Vinte Um

Arquivo : Stephen Curry

Warriors dispensa Scott Machado, que ainda sonha com a NBA: “Não para aqui”
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Scott Machado, e aí?

Scott, sem clube novamente, e, pelo jeito, nada de seleção brasileira

Chega uma hora que é melhor esquecer e seguir em frente com o que você tem, mesmo.*

Scott Machado acaba de ser dispensado pelo Golden State Warriors. “Sabia que isso iria acontecer”, disse o armador em sua conta de Twitter.

Traduzindo: os sinais eram claros de que Scott não tinha muito futuro com o emergente Warriors na NBA, mas isso não quer dizer que ele esteja pronto para abrir mão do sonho de se firmar na liga.

De todo modo, considerando os últimos acontecimentos, fica a pergunta: será que não chegou a hora de o armador e seus familiares e agente pensarem em outras alternativas? De repente buscar o mercado europeu, a afirmação do atleta em outro cenário para, no futuro, fortalecido, tentar um retorno triunfal?

Hoje as coisas estão assim: Scott gravita numa zona cinzenta e muito difícil de ser superada, a de “ser bom o suficiente para aspirar ao grande campeonato”, mas “não ser bom o bastante para descolar um contrato garantido”. Isso quer dizer que, basicamente, o armador teria de se inscrever na D-League novamente e tentar batalhar seu posto. É uma rota ingrata, ainda mais agora que ele não está sob o guarda-chuva de nenhum dos clubes da organização gerida por David Stern – ao contrário do ano passado, quando era um atleta sob contrato com o Rockets ou o Warriors, emprestado para as filiais da liga de desenvolvimento.

Pois, ao dispensá-lo hoje, muito antes do training camp, o Warriors cortou qualquer vínculo com o brasileiro. Com 13 jogadores sob contrato, eles poderiam tê-lo carregado até a pré-temporada tranquilamente. Mesmo que não fossem aproveitá-lo no elenco principal, caso o cortassem antes do início do campeonato, o clube ao menos o manteria sob sua alçada, defendendo o Santa Cruz Warriors. Mas não foi o que fizeram – e daí, das duas uma: 1) ou não tinham interesse, mesmo, ou 2) Scott e seu estafe pediram o corte para que pudessem buscar uma situação mais promissora, pensando em termos de NBA.

A franquia californiana, naturalmente, não elaborou muito a respeito: simplesmente emitiu um comunicado sucinto, direto ao ponto nesta quarta: “Machado assinou originalmente com o Golden State como um agente livre promovido do Santa Cruz Warriors no dia 7 de abril de 2013. Ele apareceu brevemente me cinco jogos pelo Warriors. Ele também participou de seis jogos com o Houston Rockets na temporada passada e passou um tempo significativo na D-League, com médias de 8,9 pontos, 2,5 rebotes e 5,1 assistências em 28 partidas pelo Santa Cruz e pelo  Rio Grande Valley Vipers”.

Na frieza dos fatos, é isso.

Uma chance foi dada a Scott e ele não causou a impressão suficiente para convencer a diretoria de que poderia ser uma peça relevante na próxima temporada. Os negócios de um clube de NBA simplesmente podem tomar guinadas drásticas. Os fatos vão se sucedendo feito rolo-compressor, não importando quem esteja no caminho.

O Warriors sleecionou no Draft deste ano o armador sérvio Nemanja Nedovic. Ele foi a última escolha da primeira rodada do recrutamento. Importante: era uma escolha que não pertencia ao time. Quando a franquia resolveu investir (milhões de dólares) para entrar na primeira rodada e, depois de fazer a compra, optaram pelo armador ex-Lietuvos Rytas, os indícios eram de que o futuro do brasileiro estava seriamente ameaçado. Semanas depois, então, eles resolveram contratar Toney Douglas como substituto de Jarrett Jack. A rotação básica da posição, então, estava assegurada, com dois suplentes para o craque Stephen Curry.

Para piorar, durante a liga de verão de Las Vegas, o ala Kent Bazemore jogou demais, inclusive como um armador improvisado. O brasileiro nova-iorquino, porém, não fez um bom torneio. Embora tenha feito um bom papel na defesa e mostrado seu talento natural como organizador, Scott penou para fazer cestas. A ponto de, na final contra o Phoenix Suns na última segunda-feira, ter sido enterrado no banco de reservas, perdendo espaço para Ian Clark (que, inclusive, acabou de assinar contrato de dois anos com o Utah Jazz). O brasileiro só entrou em quadra com 49 segundos para o fim, e a partida já decidida. Cruel. Mais um duro golpe em sua jornada.

Ainda via Twitter, contudo, em vez de se mostrar resignado, o rapaz delcarou:”Essa montanha-russa ainda não parou!”

E não para, mesmo.

Só fica a impressão de que, no próximo looping, o brasileiro devesse tomar outra rota.

*  *  *

Seleção brasileira? Parece que essa é outra baixa para Rubén Magnano. O nova-iorquino era aguardado em São Paulo no dia 23 de julho. Leia-se: terça-feira. E aí que, nesta quarta, Scott me solta isso aqui na rede de microblogs: “Acho que vou conferir alguns jogos de verão de basquete nesta noite” + “Os garotos que fazem essas acrobacias nos metrôs de NYC são supertalentosos”. Quer dizer, o armador está de volta a Nova York, enquanto seus compatriotas treinam na capital paulistana de olho na Copa América. Com Huertas, Raulzinho, Rafael Luz e Larry, o argentino ao menos está beeem servido na posição. Segue o jogo.

*PS: sim, propositalmente a mesma frase de abertura do post anterior. Essas novelas tomam um tempo danado.


Melhor na defesa, sofrendo no ataque, Scott Machado se vê em situação delicada no Warriors
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Scott na luta

Scott batalha, tenta finalizar contra o Mavericks: a quadra e o aro ficaram pequenos em Las Vegas

Armadores precisam fazer de seus companheiros melhores em quadra. Deixar o jogo mais fácil, simples para quem está ao seu redor.

Imagine quantas vezes Scott Machado, ele mesmo um armador purinho da silva, não ouviu esse mantra? Nos playgrounds no Queens, seja ao lado dos companheiros colegiais, desenvolvendo seu jogo na tímida universidade de Iona. É o dever, a missão dele em quadra.

“Sim, senhor.”

Mas e quando você não tem muito o que melhorar ao seu redor? E quando seus companheiros são ruins toda vida, como é que fica? Como no caso do Golden State Warriors de verão, uma dureza. Pelo menos do que assisti na primeira partida da equipe no torneio de Las Vegas, era um time bastante limitado, com pivôs pouco atléticos ou ágeis e uma falta de arremessadores no perímetro. Muitos passes do armador pareciam destinados a assistência, mas o aro acabava não permitindo, se é que vocês me entendem.

Neste triunfo contra o Washington Wizards, a equipe do brasileiro  deu um jeito e venceu por 56 a 52, o placar mais baixo na história das ligas de verão. De alguma forma, porém, esse time conseguiu elevar sua produção para triunfar nas próximas três partidas, anotando 80, 84 e 79 pontos, algo bem mais aceitável nesse tipo de competição (varzeana). Só não me perguntem como.

Scott Machado, no Warriors de verão

Scott tenta deixar a defesa para trás sem sucesso

E como a nova diretoria do Warriors, com uma perspicácia impressionante para montar seu elenco de cima, conseguiu juntar um plantel aparentemente tão frágil assim? Sabemos que seus scouts têm um retrospecto sólido para descobrir talentos – vide o tanto de gente boa que já recrutaram na D-League.

Acontece que, nas ligas de verão, nem sempre interessa a uma franquia juntar um time para ser campeão. Sucesso em julho não quer dizer nada comparando com a ação de verdade que começa em outubro. Em julho, mais vale observar e incentivar o progresso de alguns jogadores-chave, com quem realmente esperam contar  mais para a frente.

