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Arquivo : Gui Deodato

Copa Intercontinental: um pouco de Mogi
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Giancarlo Giampietro

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A Copa Intercontinental será entre Bauru e Real Madrid. Então o que o Mogi tem a ver com isso?

Bem, em entrevista nesta quinta-feira, Guerrinha fez questão de nos informar que Paco Garcia, o espanhol que dirige o rival paulista, passou boas dicas à comissão técnica merengue, num gesto generoso entre compatriotas.

“Nós estudamos bastante o adversário e eles também têm muito material nosso. Não só têm, como o material é fresquinho. O técnico espanhol passou todo o material para eles. Nós não conseguimos nada do lado de lá, para você ver”, afirmou o comandante do Bauru, num tom que não era de reclamação, mas que passava o recado.

Esse é só mais um elemento para uma narrativa que vai se desenvolvendo. Então vale anotar aí: Bauru x Mogi… Essa é uma história para acompanharmos muito bem no decorrer da temporada brasileira, “a nível de rivalidade”, como diria o outro.

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Os dois clubes já se trombaram uma ou outra vez na jornada 2014-2015 em jogos decisivos, que são aqueles que constroem animosidades, ou que pelo menos deixam os ânimos mais exasperados.

Começou na Liga Sul-Americana, valendo o título. Foi um baile bauruense na ocasião, vencendo por 79 a 53, na casa do adversário, em outubro. Meses depois, eles se enfrentaram pelos mata-matas do NBB, fase de semifinal, e aí a história foi outra. Os dois clubes paulistas fizeram uma série duríssima, vencida pelo time de Guerrinha por 3 a 2. Entre os cinco jogos, apenas o quinto foi decidido por mais de 10 pontos de diferença.

Aí você pensa num jogo desse com embates físicos entre Hettsheimeir e Paulão, velhos companheiros de Ribeirão Preto e basquete espanhol. A marra de Shamell contra a braveza de Alex. Os técnicos pressionando na lateral da quadra. Uma arbitragem que não ajuda em nada. Sai lasca, mesmo.

E aí que eles se reencontraram nesta semana já, pelas quartas de final do Paulista. Com o time reforçado, mais encorpado, o Mogi fez sua parte pelo Grupo A do campeonato e terminou com a primeira posição. Pelo Grupo B, o Bauru cedeu muitos atletas à seleção brasileira, viu alguns veteranos relevantes se lesionarem e também maneirou na carga de minutos para seus principais jogadores, abrindo espaço para a molecada. Passaram em quarto. O resultado foi o embate precoce pela fase decisiva do estadual.

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As duas primeiras partidas foram realizadas na terça e na quarta-feira. Às portas de uma Copa Intercontinental, talvez não fosse o melhor timing para Bauru, caso o clube estivesse pensando em título. Depois das lições tomadas na temporada passada, porém, percebe-se que os atuais campeões não fariam tanta questão assim de defender o título. Tocariam do jeito que dava. E aí que Guerrinha acredita que o duelo veio em boa hora, para dar uma injeção de adrenalina em seu grupo. As partidas poderiam ter inicialmente um caráter preparatório para Bauru, mas, na hora de ir para a quadra, era a hora de jogar pra valer. Perderam duas partidas equilibradas.

Do outro lado, numa posição certamente estranha, estava Larry Taylor. Pela primeira vez ele jogava contra o clube que o importou em 2008 e o qual defendeu por sete anos. Seeeete anos. Muito provavelmente era o jogador que mais tempo defendeu uma equipe. Até se transferir para Mogi para esta temporada, no caso.

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Pelas quartas, teve média de 12,5 pontos, 4,5 rebotes, 2,5 assistências, com 45,4% nos arremessos de quadra, em pouco mais de 27 minutos. No campeonato, as médias são de 9,8 pontos, 3,3 assistências e 3,4 rebotes, com 45,6% de acerto e pouco mais de 20 minutos, em oito jogos. O veterano americano já não tem obviamente a mesma explosão de antes, e seu papel já havia se reduzido consideravelmente em meio a tantos títulos bauruenses. Mas, em sua nova equipe, ainda é visto como alguém que possa ajudar a levar os mogianos a um outro patamar.

