já está na receita, gente: quando quer, quando está envolvido no jogo com pilha e concentração – foram apenas nove turnovers dessa vez –, esse conjunto do Warriors se torna praticamente imbatível. Exagero? Nada: basta lembrar que em apenas uma ocasião essa equipe perdeu duas partidas seguidas em toda a temporada. Foi no duelo com OKC, pelo Oeste, quando foram derrotados pelos Jogos 3 e 4, antes de buscar uma virada já histórica. Esse é o tipo de dado estatístico que, colado aos 73 triunfos da temporada regular, aos diversos recordes de chutes de longa distância, aos dados de Curry, Draymond e Klay, comprova o quão especial é a campanha dos caras.

É preciso levar isso em conta, gente, na hora de falar sobre o outro lado. Talvez Durant, Westbrook e seus comparsas do Thunder não tenham amarelado. Talvez LeBron não tenha sido tão omisso assim, ou Kyrie, desequilibrado. Talvez seja simplesmente o efeito de se enfrentar uma defesa tão ágil e combativa como a do Warriors regularmente. Sim, temos provas de que, quando você movimenta a bola com rapidez e tem dois cestinhas de altíssimo nível em quadra para agredir, essa linha defensiva pode ser superada. Ainda mais quando seus componentes estão um tanto relaxados. Mas, numa série melhor-de-sete, fica mais complicado.

Isso dá segurança para Kerr. O técnico pode não ter forçado alterações mais radicais em seu quinteto titular, mantendo Bogut em quadra por 10 minutos, praticamente nos cinco minutos iniciais de cada tempo. Embora a presença do australiano possa ser vista muito mais como um blefe, considerando seu tempo limitado de quadra – ainda bem, para o treinador, já que, entre os atletas receberam mais de sete 7 minutos nesta sexta-feira, só ele não teve um saldo positivo: saiu 'zerado'.

E, sim, só foram oito atletas com mais de 7 minutos em quadra pelo Warriors. Os titulares habituais, com carga elevada para Curry e Banres (40 cada!), Thompson (39!) e Draymond (42!),  tiveram a companhia de Iguodala (37!), Shaun Livingston (19) e James-Michael McAdoo – estreando na série, e aí, sim, um pequeno surpreendente ajuste do treinador. Totalmente inesperado. Não interessam muito seus 2 pontos, 1 rebote, 1 assistência em 7 minutos, mas, sim, o fato de que, atleticamente, ele conseguiu competir com a formação mais baixa do Cavs, saindo com +3 de saldo. Leandrinho dançou nessa, enquanto Festus Ezeli  recebeu apenas um trepidante minuto e Anderson Varejão jogou por quatro.  Quer dizer, sabemos que Kerr confia em seu elenco, mas, num jogo vital como esse, enxugou enfim sua rotação e manteve por mais tempo seus melhores atletas. Algo mais que esperado, mas que, ainda assim, faz parte dos sacrifícios gerais a que seus atletas são submetidos, sem deixar o coletivo menos forte.

*   *   *

Em termos negativos, o Golden State só vai mais uma vez viver alguns dias de suspense quanto a Draymond Green, que, depois de um entrevero com LeBron pelo quarto período, está sob risco. Pode muito bem ser suspenso por um suposto golpe baixo, ainda mais considerando seus antecedentes nestes playoffs. O lance foi um enrosco que só, com ação e reação – após empurrão do astro do Cavs – e merece ser avaliado com calma pela liga:

 

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Magnano “digere” desencontros com Faverani e convoca pivô para o #Rio2016
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Giancarlo Giampietro

Faverani fez boa Liga ACB pelo Murcia. Agora vai?

Faverani fez boa Liga ACB pelo Murcia. Agora vai?

Considerando todas as declarações e farpas que o Rubén Magnano soltou nos últimos anos, é com surpresa que recebemos a inclusão de Vitor Faverani nesta sexta-feira num grupo de 14 candidatos a disputar as Olimpíadas do #Rio2016 pela seleção brasileira. O pivô é a grande surpresa numa lista, digamos, conservadora elaborada pelo argentino, com os nomes de sempre. Huertas, Raul, Rafa Luz, Larry, Benite, Leandro, Alex, Marquinhos, Giovannoni, Varejão, Nenê, Hettsheimeir e Augusto o acompanham. Dois desses terão de ser cortados.

Magnano flerta com a convocação do pivô há um bom tempo tempo, mas até agora não teve sucesso em fazer com ele se apresentasse. Foram idas e vindas neste namoro, incluindo o famigerado episódio de 2011, antes da Copa América, em que o treinador levou um 'cano' do atleta durante uma viagem à Espanha. Os dois supostamente iriam se reunir em um hotel de Murcia. O técnico foi. O jogador, não – depois, alegou que e teve um problema pessoal de última hora e que não conseguiu se comunicar com o argentino. Obviamente esse 'causo' deu o que falar. Dois anos depois, o atleta voltou a ser listado para mais uma Copa América. Os dois, enfim, se encontraram, e Vitor topava jogar. Mas aí veio um acerto com o Boston Celtics para travar o processo. Desde então, o argentino não perdeu a chance de alfinetar o atleta durante uma série de entrevistas.

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Acontece que agora a gente está falando de Olimpíada. De tentar reunir os melhores atletas, mesmo, e lutar por uma medalha em casa. Acho que era motivo o bastante para Magnano superar qualquer ressentimento que restasse e desse mais uma chance a Faverani. ''Sempre quis que ele jogasse pela seleção. Houve no passado uma situação muito curiosa, desagradável. Digo curiosa, porque não posso dizer que tenha sido engraçada. Consegui digerir isso'', afirmou o técnico, com a acidez típica. ''Depois, ele teve muito problema de lesão, que atrapalhava sua preparação. Hoje, como já tinha visto há muito tempo, acho que ele está jogando muito bem. Tenho gostado muito dele, é um grande jogador. Ele tem muita vontade de vir, estamos em contato direto com ele e, por isso, está de novo na convocação. Espero não ter mais nenhuma surpresa. Se vai ficar ou não, depois vemos.''

Que Magnano tenha ''digerido'' essas questões só mostra o quanto admira as características de Faverani, que de fato são raras para um pivô e estão em voga. Recuperado de uma cirurgia no joelho que o atrapalhou muito nos últimos dois anos e forçou sua demissão pelo Boston Celtics e pelo Maccabi Tel Aviv, o jogador oferece arremesso de média para longa distância e também é um excelente protetor de aro. Isto é, pode jogar aberto no ataque tranquilamente, espaçando a quadra quando necessário, e estabelecer uma presença defensiva importante no garrafão. Pelo fato de nunca ter se apresentado antes, porém, dá para dizer que corre por fora, mesmo que tenha feito boas apresentações pelo Murcia na segunda metade da temporada espanhola. Afinal, este é o modus operandi do argentino.

Ninguém vai olhar a lista de Magnano e apontar uma incoerência. Na verdade, o treinador se mantém fiel até demais aos atletas que convocou durante anos e anos. Pesa muito mais na cabeça do argentino a noção de conjunto da obra do que necessariamente a produção apresentada na última temporada – no caso de Bruno Caboclo e Lucas Bebê, aliás, para constar, nenhum desses fatores os favoreciam. Não havia muito espaço para novidades. Ou isso, ou o treinador julgou que nada de muito interessante tenha surgido no último NBB.

Da liga brasileira, para o grupo principal, foram chamados seis jogadores – todos eles figuras mais que habituais em suas listas e que também tiveram experiência no exterior antes de se estabelecerem como referências em quadras nacionais. Magnano dá muito valor a isso. De resto, sobrou uma composição de veteranos e mais jovens para a disputa do Sul-Americano (valorizada este ano pelo fato de já valer para o novo calendário de seleções da Fiba).