De modo que não parece absurda a ideia de que, num catadão de 10 ou 15 atletas , eles não estejam nada preocupados com a qualidade dos atletas periféricos, para exigir mais daqueles que julgam mais importantes em seus planos. Com o armador novato Nemanja Nedovic, que acabou afastado por conta de um tornozelo torcido, o ala Draymond Green, o ala-armador Kent Bazemore e – por que não? – Scott, contratado no finalzinho da temporada passada.

Sem muitos cestinhas talentosos ao seu redor, o armador seria obrigado a assumir mais responsabilidades ofensivas. Expandir o seu jogo.

Por um lado, os cartolas e treinadores do Warriors têm o que comemorar quando o assunto é o sobrenome Machado. Pois, na defesa, o rapaz tem se mostrado uma verdadeira peste, muito agressivo no combate individual, colocando pressão em demasia em cima da bola. Na estreia contra o Wizards, por exemplo, ele desestabilizou por completo um veterano como Sundiata Gaines, que ficou completamente frustrado em quadra e, na partida seguinte, perdeu seu posto de titular.

Acontece que, do outro lado da quadra, a história tem sido bem diferente. De maneira preocupante.

Nos primeiros quatro embates em Vegas, o brasileiro vem sofrendo consideravelmente. Pequeno, sem poder jogar muito em contra-ataques – a sua preferência, explorando sua velocidade –, tem enfrentado muita dificuldade para finalizar, encontrar a cesta. Seu chute de média e longa distância ainda não funciona bem e, sem muito espaçamento ma meia quadra,  acaba contestado com frequência perto da cesta. Até aqui, ele converteu apenas cinco arremessos 31 tentativas, num aproveitamento de 16,1%. Ai. E não é por falta de tentar: contra o Dallas, nesta quinta, foram sete erros em oito chutes, somando apenas três pontos. Sua média na semana é de 4,3 pontos por jogo. Certamente não era o tipo de rendimento que ele esperava.

Kent Bazemore, nome da fera

Bazemore: evolução clara em julho

Ao seu lado, no perímetro, Kent Bazemore vai se saindo muito bem, obrigado.

Bem mais alto e forte que Machado, o ala-armador consegue se virar melhor por conta própria. Enfrenta defesas concentradas com maior sucesso, registrando 18 pontos em média até aqui, com 45,8% de conversão nos arremessos. Também vem fazendo um bom trabalho quando assume a condução do time, como o armador solitário em quadra, num experimento claramente importante para a comissão técnica. Vem orquestrando surpreendentemente bem as ações no pick-and-roll – ainda que a maioria delas terminasse com ele mesmo partindo para a cesta, hehe – e, no geral, parece estar num degrau acima, jogando como alguém já consagrado.

Esse é um ótimo desenvolvimento para o clube, claro, mas não tão saudável para Scott.

Que se vê novamente numa enrascada, em sua luta sem parar para se afirmar como um jogador de NBA – em vez de um aspirante.

Stephen Curry é o titular indiscutível. Nedovic chega com um contrato garantido de primeira rodada no Draft deste ano e é muito mais rodado (jogou Euroliga…) e mais forte atlético – seu apelido pode ser um tanto patético, mas ficou conhecido como o “Derrick Rose europeu”, vejam só. Além disso, assim como na temporada passada, lá vem o Toney Douglas, seu velho conhecido de Houston, cruzar sua vida novamente. Já são, então três armadores (ou quase) aqui, geralmente o número que os times carregam em seu plantel. Bazemore, mais versátil e com prioridade entre os diretores – sendo cultivado há mais tempo pelo atual regime –, também está na frente e se encaixaria melhor na rotação, como possível reserva para Iguodala.

Neste sábado, o Warriors volta a quadra, e Scott tem mais uma chance para ver se endireita a munheca, sem poder deixar sua intensidade diminuir. Para sobreviver na liga, vai precisar dar tudo o que tem e mais um pouco. Principalmente esse “mais um pouco”.  E vai ter de ser sem ajuda, mesmo.


Após Curry, Thompson aparece para atormentar Spurs, e Warriors apronta de novo
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Klay Thompson aterroriza San Antonio

É isso aí, o Klay Thompson também pode pelo Golden State!

 

“Viu só? Eu também consigo fazer ISSO. Nhém!”, é o que parece que o Klay Thompson resolveu dizer para toda a NBA, nesta quarta-feira, para desespero de Gregg Popovich em San Antonio.

Depois do espancamento promovido pelo Miami Heat para cima do Chicago Bulls, invertendo o conceito de quem desceria a marreta nesta série, o Golden State Warriors resolveu aprontar de novo contra o San Antonio Spurs. Mas dessa vez quem comandou a traquinagem foi este ala esguio e igualmente perigoso nos tiros de três pontos.

Relegado ao papel de coadjuvante durante a arrancada rumo ao estrelato de Stephen Curry nos playoffs, Thompson deu provas de seu seriíssimo potencial no Texas para deixar a experiente turma de Tim Duncan desconcertada. Em dois jogos, temos um confronto empatado, com o mando de quadra roubado por parte do Warriors. E não só isso: o que assusta é que a equipe dirigida pelo surpreendente Mark Jackson poderia estar facilmente com uma vantagem de 2 a 0, não fosse a patinada feia que deram na primeira partida, perdendo uma liderança de duplo dígito no quarto final, caindo na segunda prorrogação.

Se tomarmos como parâmetro o que Curry vinha produzindo até aqui, o Spurs até que conseguiu atrapalhar sua vida no segundo jogo, limitando-o a apenas sete conversões em 20 arremessos no total e a quatro assistências para dois turnovers. Ainda assim, ele marcou 20 pontos, mas tudo bem.

Klay Thompson x Kawhi Leonard

Leonard tenta o toco, mas a alta elevação no chute de Thompson não permite

E aí que me entra em cena o Thompson aproveitando os espaços oferecidos pela marcação mais concentrada em Curry e arrebenta com o Spurs, sem dó nem piedade: 34 pontos, com 13 em 26 chutes de quadra e impossíveis oito bolas de três certeiras em nove tentadas – ao mesmo tempo em que Curry, para se ter uma ideia, chutou 6/9 na linha de lances livres. Segura!!!

O curioso é que, no quarto final, o ala ficou zerado. Problema resolvido para as próximas partidas, então, por parte de Pop?

Nada: porque Curry e Jarret Jack assumiram a bronca e marcaram os últimos nove pontos do Warriors para proteger mais uma grande vantagem no placar que estava indo para o buraco – o primeiro tempo terminou com 19 pontos para a fedelhada; a 4min22s do fim da partida, o Spurs estava a apenas seis pontos de um empate.

Só que o raio não caiu de novo no mesmo lugar. Vejam essa declaração de Manu Ginóbili: “O que aconteceu no jogo 1 não é sobre inexperiência. É apenas um desses jogos que acontece muito raramente, algo como uma vez em mil. Não era para termos vencido aquele jogo. E eles vieram ainda mais famintos, mais determinados. E claro que eles são mais jovens e mais atléticos que nós. Mas eles também foram mais físicos. Apenas fizeram um trabalho muito melhor que o nosso. Eles mostraram que queriam mais. Eles provavelmente pensaram que mereciam a vitória no jogo 1 e queriam mais uma oportunidade para vencer”.

É preciso respeitar o astro argentino pela sinceridade, franqueza de seu comentário. Um raciocínio que entrega como está o espírito do Spurs no momento: de não saber o que fazer, de ser pego de surpresa por um time que supostamente não só não deveria estar competindo com seus veteranos, como parecia inimaginável que pudessem ser simplesmente omelhor time na série.

Em Oakland, os ávidos torcedores do Warriors já devem estar fazendo o gargarejo para preparar a garganta. Vai explodir aquele ginásio, e o jovem Warriors está em uma posição para satisfazê-los.

*  *  *

Thompson, um exímio arremessador de três, havia matado apenas 34,3% na série contra o Denver Nuggets e havia errado seus últimos dez chutes de longa distância, incluindo os quatro que tentou na primeira partida contra o Spurs.

