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Arquivo : Frye

Love pode ser reserva no Jogo 4. Como fica o Cavs?
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Giancarlo Giampietro

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Entrando com link ao vivo direto do vestiário do Cleveland Cavaliers, o repórter Renato José Ambrósio, da ESPN Brasil, relatava como Kevin Love havia passado todo sorridente pelo recinto, saudando seus companheiros, após a espantosa vitória por 30 pontos sobre o Golden State Warriors pelo Jogo 3 das finais da NBA.  Resta saber se ele ainda ficaria tão empolgado assim caso consultasse o Google para ver o que os jornalistas estavam repercutindo sobre esta surra que havia acabado de testemunhar fora da quadra. Mas não só essa corja do reportariado, não. Jogadores dos mais diversos perfis, como o classudo Vince Carter e o descontrolado Markieff Morris, também empunharam a corneta.

Independentemente do que estava sendo publicado, LeBron James saiu de peito estufado, mas isso é o natural. Kyrie Irving redescobriu sua ginga e JR Smith, seu arremesso e a coragem para arremessar também. Richard Jefferson deveria estar fazendo flexões que nem um maluco pilhado. Tyronn Lue talvez tenha se dado ao luxo de acender um charuto e abrir a melhor champanhe disponível na arena, se livrando de um fardo – pelo menos por uma noite. Agora… Quanto a Love, o que dá para dizer é que o amor realmente não estava no ar. (Mil perdões pelo trocadilho, mas é que parece obrigatório fazê-lo, não? É maior do que o bom senso.)

A partida ainda não havia nem acabado. Ainda estava rolando o primeiro tempo, na real, quando o desempenho arrasador dos donos da casa já sugeria esse questionamento que vai durar até a noite de sexta-feira, quando a bola subir para o Jogo 4: será que o Cavs melhora sem o ala-pivô? Lembrando, para quem não sabe, que o jogador ainda está vetado pelo departamento médico do clube, ainda sob efeitos de uma concussão, causada por uma cotovelada involuntária de Harrison Barnes pelo segundo jogo.

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De primeira, considerando o resultado de 120 a 90, a resposta parece óbvia e inclemente, não? Deu no que deu. Mas não dá para dizer que tudo se explica pela ausência. Seria muito simplista atribuir uma vitória desse tamanho ao fato de Love estar assistindo ao espetáculo. Da mesma forma que a equipe não apanhou em Oakland só por contar com ele. Cada jogo conta uma história, como bem podemos notar nesta série, e a alternância de um dia para o outro pode ser influenciada pelos fatores mais aleatórios. Nesta quarta, o Cavaliers precisava vencer de qualquer maneira. Ou isso, ou seriam obrigados a vencer quatro partidas seguidas contra um adversário que, no ano inteiro, só foi derrotado 14 vezes em 101 partidas. Para o time anfitrião, como LeBron havia colocado, era matar ou morrer, exigindo esforço absoluto. Uma situação extrema, por mais que pensar os Jogos 1 e 2 de uma decisão de NBA como temas menos urgentes seja absurdo.

Nos 38 minutos em que o ala-pivô esteve fora de quadra durante as duas primeiras partidas, o Cavs foi superado por 32 pontos – dos 48 negativos que havia acumulado, vejamos. Em termos de pontos por posse de bola, o quinteto titular com Irving, JR, LeBron, Love e Tristant, a formação mais usada nos playoffs e vinha tendo sucesso. Ainda nestas finais (com 32 minutos), teve o saldo menos pior, com -8,9 pontos.

Ok. Mas perder por 8,9 pontos a cada 100 posses deixaria o Cleveland entre os piores times da liga durante a temporada regular, por exemplo. Estava longe do ideal. Então talvez, independentemente de uma concussão, fosse a hora de Tyronn Lue buscar novas soluções. Pois o Jogo 3 vai forçar o treinador a abrir a cabeça, mesmo, e pensar bem no que fazer daqui para a frente. Quais foram as consequências mais óbvias dessa mudança?

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Ao escolher Richard Jefferson como o substituto, em vez de Channing Frye (que tem posicionamento e papel semelhante ao de Love), Lue viu o Cavs ganhar muito mais agilidade e mobilidade, atacando e defendendo. Por mais peso que Kevin Love tenha perdido desde sua entrada na liga em 2008, ainda estamos falando de um jogador que contribui em transição muito mais com seus maravilhosos passes longos logo na sequência de um rebote ou como chutador de três pontos sendo justamente o último a chegar ao ataque, recebendo o passe de dentro para fora. Não que Jefferson seja superior, por mais que esteja contribuindo nas últimas duas partidas. Foi só uma questão do encaixe, da composição de um quinteto que renda melhor especificamente contra o Golden State.

Jefferson, aos 35 anos, simplesmente não pára em quadra e ainda tem capacidade atlética para incomodar quando corta para a cesta sem a bola, balançando a defesa do Warriors, e também colocando seu próprio time em movimento. Para Love, a dinâmica é a aposta. Em Cleveland, o jogador de 27 anos geralmente é acionado de costas para a cesta para jogar em mano a mano ou tem de abrir e estacionar na linha de três esperando o desfecho de alguma trama de LeBron ou Irving. Ainda é um jogador efetivo nesse tipo de jogada, mas está basicamente parado em quadra.

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Contra uma defesa tão agressiva e bem preparada como a do Warriors, essa abordagem permite que os marcadores se aproximem dele e recuperem sua posição original com maior facilidade. Na defesa, o veterano ala também cobre muito mais espaço, combatendo Harrison Barnes ou Andre Iguodala tranquilamente, assim como o espigão Shaun Livingston. Já Channing Frye, regristre-se, foi constantemente atacado por Barnes no segundo período, sem conseguir parar o ala, justamente no melhor momento do adversário no confronto.

Outro fator que pode ter contribuído: sem Love, LeBron e Irving tiveram mais chance para atacar. Não só em termos de espaçamento como em oportunidades, mesmo, de ficar com a bola. Não havia a preocupação de envolver o ala-pivô e deixá-lo motivado – uma novela que se arrasta desde 2014, com seus treinadores buscando soluções para tirar o máximo de proveito dos recursos do jogador . Os dois astros que foram para a quadra tentaram juntos 51 arremessos, praticamente divididos em 50% para cada. LeBron, operando basicamente na cabeça do garrafão, atacando frontalmente, só tentou um a mais.

Dado o resultado surpreendente da partida, já há, então, esse forte clamor para que Love fique no banco. Isso para quem ainda conta com o jogador. Houve mesmo que sugerisse, fazendo piada ou não, que ele nem voltasse. Ainda que Lue pareça disposto a enxugar ainda mais sua rotação, banir Love seria um exagero. Se for manter o quinteto com Jefferson, LeBron e Thompson entre os titulares, Love poderia ser utilizado de modo pontual, contra a segunda unidade do Golden State, tal como OKC fez com Enes Kanter na final do Oeste ou como o próprio Golden State lidou com David Lee no ano passado. O problema? Mesmo nesse cenário, o ala-pivô ainda teria de perseguir Draymond ou Barnes. A não ser que Marreese Speights ou Festus Ezeli estejam em quadra.

O mistério é saber como Love reagiria a um eventual rebaixamento. Em tese, como Andre Iguodala nos ensina, deveria valer tudo em nome do time, né? O sucesso coletivo viria antes do brilho individual. Acontece que o ala-pivô  não é dos personagens mais fáceis de se dobrar. Segundo Marc Stein, do ESPN.com, após participar de um treino leve pela manhã, ele estava crente que iria para o jogo. Mas não foi liberado pela equipe composta pelo médico Dr. Alfred Cianflocco e o fisioterapeuta Steve Spiroe, ambos da franquia,  e do médico Jeffrey Kutcher, da NBA, e ficou pê da vida. (Atualização: a mídia de Cleveland agora diz que um retorno do jogador é provável para esta sexta-feira, e como reserva, mesmo, sem citar fontes oficiais.)

Também há um contexto complicado aqui, com muita história. Dependendo da reação, do que se passar em quadra e do desfecho da série, não é descabido dizer que Love pudesse até mesmo estar se despedindo do clube. Isso são os repórteres que cobrem o Cavs diariamente que dizem. (A propósito, que tal Love por Melo?)

