Vinte Um

Arquivo : Mike D’Antoni

Em quem ficar de olho no F4 da Euroliga: o MVP Rodríguez
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Giancarlo Giampietro

Sergio Rodríguez, Real Madrid, Espanha, barba

Para quem ainda não está farto de tanta emoção, com o que se vem passando nos playoffs completamente alucinantes da NBA e com tantas surpresas no NBB, então é hora de abrir os braços para uma carga extra de drama – e basquete refinado – neste fim de semana. Mais especificamente na sexta-feira e domingo, com o Final Four da Euroliga.

A gente pode falar de Barcelona e Real Madrid, que fazem mais um clássico de matar, ou das constantes potências CSKA e Maccabi, que história não falta. Na verdade, vamos tratar desses clubes, sim, entre hoje e amanhã. Mas, antes, prefiro gastar um tempo com os protagonistas em quadra.

Sim, os melhores jogadores do mundo, inclusive os europeus, estão do outro lado do Atlântico. Parker, Nowitzki, irmãos Gasol, Pekovic, Gortat e tantos mais. Mas não quer dizer que o segundo maior torneio de clubes do mundo fique só com as sobras. Há diversos atletas que assinariam contratos na NBA sem a menor dificuldade, sendo peças relevantes, mas que, por circunstâncias diversas – entre as quais se destaca invariavelmente a adoração de fanáticas torcidas e alguns milhões de euros na conta –, seguem jogando perto de casa.

Navarro e sua breve parceria com Pau Gasol em Memphis. Frustração

Navarro e sua breve parceria com Pau Gasol em Memphis. Frustração

Peguem, por exemplo, Juan Carlos Navarro. Desnecessário falar sobre o currículo, a reputação e o talento de La Bomba. Em sua única temporada nos Estados Unidos, ele não chegou a ser maltratado como Vassilis Sponoulis foi por Jeff Van Gundy em Houston, mas sofreu demais em um ano perdido do Memphis (60 derrotas!), no hiato entre os times de Hubbie Brown e Lionel Hollins. Ainda viu seu grande amigo Pau Gasol ser trocado. Um ano depois, correu de volta para Barcelona, aonde é rei, talvez chocado com a barbárie.

Este é um caso emblemático. Mas há diversos nessa linha: Erazem Lorbek, cortejado pelo Spurs ano após ano, mas que segue no Barça; Dimitris Diamantidis, o mito alviverde do Panathinaikos; Nikola Mirotic, o segundo grande sonho de qualquer torcedor do Bulls que se preze (o primeiro, claro, sendo um Derrick Rose 100%); sem contar os diversos americanos ignorados pelos Drafts da vida, mas que construíram e lapidaram toda uma carreira no velho mundo (Keith Langford, Daniel Hackett, Joey Dorsey, Ricky Hickman, Tremmell Darden, Aaron Jackson, Bryan Dunston etc. Etc. Etc).

Não dá para cravar que todos eles seriam bem-sucedidos num ambiente muito mais exigente do ponto de vista atlético, em que suas façanhas europeias talvez sejam ignoradas, tendo eles que batalhar novamente a partir do zero por respeito e o decorrente tempo de quadra. Dependeria muito da franquia, da diretoria e, claro, do técnico – sem contar a adaptação muitas vezes complicada, como Tiago Splitter e Mirza Teletovic podem testemunhar.

Há que prefira, então, evitar o risco, ficando numa zona de conforto, já bem remunerado. Mas também há aqueles que são simplesmente subestimados, mesmo, não vendo a hora de receber uma boa proposta, mas sem necessariamente estarem dispostos a assinar pelo salário mínimo da NBA, como fez Pablo Prigioni em seu primeiro ano de Knicks, já na reta final da carreira.

Pensando apenas nos quatro semifinalistas, vamos listar abaixo alguns craques que merecem ser observados com atenção, mas sem a menor preocupação se dariam certo ou não na NBA. Bons o suficiente para serem apreciados pelos que já fazem agora. Essa é uma lista que já deveria ter sido escrita antes, para relembrar o belíssimo campeonato que fez Andrés Nocioni, a versatilidade da dupla Emir Preldzic e Nemanja Bjelica, do Fenerbahce, o próprio Dunston, vigoroso pivô do Olympiakos, eleito o melhor defensor da temporada, o jovem italiano Alessandro Gentile, revelação do Olimpia Milano e candidato ao Draft deste ano, e muito mais.

Antes de chegar aos caras, um lembrete para contextualizar: para os que estão (bem) mais acostumados com a NBA, lembrem que o basquete Fiba é jogado em 40 minutos, e não 48. Logo, o tempo de quadra de uma partida da liga norte-americana é 20% maior, de modo que as estatísticas em geral são mais infladas por lá, fazendo alguns dos números abaixo parecerem tímidos. Além disso, a abordagem ofensiva das equipes de ponta da Europa tende a ser diferente, com mais jogadores assumindo responsabilidades, dividindo a bola, mesmo as que têm grandes cestinhas, que poderiam muito bem carregar um time nas costas.

E, ok, aqui entra o momento da propaganda: o evento será transmitido com exclusividade pelo Sports+, canal 28/128 da SKY, com este blogueiro lelé na equipe de equipe, ao lado do ultrafanático e informado Ricardo Bulgarelli e os narradores Maurício Bonato, Rafael Spinelli e Marcelo do Ó, que, cada um ao seu modo, ajudam a dar emoção ao jogo.

Vamos lá, enfim, a alguns destaques do F4, sem necessariamente ser os melhores do campeonato, mas apenas uma lista que dá na telha. Free style, mano, com pílulas publicadas nos próximos dias:

Sérgio Rodríguez, armador do Real Madrid.
Médias de 13,5 ppj, 5 apg, 1,2 bola recuperada, 50,7% de 2 pts, 48,8% de 3 pts, em 22 minutos

Já não vem de agora, mas o barbudo está jogando tão bem que não há como não escrever mais e mais sobre seu basquete. Uma vez conhecido como um clone espanhol de Jason “White Chocolate” Williams, hoje bem mais parecido com um integrante perdido do Los Hermanos, Rodríguez atingiu o ponto perfeito de seu potencial: os lances seguem vistosos, com uma eficiência avassaladora.

Pegue, por exemplo, o ranking dos dez atletas mais produtivos da temporada. Entre gigantes e gigantes – propensos a pegar mais rebotes, a tentar arremessos de maior probabilidade de acerto e, portanto, em situação vantajosa para qualquer calculadora –, o espanhol é o único armador a constar, e numa mais que honrosa segunda colocação.O único abaixo dos 2,00m de altura. Foi premiado, então, nesta quinta-feira, como o MVP da temporada. Justíssimo.

E neste caso nem é preciso recorrer a números. Quando sai do banco, Rodríguez entra no jogo para dar ainda mais velocidade e intensidade ao supertime do Real, se é que isso é possível, fazendo dupla, ou não, com seu xará Llull. Na defesa, ele põe muita pressão nas linhas de passe. No ataque, é sensacional no contragolpe, mas também traz muita lucidez em situações de meia quadra, ficando ainda mais perigoso ao elevar seu aproveitamento de 29,5% para sensacional 48,8% na linha de três pontos.

Aliás, vale sempre a ressalva, porque ainda é muito comum que jogadores e torcedores reclamem, abram o berreiro sobre o status de ser, ou não, titular. Rodríguez, o melhor da temporada, só é ‘reserva’ por questão de equilíbrio nas rotações do Real Madrid, do mesmo jeito que Manu toca a vida na NBA.

Por falar em NBA, o espanhol obviamente está cheio de propostas/sondagens. Mas não se cansa de dizer que está feliz da vida no Real, aonde encontrou estabilidade, conseguindo botar a cabeça em ordem, abrindo caminho para fazer seu talento prosperar. Coisa que não foi possível sob a direção de Nate McMillan em Portland e algo que quase aconteceu com Mike D’Antoni em Nova York.

Ah, em caso de alguma dúvida: não, sua barba não o incomoda em quadra, e, não, ele não tem planos de tirá-la tão cedo.


Análise: Leandrinho tenta se reencontrar na NBA correndo com o Suns
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Giancarlo Giampietro

Torcedor do Suns pode desenrolar o pôster do melhor 6º homem de 2007

Torcedor do Suns pode desenrolar o pôster do melhor 6º homem de 2007

“O Vulto Braileiro”, “Speedy Gonzalez” etc. Eram os apelidos que Leandrinho ganhou no Vale do Sol quando construiu sua reputação como um dos cestinhas mais explosivos da NBA em meados da década passada.

