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Convites para o Mundial: quais os prós e contras dos principais candidatos?
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Giancarlo Giampietro

Times do Mundial 2014

A Fiba abriu o jogo, ou pelo menos um pouco dele, ao divulgar nesta semana quais os critérios que seus dirigentes vão considerar para escolher os últimos quatro times classificados convidados para completar a Copa do Mundo de basquete Espanha 2014. Para que não viu, aqui está no site oficial (ou traduzido aqui pelo Basketeria). É uma forma esdrúxula de se definir os times participantes de um campeonato, claro, mas são estas regras, e não há muito o que fazer.

O que conta mais? Tamanho de mercado ou resultados esportivos? Conexões políticas ou popularidade de suas ligas? É muito complicado encontrar um senso comum aqui, numa lista realmente extensa para se avaliar num esboço do que estará na mesa para as próximas reuniões de cúpula da entidade – nos dias 23 e 24 de novembro em Buenos Aires e nos dias 1º e 2 de fevereiro de 2014 em Barcelona. O encontro na capital argentina pode fazer uma primeira peneirada entre todos os candidatos, mas a escolha final ficará mesmo para o encontro na Catalunha.

Claro que tudo pode se resumir a meramente quem pagar mais. Será que o cheque com mais dígitos vai levar? Pode ser que sim, embora não digam isso abertamente. Veja o que diz a federação em seu comunicado: “As confederações nacionais que decidirem colocar suas seleções como candidatas ao convite podem fazer doações. A quantia arrecadada será usada para a promoção mundial do basquete por meio da Fundação Internacional de Basquete da Fiba (IBF, na siga em inglês)”.

Mas, aqui, neste exercício, vamos supor que essa “doação” não será o fator mais decisivo – até porque um país talvez possa não oferecer muito dinheiro, mas sua mera presença no torneio já elevaria suas economias (oi, China). Então é hora de discutir a realidade dos principais candidatos de acordo com os critérios expostos pela federação e ver quais são as chances do Brasil nessa. Imagino que não teremos nenhum convidado fora do seguinte grupo:

Rubén abatido

Será que vai, Magnano?

Brasil
Prós:
sede das Olimpíadas do Rio de Janeiro de 2016 – seria interessante para a Fiba fazer uma Copa do Mundo sem contar com o anfitrião olímpico? Participou em todas as edições do Mundial. Muitos jogadores de NBA. Quinto lugar nos Jogos de Londres 2012. Sede do Mundial feminino de 2006 (com muitos problemas). Engajamento do governo na fomentação da modalidade. Uma das sete maiores economias do mundo. Décimo no ranking mundial.

– Contras: péssima campanha continental, com nenhuma vitória em cinco jogos. Constantes desfalques em suas seleções, embora em Londres tenha reunido força máxima. Liga nacional se consolidando, mas ainda muito aquém de seu potencial. Ginásios vazios.

Canadá
Prós: um vasto grupo de jogadores na NBA – e, melhor, jogadores engajados no programa. Seria um modo de vender uma nova geração de estrelas em escala global. De modo que seria de bom tom colocá-los no Mundial já para dar exposição, incentivar e acelerar o progresso de um projeto bastante promissor. Fora de quadra, registre-se que esta é uma das 15 maiores economias do mundo.

Contras: resultados muito fracos desde a aposentadoria de Steve Nash (ficaram, por exemplo, na 22ª posição no último Mundial, um horror, e nem disputaram o de 2006). Mesmo historicamente seu retrospecto não chega a comover: na Copa América, para constar, conseguiram duas pratas e três bronzes – estão na 15ª posição do ranking mundial. Em termos de popularidade, o Toronto Raptors tem uma das torcidas mais fiéis e/ou raivosas da NBA. Vancouver estaria interessada em acolher um novo clube. Mas a modalidade ainda está bem distante do hóquei, claro.

