Vinte Um

Arquivo : outubro 2014

O Lakers está preparado para ser um saco de pancada?
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Giancarlo Giampietro

Kobe sob fogo cruzado nos EUA

Kobe sob fogo cruzado nos EUA

Numa liga que vem pregando – e brigando pela – paridade, boa parte dos concorrentes não vê a hora que se confirme a tese: a temporada 2014-2015 pode ser aquela em que o poderoso e invejado Los Angeles Lakers vá de se acostumar a ser um saco de pancadas.

Soa muito errado ler uma frase dessas, eu sei. No vácuo, parece maluquice. Mas é só olhar o elenco ao redor de um Kobe Bryant que não era tão questionado assim desde os lamentáveis meses de investigação e audiências por conta de uma acusação de estupro no Colorado que acabou desqualificada, e 2013.  Depois de romper o tendão de Aquiles no final da temporada 2012-2013, o ala retornou no campeonato passado, mas só disputou seis partidas, até ser afastado novamente por conta de uma fratura no joelho. Depois de ter assinado um contrato polêmico, que lhe  mantém como o atleta mais bem pago da liga, enquanto Duncan e Nowitzki dão desconto a Spurs e Mavericks, respectivamente.

Foi um ano para a franquia esquecer por esses e outros motivos. Dwight Howard disse não ao clube, num ato raríssimo – o normal era que os astros fizessem de tudo para jogar sob as luzes de L.A. Pau Gasol se cansou de discutir publicamente com Mike D’Antoni e, mesmo com a garantia de que o treinador não ficaria no time, decidiu partir para Chicago, magoado com uma diretoria que não o apoiou, como esperava. Alguns operários até jogaram bem, excederam as expectativas, mas nada que se animasse muito Jack Nicholson. Resultado: 27 derrotas e 55 derrotas (aproveitamento de 32,9%), a pior marca da franquia desde que a liga adotou o formato de 82 partidas na temporada regular. Em termos de rendimento, apenas os 26,4% de 1957-58, em 72 jogos, no crepúsculo da carreira do ídolo George Mikan. Sinta o drama.

Kobe e Scott, velhos amigos. E quando as derrotas se acumularem?

Kobe e Scott, velhos amigos. E quando as derrotas se acumularem?

Ah, mas nada como um dia após o outro, né?

No caso do Lakers? “Hmmmmm… não”, diria o Homem-Aranha ataíde.

Para o campeonato que vai começar nesta semana, não há otimismo que se sustente. A contratação de Byron Scott pode ter ressonância com seu passado glorioso,  por ser aprendiz de Pat Riley e chapa de Magic Johnson, mas não diz nada sobre o futuro. Ele já foi duas vezes vice-campeão com o Nets na década passada, é verdade, mas não comanda uma campanha vitoriosa desde 2009, em Nova Orleans. Quando tinha Chris Paul, David West, Tyson Chandler e Peja Stojakovic no time titular. Em Cleveland, como sucessor de Mike Brown, foi um completo fiasco. Se o elenco pós-(e-pré)-LeBron era trágico, o treinador falhou gravemente em desenvolver os jovens talentos, especialmente em aspectos defensivos. E ninguém vai poder dizer que o atual elenco angelino inspire o temor nesse sentido.

A última vez em que o clube ficou fora dos playoffs por dois anos seguidos aconteceu há quase 40 anos, entre 1974 e 1976, com 70 vitórias e 94 derrotas acumuladas (aproveitamento de 42,6%). Era o final de gestão do técnico Bill Sharman, e nem mesmo a chegada do mítico Kareem Abdul-Jabbar impediu o vexame. Poderia um Kobe de 36 anos anos evitar o repeteco?

O time: O Lakers foi praticamente ignorado por LeBron James, que nem permitiu que a negociação avançasse além de conversas preliminares com seu agente. Carmelo até levou adiante o namoro, fez sua visita, mas ficou em Nova York, mesmo. Chris Bosh nem ouvidos deu. O gerente geral Mitch Kupchak, então, optou pelo plano B, modesto que só.  Renovou com Jordan Hill por bizarros US$ 9 milhões anuais e com Nick Young. Recolheu Carlos Boozer depois de o veterano ser dispensado por Chicago. Assinou um acordo camarada com ainda promissor Ed Davis, que tem o mesmo agente de Kobe, Rob Pelinka. Descolou Jeremy Lin e uma escolha de draft numa troca marota com o Houston Rockets, que precisava limpar salário na tentativa de fechar com Bosh. Wesley Johnson, Ryan Kelly, Ronnie Price, Wayne Ellington. Ficou nisso. O elenco não só está muito aquém do padrão com o qual uma exigente e mimada torcida se acostumou como apresenta peças redundantes e, no geral, deficientes na defesa.

A pedida: o Lakers fala em playoff, gente. O melhor seria terminar entre os cinco piores da temporada. Só assim teriam chance de manter sua escolha de draft. Do contrário, ela vai para Phoenix. Até isso.

Olho nele: Jeremy Lin. A lesão de Steve Nash abre todo o espaço na armação do Lakers para o armador que levou Manhattan à loucura em 2012. Se, por infeliz acaso, Kobe tiver mais alguma lesão, o ex-jogador do Houston Rockets teria de assumir ainda mais carga criativa no ataque da equipe angelina. Desde que Nick Young aceitasse. Estariam Hollywood (e Scott) preparados para ver a sequência da Linsanidade? Agora, bem de pertinho? Em breve, no League Pass.

Linsanidade II: mais uma sequência hollywoodiana?

Linsanidade II: mais uma sequência hollywoodiana?

Abre o jogo: “Eu não quero ser o próximo Shaq. Quero ser o próximo Kobe. Estava dizendo isso para minha mãe esses dias. Não quero ser só um jogador de garrafão”, Julius Randle, o ala-pivô selecionado pela equipe na sétima posição do último Draft, vindo de Kentucky.

Ainda que não tenha comovido ninguém por seu desempenho por Kenucky, nos tempos de colegial, Randle era ainda mais bem cotado. Num momento difícil como esse, o desenvolvimento do calouro pode ser importantíssimo para o futuro da franquia. Com essa interessante declaração, o rapaz deixa claro que confia na expansão de seu jogo, em sua versatilidade. Ele tem drible, velocidade e disposição para correr com a bola, se mover pela quadra.  Agora, com Carlos Boozer, Ed Davis e Jordan Hill no elenco, Byron Scott, que costuma ser duro com os novatos, vai lhe dar o tempo de quadra necessário, mesmo que o jovem atleta cometa alguns erros básicos? Seria inteligente que sim.

Você não perguntou, mas… não dá para dizer que Kobe Bryant e a ESPN americana vivam uma lua de mel. O astro primeiro se irritou ao ver que o painel de jornalistas da emissora o elegeu como o 40º melhor jogador da liga a caminho desta temporada, logo atrás de Dwyane Wade, Rajon Rondo, Klay Thompson e Andre Iguodala. Se você for reparar, nesse grupo de atletas, temos três craques que lidaram com graves lesões nos últimos anos… Mas, para o ala do Lakers, essa coincidência não era o suficiente para amansar seu ego. “Já sei há bastante tempo que esses caras são um bando de idiotas”, disparou. Os fãs do jogador se revoltaram e afirmaram que o 40º lugar era um desrespeito. Coordenador do núcleo estatístico do ESPN.com, o jornalista Royce Webb atirou lenha na fogueira ao dizer que, na verdade, o número 40 parecia até mesmo superestimado para o atleta, considerando todos os seus problemas físicos e a produção pífia que teve em seis partidas na campanha anterior.

Para piorar, a revista do conglomerado midiático publicou um artigo bombástico no qual Henry Abbott cita uma dúzia de fontes anônimas que detonam o craque. “Ele é provavelmente o maior jogador da história da franquia. Ele também a está destruindo por dentro”, diz o texto. Ouch. A ideia é a de que o ala teria feito de tudo para sobrar como o único astro da equipe, alienando e/ou assustando possíveis reforços. Obviamente o texto teve enorme repercussão. Muitos atletas e ex-Lakers saíram em defesa de Kobe, além da vice-presidente Jeanie Buss, que disse que investigaria qual seria um dos funcionários do clube que teria falado sem se identificar, para demiti-lo. “Quem não quiser jogar com Kobe é um covarde”, resumiu.

PS: sabe quem não gostou também do ranking da ESPN? Nick Young, claro, o número 150. “Posso garantir que não há 149 pessoas melhores que eu nesta liga”, afirmou. : )

byron-scott-fleer-lakers-cardUm card do passado: Byron Scott. O ala-armador jogou 11 temporadas pelo Lakers, sendo dez delas em sequência, de 1983 a 1993. Depois de passar por Indiana e Vancouver (no primeiro ano da removida franquia canadense), voltou a Los Angeles para se despedir da NBA em 1996-97, ano em que foi um mentor para Kobe, calouro e adolescente. Scott nunca foi eleito para o All-Star Game, mas teve grande participação nos títulos do clube dos anos 80, tendo média de 18 pontos por jogo. O card ao lado é da temporada 1988-89, na qual a equipe tentou o tricampeonato, mas acabou varrida pelos Bad Boys de Detroit na decisão. Bastante atlético, ele decolava rumo ao aro para grandes cravadas, mas também acrescentava ao superataque do showtime o tiro de três pontos, sendo um dos primeiros atletas da liga a ser temido neste fundamento. Hoje, ironicamente, se posiciona de modo contrário ao movimento estatístico que prega o chute de longa distância como instrumento essencial para o sucesso. “Isso só te leva até os playoffs”, afirmou, ignorando o sucesso de Spurs, Heat e Mavs durante a década.

PS: nesta terça-feira, a temporada da NBA já começa com transmissão no canal Sports+, da SKY. Estou nessa transmissão ao lado do Dr. Ricardo Bulgarelli e do chapa Marcelo do Ó. E começamos com quem? O Lakers, mesmo, enfrentando o Houston Rockets.


Em Oklahoma City, lá vem a tempestade Westbrook
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Giancarlo Giampietro

Russell Westbrook só quer um abraço. E mais um arremesso, gente

Russell Westbrook só quer um abraço. E mais um arremesso, gente

De um episódio deprimente – cirurgia que vai afastar Kevin Durant por pelo menos um mês e meio –, o desdobramento está carregadíssimo de ironias. Para sobreviver no Oeste sem o atual MVP da NBA, o Oklahoma City Thunder vai precisar de um Russell Westbrook mais agressivo. Como se fosse possível.

O mesmo Westbrook que já foi massacrado em praça pública incontáveis vezes, por sua seleção de arremessos e sua eloquência  com a bola em mãos. Algumas vezes com razão, é verdade, mas também por vezes numa injustiça daquelas – Allen Iverson ou até mesmo seu contemporâneo Derrick Rose já foram celebrados pelos mesmos motivos. Aí entra a parte em que falamos: mas nenhum dos dois tinha um companheiro tão qualificado ao lado. É verdade. A prioridade deveria ser sempre dele.

