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Atlanta Hawks: comentário racista deixa time indefinido
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 fichas para a temporada 2014-2015 da NBA

Se for para comparar o que ele estava fazendo em Atlanta com a operação que conduziu em Cleveland, Danny Ferry era um homem completamente diferente. O gerente geral do Hawks se livrou do supercontrato de Joe Johnson e ainda recebeu escolhas de Draft nessa – quando o inverso parecia necessário –, limpando sua folha salarial. Deixou Josh Smith ir embora, com todo o seu talento, mas toda a dor-de-cabeça que causa também. Contratou Paul Millsap por uma pechincha, conseguiu tirar Mike Budenholzer da sombra de Gregg Popovich. Tudo parecia muito promissor, um processo arrumadinho, à espera de mais uma grande contratação, ou de mais alguns bons negócios que pudessem levar a franquia para o topo no Leste.

Até que… Bomba.

Ferry e o Hawks: agora no limbo

Ferry e o Hawks: agora no limbo

O cartola usou a maldita frase: “Luol Deng tem um quê de África nele” (numa tradução livre, insinuando que havia algo de mentiroso por trás da boa imagem do ala) em conversa com os proprietários do clube, em teleconferência antes de abrir negociações com agentes livres, e a gravação vazou. Depois do escândalo envolvendo Donald Sterling, era tudo o que a NBA menos queria, de que menos precisava. O comentário lamentável forçou seu afastamento por tempo indeterminado – embora, pasme, não tenha causado sua demissão. E o Hawks, um dos times com maior dificuldade para encher seu ginásio e consolidar sua marca, despencou nos rankings de afabilidade da liga. Se é que isso era possível, e por mais que muitas fontes tenham saído em defesa de Ferry, dizendo que ele nunca foi conhecido como alguém de ideias ou comportamento racista. Até mesmo Deng. Mas não tinha jeito, o estrago estava feito.

“Quando fui trocado para o Hawks, não queria vir para cá porque, por tudo o que sabia e ouvia, falava sobre o ambiente ruim, sem torcedores, sem empolgação nenhuma na cidade. Fiquei muito chateado ao sair de Chicago. Mas depois aceitei renovar meu contrato. Depois de ver o que o Danny estava falando, as pessoas que ele estava trazendo”, disse Kyle Korver. “Estava ficando mais atraente, e eu realmente acreditava no projeto, com um potencial enorme na cidade. E aí acontece isso. Espero que, quando a poeira abaixar, que esse projeto continue. Qualquer um que conheça o jogo e tenha visto nossa transformação vai concordar. Mas é triste que isso tenha acontecido. Isso me deixa bem chateado.”

O time: em quadra, o Hawks vai tentar se livrar dessa frustração com um conjunto bem entrosado e, esperam, que possa desenvolver as ideias de Budenholzer, na segunda temporada sob sua orientação, com muita movimentação de bola e pick and rolls. Podem esperar ainda mais arremessos de três pontos, depois da segunda colocação no campeonato passado nesse fundamento. Que o diga Paul Millsap, por exemplo. O ala-pivô saiu de 39 chutes de fora em 2013 para 212 em 2014 (mais de 5 vezes mais) Com Pero Antic em quadra, o técnico pode escalar até cinco chutadores abertos, sem pestanejar. Para a defesa, Thabo Sefolosha e Kent Bazemore chegam para ajudar DeMarre Carroll, deixando a rotação mais vasta e forte. Fica a dúvida, porém, sobre a forma física de Al Horford. O pivô dominicano já sofreu bizarramente duas rupturas musculares no peito, tendo disputado apenas 11 jogos em 2011-12 e 29 na campanha passada. Com Horford, o Hawks teve 16 V e 13 D (55,1%). Sem ele,  22 V e 31 D (41,5%).

A pedida: essa é difícil de responder, não só devido ao afastamento de Ferry, mas porque o clube está à venda. O ex-jogador e comentarista Chris Webber já se candidatou a comprá-lo, apoiado por investidores. Supostamente, a atual configuração do Hawks vai jogar para entrar nos playoffs e tentar fazer um estrago. Se o vestiário estiver tumultuado, se Horford não se recuperar bem, porém, as coisas ficam bem mais complicadas numa conferência que ficou mais forte.

Al Horford, e sua lesão complicada no peito

Al Horford, e sua lesão complicada no peito

Olho nele: Dennis Schröder. O alemão abre sua segunda temporada, disputando os minutos de reserva de Jeff Teague com Shelvin Mack. Seu progresso é importante por diversos fatores. Não só porque Ferry (se ele ainda apitar alguma coisa, claro) não é dos maiores fãs do armador titular, mas porque o Hawks bem que poderia usar um atleta promissor como peça valiosa em uma eventual troca. Durante a pré-temporada, Schröder teve algumas boas exibições. Ainda precisa melhorar consideravelmente seu arremesso e ter um pouco mais de calma com a bola. Mas, aos 21 anos, segue um prospecto intrigante, com muita velocidade, envergadura e visão de jogo.

Você não perguntou, mas… O ala Mike Scott tem “muito mais de 20 tatuagens em seu corpo” (já não conta mais…), das quais ele estima que “80% ou 85% sejam emojis” – os emoticons que usamos no dia a dia de teclar. “É que uso muito os emojis quando estou trocando mensagens. Isso sou eu. É original”, disse ao Mashable. As pessoas agora estão usando, mas ninguém fazia dessas antes de eu entrar nessa”, afirmou o reserva, que, vez ou outra, causa um estrago no ataque.

Curtir ou descurtir

Curtir ou descurtir

Abre o jogo: “Fica sempre na sua cabeça, mas, no final do dia, você tem de ir para a quadra e jogar basquete, independentemente de sua situação. Tenho de me concentrar neste ano, em um jogo de cada vez, sem olhar muito adiante. É ficar no presente” – Paul Millsap. O ala-pivô vai cumprir seu último ano de um curto contrato com o Hawks. Se Ferry, por um lado, acertou com o veterano por um preço muito abaixo do mercado, por outro assinou um vínculo curto.

Sergey Bazarevich, Hawks, rookie, EuroUm card do passado: hoje o Atlanta Hawks é uma das franquias de mente mais aberta para a contratação de estrangeiros. Para o lugar do assistente Quin Snyder – uma baixa bastante importante, diga-se –, por exemplo, foi contratado o croata Neven Spahija. Há 20 anos, porém, o armador Sergei Bazarevich era um peixe fora d’água ao chegar a Atlanta. O russo havia acabado de ganhar a medalha de prata no Mundial do Canadá, perdendo para a prespeira segunda versão do Dream Team, aos 29 anos. Então poderia ser um rookie de NBA, mas já era uma figura experimentada em basquete de alto nível. Sua passagem, porém, não foi das mais memoráveis: durou apenas 10 partidas, com 30 pontos e 14 assistências acumulados. Hoje, Bazarevich dirige o Lokomotiv Kuban, um dos times emergentes do basquete russo, que conta com o indomável Anthony Randolph em seu elenco.


Ayón se despede em alta do Mundial, mas sem contrato
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Giancarlo Giampietro

Ayón, orgulho mexicano, desempregado na elite do basquete

Ayón, orgulho mexicano, desempregado na elite do basquete

Gustavo Ayón já fez tanto pela seleção mexicana nos últimos anos, levando o time a uma sequência histórica de façanhas, que, num jogo perdido, não era mal algum que seus companheiros jogassem em sua função por 40 minutos neste sábado.

Na abertura das oitavas de final da Copa do Mundo, todo mundo sabia que os Estados Unidos iriam atropelar o México (86 a 63, nem foi tão feio assim). Mas a partida do mata-mata tinha um valor especial para o craque do time, o pivô camisa 8 que, inexplicavelmente, está desempregado no momento. De modo que 25 pontos, 8 rebotes e 11/19 nos arremessos não faz mal nenhum, mesmo que numa sacolada. Ele se despede do Mundial com médias de 17,6 pontos e 7,6 rebotes.

Ayón foi explorado ao máximo. Trombou com uma infinidade de pivôs americanos em 36min53s de partida, aproveitando ao máximo a oportunidade de mostrar serviço. Nos minutos finais, estava visivelmente exausto, tendo de segurar Andre Drummond e Mason Plumlee correndo que nem malucos. Coitado. Mas foi por uma boa causa.

Ayón x Monocelha no Mundial

Ayón x Monocelha no Mundial

Ele não é o único protagonista do Mundial nessa situação – temos Aron Baynes na Austrália e Miroslav Raduljica na Sérvia, por exemplo. Mas, pelo que vimos hoje no embate com os norte-americanos, é de se perguntar como é possível que alguém com os talentos de Ayón tenha sido menosprezado desta maneira. Até o momento, seus agentes asseguram que não receberam sequer uma proposta oficial da NBA, depois de seu cliente concluir um contrato de três temporadas.

Segundo o extremamente confiável Marc Stein, do ESPN.com, o San Antonio Spurs passou a manifestar interesse no jogador, mas ainda tem como prioridade a renovação com Baynes. O ídolo mexicano seria, então, um plano B – estar na lisa de atletas monitorados por Gregg Popovich e RC Buford é, de qualquer modo, um bom sinal para qualquer empresário. A mídia mexicana fala em negociações com o Real Madrid, para o qual foi oferecido. O Baskonia também teria sido sondado.

É muito estranho. Ayón não pode ser confundido com um craque, alguém que mudaria o destino de uma franquia da NBA a partir do momento em que assinasse. Mas é, por outro lado, um pivô bastante versátil, pau-pra-toda-obra.

No ataque, é capaz de pontuar com eficiência próximo da cesta, com o jovem Anthony Davis pôde atestar neste duelo, sendo fintado em diversas ocasiões em mano-a-mano. Com um jogo de pés bastante criativo, girando para os dois lados com facilidade, conseguiu se desvencilhar da interminável envergadura do Monocelha. Veja os australianos entrando na dança:

Na liga americana, embora não tenha um bom chute de média distância (seu lance livre, por exemplo, é um horror – média de 50% na carreira), ele pode ser bastante útil de outra forma no poste alto: tem visão de jogo e roda a bola com precisão (2,8 assistências por 36 minutos, para um pivô). Reparem como ele está sempre com a bola erguida, os braços alertas para fazer o passe – isto é, não basta inteligência, tem de ter fundamento também. Aqui:

Do outro lado, tem capacidade atlética para segurar a onda na disputa dos rebotes e também está disposto a trombar, bater e fazer o necessário para proteger a cesta. Numa projeção de 36 minutos, tem médias de 1,6 roubo de bola e 1,2 bloqueio, além de 9,4 rebotes e 10,2 pontos.

De novo: são habilidades em que ele está acima da média, mas não quer dizer que ele seria dominante: a concorrência na liga é grande, independentemente da posição. Vejam o caso de Francisco Garcia. Esquenta-banco em Houston, cestinha de 20 pontos pelos dominicanos nesta Copa. Ninguém pediria que Ayón arrebentasse. Mas é meio triste ver um jogador talentoso dele vagar pela liga.

Vagar, mesmo: foi contratado em 2011 pelo New Orleans, de modo até emergencial, já no meio da temporada. Ele havia se estabelecido como um dos melhores pivôs da Liga ACB, na dianteira de diversas tabelas estatísticas, incluindo a de eficiência – o que é sempre um bom sinal, considerando que Tiago Splitter, Marc Gasol e Luis Scola estiveram por lá nas temporadas anteriores.

Para quem chegou de última hora, se ajustando, Ayón mandou bem nos ex-Hornets-hoje-Pelicans. Quando o time se interessou por Ryan Anderson, porém, no mercado de agentes livres, foi despachado para Orlando num sign-and-trade. O clube solicitou o mexicano, mas não o usou muito. O elenco estava em processo de reconstrução após a saída de Dwight Howard e tinha pivôs “próprios”, mais jovens para desenvolver. Não demorou muito para repassar o atleta, então, para o Milwaukee, que vivia fase de transição semelhante (aliás, como sempre). No lugar errado, na hora errada, ou seja.

Agente livre em 2013, fora do radar, o pivô não conseguiu dar o salto pelo qual todo estrangeiro espera ao migrar para NBA: receber um senhor aumento na hora de fechar o segundo contrato. Teve de se contentar com um salário mínimo para preencher a rotação de pivôs do Atlanta Hawks, pelo qual quebrou um galho quando Al Horford se lesionou, mas não tão foi aproveitado. O técnico Mike Budenholzer priorizava o arremesso de fora, mesmo para seus grandalhões, e o macedônio Pero Antic ganhou espaço.

Aqui estamos, então. A central de negociações da liga americana está em clima de fim de feira, na real, e Ayón, sem clube. Ao menos ele pôde bater uma bolinha neste sábado contra seus (ex-)adversários de NBA e mandar um último recado.

*  *  *
Independentemente do clube com o qual assinar, Ayón seguirá um orgulho mexicano:


Toronto, capital norte-americana do basquete brasileiro?
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Giancarlo Giampietro

caboclo-draft-raptors-20

Primeiro foi Bruno Caboclo, como já haviam lhe prometido no Draft. Agora, chamam Lucas Bebê para a festa. Em quatro dias, Toronto se tornou a capital norte-americana do basquete brasileiro. Neste domingo de noite, também de modo sorrateiro, a franquia canadense acertou uma troca para despachar John Salmons e seu salário para o Atlanta Hawks, recebendo o armador Lou Williams e os direitos sobre o pivô brasileiro, que jogou a temporada espanhola pelo Estudiantes.