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O outro nome mais comentado do dia foi o de Cristiano Felício. O pivô seria convocado, mas pediu dispensa para seguir treinando com o Chicago Bulls. Lendo assim, a frase parece absurda, não? Magnano, mesmo, se frustrou. ''Claro que fico chateado. São razões pessoais. Temos que entender. Não significa aceitar'', disse Magnano.

Mas é preciso entender a dinâmica que envolve jovens atletas e clubes da NBA. É improvável que a recusa tenha partidoexclusivamente de Felício. Há sempre outro lado nesse tipo de questão. Em seu comunicado, tentando explicar o que se passava, dá para dizer que o pivô foi no mínimo ambíguo, claramente tentando evitar pisar nos calos de muita gente.   ''Estou vindo de um bom fim de temporada pelo Chicago Bulls, e, como todo brasileiro, vivendo também essa expectativa pelas Olimpíadas no Brasil. Mas não posso pensar com a paixão, preciso e devo agir com a razão. Não foi nada fácil. Sei da importância, do que significa vestir a camisa do meu país, mas tenho a consciência de que tenho que trabalhar ainda mais duro, me dedicar e evoluir para conquistar o meu espaço, pensar no meu futuro. Infelizmente, aconteceu tudo ao mesmo tempo'', afirmou.

O que acontece? O jovem pivô foi uma das poucas boas notícias que o Bulls teve em uma campanha que foi um tremendo fiasco. Aproveitou as chances que teve nas últimas semanas da temporada, mostrou serviço e subiu de cotação internamente. É provável que o chefão John Paxson e o técnico Fred Hoiberg tenham planos mais ousados para ele, ainda mais com as incertezas em torno de Pau Gasol e Joakim Noah, agentes livres. De modo que o clube prefere manter o pivô por perto, dar sequência ao seu desenvolvimento e eventualmente disputar uma segunda liga de verão.

Taí mais uma frase que parece despropositada, já que estamos falando de uma Olimpíada em casa. Mas o que prevalece aqui é a lógica da diretoria do Bulls, que cuida de seu investimento do modo que achar  melhor. E não havia muito como atleta e empresário baterem o pé aqui, ao contrário do que Giannis Antetokounmpo fez com o Milwaukee Bucks, por exemplo. A franquia de Winsconsing não vai querer irritar  seu jovem prodígio. Por outro lado, em Chicago, por melhor que tenha ido em sua temporada de novato, Felício ainda não teria tantos trunfos para barganhar. Seu contrato nem deve estar garantido.

Além do mais, se viesse, iria se meter em uma disputa acirrada por um lugar final no grupo olímpico. Ao meu gosto, não só entraria no grupo dos 12, como chegaria para jogar. Mas a cabeça de Magnano não funciona assim, e o pivô revelado pelo Minas Tênis teria de se superar para desbancar nomes mais badalados e de veteranos que bateram cartão nos últimos torneios. Não seria fácil. Assim como não será para Faverani, independentemente da digestão do argentino.

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Love pode ser reserva no Jogo 4. Como fica o Cavs?
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Giancarlo Giampietro

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Entrando com link ao vivo direto do vestiário do Cleveland Cavaliers, o repórter Renato José Ambrósio, da ESPN Brasil, relatava como Kevin Love havia passado todo sorridente pelo recinto, saudando seus companheiros, após a espantosa vitória por 30 pontos sobre o Golden State Warriors pelo Jogo 3 das finais da NBA.  Resta saber se ele ainda ficaria tão empolgado assim caso consultasse o Google para ver o que os jornalistas estavam repercutindo sobre esta surra que havia acabado de testemunhar fora da quadra. Mas não só essa corja do reportariado, não. Jogadores dos mais diversos perfis, como o classudo Vince Carter e o descontrolado Markieff Morris, também empunharam a corneta.

Independentemente do que estava sendo publicado, LeBron James saiu de peito estufado, mas isso é o natural. Kyrie Irving redescobriu sua ginga e JR Smith, seu arremesso e a coragem para arremessar também. Richard Jefferson deveria estar fazendo flexões que nem um maluco pilhado. Tyronn Lue talvez tenha se dado ao luxo de acender um charuto e abrir a melhor champanhe disponível na arena, se livrando de um fardo – pelo menos por uma noite. Agora… Quanto a Love, o que dá para dizer é que o amor realmente não estava no ar. (Mil perdões pelo trocadilho, mas é que parece obrigatório fazê-lo, não? É maior do que o bom senso.)

A partida ainda não havia nem acabado. Ainda estava rolando o primeiro tempo, na real, quando o desempenho arrasador dos donos da casa já sugeria esse questionamento que vai durar até a noite de sexta-feira, quando a bola subir para o Jogo 4: será que o Cavs melhora sem o ala-pivô? Lembrando, para quem não sabe, que o jogador ainda está vetado pelo departamento médico do clube, ainda sob efeitos de uma concussão, causada por uma cotovelada involuntária de Harrison Barnes pelo segundo jogo.

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De primeira, considerando o resultado de 120 a 90, a resposta parece óbvia e inclemente, não? Deu no que deu. Mas não dá para dizer que tudo se explica pela ausência. Seria muito simplista atribuir uma vitória desse tamanho ao fato de Love estar assistindo ao espetáculo. Da mesma forma que a equipe não apanhou em Oakland só por contar com ele. Cada jogo conta uma história, como bem podemos notar nesta série, e a alternância de um dia para o outro pode ser influenciada pelos fatores mais aleatórios. Nesta quarta, o Cavaliers precisava vencer de qualquer maneira. Ou isso, ou seriam obrigados a vencer quatro partidas seguidas contra um adversário que, no ano inteiro, só foi derrotado 14 vezes em 101 partidas. Para o time anfitrião, como LeBron havia colocado, era matar ou morrer, exigindo esforço absoluto. Uma situação extrema, por mais que pensar os Jogos 1 e 2 de uma decisão de NBA como temas menos urgentes seja absurdo.

Nos 38 minutos em que o ala-pivô esteve fora de quadra durante as duas primeiras partidas, o Cavs foi superado por 32 pontos – dos 48 negativos que havia acumulado, vejamos. Em termos de pontos por posse de bola, o quinteto titular com Irving, JR, LeBron, Love e Tristant, a formação mais usada nos playoffs e vinha tendo sucesso. Ainda nestas finais (com 32 minutos), teve o saldo menos pior, com -8,9 pontos.

Ok. Mas perder por 8,9 pontos a cada 100 posses deixaria o Cleveland entre os piores times da liga durante a temporada regular, por exemplo. Estava longe do ideal. Então talvez, independentemente de uma concussão, fosse a hora de Tyronn Lue buscar novas soluções. Pois o Jogo 3 vai forçar o treinador a abrir a cabeça, mesmo, e pensar bem no que fazer daqui para a frente. Quais foram as consequências mais óbvias dessa mudança?

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Ao escolher Richard Jefferson como o substituto, em vez de Channing Frye (que tem posicionamento e papel semelhante ao de Love), Lue viu o Cavs ganhar muito mais agilidade e mobilidade, atacando e defendendo. Por mais peso que Kevin Love tenha perdido desde sua entrada na liga em 2008, ainda estamos falando de um jogador que contribui em transição muito mais com seus maravilhosos passes longos logo na sequência de um rebote ou como chutador de três pontos sendo justamente o último a chegar ao ataque, recebendo o passe de dentro para fora. Não que Jefferson seja superior, por mais que esteja contribuindo nas últimas duas partidas. Foi só uma questão do encaixe, da composição de um quinteto que renda melhor especificamente contra o Golden State.

Jefferson, aos 35 anos, simplesmente não pára em quadra e ainda tem capacidade atlética para incomodar quando corta para a cesta sem a bola, balançando a defesa do Warriors, e também colocando seu próprio time em movimento. Para Love, a dinâmica é a aposta. Em Cleveland, o jogador de 27 anos geralmente é acionado de costas para a cesta para jogar em mano a mano ou tem de abrir e estacionar na linha de três esperando o desfecho de alguma trama de LeBron ou Irving. Ainda é um jogador efetivo nesse tipo de jogada, mas está basicamente parado em quadra.