Acontece que, ao seu modo, o segundo craque do Thunder também se enquadra na categoria de aberrações da liga. O sujeito é tão atlético que qualquer jogada parece fácil. Deve ter a impressão que, não importando o grau de sofisticação ou complicação de um movimento que vá tentar, nenhum defensor na terra vai conseguir pará-lo. É um (?) mal que já acometeu Jordan e Kobe, entre outros do primeiro escalão de homens-borracha. O que não quer dizer que ele tenha carta branca para fazer toda e qualquer besteira possível em quadra. Que ele não precise passar – ou que não passe… – a bola. Ele simplesmente não é um armador aos moldes de Andre Miller ou Scott Machado. E a pressão que ele coloca em uma defesa, mesmo quando não está convertendo suas infiltrações, é imensurável e também contribuiu para a eficiência de Durant.

Ibaka, claro, enterra. Mas seu forte é o chute de média distância, sem jogadas individuais

Ibaka, claro, enterra. Mas seu forte é o chute de média distância, sem jogadas individuais

Mas aí que está. Ou melhor, não está: sem seu grande cestinha e líder, OKC vai depender de Westbrook. Ele contra a rapa. Então se preparem, cada um no seu abrigo: nas primeiras seis semanas da temporada, prepare-se para uma tempestade. De lances mirabolantes, de tirar o fôlego, de fazer a cabeça doer. E as consequentes críticas, positivas ou negativas que virão.

O time: agora realmente não há muito o que fazer, não sobram muitas alternativas a Scotty Brooks, uma vez que seu sistema ofensivo se baseia quase que exclusivamente na capacidade individual de seus dois principais jogadores. Fora a superdupla, o único atleta criativo que resta no elenco é Reggie Jackson, que pode muito bem causar as mesmas aflições de Wess. Quando o titular precisar descansar, restará ao armador revelado por Boston College assumir a direção. E a mentalidade será realmente a mesma. Ambos vão ter a vida dificultada também pela ausência de Anthony Morrow por quatro a seis semanas. Excepcional arremessador, o ala foi a principal contratação para a temporada e sofreu uma torção no joelho.

Serbe Ibaka converte seus chutes de média distância com impressionante eficácia, ajudando a espaçar a quadra – sem ele, as infiltrações de Westbrook ficaram muito mais complicadas contra uma defesa tão bem postada como a do Spurs, por exemplo, nas finais de conferência. Mas o pivô naturalizado espanhol não produz por conta própria. Seu arremesso melhorou consideravelmente, mas, perto da cesta, ele só vai pontuar em rebotes ofensivos ou quando acionado em cortes fora da bola para a cesta.

Melhor aquecer direitinho, gente. O time vai precisar: PJII e Lamb

Melhor aquecer direitinho, gente. O time vai precisar: PJII e Lamb

De resto, Brooks agora se vê forçado usar os jogadores mais jovens, e o programa de desenvolvimento  do clube, tão elogiado, será testado a ferro e fogo. Agora não há mais Caron Butlers e Derek Fishers no caminho, ao passo que a necessidade de se encontrar novas soluções  se faz necessária, enquanto seu cestinha alienígena não volta. Poderá Perry Jones, o Terceiro, dar um salto? Nunca é demais lembrar que o espigão já foi considerado um dos melhores prospectos dos Estados Unidos. Para não falar de Jeremy Lamb, que não abraçou a chance que teve na temporada passada, com sua postura um tanto soneca, mas um talento de se admirar.

Só não dá para esperar muito de Andre Roberson. O ala vem sendo moldado para a condição de marcador implacável, com envergadura e força física, assumindo agora a vaga de Thabo Sefolosha no ataque. Tal como o veterano suíço, não oferece muito no ataque. Mitch McGary, que seria uma boa opção em combinações de pick-and-roll – apontado por muitos como o sucessor de Nick Collison –, é mais um lesionado. De todo modo, sua seleção agora ganha status de suspeita, já que a equipe já conta com dois pivôs jovens na sua rotação. Não teria sido melhor investir em um ala? Acho que sim. Por outro lado, como Presti poderia imaginar que Durant e Morrow estariam fora do páreo por mais de um mês?

No fim, talvez o mais importante para o Thunder seja endurecer sua defesa e tentar equilibrar as coisas a partir daí, ainda que KD também faça falta nesse quesito, com sua envergadura e agilidade absurdas. Posso estar sendo um tanto pessimista? Talvez. Mas, além de Westbrook, as capacidades de Brooks serão testadas para valer. Algo que muitos técnicos certamente dizem em off: coordenar um ataque e um time em geral com um Durant ao seu lado fica muito mais fácil.

Olho nele: Steven Adams. se tudo correr bem, desde que Brooks não se perca em teimosia, o neozelandês encrenqueiro deve derrubar Kendrick Perkins (que ainda pode ser útil em algumas circunstâncias, mas produz muuuuito pouco) e assumir mais minutos na rotação. Em sua jornada de calouro, o tempo de quadra já subiu de 14,8 minutos na temporada regular para 18,4 nos playoffs. Um acréscimo justificado. Aos 20 anos, o garoto surpreendeu muita gente com o impacto que causa na defesa e nos rebotes, com força, energia e, pasme, muita malandragem. Adams irritou uma série de adversários desde os amistosos de pré-temporada. Nos mata-matas, arrumou um jeito de expulsar Zach Randolph de um jogo decisivo. Melhor ainda, ele se apresentou para o training camp deste ano com um bigode felpudão. Mas disse que não era algo definitivo, e, sim, apenas para que aparecesse desta forma nas fotos oficiais da temporada. O kiwi, dizem, é um dos caras mais bem-humorados da paróquia.

Figura

Figura

Abre o jogo: “Mitch McGary? Mitch McGary… (silêncio constrangedor)… McGary?”, de Serge Ibaka, senhoras e senhores, quando questionado sobre seu novo companheiro de garrafão, o pivô revelado por Michigan que já foi estrela do torneio da NCAA de 2013 e também virou manchete neste ano por ter sido suspenso do basquete universitário devido ao uso de maconha. Sem mais. 

Você não perguntou, mas… Westbrook jogou apenas 41 minutos sem Durant ao seu lado na temporada. Neste curto período, somando diversos jogos, ele tentou nada menos que 35 arremessos.  Na última vez que Wess jogou por uma longa sequência sem a companhia do cestinha, em 2010-2011, o armador teve médias de 26,7 pontos e 7 assistências em 22,5 arremessos. Segura.

nick-collison-seattle-cardUm card do passado: Nick Collison. Pela primeira vez na série, escolhemos um jogador ainda em atividade. Collison merece: trata-se um dos pouquíssimos caras que nunca mudou de clube, ainda que, no seu caso, o clube tenha trocado de cidade. É o mais antigo do time, tendo sido draftado em 2004 pelo regime anterior ao de Sam Presti, aliás. Ficou. Afinal, não tem por que descartar um pivô inteligente desses, que é uma constante no ranking de cargas (faltas de ataque cavadas, forçadas) ano após ano, também disposto ao sacrifício – ainda que tenha uma base corporal forte pacas. No ataque, não sai do seu quadrado e pontua com eficiência. Collison já chegou maduro ao basquete profissional, com 24 anos, vindo de boas campanhas com Kirk Hinrich em Kansas. Dos seus companheiros de então, apenas dois estão em atividade na liga no momento: Reggie Evans (Kings) e Luke Ridnour (Magic). A conta pode subir para quatro, dependendo do que Ray Allen decidir da vida e se Rashard Lewis ainda for receber uma oferta.


Euroligado: Real passa por apuros na 2ª semana
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Giancarlo Giampietro

Que sufoco, Rudy! Real Madrid escapa com a vitória

Que sufoco, Rudy! Real Madrid escapa com a vitória

O jogo da rodada: UNICS Kazan 75 x 76 Real Madrid
Não é porque o Real Madrid tem o elenco mais estrelado da Europa, listando nove atletas que disputaram a última Copa do Mundo, em times de ponta, que sua vida vai ser naturalmente fácil na Europa. Aliás, talvez eles nem queiram mais saber de moleza, mesmo. No campeonato passado, a equipe merengue atropelou a concorrência na primeira metade de competição, só para, na decisão, ver o valente e camaleônico Maccabi Tel Aviv de David Blatt erguer a taça. Não estamos falando de pontos corridos, então. De modo que toda vitória tem mais ou menos o mesmo peso – desde que, nas fases de grupo, você não precise do saldo de cestas para desempate, certo?

Então tudo bem. Os madridistas passaram um baita aperto nesta sexta-feira, mas conseguiram vencer o time russo, que está de volta ao campeonato pela primeira vez desde 2012, naquela que é apenas sua segunda participação. Graças a um arremesso a 1s2 do fim pelas mãos do armador Sérgio Llull, concluindo uma virada num quarto período duríssimo, vencido por 21 a 19. Justamente os dois pontos do final.  Mas acha que isso foi o bastante de drama? Nada. O Real chegou a liderar o placar por 74 a 72 a 13s9, até que o ala James White, muito mais conhecido por suas enterradas seminais, converteu uma cesta de três pontos, com 7s7 no cronômetro. Mas aí o armador da seleção espanhola ficou isolado com o pivô D’Or Fischer e conseguiu a separação para converter sua bomba.

Detalhe: Rudy Fernández e Gustavo Ayón lideraram o ataque do Real, agora líder do Grupo A, com dois triunfos Sabe com quantos pontos? Foram dez para cada um, só. De resto, tivemos Andrés Nocioni e e Ioannis Bourousis com 9, Salah Mejri com 8, mais dois com 7, dois com 6 e dois, com 2 pontos. Llull, o herói, foi dos que terminou com sete, vejam só.

Foi um jogo mais coletivo do Real que acabou prevalecendo no final diante de uma equipe que teve o americano Keith Kangford como cestinha, com 23 pontos – em 29 minutos e 17 arremessos. Um dos destaques do último campeonato, mas vestindo a camisa do Olimpia Milano, o ala-armador revelado por Kansas arrebentou mais uma vez, para variar. O ala-pivô grego Kostas Kaimakoglou também fez bela partida, mas de doação: errou sete de seus nove arremessos de quadra, mas somou nove pontos, 11 rebotes, cinco asssistências e dois roubos de bola. Permitiu, dessa forma, que pudéssemos construir a seguinte frase, peculiar: era Kaimakoglou para todo lado.

JP tenta fazer a cobertura em vitória do Limoges sobre o croata Cedevita

JP tenta fazer a cobertura em vitória do Limoges sobre o croata Cedevita

Os brasileiros
Marcelinho Huertas: num grupo enroscado com o B, qualquer vitória é para comemorar bastante. No caso do Barcelona, vencendo o Olimpia Milano por 15 pontos, na Itália, uma arena complicada de se jogar, estamos falando de um baita resultado. Foi um triunfo tão seguro para o clube espanhol, que o armador nem foi muito exigido. O Barça promoveu um bombardeio de três pontos no primeiro tempo, acertando 8-12, e administrou a partir daí. Foram três pontos e quatro assistências para ele em 22 minutos.