Masai, Bruno e o Brasil

Masai, Bruno e o Brasil

Mais uma cartada surpreendente do gerente geral Masai Ujiri, que vai se revelando um profundo admirador dos garotos brasileiros. Não se esqueçam, como eu já estava deixando passar até ser lembrado pelo Romengão abaixo, que Scott Machado também tem convite para defender o time na liga de verão de Las Vegas, a partir do dia 11 de juho. Vai e os caras do Norte vão se tornar populares por aqui.

O negócio por Bebê ainda não havia sido oficializado até essa postagem, dependendo da aprovação da NBA. Mas parece não haver impedimento legal nenhum, e o Hawks tem pressa: só aceitaram Salmons para dispensá-lo nesta segunda-feira e economizar (só terão de pagar US$ 1 milhão de um salário de US$ 7 milhões), limpando espaço na folha salarial para atrair algum agente livre sexy.

Ainda não temos a palavra do nigeriano Ujiri a respeito da transação, então. Não sabemos ainda se é de seu interesse aproveitar Bebê na próxima temporada. O pivô ainda tem mais um ano de contrato com o Estudiantes, mas, segundo o site Encestando, estaria interessado em procurar novos rumos, seja na NBA ou em um clube de Euroliga. Sua multa rescisória é baixa, de US$ 600 mil e, caso o Raptors tenha interesse, poderá pagá-la na íntegra. A graninha também seria bem-vinda aos espanhóis, que estão com atrasos em sua folha de pagamento.

De qualquer forma, essa troca serve para vermos mais uma vez como são fluidas as coisas na NBA. Um ano atrás, o Hawks estava encantado com o carisma e os talentos de Bebê. Hoje, simplesmente o usaram numa troca para se livrar de salário em busca de nomes mais grandiosos e badalados no mercado – sem a garantia de que vá se dar bem nessa. Isso não quer dizer que o pivô brasileiro tenha perdido valor, que seja menos intrigante do que em 2013.

O que mudou, de certo, foi o contexto do Hawks, time que acabou de selecionar no Draft outro gigante ainda cru e promissor em atividade na Espanha – o cabo-verdiano Walter Tavares, na segunda rodada, um atleta de características muito semelhantes em termos de impacto em quadra, com sua capacidade para proteger e atacar o aro. Tavares, no entanto, vai ficar na Espanha pelo menos por mais um ano. Não há pressa em aproveitá-lo, assim como não havia com Lucas. Vale o registro: pouco depois de terem sido eliminados pelo Indiana Pacers num confronto muito mais dramático que o esperado nos playoffs, o gerente geral Danny Ferry e o técnico Mike Budenholzer estiveram em Madri para acompanhar o carioca de perto. Não sabemos o que conversaram. Só sabemos agora que o Hawks optou por seguir em outra direção.

E como foi a temporada do pivô pelo Estudiantes? Um pouco acidentada, infelizmente, por conta de problemas físicos. Ele pôde disputar apenas 18 partidas, lidando com dores crônicas no joelho devido a uma tendinite. Dores que, em determinado momento, o forçaram a se afastar da equipe por meses. Depois de anotar 7 pontos e pegar três rebotes contra o Bilbao pela nona rodada em dezembro, numa derrota por 72 a 55, Bebê ficou fora de ação por 12 jornadas, de dezembro até a março. Regressou, ironicamente, contra o mesmo Bilbao. Neste vai e vém, o pivô foi aproveitado de modo irregular, óbvio. Só ficou em quadra por mais de 20 minutos em três ocasiões.

O técnico Txus Vidorreta acusou sua passagem pelos Estados Unidos como um fator agravante – lembrando que Bebê passou diversas semanas sob a custódia do Hawks, jogando a liga de verão de Las Vegas e treinando em Atlanta. “Depois de três meses nos Estados Unidos, não está em boas condições. Ele não teve um período de descanso, algo que é necessário antes de enfrentar a pré-temporada. Além disso, chegou com excesso de peso. As equipes da NBA têm o interesse que jogadores como Nogueira ganhem muito peso, quando não deveria ser assim. Querem isso para quando vá para a NBA, se é que vai. No momento, tem contrato com o Estudiantes, e isso está complicando sua preparação”, disse.

Luca Bebê em ação em temporada irregular na ACB

Luca Bebê em ação em temporada irregular na ACB

As boas notícias, porém, existem: com Lucas em quadra, o Estudiantes foi um time bem mais competente, com nove vitórias e nove derrotas (50%, dãr). No geral, a equipe teve campanha de 12 vitórias e 22 derrotas (35,2%), terminando em uma frustrante antepenúltima posição. Sem o brasileiro, o rendimento foi sofrível: 3 vitórias e 13 derrotas (18,5%).

Pois, no pouco que jogou, Bebê foi muito bem. Em termos de eficiência,  deu saltos consideráveis, posicionando-se na elite da fortíssima Liga ACB. Considerando jogadores que tenham ficado em quadra por um mínimo de 250 minutos, o brasileiro foi o quarto atleta mais produtivo do campeonato, atrás apenas de Tibor Pleiss, alemão do Caja Laboral/Baskonia, Blagota Sekulic, montenegrino que estava barbarizando pelo CB Canarias até ser contratado pelo Fenerbahçe, e do sensacional croata Ante Tomic, do Barça.  Como chegou a essa condição? Mantendo alto nível nas finalizações próximas ao aro (bandejas e enterradas, enterradas e bandejas) e sendo um dos principais bloqueadores do campeonato em projeções por minuto (3,38 tocos por 36 minutos, contra 2,64 de Tavares, por exemplo). O único desconto obrigatório aqui: estamos falando de projeções, uma vez que, na temporada real, Bebê foi aproveitado por apenas 16,6 minutos por rodada.

O pivô cobre espaços na defesa, intimida os adversários que queiram infiltrar. Também passa a bola surpreendentemente bem de frente para a cesta, algo que nem sempre é explorado.

Avaliando esses altos e baixos, é complicado de imaginar qual será o próximo passo para Bebê – e qual seria o mais indicado, aliás. A tendinite foi aplacada? Há boas propostas/vagas de clubes da Euroliga (e aqui seria muito melhor em pensar em times um pouco mais fracos, em que o brasileiro fosse parte integral dos planos, em vez de reserva de luxo)? Mais vale buscar a segurança de um contrato na liga norte-americana desde já? O quanto o Raptors o admira?

Lucas Bebê e sua ótima habilidade como finalizador. De Madri para Toronto?

Segundo o jornalista Ryan Wolstat, do Toronto Sun, Masai Ujiri tinha o brasileiro como um dos seus alvos no Draft do ano passado, ao lado de Giannis Antetokounmpo. Não conseguiu fechar nenhuma troca – uma vez que sua escolha estava entregue ao Oklahoma City Thunder, resultando no intrépido Steven Adams –, e teve de fechar os olhos todas as vezes que o Raptors se deparava com o Bucks de Giannis pela frente. Agora, porém, tem a chance de contratar Bebê, num setor com carências.

O lituano Joanas Valanciunas terminou a temporada em alta, mas, em geral, não deu o salto que o clube esperava. É jovem – um mês e meio mais velho que o brasileiro apenas e já com duas campanhas de NBA na bagagem – e o titular indiscutível da posição, todavia. Amir Johnson é pau-pra-toda-obra e alguém que parece ainda nem ter alcançado seu potencial pleno ainda. Tyler Hansbrough poderia ter sido dispensado hoje – mas teve seu contrato confirmado. Patrick Patterson, que jogou tão bem desde que chegou na troca por Rudy Gay, pode ser um agente livre restrito cobiçado, devido ao seu arremesso de três pontos. Chuck Hayes joga muito – para alguém de seu tamanho. E só. Pode ter espaço aí, ou não.

Além do mais, é de se imaginar que a presença do cabeleira no elenco do Raptors ajudaria na transição de Caboclo ao dia a dia na metrópole canadense, como um companheiro para trocar ideias e dividir experiências, ainda que também não fale inglês fluente. Mas isso vai depender dos próprios planos do clube em relação aos seus agentes livres, como o armador Kyle Lowry. A intenção é mantê-lo mas seu preço pode ser inflacionado, especialmente o de Lowry, que foi um dos melhores em sua posição no último campeonato e desperta o interesse de LeBron James do Miami Heat e, dizem, do Los Angeles Lakers. Com cerca de US$ 40 a 41 milhões comprometidos em holerites, já contando o vínculo futuro de Bruno, eles têm muito provavelmente a flexibilidade para assinar com quem queiram e ainda contratar Bebê para já. Vamos aguardar.

Até porque não haveria necessariamente uma urgência para que Lucas produzisse logo de cara. Seria uma peça complementar em um elenco que evoluiu muito sob o comando de Dwane Casey durante o campeonato, especialmente após a saída de Gay. Essa melhora, inclusive, forçou que Ujiri mudasse sua direção. Inicialmente, quando o nigeriano acertou seu retorno ao clube por uma bolada, esperava-se que fosse implodir o elenco. Algo que começou fazendo ao despachar Andrea Bargnani para Nova York. Acontece que o Raptors, em vez de perder, começou a vencer, a ponto de chegar aos playoffs pela primeira vez desde 2008. Daí que agora o cartola pensa em manter essa base competitiva e se virar para desenvolver jovens atletas fora da rotação. É nessa estratégia que entra a surpreendente escolha de Bruno Caboclo. Pode ser aí que se encaixe Lucas Bebê.

*  *  *

Sobre a seleção de Bruno, em tempo: sim, há mais de um mês sabia do forte interesse do Toronto Raptors pelo seu talento. Indiana Pacers, Utah Jazz (seu diretor internacional de scouting, que acabou de se desligar do clube, é um dos responsáveis pela montagem do elenco do Nike Hoop Summitt…) e o Phoenix Suns (Leandrinho?) também estavam na trilha.

Quando o ala declarou seu nome, muitos clubes saíram a sua procura, como relatei aqui. Nesses contatos, chegou a informação, de três fontes diferentes da liga, de que ele teria a promessa que seria escolhido, e que ttudo apontava que fosse realmente o Toronto. Mas ninguém esperava que ele saísse com a 20ª escolha! Isso é fato. Acho que nem mesmo Masai Ujiri acreditava nisso (risos). Minhas fontes, na verdade, acreditavam que ele sairia apenas na 59ª escolha – visto que se tratava de um nome pouco discutido. Em público, no caso.

O venerável Marc Stein, do ESPN.com, contudo, reportou que a promessa do Raptors estava endereçada para o pick 37. Então foi um meio acerto aqui no blog. Que o Toronto tenha conseguido manter isso em segredo diante da mídia norte-americana, é notório, aliás. Nenhum dos sites especializados cogitava a escolha de Caboclo. Nem mesmo na segunda rodada.

Caboclo treina em Toronto. Crédito da foto é de João Fernando Rossi, dirigente do Pinheiros que acompanha o rapaz por lá

Caboclo treina em Toronto. Crédito da foto é de João Fernando Rossi, dirigente do Pinheiros que acompanha o rapaz por lá

Com a proximidade do Draft, porém, os nervos ficam mais tensos. A primeira opção da franquia, o armador local Tyler Ennis, foi escolhida pelo Suns. Na dúvida, Ujiri foi de Bruno logo em 20º, mesmo, relatando depois que o tinha como o segundo calouro em sua lista (claro, daqueles que julgava possível obter) e que temia que ele não estivesse disponível mais de uma hora depois. Vai saber. Ele não quis arriscar.

O agente responsável pelo ala – que era o mais jovem do Draft – ajudou a segurar as pontas para a franquia canadense também. Foi bastante seco em seus contatos com as franquias que o procuravam. Nos últimos dias antes do processo de seleção, havia um companheiro, envolvido na cobertura, que até mesmo especulava se a estratégia realmente não era de que Bruno passasse batido pelo Draft para ter plena possibilidade de escolha no futuro, sem ficar preso a um só clube. O agente brasileiro, agora escoltando o garoto nos Estados Unidos, ajudando-o também como intérprete, havia me dito que não tinha nada de promessa. Como postei na noite: compreensível, havia um plano em curso, e, na guerra fira que é a preparação para o Draft, cada um defende os seus interesses. A lição que fica aqui é a de sempre: declaração oficial nem sempre – ou quase nunca – não é o suficiente.

Minutos depois da escolha de Caboclo, também ouvi de uma fonte de que Caboclo já tinha a garantia de que seria aproveitado de imediato pelo Raptors. Calhou que não era achismo. Durante a apresentação do menino, Ujiri confirmou – depois, inclusive, de admitir que tenha visto o ala, ao vivo, em três ocasiões. O garoto vai trabalhar bastante com a comissão técnica de Casey e deve, aqui e ali, ser aproveitado na D-League. Mas esperem que ele fique muito mais tempo em Toronto, mesmo, já que o time não possui um afiliado particular na liga de desenvolvimento. Hoje, eles dividem esse vínculo com o Fort Wayne Mad Ants com outros 12 clubes (!!!) – uma situação agora bizarra, uma vez que todas as outras equipes  têm parcerias individuais.