China
Prós: precisa mesmo? Então vamos lá: não queira ser você o contador que vá fechar uma planilha de Excel de um torneio sem os chineses. Vai ficar tudo no vermelho, se comparada com a edição de 2010. Especialmente contando a audiência. Porque não só estamos falando de bilhões de chineses no total, mas de que, nesse mundaréu de gente, estão muitos, mas muitos, mesmo, aficionados pelo esporte, ainda que ele não tenha o prestígio de um pujante badminton. Se não bastasse, um dos patrocinadores da Copa é chinês.

Contras: olha… Difícil, hein? Só mesmo o fiasco que foi a campanha da seleção no Campeonato Asiático, no qual ficaram com uma péssima quinta posição, atrás de Taiwan. Maior humilhação que isso não tem. Mas foi apenas um acidente de percurso: de 1975 a 2007, os caras ganharam 14 de 16 competições continentais, tendo só perdido a hegemonia em tempos recentes para o Irã. Estão em 12º no ranking.

Grécia
Prós: uma potência na modalidade durante as últimas décadas. Vice-campeões mundiais em 2006. Campeões europeus em 2005. Bronze continental em 2009. Liga nacional caloteira, mas com clubes de muito prestígio, com o Olympiakos sendo o atual bicampeão da Euroliga. Uma nação doente pelo basquete – ainda que podemos dizer que eles, na verdade, são doentes por tudo e qualquer coisa. Acolheram o Pré-Olímpico mundial de 2008, o Mundial de 1998 e o Mundial Sub-19 de 2003. Quinto melhor no ranking da Fiba.

Contras: resultados recentes que ficam aquém do que vinham produzindo. Ficaram fora dos Jogos de Londres 2012, ficaram em décimo no último Mundial, sexto no EuroBasket de 2009. Neste ano, terminaram o campeonato regional apenas com a 11ª posição, ficando atrás até mesmo da Finlândia e da Bélgica (!?) e empatados com a Letônia na lista de times fora da zona de classificação para a Copa do Mundo. Jogadores gabaritados, mas de pouca expressão internacional além de Vassilis Spanoulis. Economia numa crise profunda que se arrasta há anos. Forte concorrência europeia pelos convites.

Clássico é clássico

Grécia e Turquia estão na briga por uma vaga. Mais rivalidade

Itália
Prós: tem uma liga que é historicamente uma das melhores do mundo. Os azzurrinos fizeram um excelente início de EuroBasket, mostrando enorme potencial, mas acabaram desandando da segunda fase em diante, sofrendo três dolorosas derrotas nos mata-matas. Apesar do desfecho decepcionante, apresentaram uma geração empolgante – que poderia muito bem receber uma forcinha da Fiba, para ver se engrenam de vez. Estrelas da NBA disponíveis que se juntam a jovens talentos para as ligas europeias. Uma das dez maiores economias do mundo e um mercado importante para patrocinadores da Copa do Mundo. Sediaram o EuroBasket feminino em 2007.

Contras: esse própria derrocada na reta final do EuroBasket, mas, antes disso, o significativo fiasco de suas campanhas desde a prata olímpica obtida em Atenas 2004: ficaram fora do último Mundial e das últimas duas Olimpíadas, amargando o 21º lugar na lista da Fiba. Forte concorrência europeia pelos convites.

Nigéria
Prós: poderia ser um convidado estratégico para a Fiba se houver algum interesse de intensificar a popularidade do esporte no continente africano. Muitos jogadores talentosos, alguns de NBA, que se comprometeram com a federação local nos últimos anos, premiados com uma surpreendente classificação para os Jogos de Londres 2012.

Contras: pouca rodagem em torneios de grande porte (jogaram apenas dois Mundiais, em 1998 e 2006) e uma economia pouco atrativa para investidores e patrocinadores. Instabilidade da confederação põe em dúvida a continuidade do projeto desenvolvido. Obviamente o azarão aqui, assim como seria a Tunísia, campeã continental em 2011 que também acabou eliminada neste ano.