JP Batista: a melhor notícia é que o Limoges venceu a primeira. A segunda boa notícia é que o pivô pernambucano foi novamente efetivo. Em 17min55s, ele somou 11 pontos e cinco rebotes, ajudando a carregar a defesa do Cedevita Zagreb de faltas, na vitória por 71 a 60. Batista sofreu quatro faltas na partida e converteu cinco de seus seis lances livres. Nos arremessos de quadra, foram 3-6. De negativo, para descontar em seu índice de eficiência, foram três desperdícios de posse de bola. O nobre ala Nobel Boungou-Colo, de 26 anos, foi o grande nome da partida, com 17 pontos, 4 rebotes, 3 assistências e 3 roubos de bola.

Lembra dele?
Esteban Batista (Panathinaikos) – E como não lembrar de nosso amigo uruguaio, medalhista de bronze, inclusive, no Pan Rio 2007? Pois o pivô ainda está em pelna forma no basquete europeu. Nesta quinta, tive a oportunidade de transmitir pelo Sports+ o confronto do gigante grego com o Bayern e confesso que fiquei surpreso e impressionado com a atuação de Batista. Não que ele seja mal jogador. Pelo contrário. Mas é que, depois de tantos problemas físicos em sua carreira, esperava um jogador ainda mais lento, menos efetivo, aos 31 anos. O pivô, todavia, fez estragos no garrafão bávaro, com 18 pontos (9/11 nos arremessos!) e 7 rebotes. O cara sabe se mexer bem na zona pintada com e sem a bola, gerando oportunidades de cestas fáceis para seu time. A munheca ainda está precisa, assim como o jogo de pés, leve, especialmente para alguém de seu porte físico. Esta á sexta Euroliga de seu currículo, tendo defendido o Maccabi Tel Aviv, o Baskonia e o Anadolu antes. Já está na Europa desde 2009, depois de uma apagada passagem pelo Atlanta Hawks, pelo qual mal jogou em duas temporadas.

O bom e velho Esteban Batista, raridade uruguaia

O bom e velho Esteban Batista, raridade uruguaia, exige marcação dupla

Um causo
A temporada mal começou, e o Galatasaray já está devendo salário para seus atletas. O clube turco investiu mais para a composição do seu atual elenco, aparentemente sem garantias de que lhes poderia pagar. A situação, claro, já causou desconforto nos bastidores, com os atletas ameaçando rescindir seus compromissos e migrar para a concorrência, enquanto é tempo. O técnico Ergin Ataman é que em está fazendo as vezes de intermediador nessa. Agora, a favor do armador Nolan Smith ele não vai agir. Pelo contrário. Durante um jogo da liga turca, o americano ex-Blazers se irritou com alguma bronca do turco e, sentado no banco, simplesmente atirou a toalha na direção do treinador. Ele foi colocado para treinar com juvenis, até que pediu desculpas. Resultado: desculpas não aceitas. Nesta quinta, jogando pela honra, o Galatasaray até venceu o Valencia por 71 a 64, fora de casa, se segurando após ter vencido o primeiro tempo por 47 a 24. Ao final do jogo, quando questionado se iria contratar alguém para a vaga de Smith, Ataman ao menos foi mostrou correção: “Nossa tarefa no momento não é contratar um novo jogador, mas satisfazer os nossos”.

Um lance
Neste confronto entre o time turco e o espanhol, Carlos Arroyo, grande líder do Gala, fez das suas. Espie só a finta que ele deu no armador belga Sam van Rossom:

Já foi, amigão? Foi cedo… Fique um pouco mais.

O porto-riquenho, daqueles que trata a bola como se fosse ioiô, marcou 16 pontos e deu 5 assistências na vitória, em 34 minutos. É impressionante, aliás, a forma física de nosso velho rival. Aos 35 anos, incansável. Quem imaginaria por uma dessas?

Em números
227 –
A lenda viva Dimitris Diamantidis assumiu o quinto lugar na lista dos atletas mais rodados de Euroliga, fazendo sua partida de número 227 nesta quinta-feira, deixando o espanhol Sergi Vidal e Sarunas Jasikevicius para trás. Acima dele estão apenas Juan Carlos Navarro (260 e contando…), Theo Papaloukas, Kostas Tsartsaris e Mike Batiste. Os dois últimos foram seus companheiros de Panathinaikos, clube habituado a ir longe no torneio. Nesta edição, porém, todo cuidado é pouco. No Grupo da Morte, o C, o clube grego perdeu para o Bayern de Munique naquele que pode ser um confronto direto pela quarta vaga. Ainda acho que Barcelona e Fenerbahçe passam nas duas primeiras posições e que o Milano, agora com duas derrotas, vai se recuperar e passar em terceiro. Sobra um posto.

70,6% – É o aproveitamento nos arremessos de quadra do pivô Sasha Kaun em toda a sua carreira de Euroliga. Ele disputa agora sua sexta temporada, sempre pelo CSKA Moscou. O russo foi campeão universitário por Kansas, acabou draftado pelo Cleveland Cavaliers, mas nunca se interessou muito em jogar na NBA, ganhando um belo salário em casa. Excepcional defensor, ele evoluiu consideravelmente no ataque desde que voltou para casa. Não espere movimentos muito criativos, ousados por parte dele. O cara sabe suas limitações – e vem daí o altíssimo rendimento. Nesta quinta, na revanche moscovita contra o Maccabi (vitória em casa por 99 a 80), ele acertou 7 de seus 11 arremessos e/ou cravadas, somando 17 pontos em 22 minutos.

34 – O saldo de pontos da vitória do Zalgiris Kaunas para cima dos russos do Nizhny Novgorod: 97 a 63. Já valeu como a maior surra desta temporada. Seis atletas do clube lituano se dividiram entre os 10 pontos de Arturas Gudaitis e os 13 do veterano pivô Paulius Jankunas. Um dado impressionante da partida: o time da casa acertou 72,9% nos arremessos de dois pontos (35/48), contra uma defesa esburacada.

Tuitando

O craque Bastian Schweinsteiger e o zagueiro Holger Badstuber prestigiaram a vitória do Bayern sobre o Pannathinaikos em Munique. Esta é mais uma boa ocasião para relembrar o namoro de Schweinsteiger com o basquete. O meia alemão é realmente apaixonado pela modalidade e, inclusive, chegou a flertar em defender o time basqueteiro do clube bávaro em 2012. Quem revelou foi o ex-treinador da equipe e da seleção alemã, Dick Bauermann, em sua biografia. Na reta final da temporada,  jogando na Segunda Divisão, o Bayern já havia assegurado sua promoção à elite alemã, em seu projeto de retomada no esporte. Foi por pouco que Schweinsteiger não foi para a quadra – no fim, a diretoria do futebol não quis correr o risco. Fica a anedota.

O Bart Simpson resolveu dar as caras em Milão para apoiar o Olimpia e Daniel Hackett. Não deu muito certo contra o Barça de Huertas.

A família do basquete lituano é assim. Kuzminskas joga a Euroliga pelo Unicaja Málaga, mas isso não vai impedi-lo de parabenizar o modesto Neptunas Klaipeda, um dos surpreendentes estreantes desta temporada, por sua primeira vitória. E foi de modo dramático, daquelas com arremesso desequilibrado quase no estouro do cronômetro também, para derrubar o Estrela Vermelha, pelo Grupo D: 83 a 81.  Valdas Vasylius fez uma cesta de improviso. Veja só:


Dallas Mavericks: de volta para o futuro
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Nem faz tanto tempo assim, né?

Nem faz tanto tempo assim, né?

Valeu a pena ter desmontado um time campeão pelo direito de contratar Monta Ellis e Chandler Parsons? Na frente da câmeras, um bilionário confiante como Mark Cuban, o dono de franquia mais atirado da NBA, militante das redes sociais, pronto sempre para desafiar os jornalistas e os concorrentes, certamente vai dizer que sim. Vai dar de ombros: tipo, vocês não sabem do que estão falando.

Mas pergunte a Shawn Marion, José Juan Barea, DeShawn Stevenson e até mesmo a Tyson Chandler, que está de volta a Dallas, o que eles pensam a respeito. Você pode esperar respostas que variam da ironia ao rancor, de uma gargalhada a lágrimas deprimidas, num reflexo da decisão corajosa – e duvidosa – que Cuban e Donnie Nelson tomaram no verão de 2011, abrindo mão de vários integrantes do único time da franquia que conseguiu o título, depois de centenas de milhões de dólares gastos e diversas tentativas frustradas.  “Nós não demos a nós mesmos a chance de defender o troféu”, lamenta Marion, ainda hoje, em Cleveland.

As regras trabalhistas e o modelo de negócios da liga americana estava passando por uma drástica fórmula de reformulação, e a diretoria do Mavericks optou por não estender o contrato de diversas figuras importantes da campanha vitoriosa, de imediato, para preservar a tão propalada “flexibilidade” em suas operações. A ideia era não assinar contratos de longo prazo, em busca de teto salarial para conseguir mais uma superestrela para jogar ao lado de Dirk Nowitzki.

Parsons, pressão de US$ 45 milhões

Parsons, pressão de US$ 45 milhões

Na época, Cuban se gabava de enxergar o futuro da liga dois passos à frente dos concorrentes – e que prorrogar o vínculo de seus campeões seria oneroso a médio e longo prazo. Ok, tirando David Kahn, ninguém quer pagar US$ 4,5 milhões em média para Barea, a despeito dos estragos que ele fez contra o Miami Heat na final. Mas e quanto a Tyson Chandler? O Mavs abriu mão de um excelente defensor em seu auge. Com um adendo: um excelente defensor de 2,13 m de altura, inteligência, força física e liderança. Numa confissão de arrependimento, se viram obrigados a resgatá-lo três anos depois. Três anos mais velho, no caso.

Com o espaço na folha salarial, os caras bem que tentaram. Queriam Deron Williams – e deram sorte de não consegui-lo. Dwight Howard nem aceitou a piscadela direito. Chris Paul não foi para o mercado. Carmelo, LeBron… Sonhar não custava nada. No fim, os novos companheiros de impacto para o craque alemão se tornaram Ellis e Parsons, mesmo. Ellis fez seu melhor campeonato sob a orientação do crânio Rick Carlisle, desafogou a vida de Nowitzki e, ganhando US$ 8,6 milhões este ano, tem um salário que parece barganha – seu ex-companheiro de Milwaukee, Brandon Jennins ganha apenas US$ 600 mil menos, e ele só se equivaleria a Monta em seus delírios egocêntricos. O que economizaram nesse negócio, contudo, tiveram de despejar na conta bancária de Parsons. Para tirar o ala de Houston, só mesmo pagando US$ 45 milhões por três anos, num contrato cheio de artimanhas para evitar que o Rockets cobrisse a oferta. Como se precisasse.