*  *  *

O que penso a respeito?

Em primeiro lugar, nunca se pode ignorar o que representa financeiramente a transição para a NBA. É hipocrisia ignorar esse aspecto, ainda que, se tudo ocorresse conforme o esperado (pelo basquete brasileiro), Bruno não teria problemas em tocar uma vida confortável. Mas agora estamos falando de milhões de dólares, e para já.

Tirando isso, que importa, tem o jogo. Sem ele, não há a bufunfa, claro.

Faz mais de meses, especialmente depois da fase final da última LDB, que o burburinho nacional em torno de Bruno estava demais. E com razão. Não é todo dia que se vê um garoto com seus atributos físicos entrar em cena. Agora não é só de envergadura, agilidade e talentos naturais que tais que vive um prospecto. Precisa de tino, força de vontade e um trabalho por trás. E aí ficam os méritos para o Barueri, clube que o teve até 2013, e o Pinheiros, que o contratou no ano passado para acelerar seu desenvolvimento, por meio de trabalhos específicos diários e o simples convívio com o time adulto, que já faz uma baita diferença.

Talvez o ideal fosse seguir nesse ritmo por ora? Era o que o agente Eduardo Resende dizia, há coisa de duas ou três semanas. Que ele ficaria pelo menos mais um ano nessa rotina, antes de pensar em dar algum salto. Jogaria mais com a equipe principal e tal. Acontece que o interesse do Raptors não queria esperar. A franquia canadense confia que possa fazer o jogo do garoto crescer, mesmo que ele não jogue muito em seus primeiros meses – ou até mesmo durante o campeonato inteiro.

Há quem duvide. Um scout da liga disse ao New York Daily News que Bruno não valia nem mesmo uma escolha de segunda rodada. Segundo o que viu do atleta. Pensem que esse tipo de comentário pode sair da boca de alguém que neste exato momento é pressionado por seus superiores sobre um eventual desconhecimento do atleta.

Dos olheiros que ouvi, a frase de consenso foi a seguinte: “Potencial absurdo, mas ainda não sabe muito bem o que está fazendo em quadra. Vai precisar de tempo, mas vale a aposta. Por que não? Muitos calouros americanos mais americanos não dão em nada. E no caso de Caboclo há evidentes qualidades a serem exploradas”. Realmente só não esperavam que fosse sair tão cedo no Draft. As coisas mudam pouco de figura, até mesmo quanto a cobranças de torcedores e mídia, além de adversários mais antenados. Cada ala que tenha saído depois do brasileiro vai tê-lo como alvo.

No ano passado, Giannis Antetokounmpo foi contratado pelo Milwaukee Bucks com planos semelhantes. Acabou que entrou na rotação da equipe rapidamente e terminou a temporada como o novato talvez mais promissor de sua geração. Bruno pode seguir a mesma linha, quiçá, ao menos em termos de ganhar tempo de quadra inesperado? Perguntei aos scouts, e eles só concordavam em uma coisa: que ambos só eram similares em termos de narrativa, história. “Garoto que é uma aberração física e que veio do nada para a NBA”. Mas que o grego já estaria muito mais desenvolvido em alguns aspectos como “feeling” de jogo e sua habilidade com a bola quando foi draftado. São olheiros em que confio, que trabalham para equipes com bom faro para e aproveitamento de jogadores estrangeiros, isso posso garantir.

Aguardemos os relatos de seus treinos e rachas com DeMar DeRozan e Terrence Ross agora mesmo em Los Angeles para ver quais serão as primeiras impressões. Em julho, tem liga de verão. Outra atividade programada será a participação no camp de Tim Grgurich, renomado  treinador que investe muito no aprimoramento de fundamentos e já trabalhou por muito tempo com George Karl, inclusive com Nenê em Denver. Resta confiar agora que os técnicos de Toronto ajudem no progresso do ala para encarar essas diferentes e maiores expectativas. De tudo o que ouço sobre Bruno, da sua parte não vai faltar empenho.

PS: Durante esta Copa, como havia avisado, a atualização do blog fica atrapalhada. Ainda falta escrever sobre Splitter, Spurs, LeBron (de novo!?!) e tal. Ah, seleção também, claro. Está acabando, e logo acessaremos isso. 


Quem vai perder menos e chegar aos playoffs do Leste?
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Giancarlo Giampietro

Por motivos de atropelos da vida – que, não, nada têm a ver com a folia carnavalesca na base do 21, tenham dó –, esse espaço ficou sem atualização por mais que uma semana. O que só deixou claro o quanto a gente pode até fingir que entende de alguma coisa, mas, no fim, não sabe é nada.

A manchete: “Contusão de Nenê ameaça Wizards, mesmo no patético Leste“.

E o que acontece? O Wizards desandou a vencer (quatro vitórias em cinco partidas), ultrapassou a casa do 50% de aproveitamento pela primeira vez em muito tempo (abriu o fim de semana com 32-29) e se firmou na zona de classificação para os playoffs.

John Wall quer por o Wizards entre a elite (ou algo assim) do Leste

John Wall quer por o Wizards entre a elite (ou algo assim) do Leste

Claro que isso não tem a ver com a lesão de Nenê. O pivô era, ainda é uma peça muito importante para qualquer que seja a pretensão de sucesso do clube da capital norte-americana nos playoffs. O time de Randy Wittman – quem diria, hein? –, na verdade, contou mais com as exibições espetaculares de John Wall, uma consistência muito bem-vinda por parte de Trevor Ariza no milagroso último ano de contrato e as babas do Leste para engrenar esse bom momento.

Hoje, dá para dizer que eles estão garantidos nos mata-matas.

Quer dizer: ‘dá’ para dizer. Melhor usar as aspas para aliviar qualquer temor de (mais uma) opinião furada, né? Vamos apostar de modo seguro, que tem toda uma reputação em jogo. ; )

Além do narcisismo – um quesito abundante no jornalismo de opinião em geral –, a aspinha também vale pela simples prudência de que, na abominável Conferência Leste, qualquer coisa é possível. Ao inverso do que ocorre no Oeste, que alguns timaços estão se matando para se manter entre os oito primeiros colocados, do lado do Atlântico norte-americano a coisa é braba: a disputa é pra saber quem é o menos pior entre os concorrentes que obrigatoriamente vão ter de preencher tabela nos mata-matas.

Então vamos averiguar o que está acontecendo nessa disputa naaaaaada emocionante, de quem perde menos, para estender sua temporada para maio. A única ressalva que se pode fazer a esta turma do fundão é que, ao menos, eles têm boas intenções. Se pudessem, estariam vencendo todas, ao contrário do que prega o Philadelphia 76ers. Então… Pelo menos isso. De resto, é uma baixaria que só. Por respeito a Paul Pierce e Kevin Garnett – mas não a Deron Williams e Andray Blatche, que fique claro – e também pela marca de 50% do clube de Brooklyn, vamos considerar que o Nets, em sexto, é o que margeia os times já… Hã… ‘garantidos’.

CHARLOTTE BOBCATS
Posição: 7ª no Leste, 17ª no geral
A pindaíba: 4 vitórias abaixo da mediocridade (29-33)
Saldo de pontos: devendo -1,6
Escalada nos últimos 10 jogos: subindo a ladeira de 1.0 e ar-condicionado ligado (6-4)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 19-18
O quanto quer/precisa dos playoffs: 100%

Por dois anos, Michael Jordan estava interessado em ver sua franquia afundada em um lodo asqueroso. Eles queriam Anthony Davis, ou qualquer jovem craque que pudesse elevar o valor de suas ações. O Draft não os agraciou desta maneira. Michael Kidd-Gilchrist é um garoto admirável, já consegue atrapalhar a vida de muita gente no perímetro como um defensor atlético… Mas o rapaz simplesmente não consegue fazer uma cesta que não seja próxima do garrafão. Cody Zeller, por sua vez, é um fiasco momentâneo. Anthony Bennett e Otto Porter Jr. tiveram problemas físicos, perderam a pré-temporada e as ligas de verão, numa transição importante. O pivô do Bobcats não tem nenhuma desculpa e acabou desbancado por Josh McBob. De qualquer forma, mesmo precisando de mais jovens talentosos, MJ se cansou da humilhação, acertou (enfim!!!) na contratação de um técnico em Steve Clifford, surpreendeu no mercado ao assinar com Al Jefferson e tem agora algo minimamente respeitável em quadra. No Oeste, o Bobcats não passaria de um saco de pancadas. No Leste, porém, são suficientes seu nível de preparação tática de jogo para jogo, a evolução constante de Kemba Walker e o talento daquele que já foi chamado de Baby Al em dominar a zona pintada ofensivamente (médias de 31,3 pontos e 67,5% nos arremessos em março).

Esperança: que Al Jefferson siga arrebentando
O sonho: que MKG convertesse 40% de seus chutes de 3
Vai ou não vai? Vai. Acho.

ATLANTA HAWKS
Posição: 8ª no Leste, 19ª no geral
A pindaíba: 8 vitórias abaixo da mediocridade (26-34)
Saldo de pontos: devendo -1,0
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira na banguela, a mil (1-9)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 18-19
O quanto quer/precisa dos playoffs? 50%

Por que 75? Bom, se você perguntar para o técnico Mike Budenholzer, que faz um tremendo primeiro ano, certamente a resposta seria o triplo, 150%. Ele não deixou os domínios de Gregg Popovich para tirar férias mais cedo na Geórgia. Mas, no que depender de Danny Ferry, o gerente geral, arrisco a dizer que não há tanto problema em arrumar uma vaguinha na loteria. Depois de ficar fora dos playoffs entre 2000 e 2007, a equipe compareceu na fase decisiva dos últimos seis campeonatos. Isso é ótimo. Mas Ferry já indicou que não vai se contentar com o mero sucesso de ser eliminado nas semifinais. Sem Al Horford, a verdade é que o Hawks não tem a menor chance nesta temporada e já seria um forte candidato a cair na primeira rodada (repetindo as campanhas de 2012 e 2013). Com Paul Millsap baleado? Aí é dureza. Então que tal cair um pouquinho e tentar a sorte para contratar uma revelação mais promissora? A grana de quatro ou cinco jogos a mais na fase decisiva é atraente, mas, no longo prazo, este clube decente precisa de mais talento. Lucas Bebê pode se juntar a eles no ano que vem, Dennis Schröder também tem muito potencial, mas tem espaço no elenco para mais.

Horford, Bud e Millsap: boa base para o Hawks do futuro

Horford, Bud e Millsap: boa base para o Hawks do futuro

Esperança: da parte dos técnicos? Que pelo menos os times abaixo percam mais.
Sonho: nem que Al Horford se recuperasse rapidamente, ele poderia jogar. O Hawks já o eliminou da temporada.
Vai ou não vai? Putz, talvez. Não sei.

DETROIT PISTONS
Posição: 9ª no Leste, 22ª no geral
A pindaíba: 14 vitórias abaixo da mediocridade (24-38)
Saldo de pontos: devendo -2,8
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira a mil (2-8)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 20-18
O quanto quer/precisa dos playoffs? 100%

Joe Dumars está com a cabeça prêmio. O arquiteto do Detroit campeão em 2004 e potência na década passada investiu mal novamente este ano, já foi obrigado a demitir mais um técnico recém-contratado e dificilmente escapa da guilhotina. Talvez nem a classificação possa salvá-lo. Em termos de nome, de grife, o Pistons estava obrigado a se colocar entre os oito primeiros. Ao menos era o que o próprio dirigente esperava. Mas não teve nada disso. A linha de três pivôs não deu liga alguma, Brandon Jennings parece irremediável e o elenco de apoio tem jogadores que se duplicam (um mata o outro). Se algo positivo pode ser tirado dessa temporada é o progresso de Andre Drummond, uma força da natureza no garrafão. Para piorar: sua escolha de Draft só será mantida se ficar entre as oito primeiras. Hoje seria a décima, sendo direcionada, desta forma, ao Bobcats. Que fase!

Esperança: que Paul Millsap tenha mais problemas físicos.
Sonho: Josh Smith desenvolver alergia aos chutes de três.
Vai ou não vai? Nem.

CLEVELAND CAVALIERS
Posição: 10ª no Leste, 23ª no geral
O quanto na pindaíba? 15 vitórias abaixo da mediocridade (24-39)
Saldo de pontos: devendo -4,5
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira (4-6)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 14-24
O quanto quer/precisa dos playoffs: 200%

E quando Dan Gilbert prometeu, em carta irada e chorosa, aos seus torcedores que o Cavs seria campeão primeiro que o Miami de LeBron? De lá para cá foram quatro escolhas de Draft entre os primeiros quatro colocados, com direitos a dois picks número 1, e… Aqui está seu clube ainda chafurdado. O gerente geral Chris Grant foi demitido, o time demonstrou algum sinal de recuperação, com Kyrie Irving e Dion Waiters se esforçando para parecerem amiguinhos em público, mas seu retrospecto ainda é patético, a despeito de o time ter pagado caro para trazer alguns reforços. Luol Deng mal pode acreditar no que lhe ocorreu, enquanto Spencer Hawes não resolve a vida de ninguém que esteja tão mal assim. Do lado de fora, Mike Brown já não tem mais desculpas.