Kiriklenko x Yi Jianlian

AK e Yi estarão na Copa do Mundo? Muito provável que sim

Rússia
– Prós: uma seleção de enorme tradição no basquete (se considerado o retrospecto soviético, ainda que os lituanos possam dizer uma coisa ou outra a respeito). Campeões europeus em 2007, bronze em 2011. Assim como levaram o terceiro lugar nas Olimpíadas de Londres 2012, mas oscilando muito. Andrei Kirilenko é uma superestrela europeia e presença obrigatória em qualquer clipe durante as transmissões de TV elaboradas pela Fiba. Uma das dez maiores economias do mundo.

– Contras: a despeito do tamanho do país, de suas pretensões no âmbito de política de esporte, sendo a sede da próxima Copa do Mundo de futebol, nunca sediaram um torneio de ponta da Fiba, nem no feminino. Extremamente dependentes de Andrei Kirilenko. Pífia campanha no EuroBasket (21º lugar).

Turquia
– Prós: alto investimento recente em competições da Fiba, sendo a sede do Mundial de 2010 e a futura sede do Mundial feminino, em 2014. Uma liga com forte poder econômico e grandes clubes. Uma companhia do país é a principal patrocinadora da Euroliga. Grande popularidade local, com clubes gigantes. Atual vice-campeão mundial (em casa, diga-se) e sexto colocado no ranking mundial. Jogadores com selo de NBA. Uma das 20 maiores economias do mundo. Posição  geográfica estratégica com território dividido entre Europa e Ásia. Estão em sexto no ranking mundial.

Contras: um tenebroso 17º lugar no EuroBasket, com um time desconjuntado – algo recorrente nas últimas campanhas, com uma disputa de egos notória, problemas que resultam em campanhas igualmente fracas nas últimas edições, não passando do oitavo lugar desde o vice-campeonato continental de 2001. Força da modalidade no país independe dessas participações nos grandes eventos.

Venezuela
Prós: ambição já elogiada pela Fiba para receber torneios da entidade, como a Copa América deste ano e o Pré-Olímpico mundial do ano passado. Liga nacional é uma das mais fortes do continente.

Contras: poucas estrelas, ou nenhuma estrela além de Greivis Vasquez. Só participou de uma edição das Olimpíadas (1992) e de três Mundiais (1990, 2002 e 2006), sem nunca ter ficado entre os dez primeiros colocados nestes torneios. Só tem duas medalhas em Copas Américas (prata em 1992 e bronze em 2005). Falhou em obter a vaga mesmo jogando em casa. Tem o pior ranking desta lista, em 28º.


Menos um gênio no basquete: Theodoros Papaloukas se aposenta
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Giancarlo Giampietro

Papaloukas

Theo Papaloukas, bicampeão europeu pelo CSKA

Muitas conversas sobre o basquete, aqui mesmo em diversas ocasiões, podem terminar em como tal jogador é rápido, veloz como uma flecha, um vulto que você mal vê passar, como veio a ser conhecido Leandrinho nos Estados Unidos, por exemplo.

De ágil, ligeirinho, no sentido físico, Theodoros Papaloukas não tinha nada. No raciocínio, porém? Poucos podiam ler o jogo em um só flash como ele. E é esse tipo de jogador cerebral, sagaz que o basquete perdeu neste domingo, quando o ídolo grego anunciou sua aposentadoria depois  da conquista do terceiro lugar da Euroliga pelo CSKA Moscou, aos 36 anos.

Papaloukas, Hellas

Papaloukas dava um jeito

Um armador de 2,00 m de altura já é uma raridade. Com seu físico de ala-pivô? Mais difícil ainda. E que ele venha a ser um jogador de ponta? Que me lembre, em tempos recentes, só Papaloukas, mesmo – Anton Ponkrashov, da Rússia, seria um paralelo, mas sem metade da esperteza ou habilidade da lenda grega.

