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Arquivo : Senegal

Todos contra Angola: AfroBasket começa valendo quarta vaga olímpica
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Giancarlo Giampietro

Angola defende o título de 2013. Mais um

Angola defende o título de 2013. Mais um

Na Ásia, ou dá China, ou dá Irã. Na Europa, é aquele salve-se-quem-puder, pega-para-capar de sempre. A Espanha aparece como um favorito constante, mas a competição é brutal, premiando seis países diferentes com o título desde 2000. Nas Américas, até pela folga que os Estados Unidos ganham, as forças também se dividem, a ponto de o México ser o atual campeão. A Oceania, com seu dérbi Austrália x Nova Zelândia, não conta.

Agora, quando o assunto é o AfroBasket, temos Angola como a grande força de todas as competições Fiba. Nossos primos distantes começam nesta quinta-feira a disputa por mais um caneco, num clássico lusófono contra Moçambique, valendo dessa vez não só a hegemonia continental como a vaga olímpica para o Rio de Janeiro 2016. Vaga que eles deixaram escapar em Londres 2012 justamente em seu único deslize neste século: eles venceram sete das últimas oito edições do torneio, caindo apenas na final de 2011 contra a Tunísia.

Levando em consideração seu retrospecto, dá para falar em deslize, mesmo. Voltando ainda mais no tempo, veremos que, das últimas 13 edições, os angolanos triunfaram em 11. Mesmo que não tenham uma produção de talentos em massa, ou que estes não sejam exportados com frequência, como fazem os senegaleses, por exemplo, o fato é que os caras conseguiram montar boas equipes sucessivamente para dominar a competição africana.

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Em termos de desenvolvimento de talentos no continente, aliás, pede-se um aparte: a matéria-prima do continente é inesgotável, mas ainda precariamente burilada. A ponto de um país como a Nigéria sair coletando jogadores descendentes nos Estados Unidos para poder formar uma forte seleção. Esse movimento obviamente alargou gama de convocação de modo considerável. O que não quer dizer que, dentro de suas fronteiras, haja uma usina de atletas de ponta. Não é uma crítica ao que eles vêm fazendo, embora essa iniciativa desperte certa polêmica no continente, ao mesmo tempo que suscitou a concorrência a fazer o mesmo. Pelo que já vimos das últimas competições, dá para dizer que os selecionados adoram a experiência de jogar pelo país, com o entusiasmado Al-Farouq Aminu, um dos quatro atletas com contrato de NBA inscritos no torneio, sendo o maior exemplo disso.  Quando estão organizados, têm obtido relativo sucesso, ainda que não tenham chegado à final do Afrobasket. O terceiro lugar em 2011 foi o máximo que conseguiram até agora.

Gorgui Dieng volta a jogar por Senegal. Candidato a MVP

Gorgui Dieng volta a jogar por Senegal. Candidato a MVP

Organização, aliás, é o maior inimigo de muitas das seleções do continente. São diversos os relatos, nas competições passadas, de motim de jogadores contra as federações ou um técnico em específico, tal como acontece no mundo do futebol. A troca de treinadores também é uma constante, o que sempre atrapalha e também ajuda a compreender a hegemonia angolana, que usa a continuidade ao seu favor. Para este ano, os veteranos Joaquim Gomes e Olimpio Cipriano, supercampeões, foram excluídos por opção técnica, mas a base vem de longa data, tendo no jovem pivô Yanick Moreira, que se formou nos Estados Unidos sob a batuta de Larry Brown e assinou contrato de training camp com o Los Angeles Clippers, um novo pilar para seu jogo interno. O espigão teve médias de 17,8 pontos e 8,2 rebotes na última Copa do Mundo, ajudado, é verdade, pelos 38 pontos e 15 rebotes que somou contra uma Austrália de corpo mole.

Tunísia e Costa do Marfim são os outros times que apresentaram alguma consistência nos últimos campeonatos, se posicionando, ao lado de nossos patrícios, sempre entre os quatro primeiros de 2009 a 2013. Camarões (2009), Nigéria (2011) e Egito (surpreendente vice-campeão em 2013) foram os intrusos, no caso.

Dessa forma, a Tunísia aparece como a segunda principal favorita ao título e à vaga olímpica. Os africanos setentrionais foram os únicos a desbancar os angolanos neste século, vencendo a competição há quatro anos, em Madagascar. Sim, em Madagascar — muito difícil imaginar melhor sede que essa, hein? Como anfitriões e capitaneados por Salah Mejri, têm grandes chances, desde que não deixem o fator casa jogar contra. Banco do Real Madrid nos últimos dois anos e agora de contrato com o Dallas Mavericks, concorrendo com Samuel Dalembert e JaVale McGee por uma vaga no elenco, o espigão Mejri é uma presença física inigualável no Afrobasket. Tem 2,17m de altura, muita envergadura, corre a quadra feito um ala e salta que é uma beleza.

Aminu, com papel muito mais significativo pela Nigéria

Aminu, com papel muito mais significativo pela Nigéria

Fora isso, no papel, a Nigéria chega fortíssima, com uma linha de frente abarrotada, com versatilidade e capacidade atlética. Al-Farouq Aminu é muito provavelmente o melhor jogador da competição. Suas deficiências no drible não ficam tão expostas como na NBA, o que lhe permite atuar mais como um criador de jogadas, algo que não deve acontecer em Portland. Guardadas as devidas proporções, é como se ele se transformasse num Andre Iguodala a serviço da seleção, causando grande impacto dos dois lados da quadra. Para constar: Iguodala e Emeka Okafor foram os principais alvos dessa expansão nigeriana, mas recusaram o assédio, tendo o ala do Golden State Warriors, inclusive, vencido o Mundial de 2010 e as Olimpíadas de 2012. Os dois deixariam o time praticamente imbatível, creio, mas ainda há talento de sobra aqui. Ike Diogu, se os joelhos deixarem, ataca dentro e fora do garrafão, com uma munheca sensacional. Alade Aminu, irmão de Farouq, protege a cesta e tem bom chute de média distância. Por fim, Shane Lawal pode ser uma das sensações do torneio. O pivô de 28 anos é uma aberração atlética e, depois de fazer uma grande temporada pelo Dinamo Sassari na Itália, fechou um belo contrato com o Barcelona. No perímetro, o armador Ben Uzoh tem explosão e envergadura para atormentar os adversários na defesa, enquanto o ala Chamberlain Oguchi costuma ser a referência do time em jogadas mais apertadas.

Outra equipe que merece atenção e respeito é Senegal. O pivô Gorgui Dieng, em teoria, seria o principal concorrente de Aminu ao prêmio de MVP. Defendendo a equipe nacional, o jogador de 25 anos ganha muito mais protagonismo em comparação ao papel que desempenha pelo Minnesota Timberwolves. Dieng também tem bola para atacar dentro e fora do garrafão, é dominante nos rebotes e excelente na cobertura defensiva, com mobilidade e timing perfeito para os tocos. Na última Copa do Mundo, teve médias de 16,0 pontos , 10,7 rebotes, 1,8 roubo de bola, 1,5 toco e 2,0 assistências. Dominante, isto é, liderando a seleção a surpreendentes vitórias contra Croácia e Porto Rico. Ao seu redor há uma coleção de jogadores longilíneos, com suposto bom entrosamento: oito dos atuais convocados participaram do Mundial. Vão fazer falta o pivô Hamady N’Diaye, xerifão típico, e Maurice Ndour, ala-pivô do tipo strecht four, graduado pela Universidade de Ohio e que fez ótima liga de verão pelo Knicks para ser contratado pelo Dallas Mavericks.


