Vinte Um

LeBron aceita papel de vilão e vê Kyrie explodir para estender as finais

Giancarlo Giampietro

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LeBron James fez sua melhor jogada antes mesmo de o Jogo 5 começar. Quando, ainda em Cleveland, atropelou Draymond Green, tirou o oponente do sério e forçou sua suspensão com uma quarta falta flagrante pelos playoffs. Nesta segunda-feira, porém, ele fez questão de estender sua contribuição com uma das melhores atuações de sua carreira. Foi um ato de sobrevivência, e o Cavaliers bateu o Golden State Warriors por 112 a 97 para forçar o sexto jogo na quinta-feira.

Em 42 minutos, sem mal descansar em quadra ate que o ''garbage time'' fosse instaurado, LeBron anotou 41 pontos, apanhou 16 rebotes, deu 7 assistências e ainda acumulou 3 tocos e 3 roubadas, com 16-30 nos arremessos. Além disso, matou 50% nos tiros de três, em oito tentativas. Espetacular e, a julgar por seu currículo, não surpreende. Para quem ainda lê e ouve por aí tanto sobre uma suposta fama de amarelão, o craque tinha médias de 31,9 pontos, 10,7 rebotes e 6,6 assistências em partidas pelas quais sua equipe lutava contra a eliminação. Agora tem a melhor média de pontos da história dos mata-matas nesse tipo de situação. A diferença é que, a despeito de suas exibições marcantes, o aproveitamento de seus times era de 7 vitórias em 15 jogos.

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Para devolver a série a Cleveland, o veterano não agiu sozinho, obviamente. Assim como no Jogo 3, contou com nova exibição primorosa de Kyrie Irving no ataque. O armador do Cavs voltou a esfomear em quadra, mas dessa vez guardou seus arremessos com uma precisão assustadora, de causar inveja a Curry. Anotou os mesmos 41 pontos, com 17 cestas em 24 tentativas (70,8%). Nem mesmo um marcador como Klay Thompson o incomodou.

''Foi provavelmente uma das melhores atuações que já vi ao vivo'', disse James, seguindo a mesma linha de Jeff Van Gundy, durante a transmissão. E não é exagero. Na história das finais, apenas só teve um jogador além de Irving que conseguiu marcar 40 pontos e acertar mais de 70% em uma partida: Wilt Chamberlain. Glup. Aconteceu em 1970, pelo Lakers, respectivamente, com 45 e 74,1%. Aí vale a gente lembrar que Wilt era a maior aberração atlética do mundo e que, para a época, era como se tivesse 2,58m de altura e estava sempre pertinho da cesta. Irving é um cara de 1,91m que vaga pelo perímetro.

Foi a primeira vez na história das finais que dois companheiros passaram dos 40 pontos na mesma partida. Entre cestas e assistências, os dois estiveram envolvidos em 97 pontos dos 112 dos visitantes. A mesma quantia que todo o elenco do Warriors. Incrível. Vale o abraço:

Era como se James e Irving, de repente, tivessem se tornado os Splash Brothers. Ninguém duvida da capacidade do armador para converter os chutes que arriscou nesta partida. O problemão para Steve Kerr foi ver o ala alcançar um percentual elevado mesmo quando buscava pontuar longe da cesta. Qualquer defesa bem-sucedida contra uma equipe de LBJ espera, conta que ele vá falhar neste tipo de fundamento. Se, por um acaso, ele conseguiu virar a chavinha para valer nestas finais, será uma tremenda dor-de-cabeça para o Golden State, independentemente da presença de Draymond Green em quadra.

O ala-pivô fez muita falta para os atuais campeões, especialmente na defesa. Não só na ajuda para a contenção de LeBron, como para a coesão da equipe, mesmo. A cobertura, a recuperação de posição, a comunicação nas trocas de marcadores, a proteção de cesta…  Faltou um pouco de tudo, abrindo caminho, corredores para os 53% nos arremessos do Cavs e os 41,7% dos três pontos. No momento, o combo de Bogut-Ezeli-Varejão não vem dando conta do recado, com Irving e LeBron explorando sua lentidão sempre quando podem no pick-and-roll. Para piorar, Bogut ainda sofreu uma contusão no joelho no segundo tempo e vai passar por uma ressonância magnética.

