Vinte Um

Arquivo : novembro 2012

Equipes nova-iorquinas ganham ajuda inesperada de ex-aposentados Wallace e Stackhouse
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Giancarlo Giampietro

Ok, oficialmente Jerry Stackhouse não estava aposentado.

Jogou ano passado pelo Atlanta Hawks e tal. Mas, no imaginário coletivo, ganhamos essa licença poética considerando que pouca gente poderia imaginar o ala não só jogando para valer a temporada 2012-2013, sua 19ª, como teria um papel de destaque por um time que, na real, deveria estar arrasando com Joe Johnson e Gerald Wallace no perímetro. Ele mesmo acreditava que estava destinado a virar um assistente técnico.

Nem JJ, nem Crash estão exatamente fazendo jus a uma grande expectativa depo$itada pelo bilionário russo Mikhail Prokhorov, contudo. Então entra em cena Stackhouse, que, com seu salário  (nem tão) mínimo, vem dando uma contribuição significativa na largada do renovado Nets em Brooklyn, anotando cestas importantes em vitórias sobre times de elite como o Boston Celtics e o New York Knicks na última semana.

Era só o que faltava, pensa a juventude da NBA. Se já não fosse o suficiente a reaparição de Rasheed Wallace pelo próprio Knicks, agora vem outro velhinho de bengala tomar o bastão de volta e romper a ordem natural das coisas.

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Stackhouse no ataque

Vejam! Stackhouse no ataque!

Realmente não estava nos planos que Stackhouse fosse jogar. Até que o caminho para entrar em quadra foi aberto por lesão no tornozelo do jovem cestinha MarShon Brooks, dono de um dos nomes mais curiosos da paróquia e um dos grandes imitadores (jogando) de Kobe Bryant que o basquete já viu. Brooks torceu o tornozelo no dia 9 de novembro, no aquecimento para o jogo contra o Orlando Magic. O veterano, então, ganhou sua chance. Desde então, o Nets venceu oito de seus próximo nove jogos.

“Sabia que estava chegando num papel meio que de técnico, porque era isso que queria, pensando na transição para minha próxima carreira. Infelizmente, quando você passa dos 35, os times querem apenas que você cumpra um determinado papel e não permite que os caras compitam. Mas sabia que o Avery (Johnson) tem a cabeça aberta. Sabia que ainda tinha algo para oferecer em quadra e sabia que aqui teria essa oportunidade”, conta o ala, que só é vetado na hora de jogar na segunda noite de uma sequência de dois jogos.

Em uma dobradinha de jogos contra Blazers e Knicks, o técnico de apelido “Pequeno General” tomou a decisão certa ao poupar Stackhouse contra o Blazers, pensando justamente no dérbi nova-iorquino contra o Knicks. (Nada melhor do que se apropriar do jargão futebolísitco, hein?)

Aí, em 22 minutos, ele matou quatro bolas de três pontos, jogando a prorrogação inclusive, com cestas em momentos cruciais. “Que mais posso dizer? Ele estava com um bom ritmo, escolhendo bem o lugar de arremessar. Ele entrou com muita energia. Foi por isso que o descansamos. Mas não sabia que ele estaria pronto desse jeito, não dá para levar o crédito nessa. Todo o crédito vai para Stackhouse”, disse Avery Johnson.

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Sheed ensina defesa

Vejam! É o Rasheed ensinando os mais jovens

“Fiquei dois anos fora da NBA, mas não foram dois anos de férias”, diz Rasheed Wallace, também aos 38 anos.  Na boa campanha que faz o Knicks, a maior surpresa talvez seja mesmo aquele que havia parado de jogar em 2010, época em que já aparentava ter se retirado das quadras dois anos antes e não sabia.

Sua última temporada pelo Boston Celtics foi deprimente, com uma pálida imagem daquele jogador que colocou fogo num time já competitivo do Detroit Pistons, mas que, ao mesmo tempo, nunca chegou a honrar seus talentos ao máximo.

Porque ele podia fazer um pouco de tudo. Jogar de costas para a cesta. Chutar de todos os cantos da quadra até a linha de três pontos. Podia se dedicar apenas a um bom corta-luz, ou poderia atacar seu defensor no mano-a-mano. Se dobrassem, a cobertura precisava ficar atenta com passes simples e precisos. Além do tamanho, Sheed tinha mãos dos sonhos para qualquer jogador de basquete. O que faltava era concentração, determinação e maturidade para aguentar os diversos momentos de pressão e estresse em quadra.

Não é este ala-pivô completo que o Knicks está recebendo agora, obviamente. Em todos os sentidos: se ele já não é mais o supertalentoso dos tempos de Portland, também não é o cabeça-de-vento que servia de capitão dos Jailblazers. “Ele tem feito tudo o que pedimos. Não dá para ele jogar muitos minutos, mas os minutos que ele nos dá são muito positivos”, afirma o técnico Mike Woodson.

De acordo com os jornalistas que seguem o time de perto, a maior repercussão da presença de Sheed acontece nos bastidores, nos vestiários. Ainda um falastrão, o jogador “passa boa parte de seu tempo dividindo pensamentos com os companheiros sobre como agir na defesa, dando dicas”, segundo o New York Times.

“Apenas tento manter todo mundo concentrado no nosso plano de jogo. Você pode receber falta, o árbitro pode não dar nada, mas ainda assim é preciso reagir e continuar jogando. Apenas domine seu adversário do outro lado, e é isso que se mostra no placar. O que digo aos caras mais novos é que minha velocidade e minha agilidade não são mais as mesmas, mas que ainda posso falar. E com isso temos mais um defensor em ação”, avalia.

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Além de suas inesperadas contribuições para dois times que devem disputar os playoffs do Leste nesta temporada, outro tópico pode reunir Wallace e Stackhouse numa mesma sentença: os dois fizeram parte da mesma equipe na universidade de Carolina do Norte, uma famigerada formação que ajudou a acelerar a aposentadoria do catedrátido Dean Smith na instituição.

Stack & Sheed

Stack & Sheed universitários

O ginásio da UNC hoje se chama “Dean Dome”. Em sua apresentação no Hall da Fama, Michael Jordan, seu aluno, soltou esta daqui: “Vocês não poderiam ter visto Michael Jordan jogar não fosse por Dean Smith”.

Sentiu o respeito? Antes de Phil Jackson, Smith foi o treinador que conseguiu se conectar com MJ  (dentro e fora de quadra) de um modo que pudesse amplificar as qualidades de um dos maiores atletas de todos os tempos.