Uma vez que você se acostumasse com o nome e esquecesse as piadinhas infames inerentes, só dava para se admirar mesmo com esse armador que fez uma das melhores duplas da história ao lado de Dimitris Diamantidis – dupla que, com o passar dos anos e o desenvolvimento de Vassilis Spanoulis, virou um trio de luxo para a seleção grega.

Foi com essa turma que os helênicos puderam subir ao topo dos torneios promovidos pela Fiba na década passada, ganhando o título europeu de 2005 e o vice-campeonato mundial em 2006, quando derrotaram os Estados Unidos na semifinal. Era apenas o início do projeto governado por Jerry Colangelo, e o Coach K ainda se familiarizava com os macetes do jogo além das fronteiras dos Estados Unidos.

E de macetes Papaloukas estava cheio. A semifinal contra os EUA, mesmo, acaba sendo um dos grandes exemplos de como o armador podia ser o melhor jogador em quadra ainda que passasse a impressão de que se arrastava de uma cesta para a outra. Ele promoveu, com Diamantidis e Spanoulis, uma clínica de pick-and-rolls com Sofoklis Schorstanitis, desmontando a defesa norte-americana. Em 33 minutos, deu 12 assistências (quantidade incomum para um jogo Fiba) e somou ainda oito pontos e cinco rebotes (todos defensivos, um luxo para alguém de sua posição, que podia fazer a coleta e já sair jogando com a bola direto, economizando aqueles segundos em que o pivô precisa encontrar seu organizador para puxar um contragolpe).

Na meia-quadra, a mera troca de marcadores no P/R também era impossível porque o armador ou ala que ficasse com o Baby Shaq seria esmagado debaixo do aro. Por mais que não fosse dos mais explosivos no arranque, o grego fazia um bom papel atacando a cesta porque, mesmo que a cobertura chegasse em tempo para contestá-lo, ele podia usar seu tamanho e força para aguentar o tranco e converter a bandeja ou o chute em flutuação. E, se o treinador opositor ordenasse que a ajuda viesse das alas, estes marcadores extra precisavam ser de altos e/ou atléticos, uma vez que, com seus 2,00 m, o grego consegcontra os EUA, eles mataram 8 em 18 tentativas, 44,4%).

Se tiver coragem, aqui está o jogo  na íntegra, falando grego:

Foi realmente um pesadelo para os americanos: entre os segundo e terceiro períodos, a segunda unidade grega causou estrago, resultando em um placar de 63 a 45 nessas duas parciais. Bem, esse era um Papaloukas no auge. No mesmo ano, foi eleito o MVP do Final Four da Euroliga, ganhando o primeiro de dois títulos pelo CSKA, além de ter sido eleito o jogador europeu da temporada. Em 2007, foi o MVP de toda a Euroliga. Entrou também para o time da década da Euroliga (2001-2010). O currículo não tem fim, então paremos por aqui.

Papaloukas no auge

Papaloukas vibra na vitória histórica sobre os EUA no Japão

Só faltava ao armador um arremesso de longa distância respeitável. Ele termina sua carreira na Euroliga com um aproveitamento fraco, de 29,9%. Só em 2004-2005, ele acertou acima dos 40%, com 41,2%, mas isso nem pode contar já que, no total, ele arriscou apenas 17 tentativas. Era um problema crônico, que também se refletia em seu lance livre (69.2% no total). Que ele tenha vencido tantos títulos com um chute desses só serve como testemunho de seu controle mental sobre o jogo, ditando o ritmo das partidas com um drible consistente, movimentos de hesitação e afins.

Em entrevista ao site Eurohoops, Papaloukas diz se sentir afortunado. “Minha carreira começou em uma equipe de quarta divisão regional em Atenas, no Ethnikos Ellinoroson e vivi todas essas experiências com a seleção grega e o CSKA, o Olympiakos e o Maccabi. Uma carreira assim é uma benção e um privilégio”, disse. Na verdade, o privilégio foi todo nosso, né?