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Agora sob luz mais intensa ao lado de LBJ, o veterano viu sua cotação se desvalorizar bastante desde a saída de Minnesota, de forma justa ou não. Depois de ter custado ao Cavs um prodígio como Andrew Wiggins, o número um de seu Draft, em 2014, agora há quem duvide que o clube conseguiria até mesmo um combo de Avery Bradley e Jae Crowder (independentemente da matemática salarial) pelo jogador. Os mais críticos falam sobre sua lerdeza e desatenção na defesa. Além de sua dificuldade para se integrar a um grupo – neste caso, LeBron foi um dos que jogou gasolina na fogueira, com diversas indiretas em redes sociais ou mesmo em entrevistas, reclamando de sua suposta postura de lobo solitário.

Tyronn Lue está ciente de tudo isso, claro. Os dirigentes e companheiros de time também. Se o técnico, jogador, elenco a diretoria vão se deixar influenciar por esse dilema, se vão pensar tão somente naquilo que acreditarem ser o mais útil para tentar empatar a série e lutar pelo título, talvez seja a principal pergunta do momento. Em sua coletiva pós-jogo, Lue se saiu bem e ganhou tempo. Um repórter o questionou: se Love estiver liberado para jogar na sexta, ele espera usá-lo? O treinador respondeu com uma pergunta, se precisava realmente dizer isso ali em público. O jornalista rebateu que isso era ele quem decidiria. Lue sorriu e emendou: “Não vou te dizer”. Talvez esteja jogando com a concorrência, para deixar Steve Kerr e seus assistentes em dúvida, no que teria toda a razão. Talvez nem tenha uma decisão tomada. De qualquer forma, a resposta é difícil. Por ora, o nome e o jogo de Kevin Love ficam no ar, mesmo .

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Cavs chega bastante modificado para a revanche contra o Warriors
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Giancarlo Giampietro

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“Jogamos sem Kyrie Irving e Kevin Love. Jogamos sem Kyrie Irving e Kevin Love. Jogamos sem Kyrie Irving e…”

Quando confrontado com a derrota por 4 a 2 nas finais de 2015 para o Golden State Warriors, o  torcedor do Cleveland Cavaliers não se cansou de repetir isso, quase como um mantra.  Sim, todos nós lembramos que as duas jovens estrelas se lesionaram nos playoffs. Love não passou da primeira fase. Irving arrebentou o joelho desgraçadamente logo na primeira partida das finais.

O Cavs, então, vai para a revanche contra o Warriors, mas, de uma certa forma, podemos até dizer que este é um novo time. De lá para cá, muita coisa mudou. Irving e Love estão fisicamente prontos para a batalha. Timofey Mozgov, que o Czar o tenha, ainda estava vivo. Tristan Thompson estava jogando por um contrato. David Blatt foi para a guilhotina, depois de prolongado motim promovido pelas forças reais no vestiário.  Já Anderson Varejão, diabos, agora está no outro vestiário.  A presença do Big 3 em quadra e a de Tyronn Lue no banco sugere, de fato, uma série completamente diferente, quando confrontada com o que o Cavs tinha. O quanto essas alterações serão positivas, ou não, a gente precisa esperar para ver.

Claro que é melhor jogar com o Big 3 formado. Mentalmente, o time também parece bem mais preparado, com LeBron decidido a escutar o novo técnico e aparentemente apaziguado com os companheiros mais jovens, depois de muitas rusgas nos últimos dois anos. A questão é que o adversário segue o mesmo do outro lado, um timaço, representando os mesmos problemões. Então a conclusão a que podemos chegar é a de que, para o Cavs chegar ao título, não basta jogar melhor que a equipe do ano passado. Isso não importa muito, já que eles precisam, mesmo, jogar melhor em relação ao Golden State.

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Nesse sentido, acho que nem dá para levar em conta o que aconteceu na temporada regular, já que Blatt ainda era o comandante em janeiro, quando se enfrentaram pela segunda e última vez, com uma surra aplicada pelo Golden State. O Cavs não é o mesmo nem de cinco meses atrás. Com Lue, conforme já registrado aqui em diversas ocasiões, o time melhorou seu aproveitamento ofensivo, mas perdeu muito de sua força na defesa.

Há um ano, foi com marcação muito agressiva e dominando os rebotes que os LeBrons fizeram frente ao Warriors no ano passado. pelo menos pelas três primeiras partidas, com uma vantagem de 2 a 1 na série, roubando mando de quadra, sendo que a primeira derrota aconteceu na prorrogação. Sem dois de seus três principais cestinhas, a receita seguida no ataque foi a de um jogo lento. Cruzavam a linha central se arrastando. Aí era bola no LeBron, com poucos chutadores espalhados pela quadra, e Tristan Thompson e Mozgov devorando a tabela. Na contenção, muita pancadaria e chega-pra-lá. O que aconteceu, depois, foi que Steve Kerr encontrou um meio de liberar Curry das amarras de Dellavedova e Thompson e, em sua cartada decisiva, fez maior uso de sua “Escalação da Morte”.  Ganhou em velocidade e flexibilidade para vencer três jogos seguidos e fechar a fatura.

Para este ano, a grande questão desta revanche é, se… o Cavs vai defender bem?

É uma pergunta que parece trivial, até meio tonta, mas que precisa ser respondida de modo positivo e enfático em quadra. Do contrário, vão entrar num tiroteio com Golden State, e aí haja confiança em seus arremessos para triunfar na série. Andre Roberson, Kevin Durant, Serge Ibaka, Steven Adams são a prova viva. Esses caras todos de OKC não poderiam ter dado mais trabalho aos cestinhas do Warriors e, mesmo assim, perderam.

Dellavedova e Shumpert podem pressionar Curry e Thompson antes do chute em busca de turnovers. LeBron é outro terror em linhas. Mas a pressão está em cima de Kyrie Irving e Kevin Love, que, por mais talentosos que sejam, não chegam a esta decisão reconhecidos como grandes defensores. Love até se posiciona bem na cobertura, no fechamento de espaços. Mas é um dos piores marcadores da liga em situações de pick-and-roll, com uma movimentação lateral nada ágil, e você pode ter certeza de que o Warriors vai procurá-lo em quadra sempre que possível para agredir. Já Irving peca por uma falta de comprometimento que beira o james-hardeniano. Claro que, na hora de enfrentar um Stephen Curry, o orgulho vai falar mais alto e ele tentará fazer um bom papel no mano a mano. O que vai pegar mais são as ações em que terá de ficar grudado ao armador em movimentações longe da bola, podendo se distrair facilmente. JR Smith, por enquanto, tem se comportado como um bom soldado, mas a gente nunca sabe o que esperar do cara.

Outra: na hora de pôr as peças no tabuleiro, não adianta também pensar apenas em embates individuais, já que tanto o Warriors como o Cavs vão movimentar seus jogadores sem parar e forçar trocas, buscando desequilíbrios. Isso gera aquela disputa de gato x rato sempre interessante, com o posicionamento ofensivo influenciando diretamente o defensivo. Pensem, por exemplo, numa posse de bola que termine com LeBron atacando Draymond Green e que, por ventura, sua tentativa de tiro em flutuação gire no aro e caia nas mãos de Barnes. Pode ser que Love esteja com Iguodala, que já saiu em disparada. Obviamente o ala-pivô não vai consegui-lo acompanhar na corrida. E aí faz como? O defensor mais próximo do ala terá de se deslocar. E alguém vai ter de cuidar de quem ficou livre. Tudo vai acontecer muito rapidamente. As coberturas precisam estar automatizadas, como numa grande engrenagem.

Nesse ponto, a mudança de Mozgov para Frye na escalação faz bem, já que o pivô chutador vai correr para a defesa a partir da linha de três pontos, e não debaixo da tabela, como no caso do russo. A recomposição será mais rápida – por outro lado, Frye pode ser marcado facilmente por Harrison Barnes, e aí lá vem a “Escalação da Morte” para cima de você, complicando a transição ao mesmo tempo. Dureza.

Frye ajuda muito no ataque, mas pode chamar a "Escalação da Morte". Impasse

Com a mão quente, Frye ajuda muito no ataque, mas pode chamar a “Escalação da Morte”. Impasse

Em meia quadra, com os corta-luzes brutais de Andrew Bogut e Festus Ezeli, ou mesmo com os bloqueios entre os astros da “back court”, o Warriors vai tentar liberar seus chutadores. Qualquer desatenção, e lá está Klay Thompson livre na zona morta para fazer o disparo, em meia quadra, ou em transição. Como vimos na final de conferência, ele nem precisa de muito espaço para castigar uma defesa. Você pode substituir Thompson por Curry nessa sentença, que vai dar na mesma: bomba. Então o que se pede é um esforço coletivo, que se defenda como unidade. Algo que os campeões do Oeste fazem muito bem. E que ainda não vimos o Cavs fazer com consistência. Vai ser um desafio, e tanto.