Seu legado no basquete norte-americano é imenso: entre técnicos e jogadores, passaram por suas mãos gente como Larry Brown, George Karl, Bob McAdoo, Billy Cunningham, James Worthy, Sam Perkins, Kenny Smith, Antawn Jamison, Vince Carter, Doug Moe, Roy Williams e John Kuester. É a chamada “Família Carolina”, cujos tentáculos são bem mais abrangentes do que a lista acima.

Dean Smith venceu 879 partidas em sua carreira, atrás apenas de Bob Knight, Coach K e Jim Boeheim na primeira divisão da NCAA. Por 35 anos consecutivos ele mais venceu do que perdeu em uma temporada. Ganhou dois títulos e jogou 11 Final Fours.

No âmbito acadêmico, viu 96.6% de seus jogadores saírem da UNC formados – não só como atletas, mas como profissionais de diversas áreas também.

Ele só não conseguiu controlar Wallace. A personalidade do ala-pivô, já com aquela manchinha no cabelo, foi um desafio e tanto para o treinador que, por um lado, foi o primeiro de uma universidade sulista a escalar um jogador negro em sua equipe, mas, por outro, era avesso a escalar calouros (freshmen) em seus times. Acontece que Sheed, Stack e o por-onde-anda Jeff McInnis, em 1993, estavam destroçando os mais experientes nos treinamentos. A partir daí o séquito de torcedores ao redor dos Tar Heels se dividiu entre os que apoiavam que a tradição fosse mantida, que os mais velhos tivessem prioridade em quadra, mesmo que não fossem tão bons assim (George Lynch e o inesquecível Eric Montross entre eles), e os que sonhavam em ver uma versão pirata do Fab Five de Michigan na Carolina do Norte. “Rasheed Wallace, é claro, se tornou a figura central na guerra civil de Chapel Hill”, escreve o autor Jay Caspia Kang, do magnífico site Grantland, em perfil sobre o ala-pivô – enquanto McInnis e Stackhouse eram recrutas mais tradicionais da universidade.

Sheed já tinha sua bagagem pesada quando chegou ao campus. Durante os treinos, enterrava na cabeça de Montross para depois gritar em quadra que a posição era dele. Foi daí para baixo, supostamente, mas há quem diga também que há exagero nos relatos.

Segundo Kang, o papo de “potencial desperdiçado” por Sheed já fazia parte das rodas de bar na cidade. Segundo ficou para a história, o desgosto de Smith com os problemas  criados pelo jogador serviu como alerta para o treinador pegar o boné e sair de cena. Os tempos eram outros.

PS: Durante dezembro, por motivos de ordem profissional (embora a gente goste mesmo é de férias, o Vinte Um vai ser atualizado num ritmo um pouco mais devagar. Mas também temos uma surpresa que vem por aí. De qualquer forma, voltamos no final do mês com tudo.


Lesão de prodígio pode fomentar interesse por Varejão em fase de trocas da NBA
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Giancarlo Giampietro

Voltando para casa depois de uma ingrata sequência de jogos fora de casa logo de cara, o Cleveland Cavaliers ainda tinha alguma esperança de usar o maior tempo disponível para treinos para arrumar uma defesa esburacada e se recuperar de um início de temporada preocupante.

Pode esquecer. Com o anúncio da lesão do armador Kyrie Irving – uma fratura no dedo indicador que vai lhe tirar das quadras por cerca de um mês –, dá para falar que qualquer aspiração que o clube tivesse em termos de playoff nesta temporada foi devidamente empacotada e atirada rio abaixo.

Anderson Varejão x Brook Lopez

Varejão ataca o molenga Brook Lopez

E não há nada que Anderson Varejão possa fazer a respeito. Quer dizer, não dá para esperar ou cobrar que o capixaba eleve suas já infladas médias de 14,3 pontos, 13,3 rebotes 14,1 pontos, 14,7 rbotes e 3,3 assistências. Haja esmero. O cabeleira, por outro lado, que fique antenado. Dependendo do tanto de surra que o Cavs levar, seu nome vai estar certamente entre os mais cogitados a partir do momento em que começar a boataria de trocas por toda a liga.

Em um mês, seu time, que perdeu oito de suas primeiras dez partidas. Sem Irving, competiram firmemente contra times de ponta como Miami e Memphis, mas sairam derrotados de toda maneira, tendo um triunfo em quatro jogos e cerca de 15 jogos pela frente. A matemática fica por sua conta. Imagine um recorde de, vá lá, 8 vitórias e 18 derrotas. Como tentar remar depois disso?

Ainda mais que, se a defesa era um problema bastante grave, o treinador Byron Scott agora terá dificuldade também se virar para pensar seu ataque, uma vez que o jovem armador era a força-motriz do elenco. Suas opções não são muito animadoras, não:

– O novato Dion Waiters é extremamente talentoso, mas ainda teima em buscar a cesta mais difícil: gosta de arriscar chutes desequilibrados do perímetro, em vez de usar sua capacidade atlética para chegar ao aro. Mesmo ao lado de Irving, sua média de quadra é de apenas 38,8% nos arremessos. Donald Sloan parece interessante no papel, pelo tamanho e capacidade atlética como armador, mas ainda é um projeto e não dá sinais de evolução. Jeremy Pargo viveu uma grande temporada há dois anos pelo Maccabi Tel-Aviv na Euroliga, teve alguns bons jogos na última semana, mas também não é uma solução como titular.

– Nas alas, uma pobreza que só. O outro titular no perímetro, Alonzo Gee, não está tão melhor assim, com 40% de pontaria. CJ Miles se apresenta como um desastre, em mais um caso de jogador que vai se arrepender de ter saído do sistema todo estruturado empregado pelo Utah Jazz (Corbin manteve os conceitos de Sloan por lá). Omri Casspi deve parar sonhar com o Maccabi Tel Aviv a cada noite. Luke Walton daria um ótimo assistente técnico ou comentarista.

– Seus pivôs não têm muito jogo de pés para atacar no mano-a-mano. Varejão é quem se viraria melhor nessa, aliás. Tyler Zeller e Thompson têm características que podem ser bem exploradas no pick-and-roll, mas precisam de alguém que lhes passe a bola com precisão.

Embora também não tenha necessariamente um elenco em mãos, Scott já não vinha fazendo um grande trabalho em Cleveland. No fim, porém, pode ser que a diretoria do clube nem se importe. Embora não digam abertamente, os lerdos movimentos de Chris Grant nas últimas temporadas indicam aquela boa e velha estratégia de sabotar suas campanhas regulares e acumular altas escolhas de Draft até formar, ou não, um sólido time. Uma boa espiada em seu plantel mostra isso: o cartola vem agrupando alguns jogadores como aposta para o futuro e outros só para fazer número.