O ídolo grego afirmou ainda que vai ser difícil, claro, deixar o basquete para trás e viver uma vida normal por um tempo. Não sabe o que vai fazer de sua vida agora, se segue no envolvido com o jogo de alguma forma.  O que a gente sabe apenas é que ele não precisa ter pressa nenhuma para tomar essa decisão. Isso é algo de que nunca precisou para marcar época.


Por razões religiosas, americano rompe com Zalgiris por discordar de patrocínios e cheerleaders
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Giancarlo Giampietro

Ibrahim Jaaber, ex-Zalgiris Kaunas

Vamos com o lide clássico porque realmente não dá para ser melhor ou mais estranho que isso: “O armador americano Ibrahim Jaaber, 28, rompeu seu contrato com o Zalgiris Kaunas nesta quarta-feira por discordar da política de patrocínios promovida pelo clube lituano, participante da Euroliga, e também por considerar exagerada a apresentação de um grupo de cheerleaders em partida da liga local”.

Sim.

Por motivos religiosos, Jaaber não aceitou mais defender o tradicionalíssimo Zalgiris nesta temporada, por não aceitar jogar com uma camisa que possua marcas de uma cervejaria (Kalnapilis), de uma fabricante de espumante (Bosca) e/ou um site de apostas (Top Sport). De modo que pediu a seu agente para contatar a diretoria do clube presidido por Arvydas Sabonis para acertar sua rescisão contratual.

Além disso, o armador também levou em conta em sua decisão a performance das animadoras de torcida do Lietkabelis, que recebeu a superpotência lituana na cidade de Panevėžys – a quinta maior do país báltico, com 113.653 habitantes, sendo que uma dúzia delas é composta por  dançarinas aparentemente bastante provocadoras.

Segundo consta, o norte-americano teria ainda concordado em devolver todo o salário que recebeu na temporada.

Agora está sem clube, mas com seu passaporte búlgaro disponível para prestar serviços para outro clube. Formado na universidade de Penn, ele joga na Europa desde 2007, tendo se destacado nas últimas temporadas no basquete italiano, por times fortes como Lottomatica Roma e AJ Milano.

De todo modo, vai para o mercado com claras restrições e, possivelmente, assustando os interessados. Patrocinadores podem se diversificar. Mas show de cheerleader, goste ou não,  já é atração banal em todo lugar nas quadras europeias.

*  *  *

Lembra quem já defendeu o Zalgiris?

Marcelinho Machado. Ele mesmo: na temporada 2006-2007, a última em que topou jogar fora do país, longe do conforto do Rio de Janeiro. Ele estava inserido na rotação da equipe, embora como coadjuvante. Terminou aquela Euroliga com médias de 7,67 pontos, usando a camisa 9 – sua costumeira 4 estava reservado para o xodó da casa, o ala-pivô Paulius Jankunas, que ainda joga pelo clube.

*  *  *

Mais algumas notas da Euroliga antes dos jogos da sexta semana do Top 16:

– O ala-armador americano Brad Oleson trocou o Caja Laboral pelo Barcelona. A contratação de Oleson era algo que o Barça estava tentando há tempos, e o jogador serve agora como uma espécie de apólice de seguro para o caso de as lesões de Juan Carlos Navarro não cessarem nesta temporada. O time basco acabou liberando o jogador por não conseguir honrar seus compromissos – especula-se que tinha uma dívida de cerca de um milhão de euros com o atleta, um ótimo arremessador de três pontos, e daqueles que “surgiu do nada” na Europa, depois de pouca, ou nenhuma badalação em casa. Para seu lugar, foi contratado o ala-armador tcheco David Jelinek, ex-Joventut.