O 7º dia da Copa do Mundo: Zebras de folga
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Giancarlo Giampietro

Uma, duas, três e quatro franquias da NBA representadas na foto. EUA também têm torcida na Espanha

Uma, duas, três e quatro franquias da NBA representadas na foto. EUA também têm torcida na Espanha

Ufa. Depois da maratona em sua primeira semana, neste sábado a tabela da Copa do Mundo pegou bem mais leve com esses pobres jornalistas. Quatro joguinhos, nada simultâneo, e a chance de apreciar melhor o que se passa em quadra. Embora, quem esteja tentando enganar? Aquela avalanche de jogos dos grupos era divertida pacas e nos deixa com abstinência. Difícil até digitar aqui, de tanto tremelique. Mas vamos lá: depois de alguns sustos na fase de grupos, não temos nada de surpresas por ora nas oitavas. Os grandes favoritos, Espanha e Estados Unidos, passaram com tranquilidade, para agora enfrentarem, respectivamente, Eslovênia e França nas quartas de final.

O jogo do dia: França 69 x 64 Croácia
Um segundo tempo redentor nos livrou daquele que poderia ter sido o primeiro duelo com menos de 100 pontos no placar. No caso, com os dois ataques somados! A primeira etapa, para se ter uma ideia, teve 48 pontos anotados. Um inacreditável: 23 a 22 a favor dos Bleus, que haviam anotado apenas 7 pontos no primeiro período – quantia igualada pelos balcânicos no segundo quarto. Uma tristeza que só, uma batalha do jogo feio. Na volta do intervalo, para alívio geral, os ataques desafogaram, permitindo que Ucrânia 64 x 58 Turquia ficasse com o justíssimo título de partida mais sonolenta do campeonato.

A vitória francesa ganha este espaço devido aos 20 minutos finais, na disputa mais equilibrada da jornada, e também pela quantidade de jogadores talentosos de ambos os lados. Dario Saric, Ante Tomic, Bojan Bogdanovic, Boris Diaw, Nicolas Batum e mais. Todos de NBA ou em grande parte em potência europeias. Entre eles, Bogdanovic foi quem se destacou, com 27 pontos em 35 minutos, exibindo todos os seus fundamentos que poderiam perfeitamente ilustrar um manual. No ataque, o croata é uma maquininha de cestas, e com um estilo mais classudo impossível.

Bogdanovic deixa pirulão Gobert para trás: rumo a Brooklyn o cestinha croata

Bogdanovic deixa pirulão Gobert para trás: rumo a Brooklyn o cestinha croata

Num tiro de três a 52 segundos do fim, o ala diminuiu uma vantagem francesa que chegou a ser de 11 pontos para apenas dois. No ataque seguinte, Antoine Diot errou um chute de fora na zona morta, e os croatas tinham a chance de virada. Foi aí que a apareceu a outra faceta do “hero ball”, com Bogdanovic se precipitando com uma bola de fora, de muito longe, restando mais de 10 segundos de posse no cronômetro. Nos lances livres, os adversários definiram o placar. Olho neste jogador na próxima temporada da NBA: vai jogar pelo Brooklyn Nets. É um dos principais cestinhas da Europa, mas é preciso ver como irá se a ajustar, já que está habituado a jogar com a bola em mãos, como referência primária (e secundária, hehe) de seus times. Um tanto fominha.

De resto, é de se lamentar o fogo que Batum tem com a bola em diversos momentos, abrindo mão das infiltrações para cômodos disparos de longe (0/6 para ele hoje nos três pontos, 5/7 de dois). Também fica a dúvida sobre como a Croácia demorou para abastecer Tomic no garrafão durante todo o campeonato. No quarto período, hoje ele foi o grande responsável pela reação de seu time, com 17 pontos em 25 minutos (7/10 nos arremessos). O pivô do Barcelona, mesmo assim, ficou no banco nos últimos três minuto.

Quem fez falta: as Filipinas… 🙁
O esforço da atlética seleção de Senegal contra a Espanha foi formidável, especialmente primeiro tempo, mas é difícil de fugir de um devaneio sobre como teria sido o confronto dos anfitriões com as Filipinas nestas oitavas de final. Antes que me acusem de pirado: não, os filipinos não venceriam, não causariam a maior surpresa da história. Mas pode ter certeza de que eles proporcionariam alguns instantes de pura diversão em quadra, deixando Pau Gasol atônito.

Blatche e as Filipinas já partiram, cada um para o seu lado

Blatche e as Filipinas já partiram, cada um para o seu lado

Um causo
Não chega a ser um dramalhão mexicano, mas Gustavo Ayón ainda está desempregado. A despeito de suas diversas qualidades, o pivô não tem contrato para a próxima temporada. Que vergonha, NBA. Neste sábado, contra os Estados Unidos, ele mostrou que tem bola. A melhor vitrine. Será o suficiente para levantar uma proposta? Vejamos. Só não foi suficiente para evitar uma derrota por 86 a 63.

Curry acertou 16 de seus últimos 25 arremessos de 3 pontos no Mundial. Melhor marcar o craque

Curry acertou 16 de seus últimos 25 arremessos de 3 pontos no Mundial. Melhor marcar o craque

Alguns números
35 –
Os “Splash Brothers” do Golden State Warriors anotaram juntos 35 pontos na vitória contra o México.  Stephen Curry foi o cestinha, com 20. Klay Thompson anotou 15. Juntos, eles mataram nove de 18 arremessos de longa distância.

33 – A vitória por 89 a 56 sobre Senegal, por 33 pontos, foi a mais larga da Espanha em um jogo de mata-mata de Mundiais, EuroBasket ou Olimpíadas.

18 – O cestinha da Eslovênia contra a República Dominicana foi um Dragic. Mas Zoran dessa vez. O ala-armador não permitiu que um jogo abaixo do esperado de seu irmão derrubasse a equipe, marcando 18 pontos com 8/15 nos arremessos. Goran ficou com 12 pontos e 6 assistências – mas também cometeu seis desperdícios de posse de bola. Curioso que o astro do Phoenix Suns tenha se atrapalhado contra uma equipe que não é muito conhecida por sua pressão defensiva. Duro agora é se preparar para um embate com os Estados Unidos.

11,1% – Os irmãos Gasol não deixaram Gorgui Dieng se despedir da Copa da melhor maneira. Uma das sensações do campeonato, o pivô senegalês terminou as oitavas de final com 6 pontos, 7 rebotes e 2 assistências, acertando apenas 1 de 9 chutes de quadra (aproveitamento de 11,1%). No geral, ele teve médias de 16 pontos, 10,7 rebotes, 2 assistências e 1,5 bloqueio.

4 x 5 – Para Ricky Rubio, que preencheu a tabela estatística hoje, com pelo menos cinco incidências em quatro categorias diferentes: 7 pontos, 5 rebotes, 6 assistências e 5 roubos de bola em apenas 20 minutos. O armador já não tem a mesma badalação dos tempos de adolescente, mas ainda é um jogador bastante singular quando em forma.

Andray Blatche: acabou a contagem
Vocês sabem, né? O pivô mais filipino da Copa liderou a primeira fase em total de arremessos de quadra. Foi bom enquanto durou. Agora ele já está de volta aos Estados Unidos. Destino: Miami. Para assinar com o Heat, ou simplesmente por que vive lá? A Internet não responde com clareza. Consta apenas que ele não será reaproveitado pelo Brooklyn Nets.

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Treinou com seus amigos gregos e estudou o comportamento dos alas da Sérvia. Simples assim.