Acontece que Varejão não se encaixa bem nessa filosofia. Seu basquete vale para agora, ainda mais com o excesso de lesões que já sofreu. É um desperdício pegar o seu jogo “pronto”, que seria facilmente empregado pelos mais diversos concorrentes ao título, e gastá-lo em derrotas para o Charlotte Bobcats.

Duro seria convencer uma torcida carente de referências, estraçalhada pela saída de LeBron, que uma troca pelo brasileiro seria o melhor para ambas as partes. Mas conseguir um jovem jogador ou mais escolhas do Draft faria todo o sentido. Desconsolo por desconlo, que se venda o futuro, mesmo. Porque agora, de imediato, a coisa ficou muito feia.

(Atualizado hoje às 17h18. Inicialmente, o post entraria amanhã com edição dos recentes resultados e números de Varejão. Agora tá tudo certo. Câmbio, desligando.)


O dilema Pau Gasol: deveria o Lakers tentar trocar o craque espanhol?
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Giancarlo Giampietro

Kobe gosta de Mike D; Gasol... Ainda incerto

Kobe já se encontrou no sistema de D’Antoni; Gasol está longe

Pau Gasol não gostou, Mike D’Antoni também, não.

Depois da derrota do Lakers para o Memphis Grizzlies na última sexta-feira, o quase sempre gentil e ponderado espanhol não se aguentou em seu canto, botou a boca no trombone e disse que se sentia um pouco jogado de canto pelo ataque californiano, que não estava recebendo a bola nos lugares em que preferia, próximo ao garrafão, de costas para o adversário, para colocar em prática sua baita envergadura e seu eficaz e belo jogo de pés.

“Todas as chances que venho ganhando são em arremessos. Gostaria de tentar algo mais perto da cesta, e não apenas em movimento no pick-and-roll, especialmente quando Dwight está lá embaixo. Mas vamos ver. Ainda estamos descobrindo o que fazer”, falou. “Eu costumo render quando entro no garrafão e crio a partir dali. Historicamente é deste jeito que tive sucesso, que fiquei renomado e garanti meus contratos. Mas tomara que eu possa encontrar um caminho ou que possamos encontrar um caminho para me abrir novas oportunidades, para que eu possa render e ser mais efetivo.”

É um baita de um comunicado endereçado ao técnico, não? Bem atípico, mas provavelmente Pau deve ter ficado irritado com alguma provocaçãozinha de seu caçula Marc em Memphis. Mas tambeem deve ter contribuído o fato de ele ter ficado no banco durante o quarto período inteiro. Acho. 😉

Pê da vida pela derrota, dois dias depois de já terem perdido para o Sacramento Kings em um jogo para se esquecer, D’Antoni deu na canela ao rebater: “Eu estava pensando em como eu gostaria de vencer esse jogo, é nisso que eu estava pensando Odeio quando os caras dizem que não receberam a bola. Isso não faz sentido nenhum. Todo mundo recebe a bola. A bola deve girar para todos”. Sok! Pow! Crash!

Depois: “(No garrafão) você já tem um cara como Dwight ali”.

Na noite seguinte, uma vitória arrasadora sobre o Dallas Mavericks por 115 a 89, os dois fizeram as pazes, ou pelo menos tentaram.

D’Antoni consentiu que precisa achar um jeito de descolar umas cestas mais fáceis para Gasol – mas do jeito que ele gosta? “Pau é um cara ótimo, não estava tentando desrespeitá-lo. Ele é e sempre vai ser um grande jogador, então vamos continuar mexendo e remexendo no ataque e trabalhando. Estamos tentando descobrir como envolvê-lo mais. Não apenas ele, mas Dwight tambeem. Não podemos ter nossos grandalhões arremessando quatro, cinco ou seis vezes”, disse o técnico. “Estamos nisso juntos (Tamo junto!). Leva tempo para entender as cosias. É um período de ajustes”, afirmou Gasol.

Nas últimas três partidas, ele teve 25 arremessos, média de 8,3 por jogo, abaixo dos 13,5 a que se habituou em sua carreira – e dos 12,4 da temporada toda, aliás. Em termos de produção geral, o espanhol vem com 13,4 pontos por jogo e apenas 43,4% nos arremessos, as menores médias desde que entrou na liga em 2001, e de longe.

*  *  *

Esse boato corre Los Angeles há mais de um ano, no mínimo, mas creio que agora a pergunta realmente parece pertinente: será que não chegou a hora de o Lakers trocar Pau Gasol?

Usá-lo como uma espécie de Troy Murphy ou Channing Frye, o ala-pivô aberto da linha de três no ataque não faz o menor sentido. O problema: Howard ocupa tanto espaço no garrafão como Bynum fez na última temporada, e ainda é menos talentoso em alguns quesitos que facilitariam a vida do espanhol, já que não passa tão bem como o ex-companheiro e não consegue acertar nada a mais de dois ou quatro passos da cesta quando arremessa.

Numa liga em que os times atléticos, velozes e de jogadores extremamente versáteis, o Lakers ainda aposta numa formação mais tradicional e grande, com seus dois superpivôs lá dentro e um armador puro (que ainda não jogou diga-se) em Steve Nash. Vale esperar o retorno do canadense e sua reunião com o chapa D’Antoni para ver como o jogo coletivo vai se desenvolver? Talvez. Mas Nash e D’Antoni realmente vão ter de quebrar a cabeça para colocar a coisa para funcionar – e de um modo que não fira o orgulho do espanhol e que, mais importante, explore suas diversas habilidades.

A ordem agora é ter paciência com essa nova equipe, deixando os astros se entenderem – sem se esquecer que o Miami Heat perdeu para o Dallas Mavericks em seu primeiro ano e por semanas e semanas tinha um aproveitamento de 50% em sua campanha. Mas a pressão em Los Angeles, como Mike Brown e Phil Jackson podem testemunhar, se faz um pouquinho mais presente, né? Se o Lakers se arrastar com uma campanha medíocre até meados de fevereiro, aguarde para ver o burburinho aumentar.

Antes de fazer planos de troca para o barbudo, saibam de dois detalhe muito importantes:

– Gasol ganha US$ 19 milhões por ano (sim, são RS$ 38 milhões) e ainda em uma cláusula em seu contrato de que seu salário seria elevado em 15% caso seja trocado. Isto é, quem quiser tirar o pivô deverá arcar com um salário de quase US$ 22 milhões  – só Kobe Bryant ganha mais que isso na liga – ou convencê-lo a descartar esse gatilho. Ele toparia abrir mão de algum centavo para jogar no Hawks?