O sistema de jogo do Phoenix Suns o favorecia amplamente. O ala-armador não era obrigado a tomar decisões muito difíceis com a bola. O plano de jogo era simples. No seu caso, correr, procurar os pontos livres em quadra e esperar que a bola chegasse na pinta para um chute de três pontos ou que ele pudesse atacar a cesta. Foi sexto homem do ano e tal, vocês sabem.

Sem conseguirem chegar ao topo – mesmo que aqueles anos tenham sido encantadores –, não demorou para que todo esse sonho ruísse. O Suns caiu de favorito no Oeste a saco de pancada, num lamaçal que só. E Leandrinho se viu na condição de andarilho na liga norte-americana, passando batido por Toronto, Indiana e Boston, pelo qual sofreu uma ruptura de ligamentos no joelho, encerrando sua temporada 2012-13 de modo deprimente.

As partes agora se reencontram nesta semana, com a notícia de que o clube do Arizona está prestes a lhe oferecer um contrato de dez dias, dependendo apenas de sua aprovação em exames médicos.

Leandrinho, de novo um Sun

Leandrinho, de novo um Sun

O Suns perdeu um de seus principais jogadores, o armador Eric Bledsoe, por conta de uma torção no joelho. Inicialmente, a previsão é de que ele vá ficar afastado por uma semana. (A pressa no contato e contratação do brasileiro faz pensar se a coisa não pode ser mais grave… Acompanhemos.)

De toda forma, recuperando o raciocínio: se Mike D’Antoni está penando em Los Angeles para tentar repetir sua fórmula dos tempos dourados dos “Sete Segundos Ou Menos”, o Suns recuperou essa identidade velocista sob inspirador comando de Jeff Hornacek – desde já candidato a técnico do ano.

O novo treinador pede mais e mais chutes de três pontos a sua equipe e cortes em direção a cesta, acompanhando a onda “analítica” que vai se espalhando pelos escritórios da liga. Bem, era isso o que Leandrinho fazia bem há uns quatro ou seis anos pelo time – e é, na verdade, basicamente aquilo que ele sabe executar em alto nível. Em cinco contra cinco, sabemos bem das deficiências técnicas do ligerinho, que nem jogou pelo Pinheiros neste domingo, se despedindo do clube da capital.

Lembrando: é a partir desta semana que os clubes da NBA podem assinar esses contratos provisórios com qualquer jogador disponível no mercado. O prazo inicial é de dez dias, podendo ser estendido por mais dez, e sem que as datas precisem estar necessariamente emendadas. Por exemplo: Leandrinho pode ter o primeiro contrato expirado no dia 17 de janeiro e acertar outro com o Suns apenas em fevereiro. Ao final do segundo contrato, porém, o gerente geral precisa decidir se vai estendê-lo até o final da temporada ou se vai dispensá-lo.

Por falar em gerente geral, Ryan McDonough, o novo manda-chuva do Suns, trabalhou com Leandrinho na temporada passada, quando era assistente de Danny Ainge no Celtics. Ele não é, aliás, o único rosto que o jogador vai rever ao fechar com o Suns. Há outros vínculos importantes, e em quadra.

Leandrinho tem a chance de bater bola com o Goran Dragic, armador com quem se entendeu muito bem durante a temporada 2009-10, na qual o clube foi superado pelo Los Angeles Lakers na final do Oeste. Os dois faziam parte da segunda unidade de Alvin Gentry, com Channing Frye (outro reencontro), Jared Dudley e Lou Amundson, e se entrosaram deveras. Quem aí se lembra daquele quarto período histórico que fizeram em San Antonio para chocar Duncan, Pop, Ginóbili e qualquer cowboy torcedor do Spurs naqueles mata-matas? De vídeo, só achei as peripécias de Dragic. Mas Barbosa também teve sua contribuição numérica.

Então temos o seguinte: um plano tático que o favorece. Algumas figuras conhecidas dentro e fora de quadra, que devem dar o apoio necessário. Boa vontade dos torcedores.

Junta-se tudo isso, e o que dá é uma ótima oportunidade, isso se não for a melhor, para o ala-armador retomar sua carreira nos Estados Unidos. Ainda que correndo contra o tempo –com o perdão do trocadilho.

*  *  *

O Phoenix Suns está na estrada. O time embarcou rumo a Chicago e vai disputar cinco partidas fora de casa nos próximos dias, contra nenhum time que tenha aproveitamento acima de 50%. A tabela é esta: Bulls (na terça-feira), Wolves (quarta), Grizzlies (sexta), Pistons (sábado) e  Knicks (na outra segunda). Bom trecho.

*  *  *

De longo prazo? Difícil imaginar que o Suns pense em Leandrinho. A princípio, é muito mais fácil entender que o clube optou por uma contratação-tampão para seu elenco, enquanto Bledsoe não volta.

Vestindo o uniforme, o brasileiro tem de disputar minutos com o baixinho Ish(mael) Smith – mais um que adora correr e vem de boa partida contra o Bucks, ainda que seu currículo não seja dos mais brilhantes –, com o caçulinha Archie Goodwn, o segundo atleta mais jovem da NBA, e o veterano Dionte Christmas, constantemente elogiado, mas que não assusta ninguém.

Entre esses três, Goodwin é, de longe, o personagem mais importante: draftado pelo Suns no final do primeiro round, é visto como um jogador de muito futuro. Na temporada, tem média de 11 minutos por partida. Isto é, mesmo com o time vencendo, lutando por uma vaga nos playoffs, Hornacek ainda encontra tempo em sua rotação para colocar o garotão em quadra e desenvolvê-lo.

Leandrinho vai ter de jogar muita bola para convencer, eventualmente, o técnico e a direção de que, com Bledsoe de volta, valeria a pena mantê-lo no elenco, pensando em resultados imediatos, à custa de minutos preciosos para a revelação de 19 anos.

*  *  *

Dependendo do que acontecer em Phoenix, um time que pode surgir como alternativa para o ala-armador é o Los Angeles Clippers, que acaba de perder Chris Paul por cinco semanas (ou mais) e de dispensar o jovem Maalik Wayns. Doc Rivers teve o brasileiro sob sua tutela no ano passado – e está falando abertamente em contratar ajuda de fora. Bobby Brown e Delonte West, produzindo números surreais na China, seriam as primeiras opções, mas pode dar jogo aí.

*  *  *

Leandrinho trabalhou duro com o Pinheiros para se recuperar de sua lesão no joelho. A dedicação do jogador nunca pode ser questionada. Aqui e ali ele mostrou que sua explosão física ainda é acima da média. Ele disputou oito partidas no NBB, com médias de 33,3 minutos, 20,1 pontos (segundo da competição, atrás de Robert Day, do Uberlândia), 3,1 rebotes e 3,1 assistências, acertando 50% dos chutes de três pontos e apenas 46,4% de dois.


Retorno de astros e impacto balcânico marcam início de pré-temporada da NBA
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Giancarlo Giampietro

Derrick Rose, o Retorno de Verdade

A fase de pré-temporada nem sempre vale para prever o sucesso deste ou daquele jogador na NBA de verdade. Mas, ao menos, já se apresenta como um estágio muito mais avançado na linha de avaliação de um atleta se comparado com o que vemos em julho durante as peladas das ligas de verão: 1) os atletas estão trajando uniformes oficiais e 2) são orientados pelos treinadores principais de cada clube; 3) em quadra estarão concorrentes que, em grande maioria, têm contrato garantido para todo o campeonato, ou múltiplos campeonatos; 4) os treinadores começam a definir suas rotações, então há uma boa chance de que os sistemas usados e as combinações de atletas se repitam nos meses seguintes ­– claro que com melhor execução; 5)seis faltas representam a exclusão, em vez de dez; entre outros fatores.

Até esta terça-feira, após uma dessas rodadas malucas com oito partidas de uma vez, tivemos já/só () 14 jogos preliminares computados. Pode parecer pouco – depende do quão faminto você estava –, mas algumas notinhas podem ser destacadas:

– Derrick Rose, a mais óbvia e provavelmente a mais aguardada. Como quase todo o seu jogo é baseado em atributos físicos anormais, havia uma tensão daquelas no ar em Chicago sobre como o astro retornaria de uma cirurgia no joelho que o tirou de toda a temporada passada. Estaria explosivo como antes?  Segundo todos os relatos após as duas partidas, contra Pacers e Grizzlies, antes de sua viagem rumo ao Rio de Janeiro, o armador voltou com tudo, alegando ter até mesmo ganhado alguns centímetros em sua impulsão. “Era só que faltava”, pensou um Mario Chalmers. Tom Thibodeau está feliz da vida – acreditem é possível –, enquanto os jogadores do Bulls acreditam que o time encontrou sua versão mais forte nesta era. As expectativas só crescem para a franquia.