Tuitando:

O técnico Vincent Collet vem sendo cobrando por muita gente neste torneio sobre os parcos minutos que o ala-armador Evan Fournier, agora do Orlando Magic, vem recebendo no torneio. Contra a Croácia, ele saiu do banco para anotar 13 pontos em apenas 16 minutos, sendo fundamental na reação francesa no segundo período. Mas o treinador não fica muito impressionado, não, depois de ver o jovem atleta arrriscar uma bola de fora precipitada contra marcação por zona. “Ele não conhece o jogo de basquete, pelo menos não o bastante”, disse. Ouch.

Fair play, a gente se vê por aqui. Depois de seus pivôs anularem Gorgui Dieng, o armador entra em contato com seu companheiro de Minnesota Timberwolves com algumas palavras de incentivo.

É com esse espírito que a torcida espanhola vai para as quartas de final.


Mas nem todo mundo é só sorrisos no basquete espanhol. Para vocês verem que não é só jornalista brasileiro quem chateia. ; )


O 6º dia da Copa do Mundo: Tudo conspira para Brasil x Argentina
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela última rodada da 1ª fase, depois de uma semi-overdose. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a classificação final dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre o Egito, clique aqui.

Sim, o universo basqueteiro conspirou para isso: que Brasil e Argentina se enfrentem pelo terceiro torneio intercontinental seguido num mata-mata, tal como ocorreu no último Mundial e nas Olimpíadas de 2012. É um longo retrospecto, que precisou da combinação de três resultados nesta quinta-feira: derrota de Senegal para Filipinas, vitória da Croácia contra Porto Rico e o derradeiro revés dos argentinos contra a Grécia. hermanos terminaram, assim, com o terceiro lugar do Grupo B, encarando o segundo do A. O Brasil, claro. Nenhum desses três jogos terminou com uma surpresa, mas não deixa de ser notável que os três desfechos necessários para levar ao clássico tenham ocorrido. Veja abaixo os demais confrontos (nesta sexta, dia de folga geral, vamos abordar cada embate):

Os mata-matas: Parte superior da tabela é sensivelmente mais fraca que a de baixo. EUA têm caminho teoricamente tranquilo até a final

Os mata-matas: parte superior da tabela é sensivelmente mais fraca que a de baixo. EUA têm caminho tranquilo até a final

O jogo do dia: Pode passar?
Falando sério, é muito difícil escolher.

Os Tall Blacks, com Isaac Fotu, eliminam a Finlândia e sua empolgada torcida na #Espanha2014

Os Tall Blacks, com Isaac Fotu, eliminam a Finlândia e sua empolgada torcida na #Espanha2014

Em termos de emoção – e justiça histórica : ) –, poderíamos escolher Filipinas 81  x 79 Senegal. A equipe asiática merecia uma vitóriazinha que fosse, depois de amedrontar Argentina, Croácia e Porto Rico. Ela saiu em sua despedida, na segunda prorrogação que disputaram em cinco partidas. Melhor: nos minutos finais do tempo extra, o pivô contratado naturalizado foi excluído com cinco faltas, e seus nanicos tiveram de se virar contra os africanos, que já estavam classificados, mas tentavam sair do quarto para o terceiro lugar do grupo e escapar da Espanha nas oitavas. Não deu certo. E esta acabou sendo a primeira pedra a cair para levar a este grande Brasil x Argentina.

Mas teve outros tantos momentos intensos e mais relevantes para a continuidade do evento: a Nova Zelândia suou, mas venceu a Finlândia num confronto direto que lhe rendeu a classificação para os mata-matas, em jogo decidido realmente nos últimos segundos. E o que mais? O Irã quase apronta uma para cima da França, sonhando discretamente com a quarta posição do Grupo A. Os campeões europeus venceram por cinco pontos apenas.

A (quase) surpresa: Angola 91 x 83 Austrália
O placar em si foi inesperado. Mas a forma como ele foi construído não chega a surpreender, embora ainda possa deixar indignado quem leve a sério de mais o espírito esportivo. A gente conta essa história com mais detalhe em outro post: a Austrália não vai admitir nunca, mas entregou um jogo para a Angola, manipulando a tabela do Grupo D: terminou com o terceiro lugar. O motivo? Se passar para as quartas de final, não terá os Estados Unidos pela frente. Goran Dragic ficou uma arara, uma vez que sua Eslovênia se deu mal nessa.

Um causo
De manhã, bem cedo, estourou o rumor: os jogadores croatas teriam se rebelado contra o técnico Jasmin Repesa e ameaçavam boicotar o jogo contra Porto Rico se ele não fosse afastado, passando o comando para um de seus assistentes: o ex-pivô Zan Tabak. Depois de uma chocante derrota para Senegal, lembremos, Repesa havia detonado sua equipe: disse que, se pudesse escolher, não teria nascido nos Bálcãs, para não ter de lidar com o tipo de mentalidade que permite uma zebra dessas acontecerem. Antes de a partida começar, Tabak foi o primeiro a se pronunciar a respeito, negando de modo veemente o suposto motim. “Em toda a minha vida no basquete, nunca vou entender essas pessoas que gostam de inventar esse tipo de coisa. Estou surpreso que alguém precise mentir desse jeito”. Mas a maior resposta, mesmo, veio da própria seleção croata em quadra: uma exibição primorosa do início ao fim para eliminar os porto-riquenhos por 103 a 82, com aproveitamento de 57,9% nos arremessos no geral, 45,8% de três. Com Repesa dirigindo o time normalmente e dando bronca: eram 24 pontos de vantagem no segundo tempo e ele esbravejava: “Quem acha que este jogo já acabou? Quem?” – mas, bem, eventualmente acabou , mesmo, e a Croácia asseguraria a segunda colocação do Grupo B.

Uma curiosidade foi a presença na plateia, em Sevilha, do trio Michael Carter-Williams, Nerlens Noel e Joel Embiid, jovens talentos do Philadelphia 76ers que foram ver de perto seu futuro companheiro: Dario Saric, sensação croata que não decepcionou, com 15 pontos, 4 rebotes, 3 assistências e 100% nos arremessos de quadra, em apenas 14 minutos de muita eficiência.

MCW, Noel e Embiid foram bater um papo com Saric em Sevilha

MCW, Noel e Embiid foram bater um papo com Saric em Sevilha

Alguns números
564 –
Luis Scola marcou 17 pontos em derrota para a Grécia e alcançou a terceira colocação na lista histórica de cestinhas da competição, com 564. Acima dele, só Oscar Schmidt (843) e o australiano Andrew Gaze (594). Nesta jornada, o mítico ala-pivô argentino deixou três lendas para trás, entre eles o ala Marcel, agora o quinto nessa relação, com 551 pontos.

Olho na Grécia de Printezis e Bourousis: time está com excelente química e uma linha de frente em forma, assessorada pelo cerebral Nick Calathes. Time não sente ausência de Vasilis Spanoulis e pinta como forte candidato ao pódio, guiado pelo técnico Fotis Katsikaris, nome em alta no mercado europeu

Olho na Grécia de Printezis e Bourousis: time está com excelente química e uma linha de frente em forma, assessorada pelo cerebral Nick Calathes. Time não sente ausência de Vasilis Spanoulis e pinta como forte candidato ao pódio, guiado pelo técnico Fotis Katsikaris, nome em alta no mercado europeu

100% – Três seleções venceram todos os seus compromissos na primeira fase: Estados Unidos, Espanha e Grécia. A melhor campanha foi dos norte-americanos, com 166 pontos de saldo, acima dos 126 dos espanhóis. Os gregos tiveram +63. O Brasil aparece em quarto na tabela geral, acima de Lituânia, Eslovênia e Argentina, vejam só, com saldo de +83. Graças a…

63 – Já destacamos durante o dia, mas não custa alardear novamente: nesta quinta, o Brasil deu sua maior lavada na história dos Mundiais ao vencer o Egito por 63 pontos de vantagem.