Com Nowitzki ainda desafiando a lógica, esses dois reforços, a volta de Chandler, um elenco de apoio experiente e competente e um treinador ainda subestimado, o Mavs está fortíssimo. Só não dá para dizer que esteja mais perto do título do que três anos atrás…

Dirk, novo arremesso, ainda mais difícil de se parar? Apelão

Dirk, novo arremesso, ainda mais difícil de se parar? Apelão

O time: o ataque do Dallas vai seguir de elite, não há dúvida. Na temporada passada, foi o segundo mais eficiente da liga, empatado com o do Miami. Nowitzki ainda é a figura central aqui, com sua incrível capacidade de conversão nos arremessos, que contraria sua mobilidade cada vez mais reduzida. Nesse ponto, mais uma vez se faz necessário o elogio a sua dedicação nos treinamentos. Com o alemão representando ainda uma séria ameaça para qualquer defesa, por sua capacidade de matar de qualquer canto da quadra.

A presença de Ellis, um criador de primeira, ajuda a aliviar a pressão em cima do líder e também gera chutes mais fáceis. Parsons também oferece arremesso de longa distância e versatilidade, se movimentando muito bem sem a bola. Devin Harris chegou ao ponto de sua carreira em que virou subestimado. Jameer Nelson vai conduzir as coisas com segurança e também ameaça no perímetro. A defesa, porém, foi outra história: o Mavs se posicionou entre os dez piores para proteger sua cesta (8º pior, para ser mais exato), e a esperança é que a presença de Chandler, muito mais atento, alto e competitivo que Samuel Dalembert, ajude o time a subir uns dez degraus nessa lista, pelo menos. Se acontecer um milagre desses, a equipe sobe junto na duríssima conferência.

A pedida: para o Mavs seria muito importante o mando de quadra já na primeira rodada. Isso, claro, se eles chegarem aos playoffs. No Oeste, nunca se sabe…

Olho nele: Al-Farouq Aminu. O ala de 24 anos também foi contratado nas férias, mas sem a mesma badalação de Parsons. Porque, claro, é um jogador bastante inferior ao ex-garoto-propaganda do Rockets. Existem algumas coisas que Aminu sabe fazer muito bem, porém. É um excelente reboteiro para alguém de sua estatura, nem sempre jogando perto da cesta, com média de 8,5 na carreira, em projeção de 36 minutos. Oitava escolha do Draft de 2010, o jogador não tem lá uma posição definida, o que dificultou um pouco seu aproveitamento nas casas anteriores (Clippers e Pelicans). Mas é um atleta de primeiro nível, que pode ser muito bem aproveitado por uma cabeça aberta como a de Carlisle, que sabe tirar o máximo de seus comandados. Seu estilo, aliás, se encaixa com o de Dirk, atacando a tábua ofensiva com voracidade, enquanto o alemão tem liberdade para chutar de média para longa distância. Aminu, que defende a Nigéria em competições Fiba, pode ajudar no balanceamento de quadra, assim como ocorreu com Shawn Marion no passado.

Abre o jogo: “Ele me pareceu cansado hoje, e seu arremesso estava saindo curto. Ele está trabalhando para perder um pouco de peso. Ele está um pouco mais pesado. Isso é um trabalho em progresso, e hoje foi uma das noites que esse peso extra o atrapalhou”, disse o técnico Rick Carlisle, sobre Parsons, após uma derrota para o Oklahoma City Thunder em amistoso de pré-temporada. Para o treinador, o ala precisaria perder no mínimo 2,3 kg (cinco libras). A declaração sobre o homem de US$ 15 milhões anuais, claro, não pegou bem.

Abre o jogo 2: Parsons disse que daria conta disso. Depois, o treinador se viu obrigado a divulgar um comunicado pedindo desculpas ao jogador e todo seu elenco. “Foi injusto e inapropriado destacar Parsons. Foi um erro de julgamento”, afirmou. Aí o reforço disse que tudo bem: “Ele veio falar de homem para homem, e temos um ótimo relacionamento. Já ficou no passado, agora vamos seguir em frente. Isso apenas mostra que tipo de cara ele é. Estamos nessa juntos”, disse. Carlisle, então, brincou: “Caso fechado. Já recebi minha punição. Minha esposa e minha filha agora são seguidoras oficiais de Chandler Parsos no Twitter e no Instagram”.

Você não perguntou, mas… saiba que, nas férias, aos 36 anos, com aproveitamento excepcional e mais de US$ 200 milhões ganhos durante toda a carreira, Dirk achou que era prudente desenvolver uma nova mecânica de arremesso, de modo que se tornasse mais rápido em sua elevação, uma vez que a agilidade nas pernas já está bastante reduzida. Trabalhou, para isso, com seu bom e velho amigo/mentor Holger Geschwindner.

Detlet Schrempf, NBA, Alemanha, rookie, card, MavsUm card do passado: Detlef Schrempf. Muito antes de Nowitzki, o Dallas Mavericks teve seu primeiro ala vindo da Alemanha, com mais de 2,05 m e exímio arremessador. Quer dizer: Schrempf era alemão, mas não havia chegado diretamente de seu país, mas, sim, da Universidade de Washington, pela qual se formou. Aos 23 anos, ele estreou em Dallas na temporada 1985-86. Era reserva de uma grande equipe de meados dos anos 80, com Rolando Blackman, Mark Aguire, Derek Harper, Sam Perkins, entre outros. Num tremendo erro de cálculo, acabou trocado em fevereiro de 1989 para Indiana Pacers em negociação pelo pivô Herb Williams (cara que, depois, viraria patrimônio vivo do New York Knicks). Em Indiana, pela primeira vez, depois em Seattle, ele seria eleito para três All-Star Games, numa bela carreira. Schrempf era bastante sólido e versátil, fazendo de tudo um pouco, e bem. Ele se aposentou em 2001, aos 38 anos. A essa altura, seu compatriota já havia concluído sua terceira temporada na liga e era uma estrela em ascensão.


Retorno de LeBron desafia maldição esportiva de Cleveland
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Ele voltou

Ele voltou

Em Cleveland, o burburinho começou em maio, quando o Browns selecionou o badalado – e controverso – quarterback Johnny Manziel no Draft da NFL. Aí que, no dia 11 de julho, três meses depois, chegou a carta de LeBron James, via Sports Illustrated, anunciando O Retorno do Rei. Aí quem iria segurar?

Os torcedores mais fanáticos foram para a rua. As aglomerações não chegaram a atingir o status de passeata, mas foi quase. A causa? Eles estavam confiantes, muito confiantes que estaria chegando perto do fim. Mas o quê?

A mal-di-ção que paira sobre a cidade.

De que seus times não seriam campeões nunca mais na vida.

“Ah, vá. Que história de maldição é essa? Que bobagem!”, pode ser sua recepção. Mas não brinque com, ou duvide dos sentimentos dos outros, cara.  A sensação a respeito é tão grave em Cleveland, que tem seu próprio verbete na Wikipedia, gente. Veja só como o texto começa: “A maldição sobre os esportes de Cleveland é uma superstição envolvendo a cidade de Cleveland, e  todos seus times esportivos”. Todos!

Um artigo que detalha a maldição

Um artigo que detalha a maldição

Desde que o Cleveland Browns ganhou o título do futebol americano em 1964, a cidade, também representada na NBA e no beisebol com o Indians, jamais ganhou um troféu. Se for juntar tudo, dá mais de 150 temporadas de jejum. E eles não aguentam mais conviver com esse fardo. Daí que, quando um LeBron volta parasua  casa – que, veja bem, não é exatamente Cleveland, mas Akron –, eles explodiram em euforia. Era chegada a hora.

Do ponto de vista nacional, a pressão sobre o Cavs vai ser natural. Afinal, é o que ronda toda a carreira do ala, ainda mais depois da chegada de Kevin Love. Estamos diante do novo supertime da NBA. Na cidade, porém, você pode imaginar o nível de tensão quando a equipe se aproximar dos playoffs.

“O campeonato é a nossa meta nesta temporada”, afirma Anderson Varejão, que já vive há 10 anos por lá, e então sabe que tem de tomar cuidado ao abordar o tema, de modo que ele complementa a frase: “Mas há alguns times muito bons lá fora. Espero que dê certo para nós logo de cara, e que vençamos todo mundo, mas as coisas não funcionam desta forma. Vai levar tempo”.

O time: antes de contratar James e Love, o Cavs já havia garantido um grande trunfo para elevar o produto que entrega em quadra: Blatt. O americano-israelense estava merecendo uma chance na NBA. Hoje, existem outros 28 técnicos que trocariam de lugar com ele num piscar de olhos – vamos deixar Pop fora dessa. Mas talvez não haja melhor nome para cumprir essa missão, independentemente de sua condição de estreante na grande liga. A começar pela defesa. Uma das características mais elogiosas de Blatt é sua capacidade camaleônica, de se adaptar ao que tem ao seu redor. E, como ele mesmo conta, no elenco formado pelo gerente geral David Griffin, com uma ajudinha de LBJ, há atletas que vieram de times que praticavam os mais diversos estilos de defesa no ano passado. Isso não é problema.

“Vamos ser versáteis. O fato de ter caras vindo de diversos sistemas só vai nos ajudar”, garante. Versatilidade não falta, realmente, para o treinador usar. Ele pode formar quintetos grandes e, ao mesmo tempo, velozes. Ou times baixos, mesmo, que vão correr ainda mais – ter o melhor jogador do mundo ao seu lado ajuda bastante para isso. Tudo vai depender da química em quadra e do adversário, do jeito que seu treinador gosta. O Cavs também tem um potencial imenso para dominar os rebotes jogo a jogo, com o trio Varejão-Love-Thompson sendo escoltado por Marion e James. Se você assegura os rebotes defensivos, estará bem posicionado para sair no contragolpe. Irving, Waiters e James vão adorar receber os touchdowns de Love, por exemplo. Em situações de meia quadra, arremessadores não faltam para esgarçar a defesa. Enfim, é um time bastante intrigante.

A pedida: o elenco ainda é majoritariamente jovem, considerando as peças principais, LeBron, Blatt e dirigentes vão falar que tudo tem tempo nessa vida, mas é óbvio que a equipe joga pelo título para já.

Linha de frente de Cleveland promete dominância nos rebotes

Linha de frente de Cleveland promete dominância nos rebotes

Olho nele: Tristan Thompson. Quando você observa o pivô canadense e ignora as minúcias do jogo, deve se sentir predisposto a amar o sujeito. É um cara muito rápido e ágil, que sai do chão com facilidade para enterrar ou capturar rebotes. Para ele, essa coisa de capacidade atlética é natural. Os pais eram esportistas, o irmão caçula, também. E o primo. Leia mais. Aqui, Thompson ganha relevância não só por ser aquele que vai revezar com Varejão no garrafão, mas também por causa do futuro. Um futuro bem próximo. O canadense chega a seu quarto ano de NBA, estando sujeito a renovar seu contrato. E vale quanto?