– Há muito mais gente retornando de cirurgias graves além de Rose. Na primeira rodada da pré-temporada, enquanto os torcedores do Bulls examinavam o armador nos mínimos detalhes, os fãs do Pacers deveriam estar ligados na forma física de Danny Granger, também operado no joelho. Granger pareceu um pouco “enferrujado”, de acordo com Frank Vogel, contra o Bulls, sem surpresa nenhuma. Talvez por isso tenha ficado 29 minutos em quadra, para ver se pega no tranco – e o time de Indiana precisa checar desde já se pode contar realmente, ou não, com seu ex-cestinha para tentar o titulo em junho.

– Em Los Angeles, enquanto Kobe Bryant curte alguns dias na Alemanha depois injetar mais plasma em seu moído joelho, ainda sem saber quando poderá estrear na temporada, Pau Gasol se torna uma figura fundamental para qualquer plano competitivo que o técnico Mike D’Antoni possa ter. Então até mesmo o treinador, conhecido por ignorar algumas precauções médicas, vem sendo cuidadoso com a reinserção do espanhol em seu time, maneirando na carga de treinos e em minutos da pré-temporada. Mais um a sofrer cirurgia no joelho, por conta de suas crônicas tendinites, o pivô ficou fora da vitória contra o Golden State Warriors no sábado, mas ficou em quadra por 23 minutos contra o Denver Nuggets. Steve Nash também ganhou o mesmo tratamento. No caso do armador, o jogador mais velho da NBA, prestes a completar 40 anos, o controle de minutos vai valer para todo o campeonato.

– A NBA dá sequência ao crossovers com os clubes europeus. Se a abertura da pré-temporada foi reservada ao um duelo de potências dos dois lados do Atlântico, entre Oklahoma City Thunder e o turbinado Fenerbahçe, dois confrontos entre pesos penas também tiveram sua vez, com o Philadelphia 76ers e o Phoenix Suns, dois candidatos seriíssimos a saco de pancada no campeonato, envolvidos. Coincidência?

No País Basco, o Philadelphia 76ers enfrentou o Bilbao e venceu no finalzinho, por dois pontos de diferença. Evan Turner, ala que entra possivelmente em sua campanha de agora-ou-nunca, enfim tem o time todinho só para ele: foi o cestinha (25 pontos), o segundo a ficar mais minutos em quadra (31, um a menos que o comparsa Thaddeus Young), quem mais arremessou (15) e também quem mais cometeu turnovers… Vem tudo num pacote. O clube espanhol conta com um velho conhecido do Utah Jazz, o armador Raúl López, que já foi considerado o sucessor de John Stockton por lá e era muito mais bem cotado que Tony Parker no início da década passada. Na segunda, em Phoenix, o Suns recebeu o Maccabi Haifa e promoveu um espancamento, vencendo por 130 a 89. Seis de seus jovens jogadores anotaram 10 ou mais pontos.  Este é o segundo ano seguido que o time israelense visita times nos Estados Unidos, num arrojo um tanto masoquista. São campeões israelenses e tal, mas não estariam nem entre os 20 – ou 30? – melhores clubes do Velho Continente. De qualquer forma, levando em conta a imensa colônia judaica ianque, ao menos vendem melhor sua marca. Ao menos ambos os clubes começaram suas campanhas com vitória. Que comemorem enquanto podem.

– Por sorte, nem Suns, nem Sixers enfrentarão o CSKA Moscou, que bateu o Minnesota Timberwolves por 108 a 106, na prorrogação, para somar seu segundo triunfo em solo norte-americano. A equipe russa contou com uma atuação magistral do armador Milos Teodosic. Um dos jogadores mais marrentos, boêmios, tinhosos, displicentes do mundo, mas extremamente talentoso, o sérvio arrebentou com Rubio, Shved e AJ Price. Recuperado de uma lesão muscular na panturrilha que o tirou do Eurobasket, ele saiu do banco e marcou 26 pontos em 29 minutos, de modo balanceado: 12 em tiros de três, seis em lances livres e oito em bolas de dois. Some aí nove assistências e cinco rebotes, e temos uma das melhores atuações de um jogador europeu contra os “profissionais da NBA”. Incrível? Nah. Só uma amostra do que Teodosic é capaz, quando joga motivado em provar que é dos melhores na posição, sem querer atirar tudo da metade da quadra. Fez de Ettore Messina um treinador feliz.

– Outra jovem estrela dos Bálcãs a deixar sua marca contra os norte-americanos foi o ala croata Bojan Bodganovic, na derrota do Fenerbahçe para o Thunder, com 19 pontos em 31 minutos. É um jogador de 24 anos e estilo clássico (um jogo limpo, sem muita firula com a bola, mas bastante produtivo), bem fundamentado, com tino para conseguir cestas quando bem entende. Por outro lado, precisa desenvolver seu passe e a defesa. Seus direitos pertencem ao Brooklyn Nets, e, no momento, tudo leva a crer que se apresentará na próxima temporada ao clube nova-iorquino ­– a negociação para renovar com o Fener está enroscada­ –, para jogar ao lado de Paul Pierce e Joe Johnson no perímetro.

 


Na tabela 2013-2014 da NBA, os jogos (alternativos) que você talvez queira ver
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Giancarlo Giampietro

Com olançamento sempre adiantadíssimo de tabela, agora da temporada 2013-2014, a NBA já reservou em seu calendário – sem nem consultá-los, vejam só! – algumas noites ou madrugadas de suas vidas. E nem feriado eles respeitam, caramba.

Já é hora, então, de sentar com o noivo, avisar a namorada, checar se não é o dia da apresentação do filho, e que a universidade não tenha marcado nenhuma prova para essas datas: Kobe x Dwight, retorno de Pierce e Garnett com Boston, o Bulls abrindo a temporada contra os amáveis irmãos de Miami, Kobe x Dwight, as tradicionais visitas de LeBron ao povoado de Cleveland, Nets x Knicks, revanche Heat x Spurs, Kobe x Dwight etc. etc. etc. Não precisa nem falar mais nada a respeito.

Mas, moçada, preparem-se. Que não ficaria só com isso, claro. A liga tem muito mais o que oferecer para ocupar seu tempo de outubro a junho. Muito mais. Colocando a caixola para funcionar um pouco – acreditem, de vez em quando isso acontece –, dá para pescar mais alguns jogos alternativos que talvez você esteja interessado em assistir, embora não haja nenhuma garantia de que eles vão ocupar as manchetes ou a conversa de bar – porque basqueteiro também pode falar disso no bar,  sem passar vergonha. Pode, né?

Hora de rabiscar novamente a agenda, pessoal. Mexam-se:

– 1º de novembro de 2013: Miami Heat x Brooklyn Nets
Depois de encarar o Bulls na noite de abertura, de descansar um pouco diante do Sixers, lá vem o Nets para cima dos atuais campeões logo em sequência. Essa turma de David Stern não toma jeito. Querem colocar fogo em tudo. Bem, obviamente esse jogo não é tão alternativo assim, considerando as altíssimas expectativas em torno dos rublos do Nets. Mas há uma historieta aqui para ser acompanhada em meio ao caos: será que Kevin Garnett, agora que não se veste mais de verde e branco, vai aceitar cumprimentar Ray Allen? Quem se lembra aí de quando o maníaco pivô se recusou a falar com o ex-compadre no primeiro jogo entre eles desde que o chutador partiu para Miami? Vai ser bizarro para os dois e Paul Pierce, certamente. Assim como a nova dupla de Brooklyn quando chegar a hora de enfrentar o Los Angeles Clippers de Doc Rivers em 16 de novembro.

No hard feelings? KG x Allen

E o KG nem aí para esse tal de Ray Allen ao chegar a Miami

1º de novembro de 2013:  Houston Rockets x Dallas Mavericks
Sim, uma noite daquelas! Mas sem essa de “clássico texano”. O que vale aqui é o estado psicológico de Dirk Nowitzki e o tamanho de sua barba. Contra o Rockets, o alemão vai poder se perder no tempo, divagando no vestiário sobre como poderiam ser as coisas caso o plano audacioso de Mark Cuban tivesse funcionado: implodir um time campeão para sonhar com jovens astros ao lado de seu craque. Dois astros como Harden e Howard, sabe? Que o Houston Rockets roubou sem nem dar chance para o Mavs, que teve de se virar com um pacote Monta Ellis-Samuel Dalembert-José Calderón e mais cinco chapéus e três botas de vaqueiro para tentar fazer de Nowitzki um jogador feliz.

Hibbert x Gasol

E que tal um Hibbert x M. Gasol?