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Contra uma defesa tão agressiva e bem preparada como a do Warriors, essa abordagem permite que os marcadores se aproximem dele e recuperem sua posição original com maior facilidade. Na defesa, o veterano ala também cobre muito mais espaço, combatendo Harrison Barnes ou Andre Iguodala tranquilamente, assim como o espigão Shaun Livingston. Já Channing Frye, regristre-se, foi constantemente atacado por Barnes no segundo período, sem conseguir parar o ala, justamente no melhor momento do adversário no confronto.

Outro fator que pode ter contribuído: sem Love, LeBron e Irving tiveram mais chance para atacar. Não só em termos de espaçamento como em oportunidades, mesmo, de ficar com a bola. Não havia a preocupação de envolver o ala-pivô e deixá-lo motivado – uma novela que se arrasta desde 2014, com seus treinadores buscando soluções para tirar o máximo de proveito dos recursos do jogador . Os dois astros que foram para a quadra tentaram juntos 51 arremessos, praticamente divididos em 50% para cada. LeBron, operando basicamente na cabeça do garrafão, atacando frontalmente, só tentou um a mais.

Dado o resultado surpreendente da partida, já há, então, esse forte clamor para que Love fique no banco. Isso para quem ainda conta com o jogador. Houve mesmo que sugerisse, fazendo piada ou não, que ele nem voltasse. Ainda que Lue pareça disposto a enxugar ainda mais sua rotação, banir Love seria um exagero. Se for manter o quinteto com Jefferson, LeBron e Thompson entre os titulares, Love poderia ser utilizado de modo pontual, contra a segunda unidade do Golden State, tal como OKC fez com Enes Kanter na final do Oeste ou como o próprio Golden State lidou com David Lee no ano passado. O problema? Mesmo nesse cenário, o ala-pivô ainda teria de perseguir Draymond ou Barnes. A não ser que Marreese Speights ou Festus Ezeli estejam em quadra.

O mistério é saber como Love reagiria a um eventual rebaixamento. Em tese, como Andre Iguodala nos ensina, deveria valer tudo em nome do time, né? O sucesso coletivo viria antes do brilho individual. Acontece que o ala-pivô  não é dos personagens mais fáceis de se dobrar. Segundo Marc Stein, do ESPN.com, após participar de um treino leve pela manhã, ele estava crente que iria para o jogo. Mas não foi liberado pela equipe composta pelo médico Dr. Alfred Cianflocco e o fisioterapeuta Steve Spiroe, ambos da franquia,  e do médico Jeffrey Kutcher, da NBA, e ficou pê da vida. (Atualização: a mídia de Cleveland agora diz que um retorno do jogador é provável para esta sexta-feira, e como reserva, mesmo, sem citar fontes oficiais.)

Também há um contexto complicado aqui, com muita história. Dependendo da reação, do que se passar em quadra e do desfecho da série, não é descabido dizer que Love pudesse até mesmo estar se despedindo do clube. Isso são os repórteres que cobrem o Cavs diariamente que dizem. (A propósito, que tal Love por Melo?)

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Agora sob luz mais intensa ao lado de LBJ, o veterano viu sua cotação se desvalorizar bastante desde a saída de Minnesota, de forma justa ou não. Depois de ter custado ao Cavs um prodígio como Andrew Wiggins, o número um de seu Draft, em 2014, agora há quem duvide que o clube conseguiria até mesmo um combo de Avery Bradley e Jae Crowder (independentemente da matemática salarial) pelo jogador. Os mais críticos falam sobre sua lerdeza e desatenção na defesa. Além de sua dificuldade para se integrar a um grupo – neste caso, LeBron foi um dos que jogou gasolina na fogueira, com diversas indiretas em redes sociais ou mesmo em entrevistas, reclamando de sua suposta postura de lobo solitário.

Tyronn Lue está ciente de tudo isso, claro. Os dirigentes e companheiros de time também. Se o técnico, jogador, elenco a diretoria vão se deixar influenciar por esse dilema, se vão pensar tão somente naquilo que acreditarem ser o mais útil para tentar empatar a série e lutar pelo título, talvez seja a principal pergunta do momento. Em sua coletiva pós-jogo, Lue se saiu bem e ganhou tempo. Um repórter o questionou: se Love estiver liberado para jogar na sexta, ele espera usá-lo? O treinador respondeu com uma pergunta, se precisava realmente dizer isso ali em público. O jornalista rebateu que isso era ele quem decidiria. Lue sorriu e emendou: ''Não vou te dizer''. Talvez esteja jogando com a concorrência, para deixar Steve Kerr e seus assistentes em dúvida, no que teria toda a razão. Talvez nem tenha uma decisão tomada. De qualquer forma, a resposta é difícil. Por ora, o nome e o jogo de Kevin Love ficam no ar, mesmo .

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Pura energia: Cavs responde na série final das lavadas
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Giancarlo Giampietro

(Atualizado às 8h10)

LeBron ainda pode cravar essa bola. Mas ainda precisa de ajuda, que dessa vez veio

LeBron ainda pode cravar essa bola. Mas ainda precisa de ajuda, que dessa vez veio

O Cleveland Cavaliers deu a resposta de que precisava. Depois de sair de Oakland com 48 pontos negativos na conta, o time do Leste venceu o Jogo 3 das finais doa NBA contra o Golden State Warriors por 120 a 90. Agora faltam só 18 pontos para tirar e empatar a série.

Mentira, claro. Basta um triunfo por um pontinho na quarta partida, sexta-feira, que tudo estará zerado no retorno a Oakland. Vocês me desculpem a confusão matemática, mas é que os placares de um jogo para o outro foram tão esdrúxulos até agora, que fica muito complicado de estabelecer uma lógica. Entre os 33 pontos de vantagem do Warriors no domingo e os 30 do Cavs de agora, a liga americana viu a maior reviravolta da história.

Levar de volta a Oakland, na verdade, é a primeira vitória dos caras. Algo que, nesta quarta de manhã, não poderia ser garantido nem mesmo por LeBron James. Não do jeito como o confronto havia iniciado. Mas vejam como todos somos geniais. Depois de um intervalo de 72 horas, ou coisa assim, o Cavs já parecia o melhor time do mundo, enquanto o Warriors fazia as vezes de reles equipe que havia simplesmente passado por uma conferência extremamente frágil. Né? Uma completa inversão de papéis. Aqueles que não marcavam nada limitaram o melhor ataque da liga a 90 pontos, sua menor quantia nestes playoffs.

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Vamos lá: o Cavs fez os primeiros nove pontos do jogo. Nas minhas marcações aleatórias de início da partida, a vantagem chegou a 19 a 4. Depois, 33 a 10. Tudo no primeiro quarto, que terminaria por 33 a 16. No segundo quarto, os visitantes tentaram reagir, conseguiu baixar uma vantagem de mais de 20 pontos para nove, com boa participação novamente de Shaun Livingston, Leandrinho e Andre Iguodala, ao lado de Harrison Barnes e Draymond Green. Foram para o intervalo perdendo por oito pontos. Como se fosse uma reprise do Jogo 2, em que a equipe derrotada parecia ter sorte estar atrás por tão pouco.

Pois é: foi reprise, mesmo. O time da casa atropelou o adversário na volta do intervalo e matou o jogo em 36 minutos. E aí que a parcial final foi mais um extenso ''garbage time'', de maneira bizarra para uma decisão de NBA. Bizarro pela quantidade de espancamentos, e, não, pela superioridade dos LeBrons por uma noite. A série decisiva mais parecida que tivemos, historicamente, nesses termos, foi a de 1985, num dos clássicos Lakers x Celtics. Naquela ocasião, o time de Boston venceu o primeiro jogo por 34 pontos e perdeu o terceiro por 25. (Sim, esse tipo de disparidade acontecia mesmo num confronto legendário como esse. Mas nenhuma dessas lavadas vai constar numa transmissão clássica da NBA. A memória é seletiva por diversos motivos.)