Se tivermos situações de “crunch time”, com o placar apertado nos minutos finais, será curioso ver também que tipo de missão LeBron terá na defesa. No ano passado, como já dissemos, ele estava sobrecarregado, e o melhor era deixá-lo com Andre Iguodala ou Harrison Barnes, mesmo, para respirar um pouco já que todo o ataque dependia de sua energia. Agora, com Irving e Love ao seu redor, é de se esperar que ele não vá ter de fazer tudo por conta, ainda que centralize as ações do time. LBJ poderá respirar fundo de quando em quando – toma lá, dá cá. Poderia, então, assumir uma tarefa mais custosa na contenção? Tipo defender Draymond Green numa formação mais baixa?

Não que o ala-pivô preocupe tanto do ponto de vista individual. Mas é que, se assumir essa bronca, o ídolo do Cavs seria automaticamente envolvido em muitas das tramas do oponente, crescendo a possibilidade de que fique com Curry após uma troca. Kevin Durant topou esse desafio em diversas ocasiões nas últimas semanas, e teve sucesso. Cinco, seis anos atrás, LeBron fazia o mesmo diante de um infernal Derrick Rose. Tem tempo já que isso aconteceu, porém, e, mesmo que queira, talvez ele não consiga mais lidar com os tampinhas. Tyronn Lue, Mike Longabardi (coordenador defensivo) e o veterano vão ter de descobrir isso durante a série. Mas uma formação mais baixa não é justamente o que o Warriors mais quer? Elenco por elenco, os atuais campeões estão mais equipados, com muito mais versatilidade. Por essas e outras, chegam como favoritos ao título.

No que depender de Curry, é para o Warriors correr mais e mais. E chutar mais e mais

No que depender dos Splash Brothers, é para o Warriors correr mais e mais. E chutar mais e mais

O que não quer dizer que também não tenham tópicos espinhosos para resolver. Assim como Russell Westbrook, Kyrie Irving vai atacar Curry sem parar, tentando desgastar o MVP na defesa. Se não tem os músculos da aberração de OKC, tem velocidade para incomodar e muito mais capacidade como chutador. Vocês se lembram de como Bogut recuava no garrafão após Wess quebrar a primeira linha defensiva? A prioridade era proteger o aro a todo custo e induzir o armador ao chute em flutuação. Na sequência final da série, funcionou muito bem. Contra Irving, essa tática seria impossível. Irving e Love dão muito mais poder de fogo ao Cavs. Detroit, Atlanta e Toronto estão aí para concordar. Channing Frye só reforçou essa artilharia e chega à decisão como a encarnação do Tocha Humana.

A movimentação de bola também avançou bastante. Os chutadores e os deslocamentos constantes tendem a inibir a dobra para cima de LeBron e abrem corredores. No ano passado, o craque era acionado quase sempre de costas para a cesta, próximo ao garrafão, sujeito até, sem exagero, a marcação quíntupla, com todos os defensores recuados, um pouco distantes de seus atletas, para tentar pressioná-lo. A tendência é que tenha mais facilidade para agir agora. E isso é um problema. Ele já está no clube dos trintões, mas segue como o jogador mais dominante fisicamente em toda a liga. Isso causa impacto geral no desempenho ofensivo do time, devido a sua visão de jogo. Uma coisa abastece a outra: os chutadores dão espaço para LeBron, e LeBron é o homem certo para abastecer esses chutadores. Os marcadores de Golden State estão cientes de que vão precisar se movimentar bem mais do que faziam contra o Thunder. Vão sentir cansaço? Mas não foi para eles renderem nas finais que o time administrou os minutos da temporada regular? Talvez eles cheguem num nível de intensidade ainda maior, catapultados por OKC.

Por isso, a tendência é que o Cavs ainda tente jogar da forma mais lenta, controlada possível, com a diferença de que seu ataque já não é mais tão previsível. Quanto mais arremessos eles converterem, melhor. Antes de responder com “dãr”, pense que isso vale não só para aumentar a contagem do time no placar, mas também para tentar frear o contra-ataque do Warriors. No caso de erro, de aro, temos um dilema: o Cavs tem Kevin Love como um grande reboteiro ofensivo. Tyronn Lue vai preferir que ele ataque a tabela, como fizeram de modo incessante os superatletas de OKC, ou que volte para a defesa imediatamente após um disparo? O mesmo raciocínio vale para Thompson, que não fez uma boa série contra o Toronto de Bismack Biyombo, mas tem a oportunidade para se redimir agora. Basta jogar com a voracidade que apresentou no ano passado, antes de ser premiado com um contrato de mais de US$ 80 milhões. Há uma brecha para ser aproveitada. Bogut estava caindo aos pedaços contra OKC – pelo menos foi o caso contra o imponente Steven Adams. Ezeli voltou a ser um pivô extremamente inseguro com a bola em mãos. Anderson Varejão é uma incógnita. Será que Mozgov poderia dar as caras na final para tentar pressionar esses grandalhões?

Agora, pode ser que Steve Kerr nem mesmo use tantos pivôs assim. Existe a dúvida se Bogut será mantido no time titular. É certo que Iguodala, depois de aquecer contra Kevin Durant, vai dedicar boa parte de seu tempo a LeBron, procurando ao menos atrapalhar o craque, como aconteceu contra KD pelo Jogo 6 da final do Oeste, já que é impossível anulá-lo. Talvez o mais prudente seja realmente utilizá-lo desde o início, e aí precisa ver se o australiano ou Harrison Barnes lhe fariam companhia. Foi com sua “Escalação da Morte”, com Iguodala, Barnes e Green, que desequilibrou na final de 2015, valendo o título. A eficácia desse quinteto contra o Cavs já está comprovada. Mas aquele era outro Cavs. Né?

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Com astros de volta e boa defesa, Raptors dá graça ao Leste
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Giancarlo Giampietro

Lowry fez grande jogo para ajudar Biyombo

Lowry fez grande jogo para ajudar Biyombo

Havia duas premissas ainda pendentes pelos #NBAPlayoffs do Leste:

– Uma hora a bola de três pontos do Cleveland Cavaliers iria parar de cair. Pelo menos com aquela frequência que castigou o Atlanta Hawks, com a segunda melhor defesa da liga, pelas semifinais.

– Uma hora Kyle Lowry e DeMar DeRozan iriam reencontrar o rumo pelo Raptors, de preferência juntos. Nem que fosse na próxima temporada (risos).

Calhou que, para dar graça à final de conferência, ambas se realizaram nos últimos dias em Toronto, com o time canadense empatando a série em 2 a 2 ao bater o Cavs por 105 a 99, nesta segunda-feira, num jogão. A primeira era realmente inevitável. A segunda? Sinceramente, um enorme mistério para mim, de tentar entender como a dupla de All-Stars pudesse cair tanto assim.

*   *   *

O Cavs converteu 50,7% de suas 152 tentativas de longa distância, em quatro partidas, pela varrida. Dá para dizer até que seria impossível sustentar um rendimento desses por uma longa sequência. Contra o Toronto, nestes mesmos quatro jogos, a mira já caiu para 33,3% em 123 chutes. Isso tem um pouco a ver com sorte, como naqueles em que a bola gira, gira e espirra. Mas não acontece só ao acaso.

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Numa liga com o nível da NBA, há grandes arremessadores, claro. Se eles ficarem sozinhos em quadra, o aro nem será incomodado. É justamente esse o problema: há grandes arremessadores, mas também existem excelentes defensores do outro lado, que, durante os playoffs, são abastecidos de relatórios de scouting ultradetalhados.

Os jogadores da casa estavam bem informados para este Jogo 4. Não é só uma questão de empenho, embora sem movimento, não há como parar nenhum adversário da liga. Que os jogadores correram muito, não há dúvida, em movimentos muito bem sincronizados. Mas também souberam contra quem é quando correr. Que LeBron James e Kevin Love tenham tido mais liberdade, relativamente, em relação a Kyrie Irving e JR Smith, é plano. Dos males, o menor. Os dois melhores chutadores do time titular de Cleveland foram obrigados a por a bola no chão em diversas ocasiões devido à atenta aproximação e contumaz contestação dos defensores pelo perímetro.