– 11 de novembro de 2013: Indiana Pacers x Memphis Grizzlies
Vimos nos playoffs: dois times que ainda fazem do jogo interior sua principal força, e daquele modo clássico (pelo menos que valeu entre as décadas de 70 e 90), alimentando seus pivôs, contando com sua habilidade e físico para minar os oponentes*. Então temos aqui David West x Zach Randolph e Roy Hibbert x Marc Gasol. Só faça figas para que eles não esmaguem o Mike Conley Jr. acidentalmente. Candidatos a título, são duas equipes que estão distante dos grandes mercados, mas merecem observação depois do que aprontaram em maio passado.  Não dá tempo de mudar. (*PS: com a troca de Lionel Hollins por Dave Joerger, o Grizzlies deve adotar algumas das diretrizes analíticas de John Hollinger, provavelmente buscando mais arremessos de três pontos, mas não creio que mudem taaaanto o tipo de basquete que construíram com sucesso nas últimas temporadas e, de toda forma, no dia 11 de novembro, talvez ainda esteja muito cedo para que as mudanças previstas sejam totalmente incorporadas pelos atletas.)

– 22 de dezembro de 2013: Indiana Pacers x Boston Celtics
O campos da universidade de Butler está situado no número 4.600 da Sunset avenue, em Indianápolis. De lá para o ginásio Bankers Life Fieldhouse leva 17 minutos de carro. Um pulo. Então pode esperar dezenas e dezenas de seguidores de Brad Stevens invadindo a arena, com o risco de torcerem para os forasteiros de Boston, em vez para o Pacers local, time candidato ao título. Sim, o novo técnico do Celtics é venerado pela “comunidade” de Indianápolis e esse jogo aqui pode ter clima de vigília. (E, sim, mais um jogo do Pacers: a expectativa do VinteUm é alta para os moços.)

– 28 de dezembro de 2013: Portland Trail Blazers x Miami Heat
Se tudo ocorrer conforme o esperado para Greg Oden, três dias depois do confronto com o Lakers no Natal, ele voltará a Portland já como um jogador ativo no elenco do Miami Heat, deixando o terno no vestiário, indo fardado para a quadra. Da última vez em que ele esteve no Rose Garden, foi como espectador, sem vínculo com clube algum, sendo vaiado e aplaudido, tudo moderadamente. E se, num goooolpe do destino, o jogador chega em forma, tinindo, tendo um papel importante nos atuais bicampeões? Imaginem o tanto de corações partidos e a escala de depressão que isso pode – vai? – gerar na chamada Rip City.

– 13 de março de 2014:  Atlanta Hawks x Milwaukee Bucks
O tão aguardado reencontro entre Zaza Pachulia com essa fanática torcida de Atlanta, que faz a Philipps Arena tremer a cada jogo do Hawks. Não dá nem para imaginar como eles vão se comportarem na hora de acolher de volta esse cracaço da Geórgia, ainda mais vestindo a camisa do poderoso Bucks de Larry Drew – justo quem! –, o ex-técnico do Hawks. E, para piorar as coisas, o Milwaukee ainda tentou roubar desses torcedores o armador Jeff Teague. Não vai ficar barato! (Brincadeira, brincadeira.) Na verdade, an 597otem aí o dia 20 de novembro, bem mais cedo no campeonato, que é quando Josh Smith jogará em Atlanta pela primeira vez com o uniforme do Detroit Pistons. Neste caso, os 597 torcedores do Hawks presentes no ginásio e que consigam fazer mais barulho que o sistema de som vão poder aloprar o ala sem remorso algum quando ele optar por aqueles chutes sem-noção de média distância, desequilibrado, com 17 segundos de posse de bola ainda para serem jogados.

Ron-Ron tem um novo amigo agora

Ron-Ron agora vai acompanhar Melo em Los Angeles

– 25 de março de 2014: Los Angeles Lakers x New York Knicks
Já foi final de NBA, Carmelo Anthony seria um possível alvo do Lakers no mercado de agentes livres ao final da temporada, Mike D’Antoni não guarda lembrança boa alguma de seus dias como técnico Knickerbocker. São muitas ocorrências. Mas a cidade de Los Angeles tem de se preparar mesmo é para o retorno de Ron Artest ao Staples Center. Na verdade, o ala já terá jogado na metrópole californiana em 27 de novembro, contra o Clippers, mas a aposta aqui é que apenas quando ele tiver o roxo e o amarelo pela frente que suas emoções vão balançar, mesmo. E um Ron-Ron emocionado pode qualquer coisa. Nesta mesma categoria, fiquem de olho no dia 21 de novembro para o reencontro de Nate Robinson, agora um Denver Nugget, com seus colegas do Bulls, a quem ele jurou amor pleno. Robinson também é uma caixinha de… Fogos de artifício, e não dá para saber o que sai daí. Ele volta a Chicago no dia 21 de fevereiro.

– 12 de abril de 2014: Charlotte Bobcats x Philadelphia 76ers
O Sixers lidera os palpites das casas de apostas a pior time da temporada. O time nem técnico tem hoje – o único nesta condição –, seu elenco tem uma série de refugos do Houston Rockets, eles vão jogar com um armador novato que não sabe arremessar e lá não há sequer um jogador que possa pensar em ser incluído na lista de candidatos ao All-Star Game. Desculpe, Thaddeus Young, nós amamos você, mas tem limite. E, Evan Turner, bem… Estamos falando talvez da última chance. Então, no quarto confronto entre essas duas equipes na temporada, Michael Jordan espera, desesperadamente, que o seu Bobcats esteja beeeeem distante do Sixers na classificação da Conferência Leste. Se não for em termos de posições, que aconteça pelo menos em número de vitórias. Do contrário, é de se pensar mesmo se, antes de o time voltar ao nome Hornets, não era o caso de fechar as portas.

– 16 de abril de 2014: Sacramento Kings x Phoenix Suns
Como!? Deu febre?!? Não, não, tá tudo bem. É que… no crepúsculo da temporada, essa partida tem tudo para ser uma daquelas em que ninguém vai querer ganhar. Embora os torcedores do Kings tenham esperanças renovada com um nova gestão controlando o clube, a concorrência no Oeste ainda é brutal o suficiente para que eles coloquem a barba de molho e não sonhem tanto com playoffs assim. Ou nem mesmo com uma campanha vitoriosa. Fica muito provável que esses dois times da Divisão do Pacífico estejam se enfrentando por uma posição melhor no Draft de Andrew Wiggins (e Julius Randle, Aaron Gordon, Jabari Parker, Dante Exum e outros candidatos a astro). Então a promessa é de muitos minutos e arremessos para os gêmeos Morris em Phoenix, DeMarcus Cousins mandando bala da linha de três pontos, defesas de férias e mais esculhambação.


Técnico do Lakers esbanja otimismo ao avaliar reforços e planejar temporada
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Giancarlo Giampietro

Mike D, likes to keep it clean

Mike D’Antoni, visionário ou maluco?

Você, amigo torcedor do Lakers, pode receber as informações abaixo de duas maneiras.

1) Abrindo um sorriso de orelha a orelha.

2) Depois do engasgo, se armar com sarcasmo.

É o seguinte: Mike D’Antoni acabou de dar uma longa entrevista para a rádio ESPN de Los Angeles e se mostrou o sujeito mais otimista da Califórnia. Que seu time tenha terminado a temporada passada varrido pelo Lakers? Que Dwight Howard tenha arrumado a trouxinha e fugido da pressão rumo a Houston? Que o retorno de um Kobe Bryant pleno ainda seja dúvida? Que a torcida tenha se apegado aos cantos de “We want Phil! We Want Phil!”?

Nada disso importa para abalar a confiança do treinador. “Vamos ser melhores do que a maioria das pessoas pensa”, disse o treinador, que elogiou o trabalho do vice-presidente Jim Buss e do gerente geral Mitch Kupchak para compor o elenco 2013-2014. “Estou empolgado com muitos dos jogadores que estão chegando.”

Para os que perderam viagem, o clube já acertou as seguintes contratações: o armador Jordan Farmar, os alas Nick Young e Wesley Johnson, o pivô Chris Kaman, além de ter renovado com o segundanista Robert Sacre e de ter acertado um contrato (sem garantias) com o novato alemão Elias Harris. É isso aí. De resto, ele conta com Steve Nash e Pau Gasol, Steve Blake, Jodie Meeks, Jordan Hill e qualquer coisa que Kobe possa oferecer.”Acho que eles fizeram um ótimo trabalho recarregando da melhor maneira que poderíamos, mantendo o olho no mercado e mantendo nossas opções em aberto, de acordo com as regras da nova CBA (o acordo trabalhista da liga)”, disse.

