Vinte Um

Arquivo : Iziane

Presidente da CBB reaparece em editorial com pérolas em tom de campanha
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Giancarlo Giampietro

Tudo é uma questão de recuperar o orgulho tupiniquim

Os bastidores do basquete brasileiro já estavam agitadíssimos há muito tempo, mas, passadas as Olimpíadas, como o Bala já publicou, agora é hora de a campanha presidencial da CBB vir à tona, escancarada, e ai de quem ficar na frente.

Nessas horas, vale usar até mesmo o site da confederação, né? Bah, que mal tem?

Toca lançar, então, um editorial nesta quinta-feira no mais alto tom de candidato, rompendo um silêncio que durava desde o desastrado anúncio das convocações de Nenê e Leandrinho em antecipação a Rubén Magnano.

Veja o que assina Carlos Nunes: “Basquetebol, orgulho nacional mais uma vez”.

Por acaso estamos falando da mesma modalidade que saiu como quinto lugar no masculino e venceu apenas uma partida no feminino?

Porque aqui é preciso todo o cuidado do mundo – ou, pelo menos, do Brasil – para que não se misture as coisas. Que um time tenha jogado bem, batido de frente com as potências do torneio e tal, e isso seja entendido como o resgate do orgulho nacional (hein?!) me parece um senhor exagero, desde já. Mas, vá lá. Tem gente que considera mesmo essa avaliação factível. Esses precisam entender que o desempenho de duas seleções nacionais não reflete, de modo algum, uma bonança do esporte no país.

Por mais que o presidente da CBB discorde: “No esporte como praticamos, a derrota não é uma escolha. Medalha no peito ou não, nosso orgulho está em alta. Jogamos para vencer. Sempre”. E desde quando é virtude que um time jogue um torneio para vencer? Não é o óbvio? Se essa é uma indireta para os espanhóis, a derrapada de um não deve transformar a mera obrigação competitiva do outro em ato heróico… Quanta falácia, quanta pachequice.

Presente de Grego e Carlinhos, amigos?

Em seu memorando, Nunes gasta dois longos parágrafos enaltecendo a suposta superestrutura da entidade e paparicando a equipe dos marmanjos. No meio do terceiro parágrafo é que vieram seus tão aguardados comentários sobre a seleção das meninas. Vejamos:  “O feminino jogou de igual para igual contra potências mundiais, num grupo dificílimo. Das quatro semifinalistas, três jogaram contra o Brasil”, começa. Ok, este é numericamente um fato: por outro lado, para quem viu os jogos com o mínimo de senso crítico – será que ele assistiu? será que ele sabe o que é isso? –, ficou bem claro que Austrália e Rússia já não eram as mesmas poténcias de outrém.

E o que mais? “Desempenhos como os de Érika e Clarissa são sementes que plantamos, num trabalho sério e profissional de nossa diretora Hortência, do qual colheremos frutos. As derrotas servem para apresentar lições e fortalecer para o futuro. É isso que faremos”, sentencia. Peraí. Se bem entendemos esse trecho, o cartola quis dizer que Érika, uma pivô que já era uma força da Natureza no Mundial de 2006 e chegou a Londres com 30 anos, foi um produto de sua administração? Ou, quando ele diz “nós plantamos”, talvez esteja se referindo a si e a Gerasime Bozikis, nénão? Seu ex-comparsa, da gestão anterior, da qual tomou parte. Aí faz sentido. Claro!

Se bem que… Hã… Talvez, não.

Afinal, Carlinhos e o nosso presente de grego são concorrentes hoje.

Desculpem a confusão, ok? Mas, como suas trajetórias se confundem e a incompetência é a mesma, fica difícil separar em miúdos.

Voltemos ao editorial, então, sem esquecer a conveniente omissão do caso Iziane – essa semente ninguém plantou, então? – e sem deixar de destacar o prestígio direcionado a Hortência, que, deduzimos, s parece garantida até a reeleição, pelo menos.

Para arrematar, um Grand Finale: “Como disse Rubén Magnano, depois do jogo contra a Argentina, o bambu não cresce do dia para a noite. Além dos já consagrados, novos talentos vão surgir em nossas divisões de base, através de estímulos às federações, aos Nacionais e à Escola Nacional de Treinadores. Em 2016, uma grande festa no Rio de Janeiro vai consagrar de vez o basquete como orgulho nacional”.