Cercando LeBron nos arredores do garrafão, com Biyombo vindo na dobra. Só cuidado com o pick-and-roll

Cercando LeBron nos arredores do garrafão, com Biyombo vindo na dobra. Só cuidado com o pick-and-roll

Isso só foi possível também pelo fato de Dwane Casey, que em 2011 havia lidado com LeBron como coordenador defensivo do Mavericks, ter maneirado nas dobras ostensivas para cima do craque. Parece arriscado, depois de o veterano, mesmo cinco anos mais velho, ter feito estragos nas duas primeiras partidas. O ataque do Cavs, porém, fica muito mais perigoso quando o bombardeio de três funciona. O elenco vai te punir se você fizer a dobra com frequência, devido à artilharia ao seu redor. Não tem jeito.

Você obviamente não vai deixá-lo operar no mano a mano sempre, especialmente quando recebe a bola de costas para a cesta, na entrada do garrafão. Aí tem de vir a ajuda, mesmo, de preferência quando LBJ já tenha iniciado o movimento, para tentar no mínimo anuviar sua visão de quadra.

No geral, porém, o melhor é designar um marcador para o camisa 23 (DeMarre Carroll, mesmo baleado, e o indisciplinado James Johnson), e manter os demais atletas posicionados entre seu caminho para a cesta, sendo Bismack Biyombo a referência aqui, e a linha de passe para os chutadores. É um modo de montar uma espécie de parede em torno da zona pintada, sem perder de vista a linha perimetral. Não precisa ser tão apertado assim :

Com esse bloqueio bem armado e coordenado em suas coberturas, o time canadense levou 16 pontos de LeBron, mas só deixou que uma só cesta de quadra ocorresse após passe direto do astro. O Cavs, como um todo, só matou 3 em 22 chutes de fora. Nos dois jogos em casa, o Raptors levou apenas 91,5 pontos e permitiu ao Cavs apenas 41,4% nos arremessos e 32,9% de fora.

*   *   *

Do outro lado, talvez o segredo tenha sido que o aro estava bem mais largo que o normal. Só assim para entender. Lowry e DeRozan se tornaram os primeiros companheiros de equipe a passar da marca de 30 pontos e 60% de aproveitamento pelas finais de conferência desde Charles Barkley e Dan Majerle pelo Suns em 1993.

Técnica ou taticamente, podemos falar de alguns ajustes. Patrick Patterson e Luis Scola capricharam nos corta-luzes para liberar seus cestinhas. Lowry, no primeiro tempo, foi acionado mais vezes fora da bola, deixando a criação com DeRozan. O ala-armador, por sua vez, fez de tudo para poder partir à cesta contra JR Smith, em vez de LeBron. Mas, obviamente, isso não explica tanto.

Assim como Lowry fez durante a série contra o Miami, DeRozan resolveu dar uma esticada em suas atividades em quadra, arremessando até tardão, para ver se recuperava seu ritmo. O horário era tão estranho que chegou a ser barrado por uma segurança do ginásio. Foi isso que virou o jogo? Como fato isolado, claro que não. Aí tem aquela coisa de confiança, momento, uma zona cinzenta em meio à qual nem mesmo os atletas conseguem se expressar com precisão. Só sabemos que, por uma noite, tudo voltou a funcionar como antes, como na temporada regular.

“Tem uma coisa sobre nós: convivemos com o que tem de mau e bom em qualquer dia. Isso é a vida. Não dá para ficar muito cabisbaixo quando as coisas não estão funcionando, mas você entende que o treino que faz durante as férias, durante toda a temporada,  é para momentos como este. Você tem de estar pronto”, filosofou DeRozan, sobre quem Toronto tem o seguinte dado: nos seis jogos em que o ala fez 25 pontos por estes playoffs, a equipe está invicta. “Sempre disse a este cara (Lowry) que, enquanto tivéssemos uma oportunidade de seguir jogando, temos uma oportunidade de nos redimir. E acho que chegou a hora. Tudo acontece por um motivo.”

Foram 35 pontos para Lowry e 32 para DeRozan. Ambos fizeram 14 cestas de quadra e, juntos, erraram apenas 15 chutes em 43 tentativas. É só ver o quadro abaixo e ver também que eles não alteraram tanto assim sua seleção de arremessos:

Mesmo nos minutos funcionais, não teve pane, histeria, nem nada.  Os dois cestinhas conseguiram controlar a situação, em ataques individualistas, da mesma forma como fizeram em todo o campeonato.

Quem precisa, de todo modo, tomar um pouco de cuidado com a sanha no ataque é DeMarre Carroll. O ala forçou a barra na vitória desta segunda-feira, terminando com mais arremessos (12) do que pontos (11, quantia que poderia até ser menor se não tivesse sido brindado com uma falta de JR Smith quando tentava um de seus sete chutes de longa distância). Não que o ala esteja proibido de olhar para a cesta. Não pode ser mais um Andre Roberson. Mas houve um momento no terceiro período em que ele decidiu que era o caso de ralar com Kyrie Irving por quatro posses de bola seguidas, e essa não foi uma boa ideia. Foi num momento em que o time da casa perdeu a concentração, se desarranjou em quadra e quase pôs tudo a perder.

*    *    *

De tão habilidoso, Irving dá um jeito de driblar e converter seus disparos mesmo pressionado e desequilibrado. Se for de dois pontos, porém, o Raptos tem de conviver com isso, e aconteceu diversas vezes com Cory Joseph, por exemplo.

Nesse terceiro quarto, causou estragos por toda a quadra, ajudando a reduzir a larga vantagem de 18 pontos do Raptors pela metade. Depois, a segunda unidade com Channing Frye, Richard Jefferson e Matthew Dellavedova terminou o serviço.

Frye, por sinal, é o chutador que manteve o embalo desde o duelo com Atlanta. O veterano pivô está acertando 57,5% de seus disparos. Nos dois jogos em Toronto, ele matou 7 em 12 chutes de três, dando toda a razão à decisão de David Griffin de contratá-lo para o lugar de Anderson Varejão.

Sua presença em quadra foi fundamental para o Cavs até mesmo assumir a liderança do placar pelo quarto final, no qual os visitantes acertaram seus primeiros 11 arremessos, de modo incrível. O primeiro erro aconteceu só a 4min12s do fim. Sete desses arremessos foram de Frye, na zona morta, e Jefferson, se aproveitando dos espaços abertos, resultando em 17 pontos dos 27 pontos da equipe.

A presença de um pivô com esse tipo se habilidade pode bagunçar toda uma defesa. Mas Casey também falhou em fazer algum ajuste aqui. Mesmo depois de pedidos de tempo e de mais de sete minutos levando cesta após cesta, manteve Bismack Biyombo como o marcador de Frye, o que significava que estava muito longe da cesta, deixando a defesa interior do Raptos órfã, desguarnecida. Era o caso de colocar o congolês em LeBron na meia quadra ou em Jefferson, para ficar mais próximo do garrafão. Steve Kerr já fez muito disso com Andrew Bogut.

Nesta sequência quase demolidora para as pretensões de Toronto, o ataque do Cavs se alternou em duas jogadas simples que não encontravam simplesmente nenhuma resistência, devido ao afastamento do pivô africano no perímetro.

O pior, quando Biyombo foi enfim deslocado, era ver os defensores de Toronto ainda dando liberdade ao pivô nos minutos finais, ignorando não só a mão quente como sua altura. Para contestar um cara de 2,11m de altura, não dá para sair atrasado. De modo que foi irônico que o primeiro chute errado do Cavs tenha saído justamente de suas mãos.

Casey precisa mudar sua abordagem nesse tipo de situação para o decorrer da série. Mesmo que seu time tenha sobrevivido e levado apenas três pontos nos últimos 4min12s de jogo (1-10 nos arremessos). Uma questão nesse sentido envolve Biyombo: neste momento, o congolês está empolgado pacas, tendo coletado 40 rebotes e dado sete tocos nas últimas duas partidas . Mas é de se pensar quanto ele tem de gás sobrando para encarar a resposta dos oponentes em termos físicos. Fato é que o Toronto, se quiser avançar, vai precisar vencer ao menos um jogo em Cleveland – na temporada, clube canadense leva melhor no confronto direto por 4 a 3, mas ainda não triunfou na condição de visitante.