– O Olympiakos vai ter de tentar defender seu título sem a presença do armador Evangelos Mantzaris em seu quinteto titular. O jovem grego sofreu uma grave lesão e está fora da temporada. É uma perda considerável para o clube de Atenas. Também uma aposta da seleção grega, Mantizaris é um atleta de ótima presença defensiva, cujo basquete combinava perfeitamente com o de Vassilis Spanoulis. Cresce a responsabilidade para o americano Acie Law agora.


A vitória memorável da Nigéria sobre a Grécia
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Giancarlo Giampietro

Al-Farouq Aminu

Al-Farouq Aminu decola para um belo toco contra a Grécia em São Carlos. Crédito: Inovafoto

Quando vimos na semana passada o amistoso entre Nigéria e Grécia, em São Carlos, ficou uma ótima impressão sobre a equipe africana, uma grata surpresa. Com jogadores extremamente atléticos, dedicados e unidos, embora ainda não compusessem e componham o melhor coletivo, poderiam ter uma chance. Com a grande vitória sobre os mesmos gregos nesta sexta-feira em Caracas, pelo Pré-Olímpico mundial, eles agora, na verdade, têm duas chances para conquistar uma inesperada vaga em Londres-2012.

Isso porque os nigerianos, com uma vitória dramática por 80 a 79, despacharam a tradicionalíssima seleção helênica nas quartas de final do torneio qualificatório, tendo agora a primeira oportunidade de garantir o passaporte na semifinal contra a Grécia ou, em caso de revés, na disputa pelo bronze.

Por pouco mais de 30 minutos, o que se viu na capital venezuelana foi o embate de dois times completamente opostos. A Grécia movendo bem a bola de um lado para o outro da quadra, explorando seu melhor entrosamento, técnica e experiência, abrindo 13 pontos de vantagem. Do outro, um vigoroso adversário que sobrevivia com base em jogadas individuais de seus atletas (foram apenas seis assistências em 40 minutos) e da coleta de uma infinidade de rebotes ofensivos (16 de seus 36).

No quarto período, contudo, os nigerianos passaram a anular a Grécia na defesa física, mas mais paciente, sem cometer tantas faltas. Do outro lado, no mesmo ritmo, encontraram corredores e melhores oportunidades para pontuar. Isto é, atacando o garrafão mais com esperteza do que por mero impulso. De pouco em pouco, tiraram a diferença.

Por ironia, no fim, a Grécia dependia basicamente das investidas de Vassillis Spanoulis, que terminou com 25 pontos, 7 rebotes e 5 assistências e parecia absolutamente o único disposto a bater para a cesta nos cinco (!!!) minutos finais – ele fazia de suas mágicas com a bola, aproveitando espaços dos corta-luzes imensos de Ioannis Bourousis. Para ser justos, o jovem ala Kostas Papanikolau (uma excepcional escolha do Knicks na segunda rodada do Draft) chegou a matar uma bola de três pontos a 13 segundos do fim, colocando sua equipe um ponto na frente: 79 a 78.

Spanoulis defende

Imaginava Spanoulis em São Carlos o revés contra a Nigéria?

Aí entrou em cena o ala-armador Ade Dagunduro. Com toda a personalidade do mundo, ele controlou o tempo, partiu para o garrafão, girou em cima de Zisis e sofreu a falta na tentativa da bandeja. Após um pedido de tempo, não se abalou e converteu seus dois lances livres, em arremessos de tirar o fôlego, com um arco muito alto. Parecia que a bola não cairia nunca. Mas foi de chuá. Os nigerianos ainda impediram uma saída de bola e, no estouro do cronômetro, conseguiram um toco em cima do próprio Spanoulis.

Dagunduro, maior cara-de-pau, já havia convertido um chute de três antes de Papanikolau – cinco de seus 14 pontos, então, vieram no máximo do crunch time. O descendente de nigerianos, de 26 anos e nascido em Los Angeles, defende o Leuven Bears, da Bélgica. Sua média foi de 8,7 pontos no torneio. Não podia ter brilhado em melhor hora.