Maaas…Completou o raciocínio desta forma, com uma singela ressalva nas primeiras frases: “Precisamos desenvolver alguns deles. Eles precisam ser melhores do que muitos pensam, e acho que podemos fazer isso e surpreender as pessoas. Então veremos. Não dá para descartar nada. Você não pode por um teto para suas expectativas, e estou realmente animado com as contratações”. Uma coisa o técnico tinha ao seu lado em Phoenix: seu sistema ou Nash faziam de jogadores subvalorizados muito bem pagos. Mas isso faz tempo já.

D’Antoni está tão confortável com seu elenco que pretende usar até 11 jogadores em sua rotação durante a temporada. “Seriam 11 caras com muitos minutos, sendo envolvidos com o time e isso nos permitiria jogar em um ritmo mais acelerado”, afirmou.

E o que mais? Em que termos estaria seu relacionamento com Pau Gasol agora? “Acho que está bom. Acho que está bom, de verdade. Tivemos de passar por algumas coisas primeiro”, disse, acrescentando que também espera uma das melhores campanhas da carreira do espanhol a partir de outubro. “Essa é minha meta… Estou extremamente feliz… Ele será uma peça grande do que vamos fazer.”

Para constar, o bigodudo também não acredita que Steve Nash vá largar tudo para ser um jogador de futebol e que também espera um baita campeonato de seu escudeiro.

É isso: as celebridades fazem piquenique em algum parque de Los Angeles, as borboletas voam, coloridas que só, enquanto o céu está azulzinho, não há tensão racial alguma nos subúrbios e Arnold Schwarzenegger topa, sim, fazer um Exterminador 4.

*  *  *

Bom, agora que despejamos suas frases, vamos aos comentários…

Sobre a rotação com 11 jogadores, historicamente, o técnico não está habituado a usar tantos atletas assim. Na temporada, nove jogadores tiveram mais de 20 minutos em média (ou 11 com mais de 14), mas isso se deve muito mais devido a lesões de Gasol, Nash e Blake do que qualquer outra coisa.

Em seus tempos de Knicks, isso não fica muito claro devido ao monte de trocas que Donnie Walsh fechou ano após ano na expectativa de limpar sua folha salarial. Mas, na era de sete segundos ou menos de Phoenix, o número de jogadores escalados com frequência não passava de oito. Em diversas ocasiões o clube trocou suas escolhas de primeira rodada do Draft não só para poupar as reservas de Robert Sarver, mas também por que se dizia que “Mike não iria jogar com os novatos, mesmo, e ele trabalha com poucos jogadores”. Agora, de repente, ele pensa em usar 11 caras? Será essa sua verdadeira intenção ou está apenas querendo agradar ao chefe, que o protegeu durante um período de críticas pesadas?

Segundo: se ele for colocar a rapaziada correndo feito doida em quadra, como  esperar uma temporada espetacular de Pau Gasol? O espanhol não foi moldado para descer a quadra voando. E, mesmo se fosse o caso, vem lidando com tendinite nos joelhos, fascite plantar aguda e todas as dores que um gigante de 2,13 m pode ter depois de jogar basquete por tanto tempo na vida. Por que você vai pegar seu melhor jogador – e é este o caso, enquanto não sabemos detalhes dos boletins médicos de Kobe – e forçá-lo a se adaptar num sistema que não favorece seus talentos? Já parece uma temeridade desde já, e não dá para imaginar Gasol aceitando bem nada disso. Daí para a troca de farpas via mídia voltar, não demora…

Toda a lógica do parágrafo vale da mesma forma para Chris Kaman, com a enorme diferença de que estamos falando de Chris Kaman e, não, de um dos maiores jogadores dos últimos dez anos.

E quem poderia se beneficiar do “sistema” – desde que Nash esteja em forma? Wes Johnson, atlético e que poderia se encaixar como um falso ala-pivô nessa formação, em vez de vagar sem destino no perímetro, e Nick Young, caso ele tope jogar sem a bola.  Jordan Hill, um pivô mais leve e muito mais atlético que Gasol, mas que não convenceu D’Antoni tanto assim em Nova York, e Jordan Farmar, que nunca teve muita oportunidade de jogar solto em sua carreira, também seriam eventuais beneficiários.

Quer dizer: você vai sacrificar um Gasol na esperança de fazer dois alas medíocres e dois reservas melhores?

Não faz muitos sentido, não.

*  *  *

D’Antoni também comentou a surpreendente contratação de Kurt Rambis, um aliado ferrenho do Mestre Zen, como seu assistente para a próxima temporada. “O Phil põe uma sombra grande para qualquer um, e é assim que deveria ser – mas estou apenas tentando contratar os melhores caras qualificados (para o emprego. A torcida gosta muito dele, mas o fato é que ele sabe como treinar…. Ele vai tornar nosso time melhor”.

Rambis chega com incumbências defensivas. Uma tarefa hercúlea para uma equipe que teve apenas a 18ª retaguarda mais eficiente na última temporada, mesmo com Dwight Howard (ou a “Carcaça de Dwight Howard”) no garrafão. Uma retaguarda que também perdeu o Ron Artest, velhaco, é verdade, mas ainda seu melhor marcador no perímetro.

“A defesa deles nunca lhes deu realmente uma chance para vencer”, resumiu Rambis. “Foi muito errática, no melhor dos cenários. Em geral, quando você traz muitos jogadores de sistemas diferentes, leva um tempo para conectar todos e deixá-los na mesma sintonia. Para se defender contra uma miríade de ataques da NBA, gente muito talentosa, isso pede cinco jogadores envolvidos. E para o Lakers, no ano passado, estava claro que eles nunca se conectaram neste lado da quadra.”

“Dava para ver na maioria dos jogos que os caras iriam colocar as mãos para cima, dizendo que não era sua responsabilidade, se perguntando quem deveria estar ali para fazer algo. Então, temos de fazer um trabalho muito melhor para direcioná-los para cobrir uns aos outros”. completou o renomado assistente.

Restou Rambis dizer apenas que o Lakers novamente terá uma penca de jogadores novos para serem trabalhados. Suas habilidades de discípulo Zen serão testadas.

*  *  *

Para fechar, uma última frase de Mike D’Antoni, na direção de Dwight Howard – que não teve coragem de enfatizar isso, mas também não escondeu de ninguém que não respeita seu ex-técnico, sentindo-se subutilizado no ataque: “É difícil para mim entender por que ele saiu de um lugar como LA. Isso é um pouco incompreensível. Isso está no DNA dele”. Ouch. Até o técnico se sente confortável em questionar o, digamos, estofo do pivô. Mal vemos a hora do próximo Lakers x Rockets.


A vingança de Kobe Bryant: não vai mais seguir Dwight Howard no Twitter
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Giancarlo Giampietro

No more Kobe, Dwight

Imaginem o Kobe Bryant num momento desses.

Deve estar espumando. Deve ter reduzido a carga de sono para 3 horas e meia. O restante ele tira na esteira.

A ponto de, não satisfeito por ele próprio ter deixado de seguir Dwight Howard no Twitter, convenceu (forçou? coagiu?) Pau Gasol a fazer o mesmo. : )

Se a partida de Dwight Howard para o Texas pode ter algum efeito positivo para o torcedor do Lakers, é a fomentação de suas fantasias sobre a legendária dedicação de Kobe aos treinamentos, a sua preparação e sua facilidade de encontrar qualquer motivo para se sentir o cara mais revoltado do planeta e descontar toda essa ira em quadra, na cabeça dos oponentes.

Aqui vai uma notinha já para vocês pensarem a respeito: em sua visita ao Brasil, Kobe trouxe na bagagem um punhado de camisetas e bermudas, o sundown, um par de sungas e… três ou quatro pessoas de seu estafe totalmente dedicadas a sua reabilitação. Ele não ficou nem uma semana por aqui nos trópicos, mas isso não era motivo para frear, em junho, seus trabalhos físicos. A dedicação era tanta que o estafe da Nike se maravilhava quando via o astro fazendo exercícios em pleno avião, se deslocando de São Paulo para Salvador, aonde viu a seleção brasileira golear a Itália.

Isso tudo antes de levar o fora de Howard.

Agora, então…

(Que o ala já tivesse toda a motivação do mundo para chocar a comunidade da medicina e voltar tinindo de uma lesão gravíssima que é a ruptura do tendão de Aquiles, tudo bem, a gente deixa quieto por ora. Melhor instigar, mesmo, o frenesi por Bryant, aproveitando ao máximo sua aura, enquanto ela ainda dura. E, além do mais, como ensinou o filme do homem que matou o fascínora, que se imprima a lenda!)