Da parte do Cavs, depois de belas apresentações e 10 vitórias seguidas, agora é a hora de administrar dois reveses consecutivos. Poderia ser muito pior, convenhamos, se o Raptors tivesse completado sua lavada. Se existe algo que esse elenco nos ensinou nos últimos dois anos, é que não têm as melhores cabeças para enfrentar adversidades. Dessa vez souberam lidar com os problemas de imediato, reagindo já em quadra. De zum-zum–zum, só rola algo em torno de Kevin Love, mesmo, pelo fato de o ala-pivô ter ficado no banco durante todos os 12 minutos do quarto período. Estava com o pé direito colorido ao pisar sobre o de um árbitro (!), mas o técnico Tyronn Lue disse que não foi esse o motivo pelo chá de cadeira. Love errou alguns arremessos completamente livre no primeiro tempo, mas seguiu agressivo na segunda metade, ainda que pouco efetivo (10 pontos em 14 arremessos e 31 minutos).

Não vale individualizar nada aqui, todavia. Os problemas no retorno a Cleveland passam mais por um acerto coletivo. O Cavs arremessou 41 bolas de longa distância neste Jogo 4, mesmo contra uma defesa mais ligada. Se vão insistir no bombardeio, precisarão encontrar outros ângulos e possibilidades. Sorte não é tudo nessa vida. Ou, sei lá, de repente Lowry e DeRozan voltam a amassar o aro. Aí fica tudo mais fácil, claro, para LeBron jogar sua sexta final seguida pelo Leste.

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Cavs destroça a Conferência Leste, e não há do que duvidar aqui
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Giancarlo Giampietro

Tem sido um atropelo

Tem sido um atropelo

À medida que Stephen Curry vai acertando os parafusos em confronto com o Oklahoma City Thunder, a grande pergunta que fica no ar para os #NBAPlayoffs é sobre o Cleveland Cavaliers e sua assustadora dominância. O quanto isso tem mais a ver com o alto nível de rendimento que os LeBrons têm apresentado ou com a fragilidade de seus adversários? Parece ser o tópico mais intrigante por aí. Depois de o time espancar o Toronto Raptors pelo segundo jogo seguido, por 108 a 89, nesta quinta-feira, talvez já não seja mais relevante questionar isso.

A equipe se tornou apenas a quarta na história a somar dez vitórias em seus dez primeiros jogos. Se for pensar apenas em duelos com times da conferência, já são 17 triunfos seguidos desde o ano passado, que é a maior sequência da história dos mata-matas. Abrir um placar de 2 a 0 pelas finais de conferência não é algo tão raro assim de acontecer: 11 já haviam feito. Todos os 11 saíram vencedores rumo à decisão da liga. Quando reúne LeBron James a Kevin Love e Kyrie Irving, o Cavs também está invicto, com 14 vitórias.

Esse sucesso todo, acho que está claro, passa pelo sistema ofensivo, que é o mais eficiente destes playoffs, e de longe. Na média, são 116,9 pontos por 100 posses de bola, contra 112,7 do Golden State Warriors, o segundo colocado. A defesa não é tão de elite assim. Entre os 16 times classificados para a segunda fase, estão apenas em nono. Mas quer saber? Não está fazendo a menor diferença. Seu ataque tem trucidado a oposição.

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Em dez partidas até aqui, apenas três jogos foram decididos por menos de 10 pontos de diferença, dois deles contra o Detroit Pistons pela primeira rodada (106 a 101 pelo Jogo 1, bem parelho do início ao fim, e 100 a 98 pelo Jogo 4, quando o time da Motown lutava contra a varrida) e um contra o Altanta Hawks (100 a 99 pelo Jogo 4, também com os anfitriões lutando em vão para evitar o 4-0). Isto é: dois desses duelos mais equilibrados aconteceram quando já estava tarde demais nas respectivas séries.

Tem muita gente dizendo que isso se deve à fragilidade da conferência. Não acho que seja mais o caso de bater nessa tecla — e, se for para irritar o torcedor do Cavs, é só ficar falando sobre isso sem parar. O aproveitamento de seus concorrentes dos playoffs do Leste nesta temporada foi de 58,7%, com uma média de 48,1 vitórias. No ano passado, tiveram, respectivamente, e 56,4% e 46,2. Vale lembrar que dois times chegaram aos mata-matas em 2015 tiveram rendimento abaixo dos 50%, como o Boston Celtics, derrotado na primeira rodada. O oitavo colocado deste ano foi o Detroit Pistons, já com 44 vitórias. E outra: se os números lhe parecem similares, é porque houve a influência do excepcional rendimento do Hawks de 2014-15, de 60 triunfos. Tudo para ser varrido por Cleveland na final regional, com quatro de seus titulares jogando no sacrifício.

Irving está acertando 56% de seus arremessos em situação de pick-and-roll. A média da NBA é de 40%

Irving está acertando 56% de seus arremessos em situação de pick-and-roll. A média da NBA é de 40%, segundo o Synergy

Essa é a ironia: pela segunda temporada seguida, os LeBrons pegam um adversário completamente desestabilizado na hora de disputar o troféu do Leste. Se é para falar de fraqueza do adversário, ao contrário daquele Hawks, as mazelas do Toronto Raptors são no momento técnicas e/ou psicológicas — por mais que Jonas Valanciunas faça falta, não dá para imaginar que só o lituano faria tanta diferença assim para compensar um saldo negativo de 50 pontos em duas partidas. Após uma belíssima campanha, a equipe canadense  se esfarelou em questão de semanas. Kyle Lowry e DeMar DeRozan já erraram, juntos, 374 arremessos em 16 partidas (23,3 por jogo). Estão acertando apenas 36,3% no total. Isso não é número para uma dupla de All-Stars.

Mas o Cavs não tem nada com isso. E, mesmo que Lowry e DeRozan estivessem jogando o máximo, o Raptors não seria páreo para o que o seu adversário vem apresentando. Um tipo de basquete que não tomou conhecimento nem mesmo da segunda melhor defesa da liga, a do Atlanta, pelas semifinais. Nem mesmo os hiperativos marcadores de Mike Budenholzer puderam impedir que o Cleveland chegasse aos 100 pontos em todas as suas partidas, incluindo contagens de 123 e 121 pelos Jogos 2 e 3 da série. Que isso fique claro: o Atlanta era um oponente em ascensão, que prometia dar trabalho graças a seu empenho na contenção, mas não teve chance nenhuma.

Não há quem tenha feito mais splash do que o Cavs. Em termos de aproveitamento efetivo dos arremessos de quadra (eFG%, que dá mais valor aos tiros de três), eles têm 56,2%, acima dos 54,8% do Golden State. O Spurs se despediu com 51,9%. O Thunder tem 51,1%. O Raptors, só 45,4%. Cheio de confiança, o Cavs vem arriscando 33,1 chutes de fora nos playoffs, acertando 44,7%, contra 40,8% do Warriors, para comparar.  É o segundo time que gera mais assistências por posse de bola, aí atrás dos atuais campeões, e o quarto em percentual de assistências para cestas de quadra.

Dando uma boa olhada nos números dos playoffs — com a devida ressalva de que eles são um pouco desequilibrados, pelo simples fato de que os times não têm se enfrentado entre si, mas só contra alguns adversários específicos –, houve algo que me surpreendeu, em relação ao que vemos em quadra. Sabe aquele papo de que Tyronn Lue queria ver seu time acelerando geral? Esqueça. Nos playoffs, eles só têm o quinto ritmo mais lento dos mata-matas, só correndo mais que Raptors, Pacers, Grizzlies e Pistons. Ainda assim, estão destroçando os oponentes, com este aproveitamento altíssimo.

A excelência coletiva ao mesmo tempo passa por e gera a excelência individual. E aí tudo começa com LeBron James, né? Embalado, com 23 pontos, 11 rebotes e 11 assistências nesta terça-feira, o ala passou Magic Johnson no ranking histórico de triple-doubles pelos playoffs, ocupando a liderança agora, e também deixou Shaquille O’Neal para trás na lista de cestinhas, assumindo o quarto lugar. Seu desempenho contra o Raptors é digno de um MVP e de quem não quer se distanciar da chata conversa sobre quem-é-o-melhor-do-mundo:

É, são 69,2% na conversão dos arremessos de quadra, algo devastador. O mais legal, porém, é entender como ele está chegando a esse aproveitamento. O departamento de estatísticas da ESPN levantou dados curiosos sobre o rendimento de LBJ e Stephen Curry após dois jogos pelas finais de conferência. Cada um converteu 18 arremessos de quadra. Ao medir a distância do ala para o aro quando fez suas cestas, você acumula até agora apenas 8,8m. Para Curry? São 105,4m. Demais o contraponto, né? Não dá para ter abordagens mais diferentes. Na área restrita, o trator do Cavs converteu 17 de 19 tentativas. Não tem Bismack Biyombo que o atrapalhe.