– O Lakers provavelmente vai querer incluir na transação um de seus veteranos armadores reservas: Chris Duhon ou Steve Blake. O que elevaria o valor dos salários para US$ 22 ou 24 milhões. É muito difícil que um time como o Rockets, cheio de bons e jovens jogadores, consiga construir um pacote que chegue a esse valor sem dar um time inteiro. Além disso, o Lakers não pode exceder o limite de 15 atletas em seu elenco, tornando a dinâmica da negociação bem complicada.

De todo modo, se quiser levar o plano adiante, é de se imaginar que o clube californiano vá atrás de um ala-pivô sólido, de bom arremesso de média e longa distância e de múltiplos chutadores e jogadores atléticos para o banco de reservas, algo que combina mais com  sistema de D’Antoni.


Ainda sem vencer, Wizards só pode lamentar troca por veteranos pouco produtivos e caros
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Giancarlo Giampietro

Na página dois – a primeira fica reservada a introduções e amenidades – do manual básico de como se negocia hoje em dia uma troca na NBA, você, caso tenha acesso ao livreto, vai provavelmente se deparar com alguns destes itens:

– “evite contratar um jogador ruim, em decadência na carreira, para não frustrar seus torcedores. O básico, buddy, o básico”;

– “se for para pegar jogador(es) ruin(s), melhor que seja no último ano de contrato, para não ocupar seu teto salarial com tranqueiras”;

– “se for para pegar um jogador com múltiplos anos de contrato pela frente, melhor que ele seja claramente produtivo, que seja titular”;

– “se for para pegar jogador(es) ruin(s) com múltiplos anos de contrato, que seu time seja recompensado, então, com uma boa escolha de Draft (top 5 de preferência) e que você se livre também de pelo menos um de seus contratos indesejados”.

(Acreditem.)

(Tudo certo, né?)

Pois bem.

Emeka Okafor e Trevor Ariza

Okafor e Ariza já tinham feito quase nada pelo Hornets. Mas o Wizards viu aí uma oportunidade

Ao fechar a primeira troca visando a atual temporada, Ernie Grunfeld, gerente geral do Washington Wizards, conseguiu descumprir os quatro tópicos acima e qualquer outro que preze pelo bom senso, quando recebeu Trevor Ariza e Emeka Okafor e mandou Rashard Lewis embora para o New Orleans Hornets.

O Wizards é o único time da liga que ainda não venceu nesta temporada, com 11 derrotas seguidas, e essa transação ajuda a explicar muita coisa nessa situação – além dos problemas físicos de John Wall e Nenê, claro.

Não que a perda de Lewis fosse irrecuperável. O ala mais deu trabalho para o departamento médico do clube desde que foi envolvido em negociação por Gilbert Arenas do que foi útil em quadra. Mas era menos caro: seu contrato era apenas parcialmente garantido e, assim que chegou em Nova Orleans, entrou em acordo com a franquia e foi dispensado, recebendo US$ 13 milhões sem jogar. Ao menos o gerente geral Dell Demps, cria de RC Buford no Spurs, se livrava de um estorvo. E, com liberdade para investir, viu seu time fechar com Ryan Anderson e Robin Lopez, dois jogadores muito mais jovens e efetivos.

Ariza tem US$ 15 milhões por mais dois anos. Okafor com mais dois anos também e US$ 28 milhões garantidos. Impedindo que o clube fique abaixo do teto salarial para tentar contratar um agente livre, ou mais, no próximo ano. Tanto sacrifício para dois atletas que, juntos, têm médias de 15,8 pontos, 11,6 rebotes, 2,8 assistências, 2,55 roubos, 2,37 tocos. Juntos, ok? Nenhum dos dois está chutando acima de 45% nos arremessos, nem mesmo o pivô Okafor, com 40% – Ariza tem horripilante 32%.

Ernie Grunfeld

O invencível Ernie Grunfeld segue no comando

Jogando desta maneira, não são os dois veteranos que levariam o Wizards a uma disputa por vaga no playoff. E nem são os dois que poderiam salvar o time no caso de, tipo, John Wall não poder jogar ou de a fascite plantar de Nenê não se curar.

E aqui fica registrado: não que a presença dos dois craques da equipe pudesse fazer diferença. O forte do armador e do pivô não é o arremesso. Nem o de Ariza e Okafor. Difícil de imaginar como esse quarteto se encaixaria.

Mas mais difícil ainda é entender como Grunfeld conseguiu convencer Ted Leonsis a renovar seu contrato em abril deste ano. Coisa de louco. Ele certamente infringiu diversos códigos  do manual elaborado para os donos de franquias.

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No início da década passada, Grunfeld teve o mérito de limpar a bagunça que Michael Jordan fez na direção do clube e construiu um time empolgante com Gilbert Arenas, Caron Butler e Antawn Jamison e alguns bons operários como DeShawn Stevenson, Brendan Haywood. Essa formação foi para os playoffs por quatro temporadas seguidas, de 2005 a 2008. Perdeu por três vezes na primeira rodada, ok. Mas era alguma coisa pelo menos.  Desde a pirada de Arenas e suas graves lesões, porém, a equipe foi ladeira abaixo, com 88 vitórias e atordoantes 224 derrotas. Sua melhor campanha, para se ter uma ideia, foi em 2009-2010, com 31,7% de aproveitamento.

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Na derrota para o Charlotte Bobcats no sábado, em dupla prorrogação, o técnico Randy Wittman não hesitou ao extrapolar o limite de tempo de quadra rcomendável para Nenê, que está jogando no sacrifício, correndo o risco de sofrer alguma lesão de quadril, joelho, tornozelo e sei lá mais o quê, para compensar as dores no pé esquerdo. O plano era utilizá-lo por apenas 20 minutos. Acabou jogando dez. Lamentável.

Com base em muita determinação e inteligência, o pivô brasileiro causou impacto positivo na equipe. A despeito dos dois reveses que sofreu, as partidas foram decididas apenas no tempo extra. No calor do jogo, é óbvio que o atleta não vai se retirar de quadra, ainda mais com a situação sofrível por que passa sua equipe. Caberia ao técnico um pouco mais de bom senso e responsabilidade, pensando tanto em seu time como no jogador.