Daí que, na hora que Bauru entrou em contato para saber se poderia contar com o mais brasileiros dos cidadãos de Chicago, ouviu um “desculpe, mas não”.  Se o clube de Nilo e Paco não o havia cedido nem mesmo para a seleção brasileira na Copa América, claro que não o fariam para um rival, mesmo que a Copa Intercontinental tenha curtíssima duração. Como reforços, Guerrinho terá Rafael Mineiro, do desativado Limeira, e Gui Deodato, outro que jogou por muito tempo na cidade até fechar com o Rio Claro.

“O Gui vem como um prêmio para ele, de ter participado de toda essa história. O Larry seria a mesma coisa, mas o clube não liberou. Poderiam ter liberado porque não jogam neste fim de semana. Mas não aceitou, citando a Copa Sul-Americana (com jogos marcados de 29 de setembro a 1º de outubro). A gente respeita“, disse Guerrinha.

Anotem aí no calendário: o terceiro jogo da série entre Mogi e Bauru, pelo Paulista, está marcado para 3 de outubro, às 18h, no ginásio Panela de Pressão, casa de nome apropriado.

 *   *   *

Em entrevista ao site SoloBasket, Paco Garcia ao menos teve palavras muito elogiosas para falar sobre duas jovens apostas do basquete brasileiro que fazem parte do forte elenco de Bauru: Ricardo Fischer, que, naturalmente, já desperta o interesse do mercado europeu, e Leo Meindl, recém-contratado.

“Para mim, Fischer é o próximo Marcelinho Huertas. É muito, muito, muito bom. No um contra um, em sua capacidade de dirgir, de assistir e de anotar: é impressionante”, afirmou o espanhol. “Vários treinadores da ACB falaram comigo e me perguntaram coisas sobre ele, que é um desses jogadores que pode se converter em um dos líderes da seleção brasileira no futuro.”

Sobre Meindl: “Léo é um jogador com uma ética de trabalho francamente boa. É filho de um treinador e tem uma mão espetacular, com 2,00m de altura para jogar como escolta com um físico tremendo. EStá claro que vai ser uma referência importante do basquete brasileiro”.

 


Bauru também sabe vencer um jogo de nervos
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Giancarlo Giampietro

O Bauru de Ricardo Fischer comandou o placar em mais um jogo tenso no Rio

O Bauru de Ricardo Fischer comandou o placar em mais um jogo tenso no Rio

Como parece acontecer em todo anunciado grande jogo do NBB, aquele que gera expectativa por parte de todos os envolvidos com o campeonato – e, não, apenas de duas torcidas –, o duelo entre Flamengo e Bauru desta terça-feira foi nervoso.

Bastante equilibrado, e nervoso, no qual o clube paulista saiu vencedor por 84 a 77, mostrando que pode render nas mais diversas situações, chegando a nove triunfos consecutivos.

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Sim, essa coisa da chiadeira não é a perspectiva mais original para se abordar um confronto tão interessante como esse, com os atuais bicampeões encarando o time que se reforçou tanto, mas tanto, que se tornou obrigatoriamente o principal candidato a derrubá-los. Jajá coloco um pouco mais de colher aqui. Antes, se faz necessário bater na mesma tecla. Muito já se escreveu a respeito disso, mas, enquanto a medição da reclamação dos técnicos e jogadores – principalmente o dos técnicos – se manter em altos decibéis, não tem como não registrá-la. É demais, gente.

Os árbitros cometem erros?!

Esperem um pouco aí, enquanto dou uma pausa para me restabelecer depois de bombástica informação.

(…)

Pronto: água com açúcar tomada. Qualquer coisa, a maracugina já está a postos também.