Você vai dizer o quê? Foi pura energia.

Nessa bagunça toda, Kyrie Irving, que havia marcado apenas 10 pontos no domingo, converteu 16 apenas no primeiro período – terminou com 30, um a mais que os Splash Brothers combinados. O aproveitamento de 12-25 nos arremessos, que é um tremendo avanço para quem havia acertado apenas 33,3% em Oakland. Ele foi para o ataque mais cedo, usando dos artifícios de sempre, e deu resultado. ''Não quero dizer que fui um jogador completamente diferente, mas foi apenas voltar sem ficar pensando em nada a não ser jogar de modo agressivo'', disse.

Ao seu lado, JR Smith havia feito apenas oito pontos nos dois primeiros jogos e agora fez 20, matando cinco bolas de longa distância, como se ainda estivesse jogando na primeira rodada dos playoffs. Tristan Thompson seguiu esse embalo e mandou nas duas tábuas, com 16 pontos (5-6 de quadra, 4-5 nos lances livres) e 13 rebotes, incluindo 7 ofensivos, se aproveitando de quem quer que sobrasse com ele no garrafão. Em 40 minutos, LeBron James teve sustância em seus números. Novamente, cometeu muitos turnovers (cinco), mas conseguiu se impor no momento em que conseguiu ir para a cesta (14-26), para fechar com 32 pontos, 11 rebotes, 6 assistências e 2 tocos.

De normal, mesmo, só a baixa produção ofensiva dos reservas, zerados em três quartos. De Kyrie Irving, é disso que se espera. A questão agora é saber se JR Smith continuará produtivo no restante da série, se Thompson vai ser esse reboteiro voraz. E se Richard Jefferson ainda tem gás para render tão bem assim. O ala assumiu a vaga de Kevin Love no time titular e novamente contribuiu com muita energia, algo chocante para a torcida do Warriors, que se lembra de outra versão do ala, mesmo quando ele era mais jovem.

Love foi realmente afastado da partida por conta dos reflexos de uma concussão, e, ainda assim, os titulares de Cleveland mandaram na partida. Especialmente quando Andrew Bogut estava em quadra. Presença amedrontadora na partida anterior, o australiano dessa vez mal viu a bola. Anotou quatro pontos nas raras ocasiões em que a defesa adversária abriu um corredor, pegou dois rebotes, e só, em 12 minutos, divididos precisamente entre os primeiro e terceiro quartos. Depois de os suplentes remarem bastante no segundo período, foi surpreendente que o técnico Steve Kerr tenha iniciado o segundo tempo novamente com o gigante no garrafão – lembrando, mais uma vez, que do outro lado o Cavs tinha um time muito mais flexível devido ao desfalque de Love. No geral, em 25 minutos na série, a escalação titular do Warriors está com saldo negativo de 22 pontos. Muita coisa.

Em sua coletiva, Kerr defendeu a decisão e disse que se sente confortável com ''Bogues'' em quadra. Ele foi bastante questionado a respeito. Esse já é um grande dilema para o Jogo 4, de fato, conforme Jeff Van Gundy já disse em transmissão. O quanto você vai se desesperar após um resultado desses e rever rotações e táticas de um time que venceu 73 partidas no ano e ainda está a duas vitórias mais do título. Foi uma aberração? Foi sorte de um, azar do outro? Love vai retornar na próxima partida? Será como titular?

Em casa, o Cavs tem saldo de 22 pontos por jogo nestes playoffs. 100% ainda

Em casa, o Cavs tem saldo de 22 pontos por jogo nestes playoffs. 100% ainda

De qualquer forma, o treinador quase sempre espirituoso resumiu bem o que sua equipe (não) fez nesta quarta-feira: ''Sempre digo aos caras. Nós somos bem pagos para isso, para enfrentar as críticas, e não apenas para arremessar algumas bolas. Nós todos merecemos as críticas dessa vez. Todos, eu e os jogadores''.  Acreditem: Harrison Barnes foi o melhor atleta do Warriors dessa vez. Com 18 pontos, igualou sua quantia das duas primeiras partidas. Ainda apanhou 8 rebotes e acertou 7 de 11 chutes. Foi o único do time capaz de competir física e atleticamente. Seu agente deve ter gostado bastante. É o tipo de jogo que cai bem no DVD que será distribuído por aí em julho, em busca de um salário de US$ 20 milhões anuais.

De resto? Não há muito o que se destacar. Pelo menos não com um viés positivo. Muito menos os 19 pontos de Stephen Curry, totalmente inócuos, em 31 minutos e 13 arremessos. Ele só entrou no jogo quando esse já estava decidido, na segunda metade do terceiro período. Em seus primeiros 16 minutos de ação, antes de ser substituído com três faltas – de novo cometendo infrações tolas –, tinha apenas 2 pontos em cinco arremessos. Saiu de quadra ainda com mais turnovers (seis) do que assistências (três), caindo facilmente em armadilhas na quadra, passando sem realmente ver quem vinha pela frente, além de ter viajado na marcação. Foi realmente um jogo horrível por parte do MVP unânime, do melhor jogador da liga dos últimos dois anos. ''A culpa foi minha. Eles estavam fazendo uma defesa agressiva e entraram em quadra com muita força. Não fiz nada a respeito, nem joguei meu jogo, e para eu poder ajudar minha equipe, tenho de jogar 100 vezes melhor que isso, especialmente no primeiro quarto, para meio que controlar a partida'', disse.

A paulistinha russa de Mozgov

A paulistinha russa de Mozgov

Klay Thompson também foi mal, com 10 pontos nos mesmos 31 minutos e 13 chutes, mas ganha um desconto por ter tomado uma paulistinha (ou tostão, ou… dependendo da região, ok) de Timofey Mozgov no primeiro tempo.  De novo: uma joelhada de Mozgov na coxa. Deve doer – nas entrevistas, reclamou de deslealdade do russo. Seu irmão de ''splash'' não tomou nenhuma dessas.

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Fico imaginando quão insuportável seria a gritaria se LeBron ou Kobe Bryant estivessem em seu lugar dessa vez. Curry ainda não estreou de fato nas finais. Não da forma como o torcedor do Warriors esperava. Foi bem marcado no Jogo 1, mas serviu como álibi para seus companheiros brilharem. No Jogo 2, teve problema com faltas e, para ser justo, quando retornou, a parada já estava bem encaminhada. De todo modo, suas faltas foram um fator crítico independente do bom desempenho do restante do time. Agora, teve realmente uma atuação patética para alguém de sua estatura. Kerr simplesmente admitiu que seu craque não jogou da forma como estava acostumado, mas que ''acontece'', que foi uma dessas noites em que nada dava certo. Bem, não foi uma noite fraca apenas nestas finais. Longe dos microfones, mas ainda flagrados pelas câmeras da ABC, o treinador perguntava ao armador, no banco, ainda no primeiro tempo, se estava tudo bem. Depois da surra em quadra, o astro mostrava aquele ar de desolação. Uma diferença enorme para a festinha do Jogo 2.

Juntos, Curry e Thompson somam apenas 84 pontos nesses três primeiros confrontos – e aí fica o mérito para a defesa do Cavs. Mesmo que os caras ainda possam explodir no decorrer da série, já foram 144 minutos de contenção. A diferença é que dessa vez seus atletas se deslocaram com rapidez e lucidez, enfrentaram os corta-luzes e fizeram menos trocas para impedir que os demais ''warriors'' invadissem o garrafão para pontuar, permitindo 32 pontos na zona pintada, contra 54 que fizeram do outro lado.