Mas não dá para eleger um só herói. Ike Diogu, inexplicavelmente desprezado pela NBA, Alade Aminu, muito ativo na defesa, o tinhoso armador Anthony Skinn, que já viveu uma grande campanha rumo ao Final Four da NCAA pela modestíssima universidade de George Mason, e o promissor Al-Farouq Aminu, do Hornets, também deram suas contribuições significativas nesta vitória memorável para o basquete africano.

Foi mais um grande exemplo que, com um mínimo de organização, as equipes do (verdadeiro) velho continente podem fazer um estrago danado em cenário mundial. Mais cedo, Angola caiu perante a Rússia, mas os lusófonos mesmo já haviam bagunçado um pouco a casa ao derrotar a Macedônia na fase de grupos. Mas há ali um potencial absurdo a ser explorado.


Com mais 2 cortes, Magnano agora vai com qual pivô?
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Giancarlo Giampietro

Bom, aparentemente, quando Magnano convocou Nezinho e Vitor Benite ao final do Sul-Americano, era apenas para compensar os desfalques que teria em seus primeiros três amistosos preparatórios rumo a Londres e, ao mesmo tempo, recompensar os dois jogadores pelos serviços prestados – isto é, obrigado por nos ajudar com a classificação, mas agora optei por seguir outros rumos.

Caio Torres, seleção brasileira

Caio Torres, opção para Magnano

Com Huertas merecendo um descanso, Leandrinho ainda emperrado com nossa burocracia, eles ajudaram o argentino a preencher a rotação nas partidas em São Carlos e, por certo, ganharam uma última chance para tentar impressionar o chefe. Agora, em uma semana o que o treinador poderia realmente ver de diferente além do que já sabia sobre os dois atletas?

De todo modo, segue a vida e o curso da seleção, agora com 13 jogadores, definidos os cortes dos dois atletas de perímetro. Fica agora a dúvida sobre quem será o último atleta a ser dispensado para que conheçamos os 12 olímpicos.

Tudo leva a crer que os pivôs Augusto Lima e Caio Torres concorrem diretamente pela vaga. Discutir se Raulzinho ou Larry Taylor poderiam dançar seria uma temeridade – levar só dois armadores e improvisar Leandrinho? Não, obrigado.

Entre Augusto e Caio temos uma senhora dúvida. Tentemos explicar o quão complicada pode ser essa decisão: são dois tipos de pivô completamente diferentes. Augusto corre a quadra toda. Caio, que está bem mais fino, em sua melhor forma física, é mais lento. Augusto, por sua mobilidade, finaliza melhor no pick-and-roll e ataca os rebotes ofensivos com voracidade, enquanto Caio funciona melhor de costas para a cesta ou posicionado para chutes de média ou longa distância, podendo ficar assim mais distante da tabela.

Nenê e Magnano

Augusto ou Caio: quem combina mais com Nenê/

Que tipo de jogo Magnano espera encarar nos Jogos britânicos? Batalhas mais lentas e pesadas? Ou um jogo mais atlético, veloz, dinâmico? Cada proposta dessa combina melhor com um dos pivôs. Vendo a formação de elencos por aí afora – a Lituânia tem apenas duas ‘torres’ no Pré-Olímpico, mesmo caso da Grécia e da Rússia, por exemplo –, a aposta é que veremos algo mais parecido com a segunda  alternativa.

No fim, porém, esses podem ser apenas devaneios despropositados, e o técnico nem estaria interessado nesse tipo de discussão, podendo simplesmente optar por levar aquele que considera o melhor jogador entre os dois, sem se importar também se um combina mais com o outro, em termos das combinações que pensa deixar em quadra.

Hoje, Caio é um jogador mais refinado (em termos de habilidades), experiente (já passou um bom tempo na Espanha) e está em melhor fase (Augusto lidou com muitos problemas físicos durante o ano). Também foi incluído diretamente na lista primária, o que faz diferença, por mais que o treinador negue.