É realmente uma pérola: “Bambu não cresce do dia para a noite”. Como se a apropriação dessa metáfora realmente nos forçasse goela abaixo a ideia de que 24 horas representariam os três anos de um trabalho. Conta outra, por favor.

Mas o mais revelador, mesmo, é o verbo “surgir”. Pois não é assim que funciona o basquete brasileiro? Quem explica talentos como Nenê e Damiris? Realmente muito bem empregado, já que “surgir” passa muito mais a noção de casualidade do que de planejamento, não?

Na mosca, presidente.


Hortência afirma que caso Iziane estava mexendo com nervos da seleção
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Giancarlo Giampietro

Em bate-papo/entrevista com Galvão Bueno nesta quarta-feira, no SporTV, Hortência, diretora da seleção feminina, soltou um pouco mais do vinha falando durante a semana, desde o (nada) chocante corte de Iziane na França.

Franciele escondida pela bolaA ex-jogadora vinha adotando uma postura bastante sigilosa em torno do caso, ainda mais pela fria em que se meteu, depois de ter brigado por muito tempo e com muita gente para bancar a ala maranhense. Agora sabemos um pouco mais sobre a história, importante demais por tocar no que se refere ao restante do grupo, as 11 meninas que já estão em Londres.

“Não preciso falar sobre o que aconteceu, porque ela já veio a público e contou tudo o que aconteceu, o que achei muito legal. Ela estava levando namorado para a concentração, e isso não é permitido. Mas já estava (notando) um clima ruim, e aí fui atrás. Apertei aqui e ali, e… (e se informou sobre o caso)”, afirmou.

Depois, a dirigente acabou cometendo o que considero uma indiscrição ao dizer que o técnico Luiz Cláudio Tarallo não sabia do que vinha acontecendo. “A equipe se assustou um pouco (com o corte), mas elas sabiam o que tava acontecendo. A comissão técnica, não.”

Hortência hoje vê a seleção mais unida e usou uma vitória sobre a Croácia em seu último amistoso, nesta quarta-feira, como indício disso. “O time está subindo.”


Prévia olímpica: a chance de as meninas jogarem como um time
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Giancarlo Giampietro

Hortência e Érika

Hortência entra em quadra, mas não pode ser a 12ª jogadora infelizmente

A Iziane vai falar aqui e ali, mas, pelo menos nas próximas duas semanas, a ala maranhense é passado em termos de seleção brasileira. Esperemos que os colegas em Londres não atormentem as outras 11 legitimamente olímpicas com isso.

A aposta de Hortência na cestinha não deu em nada – ou melhor, só deu em mais polêmica –, e agora as meninas têm a chance de provar em Londres que talvez não valesse tanto esforço assim pela imprevisível jogadora.

Que elas possam se unir e fazer a melhor Olimpíada possível. E aqui não dizemos meramente no sentido de “grupo fechado”, “família Tarallo” e nhe-nhe-nhém. Vale isso, ok, mas valeria muito mais uma equipe unida em quadra em torno de um jogo coletivo, bem disputado, com defesa e ataque solidários.

Tem gente de peso que acredita nisso: alguém cujo apelido “Magic” de nenhum modo parecia heresia, mesmo que tivesse de sustentá-lo em tempos em que a memória de Earvin Johnson Jr., aquele camisa 32 do Lakers, ainda era bem viva. Enfim, Paula escreveu em seu blog no R7: “O jogo da Iziane jamais me encheu os olhos. Não gosto de quem joga por jogar, quem não sabe escolher a melhor opção, quem não lê o jogo, que não joga para equipe. Enfim, não faz minha cabeça”.

Continua a genial armadora e agora empreendedora: “Estou mais convencida de que está na hora de apostar em jogadoras que tenham em mente a importância de um TIME, e que o individual jamais pode se sobrepor ao trabalho do grupo”.

Estrela por estrela ainda temos uma pivô como Érika, uma força natural absurda. A jovem Damiris também está em ascensão e tem muitos recursos. Elas têm talento para desequilibrar, ainda que a ala-pivô, bem jovem, não precise desse tipo de responsabilidade por ora.

Mas, com a despedida de Iziane, o técnico Tarallo tem agora nos Jogos uma ótima oportunidade para envolver essas atletas de enorme talento em benefício de um conjunto, ao mesmo tempo em que pode armar esse conjunto, essa equipe de um modo que potencialize as qualidades e virtudes de suas atletas.