A despeito de suas habilidades como reboteiro, de cobrir espaços defensivamente, em termos de produção ofensiva, o pivô está estacionado, se for para checar sua produção por minuto, ou até mesmo regrediu, em termos qualitativos. No ataque, ele pode ter mudado de mão para arremessar – trocou a canhota pela direita –, mas isso não surtiu pouco efeito em seu aproveitamento de média distância, e com volume reduzido de tentativas. Passar também não consta em seu repertório. Estamos falando um jogador com sérias limitações. Mas que tem o mesmo agente de LeBron: Rich Paul. E a diretoria do Cleveland por acaso gostaria de desagradar o sujeito? A aposta seria que, instruído por Blatt, um professor muito mais gabaritado que Mike Brown e Byron Scott, Thompson progredisse de modo significativo para justificar o salário de mais de US$ 10 milhões que certamente vai pedir.

Abre o jogo: “LeBron vindo para cá não era o suficiente. Fechei o negócio só quando soube do Kevin Love. Isso me convenceu, deixou mais realista a ideia de que teríamos uma chance de vencer o campeonato neste ano”, dele, Shawn Marion, o cara.  Campeão em 2011 pelo Mavs, sendo um dos responsáveis pela marcação em LBJ, “Matrix” foi um dos reforços cortejados pelo craque para complementar o elenco da equipe. Resta saber se o ala seria contratado caso tivesse soltado essa antes de firmar contrato.

Você não perguntou, mas… segundo o repórter Dave McMenamin, do ESPN.com, quando Cavs e Lakers discutiram uma possível troca envolvendo Pau Gasol na temporada passada, a diretoria de Los Angeles não arredava o pé e pedia Anderson Varejão no pacote. Não foram atendidos, para sorte do pivô brasileiro. E, sim, chegamos ao dia em que ficar em Cleveland, em vez de vestir a camisa do Lakers, é algo que nem se pensa a respeito.

Brad Daugherty, pick 1, topsUm card do passado: Brad Daugherty. O Cavs ganhou a loteria do Draft pela primeira vez em 1986, 17 anos antes de ser brindado com LeBron James. Naquela ocasião, a franquia viveu talvez o seu grande momento – pelo menos até o dia em que o prodígio decidiu voltar para casa. Além do pivô revelado pela Universidade da Carolina do Norte, a diretoria caprichou nas escolhas de Ron Harper (em 8º) e Mark Price (em 25º), para construir o núcleo de um time que tentaria desafiar do Bulls de Jordan, Pippen e Jackson no início dos anos 90. Que draft! Como tudo que é bom tende a passar rápido para os times de Celveland, contudo, Harper foi trocado para o Clippers e Daugherty teve sua carreira abreviada devido a problemas crônicos nas costas. Ele jogou apenas nove anos na liga, dos 21 aos 28, se aposentando precocemente com médias de 19 pontos e 9,5 rebotes, sendo eleito cinco vezes para o All-Star Game no meio do caminho. A curiosidade é que, aos 30 anos, ele tentou voltar ao esporte. Mas oooooutro esporte: o automobilismo, como dono de uma equipe da série NASCAR de pickups, a mesma que já contou com Nelsinho Piquet em sua linha de largada. No atual elenco do Cavs, são duas escolhas número um de draft: LeBron e Kyrie Irving. Caso não tivessem fechado a troca por Love, teriam mais duas: Andrew Wiggins e Anthony Bennett. Haja sorte. É o carma para compensar a maldição.


Chicago Bulls: a hora é agora para um time reforçado
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Dois novos craques, em diferentes estágios de suas carreiras, para o Chicago

Dois novos craques, em diferentes estágios de suas carreiras, para o Chicago

As enquetes promovidas pelo NBA.com antes de uma temporada começar são imperdíveis. Servem como um belo termômetro sobre a liga, uma vez que os entrevistados são os 30 gerentes gerais das franquias, as (supostas?) cabeças pensantes que movem as engrenagens competitivas do campeonato. Na edição deste ano, na hora de falar sobre os técnicos, Gregg Popovich foi unanimidade. Nenhuma surpresa, até aí: 92,9% dos votos para melhor treinador; 57,1% para melhor motivador; 46,4% para aquele que faz os melhores ajustes dentro de um jogo; por fim, 77,8% para aquele que coordena o melhor ataque.

E o que Popovich tem a ver com o Bulls? Nada. Mas, fora a aclamação ao treinador do Spurs, outro ponto chama a atenção nessa pesquisa: Tom Thibodeau foi o segundo treinador mais mencionado. Em uma categoria, aliás, ele bateu Pop – como aquele que tem, claro, a melhor defesa, recebendo 92,9% dos votos. De todas as perguntas feitas, todavia, apenas em uma Thibs não foi mencionado sequer uma vez. Vocês sabem: aquela sobre sistemas ofensivos. A combinação dessas duas notas diz muito sobre o que se espera – e o que se vai cobrar – do comandante do Chicago para a temporada.

Desde que assumiu o cargo, Thibodeau levou o Bulls a quatro campanhas vitoriosas, com aproveitamento geral de 65,7%. Excelente. Este é o 12º melhor aproveitamento da história da NBA, acima até de Pat Riley e Stan Van Gundy, por exemplo. Entre os técnicos em atividade, só fica atrás de Gregg Popovich (quarto, com 68,6%) e Erik Spoelstra (11º, com 66%). Phil Jackson é o líder, para constar: 70,4%.

Com Rose, Bulls de Thibs ataca bem

Com Rose, Bulls de Thibs ataca bem

Se for para computar apenas os jogos pelos playoffs, seu rendimento cai para 43,6%, com 17 vitórias e 22 derrotas. Em duas ocasiões o seu time foi eliminado na primeira rodada, incluindo o campeonato passado, em que perderam para o Washington Wizards. Em 2011, perderam na final do Leste para o Miami. Em 2013, na semifinal de conferência, para o mesmo rival, a grande potência deste início da década.

Agora, falar sobre todos esses números, sem levar em consideração o contexto, seria absurdo. Especialmente no caso do Bulls de Thibodeau. Afinal, o técnico perdeu seu melhor jogador, Derrick Rose, nos mata-matas de 2012, e, desde então, vem sendo obrigado a usar um plano de contingência atrás do outro para manter sua equipe competitiva. Na última campanha, teve de superar até mesmo o fogo amigo, quando sua diretoria resolveu se livrar de Luol Deng, dando a entender que não compensava brigar por nada. O técnico e Joakim Noah não deixaram. Esse tipo de trabalho não passou despercebido pela concorrência, como a enquete oficial da liga comprova. Trabalhos dignos, de tirar leite de pedra.

Para o campeonato que começa na semana que vem, a história é diferente. Rose está de volta. Depois de disputar o Mundial, sem sustos, vem jogando a pré-temporada também sem acusar nenhum problema. Suas estatísticas são relativamente ruins, mas não dava para esperar algo diferente, para alguém que ficou basicamente dois anos sem jogar. Pau Gasol substitui Carlos Boozer na rotação, e não dá nem para calcular o quanto isso é melhor para a equipe. O espanhol é mais habilidoso, mais alto e protege o aro, mais experiente em jogos decisivos e, a julgar pelo que vimos durante  a Copa, está em grande forma. Splitter, Nenê e Varejão podem dar seu testemunho. O banco ficou bem mais forte com a chegada dos calouros Nikola Mirotic e Doug McDermott, dois excepcionais arremessadores, e com a constante evolução de Taj Gibson – sem contar o promissor ala Tony Snell.

É um conjunto muito rico, com peças valiosas para a defesa – e também para o ataque. Há mais opções de troca, para que os principais atletas não sejam exauridos pelo técnico. E aí que o bicho pega. Se nenhum acidente (toc, toc, toc) acontecer, Thibs tem em mãos um dos melhores plantéis da liga, justamente no ano em que o Miami Heat se desfez e que, em Cleveland, LeBron ainda está formando seu novo supertime. Para esta versão do Bulls, a hora é agora.

A linha de frente ficou mais forte; e não se esqueçam de Gibson

A linha de frente ficou mais forte; e não se esqueçam de Gibson

O time: com Thibodeau, o Bulls teve a melhor defesa de 2011 e 2012. Em 2013, acreditem ou não, ele permitiu que o time derrapasse para quinto. Em 2014, tomaram vergonha na cara e terminaram com a segunda mais eficiente, atrás apenas do extinto Indiana Pacers. Temos um padrão aqui: a rapaziada sofre demais contra Chicago. Do outro lado da quadra, porém, o panorama é bem diferente. Na temporada passada, o ataque do Bulls foi simplesmente o antepenúltimo em eficiência. Em 2013, o 24º. Um horror: jamais uma equipe tão boa na retaguarda, mas tão fraca para pontuar conseguiu chegar perto do título. Mas nem tudo é caos. Em 2012, ainda com Rose em plena até os playoffs, tiveram o quinto melhor índice ofensivo. Em 20122, o 12º. A expectativa, então, é que a volta de Rose (mesmo um Rose a 70%, ou quase) e a chegada de Gasol e dos calouros ajudem sensivelmente nesse quesito. O espanhol é fundamental para isso: tem uma versatilidade impressionante, mesmo com idade mais avançada. Pode atacar de frente e de costas para a cesta, é um exímio passador e tem tudo para formar uma dupla de pivôs eletrizante com Noah. São fatores que sugerem possibilidades infinitas para seu treinador. A bola está com ele, por enquanto, e os dirigentes da liga esperando uma confirmação.

A pedida: Derrick Rose prega paciência, diz que ainda há uma longa trilha pela frente. Mas o torcedor do Bulls está pensando em título, sim, este ano. Ou pelo menos deveria estar.

Mirotic passa por processo de adaptação. Thibodeau será conservador com ele, ou vai dar liberdade?

Mirotic passa por processo de adaptação. Thibodeau será conservador com ele, ou vai dar liberdade?

Olho nele: Nikola Mirotic. Rose vai chamar quase toda a atenção da mídia que for cobrir Chicago. Aí vem Gasol. Depois dos astros, o que sobrar pode ficar para o calouro McDermott, um dos queridinho nacionais nos tempos de NCAA. Tudo merecido, aliás, todos talentosos. Mas creio que Mirotic possa ter um impacto muito maior que o do jovem americano, por ser multifacetado. Algo que seus companheiros passaram a tomar nota no training camp. “Ele é muito bom, realmente bom. Ele adiciona uma dimensão diferente ao jogo… É muito mais que apenas um arremessador. Quando você pensa nesses pivôs abertos, não imagina caras que possam dar tocos, correr bem pela quadra, e ele consegue: ele é um puta de um jogador”, afirmou Noah, mais inspirado e eloquente do que nunca. Para os que viram o montenegrino naturalizado espanhol nos últimos anos pelo Real Madrid, não é surpresa. Mirotic era um dos melhores atletas da Europa. Em Chicago, encara uma rotação pesada, com  JoJo, Gasol e Gibson. Assim como aconteceu com Splitter, Scola, Teletovic, e outros, deve passar por um período de adaptação. Pensando longe, porém, seria prudente da parte de Thibs dar minutos regulares ao ala-pivô.