Em menos de um mês, raçudo Bobcats já iguala número de vitórias da temporada passada
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Giancarlo Giampietro

Kemba tenta o chute em flutuação

Kemba força a mão na infiltração, mas ajuda o Bobcats em surpreendente largada

O calouro Bradley Beal, do Wizards, recebe a bola livrinho da silva na linha de três pontos, restando pouco mais de três segundos no cronômetro. Cotado como o melhor chutador de sua fornada, ele desperdiça o arremesso, mas, com instinto apurado, segue a bola, ciente de que ela “daria bico” (adoro essa) e pega o rebote ofensivo no meio do caminho. Duas mãos nela, e parte para a cesta, entrando no garrafão pela diagonal. Não segurou com firmeza: o armador Kemba Walker apareceu na cobertura e conseguiu desarmá-lo, dando um tapa por cima. Mas a missão do jogador do Bobcats ainda não estava cumprida, e ele se saltou em direção à bola na linha de fundo, alcançando-a para, então, fazer um movimento extremamente atlético e malandro, quando girou no ar para cair de costas no chão e, antes, ganhar tempo. Atirou-a na direção de Nenê, acertando o ombro do pivô brasileiro, que se atirava atrás de alguma rebarba. A bola respinga e sai. A bola era do Bobcats.

Veja: tudo isso aconteceu em dois segundos.

Restava então pouco mais de 1s no cronômetro e a reposição era dos visitantes de Charlotte. Que Byron Mullens tenha acertado apenas um de seus lances livres, que o ala Jeffery Taylor tenha feito a falta em Chris Singleton na posse de bola seguinte, no estouro do relógio, na linha de três pontos, que Singleton tenha convertido dois em três chutes e levado a partida à prorrogação e que, ufa!, tenhamos visto dois tempos extras até se definir o jogo…. Nada disso importa. Pelo menos nesse post, aqui e a agora.

É que a jogada de Walker foi sensacional e mais uma prova clara que no basquete não vence apenas aquele que coloca a bola na cesta. Não vamos seguir aqui a filosovia Parreirista de que “o ponto é só um detalhe”. Eles valem o jogo, claro. Mas os outros 300 mil detalhes de uma partida também contam, e muito.

O próprio Walker talvez gostasse de seguir essa linha depois de ter feito 12 pontos contra o Wizards, mas acertando apenas três de 17 chutes de quadra. Foi um pesadelo para o aguerrido baixinho: ele conseguia fazer todos os movimentos corretos na hora de fintar seu defensor, mas simplesmente não matava nada na hora de se aproximar do aro. Foram diversas bandejas erradas. Por outro lado, sem perder a confiança, ele não deixou de atacar e perturbar a defesa do time da capital e ainda contribuiu com oito assistências e sete rebotes, dois deles na tábua ofensiva, um deles em outro lance capital. Faltavam 12 segundos na segunda prorrogação, e Ramon Sessions errou seu segundo lance livre, deixando o placar em 105 a 103. Aí o armador do Bobcats disse: “Chega!”. Encontrou um meio de bater o combalido Nenê na disputa pelo rebote, sofreu a falta do grandalhão no choque e matou as duas na linha, para alargar a vantagem para quatro pontos. E c’est fini.

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As sete vitórias em 12 partidas do Bobcats são certamente a maior surpresa do início da temporada 2012-2013 da NBA, já que igualam em menos de um mês de campanha o total (!!!) do campeonato passado, quando tiveram o pior aproveitamento de toda a história da liga. De modo que Mike Dunlap desponta com um candidato a treinador do ano. Fato: muita gente zombou de Michael Jordan quando ele anunciou o ex-assistente de George Karl e ex-comandante da universidade de St. John’s. Que era um movimento para poupar dinheiro apenas, que o MJ não sabe nada, mesmo, como administrador. Bem, seu retrospecto nesse setor ainda é um horror, mas nessa parece ter acertado. Com um núcleo jovem no time e jogadores pouco habilidosos, instituiu treinamentos bem mais longos do que os de costume na liga, trabalhou com ênfase nos fundamentos e agora vai colhendo resultados surpreendentes. Até o Brendan Haywood aparece bem mais motivado.

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MKG é demais

Kidd-Gilchrist luta por bola perdida com Beal e Nenê

Um dos termos mais valorizados e muito utilizados na cobertura do esporte nos Estados Unidos é o winner. Na América, ou você vence, ou está lascado. A ponto de, tamanha a insistência dos jornalistas, corre-se o risco de transformar essa definição num clichê banal. Mas ela tem tudo a ver quando vemos em ação o ala Michael Kidd-Gilchrist, escolha número dois do último Draft e outra influência decisiva em Charlotte.

Os relatos pré-recrutamento indicavam a personalidade e a energia do jovem ala de (!!!, de novo) 19 anos como algo contagiante. Batata. O rapaz não para em quadra, combate na defesa de modo incessante – e tem fundamentos, raça, força e agilidade para defender tanto jogadores mais baixos como mais fortes –, corre feito um maluco no contra-ataque, sabe de suas limitações nos disparos de fora e procura, então, o jogo interior… Dava para ficar o dia todo aqui listando e falando sobre o MKG.

Certamente ele vai voltar a aparecer por aqui muitas vezes. Podem apostar. Talvez para explorar o fato de ele se intimidar diante dos gravadores e microfones, gaguejando, e, ao mesmo tempo, ser o orgulho de qualquer treinador em quadra, como um líder nato, com tão pouca idade. É algo que vem desde os tempos do High School e que ficou bem claro em seu único ano com Calipari em Kentucky, botando fogo em Anthony Davis, Terrence Jones, Marquis Teague e o resto de um elenco badalado ao extremo e que realizou seu potencial para ser campeão.

Muito provavelmente ele se dê muito bem com Walker, alguém que chegou à universidade de Connecticut com pouca badalação em 2008, mas que evoluiu de maneira incrível por lá a ponto de, em sua terceira temporada, liderar os Huskies ao título nacional, sendo eleito o melhor jogador do torneio. Deu um duro danado.

E, como ensina o técnico e analista David Thorpe no ESPN.com, energia, vontade de se ralar e fazer as coisas certas são talentos que deveriam ser observados tanto como impulsão, munheca, velocidade. Tudo isso é parte de um rico e divertidíssimo universo.


Campeonato Paulista faz de tudo para afastar o torcedor mesmo durante as finais
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Giancarlo Giampietro

De todos os campeonatos estaduais de basquete do Brasil, o Paulista é o único que se sustenta com diversos clubes de elite na disputa. É hoje basicamente o único vendável para a TV, sendo disputado em sua grande maioria por jogadores profissionais, atletas com passagens por seleção brasileira e muitos, mas muitos estrangeiros mesmo.