45 – Foi o índice de eficiência atingido pelo angolano Yanick Moreira, de 23 anos, contra uma Austrália não muito motivada. O pivô marcou 38 pontos e apanhou 15 rebotes, acertando 17 de 24 arremessos. Uma linha estatística que certamente ganhará destaque em seu currículo, na hora de sair do basquete universitário americano em busca de uma carreira profissional.

2 – A Eslovênia entrou em colapso em seu confronto direto com a Lituânia, de olho na primeira posição do Grupo D. A equipe de Dragic venceu o jogo praticamente de ponta a ponta, mas tomou a virada num quarto período desastroso, em que anotou apenas dois pontos, contra 12 do adversário, numa parcial bastante travada. A equipe caiu deste modo para o segundo lugar, sendo posicionada na chave dos Estados Unidos.

Andray Blatche: contagem de arremessos
86! – O pivô mais filipino da Copa do Mundo se despede do torneio – e, quiçá, do mundo Fiba –, com média de 17,2 arremessos por partida, num esforço comovente.  Scola tentou 75 arremessos na primeira fase e foi aquele que mais chegou perto do grandalhão. O argentino, afinal, não tem o apetite suficiente para competir com Blatche, que efetuou 4,4 disparos de três por confronto, a despeito do aproveitamento de 27,3%. Outra estatística que ele liderou foi a de rebotes: 13,8, acima dos 11,4 de Gorgui Dieng e Hamed Haddadi. Seria realmente o fim de uma era? Esperemos que não. Tomara que não.

O que o Giannis Antetokounmpo fez hoje?

Giannis tentou uma enterrada em rebote ofensivo, mas errou a mira. Seria highlight, na certa

Giannis tentou uma enterrada em rebote ofensivo, mas errou a mira. Seria highlight, na certa

Num jogo valendo a liderança da chave, o ala foi limitado novamente a 12 minutos, saindo zerado de quadra. Poxa. De qualquer forma, pegou seis rebotes e deu um toco em Facundo Campazzo sem nem precisar sair do chão. A linha estatística é fraca, mas você precisa vê-lo em ação para acreditar em seu potencial. O garoto de 19 anos ajuda a levar a bola, fecha espaço na defesa e corta linhas de passe com braços muito longos e agilidade e joga com muita energia. A inexperiência ainda custa alguns erros de fundamentos e a perda de posição . Em geral, porém, ele injeta vitalidade a um time muito bem equilibrado.

Tuitando:

Joel Embiid pode nem jogar na próxima temporada, mas já é disparado o favorito a MVP do Twitter na NBA 2014-15. Depois de flertar com a popstar Rihanna em público, mas virtualmente, o pivô camaronês agora corteja o ala-pivô croata, que foi escolhido pelo Philadelphia 76ers no mesmo Draft e fez bela partida contra Porto Rico. O prodígio, porém, só vai se apresentar ao time provavelmente em 2016, após cumprir dois anos de um robusto contrato com o Anadolu Efes, da Turquia.  

O armador finlandês poderia ter definido a vitória sobre a Turquia na terceira rodada. Teve novamente a chance de matar o jogo contra a Nova Zelândia nesta quinta. Passou em branco em ambas as oportunidades, acabando com a festa da torcida mais animada do Mundia. Vai para casa pouco deprimido o rapaz.

O armador soltou os cachorros para cima dos compatriotas durante a amalucada derrota para o Brasil na quarta-feira. Assistam.

Enquanto isso, na Croácia, o jovem Saric desce o porrete na apresentação da equipe, derrotada na véspera pelos gregos por 76 a 65.


O jornalista espanhol resume tudo isso. Viva os basqueteiros balcânicos!

Relembre o Mundial até aqui: 1º dia, , , e 5º.


O 3º dia da Copa do Mundo: Thrilla in Sevilla
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só. Com metade do evento de volta, a caga diminuiu um pouco, mas, ainda assim, foram 6 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a derrota brasileira para a Espanha, clique aqui.

Laprovíttola vibra com El Alma: foi contra Filipinas, mas vale toda a comemoração

Laprovíttola vibra com El Alma: foi contra Filipinas, mas vale toda a comemoração

Vocês já ouviram falar do Thrilla in Manila, né? Foi quando Muhammad Ali and Joe Frazier se enfrentaram pelo título dos pesos pesados na capital filipina, em 1975, que passou a ser conhecido desta forma graças a tudo o que Ali tinha de verve. Foi definida a favor do mítico boxeador, ao final do 14º assalto, sendo talvez a luta mais famosa de todos os tempos. Na Copa do Mundo, as Filipinas não chegam a ser nenhum peso pesado, é verdade. Só perderam até agora, mas não se cansam de nos entreter. Enquanto isso, Senegal partiu para cima dos grandes, a Grécia está classificada para as oitavas de final e Porto Rico, sem Arroyo lesionado, virou uma draga que só. Vamos nessa:

O jogo do dia: Argentina 85 x 81 Filipinas
Não só o melhor jogo do dia, mas também o mais divertido de todo o campeonato. Foi uma coisa alucinante em Sevilha, com os argentinos sofrendo horrores para garantir a segunda vitória no Grupo B. Veteranos como Scola, Nocioni e Prigioni simplesmente não conseguiam lidar com a equipe mais heterodoxa da paróquia. “É o time mais maluco e estranho que já enfrentei na minha carreira”, sintetizou o técnico Júlio Lamas, que já beira os 30 anos de engajamento com a profissão.

As coisas ficaram realmente malucas a partir do momento em que o norte-americano naturalizado Andray Blatche cometeu a segunda falta logo no início do primeiro quarto. Pendurado, foi para o banco. A partir daí, vimos diversos quintetos dominados por tampinhas, um monte de gente abaixo ou um tico acima dos 1,80 m, mesmo, criando um estardalhaço que só. Descobriram que podiam jogar muito bem, obrigado, sem o cara da NBA. Com muita velocidade, botavam pressão em qualquer defensor da Argentina, um dos times mais lentos do Mundial, isso se não for o mais lerdo, mesmo. É um conjunto bem singular o de Lamas, aliás: não são nem altos e fortes, nem baixos e velozes. Ficam no meio termo, vulneráveis a diferentes estilos. Os argentinos não conseguiram defender uma série de jogadas básicas com corta-luz na linha de três e foram castigados: Jimmy Alapag converteu 5/7 no seu bombardeio, seguido por 4/8 de Ranidel De Ocampo e 3/5 de Jayson William.

(Embora o ataque deles não tenha sido feito só de arremessos, conforme Marcos Mata, o mais novo francano, pode atestar:)

Nocioni (que depois se redimiria no último minuto, pegando dois rebotes ofensivos seguidos e convertendo lances livres) e Herrmann passaram um bom tempo em quadra sem saber o que fazer na defesa, tendo de correr atrás dos baixotinhos no perímetro e tomando cortes e bombas de três na cabeça. Aliás, choveu cesta de fora, com os hermanos também usando desse artifício diante das quebras defensivas que a mera presença de Scola causava no garrafão. Ele pede a dobra, e as rotações filipinas simplesmente não davam conta. O já legendário camisa 4 também lidou com problemas de faltas, mas foi decisivo nos bons momentos de sua equipe, com 19 pontos (7/12), 7 rebotes e 4 assistências em 32 minutos. O flamenguista Nícolas Laprovíttola, estreando na competição também foi muito bem, com 10 pontos e 4 assistências e bom papel defensivo, assim como Mata, com 17 pontos (5/7 nos três pontos, completamente livre) e 9 rebotes. O ala também foi o responsável por anular a última posse de bola dos asiáticos. De Ocampo saltou para o chute de três, buscando o empate, mas foi desencorajado pela pressão do defensor. Acabou caindo sem soltar a bola, cometendo uma andada infantil.