*  *  *

Esta é daquelas notícias que nenhuma das partes vai confirmar oficialmente, mas já virou senso comum nos bastidores da liga; quando o Thunder decidiu no ano passado que não poderiam renovar com James Harden, o primeiro clube a receber uma ligação de Sam Presti foi o Golden State Warriors. A franquia de Oklahoma City queria saber se dava para fazer algum negócio por… Thompson, de 23 anos. Foram recusados de cara.

*  *  *

O pai de Klay Thompson, Mychal, foi o número um do Draft da NBA em 1978, pelo Portland Trail Blazers. Ele teve uma carreira produtiva em seus primeiros anos sob o comando do legendário Jack Ramsay em Portland, mas não chegou a ser dominante em um time que demorou a se recuperar da perda de Bill Walton. Foi, no entanto, uma peça fundamental para o Lakers no final dos anos 80, reforçando o banco da equipe que ganhou o bicampeonato em 1987-88. Showtime!

*  *  *

Na última vez que o Warriors havia triunfado em San Antonio – em 14 de fevereiro de 1997 –, Stephen Curry tinha apenas oito anos e Tim Duncan estava na faculdade.


Stephen Curry promove bombardeio inédito na linha de três pontos e atormenta o Nuggets
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Perigo: Stephen Curry avistado

Já citamos seus 54 pontos no Madison Square Garden como uma das melhores atuações de toda a temporada, mas precisamos falar mais sobre Stephen Curry. Que todos entrem e fiquem confortáveis – menos o Ronaldinho Gaúcho, que torce para o Denver Nuggets.

Vamos colocar desta maneira: fosse jogador do NBB, o craque do Golden State Warriors beiraria os 65 pontos por partida. Considerando a facilidade que se tem para jogar em transição por aqui, ou mesmo os buracos que aparecem na defesa em meia-quadra dada a geralmente tímida contestação no perímetro, e ainda levando em conta a menor distância da linha de três pontos, e seu eventual apelido seria “Tempestade”.

Não é uma questão de ser incoerente. O jogador deveria sempre buscar o arremesso de maior probabilidade de acerto, sim, em vez de se acomodar no perímetro. É que, no caso de Curry, pasmem, seu chute funciona melhor de longa distância do que na área de dois pontos. (Ok, nos seus três primeiros anos na liga, suas médias de dois pontos foram sempre superiores ao que fazia de três. E ele também nunca apelou tantas vezes a esse recurso – em 2010, ‘queimou’ 380 vezes, enquanto em 2011 ficou em 342, com rendimento de 43,7% e 44,2%, respectivamente. Mas…) Pelo menos nesta temporada foi assim: 45,3% de três, contra 45,1% no geral. Veja no gráfico retirado da sensacional e bombada área de estatísticas do NBA.com:

Quando se aventura perto da cesta, seu rendimento está abaixo da média da liga (daí a cor vermelha). De média distância, Curry é regular, medíocre. De fora, porém, tirando os tiros frontais, só verdinho: tem um aproveitamento incrível, especialmente da zona morta pela direita. Se o rapaz ficar livre por ali, um abraço. Contra o Nuggets, ele não está hesitando nem por um segundo sequer em agredir, tendo somado 20 arremessos de três nas duas primeiras partidas em Denver. Sai de baixo, que o bombardeio está em andamento. Há rumores, inclusive, de que a defesa civil tenha colocado a cidade do Colorado em estado de alerta.

É um padrão que segue o que ele produziu durante todo o campeonato. O armador do Warriors converteu 272 arremessos de três, quebrando o recorde de 269 que pertencia a Ray Allen. No total, ele arriscou mais do que o dobro de fora (600 vezes!) do que em lances livres (291). Novamente: para um jogador comum, não seria uma disparidade recomendável. Mas estamos falando de um caso especial, de alguém que mata esse tipo de bola com extrema facilidade, mesmo em uma jogada de um contra um. Como nesta bola aqui em sua noite absurda no Garden:

Dá para confundir com sorte? Com toda a envergadura de Tyson Chandler em sua direção, o corpo caindo levemente para a direita, é possível  que sim. Mas repare na consistência de sua mecânica e de seus movimentos, parecendo um robozinho. Ele não chega a alcançar a elevação máxima em seu jumper, mas seu gatilho é rápido o suficiente para compensar:

O triste é que Stephen Curry voltou a  sentir, em Denver, seu tornozelo pela 47ª vez nos últimos três anos e disse que, se o jogo fosse nesta quinta-feira, não teria condições de ir para a quadra. Como está marcado para sexta, confia de que vai se recuperar. Os torcedores do Warriors aguardam com ansiedade. Lá eles não razão alguma para temer o que vem de cima.

*  *  *

É coisa de DNA. O pai de Stephen Curry, Dell, jogou na NBA de 1986 a 2002, passando por vários clubes, mas se destacando de verde pelo Charlotte Hornets nos anos 90, como coadjuvante de Larry Johnson e Alonzo Mourning. Ele terminou sua carreira com belo aproveitamento de 40%, tendo liderado a liga na temporada pós-locaute em 1999, matando 47,6% de seus disparos. O irmão mais novo de Stephen, Seth, se formou pela universidade de Duke neste ano e tenta ingressar na liga profissional no próximo draft com média de 39,3% de longa distância, e 43,8% em sua última campanha.

Nenhum dos três ficou famoso, porém, por ser um grande defensor. O armador do Warriors tem muito o que melhorar nesse sentido.

*  *  *

Curry é um cara confiante em seu arremesso, mas não tem nada de invejoso.

Dia desses o jovem ala Nik Stauskas, vice-campeão universitário por Michigan e mais um da nova geração canadense, postou uma brincadeira no YouTube no qual jura ter feito 102 cestas de três pontos em cinco minutos. Obviamente não fiz a conta, então vamos dar um voto de confiança para o cara, que realmente desequilibrou muitos jogos nesta temporada para os Wolverines no perímetro. Tá certo também que ele mal se mexe aqui para fazer seus arremessos, descansando as pernas, aumentando a concentração também. Aí que o Stephen Curry assistiu tudinho e chamou o moleque no Twitter para uma disputa no futuro. Admitiu que era um vídeo “impressionante”. Então não vai ser o blogueiro com seu aproveitamento de 33,3% no auge que contestaria.

*  *  *

Um perfeccionista, daqueles bem chatos mesmo em seus comentários, o ex-ala-armador Rick Barry – o capitnao de outra família cuja habilidade nos arremessos está no sangue e campeão pelo Warriors nos anos 70 – afirmou que Curry e o ala Klay Thompson já formam uma das melhores duplas de chutadores de todos os tempos.


Prévia dos playoffs da Conferência Oeste da NBA: Parte 2
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

3-DENVER NUGGETS X 6-GOLDEN STATE WARRIORS

A história: será que o Denver Nuggets consegue contrariar a tese de que um time não pode ir longe nos playoffs sem uma superestrela? Desde que trocou Carmelo Anthony por um pacote de ótimos jogadores para construir um dos elencos mais completos da NBA, George Karl e o gerente geral Masai Ujiri precisam responder essa questão, que é considerada um dogma na liga. Agora, pode ser apenas uma questão de tempo para que Ty Lawson ingresse nesse grupo especial. E quanto a Stephen Curry? Ele já foi promovido? Os dois vão ter um duelo espetacular nesta primeira fase, e, dependendo do desfecho da série, ambos têm a chance de resolver qualquer dúvida quanto a seu status. (Paralelamente, o embate entre os velhacos Andre Miller e Jarrett Jack também é bastante intrigante.)

O jogo: pisa fundo, acelera, sai da frente! Aqui a ordem é correr demais, sem freio. Esperem jogos decididos na casa de 11o pontos, muitos contra-ataques, cestas rápidas, alguns turnovers, seja na baía californiana ou na altitude de Denver. Vamos torcer apenas para que Stu Jackson não escale o velhinho Dick Bavetta para apitar – e, se o diretor estiver biruta e o fizer, ao menos ele terá o quebradiço Andrew Bogut como companhia. De um lado, o Nuggets procura as infiltrações de modo agressivo, com a velocidade de Lawson, Iguodala, Brewer, Wilson Chandler, Faried, McGee & cia., além dos movimentos matreiros de Miller. Do outro, o Warriors depende muito da avalanche de três pontos desencadeada por Curry e Klay Thompson.