As coisas caminham juntas também. LeBron só consegue chegar à área restrita para castigar o aro por ter grandes chutadores ao seu lado, espaçando a quadra. E esses chutadores também se beneficiam da atenção que o craque chama, ganhando alguns instantes valiosos para receber o passe e olhar para a cesta — ou fazer a bola girar, como tem acontecido constantemente nesta fase decisiva, num avanço que chega a ser até milagroso, quando comparado ao que vimos na temporada regular. E aqui você tem de elogiar o trabalho de Tyronn Lue, conseguindo convencer seus astros a reparar o estrago, mas também não dá para não criticar a postura do elenco nos tempos de David Blatt.  

Channing Frye está com um aproveitamento efetivo de 85% nos arremessos com os pés plantados. Impressionante, e não é nem mesmo o maior do time. O inabalável (!?) JR Smith está com 87%. No geral, Frye tem convertido 78,3% na soma de chutes de dois e três, enquanto JR tem 67,9%. Para termos uma ideia do que isso significa, Curry teve 64,3% durante a temporada regular. Klay Thompson, 56,9%. Isso para não falar de Irving e Love. Então chegou a hora de marcar LeBron individualmente, o tempo integral, e ver no que dá. Não pode dobrar mais. O problema do Raptors é que, debilitado, DeMarre Carroll não dá conta disso. OKC e Warriors estariam mais bem equipados. Mas obviamente é um risco a ser corrido. Hoje, com o Cavs acertando tanto nos disparos de fora, você tem de assumi-lo. Seria a sexta final seguida para LeBron, aliás.

Das três equipes anteriores que venceram seus dez primeiros jogos pelos playoff, só uma chegou ao título — o Lakers de 2001, com Shaq e Kobe arrancando cabeças para muito perto de concluir sua campanha pelo mata-mata com 100% de aproveitamento, sofrendo apenas um revés na abertura das finais contra Allen Iverson. Sim, aquele jogo pelo qual Tyronn Lue é lembrado até hoje. O Lakers já havia vencido 11 jogos seguidos em 1989, mas ficaria com o vice-campeonato ao ser superado pelo Detroit Pistons na decisão, com lesões limitando seu poder de fogo na hora decisiva. O outro caso foi o do San Antonio Spurs, em 2012, quando o esquadrão de Gregg Popovich estava barbarizando desde as últimas semanas da temporada regular até esbarrar no Oklahoma City Thunder numa das séries mais emocionantes da década.

Quer dizer, aqueles que não foram campeões só pararam em adversários especiais.  Acho que ninguém imagina que o Cleveland vá atropelar qualquer time que saia do Oeste, por mais desgastante que possa ser o confronto entre Warriors e Thunder.  Mas parece claro que aquela equipe que está jogando o basquete mais eficiente, bonito e, caceta, avassalador é o Cavs.

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Após 12 anos, Varejão diz tchau para o Cavs. Qual o impacto da troca?
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Giancarlo Giampietro

Anderson Varejão, Cavs

A data final para trocas da temporada 2015-16 da NBA não teve o frenesi do ano passado. Ainda assim, durante a semana, entre terça e esta quinta-feira, mais da metade dos clubes esteve envolvidas em 12 negociações no total, com brasileiro envolvido. Para conferir todas as transações efetuadas, clique aqui. Abaixo, um apanhado do que aconteceu de mais importante. Hoje, vamos nos concentrar no adeus de Anderson Varejão ao Cleveland Cavaliers, certo? Nesta sexta, expandimos o assunto.

Entre os candidatos ao título, o Cavs foi o mais ativo, e de longe, como se esperava. Sobrou para o pivô capixaba, que foi envolvido em um negócio triplo com Orlando Magic (que mandou Channing Frye para Cleveland e recebeu uma escolha de Draft de segunda rodada e o ala-armador Jared Cunningham) e Portland Trail Blazers, sendo enviado para a o Noroeste dos Estados Unidos, para supostamente dar um alô a Damian Lillard. Mas não foi o caso. Ele foi dispensado imediatamente.

Antes de falar do Blazers, porém, vale falar sobre a saída do Cavs. Com 12 anos no clube de Ohio, o pivô era um dos jogadores há mais tempo vestindo uma só camisa. Somente Kobe, Dirk, o trio dourado de San Antonio, Wade e Haslem passaram mais temporadas que ele nessa condição. Por maior que tenha sido o número de lesões e questões médicas de Anderson nas últimas campanhas, o respeito que ele conquistou em Cleveland é dessas coisas únicas nestes dias. Deem uma espiada neste fórum (dica do Flávio Izhaki). Agora, esses torcedores não poderão mais fazer aquela zoeira na famigerada noite das perucas, com todo mundo cabeludo no ginásio – a não ser que a franquia decida fazer a promoção na noite em que o veterano revisitar a cidade.

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Mas como assim ser dispensado? Para um clube que se vê inesperadamente na briga por uma vaga nos playoffs do Oeste, Varejão poderia dar sua contribuição, nem que fosse como uma figura experiente de vestiário. Como um tutor que fosse – ainda que Chris Kaman já esteja por lá para isso. Pois, pensando em quadra, a verdade é que o jogo do brasileiro é uma incógnita hoje. Ele estava sendo pouco utilizado pelo Cavs. Não sabemos se era devido ao excesso de pivôs qualificados da equipe, ou se por ele não ser mais o mesmo, depois de uma lesão no tendão de Aquiles e de tanto desgaste. Ou por um pouco de um e do outro.

Em Portland, Varejão enfrentaria uma concorrência menos prestigiada, mas não são simples assim de se desmontar. Por um motivo: Terry Stotts elaborou uma rotação de grandalhões que se ajeitou bem, tendo Mason Plumlee e o promissor Noah Vonleh no quinteto titular e a dupla Ed Davis (sempre produtivo). Se arranjasse um espaço e produzisse, Anderson teria tudo para conquistar os fãs do Blazers, devido a sua entrega e seu carisma.

Para receber Varejão – e seu salário, de US$ 9,3 milhões na próxima temporada –,  o gerente geral Neil Olshey exigiu uma escolha de primeira rodada do Cavs, de 2018. Pouco? Pelo contrário, na NBA de hoje, a oportunidade de se contratar um jogador jovem e de salário baixo é muito atraente para a construção de um elenco. As escolhas, mesmo no escuro, valem muito na cabeça dos dirigentes. Para Olshey, o preço nem é tão salgado, na verdade, pois o clube tinha uma folha de pagamento tão barata que estava até mesmo abaixo do piso estabelecido pela liga. Se tivessem chegado ao final da campanha “devendo”, teriam de completar a diferença para o piso, dividindo esse montante entre todos do elenco. Isto é: o bilionário Paul Allen teria de assinar um cheque de qualquer maneira, independentemente da chegada e saída do brasileiro.

Varejão ficará disponível por um período de “waiver”, de três dias 48 horas. Dificilmente alguém vai abraçá-lo desta maneira, para não ter de arcar com o restante de seu contrato. Então é muito provável que ele vire um agente livre. A essa altura da carreira, talvez seja o melhor, mesmo. Poderá olhar para o mercado e procurar a melhor situação. Ou a situação que melhor se encaixe com seus objetivos.

Em tese, para um atleta de seu gabarito e rodagem na liga, o mais comum seria assinar com uma equipe com ambição de chegar bem aos playoffs e que também tenha uma vaga no elenco. Lembrando sempre: cada franquia só pode ter 15 jogadores sob contrato. Após a rodada de trocas, clubes como Clippers, Hawks (com a lacuna aberta pelo afastamento de Tiago Splitter, por ironia), Heat e Rockets se enquadram nessa condição. Assim como o Cavs, mas esqueçam um retorno imediato: a regra da NBA afirma que ele só poderia assinar um novato contrato com o clube daqui a seis meses um ano, segundo o acordo trabalhista da liga e a interpretação do especialista Larry Coon. Agora, se for para fechar com um time de ponta, será que ele teria tempo de quadra? Será que não se meteria na mesma situação que estava vivendo em Cleveland? O ideal seria aliar dois fatores: seguir em um time vencedor e ganhar ritmo para as Olimpíadas. Mas e se uma alternativa excluir a outra?