*  *  *

Nessa confusão toda, de feliz em Los Angeles temos Pau Gasol apenas. Sentindo-se destratado por dois anos sem parar, o espanhol, agente livre em 2014, agora sabe que a zona pintada é sua. Toda sua. Né, Jordan Hill? Agora não tem papo sobre troca, dispensa, nem nada. Se o Lakers quiser ser competitivo no próximo campeonato, só mesmo com o espanhol motivado, envolvido e em boa fase técnica. Será que D’Antoni, a fascite plantar e os joelhos vão deixar?

Quanto ao técnico, pode ser que, por De contratações pontuais, o Lakers tem ido atrás de jogadores que se encaixariam no sistema de D’Antoni. A escolha de Ryan Kelly já foi nessa direção. Chris Copeland era outro especulado – mas já é do Pacers. A boa notícia para Gasol: são dois alas-pivôs chutadores. Sem essa, então, de ver o barbudo jogando aberto o tempo todo.


Saída de Howard deixa caldeirão de Mike D’Antoni borbulhando em Los Angeles
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Giancarlo Giampietro

D'Antoni, LA Confidential

D’Antoni vai ter trabalho para colocar um Lakers coeso em quadra. Howard, o 12, caiu fora

É, Mike D’Antoni, e a gente pensando que 2012-2013 já havia sido complicado…

Com a saída de Dwight Howard rumo a Houston, o treinador que já dirigiu um dos times mais divertidos da história da NBA vai ter de ser bastante criativo se quiser voltar a sorrir – uma vez que seja – no próximo campeonato. Se ele já havia enfrentado enorme pressão nos últimos meses, a coisa pode ficar feia, mesmo, é a partir de agora.

Aliás, faz tempo que ele tem prazer de verdade na profissão.

Desde que viveu temporadas mágicas pelo Phoenix Suns em 2008, o técnico conseguiu apenas duas campanhas vitoriosas na liga. Vitoriosas no sentido de ter um aproveitamento superior a 50%, pelo menos. Em 2011, venceu 42 e perdeu 40 pelo Knicks (51,2%). Em 2013, venceu 40 e perdeu 32 pelo Lakers (55,6%).

Nash & D'Antoni

D’Antoni e o “jovem” Nash: será?

Dá para entender também: nos dois primeiros anos em Nova York, ele herdou um elenco que precisava ser fraturado e regenerado por Donnie Walsh, o homem incumbido de limpar toda a sujeirada que Isiah Thomas havia feito durante a década. O Knicks estava jogando, dolorosamente, para perder, mesmo. O objetivo era abrir espaço para a contratação de LeBron James e mais uma estrela em 2010. Acabou que chegou apenas Amar’e Stoudemire – que se reuniu com seu mentor do Phoenix Suns e ao menos conduziu o clube de volta aos playoffs.

Quanto ao Lakers? Bem, o aproveitamento esteve bem longe do esperado, a despeito de toda a turbulência que o clube enfrentou no último campeonato. Ainda assim, também se garantiram nos playoffs, mesmo que não tivessem chance alguma contra o Spurs sem Kobe, Nash e, glup!, Steve Blake, no fim.

Agora… Se as lesões certamente foram um fator decisivo em uma temporada que chacoalhou Los Angeles, boa parte do drama todo em volta de um elenco estelar que não teve liga alguma também foi causado pela incapacidade do treinador em controlar a situação. Ele simplesmente não teve personalidade para apaziguar os ânimos.

Só não dá para dizer que era tudo sua responsabilidade também. Com o afastamento e, depois, a triste morte de Jerry Buss, o KAkers foi tomado pela instabilidade. Seus filhos travavam uma guerra fria há anos pela sucessão, e essa disputa abalou consideravelmente a capacidade administrativa de Mitch Kupchak, que operou durante todo o ano sem um assistente e com um número reduzidíssimo de scouts, numa época em que a maioria dos concorrentes investiu mais e mais.

Também não foi D’Antoni quem telefonou para Phil Jackson e levou a negociação a público logo após a demissão de Mike Brown. A diretoria – Jim Buss, nêmesis de Jackson, e Kupchak, na verdade – atiçou uma das torcidas mais exigentes do esporte americano e, depois, decidiu inovar na contratação do substituto. Sobrou para quem?

O pior efeito deste flerte foi sobre Dwight Howard. Em suas primeiras entrevistas desde que escolheu o Rockets, o pivô, ao seu modo evasivo, expressou sua frustração com o treinador do Lakers. “Acho que tivemos nossos bons momentos, mas acho que seu estilo de jogo era um pouco diferente daquele ao qual estava acostumado”, disse – e isso que é de matar em Howard… Ele simplesmente não consegue ir direto ao ponto nunca. Depois, lamentou também o fato de não ter podido trabalhar com o Mestre Zen: “Bem, eu pedi para tê-lo como técnico no começo do ano”.

Para o torcedor do Lakers mais fanático, essa combinação de frases pode ser mortal quanto a D’Antoni – a não ser que este mesmo torcedor esteja puto o suficiente com o próprio pivô e todos seus caprichos, que possa dar um desconto ao técnico. De todo modo, bastará um início de campanha com acúmulo de derrotas para que o caldeirão borbulhe.

E como fazer para controlar isso e ter sucesso em quadra?

Ryan Kelly, inglês

Ryan Kelly é o único reforço até agora

Kobe Bryant ainda é uma incógnita. Voltar bem (mas bem mesmo, de acordo com seus padrões) de uma ruptura de tendão de Aquiles aos 35 anos seria algo inédito na NBA. Steve Nash? Completará 40 anos durante a temporada, um ano mais velho e um ano a mais distante dos curandeiros do Phoenix Suns. Pau Gasol? Mesmo que tenha reclamado horrores também de D’Antoni, seu maior problema foi mesmo o excesso de lesões – só disputou 49 partidas e, na verdade, nenhum jogador do time esteve em quadra por toda a temporada, cumprindo as 82 rodadas.

Entre os operários, Earl Clark, o mais atlético num plantel de jogadores enferrujados, saiu. Jordan Hill, outro que podia revigorar a equipe, mal parou em pé. Jodie Meeks esteve distante dos 40% na linha de três pontos (35,7%). Darius Morris, único novinho da turma, não foi desenvolvido. Draft? Chega apenas o ala-pivô Ryan Kelly, talentoso britânico de Duke – bom atirador de longa distância, bom passador –, mas que não defende quase nada.

Difícil.

Para o time poder prosperar, o técnico vai ter de fazer um dos melhores trabalhos de sua vida e, ao mesmo tempo, torcer para que algumas – ou todas? – questões tenham soluções positivas: 1) que Kobe desafie qualquer prognóstico e esteja pronto feito Kobe em novembro; 2) que Gasol possa ficar saudável (mesmo com mais responsabilidades sem Howard); 3) o mesmo vale para Nash; e 4) que a diretoria acerte nas contratações periféricas e parem se apaziguem nos bastidores.

Por outro lado, se dois desses quatro tópicos tiverem resposta negativa, independentemente de quais, aí pode ter certeza que, no Staples Center, haverá mais um a gritar por Phil Jackson: o próprio Mike D’Antoni.


Depois da eliminação, os desafios ainda não cessam para o Lakers. Podem piorar
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Giancarlo Giampietro

Por Rafael Uehara*

Fab Four do Lakers

Quarteto de resultados nem tão fantásticos do Lakers já pode ser desmontando

Quando o Lakers acertou as contratações de Steve Nash e Dwight Howard, a expectativa era a de que eles estavam de volta à briga pelo título, depois de duas eliminações devastadoras na mãos de Mavericks e Thunder em dois anos seguidos. E tinha bastante lógica por trás desse pensamento. Mesmo aos 38 anos de idade, Nash ainda era considerado o melhor armador com o qual Kobe Bryant já dividiria a quadra e Howard era o pivô perfeito para cobrir as deficiências defensivas daqueles a sua frente.

Porém, nada disso deu muito certo, e uma tumultuada temporada chegou ao fim neste último domingo, quando o Spurs o eliminou dos playoffs no primeiro round com uma varrida. Mais um encerramento decepcionante de campanha em Los Angeles, ficando no ar a necessidade de se encontrar um culpado, não?

Nem tanto.

Sou da opinião de que a culpa não é de ninguém. Se o Lakers tinha time suficiente para brigar com Miami, San Antonio e Oklahoma City, é difícil de saber. Mas que eles tinham o suficiente para fazer bem melhor se não pelas tantas lesões que em um momento ou outro tiraram peças fundamentais do time é certeza.

Tudo começou quando Howard voltou cedo demais da cirurgia que fez nas costas. Nos primeiros sete anos de sua carreira, Howard perdeu apenas sete jogos devido a lesões. Até metade do ano passado, tinha se provado um dos atletas mais duráveis da atualidade. Logo, não foi tão questionado quando regressou da operação a tempo para o início da temporada. Mas o atleta claramente não estava pronto. Sofreu para se manter confortável em quadra e não era capaz de elevar a defesa a níveis respeitáveis.