LeBron, sozinho, tem 74 pontos na série, apenas 10 a menos que os Splash Brothers, mesmo muito bem vigiado por Andre Iguodala, cometendo uma serie de desperdícios de bola e tendo dificuldade com seu arremesso de média para longa distância. Dessa vez, esse tipo de chute caiu. Quer dizer, pelo menos pareceu que caiu, devido a uma boa sequência pelo terceiro período, justamente quando o Cavs demoliu seu adversário. No geral, porém, este foi seu desempenho:

Sim, ainda é uma boa ideia conferir o que LeBron pode fazer de fora

Sim, ainda é uma boa ideia conferir o que LeBron pode fazer de fora

Dessa vez, porém, LeBron não jogou sozinho. Ele e Irving chegaram aos 30 pontos. A última vez que dois parceiros haviam conseguido isso em um jogo válido pelas finais da NBA? Em 2013, pelo Miami Heat. Um jogador era o mesmo. O outro era Dwyane Wade. Claro.  Tal como o ''Rei James'' vislumbrava ao trocar South Beach por Ohio, certo? Com um companheiro mais jovem que pudesse brilhar ao seu lado, contra uma defesa forte e inteligente, e tal.

O Cavs segue invicto em seus domínios nestes playoffs, com oito triunfos, enquanto interrompe uma sequência de derrotas para os atuais campeões, que parou em sete. Nesses oito triunfos como mandantes, o saldo é de 176 pontos positivos, para uma média de 22 por jogo. Isto quer dizer que o Warriors precisa, então, abrir pelo menos 23 pontos de vantagem na próxima partida para compensar isso, certo?

Mentira também. Basta que os bicampeões do Oeste cheguem a um ponto de vantagem, mesmo, ao final do jogo para ficar a uma só vitória do título. Nessa série do boi que passa para abrir caminho para a boiada, só está difícil de imaginar um confronto decidido desta maneira.

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Já são 7 derrotas, e LeBron chega cercado ao Jogo 3
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Giancarlo Giampietro

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Após uma derrota pelo Jogo 3 das finais do aaaano passaaaaado, já são sete triunfos consecutivos para o Golden state Warriors em confrontos com o Cleveland Cavaliers, com ou sem Kyrie Irving e Kevin Love em quadra. Nunca um time de LeBron James havia perdido tantas partidas em sequência para o mesmo oponente. Nos últimos dez jogos, o Cavs, um dos melhores ataques da liga, não conseguiu passar da marca de 100 pontos. Nesta temporada, em quatro partidas, a defesa dos atuais campeões também limitou o astro a 33 cestas em 80 tentativas, ou 41,5%.

''Eles nos bateram em todos os quesitos, nós não vencemos nada. Em nenhum ponto do jogo levamos a melhor. Eles nos detonaram'', afirmou o ala, logo após a surra que levaram pelo Jogo 2. É difícil para mim apontar o que não está funcionando e no que poderíamos trabalhar agora. Não dá mais para ter lapsos mentais. Esses caras vão te colocar em muitas posições desconfortáveis do ponto de vista mental, em que você vai ter de procurar entender o que fazer. E eles fazem você pagar se não entender.''

Sim, parece claro que o Warriors encontrou um modo de cercar LeBron. Por maior que tenha sido o sucesso de sua equipe nos playoffs da Conferência Leste, alcançando a segunda final em dois anos sem suar muito, a verdade é que ela não iria a lugar nenhum sem que o craque fosse dominante em quadra. No momento em que foi contido, seus companheiros também se viram contra a parede. Essa é uma conclusão a que LeBron certamente não imaginava chegar dois anos depois de ter deixado Miami para, supostamente, retornar para casa – e, claro, curtir um novo ciclo de sua carreira ao lado de duas estrelas mais jovens que tinham tudo para aliviar a pressão sobre seus ombros e articulações desgastadas, enquanto Dwyane Wade e Chris Bosh envelheceriam em South Beach.

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A torcida de Cleveland estava ansiosa para a revanche contra o Warriors, dessa vez com Irving e Love em forma. A esperança e, no caso de alguns, a aposta era de que tudo seria diferente. Que a virada sofrida em 2015 só se justificava pelo fato de o time ter jogado todo despedaçado, com o camisa 23 sobrecarregado, sem pernas ou recursos para reagir. E cá estamos: com a série encaminhada para o Ohio, e o Jogo 3 marcado para esta quarta-feira, o rival californiano tem confortável vantagem de 2 a 0, ainda mais expressiva quando o placar das duas primeiras partidas apontou um saldo de 48 pontos, sem que os reforços tenham influenciado em nada o rumo do confronto. Para ser mais preciso, Love mal jogou o segundo tempo do último duelo, vetado pelo protocolo de concussão da liga. Para ser justo, a presença do ala-pivô não teria feito diferença nenhuma.

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Goste ou não, o destino do Cavs gira em torno de LeBron, e não só em termos de negócios. Em quadra, já são dois anos completos com esse núcleo, e o time ainda não encontrou uma forma orgânica de jogar sem que as ações comecem e terminem com seu veterano astro. Contra o Detroit Pistons e, depois, detonando Atlanta Hawks e Toronto Raptors, os caras praticaram um basquete realmente empolgante, solidário, dominante. Não foi um engodo. Em todas as séries, porém, não há como negar também que LBJ não enfrentou resistência nenhuma.

Na primeira rodada, foi até bonitinho o esforço corajoso do novato Stanley Johnson, com provocação e tudo. Mas nem ele, muito menos Marcus Morris e Tobias Harris tinham condições de acompanhar a estrela adversária. Em quatro jogos, James teve médias de 22,8 pontos, 9,0 rebotes, 6,8 assistências e 48,7% nos arremessos, com 3,0 turnovers. Depois, enfrentando a segunda melhor defesa da liga, o ala também não deu bola. Por mais uma varrida, foram 24,3 pontos, 8,5 rebotes, 7,8 assistências, 50,7% de quadra e 4,3 turnovers – coletivamente, o Hawks montou um forte sistema de contenção, mas, com os chutadores de Cleveland on fire, sobrou para Kent Bazemore (muito mais baixo e mais fraco) e Paul Millsap (ainda bem mais lento) o ônus de lidar com o craque em mano a mano. Na final do Leste contra o Toronto Raptors, com um DeMarre Carroll arrebentado, o estrago foi ainda maior, com 26,0 pontos, 8,5 rebotes, 6,7 assistências e impressionantes 62,2% de acerto e apenas 2,3 turnovers, em seis partidas. Em suma: Pistons e Hawks até forçaram desperdícios de posse de bola, mas não serviu para nada.

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Já o Warriors conta com Andre Iguodala (e um pouco mais, claro). O experiente defensor obviamente não está anulando seu oponente. Isso não vai acontecer. Mas tem feito de tudo para atrapalhá-lo e diminuir sua eficiência. Em Oakland, os números de James continuaram volumosos em uma primeira vista: 21,0 pontos, 10,0 rebotes e 9,0 assistências. Mas aí você pega o seu aproveitamento nos chutes (42,1%) e o número de turnovers (5,5) e percebe como a marcação do Warriors tem surtido efeito. Mesmo quando força a troca, o astro do Cavs tem se enroscado com Klay Thompson ou mesmo Draymond Green.

O natural aqui é se concentrar em Iggy, e os números o favorecem. Nos últimos 10 duelos, LeBron acerta apenas 35,1% de seus arremessos quando o ala é o seu marcador primário. Foram apenas 32 cestas em 91 tentativas. Nesta final, especificamente, o aproveitamento é de 40%. No Jogo 2, foram 17 posses de bola em que o ala ex-Sixers o defendeu. Aí preparem-se, que os dados são ainda mais impressionantes: LBJ só tentou três cestas, acertando uma. De novo: apenas uma cesta em 17 jogadas. E sabe do que mais? Todos os sete turnovers que cometeu no jogo aconteceram com Iguodala em ação. Demais.