Se o time jogar bem, fazendo as coisas certas, as estrelas e o talento tendem a fluir naturalmente.

Nesse contexto, realmente não faria sentido algum impor qualquer medida forçosamente.

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O outro lado: Iziane também não pode ser vilã para tudo
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Giancarlo Giampietro

Se não bastasse todo o bafafá que rondou o time desde a madrugada de quinta-feira, desde o corte de Iziane, a seleção brasileira feminina ainda teve de encarar um de seus principais adversários em amistoso na sexta, a França, sendo derrotada por 67 a 57. As francesas são as oponentes de estreia nos Jogos de Londres, logo antes das pedreiras que virão pelas segunda e terceira rodadas: Rússia e Austrália.

Iziane, seleção brasileira, 2012A partida realizada em Lille já aconteceu sem a presença da ala maranhense, que, afastada do grupo, deu coletiva explicando o motivo de seu afastamento: passou algumas noites com seu namorado no hotel. Ela se disse arrependida, pediu desculpas para suas companheiras e a Hortência.

Se foi só esse o motivo para sua dispensa e se ele é o suficiente para justificar tal ação, é muito difícil julgar e, para efeitos práticos, não vou discutir aqui – é uma discussão que vem desde não sei quando, interminável e em torno da qual é difícil chegar a um consenso.

Agora, dado o péssimo timing para o corte de Iziane, inevitável que ele se torne o tema dominante na cobertura da campanha das meninas em Londres. Posto isso, pode ficar muito cômodo também para a CBB se apoiar na “rebeldia” da jogadora para justificar qualquer campanha aquém do esperado nas Olimpíadas, como alguns internautas já vêm apontando. E isso não é nada bacana.

Primeiro: não dá para esquecer que foi a própria Hortência quem batalhou tanto pela permanência da ala na equipe, depois das crises anteriores. A diretora, então, ao mesmo tempo em que acaba traída, também fica responsabilizada por ter comprado essa briga. E de que valeu?

Além disso, a lógica no esporte brasileiro funciona quase sempre deste jeito: diante de um revés, procura-se um vilão para atirar toda a culpa em cima. A reincidência de Iziane não a ajuda em nada a se defender. Mas, se as meninas não conseguirem cumprir uma boa campanha nos Jogos, seria simplista, ingênuo e injusto apenas criticar a “infratora”.

Clarissa, pivô da seleção feminina

Contra os EUA, a seleção e Clarissa viram Iziane jogar poucos minutos devido a problema com faltas

Depois da derrota para a França, em jogo parelho, veja o que o técnico Luís Cláudio Tarallo declarou em release divulgado pela confederação: “A equipe se comportou bem, diante dos últimos acontecimentos. Buscou a vitória em todos os momentos se adaptando a nova realidade, além disso, contra uma equipe forte jogando dentro da sua casa”.

Ok. As meninas podem ter jogado bem considerando os “últimos acontecimentos”? Louvável que o tenham feito.  Mas há um grave problema em outro trecho declaração do treinador: com ou sem Iziane, a ” velha realidade” já não estava nada bem.  A seleção se ver em apuros na quadra não é uma nova realidade. Antes do corte, o Brasil já havia apanhado de Austrália e Estados Unidos sem clemência e feito partidas de qualidade duvidosa contra a enfraquecida Cuba.

Iziane pisou na bola? Sim. A bomba é só dela? Não.

 


Iziane volta a trair as companheiras de seleção
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Giancarlo Giampietro

Iziane, pela seleção

Iziane jogou o Pan, mas está fora das Olimpíadas

O Bala deu o furo ontem (vizinho taí pra isso!), Iziane está fora de Londres-2012, e imagino que a vontade de boa parte da galera era levantar a placa básica: “Eu já sabia!”

Nos últimos meses, Hortência, que apostou tudo na jogadora, e Iziane contaram com a sorte em termos do tabuleiro específico para “astros que vão, ou não, se apresentar, se comportar e jogar as Olimpíadas pelo basquete brasileiro”. A dupla Nenê e Leandrinho chamou muito mais atenção nesse caso, e a maranhense ia tocando sua vida com a seleção feminina com um pouco mais de sossego.