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No ataque, a visão de quadra e versatilidade de Draymond também foi sentida, como um assessor extremamente qualificado para seus chutadores, ajudando a organizar o jogo e se aproveitando das oportunidades proporcionadas pelo terror que eles representam no perímetro. No primeiro tempo, Stephen Curry e, principalmente, Klay Thompson mataram algumas bolas malucas de longe, mas se aproveitaram ao mesmo tempo da conivência defensiva dos caras de Cleveland. Sim, alguns daqueles chutes não existem no plano tático de ninguém, mas a marcação em geral foi uma calamidade, muito frouxa, deixando que um empolgado Thompson se desprendesse com facilidade. Antes do intervalo, o ala tinha mais pontos do que LeBron (26 a 25). Terminou com 37 pontos em 20 arremessos, 41 minutos e seis tiros de fora certeiros.

Porque as coisas mudaram. Na segunda etapa, adefesa do Cavs enfim entrou em quadra, para não desperdiçar, anular a soberba combinação de James e Irving. Em vez de seguir no tiroteio com confiança, os cestinhas do Warriors tiveram de lutar muito mais para enxergar a cesta, sem que os corta-luzes lhes dessem respiro. Valeu pela contestação e, muito mais, pelo desgaste gerado. A equipe da casa, como um todo, converteu apenas 12 de 45 (26,6%) de quadra. Foram 36 pontos, contra 39 de LBJ e Kyrie. Em alguns momentos, Curry apareceu livre, mas falhou na pontaria, para fechar sua participação com 25 pontos em 21 arremessos (38%) e 5-14 de três, em 40 minutos. O atual bi-MVP já não tinha pernas. Antes de baixar a energia, é preciso registrar, o armador voltou a ser displicente com a bola, cometendo alguns turnovers dos mais bestas possíveis.

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De Andre Iguodala, não houve o que se queixar. O veterano fez de tudo para tentar amenizar o impacto da ausência de Green, com 15 pontos, 11 rebotes, 6 assistências em 41 minutos. O que não deu para entender muito bem foi a estratégia de Kerr de colocá-lo para marcar Kevin Love em diversos momentos. Suponho que fosse para preservar o ala, resguardá-lo para os minutos finais, em vez de uma preocupação com o apagado ala-pivô. Acontece que Shaun Livingston e Harrison Barnes não conseguiram fazer nem cócegas contra LeBron James.

Barnes, aliás, foi uma tremenda decepção para o torcedor do Warriors. Quer dizer, nem tanto: durante o ano, fui descobrir que o ala não tem tanto prestígio assim em Oakland. Ainda assim, nem o mais pessimista poderia imaginar uma partida tão inócua assim, com míseros 5 pontos e 5 rebotes em 38 arremessos, acertando apenas 2 de 14 arremessos, muitos deles completamente livres. Considerando o que estava em jogo e o desfalque na linha de frente, esta atuação definitivamente não vai entrar no DVD, na hora de negociar um novo contrato em julho – e vocês desculpem a insistência com essa sub-história, mas é que, logo mais, vai aparecer algum clube para pagar uma bolada para este irregular ala. E aí não vai ter do que reclamar. Do outro lado, a frustração ficou novamente por conta de Kevin Love, que retornou ao time titular, ganhou 33 minutos e não passou de 2 pontos, 3 rebotes, 1 assistência e 3 tocos. Independentemente do desfecho da série, numa análise fria, é provável que a diretoria do clube se sinta inclinada a trocá-lo. Mas isso é papo para depois.

Por ora, o Cavs volta para a casa, com um cenário bem diferente para LeBron, que foi eleito inimigo público número um em Oakland. A julgar por seu rendimento, talvez o torcedor mais esclarecido do Warriors possa se sentir arrependido pelo tanto de vaia que se ouviu no ginásio, desde o aquecimento – historicamente, o ala responde muito em nesse tipo de cenário. Já o torcedor menos fanático e rancoroso do time californiano, a despeito de sua paixão por Draymond, deve ter, secretamente, pelo menos mentalmente, se permitido aplaudir o camisa 23. E Kyrie Irving.

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