Deng estrelando: "Entrando numa fria"

Deng estrelando: “Entrando numa fria”

Esperança: Anderson Varejão inteiro, em forma, e paz na Terra.
Sonho: Aaaaaaaaah, LeBron
Vai ou não vai? Hmmmmmmm… Não.

NEW YORK KNICKS
Posição: 11ª no Leste, 24ª no geral
O quanto na pindaíba? 17 vitórias abaixo da mediocridade (23-40)
Saldo de pontos: devendo -2,4
Escalada nos últimos 10 jogos: descendo a ladeira (3-7)
Entre os fracos (retrospecto na conferência): 15-23
O quanto quer/precisa dos playoffs: 500%

Meu amigo leitor, o caos. Caos, meu amigo leitor. É difícil resumir essa temporada, gente. Uma equipe sem a menor coesão em quadra, desperdiçando o melhor ano da carreira de Carmelo Anthony, justamente quando o ala pode exercer uma cláusula contratual para se tornar agente livre. Mike Woodson completamente fritado. Tyson Chandler despejando mais óleo na frigideira a cada entrevista. JR Smith fazendo do desempregado Ron Artest um sujeito sensato. Raymond Felton preso. Amar’e Stoudemire, walking dead. Pablo Prigioni chorando pela Argentina. Tudo sob a ingerência do bilionário James Dolan, que interfere sempre que (não seja) necessário. Só mesmo Tim Hardaway Jr. e os flashes de potencial de Jeremy Tyler como algo minimamente salutar. De qualquer forma, eles têm duas vitórias seguidas. Agora vai. Ah, e, sim, a escolha de Draft dos Bockers vai para Denver.

Esperança: Millsap fora, Jennings atirando mais tijoslos, nova crise em Cleveland e 30 pontos por jogo eficientes de Carmelo.
Sonho: Phil Jackson, Jeff Van Gundy, Tom Thibodeau? Nada. A saída de Dolan e seus puxa-sacos.
Vai ou não vai? Hahaha, seria a história mais injusta da temporada.


#Susijengi – Gangue dos lobos finlandeses no Mundial
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Giancarlo Giampietro

Finlandeses derrotaram os coirmãos convidados turcos no Europeu. Em 2013

Finlandeses derrotaram os coirmãos convidados turcos no Europeu. Em 2013

#Susijengi.

Era a hashtag mais cultuada do basquete europeu nesta manhã (segundo horário de Brasília).

Não tava entendendo nada. Que raios? Algum mantra chinês?

Nada, quando veio a confirmação oficial da Fiba dos quatro convidados para a Copa do Mundo de basquete, aí as peças foram se juntando. Na verdade, era um texto em finlandês. Porque, sim, a Finlândia vai jogar a próxima edição do Mundial.

Toca pesquisar, passado o susto, a surpresa. É detestável acordar assim, mas o estrago já estava feito.

Não precisou nem dar Google, acreditem. Aos poucos, o Twitter começou a ser inundado pelas mensagens dos jogadores da seleção finlandesa. Todos uivando feito malucos. Auuuuuu! A-uuuuuu! Por todos os lados, eles já haviam nos cercado.

Vejam o Hanno Möttöllä:

Descontrolado.

(Vocês se lembram do cara? Fizemos a mesma pergunta no ano passado, mas tudo bem. É a idade. Möttöllä, de qualquer forma, defendeu o Atlanta Hawks por um tempinho e retornou da aposentadoria em 2008. Vai disputar o Mundial com 38 anos).

Entende-se, então, que susijengi quer dizer gangue dos lobos. A gente podia usar o termo formal, alcateia, mas pra quê, né? Gangue dos lobos é tão mais legal, e tem influência direta aí do linguajar dos “bros” americanos, essa coisa de lobo da rua, ou qualquer coisa nessa linha. Não por acaso, é o nome de um álbum dos rappers do Kapasiteettiyksikkö.  A federação finlandesa também faz questão de nos informar que este é o “nome oficial” de sua seleção.

Susijengi e nóis na fita

Susijengi e nóis na fita

Agora, aguenta.

Ou melhor: agora é apreciar. Não tenham dúvida de que, mesmo com meia dúzia de lobos pingados na arquibancada, eles terão uma das torcidas mais animadas na Espanha. Não pensem que eles não vão dar um duro danado na quadra. Pode espernear até cansar, que a Finlândia está na Copa do Mundo de basquete, e ninguém tasca. E não há nada de absurdo nisso.

A partir do momento em que ficou claro que a Fiba filtraria seus quatro convidados pelo quesito financeiro – e quem duvidava disso? –, não há o que contestar a respeito de nenhum dos convidados.  Poderíamos ter Grécia, Turquia, Rússia e Itália, que seria ridículo igual. Botsuana, Quirguistão, Bolívia e Costa Rica? Na mesma.

O Luiz Gomes, provavelmente atordoado também, fez uma citação daquelas que me deixou fulo de inveja: “Isso não tem nada a ver com merecimento”.

W. Munny, do Missouri. Nada nessa porca vida tem a ver com merecimento

W. Munny, do Missouri. Nada nessa porca vida tem a ver com merecimento

Para quem não sabe, é um trecho do célebre discurso catártico do William “Clint Eastwood” Munny, do Missouri, ao final de “Os Imperdoáveis”. Para quem não viu, um dos melhores filmes da história. Para quem ainda busca redenção divina, corra até a (?) locadora mais próxima.

(E, sim, para os iniciados, todos sabemos que é obrigatória a referência “do Missouri” sempre que falarmos de William Munny. Ele é o William Munny, do Missouri. Fica o esclarecimento para a posterioridade.)

Agora voltando.

Se a grana ditou o jogo, então para que serve esculhambar com a – nem tão– pobre Finlândia? Numa escala de 0 a 10 de quem faz mal para a sociedade, a gente pode dar um belo -7 para eles.

O escândalo não é a Finlândia – ou o Brasil, no caso. O escândalo são os convites.  (Pela lógica: se o inferno são os outros, o escândalo são os convites.)

Mas, se a gente for falar de resultado, e de resultado imediato – por que de que me importa se o Brasil foi bicampeão mundial com Wlamir, se hoje só o temos como comentarista na ESPN?

Nesse quesito, acharia completamente factível que se pegasse apenas o resultado imediato para discutir quem… hã… merecia estar lá. O que aconteceu na campanha rumo ao Mundial.  Que tal recuperarmos a campanha deles no último Eurobasket – 2013 não foi há tanto tempo assim. Acho.

Na Eslovênia, os caras foram a grande sensação da primeira fase do torneio, com quatro vitórias e um revés. Derrotaram, inclusive, dois outros convidados do torneio: Grécia e Turquia. Além disso, venceram Rússia e Suécia (antes de mais nada, com dois jogadores de NBA no quinteto inicial) para avançår.  Na segunda etapa, bateram também os donos da casa, do clã Dragic.

Não tem mais bobo no basquete? (Ou tem de monte?)

Lembrando, sempre com muita úlcera, que o Brasil terminou sua inesquecível campanha na Copa América do ano passado com quatro derrotas em quatro rodadas. Inclusive para Jamaica e Uruguai.

Jamaica > Finlândia?

Finlândia > Uruguai?

Eslovênia > Jamaica?

Fico meio confuso. Mas o fato é que os Homens do Norte aprontaram horrores no torneio europeu e por pouco não foram para as quartas de final. Eles terminaram o Grupo F com a mesma campanha da Espanha. Só caíram no desempate pelo confronto direto. No geral, tiveram cinco vitórias e três derrotas – a França terminou com 8-3, para se ter uma ideia. Para quem eles perderam? Croácia, Espanha e Itália.

Croácia > Jamaica?

Uruguai > Espanha?

Mais confusão para a cabeça.

O jeito é uivar mesmo.

A-UUUUUU!

É nóis na fita e #susigenjiNaCopa.

PS: especificamente sobre a cara-de-pau brasileira nessa coisa toda de convite, foi preciso outro texto.

*  *  *

Angry Birds

Nunca fui muito de videogame. Ok, quando mais novo, perdia o sono com Alex Kid e Black Belt. Depois de um tempo, porém, só ficava com as fitas (sim, ainda eram as fitas) de esporte. SuperMonaco, Lakers x Celtics, os FIFAs… Até chegar agora ao NBA2k. Parei no 12.

De qualquer fora, para mim, videogame sempre foi a coisa do console. Nunca joguei em PC. Na minha cabeça problemática, os dois não combinam.

Logo, jogar no celular parece algo ainda mais descabido.

E o que isso tudo tem a ver com gangues de lobos finlandeses e os absurdos dos convites da Fiba para a Copa de basquete?

É que a empresa Rovio, a responsável pela epidemia mundial que são os Angry Birds, é quem está dando todo o apoio financeiro para o sonho  do país. A própria federação dos caras divulgou release para alardear isso. Não vou eu tentar explicar o que são esses passarinhos estressados para você, né? Só sei que a gente os vê por aí em qualquer banca de camelô ou shopping. São sucessores da abelinha do Charlotte Hornets e do Bob Esponja como estampa de tudo o que se possa imaginar.

São milhões e milhões de pessoas se divertindo com qualquer conteúdo virtual que a Rovio prepare com sua, para seguir na revoada, galinha dos ovos de ouro. No pacote, na proposta que a Finlândia encaminhou para a Fiba, estava a promessa que a empresa fará propaganda gratuita da Copa do Mundo em suas diversas plataformas. Se você não tem cão, caça com passarinho. Ou melhor, não tem audiência de TV, que tal oferecer então visibilidade mundial para um público diversificado?

E aí fica a pergunta. O que é melhor/pior: ser financiado por um jogo online (ou, se preferir, “corporação multimídia que vale bilhões de dólares“) ou pelo bom e velho tesouro público?


Vida nova: 5 jogadores que tentam salvar a carreira na NBA
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Giancarlo Giampietro

Xavier Henry, decolando pelo Lakers

Xavier Henry, decolando pelo Lakers

O esporte, assim como a vida, está rodeado de surpresas agradáveis, sim. Mas, ao mesmo tempo, decepção é o que não falta.

(Chorei.)

No jogo jogado, são diversos os atletas em quem se pode apostar uma fortuna, fazer planos grandiosos  e ver toda essa grana ir ralo abaixo. Por vezes, é questão de azar: uma lesão grave e precoce, por exemplo. Más influências externas também podem atrapalhar muito. A falta de personalidade para fazer valer o talento. Um técnico cabeça-dura e rancoroso. A simples avaliação errada de um departamento de scouts. E mais e mais fatores podem determinar uma aposta furada.

Mas qual é o momento exato para definir que uma determinada história deu errada? Até quando os dirigentes, treinadores, torcedores e analistas devem esperar para dar uma carreira como “acabada”? No Brasil, somos especialmente bons nisso. A facilidade que temos para julgar alguém como “lixo” é incrível. Muitas vezes sem saber nem quatro linhas sobre a vida ou o contexto em torno de um atleta qualquer.

Agora brecamos o negativismo por aqui, sem se apegar tanto a amarguras da vida, tá? Afinal, é final de ano, hora de erguer a cabeça, estufar o peito. Simbora.

Então, assim bruscamente, vamos virar o disco. Quer dizer, vamos identificar algumas das boas e surpreendentes histórias do início de temporada da NBA. Uma turma que vai usando os primeiros meses do campeonato para tentar prolongar suas carreiras:

Xavier Henry, ala do Lakers
O pai de Xavier jogava na Bégica. A mãe integrou a equipe feminina da universidade de Kansas. Seu irmão mais velho foi escolhido na primeira rodada do Draft de 2005 – na MLB. Quer dizer: o DNA estava ali, pronto para ser explorado. E não teve jeito: o garoto seguiu a trilha de esportista, com destaque desde cedo. Foi um dos destaques de sua geração no colegial, sendo eleito para jogar o McDonald’s All American, o Nike Hoops Summit (do qual foi o cestinha americano) e o Jordan Brand Classic. Badaladíssimo.

Xavier, astro colegial

Xavier, astro colegial

Depois de se inscrever na Universidade de Memphis, voltou atrás e seguiu a trilha da mãe e passou seu primeiro e único ano de NCAA jogando pelos Jayhawks. Na estreia, anotou 27 pontos e estabeleceu um recorde pela tradicional universidade. Tudo seguia de acordo com o plano, até ser selecionado pelo Memphis Grizzlies em 12º no Draft de 2010. Em suas primeiras semanas com Lionel Hollins, agradou o bastante para ser promovido a titular por 11 partidas. Aos poucos, porém, começou a sentir dores crônicas no joelho e, de janeiro em diante, foi escalado em apenas 10 jogos. Na segunda temporada, foi a vez de ele sofrer uma torção e ruptura de tendão no tornozelo.