De dar nos nervos: quando o apelido do cara é “Manimal”, você já sabe que vem chumbo grosso pela frente. Kenneth Faried precisa se recuperar de uma torção no tornozelo, sofrida no finzinho da temorada regular, mas, se estiver a 75% – ou, vá lá, a 60% –, David Lee e Carl Landry saberão que será necessária muita paciência durante a série. Porque Faried simplesmente não consegue parar: ele se movimenta de modo alucinado de ponta a ponta da quadra, de cima para baixo, atacando rebotes ofensivos e defensivos e perseguindo qualquer adversário que ouse pensar em concluir uma bandeja no contra-ataque.

Olho nele: são tantos os jogadores interessantes no elenco do Denver Nuggets, que fica difícil escolher um. Desde a lesão de Danilo Gallinari, fora da temporada, a importância de Wilson Chandler só cresceu para o time do Colorado. Um jogador muito versátil e atlético, cobre espaços na defesa com tempo de bola preciso na ajuda e, na ofensiva, sabe se esgueirar entre os marcadores com facilidade. Sua presença é fundamental para que o criativo ataque de Karl funcione.

Palpite: Nuggets em seis (4-2).

4-LOS ANGELES CLIPPERS x 5-MEMPHIS GRIZZLIES

A história: é guerra. Desde o confronto pelos playofs do ano passado, esses times adquiriram um sentimento bonito e enobrecedor: um odeia o outro. É o que dá quando você coloca em quadra por quatro, cinco, sete partidas seguidas gente com a intensidade de Chris Paul, Tony Allen, Blake Griffin, Zach Randolph, Caron Butler ou Marc Gasol. Sai faísca. Nesta conferência, este é o jogo com maior pegada de Leste, com pancada para tod0s os lados,e sem nenhum inocente. Quer dizer, tirando o Mike Conley Jr. Em tempo: em 2012, deu Clippers por 4-3.

O jogo: sempre que puder, o Clippers vai tentar sair no contra-ataque com a explosão física devastadora de Griffin ou mesmo de DeAndre Jordan. Isso, claro, se o pivô gigante do ex-primo pobre de LA conseguir ficar em quadra, sendo sacado constantemente por Vinny Del Negro devido a suas panes defensivas e ao péssimo aproveitamento nos lances livres. Em um jogo mais lento, de posses de bola trabalhadas, todas as fichas do treinador são depositadas em Chris Paul, que age quase como um técnico independente em quadra e vai ter de se desdobrar, mesmo, diante da segunda defesa mais forte do campeonato. Esse tipo de jogo mais arrastado favoreceria ao Grizzlies, com a inteligência e diversos recursos técnicos de Marc Gasol.

De dar nos nervos: Tony Allen, cedo ou tarde, vai tirar alguém do sério. Não tem jeito. Em forma – coisa que não aconteceu nos mata-matas de 2012 –, Allen é um dos melhores defensores de perímetro da liga, ou o melhor, mesmo, com pés e mãos extremamente ágeis. Sim, ele vai bater de frente com Chris Paul nos momentos críticos da série, e essa vai ser uma batalha imperdível.

Olho nele: no banco do Clippers, a dupla Eric Bledsoe e Jamal Crawford já tem um chamariz, e tanto. Impossível assistir a Bledsoe e não lembrar de Westbrook, quando ele explode rumo ao garrafão e deixa múltiplos defensores comendo poeira. Um, dois, ninguém viu, já colocou na redinha. E Crawford pode ser hoje o melhor jogador de playground na NBA, colocando a bola no chão, atacando no um-contra-um e matando bolas pela direita, pela esquerda, e o defensor nem viu por onde ele passou. Mas, se você conseguir desviar o olho dessas duas peças, poderá notar todo o trabalho de Matt Barnes fora da bola. O ala é um dos caras que mais joga duro na liga e para o qual pouca gente dá muita ou sequer uma bola. Cortando para a cesta de modo incessante, passando a bola confortavelmente, atacando a tábua ofensiva em busca de rebotes, peitando quem quer que seja do outro lado na defesa, é um operário perfeito para qualquer time que se pretneda vencedor.

Palpite: sinceramente, não dá para arriscar nada aqui. Depende muito de jogo para jogo.


As melhores atuações, partida, contratações e mais no fechamento da temporada da NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Curry foi o último a brilhar no Garden

Stephen Curry fez chover no Garden em uma atuação marcante nesta temporada

Escrevemos que foi realmente uma temporada excepcional da NBA, né? Pelo menos foi a sensação aqui no QG 21, embora a senhorita 21 não tenha achado muita graça de tudo isso, não, ainda mais quando o fuso horário fica bastante ingrato e o League Pass invade a madrugada. De qualquer jeito, vamos relembrar alguns momentos que possam sublinhar, justificar essa impressão de um belo campeonato fincado em uma era que tem tudo para ser reconhecida no futuro também como de ouro. Vamos neste post um pouco além das tradicionais premiações/palpites na conclusão da jornada da temporada regular. De sexta em diante, viramos a página para falar de playoffs.

As melhores atuações
Stephen Curry anota 54 pontos no Garden (27 de fevereiro)
São tantos os armadores talentosos na liga hoje que é muito fácil de alguém passar despercebido. Pois o filho de Dell Curry fez questão de deixar sua marca da melhor forma possível com uma partida incrível contra o Knicks. A naturalidade e confiança nos movimentos do jovem astro do Golden State Warriors. No vídeo abaixo, repare na marca de 2min20s sua cesta de três pontos em contra-ataque, na qual a bola mal toca na redinha. Embora sua equipe tenha perdido, ninguém pode dizer que Steph não tentou. Foi um bombardeio: 18 arremessos convertidos em 28 tentativas, com O-N-Z-E tiros de longa distância em 13, para chegar ao recorde da temporada. Sem contar os seis rebotes e as sete assistências. Para provar que não foi apenas uma noite acidental, agora há pouco, em Los Angeles, ele anotou 47 pontos, 9 assistências e 6 rebotes contra o Lakers

Kobe Bryant saiu aplaudido do Rosen Garden (10 de abril)
A cidade de Portland, com seu grupo de torcedores que estão entre os mais fiéis da liga, sempre recebeu o astro do Lakers, da forma mais abrasiva possível, em termos de hostilidade – afinal, o cara já aprontou muito em sua vida contra o Blazers, ainda mais em playoffs. Mas seu último desempenho em seu ginásio não abriu nenhuma outra alternativa que não a admiração. Com o Lakers contra a parede, Kobe justificou a frase que usou durante todo o ano – “Vencer a qualquer custo” – ao ficar em quadra por todos os 48 minutos em uma vitória crucial, somando 47 pontos, 8 rebotes, 5 assistências, 4 tocos e 3 roubos de bola, matando todos os seus 18 lances livres. Sim, uma atuação heroica:

Kevin Durant e Westbrook contra a rapa em Dallas (18 de janeiro).
Em um jogo de duas equipes que se detestam, devido ao histórico recente nos mata-matas, o Thunder feriu ainda mais o orgulho de Dirk Nowitzki com essa vitória por 117 a 104 na casa do Mavs, com direito a prorrogação. A duplinha dinâmica visitante arrebentou com o jogo: foram 52 pontos, 9 rebotes e 21/21 lances livres em 50 minutos para Kevin Durant e 31 pontos, 6 rebotes e 6 assistências em 45 minutos para Wess.