A arbitragem no Rio de Janeiro deixou passar muitos lances. Teve, por exemplo, um ataque em que Gui (acho) levou o toco de Benite na zona morta, no primeiro tempo, num ação que pareceu limpa, na bola. No segundo tempo, Jerome Meyinsse foi subir para um bloqueio e tocou no aro, impedindo uma bandeja. Interferência clara, e nada foi marcado.

Alex: 17 pontos, 10 lances livres e 8 lances livres batidos... O empenho de sempre em grandes jogos para o veterano

Alex: 17 pontos, 10 lances livres e 8 lances livres batidos… O empenho de sempre em grandes jogos para o veterano

Percebam que nem citei o time dos atletas acima. Porque não importa: os erros acontecem naturalmente, contra e para ambos os lados, de modo que se nivelam ao estouro do cronômetro. Nessa partida em específico, não sei bem se houve uma atrocidade, ou uma conduta tendenciosa que justificasse tanta pirraça. A não ser que a pressão seja algo consciente, para tentar ganhar o benefício da dúvida mais para a frente, num momento de decisão.  Não seria de forma alguma algo aceitável, mas sabemos que faz parte do jogo. A relatada alta temperatura na Arena da Barra também poderia ser um fator para esquentar a cuca, claro. Mas esse costuma ser o padrão de tensão das partidas por aqui, independentemente do funcionamento do ar-condicionado.

Além do mais, cobrar tanto os homens do apito pode ser mero escapismo. Afinal, ninguém aqui, aí ou ali acredita piamente que Bauru e Flamengo tenham feito um jogo perfeito*, né? Não quando temos 29 turnovers somados e um aproveitamento nos arremessos bem abaixo dos 50%. O Fla, por exemplo, fez um ataque para 183 pontos e terminou com 77 (42,1%).

(*PS: Ninguém é perfeito. Jornalista, jogador, torcedor, técnico e juiz. Será impossível conviver com uma realidade dessas?)

Atrás no placar o tempo todo, os rubro-negros, naturalmente, foram aqueles que mais reclamaram – creio, aliás, que muito mais. Obviamente não ajudou em nada o fato de o time de José Neto ter perdido dois dos últimos três jogos, situação com a qual não estão nada habituados. “Não estávamos tão concentrados e isso nos prejudicou. Bauru soube controlar o jogo e é muito difícil você virar uma partida atuando diante de uma equipe tão qualificada. Não estamos em um bom momento na competição, mas temos que botar a cabeça no lugar e tentar consertar os erros para os próximos jogos”, disse Gegê.

Nas entrevistas pós-jogo, ainda mais depois de tanta tensão em quadra, é difícil colher uma declaração tão boa como essa, via site oficial da LNB. O jovem armador flamenguista resumiu objetiva e precisamente o que se passou (ou o que se passa) em quadra com sua equipe. Se a cabeça não está no lugar, as coisas ficam mais complicadas, mesmo, especialmente contra o único rival do NBB que lhe pode fazer frente no número de atletas “selecionáveis” – ao menos levando em conta os nomes constantes nas listas de Rubén Magnano e sua comissão.

E aí, nesse jogo de nervos, o clube paulista encontrou mais uma oportunidade para comprovar sua força. O Limeira de Dedé e seu batalhão de armadores é o líder do NBB no momento, com apenas um revés, e vem de mais uma grande vitória. Mas é muito difícil apontar outro favorito ao título que não Bauru.

A forma como a partida se desenvolveu só reforça essa impressão. No papel e também pela abordagem que resultou nos títulos do Paulista e da Liga Sul-Americana, sabemos que a equipe de Guerrinha está construída para vencer pelo ataque. O potencial ofensivo em seu elenco é absurdo, com oito atletas que podem bater a marca de 20 pontos com tranquilidade. Caras que, colocados num time de menor orçamento, poderiam ser a principal referência.