Ou melhor: certamente “sossego” não é o termo mais apropriado.

Não foi divulgado o motivo exato para o corte da cestinha. A CBB apenas cita “razões disciplinares”. Segundo consta, não houve briga, bate-boca com a diretora ou com o técnico. Então que tipo de episódio poderia acontecer para uma atitude tão drástica assim?

Ao que parece, não foi necessariamente um só ato abusivo que tenha motivado essa decisão. Nesta quinta-feira, teria acontecido apenas a gota d’água após “uma reincidência de erros”, como relatou Hortência ao Bala. Agora, se foi assim mesmo, a dúvida que fica: desde quando a ala vem aprontando (o time já está treinando há dois meses…)? A segunda: por quantas vezes as regras foram quebradas a ponto de o Brasil jogar apenas com 11 jogadoras um torneio tão ‘insignificante’?

São duas perguntas importantes para se responder uma terceira crucial: precisava o problema chegar a Estrasburgo, na França? Tão tardiamente assim?

Quais foram os erros anteriores que foram sonegados de modo que o time não jogará com força máxima uma Olimpíada?  E, no caso, nem por ter desfalque por lesão de última hora: o time simplesmente não vai conseguir escalar nem mesmo 12 atletas por causa de uma indisciplina que já havia sido detectada antes e não foi corrigida.

Isso deixa qualquer um envolvido com o processo pê da vida, para lá de chateado.

Antes de pensarmos em pátria e blababla maior, o fato é que Iziane deixou suas companheiras na mão. Se houve uma sucessão de deslizes por parte da jogadora, a ponto de ser inevitável o corte, dá para dizer que Adrianinha, Karla, Chuca, Joice, Franciele, Silvia, Clarissa, Damiris, Nádia, Érika e Tássia – respectivamente, do 4 a ao 15, pulando um número – foram traídas pela jogadora 8. Mais uma vez. E a CBB falhou em protegê-las.

*  *  *

Ao UOL Esporte, Iziane se recusou a comentar, informar ou falar qualquer coisa a respeito do(s) ato(s) que tenham motivado seu corte. “Não posso falar sobre isso. Minha assessoria publicou uma nota. Não posso falar com a imprensa”, afirmou. Justamente uma das atletas mais desbocadas do esporte brasileiro. Para a ESPN Brasil, teria falado em tom de indignação de que “sempre sobra” para ela”, segundo relatou José Trajano após conversa com o excepcional José Roberto Salim, que conversou com a jogadora durante o dia. Francamente: o que ela poderia dizer além disso? Sai técnico, entra técnico, e só há um denominador comum na história toda.

– Atualização (20h15): Mais tarde, em pronunciamento ainda na França, a ala abriu o jogo: passou algumas noites no quarto do hotel da seleção com seu namorado. “Sei que a atitude foi inadequada e que esta sanção não pune só a mim como todo o trabalho que realizamos”, disse. Pediu desculpas ao grupo e a Hortência.

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O Vinte Um espera que as 11 jogadoras restantes consigam superar essa e tentar, de algum modo, reverter a situação, juntando os cacos. Mas é difícil, claro. Por outro lado, não sei exatamente o quanto a seleção perde neste caso em quadra.

Antes que me acusem a ignorância, calma.

O talento da maranhense é inegável, é a pontuadora mais natural da equipe, ainda explosiva (infelizmente, em muitos sentidos). Mas, durante os amistosos, ela vinha muito mal, destrambelhada no ataque, um problema de longa reincidência também. Agora o foco, imagino, precisa ir para Érika no garrafão, nem que seja na marra – só não dá para esperar que a superpivô faça milagres. Damiris também deve ganhar mais oportunidades, a despeito de seu jogo deslocado para o perímetro.

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Faz tempo que não abordamos o basquete feminino por aqui – havia acompanhado bem mais de perto a versão anterior da seleção, o time de 2006 a 2008, com algumas meninas que já não fazem parte do grupo (a simpatia de Karen e Micaela era um destaque). Abrindo o jogo, fica difícil de dar conta de tudo, e por vezes é melhor não falar muito para não correr o risco de se passar por leviano.  Então para muitos a intervenção aqui pode parecer estranha. Mas é impossível evitar o caso Iziane. Vamos acompanhar todo o torneio olímpico e, na medida do possível, falar das meninas também no decorrer da temporada.


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