– Oi, eu sou o Jamers Harden. Lembram de mim? (20 de fevereiro)
Não foi o primeiro confronto entre o Capitão Barba e seus ex-companheiros de Thunder. Mas foi sua primeira vitória contra eles (122 a 119, em Houston), com a maior partida de sua ainda jovem e promissora carreira. O rapaz foi um assaassino em quadra: 46 pontos, 7 rebotes, 6 assistências e 14/19 nos arremessos e 11/12 nos lances livres, com uma eficiência incrível:

LeBron James, uma noite qualquer.
Escolha: a) 40 pontos, 16 assistências e 8 rebotes em vitória por 141 a 129 sobre o Sacramento Kings no dia 26 de fevereiro; b) 39 pontos, 8 assistências, 7 rebotes e 17/25 nos arremessos em vitória por 99 a 90 sobre o Lakers em Los Angeles; c) 39 pontos, 12 rebotes, 7 assistências em vitória por 110 a 100 sobre o Thunder em Oklahoma City; d) 32 pontos, 10 assistências, 8 rebotes, 11/14 nos arremessos e 10/11 nos lances livres em vitória por 109 a 77 sobre o Charlotte Bobcats… Dava para cumprir o abecário inteiro aqui, de modo que iríamos estourar nossa cota de clipes do YouTube.

O melhor jogo
Aqui não há dúvida alguma: a vitória do Chicago Bulls sobre o Miami Heat, encerrando a sequência histórica do time de LeBron James. Atmosfera de playoff, uma torcida completamente envolvida com o jogo, um time de operários se levantando para fazer frente aos astros visitantes, inesquecível:

A melhor cobertura
Zach Lowe, do site Grantland, foi a revelação da temporada, pelo menos para quem foi conhecer seu trabalho apenas agora. Assistindo sabe-se lá quantas horas de jogos nos últimos meses, fraturando cada posse de bola em busca de pequenos detalhes que ajudam a contar uma grande história, mas sem deixar de ir ao ginásio, conversando com dirigentes, ténicos e jornalistas, o jornalista/analista deu um banho na concorrência, misturando um pouco da velha e da nova cobertura da liga. Leitura obrigatória para os próximos anos, isso se o cara não seguir os passos de John Hollinger como cartola de alguma franquia.

As melhores trocas
Houston Rockets tira James Harden de Oklahoma City: já falamos aqui, mas não custa repetir que as novas regras da liga serviriam, supostamente, para complicar a vida das franquias mais ricas, como o Lakers, e isso até pode se mostrar verdadeiro nos próximos anos. A ironia é que, no meio do caminho, o reformulado acordo trabalhista primeiro abalou um dos clubes de pequeno porte mais competentes, o Thunder, que se sentiu obrigado a negociar Harden agora, antes de perdê-lo por nada no futuro, considerando que não poderiam arcar com as taxas que sua contratação renderia. E o Rockets ganhou essa ave de penugem rara, ou barba rara no caso: uma superestrela.

Orlando Magic de alguma forma se sai bem com a troca de Dwight Howard: quem? Mas quem mesmo poderia imaginar que Nikola Vucevic produziria tanto assim como pivô do Orlando Magic? Ora, a própria diretoria do clube da Flórida! Nem sempre as projeções se confirmam, mas sabe quando o jogador de origem suíça (!) tinha  na temporada passada por 36 minutos? Algo como 12,5 pontos, 10,9 rebotes e 1,5 toco. Este ano? Efetivado como titular, sem as restrições de Doug Collins, os números passaram para 14,2 pontos, 12,9 rebotes e 1,1 toco. Subiram em geral, mas não foi um salto de outro mundo. O cara só precisava de tempo de quadra. Além disso, o Magic conseguiu um diamante bruto em Maurice Harkless, que ganhou, neste ano, a companhia de outro jogador bastante promissor, Tobias Harris, envolvido em um pacote por JJ Redick. De repente, há um núcleo em que se apostar na Disneylandia.

As melhores contratações custo x benefício
– JR Smith pelo New York Knicks, US$ 2,8 milhões
Smith tinha certeza de que valia mais e justificou essa confiança toda em sua melhor temporada na NBA, como um dos melhores reservas da liga. Mais aplicado na defesa e nos rebotes, um pooouco mais consciente no ataque, supriu a ausência de Amar’e como escudeiro de Carmelo. Extremamente improvável que continue nessa faixa salarial, uma vez que pode excercer uma cláusula que o tornaria um agente livre ao final do campeonato.

– Carl Landry pelo Golden State Warriors, US$ 4 milhões
Houve um tempo em que Landry estaria hoje no meio de um contrato de US$ 32 milhões por quatro ou cinco anos, completamente tranquilo a respeito de seu futuro. Em uma NBA mais econômica, teve de se contentar com um contrato de apenas dois anos – sendo que a segunda temporada também depende de sua decisão. Um leão debaixo do aro, ótimo reboteador ofensivo, ótimo pontuador no garrafão e nos chutes de média distância, deu estabilidade a um time que conviveu o ano todo com as incertezas em torno de Andrew Bogut.

Por essa poucos esperavam
Chris Andersen (Miami Heat), Matt Barnes (Los Angeles Clippers), Nate Robinson (Chicago Bulls), Chris Copeland (New York Knicks), Andray Blatche (Brooklyn Nets), Patrick Beverley (Houston Rockets)… Todos eles assinaram pelo salário mínimo – que varia de acordo com a experiência de cada atleta na liga –, ou pouco mais, e se tornaram peças importantes  em equipes de playoffs.


Drama em LA: Lakers vence, mas perde Kobe; mídia americana já teme por fim de carreira do astro
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Kobe Bryant x Tendão de Aquiles

Kobe Bryant x Tendão de Aquiles

Pode parecer que falta assunto, né?

(Mas não falta, e tenho de arrumar um tempo para comentar de modo apropriado o triunfo do Pinheiros na Liga das Américas.)

Rapidinho, então, comentando a possível despedida de Kobe Bryant da temporada – e, de repente, glup!, de sua carreira.

Sim, pode parecer que falta assunto e também pode parecer sensacionalismo. Mas os primeiros relatos que vêm de Los Angeles informam que o superastro teria rompido seu tendão de Aquiles no pé esquerdo em mais uma vitória dramática do Lakers na tentativa de se apegar ao oitavo lugar dos playoffs no Oeste.

Ninguém tem ainda o diagnóstico correto ainda, não antes de se realizar uma ressonância magnética neste sábado, mas o setorista Dave McMenamin, do ESPN.com LA, diz que “você pode ver a lesão de Kobe no rosto de todas as pessoas no vestiário do Lakers: jogadores, técnicos, assessores, bicões e até mesmo na mídia”.

Tipo velório, mesmo.

O Lakers venceu por 118 a 116 – aiaiai, Stephen Curry, e se me cai aquele chute???? – e ainda mantém uma vantagem de uma vitória para cima do Utah Jazz,.

(O Jazz, aliás, bateu o Minnesota Timberwolves em casa, restando apenas duas partidas para ambos na temporada. A equipe de Salt Lake City precisa vencer apenas uma partida a mais para assegurar sua própria dramática vaga nos mata-matas – lembrem que, independentemente de uma eliminação já nas primeiras rodadas, a mera participação nos playoffs rende uma baita grana para os clubes, uma soma que, para Utah, seria ainda mais preciosa).

Ok, voltando: o Lakers venceu, se mantém em oitavo, e tal, mas pode ser que tudo tenha chegado ao fim, de todo modo, nesta sexta. Vai sempre ter esse temor de que, a essa altura, uma lesão dessas, que pediria cirurgia, possa encerrar uma das carreiras mais gloriosas do esporte, e esse foi o tom predominante na repercussão imediata na mídia norte-americana.

Por sua conta, Kobe sendo Kobe, ele fugiu de qualquer pegada apocalíptica, mas não conseguiu esconder a decepção pelo acontecido. Chorando – sim, Kobe Bryant chora! –, afirmou que “só esperava que a lesão não fosse o que ele já sabia que era”. Uma bela frase que podia se encaixar em qualquer canção de rock, né?

Em uma entrevista tocante, disse ainda que já consegue se irritar com quem pense que sua carreira terminou por aqui, que não conseguia andar, que se sentia simplesmente como alguém que não tinha mais um tendão de Aquiles e que, agora, só resta fazer o exame, passar por uma cirurgia e se recuperar.

E o Lakers?