O climão também valeu, com participação empolgante do público. Ginásio lotado e dividido realmente entre duas torcidas, com os filipinos, claro, em maior número para apoiar os Smart Gilas, mas encarando uma galera argentina apaixonada por El Alma.

A surpresa: Senegal!!!
O Irã bem que tentou derrubar a Sérvia, mas acabou derrotado por 83 a 70. Então a zebra fica para eles de novo, gente: a rapaziada de Senegal agora aprontou para cima da Croácia, triunfando por 77 a 75, depois de ter batido Porto Rico na véspera. Eu realmente não esperava escrever uma frase dessas, mas cá está. Os africanos lideraram praticamente a partida toda, resistindo a uma pressão balcânica nos minutos finais. Krunoslav Simon teve a chance de empatar o jogo, mas arriscou um chute completamente despropositado (mais abaixo). O pivô Gorgui Dieng, já um forte candidato a quinteto do torneio, foi novamente dominante, com 27 pontos, 8 rebotes, 3 assistências e 2 tocos, mais 8/14 nos arremessos – Nikola Pekovic que se prepare: o Timberwolves já deve estar tentando negociá-lo. Essa foi a apenas a quarta vitória senegalesa na história dos Mundiais, e a classificação está praticamente definida (vai depender muito do confronto direto com as Filipinas). Deve ser muito legal jogar no Senegal.

Dieng, uma revelação até aqui

Dieng, uma revelação até aqui

Alguns números
91,6% –
Aproveitamento nos lances livres de Gorgui Dieng por Senegal nesta rodada. Sim, pivô também sabe bater lance livre, ao contrário do que dizem por aí.

65 – Foi a soma de arremessos de três pontos no confronto entre Argentina e Filipinas, com 43% de acerto.

31 – Assistências a França somou em sua vitória sobre o Egito, que valeu para a surra do dia (94 a 55). Detalhe: 31 assistências para 38 cestas de quadra. Isto é, apenas sete investidas francesas foram consideradas individuais o bastante para não terem o passe anterior computado na tabela de estatística da Fiba. No total, dez atletas deram ao menos uma assistência, liderados pelas oito de Thomas Heurtel, armador do Baskonia. Solidarité.

13 – É a série de vitórias que a Espanha tem com Pau Gasol em quadra em jogos de Mundial. A última vez que a Roja perdeu com seu supercraque aconteceu na edição de 2002, diante da Alemanha de um ainda jovem Dirk Nowitzki.

9 – Aliás, foi logo na partida seguinte que os caras desandaram a vencer. O primeiro obstáculo superado? Justamente o Brasil. Do jogo disputado em Indianápolis 12 anos atrás, nove atletas estão presentes nos elencos de hoje: Calderón, Navarro, Gasol, Reyes, Alex, Leandrinho, Giovannoni, Varejão e Splitter. Marcelinho estava lesionado.

Andray Blatche: contagem de arremessos
51! – Conforme relatado acima, não foi um dia produtivo para o pivô mais filipino da Copa, e seu agente não deve ter gostado nem um pouco. Blatche tentou apenas nove arremessos nesta segunda, em 24 minutos, depois de 42 durante o final de semana. É. Uma lástima, mesmo. O ala De Ocampo teve a audância, vejam só, de arriscar 14 arremessos! De qualquer forma, contra um time baixinho como o argentino, conseguiu pontuar com eficiência, com 14 pontos. Aproveitou também o tiroteio promovido por seus companheiros para apanhar 15 rebotes. Neste quesito, lidera todo o campeonato até agora, com média de 13,7.

Companheiros e árbitros claramente boicotaram Blatche desta feita

Companheiros e árbitros claramente boicotaram Blatche desta feita

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Foi dia de festa e alegria! Depois que os gregos abriram 19 pontos de vantagem no primeiro tempo, o emergente treinador Fotis Katsikaris teve liberdade para deixar o garotão em quadra. Mesmo com os porto-riquenhos repentinamente apertando o placar no quarto período, o ala já havia se estabelecido de tal forma que não dava para tirá-lo. No fim, comemorou a vitória por 90 a 79 e uma vaga nos mata-matas. A exuberância atlética de Giannis ficou mais uma vez evidente. Mas ele deu diversas amostras de que seu jogo tem muito conteúdo para além da forma, da estética, surpreendendo seus adversários, forçando erros, botando pressão. Marcou 15 pontos em 23 minutos, novamente descolando muitos lances livres (7 cobrados). Dois deles saíram desta forma, deixando Renaldo Balkman (que fez ótima partida, diga-se, com 23 pontos, 5 rebotes e 4 roubos e bola). Reparem que ele precisa de dois dribles para chegar ao garrafão e fazer a bandeja:

GIF: Giannis Antetokounmpo strips Renaldo Balkman, runs the f... on Twitpic

Tuitando:

 

As Filipinas são completamente apaixonadas pelo basquete. Talvez sejam a Lituânia da Ásia, grosso modo. Neste Mundial, além de Blatche, eles bem que poderiam contar com uma, digamos, forcinha do pugilista Manny Pacquiao, que está bem distante da Espanha. O supercampeão mundial bateu uma bola nas quadras de treino do Warriors na Califórnia.

 
A Croácia precisava de um arremesso de três pontos para levar o jogo ao tempo extra, depois do armador Xaviler D’Almeida matar dois lances livres. O ala Krunoslav Simon, que, na temporada, fez algumas cestas milagrosas pelo Lokomotiv Kuban, achou que era a hora de ele se consagrar também em uma plataforma Mundial. Partiu para o arremesso da foto acima. Que tal?


O 2º dia da Copa do Mundo: coisas estranhas acontecem
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Giancarlo Giampietro

Vocês se lembram daquelas jornadas triplas da Copa do Mundo da FIFA, né? Um jogão atrás do outro, dominando sua agenda. Pois bem. Pegue esse agito todo e multiplique por quatro. O resultado é a Copa do Mundo da Fiba. É muito basquete num dia só: 12 partidas! Uma tabela de estatística vai atropelando a outra, os fatos vão se acumulando, e pode ficar difícil de dar conta de tudo. Vamos dar um passada, então, pela rodada. Para o básico, deixe de ser preguiçoso e acesse o site oficial da competição, né? Veja lá a situação dos grupos e os todos os resultados. Sobre a vitória brasileira sobre o Irã, clique aqui.

Neste domingo, o Mundial flertou um pouco mais com acontecimentos estranhos. Enquanto o Brasil treinava contra o Irã, Senegal derrotava Porto Rico, para conquistar sua primeira. Por 20 minutos, nossos irmãos angolanos davam uma canseira na Lituânia, até que arrefeceram no segundo tempo. E a Turquia… Bem, a Turquia nos deu o…

O jogo da rodada: EUA tomam um beliscão
Ao final do primeiro tempo, com os turcos vencendo por 35 a 30, ficava aquela sensação no ar: será que vai acontecer isso, mesmo? Será que o Team USA pode realmente perder logo na segunda rodada da Copa, para a Turquia, mesmo? A equipe de Ergin Ataman conseguiu amarrar o jogo nos 20 minutos iniciais, dominando os rebotes, desacelerando as ações em quadra e movimentando bastante a bola. Na defesa, salpicou uma zoninha aqui e ali, que confundia os impacientes norte-americanos.