Contra os rubro-negros, porém, qual era a preocupação? Ricardo Fischer conta: “Era um confronto direto e sabemos o quanto é difícil bater o Flamengo fora de casa. Viemos com uma proposta de baixar a pontuação deles e conseguimos. Empurramos o Flamengo para baixo”. Objetivo alcançado – o que, ironicamente, rendeu ao seu time uma folguinha como melhor ataque do NBB, superando os cariocas em casas decimais.

O Bauru tem em seu perímetro atletas ainda mais ágeis que que os do Fla – ainda mais quando estão juntos Alex, Larry e Gui (num excelente segundo tempo). Velocidade e agilidade: é para isso que o basquete se voltou, e os quatro líderes do campeonato nacional têm esse ponto em comum. A presença de Jefferson William na rotação de pivôs também dá mais leveza ao conjunto paulista. O ala-pivô, aliás, fez uma grande atuação, mexendo bem a bola, correndo para valer, enfrentando um páreo duríssimo contra Herrmann e Olivinha.

Jefferson jogou muito contra sua ex-equipe, dominando Herrmann

Jefferson jogou muito contra sua ex-equipe, dominando Herrmann

No Rio, Jefferson e seus companheiros não promoveram exatamente um abafa, não executaram uma defesa massacrante, mas conseguiram limitar as infiltrações de Nicolás Laprovíttola, algo essencial. Marquinhos, é verdade, conseguiu jogar lá dentro, mas as linhas de passe estavam mais apertadas. E aí temos arremessos de longe bem fiscalizados (7/30, 23,3%).

Do outro lado, o volume nos tiros de fora bauruenses seguiu elevado, com 29 tentativas, contra 30 de dois pontos. Seu aproveitamento foi bem maior (37,9%, rendendo 12 pontos a mais também) neste fundamento. Mas não se pode ignorar a vantagem dos visitantes nos lances livres, com nove pontos a mais (21 a 12), em cestas preciosas conseguidas depois de infiltrações de Fischer, Alex e da busca do jogo interior com Hettsheimeir, consistentemente mais efetivo em seu retorno ao Brasil quando mais perto da cesta.

Não foi um banho de basquete. O Flamengo se aproximou do placar de modo perigoso em diversas ocasiões no segundo tempo, inclusive nos minutos finais. Faltou, no entanto, na hora de concluir a virada, a lucidez e a frieza que Gegê mencionou. É algo obrigatório para enfrentar um time do porte de Bauru: concentração, mais na bola, muito menos no apito.


Garotos do Bauru assumem o comando em vitória sobre o Flamengo
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Giancarlo Giampietro

Bauru campeão

Garotada do Bauru, campeão da LDB 2013, pede passagem

Há um aspecto interessante na vitória do Bauru sobre o Flamengo por 89 a 74 neste sábado pelo NBB 5: o rubro-negro perdeu definitivamente sua aura de imbatível construída durante um primeiro turno memorável. Isso não quer dizer também que não seja um dos favoritos ao título, como sempre foi. Significa apenas que, nos playoffs, um adversário mais confiante poderá acreditar em chance de vitória.

Mas o principal ponto, pensando no basquete brasileiro de um modo geral, além do campeonato, é o modo como se desenvolveu a divisão de tarefas na equipe paulista. Acomodados em demasia durante boa parte da temporada em torno de sua tropa de veteranos americanos, ela dessa vez venceu liderada por dois de seus jovens talentos nacionais, o ala Gui Deodato e o armador Ricardo Fischer, dois campeões da Liga de Desenvolvimento, nosso campeonato de aspirantes como avaliou dia desses o Guilherme Tadeu, do Basketeria.

Vamos abordar em breve com muito mais profundidade essa questão, levantando alguns dados interessantes, mas, de supetão assim, é claro que os times de elite no país não vêm se esforçando muito em integrar jovens talentos em elencos com a necessidade de acumular uma vitória depois da outra – exceção, clara, feita a Franca, ao progresso do menino Lucas Dias no Pinheiros e… Bem, aguardem.