Rubén Magnano, sabemos, prefere que Varejão vá para quadra, que jogue, não importando onde, para ganhar ritmo. Por isso, já havia admitido ao UOL Esporte ter sugerido ao pivô – e a Huertas – que procurasse um novo clube. De alguma forma, teve seu pedido atendido. Mas o desfecho ainda não está 100% de acordo com os seus interesses. O argentino obviamente está com o radar ligado agora, ainda mais depois de ter perdido Splitter (uma baixa imensa para a seleção, em muitos sentidos, assunto o qual tentarei abordar no final de semana, mais em tom de reverência ao catarinense, com calma).

A NBA é assim: interfere, direta ou indiretamente, no cotidiano de seleções, e muito mais. São negócios, afinal, e Varejão foi lembrado a respeito, depois de ter sido adquirido pelo próprio Cavs em uma troca em 2004. Faz tempo. Desde então, marcou época, escoltando LeBron James ao período mais vitorioso do clube, se tornando imensamente popular na cidade. Agora a vida segue, e o capixaba tem decisões importantíssimas para tomar.

*   *   *

Ele vai chegar para isto

Ele vai chegar para isto

Em tempo: Frye não é o mesmo jogador dos tempos de Phoenix Suns. Em Orlando, sem um armador que realmente chamasse a atenção no pick-and-roll, não conseguiu se encontrar. Não teve consistência. No conjunto da obra, também tem uma carreira inferior à do brasileiro, ao meu ver. Mas, hoje, é uma peça mais proveitosa para o Cavs, devido principalmente à habilidade para acertar os arremessos de longa distância. Sua presença em um quinteto com Love, LeBron, JR e Irving resultaria e estragos gravíssimos às defesas adversárias. E não é que contribua só com o chute: é bom defensor no post up, tem experiência e, segundo todos os relatos que ouvi, exerce excelente influência no vestiário, algo que só pode fazer bem ao time, como David Blatt pode sublinhar.

O Cavs sai ganhando tática e tecnicamente aqui, mesmo tendo pagado por uma peça complementar um preço caro, mas hoje irrelevante para um clube que só pensa, obsessivamente, no sucesso a curto prazo, enquanto LeBron ainda tem perna. Uma observação, no entanto, precisa ser feita em relação ao Warriors. Sempre o Warriors. Numa eventual revanche com Golden State, não sei muito bem como Frye poderia ser útil, uma vez que não poderia marcar de modo nenhum um jogador como Draymond Green, muito menos Andre Iguodala ou Harrison Barnes. Enfim. Por outro lado, a pergunta mais justa talvez seja: quem consegue marcá-los também? Se o adversário for o San Antonio, aí a coisa muda de figura. Antes, porém, precisam chegar lá, claro – mas é inegável que toda e qualquer decisão que a franquia toma nesta temporada tem como objetivo o título, ciente de que, nas finais, o desafio será muito maior. E, com Mozgov caminhando para o mercado de agentes livres, o veterano também serve como uma apólice de seguro.

*    *    *

Atualizando nesta sexta de manhã: faltou mencionar que, com a troca, Cleveland poupa U$ 9,8 milhões entre salário e multas nesta temporada. É uma boa grana, mesmo para outro bilionário como Dan Gilbert. Vários clubes reduziram seus gastos nesta quinta, aliás.

*    *    *

Por fim, declaração do gerente geral do Cavs, David Griffin, sobre Varejão, dizendo que foi difícil telefonar para o brasileiro: “Anderson é especial como jogador, companheiro e pessoa. Poucos jogadores conquistaram este respeito, apoio e admiração de toda uma organização, de sua torcida e da comunidade como Andy fez aqui. Tudo isso tornou esta negociação muito difícil de se fazer. Ao mesmo tempo, temos uma obrigação prfounda de fazer aquilo que podemos para alcançar nosso objetivo final, e acreditamos que este negócio melhora nossa equipe e nossa posição para o futuro também. Agradecemos a Andy por seu trabalho duro, dedicação e contribuições ao Cavaliers e nossa comunidade e desejamos a ele e sua mulher, Marcelle, o melhor, realmente o melhor”.

*    *    *

Desnecessário dizer o quanto LeBron admirava Anderson? O brasileiro chegou a Cleveland apenas um ano depois de o ala ser selecionado como o grande Messias da franquia. Após a vitória sobre o Bulls nesta quinta-feira, o craque admitiu que ainda não havia conversado com o capixaba, porém. “Eu aposto que várias pessoas estão entrando em contato com ele agora. Vou deixar assim, não gosto de procurar imediatamente. Prefiro deixar cozinhar um pouco. Nossa amizade não precisa de uma mensagem de texto”, disse. “Você perde um irmão. Esta é a pior parte do negócio.”

*    *    *

Um comentário sarcástico inevitável: se o Cavs despachou, num só dia, Varejão e Cunningham (que, segundo os setoristas do Cavs, foi adotado por LeBron nesta temporada), está claro que David Griffin tem autonomia total para conduzir o departamento de basquete e que o camisa 23 não apita nada. Agora não precisa mais de nenhuma prova nesse sentido.

Né?


Orlando Magic: um Philadelphia mais adiantado
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Giancarlo Giampietro

30 times, 30 notas sobre a NBA 2014-2015

Orlando Magic espera vencer mais com sua ainda jovem base este ano

Orlando Magic espera vencer mais com sua ainda jovem base este ano

Muito antes de o Sixers despertar asco, revolta e choque na NBA , o Orlando Magic embarcou no mesmo plano de reformulação via Draft. É a reconstrução de um mundo sem Dwight Howard, que chega agora a seu terceiro ano – estando, então, mais avançado que o de seus companheiros de pindaíba em Philly. Perder, perder, perder, coletar jovens jogadores no Draft e tentar dar um salto no futuro. A diferença é que em nenhum momento eles foram tão radicais no projeto, um pouco por força das circunstâncias, mas também para manter um ou outro veterano por perto, mesmo.

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Jameer Nelson, Arron Afflalo, Al Harrington, Jason Maxiell, Solomon Jones, Glen Davis (esse não, vai), JJ Redick. Todos eles estão fora agora, mas, em geral, duraram mais tempo com o gerente geral Rob Hennigan do que qualquer veterano que Sam Hinkie tenha herdado. E quer saber do que mais? Não adiantou de nada para deixar a equipe mais competitiva. As 121 derrotas que sofreram nas últimas duas temporadas contaram como a pior marca da liga.

O que Hennigan e o técnico Jacque Vaughn esperavam era que ao menos a influência de jogadores mais experientes pudesse influenciar os mais jovens, apontando a direção a ser seguida, em termos de profissionalismo. Nesta temporada, chegou a hora de avaliar tudo isso. O Orlando adicionou mais duas escolhas altas de Draft, com os extremamente promissores Aaron Gordon e Elfrid Payton saindo delas, mas não ficou só nisso. Usou seu espaço no teto salarial para ir às compras e se reforçar. Parece que decidiram que chegou a hora de brigar pelos playoffs. De pelo menos tentar.

Ben Gordon ainda vive. Ou quase

Ben Gordon ainda vive. Ou quase

Se contrataram certo, aí já é uma outra questão. Qualquer um poderia estranhar, de início, o valor pago por Channing Frye. São US$ 32 milhões por quatro anos de serviço para o pivô que já tem 31. Mas aí a gente lembra que o mercado de agentes livres sempre funcionou assim. Os preços ficam inflados. Além do mais, Frye é um jogador bastante útil para qualquer equipe, com sua habilidade para converter os chutes de três pontos e defender o garrafão do outro lado. Claro que não se trata de nenhum Dikembe Mutombo, mas é um marcador muito mais atento que um Ryan Anderson, por exemplo. Ao final do acordo, estará no finalzinho da carreira, mas supostamente seu arremesso não será afetado, já que é alto pacas. Sam Perkins provou isso para nós, afinal. E um detalhe: ele foi apenas a segunda opção do time. Antes, foram atrás de Patrick Patterson, oferecendo a vaga de titular ao lado de Nikola Vucevic. Mas o ala-pivô preferiu ficar em Toronto.