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Em sua coletiva, Tyronn Lue procurou não dar muita atenção ao cara. Fez os elogios básicos, de praxe, mas disse que as dificuldades de James tinham mais a ver com o sistema de Steve Kerr e seu assistente Ron Adams, do que pela atuação de um só jogador. Sim, no basquete é assim: são realmente cinco atletas de um lado e cinco do outro. Na defesa, então, nem se fala. O coletivo é muito mais influente que um só atleta, ainda que um só atleta possa fazer desse coletivo algo muito mais forte. O Golden State sabe o que fazer.

Kyrie Irving e Kevin Love despertam mais preocupação com Matthew Dellavedova e Timofey Mozgov, mas, ainda assim, o time tem conseguido fazer as dobras para importunar o craque. Em jogadas de post up, Andrew Bogut e Draymond Green têm feito ótimo trabalho de cobertura, fechando o aro. Em ataques frontais, o defensor mais próximo recua um pouco e tenta atacar seu drible.  O que pega para o Cavs é que a maior parte desses marcadores tem muita agilidade para recuperar sua posição rapidamente, sem perder de vista os chutadores. Mesmo quando supera a primeira barricada defensiva para entrar no garrafão, LeBron tem se complicado. Nas duas primeiras partidas, converteu 12 de 22 tentativas na área restrita (54,5%). Bem abaixo de sua média na carreira (72,5%) ou das últimas duas campanhas (72,2%).

Neste caso, porém, houve uma grande diferença entre os Jogos 1 e 2. No primeiro, acertou apenas 6 de 14 em suas infiltrações. No segundo, teve mais sucesso, com 6 de 8. Isto é, de suas sete cestas de quadra, apenas uma não aconteceu nas imediações do aro – mas foi uma bola de fora. O que nos leva a um problema destacado durante todo o campeonato: a penúria de LeBron como arremessador de longa distância. ele acertou apenas 30,9% de seus disparos de três nesta campanha. Desde 2013, ano de seu segundo título, seu aproveitamento vem caído consistentemente. Naquele ano, acertara 40,6%. Se for pegar apenas o rendimento dos playoffs, ele ainda teve 40,7% de conversão em 2014, mas agora tem acertado apenas 32,4%. Então ninguém vai contestar LBJ lá fora. Na temporada regular, você convive com isso. Nos playoffs, com os jogadores mais bem preparados, estudados, não.

Em seus primeiros mata-matas por Cleveland, LeBron também não representava ameaça no perímetro. Mas estamos falando de dez anos atrás. Naqueles tempos, não havia como ficar à frente do ala, que arrancava para a cesta com um primeiro passo absurdamente explosivo, acompanhado de crossover. Hoje, os defensores mais disciplinados e atléticos já podem acompanhá-lo mais de perto. Ainda mais dando espaço para o chute. Não quer dizer que seja fácil. Mas está bem menos complicado. A consequência? O Warriors consegue manter os demais marcadores grudados em seus respectivos pares. Aí Channing Frye e JR Smith têm de botar a bola no chão ou tentar arremessar por cima da ''barreira''. Tudo muda.

Assim como o Cavs deste ano mudou em relação ao do ano passado, pelo menos no papel, com Kyrie Irving e Kevin Love. Quer dizer, esperava-se qeu iria mudar. O armador, em quem se confiava tanto como um diferencial, não criou absolutamente nada em Oakland. Com 33,3% nos arremessos e mais turnovers do que assistências (6 x 5), tem feito algo que Matthew Dellavedova cobriria com tranquilidade. Em iniciativas  individuais, a partir do drible, ele converteu apenas 4 de 27 arremessos, algo estarrecedor. Quando chutou a partir de um passe, matou 8 de 9. Já o ala-pivô estava sendo abastecido, agressivo, mas buscando a melhor forma de atacar uma defesa agressiva e versátil. Até sofrer aquela cotovelada de Harrison Barnes na parte de trás da cabeça e ser afastado pelo departamento médico da liga. E não é uma questão de individualismo. No ranking dos principais passadores desses primeiros dois jogos, Draymond Green lidera de longe, com 66 de média. Irving surge em segundo, com 54,5. LeBron é o terceiro, com 54. Love é o sexto, com 29 pouco abaixo de Curry. Ainda assim, o que vimos foi um ataque travado, previsível, e a diferença se nota no número geral de passes, com 271 em média para o Cavs contra 293 para o Warriors. (O pior: com Irving em quadra, a defesa do Cavs sofre).

Houve um tempo em que não importava quem estava ao lado de LeBron, em Cleveland. Fosse Eric Snow, Daniel Gibson, Damon Jones, Sasha Pavlovic, Delonte West… O ala era imponente o bastante para carregar o seu time, mas não rumo ao título. Até que esbarrava em Celtics, Magic e Spurs. Todo mundo tem limites. Foi a mesma coisa no ano passado. O Cavs mudou sua escalação, trocou de técnico, poupou LeBron, e nada. Já são sete partidas agora contra o Warriors, e, mais velho,enfrentando uma defesa muito forte, esperando ajuda, o craque não encontrou uma saída.

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Oscar aplaude o Warriors. Mas tudo o que o time faz?
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Giancarlo Giampietro

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É para quem pode. Arremessar e também fazer outras coisas tantas em quadra

Quem por aí teria a curiosidade de ouvir o que Oscar Schmidt tem a dizer sobre o Golden State Warriors e seus Splash Brothers, ou caras que estão detonando recordes em arremessos de três pontos pela NBA? Aqui está, numa cortesia da equipe do Esporte Ponto Final, que gravou uma série de entrevistas com os grandes campeões brasileiros rumo ao #Rio2016:

É interessante ouvir o Mão Santa a respeito, já que se trata certamente de um dos cinco maiores arremessadores da história do basquete. E alguém cuja habilidade para ''meter bola'' se tornou extremamente divisiva com o passar do tempo, por essas questões de simplificação que acometem o esporte.  Sabemos como, em retrospecto, o tema se tornou espinhoso no basquete brasileiro, da predisposição ao arremesso de longa distância. Como muitos acreditam que uma das maiores vitórias da história do país, a do Pan de 1987, seria também uma tragédia em termos de legado.

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A seleção liderada por Oscar e Marcel, recheada também por ótimos e veteranos coadjuvantes, conseguiu a proeza de bater os Estados Unidos de virada em Indianápolis, com uma chuva de arremessos de três pontos. A partir daquele momento, a vocação para o perímetro teria virado uma epidemia, contaminando futuras gerações.

O relato do New York Times foi este: ''Marcel de Souza e Oscar Schmidt, que foram responsáveis por 55 dos 65 pontos do Brasil no segundo tempo, lideraram uma reação tempestuosa para capturar a vitória, por 120 a 115. (…) Os Estados Unidos acertaram 2 de 11 em três pontos, enquanto o Brasil teve 10 de 25. No geral, o Brasil acertou 45% dos arremessos, mas converteu 23 de 45 no segundo tempo. Os EUA ficaram em 16-46. Schmidt, 29, disparou de três pontos de praticamente todos os cantos da quadra e marcou 46 pontos — 35 no segundo tempo –, e o Brasil superou uma desvantagem de 16 anos''.

Para quem não viu, segue o jogo na íntegra:

Entre 1987 e 2016, o jogo mudou, claro. Se o assunto é o uso do tiro de três pontos, então, é como se fossem dois esportes diferentes, gente. Em Inianápolis-87, Oscar e Marcel estavam arremessando há apenas três anos do estabelecimento da linha perimetral pela Fiba – sim, para o basquete internacional, aconteceu apenas em 1984, cinco anos depois da NBA.  Hoje, vendo o que se pratica em todos os cantos do mundo, é engraçado até que a marca de 25 tentativas de três pontos tenha causado tanto alvoroço à época.