Além disso, Nash fraturou o pé na segunda partida da temporada. Não que Howard a meia velocidade e a ausência de Nash fosse impedir a diretoria de demitir Mike Brown depois de apenas cinco jogos. Em seguida, Pau Gasol começou a lidar com lesões na coxa e no pé, Steve Blake e Jordan Hill pararam bastante tempo com lesões sérias, Mike D’Antoni foi contratado dias depois de fazer cirurgia no joelho, e quando o objetivo dos playoffs começou a ser realista, Ron Artest machucou o joelho e Bryant sofreu lesão séria com a ruptura do tendão de Aquiles. Quando se para pra pensar, como o Jazz permitiu que esse time amaldiçoado passasse na sua frente?

 Com a temporada finalmente encerrada, o Lakers pode agora olhar para frente e pensar em como reestruturar essa equipe, o que não será tarefa fácil. Muitas decisões complicadas terão de ser tomadas, começando pela dúvida se franquia deveria oferecer uma extensão estratosférica para Howard. Não há o que pensar, na minha opinião. No fim do ano, o pivô pareceu bem, a caminho de recuperar sua forma dos tempos de Orlando. Com mais um verão para se recuperar totalmente, Howard deve voltar ao nível que estava antes da cirurgia. O Lakers teve um dos cinco melhores recordes depois da parada para o jogo das estrelas, e Howard teve participação direta nisso, se movimentando melhor a cada jogo que passou, elevando, enfim, a defesa a níveis minimamente decentes.

E, calma, que tem muito mais.

Decisões sobre Bryant e Gasol vêm logo em seguida. Pessoalmente não acho que haverá muito debate sobre Bryant. Ele é o símbolo da franquia pós-Magic Johnson. Lembrem-se também que o veterano é um maníaco que, dadas as mínimas condições, estará em quadra o mais rápido possível, pois tenta empatar Jordan em número de títulos ou passá-lo em pontos, o que torna possível um retorno às quadras em algum momento na próxima temporada.

Tecnicamente, a rescisão de seu contrato através da provisão de anistia deveria ser estudada. O Lakers já tem U$ 79,6 milhões na folha salarial para o ano que vem, isso sem contar o total designado a Howard. Como vimos neste ano – quando a folha salarial foi de U$ 99,8 milhões, o Lakers não veem problemas em pagar as multas que a liga cobra de times que gastam acima dos $70 milhões em salário. O problema é que, nesta próxima janela de verão, as restrições para times pagando o “imposto de luxo” (“luxury tax” no original) reestruturar o elenco serão mais pesadas. As chamadas “sign-and-trades” (quando um clube renova o contrato de um jogador apenas para envolvê-lo imediatamente em uma negociação) agora estão fora de questão e as trocas têm de ser exatamente dólar-por-dólar. Anistiando Bryant e apagando seus $30 milhões da folha proporcionaria a maior flexibilidade na remontagem do time. Mas Bryant é mais que um jogador, é um ícone e dificilmente essa opção será estudada seriamente, mesmo que haja o risco de o ala não estar disponível para jogar ano que vem.

Uma alternativa bem mais plausível é que o time use a anistia para tirar o último ano do contrato de Ron Artest da folha salarial e troque Gasol em seqüência. Mas também há complicações aqui. Gasol está para receber salário de U$ 19,2 milhões na temporada que vem, e é muito desafiador fazer uma troca envolvendo alguém que ganhe tanto.Times bons geralmente já estão ao redor do imposto e, ao adicionar Gasol, estariam se aproximando das mesmas restrições que dificultam o Lakers a remodelar seu elenco neste momento. Também existe a questão que nem todo dono tem condições de gastar quase U$ 100 milhões na montagem de um elenco. Envolvendo um time ruim com espaço para absorver dinheiro morto também é difícil porque os Lakers já tem futuras escolhas do draft indo para Phoenix e Orlando nos próximos anos, precisando assim encontrar um clube que realmente admire o espanhol a ponto de contratá-lo sem nenhum incentivo a mais como recompensa.

Esses times também vão querer se desfazer de alguém em retorno. E quem está disposto em aceitar Tyrus Thomas, Hedo Turkoglu, Andris Biedrins ou Drew Gooden? E quem o Lakers pode em realidade conseguir que faça valer a apenas ter um desses caras no time mais do que Gasol? Meu palpite é que Gasol retorna pelos menos para o início do seu último ano de contrato e que, se for trocado, será com a próxima temporada já em andamento.

Tudo isso serve para dizer que o Lakers tem um verão muito desafiador pela frente. Porém, escrevi basicamente exatamente a mesma coisa ano passada e Mitch Kupchak deu um jeito de adicionar Nash e Howard. Então, vai saber se não veremos Kevin Love, Danny Granger ou Eric Gordon em Los Angeles ano que vem… Mas, levando em consideração que Gasol e Howard começaram a se entender muito bem no fim da temporada e as restrições sistemáticas, talvez a melhor opção seja manter essa base por mais esse ultimo ano nos contratos de Bryant, Gasol e Artest.

A solução, então, seria um foco mais atento às sobras de mercado, para tentar achar os Nate Robinsons, James Whites, Chris Copelands, Kenyon Martins e Chris Andersens da vida, torcer por melhor sorte com as lesões. O Bulls, outro time cuja torcida se acostumou a sonhar com títulos, sobreviveu muito bem desse jeito neste ano.

*Editor do blog “The Basketball Post” e convidado do Vinte Um. Você pode encontrá-lo no Twitter aqui: @rafael_uehara.

 


Sem Kobe, Gasol enfim vira referência em mais uma reviravolta no ano sem fim do Lakers
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Giancarlo Giampietro

E aí, Gasol?

Pau Gasol, agora a bola é sua, em mais uma reviravolta para o Lakers

Ah, o Lakers.

Será que já houve uma temporada tão estarrecedora como essa na NBA?

Adjetivo é o que não falta para avaliar uma situação tomada pela perplexidade. Penso de primeira aqui ainda em espalhafatosa, decepcionante, inacreditável, calamitosa, maluca e absurda. Mas dá para listar muito mais, num bombardeio psicológico para cima de Jim Buss, Mitch Kupchak e no pobre Mike D’Antoni.

Pode se fazer muitas críticas sobre o trabalho do treinador nesta campanha 2012-2013, mas o cara simplesmente não consegue repetir seu time uma vez sequer. É uma lesão e uma bomba atrás da outra, e o baque de perder Kobe Bryant, do modo como foi, talvez seja a adaga, a punhalada final.

Mas eles vão precisar lutar ainda, né? Não  dá para desrespeitar o astro desta maneira e largar tudo a duas (duas!!!) rodadas do fim, depois de tanto esforço do camisa 24. E o que fazer?

Apostar em Pau Gasol. O espanhol choramingou tanto na temporada, com razão em alguns momentos, de modo descabido em outros, que não deixa de ser irônico que, nos três jogos mais importantes do ano, a bola vai ser dele – e só dele. Está basicamente em suas mãos o destino da versão 2012-2013 do Lakers, o clube que já o trocou uma vez e não assegura sua permanência para a próxima temporada.

Sem Nash, sem Kobe, o pivô é o único jogador saudável do plantel de D’Antoni que pode criar de maneira consistente e produtiva por conta própria. Ele reclamou tanto nos últimos anos, ponderou em diversas ocasiões sobre a dependência/controle do ataque por Kobe, e agora chegou sua hora de voltar ao foco ofensivo, algo que não acontece desde a saída de Phil Jackson em 2011.

Pau Gasol, o da Espanha

Gasol, O Cara pela seleção espanhola. O Lakers precisa dele

Quem se lembra, inclusive, da ira do (ex-)Mestre Zen contra Gasol durante a humilhação que sofreram diante do Mavs nos playoffs daquele ano? Irado, o treinador dava estapeava o jogador, clamando por mais agressividade, numa cena de deixar qualquer Laker atônito. E o pivô não conseguiu dar resposta alguma.

Dessa vez, ou ele entrega, jogando com o grande capitão da seleção espanhola, ou seu time cairá para o nono lugar da conferência.

A boa notícia notícia é que o craque desperto neste mês, tendo retornado de uma lesão no pé que o tirou das quadras por mais de um mês. Em seis partidas em abril, ele tem médias de 19,3 pontos, 10,2 rebotes e espetaculares 6,7 assistências, além do aproveitamento de 6o,5% nos arremessos. Números de um All-Star, de um dos jogadores mais habilidosos da liga num crescimento que culminou no triple-double registrado na dramática e fatídica vitória sobre o Golden State Warriors (26 pontos, 11 rebotes e 10 assistências).