Nenhum dos dois vai mudar o rumo da seleção agora em Londres. Mas o debate é divertido e sempre vale.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada.


Os ajustes de Varejão, a defesa de Alex, os passes de Nenê: começa bem a seleção
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Giancarlo Giampietro

Por motivos de razão conjugal – sacumé… –, atrasamos por toda a eternidade de um dia nossas notinha sobre a vitória do Brasil de Magnano sobre a Grécia.

(É legal escrever Brasil de Magnano, né?)

Depois de visto o VT nesta sexta, vamos lá:

– Repararam como o Anderson Varejão se sente muito mais confortável no ataque quando joga de verde e amarelo? Rebobine e tente achar algum clipe da Copa América de 2009, com Moncho, e confirmarás. Em Cleveland, o pivô teve mais liberdade na última temporada, mas dificilmente está livre, leve e solto com a bola nas mãos. Pela seleção, uma subta transformação. Ele corta com e sem a bola para o aro, gira, improvisa bandejas etc. Uma beleza. Sua agressividade defensiva é traduzida do outro lado.

Alex x Spanoulis

Alex sobe para bloquear Spanoulis

– Por outro lado, Varejão teve alguma dificuldade para conter o ala-pivô Georgios Printezis, que vive a melhor fase de sua carreira, diga-se. Mais ágil, combativo, igualmente energético, o jogador que fez a cesta do título da Euroliga pelo Olympiakos anotou dez pontos no quarto inicial do amistoso, se desgarrando facilmente do capixaba. A defesa é o forte de Anderson, mas nos últimos anos ele vem jogando muito mais como um “5”, cobrindo adversários mais fortes e pesados. No mundo Fiba, ele vai lidar com gente um pouco menor, que flutua bem mais. Isso vai pedir uma revisão de cacoetes do brasileiro. Natural, ainda mais para quem ficou tanto tempo inativo.

– Nenê sempre teve o passe como uma de suas habilidades mais subestimadas – lembram quando George Karl até implorava para o pivô ser um pouco mais egoísta? Varejão vai se cansar de fazer bandeja e ganchinho próximos ao aro, atento que está à assistências do companheiro. Os alas também devem ficar atentos quando cortam pelo garrafão.

– Foi bem divertido acompanhar Alex perseguindo Vassillis Spanoulis no primeiro tempo em São Carlos. É um páreo duro acompanhar o escolta grego, mas para o ala de Brasília isso não representa nenhum problema. Dá para dizer que ele até gosta. O veterano desfruta de uma situação bem cômoda no NBB, enfrentando pouca resistência. De qualquer forma, não deixa de ser uma pena que ele não esteja numa Euroliga, combatendo a cada rodada, tal como fez pelo Maccabi anos atrás. (PS: no quarto período, foi a vez de Larry cuidar bem do astro grego).

Varejão x Printezis

Varejão: diferenças no mundo Fiba

– No terceiro quarto, o garoto Raulzinho teve muitos problemas para encarar a marcação sob pressão oponente, especialmente com Nick Calathes fungando sem parar. Houve uma sequência em que ele cometeu três turnovers seguidos, resultando em contra-ataques para os gregos.

– O confronto com a Grécia apresentou também uma realidade bem diferente ao Brasil de Magnano (hehehe), comparando com o que vimos diante de nigerianos e kiwis. Contra um time mais estruturado, com cinco armadores/escoltas acima da média, a agressiva defesa brasileira forçou menos erros e pontuou menos em cestas fáceis. Mas não se avexem: o time elevou seu padrão ofensivo e venceu uma equipe de primeiro escalão, mostrando que tem mais recursos e opções para se impor.

– A Grécia é um grande time, mas perde muito sem Dimitris Diamantidis e os 15, 20 minutos de pancadaria com o Baby Shaq Sofoklis Schortsanitis.

PS: Veja o que o blogueiro já publicou sobre a seleção brasileira em sua encarnação passada