Jogado de canto num time com aspiração de ir longe nos playoffs,  foi envolvido em uma troca tripla no dia 4 de janeiro por Marreese Speights (que seria um taa-buraco devido a lesões de Zach Randolph e Darrell Arthur), indo parar no New Orleans Hornets. Em sua nova equipe, nunca chegou a empolgar. Não passou dos 17 minutos por jogo em duas campanhas – teve médias no geral de 14,6 minutos e meros 4,3 pontos, acertando apenas 40,1% dos arremessos. Foi dispensado.

Talvez seja justo afirmar que, quando assinou um contrato  sem garantias com o Lakers para a atual temporada, ninguém deu bola. Até que, na pré-temporada, começou a fazer barulho e conseguiu passar pelos cortes para compor o elenco de um time que precisava de ajuda desesperadamente no perímetro, enquanto Kobe não voltava.

Ok, o ala vem com uma produção inconsistente, não é que esteja incendiando a cidade, mas ao menos seus espasmos indicam que talvez seja muito cedo ainda para que seja descartado. Só tem 22 anos.

(PS: Jonathan Abrams contou tudo com mais detalhe no Grantland esta semana).

Jordan Crawford, ala-armador do Boston Celtics
Crawford não era tão cobiçado assim quando adolescente e, para piorar, ainda perdeu todo o seu último ano de colegial devido a uma lesão de tornozelo. Ainda assim, fez o suficiente em Detroit para atrair algumas universidades, optando por se inscrever na tradicional equipe de Indiana, pela jogou por um ano (2007-2008).

Jordan Crawford, o armador

Jordan Crawford, o armador

Depois que o técnico Kelvin Sampson foi afastado, no entanto, transferiu-se para Xavier e teve de ficar uma temporada de molho por violar alguns dos mais diversos códigos que a NCAA impõe. Ainda assim, o cestinha conseguiu aquele que talvez seja o mais comentado lance de sua carreira, em 2009, quando enterrou na cara de LeBron James durante um coletivo em um camp organizado pelo próprio atleta (ou pela Nike em seu nome, digamos).

Quando voltou para as quadras para valer, arrebentou pelos Musketeers, com média de 20,5 pontos por jogo e 39,1% nos três pontos. Bastou para lhe garantir a 27ª colocação no Draft de 2010, o mesmo de Henry, para o Atlanta Hawks. Lá, ele arrumou uma confusão danada para os mais desatentos que fossem conferir as tabelas de estatísticas do time, uma vez que suas credenciais se misturavam com as de Jamal Crawford. Waka-waka-waka.

Mas esse foi basicamente o único destaque de sua passagem por Atlanta, mesmo, uma vez que foi repassado para o Washington Wizards ainda como um novato. Na capital americana, não demorou para deixar seu talento evidente (um pontuador criativo a partir do drible), ao mesmo tempo em que foi devidamente posicionado na turma dos cabeças-de-vento JaVale McGee e Andray Blatche como uma figura que não ajudava em nada na química no vestiário.

Em dois anos e meio pelo Wizards, por vezes substituindo John Wall na armação, ele conseguiu dois triple-doubles e algumas noites incríveis de cestinha, com quando 39 pontos contra o Miami Heat. Mas nunca chegou nem a 42% no aproveitamento de quadra e tirou muitos companheiros (e técnicos e torcedores) do sério com seu “apetite” pela bola. Em fevereiro deste ano, foi chutado fora da cidade e acolhido pelo Boston Celtics, em troca de um lesionado Leandrinho. Para ver a moral que tinha.

Num time em derrocada física, não ajudou muito nos playoffs. Mas eis que, nesta campanha, em meio a um time de renegados ou desprestigiados, Crawford encontrou a Luz. Ou Brad Stevens, no caso, que o transformou num armador competente, enquanto não termina a reabilitação de Rajon Rondo. O técnico novato guia o a talentoso jogador em sua temporada mais eficiente na liga, e de longe, na qual, não por acaso, é a que está mais passando a bola.

Ao Zach Lowe, do Grantland, Stevens jura que não teve uma conversa do tipo “venha-conhecer-jesus” – e foi esta a pergunta de jornalista, de me matar de rir.

“A única coisa que eu queria ter certeza era de que ele sabia do meu ponto de vista: que era um novo começo e que acreditamos nele”, afirmou. “Eu já tinha visto ele ser quase impossível de se parar na faculdade, em um jogo que eu treinei contra ele. Eu sabia que ele era um cestinha implacável. A outra coisa que eu sabia era que ele não está com medo em momento algum. Mesmo no Torneio da NCAA, numa atmosfera tensa daquelas, e isso pede muito colhão.”

E o que saiu daí? Simplesmente que o Miami Heat está interessado em seus serviços.

DeMarre Carroll, ala-pivô do Atlanta Hawks
“Junkyard Dog”.

Algo como “Cachorro de Ferro-Velho”. Bravo, salivando para dar umas boas dentadas em quem ousar escalar e saltar a grade. Se cuida aí, mermão!

(Associo sempre esse tipo de cão ao doberman, que anda sumido de nosso ecossistema. Sem preconceito, ok.)

Bem, era esse o apelido de Carroll em seus tempos de universitário, especialmente quando ele jogava sob a orientação de seu tio, Mike Anderson, em Missouri – depois de duas temporadas por Vanderbilt.

Criado no Alabama, o ala-pivô não despertava tanta atenção assim dos olheiros, mas conseguiu bolsa-atleta  um universidades grandes – embora não necessariamente de ponta, esportivamente falando. Pelos Tigers, teve seu grande momento ao liderar uma campanha rumo às quartas de final do Torneio da NCAA.

Foi quase uma dádiva para um garoto que havia recebido uma notícia para lá de preocupante um ano antes. Incomodado com uma persistente coceira nas pernas, Carroll procurou dermatologistas para saber se tinha alguma espécie de alergia. Depois de muita investigação, acabou constatado algo bem mais grave: uma doença no fígado. Pior: uma doença no fígado que muito provavelmente exigiria um transplante no futuro.

DeMarre ignora doença e arrepia na NBA. Sobra até para Splitter

DeMarre ignora doença e arrepia na NBA. Sobra até para Splitter

A doença foi mantida sob sigilo por um bom tempo – segundo os médicos, era algo que não afetaria sua carreira. Ele poderia jogar o quanto quisesse e cuidar do órgão depois. Acontece que, após sua grande campanha nos mata-matas universitários, durante os treinos privados pré-Draft, o segredo acabou revelado. Por mais que tentasse amenizar a notícia, viu sua cotação cair. Não era o fim do mundo, contudo. Acabou escolhido pelo Memphis Grizzlies em 27º.

Aos 23 anos – mais velho que o calouro regular destes tempos –, estaria pronto para ajudar na rotação de Lionel Hollins, antes da chegada de Xavier Henry. Ou não. Mesmo num elenco jovem, em formação, na lista dos minutos distribuídos pelo técnico, foi apenas o nono mais utilizado.

Na temporada seguinte, foi trocado para o Houston Rockets, que devolveu Shane Battier ao time do Tennessee. Menos de um mês depois, em abril, foi dispensado. Só voltou no campeonato seguinte, defendendo o Denver Nuggets. Ficou no clube de dezembro a fevereiro, quando foi novamente mandado para o olho da rua, tendo participado de apenas quatro partidas.

De qualquer forma, a recuperação estava por vir. Foi contratado prontamente pelo Utah Jazz, encontrando espaço no banco de reservas do time, fazendo aquilo que mais sabe: correr pela quadra toda, enchouriçar a vida de quem estiver driblando nas redondezas, lutar por rebotes. O serviço sujo. Mesmo sem Deron Williams, o time deu um jeito de se intrometer entre os oito classificados aos playoffs do Oeste.

Depois de mais um ano de contrato pelo Utah Jazz, foi recompensado nesta temporada com uma proposta de certa forma surpreendente – mais de US$ 7 milhões por três anos. E, sim, para quem interessar possa, um valente como Carroll já garantiu US$ 12 milhões na carreira, no mínimo.

“Eu sou o junkyard dog e você realmente não pode tirar isso de mim”, orgulha-se.

James Anderson, ex-Popovich

James Anderson, ex-Popovich

James Anderson, ala do Philadelphia 76ers
Quase todo o elenco do Sixers podia estar listado aqui, na verdade. É o time com mais refugos desde a montagem do Charlotte Bobcats em seu draft de expansão. Mas vamos com este, ao menos por enquanto.

(Além do mais, com um nome tão comum como esses, é um caso perfeito para esta lista, não? Numa liga dominada por LeBrons, Kobes, Dwyanes e Carmelos, fica difícil prosperar como “James Anderson”. Para piorar, ele não consegue ser nem mesmo o “J.A.” mais bem ranqueado na pesquisa do Google, perdendo para um jogador de críquete qualquer homônimo.

Mas, então, sobre o ala Anderson: aqui estamos falando de mais um “McDonald’s All-American”, vindo do Arkansas. Em seu primeiro jogo de NCAA, por Oklahoma State, marcou logo 29 pontos. No segundo ano pela equipe, teve média de 18,3 pontos e foi chamado para a Universíade. Ao final da terceira temporada, com 22,3 pontos, foi eleito o jogador do ano da conferência Big 12.

Estava pronto, então, para entrar na NBA, sendo selecionado pelo San Antonio Spurs em 20­º. E aí que ele se tornou um raro caso de jovem jogador que não evoluiu sob a tutela de Gregg Popovich no Texas. Se, por um lado, teve um pouco de azar com lesões na temporada de novato, por outro ousou reclamar do técnico por não receber os minutos que achava justo ter nos campeonatos seguintes. Aiaiai. Vagou pelo Austin Toros, a filial de desenvolvimento do clube, sem causar sensação alguma e simplesmente não teve seu contrato estendido. O Coach Pop simplesmente desistiu do atleta em dois anos. A partir daí, passaria um bom tempo na estrada viajando de um lugar para outro.

Anderson tentou, então, um emprego com Danny Ferry no Atlanta Hawks, mas não foi aprovado. Foi inscrito na D-League novamente, pelo Rio Grande Valley Vipers, a filial do Houston Rockets. Foi chamado novamente pelo Spurs para cobrir um período de lesão de Stephen Jackson. Voltou para o Vipers, mas foi promovido de imediato para o Rockets, pelo qual disputou apenas dez partidas.

Na hora de escolher os chutadores que rodeariam James Harden e Dwight Howard em quadra, porém, Daryl Morey preferiu outras opções e foi mais um a dispensar Anderson. E aí Sam Hinkie, ex-braço direito de Morey, o recolheu de imediato na lista de waiver.  Em Philadelphia ele também reencontraria o técnico Brett Brown, ex-assistente do Spurs. Ufa.

“Esta é definitivamente uma grande oportunidade para mim. Sinto que esta é o melhor chance que tive até agora. Definitivamente quero aproveitá-la”, afirma Anderson, que começou a temporada como titular nas alas. Ok, agora está saindo do banco, mas jogando mais de 20 minutos por partida, com média de 10,9 pontos e aproveitamento de 47,7% nos arremessos neste mês. Aos 24 anos, ele enfim conseguiu um pouco de estabilidade.

“Ele se encaixa com nosso estilo com suas habilidades para correr na quadra”, disse Brown. “Ele tem um temperamento calmo. Sabe, talvez ele apenas esteja em uma fase de sua carreira em que vai aproveitar e seguir adiante. Talvez eu e nosso clube estejamos pegando James Anderson no momento certo de sua carreira.”

Josh McRoberts, ala-pivô do Charlotte Bobcats
Era 2005, numa época em que a NBA ainda permitia que os colegiais entrassem direto na liga, sem precisar passar pela hipocrisia do mundo da NCAA. De sua geração, Monta Ellis, Lou Williams, Martell Webster, Gerald Green, CJ Miles, Amir Johnson e Andrew Bynum, todos McDonald’s All-Americans, aproveitaram a brecha e se declararam para o Draft. McBob, considerado o ala-pivô mais promissor do país na categoria, optou por jogar em Duke antes de ganhar seus milhões.

Daí que… Podemos dizer que ele foi uma das maiores frustrações no reinado do Coach K. O potencial atlético do jogador sempre foi evidente, assim como sua versatilidade, preenchendo a tabela de estatísticas. Mas ainda havia muito o que trabalhar em seu jogo, como o físico, a consistência e fundamentos (rebote nunca foi o seu forte, por exemplo, a despeito de sua altura, impulsão e agilidade).

Os scouts começaram a se cansar do cara, a garotada em Duke também, e McBob resolveu sair ao final da segunda temporada. No fim, não fez uma coisa (entrar cedo, após o colegial, com base na aposta em seu talento natural), nem outra (ir para a faculdade para desenvolver seu jogo e se candidatar como um prospecto refinado). Resultado: despencou até a 37ª posição do Draft de 2007, via Portland Trail Blazers.

Na Rip City, o ala-pivô foi o jogador que menos minutos recebeu de Nate McMillan: apenas 28. No ano todo!  Bem, em 2008 acabou trocado para o Indiana Pacers, voltando para sua cidade natal com a benção de Larry Bird. Demorou dois anos, mas na temporada 2010-11, enfim, ele virou um jogador de NBA de verdade, com 22,2 minutos por partida, dividindo posição com Tyler Hansbrough, enquanto David West não chegava.