Abre o jogo: “Acho que da última vez que ele veio para cá como jogador do Lakers, estava rolando aquela coisa polar, ártica, aquele vórtice polar. Foi brutal. Quando você está acostumado a ir para a praia todo dia, escolher o vórtice polar diz muito”, Noah, sobre Pau Gasol, que trocou a Califórnia por Chicago, uma das metrópoles congelada no último inverno.

Você não perguntou, mas... o armador Aaron Brooks gosta de chamar o calouro McDermott de Ray. Por que ele é um bom chutador, tipo o Ray Allen? Nada. “Achei que era o nome dele. Quando decobri que não era, o continuei chamando de Ray”, afirmou o baixinho, abusando do calouro. Sim, a NBA está cheia de gente biruta. Em Chicago, Brooks tenta beber da mesma fonte que DJ Augustin, CJ Watson, John Lucas III, Nate Robinson… todos armadores que reviveram ou impulsionaram suas carreiras vindo do banco, sob a orientação de Thibs.

toni-kukoc-bulls-rookieUm card do passado: Toni Kukoc. O astro croata chegou ao Bulls em 1993, aos 25 anos, dois anos mais velho que Mirotic hoje, e com um currículo impressionante: tricampeão europeu pelo KK Split (na época chamado de Jugoplastika e Pop 84), três vezes MVP do Final Four europeu, tetracampeão iugoslavo, campeão mundial pela Iugoslávia em 1990, vice-campeão olímpico pela Iugoslávia em 1988 e pela Croácia em 1992, bicampeão do EuroBasket pela Iugoslávia em 1989 e 1991 e bronze no Mundial de 1994 pela Croácia. Ufa, né? Então não era definitivamente um calouro qualquer que o Bulls recebia em seu primeiro ano sem Michael Jordan. O ala já chegou ganhando uma fortuna, despertando a ira de Scottie Pippen, que estava preso a um contrato subvalorizado. Essa discrepância salarial gerou um dos episódios mais baixos da história do time e da carreira magnífica de Pippen, quando ele se recusou a voltar para a quadra num jogo de playoffs contra o Knicks, em 1994, com 1s8 restando no cronômetro. A jogada de Phil Jackson havia sido desenhada para Kukoc. Pior: com Pippen servindo como isca, que o craque americano, que havia jogado uma barbaridade durante toda a temporada, não aceitou. Claro que a frustração era muito maior que isso. Detalhe: o croata fez a cesta da vitória.


Charlotte Hornets: Michael Jordan de volta na briga
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Não, Jordan não precisou voltar para o ex-Bobcats competir

Não, Jordan não precisou voltar para o ex-Bobcats competir

Não precisa ficar falando muito aqui sobre a obsessão que Michael Jordan tinha por essa coisa que, no esporte, a gente chama de vitória. Vencer, vencer, vencer. No pôquer, no golfe, na bolinha de gude, tudo: o sujeito era compulsivo, a ponto de esmurrar Steve Kerr num treinamento. Então como faz quando alguém com um DNA desses vê sua equipe terminar o campeonato da NBA com aproveitamento de 10,6%, 25,6% e 52,4%? Haja charuto cubano para compensar tanta frustração.

Jordan assumiu o controle da franquia em 2010. Desde então, essas foram as campanhas da equipe, com um salto considerável na temporada passada, quando Sua Alteza se cansou de tanta sacolada. Sua gestão abortou os planos de perder, perder e perder, para coletar escolhas altas no draft, seguindo o modelo que deu tanto certo para o Oklahoma City Thunder. A sorte, porém, não esteve ao lado do finado Bobcats. Em 2012, por exemplo, em vez de Anthony Davis, tiveram de se contentar com Michael Kidd-Gilchrist, que jura hoje ter reconstruído seu arremesso.

Daí que o clube achou por bem sair gastando no mercado de agentes livres, apostando no renegado Al Jefferson, que fez talvez a melhor temporada de sua carreira – pelo menos em termos de sucesso da equipe. Junto com o pivô, acertou na mosca ao contratar Steve Clifford, homem tem a benção do clã Van Gundy. Com Clifford, o time se tornou surpreendentemente a sexta defesa mais eficiente e chegou aos playoffs. Melhor momento para essa guinada não tinha, uma vez que o clube havia sido brindado pela direção com o resgate do apelido Hornets, tão popular na cidade nos anos 90 e largado de canto pelo Pelicans.  Agora, com o moral elevado dentro e fora de quadra, Charlotte quer mais, quer avançar nos mata-matas. Entra em cena Lance Stephenson, o grande e controverso reforço da equipe. Um cara de talento indiscutível, que já sabe o que é ir longe nos playoffs. Será que vai agora? MJ conta com isso. Charuto, só se for celebratório.

(PS: o leitor desde já precisa assinar um termo de compromisso: saio aqui em defesa da classe de jornalistas para que qualquer Charlotte Bobcats que escapar não seja válido para errata, ok? A confusão mental ainda é grande.)

É, Gasol, Al Jefferson dá trabalho

É, Gasol, Al Jefferson dá trabalho

O time: se o agora Hornets conseguir manter sua marcação coesa, já tem meio caminho andado. Clifford adotou táticas mais conservadoras, que deram resultado. A ordem era abandonar a disputa do rebote ofensivo, para qual apenas o hiperatlético e arrojado MKG tinha autorização, aqui e ali. Na tábua defensiva, o contrário: todos bem postados para coletar qualquer rebarba (quesito em que foram os melhores). Na hora de defender a cesta, a ordem era recuar os pivôs e fechar o garrafão,  tentando inibir a infiltração, empurrando os adversários para uma das laterais. São princípios que andam em voga na liga e devem ser mantidos, se não sofisticados. Do outro lado, o clube acabou perdendo um de seus atletas mais criativos: o ala-pivô Josh McRoberts, quase um armador na posição de pivô e que contribuía de modo significativo para um ataque já pouco eficiente (o sétimo pior). A expectativa é que Marvin Williams ao menos replique o tiro exterior de quem está substituindo e que Stephenson não emperre a movimentação da bola, que precisa chegar a Jefferson, um pontuador de primeira, cheio de movimentos e com uma munheca de causar inveja e que jogou a melhor temporada de sua produtiva carreira.

A pedida: não há outro cenário admissível que não a classificação entre os oito primeiros. De preferência, entre os quatro, para ter mando de quadra. E quem diria que estaríamos falando de Charlotte nestes termos…

Olho nele: Stephenson, claro. Talvez ele não queira mais soprar na orelha de ninguém. Na verdade, o que Clifford precisa dele é de um sopro de criatividade com a bola. Por outro lado, com o foco do ataque voltado prioritariamente para Jefferson, é preciso ver como o temperamental ala vai reagir. No melhor dos cenários, Stephenson vai saber a hora de agredir e de acionar o pivô em situações de pick and roll, aliviando também a pressão em cima de Kemba Walker, um armador veloz, energético, mas que não tem tanta categoria assim como os torcedores de Connecticut pensam – sua média de conversão no garrafão é uito baixa. Stephenson, nesse sentido, pode chamar mais defensores e dar um pouco mais de liberdade e descanso ao tampinha.

O que vai ser de Stephenson em Charlotte: história para seguir

O que vai ser de Stephenson em Charlotte: história para seguir

Você não perguntou, mas… o time de Charlotte não resgatou apenas o nome Hornets para esta temporada. No pacote, veio também todo o registro histórico da antiga franquia da cidade, de 1988 a 2002, quando aquela encarnação do time foi alocada para Nova Orleans. Esses números se fundem, então, com o do Bobcats, que foi lançado em 2004. Desta forma, o maior cestinha da franquia é o ala Dell Curry, pai do Stephen, com 9.839 pontos marcados.

Abre o jogo: “Jordan é um fã de Lance. Ama sua competitividade, e falou para ele candidamente sobre como o enxergava como um encaixe perfeito para nossa franquia e sobre as coisas… Que Lance poderia controlar melhor”, Steve Clifford, técnico do Hornets, falando sobre o impacto da participação de Jordan na reunião que selou a contratação de Stephenson. Demais a hesitação no meio da frase, né? Na hora de falar sobre as bobagens que o ala aprontou em Indiana, precaução nunca é demais. Além disso, a declaração também mostra o quanto ainda pesa o nome de Jordan, como um atrativo para o clube, compensando o tamanho diminuto do mercado.

Kelly Tripuca, e que cabelo

Kelly Tripuca, e que cabelo

Um card antigo: depois de viver grandes anos com o Detroit Pistons, pelo qual foi inclusive eleito duas vezes para o All-Star Game, o ala Kelly Tripucka foi trocado para o Utah Jazz e rapidamente virou um desafeto de Karl Malone. De modo que, em 1988, ficou disponível para o draft de expansão e acabou selecionado. Em Charlotte, ele teve o privilégio de ser o primeiro cestinha da história da equipe, com 22,6 pontos por jogo. Ele se aposentaria da NBA em 1991, defendendo o Limoges, da França, atual clube de JP Batista, na temporada seguinte.  Tripucka foi um belo cestinha nos seus melhores tempos, mas nunca foi reconhecido como um bom defensor. Então que diabos ele estava pensando ao tentar dar um toco em Michael Jordan!? Pelo menos, merece aplausos pela coragem:


Brooklyn Nets: grandiosidade tem limite
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Três caras talentosos. Mas e a saúde? E a grana gasta?

Três caras talentosos. Mas e a saúde? E a grana gasta?

Quando comprou o então New Jersey Nets, o russão Mikhail Prokhorov afirmou que sua meta era a conquista de um caneco da NBA até o quinto ano. Simples assim. Cá estamos entrando nesta quinta temporada, e a sensação é a de que o time já esteve muito mais preparado para isso. E, não, isso não tem nada a ver com a saída de Jay-Z do grupo de proprietários.

O clube concluiu sua mudança para o Brooklyn com sucesso. Tem um ginásio maravilhoso, acompanhado por belos uniformes e logotipo. Em quadra, até conseguiu se recuperar de alguns anos de miséria, mas… Nunca esteve tão perto do título como a versão do time no início dos anos 2000, liderada por Jason Kidd a dois vice-campeonatos. Eles só não tinham ninguém para marcar Shaquille O’Neal e Tim Duncan. E quem tinha?