Na volta do intervalo, porém, veio o atropelo: 63 a 37 para os rapazes de Coach K, que voltaram do vestiário babando de raiva. Pressionado, o treinador, aliás, manteve seu quinteto inicial por muito mais tempo – segurando no banco, por exemplo, um Derrick Rose pior que nulo.  Houve um lance no início do terceiro período em que três atletas ao mesmo tempo fizeram falta em Asik. Era ianque caindo de um lado para o outro no tablado, num esforço que derrubou o ataque adversário. Os desarmes e contestações resultaram em contragolpes e desafogo. James Harden também assumiu o controle do ataque, na sua melhor forma: quando joga de modo agressivo, mas seguro ao mesmo tempo (14 pontos + 7 assistências). É habilidoso demais no drible, e ninguém do outro lado estava preparado para brecá-lo. Kenneth Faried e Anthony Davis passaram a dominar o garrafão. Os dois ágeis pivôs terminaram com 41 pontos, enterrando tudo e qualquer coisa por cima dos grandalhões mais pesados da Turquia.  Com todos correndo de modo alucinado, saía uma atrás da outra:

A surpresa: Senegal vence

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Maurice Ndour sobe para a bandeja: 8 pontos

Bom, para vocês terem uma ideia do tamanho da surpresa neste recinto, tinha os porto-riquenhos como candidatos a azarões nesta Copa do Mundo. Sabe-tudo, né? A lição que fica: nunca aposte suas fichas  em Porto Rico. A segunda: nem leve muito a sério o que está sendo escrito aqui. Óbvio.

Depois de levarem marretada da Argentina na primeira rodada, José Juan Barea e Carlos Arroyo foram praticamente eliminados logo no segundo dia com uma derrota por 82 a 75. Não assisti. Seria meio difícil entender como uma seleção com dois armadores tão talentosos poderia perder para uma equipe que basicamente não tem armação. Mas aí já encontramos uma causa: os 11 minutos de jogo para Arroyo. O veterano, que fez uma temporada excepcional na Europa e estava, enfim, se entendo bem com Barea em quadra, sofreu uma grave torção de tornozelo, indo parar no hospital. Pode ser que nem jogue mais no torneio.

Além disso, os senegaleses oprimiram os caribenhos atleticamente. Ganharam a disputa nos rebotes (38 a 33), cobraram mais lances livres (27 a 17) e permitiram um acerto de apenas 43,8% nos arremessos de dois. Sem muito o que fazer perto da cesta, Porto Rico desandou a disparar de três, como culturalmente gostam: 29 chutes de fora, contra 42 no perímetro interno. Em sua estreia em competições Fiba, Gorgui Dieng segue impressionante: 18 pontos, 13 rebotes, 2 tocos e 2 assistências em 34 minutos.

Essa foi apenas a terceira vitória de Senegal nos Mundiais, a primeira contra um time de fora da Ásia e a primeira também numa partida que não seja pelo “torneio de consolação” – nos tempos em que se disputava o 15º lutar etc. Antes, o país havia batido a China por 89 a 79 em 1978 e superado a Coreia do Sul por 75 a 72 em 1998.

Deve ser legal!

Um causo
“Contra os argentinos beligerantes muito pior pior passou Dario Saric, que está bem conservado Nocionija (11 pontos), mas depois de uma de cotovelo de Argentina perdeu seis dentes, na verdade, implante, então ele procurou a mudança. Eventualmente Dario e tal de volta no jogo para estar nessa linha que selou essa grande vitória. Solução protética temporária para o problema Saric estarão disponíveis o mais tardar amanhã por um dentista local, mas sem ele é que ele será capaz de jogar.” Calma, ninguém saiu bebendo por estas bandas aqui na sede das Organizações 21, na Vila Bugrão paulistana. O parágrafo acima foi redigido pelo Sr. Tradutor Google, com base em relato do diário Vecernji , da Croácia. Se a gente juntar os fragmentos, dá para entender que o jovem Dario Saric teve a infelicidade de se deparar com o cotovelo de Andrés Nocioni num dos primeiros jogos do dia. Perdeu seis (SEIS!) dentes nesse… Acidente. Na verdade, os dentes perdidos já eram de um implante. Então, para ele, ficou elas por elas, de modo que voltou para a quadra e contribuiu na segunda vitória croata em duas rodadas: 90 a 85. Depois, foi ao dentista. Mas deve jogar nesta segunda, sem problema.

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

Dario Saric ao fundo, bem distante do cotovelo de Nocioni

 (Outro causo
Pelo Grupo A, em duelo de rivais diretos pela vaga, a França se meteu em mais um jogo duro, a segunda pedreira em duas rodadas, mas saiu com a vitória sobre a Sérvia: 74 a 73. Um pontinho, convertido pelo pivô Joffrey Lauvergne em lance livre no último segundo. Até aí, normal. Não foi a primeira vez, nem a última em que um jogo de basquete é definido desta maneira. Acontece que, em papo com jornalistas sérvios– ele era jogador do Partizan Belgrado –, fez uma confissão: “Tenho de ser honesto com você, não sofri falta no final da partida”, segundo relato do popular tabloide Večernje Novosti. Será? O pivô Miroslav Raduljica já havia cantado a bola: “Perguntem ao Joffrey, ou para os árbitros. Não seria objetivo se tivesse de dizer algo”. Já o técnico sérvio Aleksandar Djordjevic mal se continha: “Estou irritado, e acho que com razão. Tudo o que foi duvidoso foi marcado contra nós”.)  

Alguns números
30 – A Argentina perdeu para a Croácia, mas não olhem para Luis Scola para tentar entender o que se passou. O pivô argentino marcou 30 pontos na derrota – a sexta vez que chegou a essa marca em um jogo de Mundial. Esse é para a história.  

26 – Na segunda rodada, Goran Dragic repetiu os 26 minutos da estreia. De novo: Phoenix Suns e Eslovênia chegaram a um acordo para limitar a utilização do genial armador. É algo que pode virar tendência para os próximos torneios, dependendo da sensibilidade e empenho na diplomacia de ambas as partes. Contra o México, o astro, que somou 18 pontos e 6 assistências, e nem precisou de mais, graças ao desempenho de seu irmão caçula…  

0 – Estávamos esperando por um grande jogo de Zoran Dragic nesta temporada de seleções, e ele finalmente saiu neste domingo. E foi um estrondo: o ala-armador marcou 22 pontos em 22 minutos num jogo tranquilo contra o México. Mas o destaque, mesmo, fica para sua linha de arremessos: 4/4 nos arremessos de dois pontos, 4/4 nos de três pontos e 2/2 nos lances livres. Sim, ele não perdeu nenhum arremesso na jornada.

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

Goran Dragic, em raro momento de aperto contra o México: 89 a 68

 Andray Blatche: contagem de arremessos
42! – Depois de tentar 24 chutes na estreia contra a Croácia, o pivô mais filipino do Mundial maneirou em nova derrota, agora contra a Grécia: 18 chutes de quadra (6/15 de dois pontos e 0/3 de longa distância). Ele terminou com 21 pontos e 14 rebotes em 33 minutos, enquanto nenhum de seus companheiros tentou mais que sete chutes.  

O que Giannis Antetokounmpo fez hoje?
Não foi muito, não. Foram três pontos, todos em lances livres, em apenas 14 minutos. Em arremessos de quadra, foram 0/3 de longa distância, e só. Curva de aprendizado ainda pela frente para o adolescente grego.