Como agente livre em 2011, assinou com o Los Angeles Lakers – a ideia dos Busses era combiná-lo com Troy Murphy para tentar suprir a ausência de Lamar Odom. Não deu tão certo assim, e na temporada seguinte ele acabou envolvido na supertroca que levou um suposto superpivô que marcaria história no time. “Isso não me incomoda. Não é que eles me trocaram por uma máquina qualquer ou algo assim. Eles me trocaram por um dos melhores jogadores da liga”, afirmou.

McBob, com visual e tudo para agradar Michael Jordan

McBob, com visual e tudo para agradar Michael Jordan

Em Orlando, McBob nem bem arrumou as malas  e já teve de se mudar para Charlotte, aos 25 anos.  “Estava em uma situação horrível em Orlando, onde eles só queriam me ver fora dali. Eles queriam jogadores jovens e contratos expirando. Em Los Angeles, também não estava muito bem, mas isso não é culpa de ninguém. Foi apenas o jeito como as coisas evoluíram para os agentes livres depois do locaute”, disse.

E foi pelo Bobcats que se encontrou.  Embora continue mal nos rebotes, vem com o melhor índice defensivo de sua carreira. Mas o que chama mais a atenção, mesmo, é sua média de 4,3 assistências por jogo, tecnicamente empatado com o armador Kemba Walker no fundamento. Além disso, ele é o segundo que mais cestas de três fez na temporada, atrás também de Walker.

“Tem sido ótimo para mim até aqui, em termos de ganhar uma oportunidade de jogar na minha posição. Você não quer nunca se acostumar em quicar de um lado para o outro. Este é meu sexto ano e já vi tanta coisa. Agora só quero ficar em um lugar em que eu tenha a oportunidade de ajudar e, tomara, vencer algumas partidas”, disse o ala-pivô.

No que depender Michael Jordan, de Charlotte ele não sai: “Espero que ele não exerça sua cláusula contratual. Temos de fazer de tudo para manté-lo”, disse o proprietário da franquia.

Menções honrosas: Gerald Green em Phoenix, Michael Beasley em Miami, Andray Blatche no Brooklyn, Wesley Johnson em Los Angeles e Lance Stephenson em Indiana. Quem mais?


15 times, 15 comentários sobre o Leste da NBA
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Giancarlo Giampietro

JR Smith x Joe Johnson

Já que estamos em dívida, com o campeonato já correndo a mil, tentamos aqui dar uma looooonga caminhada nesta terça e quarta-feira para abordar o que está acontecendo com os 30 times da NBA até o momento, dividindo-os em castas. Começamos hoje com a Conferência Leste, a famigerada E-League.

Antes de passar por cada franquia, em castas, é mandatória a menção sobre o quão patética vem sendo a porção oriental da liga norte-americana, com apenas três times acima da marca de 50% de aproveitamento, enquanto, do lado ocidental,  apenas quatro estão no lado negativo. Isso muda tudo na hora de avaliar o quão bem um time está jogando ou não num panorama geral. Ter de enfrentar Sixers, Magic, Bucks e… (!?) Nets e Knicks mais vezes do que Warriors, Wolves, Grizzlies e… (!?) Suns ajuda muito para inflar os números de sua campanha. É como se fosse um imenso ***ASTERISCO***.

Agora vamos lá:

Os únicos dois times bons – e que ao mesmo tempo são os principais favoritos ao título
Já sabe de quem estamos falando, né? É a categoria mais fácil de se identificar além de “os dois times que são um pesadelo para Spike Lee, Woody Allen, Al Pacino, Roberty De Niro, os Beastie Boys e qualquer outro nova-iorquino”.  Na saideira de David Stern, o certo era que ele instaurasse uma série melhor-de-81 na conferência, e que o restante se dedicasse a analisar todas as minúcias da fornada do próximo Draft.

Indiana Pacers: que o sistema já funcionava, não havia dúvida. Eles deixaram muito claro nos mata-matas do ano passado. É um time com identidade clara, que defende muito, contesta tudo o que pode perto do aro e na linha de três pontos, sufoca dribladores no perímetro e permite apenas chutes forçados de média distância. Com esse alicerce erguido, o que os eleva ao topo na temporada regular no momento, a outro patamar, é impressionante evolução individual de Paul George, Lance Stephenson e Roy Hibbert. Confiantes, entrosados e candidatos a prêmios desde já. Some isso à melhora do banco, e temos a defesa  mais dura da liga, de longe, agora com a companhia de um ataque que beira o aceitável, sendo o 14º mais eficiente.

Miami Heat: Dwyane Wade joga quando quer ou quando pode, LeBron James regrediu um tiquinho, se comparado ao absurdo que produziu nas últimas duas temporadas (embora esteja finalizando com ainda mais precisão), Udonis Haslem perdeu jogos, Shane Battier despencou, Greg Oden ainda não estreou e… Tudo bem, tudo na santa paz na Flórida. Eles não jogam pensando em agora e ainda é o bastante para, no Leste, sobrar e construir o melhor ataque e a sétima melhor defesa, uma combinação perigosa. Ah, e palmas para Michael Beasley! Por enquanto, em quase dois meses, ele conseguiu evitar a cadeia e, estatisticamente, escoltado por craques, vem produzindo como nunca antes na história dessa liga.

Eles querem, tentam ser decentes (ou talvez não)
Neste grupo temos times que estão entre os menos piores do Leste.

Atlanta Hawks: o mundo dá voltas, LeBron James passa de supervilão a unanimidade, Juwan Howard e David Stern enfim se aposentam, Bush vai, Obama vem, mas o Hawks não consegue se livrar da mediocridade.  Jajá teremos uma década com o time posicionado entre as terceira e sexta posições da conferência. E não podem dizer que Danny Ferry não está tentando. Joe Johnson e Josh Smith se mandaram. As chaves do carro foram entregues para Al Horford. Jeff Teague está solto. Kyle Korver, pegando fogo. DeMarre Carroll, surpreendendo. Mas, no geral, falta banco e consistência, enquanto os jogadores assimilam os conceitos Popovichianos de Mike Buddenholzer.

Detroit Pistons: ainda está cedo para detonar por completo os experimento com os três grandalhões juntos, mas todos os indícios apontam que talvez não tenha sido, mesmo, a melhor ideia. Greg Monroe parece deslocado e Josh Smith comete atrocidades no perímetro – assim como o bom e velho Brandon Jennings. Ao menos, a cada erro da dupla, Andre Drummond está por ali, preparado para pegar o rebote e castigar o aro. Rodney Stuckey, ressuscitado como um candidato a sexto homem do ano, também ajudou a aparar as arestas. Maurice Cheeks ainda precisa definir de uma vez sua rotação e encontre melhor padrão de jogo para adequar as diversas partes talentosas que, no momento, não conseguem se posicionar nem mesmo entre os 20 melhores ataques ou defesas. E, mesmo assim, o time ocupa o quinto lugar no Leste. Incrível.

O aproveitamento de quadra de Josh Smith nesta temporada: as marcas em vermelho, só para constar, estão abaixo da média da liga. E este vermelho lembra um pouco a cor de um tijolo velho

O aproveitamento de quadra de Josh Smith nesta temporada: as marcas em vermelho, só para constar, estão abaixo da média da liga. E este vermelho lembra um pouco a cor de um tijolo velho

Charlotte Bobcats: a franquia apanhou por anos e anos. Foi coisa de ser massacrada mesmo. Daí que, num ano antes do Draft mais generoso dos Estados Unidos em muito tempo,  Michael Jordan resolveu que era hora de gastar uma graninha, acertar em uma contratação (aleluia!) e formar um time até que bonitinho. Al Jefferson ainda não engrenou, recuperando-se de uma lesão no tornozelo, Cody Zeller não impressiona ninguém (positivamente, digo), Kemba Walker não progrediu, mas o time tem se sustentado com sua defesa, guiada por Steve Clifford, sobre quem havíamos alertado. A equipe mais escancarada do ano passado virou, agora, a terceira melhor retaguarda. E, aqui entre nós: Josh McRoberts é um achado.

Washington Wizards: Ernie Grunfeld pode ter feito um monte de barbaridades nas constantes reformulações de elenco que produziu desde que Gilbert Arenas pirou o cabeção. Também não tem muita sorte. John Wall se firmou como um dos melhores armadores de sua geração, mas não consegue levar adiante a dupla com Bradley Beal, afastado por uma misteriosa dor na canela que pode ser fratura por estresse (e aí danou-se). Marcin Gortat se entendeu bem com Nenê – e o brasileiro, todavia, não consegue parar em pé sem sentir dores. Quando Martell Webster vai bem, Trevor Ariza machuca. Quando Trevor Ariza vai bem, Martell Webster machuca. E Randy Wittman, coordenando uma defesa respeitável, tem de se virar do jeito que dá para manter sua equipe competitiva. No Leste, claro, não precisa de muito. Talvez nem importe nem que Otto Porter Junior esteja só na fase de aprender a engatinhar.

Chicago Bulls: pobre Tim Thibodeau. Deve estar envelhecendo numa média de um mês a cada semana nesta temporada. A nova lesão de Derrick Rose foi trágica – e dessa vez não havia Nate Robinson para socorrer. Para piorar, Jimmy Butler caiu, levando junto, agora mesmo, Luol Deng, que estava carregando piano de modo admirável. Em meio a tudo isso, Joakim Noah nem teve tempo de se colocar em forma. Para estancar os ferimentos, Taj Gibson faz sua melhor campanha, Kirk Hinrich tem evitado a enfermaria para organizar as coisas e, claro, muita defesa, a quarta melhor da liga. O suficiente para capengar por um oitavo lugar na conferência, esperando por um raio de sol.

Boston Celtics: Danny Ainge certamente confia na capacidade de Brad Stevens como técnico. Do contrário, não teria dado um contrato de seis anos ao noviço. Talvez ele só não contasse que o sujeito fosse tão bom desse jeito. Aí complica tudo! O Celtics abriu mão de Paul Pierce e Kevin Garnett neste ano para afundar na tabela e sonhar com um dos universitários badalados do momento. E aí que, em meio a essa draga toda, uma boa mente pode fazer a diferença, mesmo sem Rajon Rondo e tendo que escalar Gerald Wallace e pivôs diminutos – sem dar a rodagem necessária para Vitor Faverani. Então, meninos e meninas, pode certeza de algo: se tiver alguém torcendo para a ascensão de Knicks e Nets, o Mr. Ainge é uma boa aposta.

Descendo, mas só por ora
Três equipes que ainda vão perder muito mais que ganhar neste ano, mas as coisas estão mudando. “Perdeu, valeu, a gente sabe que não deu.”

Philadelphia 76ers: ver Michael Carter-Williams estufar as linhas de estatísticas de todas as formas já valeria o ano inteiro para aqueles que ainda choram Allen Iverson (ou Charles Barkley, ou Moses Malone, ou Julius Erving). O armador é a maior revelação da temporada. Havia fãs dele no processo de recrutamento de novatos deste ano, mas, sinceramente, não li em lugar algum a opinião de que ele fosse uma ameaça para conseguir um quadruple-double na carreira, quanto menos em seus primeiros dois meses. Ao mesmo tempo, sem pressão nenhuma por resultados imediatos, o gerente geral Sam Hinkie e o técnico Brett Brown vão rodando seu elenco, garimpando talentos, avaliando prospectos como Tony Wroten, James Anderson, Hollis Thompson, Daniel Orton etc. Sem contar o fato bizarro de que Spencer Hawes, hoje, é um dos melhores pivôs da liga. Vende-se.

Orlando Magic: A base aqui, hoje, é melhor que a do Sixers, com Arron Afflalo jogando uma barbaridade, jogando de uma forma que assusta até. Nikola Vucevic vai se provando que sua primeira campanha na Disneylândia não foi um delírio. Victor Oladipo está cheio de energia e potencial para serem explorados. Andrew Nicholson, Tobias Harris e Maurice Harkless também oferecem outras rotas a serem exploradas. O técnico Jacque Vaughn é respeitado. Para o ano que vem, os contratos dos finados Hidayet Turkoglu e Quentin Richardson expiram, e o gerente geral Rob Hennigan terá espaço para investir.

Toronto Raptors: não houve uma negociação na qual Masai Ujiri se envolveu nos últimos dois, três anos em que ele não tenha, no mínimo, levado a melhor. Isso quando ele não rouba tudo de quem está do outro lado da mesa, sem piedade alguma. Em pouco tempo, já se livrou dos contratos de Rudy Gay e Andrea Bargnani, iniciando um processo de implosão para tentar reformular, de modo definitivo, a franquia canadense – que tem aporte financeiro para ser grande. Jonas Valanciunas está dentro. O restante? Provavelmente fora. Será que Andrew Wiggins vai acompanhá-lo, em casa?

Caos total
A bagunça é tanta que fica difícil de saber como botar tudo em ordem.