Jason Kidd agora é realmente passado para o New Jersey Nets

Kidd agora é realmente passado para o Nets

Por falar em Kidd, o ex-armador promovido a técnico imediatamente estrelou um dos causos mais interessantes das férias. Não está muito claro a gênese da tentativa de golpe, mas o cara tentou derrubar o gerente geral Billy King para assumir pleno controle das operações de basquete do clube, algo que poucos têm no momento: Popovich em San Antonio (em parceria com RC Buford, é verdade), Stan Van Gundy em Detroit e Doc Rivers com o Clippers. Muito cedo para pensar nesse tipo de coisa, né? Se bem que, em se tratando de destronar King, talvez toda iniciativa seja válida.

O cartola montou um time competente, mas sacrificou o futuro para isso. Tudo teria mudado caso tivesse fechado com Dwight Howard? Pode ser. Mas ele perdeu essa, e o que restou foi um time de veteranos que, somados, não apresentaram o suficiente nem mesmo para ganhar incomodar no Leste. A contratação de Deron Williams, pelo preço pago, se mostra uma bomba: de supetão assim, já não dá para colocá-lo nem mesmo na lista dos dez melhores armadores da liga. Joe Johnson viveu suas noites de herói na última campanha, mas é outro que não justifica o salário – e cuja negociação custou uma penca de escolhas de draft. O mesmo procedimento foi adotado na hora de fechar com Garnett e Pierce – sendo que metade da dupla de veteranos nem está mais por lá.

Brook Lopez voltou a sentir o pé já na pré-temporada – foi só uma torça, ufa! Mas ainda assim… A enfermaria já está personalizada. Kirilenko teve problemas nas costas. Então ficaram nesse ponto: se as lesões, ou a velhice permitirem, o Nets até vai chegar aos mata-matas com tranquilidade. Uma vez lá, está destinado a cair na primeira ou na segunda rodada.

A boa notícia? Em 2016, quando vencem os contratos de Johnson e Lopez, o time terá mais uma vez espaço na folha salarial para recrutar estrelas para Brooklyn. A má? É só ver no que deu a última vez que isso aconteceu.

Sem palavras

Sem palavras

O time: é uma incógnita. A equipe que deu mais certo no ano passado com Jason Kidd era única. Os quintetos empregados pelo treinador noviço tinham composições híbridas: você não poderia apontar exatamente que fulano era isso, ou sicrano aquilo, se aproveitando da versatilidade de caras como Shaun Livingston, Paul Pierce, Andrei Kirilenko e Andray Blatche, por exemplo. Com Hollins, a abordagem deve ser mais tradicional. Supostamente, ele teria pivôs ao seu dispor para emular o sistema de Memphis, embora nenhum deles seja tão grande ou inteligente como Marc Gasol. Só precisa ver quem ele terá para jogar de fato: quantos jogos Deron, Lopez e Garnett aguentam? Com quem ele pode contar, na certa: Mason Plumlee. O pivô campeão mundial foi criticado injustamente por sua escolha para o Team USA. Falaram que só estava lá por ter sido atleta do Coach K em Duke, que ele jogar na vaga de Andre Drummond era insano. Bobagem: para construir um time, nem sempre os melhores talentos são necessários, mas, sim, aqueles que combinam mais. E o Plumlee II se encaixa em qualquer sistema e time, devido a sua capacidade atlética (salta muito, se move com a agilidade de um ponta de vôlei e, ao mesmo tempo, é muito forte), além da leitura de jogo avançada pelos quatro anos de universidade.

A pedida: menos lesões, por favor. E playoffs. Título? Pfff. Só em caso de uma hecatombe em Cleveland e Chicago.

Bojan Bogdanovic: mecânica

Bojan Bogdanovic: mecânica

Olho nele: Bogdan Bogdanovic. O croata é visto pelo basquete europeu como um astro em potencial desde a adolescência. Muito antes de entrar no radar da NBA, o ala já havia assinado um contrato de cinco anos de duração com o Real Madrid, sabiam? O gigante europeu, no entanto, nunca o aproveitou para valer. Entre passagens curtas pelos times juvenis e empréstimos, Bogdanovic não desenvolveu laços na capital espanhola e rompeu o vínculo na reta final para voltar para casa. Mandou seu recado pelo Cibona Zagreb e aí fechou seu primeiro polpudo acordo com o Fenerbahçe, que defendeu por três temporadas.

Assisti a muitos jogos do ala nas últimas Euroligas, e o que posso passar é o seguinte: é, de fato, um grande cestinha. Grande arremessador e bandejeiro oportunista.  Quem o viu na Copa do Mundo já sabe: o cara tem um estilo classudo. Parece que seu jogo foi moldado pelos programadores de videogame mais atenciosos, com base no Manual do Jogador de Basquete.  Não é dos caras mais explosivos – ainda mais para os termos da NBA, na qual vai sofrer um pouco até saber o que pode e o que não pode fazer. A ideia é que ele vá compensar isso com seus diversos fundamentos, a boa estatura e tino para a coisa. O que falta: mais vontade de passar e servir aos companheiros. Na temporada passada, teve sua maior média de assistências no torneio europeu, e isso quis dizer 1,8 por partida. Para alguém que tinha a bola por tanto tempo em mãos e que evidentemente é inteligente com a bola, esse número chama a atenção, ainda mais quando levamos em conta que seu time estava tomado por atletas de seleção nacional. Não era uma questão de Bojan-contra-o-mundo.

Abre o jogo: “Claro. É o quarto treinador em três anos, então, tomara, que ele seja a voz certa para nós”, Deron Williams, sobre Lionel Hollins, já um tanto desiludido com mais uma franquia? Desde que chegou ao Nets, o armador foi dirigido por Avery Johnson, PJ Carlesimo e Jason Kidd.

Você não perguntou, mas… quando chegar 2016, talvez Prokhorov não seja nem mais o dono do Nets. Durante as férias já começou a especulação de que o bilionário russo teria cansado da brincadeira. Ou melhor: estaria disposto a lucrar horrores com uma eventual venda – se o Clippers vale US$ 2 bilhões, quanto custaria o time nova-iorquino? Multiplicar as verdinhas é o que esses caras mais sabem fazer, lembrando que ele pagou pela franquia US$ 223 milhões em 2010. Por ora, os aliados de Prokhorov afirmam que ele só estaria interessado em vender uma fração de suas ações – com o grupo Guggenheim já oficialmente envolvido em tratativas. Além disso, a oposição ao líder supremo russo Vladimir Putin espera que o magnata retome a linha de frente do partido Plataforma Civil, para tentar mais uma investida pelo poder no país.

Drazen Petrovic, Nets, card, New JerseyUm card do passado: Drazen Petrovic completaria nesta quarta-feira, 22 de outubro, 50 anos, não tivesse morrido num acidente de carro na Alemanha em 1993, numa das mortes mais trágicas da modalidade. Depois de brilhar muito jovem na Europa, a estrela croata chegou aos Estados Unidos em 1989, para jogar pelo Blazers. Era uma equipe muito forte, brigando pelo topo no Oeste, e que não lhe deu muito espaço. Para um craque já consagrado, a situação era inadmissível. Em 1991, então, conseguiu mudar de clube, trocado para o New Jersey Nets. Na vizinhança de Nova York, o ala mostrou do que era capaz. Em sua última campanha, ele anotou 22,3 pontos por jogo, chegando aos playoffs como protagonista. Acabaram perdendo do Cleveland Cavaliers por 3 a 2 na primeira rodada. Mas era um time se desenhava promissor, contando com jovens emergentes como Kenny Anderson e Derrick Coleman, embora Petrovic, de seu canto, não se estivesse se sentindo tão confortável assim. Seu relacionamento não era dos melhores com o restante do elenco, acreditando ser alvo de inveja/preconceito, pelo fato de ser o europeu brilhando fora de casa. O futuro do croata, de 28 anos, estava novamente no ar. Ele poderia até mesmo deixar a liga americana. Nunca saberemos: no dia 7 de junho de 1993, o craque morreu num acidente de carro, na Alemanha, depois de encontrar seus companheiros de seleção na Polônia. A batida aconteceu na Autobahn 9, quando seu carro bateu em um caminhão atravessado na pista. Petrovic estava dormindo no banco de passageiro, sem cinto de segurança. Sua namorada, modelo e jogadora, Klara Szalantzy, também morreu. PS: o Nets, nos anos 80, também tentou contar com outra estrela internacional: Oscar Schmidt. A gente sabe no que deu essa história.


Boston Celtics: Alguém vai atender o telefone?
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Stevens e Rondo: juntos para sempre ou até quando?

Stevens e Rondo: juntos para sempre ou até quando?

Danny Ainge não vai parar, disso todos sabemos. O irrequieto chefão do Celtics é daqueles que torra dólares em contas telefônicas. A orelha de seus contatos no Skype já está cansada. E lá está ele ligando para aquele pobre gerente geral novamente, em busca de mais escolhas de Draft, de mais trunfos para poder apostar alto depois. É isto: o cartola não vai sossegar, enquanto não conseguir fechar mais uma supertroca que dê ao tradicionalíssimo time mais um grande craque, aos moldes do que obteve em 2007 com Ray Allen e Kevin Garnett.

Quando Kevin Love visitou o Fenway Park, do Red Sox, nas férias, você imagine como a cidade, doente por esportes, ficou. Em polvorosa? É pouco até, especialmente depois de David “Big Papi” Ortiz se empenhar no recrutamento. Um torcedor sortudo até mesmo flagrou um encontro do ala-pivô com Rajon Rondo:


Acontece que o flerte durou pouco. Flip Saunders, presidente, gerente geral, técnico, roupeiro e segurança do Timberwolves, não se empolgou tanto assim, não, com o que Ainge lhe ofereceu, o contrário de Kevin McHale, todo camarada com seu ex-companheiro, tempos atrás. Obviamente LeBron James ficou bastante satisfeito com essa decisão.  Já Rondo… Por mais que o armador fale em público, e que a diretoria do Celtics sublinhe cada palavra – está tudo bem, estão todos felizes –, fato é que o astro e a franquia estão em pontos diferentes da curva, neste momento. O time está em fase de reconstrução, ainda sem identidade. O atleta, em último ano de contrato, voltando de lesão no joelho e de uma fratura na mão, acostumado a lutar pelo título, a brigar nos playoffs. Vai demorar para acontecer isso em Boston. A não ser que alguém diga sim a Ainge. Sempre levando em conta que, no fim, Rondo é aquele poderá ser trocado. Senta, que lá vem história, viu?