Consegue seguir em frente depois de algo tão chocante assim? O time agora pode botar em prática a movimentação de bola com a qual Pau Gasol (triple-double contra o Warriors, com 26 pontos, 11 rebotes, 10 assistências, genial) sempre sonhou?

Nesse ponto, francamente, pouco importa.

Você pode odiar o Lakers. Odiar Kobe Bryant. Torcer para o Celtics. Ou para o Spurs. Você pode detestar tudo o que é notícia da NBA em geral. Mas você só não pode esperar que essa realmente tenha sido a última apresentação do craque.

*  *  *

Antes de se retirar de quadra, depois da lesão, dando lugar a Ron Artest com 3min05s de jogo, Kobe converteu seus dois lances livres, empatando o jogo em 109 a 109. Não havia conseguido, desta vez, colocar seu time na frente. O Lakers bateu o aguerrido, mas ainda inexperiente Warriors, lembrando, por dois pontos.

*  *  *

É meio que absurdo, mas era o preço que Kobe concordara em pagar. O sujeito teve média de 45,2 minutos por jogo neste mês de abril, o maior tempo de quadra de TODA a sua carreira em um mês, aos 34 anos, 17 de NBA.

 


Vocação de Scott Machado para o passe atrai técnico do Warriors e garante nova chance
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

O azar de Mark Jackson foi, de certa forma, ter concorrido a carreira inteira com um certo John Stockton, o líder de toda a história da NBA em assistências e um dos caras que poderia ser chamado de “robótico” no bom sentido. O homem era uma maquininha de jogar basquete, mesmo, com regularidade impressionante.

Claro que Jackson não chegava aos pés de Stockton em muitos sentidos. Mas, como passador, armador puro, um entendido do jogo, tornando a vida dos companheiros muito mais fácil em quadra, ele podia rivalizar, sim – ainda que tivesse ficado quase sempre à sombra do mítico armador reserva do Dream Team.

Mark Jackson, naqueles tempos

Mark Jackson, conexão NY com Scott?

Tenham em vista que sua carreira como profissional começou em 1987 e durou até 2004 e ele nunca chutou acima dos 50% nos arremessos de quadra. Na verdade, só passou dos 45% em seis temporadas das 17 que disputou. De três pontos, então? Matou mais de 40% em três ocasiões, todas elas já depois dos 30 anos. No final, sua média foi de 33,2%, algo medíocre.

Era um problema sério para se contornar. Pois o armador também nunca foi muito explosivo em quadra, com raras investidas para dentro do garrafão. Enão, na hora de marcá-lo, a coisa ficava fácil, né? O sujeito não vai me machucar no tiro de fora e nem vai me deixar comendo poeira?  E toca o defensor responsável por Jackson se dedicando mais à ajuda, fazendo dobras, do que qualquer outra coisa. Seria uma estratégia sensata, não fosse o detalhe de que um passe bem feito, preciso e criativo pode ser bastante nocivo. Se não fosse um excepcional criador de jogadas (para os outros), seria difícil imaginar que fosse tão longe. E Reggie Miller, Danny Manning e Patrick Ewing, entre outros craques abastecidos pelo cerebral nova-iorquino, só podem agradecer, assim como operários como Antonio e Dale Davis, que puderam dar muitas enterradas em Indiana e ganhar alguns bons dólares depois de atuarem ao seu lado.

Tudo isso de introdução para comentar a contratação de Scott Machado pelo Golden State Warriors, time justamente hoje dirigido por Mark Jackson.

Está certo que o vínculo inicialmente vale por apenas dez dias, mas só o fato de a franquia convocá-lo para ser avaliado mais de perto já tem um significado especial. Ainda mais que o brasileiro do Queens mal completou um mês dentro da “família Warriors” – foi adquirido pelo Santa Cruz, filial do Golden State, precisamente no dia 8 de março –, tendo causado boa impressão em tão pouco tempo.

Scott Machado x Coby Karl

Scott Machado ainda luta por seu lugar na NBA, agora vinculado a nova franquia: Golden State

Seus números são, inicialmente, “modestos”, “tímidos”, “fracos”, avaliando apenas pela calculadora:  6,5 pontos, 3,4 assistências e 1,8 rebote em dez jogos por seu novo clube, depois de uma campanha frustrada pelo Rio Grande Valley Vipers. Acontece que, na liga menor, é preciso muito cuidado na hora de avaliar estatísticas, por diversos fatores. Especialmente dois:

1) Muitos jogadores podem parecer dominantes em um cenário, mas com um tipo de atitude ou jogo que não se encaixaria um nível mais acima – isto é, o cestinha de um time X da D-League talvez só possa ser a 11ª ou 14ª opção na NBA. E como ele aceitaria isso? Será que ele tem outras habilidades que possam se encaixar melhor de acordo com as necessidades de um elenco já abarrotado de talento?

2) Os jogos desta competição muitas vezes também descambam em peladas, sem preocupação defensiva alguma, uma correria desenfreada que infla os números de muitos atletas, mas pode apresentar pouca substância.

Scott Machado, ao menos, já conseguiu exibir ao Warriors que tem, sim, um fundamento que pode ser traduzido para a liga principal.  “Ele é um passador muito bom, um quarterback (no sentido de líder e organizador/estrategista) muito bom e um armador tradicional”, resumiu Mark Jackson, para quem, aliás, imagino não deve ser lá uma grande novidade – o técnico também é de Nova York, assim como Scott, e o burburinho dos jogos locais passa de um para outro com facilidade.

Um dos pontos fracos no basquete do brasileiro hoje é, justamente, seu arremesso, o que não deixa de ser uma ironia em sua associação com Jackson. Por outro lado, o ex-armador sempre foi um grande defensor, usando seu físico e estatura para pressionar os adversários. Neste ponto, ainda tem chão para seu novo atleta.

O treinador lembrou, porém, que o Golden State tem vários jogadores extremamente dedicados em seu elenco hoje – quem diria, né? – e que essa seria uma influência positiva para que Scott desenvolva seu  jogo. “Espero que esse ambiente o ajude a melhorar e impulsione uma longa carreira”, afirmou. É só o que o garoto quer.

*  *  *

“Minhas emoções estão loucas agora, realmente como em uma montanha-russa”, disse Scott ao jornal San Francisco Chronicle, periódico tradicional da Costa Oeste dos EUA. Ao mesmo tempo em que está empolgado por receber já uma segunda chance na NBA, o jovem armador ainda tenta assimilar a morte de seu pai, o gaúcho Luiz Machado, aos 61, devido a um ataque cardíaco depois de ser detido por autoridades no aeroporto JFK, no dia 28 de março. O motorista de táxi teria ficado à espera de um atendimento médico por 11 minutos. As investigações ainda estão em curso. “Ele era um grande fã de basquete. Então sei que ele vai estar assistindo”, afirmou Scott.

*  *  *

Curry & Jack

Scott vai poder treinar ou ver de perto a duplinha aqui

Os contratos de 10 dias podem ser assinados por times da NBA a partir do dia 5 de janeiro de cada campeonato. Eles, porém, não podem ser estendidos durante os playoffs – os vínculos deste tipo se encerram no dia da última partida da temporada regular. Caso o Warriors queira manter Scott em seu elenco para 2013-2014, sem encarar o risco de perdê-lo durante as férias, a diretoria teria de fazer um contrato para o restante da temporada, ainda que ele não tenha nenhuma garantia de que vá ser realmente aproveitado pela franquia. Caso Machado fique, dificilmente teria tempo de quadra nos playoffs. Sua posição está ocupada pelo fantástico Stephen Curry e pelo veterano Jarrett Jack, um dos candidatos a melhor reserva da liga.

*  *  *

O Golden State Warriors tem um ótimo histórico no aproveitamento de jogadores com passagem e/ou revelados pela D-League. O ala Reggie Williams – esse, sim, um cestinha que se deu bem na NBA, como um pontuador vindo do banco de reservas – foi um deles. Descoberto pelo Warriors, fechou um contrato de US$ 5 milhões por dois anos de serviço com o Charlotte Bobcats. Outros destaques: os armadores CJ Watson, hoje no Brooklyn Nets, e Will Bynum, Detroit Pistons, os alas-pivôs Anthony Tolliver, do Atlanta Hawks, e Jeff Adrien, também do Bobcats, e o ala Kelenna Azubuike.