Posto isso, o que testemunhamos nesta temporada foi preocupante. Ainda mais quando nos concentramos apenas nos mata-matas, sua fase de definição e, por isso, sua fase mais importante. Se isso é o melhor que podemos fazer no momento, imagine…

Vamos lá. As duas primeiras partidas da final tiveram um nível técnico muito abaixo, algo desencorajador. Não tem como aliviar muito depois de considerar estes dados aqui: em 80 minutos de basquete, tivemos 65 desperdícios de posse de bola e 94 arremessos de três pontos por parte de Pinheiros e São José. E, tal como a série empatada por 1 a 1, a divisão desses quesitos também foi bem equilibrada entre as partes.

São números estarrecedores, gente: 0,8 erro e 1,15 chute de longa distância por minuto de jogo.

Aí chega a hora de assumir um desafio imenso, aquela hora de botar a cuca (do blogueiro) para funcionar. Tentem me acompanhar enquanto a máquina não funde. 🙂

Se, hipoteticamente, toda posse de bola fosse usada até o fim, usando os 24 segundos na íntegra, teríamos a média de duas posses e meia por minuto ou cinco a cada dois minutos. Mas claro que não é desta maneira que acontece. Existem contra-ataques que não levam nem dez segundos para ter sua conclusão, há aquelas investidas abreviadas por uma falta mais cedo resultando em lances livres e muitas outras variáveis. Então demos um desconto: que cada minuto tenha quatro posses de bola, num ritmo frenético (cada posse, aqui, levaria 15 segundos). Mesmo com esse ritmo acelerado, chegaríamos a uma conclusão de que metade delas (1,95) terminaria de modo previsível – ou com um chute de três, ou com a bola nas mãos do árbitro/torcedor/gandula/treinador/mesário/locutor… Em qualquer lugar, menos na cesta.

Pode procurar, mas vai ser difícil encontrar uma liga ou um torneio de elite em que esses números sejam um padrão. Ainda mais quando sabemos que, dos 94 disparos efetuados de fora, apenas 33 foram convertidos (35,1%). E nem importa: o padrão de jogo não muda, ganha quem erra um pouco menos, quem for um pouco menos tresloucado, e segue a vida.

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Não só como supervisora do estado em que hoje é mais profícuo na produção de clubes e, por consequência, jogadores, a FPB também tem uma boa parecela de responsabilidade nisso com seu calendário completamente desregulado. Estamos no dia 24, e sabe quantos jogos dos playoffs foram realizados em novembro? Quatro. Contando o terceiro jogo deste domingo, serão cinco partidas no mês. Que ritmo as equipes podem adquirir desta forma? E, mais importante, como educar e/ou cativar o torcedor quando você assiste a um jogo que já não é o melhor e você não sabe nem quando é o próximo?

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O presidente da CBB, Carlos Nunes, estava, digamos, escoltado por Rubén Magnano nesta segunda partida em São Paulo. Nada mais coerente.

 


Quanto vale uma vitória? Com anuência do Wizards, Nenê altera plano e joga no sacrifício
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Giancarlo Giampietro

Mudança de planos para o pé de Nenê

Nenê vai no sacrifício mesmo atrás da bola e do primeiro triunfo do Wizards na NBA

O pivô Nenê demorou para fazer sua estreia na temporada 2012-2013 da NBA, seu Washington Wizards só perdeu até agora – dez partidas em dez rodadas –, mas a pior informação diante de tudo isso é a de que o brasileiro foi para quadra nesta quarta-feira ainda lesionado.

“às vezes você precisa sacrificar algo para vencer ou investir no seu futuro”, afirmou, depois de atuar por 20 minutos em derrota para o Atlanta Hawks, na prorrogação, por 101 a 100. “Sei que esse time me aceitou, quando fui trocado. Eles me acolheram para valer. Então disse que, assim que me sentisse melhor e que conseguisse jogar, que ajudaria minha equipe. O que não quer dizer que esteja curado ou sem lesão. A lesão ainda está ali, mas tenho coração. Tenho orgulho e confio nesse time. Então essa é a razão pela qual estou jogando.”

É uma atitude corajosa do paulista de São Carlos. Mas é e a mais inteligente? Lembrem o seguinte: a fascite plantar vem atrapalhando seu jogo desde a temporada passada – jajá vai completar um aniversário de vida. Então, supostamente, o atleta iria retornar apenas quando estivesse 100% livre dessa questão física para lá de chata.

Ao que parece, o acúmulo de derrotas num início deprimente de temporada foi o suficiente para minar essa prudente estratégia. Coisa que a comissão técnica e o departamento médico da franquia jamais poderiam avalizar.

“Tê-lo de volta significa muito para nossa equipe, devido a sua habilidade para jogar, sua inteligência em quadra. Ele torna os outros jogadores melhores. Ele vai para a linha de lance livre. Todas as intangíveis de que estávamos sentindo falta”, disse o treinador Randy Wittman, numa posição extremamente cômoda e oportunista. Afinal, é o pescoço dele que está a prêmio.

Com pouco período de treinamento realizado, Além de não ter se recuperado de sua fascite plantar, Nenê não tinha preparo físico para suportar o ritmo de uma partida de temporada regular – algo que ficou visível quando tentou puxar um contragolpe em Atlanta em que mal conseguiu sair do chão para tentar a enterrada. Ainda assim, foi uma figura relevante, com 12 pontos, um rebote, um toco e um roubo de bola e saldo positivo de +9, liderando uma guinada da equipe visitante ao lado de Emeka Okafor, Trevor Ariza, Martell Webster e AJ Price.

“Seu pé ainda está lesionado, mas ele está se sacrificando pelo bem do time. Não acho que outra pessoa faria isso por nós. Isso nos mostra seu coração e sua paixão, sua vontade de vencer”, disse o calouro Bradley Beal, que ainda não engrenou. “Nós todos sabemos que ele é uma força que deve ser respeitada e que pode mudar o desfecho de um jogo por conta própria. Ele nos manteve lutando, manteve nossa cabeça concentrada e aquela fagulha em nós, o que nos deu a chance de tentar vencer na prorrogação.”

Bonito, e tal. Não dá para minimizar a atitude de Nenê.

Mas a cena que conta mais no momento, mesmo, é a de sua entrevista ao final da partida, no vestiário. Ele atendeu aos jornalistas com o pé esquerdo mergulhado num balde de gelo e o joelho esquerdo também empacotado. Tudo pela primeira vitória do Wizards.


Menos instável, São José sai na frente e rouba mando de quadro do Pinheiros na final do Paulista
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Giancarlo Giampietro

O comentarista, dono de um dos currículos mais belos e impressionantes do esporte nacional, afirmou algo nesta linha: “não é tão simples assim”. Ele estava discorrendo sobre as insistentes críticas ao excesso de arremessos de três pontos por parte dos “leigos” quando esses resolvem falar sobre o Campeonato Paulista masculino.