Cleveland Cavaliers: no papel, um time de playoff. Mas as peças por enquanto não se encaixam tão bem como o esperado. Para dizer o mínimo, considerando que Dion Waiters partiu para cima de Tristan Thompson no vestiário. Em quadra, Mike Brown simplesmente não consegue organizar um ataque decente que não tenha LeBron James em seu quinteto. O Cavs só pontua mais que o time que aparece logo abaixo aqui. É um desastre. Para se ter uma ideia, dos dez jogadores que ficaram mais minutos em quadra até o momento, apenas Anderson Varejão acertou pelo menos 50% de seus arremessos. Até mesmo Kyrie Irving vem encontrando sérias dificuldades. Os últimos jogos de Andrew Bynum seriam o único indício positivo por aqui – e não que isso sirva para compensar o fiasco total que são as primeiras semanas de Anthony Bennett como profissional:

Milwaukee Bucks: a Tentação de jogar Larry Drew na fogueira também é grande, mas fato é que o Milwaukee Bucks em nenhum momento pôde colocar em quadra o time que eles imaginariam ter. Larry Sanders passou vexame em uma briga na balada, Carlos Delfino ainda não vestiu o uniforme, Brandon Knight e Luke Ridnour se alternam na enfermaria, aonde Caron Butler já se instalou ao lado de Zaza Pachulia. Ersan Ilyasova só não está lá porque o time precisa desesperadamente de qualquer ajuda, ainda que seja de um ala-pivô cheio de dores nas pernas. Apenas OJ Mayo, John Henson e o surpreendente Kris Middleton disputaram as 20 partidas da equipe. De toda forma, esses nomes não chegam a empolgar tanto, né? Daria um sólido conjunto, mas sem grandes aspirações. Se for para empolgar, mesmo, então, com a vaca já atolada no brejo, melhor liberar o garotão Giannis Antetokounmpo para correr os Estados Unidos de ponta a ponta.

Os dois times que são um pesadelo para Spike Lee, Woody Allen, Al Pacino, Roberty De Niro, os Beastie Boys e qualquer outro nova-iorquino
Eles ainda têm tempo para reagir. Mas vai dar muito trabalho e ainda pode custar muito dinheiro.

Brooklyn Nets: bem, sobre Jason Kidd já foi gasto um artigo inteiro. De lá para cá, soubemos que Lawrence Frank tem um salário de US$ 6 milhões (mais que Andrei Kirilenko, Andray Blatche e Mason Plumlee juntos!) apenas para escrever relatórios diários, uma vez que foi afastado do posto de principal assistente. Depois de apenas três meses no cargo. E, esculhambado nos mais diversos sentidos, o Nets obviamente não consegue se encontrar em quadra, mesmo com Brook Lopez jogando o fino. Temos agora o 20º pior ataque e a penúltima defesa da liga, acima apenas do pobre Utah Jazz. Tudo isso, lembrando, com a folha salarial mais volumosa do campeonato. “Parabéns aos envolvidos” se encaixa aqui? Que Deron Williams volte rápido – e bem. Kirilenko também precisa colocar a reza em dia.

New York Knicks: agora fica meio claro a importância que tem um Tyson Chandler, né? Um sujeito de 2,13 m de altura (ou mais), ágil, coordenado, inteligente, corajoso e que ainda converte lances livres? Causa impacto dos dois lados da quadra, facilitando a vida de todo mundo. Inclusive a do Carmelo Anthony, que pode roubar um pouco na defesa, ciente de que tem cobertura. Sem ele, o time virou uma peneira, com a quinta pior marca da liga. No ataque, uma das maiores artilharias da temporada passada agora é somente a 18ª, numa queda vertiginosa que tem mais a ver, é verdade, com a fase abominável de JR Smith e Raymond Felton. Não é culpa do Carmelo, mesmo que ele também não esteja mantendo a forma do ano passado. Daí que temos uma surra de mais de 40 pontos para o Boston Celtics no Garden? Até Ron Artest está pasmo.


NBA 2013-14: razões para curtir ou lamentar os times da Divisão Sudeste
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Giancarlo Giampietro

Cada equipe tem suas particularidades. Um estilo mais ofensivo, uma defesa mais brutal, um elenco de marmanjos cascudos, outro com a meninada babando para entrar em quadra. Vamos dar uma passada, primeiro, pelos clubes da Divisão Sudeste, pensando no que pode ser legal de acompanhar e algumas coisas que provavelmente há de se lamentar. São observações nada científicas, estritamente pessoais, sujeitas, então, aos caprichos e prediletos de uma só cabeça (quase) pensante:

ATLANTA HAWKS
Para curtir:
Al Horford tendo um time só para ele agora. Depois de Joe Johnson, lá se foi agora Josh Smith, e o ala-pivô dominicano vai poder ter mais posse de bola para mostrar sua versatilidade. É um jogo que não costuma render muitos highlights, mas é bonito que só de se ver. Ótimo chute de média distância, capacidade para criar e passar a partir do drible, reboteiro de primeira e um líder em quadra. Craque.

Dennis Schroeder! Qualquer minutinho que o novato alemão tenha. Para quem não o viu em ação na liga de verão de Las Vegas, um resumo: seu jogo lembra, sim, o de Rajon Rondo. Ele age como se já jogasse de armador há 20 anos na NBA, mas na verdade essa é apenas a idade dele.

Kyle Korver e seu arremesso perfeito, equilibradíssimo, não importando a velocidade em que receba o passe ou se ele vai precisar girar para engatilhar e mandar bala.  O mesmo vale para o diminuto Jon Jenkins.

DeMarre Carroll correndo a quadra toda como um cão raivoso.

– Qualquer coisa que Pero Antic possa fazer. Vale pelo visual.

Mike Budenholzer, o melhor discípulo que Gregg Popovich já teve? A conferir.

Para chiar:
– A arena vazia de Atlanta apelando ao sistema de som para tentar passar a impressão de que o clima por lá seja minimamente interessante.

– Elton Brand roubando minutos de Gustavo Ayón. Veterano e tal, Brand ainda consegue proteger o garrafão e matar alguns chutes de média distância. Mas já chegou a hora de algum time da liga dar uma chance de verdade a Ayón desde seus primeiros jogos pelo Hornets. Seria um ótimo reserva para Horford e Millsap, mantendo duplas ágeis e multitalentosas na quadra.

– Qualquer coisa que Pero Antic possa fazer. Talvez nem o visual compense.

Shelvin Mack eventualmente roubando os minutos de desenvolvimento de Schroeder.

CHARLOTE BOBCATS (QUASE HORNETS DE VOLTA)
Para curtir:

Steve Clifford: será que dessa vez vai, MJ? O terceiro técnico em três temporadas tenta fazer da equipe uma entidade no mínimo decente, respeitável em quadra. Os irmãos Van Gundy apostam que sim.

Kembinha

Kemba Walker quer chegar lá

– A evolução de Kemba Walker, um baixinho briguento (no bom sentido, dãr), que não abaixa a cabeça para nada e, isolado em Charlotte, vai se juntando ao grupo de grandes armadores cestinhas da liga.

Josh McRoberts: ninguém dá muita bola para o “alemão”, mas o ala-pivô, uma vez cotado com um grande prospecto universitário e na liga, fez um belo final de temporada pelo Bobcats. Belo passador, dá um duro danado na quadra. Excelente sparring para acelerar a evolução de Cody Zeller.

Ramon Sessions, sem muita firula, estocando lances livres.

Para chiar:
Ben Gordon se comportando como se valesse os mais de US$ 50 milhões que embolsou em seu terrível contrato.

– O arremesso de Michael Kidd-Gilchrist. Um espetáculo de jogador em diversas maneiras, mas ainda aparentemente incapaz de converter um chute de média distância mesmo depois de ter passado as férias treinando a munheca ao lado de Mark Price.

– Bismack Biyombo não foi o novo Serge Ibaka, no fim.

MIAMI HEAT
Para curtir:

– A exuberância de LeBron James.  Até onde podem chegar seus talentos? Será que ele mantém o aproveitamento superior a 40% de três? Conseguiria chegar a 80% nos lances livres? Só restam miudezas para catar.

– Os chutes de Ray Allen da zona morta, até quando durarem. Feche os olhos, Gregg Popovich.

– Um retorno saudável, milagroso de Greg Oden.

– Os cortes sem bola de Chris Andersen para a cesta e sua próxima tatuagem.

– As declarações inteligentes e até demais de Shane Battier.

Udonis Haslem fazendo tudo direitinho em quadra, ainda aguentando o trancol

Para chiar:
– As 450 mil matérias que vão especular sobre o próximo destino de LeBron.

LeBron & Brown?

LeBron e Mike Brown juntos de novo? Mistério… E matérias

– As bravatas, a pose e o jeito de ser de Dwyane Wade.

– Os 6,8 rebotes por partida de Chris Bosh.

– Uma torcida apática e ignorante em geral, para a qual mais vale um gole de mojito do que um passe perfeito de James.

Michael Beasley desarmando LeBron James para poder cumprir suas metas de arremessos.

Rashard Lewis, nheco-nheco. Rashard Lewis, nheco-nheco.

Udonis Haslem mastigando seu protetor bucal.

ORLANDO MAGIC
Para curtir:

Victor Oladipo!!! O novato mais insano de caxias e workaholic a chegar na liga . em muito tempo, com suor e decolagens. Ele vai peitar, vai atazanar a vida de muita gente durante o ano e vai fazer da vida do torcedor viúvo de Howard um pouco mais fácil.

Tobias Harris e Maurice Harkless, no segundo ano na Flórida, tentando elevar seu jogo a um outro patamar, após campanhas promissoras em 2012-2013. Harris é um ala de muita força física, bom chute de média distância e ativo na defesa. Harkless é um atleta de primeiro nível, ainda aprendendo as nuanças, do jogo mas a passos largos. E, não, ele não gosta de ser chamado de “Mo”.

– Nikola Vucevic, um double-double surpreendente atrás do outro.

– Imaginar quem poderá se interessar em uma troca por Arron Afflalo desta vez.

Para chiar:
– A cara de tédio, enfado de Hidayet Turkoglu, seja aonde ele estiver.

Glen Davis devorando sanduíches e arremessos que eram para ser dos meninos.

– Andrew Nicholson se concentrando demais até em seus chutes de três pontos.

Jameer Nelson mastigando seu protetor bucal.

WASHINGTON WIZARDS
Para curtir:

John Wall zieguezagueando até a cesta.

Brad Beal querendo entrar na discussão sobre quem seria o melhor jogador do Draft do ano passado. Olho nele.

– Os passes de Nenê, a inteligência do brasileiro em quadra.

Marcin Gortat aliviando a pressão para cima de Maybyner Hilário e jogando por um contrato valioso no ano que vem, além de suas declarações cândidas, que ajudam qualquer jornalista.

Os poucos jogos em que Jan Vesely vai respirar fundo e aprontar das suas estripulias atléticas em quadra, sem constranger Randy Wittman.

– Os momentos em que você se pega pensando em por que diabos Kevin Seraphin ainda não se afirmou na NBA.

Para chiar:
– Os eventuais quilos de gelo usados para aliviar as dores de Nenê durante a temporada

Trevor Ariza apedrejando longe da cesta.

– Os momentos em que você se pega  sacando por que diabos Kevin Seraphin ainda não se afirmou na NBA.


Com mais espaço, Lucas Bebê tem perspectiva de crescimento no Estudiantes
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Giancarlo Giampietro

Lucas Bebê, de volta ao Estudiantes

Bebê teve boa atuação contra o Fuenlabrada, mantendo sua evolução na Espanha

Ainda é pré-temporada. O Estudiantes ainda está procurando se entender, assimilando as novas peças de seu elenco. O mesmo acontece com a concorrência, ainda mais para aqueles que ainda estão desfalcados pelo EuroBasket ainda em pleno curso. Então não dá para cravar nada e, na hora de apostar, é melhor ser precavido com o seu dinheirinho sofrido de cada dia. Mas as notícias sobre Lucas Bebê que vêm da Espanha neste mês são animadoras.

Depois de namorar o Atlanta Hawks por mais de um mês, vislumbrar a possibilidade de assinar seu contrato de NBA e, no fim, ter de se contentar com o retorno para Madri e a Liga ACB – o que não está nada mal, convenhamos –, o desafio para o jovem brasileiro era manter a cabeça erguida, não deixar a motivação despencar e entrar forte em mais um ano de evolução para a realização de um potencial incrível. Parece que é o que vem fazendo, causando boa impressão nos primeiros amistosos de seu clube.

Aos 21, cada temporada é importantíssima para o progresso de Lucas. Se em Atlanta ele não teria tempo de quadra, melhor, então, seguir em frente com o Estudiantes, ainda mais com um novo contexto rodeando a equipe. Entre os grandalhões, saíram o veterano pivô Germán Gabriel, o o americano e ainda mais experiente Lamont Barnes e o britânico Daniel Clark.

Gabriel foi um dos destaques da liga em 2012-2013 e se viu surpreendentemente valorizado na reta final de sua carreira. Acabou recebendo uma proposta mais intere$$ante do Bilbao, clube de Euroliga, e se mandou para o País Basco. O jogador era a referência no jogo interno, digamos, estudantil e também fazia as vezes de um tipo de paizão do brasileiro – basta acompanhar o garoto no Twitter nestes dias para ver sua admiração pelo ex-companheiro durante os jogos da seleção espanhola: está toda hora perguntando quando o Gabriel vai jogar, por que o técnico não o usa mais, Gabriel isso, Gabriel aquilo. Se, por um lado, ele perde um mentor, por outro sobram mais oportunidades para desenvolver suas habilidades ofensivas.