Neste domingo, em sua segunda vitória pelas finais da liga americana, o Warriors tentou 33 chutes de longa distância. Em 48 minutos, é verdade. Fazendo a média, daria 27 arremessos em 40 minutos. Apenas dois a mais. Mas já vimos, durante os playoffs do Leste, o próprio Cavs quebrar recordes. No Jogo 2 pela semifinal contra o Atlanta Hawks, os LeBrons acertaram 18 cestas de fora só no primeiro tempo. Ao final do jogo, terminaram com 25, em 45 tentativas – praticamente uma por minuto. O chute de três é parte obrigatória do esporte, hoje, contra grandes defesas. A quadra  de basquete ficou  muito mais curta, contra formações mais fechadas, com marcadores muito mais atléticos e longilíneos que no passado.

Oscar deve ter assistido a essas partidas e se sentido vingado. De certa forma, é o que diz na entrevista acima: ''Marcar este time do Golden State não é para qualquer um. Eles jogam de uma maneira muito eficiente. A minha geração jogava assim, e a gente era criticado por todo mundo. Quem mete bola não precisa de rebote. Começa daí. No Golden State, ninguém tá nem aí''.

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O camisa 14, está registrado, é um dos craques mais eloquentes e enfáticos que o esporte pode encontrar. Sua verve pode muitas vezes gerar desconforto e descambar para um universo em que o termo ''exagero'' é um eufemismo, se é que isso faz sentido. Há diversos casos em que ele usou seu microfone e trombone para cometer injustiças, como quando instigou a crucificação de Nenê em praça pública, no Rio de Janeiro, há três anos. Independentemente de sua opinião, amigo e amiga internauta, quanto ao pivô, não dá para discordar que foi na pior hora, já que era um amistoso histórico de pré-temporada no país, festa para a qual havia sido, oras, convidado pela liga americana. Foi imperdoável para alguém que deveria ser um embaixador. Há diversas formas de se criticar alguém. Oscar preferiu julgar o são-carlense.

Mas, aconteceu, já passou (ou assim espero). Voltando ao tópico do Warriors, tiros de três, Splash Brothers e tal. Isolada assim, a frase destacada de Oscar fica mais do que propícia para ser desmontada, se for levada ao pé-da-letra. Por exemplo: neste domingo, mesmo, o Warriors superou o Cavs em rebotes ofensivos, coletando 12 durante o Jogo 2.

Mas, de certa forma, lendo nas entrelinhas, o maior cestinha da história das Olimpíadas tem razão: o time de Steve Kerr não é conhecido por muitas virtudes. Entre elas, não consta a habilidade reboteira. Entre os nove times dos playoffs, está na nona posição em aproveitamento nas duas tabelas, por exemplo. Contra Cleveland, o que está acontecendo é uma exceção: devido a uma questionável tática de troca de marcação depois de corta-luzes, seu adversário se tornou vulnerável na tábua defensiva.

JR Smith: a vida de arremessador não anda tão bem contra a defesa do Warriors. Contra marcação de alto nível, não basta matar bola (a não ser no caso de Splash Brothers ou Oscar, claro). Precisa atacar de outras formas, e o ala do Cavs não tem tanto repertório assim

JR Smith: a vida de arremessador não anda tão bem contra a defesa do Warriors. Contra marcação de alto nível, para os mortais, não basta apenas matar bola.. Precisa atacar de outras formas, e o ala do Cavs não tem tanto repertório assim

Além disso, basta espiar qualquer clipe de melhores momentos desta equipe californiana, para se ver uns 300 arremessos de três em transição sem que não houvesse ninguém no rebote. Eles têm a confiança e licença para isso. Assim como Oscar tinha.''Fiquei livre aqui, vou arremessar. Não importa se tem, ou não, rebote'', afirma o Mão Santa, na sequência. No finalzinho de sua declaração, então, Oscar foi quase profético: ''(Curry e Thompson) São imarcáveis. Precisa pelo menos dois caras para marcar cada um, e vai sobrar alguém livre. E esse cara vai meter bola também''. Foi exatamente uma das táticas que Tyronn Lue escolheu para tentar conter os Splash Brothers, com algum sucesso, é verdade, mas cujos efeitos colaterais são devastadores: diversos companheiros livres para castigar sua defesa da mesma forma, seja com os disparos de fora de Draymond Green ou com uma fila de bandejas e enterradas para Iguodala, Bogut, Barnes, Ezeli, Livingston e todo o mundo.

É aqui, de todo modo, que mudamos o tom, para o texto não parecer uma apologia indefectível aos arremessos tresloucados que, sim, podem fazer mal a uma seleção brasileira ou a qualquer equipe. Existem arremessos de três e existem arremessos forçados de três. Assim como existem arremessos de três forçados com Curry e Thompson, e existem arremessos de três forçados com Dion Waiters e JR Smith. O ala do Cavs torturou as defesas do Leste nos mata-matas, mas agora não tem praticamente liberdade nenhuma para agir, de modo que sua capacidade de acerto nos tiros de fora não tem servido para muita coisa. Vale o mesmo para Channing Frye.

Esse é o risco da generalização, de todos os lados. Um Arremesso de Três Pontos, por si só, não é Bom ou Mau. Depende da situação e de quem está chutando. Dá para entender porque exista ainda muita gente torcendo o nariz para o que o Warrios vem praticando. Há os mais teimosos, mesmo, presos ao saudosismo. Mas também há quem se preocupe, razoavelmente, com o impacto que esse time pode causar. Pegue o Philadelphia 76ers, por Deus. A equipe acertou apenas 33,9% de seus arremessos na temporada regular, bem abaixo dos 41,6% do Warriors e, ainda assim, sob a batuta do matemático Sam Hinkie e do técnico Brett Brown, não pararam de chutar. A ponto de ocuparem a nona colocação no ranking da liga. Algo absurdo para um elenco que não tem nenhum chutador que desperte o temor de alguma defesa (Robert Covington ainda não adquiriu esse status, convenhamos). Vai acontecer também com futuras gerações. Vale ficar de olho na trajetória do garoto Lonzo Ball, angelino que vai jogar por UCLA na próxima temporada, por exemplo. Seu pai incentiva a 'loucura', digamos, como nos conta Danny Chau, no novíssimo The Ringer.

Os irmãos Ball (sério) tentam seguir a trilha de Curry. Arte: The Ringer (link acima)

Os irmãos Ball (sério) tentam seguir a trilha de Curry. Arte: The Ringer (link acima)

E outra: não é que o Warriors vença apenas por sua habilidade nos disparos de fora. Esse foi um elemento crucial no sofrido triunfo sobre OKC, o diferencial naquela grande virada, mas não a única razão. Sua defesa elevou sua intensidade na hora da salvação também, combatendo cestinhas como Durant e Westbrook. Está acontecendo o mesmo agora com LeBron, Irving e Love. Nesse ponto a história do Golden State e a da seleção dos anos 80 diverge. Aquele time contava com ótimos defensores, com Israel ao centro do garrafão, inclusive, mas dependia realmente de seus gatilhos para avançar, ao passo que os atuais campeões da NBA já mostraram que são capazes de triunfar mesmo em jogos ''feios'', de baixo percentual de acerto.

Nem todo time pode ser o Golden State. Em tempo: não é porque Curry e Thompson matam bolas de fora a partir do drible, de muito longe, que eles só façam cesta assim. Calha que essas bolas antes impossíveis são as que ficam na memória – e nos highlights, claro. As velozes trocas de passe, a constante movimentação dos atletas facilita, e muito, a vida dos pontuadores. Ainda assim, relevando sistemas, pouquíssimos jogadores serão como Steph Curry. Ou Oscar. O modus operandi deles faz sentido no vídeo e nas planilhas estatísticas, apenas por causa de habilidades fenomenais. São caras para serem adorados, mas quase impossíveis de se copiar.

No caso do ícone brasileiro, o que também não podemos esquecer é que, no auge, não estava incluído na lista dos jogadores mais interessados em marcar. E que, além disso, se deixava levar por seus recursos técnicos rumo ao individualismo excessivo, de que ele era o cara certo para resolver a parada no ataque, e que os demais se virassem para sustentá-lo desta maneira. Curry, por mais talentoso que seja, não poderia ser mais diferente. Primeiro que vem fazendo um esforço constante em melhorar como defensor, e sua evolução está clara nestes playoffs. Em termos de mentalidade, é uma das figuras mais solidárias que você vai encontrar na liga. Basta ver a interação que tem com seus companheiros no banco, mesmo em jornadas na qual não tenha produzido tão bem. Também seria interessante ouvir o que Oscar diria a respeito.