Duvido que o mestre dedique parte de seu tempo a este humilde casebre, mas, de todo modo, dá para soltar um: “presente!”, mesmo com o risco de soar pedante.

De certa forma, concordamos com o bicampeão mundial: realmente não é tão simples assim. Os excessivos chutes de longa distância são apenas a evidência mais clara do basquete impraticável que domina as quadras brasileiras há anos. Mas as coisas vão muito além disso, conforme a vitória do São José sobre o Pinheiros por 79 a 76 provou nesta quinta-feira, na casa do clube paulistano (nenhum fã pinheirense vai ficar bravo com o gentílico neste caso, né?).

Teve erro em reposição de bola restando menos de sete segundos no cronômetro. Faltas técnicas fora de hora – e faltas técnicas dadas no grito também, em todos os sentidos ;). Os 27 desperdícios de posse de bola. Os ataques fraturados pela volúpia do cestinha da vez. E, importante, duas equipes também fora de ritmo, algo que teve a contribuição do calendário completamente incongruente da federação paulista. A longa espera para entrar em quadra, porém, não serve como motivo único para se entender o que se passou em quadra, especialmente para entendermos o modo comos os times procuram a cesta.

Existem diversos jeitos de se atacar tresloucadamente.

O Pinheiros investe (de0mais nas jogadas individuais de Paulinho e Joe Smith. Boa parte de suas ações ofensivas se baseiam na habilidade no drible dos dois armadores. Bacana. Dribles para quebrar as frágeis defesas nacionais, buscar o garrafão, cavar falta, servir aos pivôs e/ou buscar um chute mais próximo ao aro fariam muito sentido. Mas quando você executa a finta e para logo no próximo passo, para arremessar de três sem equilíbrio, com muito tempo no cronômetro? Aiaiai. Não é legal, não. (Daí os 10/29 no jogo de hoje, marca bem fraca não só pela pontaria de 34% como pelo volume imposto.)

Comparando, o ataque do São José foi mais fluido, procurando envolver mais os cinco jogadores em quadra, alternando ações de pick-and-roll com os pivôs com muita movimentação dos chutadores fora da bola, com a finalidade de espaçar a defesa adversária. Nada como a cadência e visão de jogo de Fúlvio, no caso. Até aí é interessante. Mas quem acompanha a equipe do Vale do Paraíba sabe que, não importando a extensão das jogadas, é praticamente 50/50 a chance de ela resultar em um disparo de fora: eles vêm praticamente o campeonato todo com uma balança bizarra na qual os arremessos de três se equiparam aos de dois.

Além disso, depois de controlar quase toda a partida, os visitantes se perderam no quarto período ao aceitarem o ritmo de “pelada”, passando a forçar uma atrás da outra, dando uma grande chance para o Pinheiros descolar, por assim dizer, uma vitória. Bruno Foi um prolongamento da nossa boa e velha  gangorra. Mas, com uma baita ajuda de uma falta técnica de Mineiro, eles conseguiram se aguentar de qualquer maneira e roubaram o mando de quadra da final.

Agora que deu para tirar o ferrugem, esperamos um espetáculo um pouco mais agradável nas próximas partidas.

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A presença de público novamente deixou a desejar no Pinheiros. A vocação de entretenimento do paulistano em geral já não inclui o basquete em suas prioridades, mas as idas e vindas da tabela e o horário de 21h também não contribuem para nada.

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Só não pode deixar de constar o número básico: vimos 55 arremessos de três pontos nesta quinta em 40 minutos de jogo. Média de 1,375 por minuto. Das posses de bola que terminaram em arremesso neste primeiro jogo da final, 44,3% foram direcionadas para o perímetro.

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Quando empenhado, envolvido na partida, o ala-pivô Jefferson William se torna um jogador muito perigoso. Seus 17 pontos e 14 rebotes no ginásio do Pinheiros corroboram isso. Foi um duelo interessante com Rafael Mineiro (26 pontos e 6 rebotes).

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Suponho que não tenha sido a jogada combinada, mas o último ataque do Pinheiros terminou nas mãos de Bruno Mortari, em busca do empate. Bruno é um excepcional arremessador de longa distância, mas desde que tenha os pés plantados no chão, equilibrado para  sua tentativa. Ele não está nada habituado a receber uma bola no meio da quadra para criar algo por conta própria.


O Fantástico Mundo de Ron Artest: Ciúmes de você (ou “parem de encenar!”)
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Giancarlo Giampietro

Antes da criação do Vinte Um, um projeto mais modesto, mas seguramente mais divertido era criar um blog todo voltado ao ala Ron Artest, do Los Angeles Lakers.

E bancaria como? A começar pela leitura do site HoopsHype, obrigatória para qualquer fã de basquete, devido ao acúmulo absurdo de informação oferecido diariamente, com tweets e declarações dos jogadores, jornalistas, dirigentes e trechos de reportagem do mundo todo.

As novelas das negociações de LeBron James e Carmelo Anthony foram certamente as líderes em manchetes nos últimos anos desse site agregador de conteúdo. Afinal, é o tipo de assunto que rende boato, respostas a boato e os boatos que, então, brotam desse processo.  Mas há também um personagem que dia sim, dia não vai estar presente por lá, geralmente no pé dos boletins de rumores, puxando a fila dos faits divers. Ron Artest, senhoras e senhores.

Sucessor natural de Dennis Rodman na prática do lunatismo – embora com personalidades e natureza completamente diferentes, num mano-a-mano que deve ser explorado em uma ocasião futura  –, Ron-Ron vai ganhar o seu próprio quadro aqui. Nos tempos em que a ordem é racionar na vida em sustentabilidade, o jogador não nos priva de sua condição de fonte de humor inesgotável.

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"O que é isso!?", exclama o Metta World Peace

Gerald Wallace, na avaliação de Ron-Ron, faz uma de suas encenações em Hollywood

Tava preocupante. Nosso anti-herói estava completamente perdido em meio a essa confusão toda que tomou conta do Lakers nas últimas semanas. Kobe Bryant deu a cara a tapa sem parar, Dwight Howard continuou fazendo suas palhaçadas. Pau Gasol ganhou em Steve Nash um companheiro de ponderação. E Ron Artest sumido, sem ninguém lhe perguntar nada, ou sem tirar nada que valesse um destaque durante o caos. O que era incompreensível, considerando de quem estamos falando.

Mas tudo tem seu fim. O Metta World Peace ressurgiu das cinzas nesta madrugada, voltando com tudo no Twitter. Que alívio!