No Twitter:

A Finlândia tomou um vareio contra os Estados Unidos na véspera, mas reagiu prontamente contra a Ucrânia. Para que acabar com a festa? Neste domingão, a farra foi a de sempre, como o armador Petteri Koponen nos mostra. Não importando o que acontecer daqui para a frente, os #Susijengi já levaram para casa o Troféu Joinha de Simpatia.

Miroslav Raduljica, um autêntico bisnagão sérvio,  judia do aro em Granada.


Libertem a fera, quer dizer, o Manimal! O jogador mais pilhado do Mundial – e olha que Anderson Varejão está em ótima forma…

O Team USA posou para a foto oficial no primeiro jogo de agasalho. Não pode. Tiveram de repetir hoje, com uma animação que só.


Brasil conhece grupo. Obrigação é bater Irã e Egito para avançar
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Giancarlo Giampietro

Em 2010, o Brasil (com Splitter, diga-se) superou o Irã. Reencontro 4 anos depois

Em 2010, o Brasil (com Splitter, diga-se) superou o Irã. Reencontro 4 anos depois

Extra! Extra! Saíram os grupos da Copa do Mundo de basquete!

O Brasil? Bem, o convidado e gastão Brasil caiu no Grupo A, ao lado de Espanha, França e Sérvia!

Dureza, hein?

Mas calma: Irã e Egito completam a chave. São seis integrantes, dos quais passam quatro para os mata-matas. Então, de cara, o que a gente pode dizer?

Que é obrigação bater Irã e Egito e passar de fase.

Por outro lado, era “o-bri-ga-ção” superar Jamaica e Uruguai na Copa América, e deu no que deu.

Avaliar, hoje, 3 de fevereiro de 2014, a força dos países que vão ao Mundial é nada mais que um exercício hipotético. Não temos a menor ideia de quem vai se apresentar, ou não, para o Mundial.

De certezas, mesmo, o que temos é que os Estados Unidos são os grandes favoritos ao bicampeonato. Mesmo sem LeBron, Kobe, Carmelo, Wade ou Chris Paul. E que não dá para perder do Egito. Por favor.

Um tropeço contra os faraós seria algo inimaginável. E contra o Irã? Bem… Para quem já advogou a favor da Finlândia no fim de semana, mantenho a coerência e recomendo calma, tranquilidade, paz e serenidade na hora de falar dos caras.

Obviamente seria pior ter os finlandeses na chave. Os escandinavos, pelo que praticaram no último Eurobasket, não podem ser considerados de modo algum como galinhas mortas. Agora, dá para dizer também que, entre os países mais fracos, o Irã, que ocupa a 20ª colocação no Ranking da FIBA, é bem mais encardido que Coreia, Filipinas, Nova Zelândia, Senegal e Egito.

O que sabemos sobre os iranianos?

Essa é uma boa hora para recuperar dois posts do ano passado, durante a disputa dos torneios continentais. Na Ásia, o Irã atropelou todo mundo. Foram nove vitórias em nove jogos rumo ao título. Na final, eles bateram os anfitriões filipinos por 85 a 71. Na semifinal, superaram Taiwan (que havia eliminado a China…) por 79 a 60.  Quem lidera a equipe é o pivô Hamed Haddadi, ex-Memphis Grizzlies, Phoenix Suns e Toronto Raptors. Tratado como figura cult na NBA, ele é um cara dominante no mundo Fiba. Na decisão asiática, ele somou 29 pontos, 16 rebotes e 2 tocos, matando 12 de 15 arremessos de quadra, em 29 minutos.

Esses números e o retrospecto na Ásia podem parecer assustadores, mas é preciso se levar em conta que o continente ao oriente não tem nem de perto a mesma competitividade que testemunhamos aqui nas Américas, por exemplo.

Se o Brasil tiver força máxima, ou algo perto disso, espera-se uma vitória tranquila. Como aconteceu no Mundial da Turquia em 2010. Quem se lembra? No começo de trabalho com Magnano, a então revigorada seleção, marcando bem, pressionando a bola, saiu vencedora de quadra na primeira fase por 81 a 65. O elenco tupiniquim era: Huertas, Nezinho, Raulzinho, Alex, Leandrinho, Machado, Marquinhos, Giovannoni, Murilo, Varejão, JP e Splitter. Nenê se apresentou, mas se desligou por motivo de lesão.

Não há motivos para esperar um desfecho diferente no torneio deste ano, na cidade de Granada, ao Sul da Espanha, em território que já foi dominado por uma dinastia islâmica.  Agora, de novo: é preciso quem Magnano vai convocar, aqueles que vão se apresentar e tudo isso.

A gente fala em obrigação, trabalhando na teoria. A vontade é colocar uma aspinha nisso: ‘obrigação’. Na prática, no mundo da CBB, depois dos acontecimentos de 2013, nada é garantido.

*  *  *

Sobre França, Espanha e Sérvia, o que dizer?

Bem, os franceses vão jogar cheios de confiança, como atuais campeões europeus, um título que eles comemoraram muito, mas muito, mesmo, no ano passado. Serviu como terapia para Tony Parker, além do mais. Agora, monitoremos todos como será a temporada do francês pelo Spurs. Jogar dois anos seguidos em competições Fiba, emendadas com longas jornadas na NBA, não é algo simples, fácil de se cumprir. Para a Espanha, como anfitriã, é de se imaginar que eles tenham força máxima, dependendo apenas que a enfermaria não retenha muita gente. Com os irmãos Gasol, seus excepcionais armadores, as bombas de Navarro e um Ibaka ainda melhor no ataque – mas sem abrir o berreiro? –, o time seria a segunda grande força do campeonato. Sacre bleu!, podem exclamar Parker, Batum e Noah, mas é o que acho. Por fim, a Sérvia é um dos times mais imprevisíveis da paróquia. A gente nunca sabe quem vai jogar. É como se eles trocassem de geração a todo momento. E, mesmo que os bambas joguem, controlar os egos dessa turma tem sido um problema desde que Dejan Bodiroga e Peja Stojakovic se foram. Fulanovic vai com a cara de Cicranovic? O talento é inegável, mas a química… Vai saber.

*  *  *

O restante dos grupos segue abaixo:

B – Argentina, Senegal, Filipinas, Croácia, Porto Rico, Grécia.
Os asiáticos deste grupo stão fazendo questão de espalhar pelos quatro cantos: “PROCURA-SE JOGADORES COM ASCENDENCIA FILIPINA DESPERADAMENTE”. No momento, eles estão tentando naturalizar JaVale McGee, o pivô mais insano da NBA, e Andray Blatche, outro cujo cuco também não bate muito bem, ex-companheiro de McGee num time de pirados em Washington, mas muito mais talentoso e que dá trabalho para qualquer um no mano-a-mano. Agora, mesmo com essa dupla, não dá para imaginar que Argentina, Croácia, Porto Rico e Grécia estejam preocupados. Temos aqui o quarteto de favoritos óbvios. O Senegal já forneceu nove jogadores para a NBA (embora pouquíssimos tenham vingado) e eliminou a Nigéria no último torneio africano, além dos donos da casa, a Costa do Marfim, na disputa pela terceira vaga. Então não deve ser desprezado. Mas, em CNTP, ficam pelo caminho.