Contra o Fla,  foi a vez de a molecada virar protagonista, ainda que, talvez, de modo involuntário, uma vez que Jeff Agba e o Fischer mais velho foram desfalques. “Foi uma vitória diferenciada por todo potencial do time do Flamengo e pelas nossas dificuldades por não contarmos com alguns jogadores”, disse Guerrinha.

Gui anotou 21 pontos, seguido pelos 20 de Ricardo. Melhor ainda: os dois descansaram pouco mais de 1min30s, numa prova de sua relevância na partida, castigando a defesa adversária do perímetro. Juntos, converteram 9 de 15 disparos de três pontos, sendo responsáveis apenas neste fundamento por 30% da pontuação total de sua equipe.

(Agora pausa para um longo parêntese…

O quanto isso é saudável, entretanto? Vale matutar: Guilherme é um dos jogadores mais explosivos que você vai encontrar no campeonato e não pode ficar tão estacionado assim na linha de três pontos. Em 38min25s de ação, ele arremessou dez vezes de fora e não cobrou sequer UM lance livre, num saldo lamentável. Um jogador atlético feito ele deveria ser – e usado de modo – muito mais agressivo, em vez de se tornar apenas um spot up shooter. Lembrem-se de que estamos falando do bicampeão do torneio de enterradas!

É preciso saber o que acontece: se o plano de jogo não proporciona jogadas de maior eficiência para o garoto, se o ala ainda se sente inibido, desconfortável em usar o drible em direção ao aro, ao garrafão… Uma não necessariamente exclui a outra. Mas é uma situação que pede um reparo urgente. Imaginem se Bauru entrasse em quadra com um Guilherme atuante em infiltrações? O quão difícil seria para os oponentes estabelecer uma defesa equilibrada diante de Larry, Ricardo, Pilar e Gui levando a bola, atacando de todos os lados?

Em entrevista ao Fernando Hawad Lopes, do Bala na Cesta, para constar, Guerrinha disse o seguinte: “Quanto ao Gui, com certeza vai ser um dos grandes jogadores do Brasil. Estamos fazendo um trabalho progressivo com ele e ele está crescendo muito”.

Enfim, chega de digressão. As bolas de três pontos dessa vez caíram de montão, os garotos brilharam, e segue o texto…)

Ricardo, atuando em dupla armação ao lado de Larry, ainda contribuiu em outros aspectos, com seis rebotes e três assistências, sendo o jogador mais eficiente de seu time, com 22 de índice, um a mais que o sempre subestimado Henrique Pilar (13 pontos, 6 rebotes, 4 assistências e 4 roubos de bola).

Legal também ver Andrezão, outro campeão de nossa D-League, herdando alguns minutos de Agba. Com média de apenas 8,4 no campeonato, o jovem pivô dessa vez passou quase 22 minutos em quadra, com sete pontos e seis rebotes, quatro deles preciosamente ofensivos, e acertou três dos quatro arremessos  que lhe delegaram. Ativo na defesa, também tomou a bola duas vezes de seus oponentes.

É claro que, quando voltar, Agba tem de ser explorado – ele causa estragos por aqui. Claro que o principal homem do time ainda é Larry, seu jogador mais completo e qualificado. Mas vencer o Flamengo no Rio de Janeiro com atuações expressivas da trinca do “Expressinho” mostra que o momento de se abrir passagem para os rapazes esteja bem próximo.

*  *  *

Podem ter certeza de que tanto Gui como Ricardo estão nos planos de Rubén Magnano para esta temporada. Resta saber para qual grupo: o da seleção de novos que será formada para a disputa de amistosos na temporada, ou o principal, que vai encarar a Copa América. Tudo vai depender de quem se apresenta da NBA e da Europa, além do grau de confiança do argentino especificamente nesses dois garotos. Gui jogou o Sul-Americano ano passado, enquanto Ricardo foi pinçado para treinar diariamente com os pesos pesados.