Na hora de comentar as demais contratações, vocês me desculpem se tudo ficar muito mal-escrito. É que fechar com Luke Ridnour, Willie Green e Ben Gordon gera um tipo de confusão mental. Especialmente Gordon. O torcedor do Bulls ainda deve guardar um pouco de estima no coração sobre o veterano britânico, o que é compreensível. Agora, nem ouse falar sobre ele com aqueles que tenham apreço por Bulls e Bobcats/Hornets. O que ele mais fez por esses clubes? Reclamar. Dar trabalho aos técnicos. Ver seus índices de acerto nos arremessos despencar. Um horror.

Harris, 22, ainda está em evolução e vai virar agente livre: vale quanto?

Harris, 22, ainda está em evolução e vai virar agente livre: vale quanto? O Orlando lhe ofereceu algo em torno de US$ 8 a 9 milhões por ano. Seus agentes esperavam muito mais

Com tantos jovens atletas no elenco, Hennigan sentiu a necessidade de adicionar arremessadores experientes, para espaçar a quadra, encontrar um equilíbrio. Pena que o diminuto Gordon, seja por ferrugem ou pelo peso do tempo, mesmo, não pareça mais se enquadrar na condição de “especialista”. Seu contrato vale US$ 4,5 milhões, tem curta duração, mas não se justifica.

Ridnour, ao menos, oferece algo a mais: não só é mais produtivo hoje, como dá mais estabilidade na armação, para verdadeiramente contrabalancear o jogo ainda afoito de Payton e Victor Oladipo. Um cara para acalmar a situação quando necessário, errar pouco e ainda matar os chutes de média distância com muita eficiência. Tinha coisa melhor disponível, todavia? Sim, ainda mais se os recursos empregados em Gordon tivessem direcionados para tanto. Em termos de força estabilizadora, Frye já daria sua contribuição valiosa. Sem contar Green, cujos técnicos já encaram como um assistente extraoficial, dentro do vestiário.

De qualquer forma, está claro que para Orlando chegou a hora de subir alguns degraus. Querem se distanciar do fundo do poço. Ao final do campeonato, dependendo dos resultados e se a memória for curta, podem muito bem se achar no direito de criticar o que Philadelphia anda fazendo. Coisa. Feia. Mas faz parte do jogo.

O time: na última temporada, Vaughn coordenou o segundo pior ataque e a 17ª defesa. Quer dizer: tem muita coisa que acertar para que eles possam sonhar com os playoffs. No Oeste, seria impossível. Como a Flórida é um dos pontos mais visitados na Costa Leste, tudo muda de figura. Lá só um café com leite como o Sixers não pode ter aspiração a nada.

Vucevic sustenta números impressionantes, mas tem pouca presença defensiva. É, de qualquer forma, um dos pilares da equipe

Vucevic sustenta números impressionantes, mas tem pouca presença defensiva. É, de qualquer forma, um dos pilares da equipe

Em termos de material humano, o time tem grandes atletas para formar uma defesa asfixiante. Aaron Gordon infelizmente sofreu uma fratura, e o menino de 19 anos, apenas alguns dias mais velho que Bruno Caboclo, se mostrava muito mais pronto que o esperado para contribuir. Pode marcar oponentes de diversos perfis, e com segurança. Oladipo, um tremendo atleta e competidor, está retornando agora de uma lesão no joelho e de uma fratura facial.  Payton é um armador alto, veloz e impertinente. Tobias Harris é uma fortaleza, enquanto Maurice Harkless pode fazer de tudo um pouco. O problema é a inexperiência coletiva deles. O treinador precisa realmente ensinar o caminho das pedras.

Vucevic tem os números de um dos melhores reboteiros da liga, é verdade, mas ainda desperta dúvida na maioria dos scouts, principalmente por suas deficiências na defesa. Sua movimentação lateral fica aquém do desejado para impedir infiltrações de armadores e alas. Zach Lowe dá uma palhinha aqui.

No ataque, porém, o suíço-montenegrino vem evoluindo a cada ano, mesmo que sua carga aumente junto. Isto é: não perdeu eficiência quando foi mais exigido, o que é bom sinal. Ele pode matar seus arremessos de diversos pontos da quadra, tendo um excelente chute de média distância. Como finalizador, Harris também se destaca. Forte-pra-burro, ele tende a castigar defensores menores perto da cesta. Seu chute de longa distância vem sendo refinado, mas sua visão de jogo ainda é bastante limitada. A bola vai dele para a cesta, mas dificilmente encontra um companheiro mais bem posicionado.

Payton e Oladipo vão colecionar highlights o ano todo, mas também vão cometer um caminhão de erros com a bola. São de todo modo os principais criadores da equipe, e Vaughn, um ex-armador pouco brilhante, mas muito regular, vai ter de conviver com seus desperdícios e ensinar algumas manhas. Cabe ao treinador e sua comissão desenvolver essas peças talentosas. Ainda que jovens, vai chegar uma hora em que todos vão querer ser pagos. Harris, por exemplo, já vira um agente livre ao final do campeonato. Orlando precisa saber quem é que merece aumento, e nada melhor que jogar para valer para avaliá-los.

A pedida: a contratação de veteranos indica que, sim, o Orlando já acha que chegou a hora de entrar nos playoffs.

Allez, Fournier: liberdade para o francês em Orlando

Allez, Fournier: liberdade para o francês em Orlando

Olho nele: Evan Fournier. Pouco aproveitado por Brian Shaw em Denver, Fournier veio na troca por Arron Afflalo. Poucos entenderam, acreditando que o experiente ala valia no mínimo uma futura escolha de primeira rodada. Acontece que, para Hennigan, o ala de 22 anos seria tão ou mais valioso que isso, e o início de campanha dá indícios de que esteja certo. Se Payton e Oladipo são os principais condutores do time, o francês pode dar uma ajudinha aqui. Ainda que venha causando impacto mais com suas bombas de três, ele é outro que pode driblar e dar dinamismo ao sistema ofensivo à medida que se sinta mais confortável em quadra.

Abre o jogo: “Vucevic é o melhor jogador que ninguém conhece. Ele é um All-Star”, Doc Rivers, dando moral ao pivô do Orlando, time pelo qual fez sua estreia como treinador em 1999, ganhando de cara o prêmio de Técnico do Ano. Ele ficou na franquia até 2003.

Payton foi brevemente sequestrado pelo Philadelphia na noite do Draft

Payton foi brevemente sequestrado pelo Philadelphia na noite do Draft

Você não perguntou, mas… o Orlando Magic foi sacaneado por Sam Hinkie e o Philadelphia no último Draft. O gerente geral do Sixers deduziu, até com uma ajuda do diário Orlando Sentinental, que o time da Flórida estaria extremamente interessado no armador Elfrid Payton, na 12ª posição, depois de selecionar Aaron Gordon em quarto. Sua equipe tinha a 10ª posição. O que ele fez? Escolheu Payton. Um prospecto interessante, e tal. Mas ele nunca teve a intenção de contar com o armador. A ideia era apenas extorquir o clube da Disney. Deu certo: Rob Hennigan queria tanto Payton, que pagou não só a 12ª escolha, mas também outra futura. Justamente um pick que a gestão anterior havia cedido ao Magic na supertroca de Howard, Bynum e Iguodala em 2012. Cruel, muito cruel, diria o Januário de Oliveira.

Jacque Vaughn, Orlando Magic, point guardUm card do passado: Jacque Vaughn. O atual treinador teve uma breve passagem pela equipe da Flórida, dividindo a armação da equipe em 2002-2003 com Darrell Armstrong, hoje um dos 39 assistentes técnicos de Rick Carlisle em Dallas. Naquele ano, Orlando tinha mais uma jovem estrela, Tracy McGrady, mas que não havia chegado via Draft, mas, sim, como agente livre. A franquia não teve paciência para se solidificar ao redor do ala, nem mesmo depois do trágico negócio envolvendo Grant Hill. Era para os dois formarem a melhor dupla de perímetro da liga, mas a imprudência médica no tratamento de Hill, resultando em constantes graves lesões, acabou com esse sonho. Ainda assim, a cartolagem investiu na contratação de gente como Shawn Kemp, em seu triste fim de carreira, Andrew DeClerq, Pat Burke e Horace Grant. Vaughn era mais um desses veteranos que fazia contrapeso aos mais jovens – e não tão talentosos – do  elenco, como Ryan Humphrey, Jeryl Sasser, Steven Hunter e Olumide Oyedji. Mike Miller era aquele que se salvava, mas acabou trocado ao lado de Hmphrey para Memphis, vindo para o seu lugar Drew Gooden e Gordan Giricek. Era um time indeciso, que nunca chegou a formar uma base forte, para frustração de T-Mac.


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