Vinte Um

O outro lado: Iziane também não pode ser vilã para tudo

Giancarlo Giampietro

Se não bastasse todo o bafafá que rondou o time desde a madrugada de quinta-feira, desde o corte de Iziane, a seleção brasileira feminina ainda teve de encarar um de seus principais adversários em amistoso na sexta, a França, sendo derrotada por 67 a 57. As francesas são as oponentes de estreia nos Jogos de Londres, logo antes das pedreiras que virão pelas segunda e terceira rodadas: Rússia e Austrália.

Iziane, seleção brasileira, 2012A partida realizada em Lille já aconteceu sem a presença da ala maranhense, que, afastada do grupo, deu coletiva explicando o motivo de seu afastamento: passou algumas noites com seu namorado no hotel. Ela se disse arrependida, pediu desculpas para suas companheiras e a Hortência.

Se foi só esse o motivo para sua dispensa e se ele é o suficiente para justificar tal ação, é muito difícil julgar e, para efeitos práticos, não vou discutir aqui – é uma discussão que vem desde não sei quando, interminável e em torno da qual é difícil chegar a um consenso.

Agora, dado o péssimo timing para o corte de Iziane, inevitável que ele se torne o tema dominante na cobertura da campanha das meninas em Londres. Posto isso, pode ficar muito cômodo também para a CBB se apoiar na ''rebeldia'' da jogadora para justificar qualquer campanha aquém do esperado nas Olimpíadas, como alguns internautas já vêm apontando. E isso não é nada bacana.

Primeiro: não dá para esquecer que foi a própria Hortência quem batalhou tanto pela permanência da ala na equipe, depois das crises anteriores. A diretora, então, ao mesmo tempo em que acaba traída, também fica responsabilizada por ter comprado essa briga. E de que valeu?

Além disso, a lógica no esporte brasileiro funciona quase sempre deste jeito: diante de um revés, procura-se um vilão para atirar toda a culpa em cima. A reincidência de Iziane não a ajuda em nada a se defender. Mas, se as meninas não conseguirem cumprir uma boa campanha nos Jogos, seria simplista, ingênuo e injusto apenas criticar a ''infratora''.

Clarissa, pivô da seleção feminina

Contra os EUA, a seleção e Clarissa viram Iziane jogar poucos minutos devido a problema com faltas

Depois da derrota para a França, em jogo parelho, veja o que o técnico Luís Cláudio Tarallo declarou em release divulgado pela confederação: ''A equipe se comportou bem, diante dos últimos acontecimentos. Buscou a vitória em todos os momentos se adaptando a nova realidade, além disso, contra uma equipe forte jogando dentro da sua casa''.

Ok. As meninas podem ter jogado bem considerando os ''últimos acontecimentos''? Louvável que o tenham feito.  Mas há um grave problema em outro trecho declaração do treinador: com ou sem Iziane, a '' velha realidade'' já não estava nada bem.  A seleção se ver em apuros na quadra não é uma nova realidade. Antes do corte, o Brasil já havia apanhado de Austrália e Estados Unidos sem clemência e feito partidas de qualidade duvidosa contra a enfraquecida Cuba.

Iziane pisou na bola? Sim. A bomba é só dela? Não.