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Não é apenas o 2 a 0 para o Warriors. Mas como aconteceu
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Giancarlo Giampietro

Draymond, o MVP da série em Oakland

Draymond, o MVP da série em Oakland

Depois de um jogo desses, as finais da NBA se tornam o conto de dois times. O Golden State Warriors exuberante, exultando confiança voltando a justificar todos os seus recordes e seu lugar na história, após triunfar por 110 a 77 pelo Jogo 2, neste domingo, e abrir 2 a 0 na série. Do outro lado, um Cleveland Cavaliers desmoralizado, em frangalhos, tendo que assimilar a surra que tomou e controlar seu vestiário para evitar uma autoimplosão.

LeBron James, Tyronn Lue e Kyrie Irving vão ter que pensar em muita coisa até esta segunda-feira de manhã, quando vão pegar o voo de volta para Ohio. E aí é usar o trajeto de retorno para pensar mais um pouco. Chegando lá, tem mais vídeo para analisar, muitas coisas para acertar nos treinos até quarta-feira. E talvez nem esse tempo todo seja suficiente? É a conclusão mais precipitada que a que poderíamos chegar após um segundo tempo chocante em Oakland, vencido por 58 a 33. Isso com Stephen Curry fora de quadra, devido ao excesso de faltas, quase tendo uma convulsão no banco de reservas de tanto vibrar e curtir cada jogada maravilhosa de seus companheiros.

Os Splash Brothers conseguiram fazer mais do que 20 pontos, juntos, mas não é que tenham chegado ao nível das apresentações que perturbaram o Oklahoma City Thunder na reta final do Oeste. Dessa vez Curry e Klay Thompson acumularam 35 pontos. Uma quantia que seria excelente para qualquer dupla do Philadelphia 76ers, mas que, falando de quem estamos falando, poderia ter sido atingida em um só quarto, se tanto. E a série está 2 a 0.

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O Cavs está contra a parede, precisando lidar com o fato de que, nas últimas 16 decisões da liga em que viu uma equipe com duas vitórias em duas partidas, esta equipe saiu campeã 15 vezes. O último clube a levar um tombo desses foi o Dallas Mavericks em 2006, contra o Miami. Na história, o aproveitamento é de 28 títulos em 31 finais nesse contexto.

Para tentar ser o quarto a buscar a virada, os campeões do Leste não precisam só corrigir uma defesa porosa, que, ao final de 96 minutos de basquete, não é capaz ainda de entender quais as rotações necessárias após se fazer uma dobra contra Curry ou Thompson. Não é apenas isso. Seu ataque também despencou perante uma defesa opressora do Warriors.

Steph se divertiu no banco. Mais uma vitória sem precisar de Curry brilhante

Steph se divertiu no banco. Mais uma vitória sem precisar de Curry brilhante

Os visitantes ficaram abaixo da crítica, ou dos 40% de aproveitamento nos arremessos novamente, com 51 erros em 79 tentativas (35,4%). Também foram mais 17 turnovers, contra 15 assistências. Kyrie Irving anotou apenas 10 pontos e converteu só 35,7%. Na série, está com 33,3%. Kevin Love tinha apenas 5 pontos em 21 minutos, até sair de quadra com sintomas de concussão. JR Smith e Channing Frye, aqueles que colocaram fogo nos playoffs do Leste, não estão produzindo nada também. Mas não é só o elenco de apoio que está em falta, ainda que devendo muito mais. LeBron James acumulou seus números, todos eles – os do bem (19 pontos, 9 assistências, 8 rebotes e 4 roubos de bola) e os do mal (10 arremessos desperdiçados em 17 tentativas e 7 turnovers).

Não vai adiantar LeBron carregar esse time das costas. Ele já fez isso no ano passado, e deu no que deu. Mais: não parece que o craque, hoje, esteja em condição de assumir uma tarefa hercúlea dessas. Andre Iguodala não sai do seu pé quando está em quadra. O Cavs pode forçar a troca defensiva, e Klay Thompson também está fazendo um bom trabalho em mano a mano. É aqui que faz falta o arremesso de longa distância para LBJ. As opções estão limitadas. Ele tem de abaixar a cabeça (metaforicamente ou não) e atacar, tentar ganhar terreno com os músculos. Funciona em uma sequência ou outra, mas, no geral, o Warriors vem fazendo ajustes, sabendo como tirá-lo dos trilhos. Esse parágrafo, nos próximos dias até o Jogo 3, vai ter de ganhar seu próprio espaço como um artigo mais abrangente.

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Pelo Warriors, já citamos com os Splash Brothers não passaram dos 40 pontos, e ainda assim a equipe californiana chegou a 110 pontos, com um extenso gargabe time no quarto final. Como? Bem, começa com um Draymond Green impossível, em sua versão cestinha desta feita, com 28 pontos em 34 minutos e 20 arremessos, com cinco chutes de longa distância convertidos. Como o jogador completíssimo que se tornou – é craque, sim –, ainda contribuiu com sete rebotes e cinco assistências. Passados oito quartos de finais, deve ser o favorito ao prêmio de MVP das finais.

Mas teve mais, como 26 assistências. Dos 12 jogadores utilizados por Steve Kerr nesta noite, só Brandon Rush não pontuou. Leandrinho foi mais uma vez fogoso que só e oportunista, para chegar aos 10 pontos, depois de converter seus cinco primeiros arremessos. O ligeirinho estava com 10-10 na série, até então, até errar os últimos dois chutes. Andre Iguodala, Shaun Livingston e até Ian Clark, no garbage time, somaram 7 pontos. Por aí foram, rumo 54,3% de quadra e 45,5% de três, com 15 conversões. Só Varejão não participou.

Talvez nem precisasse de tantos pontos assim. Quer dizer: obviamente não precisava – não quando seu adversário parou em 77. Mesmo que o Cavs tivesse acertado dois ou três chutes a mais, não teria feito diferença nenhuma, assim como seus 20 turnovers.  Aí Steve Kerr está mais do que certo em dizer, a cada entrevista, que o sucesso nessas duas primeiras partidas se deve a sua defesa. Com agressividade, esforço e consciência, de quem precisa ser contestado, de quem pode cortar para um lado e para o outro, não. Seu time seclassificou para a final com uma herança bendita entregue por OKC. Kevin Durant, Russell Westbrook, Steven Adams & Cia. testaram esses caras ao limite. Depois do sufoco que passaram, acuados, espremidos em quadra, tudo parece um pouco mais fácil.

Estaria David Blatt acompanhando tudo? No ano passado, a equipe voltou para Cleveland com um empate de 1 a 1, sendo que sua derrota aconteceu na prorrogação, em mais um daqueles últimos suspiros do Warriors, evitando a derrota certa. Ficaram muito perto de ver esse placar geral de 2 a 0 a seu favor.  Agora, não são apenas duas derrotas, mas 48 pontos de desvantagem em dois jogos, com todos tentando entender o que aconteceu

Em sua coletiva, ao menos, LeBron assumiu sua parte, seus erros. Não teve dedo apontado para Irving, reservas, Blatt, nem nada. É o primeiro passo para o Cleveland tentar uma reação. Em sua jornada pelo Leste, sempre foram seus inimigos mais perigosos. Nas três primeiras rodadas dos playoffs, não foi problema nenhum. Tem de ver se a fogueira de vaidades não vai se acender. É tudo de que não precisam agora, já que estão enfrentando muito mais do que qualquer adversidade interna. Tem um timaço na oposição, se havia dúvida ainda.

Ao final do Jogo 2, em 2015, a Oracle Arena não estava tão festiva assim

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