 Marcus Smart arranca elogios por onde passa. Por ora, aguarda se Rondo vai ou fica

Marcus Smart arranca elogios por onde passa. Por ora, aguarda se Rondo vai ou fica

O time: que o Celtics vai estar bem preparado, bem treinado, disso não há dúvida. Brad Stevens impressionou em seu primeiro campeonato profissional e agora chega mais experiente. O jovem técnico é elogiado por todos em sua habilidade para fraturar o jogo em pequenos detalhes, repassando-os de modo claro para seus jogadores. Esses relatórios são acompanhados de toda e qualquer estatística disponível.  O problema é que, em quadra, o elenco é bem inferior ao da maioria de seus concorrentes: faltam arremessadores de primeira linha e um defensor que proteja o aro. São carências que Vitor Faverani poderia suprir, desde que consiga jogar: além de uma segunda cirurgia no joelho, o pivô ainda teve dificuldades com a língua e a cultura do basquete americano, segundo Ainge. A defesa ao menos conta com armadores ágeis e implacáveis, que podem atormentar os adversários. No geral, cabe a Stevens desenvolver os novatos Marcus Smart (badalado por onde quer que passe, até em treinos contra o Team USA) e James Young (um mês e cinco dias mais velho que Bruno Caboclo), além do segundanista Kelly Olynyk.

A pedida: se a troca por um atleta de ponta não acontecer, a direção do Celtics não vai fazer força nenhuma, nem torcer para que a equipe renda bem em quadra. Nos planos de longo prazo, mais vale uma escolha alta no próximo Draft, do que uma campanha beirando a mediocridade.

Sullinger, o novo atirador

Sullinger, o novo atirador

Olho nele: Jared Sullinger. No geral, o Celtics não tem muitos chutadores, mesmo, em seu plantel. Mas bem que o ala-pivô tem trabalhado para aumentar essa lista. Na pré-temporada, o rapaz de 22 anos converteu 14 de 22 disparos de longa distância nos primeiros sete jogos de pré-temporada. Vejam só. Seu apetite (sem trocadilhos, por favor) para os chutes de fora vem sendo incentivado por Stevens. Na temporada passada, ele tentou 208 arremessos em 74 partidas, mesmo que tenha convertido apenas 26,9% deles. O interessante é que Sullinger consegue combinar esse maior volume (de novo: sem trocadilhos!!) no jogo exterior com uma presença relevante na briga por rebotes: tem média de 10 por partida nesses mesmos amistosos, com direito a 19 num duelo com o Brooklyn Nets. Se o treinador preferia ter Kevin Love cumprindo esse tipo de papel? Ô. De todo modo, o jovem Sullinger ao menos vai se esforçando para deixar sua marca.

Você não perguntou, mas… o Celtics está prestes a dispensar um de seus jogadores, sendo obrigado a pagar o salário dessa figura na íntegra. O mais cotado é o armador Will Bynum, recém-adquirido em uma troca por Joel Anthony, que foi para Detroit. Cada franquia só pode levar 15 contratos garantidos para a temporada regular. Acontece que, em sua volúpia para fechar transações, a diretoria acabou juntando um plantel com com peças uma peça sobressalente. Bynum chegou de última hora, com US$ 2,9 milhões por receber – muito mais que o calouro Dwight Powell (US$ 500 mil). Mas preferiram apostar no potencial do ala-pivô canadense, mesmo arcando com a diferença: é como se estivessem assinando um cheque de US$ 2,4 milhões para nada. Pense nisso.

Abre o jogo: “Cara, estamos assistindo a muito basquete europeu. Não… o jogo é que está crescendo, e essa é a direção que todos estão tomando”, Brandon Bass, experiente ala-pivô que também vai adicionando o chute de três pontos ao seu arsenal, sob insistência de Stevens. Para Bass, porém, o arremesso se restringe a zona morta, e só. Resta saber se a parada no meio da frase, para mudar o tom, tem a ver com ironia ou reclamação.

Danny Ainge, beisebol, MLB, Blue JaysUm card antigo antigo: antes de entrar na NBA para ganhar dois títulos pelo histórico Celtics dos anos 80, Danny Ainge primeiro jogou na liga profissional de beisebol, a MLB, pelo Toronto Blue Jays.  Ao mesmo tempo em que estudava na BYU, o segunda-base estreou pelo time canadense no dia 21 de maio de 1979 e se despediu da modalidade em setembro de 1981, optando pelo basquete. Ainda hoje, o armador tem um recorde nos campos: é o mais jovem atleta a ter conseguido um home run pelo Blue Jays, com 20 anos e 77 dias. Detalhe: nos tempos de colegial, o cara era também um craque no futebol americano, com direito a dois títulos estaduais no Oregon. Quem pode, pode, né?


Atlanta Hawks: comentário racista deixa time indefinido
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Se for para comparar o que ele estava fazendo em Atlanta com a operação que conduziu em Cleveland, Danny Ferry era um homem completamente diferente. O gerente geral do Hawks se livrou do supercontrato de Joe Johnson e ainda recebeu escolhas de Draft nessa – quando o inverso parecia necessário –, limpando sua folha salarial. Deixou Josh Smith ir embora, com todo o seu talento, mas toda a dor-de-cabeça que causa também. Contratou Paul Millsap por uma pechincha, conseguiu tirar Mike Budenholzer da sombra de Gregg Popovich. Tudo parecia muito promissor, um processo arrumadinho, à espera de mais uma grande contratação, ou de mais alguns bons negócios que pudessem levar a franquia para o topo no Leste.

Até que… Bomba.

Ferry e o Hawks: agora no limbo

Ferry e o Hawks: agora no limbo

O cartola usou a maldita frase: “Luol Deng tem um quê de África nele” (numa tradução livre, insinuando que havia algo de mentiroso por trás da boa imagem do ala) em conversa com os proprietários do clube, em teleconferência antes de abrir negociações com agentes livres, e a gravação vazou. Depois do escândalo envolvendo Donald Sterling, era tudo o que a NBA menos queria, de que menos precisava. O comentário lamentável forçou seu afastamento por tempo indeterminado – embora, pasme, não tenha causado sua demissão. E o Hawks, um dos times com maior dificuldade para encher seu ginásio e consolidar sua marca, despencou nos rankings de afabilidade da liga. Se é que isso era possível, e por mais que muitas fontes tenham saído em defesa de Ferry, dizendo que ele nunca foi conhecido como alguém de ideias ou comportamento racista. Até mesmo Deng. Mas não tinha jeito, o estrago estava feito.

“Quando fui trocado para o Hawks, não queria vir para cá porque, por tudo o que sabia e ouvia, falava sobre o ambiente ruim, sem torcedores, sem empolgação nenhuma na cidade. Fiquei muito chateado ao sair de Chicago. Mas depois aceitei renovar meu contrato. Depois de ver o que o Danny estava falando, as pessoas que ele estava trazendo”, disse Kyle Korver. “Estava ficando mais atraente, e eu realmente acreditava no projeto, com um potencial enorme na cidade. E aí acontece isso. Espero que, quando a poeira abaixar, que esse projeto continue. Qualquer um que conheça o jogo e tenha visto nossa transformação vai concordar. Mas é triste que isso tenha acontecido. Isso me deixa bem chateado.”

O time: em quadra, o Hawks vai tentar se livrar dessa frustração com um conjunto bem entrosado e, esperam, que possa desenvolver as ideias de Budenholzer, na segunda temporada sob sua orientação, com muita movimentação de bola e pick and rolls. Podem esperar ainda mais arremessos de três pontos, depois da segunda colocação no campeonato passado nesse fundamento. Que o diga Paul Millsap, por exemplo. O ala-pivô saiu de 39 chutes de fora em 2013 para 212 em 2014 (mais de 5 vezes mais) Com Pero Antic em quadra, o técnico pode escalar até cinco chutadores abertos, sem pestanejar. Para a defesa, Thabo Sefolosha e Kent Bazemore chegam para ajudar DeMarre Carroll, deixando a rotação mais vasta e forte. Fica a dúvida, porém, sobre a forma física de Al Horford. O pivô dominicano já sofreu bizarramente duas rupturas musculares no peito, tendo disputado apenas 11 jogos em 2011-12 e 29 na campanha passada. Com Horford, o Hawks teve 16 V e 13 D (55,1%). Sem ele,  22 V e 31 D (41,5%).

A pedida: essa é difícil de responder, não só devido ao afastamento de Ferry, mas porque o clube está à venda. O ex-jogador e comentarista Chris Webber já se candidatou a comprá-lo, apoiado por investidores. Supostamente, a atual configuração do Hawks vai jogar para entrar nos playoffs e tentar fazer um estrago. Se o vestiário estiver tumultuado, se Horford não se recuperar bem, porém, as coisas ficam bem mais complicadas numa conferência que ficou mais forte.

Al Horford, e sua lesão complicada no peito

Al Horford, e sua lesão complicada no peito

Olho nele: Dennis Schröder. O alemão abre sua segunda temporada, disputando os minutos de reserva de Jeff Teague com Shelvin Mack. Seu progresso é importante por diversos fatores. Não só porque Ferry (se ele ainda apitar alguma coisa, claro) não é dos maiores fãs do armador titular, mas porque o Hawks bem que poderia usar um atleta promissor como peça valiosa em uma eventual troca. Durante a pré-temporada, Schröder teve algumas boas exibições. Ainda precisa melhorar consideravelmente seu arremesso e ter um pouco mais de calma com a bola. Mas, aos 21 anos, segue um prospecto intrigante, com muita velocidade, envergadura e visão de jogo.

Você não perguntou, mas… O ala Mike Scott tem “muito mais de 20 tatuagens em seu corpo” (já não conta mais…), das quais ele estima que “80% ou 85% sejam emojis” – os emoticons que usamos no dia a dia de teclar. “É que uso muito os emojis quando estou trocando mensagens. Isso sou eu. É original”, disse ao Mashable. As pessoas agora estão usando, mas ninguém fazia dessas antes de eu entrar nessa”, afirmou o reserva, que, vez ou outra, causa um estrago no ataque.

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Abre o jogo: “Fica sempre na sua cabeça, mas, no final do dia, você tem de ir para a quadra e jogar basquete, independentemente de sua situação. Tenho de me concentrar neste ano, em um jogo de cada vez, sem olhar muito adiante. É ficar no presente” – Paul Millsap. O ala-pivô vai cumprir seu último ano de um curto contrato com o Hawks. Se Ferry, por um lado, acertou com o veterano por um preço muito abaixo do mercado, por outro assinou um vínculo curto.

Sergey Bazarevich, Hawks, rookie, EuroUm card do passado: hoje o Atlanta Hawks é uma das franquias de mente mais aberta para a contratação de estrangeiros. Para o lugar do assistente Quin Snyder – uma baixa bastante importante, diga-se –, por exemplo, foi contratado o croata Neven Spahija. Há 20 anos, porém, o armador Sergei Bazarevich era um peixe fora d’água ao chegar a Atlanta. O russo havia acabado de ganhar a medalha de prata no Mundial do Canadá, perdendo para a prespeira segunda versão do Dream Team, aos 29 anos. Então poderia ser um rookie de NBA, mas já era uma figura experimentada em basquete de alto nível. Sua passagem, porém, não foi das mais memoráveis: durou apenas 10 partidas, com 30 pontos e 14 assistências acumulados. Hoje, Bazarevich dirige o Lokomotiv Kuban, um dos times emergentes do basquete russo, que conta com o indomável Anthony Randolph em seu elenco.