A ideia é realmente abastecer Pau Gasol no alto do garrafão e deixá-lo trabalhando em diversas situações de high-low com Dwight Howard, o grande receptor de seus passes, saltando com tranquilidade para converter as ponte-aéreas planejadas, criadas por seu companheiro. Confiante em seu arremesso e podendo causar estragos ao mesmo tempo como garçom, o espanhol ganharia, então, liberdade para atacar a cesta a partir do drible.

Resta saber, porém, como esse jogo funcionará sem a presença de Kobe em quadra.

Muito já se discutiu sobre a tendência do astro em prender demais a bola, como um buraco negro no ataque do Lakers, com consequências negativas, claro. Mas havia o ponto positivo nisso tudo, não? O respeito, a atenção que Kobe despertava como um assassino no um contra um  podia desestabilizar as defesas, abrindo espaço para seus companheiros operarem. Agora é a hora de conferir como as coisas funcionam para Gasol e Howard sem a perturbadora presença do cestinha no perímetro – pois, até onde sabemos, Jodie Meeks não amedrontaria tanto assim as defesas de Spurs e Rockets, os últimos dois adversários.

Steve Blake. Oh, não!?

Depender de Steve Blake para chegar aos playoffs certamente não estava nos planos de Buss e Kupchak

Caso Nash realmente não retorne – e que falta fazem os preparadores físicos de Phoenix, hein? –, outro que será subemtido a uma enorme pressão é Steve Blake Glup.

Sobrou para o veterano de 33 anos a responsabilidade de carregar a bola ao ataque até o momento de acionar Gasol. É uma função que ele simplesmente não executa com frequência desde a temporada 2006-2007, pelo Denver Nuggets. Desde então, atuando ao lado de Brandon Roy e Kobe, ele trabalhou muito mais como um escolta e arremessador do que como condutor primário.

Nos próximos 80 minutos de jogo, completarão a rotação de D’Antoni o jovem ala Earl Clark, o veterano Antawn Jamison, que tem o desafio de pontuar mais e com eficiência, e Ron Artest, que acabou de voltar de uma cirurgia no joelho em tempo recorde. E só, galera, tendo de enfrentar dois times classificados para os playoffs, que talvez não queiram poupar seus jogadores.

Chocante, acidentada, atabalhoada, assombrosa, assombrada, estapafúrdia. É difícil escolher. Vai até o fim, mesmo, a penúria em uma temporada inclassificável do Lakers.


Lesão de Kobe coloca pressão em Steve Nash na luta do Lakers pelos playoffs
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Giancarlo Giampietro

Steve Nash, ânimo!

Conseguiria Nash replicar suas temporadas no auge pelo Suns, liderando o Lakers?

Então vocês já sabem que o Kobe Bryant, tentando mais uma cesta miraculosa em final de partida do Lakers contra o Hawks em Alanta, terminou por torcer o tornozelo, né? Que por enquanto não há previsão para quando ele poderá voltar a jogar – mas ninguém cravando também que ele vá realmente ficar fora de algum jogo da equipe. O que se sabe apenas é que a torção foi feia.

Kobe sendo Kobe, só não se espantem, por favor, se ele já estiver em quadra na sexta-feira contra o Indiana Pacers ou no domingo contra o Sacramento Kings. Estamos falando do mesmo cara que jogou longas sequências de partidas com ligamentos rompidos em seu pulso direito, com o dedo indicador da mão direita fraturado, fazendo uma infiltração depois da outra durante os playoffs de 2010 etc. etc. etc.

Com 34 vitórias e 32 derrotas, o Lakers supostamente não pode se dar ao luxo de preservar seu espetacular veterano por muito tempo, em uma briga ferrenha com o Utah Jazz pela oitava colocação do Oeste, ainda sonhando em alcançar, de repente, o Houston Rockets ou o Golden State Warriors e, tomando cuidado também com o Dallas Mavericks, que ainda está no páreo.

Agora, no caso de, glup, Kobe realmente ter arrebentado o tornozelo esquerdo, a equipe californiana pode ou dar adeus aos mata-matas, ou descobrir que Steve Nash é um armador de elite na NBA.

Sim, no caso de Kobe ficar fora por mais de uma semana, a pressão agora é toda do canadense.

Está certo que seu elenco, hoje, é bem enfraquecido. Se Mitch Kupchak e Jim Buss montaram um dos quintetos mais temidos da liga, falharam grosseiramente em encontrar jogadores baratos e decentes para o banco – enquanto um Chandler Parsons ou um Greg Smith se tornam barganhas em Houston, Darius Morris, Robert Sacre e Devin Ebanks só carregam isotônicos em LA. De qualquer forma, nas duas últimas temporadas, o cenário que Nash encontrou não era muito diferente, tendo de carregar um plantel medíocre do Suns em uma duríssima conferência. O resultado: 71 vitórias e 77 derrotas, para um aproveitamento de 47,9%, que talvez, talveeeeeez seja o suficiente para assegurar o oitavo lugar daqui  para a frente.

Seu melhor companheiro para a criação de jogadas em pick-and-roll era Marcin Gortat. Hoje, ao menos tem um Dwight Howard ao seu lado – e Pau Gasol poderá estar de volta na semana que vem. Um bom começo, não? De resto, seria torcer para que Jodie Meeks acerte a mão de três pontos e consiga elevar seu atual rendimento de 37,7%, que  é baixo para um suposto especialista, contratado apenas para isso, ocupando uma faixa salarial valiosa em um time que já não tem mais flexibilidade alguma para buscar reforços… Do contrário, ter priorizado o ala ex-Sixers em detrimento de Leandrinho pode se tornar um erro ainda mais grave e custoso nesta reta final de campeonato.

Mais importante, porém, é saber em que estágio estão as habilidades individuais de Nash com a bola nesta altura da campanha. Uma leitura difícil de se fazer. Afastado do santificado estafe de preparadores físicos e médicos do Suns, deslocado para outra função, será que ele consegue regressar no tempo e conduzir um eventual Lakers-sem-Kobe rumo aos playoffs?

Quando o Lakers contratou Nash no ano passado, foi uma bomba. Na hora de digerir a negociação, duas vertentes se desdobraram: pensando de modo otimista, o armador poderia aliviar a carga pesada que Kobe carregava em LA; por outro lado, sobravam dúvidas sobre o quanto seus estilos combinariam em quadra.

Inicialmente, uma fratura na perna de Nash não deixou outra opção: Kobe teria novamente de fazer um pouco de tudo em busca de vitórias. Quando o armador retornou, a temporada já estava toda avariada, com a troca de Mikes no comando e uma saraivada de críticas públicas dentro do elenco. No fim, foi decidido – por quem? – que Bryant continuaria dominando a bola por um tempo, com o Capitão Canadá funcionando como uma espécie de Super Steve Kerr ao seu lado. Arremessar melhor que Steve Blake, Jordan Farmar, Ramon Sessions, Derek Fisher e Smush Parker, opa!, a gente sabe que faz. Ô, se faz: somando arremessos de dois e três pontos e de lances livres, sua média de True Shooting ainda é excepcional, com 60,7% de acerto. Apenas no perímetro, ele converte 43,4% dos chutes, melhor marca nos últimos quatro anos.

De um modo geral, porém, a transição para o Lakers teve um impacto claro no jogo de Nash. Antes, ele brilhava controlando o show, chamando pick-and-rolls por toda a quadra, puxando contra-ataques mortais, chutando a partir do drible. Um pacote bem diferente do que se posicionar no lado contrário, esperando pelo passe, ou do que correr fora da bola buscando corta-luzes para ser municiado. Nos números, o impacto dessa mudança é claro: o armador toma conta de apenas 17,1% das posses de bola da equipe, bem abaixo dos 21,4% de dois anos atrás no Arizona. Além disso, suas posses de bola terminam em assistência em 31,7%, a média mais baixa de sua carreira desde 2000 – nas últimas temporadas, por exemplo, os índices foram de 50,9% e duas vezes 53,1%. Em termos de produção geral, seu valor despencou de 20,3 de eficiência para apenas 15,4, exatamente 0,4 acima da média da liga.

Sem a inesgotável criatividade de Kobe no perímetro, Nash terá de resgatar seu padrão de jogo que lhe deu dois prêmios de MVP na década passada, ou algo perto disso.

Não é da maneira como queriam, idealizavam, mas ele e Mike D’Antoni agora têm a chance de repetir as brilhantes campanhas em Phoenix. Com a diferença de que há, agora, muito mais (pressão) em jogo.