C – EUA, Finlândia, Nova Zelândia, Ucrânia, República Dominicana, Turquia
Aqui a briga promete pelas vagas de segundo a quarto – já que o primeiro lugar é claramente da Nova Zelândia do sensacional Steven Adams… Então, bem, como vínhamos dizendo, a Turquia supostamente seria a segunda principal força desta chave. Com Omer Asik, Ersan Ilyasova, Emir Preldzic, Semih Erden, Furkan Aldemir, entre outros, porém, o time tem uma linha de frente formidável, mas um jogo de perímetro extremamente instável. Fossem outros tempos, poderíamos dizer que se tratam dos “caribenhos” da Europa. Foram vice-campeões na última edição, mas jogando em casa e com uma ajudinha da arbitragem. Então ficam no mesmo bolo de Ucrânia (um dos times mais modorrentos do últmio Eurobasket, com um basquete arrastado, excessivamente controlado por Mike Fratello, mas que se meteu entre os sete melhores),  Dominicana (Horford consegue se recuperar a tempo? Charlie Villanueva pode estragar tudo!? Será que o Calipari vai ficar tentado??) e Finlândia (o patinho feio que ganhou dos próprios turcos no Eurobasket.

D – Lituânia, Angola, Coreia do Sul, Eslovênia, México, Austrália.
O mesmo cenário se repete aqui. Com a diferença de que a Lituânia, bastante instável nas últimas temporadas – são os atuais vice-campeões europeus, mas precisaram jogar o Pré-Olímpico Mundial para chegar aos Jogos de Londres  –, pode se ver no mesmo pelotão de Eslovênia e Austrália. Mais abaixo talvez o México, depois de chocar as Américas no ano passado, talvez tenha algo a dizer a respeito, enquanto Angola está para a África assim como o Irã, para a Ásia. E a Coreia? Bem, com apenas seis jogadores acima de 1,94 m no elenco, sem chance.

 *  *  *

Os cruzamentos: as seleções do Grupo A batem com as do Grupo B no início dos mata-matas. Logo, é possível, sim, que tenhamos maaaaais um Brasil x Argentina pela frente. Se os nossos vizinhos e algozes tiverem de escolher, muito provavelmente topariam de cara, sem nem saber quem vai jogar por quem. Mas está bem cedo para falar disso. De todo modo, para Rubén Magnano, ficar ao lado de bichos papões na primeira fase não deixa de ser uma boa notícia. Garantia de que eles serão evitados de cara na fase decisiva – de todo modo, se o time pensa em medalha, em boa campanha, uma hora vai ter de enfrentá-los para valer e para vencer. O que a gente também pode tirar daqui é que dificilmente vamos ver a Espanha entregar, ou cogitar entregar qualquer coisa em quadra, como naquele polêmico de Londres 2012. Para escapar de um confronto precoce com os americanos, eles basicamente precisam se classificar na primeira colocação do grupo.


Revolução africana: Nigéria e Tunísia estão fora da disputa por vaga na Copa do Mundo
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Giancarlo Giampietro

Maleye D'doye e o Senegal vão adiante

Nigéria e Tunísia, dois dos três grandes favoritos africanos a uma vaga na Copa do Mundo da Espanha 2014, estão fora da disputa de vaga. É uma BAITA surpresa isso. As duas seleções estão fora da semifinal do AfroBasket, e apenas os três primeiros colocados se garantem diretamente no Mundial. Na sexta, as semifinais são Costa do Marfim, time da casa, contra Angola e Egito contra Senegal.

Quem caiu primeiro, já na fase de oitavas de final, foi a Tunísia, pelas mãos de seu vizinho Egito, por 77 a 67. “Clássico é clássico”, sorri um egípcio. A eliminação veio a despeito dos esforços do ala-pivô Makram Ben Romdhane, de 24 anos e um dos destaques individuais do torneio e recém-contratado pelo Murcia – ele vai ser companheiro de Augusto Lima na Liga ACB. Os tunisianos eram os atuais campeões e haviam terminado com o terceiro lugar em 2009, na Líbia.

Na quarta, então, pelas quartas, foi a vez de a Nigéria se despedir, perdendo para a rapaziada de Senegal, por 64 a 63, do jeito que o capeta gosta. Imagine o horror – e a tensão também, vá lá – de um quarto período vencido por 14 a 10 pelos nigerianos, que, em termos de elenco, formavam, disparado, o time mais forte da competição.

O ala-pivô Ike Diogu, que não conseguiu emplacar uma carreira decente na NBA apesar de ter sido selecionado pelo Golden State Warriors no Draft de 2005 em nono, se transformou numa espécie de terrorzinho em competições da Fiba. Al-Farouq Aminu, do New Orleans Hornets, com 22 anos, ainda tem um vasto potencial para ser realizado e teve médias de 12,5 pontos, 5,2 rebotes e 5 assistências no torneio, atuando com muito mais liberdade para impor seu jogo hiperatlético. Seu irmão Alade Aminu é mais um ótimo finalizador. O armador Ben Uzoh e o pivô Gani Lawal são outros com experiência na liga americana – do outro lado, os pivôs Saer Sane, ex-Sonics (bons tempos!) e já com 27 anos, e Hamady N’diaye, ex-Wizards.

E, ainda assim, caiu a Nigéria. Sofreram com uma defesa por zona dos senegaleses espertos, que pagaram para ver se Al-Farouq e amigos poderiam matar seus tiros no perímetro. Erraram 12 em 16 disparos – mas não que tenham desfrutado de sucesso no jogo interior, com um aproveitamento pífio de 41%.

Como se não bastasse, Camarões, do príncipe Luc Richard Mbah a Moute, também está fora, depois de perder para os anfitriões da Costa da Marfim nas quartas, por 71 a 56. Os marfinenses anularam por completo o ala do Sacramento Kings – nem na África esse ótimo defensor consegue se soltar ofensivamente.

“Nós sempre fomos um dos favoritos, nos estabelecemos como um potencial vencedor do torneio. Mas o que aconteceu para nós hoje, o que aconteceu com Camarões e Tunísia é o crescimento meteórico do basquete africano. Qualquer um pode ser derrotado, afirmou o técnico nigeriano Ayodele Bakare, que agora não sabe o que vai ser da sua equipe, dada, digamos, a volatilidade administrativa das confederações do continente.

Para eles, Mundial agora só com um eventual convite da Fiba. Lembrando: são quatro que a federação vai distribuir, com a China muito provavelmente já garantida com um – a não ser que os cartolas não estejam tão preocupados assim com audiência quantitativa, né? Pense que outro convite deva ficar para um dos excluídos das Américas e outro, para alguma potência que dance no Eurobasket  – alô, Rússia, tá todo mundo de olho –, e teríamos apenas um quarto e último posto para ser preenchido. Mais um das Américas? Ou uma colher de chá para africanos? Vai saber.

*  *  *

Agora vale gastar só mais alguns minutinhos com nossos irmãos angolanos. Se Portugal só apanha na Europa e o Brasil já não é a potência de outros tempos, ao menos um país da comunidade lusófona segura as pontas no topo em sua região. Dos favoritaços a vaga, só restou Angola nas semifinais, mesmo.

Nas quartas, os caras tiveram um desempenho ofensivo avassalador contra Marrocos, vencendo por 95 a 73. Os 12 jogadores angolanos entraram em quadra e pontuaram, incluindo nosso bom e velho Eduardo Mingas, com cinco. Olimpio Cipriano, aquele, marcou 15, saindo do banco. Carlos Morais, ele mesmo, somou 11. Joaquim Gomes, há quanto tempo!, nem precisou dominar o garrafão. Bastaram nove pontos e seis rebotes em 17 minutos.

Dos últimos 12 campeonatos africanos, Angola venceu dez, ao mesmo tempo em que foi ao pódio nas 15 edições passadas. Para se garantir no Mundial, é o que basta. Mas o time vai ter um páreo duríssimo pela frente contra os donos da casa. E, nesse torneio tresloucado, o peso da camisa ou do currículo não está valendo nada. Força!


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