Grizzlies avalia Scott Machado como possível reforço para os playoffs
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Scott Machado, do Santa Cruz Warriors

Scott Machado em lance livre, agora vestido de Warrior (em uniforme que lembra a vestimenta dos anos 90 do Golden State)

Segundo Chris Vernon, influente jornalista de Memphis, âncora de um programas de rádio mais ouvidos na cidade – e olha que por lá, onde Elvis Presley, Jerry Lee Lewis, Johnny Cash, Roy Orbison, BB King, Otis Redding, Isaac Hayes* e outras lendas foram reveladas,  há muita coisa boa para se ouvir em rádio além de informativos esportivos –, o brasileiro Scott Machado está na mira do Grizzlies, que procura mais um armador para a reta final de temporada e disputa dos playoffs. Essa é a boa notícia.

A má? O gaúcho nova-iorquino 🙂 é apenas um dos nomes especulados pela franquia do Tennessee para as próximas semanas, ao lado de Keyon Dooling, Johnny Flynn, Courtney Fortson e Sundiata Gaines.

A partir dessa informação, é possível refletir sobre diversos aspectos. Vamos tentar dar conta de algum deles:

– Primeiro de tudo é que Scott ainda pode despertar interesse de uma franquia da NBA mesmo não encantando, exatamente, encantado durante este mês de março em atividade pela D-League, já a serviço do Santa Cruz Warriors – ele deixou o Rio Grande Valley Vipers, clube filiado ao Houston Rockets, que investiu bastante em seu basquete durante a temporada. A equipe de Santa Cruz, como o apelido entrega, está vinculada ao Golden State e tem como titular em sua posição o armador Stefhon (isso mesmo, com f + h) Hannah, formado na universidade de Missouri.

Recapitulando, então: Scott jogou seu último jogo pelo Vipers no dia 13 de fevereiro, até sofrer uma contusão. Então, perdeu espaço no time – para gente rodada como Andre Gaudeolock ou mesmo para o conturbado ala-pivô Royce White, que, na verdade, é mais um criador de jogadas do que um definidor, e depois fez sua estreia pelo Santa Cruz Warriors no início de março. Desde então, segue em atividade pelo time californiano. Desde então, jogou apenas uma média de 15,7 minutos, com média de 4,1 assistências por jogo (média bastante elevada, por sinal).

Ante de pular para o próximo tópico, vale sempre a ressalva de como o universo da D-League consegue ser ainda mais maluco do que o nosso – ou o da NBA, no caso. Os jogadores trocam, sim, facilmente de equipe e lidar quase sempre com atletas que preferem mais ver um companheiro morto do que ajudá-lo, tudo em busca do Eldorado. Para um armador puro feito Scott, essas condições podem ser extremamente nocivas ou positivas, tudo dependendo do controle que ele consiga exercer sobre a equipe. Em Santa Cruz, ele tenta agora estabelecer melhor relação do que teve em Hidalgo, pelo Rio Grande Valley.

Scott Machado x Coby Karl

Scott Machado ainda luta por seu lugar na NBA, agora vinculado a nova franquia: Golden State

– Gastamos alguns parágrafos para falar do Scott, mas já fica logo o aviso: pode ser que não dê em nada. O Memphis Grizzlies tem hoje 13 jogadores sob contrato, o mínimo necessário da liga para a disputa dos playoffs. Eles não são, então, obrigados a contratar ninguém mais.

– Ainda assim, parecem inclinados a adicionar um reforço barato para o elenco – nunca se sabe quando alguém pode torcer o tornozelo, afinal. E aí pensando em playoffs talvez faça mais sentido contratar um jogador muito mais provado do que um novato inexperiente. E aí Dooling, supostamente aposentado em Boston, mas já topando qualquer coisa, pintaria como o favorito disparado. Além disso, mesmo sem jogar, Dooling pode ser uma figura positiva para se adicionar por sua influência fora de quadra, no vestiário. Danny Ainge e Doc Rivers tentaram contratá-lo como assistente técnico no ano passado, inclusive, para mantê-lo por perto, mas, uma vez que anunciou sua aposentadoria, teria de esperar um ano para retornar a Boston.

– Em termos de experiência, pensando em alguém talvez até mais útil em quadra, Sundiana Gaines, 26, também levaria vantagem, já com 113 partidas disputadas na liga, 57 pelo New Jersey Nets em 2011-2012. Pior: Gaines tem em John Hollinger, ex-analista da ESPN e vice-presidente de basquete do Grizzlies hoje, um fã. Veja o que ele, ainda como jornalista, escreveu no ano passado sobre o jogador, avaliando sua produção estatística: “Se ele pudesse arremessar a bola, ele seria muito bom. Gaines está na elite em diversas áreas que não pedem o arremesso da bola de basquete”.

– Pode ser, por outro lado, que o Grizzlies contrate alguém de olho mais na próxima campanha do que necessariamente nos mata-matas, alguém que ficaria de molho nos playoffs. O segredo seria contratar alguém barato agora, para tê-lo nas ligas de verão de 2013 e, no mínimo, poder envolver seu contrato (não-garantido, na maioria das vezes) em outra negociação, para ganhar flexibilidade. Se for este o caso, as chances do brasileiro subiriam bastante, a despeito da presença do jovem e muito talentoso Wroten no elenco de Memphis.

– Disputar novamente posição com Courtney Fortson serve para Scott relembrar como a coisa realmente não é fácil: os dois, alguns meses atrás, estavam na briga por uma vaga no elenco do Houston Rockets para iniciar a temporada 2012-2013, e o brasileiro do Queens acabou vencendo essa – para, um pouco depois, ser dispensado já durante o campeonato em favor de Patrick Beverley, hoje reserva fixo de Jeremy Lin.

Achou que era simples? De o Scott Machado estar entre os nomes discutidos pelo Grizzlies e ser contratado de prontidão?

Nada.

Na NBA, quase nunca funciona assim, e o armador, numa nova equipe, agora olhando Stephen Curry e Jarrett Jack no time de cima, vai ter de paciência para lidar com isso.

*PS: não fosse o som de Memphis, o que seria da civilização ocidental?


Série constante de graves lesões ameaça ‘Eldorado’ de armadores na NBA
Comentários Comente

Giancarlo Giampietro

Derrick Rose abatido

Como Rose vai retornar depois da ruptura do CLA? Torcida do Bulls apreensiva

Se o cara é um armador sensacional, um craque de bola ganhando milhões na NBA, alguma coisa pode estar errada ou algo de errado está prestes a acontecer?

Eu, hein?!

Que toda a galera bata na mesa da escrivaninha agora ou, se estiver com o computador no colo, que se corra até a madeira mais próxima: toc, toc, toc.

(Vocês vão me desculpar o começo de texto absurdo, mas é que, quando se dá conta de um apanhado como este que vem por aqui, é de se ficar meio atônito, mesmo, escrevendo qualquer coisa. Explicando…)

Porque Rajon Rondo é a vítima mais recente de uma profissão mágica, fundamental para deixar nosso passatempo predileto mais divertido: a de bom armador. Uma profissão que, por exemplo, vai deixando cada vez mais conhecida a a famigerada sigla LCA. Significado: ligamento cruzado anterior e sua ruptura. A mesma lesão que tirou Ricky Rubio e Derrick Rose de quadra ao final da temporada passada, sendo que o astro do Bulls ainda nem voltou a jogar e Rubio ainda tem dificuldades para recuperar o basquete que encantou a NBA em sua primeira campanha.