Barnes, aos 34 anos, era o segundo homem da rotação de pivôs. Clark, que joga muito mais aberto, atirando de três pontos sem a menor cerimônia, era o terceiro. E aí entrava o brasileiro, com o quarto homem, embora começasse as partidas jogando – sim, mais uma prova de que não tem a menor importância qualquer discussão sobre sujeito ser titular ou banco num jogo de basquete.

Para reposição, o Estudiantes investiu em dois reforços bastante experimentados: o búlgaro Dejan Ivanov e o croata Marko Banic. Pelo que vem demonstrando durante a pré-temporada, Ivanov, 27, é quem deve assumir boa parte das jogadas trabalhadas para Gabriel, tendo jogado a Euroliga pelo Lietuvos Rytas e defendido também o Cimberio Varese na Itália. Foi muito elogiado pelo técnico Txus Vidorreta. Veja esta declaração: “Está claro que pelo nosso plantel e as baixas que sofremos, Dejan é o jogador que melhor pode dominar na zona pintada, produzindo na defesa, sofrendo faltas no ataque, indo para o rebote. É um bom passador, joga bem perto da cesta, é uma ameaça e conhece o jogo. Além disso, já parece um irmão mais velho: dá instruções para os jovens e está se integrando de modo fantástico”. Acho que o búlgaro já pode pedir um aumento, não?

Banic, de 29, ainda não fez sua estreia, mas é um velho conhecido do basquete espanhol, tendo jogado pelo Bilbao de 2005 a 2012. Fez um pit stop na Rússia no ano passado, até ser dispensado pelo Unics Kazan devido a uma cirurgia no joelho. Não sabemos qual o seu estado físico no momento. Se estiver em forma, oferece a Vidorreta, com quem já trabalhou no passado, outra referência ofensiva, com uma munheca bastante eficiente próximo da tabela e também nos tiros de meia distância.”Depois de um ano difícil na Rússia, o Marko necessita de confiança para ir retomando as boas sensações. Estou convencido de que ele vai conseguir aqui”, disse o treinador. (Uma anedota sobre Banic: acompanhado de Moncho Monsalve, me lembro de uma carona que conseguimos com a seleção croata para voltar de uma loooonga noite – de jogos! – durante o Pré-Olímpico mundial de Atenas, em 2008. O ginásio do Panathinaikos estava fechando, o transporte para a imprensa havia se mandado, e por sorte me deparei com Moncho num saguão. O treinador estava zanzando por lá, fazendo a social de sempre, também sem veículo para voltar ao hotel. Entrou num bate-papo animado com o atleta, que falava um espanhol impecável, deixando o ex-técnico da seleção embasbacado. Simpático, nos arrastou para o busão, economizando alguns preciosos euros para o repórter.)

Os dois chegam ao Estudiantes para ser protagonistas, não há como negar. Agora, Lucas, no mínimo, já foi promovido a terceiro pivô. Soa até bobo escrever isso, né? Na prática, todavia, isso deve representar uma escalada dos 14 minutos que recebeu na temporada passada para algo entre 20 a 25 por jogo. Não dá para esperar que ele vá ser explorado de maneira substancial no ataque, mas as combinações de pick-and-roll com o jovem atleta devem acontecer com maior frequência. E o pivô também já mostrou que pode contribuir bem em qualquer ataque com sua visão de jogo e propensão para o passe, seja de costas para a cesta ou na cabeça do garrafão. Além disso, enquanto Banic não vai para a quadra, é hora de o brasileiro aproveitar os minutos que tem a mais na pré-temporada e deixar uma boa impressão.

Nos quatro primeiros testes do clube, foi cestinha numa vitória contra o Guadalajara, das divisões inferiores do país – é o que diz o site oficial do clube madrilenho, mas sem dar os números. Na segunda partida, agora contra um rival de ACB, derrota para o Zaragoza, marcou 13 pontos. Contra o Real Madrid, mais uma revés, anotou nove pontos e brigou bem com o tunisiano Salah Mejri no garrafão. Sua participação só acabou limitada pelo excesso de faltas, cometendo a quarta ainda no terceiro período. De todo modo, para sua equipe o ponto mais positivo foi que, quando estavam os titulares em quadra, chegaram a abrir 15 pontos de vantagem.

Nesta quinta, fizeram o quarto amistoso e venceram o Fuenlabrada por 89 a 80. Lucas saiu do banco – Fran Guerra, pivô espanhol da sua idade e mais uma cria da base do Estudiantes, foi o titular – e jogou por 21min48s, terminando com nove pontos, seis rebotes, duas assistências, três roubos de bola e dois tocos. Foi o segundo jogador mais eficiente de sua equipe, com 22 pontos neste quesito, atrás apenas dos 27 de Ivanov. “As coisas vão saindo pouco a pouco. Tivemos bons jogos contra Zaragoza e Real Madrid, sem resultados positivos, mas estávamos contentes por nosso trabalho, e era normal que chegaria um bom resultado que refletiria o que temos feito nos treinamentos. Agora é seguir trabalhando”, disse o carioca.

Em sua cobertura sobre o amistoso, o site Planeta ACB destacou o desempenho defensivo de Bebê, com mais consciência em seu posicionamento, sem perder a agressividade – como seus números, neste caso, comprovam. Suas intervenções teriam gerado bons contra-ataques para seu companheiros. “Ainda tenho que melhorar na defesa sem a bola e usar mais as mãos, mas estou contente com meu progresso neste aspecto”, afirmou.

É isso aí. Na verdade, Lucas tem muito o que evoluir não só nesse quesito, como em muitos outros (desenvolver o chute de média distância, trabalhar o drible rumo ao aro, ficar mais atento na proteção de rebotes, entre outros itens num processo de refinamento).  Hoje, o pivô ainda depende muito de sua maravilhosa capacidade atlética para produzir em quadra. E, quanto mais tempo ele passar nela, melhor. Que comece logo a temporada, então, com os jogos para valer e uma perspectiva bastante otimista para o brasileiro.


Onda de eliminações surpreendentes atinge Europa; Finlândia passa, Rússia e Turquia ficam
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Giancarlo Giampietro

Koponen e o expresso finlandês

A Finlândia de Petteri Koponen (d) apronta no EuroBasket

A Copa América ainda realiza nesta terça e quarta-feira sua disputa por medalhas. O EuroBasket ainda caminha para sua segunda rodada. De qualquer forma, com o AfroBasket e o Campeonato Asiático já encerrados, um cenário nesta temporada 2013 já fica bem claro: as seleções desfalcadas e, antes de tudo, despreparadas tendem a ficar pelo caminho, não importando seu histórico ou potencial.

Para quem ainda não juntou tudo o que vem acontecendo nessas últimas agitadas semanas, segue uma lista das principais seleções habituadas a frequentar a Copa do Mundo, mas que já estão eliminadas, dependendo agora exclusivamente de um dos quatro convites disponibilizados pela Fiba para entrar na festa:

Europa
Alemanha, Rússia e Turquia (a lista vai acrescer ainda, pois ainda temos 12 times vivos disputando seis vagas).

Américas
Brasil e Canadá.

África
Nigéria e Tunísia.

Ásia
China.

Nesse apanhado de times, em termos de elenco, há de tudo: extremamente desfalcados (Brasil, Alemanha, Rússia), moderadamente desfalcados (Canadá) e os que tinham basicamente o que têm de melhor em quadra e, ainda assim, fracassaram (Turquia, Nigéria e China). Então não é que tenha uma explicação única por trás dessas surpresas.

Nem mesmo no caso das ausências. Por exemplo a Rússia. Ficar sem Andrei Kirilenko ou Viktor Khryapa já seria ruim – ainda mais AK, Kirilenko, cuja escalação tem feito toda a diferença nos últimos anos, ganhando bronze olímpico em Londres ou conquistando um EuroBasket batendo a Espanha lá. Agora, perder os dois ao mesmo tempo? A coisa complica, mesmo. Mas o que teria pesado mais para o fiasco de uma eliminação na primeira fase do campeonato continental? Não contar com seus dois principais jogadores (+ os gigantescos Timofey Mozgov e Sasha Kaun) ou o fato de não terem mais o inventivo David Blatt no comando? Ou que seu substituto, o grego Fotios Katsikaris, tenha pedido demissão agora em julho e a bomba, caído no colo de Vasily Karasev, ex-armador da seleção nacional que virou técnico em 2010 e só assumiu um time adulto pela primeira vez em 2012?

Sim, foi dessa forma que os caras chegaram ao torneio continental, em frangalhos, com um treinador jovem e, pior, interino. Aí não há Aleksey Shved, Vitaly Fridzon ou Sergey Monya que deem conta e evitem uma campanha de apenas uma vitória em cinco partidas, perdendo para Finlândia e Suécia.

E sobre quem foi esse único triunfo?

A Turquia. Sim, a Turquia de Ersan Ilyasova, Omer Asik, Hedo Turkoglu, Semih Erden, Emir Preldzic e outros. Que também venceu apenas um jogo, contra os suecos, igualmente eliminados. Que também definiu seu treinador de última hora, ainda que  este não fosse uma novidade: o experiente e vencedor Bogdan Tanjević, com quem foram vice-campeões mundiais em 2010 (jogando em casa, diga-se).

Foi aquela boa e velha baderna: dificuldade para definir o grupo final, um monte de grandalhões no mínimo competentes, mas armação falha, Turkoglu se comportando como o craque nunca foi e amassando o aro (indesculpável  aproveitamento 17,9% nos arremessos de quadra), atletas desinteressados durante pedidos de tempo, o ignorado Enes Kanter dando risada no Twitter depois da eliminação em uma derrota para os arquirrivais da Grécia para, depois, decidir que não era a melhor ideia, apagando o post… Enfim, tudo o que de caótico você pode esperar, ainda que dinheiro não seja problema para a federação local e que suas principais estrelas estivessem fardadas.

Hahahaha, Kanter

Turkoglu sozinho deve ganhar mais que todo o elenco finlandês, mas isso não foi o suficiente para evitar o revés por 61 a 55 na estreia diante dos nórdicos, que lideraram o confronto de ponta a ponta. Quem podemos destacar nesse time? O armador Petteri Koponen é o mais conhecido e talentoso. Aos 25 anos, ele defende o endividado Khimki Moscou, tendo sido selecionado na 30ª posição do Draft de 2007 pelo Portland Trali Blazers, mas cujos direitos foram repassados mais tarde ao Dallas Mavericks. Um jogador corajoso e atlético, que vem liderando sua equipe com 14 pontos, 4,8 assistências e 3,8 rebotes no torneio. Para os torcedores mais saudosistas do Atlanta Hawks, listamos também o pivô Hanno Mottola, aparentemente um imortal aos 37 anos, que jogou na NBA entre 2000 e 2002 e voltou a jogar depois de ter anunciado a aposentadoria em 2008!

Pois é. Estamos numa temporada em que avança a Finlândia, enquanto Rússia e Turquia ficam pelo caminho, não importando quem tenha se apresentado.

Ter Ike Diogu e Al-Farouq Aminu também não livrou a Nigéria de uma derrota para Senegal nas quartas de final na África. A Tunísia caiu ainda mais cedo, nas oitavas, diante do Egito, mesmo apresentando a base campeã continental em 2011. Na Ásia, da mesma forma precoce dançou a acomodada China, com Yi Jianlian e tudo, em uma derrota para Taiwan. Num início de trabalho com Steve Nash atuando como dirigente, o Canadá conseguiu juntar boa parte de sua molecada talentosa da NBA, mas lhe faltou experiência na luta pela vaga no hexagonal americano.

A distância entre as supostas potências (ou “favoritos”) e os (não mais) eternos sacos de pancada diminuiu consideravelmente. Entrar com credenciais já não serve de mais nada. Esses vão ter de jogar, e jogar bem, para vencer, como os jamaicanos deixaram claro para brasileiros e argentinos.

Daí vem a frustração com o trabalho de Rubén Magnano este ano – especificamente neste ano. Com o time completo talvez a campanha brasileira na Copa América tivesse sido completamente diferente, muito provavelmente sim, mas, considerando o que vem acontecendo em todo o globo, nem mesmo essa hipótese pode ser mais encarada como uma garantia. E, de qualquer forma, essa hipótese, de time completo, já estava  aparentemente descartada para todos, menos o treinador.

Num contexto em que todos se veem no mesmo balaio, o argentino era para ser um trunfo da seleção brasileira, alguém que pudesse fazer a diferença, deixando-a bem preparada para as batalhas que viriam. Obviamente não aconteceu dessa vez. Difícil aceitar isso, até para ele, e daí saem os ataques aos que não embarcaram, de pura frustração. Que ele se acostume a partir de agora.

No mundo Fiba versão 2013, de fácil, mesmo, só a vida de Austrália e Nova Zelândia, que só precisa cumprir tabela em dois amistosos no (coff! coff!) Campeonato da Oceania para garantirem suas vaguinhas.