Desfalcado, São José vence 5º jogo em Bauru, vira e repete final do Paulista contra Pinheiros
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Giancarlo Giampietro

Algumas notas depois da vitória do São José por 100 a 88 sobre o Bauru, nesta quinta-feira, fora de casa, fechando as semifinais do Campeonato Paulista masculino. O clube do Vale do Paraíba repete a final de 2011 contra o Pinheiros. No ano passado, o clube da capital venceu por 3 a 1 a série decisiva, comemorando o título na casa do adversário.

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Para se classificar, São José venceu três partidas consecutivas contra a equipe que teve a melhor campanha da primeira fase. Foi também a segundo confronto consecutivo em que o time precisou ir ao quinto jogo para passar de fase – jogando agora sem seu principal atleta, o pivô Murilo, e sem contar também com os alas Dedé e Chico. Todos lesionados.

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Um fato bem notado pelo chapa Fernando Gavini: Jefferson William não jogava desde a série contra Franca, na qual fez a cesta da classificação a dois segundos do fim. Voltou neste quinto jogo como se não tivesse parado e esfriado em nenhum momento. Afirmou na entrevista ao repórter da ESPN Brasil que está se sentindo bastante confiante, bem. Pela pontaria na partida, não havia dúvida sobre isso: anotou 25 pontos, contando também com uma generosa contribuição de seus marcadores. O ala-pivô ficou livrinho da silva em diversas ocasiões no perímetro para arremessar com muita tranquilidade.

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O armador Fúlvio jogou muita bola nesta quinta. Foram 24 pontos e sete assistências, assumindo mais responsabilidades ofensivas devido aos desfalques do time. Quando marcou sete pontos em menos de três minutos aproximadamente, estava claro que mandava um recado aos seus companheiros e também aos torcedores e jogadores adversários: sua equipe, aliás, não ficou atrás no placar em nenhum instante, salvo engano. O norte-americano Andre Laws e o jovem Ícaro também foram importantes para dar suporte ao armador principal, ajudando na condução de bola, permitindo que ele arremessasse bem posicionado, com precisão. Em algumas posses de bola, empolgado até demais, acabou forçando a munheca. Mas, no geral, foi muito superior ao olímpico Larry, que fez uma partida muito fraca.

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A equipe de Régis Marrelli repetiu novamente sua estratégia nada convencional: investir muito, mas muito mesmo nos chutes de longa distância. Em Bauru, realmente forçaram a barra, tentando mais bolas de três pontos (29) do que de dois (24), segundo estatísticas online fornecidas pela federação.  Dessa vez, porém, as bolinhas caíram: excepcional aproveitamento de 48% – algo muito difícil de se sustentar, porém, em longo prazo. Algo que também não deu certo em sua passagem pela Venezuela pela Liga Sul-Americana.

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O Bauru, por sua vez, teve um desfecho de série bastante decepcionante. Com seus quatro norte-americanos e algumas promissoras revelações, o time de Guerrinha esteve desconjuntado em quadra, atacando sem consistência ou ritmo algum. Seus atletas tentaram muitas jogadas individuais, buscando o garrafão com pouca inteligência, enfrentando uma defesa que se fechou bem em muitos momentos. O pivô Jeff Agba, por exemplo, pecou demais em sua leitura de jogo. Na maioria das vezes em que jogou de frente para a cesta, atacando Deivisson da linha de lance livre, conseguiu pontuar com facilidade. Inexplicavelmente, porém, ele abriu mão desses ataques para atuar de costas para a tábua, virando aí uma presa fácil para o oponente – muito mais alto e forte.

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Deivisson, aliás, teve uma atuação que deve lhe valer mais tempo de quadra no futuro. O pivô realmente anulou o norte-americano, ocupou espaços e ajudou a congestionar a zona pintada, dificultando as ações de Larry, DeAndre Coleman e Pilar, jogadores que têm nas infiltrações seu carro-chefe ofensivo. No ataque, seu corpanzil também foi importante para dar mais liberdade a Fúlvio quando armado o pick-and-roll. Larry, Gui e Fernando Fischer apanharam bastante para tentar se livrar do choque com uma muralha dessas.


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