Talvez enciumado pelos elogios de Kobe Bryant ao ala Gerald Wallace, após a vitória dos angelinos sobre o Brooklyn Nets no Staples Center, Ron-Ron saiu para o ataque contra o adversário. Wallace, daqueles jogadores que não aliviam em coletivo, no rachão e talvez nem contra seus filhos no quintal de casa, somou cinco roubos de bola, três tocos, cinco rebotes e quatro faltas em 29 minutos. “Na defesa, ele foi uma equipe de demolição de um homem só”, disse Kobe.

Seu companheiro de Lakers não entendeu o jogo desta maneira, não. Para ele, o ala do Nets não parou de cavar faltas e se jogar em quadra (“flop”). Veja sua sequência de Tweets em tradução soltinha da silva:

1) “Qual foi a melhor encenação hoje? Das três que vimos?! Estou tão feliz que a NBA agora cobra US$ 5 mil por encenação”…

2) “As duas encenações do Gerald Wallace foram malucas… Risos… E eu na quadra pensando: “O que é isso!!!… É louco porque ainda sou forte, mas mais rápido.”

3) “Fiquei tão nervoso quando o Gerald Wallace se jogou. Risos. Achei que o juiz ia dar falta em mim. O Nic Batum já havia me pegado em Portland.”

4) “Posso entender que os jogadores estrangeiros façam encenação… Eles fizeram essa regra para os estrangeiros… Mas agora está fora de controle…”

5) “Os árbitros fizeram um bom trabalho hoje ao pegar as duas vezes que o Gerald Wallace se jogou… Mas eles perderam a encenação do Reggie Evans… Tudo bem… Eles vão pegar a próxima…”

Sensacional. Para os boleiros americanos, aqueles que começaram jogando nos parques de Nova York, ou aqueles dos colegiais de Indiana, quer dizer, entre o boleiro roots americano circula essa ideia mesmo de que o “flop” chegou aos Estados Unidos via Europa, mesmo.

Mas não que, em sua fase paz-e-amor, ele fosse esquentar a cabeça para sempre com isso.

Em seu próximo tweet, já mudou de assunto, avaliando os dons de estilista do rapper, empreendedor, marido da Beyonce e milionário Jay-Z. Ele adorou os novos uniformes do Nets, de Brooklyn, pertinho de sua vizinhança nova-iorquina.

6) “Tenho de conseguir uma camisa do Brooklyn! Essas camisas são animais! Jay Z é fantástico! Já tenho a jaqueta do Brooklyn no clipe que estou pra lançar.”


Temporada revigorada de Tim Duncan também ajuda a explicar limitações para Splitter
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Giancarlo Giampietro

A estreia como profissional de Anthony Davis foi contra Tim Duncan e o San Antonio Spurs. Número um do Draft, badalado por dez em cada dez scouts, o garotão do New Orleans Hornets não decepcionou: 21 pontos, 7 rebotes, um toco, uma roubada e nenhum desperdício de bola em apenas 29 minutos.

Tim Duncan, eternamente jovem

Deixem Duncan ser Duncan enquanto ele quiser ou puder. Pedido do Timmy

Normal, então, que, nas entrevistas ao final da partida, os repórteres abordassem o veterano para perguntar o que ele achava daquela comparação que ganhava força em torno da jovem promessa: “Ele é o novo Tm Duncan”. “Bem, eu ainda não fui embora. Posso continuar sendo eu por algum tempo enquanto isso?”, devolveu o astro.

Ô se pode.

Aos 36 anos, em sua 16ª temporada, o ex-nadador das Ilhas Virgens não dá sinal algum de que esteja em desvantagem naquela briga inevitável contra um adversário imponente, o tempo. No confronto com Davis e o Hornets, largou com tudo, com 24 pontos, 11 rebotes e três tocos – e não era fogo de palha. Em 11 partidas até aqui, suas médias são de 18 pontos, 10 rebotes, 2,4 assistências, 2,7 tocos e um roubo de bola, além de 51% nos arremessos e 75% nos lances livres.

Apenas 13,4% da temporada foi disputada ainda, numa ressalva relevante. O duro é produzir lá na frente, na reta final, quando pesa demais o desgaste das viagens e o acúmulo de jogos (e hematomas). Mas poucos poderiam imaginar um início tão vigoroso assim mesmo por parte de alguém que não se dá por satisfeito com quatro títulos, dois prêmios de MVP e mais de, glup, US$ 204 milhões apenas em salários.

Considerando que Gregg Popovich controla os minutos de seu pivô com muito cuidado, a avaliação de seus números atuais em projeções por 36 minutos se mostra mais justa, e daí saem dados impresssionantes: Duncan vem com as melhores marcas de sua carreira em tocos, roubos de bola e rebotes defensivos, a melhor em lances livres desde 2001-2002, a melhor em pontos desde 2005-2006 e a melhor em rebotes desde 2007-2008.

Descobriram a fonte da juventude, e ninguém avisou no Twitter?

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Agora, quanto mais Duncan aguentar o ritmo como um pivô ainda de elite, fica ainda mais complicado contexto envolvendo Tiago Spliter no Spurs.

De acordo com o site Basketball-Reference.com, dos 20 quintetos utilizados com maior frequência por Popovich nesta temporada, Duncan está presente em 14. Destes, apenas em um ele dividiu a quadra com o catarinense, contando com a companhia de Tony Parker, Danny Green e Kawhi Leonard por 20min41s – efeito da escalação empregada especificamente para bater de frente com as torres do Lakers. De resto, o superpivô fica muito mais tempo ao lado de DeJuan Blair e Boris Diaw.

(Para constar, Splitter aparece em outras quatro formações entre as 20 mais utilizadas,, e seu companheiro de garrafão seria ou Matt Bonner – duas vezes – ou Boris Diaw, sendo a quarta uma equipe baixa com quatro atletas abertos – Ginóbili, Stephen Jackson, Gary Neal e Danny Green.)

Uma explicação: Splitter pontua basicamente no garrafão ou bem próximo dele. Ainda que Duncan tenha um bom chute de média distância, quase até os limites da linha de três, você não vai querer afastá-lo tanto assim da cesta. Com os dois em quadra, então, corre-se o risco de congestionar o garrafão e tirar o espaço para as infiltrações de Parker e Ginóbili. Defensivamente, os dois também são muito mais aptos a conferir adversários mais altos do que alas-pivôs mais baixos e ágeis. Não tem química, e Popovich não vai forçar a barra.

Vale tudo contra Dwight Howard

Contra Dwight Howard e o Lakers, rara ocasião em que Splitter e Duncan formaram dupla