Os problemas físicos de uma talentosa fornada de armadores não param por aí, porém. John Wall perdeu quase meia temporada por conta de uma lesão por estresse na rótula – aliás, não me perguntem nada além disso, por favor, porque taí algo bem estranho de se escrever. Stephen Curry já tem o tornozelo direito castigado por tantas torções. Kyrie Irving, o prodígio do Cavs, mal conseguiu jogar por Duke na NCAA, devido a uma lesão no pé, fazendo apenas 11 partidas. Em seu ano de novato, sofreu com concussões e uma lesão no ombro. Mais velho que essa turma toda, Chris Paul também já teve de lidar com a ruptura de um menisco no joelho em 2010.

Nessa lista estão sete dos talvez dez mais da posição. Vamos evitar a brincadeira de elencar um top 10, mas dá para fazer de outro modo. Veja abaixo.

*  *  *

Russell Westbrook, aquele dínamo do Oklahoma City Thunder, nunca perdeu um jogo em sua carreira devido a contusão ou lesão.

*  *  *

Rubio, CP3, Irving

Três armadores brilhantes em diferentes níveis

Em termos de armador (sem pensar exclusivamente em jogadores puramente passadores como Andre Miller), a NBA vive hoje uma espécie de eldorado.

Checando o titular da posição em cada equipe, e a grande maioria vai apresentar um jogador de destaque. Nem todos são incontestáveis, mas tem muita gente no auge e outros de muito potencial, além de Steve Nash e Jason Kidd, no ocaso de suas carreiras históricas. Alguns podem ser considerados apenas regulares, mas é difícil de encontrar alguém que ruim de chorar.

Vamos lá.

Na Divisão do Pacífico, temos Stephen Curry, Steve Nash, Chris Paul (para não falar de Eric Bledsoe), Isiah Thomas e Goran Dragic.

Na região do Noroeste: Russell Westbrook, Damian Lillard, Ricky Rubio, Ty Lawson e Mo Williams.

No Sudoeste: Tony Parker, Mike Conley Jr., Darren Collison, Jeremy Lin e Greivis Vasquez.

Na Divisão Central: Derrick Rose, George Hill, Brandon Jennings, Brandon Knight e Kyrie Irving.

No Sudeste: Mario Chalmers, Jameer Nelson, Jeff Teague, Kemba Walker e John Wall.

Por fim, nos lados do Atlântico: Raymond Felton/Jason Kidd, Deron Williams, Jrue Holiday, Rajon Rondo e José Calderón.

Levando a brincadeira adiante, talvez dê para dividi-los assim:

A elite: Paul, Westbrook, Parker, Rose, Deron Williams, Rondo.
Wess pode não ter o maior fã-clube lá fora, mas é uma força da natureza como Rose, que atacam de uma outra forma na posição, mas com sucesso inegável. Williams ainda se segura por aqui pelo conjunto da obra, mas ainda tem muito o que jogar pelo Nets para justificar seu salário. Os demais? Nem precisa discutir, né?

Chegando lá: Irving, Curry, Holiday, Wall, Lawson.
Irving só não está um degrau acima ainda pela brevidade de sua carreira e por sua defesa pífia. Curry é o melhor arremessador da turma, herdeiro de Nash nesse sentido, Holiday combina bem doses de Wess/Rose com ótima defesa, Lawson perdeu rendimento nesta temporada, mas, quando está em plena forma, com confiança, ninguém segura. Wall: quando os chutes de média distância, ao menos, vão começar a cair?

No meio do caminho: Felton, Conley Jr, Calderón, Hill.
Com Felton, o Knicks é uma coisa. Sem ele, outra. O que não quer dizer também que ele esteja entre os melhores de sua posição: isso apenas reflete o modo como o elenco do Knicks foi construído, e a dupla armação em sintonia com Kidd se tornou vital. Conley começou o ano barbarizando, mas deu uma boa desacelerada depois. Ótimo defensor, veloz, mas ainda longe de ser decisivo. Calderón é um dos poucos puros passadores nesse amontoado todo, um ótimo organizador, mas que sofre muito na hora de parar os adversários. George Hill é o contrário: marcador implacável, bom finalizador próximo da cesta, mas que não está na mesma categoria de Rose e Westbrook e não faz o jogo ficar mais fácil para seus companheiros.

Em franca evolução: Lillard, Walker, Dragic, Teague, Jennings, Bledsoe.
Grupo de potencial, mas que ainda não sabemos exatamente onde vão parar. Ninguém poderia imaginar o impacto que Lillard vem causando em Portland. Mais um ano desse jeito e já vai para o andar superior. Walker enfim parece aquele terror da NCAA. Dragic é vítima das circunstâncias em Phoenix. Teague e Jennings ainda alternam bastante, mas contribuem de modo mais positivo com suas equipes no momento do que complicam seus treinadores. Bledsoe jajá vai ganhar uma bolada de alguém.

Enigmas: Rubio, Lin, Knight, Vasquez.
Ainda está cedo para avaliar o físico do espanhol depois da lesão – a defesa e o arranque para a cesta especialmente –, mas seu arremesso está ainda pior. Lin: ainda não acho que dê para dizer que a Linsanidade foi uma mentira, vide suas principais atuações neste campeonato quando Harden está de molho. Knight é dos mais jovens da lista, com apenas 20 anos, mas, comparando, está beeeeem abaixo de Irving em termos de produção estatística e personalidade em quadra, sendo que o rapaz do Cavs é de sua mesma geração. Mas todos em Detroit dizem que é um cara sério, que trabalha duro e que tem muito a crescer. A ver. Já os números do venezuelano são ótimos neste ano, mas fica a dúvida ainda se ele consegue manter esse rendimento com consistência e se consegue fazer valer seu tamanho na defesa, se tornando mais combativo.

Já deu o que tinha de dar: Nelson, Mo Williams, Darren Collison.
Nelson é o líder emocional do Orlando Magic, corajoso, habilidoso mas… seu tamanho hoje impede que ele compita de um modo justo contra aberrações atléticas que vêm dominando a posição. Williams sempre foi mais moldado como um ótimo sexto homem do que como alguém que vá fazer a diferença para um bom time de titular. Collison ainda é bastante jovem, mas rende mais quando é a estrela da companhia – vide seu ano surpreendente como substituto de Paul no Hornets. E quem vai querer dar a Collison um time para liderar, levando em conta o nível dos outros jogadores aqui listados?

Sobram Mario Chalmers e Isiah Thomas, dois casos bem particulares. Jogando ao lado de Wade e LeBron, Chalmers tem um papel bem reduzido em Miami: abrir a quadra com chutes de três pontos e colocar muita pressão na linha de passe do oponente, duas coisas que faz muito bem. É um jogador que se encaixa perfeitamente num esquema e ainda não foi testado para valer de outra forma. Isaiah Thomas, com 1,75 m, é o jogador mais baixo desta página, enfrentando todas as dúvidas de sempre. Pelo Kings, se mostra um jogador, de qualquer forma, bastante útil, com números sólidos, boa velocidade, mas não chega a ter a eficiência de um Lawson que o torne irresistível no ataque para compensar sua fragilidade na retaguarda.

*  *  *

'Rio já não ouve mais tantos gritos assim de Wade ou LeBron

É justo comparar Mario Chalmers com os demais armadores quando sua função é tão diferente?

Como o Knicks vem mostrando com Felton e Kidd, finalizadores e facilitadores, o Heat com a obrigação de condução do time dissipada entre seus principais nomes, a ascensão de cestinhas impossíveis como Irving, Rose e Westbrook, é cada vez mais raro pensar no armador da NBA como um Bob Cousy ou John Stockton, e isso não quer dizer que estejamos diante do fim do mundo. O jogo vai mudando, seguindo diversos caminhos, e os técnicos e jogadores mais antenados vão se adaptando junto.

Só esperamos que as lesões gravem não acabem com essa evolução natural da modalidade. Não quer dizer que os astros estejam ou tendam a ficar baleados. Muitas vezes uma cirurgia pode acontecer apenas em decorrência de um lance de azar. Que essas ocorrências fiquem mais raras. Um armador com velocidade e mobilidade avariadas se complica em uma liga que valoriza cada vez mais o jogo atlético espalhado por toda a quadra.

E outra: enfermaria não tem graça nenhuma.